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olau Sevcenko, 1994
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S.A.
Livreiros Edi
tores
Av.
Marqus de So Vicen
te, 1697 - B an a Fu nd a
O1139-904 -
S o P au lo - S P
Fone: Oxxll) 3613-3
000
Fax: Oxx11) 3611-3308-
Fax vendas : Oxxll) 3
611-3268
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nacionais de Catalogao
na Publicao CIP)
Cmara Brasil
eira do Livro, SP, Brasil)
Sevcenko, Nicolau.
O Re
nasc imento Nicolau Sevc
enko. -
16
ed. rev. atual.
- So Paulo :
Atual, 1994. - D is cu ti nd
oa histria)
Bibliografia.
ISBN 97 8 -8
5-7056-540-2 a lun o)
l
Arte re
nascentista 2. Renascena
- Histria 3 . Renascen
a - Itlia
L
Ttulo. Srie.
93-12 10
ndices par
a catlogo sistemtico:
l Renascena : E uropa
:C ivilizao 940.21
2.
Renasc imento :
Eu
ropa : Histria 940.21
CDD-940.2 1
Cole
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Discutindo a Hist
ria
Coorde
nao: Ja ime
Pinsky
Editor :
Henrique Flix
As sistente ed i
torial: Shirley
G o m e s
Preparao de tex
to: No G. Ri
beiro
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o editorial :
Clud
io
Espsi to Godoy
Re
viso: Maria
Luiza
X
Souto
Maria Ceclia
F
Vannucc
hi
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o eletrnica:
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E
Almeida
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Arajo
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o: Tania Fe
rreira de Abreu
Assistentes
e
arte
: Marcos Pun
te l de Oliveira
Alexand
re
L
Santos/Ricardo Yorio
Produ
o grfica: An
to nio Cabel lo Q. Filho
Jos Ro g erio L. de Simone
M aurcio T de Moraes
Pr
ojeto grfico:
Tania Ferreira de Abreu c
ap a)
Marc
os Puntel de Oliveira miol
o)
Capa: A Esc
ola de Atenas
Rafael Sanzio
Afresco da
Stanza de
i
a Segnatura, Va
ticano
Ma pas:
Sonia Vaz
Pesq
uisa iconogrfica :
Lia Mara Milanelli
Fotolito:
Binhos/STAP
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ano:
tiragem:
2010
5
2009
4
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008
3
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ento ao profes so
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3613-3030 Grande So P
au lo
0800-01
17875 Demai s loca l idades
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B a t e p a p o om o av.tof
N colau Sevcenko formado em Histria
pela USP, onde se doutorou , em 1981. Em 1983
publicou
sua tese de
doutoramento
sob o ttulo
Literatura como misso: tenses sociais e criao
cultural
na
Primeira Repblica.
Se o livro lhe valeu,
no
mesmo
ano
,
do is
importantes prmios (Prmio Moinho
Santista Juventude e
Pr
mio
Literrio de So Paulo), a tese lhe
deu
tambm uma grande
alegria pessoal: a de
ter
travado o ltimo debate
pblico
com o Prof.
Srgio Buarque de Holanda.
Nicolau se qualifica
como
um andarilho vacilante , buscando seu
des tino mais como um sonmbulo que guiado por sonhos fugazes,
o
que
um
navegante
,
que se
orienta
por um norte certo
e
por
ons
telaes
estveis . Talvez venha da
sua afinidade
com o
tema
deste trabalho. Na vida , diz ele,
tenho sido puxado por
um
punhado
le
esperanas
e empurrado
por uma
legio de fantasmas.
Topei
com
muros imprevistos,
tropecei
nas prprias
dvidas
e ca
nas armadilhas
do es pelho ,
como
todo o mundo.
A
tualmente
professor
livre-docente da USP ,
tendo
defendido
sua
se Oifeu exttico na metrpole: SoPau lo Sociedade e cultura nos
fJrementes anos
20
publicada
pela
Companhia das Letras. Nicolau
:1credita que, se o
trabalho realmente
dignifica o homem,
ele j
poderia
i r para
ndo
, por j ter acumulado dignidade suficiente para esbanjar
pel o resto
da
vida. Mas como a dignidade no compra o
po,
ele
( ()
ntin
ua
trabalhando, com a
esperana de algum
dia
saldar sua
dvida
com o BNH .. . .
E foi com
esse simptico
e extrovertido
autor que
travamos a
,
;vg
uinte batalha :
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portanto, a liberao
do
indivduo e o empurra para a luta da
concorrncia com outros indivduos, conforme as condies postas
pelo Estado e pelo capitalismo. O sucesso
ou
o fracasso nessa nova luta
dependeria
- segundo Maquiavel, o introdutor da cincia poltica
precisamente nesse momento - de quatro fatores bsicos: acaso,
engenho, astcia e riqueza. Para os pensadores renascentistas, os
humanistas, a educao seria o fator decisivo.
Nem Maquiavel
nem
os humanistas estavam lon
ge
da verdade. O
momento histrico
co
locava em foco sobretudo a capacidade criativa
da personalidade humana. O perodo de grande inventividade
tcnica estimu lada pelo desenvolvimento econmico e estimuladora
desse desenvolvimento. Criam-se novas tcnicas de explorao agr-
cola e mineral, de fundio e metalurgia , de construo naval e
navegao; de armamentos e de guerra. o momento da inveno da
imprensa e
de
novos tipos
de papel
e
de
tintas. Se a introduo
de
uma
nova tcnica poderia colocar uma
empresa
frente de suas concorren-.
tes , a criao
de
novas armas colocava os Estados
em
vantagem sobre
os seus rivais. Foi
com
esse objetivo que Galileu
foi
contratado pela
oligarquia mercantil da Repblica de Veneza e foi esse tipo de prstimo
que Leonardo da Vinci ofereceu a Ludovico, o Mouro, senhor de Mi lo,
a fim de entrar para seu servio.
Esse conjunto de circunstncias instituiu a prtica da observao
atenta e metdica da natureza, acompanhada pela interveno do
observador por meio de experimentos, configurando uma atitude que
seria mais tarde
denominada
cientfica. O obje tivo era obter o mximo
domnio sobre o meio natural, a fim de explorar-lhe os mnimos
recursos em proveito dos lucros de mercado. O instrumento-chave
para o domnio da natureza e
de
seus mananciais, atravs
do
qual se
poderia condensar sua vastido e variedade numa linguagem abstrata,
rigorosa e homognea, era a matemtica. Nesse campo, os progressos
caminhavam rpido, desde a assimilao e difuso dos algarismos
arbicos e das tcnicas algbricas, tomadas civilizao islmica. O
instrumental matemtico era indispensvel para efetuar a contabilida
de comp
lexa das empresas mercantis e financeiras,
ou
seja, os clculos
cambiais e os diversos sistemas de juros, emprstimos, investimentos
e bonificaes.
As pesquisas sobre a tradio da geometria euclidiana acompa
nhavamde
perto os avanos na matemtica. E ambas ganharam novas
funes com a inveno da luneta astronmica por Galileu. Pode-se,
assim, confirmar a teoria
do
heliocentrismo
o
Sol
ocupando
o centro
do sistema planet rio e no a Terra, como acreditavam os homens da
Igreja, baseados em Ptolomeu) e a rotundidade
do
nosso planeta. Mas
foi acreditando nessa cosmografia ousa da, muito antes ainda de sua
confirmao, que Colombo descobriu a Amrica 1492) e Ferno de
Magalhes fez a primeira viagem de volta ao mundo 1519-1521).
