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Seminário Concórdia · EXPEDIENTE VOX CONCORDIANA SUPLEHENTO TEOL061CO Edit.ado pela Superior de Paulo Edi~ol"': Congregaç~o de Professores da Escola Teologia do lnstituto Concórdia

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EXPEDIENTEVOX CONCORDIANA

SUPLEHENTO TEOL061CO

Edit.ado pelaSuperior dePaulo

Edi~ol"':

Congregaç~o de Professores da EscolaTeologia do lnstituto Concórdia de Sc10

Paulo W. Jus!>

Congrega~~o de Pro~essol"'es:

Àri LangeAri GuethsDreno ThoméDeomar RoasErní W. SeibertLeonardo NeitzelPaulo f. florPaulo W. BussRaul BlumDf". Rudi Zimmer

as artigos assinados silo da responsabilidade de seus",ªut.o,es, 'i1.ão r"erletindo necessariamente a posição da,:::ongregacão de professores com um todo. Devem serconsider,ªdos mais como ensaios para reflexão do ~uePõ~ªcsona;rY=~ntos tlefªnit1VQ§ sobre Os temas abordados.

'-'._·7~.~>"~:~ ::-:. =~-~-.0-.. <-,. ~:.-.: -=:.:.-''-''--~ -- . - ------ ,.-~.- --~. ~ '~-....." ,- ~ .-. - , __ o

.... - ~..--- ---_ . .".- ~~_ n_. - . - .. - .-- -- .. --.". ~_._--,._--~-,- ~-, .. ,,~ ~.... -" . .,--~,,_ .. --~ ,-- '-,'" .' -"--- -- .. "" --~ -,. ~----'

- ... -

~ L~;-n~O LssllPOF;iulo-: SP

ouCaixa Post.al: 60.75485.799 - S:Jo Paulo. SP

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€'ssores da Escola:oncórdia de sao

paLaVRa 80 LEITOR

"'-530ilidade de seusª""e"'te a posiç~õ da- :.odo. Devem ser

C? e-eflex:io do "'!ue'" ··em.;!::; ªbordados.

------~-~ ~-----~~~----- -------

o ano de 1998 trouxe consigo grandes desafiospara a nossa Escola de Teologia. Um deles decorreuda ausência de dois colegas: O Rev. Paulo M. Nerbasque, no final do ano ant.erior, aceitou um chamado daparóquia de Sapiranga, RS. e o Dr. Rudi Zimmer que, apartir de meados do ano. se encontra nos EstadosUnidos cumprindo um programa de pesquisa e produc:tode literatura teo16giça. A saída desses colegas re­presentou, evidentemente .• uma carga adicional det.rabalho para os que ficaram. Essa é uma das raz6espelas quals o Suplement.o Teológico circula desta vezcom apenas uma ediç30 anual em lugar das duasedic:\5es costumeiras. Ao Rev. Paulo M. Herbas, queeditou o número anterior deste Suplemento, deixamosregistrado aqui a gratid:to da Faculdade de Teologiado ICSP.

O presente número traz a segunda parte doartigo Adorac20 - JJ.m.a.fJu:s.pectiva Blblica do Prof.Deomar Roos. A primeira parte deste artigo o leitorencontra no número anterior. Todos os demáis artigosdesta ediç~o s:io da autoria de alunos e ex-alunos doICSP. O Rev. Evandro Denzin colabora com uma pesqui­sa realizada, em· cumprimento a exigências da discipli­na Est.udos llil Teologia .da .Lutaro Apresentamos.ainda, uma série de estudos' bíblicos preparados poralunos do Curso de Dlaconla resldencial e Inteslvo.

Esperamos que os frutos de nosso trabalho,aqui compartilhados. possam ser ((teis aos nossosleitores.

