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Comissão Pastoral da Terra Caixa Postal. 7A9 - Fone:(062) 223 4039 7A.000 - GOIÍNIA Coxas Brasil SINOPSE ECONÔMICA MÊS: NOV/DEZEMBRO DE- 1984 Cenlfo de Pastoral Vergueira BIBLIOTECA I. SITUAÇÃO ECONÔMICA . 1.1. BALANÇO DO ANO DE 1984 INDICADORES ECONÔMICOS Existem diversos indicadores econômicos que medem, em termos estatísticos, como se comportou a economia durante o ano. Os dados estatísticos por si mostram muito pouco, mas se comparamos com outros dados podemos compreender me lhor o seu significado. Vejam o que segue. INFLAÇÃO . 223,7% PREÇO DA GASOLINA 284,3% , Indicadores para quem vive do trabalho; AUMENTO DO SALÁRIO MlNIMO: 211% . AUMENTO DO SALÁRIO MÉDIO NA FOLHA DE PAGAMENTO DAS EMPRESAS (segundo a FIERGS): 177% Indicadores para quem vive do capital: AUMENTO MÉDIO DA POUPANÇA: 243,5% LUCRO MÉDIO DAS AÇDES DA BOLSA: 442,0% AUMENTO DO DÓLAR NO CÂMBIO NEGRO: 286,0% GANHO NA APLICAÇÃO EM PAPEIS: 251,0% ' * ...... A Inflação mede teoricamente o aumento médio dos preços de to das as mercadorias na sociedade. Conforme se acima, os trabalhadores diminuiramem muito oseu salário em relação aos preços e portanto puderam comprar menoseviver bem pior do que em 83. Ja os que vivem do capital, tiveram seus ganhos bem acima dos pre ços e portanto compraram bem mais. Com isso tivemos uma grande concentração de renda. Como se vê, em épocas de inflação os trabalhadores perdem ainda mais seu poder aqui- sitivo e os capitalistas aumentam ainda mais seus ganhos. Por isso não e verdade que a inflação atinge a todosl* 1.2. A INFLAÇÃO DOS TRABALHADORES esreancAçOg Fci)Éo snto c ftnoi AfaBa táOto >w gg&K-i Cln-J ^ ^yV. i^fMÇÇWNO ATACADO -^ jjB ^" ^—' C PEZEMBKOmO "PgaOiBHO «>M 3 «^yAKiAçto 5> 'X» Se disse antes que a inflação é a média dos preços de to das mercadorias, mas para os trabalhado- res existem algumas mercadorias que inte ressam mais: os alimentos. . Vejam na tabela acima, quanto aumentaram os preços de certos produtos alimentícios de que os trabalhadores mais precisam e mais compram. Quer dji zer, na verdade, para os trabalhadores as condições de vida pioraram bem mais do que a inflação geral possa indicar. (Jornal do Brasil 24.12.84)

SINOPSE ECONÔMICA Cenlfo de Pastoral Vergueira(Gazeta Mercantil 05.11.84) 1.8. OFERTA DE ALIMENTOS NOS ÚLTIMOS ANOS Outro estudo muito importante foi realizado pelo mesmo IPEA. Trata-

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Page 1: SINOPSE ECONÔMICA Cenlfo de Pastoral Vergueira(Gazeta Mercantil 05.11.84) 1.8. OFERTA DE ALIMENTOS NOS ÚLTIMOS ANOS Outro estudo muito importante foi realizado pelo mesmo IPEA. Trata-

Comissão Pastoral da Terra

Caixa Postal. 7A9 - Fone:(062) 223 4039

7A.000 - GOIÍNIA Coxas Brasil

SINOPSE ECONÔMICA MÊS: NOV/DEZEMBRO DE- 1984

Cenlfo de Pastoral Vergueira

BIBLIOTECA

I. SITUAÇÃO ECONÔMICA .

1.1. BALANÇO DO ANO DE 1984

INDICADORES ECONÔMICOS

Existem diversos indicadores econômicos que medem, em termos

estatísticos, como se comportou a economia durante o ano. Os dados estatísticos por

si só mostram muito pouco, mas se comparamos com outros dados podemos compreender me

lhor o seu significado. Vejam o que segue.