Graas a essas descobertas , o sistema comercial pde ampliar-se , at
atingir toda a extenso do globo terrestre. Globo que passou a ser
rigorosamente mapeado e esq uadrinhado por uma rede de coordena
das geomtricas destinada a garantir a segurana e a exatido das
viagens martimas e o sucesso dos negcios dos mercadores euro
peus . O desenvolvimento do
saber
e o do comrcio
se
reforavam
mutuamente.
A matematizao do
espao
pela cartografia acompanhada pela
matematizao do tempo. O ano de 1500 marca significativamente
tanto o desenvolvimento do Brasil quanto a inveno do primeiro
relgio de bolso. Os sculos XV e
XVI
assistiram a.uma ampla difuso
de relgios pblicos mecnicos ou hidrulicos, os quais so instalados
nas praas centrais das cidades que desejavam exibir sua opulncia e
sua dedicao metdica
ao
trabalho.
As
pessoas no se movem mais
pelo
ritmo do sol, pelo canto do galo ou
pelo
repicar dos sinos, mas
pelo tique-taque contnuo, regular e exato dos relgios. A durao do
dia no mais considerada pela posio do sol ou pelas condies
atmosfricas, mas pela preciso das horas e dos minutos. Em breve os
contratos no falaro mais
de
jornada
de
trabalho, mas prescrevero
o nmero exato das horas a serem cumpridas em troca
do
pagamento.
O prprio tempo tornou-se um dos principais artigos
do
mercado.
Mas o que pensavam os homens do
perodo sobre
essas mudan-
as? A burguesia, sua grande beneficiria, estava eufrica. A nobreza
e o clero, perdendo o espao tradicional dos feudos, procuram
conquistar um novo lugar de destaque junto s cortes monrquicas
recm-criadas. Campone ses e artesos, perdendo
a tutela tradicional
do
senhorio
e da corporao, so atirados, na maior parte das vezes
contra a vontade, numa liberdade individual que pouco mais signifi
cava que trabalho insano para garantir a sobrevivncia
nos
limites
mnimos . Mas e os pensadores, os filsofos , os artistas, os cientistas,
numa palavra: os humanistas, esses homens nascidos com as novas
co
ndies e destinados a increment-las, o que
pensavam
eles. disso
tudo? Que partido tomavam? Pensavam por si mesmos ou eram
instrumentos pensantes da burguesia que os financiava? A resposta a
essas questes bem mais complexa
do
que se pode imaginar.
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experimentalista do perodo, renegou completamente o saber dos
livros e das universidades, vivendo isolado junto natureza numa
investigao incansvel
de
todos os fenmenos
que
lhe chamavam a
ateno. Tratava-se da fundao
de
uma nova
concepo do
saber,
completamente ave rsa aos dogmas medievais e voltada toda ela para
o homem e para os
problemas
prticos
que
seu
momento
lhe colocava.
A avidez
de
conhecimentos
se torna t
o
intensa
como
a avidez
do poder
e do lucro, e na verdade as trs passam a estar indissociavelmente
ligadas na nossa sociedade.
eligio
~ e \ o v a d a
e
o ~ e m
poltica estvel
No
campo
da f , a interiorizao e a individualizao da expe-
rincia religiosa eram tambm exigncias peculiares aos humanistas,
que
lutavam
por
uma religio renovada. O ch
amado
humanismo
cristo, ou filosofia
de
Cristo, desenvolveu-se principalmente
no
norte
da Europa, centralizado na figura de Erasmo de Rotterdam e de seus
companheiros mais prximos, como Thomas Morus e john Colet. A
obra
de
Erasmo, o Elogio da
loucura
constitui o texto mais expressivo
desse movimento.
Todo
repassado
de
fina ironia , ele ataca a imorta
lidade e a ganncia
que
se haviam apossado
do
clero e da Igreja , o
formalismo vazio a que estavam reduzidos os cultos, a explorao das
imagens e das relquias , o palavrrio obscuro dos telogos, a ignorn
cia dos padres e a venda das indulgncias. egundo essa corrente, o
cristianismo deveria centrar-se na leitura do Evangelho (Erasmo
publicou
em
1516 uma edio
do
Novo Testamento,
apurada
pela
crtica filolgica) ,
no
exemplo
da vida
de
Cristo,
no
amor desprendido
,
na simplicidade da
f
e na reflexo interior. Era
j
o anseio da reforma
da religio,
do
culto e da sensibilidade religiosa
que
se anunciava e
que
seria desfechada
de
forma radical, fracionando a cristandade, por
outros humanistas, como Lutero, Calvino e Melanchton.
Outro tipo
de preocupa
o
comum
aos renascentistas dizia
respeito s leis
que
regiam o destino histrico dos povos e o processo
de
formao de sistemas estveis
de ordem
poltica. Essa especula o
se configurou com maior nitidez sobretudo nas cidades italianas onde
os
perodos
de
ascenso e declnio da hegemonia das vrias re,pbli
cas oscilavam constantemente e
onde
as formas republicanas, desde
o sculo
XIV,
vinham
sendo
ameaadas pela fora
de
oligarcas e
22
ditadores militares, os co11dottieri. Os
paduanos
Albertina Musato e
Marsilio
de
Pdua,
j por
volta
do
incio
do
sculo XIV, consideravam
que
eram os
homens
e
no
a Providncia Divina os responsveis
pelo
sucesso
ou
o fracasso
de
uma
comunidade
civil em organizar-se,
prosper ar e expandir-se. Marsilio
ia
ainda mais longe e insistia
em
que
a comunidade civil se constitua com vistas realizao e defesa dos
interesses
de
seus membros , em cujas mos , em ltima instncia,
repousava todo o
poder
poltico . Assim
sendo
,
nem
os
homens
ex istiam e se reuniam para adorar a Deus,
nem
era ele o fundamento
de
toda autoridade. Surge, pois,
u.rna concepo
social e uma teoria
poltica completamente mat
er
ialistas e utilitrias.
Na
gerao seguinte,
de meados do
sculo
XIV ao
incio
do
XV,
seriam os florentinos que fariam avanos nessas posies. Lutando
contra os avanos
de
Milo ao norte e com conflitos sociais interna
mente, os chanceleres humanistas
de
Florena, Coluccio Salutati e
Leonardo Bruni, revivem a lenda de
que
a cidade era a filha
de
Roma
e a herdeira natural
de
sua tradio
de
liberdade, justia e ardor cvico.
