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PROJETO GEOROTEIROS:DIVULGAÇÃO DA GEOLOGIA DO RS - CASO DOS MORROS TESTEMUNHOS DO MUNICÍPIO DE TORRESO Estado do Rio Grande do Sul possui uma rica diversida-de geológica, contudo, grande parte dela não é conhe-cida, nem valorizada. O Projeto Georoteiros consiste na criação de um website que apresente a evolução geoló-gica desses importantes pontos geoturísticos no Estado - com o objetivo de divulgar a geologia para a comuni-dade em geral; fortalecendo assim, o potencial turístico baseado no conhecimento científico. Escolhida a área a ser estudada, faz-se a pesquisa e análise dos trabalhos científicos já publicados, servindo esses de base para a elaboração dos textos a serem divulgados no website. Em seguida, realiza-se saída ao campo para obter a descrição,

fotografia e o georreferenciamento dos afloramentos. Em posse disso, é elaborado um relatório final que será utilizado como referência para o website. Até o presente momento, foram analisados os pontos geologicamente interessantes no Município de Torres, situado na Planície Costeira do Rio Grande do Sul, que além de oferecer um imenso potencial turístico, apresenta uma incrível diver-sidade geológica. Os morros testemunhos do Município de Torres são caracterizados por feições de interações vulcano-sedimentares, relacionadas à transição da For-mação Botucatu para Formação Serra Geral. Nesta época coexistiam dois ambientes, um deserto análogo às áreas mais secas do deserto do Saara e um vulcanismo toleí-tico, comparado composicionalmente ao vulcanismo na Islândia. Atualmente, estes ambientes estão registrados em rochas e nas suas respectivas estruturas. Além dos pontos abordados no presente trabalho, estão em estudo o Morro da Borússia no município de Osório e os regis-tros fossilíferos permianos e triássicos nos municípios de Pantano Grande, São Gabriel, Mata; Santa Maria e Faxinal

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do Soturno. Concluída a fase de pesquisa, os dados serão inseridos no website – que se encontra em fase de elabo-ração e terá atualização constante. A compilação destes dados possibilitará, aos leitores leigos uma visão geral da evolução geológica local com o intuito da preservação dos monumentos e o fortalecimento do geoturismo no Estado.

KAINGANG - O POVO DO MATO: UM “MOVIMENTO” ETNOAM-BIENTALISTA NA GRANDE POR-TO ALEGREO povo Kaingang encontra-se não somente em suas Terras Indígenas (TI’s) demarcadas e homologadas, mas também em grandes centros urbanos do sul do Brasil a procura de subsistir simbólica e economicamente, lutan-do pela garantia de seus direitos originários e constitu-cionais que permitam a manutenção de sua cultura. No contexto da capital gaúcha, vivem em aldeias e acampa-mentos num processo de reterritorialização da faixa lito-rânea. Para concretizar e sustentar sua permanência nos arredores de Porto Alegre, os Kaingang contam com a sua intrínseca relação com a mata, no caso contemporâneo, com os fragmentos florestais ainda “de pé” desta região. Assim, mantêm sua cultura, percebendo e constituindo

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seus corpos dentro de suas organizações cosmo-político-sociais, conhecendo e respeitando as cosmovisões dos antepassados. As incursões ao mato, além de propiciar o exercício da cosmológica do kaingang-pé (kaingang ver-dadeiro), importante papel na resiliência de sua cultura e na educação dos mais jovens, permitem também o mane-jo florestal e a venda de recursos florestais beneficiados e manufaturados, que se tornou a principal fonte de sus-tento deste povo nos centros urbanos. Entendemos que o apoio ao processo produtivo de seu artesanato passa pela importância de viabilizar os sistemas de manejo de recursos florestais capazes de serem compatíveis ao hori-zonte cultural dessa etnia, percebendo-o como um aspec-to de um contexto social e histórico mais amplo em que se insere a sustentabilidade ambiental e sociocultural, respeitando os princípios constitucionais conquistados pelas organizações indígenas e indigenistas brasileiras e internacionais. A produção de artesanato pode ser en-tendida, ao mesmo tempo, como uma ação educacional e econômica de incremento da etnosustentabilidade das

comunidades indígenas Kaingang, pois a sua confecção e venda envolve toda a família e permite aos jovens o aces-so à identidade de seu povo, pois as formas geométricas que se expressam nas tramas do artesanato identificam as marcas ancestrais clânicas deste povo – salientando que na cosmologia kaingang “o mundo é dual” e tudo respeita a essa dualidade - Kamé e Kairukré - metades opostas, res-pectivamente, mas complementares, simbolizadas pelo linear e o circular. Os cipós e a taquaras são os principais recursos para a obtenção de fibras vegetais para a confec-ção do artesanato, que é praticado através do extrativis-mo florestal que está associado a excursões familiares às áreas de mata, organizado em um complexo sistema de podas, com rotatividade das áreas de manejo, permitindo o rebrote das plantas. O manejo florestal kaingang vem se caracterizando como uma ação de etnoconservação, uma vez que a presença indígena na região metropolita-na vem demonstrando esforços para garantir a conserva-ção dos remanescentes de florestas em nível regional. Os Kaingang identificam diversas etnoespécies de cipós que

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transpassam a taxonomia científica tradicional, podendo indicar novas variedades botânicas para o conhecimento acadêmico da nossa biodiversidade. Esse conhecimen-to tradicional – etnotaxonômico e etnoecológico - que é passado oralmente de geração para geração, deve ser devidamente estudado, valorizado e registrado visando à melhoria da qualidade de vida dos kaingang e da socieda-de envolvente como um todo. Para tanto, a presente ação de extensão objetiva promover o diálogo, entre gestão etno-ambiental e socio-econômica, no manejo florestal realizado pelos Kaingang para a confecção de artesanato e exercício de suas práticas culturais; assim como diag-nosticar, registrar e valorizar o processo produtivo de seu artesanato. Gerar discussões sobre as cotas étnico-raciais incluindo estudantes indígenas no desenvolvimento do projeto e organização de material bilíngue para difusão dos resultados do projeto. Criar e publicar material im-presso e audiovisual, a partir da pesquisa dos manejos, conhecimentos e organização social da vida cotidiana dos Kaingang na grande Porto Alegre. Para alcançar os obje-

tivos do projeto criamos quatro eixos de trabalho: Grupo de Trabalho kaingang: espaço de reuniões para a troca de conhecimentos/experiências, articulação e organização dos estudos, focando principalmente planejar o curso e o campo, para diagnosticar, registrar e discutir informa-ções importantes no que se refere à sociocosmologia, à territorialidade, às condições de produção, ampliação de espaços de exposição e venda de artesanato, visando o reconhecimento e valoração do patrimônio etnobotâni-co kaingang- que garantem a subsistência e consequen-temente a organização social e as formas tradicionais de conhecimento do cosmos. Curso Reconhecimento e va-lorização do manejo florestal, do trabalho artesanal e da cultura kaingang na grande Porto Alegre (gratuito e aber-to a toda comunidade) visa realizar um curso de extensão organizado em cinco módulos - seminários de discussão (SDs), totalizando 20 horas, tendo como público-alvo a população kaingang, universidades, instituições que pro-movem a garantia dos direitos indígenas e ambientais e os diversos atores da sociais, com a perspectiva de am-

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pliar o diálogo a respeito de políticas públicas (exemplos: demarcação de terra, saúde, educação, etc...) e discutir profundamente a valorização do artesanato kaingang e os diversos temas relacionados a ele. Campo: Para atingir e aprofundar os objetivos do presente projeto de exten-são torna-se necessário realizar pesquisa de campo para gerar, registrar e analisar os dados obtidos e fundamentar o desenvolvimento da ação extensionista ao longo do ano. Assim, salienta-se que a proposta de extensão universitá-ria estará conectada à pesquisa, tanto através dos projetos em desenvolvimento no NIT e no DESMA como através de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) vinculado ao departamento de Botânica da UFRGS pelo curso de Gra-duação em Ciências Biológicas - Ênfase Ambiental, o que garantirá a interação entre a ação de extensão e a pesquisa científica, consituindo-se um uma pesquisa-ação. Este TCC terá uma abordagem etnobotânica que complementará o prosseguimento científico já iniciado em outros trabalhos acadêmicos com o povo kaingang. Para tanto, conta com uma ampla revisão bibliográfica já em andamento. O TCC

e a ação de extensão associados utilizarão o método etno-gráfico, com observação participante, entrevistas, registros em diário de campo e através de ferramentas áudio-visuais das informações obtidas pelos pesquisadores no acompa-nhamento aos Kaingang em suas incursões nas florestas, bem como nos espaços domésticos de manufatura (aldeias - casas e pátios) e nos espaços de comercialização (feiras, eventos, Brique da Redenção e rua). Registro: Ao longo do desenvolvimento do projeto, conforme as matérias-pri-mas, os artesanatos, as fotos, as filmagens, as informações de campo e dos encontros de discussões (do GT e dos SDs) forem sendo compiladas e avaliadas estarão compondo um banco de dados para a difusão do conhecimento ge-rado. Vindo a acarretar na seleção dos materiais para cons-tituir exposições, documentários, relatórios, publicações, materiais didáticos bilíngues, com o intuito de divulgar a realidade kaingang nos centros urbanos, informar as polí-ticas públicas, produzir material para circulação interna ao grupo étnico, principalmente nas escolas bilíngues, e rei-vindicar melhorias junto aos gestores públicos.