INFLAÇÃO . 223,7%

PREÇO DA GASOLINA 284,3% ,

Indicadores para quem vive do trabalho;

AUMENTO DO SALÁRIO MlNIMO: 211% .

AUMENTO DO SALÁRIO MÉDIO NA FOLHA DE PAGAMENTO DAS EMPRESAS (segundo a FIERGS): 177%

Indicadores para quem vive do capital:

AUMENTO MÉDIO DA POUPANÇA: 243,5%

LUCRO MÉDIO DAS AÇDES DA BOLSA: 442,0%

AUMENTO DO DÓLAR NO CÂMBIO NEGRO: 286,0%

GANHO NA APLICAÇÃO EM PAPEIS: 251,0% ' ■* ......

A Inflação mede teoricamente o aumento médio dos preços de to

das as mercadorias na sociedade. Conforme se vê acima, os trabalhadores diminuiramem

muito oseu salário em relação aos preços e portanto puderam comprar menoseviver bem

pior do que em 83. Ja os que vivem do capital, tiveram seus ganhos bem acima dos pre

ços e portanto compraram bem mais. Com isso tivemos uma grande concentração de renda.

Como se vê, em épocas de inflação os trabalhadores perdem ainda mais seu poder aqui-

sitivo e os capitalistas aumentam ainda mais seus ganhos. Por isso não e verdade que

a inflação atinge a todosl*

1.2. A INFLAÇÃO DOS TRABALHADORES

esreancAçOg Fci)Éo snto c ftnoi AfaBa

táOto >w gg&K-i

Cln-J ^■■^yV. i^fMÇÇWNO ATACADO -^ jjB ^"■^—' ■C PEZEMBKOmO "PgaOiBHO «>M 3 «^yAKiAçto 5>

'X»

Se disse antes

que a inflação é a média dos preços de to

das mercadorias, mas para os trabalhado-

res existem algumas mercadorias que inte

ressam mais: os alimentos. . Vejam na tabela acima, quanto aumentaram os preços de certos

produtos alimentícios de que os trabalhadores mais precisam e mais compram. Quer dji

zer, na verdade, para os trabalhadores as condições de vida pioraram bem mais do que

a inflação geral possa indicar. (Jornal do Brasil 24.12.84)

Page 2: SINOPSE ECONÔMICA Cenlfo de Pastoral Vergueira(Gazeta Mercantil 05.11.84) 1.8. OFERTA DE ALIMENTOS NOS ÚLTIMOS ANOS Outro estudo muito importante foi realizado pelo mesmo IPEA. Trata-

1.3. A HISTÓRIA DA INFLAÇÃO BRASILEIRA A inflação da economia brasileira sempre foi motivo de muita

discussão e ji se deram muitos golpes de estado, "porque o povo não suportava infla-

ção tão alta..." Agora, o economista Cláudio Haddad a partir dos dados da Fun

dação Getúlio Vargas, reconstruiu os dados de inflação de todos os anos, desde 1900.

Pela importância das informações, e por serem ineditas,resoj[

vemos publicar na Tntegra, e como se vê, jamais na história do Brasil, alcançamos u-

ma inflação tão alta, e seus efeitos negativos para a classe trabalhadora somente se

descobrirão dentro de muitos anos,

Jornal do Brasil, em 29 de dezembro de 1984

1.4. CRESCIMENTO DA ECONOMIA

A Economia Brasileira crsceu 4,1% durante o ano de 1984.0 que

significa isso? Significa que a soma de todas mercadorias produzidas no paTs durante

1984 foram 4,1% a mais do que a soma de todas as mercadorias produzidas em 1983.E te

oricamente, portanto, existiria na sociedade 4,1% a mais de riqueza. No entanto não

significa que toda a produção ou toda sociedade se beneficiou desse crescimento. Mà_

mos ver que tipo de produção aumentou.

INDUSTRIA: 5,8% - AGROPECUÁRIA: 3,9% - COMERCIO: 2,3% - TRANSPORTES: 5,5%

Então o que mais puxou o crescimento foi a indústria. Masque

tipo de indústria? Extração mineral: 28,3%. Indústria de Transformação:6%. Energia E

létrica (Hidrelétricas): 11,5%. Têxtil: -2,3%. Alimentos: -0,1%. Bebidas: -0,3%.