Conclamavam assim seus concidados a lutar pela preservao
dessa traclio, poi s, se a autoridade poltica desmoronasse e a cidade
perdesse a independncia, o segredo ela civilizao superior ele
Florena, seu respeito s liberdades e iniciativas individuais e a se leo
elos
melhores talentos seriam corrompi dos pelos brbaros . O fim ele
Florena seria o fim da cultura humanista e o fim elo
homem
livre. Foi
esse o mesmo
medo
que levou Maquiavel a escrever o seu OPr11cipe
uma espcie
de
manual ele poltica prtica , destinado a instruir
um
estadista sobre como conquistar o poder e como mant-lo indiferente
s normas da tica crist tradicional. Para Maquiavel , a nica forma ele
garantir a paz e a prosperidade ela Itlia, ame aada pelas lutas internas
e pela cobia simultnea
elos
monarcas do Imprio Alemo, da Frana
e
ela
Espanha, seria a unificao nacional
sob
a gide
de um
ld
er
poderoso.
s
L topistas
A reflexo histrica e social e a cincia poltica,
como
se v ,
nasceram juntas no Renascimento,
num
encontro
que no
foi mera
mente casual. Desse mesmo cruzamento ele interesses nasce
ri
a o utra
corrente e pensamento to original
quanto
ousada : os utop istas.
As
23
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sticas
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c ons igo a
leveza
e a delicadeza da
s minia turas e o p
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romper com a ri gidez
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ico, e as catedrais
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e n a sutil ez a ela il
umina o elos v itr a
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necia a inda sob a f
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Arquitelllra em es
tilo gtico
com arcos e rillais: S
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Chapelle
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De
qualquer forma , nesses
trs estilos, a arte era
concebida
c
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ento didt ico. Num
un ive r so soc ia l ele
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camente
s
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abia l
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tas pelos
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ela teologia crist. A ar
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e cotidiana elomun
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preciso
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a nsc e nde r qS im ag e
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s, e nc ont ra r a dout r
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verdadeira sa lva o .
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uma inspira
o e
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me di ta o se dirigi
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nic o que conta v
a , guia da pela p a l
avra elo clero e
as s
e gura da pelo br a o
ela nobreza .
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142
0 Basea
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Euclid es , que estabelece
um a r
e
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matemtica proporcional
entre
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jeto esua
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resentao
pictrica, B rune l
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do
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fixa
,
que obse
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o
espao como
que
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de
um
in s
t
rumento ptico
e
define
as propor
es dos
o
bjetos
e
do
espao
e n tr e eles
em relao a esse nico
foco vi sua
l. Assim, o plano do
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uma
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vis ual "
c u j o v rtice co ns is
te
no
olho do pintor
e a
bas
e na cena
re t ra tada , estabelecendo-se de
sse
mod
o uma constr
uo geomtrica
33
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tambm um valor de mercado. Mas para que produza to rpido
preciso
que
racionalize a
produo
das obras atravs da diviso social
do trabalho. Assim sendo, vrios. artistas e aprendizes participam da
composio de uma mesma obra
de que
o artista
pouco
mais faz
do
que
o esboo geral e a assinatura final. Esse
processo
certamente
aumenta seus dividendos,
porm
reduz sua
espontaneidade
e sua
individualidade.
Alguns tent am resistir a essa situao, exigindo
um
ritmo prprio
de
trabalho e produo,
como
Leonardo da Vinci,
que
dizia: o pintor
deve
viver s, c ompletar o que seus olhos
percebem
e comunicar-se
consigo mesmo . Mas o
tempo
e o
espao
da contemplao
no
existem mais numa sociedade
de
concorrncia brutal ,
de
ritmo
frentico e
de
profunda diviso social
do
trabalho. E, se o artista pre
tende
recuper-lo ,
s
poder faz-lo isolando-se
como
Michelangelo
e Tintoreto,
que no
admitiam ningum no seu ambiente
de
trabalho
e tornaram-se
homens
terrivelmente ss. A solido irremedivel do
artista moderno um passo para seu encerramento na torre
de
marfim
de seu ofcio e seu mergulho na alienao completa. A alienao e a
angstia,
por
sua vez,
so
a fonte da
ang
stia
do
h
omem
dividido e
fragmentado, preso
liberdade de
sua individualidade, essa herana
desconfortvel que todos trazemos
do hom em moderno
e
que
a
marca prpria da modernidade. Dela nasceu a
terribilit
to falada do
comportamento
de
Michelange lo,
pe
lo seu carter atormentado e sua
a1te tensa, pois ele foi o homem para quem a conscincia dessa diviso
e fragmentao assumiu
um
carter agudo,
num tempo
trgico,
marcado pelo movimento reformista, pela invaso e saque de Roma
sob
as ordens
do
imperador da Alemanha e pela crise da economia
italiana diante das navegaes ibricas. Com ele
tambm
a arte
renascentista se transforma no maneirismo, e a placidez racional da
ltima ceia de
Leonardo d lugar turbulncia emocional incontida
do juzo
inal
da Capela Sistina .
38
LiteratV\rC\ teatro
a cr i o
d s
lV\gV\a V\acioV\ais
marco mais significativo da criao da literatura moderna
um tanto ambguo. Trata-se da ivina
comdia de
Dante Alighieri (12651 321). Dizemos que
um
marco
ambguo,
porque
assim
como
as imagens
de
Giotto, a
literatura de Dante guarda intocadas inmeras caractersticas da
mentalidade e da expresso medievais. A ivina comdia consiste na
realidade num longo poema pico, composto de cem cantos e
organizado
em
tercetos (grupos
de
trs versos cada) decasslabos. A
ob ra tem um contedo simblico e mstico, bem ao gosto medieval,
e narra a trajetria alegrica de Dante,
que
, perdido
numa
floresta
terrena, dali tirado
pelo poeta latino
Virglio, que o guiaria pelo
reino dos mortos , atravs
do
inferno e
do
purgatrio, at o paraso,
onde o entrega salvao nas mos
de
sua amada Beatriz. Ao longo
de
seu percurso, Dante tem a opo1tunidade de transmitir toda a
concepo da ordem do mundo , da criao, da queda e da salvao
final
que
consubstanciavam a teologia crist e apresent la
numa
narrativa orgnica e inspirada, tal
como recomendavam
as diretrizes
da filosofia escolstica, na qual ele se baseou rigorosamente. O que
pode ter de moderno um
tal poema? Praticamente nada e
praticamente
tudo. A
obra
provavelmente a sntese mais bem-
acabada
de
todos os
valores
que
nortearam o
mundo
medieval. Mas traz consigo tambm
os prenncios dos fundamentos em que ir se basear a civilizao
moderna. Para comear,
porque
o
poema
escrito
em
dialeto toscano
e
no
mais em latim, como era o hbito na Ida de Mdia. Para continuar ,
porque
os guias
de
Dante nessa travessia sacra e simblica so
um
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Antiguidade clssica,
como
fcil
de
supor. Tnhamos assim o
poema
pico, a poesia lrica, o drama pastoral, as narrativas satricas, a tragdia
e a comdia, dentre outros. As formas e
os
metros eram
quase
todos
de criao italiana,
que
remontavam
em
grande parte
ao
perodo
de
apogeu
da corte siciliana
de
Frederico II : o soneto, o verso decasslabo
e a oitava (estrofe
de
oito versos). Portanto, se os gneros eram antigos,
as formas
de
compoSio eram novas, assim
como
a
preocupao de
criar na lngua nacional,
explorando
-lhe todas as possibilidades
musicais, rtmicas , e as rimas. No conjunto, pois, no se tratava de
restaurar gneros antigos, mas
de
servir-se deles para veicular novos
contedos sob
formas
que
suscitavam uma nova sensibilidade.