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O RONCO, O ZUMBIDO E A FE-BRE AMARELA: INTEGRANDO CONHECIMENTO E ARTE PARA A CONSERVAÇÃO DOS BUGIOS NO RIO GRANResumo: A febre amarela é uma doença infecciosa cujo agente viral pertence ao gênero Flavivirus. Pode ser de dois tipos: a urbana, erradicada do Brasil em 1942, e a silvestre, característica de regiões de mata. No ciclo da febre amarela silvestre, a doença é transmitida quando um mosquito vetor infectado dos gêneros Haemagogus e Sabethes pica um bugio (ou outro hospedeiro). Os bu-gios são muito sensíveis à doença e podem ir a óbito em um período de 3 a 7 dias. Embora seja considerado um hospedeiro acidental no ciclo silvestre, casos humanos da doença também têm sido registrados em vários estados brasileiros. Em outubro de 2008 teve início um surto de

febre amarela silvestre que se propagou pelo Estado do Rio Grande do Sul. Até abril de 2009, mais de dois mil bu-gios foram encontrados mortos. Análises laboratoriais de material coletado de cerca de 300 macacos indicam que a morte de, pelo menos, 25% dos animais não foi causada pela febre amarela. Inúmeros relatos e denúncias indicam que o medo de contrair a doença e a falta de informação levaram muitos moradores, especialmente da zona rural, a matar os bugios em fragmentos próximos às suas pro-priedades. O bugio-ruivo e o bugio-preto encontram-se ameaçados de extinção na categoria Vulnerável no Es-tado do Rio Grande do Sul. As principais ameaças são a fragmentação do habitat, a caça e o comércio ilegal de mascotes. Aliado a esses fatores, o recente surto de epi-zootia de febre amarela, agravado pelo assassinato dos bugios pela população mal informada, pode ocasionar um efeito sinérgico agravando a situação de conservação das espécies. Cabe ressaltar que o Ministério da Saúde considera os bugios como sentinelas da doença, ou seja, são essenciais para alertar os órgãos de saúde sobre a cir-

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culação do vírus. A preocupação com a morte dos bugios e a necessidade de informar corretamente a população a respeito da importância da conservação das espécies e do seu verdadeiro papel no ciclo da febre amarela, levou ao lançamento da campanha “Proteja seu Anjo da Guarda” pelo Grupo de Primatologia da PUCRS. A campanha, atu-almente assinada por várias instituições governamentais e não-governamentais, promove ações informativas para a conscientização da população. Uma das ações da cam-panha foi a criação da peça teatral “O ronco, o zumbido e a febre amarela” que tem como objetivo transmitir a infor-mação para a população de uma maneira clara e simples. A peça teatral conta a história de Aninha, uma criança que visita os tios para conhecer o grupo de bugios que habita o quintal da família. Quando Aninha chega ao local, des-cobre que seu tio pretende matar os bugios, achando que assim estará livre da febre amarela. Apesar de explicar que os bugios não são culpados pela existência e circu-lação da doença, a menina não consegue convencer seu tio e é obrigada a ajudá-lo na caçada. No auge da história,

Aninha é picada por um mosquito infectado e contrai a febre amarela. Os tios a levam ao posto de saúde, onde são informados do erro que cometeram e aprendem que se não tivessem exterminado os bugios da região, eles provavelmente teriam servido de sentinelas, alertando sobre a chegada da doença e permitindo a imunização da população local. O elenco da peça é formado por alu-nos da graduação e pós-graduação da PUCRS. O cenário e as fantasias foram criados e elaborados pelos próprios atores com a utilização de diversos materiais (tecidos, car-tolinas, arames, etc.). A peça inclui um repertório musical composto por seis músicas de diversos ritmos criadas pe-los atores e colaboradores. O funk Bugio 40o criado pelos colaboradores Felipe Ennes Silva (MC Vacinou) e Rodrigo Ennes Cunha (MC Imunizou), por exemplo, teve circulação nas rádios de São Francisco de Assis, RS. Até o momento, já foram realizadas cinco apresentações em diferentes lo-cais de Porto Alegre (Festa do 22º Aniversário do Bairro Rubem Berta, Dia da Solidariedade em frente ao Carre-four do Partenon, 3ª Festa da Biodiversidade no Mercado

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Público, III Semana de Debates Ambientais da Associação Cristã de Moços e Programa CRIAR na Santa Casa de Mi-sericórdia) com um retorno positivo do público. Além do convite das respectivas instituições e eventos, membros da plateia procuram a equipe após cada apresentação demonstrando interesse em levar o espetáculo para as suas comunidades. A peça teatral representa um proje-to dinâmico que está em constante desenvolvimento e aprimoramento. Devido ao interesse e ao envolvimento espontâneo de muitos discentes do curso de Ciências Biológicas da PUCRS nessa importante e necessária ati-vidade de extensão universitária, estão sendo criados novos personagens e músicas visando a qualificação de sua mensagem para as próximas apresentações. Equipe: Coordenador Geral: Júlio César Bicca-Marques Autores: David Santos de Freitas e Elenara Véras dos Santos Atores: Anamélia de Souza Jesus, Danusa Guedes, David Santos de Freitas, Elenara Véras dos Santos, Felipe Pires Franco, Jonas da Rosa Gonçalvez, Júlio César Bicca-Marques, Le-onel de Souza Martins, Lilian Schmitt, Luiza Gil Vargas da

Silveira, Marina Ochoa Favarini, Nathalya Porciúncula Ro-cha, Reinaldo Átila França Cordeiro, Tanilene Sotero Pinto, Thaís Martins Pereira e Winie Cunha Lacerda Colaborado-res: Felipe Ennes Silva, Rodrigo Ennes da Cunha Dados de Identificação: David Santos de Freitas/ Elenara Véras dos Santos Telefone Celular: (51) 9215-9065/99868581 Tele-fone residencial: (51) 33616765/33449788/33534742 E-mail: [email protected] / [email protected] Público Alvo: população em geral. Infra-estrutura: Equipamento de som para reproduzir cd de músicas para o público. Microfone e pedestal para o narrador. Local para vestir as fantasias (banheiro ou camarim).

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ETNOECOLOGIA COMO SUBSÍ-DIO PARA A EDUCAÇÃO AM-BIENTAL NO PROGRAMA PES-QUISAS ECOLÓGICAS DE LONGA DURAÇÃOO projeto Pesquisas Ecológicas de Longa Duração no Sis-tema de Parcelas Permanentes do Corredor Mata Atlân-tica Sul (PELDSisPP-RS) é um programa de pesquisa do DESMA (Núcleo de Estudos em Desenvolvimento Rural Sustentável e Mata Atlântica) em parceria o Programa de Pós-Graduação em Botânica da UFRGS (PPG Botânica), vinculado ao Sistema Nacional de Parcelas Permanentes (SisPP) e Ministério do Meio Ambiente (MMA). Pesquisa-dores da UFRGS, PUCRS e FEPAGRO estão trabalhando neste projeto e implantando parcelas de um hectare na Reserva Biológica da Serra Geral, na FEPAGRO – Maquiné, no Parque Nacional dos Aparados da Serra, no Centro de

Pesquisas e Conservação da Natureza Pró-Mata e na Esta-ção Ecológica de Aratinga no Rio Grande do Sul. Este sis-tema visa o estabelecimento de pesquisas científicas de longo prazo sobre a biodiversidade e ecossistemas, tais como levantamentos florísticos, fitossociológicos, fenoló-gicos e de ecologia de populações de espécies vegetais com valor de uso, além da realização de atividades de sensibilização da sociedade em geral sobre a conserva-ção da biodiversidade e a importância da realização de pesquisas para o desenvolvimento sustentável (Pedrollo et al. 2008). A proposta de “Visitação e Interpretação Am-biental” é uma iniciativa de extensão universitária atre-lada à pesquisa e que visa a divulgação (à comunidade em geral e especificamente das áreas do entorno) sobre a importância da conservação da natureza, hábitats e es-pécies nativas, a partir da elaboração de trilhas que valo-rizem as belezas cênicas, as características físicas, biológi-cas e culturais da região. Nesse contexto, pesquisadores do PELDSisPP-RS vem realizando uma série de entrevistas com guarda-parques e agricultores familiares na região

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de entorno das Unidades de Conservação, visando uma melhor compreensão sobre os históricos de uso das áre-as hoje protegidas. O conhecimento ecológico local é um referencial essencial para o estabelecimento do manejo sustentável de produtos florestais não madeiráveis, sen-do proposto como parte das ações para o estabelecimen-to de um modelo de etnoconservação da Mata Atlântica (Coelho de Souza & Kubo, 2006). Assim o resgate histórico do uso das paisagens de entorno das áreas de atuação do PELDSisPP-RS pode contribuir para a presente ação de extensão na medida em que fornece subsídios para uma melhor compreensão ecológica local. A concepção de paisagem vegetal constitui-se num instrumento nortea-dor para a educação ambiental, na apreensão de viabili-zar conceitos e estratégias voltadas à preservação de áre-as verdes, de modo que se envolva a sociedade, partindo para uma consciência ecológica, para que a sociedade compreenda a importância da mesma. Nesse contexto o presente trabalho apresenta uma série de relatos etnoe-cológicos sobre o histórico de uso da paisagem vegetal

local na forma de vídeos, captados utilizando-se uma fil-madora Sony HDR-SR10 (resolução 1920x1080), seguindo a linha de entrevistas semi-estruturadas com os morado-res locais. As imagens serão convertidas com o software WinFF para um formato compatível com o software Mo-vie Maker e então editadas adequadamente. As entrevis-tas etnoecológicas também farão parte de um leque de ferramentas científicas que irão auxiliar na caracterização dos padrões de distribuição e abundância de espécies alvo do PELDSisPP-RS, como é o caso da Casca-d’Anta (Drimys spp.). O estudo de populações é fundamental para embasar o conhecimento da dinâmica populacional e o manejo de espécies de plantas. Na presente ação dis-cutem-se as interações entre estas atividades de pesquisa e de extensão entendida como uma forma de divulgação e convite a uma participação mais ativa da comunidade neste processo.