PWB

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PEDOR8CAOSPECTIUA

SI unABIBLICA

SEGUNDA PARTEADORACAO NO NOVO

TESTAMENTO

I - PRElItUtUUtES

o úl timo livro do AT menciona o eu.l to do povode Judá. A comunidade. agora já de volta à t.erra eestabelecida; j.1 tem o seu templo e sistema culticoem pleno funcionamento. O profeta Malaquias. porvoltêl de 450 a.C., reclama da pobreza da vida deculto do povo. Os sacerdotes ministram com desleixo.os dizimos n.'!ío est.ío chegando ao templo, os animaisofertados ni!!o se enquadram no padrão previsto naTorah. Sintomaticamente o quadro da vida do povo n~oanda no mais alt.o nível (por €::xemplo: casamentosmistos, descaso dos sacerdotes). E o AT termina coma profecia a respeito do precursor do Messias; 3030Batista (cfr. Ml 4.5-6 e Mt 11.14).

Vem o período intertestamental. 5.10 tempostumul tuados. Entre outras coisas .• a vida c(Alticatambém influencia os epis6dios deste pef"'Íodo. Adeflagração da Guerra dos Macabeus~ POI'" exemplo,tem a ver com a ousadia de Ântíoco Epif ~nio naprof anaç:io do templo de Jerusalém e na oferta desacrifícios a deuses pag~os.

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11 - TERMIMOL06IR eUL -rICA

1. LatreuoA latreia O substantivo lat.reiasigni"fica "serviço. culto". A etimologia do verbo tem osignificado de "trabalhar por recompensa-.consequent.emente "ser-uir-". Na LXX.• o original hebraicodo verbo latreuo (que apar.ece umas 98 vezes) é~~ ("servir. trabalhar"). A LXX traduz •~ pordou1E~uo quando o servico em foco lê no nível humano~e por latreuo quando se refere a serviço divino.Assim sendo. salvo excec:6es. loatrPlIo sempre tem um

direta ou indiretamenteHT. Destes. quatro se

termosculto do

HA váriosvinculados aodestacam.

Segue o período do tiT. Mat.eus inicia seuevangelho com os sábios do oriente que chega •...ampara adorar Jesus. O evangelho de Marcos abre comrefe •...ência a Jo.:3o :Batista. o precursor. Lucas tem anarrativa do sacerdote Zacarias que •...ecebe a visitado anjo de Deus no santuário do Senhor. à di•...eita doaltar do incenso. O apóstolo Jo~o reporta-se a JoaoBatista e usa linguagem do AT (também cúltica) aoapontar para a en.::-":>f'naçaO do Verbo de Deus (Jo1.14).

No NT, em Cristo. cumprem-se as profeciasmessi~nicas. O MeSSias vem, o Noivo está aí. P tempode alegria. Eis o Cordeiro de Deus! Tudo aquilo queantes era sombra do Messias agora passa a serrealidade. As sombras deixam de ser. Também asantecipac8es do culto do AT cumprem-se com a vindade Cristo. Um novo momento inicia-se com Cristo. Naotanto no seu conteúdo. porém mais na sua forma. Emcontraste com o esplendor- e a pompa do culto doAr. a adorac~o dos fiéis do Hl é de uma simplicidadee singeleza sem iguais. E~ desvestida de grandescerimoniais. A sua adorac:.1o est~ centralizada noCrist.o ressur •...eto e na eucaristia. E de igual· formatem conotac:~o ética. O culto entra vida a fora dofiel.

NOVOro

I unaBIBLI

~..a o eul t.o do povo;!-e vaI ta à terra e;:: € sistema nU ticoi!': -= Malaquias. por".::::- eza da vida des:-am com desleixo,

"emplo, os animais~=:: c- áo previsto na=~ ~ da do povo nao:t ~ -, p 1o: casamentos

:. AT termina com_ ::)0 Messias: Joljo

e-:al. S~o tempos,,~; a vida cúltica

:este período. AC~_ s por- exemplO.