Logo se vê, que o governo estimulou a extração mineral (minérios em geral) e a cons-

trução de hidrelétricas (Itaipu, Tucurui) e esses dois setores puxaram a média da so

ciedade para cima. Mas as indústrias ligadas ao consumo popular todas elas decrescer

ram. E se debitarmos ainda o crescimento da população se vê que naquelas indústrias

a situação está bem pior, ou seja, se produz cada vez menos.

(Jornal do Brasil 29.12.84)

Page 3: SINOPSE ECONÔMICA Cenlfo de Pastoral Vergueira(Gazeta Mercantil 05.11.84) 1.8. OFERTA DE ALIMENTOS NOS ÚLTIMOS ANOS Outro estudo muito importante foi realizado pelo mesmo IPEA. Trata-

; n^ Á jenda per xapita brasileira - hí^jp'jiiserÇ c:^^i■/'•%-■.■ ^ — ^ ' V '3.7*2.1

.u-i-ji ?■

■.rM;-^!

3700-

1.5. DIVIDA EXTEKNA DO PAlS

Segundo declarações do Ministro Ernane Galveas, em Nova York,

nos últimos quatro anos. o Brasil n5o recebeu nenhum centavo de dólar de dinhenro no

rk todos os empréstimos conseguidos na renegociação, foram ut l.ados empa

ga dívidas anteriores e remanejamento da dívida, que significou que *^"*r

ticamente não saiu dos paTses financiadores, ou praticamente so mudou de ***■**» empréstimos não representaram investimentos novos no paTs. (Gazeta Mercante 2.11.84)

1.6. BALANÇO DO ANO PARA OS TRABALHADORES

RENDA PER CAPITA DA POPULAÇÃO BRASILEIRA

Na tabela ao lado aparece a

tendência da renda per capi_

ta nos últimos anos, a pre

ço de hoje. Então, em 1984

a renda média de cada brasj_

leiro foi de 3.397.000 cru-

zeiros por ano. Uma família

de 5 pessoas deveria ter ga^

nho então Cr$ 16.985.000 du

rante todo ano,que daria Cr$

1.415.000 por mês por famí-

lia. Mas se sabe que 70% das

famílias brasileiras ganham

até 2 salários mínimos,ou se

ja, menos de Cr$ 350.000 por

mês. E a diferença para onde

vai? Vai para os que ganham

bem acima dissol

'' A".- '-^ f—,' ^~;i '- '■

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3700-

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'j!tÍ fonm «oiwldersdo» preço» eonrtantw, —- •limlnando-»» o •fmto d» Inflaçào

;4. .K.

'"12 74 1l5 76 <■*! 76 79 W 81 82 "^83 MÍ4

Por outro lado,dá para ver que a renda média dos brasileiros.

hoje é a mesma do que durante o ano de 1977. A renda méida significa tudo o que se produziu no pais duran

te o ano, dividido pelo número de pessoas do pais. (Jornal do Brasil em 29.12.84)

1.7. DESEMPREGO NO BRASIL Segundo estudos do IPEA ^Instituto de Pesquisas Econômicas

da Secretaria de Planejamento da Presidência da República, mesmo a economia do pais

crescendo na base d^ 6% ao ano até 1990, o número de pessoas novas que ingressarão no

mercado de trabalho e não encontrarão emprego será de 10 milhSes de pessoas, nesses

próximos quatro anos até 1990. Uma boa noticia para o ano internacional da juventude.

(Gazeta Mercantil 05.11.84)

1.8. OFERTA DE ALIMENTOS NOS ÚLTIMOS ANOS

Outro estudo muito importante foi

realizado pelo mesmo IPEA. Trata-

se da oferta de alimentos agríco-

las que existe no pais. Como se vê

o governo conhece muito bem os pro

blemas do paisl

Nas tabelas ao lado se vê a tendêji

cia da oferta de alimentos no pais

mi* Cai à oferta de alimentos tKa/hmMtmmm/mno]

Amo ,lL:\ Arrta ' rW|*o 1975 1976 1977 197» 1979 1960 1961 1962 1983

74.0

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. .1^171^ • 174,7 .