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EDUCAÇÃO PATRIMONIAL-AM-BIENTAL EM COMUNIDADES DO CORREDOR ECOLÓGICO MORRO SANTANA - LOMBA DO PINHEIROO Grupo Viveiros Comunitários(GVC), criado há doze anos por estudantes e professores do Instituto de Biociências, dá continuidade a um trabalho que vem sendo desenvol-vido desde 2006, em conjunto com a Escola Anita Gari-baldi, na vila Santa Isabel, Viamão. O projeto de Extensão de 2009 tem como uma das finalidades proporcionar a troca de experiência entre grupos de ação socioambien-tal como o Programa Macacos Urbanos (PMU) e o GVC da UFRGS, e a ONG IPDAE (Instituto Popular de Arte e Educa-ção), da Lomba do Pinheiro, trabalhando em áreas e co-munidades situadas ao longo do Corredor Ecológico que liga o Morro Santana e a Lomba do Pinheiro. O projeto

propicia a troca de saberes científicos e locais, estimulan-do o resgate destes, fortalecendo, assim, a abordagem de temas que fazem parte do contexto ao qual estamos in-seridos: o Campus do Vale, o Morro Santana, o Museu Co-munitário da Lomba do Pinheiro e as comunidades exis-tentes da Vila Santa Isabel e Lomba do Pinheiro. O Morro Santana - em processo de transformar-se em unidade de conservação pela UFRGS - abriga um enorme patrimônio natural, fazendo parte de uma proposta do Corredor Eco-lógico Morro Santana - Lomba do Pinheiro. Este corredor abriga amplas áreas naturais (matas nativas, campos e nascentes), e rururbanas, com espécies de fauna e flora ameaçadas, bem como nascentes de arroios (Dilúvio e do Salso) e comunidades humanas, com raízes rurais ou pe-riurbanas, com grandes demandas socioambientais. Exis-te um paradoxo socioambiental que é um dos principais desafios do projeto. A maior parte dos grupos sociais que ali vive, apesar da riqueza em ambientes naturais rema-nescentes, sofre processos de depreciação de condições ambientais e se sente menosprezado pela condição pe-

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riurbana, associada ao paradigma da centralidade da ci-dade “moderna”. O projeto busca fortalecer o resgate da necessária valorização das raízes rurais e naturais de parte da população, como forma de reafirmação de uma identi-dade que se perde, aceleradamente, principalmente pelo processo de avanço urbano e ausência de políticas pú-blicas de conservação ambiental, nesta região do muni-cípio. A conservação da biodiversidade e a requalificação dos espaços destas áreas é um enorme desafio e deve ser abraçado por todos. A crescente ocupação do espaço na-tural pelo ser humano acaba interferindo no habitat de muitas dessas espécies da fauna e da flora locais. A urba-nização desordenada tem como resultado, entre outros, a fragmentação das matas, que restringe as áreas ocupadas por diversas espécies, a disponibilidade de recursos, áre-as de dispersão e reprodução, bem como a variabilidade das mesmas naquela região, inviabilizando o trânsito de um fragmento a outro. Essa conseqüência pode levar à extinção local de espécies endêmicas de uma biorregião, diminuindo a diversidade ali existente e causando dese-

quilíbrios ecológicos. Através da sensibilização e incenti-vo a práticas do Viveirismo Ecológico, buscamos fortalecer uma educação ambiental crítica e consciente estreitando os laços com as comunidades do entorno do corredor ecológico Morro Santana – Lomba do Pinheiro, propor-cionando a troca entre as duas comunidades quanto à importância da conservação do patrimônio natural, des-pertando a consciência ecológica individual e coletiva. É cada vez mais evidente a participação popular em pro-cessos que busquem inverter a lógica do desenvolvimen-to acompanhado da degradação ambiental. É importante utilizarmos de forma intencional e consciente os espaços existentes na sociedade com potencial para formação de educadores ambientais capazes de irradiar pró atividade e comprometimento, e com isso, contagiar cada vez mais pessoas dispostas a contribuir. Neste cenário complexo, a escola, a universidade e os espaços comunitários, de-sempenham papéis estratégicos para o entendimento e a construção destes processos de mudanças de atitude e melhoria das condições de vida destas comunidades e de

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seu meio natural. A atuação em grupo permite o estabe-lecimento de práticas ecopedagógicas que caminhem no sentido de maior exercício de cidadania e das co-respon-sabilidades. Um dos ingredientes básicos no trabalho é o fortalecimento da Auto-Estima Ecológica e Comunitária, considerada pelo grupo como uma condição elementar para a construção, sem retornos, de padrões aceitáveis de qualidade de vida e convívio com a natureza local, através de atividades que proporcionem reflexões sobre a rique-za e importância do patrimônio natural e cultural que es-tão à sua volta. Acreditamos que seja possível despertar o interesse e o contato com a natureza local, a consciên-cia ecológica, visando sempre uma maior autonomia das comunidades em ações de gestão ambiental em prol do bem estar coletivo. Iniciamos a realização do projeto de extensão deste ano com um Curso de Capacitação de Mo-nitores, direcionado para os alunos que participaram das atividades desenvolvidas pelo GVC no ano de 2008. Esse curso os prepara para acompanhar e auxiliar os colegas que terão o primeiro contato com a educação ambien-

tal, no segundo semestre de 2009; através de reflexões e atividades sobre o patrimônio natural, trilhas pelas matas do Morro Santana, mutirão de limpeza e Ocupação Verde (Ov’s - plantio comunitário de mudas) na escadaria que liga o Campus do Vale (UFRGS) à Vila Santa Isabel, visita ao Museu Comunitário da Lomba do Pinheiro, introduzin-do a Educação Patrimonial, como forma de conhecimento da cultura e história do bairro através das histórias de vida da comunidade e oficinas de viveirismo no Viveiro Bruno Irgang, Laboratório Vivo, onde poderemos através da pro-dução de mudas refletir sobre as formas de interação do ser humano com a natureza da qual faz parte, as causas e efeitos socioambientais vividos, assim como as diferen-tes possibilidades de atuação. Deste curso serão selecio-nados 5 crianças que formarão um grupo de monitores. Após a capacitação de monitores, iniciaremos um Curso de Agentes Multiplicadores de Educação Patrimonial Am-biental com os alunos de 5ª e 6ª séries. Também serão re-alizadas oficinas para os moradores da comunidade, pais, professores e funcionários da escola, com o intuito de

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trabalhar com multiplicadores adultos, aproximando-os e envolvendo-os na educação de seus filhos, buscando neste grupo um resgate das memórias da Vila Santa Isa-bel, trabalhando a idéia do corredor ecológico, como foi se dando a ocupação humana, os conhecimentos sobre as plantas locais, estimulando a interação com a natureza que os cerca, a consciência ecológica e a importância de cada um para a conservação do patrimônio natural. Para atingir nossos objetivos, contamos ainda com uma par-ceria entre o GVC, o PMU, e a ONG IPDAE que realiza suas atividades no Museu Comunitário da Lomba do Pinhei-ro (MCLP). O PMU traz informações sobre o bugio-ruivo como espécie nativa presente nos fragmentos de matas remanescentes da Lomba do Pinheiro e a importância de sua conservação, o MCLP serve como modelo de educa-ção patrimonial com um trabalho que já realiza há mais tempo, com visitas de escolas ao memorial da família Re-mião (que dá nome à avenida principal da Lomba – João de Oliveira Remião), atividades, palestras, encontros e histórias da Lomba do Pinheiro e de seus moradores de

diversas gerações desde o início de sua ocupação. E é através dessa troca com o trabalho realizado pelo PMU e pelo Museu Comunitário conseguimos integrar as duas áreas-alvo do nosso trabalho, o Corredor Ecológico Morro Santana – Lomba do Pinheiro.

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BICHOS DO CAMPUS: UMA ATI-TUDE ÉTICA EM RESPEITO À VIDA E AO MEIO AMBIENTE NO CAMPUS DO VALE DA UFRGSOs animais que circulam pelas dependências do Campus do Vale (CV) da UFRGS são, em sua maioria, cadastrados, vermifugados, vacinados e castrados. Esse é o resultado do trabalho dos membros do grupo ADAAC (Associação de Defesa Animal e Ambiental do Campus do Vale da UFRGS), formado por alunos e servidores (funcionários e professo-res) voluntários buscam minorar os problemas causados por essa situação, muitas vezes envolvendo animais que sofreram violência e crueldades incompatíveis com um comportamento civilizado. No entanto, o abandono de animais na área da Universidade persiste. Também persiste o abandono de animais adultos e/ou doentes e o descarte de ninhadas. Alguns fatores continuam contribuindo para

a manutenção dessa situação, como a ausência de cerca-mento da área, além da falta de controle no que diz res-peito à entrada e saída de pessoas. Além disso, o Campus localiza-se em área urbana periférica interurbana, onde o núcleo é o próprio campus, formada pelas vilas Jary, Safira, Santa Isabel, Ipê, Brasília, Agrovet (UFRGS), Cefer e Vila Gré-cia, abrangendo os município de Porto Alegre e Viamão. A condição precária de grande parte dos moradores, aliada a falta de um programa organizado que aborde de maneira ética e eficiente o assunto tem colaborado não somente para perpetuar, mas também para agravar o problema. Com isso, muitos animais desassistidos por seus proprie-tários, migram para as dependências da Universidade à procura de alimento. Cães apresentam comportamento territorial, ao se remover um grupo, outro, de regiões vizi-nhas, irá ocupar o seu lugar. Conseqüentemente, em pou-co tempo se restabelece o número antigo, muitas vezes, originando o surgimento de doenças e conflitos que antes não existiam. Tendo em vista trabalhos semelhantes em diversas cidades, que tiveram bom êxito nessas questões,