-. )CO Epifânio nae na o'ferta de

RTE

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-~.~~-~- ---~-~~----- ...--------------- -

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s~nt.idc r~li9ioso. n@ LxH; @ s~u U~~ ~ e5P~dfic~ffientecáltk::o (Ex 3.12;4.23 .• 706; ~tc). Pod.e ref~rir=se aoculto aos ídolos ou .iiO culto ao verdadeiro Deus, Osubstantivo iat.reia cu:or-re eílpiiimaS 9 v~ze5 nª LXX er~f':er~~se geralm~nte 'ª adcs·"u;áio CQ!tiCâ (Js 22.27)ou. ,i\ii ~;'i; simples -illto ci~ :(E~ 12J::S). Mo N§ o6J~pbü lir~~~l~ OcfJr ...~~~ ~1 ~ê~é~ ~ seu USu par"ec~ terr~~êbªdg influência d~ Mo eF ~~rv~ço indicadopele verõo é sempre Pr~stado ~ n~us ou aos d~uses(í<m 1.25 .• Çjt, '7A2). Tamb~m refere-se CIO ministériosa~r'if~cial; ministério da or~li;,ªO. E de alglHfiâ formaapont.~ p~ra um.,. Conduta Justa. O substant.ivol~tf'eia aparece :5 vezes no NT 00 :i6.~.• ~m 9.~. 12.1;Hb 9.1.6) e também está ligado diret.,. ouindiret.amente aIO minist@rio s4i!!criflcial.

2. f'['osk~ significã "prost.rar-se. adorar I

reverem:iar. prest.ar ob:edii!ndõ". Confarme os estu­d~050S. o sentido b~s~co de pr-osM:l.Jneo é "beijar"(v1ncula;;;:ão com o t.ermo ~ do alemao antigo).!iorf~H'1;lmente era entendido comO t.ermo t-f!Cfi!Cõ paraadoracão reverente aos deuses onde a pessoa pros­tr~va-:5e. ficava àe Joelhos. eventualmente beijava aterra 014 a imagem do de!J.s adorJildo. Em adh:;:ão ao atoe1l:t€'.:r-no de prostraç~o cúltlca .• prosk~ t.ambémaponta para a atitude interna de relJer-ênda Pé!:

humildade. Ma L~X.• na grande maioria dos casos,ilrO~k\ifieG traduz o ver-bo hebraieo c;tl~ch~hsignific.àndo "curvar-se. pros'tr-ar-se" (Sn :U:U~;Ex 4.31;etc.J. E usado t.am~o par~ o prostrar-se diant~ deh@nH:~ns~omo prostF'ar-5~ em ato d~ eu] t.o. ~Uãl&Hjo seref~r~ a fH.HfH!nS, pr\ê!~Ü;tufi~n indica rever-êndaprestàdâ i! alguem superiOr ~m Pt}SíÇ~O ou pOdEr;quando se roef ere a Deus, apont.a para a pront.id~o doadorador de 5ubmf.H,er--s~ '~que]e ae qu~m ele assims~ aproxima. Neste sent.ido a idéia de obediência est.ápr~serrt~ no termo. ko NT Q V~f"'bo ero5~4fl~º ocorrê59 vezes. Seu uso est.á em relac~o com um objetodivino (Mt Z.2.H; 4.~-10; etc.'. ti sentido de prosi<~do Ai é retomado no til e desenvolvido. Agorar-efere-se ao culto pre5tado a Deus e a Cristo (i'HHU~S. Ap 19.19; et.:.>.

3. beitour~ .• L~H:Gl.F'~ Q t;eroo À~it.!puf'~

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praticamente

há realmente uma mudança substancial naempl~egada pejos escritores do !iT. O HT

boa tradiç:!io do AI. Os significadostef~mos mencionados permanecem

inal te,'adõs no ~H quando comPilr'ado§;