145,9

•215,0 1 í .196,6 '^ 197,9

191.6 171,8

56,7 62.7 49^ 49,0 45.8

to\m 94,1

1042 113,3 842 88,2

127,3 1222 102,4 113,4

FONTE: RICEaCACEX • •" .«^^«Jio

Page 4: SINOPSE ECONÔMICA Cenlfo de Pastoral Vergueira(Gazeta Mercantil 05.11.84) 1.8. OFERTA DE ALIMENTOS NOS ÚLTIMOS ANOS Outro estudo muito importante foi realizado pelo mesmo IPEA. Trata-

Em todos os produtos, com exceção

da soja, a oferta de alimentos por

habitante diminuiu nos anos 81/83

em relação aos anos 75/77. Se re

comenda sempre comparar de três em

três anos, para evitar efeitos de

influências metereologicas.

PRODUTO

■Arroz Feijão Leite

Quanto cada família con8onie/

(por classe de renda, em mil kg) CLASSE DE RENDA

:" :J ..1 T -a ■ ■ .♦"■•■ • ■ ■•*- -99.7 ni 93,2 73,2. .45,5 I 37,0 29,2 21,5 17,6 86,4 -"120^ -133.0 . 139.2-. - 161,4

587 "; V 50,3

fONTl: FIPE/USP .0 ,. „■

-.%■

Por outro lado, se nota que as famílias de trabalhadores de

renda mais baixa, se obrigam a consumir mais arroz e feijão, e consomem muito pouco

leite.

AT esta, VOCÊ TRABALHOU E O BRASIL MUDOU ?

(Folha de São Paulo, 23.12.84)

1.9. O EXEMPJ' L? MAIOR GRUPO EMPRESARIAL NACIONAL, E DE CAPITAL

N/CIO1 xL: O G. TP0 VOTORANTIM

A ''olha de São Paulo publicou um interessante estudo do com-

portamento do maior grupo emp. ^ ^.rial brasileiro, o Grupo Votorantim, de propriedade

do empresário oposicionista ANTOM'1 ERMlRIO DE MORAIS, cotado até como um dos possí-

veis ministros do Dr. Tancredo Neves,

Esse estudo, conforme tabela abaixo, mostra como evoluiaram

diversos aspectos da vida da empresa, du. ^nte os seis anos da crise. 1978 a 1983.

Vejamos pois:

O patrimônio da empresa cresceu nos seis anos B.41035

O lucro iTquido da empresa cresceu 2.958%

Os juros pagos aos bancos cresceram 6.125%

E os salários pagos aos empregados cresceram 2.444%

Ou seja, em seis anoí,, u ludiô» cresceu em 500% a mais do que

os salários. E o capital cresceu

mais do que o dobro do crescimeji

to dos salários. Esse é um exem-

plo prático de como acontece a

concentração da riqueza numa em

presa.

^,. ; .. .: J- '-■-.■.. . ATRAVESSOU SEIS ANOS DE CRISE ■ Indicoíior*» («nvCrS rT>ttK&»») ^1978 197!» 1980 1981 1982 1983 83 8} 83 78

Pa«rim6nic> liquido'-' if- /' 1 ' "•' 16.55/ 27.463 ie.BOT 145.524 339796 912.037 168 4-. S4I0'.

fc.* ••te bruio" IB.329 37.53» 75.067 143.153 314.473 697.882 121 9-, '3 707'.

lucro ligútòo \ k "-*■ •><*x 3.76Í n.»33 16 947 37.162 88 940 139 3'. 2»5e-.

Solórtot* •morpot «oooii-popoi 4 009 5 602 10.540 21.B33 49 024 102016 108 l". 2 444'.

Impo» to» papo» 3«1« 7.CM* 1B.761 J0.257 75.507 193 716 1S6.S-. 4 97j'.

0*»p*io ftnorKCiro ' . i •.* ** 1.7*4 3 187 4.351 12*70 je 8*9 109 9K) 183 7', 6 135-.

| foni» Grupo Votorontim * ,- —'

2. POLÍTICA

Como já noticiamos em outras sinopses, o setor de extraçãomi^

neral e o setor prioritário dos investimentos do governo. Vejam as últimas notícias.