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busca-se reduzir as conseqüências decorrentes do abando-no, eliminando suas causas. Entre muitos objetivos, pode-mos destacar aqueles que consideramos mais importantes nessa ação de extensão: 1. Cadastro e identificação dos animais que circulam pelas dependências do CV. 2. Esteri-lização cirúrgica, para controle da natalidade, com atuação prioritária sobre as fêmeas. 3. Vermifugação e vacinação, tratamento para controle de sarna e outros ectoparasitas dos animais cadastrados. 4. Fornecimento de alimentação adequada aos animais. 5. Divulgação do projeto a fim de sensibilizar a população acadêmica em geral e promover voluntariado e trabalhos em parceria, no sentido de aper-feiçoar os resultados esperados e difundir as atividades para além dos limites da Universidade. 6. Promover parce-rias com ONGs de proteção animal e clínicas particulares para a realização das cirurgias de esterilização. 7. Levantar dados sobre o número de pessoas que trabalha no Cam-pus do Vale e que reside no entorno, o número de animais domésticos que possuem e sua situação, visto que já foi observado que vários animais ingressaram nas dependên-

cias do CV atrás dos seus donos e, em outros casos, foram abandonados pelos mesmos neste local. 8. Promover ativi-dades educativas com esse público, incentivando a esteri-lização e a posse responsável, através de palestras nas de-pendências da Universidade e em locais no entorno (como escolas, salão paroquial, centros comunitários, Unidades Básicas de Saúde, etc.). 9. Promover atividades educativas com os escolares do entorno (num primeiro momento nas Escolas Walter Jobim e Anita Garibaldi, localizadas na Vila Santa Isabel, Viamão), para discutir o problema relaciona-do ao abandono de animais, sua relação com as condições ambientais e a forma de combatê-lo, desenvolvendo nas crianças, atitudes de solidariedade e responsabilidade em relação à causa. Com isso pretende-se integrar a Univer-sidade com as escolas do entorno. 10. Divulgação do site do grupo, com a finalidade de divulgar as atividades rea-lizadas, esclarecer dúvidas sobre o projeto e promover a adoção dos animais. O cadastro dos animais é atualizado seguidamente no banco de dados, onde os dados sobre os mesmos são registrados (como os procedimentos de saúde

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realizados, os locais onde os animais são vistos, sinais físi-cos que facilitem a identificação e fotografias). Os cuidados e alimentação dos animais são feitos após criteriosa análi-se dos pontos e locais adequados, sem prejuízo da fauna nativa e sem negligências aos cães e gatos que habitam a área. A parceria com o Hospital Veterinário da UFRGS já foi reafirmada; garantindo o atendimento dos animais que se encontrem doentes. Além do cadastro, outras medidas seguem-se, como o controle e manejo da população de cães e gatos abandonados que circulam pelas dependên-cias do Campus do Vale, por meio de métodos apropriados do ponto de vista ético e ambiental, conforme o que está previsto no plano de gestão ambiental da UFRGS. Em 2009, estão sendo desenvolvidas diferentes atividades, além dos cuidados com os animais. Entre elas destacam-se o levan-tamento e mapeamento dos locais de maior abandono na área do CV e as atividades de educação ambiental junto à comunidade da UFRGS e do entorno. Estas incluem a pro-moção de palestras e oficinas sobre o controle populacional e a posse responsável de animais domésticos para comu-

nidade acadêmica da UFRGS (alunos, funcionários, tercei-rizados) e moradores do entorno, bem como a promoção de noções de educação ambiental, em relação aos animais domésticos, para os escolares da comunidade. Para tanto, estão sendo produzidas apresentações didáticas para es-ses diferentes segmentos, com uma linguagem apropriada ao público-alvo. Os membros do grupo acreditam que a principal causa do abandono é o excesso de nascimentos e que somente medidas preventivas, tais como campanhas de conscientização da população para o exercício da posse responsável, castração, vacinação em massa e campanhas destinadas à adoção dos animais poderá resolver o proble-ma, sendo a eutanásia indicada apenas em casos excepcio-nais e irreversíveis. As atividades desenvolvidas pelo grupo desde outubro de 1996, principalmente o número total de animais atendidos e retirados do campus do Vale através da adoção responsável, atestam o sucesso da ação, o que revela o comprometimento do grupo com a comunidade interna da UFRGS e do entorno.

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“PROJETO PALMEIRA JUÇARA”: POTENCIALIZAÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA E USO LOCAL DOS FRUTOS DE PALMEIRA JUÇARAO “Projeto Palmeira Juçara”: Potencialização da Cadeia Produtiva e Uso Local dos Frutos de Palmeira Juçara, é uma linha de ação de um projeto mais amplo que visa a promoção do desenvolvimento rural sustentável na re-gião Nordeste do Rio Grande do Sul congregando extra-tivismo, saberes e fazeres locais e conservação ambiental. Insere-se em um programa de pesquisa e extensão do DESMA - Núcleo de Estudos em Desenvolvimento Rural Sustentável e Mata Atlântica (PGDR/UFRGS), que em par-ceria com a ONG ANAMA - Ação Nascente Maquine e a FEPAGRO - Fundação Estadual de Pesquisas Agronômicas, vêm trabalhando na perspectiva de desenvolvimento que alie a conservação das áreas de Mata Atlântica do Litoral

Norte do Rio Grande do Sul com o bem-estar das comu-nidades que vivem em interação com estes ambientes. A proposta de sistemas agroflorestais (SAFs) atende bem a estas demandas, proporcionando muitas possibilidades de adaptação e construção a partir dos conhecimentos e das condições ambientais locais. Estes sistemas de produ-ção aparecem como alternativa para as áreas de encosta com restrições de uso do solo, uma vez que se caracte-rizam como atividades de baixo impacto ambiental que contribuem para a conservação da biodiversidade local além de promover autonomia e segurança alimentar, ge-ração de renda e melhoria das condições de bem estar e de trabalho das famílias. Neste contexto, a palmeira juça-ra (Euterpe edulis Mart.) aparece como alternativa estra-tégica para o desenvolvimento e consolidação de SAFs. No entanto, a palmeira é tradicionalmente visada para a extração do seu meristema apical, o palmito. Esta explo-ração, predatória e desordenada, compromete a preser-vação da espécie. O abate de juçara para palmito apre-senta ainda um índice bastante representativo na região.

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Atinge tanto as populações naturais quanto os plantios em unidades de produção, motivando conflitos sócio-ambientais, pois como atividade ilegal coloca o extrati-vista em situação de marginalidade. Neste sentido, uma das formas de contribuir para a viabilização da conserva-ção da espécie e conseqüente incorporação a propostas de implantação de sistemas agroflorestais passa por uma mudança no enfoque do produto, do palmito enquanto conserva, para o uso da polpa dos frutos. A extração dos frutos para polpa é uma prática sustentável em relação ao corte do palmito por não implicar na morte da planta, viabilizar a manutenção de florestas e também por apre-sentar como subproduto as sementes, que podem ser destinadas à reposição dos estoques naturais. A polpa da juçara oriunda de sistemas agroflorestais agregaria outros valores não comuns na economia de mercado convencio-nal, apresentando-se associado a processos de inclusão social, valorização cultural, reposição dos estoques de E. edulis, conservação e recuperação de nascentes e matas ciliares e a recomposição e conservação de florestas no

bioma Mata Atlântica. A viabilização desta cadeia produ-tiva, no entanto, passa por instrumentos legais de regu-lação do cultivo e manejo das espécies nativas da Mata Atlântica. Neste contexto, o projeto “Palmeira juçara” visa intervir em alguns pontos nevrálgicos para a potenciali-zação da atividade contribuindo para o desenvolvimento da cadeia produtiva dos frutos da palmeira juçara com a perspectiva da produção de polpa e sementes em mane-jo sustentável. Para isto, foram traçadas as seguintes me-tas: a) Promover processo de licenciamento-piloto de três propriedades para o manejo sustentável dos frutos da palmeira juçara para obtenção de polpa e sementes; b) Capacitar 16 agricultores(as) familiares para o manejo dos frutos e produção da polpa da palmeira juçara; c) Orientar plantios certificados da palmeira juçara em três proprie-dades de agricultores(as) familiares, como forma de diver-sificação da unidade produtiva e promoção de sistemas agroflorestais. d) Implantar duas áreas demonstrativas de sistemas agroflorestais com juçara na FEPAGRO – Maqui-né. e) Mapear áreas de matrizes para coleta certificada de