1. N~oterminologiacontinua nabásicos dos

Sigfllfi<. a "exec u tal" uma ação de natureza religiosil ou.cúl tica;' leitou('9i.d ref ere~se a esta mesma ac:f!lio.Mor'folo9lcamente o termo é formado por- litQ.s. meus.~9.Q.ll significando liter"almente "tr-abalho do povo". Ouso do termo no grego não bíblico aponta par-a <O

s€"ntido de fazer'" CQªSàS para o corpo poi;t~co.:execu toar' taí'ef as para a s1')ciedade, serviço par"à acotnunidade. {) uso no grê90 secuiar n~o ccdr'p:ide coma utilização na LXX. O verbo ocorre cerca de H~vvezes na LXX (o substantivo 40 vezes) principamenteem passagens cÚl ticas (Ez 28; 40; etc.). Na maioriadas ocoíTências o uso do <,,'er'oo está relacionado como cul to a Deus através dos sacerdotes e levitas notabernáculo ou no templo. Ambos os ter-mos sãousados especialment.e em seções que descr-evem asfunc6es sacerdotais e rit.uais. No tiT o verboklt&.l.il:9J;Q ocorre apenas :3 vezes (At 13.2; Rm 15J~?;Hb HUD e o substantivo leitourgia aparece 6 vezes(Lc 123, 2' Co 9.12; F'p ê.17,:30,; lia 8.6; 9.2D. o seu usotambém se dá em sent.ido c:últico e sagrado •especialmente em Hebreus. E" compreensível o poucouso do termo no NT. O fim do culto na formapre·.,Jlsta pelo AT sigrÜfica que a terminologia do ATn~o se enquadra bem no novo momento inauguradopor Cristo. Mais tarde o t.ermo entrou para ovocabulário litúgico regular· da 19r-eja no seu usoeclesiático.

4. Ibre~kei", S!gfHfica "religião. culto". Estetermo ocorre apenas <1 vezes no N.T.. (At 26.5; LI2.18; T9 1.26-27) Há pouca diferença entre iaÜ"ei,ª etlu..-:..e,~.lie.t:ª.lP~ aponta par'a o culto a Deus (1"9126--27, <li nossa Aimeida tem "religj;3o"). eul to dosanjos (Cl 2.18), e r-eligião em geral H'it 26,:1).Semelhantemente o adjetivo thrp4;;l<nC; é t.raduzidocomo "religioso, piedoso" CTg 1.26)

Portanto, com base nã evidênciã linguístieã,chega-se a três conclusões a respeito do culto noNT:

: '= esp~dfk<!ltllent.e;::Cc: f'~fef"ir~se ao. "'~~~d~ir-o Deus. ()9 V~ze5 na LXX e:.:11 r.ica {J's 22.27)

12.2'5), No NT o__ uso parece ter-

~\?r''Jiço indicado~=:. úu aos deuses~ - s e ao ministérioE oe alguma "forma:t ~ O substantivo=O :t> Zj", Rm S.4. H~.t.

seio direta ou

estrar-se, adorar~'i::;;'!foí'me os estu­~.:>.,... \.1i!EHl é "beijar"

.<ilemão antigo).t;: -mo 'tecnico para;-;~=iE a pessoa 131""05­

tc...ajmente beijava aiO ~:Ti adic~o ao ato

'::"osk~ t.ambém: € reverência e

~i Crla dos casos,-~::r'ajco sr:u••rh,l'lln

õ-E" ;6.; 18.2. Ex 4,31;s:. - a ["--se diante de~.= ::u1to. Quando se

-:; 'c:a reverência:::$iÇi!O ou poder;

~ ..:,-.a a pront.icHlo do::~ quem ~1~ assim_;;: oDediéncia est.â

;;:; :;:-'G:<;K~ OCOl"re:::~:: em um obJet.oI!'C'" :J o de proSKYD.e..Q.=~:>e,volvido. AQoraí!!_ s ~ a Cr-isto (AT

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com o AT, fica para ser definido at.é que ponto aInfluência da LXX foi decisiva na escolha dos temasusados pelo 11T.