Poesia lv ica
O gnero mais freqenteme nte
exp
lorado a poesia lrica tal
como
conceb
ida
por
Petrarca. Seus grandes
expoentes
fora da Itlia seriam
Cl
ment
Marot (1495-1544), Maurice Sceve (1501-1562) e os po etas da
Pliade na Frana; Garcilaso
de
La Vega (1503-1536) e ernando
Herrera (1534-1597) na Espanha; Lus
de
Cames (1524-1580)
em
P01tugal. A temtica sempre intimista e apaixonada, dedicada
expanso do sentimento sub limado de
um amor
fervoroso por uma
amada sempre longnqua e inatingvel. Esse liri
smo de
fundo platnico
tem um forte elemento mstico, com a amada
representando
o bem,
o belo, a perfeio numa idealizao que a identifica, em ltima
instncia, com a f na salvao pela abnegao , pelo sacrifcio e pela
conteno dos impulsos mais instintivos elo homem.
O poeta leva a
sub
limao
ele
sua paixo intensa
ao ponto
ele
atingir
um
estado febril
ele
excitao,
que
definiria o impulso criativo
como um
arrebatamento
de
inspirao potica e
ao
mesmo
tempo um
fervor mstico que o eleva a regies superiores do intelecto e elo
esprito. dessa sensao ele elevao
que
nasce uma conscincia
do
papel
superior que cabe ao poeta na sociedade, qual
um
ser inspirado
que fala aos
homens
com
un
s sobre uma realidade acima de suas
plidas existncias cotidianas. O poeta, assim, seria
um ex
pe
rimentaclor
que exp
lor
a
avalia e
anunc
ia os limites mais extremos a
emoo, da sensibilidade e ela imaginao humanas.
46
Poesia pastov al
Outro gnero ele grande
sucesso na literatura renascen
tista a poesia pastoral,
baseada
nos
poemas
buclicos
ele
Vir
glio. Seus
grandes represen-
tantes seriam Torquato Tasso
(Aminta, 1572) e Sana zzaro (Ar-
cadia, 1502)
na
Itlia;
Jorge
Montemayor (Diana enamora-
da, 1542), Cervantes CGalatia,
1585) e Lope de Vega CArcadia,
1599) na Espanha; Honor d Urf
(l Astre,
1607) na Frana e Ed
muncl
Spenser
C
O calendrio dos
pastores,
1579) na Inglaterra. Co
lees
ele
contos,
ou
novelas,
com
narrati ;as satricas, picares
cas ou eclificantes
tambm
tive
ram grande voga desde o -
cameron de Boccaccio. Clebre
nessa linha so o Heptamero da
rainha Margarida
de
Navarra
(1492-1549)
e
as
Novelas exem-
plares (1613)
ele
Cervantes.
(: :\
o
t -
t; :
popia
Cames , poeta maior do
Renascimento portugus,
retratado m Coa,
ndia.
m
1581.
Mais notveis , porm, pelo seu significado histrico, so as
epopias, por meio das quais os poetas procuram enaltecer e glorificar
suas naes emergentes, legitimando simbolicamente os Estados
monrquicos que se centralizavam e agigantavam nesse perodo.
Praticamente em todas as naes tentou-se ,
com
maior ou
menor
sucesso, essa exaltao elo poder temporal e das conquistas e feitos ele
armas elas casas reinantes, entrevistas como um esforo coletivo de
toda a nao com o fito de cumprir seu destino predestinado de
exercer a h
ege
monia sobre todos os povos. Temos assim a Francada
47
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1562)
de
Pierre
de
Ronsard, a
Faily Queen
0596
de Edmund
Spenser, a
Dragontea
1598)
de
Lope
de
Vega e s
Lusadas 1572)
de
Lus
de
Cames.
Tambm
aqui
modelo
seguido o da
epopia
clssica, mas os sistemas rtmicos e
de
versificao
seguem
o
padro
italiano. De qualquer forma, pouco importam as procedncias dos
recursos de que lanaram mo os poetas nesse caso, pois seu objetivo
era um s: o de instituir uma alma nacional e o culto de crenas e
valores nacionais - fundar mesmo a idia de nao e prognosticar,
desde j , o seu destino glorioso, nico e preponderante.
Teatl o
Outro dos
gneros recuperados
da Antiguidade clssica e que
encontraria uma
enorme
aceitao nesse
perodo fo
i o teatro, nas suas
duas vertentes antigas: a tragdia e a comdia. A arte cnica , contudo,
tivera
um grande desenvo
lvimento durante a
Iclacle
Mdia atravs
ele
representaes
de
cenas
do
Evangel
ho ou
da histria da vida da
Virgem e outros santos, efetuados normalmente na parte fronta l das
igrejas
ou nas praas maiores elas cidades, povoados e aldeias. Eram
organizadas pelo clero
em
colaborao
com
as corporaes ele
artesos e da
populao ele
forma geral,
que
era
quem desempenhava
os
vrios papis envolvidos na pea. Portanto, a participao e a
receptividade
popular eram
intensas. No havia
mesmo nenhuma
separao entre palco e platia:
todos
estavam envolvidos na pea s
pelo fato ele estarem presentes. Os cenrios eram simultneos,
permanecendo
todos armados
um ao
lado do outro,
independente-
mente de
qual estivesse
sendo
usado, e os prprios atores ficavam o
tempo todo
na cena ,
mesmo
que
no
tivessem participao
no
ato
em
representao.
o
espectador-ator caberia distinguir, pelo
andamento
elo conjunto da pea, a que cenrio deveria atentar e a ao de quais
atores deveria
acompanhar
,
desconsiderando
todos os elementos que
no participavam do ato,
embora
se mantivessem em cena.
A primeira tragdia clssica publicada
em
lngua
popular no
Renascimento foi a
Sqfonisha
1515) de Giangiorgio Trissino, huma
nista italiano.
Pretendendo recuperar por
inteiro esse
gnero
clssico ,
o autor seguiu as normas da tragdia grega, dando pea unidade
ele
tempo
,
de espao
e
de
ao. Como se
pod
e ver, essa
ordenao
interna
da
pe
a e
ra comp
letamente estranha s encenaes
populares
me-
48
dievais, dando representao uma
li
nearidade, uma disciplina e uma
racionalidade
que
obrigavam, alm elo mais, a uma separao decisiva
entre o palco e o pblico e impunham a utilizao ele atores
profissionais. Segundo essa
concepo
teatral, cada cen rio aparece e
desaparece
quando a ao que nele se desenrola principia e acaba,
cada
personagem
s
permanece no
palco enquanto tem uma funo
significativa na cena e as aes se
sucedem
numa seqncia cronol
gica linear. Evidentemente, uma
concepo ele
arte nesses termos teria
muito mais condies ele satisfazer uma burguesia cujo principal valor
consistia
no
controle racional elo tempo, do espao e elo movimento
e cuja
grande
ambio era distinguir-se elo
povo
rude , inculto e
indisciplinado. Alis, esse processo
ele
marginalizao
elas
classes
populares o mesmo que se
percebe
na arte com a introduo da
pe
rspectiva e
do espao
matemtico, e na literatura
com
a constituio
elas
lnguas vulgares cultas, que se tornam lnguas escritas ao recebe
rem uma estrutura gramatical inspirada nos modelos clssicos, clistin- .
guindo-se
elas
lnguas
populares
.