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sementes da palmeira juçara na bacia hidrográfica do Rio Maquine f ) Qualificar a produção de mudas com amparo técnico e legal em cinco viveiros de agricultores(as) fami-liares da bacia hidrográfica do Rio Maquiné e região com ênfase em espécies nativas de interesse agroflorestal, so-bretudo a palmeira juçara; g) Divulgar o produto polpa da juçara em escolas do município de Maquiné e eventos locais com vistas à segurança alimentar. A partir destes objetivos, vários resultados já foram obtidos como: - A elaboração participativa do “Projeto piloto para o manejo sustentável dos frutos da palmeira-juçara (Euterpe edu-lis Martius)”, no âmbito do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, que visa a normatização das práticas de colheita, beneficiamento e comercializa-ção da polpa dos frutos, promovendo a troca de conhe-cimento e saberes entre os âmbitos acadêmico, técnico e comunitário (Manejo Colaborativo) regulamentando o extrativismo deste produto florestal junto ao DEFAP - Departamento Estadual de Florestas e Áreas Protegidas (SEMA/RS). Nesse processo foram, até agora, registrdas

cinco áreas-piloto, sendo duas no Município de Maquiné e três no Município de Itati; - O acompanhamento das co-lheitas de Juçara desde 2006 e o monitoramento detalha-do da última safra de coleta, gerando dados que visam contribuir para o manejo sustentável desta espécie; - A realização de oficinas, com intuito de capacitar e promo-ver a troca de experiência entre agricultores familiares em relação a atividade de coleta e beneficiamento dos frutos da Juçara, envolvendo a comunidade de diversos muni-cípios da região nordeste do Estado do Rio Grande do Sul; - O planejamento e a orientação de plantios de Juça-ra em sistemas agroflorestais no município de Maquiné; - Um amplo estudo da Legislação Brasileira de Sementes e Mudas, o que permitiu o amparo técnico a viveiros de mudas nativas no município de Maquiné; - A organização e realização da Feira da Biodiversidade junto à Semana do Meio Ambiente do Município de Maquiné, que contou com a participação de diversos agricultores e extrativistas da região, onde foi divulgada a polpa da Palmeira Juçara. O extrativismo dos frutos da palmeira Juçara se consolida

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como estratégia para o desenvolvimento rural sustentá-vel da região da Mata Atlântica, visto a crescente deman-da por este produto e a potencialidade de um mercado local, e, ainda, os dados obtidos nos monitoramentos que atribuem à atividade um caráter de baixo impacto am-biental. Após termos obtido grandes avanços na questão da licença ambiental desta atividade, surge o desafio de constituição de arranjos produtivos para fins de comer-cialização em maior escala. Portanto novos projetos de-vem ser incentivados no sentido de dar continuidade a este processo.

PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DE FRUTEIRAS NATIVAS

No Sul do Brasil, dentre as muitas espécies nativas exis-tentes destacam-se aquelas pertencentes à família Myr-taceae, compreendendo cerca de 102 gêneros e 3.024 espécies conhecidas, distribuídas, principalmente, em países de clima tropical e subtropical. Suas espécies são arbustivas ou arbóreas, com folhas inteiras, de disposi-ção alterna ou oposta e, às vezes, oposta cruzada, com estípulas muito pequenas. O gênero Eugenia está entre os mais importantes desta família e concentra espécies como a cerejeira-do-rio-grande (Eugenia involucrata DC.), a pitangueira (Eugenia uniflora Berg.) e a grumixa-meira (Eugenia brasiliensis Lam.), nativas do sul do Brasil. Seus frutos possuem potencial para consumo in natura ou para processamento na forma de doces, geléias, su-cos e sorvetes. Também são espécies utilizadas para fins ornamentais. Muitas das espécies do gênero Eugenia

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apresentam dificuldades para a obtenção de sementes em quantidades que permitam a produção de mudas em larga escala, tanto para o aproveitamento comercial como para o aproveitamento em programas de repovo-amento vegetal. Um dos impedimentos de cultivos mais tecnificados destas espécies é a falta de homogeneida-de nos lotes de mudas oferecidos pelos viveiristas, oca-sionados pela propagação sexuada, tradicional forma de propagação destas plantas. O que acarreta problemas na condução de pomares com desuniformidade de forma e tamanho de plantas, baixa produtividade e má qualida-de dos frutos e grande diversidade em tipos e cores de frutos. O desenvolvimento lento dessas nativas por mé-todos propagativos convencionais, aponta a necessidade da utilização da propagação vegetativa ou clonal, a qual tem sido uma importante ferramenta para a produção de lotes homogêneos de diversas espécies de importância econômica e ambiental. O Laboratório de Biotecnologia em Horticultura do Departamento de Horticultura e Silvi-cultura da Faculdade de Agronomia da UFRGS (LBH) tra-

balha a mais de uma década, auxiliando produtores na re-solução de problemas relacionados ao manejo, produção e, principalmente, a propagação de plantas, já tendo exe-cutado projetos de produção de mudas de plantas como morangueiro, abacaxizeiro, orquídeas, eustoma, latifólias, mosquitinho, menta, além de outras frutíferas, florestais, medicinais e aromáticas. Na propagação vegetativa estão incluídas a macropropagação, destacando-se as técni-cas de estaquia e de enxertia, e a micropropagação ou propagação in vitro. Há plantas que são facilmente pro-pagadas vegetativamente. Mas para estas três espécies de mirtáceas há carência de informações da facilidade de enraizamento de estacas, da compatibilidade de teci-dos na enxertia, ou ainda, a capacidade de obtenção de novas plantas completas a partir de pequenos pedaços de tecidos cultivados em condições assépticas (in vitro). Após vários anos de estudo no LBH, tem-se alcançado um certo grau de viabilidade na propagação destas espécies através da enxertia, mas segue-se estudando a estaquia assim como a viabilidade do cultivo in vitro destas. Esse

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sistema de propagação clonal, muitas vezes, faz com que haja um menor percentual de degradação ambien-tal, pois o produtor ao adquirir mudas prontas, ele terá um planejamento de plantio para a locação de seu po-mar, podendo assim amenizar ou ate evitar um possível desmatamento. Quando os protocolos de propagação vegetativa estiverem bem definidos poder-se-á realizar treinamentos a produtores interessados em produzirem mudas destas espécies. Os trabalhos estão em andamen-to, sendo necessário ampliar os estudos, principalmente para conscientizar os produtores a amadurecer a idéia de repovoar a vegetação nativa de nosso Estado. Vale lem-brar que além das plantas citadas acima, há também tra-balhos de propagação de outras espécies nativas como, por exemplo, o guabijuzerio e o butiazeiro.

ADEQUAÇÃO DE PROTOCOLO PARA PROPAGAÇÃO IN VITRO DE QUIVIZEIRO PARA ATENDER A DEMANDA DE FRUTICULTORESActinidia deliciosa (A. Chev.) C.F. Liang & A.R. Ferguson, conhecida como kiwi, quivi ou kiwifruit é uma Angiosper-ma da família Actinidiaceae, originária das regiões altas e úmidas da China, introduzida no Brasil por volta de 1970. É um arbusto escandente de grande porte, caducifólio. Possui folhas coriáceas e ásperas na face superior, com diâmetro variando de 14 a 21 cm. É uma planta dióica, ou seja, produz flores masculinas e femininas em plantas diferentes (SALE, 1985). As flores são brancas, geralmen-te com 5 sépalas e 6 pétalas, formadas na primavera nos ramos do ano Os Frutos são do tipo baga, globosos ou elípticos, com polpa suculenta doce-acidulada contendo minúsculas sementes, os quais são consumidos principal-

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mente in natura (SOUZA et al., 1996). As principais cul-tivares de A. deliciosa são: Hayward, Monty e Bruno. As principais polinizadoras são: Matua e Tomuri. A cultivar Monty requer cerca de 500 horas de frio, é tardia na bro-tação, floração e colheita. É uma cultivar muito vigorosa e produtiva, com tendência para produção excessiva, o que pode afetar o tamanho dos frutos, tornando neces-sário o raleio. Os frutos são de médio a grande, cobertos por uma densa camada de tricomas (EPAGRI-SC, 1996). O Laboratório de Biotecnologia em Horticultura do De-partamento de Horticultura e Silvicultura da Faculdade de Agronomia da UFRGS (LBH) trabalha desde o início da década de 1990 com produção e manejo de propa-gação em atendimento a demanda de produtores rurais. Neste campo, já foram executados projetos de produ-ção de mudas de morangueiro, abacaxizeiro, orquídeas, eustoma, latifólia, mosquitinho, menta, além de outras frutíferas, florestais, medicinais e aromáticas. Diversos agricultores gaúchos, e até de outros estados brasileiros, contatam o LBH em busca de informações sobre manejo

cultural e disponibilidade de mudas de diversas espécies hortícolas, estas por sua vez, produzidas principalmente via propagação in vitro. As informações sobre manejo são repassadas por telefone, e-mail ou em visita do produtor ao LBH. O procedimento geralmente utilizado para a ob-tenção de mudas de quivizeiro é a estaquia ou a enxer-tia, sendo que ambos os métodos produzem mudas de qualidade e com produtividade satisfatória, desde que sejam selecionadas as plantas matrizes (SCALIZE, 2001). Contudo estes métodos podem disseminar patógenos para as novas plantas. Portanto, para a obtenção de mu-das de qualidade, em pouco tempo, e com sanidade ga-rantida, será utilizada a clonagem in vitro, para a qual será adequado um protocolo com base na literatura cientifica. No LBH recentemente foram iniciados testes com mate-rial vegetal a partir de ramos da cultivar Monty, os quais foram fornecidos por um produtor interessado em ob-ter mudas clonadas deste material. Visando à obtenção de tecidos com a máxima sanidade, os tecidos iniciais ao processo in vitro serão obtidos de ramos jovens emitidos