2. A compreens:io da terminologia cúltica do AT,tem muito a oferecer~ para o entendimento dostermos usados pelo MT. A leitura do NT à luz do ATfacilita a compreens:lo do culto no I1T. Em outraspalavra5~ tanto no aspecto terminológico como nosemantico existe uma relaç~o de continuidade entre oAT e o N1. E isso se veri"fic a também na área doculto.

3. No entanto, n~o se pode simplesmente dizerque o sistema cú.ltico do Ni é o mesmo do Ai. N<1o,n~o é. O 1-11 inaugura a novidade cristolÓgica, fiestrutura, a forma do culto no tH é diversa que ado AT.

Portanto a terminologia cúltico do til defineadoraç~o como servir, referenciar ou prostar-sediante de alguém superior. praticar o culto ou are!ligi:io. E isso n~o é uma aç:io meramente externa,mas inclui a postura interna. a disposiç~o mentaL aprópria vida do adorador. Digno de menç:io é o verboQro~kY.n.eJl ("prostrar-se") como indicador da forma deadoraç.ao. O verdadeiro culto a Deus e a Cristo éprestado com espírito "'inclinado. prostrado",reconhecendo-se servo e Deus como o senhop.

lU. ASPECTOS HISTOIHCOS

1. P necessário delimitar aquilo que nestetrabalho se entende por "Novo Testament.o". Crono­lÓgica e históricamente til ê o período que vai desdeo nascimento de Jesus até a morte do último após­tolo (JoAo), ao redor do ano iaS A.D., ou seja. éséculo I À.D., os primeiros 180 anos de existênci<:s daIgreja Crist~. P necessário ter isto claro em mentea fim de n~o identificar o culto do Nl com o poste­rior desenvolvimento cúltico ou litúrgico que se pas­sou dentro da Igreja a partip do períOdO pós-apostó­lico. Portanto, quando aqui se menciona o til. pensa-­se no tempo em que os apóstolos ainda viviam.

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De forma muito simplista pode-se afirmar queadoraçao crist.1 nos tempos do NT tem seu foco noCristo ressurreto. na eucaristia <Santa Ceia) e nobatismo. Eí"a dominada pela fé em Jesus como Messias

2. Para qualquer compreens~o do eul to do HT, épreciso t.er em mente que a Igreja Cri5t~ nasceudentro do ambiente do Judaísmo (como denominaç:.1oreligiosa) e que os primeiros crist~os eramseguidores do AI. A vida litúrgjca do cristianismoprimitivo se desenvolveu dentro do contexto da vidareligiosa judaica. At.é que ponto esta influênciajudaica se fez sent.ir dentro do Cristianismo é temade acalorado debate entre os estudiosos. Há os queassumem posic:ío extremada. outros s~o maiscautelosos. No entanto. o Judaísmo foi o primeirohabitat dentro do qual 05 primeiros crist~oscultuilí"am Cristo.

3. Por fim. é simplesmente impossível exaurir oumesmo exagerar o significado de Cristo para o HT etoda a Teologia crist~ (e aí está incluído o culto doMI>. Cristo é o pivi) de toda a Bíblia, o pilar daIgreja, o Messias prometido do AT.• a esperança deIsrael. o desejado das naçlJes} o Senhor queressuscitou vitoriosamente no terceiro dia e quevoltar~ em tempo multo breve. Com isto a IgrejaCrist~ permanece, sem ist.o a Igreja e a TeologiaCrist.:li desmoronam. Cristo é o elemento novo do tH.Ele já estava presente no AT na tipo]ogia. nasprofeCias messíanicas, nas proclamaçlles que oantecipavam. nas possíveis teof anias da segundapessoa da trindade (o Cristo pré-encarnado). Porémpara o HT chega o .die.s. fausb ..l<;; agora Cristo vem eencarna-se de fato. Ele morre, porém ressuscitavitoriosamente. E" a partir desse fato hist6rico quetoda a vida da Igreja é dirigida e iluminada. Sem issoa Igreja Crist.3 simplesmente n30 existe. O mesmovale para oculto desta Igreja.

