S.leonardo de Galafura

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  • 8/18/2019 S.leonardo de Galafura

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    Assunto:

    São Leonardo navega vagarosamente ao longo da terra duriense,num antecipado "desengano" do que será "o cais divino" e já vergadoàs saudades da terra que vai deixar.

    O poema divide-se em três partes lgicas que correspondem à divisão!ormal do poema às três estro!es#.

    $a primeira parte, o sujeito po%tico imagina São Leonardo "à proade um navio de penedos", a navegar num "doce mar de mosto", emdire&ão à eternidade, mas já quase arrependido de deixar o "cais'umano" a terra duriense#, como que "num antecipado desengano"da vida que está para lá do "cais divino".

    $a segunda parte  segunda estro!e#, o sujeito po%tico aponta a

    ra(ão do desengano re!erido atrás) lá na eternidade não 'averásocalcos, nem vin'edos, em ve( da água do *ouro 'averá c'arcos delu(, não 'averá montes, estendendo-se pelos 'ori(ontes at% seapagar a cor da vida.

    +inalmente, na última parte  terceira estro!e# o sujeito po%ticoregressa à imagem da primeira parte) o santo a navegar cada ve(mais vagarosamente em dire&ão à eternidade, porque "cada 'ora amais que gasta no camin'o, % um sorvo a mais de c'eiro arosmanin'o".

    O poema revela-se assim com uma estrutura circular) viagemvagarosa do Santo atrav%s do *ouro - ra(ão dessa lentidão -retorno à morosidade da viagem em dire&ão à vida eterna.

     A nível morfossintático, % de real&ar, em primeiro lugar, o uso dotempo presente na primeira e ltimas estro!es. O presente %, ruma,avan&a, passa#, no seu aspeto durativo, sugere a permanência, olento desenrolar da viagem do Santo. al sugestão do desli(ar lentoda a&ão % ainda dada pelas peri!rásticas a navegar, vai sulcando#,

    pelo partic/pio "0ncorado " permanência da a&ão#, pela expressãoadver1ial "sem pressa" e pelos adv%r1ios "devagar" e "lentamente".$a segunda parte do texto segunda estro!e# já predomina o tempo!uturo terá, serão, deixarão#, porque o sujeito po%tico se re!ere à vidaeterna !utura#, para onde o Santo lentamente se dirige. 2 redu(ido onmero de adjetivos, mas os poucos existentes ligam-se a nomesmeta!ricos importantes na expressão da mensagem po%tica) "docemar de mosto", "cais 'umano", "cais divino", "antecipadodesengano", "c'arcos de lu( envel'ecida", "rasos os montes".

    0 liga&ão !rásica, quer entre ora&3es, quer entre per/odos, % sempre!eita por coordena&ão geralmente assind%tica#, o que está de

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    'armonia com a nature(a do texto) um desenrolar de !actos daviagem de São Leonardo. 0 ora&ão conclusiva introdu(ida por "porisso" esta1elece uma rela&ão de consequência entre o desenganoantecipado do Santo e a sua regalada demora ao longo do *ouro. 4áapenas uma ora&ão su1ordinada relativa que gasta no camin'o#. Os

    outros "que" que aparecem no poema, !a(em parte da expressão derealce "% que".

    5as % no aspeto sem6ntico que o texto se revela mais pro!undamentepo%tico. 7ma sucessão de metá!oras navio de penedos, doce mar demosto, capitão, as ondas da eternidade, cais 'umano, cais divino,c'arcos de lu(, rasos os montes# dá-nos a 1ela imagem de SãoLeonardo navegando, já c'eio de saudades da terra duriense, emdire&ão à eternidade, e da qual antecipadamente já está desiludido.8sta imagem serve admiravelmente para real&ar a 1ele(a da terra em

    socalcos do 0lto *ouro, perante a qual a prpria !elicidade eterna %um desencanto. 4á evidentemente nesta imagem uma grande dosede sentido 'iper1lico.

    O apego de São Leonardo à terra duriense % ainda mais real&ado, no9m do poema, pela morosidade da viagem devagar, lentamente,porque cada 'ora que gastasse a mais no camin'o seria um sorvo amais de c'eiro a terra e a rosmanin'o.

    O sujeito po%tico imagina o Santo a navegar não num 1arco celestial,mas num navio de penedos alusão às serranias transmontanas# e,

    para mais claramente se identi9car com as terras do *ouro. $a ltimaestro!e, o Santo já desli(a num 1arco ra1elo em1arca&ão prpria dorio *ouro, que transportava o vin'o para o :orto#.

    2 ainda muito expressiva a 'ipálage contida na expressão "Lá nãoterá socalcos nem vin'edos na menina dos ol'os deslum1rados" odeslum1ramento não % propriamente dos ol'os, mas do Santo#. am1%m se pode considerar uma personi9ca&ão dos ol'os.

    4á ainda a sinestesia na expressão "% um sorvo gosto# a mais dec'eiro ol!ato#..."

    ;uanto ao aspeto formal , o poema % constitu/do por três estro!esirregulares on(e, nove e sete versos#, de m%trica igualmenteirregular 'á versos de duas a on(e s/la1as#< quanto à rima, al%m dealguns versos soltos em todas as estro!es, 'á rima emparel'ada einterpolada primeira e segunda estro!es#, emparel'ada e cru(adaltima estro!e#.

    $este poema, o ritmo % sempre repousado, so1retudo na ltima

    estro!e, de 'armonia com o andamento moderado da viagem doSanto.

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