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em ambiente protegido. Para tanto, os ramos fornecidos pelo referido produtor foram seccionados em segmentos de cerca de 20 cm de comprimento, e submetidos ao en-raizamento através da técnica chamada estaquia, sobre substrato de casca de arroz carbonizada. Com este pro-cedimento, espera-se que após o inverno sejam emitidas brotações para o processo de micropropagação. Para desinfestação será procedida a lavagem dos brotos com escova macia e detergente neutro, seguido de enxágüe em água, imersão em etanol 70% por 1 minuto, imersão em hipoclorito de sódio (NaOCl) 1% por 10 minutos e, por último, triplo enxágüe com água deionizada esterilizada (ADE), sendo esta etapa realizada em câmara de fluxo de ar laminar estéril. Os ramos jovens serão fragmentados visando aproveitamento dos segmentos nodais, os quais serão inoculados em meio de cultivo. Durante as fases in vitro serão avaliados os meios de cultivo: MS (Murashige & Skoog, 1962) a 50% da consentração dos macronutrien-tes e WPM - Wood Plant Media (LLOYD & McCOWN, 1980), adicionando-se respectivamente 30 e 20gL-1 de sacaro-

se, 7gL-1 ágar e fitorreguladores cujo tipo e concentra-ção variará de acordo com a etapa de desenvolvimento das plântulas. Os frascos de cultivo serão mantidos sob condições controladas (27±2ºC e fotoperíodo 16h). Na primeira etapa in vitro o fitorregulador utilizado será o BAP (benzilaminopurina) a 0,6mgL-1 visando à indução de brotações vegetativas. Os explantes que apresenta-rem brotações vegetativas maiores que 1cm serão sepa-rados dos demais e inoculados em novo frasco contendo meio de cultivo adicionado de fitorregulador ANA (ácido naftaleno acético) a 1,0mgL-1, este, terá por objetivo o estímulo ao crescimento da planta e desenvolvimento de raiz (SCALIZE, 2001; AKBAS et al., 2007; GRATTAPAGLIA & MACHADO, 1998). Após a etapa de enraizamento, fase em que as plantas estarão com raízes visíveis e, com pelo menos 3cm de parte aérea, serão retiradas dos frascos, lavadas para remoção dos resíduos de meio de cultivo e estabelecidas em substrato composto por casca de arroz carbonizada em bandejas multicelulares de poliestireno expandido. Estas bandejas serão mantidas em estufa com

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sistema de nebulização intermitente, programada para manter a umidade relativa do ar próxima a 100% e evi-tar a desidratação das plantas. As mudas permanecerão nesta condição por um período de 10 a 12 dias, sendo em seguida transferidas para um sistema chamado floating onde receberão fertirrigação por capilaridade, favorecen-do seu crescimento. Quando atingem cerca de 5cm de altura estarão prontas para serem entregues ao viveirista, que as transferirá para embalagens com capacidade para 1L de substrato, onde permanecerão até atingirem cerca de 30cm e então serem enviadas ao produtor e plantadas definitivamente a campo. Os principais problemas espe-rados durante o ciclo de produção de mudas são as perdas por contaminação por microorganismos in vitro, morte por desidratação após a aclimatização e a intensa deman-da por mão-de-obra para a as etapas citadas. AKBAS, F.A.; ISIKALAN, G.; NAMLI,S.; BASARAN, D. Micropropagation of Kiwifruit (Actinidia deliciosa). International Journal of Agriculture and Biology, v.9, p. 489-493, 2007. EPAGRI-SC (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de

Santa Catarina). Normas técnicas para o cultivo de qui-vi no Sul do Brasil. Florianópolis, 1996. 38p. GRATTAPA-GLIA, D.; MACHADO, M.A. Micropropagação. In: TORRES, A.C.; CALDAS, L.S.; BUSO, J.A. (Eds.) Cultura de tecidos e transformação genética de plantas. Brasília: Embrapa-SPI/Embrapa-CNPH, 1998. p.183-260. LLOYD, G.; McCOWN, B. Commercially-feasible micropropagation of mountain laurel, Kalmia latifolia, by use of shoot-tip culture. Combi-ned Proceedings International Plant Propagators Society, Seattle, v.30, p.421- 427, 1980. MURASHIGE, T.; SKOOG, F. A revised medium for rapid growth and bioassays with tobacco tissue cultures. Physiologia Plantarum, Kope-nhagen, v.15, p.473-497, 1962. SALE, P.R. Kiwifruit Cultu-re. Wellington: Government Printer, 1985. 96p. SCALIZE, F.E.; MÔRO, F.V.; DAMIÃO FILHO, C.F. Micropropagação do Kiwi cv. Hayward. Revista Brasileira de Fruticultura, Jabo-ticabal, v. 23, p. 656-661, 2001. SOUZA, P.V.D.; MARODIN, G.A.B.; BARRADAS, C.I.N. Cultura do quivi. Porto Alegre: Cinco Continentes, 1996. 104p.

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AÇÕES DE EDUCAÇÃO AMBIEN-TAL: A RESERVA BIOLÓGICA DO LAMIAs modificações antrópicas na natureza, durante a pas-sagem histórica atual, mostram a importância de com-preender o ambiente. A intensidade da interferência que ocasionamos no que chamamos de “recursos am-bientais” chega a níveis perigosos no alvorecer do século XXI(mudanças drásticas nos padrões regionais de chuvas, derretimento das geleiras e a dilatação térmica das águas dos oceanos). O chamado “alerta global” parece conter no próprio nome a sua razão de ser, originado no modo de vida moderno e globalizado. As discussões entre os pes-quisadores do Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas(IPCC) da ONU evidenciam a necessidade de uma “nova filosofia” da ocupação sobre a superfície terres-tre. Nesse contexto a educação ambiental evidencia a sua relevância para o redirecionamento das ações. A reflexão

sobre o conhecimento do passado da terra e da vida an-tes do advento da humanidade deve fecundar a dúvida sobre as possibilidades do ser humano em transformação ser livre de sua base fundamental. Esse ramo do ensino e extensão pode ser caracterizado como pretensioso e ao mesmo tempo complexo, pois deve enfatizar os impac-tos da cultura hegemônica na situação atual e seu legado para as próximas gerações. A Reserva Biológica do Lami José Lutzenberger se localiza no limite sul do município de Porto Alegre, às margens do lago Guaíba. A RBL foi criada no ano de 1975 e hoje possui extensão de 179,78 hectares, tendo como um de seu objetivos a preservação da Efedra(Ephedra tweediana), espécie rara de trepadeira que ocupou extensas áreas no passado. A vegetação está distribuída em grande diversidade nas áreas de mato, ba-nhado e campo. A fauna na reserva distribui-se em múl-tiplas espécies de aves, mamíferos, répteis e peixes, en-tre outros. Além de ser uma zona de preservação para as comunidades naturais remanescentes em Porto Alegre, a RBL também é utilizada como local para estudos, pesqui-

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sas e educação ambiental. Busca-se também divulgar o conhecimento científico, promovendo uma interface com os moradores do local. O presente projeto de extensão em educação ambiental da Universidade Federal do Rio Grande do Sul(UFRGS) realiza atividades-oficina nas esco-las de ensino fundamental localizadas nas proximidades da Reserva Biológica do Lami José Lutzenberger. O intuito é resignificar, para os jovens moradores(multiplicadores-difusores) locais, a importância dessa Reserva em uma possível relação equilibrada com seu entorno imediato. Para isso os objetivos das ações são: - Proporcionar mo-mentos de reflexão sobre as relações sociedade-nature-za e a emergência da preservação dessa última para o mantenimento da primeira; - Possibilitar o conhecimen-to sobre a diversidade biológica do bairro Lami em (des)continuidade ecológica com a Reserva Biológica, junto ao seu histórico de ocupação humana; - Colocar a ética e a sensibilização como pontos nodais para o despertar curioso do conhecimento das contradições e interrela-ções existentes; -Instigar o sentido de pertencimento ao

lugar e a autovalorização do jovem proveniente desse li-mite rururbano; O projeto desenvolvido no ano de 2009 está trabalhando com alunos de escolas do ensino fun-damental no entorno da Reserva Biológica do Lami. As cinco atividades-oficina planejadas tratam dos processos e relações implicadas no todo da biosfera. São propostas as seguintes metodologias: a) Jogos e outras atividades lúdicas e interativas que estimulam um interesse informal sobre os conhecimentos da flora, fauna e elementos não-vivos. Por exemplo, o conteúdo pode encontrar repre-sentação na atividade denominada “teia da vida”. Após dispor as cadeiras em forma de roda, cada aluno deve re-presentar um ser vivo. Utiliza-se um barbante que passa por cada um na roda, o que acaba por demonstrar uma “teia”, como signo da interdependência entre as partes e o todo. Demonstra-se, assim, as relações tróficas entre os organismos existentes na natureza; b) Oficinas que privi-legiam o caráter afetivo, utilizando a música e a arte como primeiro passo para uma visão preservacionista e ecoló-gica que não se restrinja à sala de aula. Nesse sentido, a

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tentativa deve se centrar “nos sentidos”, da inconsciência à conscientização. Por exemplo, propôr a análise de letras de música que tratam do ambiente natural e que essas possam ser modificadas e adaptadas pelos próprios alu-nos para que contenham palavras com princípios éticos com vistas à harmonização. Logo após, contar a história dos músicos e seus respectivos estilos, relacionando-os com suas origens. As canções são executadas ao vivo, vi-sando uma maior interação com o público-alvo. A partir da análise das letras de música e da proveniência dos mú-sicos que as compuseram, se faz um paralelo com a reali-dade local e as marcas que os elementos naturais impri-mem na vivência dos habitantes do bairro Lami. Coloca-se em discussão as características históricas da zona e seus símbolos. A relação interdependente entre esse rural e a metrópole que pouco o conhece, mas utiliza-se de seus recursos. Esse enfoque enfatiza a relevância do campo para a cidade, autovalorizando o modo de vida na locali-dade. c)As próprias substâncias naturais vêm sendo utili-zadas num exercício de sensibilidade que retira o sentido

da visão para fazer uso e aguçar outros meios corporais de percepção dos alunos. Nessa atividade são dispostas bacias contendo elementos vivos( ervas, ramos, folhas), não-vivos(solo, rochas, água) e artificiais(brinquedos, ma-teriais didáticos) para que, de olhos vendados, os jovens toquem, cheirem e ouçam. Divididos em três grupos, um para cada tipo de elemento, eles podem iniciar uma troca de idéias sobre suas sensações e como concluíram acer-ca de cada elemento. A partir disso deve-se estimulá-los a raciocinar as funções que os elementos cumprem em nossa natureza. d) Atividades-oficina que venham a esti-mular a reflexão do sentir e do pensar para agir. A identifi-cação de plantas situadas no terreno da escola, suas fun-ções, origens( nativas ou exóticas) e importância, através de placas com informações sobre a vegetação e avisos sobre deveres e direitos dos cidadãos. Essas são atitudes que contribem na conservação ambiental. e) Uma visita à RBL, onde os alunos conhecem, observam e interagem com a natureza local, através de uma dinâmica de aber-tura, que aborda o histórico e a situação atual da reser-