"ó". é que ponto a=scolha dos temas

::;; a cúltica do AT.e~i:endlmento dos

:: rH à ] u z do AT~: i'iT. Em outras

~ ~.::lógico como no.=~-. nu.idade ent.re o:a-Dém na ~rea do

5 "rplesmente dizer-esmo do AT. Nao.•

KE cr~'5tológica. A'!'" - é diversa que a

-:: o do !iT define~- ou prostar-se~.~ o culto ou arr~~amente externa.t~~osiç~o mentaL a

-enÇao é o verbo~:ajor da forma deio~_s e a Cristo é,. ;CQ, prostrado",te: senhor.

~ç...ldo que nestei!'stamento". Crono­-<.:0 que vai desde~-€:jo último após­t ;; D., ou seja} éc-S :Je existência da~- claro em menteii: " - com o poste-",-;'CO que se pas­~~ odo pós-apostó­lC :: ~a o !<fT. pensa-o,.z-:ê viviam.

lU. ESTRUtURATESTAHENTO

N9 NOVO

1 í

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r"O~sSuscd:.ado i:! o Senhor" vivo. R simplicidade era notamar'cante do culto. Em a:lguns casos h,3via ministros(apóstolos, presbíteros, bispos} mas estes n~oeX€r~Ci5m eJ.ma fUE1~.ãO 5âcerdotal tal qual no AT. Toda

ausentesé outro,

@ a 5ur";'tuo:sidade dOdo eul to dos primeir~o5a estrutur~ t~mDém_

culto do Ai est.§ccrist~os. O momento

Em período de perseguH;:âo e exílio, os Judeu.s,af astados compulsóª~!amente do templo de Jerusalém,prest.av,am eu! tos nas 5~flagOg.as lüc.a~5~ Font~es

têm inf armações de comoPf'ovavelment,@ er~ a ordem d~ culto nas SinagOgasdos teropos n~o~~testamentários. Havia quatroelementos principa!s na ado;'açâo da sinagoga;oraçúes, r'ec!taç~o de Salmos, leitura das Escrituras(destaque par·cs .e? Ter'ao ~ Pentateucõ),; uma hom~lia(ou lillàL~?h) Estes mesmos quatro elementos dealguífld f arma estão pr€!sent.es na adoração da igrejado NT. Hão se pode simplesmente afirmar que oscristãos =c.opíaram~ da 5~nagOg.a~ rl1àS tambért; não sepode esqtléCer que e5t~ er~ Um modelo conhecido e(Hs Pt-:;nive I.

O NT menciona as sinagogas muitas vezes U1t4.23; 23.6; At 6.9.,; etc.)~ mas não dá mu~t.a descriçãode como as coisas ali Tuncíon.avam (por exemplo, Lc4.16ss) Igualmente o templo de Jerusalém émencionado várias vezes. Cristo ali esteve. Atéexpulsou de lá 05 comerciEintes.

5H1agOgõ. Os apóstolos taffibérn.particlpav.am de tod.as as restas elá celebrados, especialmente antes

para

frequentou templo como aNão sabemos serituais que eram

di:! ressurreicãoh~ razão aparente

MT !!~O nos dá um

tanto

sim.Mas

queParece

Criste

Jesus,de

relato complete de suas atividades. Mesmo após .aressurreição de Cristo. em princípio a Igi'eJa fl~O

abandonou a ador.aç~o no 'templo de Jerusâlém.Possivelmente os fiéis entre os Judeus continuaram afr-equentar- também os cultos nas sinagogas, E(n At 3,

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- "'",cidade era not.a::':i:.5 h3via ministros

nas estes nao.-. '=iLJ.al no AT Toda

;1',0 do AT est.aostãos, O momento

por exemph)~ eru::ontramos o rel •.••to da cura do coxoe ~ discurso do apóstolo Pedro no templo,

