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Sistem as Politico Salt a Birman i A

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINACENTRO DE FILOSOFIA E CIENCIAS HUMANASDEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIADISCIPLINA: LEITURAS ETNOGRAFICAS IIIACADEMICA: GABRIELA CORDINI BROERINGMATRICULA: 12102052

Sistemas Polticos da Alta Birmnia: um estudo da estrutura social Kachin Edmund R. Leach

Edmund Leach foi um antroplogo, aluno de Malinowski, que escolhe seguir a antropologia social britnica. No ano de 1954, aps trabalho de campo com os kachin da Birmnia, publica sua obra mais importante Sistemas Polticos da Alta Birmnia. Nessa obra, o autor, vem a desenvolver toda base para seu estudo sobre pensamento social, questionando as premissas de todo o estrutural-funcionalismo, principalmente a noo de que as sociedades ficam em equilibro social estruturais. Sua obra etnogrfica, mas j de pronto ele nos avisa que seus dados colhidos em campo nada tm a oferecer de novidade, mas que realmente busca uma trabalhar a teoria antropolgica. Seu estudo trata de dois grupos Birmaneses kachin e chan. Sua preocupao estava em fazer a analise politica desses dois grupos, mostrando que havia diferenas entre os mesmos, que em muitos outros estudos eram dados como iguais. Os chan so uma populao de vales ribeirinhos que cultivam arroz em campos irrigados, a regio que habitam favorece a agricultura, tem dialetos diferenciados e possuem uma estrutura hierrquica de monarquia, com um bom padro social. Os kachin tem uma produo de arroz rudimentar, falam diferentes idiomas e possuem duas maneiras politicas de viver, a gunsa que so monrquicos e feudais com representao em principado de descendncia e o gumlao, que so uma anarquia, baseada em democracia sem classes sociais, vivendo em um tipo de aldeia. Sendo essas duas populaes vizinhas, o autor v suas diferenas, mas tambm v proximidades inegveis e questiona premissas de sistemas de equilbrio. Para fazer essa comparao social, Leach, faz uma critica aos antroplogos sociais, baseados em Radcliffe-Brown, que usam o conceito de estrutura social como uma categoria por meio da qual se pode comparar uma sociedade com outra pressupem na verdade que as sociedades de que tratam existem durante todo o tempo em equilbrio estvel. (pg. 67 Leach, Edmund R.).As sociedades podem estar estveis para os antroplogos sociais em seus modelos de sociedades equilibradas, mas as sociedades reais no podem jamais estar em equilbrio para Leach. Pois as estruturas sociais so uma expresso de sua cultura, e no por categorias de comparao. As representaes de sociedades ideais em conceitos, no explicam a mesma, apenas teoria. Pegam um recorte e o utilizam como um exemplo concreto, fixando-o como algo permanente. O que ocorre com os birmaneses, constantes dissidncias e agregaes social afeta a estrutura. Seu argumento que, sociedades distintas e separadas podem estar englobadas em um sistema social de maiores propores. Bem como, existe a possibilidade de acontecer alteraes na estrutura social, acabando com a possibilidade de encaixa-la num determinado sistema, sem considerar a passagem no tempo. Os chan podem alterar sua posio social, quando isso ocorre com grande parte dos indivduos, se altera perceptivelmente a estrutura social. Ele identifica trs modelos de estrutura: gumlao gunsa chan. Onde o gunsa tende a ser um ponto de transio entre os modelos, pois possvel que se transite de gumlao para chan e inversamente. Essa mudana para Leach se d quando os indivduos tendem a mudar sua posio social e tambm mostra que as culturas so relacionais e no ilhas.A sua ideia de ilustrar um dinamismo, fazendo critica ao modelo esttico, pois desconsidera as construes histricas, as mutaes. Assim, estabelece dois tipos de continuum, um que mantem a estrutura total e outro que a transforma.As relaes que trocam kachim e chan podem ser analisadas a luz da teoria de cismognese, que foi desenvolvida pelo antroplogo Gregory Bateson, na obra Naven um exame dos problemas sugeridos por um retrato compsito da cultura de uma tribo da Nova Guin, desenhado a partir de trs perspectivas, onde faz um estudo de uma sociedade da Nova Guin. Esse conceito diz que existem dois tipos de relaes de cismognese a simtrica e a complementar.- simtrica: acontece quando os indivduos tm as mesmas aspiraes, o que acaba levando-os a concorrncia entre si, gera relaes antagnicas, uma competio. - complementar: definido quando exista luta de classes, onde um tem um comportamento dominante e outro submisso. A ao de um vai influenciar o a ao do outro individuo ou grupo. Tambm pode acabar levando a um exagero na reao gerando conflito ou ruptura.Adaptando esta a teoria de Bateson, a uma situao de conflito entre kachin, onde temos: o esteretipo kachin da situao de cime o irmo mais velho e o irmo mais novo. (...) Numa verso o irmo mais velho usa a principio de sua fora e do conhecimento do mundo para despojar o irmo mais novo de sua herana legitima; ento sobrenaturais acorrem em socorro do irmo mais novo, que mata o irmo mais velho por meio de um estratagema e acaba tornando-se um rico chefe (pg. 219/220. Leach, Edmund R.); se pode dizer que consiste em uma relao simtrica de cismognese. A disputa entre os irmos pela herana e ser o chefe dada em forma de concorrncia, pois os dois indivduos buscam um mesmo objetivo, gerando portando o conflito.Sobre o processo ritual, o autor observa que este serve para mostrar onde um individuo esta na categoria estrutural-social, mas tambm uma lngua de articulao, o ritual serve como uma representao da estrutura social. A antropologia britnica segue Durkheim, onde algumas aes sociais, so vistas ou como ritos que so sagrados ou atos tcnicos que so profanos. Essa dicotomia no funciona para Leach, pois temos as aes que so inteiramente profanas, funcionais, simples tcnica e as aes que so sagradas, estticas, tecnicamente no funcionais. A viso de Leach em relao ao ritual em demostrar um aspecto de ao.Ele mostra que a teoria kachin dada de uma maneira, mas a sua pratica feita de outra forma. Demonstra que as teorias so ambguas, permitindo que aconteam manobras. H uma diferena entre o ideal e a maneira como os indivduos se movem na prtica. Essa incoerncia entre o que dito e o que feito, no pode ser desconsiderada, para o autor no existe a mais certa; as contradies so significativas. Se, porm, considerarmos a mitologia kachin a expresso de um sistema de ideias e no um sistema de regras ou um conjunto de eventos histricos, desaparece a necessidade de coerncia formal nas vrias tradies. (pg. 310, Leach, Edmund R.). Com isso podemos entender que por mais que exista uma diferena entre o mito e o rito, onde um a tradio e o outro a ao, eles no so dissonantes e se fundem para que realmente se possa entender como a realidade social.