Os italianos
tambm
desenvolveram a comdin ,
sendo
mais
notveis as cinco peas desse
gnero
atribudas a Ludovico Ariosto
1474-1533) e representadas na corte
de
Ferrara, as cinco comdi as de
Pietro Aretino 1492-1556) e a
Mandrgora 1513) ele Maquiavel. O
desenvo
lvimento maior da arte teatral deu -se, no entanto, fora ela Itlia.
na Inglaterra, na Espanha e
em
Portugal. O florescimento notvel
do
teatro ingls no
perodo
de Elizabeth I 1558-1603) eleve-se em
grande
parte a um momento de participao intensa, consolidao elo poder
central, expresso externa e
grande
prosperidade ela sociedade
inglesa. O crescimento prodigioso ela cidade mercantil-financeira de
Londres
acompanhado de
uma rpida ascenso social
de
amplas
camadas ligadas ao artesanato e aos negcios e permite a formao ali
de um
pblico
urbano
to ansioso ele refinamentos culturais
quanto
de
istraes e distines sociais.
Quer
seja
no
seio ela corte,
quer no
ela populao urbana , Londres criou uma atmosfera ideal para o
desenvolvimento das companhias
de
teatro,
que
passam a disputar o
gosto
elos
crculos arist
oc
rticos e
do grande
pblico.
Esse fenmeno que permite a emergncia
elo
teatro isabelino,
nutrido por toda uma gerao
ele
escritores e que daria o tom
dominante ao Renascimento ingls. Essa gerao era
quase
toda de
origem humilde e se us principais representantes foram George Peele
1558-1597), filho
ele
um ourives; Christopher Marlowe 1564-1593),
filho e um sapateiro;
Ben]anson
1572-1637),
que
trabalhou
com
o
49
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padrasto, o qual era pedreiro , foi soldado e ator profissional; Thomas
ekker 1570-1641), filho
ele um
alfaiate; Francis Beaumont 1584-
1616), filho ele um juiz, e john Fletcher 1579-1625),
que
fez seus
estudos em Cambridge, filho
de
um bispo anglicano . Mas a figura mais
preeminente desse crculo era William Shakespeare 1564-1618), filho
ele um
fabricante de luvas e roupas
ele
peles, que foi ator profissional,
passando em
se,guida a scio
de
sua companhia teatral e
por
fim
empres
rio teatral,
acabando
a viela
como
um prspero
empresrio.
A histria
de
Shakespeare
um pouco
a histria da sua gerao
e a da burguesia londrina, uma histria ele trabalho, esforo, poupana ,
investimento e ascenso social. Tanto
que
uma
elas
temticas centrais
na
obra desse dramaturgo a noo de
ordem
, posta em perigo pela
ameaa
elas
foras
do
caos e da anarquia ,
como em
Macbeth, amlet
ou enrique IV suas grandes tragdias . Suas simpatias recaam sobre
um
forte poder centralizado e uma sociedade fundada
em
slidos
Shakespeare. smbolo mximo do Renascime
l/I
n
in
gls.
5
valores morais. A arte de Shakespeare guarda, entretanto, uma ntida
ambivalncia com a preservao
de elementos
prprios
do
universo
popular
e medieval,
como
as bruxas, os fantasmas,
os
smbolos
mgicos. Ele,
por
exemplo, evita uma ntida separao entre pblico
e palco nas suas montagens. E o seu Hamlet coloca dvidas sobre a
eficcia da razo e da racionalidade,
num
prenncio
j
da arte
maneirista, que
sucede
ao Renascimento.
Outro
teatro
que
atinge
um
nvel notvel
de
amadurecimento
na
poca
renascentista o ibrico. A origem
do
teatro secular tanto
espanhol
como portugus deve ser baseada emjuan de Encina 1469-
1529), dramaturgo espanhol
que
serviu na corte
do uque de
Alba. A
especialidade
de
Encina estava na composio
de
pequenas peas em
verso,
de
fundo religioso
ou
cmico Os autos ,
com
fortes elementos
.populares. Essas caractersticas seriam mantidas e aprofundadas por
seus seguidores: Bartolomeo Torres Naha rro ? -1524),
joan de
la
Cueva 1550-1610), poeta dramtico, o mais clebre de todos , Lope de
Vega 1562-1635) e ainda Guilln
de
Castro 1569-1631), Tirso
ele
Molina 1571-1648) , autor dramtico, e
juan
Ruiz
de
Alarcn 1581-
1639). Em Portugal , o
grande
seguidor
de
Encina seria Gil Vicente
1470-1536). Em todo o teatro ibrico destacam-se
sempre
os temas
cavalheirescos, religiosos e populares - Gil Vicente,
por
exemplo,
compunha preferivelmente em redondilha verso de sete slabas), que
era o metro predominante das cantigas populares portuguesas. O
apelo
popular desse teatro natural,
uma
vez que nos pases ibricos ,
em
decorrncia da longa luta
de
expulso dos muulmanos, os ideais
cristos, guerreiros, aristocrticos e discricionrios da nobreza
encon-
t ~ r m enorme
repercusso no gosto popular. Da ser esse
um
teatro
vibrante, permeado de aventuras , tenses e fantasias, mas estando ao
mesmo
tempo
todo voltado para a preservao da ordem, dos
privilgios e dos valores aristocrticos. Sua identificao com as
doutrinas e as diretrizes da Contra-Reforma catlica seria completa e
o arrastaria pa
ra
os
id
ea is
elo
maneirismo e
elo
barroco.
51
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A ltima gerao de artistas florentinos e s ~ e mesmo sculo
representaria uma espcie de sntese das duas anteriores, procurando
fundir as conquistas formais e espacia is da corrente encabeada por
Masaccio, com a graa , a sutileza e o formalismo dos seguidores
de
Fra
Angelica . Nela se destacaram pintores como Pollaiolo, Andrea del
Verrocchio, Filippo Lippi, Ghirlandaio e o sublime Sandro Botticelli.
A arte desses pintores osc
il
a entre a representao naturalista e o
artificialismo afetado da conveno. Eles se manifestam
numa
Floren
a j
em
decadncia, cuj a burguesia se revestira ele hbitos e atributos
aristocrticos , tornando-se uma classe conservadora,
sequios< J de
resguardar suas conquistas ele
pocas
anteriores . A arte dessa gerao
revela, por isso,
um
tom extremamente refinado, corteso e altivo. Era
preciso reforar simbolicamente uma segurana e um fastgio
que
j
no
corresponcliam
rea lidade concreta.
Na ltima
metade
elo sculo XV e na primeira
elo XVI
desenvolveu
se ainda uma notvel escola
ele
pintores em Veneza , cujos principais
representantes foram Carpaccio, Antone llo ele Messina , Giorgione, os
irmos Gentil e e G iovanni Bellini , e Ticiano. Dadas as condies quase
cosmopolitas
ela
cidade ele Veneza , seus contatos intensos
com
o
Oriente e o norte ela Europa , sua arte ser ia a resultante ele inmera s
e diversas influncias e ela incorporao ele t
cn
icas estrangeiras. A
principal dessas tcnicas e que daria o tom to peculiar pintura
veneziana foi a da tinta a leo. Graas maior maleabilidade e
versatilidade desse recurso, a fora dessa arte repousaria
sobretudo
nos
efeitos cromticos e luminosos
que
seus pintores conseguiriam. O
colorido de seus
quadros
rico e variado, a luz solar irradiante e
sempre em tons dourados , o conjunto de suas obras reflete uma
atmosfera ambarina, transparente , que homogeneza todo o clima elo
quadro. Alis, esses pintores no pararam a, fizeram tambm
expe
rincias com sombras, trevas e lu zes fugazes, conseguindo realizaes
extremamente felizes,
como
o revela a
Tempestade ele
Giorgi
one
.