As f~5t~5 ~~ P~5CO~ ~ do P~nt~~o~t~c~rt~m~nt~ p~r~ a !g~~ja Crist~ via Ar (~Jl..Hlaísmc). ~~ol·~ ~~S(H::~~d~s c~m ~ r~s$u3"r~h;~ode Cristo e com (> d~3"ramam@nto do Espírito Santo.Quando S~ d~u o rgm~ªm~ntº entre o J'u.(t~í$mo ~ oCristia!1i5i11~iQ;.o acesso ao templo e ~ Sií!.i'H;~õ9êl foidlfh:u!t.adc, p,ar~ os c~~~t~ª~~o  Igf"~ej~ t~ve ~nt~o que

_ e "diO, 05 judeus,=~;c io ii!e Jerusalém,=.= lucais. Fontes--ac6es de como: _ . -:o nas Sinagogas,,= Havia quatroK ~:: da sinagoga:!;._- õ das Escrituras,-: ~~CO), uma homilia"'" '.' CJ elementos de~:oracJo da Jgreja

:~ afirmar que os__ também n~o se

- :'J~lo conhecido e

~ - _ut as vezes (Mt__ rr-Iuita descriç~o

~ -"":ir exemplo, Lc__ Jerusalém é

_. esteve. Até

:emplo como a"'c5 o sabemos se

:u.ais que eram.;;= .J <l ressurreic ~o-= -azao aparente

t-;o nos dá um=="7ô Mesmo após a;::;. a Igreja n.§o~ Je Jerusalém.'" _ -= _: Cofltinuaram a

;;- ""gogas. Em At 3,

____ n ·o_. n_"--- -----------­----.--------------

afirmam atl~ent ~U~ c cult.o cr!st~o t.êi:nh~sido modelado segundo a forma da adorac~o em voganas sinagogas, de ent~oo Talvez t.enha havido algumainfluêm::ia. Mas não S~ pode desconsider-ar oselementos especi'ficament.e cl"ist~os do culto (acentralidade ef'ãstológka~ ~ eucaristia, o bêlitismoi. (Ianta90n!sm~ que passou a existir- entre judeus ecrist:;o5 n~o girava em torne da forma ou. loc~l deeul tOb maiS em torno da natureza do pr-6pi"ic culto.Eram dois caminhos (Hferentes, e mais cedo tâU maist.&'!rde ambos haveriam de separar-se. E foi o qu~aconteceu"

~. SIMPLIC1.Ü~E D~ fiBORA~~ODOS ~KIHEIRõSCR!Sl'jOS

A ressurl"eicão marcou. indelevelment!!i!: osp•...imeiros Ci"istÃos. E3 o fato máximo da Igreja Crist~.Se ng primeiro dia do Ai houve .a criacao do universo.ent~o no "oit.avo dia do HT'" (dia d~ressu •..rE:iç~o deJesus) se deu em Cr-isto a r-ecriac~o deste mesmouniverso. A p~rtir deste fato nunca mais o mundo éc mesmo. Os primeil"05 cristãos peceberam isto commuJta clarez.a. O s~badc 'foi substituído pelo domingo("dia do DominuslO) com o objetivo de celebrarsemanalment.e esta vit6r~a de Cristo. (I dia deadopcu;:io pOr" e)(ceiêncla passou ~ ser o "primeiro diada semana" (Ai:, ee.?J; ~mbor-:a le!amos que no iníciohavia cultos di~r-ios Ü~t 2.46). N~o hi< menc~o explícitadf!! cultos; comemor"an~~ os P~:5coa Oll a aescida doEspírito S~nto <:Pentecoste). R adoradio se dava nasmoradIas dos crist~os (Fm e: Rm :16.:5. C1 ~.l~D. FI