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va, seguida de um passeio pela trilha, onde os alunos podem reconhecer em campo as espécies da flora e da fauna que foram abordadas nos encontros anteriores. Na prática das atividades em sala os alunos demonstraram constantemente seu conhecimento rotineiro com relação a muitas espécies apresentadas para estudo. Muitos deles têm sua moradia em zonas de ocorrência desses gêneros e esse fato deu oportunidade para a observação direta de fenômenos que concernem sua vivência. As questões e trabalhos apresentados para argumentação nas ofici-nas foram solucionados,geralmente , com interesse e de modo inteligível numa faixa etária de dez a doze anos. Esta experiência tem se revelado extremamente rica e tem permitido que compreendam mais sobre preserva-ção e o porque da existência de uma unidade de con-servação. As professoras estão dando continuidade ao trabalho tornando-o mais significativo. Têm-se verificado a atenção dos familiares em relação a atividade desses adolescentes, iniciando-se um processo multiplicador de conscientização ambiental.

CURSOS DE APRIMORAMENTO EM CONSTRUÇÃO CIVIL E INSTA-LAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAISA Extensão Universitária é um dos mecanismos que visa à difusão de resultados obtidos através da pesquisa cien-tífica e tecnológica pela instituição de ensino superior na sociedade. No caso das universidades públicas, a respon-sabilidade de que essa função seja desempenhada ade-quadamente é ainda maior, pois nesse caso, os resultados são esperados como retorno de um investimento feito pela sociedade. Portanto, a qualificação do trabalho nas universidades públicas, visando um retorno com quali-dade máxima para a sociedade que a sustenta, deve ser uma meta de cada indivíduo do meio acadêmico. Em decorrência da necessidade de conhecimento de novas tecnologias, bem como, o aperfeiçoamento das técnicas e serviços dos trabalhadores da construção civil e do se-

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tor elétrico, surge a idéia de um curso que qualifique esta mão-de-obra. Assim, a Universidade Federal do Pampa – Campus Alegrete está oferecendo os cursos de aprimora-mento em construção civil e instalações elétricas prediais na forma de atividade de extensão para a comunidade não universitária. Os cursos são totalmente gratuitos com o objetivo de oferecer aos profissionais das áreas de cons-trução civil e de eletricidade, revisão e atualização de no-ções teóricas e normas vigentes dos serviços que realizam, criando uma oportunidade de se sobressaírem no merca-do de trabalho e desenvolver as suas atividades com mais entusiasmo e perfeição. Dentre os objetivos dos cursos, ressalta-se aprimorar os conhecimentos e desenvolver as habilidades interpessoais dos trabalhadores da constru-ção civil e de eletricidade; oportunizar aos estudantes de graduação a convivência com estes trabalhadores, permi-tindo a vivência do processo ensino-aprendizagem e de-senvolvendo suas habilidades interpessoais e possibilitar aos professores e técnico administrativos a orientação e coordenação dos módulos do curso. Após a realização de

uma pesquisa de campo, foram obtidos dados que com-provaram o interesse do público alvo em aprimorar seus conhecimentos. A pesquisa foi realizada em várias obras da cidade de Alegrete, com a intenção de questionar os trabalhadores quanto ao grau de instrução, a necessida-de de um curso de aperfeiçoamento, a disponibilidade de horário dos trabalhadores e o grau de experiência na área de atuação. Através da análise dos dados obtidos, foi possível observar um maior interesse dos trabalhadores na área de instalações elétricas prediais e ainda que se trata de um público jovem uma vez que a média de idade é de 30 anos. A inscrição aos cursos foi realizada por meio de preenchimento de formulário e apresentação dos documentos comprobatórios de nível de escolaridade e atividade profissional pelos candidatos, tais como certi-ficados de cursos técnicos ou carteira de trabalho. Além da inscrição os candidatos passaram por uma entrevista realizada pelos orientadores e instrutores dos cursos. A entrevista teve o objetivo de avaliar os conhecimentos e experiências do candidato. Foram selecionados 25 alu-

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nos para o curso de Aprimoramento em Instalações Elé-tricas Prediais e 20 alunos em Construção Civil, sendo que destes 11 irão participar de ambos os cursos. O Curso de Aprimoramento em Construção Civil terá duração total de 92 horas, e o conteúdo abordado será: tecnologia e materiais alternativos de construção; leitura de projetos e interpretação; segurança do trabalho; comunicação e informática; tópicos de matemática. O Curso de Aprimo-ramento em Instalações Elétricas terá duração total de 92 horas, e o conteúdo abordado será: eletricidade básica; instalações elétricas prediais; projetos elétricos; experi-mentos em laboratório; comunicação e informática; tópi-cos de matemática. Os cursos irão transcorrer durantes os meses de agosto a dezembro de 2009. A freqüência nas aulas será controlada, sendo necessário 75% de freqüên-cia para aprovação. A avaliação de rendimento dos parti-cipantes será feita através de atividades continuadas, sen-do necessário para a aprovação, nota superior ou igual a 6,0. O material teórico de apoio, preparado por orienta-dores e instrutores, utilizado nas aulas será fornecido por

meio impresso. Os recursos didáticos que serão utilizados são aulas expositivas e dialogadas com apoio de recursos multimídia e quadro branco e aulas práticas nos laborató-rios de informática e eletrotécnica do campus. O projeto beneficia os envolvidos, uma vez que, os alunos de gradu-ação e professores colaboradores adquirem uma nova ex-periência no contato com um público diferente daquele que ingressa na universidade, possibilitando assim uma visão social por parte dos alunos necessária para a com-preensão do exercício da profissão. E aos trabalhadores da construção civil e do setor elétrico, o projeto propõe a oportunidade de adquirir conhecimentos modernos que refinem suas técnicas e sua prática, tornando-os mais ap-tos para o mercado de trabalho.

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GERAÇÃO DE RENDA COM ÉTI-CA, TÉCNICA E ESTÉTICA

O projeto Geração de renda com ética, técnica e estética é fruto de uma parceria entre o Centro Universitário Ritter dos Reis e comunidades da Vila Grande Cruzeiro, repre-sentadas pelas Organizações Civis Maria Mulher (Orga-nização de Mulheres Negras, Movimento de União, Paz e Justiça Social). A população da Vila Grande Cruzeiro, que se situa entre os bairros Santa Tereza e Teresópolis e cons-titui-se de um conglomerado de 29 vilas, tem como ca-racterísticas o reduzido nível de escolaridade e a exclusão do mercado formal de trabalho, fatores que a colocam em situação de vulnerabilidade social. Através do Progra-ma Institucional Comunidades Urbanas, o UniRitter tem buscado apoiar estas comunidades ao propor iniciativas para minimizar e superar estas dificuldades. A primeira

fase deste projeto constituiu-se de estudo para identifi-car potenciais alternativas de geração de renda. Tendo em vista a existência de espaço de convivência equipado com algumas máquinas industriais de costura, na sede da ONG Maria Mulher, o desenvolvimento e a produção de vestuário e acessórios para comercialização configu-rou-se como uma primeira proposta de trabalho. A par-tir desta definição, foram realizados cursos e oficinas de aprendizado e aprimoramento de técnicas de costura e estamparia. Algumas mulheres que se identificaram com a atividade iniciaram a produção de sacolas de tecido, sob encomenda, apoiadas pelo conhecimento acadêmico de estudantes dos cursos de graduação em Design e Admi-nistração. Em 2008, o grupo de costureiras confeccionou 400 sacolas para a IV Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação (SEPesq) do UniRitter, bem como alguns modelos para a ONG Maria Mulher. Uma nova encomen-da para o evento de 2009 está em processo de produção. Dando suporte à proposta de comercialização, foi elabo-rada a logomarca da grife Odoyá, que representa o grupo

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de trabalho. Espera-se, como conseqüência da consolida-ção desta equipe, a formação de uma cooperativa cujo intuito não se restrinja somente à constituição jurídica, mas possa ser, sobretudo, uma importante instância para a socialização e a multiplicação dos saberes e experiên-cias construído durante esta trajetória. No sentido de ampliar as possibilidades de geração de trabalho e renda iniciou-se, neste ano, o estudo para o desenvolvimento e a produção de novos produtos para comercialização: jogos didático-pedagógicos. Para a viabilização da pro-posta, torna-se necessário agregar a serigrafia às técnicas de costura e estamparia já utilizadas até o momento. Isto significa, também, incluir novos indivíduos ao grupo atu-almente em atividade, bem como buscar assessoramen-to junto ao curso de Pedagogia do UniRitter, através do auxílio de professores das mais diversas especialidades. Este embasamento teórico é essencial à concepção de materiais lúdicos que desafiem o raciocínio respeitando o processo cognitivo específico de cada faixa etária. Inicial-mente, os jogos serão concebidos com foco em Educa-

ção Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, sendo testados experimentalmente em escolas antes da etapa de produção em série. Os resultados acumulados até o momento, embasados na constante articulação entre os saberes acadêmicos e os saberes práticos das comunida-des, estimulam a continuidade do percurso. Se, ao pro-vocar reflexão, conseguir gerar consistente mudança nos grupos envolvidos, será possível comprovar o verdadeiro papel social das instituições de ensino.