Como caractersticas gerais da arte quatrocentista, caberia lembrar
a
superao
da tcnica do afresco pela do
quadro
realizado
em
cavalete,
que
passaria a
predominar
a partir
de ento
.
o quadro
um
desdobramento
da miniatura,
representando
uma influncia que vinha
elo Norte e
que
s
uperou
o afresco, tcnica j tradicional da pintura
italiana.
Na
mesma linha ele mudanas, os quadros
em
madeira seriam
rapidamente substitudos
por
telas,
dando
ainda mais versatilidade ao
trabalho dos artistas. Dessa forma, a arte pictria se libertava definiti
vamente da
dependncia
da arquitetura , e os
quadros podiam se
r
60
transportados
comodamente
para onde e por quem o quisesse,
tornando-se um bem mvel, o
que
amplia seu val
or
e intensifica e
facilita sua comercializao. claro que a assim
il
ao da tcnica do
leo se tornou a contrapartida dessa arte agora
independente
porttil
e mais mercantil do
que
nunca. O
prp ri
o formato
do
quadro sem
fa
lar de sua moldura, que comea a constituir uma arte parte) varia
de acordo com
o gosto, a necessidade ou os intuitos do pintor
ou
do
colecionador, tornando-se uma
moda
muito difundida o
quadro
redondo tondo
Primavera, de Bollice/li.
A forte penetrao elas obras franco-flamengas e das gravuras
alems no ambiente italiano contribuiria para dar novos rumos a essa
arte. Adquire-se o gosto pela representao naturalista do real baseada
na figurao variada de rostos, corpos, flores, animais , elementos e
ob jetos que se pode obse rvar Seguindo o gosto elo Norte, grande parte
dos artistas italianos se de ixa ria seduzir por uma pintura
de
descrio
e estudo, toda ela vo
lt
ada para a pluralidade e riqueza ele formas do
mundo. Nesse se ntido, comeariam a aparecer as primeiras naturezas
mortas, es tudos detalhistas e objetos e elementos arbitrariamente
dispostos. Com esse mes mo esprito se imporia a representa o da
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e se
expande
pela extenso macia
de
seu corpo. Se h
equi lbr
io ,
porque ele representa uma harmonia provisria de foras opostas que
se compensam
. o
que denotam
. por
exemplo
, a figura
repousada
porm com
olhar
impetuoso de
Moiss
ou
o confronto
entre
o Deus
Pai e o Ado na cena da Criao na Capela Sistina.
J Rafael estaria mais prximo de uma atitude
de
sntese entre as
tendncias da arte de seus dois grandes contempor neos . N
em
o
psicologismo sutil ,
profundo
e mist
er
i
oso
de
Leonardo,
nem
o furor
elos conflitos interiores
de
Michelangelo. Algo mais suave . mais
simples, mas sem sac rificar nenhum recurso tcnico e nenhum efeito
emoc
ional. Sua pintura praticamente neutraliza as grandes polariza
es
que
se definiam nesse clmax
do
Renascimento entre o racio
nalismo inquieto de Da Vinci e o arrebatamento dilacerante
do
mestre
da Capela Sistina . Sua arte harmoniosa, tranqila, segura ele si, sem
mistrios , sem d vidas e sem remorsos . Com a magnfica perfeio
tcnica que um talentoso herdeiro e toda a tradio pictrica italiana
soube apro veitar, represe nta um mundo s lido , farto, crente e
satisfeito consigo mesmo. No admira por isso que ele tenha sido
escolhido como o retratista oficial elos grandes prncipes e senhores elo
perodo
e
que se
te
nha tornado
o principal
modelo ela
arte oficial at
o incio do sculo XX. E se a ternura delicada de suas Madonas
contrasta com o aristocratismo soberbo
ele
seus retratos, ambos
confirma m sua condio de mestre as emoes medidas.
O sculo XVI assistiu ainda a um prodigioso floresc imento da
literatura na Itlia , clesenvolvenclo-se vrios gneros. A cincia poltica
e a histria atingem o auge com Maquiavel e Guicciardini. O autor
de
O Prnc1pe produziria ainda uma elas mais divertidas comd ias do
perodo ,
Mandrgora,
qual sucedeu , dois anos mais tarde, a primeira
tragdia
em
estilo clssico,
de
Trissino. A
poes
ia pastoral at ing
iri
a o seu
pinculo na corte dos Este ele Ferrara, atravs
ele
Torquato Tasso e
Guarini,
enq
uanto Sannazaro introduziria o
gne
ro
do
r
omance
pastoral. O gnero potico encontraria , porm, a mais elevada
realizao no quinhentismo por meio ela epopia. As mais destacadas
ser
iam as
epopia
s lricas
de
Luclovico A
ri
osto
Orlando
Furioso) e
Torquato Tasso Jerusalm libertada). Somem-se a essa intensa
produo
artstica e liter
ri
a os grandes trabalhos e realiza es
cientficas e filosficas encabeaclas por h
omens
como Leonardo
ela
Vinci , Gi01dano B
run
o,
Campanell
a,
Gabri
el Fallopio e Ga
lil
e u
Galilei ,
dentre
muitos
outros
, e ser fcil ento compreender por qu e
esse perodo foi
chamado de
a Idade
de Ouro do
Renascimento .
66
evoluo do
ReV\ascimeV\to m
FlaV\dl es
om
a notvel exceo ele Erasmo de Rotterdam. ele quem
j tratamos ab undantemente
em
momentos anteriores.
pode-se dizer que o Renascimento flamengo esteve basi
camen te ligado ao dese nvolvimen to elas artes plsticas.
sobretudo ela
pintura. Ser
ia
atravs dessa arte, particularmente.
que
a
soc iedade flamenga
exp
rimiria a conscincia de pertencer a uma nova
e ra: um tempo ele muito trabalho, muita disciplina e ele uma abundn
cia material nem sempre bem distribuda. Ao contrrio dos italianos.
os povos nrdicos e os flamengos em especial nunca se sentiram muito
atrados pelas filosofias
ele
estilo , pelos amaneiramentos e pelas
teorizaes sob re os sentidos ltimos e mais elevados
ela
arte.
Em inentemente prticos, concentraram-se na busca incessante elo
mximo
ef
e
it
o de captao e
reproduo
elo
real. Suas maiores
preocupa
es
eram a pesquisa elos materiais ele pintura, o
apr
imora
m
ento
tcnico e o esforo de representao o mais natural possvel elos
ob
jetos. Foram eles que introdu ziram a tinta a leo Mestre
de
Fl
ema ll
e) , iniciaram as pesqui sas s
obr
e a perspectiva linear, inventa
ram a perspectiva a rea
emb
aa mento progressivo da imagem
quanto
maior fo r a distncia
elo
obs ervador) e dese nvolveram
como
nin
gum
os efe
it
os de co r, luz e brilho na pintura .