2.1. ESTRADA DE FERRO DE CARAJÁS

A Cia Vale do Rio Doce, estatal, gastou na implantação da fer^

rovia de Carajás, para exportação do minério de ferro de Carajás, o valor de 1,3 bi-

lhões de dólares. O porto de exportação, e as despesas de administração e engenharia

consumiram mais de 1 bilhão de dólares. (Folha de São Paulo, 08.12.84)

2.2. BARRAGEM DE TUCURüí

A Barragem de TucuruT, construida pela ELETRONORTE, represeji

tou um investimento de 4,6 bilhões de dólares por parte do governo. Daqui a quatro a^

nos, quando todo seu potencial energético estiver funcionando, cerca de 30% de toda

energia produzida se destinará a apenas duas empresas multinacionais, a ALUNORTE (de

Barcarena, Pará, que consumiurá 600.000 kw) e a ALCOA (São Luis do Maranhão,620.OOOkw)

(Folha de São Paulo em 04.12.84)

Page 5: SINOPSE ECONÔMICA Cenlfo de Pastoral Vergueira(Gazeta Mercantil 05.11.84) 1.8. OFERTA DE ALIMENTOS NOS ÚLTIMOS ANOS Outro estudo muito importante foi realizado pelo mesmo IPEA. Trata-

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2.3. O PROGRAMA GRANDE CARAJÁS

0 programa de governo para explorar e exportar os minérios de

Carajás, representam um investimento de 28 bilhões de dólares durante os próximos

dez anos. Esse investimento está assim distribuido: 1. PROGRAMA MINERO-METALORGICO: 9,l^bilhões de dólares

Minério de ferro: 3 bilhões de dólares Alumínio: 1,8 bilhões de dólares Cobre: 1,5 bilhões de dólares Níquel: 1,1 bilhao_de dólares Manganês: 350 milhões de dólares

2. PROGRAMA NA AGRICULTURA: 8,1 bilhões de dólares

3. PROGRAMA NA PECUÁRIA: 1,7 bilhão de dólares

4. PROGRAMA DE'REFLORESTAMENTO: 1,3 bilhão de dólares

OBRAS DE INFRAESTRUTURA: 22,5 bilhões de dólares

TOTAL' DOS INVESTIMENTOS NA REGIÃO DE CARAJÁS NOS PRÓXIMOS 10 ANOS: Us$ 61,7 bilhões.

(Folha de São Paulo, 06.12.84)

2*4. INDÚSTRIA DO MINÉRIO DE CARAJÁS TERÁ ENERGIA SUBSIDIADA

0 Ministro de Minas e Energia, César Cais, publicou portaria

no Diário Oficial, dia 17.12.84 concedendo a todas indústrias de minérios que se ins

talarem na região do Carajás, o fornecimento de energia elétrica subsidiada,sendo que

asempresas pagarão apenas 25% do preço da energia vendida no mercado. E se a TucuruT

se destinará basicamente Ss indústrias da região, logo todo custo de.TucuruT será co

berto pela sociedade brasileira e as indústrias receberão energia praticamente de gra

ça! Ah! Um detalhesinho, a portaria estabelece o prazo de 20 anos para o subsTdio. .-

(Folha de São Paulo, em 18.12.84),.

2.5. INDÚSTRIA ELETRÔNICA; í . . :

A Industria eletrônica que fabrica componentes eletrônicos e

computadores é uma das indústrias que recebem mais apoio do governo. Graças a issoes_

se ano ela cresceu nada menos do que 20%. A estimativa de vendas é de que 84 já alcan

çou a 2 bilhões de dólares. (Folha de São Paulo, em 23.12.84)

2.6. MAIOR EXPORTADOR MUNDIAL DE MINÉRIO DE FERRO ,.

No próximo ano de 1985, o Brasil deverá exportar nada menos

do que 86 milhões de toneladas de ferro, tornando-se assim o maior exportador mundi-

al de minério de ferro. (Folha de São Paulo, em 18.12.84)

2.7. INVESTIDORES ESTRANGEIROS CONVERTEM DIVIDA EM AÇÕES

Segundo o Ministro da Fazenda, Ernani Galveas, dos 800 mi -

Ihões de dólares registrados no Banco Central como investimento estrangeiro direto ,

600 milhões de dólares foram dividas que empresas tinham cora empréstimos no exterior,

-e a divida foi transformada em ações dos investidores estrangeiros. E os demais 200

milhões de dólares foram transferência de equipamentos a indústrias ja instaladas.