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LEGADO DE JOSÉ A. LUTZENBER-GER: REFLEXÕES CRÍTICASO presente trabalho tem por objetivo relatar os estudos realizados no contexto do Projeto de Extensão “Ecoperso-nalismo, Direito e Ambiente”, durante o primeiro semestre de 2009. O Projeto de Extensão “Ecopersonalismo, Direito e Ambiente”, que está vinculado ao Departamento de Di-reito Público e Filosofia do Direito da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e registrado em sua Pró-Reitoria de Extensão, possui como temática o estudo do pensamento ecológico e do direito ao meio ambiente a partir da perspectiva ecopersonalis-ta, dando continuidade aos estudos sobre pensamento ambiental realizados no contexto do Projeto de Extensão “A metodologia jurídica na pós-modernidade”, em linha de pesquisa que possui o mesmo nome (“Ecopersonalis-mo, Direito e Ambiente”). A visão ecopersonalista parte da tentativa de estabelecer um equilíbrio na relação entre

homem e natureza, como forma de atender a atual exi-gência de um direito a um meio ambiente equilibrado, em que a pessoa humana desempenha um papel-chave na busca pela sustentabilidade e harmonia. No primeiro semestre de 2009, inicialmente, foram realizados debates e reflexões em torno da obra “O negócio é ser pequeno” (“Small is beautiful”) de E. F. Schumacher, cuja abordagem central vem a ser uma análise crítica do modelo de de-senvolvimento economicista ou tecnocrático. Posterior-mente, foi consolidada a proposta de realizar estudos e pesquisas referentes ao movimento ambientalista no Rio Grande do Sul, a partir das seguintes perspectivas: (a) bio-grafia e bibliografia dos principais nomes rio-grandenses do pensamento ecológico, (b) análise histórica dos prin-cipais desastres e fatos ambientais relevantes, com a sua consequente repercussão para a sociedade rio-grandense – âmbitos jurídico, político e social; (c) resgate, a partir da literatura gaúcha, da cultura e do ideário do gaúcho em relação ao meio ambiente. A partir da referida proposta, até o presente momento, foram desenvolvidos estudos

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sobre o movimento ambientalista no Rio Grande do Sul e no Brasil e, em especial, das idéias do ambientalista gaúcho José A. Lutzenberger. Além da obra “A história do ambientalismo” de autoria de Augusto Carneiro Cunha, foram estudadas e debatidas as seguintes obras de au-toria de José A. Lutzenberger: “Fim do Futuro? Manifesto Ecológico Brasileiro”, “Pesadelo Atômico”, “Manual de Eco-logia: do jardim ao poder” e “Gaia – O Planeta vivo (por um caminho suave)”. Desta forma, o Projeto de Extensão “Eco-personalismo, Direito e Ambiente” ocupou-se de realizar uma releitura da obra de José A. Lutzenberger, de manei-ra crítica, objetivando realizar um resgate das principais idéias contidas em seu pensamento, correlacionando-as com a proposta ecopersonalista. Em suas obras, José A. Lutzenberger, em linhas gerais, preocupa-se em abordar os problemas ecológicos, suas causas e suas consequên-cias. Mas, além disso, Lutzenberger apresenta reflexões sobre possíveis soluções para a crise ecológica, como propostas para um novo rumo para o futuro. Suas obras foram escritas, principalmente, em um momento em que

o pessimismo e a esperança (em relação à natureza e ao futuro do homem) misturavam-se. Lutzenberger traba-lha, desde o início, com a idéia de que o atual modelo de sociedade caminha rumo à calamidade, mas que ainda resta esperança para acreditar na mudança, por meio de atitudes de respeito e integração com a natureza. Porém, Lutzenberger mantém uma constante preocupação: o tempo, pois, segundo ele, o homem deve agir agora para que consiga realizar as mudanças necessárias (corrigindo seu comportamento/relacionamento com a natureza, ou seja, corrigindo seu modo de vida). O principal legado de Lutzenberger, segundo as conclusões obtidas a partir da leitura de suas obras, é a demonstração da necessidade da adoção de políticas públicas que garantam o desen-volvimento sustentável e a necessidade da adoção de to-dos de medidas em prol do meio ambiente, a exemplo da adoção de práticas que reduzam ou eliminem o des-perdício dos recursos naturais, produtos mais eficientes e que consumam menos energia, etc. Assim, demonstra que a reversão da crise ambiental depende bastante da

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mudança de comportamento dos homens, tanto em suas pequenas ações corriqueiras do dia-a-dia quanto nas grandes ações que são tomadas pela via de políticas pú-blicas dos Estados. O Projeto de Extensão “Ecopersonalis-mo, Direito e Ambiente” pretende dar continuidade aos estudos dos principais personagens do ambientalismo brasileiro, realizando um resgate das idéias e da cultura ambiental, já estando programada a leitura da obra “Sin-fonia Inacabada. A vida de José Lutzenberger”, de autoria de Lílian Dreyer. Igualmente, o Projeto de Extensão “Eco-personalismo, Direito e Ambiente” pretende ampliar a di-fusão dos seus trabalhos por meio de ferramentas eletrô-nicas, como é o caso do Blog Ecopersonalismo (acessível no seguinte endereço eletrônico: http://www.ecoperso-nalismo.blogspot.com/) e no espaço do projeto na Página Web do Portal Nova Methodus (acessível no seguinte en-dereço eletrônico: http://www.ufrgs.br/nova_methodus/eco/eco.html). Desta forma, a Página Web do Projeto de Extensão “Ecopersonalismo, Direito e Ambiente” é o es-paço onde serão depositados os trabalhos e publicações

objetos de estudos, a exemplo de resumos das obras, re-senhas, textos, artigos, relatórios de atividades e demais trabalhos; enquanto que o Blog Ecopersonalismo servirá de meio de divulgação de reportagens, estudos e demais materiais informativos e científicos sobre a temática am-biental, correlacionando-os à temática ecopersonalista. Desta forma, o Projeto de Extensão “Ecopersonalismo, Di-reito e Ambiente” também objetiva ampliar o rol de suas ações por meio da difusão do conhecimento à Sociedade em geral, através da Internet.

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CONEXOES DE SABERES E EDU-CAÇAO AMBIENTALO projeto de extensão, Conexões de saberes tenta, Atra-vés de diálogos e ações praticas (oficinas), estreitar as relações da universidade com as comunidades carentes. O projeto se divide em quatro territórios: Escola aberta, Ações Afirmativas, Cursinhos Populares e Museu Comu-nitário da Lomba do Pinheiro (MCLP). O MCLP tem como objetivo valorizar a história do bairro Lomba do Pinheiro. E através desta história incentivar os moradores a darem mais valor ao lugar onde moram. Não diferente disso, as atividades dos bolsistas atuantes neste território, possui também esse objetivo. Por ser um bairro de periferia, que cresceu muito e desordenadamente, durante a época da ditadura (como tentativa dos governos militares, de afas-tar os desempregados do centro da cidade), ele sofre com muitos problemas estruturais e sociais. Uma das conseqü-ências destas serie de problemas, é o freqüente desma-

tamento que vem ocorrendo no bairro. Em nossas ações como bolsistas do território, decidimos realizar um ciclo de oficinas sobre educação ambiental, por acharmos que este problema possui extrema importância para, não só, os moradores do bairro, mas para a sociedade em geral. Através de conversas e um numero de sete oficinas (intro-dução ao assunto, compostagem, jardinagem, espiral de ervas, hortas, viveirismo e ocupação verde), pretendemos promover a conscientização dos moradores do bairro da importância de proteger, conservar e valorizar a natureza. Tendo em vista que a Lomba do Pinheiro possui grande quantidade de mata nativa, utilizar-se deste fato, para de-monstrar aos participantes que o local onde vivem possui enorme valor e que também deve ser cuidado.

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PROJETO CHELONIA-RS E A PER-CEPÇÃO AMBIENTAL SOBRE O PARCÃOO estudo da percepção ambiental é de fundamental im-portância para que possamos compreender melhor as in-ter-relações entre o homem e o ambiente, suas expecta-tivas, satisfações e insatisfações, julgamentos e condutas. A importância da pesquisa em percepção ambiental para o planejamento do ambiente foi ressaltada pela UNES-CO em 1973. Uma das dificuldades para a proteção dos ambientes naturais está na existência de diferenças nas percepções dos valores e da importância dos mesmos entre os indivíduos de culturas diferentes ou de grupos sócio-econômicos que desempenham funções distintas, no plano social, nesses ambientes. Assim, objetivamos neste estudo, uma análise da percepção ambiental dos freqüentadores e usuários do Parque Moinhos de Vento

(Parcão), em Porto Alegre-RS, com enfoque na fauna lo-cal, especialmente no que se refere aos quelônios, já que a maioria desses animais é proveniente de descartes por seus “proprietários” no lago daquele Parque. O presente estudo é composto por duas fases, a primeira, um inven-tário das espécies de quelônios que ocorrem no lago do Parcão e, a segunda, a análise perceptiva do ambiente pela população. O inventário foi realizado entre agosto de 2008 e fevereiro de 2009, em 14 campanhas com du-ração de 4 a 8 horas por dia. Os quelônios foram coleta-dos com puçá a partir da margem do lago. A cada animal capturado atribui-se um número de identificação, através de uma codificação de entalhes nos escudos marginais. O comprimento linear da carapaça (CC) foi aferido com paquímetro antropométrico (precisão 0,05 mm) e o sexo dos adultos foi determinado a partir de características sexuais secundárias. Os animais sem tais características foram considerados jovens. A análise perceptiva será rea-lizada através de um estudo descritivo.

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