Em sua s o
ri
gens , a arte flamenga es
ta
va vinculada ao
chamado
gti
co ta
rdio e ligava-se
corte e Pari
s.
Era para ali que se dirigiam
67
7/25/2019 SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento
37/48
7/25/2019 SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento
38/48
pa1te isso, o mundo
dos objetos parece ser
a
poro
do uni verso
que mais atrai e fascina esses pintores. As
cenas
de interiores
so
sempre
repletas
de
mveis, tapetes, talheres , copos , garrafas, vasos ,
instrumentos tcnicos
vrios, utenslios
domsticos
, candel
abros
,
lamparinas,
quadros,
livros ,
moedas
, jias, chapus,
tapetes
, cortinas ,
espelhos
, lenos, toalhas,
instrumentos
musicais, etc. Um sem
-nmero
de
objetos e quinquilharias que abarrotam as imagens, mas que so
indispensveis para
definir a
condio
e o
orgulho
de
uma
residncia
e sua famlia, cu jas personalidades se confun dem e se co mpl etam com
os ob jetos . Da serem os artistas flamengos to aficionados represen
tao realista e capazes de reproduzir com prodigiosa fidelidade as
texturas elos tecidos finos, dos ve ludos e das sedas; das peles , dos
tapetes e dos vus delicados; os reflexos elos vidros ,
dos
metais polidos
e das superfcies lustradas . dessa habilid
ade
e desse gosto que nasce
essa
grande
arte fl
amenga
que
so
as nat
ur
ezas-mortas,
com
sua
ex ub
ernc ia detalhista de flores, in
se
tos e pssaros
em
meio a objetos
reluzentes: o acasalamento harmonioso entre a beleza ela vida e a elos
objetos.
O retbulo do cordeiro mstico,
dos irmos
an Eyck
Essa gente urbana , presa nos interiores abarrotados de ob jetos ,
desenvolveria igualmente um apaixonado pendor pela natureza ,
representada de forma deslumbrante e inspiradora nas paisagens. As
pinturas de paisagens seriam outra das grandes contribuies da a rte
70
flamenga ao acervo
europeu. Os
pintores flamengos as representam,
j
nessa
poca, como
ningum. Sua descrio elos
elementos da
natureza
extremamente
minuciosa e realista . A
composio
sempre
gra
ndios
a e
os personagens, quando aparecem, so ele propores
nfimas e
se perdem no contexto
de um espao
que praticamente os
anula. Eles so os primeiros a representar tambm a paisagem pura,
sem quaisquer personagens; ou melhor,
em
que o nico
personagem
a
prpria
natureza. E a
do
vazo
a
algumas
de
suas
mais
primorosas
experincias de virtuosismo, tentando captar a transparncia ela
prpria atmosfera ,
os
reflexos das guas e os vrios matizes da
luminosidade elo ambiente. Tentativa ele captar as cores, a luz e a
beleza singular da natureza e prend-las num quadro, para que nem
elas faltem no gozo das delcias do lar.
O primeiro
grande pintor
flamengo
da
fase nacional
moderna
sem
dvida o Mestre de Flemalle Robert Campin 375?
1
444). Sua
obra mais notvel o Retbulo de Merode 1425) Embora ainda esteja
ligado tradio
do
gtico tardio,
sua pintura
j
denota
o esforo
de
construo de
um espao racionalizado,
homogneo
e composto
em
perspectiva linear. Sua descrio dos efeitos
de
luz extremamente
eficiente. Foi justamente para conseguir os vrios matizes e gradaes
da luz direta e indireta que ele introduziu a tcnica da pintura a leo
- fato
que proporcionou
a
suas obras um
brilho
esmaltado to
impressionante que
seria
logo
copiado
pelos seus conterrneos
e
pelos
artistas de
toda
a
Europa
.
Seriam no entanto os irmos]an 0390-1441 e Hubert 1366-1426)
Van Eyck que obteriam os mais espetaculares efeitos ela tcnica do
leo. Ambos so autores da obra que ma is influncias teve no
Renascimento flamengo: O retbu lo do cordeiro mstico realizada
entre 1425 e 1432, na cidade de Gand. Esse trabalho ocupa essa
posio ele destaque
no s
por sua dimenso
e
estrutura complexa
cerca
de
dezoito quadros
justapostos) ,
mas
por
ser
a mais arrojada
experincia at ento fe ita com os efeitos de perspectiva area e linear,
de colorido intenso e matizado, dotado de luminosidade e brilho
prprios , qu e a mes tria nica de Van Eyck com a pintura a leo lhes
permitiu rea liza
r.
Jan Va n Eyck faria ainda duas obras de extraordinria
import ncia: a Boda de Am o/fini 1434) e A Virgem do ChancelerRolin
1435) . A prim
ir
a inaugura o retrato conjugal e consiste em um estudo
virtuos tico dos re flexos es
pelhados
da imagem, e a segunda, junto
com
O home do turba nte vermelho 1433) , do
prprio
Jan Van Eyck,
constitui a base do rettato psicolgico flamengo.
71
7/25/2019 SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento
39/48
Retbulo de Portinari. de Hugo Van der Coes .
O su
cesso
r
direto desses
primeiros
grandes
mes tres
se
ria Rogie r
Van
der
Weyclen 1400-1484) . Tendo ass imil
ado
as caractersticas ele
se
us
predecessores
, Rogie r lhes
ac
r
escenta
ria
um
a clramaticiclacle e
uma
clensiclacle
ps
ico l
g
ica
que destoava
elo
tom
gera l
ele
eq uilbrio
emoc iona l
predominante
at ento na arte flam enga. Sua Descida da
cruz(l435)
constitui um a reflexo rigorosa sobre a dor e a fragilidade
humanas.
Seus retratos ,
como
o
Francesco
s
te l455),
procuravam
aprofu
ndar-
se
nas climenses mai s ntimas
elo
carter elos personagens
retrat
ados
. Seu sucessor, Hugo Van der
Goes
1420-1482), cuja ob ra
principa l o Retbulo de Portinari, continuou e acentuou as caracte
rsticas ela arte de Rogier, acrescent
ando-
lhes um a ing
en
uidade
piedosa , claramente retratada em seus personagens populares. J seu
contempo rneo, Hans Memling 1435-1494), adota o tom jov ial e
otimista ela sua vasta clientela burguesa, cleclicanclo-se sobretudo a
retratos e pa isagens e dando origem fuso dessas duas formas co m
a introduo elo retrato-paisagem.
72
Os dois ltimos
grandes
anistas flamengos destacaram-se na
regio Norte ela Fla
ndres
, a Holanda, profundamente ligados s razes
elo g tico. O primeiro deles foi Geert gen tot SintJans, de Harlem , aut
or
de
uma
Natividade
noturna
ex tremamente original, pela iluminao
que
parte
do
prprio
Menino J
es
us e
pela
simplicidade
das
imagens,
reduzidas
a
se
u contorno mnimo: o
que
se perde
em preciso
,
ganha
se
amplificado
em expresso
. O outro artista seria
Hieronymus
Bosch,
cujas
obras
O
jardim das delcias, As tentaes de Santo Anto, A
carroa de feno, A nave dos loucos
dentre
outras, revelam
uma
a
tmosfera
ca tica e
obscura de
pesade lo, com
monstros
e criaturas
bestiformes
confundidas
com
homens
e
mulheres nas situaes
mais
inusitadas. Sua
inteno
sempre
claramente moralizante
e
seus
quadros
trazem uma severa crtica ao carter vido e dissoluto ela
sociedade ele seu tempo. Sua
obra
constitui o mais custico sermo
visual feito
por
um pint
or
renascentista.