E interessante notar que era a fórmula defendida por Paulo

Maluf e por Roberto Campos para resolver o problema da dTvida externa. Como pelo me

nos a metade da dTvida é das empresas, eles defendem a trasformação da dTvida em a-

ções. Ou seja, desnacionalização ampla da já fraca economia nacional. (Gazeta Mercan

til, em 21.11.84)

2.8. BANCOS DE INVESTIMENTO TAMBÉM DEFENDEM DESNACIONALIZAÇÃO

0 Presidente da Associação Nacional de Bancos de Investimen-

tos, disse que a economia brasileira tem que internacionalizar-se o quanto antes

Page 6: SINOPSE ECONÔMICA Cenlfo de Pastoral Vergueira(Gazeta Mercantil 05.11.84) 1.8. OFERTA DE ALIMENTOS NOS ÚLTIMOS ANOS Outro estudo muito importante foi realizado pelo mesmo IPEA. Trata-

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e defendeu como medidas urgentes: a) transformar parte da divida em ações, b) abrir

o mercado de ações das bolsas de valores para investidores estrangeiros com direito

a voto, c) abrir inclusive sistema de poupança a investidot estrangeiros.

(Folha de São Paulo, em 22.11.84)

2.9. OS FUROS DO BANCO NACIONAL DE HABITAÇÃO

0 dinheiro utilizado ate hoje pelo BNH para cobrir os furos

das financeiras e poupanças que quebram e que o Banco cobre, já atingiram 722 bilhões

de cruzeiros. Segundo os cálculos isso significa que, de cada 100 cruzeiros que o BNH

utilizou, cerca de 2,2 ele teve que aplicar para cobrir essas fraudes. Dinheiro per-

dido, ou aplicado em construções subterrâneas... (FSP, em 16.12.84)

2.10. PREVIDÊNCIA FECHA SEM DÉFICIT

0 Ministro Passarinho conseguiu terminar 1984 sem déficit na

previdência. No inicio do ano estava previsto um déficit de 1 trilhão e 719 bilhões,

para que a previdência mantivesse os mesmos serviços. Mas o Ministro resolveu prestu,

um grande serviço ao seu amigo Figueiredo, e para entregar a Previdência sem furos ,

reduziu violentamente o nTvel de prestação de assistência médica, a um ponto jamais

conhecido pelos trabalhadores. Quantos terão morrido por esse desatendimento? Mas o

Ministro poderá dizer com orgulho, sobre esse sofrimento todo, de que entregou a Pre

vidência sem dTvidas. (Jornal do Brasil, em 29.12.84)

2.11. MAIS DIFlCIL RETIRAR O FUNDO DE GARANTIA

0 Governo baixou o decreto 90.408 criando uma série de difi-

culdades para o trabalhador retirar o seu dinheiro depositado no FGTS. Com isso o go

verno espera reter mais tempo o dinheiro do trabalhador, que é corrigido abaixo da iji

fiação, e assim ajudar a sanar os problemas financeiros do BNH. Muito boas intenções

(Folha de São Paulo, em 08.11.84)

2.12. NOVO SALÁRIO MÍNIMO NÃO ALIMENTA

Segundo levantamento do DIEESE o novo salário mTnimo em vigor

no mês de novembro não consegue nem alimentar apenas duas pessoas, sem contar todas as

demais despesas que o trabalhador tem, e de seua famTlia que é em média de 4 pessoas.

Segundo ainda o DIEESE de 1979 até agora, ou seja, durante o Governo Figueiredo , o

custo dos alimentos subiu 4.946% enquanto os salários subiram apenas 4.184% ou seja,

nesses seis anos de Governo Figueiredo, a classe assalariada perdeu 800% do poder a-

quisitivo. (Folha de São Paulo, em 23.12.84)

2.13. AUMENTO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS

0 Governo Figueiredo baixou decreto aumentando os salários dos

funcionários públicos a partir do mês de janeiro. Os funcionários civis tiveram umau

mento de 75% e os MILITARES, de 127%. Com isso, o salário de um general passará para

a quantia de Cr$ 9.345.196, fora as mordomias. Como você vê, você trabalhou, e o Bra

sil cresceu. (Folha de São Paulo, em 23.12.84)

2.14. AS "ARTES" DO GOVERNO MONTORO

0 Governo Montoro revelou que no penodo de janeiro a junho

de 1984, gastou a quantia de 10 bilhões de cruzeiros, em PROPAGANDA. (FSP 23.11.84)

3. CONJUNTURA ECONÔMICA NO CAMPO

3.1. SUPER SAFRA DE ALGODÃO PREOCUPA GOVERNO

0 Governo está muito preocupado com a safra de algodão, pois

a previsão de aumento da produção é de 38% em relação ao ano passado. 0 governo acha

que terá muitos problemas com isso. Deve ser o único governo do mundo que se preocu-

Page 7: SINOPSE ECONÔMICA Cenlfo de Pastoral Vergueira(Gazeta Mercantil 05.11.84) 1.8. OFERTA DE ALIMENTOS NOS ÚLTIMOS ANOS Outro estudo muito importante foi realizado pelo mesmo IPEA. Trata-

pa quando a produção aumenta! (Folha de São Paulo, em 23.12.84)

3.2. FRAUDE NO CAFÉ DO PARANÁ Mas de 10 mil sacas de café no valor aproximado de Cr$ 2,1

bilhões de cruzeiros foram desviados do armazém do Instituto Brasileiro do Cafe,IBC,

de Nova Esperança, 40 km de Maringá. No desvio estão envolvidos funcionários do IBC

e agricultores. Mas até agora não se tem nenhuma noticia do que poderá aconter com e

les. (Folha de São Paulo, em 13.11.84)

3.3. FRAUDE NO FEIJÃO DO PARANÁ Nelson Meurer, diretor da CIBRAZEM de Francisco Beltrão, e

Gomercindo Rizzi, presidente da Cooperativa Agrícola de Dois Vizinhos, PR, sao os

principais acusados do envolvimento na fraude do feijão, que representou um roubo no

valor de Cr$ 2.5 bilhões de cruzeiros. Esse foi o resultado do INQUÉRITO POLICIAL.

Mas apesar do processo, tampouco se sabe de alguma providência no sentido de penal^

zar os ladrões. Eles continuam muito soltos e até agora não devolveram nenhum tostão.

(Folha de São Paulo,em 18.12.84)

3.4. GOVERNO FEDERAL TAPA O FURO DO BNCC Durante todo o ano de 1984 veio a público as falcatruas e rou

bos no Banco Nacional de Crédito Cooperativo. Foram denunciadas pelos jornais e o Mi_

nistro da Agricultura se demitiu. Foi apurado inquérito. Encontrados os principais res

ponsáveis. Mas o Governo Federal não tomou nenhuma providência no sentido de punir ou

fazer os ladrões devolver o dinheiro. Pois havia muitos interesses por trás, já que

uma das falcatruas era o aval ao empréstimo da CAPEMI, onde até o filho do Presiden-

te Figueiredo estava envolvido e o BNCC andou pagando. Conclusão do roubo de 263 bi-

lhões de cruzeiros: o Governo Federal resolveu esquecer tudo e dar mais uma chance pa^

ra os "coitadinhos". Por isso-o Presidente Figueiredo autorizou a que a UNlAO cobri£

se o furo desses 263 bilhões'de cruzeiros. E tudo continuará como antes.

(Zero Hora, em 29.12.84)

3.5. LEI QUE FAVORECE TRABALHADORES NA CANA ESTÁ SENDO FRAUDADA

Em dezembro de 1965, o então Presidente Marechal Castelo Bran

co, assinou a Lei 4870 determinando de que o setor açucareiro, aplicasse 1% sobre o

-faturamento do açúcar, 15% sobre o faturamento da cana e 1% sobre o faturamento do a]_

' cool, em beneficio dos trabalhadores que trabalhavam nessas atividades. Muito bonita

a lei no papel, só que até hoje não foi cumprida. Essa é a denúncia dos sindicatos de

trabalhadores rurais da região da cana de São Paulo.

Sõ para se ter uma idéia, o que representaria essa lei, em

1984: existem no Brasil 204 Usinas que aproveitam a cana como matéria prima. Segundo

a aplicação da Let.; representaria um trilhão de cruzeiros, que deveria ir em benefi-

cio do trabalhador-e que esta sendo embolsado pelos usineiros. (FSP,02.12.84)

3.6. SETOR AGRÍCOLA DO NORDESTE CONSOME APENAS 3% DA CHESF

Sempre quando se constrói hidrelétricas e se desapropria mal

e percamente as terras dos lavradores, o Governo usa o argumento de que a energia e-

létrica beneficiara também aos agricultores. Pois bem, agora foram publicados dados,

de que de toda energia produzida pela CHESF no nordeste, apenas 1,1% da energia, be-

neficia o meio rural do nordeste e 54,9% beneficia ãs indústrias, e o restante aos de

mais setores. Isso fica claro que o meio rural brasileiro é completamente abandonado

de todos os programas de desenvolvimento do Governo, mesmo no Nordeste.