Detalhe de O jardim das delcias, de Baseh.
7
7/25/2019 SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento
40/48
O movimento renascentista francs ,
embora
bem mais restrito do
que o italiano ou o flamengo, foi no
entanto
bastante difuso ,
alcanando
um
elevado
grau de
elaborao
em vrias reas das artes
e
da
cultura. Sua
base
seria a corte de Paris, onde
os monarcas
, de Lus
XI
(1461-1483) a Francisco I (1515-1547),
atuaram
como
verdadeiros
mecenas , mantendo e estimulando inmeros artistas, humanistas e
literatos. Desses, o mais
destacado
foi
sem
dvida Francisco I
que
atuou juntamente
com
sua
irm, a
poetisa
Margarida
de
Navarra, como
promotor
e
patrono da
cultura nacional francesa. Evidentemente no
se
pode perder a
dimenso
poltica
desse
mecenato
uma vez
que a
definio da monarquia nacional francesa no poderia consolidar-se
seno atravs de
uma
cultura suficientemente rica e ampla, porm
liberta do latim e da Igreja, e
que
fosse
capaz de despettar um
sent
imento de
unidade
e orgulho nacional da raa Ga lo-Grega ,
como
diria o
poeta
Du Bellay (1525-1560).
Assim, a monarquia francesa teria sob suas ordens arquitetos de
excepciona
l talento, como Pierre Lescot (1510
-1
578) e Philibert
Delorme
(1515-1570), a quem Francisco I se encarregaria de ordenar
a
construo daqueles
palcios que propiciariam a definio do estilo
arquitetnico francs: Fontainebleau
Chambord
Blois e o Louvre.
Henrique
iniciaria a
construo do
Palcio
das
Tulherias,
seguindo
projeto
de Delorme.
Contavam ainda os
reis
de
Frana
com esc
ultores
notveis
como
Jean
Goujon
e Michel Colombe, que tiver
am uma
importncia decisiva
para
fixar as caractersticas
da
arte renascentista
francesa: mais cheia de artificialismos e de afetao que a italiana ou
a flamenga,
revelando claramente
sua origem aristocrtica e sua
inspirao
monrquica.
O
mesmo se
daria
com
a pintura francesa,
desde
que
liberta
do
gtico
internacional pelas mos
de Jean
Fouquet
(cerca de 1420 a 1480).
Atuando em meio
dominado pelo gtico,
mas
tendo feito uma viagem Itlia, Fouquet faria uma sntese dessas duas
influncias , criando
um
estilo monumental com grande domnio das
tcnicas de perspectiva e colorao que se faria sentir sobre toda a
pintura francesa posterior.
Francisco I e Margarida de Navarra
fundaram ainda
o Col
gio
de
Frana e
pretenderam estabe
le
cer
as condi
es
definitivas
para
o
pleno
florescimento
dos estudos
humanistas. Sua corte
concentr
ava
toda uma multido
de
estudiosos das lnguas: Bud e Amyot, hele-
74
nistas e fillogos;
Robert
e
HenryEstienne
, latinistas;
Vetable
e Paradis,
especialistas em hebraico. Isso sem falarmos
da
Pliade grupo de
poetas encabeados
por
Pierre de Ronsard e
Du
Bellay,
protegidos
de
Margarida,
que se encarregaram de lanar
as
bases da
literatura
nacional francesa. Mais afetados e estilizados que Villon e Rabelais,
esses poetas de origens fidalgas
pretenderam
assumir o controle da
cultura francesa escrita, impondo-lhe uma diretriz f01temente nacio
nal, aristocrtica e oficial, graas
ao
apoio da princesa
de
Navarra.
O Renascimento ingls bem mais tardio, se comparado com o
italiano e o flamengo , e s se tornaria marcante com a ascenso dos
Tudor a partir de 1485, assinalando a etapa da formao do Estado
nacional ingls. A precocidade da infiltrao das idias calvinistas
desde os
incios
do sculo
XVI teve, ao
que parece
um peso decisivo
para definir o curso do movimento renascentista nesse pas: no
houve
nenhum desenvolvimento
significativo
das
artes plsticas,
concen
uando-se a produo cultural praticamente na msica, na literatura e
no teatro. As realizaes mais expressivas nas artes devem-se a dois
estrange iros: Hans Holbein, pintor alemo e Torrigiano, escultor
italiano. Mesmo a arquitetura
s
ter um
desenvolvimento digno
de
nota
a partir
da ascenso dos
Stuart
em
1603.
Em compensao a Inglaterra produziu humanistas notveis
como SirThomas
North (1535-1601) , George
Chapman
(1560-1634) e
John
Dtyden
(1631-1700), tradutores
dos
clssicos gregos e latinos e
poetas
os dois ltimos. Dentre esses humanistas destacava-se, pela
erudio
e
pelo
poder criativo, Sir
Thomas
Morus,
autor da
clebre
Utopia
(1516). A
questo
religiosa
desde cedo
se disseminou
no
seio
da cultura inglesa, dividindo seus intelectuais em campos opostos e
arrastando-
os
para
co nsumir seu
talento
em polmicas
teolgicas , o
que levou Dryclen a
perder seus
cargos e
conduziu Thomas
Morus para
o crcere e c po is para o cadafalso. Particularmente notvel
no
campo
elo
pe n
sam nto foi a
co
ntribuio de Sir Francis
Bacon
(1561-1626),
autor
el
e
ou
u org
nu
(1622) e d 'O progresso do conhecimento
(1665) . Esta ltima
obra
pretendia
ser uma
sntese
de todos os
conhecim
ent
os
ac
umulados
pela
humanidade. Bacon
foi o primeiro
sistemati z
1d
o r
do mtodo
indutivo
na pesquisa
cientfica,
acreditando
75
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41/48
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tura os gneros da p o
esia lri ca (Petiarca) ,
d a
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47/48
Difundem-se na l i tera
poesia pastora
l (Cervantes), da nar
rativa satrica (Bocca
ccio) e d a
epopia (Lus de Cam
es).
1546: homas
Morus escrev e
a
Utopia
Maquia
vel escreve O Prncipe
1562-1584: C
onst ruo
do
moste i
ro de Escoriai e m es t i
lo
mudjar
Idias renascentis
tas so repr imidas
pela intolerncia c
ontra
reformista espanh ol a.
H e
nr ique inicia a con
s tr u o
do
Palcio d
as Tulher ias .
F
rancisco. e Margarid
a de Navarra f u n d am
o Colgio de Fran
a.
Nu r em b e
rg torna-se o centro
da a rte ela gravura.
inquec
ent o
( 3 ~
fase elo Renascim
ento italiano)
- AC
orte Pontificial torna
-se o centro d a produ
o artstica.
- Destacm-se
na pintura Leonard
o d a Vinci, Michelan
gelo e
Ra
fael.
88
B i b l i o
~ a f i a
AUERBA
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Intro
du o aos estudos lite
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Cu
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T Frano
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