(Jornal do Brasil, em 29.12.84)

3.7. O RADAM E AS TERRAS DO NORDESTE

Page 8: SINOPSE ECONÔMICA Cenlfo de Pastoral Vergueira(Gazeta Mercantil 05.11.84) 1.8. OFERTA DE ALIMENTOS NOS ÚLTIMOS ANOS Outro estudo muito importante foi realizado pelo mesmo IPEA. Trata-

-r*

8

Segundo o projeto RADAM BRASIL, que fez um completo levanta-■•

mento da capacidade dos solos do Nordeste, existe no Nordeste nada menos que 10 mi_

Ihões e 300 mil hectares de terras de alto índice de fertilidade, capaz de, sendo a-

proveitadas, abastecer as necessidades alimentTcias de todo o pais, e não sõ do Nor-

deste. E para se aproveitar esse solo basta apenas de decisão polí-

tica no sentido de dar oportunidade de trabalho e acesso ã terra, a milhares de tra-

balhadores. (Folha de São Paulo, em 18.11.84)

3.8. DESAPROPRIADOS DE TUCURUl

Entre os milhares de pequenos agricultores que perderam suas

terras pela barragem de TucuruT, apenas um está satisfeito com a desapropriação e a

solução dada pela empresa ELETR0N0RTE. Trata-se do sr. Cláudio Furmann. Casualmente e

le é prefeito da cidade, e possuia 19 mil hectares, dos quais 10 mil foram desapro.pn

ados. Com o dinheiro diz que comprou outros 10 mil hectares, e ainda sobrou dinheiro

para investir em novas fazendas. Além de suas atividades, é sócio da Eletronorte nos

hotéis da Hidrelétrica. (Folha de São Paulo, em 23.11.84)

3.9. AGROTÕXICOS MATAM NO TERCEIRO MUNDO

Segundo a Organização Mundial de Saúde, as utilizações de a-

grotóxicos no Terceiro Mundo, matam 16 pessoas por dia. Segundo o responsável por es

se setor, essa estatística é ainda muit aquém da realidade, pela dificuldade de con-

trole.E a principal responsabilidade é das empresas multinacionais que desrespeitam

todas as normas nos países do Terceiro Mundo, na fabricação e comercialização de agro

tóxicos, envenenando os aplicadores (agricultores) e os alimentos produzidos, com -

conseqüências ainda mais incontroláveis. (Folha de São Paulo, em 13.12.84)

3.10. FÁBRICA DE AGROTÕXICOS VEM AO BRASIL

A Monsanto Company pretende aplicar no Brasil, no próximo a-

no, cerca de 150 milhões de dólares para fabricação de agrotóxicos. A Monsanto é uma

das 10 maiores empresas mundiais fabricantes de agrotóxicos.

(Gazeta Mercantil, em 18.12.84)

3.11. JAPÃO EMPRESTA MAIS DE 150 MILHÕES DE DÕLARES PARA O CERRADO

0 Secretãrio-Geral do Ministério da Agricultura assinou mais

convênio no Japão, de um empréstimo de 150 milhões de dólares para desenvolvimento do

cerrado. Essa percela, representa a segunda do PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DO CERRADO,

fase II. (Folha de São Paulo, em 11.12.84)

3.12. INCRA MENTE MAIS UMA VEZ

0 agrônomo José Gomes da Silva, ex-secretário da Agricultura

de São Paulo e ligado a ABRA, declarou que o INCRA mente até na propaganda de que e^

tá fazendo a maior reforma agrária do mundo, pois mesmo em número de títulos (o que

não significa reforma agrária) ele está perdendo para o Japão, pois na época da refor

ma agrária japonesa no pos-guerra, o governo japonês distribuiu mais títulos do que

o governo brasileiro. Desse jeito, o INCRA certamente ganhará o tTtulo de organis-

mo público agrário mais mentiroso do mundo. (Folha de São Paulo, em 01.12.84)

30 de dezembro de 1984