'1 r)! ~.J

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conversao do chefe da ~amíli.e era forma nat.ural deestabelecer o novo culto e sua casa acabava sendoo local para o em:ontro dos crist~os (At. 16.15.33.18.8; 1 to U.6). Em t.ais circunstlinclas eramdesnecess~rios ministrantes oficiais. Simplicidadecertamente era a nota mar cante dos cultos de casaem casa. consistindo em sua maior parte de louvor(Ef 5.19; CI 3.16). oraç6es" leitura das Escrituras epregac1io. Em Corinto (1 to (4) ouve-se falar de"línguas" (fenômeno conhecido como glossolalia). Af esta de amor (.à~) seguida pela eucaristia (1 Co11.23-28) eram igualmente características comuns daadorac~o cristJ. Em todas estas atividades a tÔnicaera 13 Crist.o ressurreto. a at.uaç:lo do EspíritoSanto. o amor. a devoç.§a ínt.ima.

A ceia comunit~ria que distinguia os cristJos(conhecida pelo t.ermo técnico "partir do p;!o"# At28.7.U) a princípio era aparentemente umasuplement.aç~o ao culto pr€:stado na sinagoga ou notemplo (At. 2.46). Era celebrada diariamente ou pelomenos com grande frequência. Era feita na casa doscrist~os. Iniciava como uma ceia comum sendo quecada um providenc:iavê sua própria refeiç.io (1 CIO

11.29-21>. Terminava com a Santa Ceia e eracaracterizada por '"grande aiegria!S U~t 2.46). EstaCeia celebrava o banquete me~sianh:o e davatestemunho à preseru;:a do Cristo vivo.

A ceia segu.la um det.erminado padrJAio j~utilizado por Cristo na oca5i~o da instituic:~o daSanta Ceia na Quinta-feira Santa. Proferia-se umaorac~o de gratid~o antes da refeic.io com acUstribuiç:lo do pIo: Após a ceia também havia umaoracio de gracas pr'oferida sobre éS taça de vinho.Certamente as palavras sacramentais da instit.uiç,tioda eucaristia registradas pelos' evangelistas e peloapóstolo Paulo 'foram adicionadas a esta celebf"cu;~o.Talvez os primeiros crist.los concluíam a eucaristia(ou incluíam em algu.m momento da celebraç&o) com ocanto de um salmo. algu.ma exortac:Jlo. profeda .• ou.

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"; ·orma nat.ural de:asa acabava sendo

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mesmo !Com o falar em língu.as (1 ClO idj..f6).A eucarist.ia é fecunda de vinculaç~o com a

teologia do AT. As figuras usadas S~Q muitas (obanquete messi~nico. o sangu~ do cordeiro. aantecipaçâo do banquete ceiestial na t-iova Jerusalém,etc.). Ao m~smo t.empo: é o cer·ne do Evangelho do NTN:io lê sem mot.ivo que lu. tere virtualmente agonizo~Ana defesa a unhas e dentes da dou.t.rina da sant.2.ceia. Em r'esumo. para o cristão do tempo do NT aeucaristia celebrava a presença do Messiasr-E!ssuscitado bem como apontava par-ã o clímax finalquando est.e apareceria em glória (1 Co 11.26).

'Certaménte a cent.ralidade da eucaristia noeul to dos primeir-os cristãos foi fator relevante nasobrevivência da comunidade em meio aos grandesrevezes pelos quais passou bem como f ator queimpulsionou. os cristãos a um testemunho influenteno seu meio. Fica para refletir se entre nós aeucaristia ocupa esta centraHdade no nosso culto ena f"lQ5S.a vida. Se é realment~e o nosso ffi~~5 :;ülõE:f'g'ê

ato de culto e t.:omunh~o com Cristo.

~o dia d>2 Perrteco5t~. ªPós o sermão d~apóstolo Pedra, um-ã pergu.nta angustiante 5UPg!U,erd:.re os que cH..HJ!r.!i!fi <; pregac~o: "Que faremos"irmaos?" Pedr"o respondeu. prontamente:"Arrependeí~vos, e cada um de vós seja batizado ... erecebereis () dom do Espíf"ito Santo'" (~t ê.37'-38) Estapergunta e esta resposta certªmente colocam bem aimport~ncia do batismo na teologia crist.ã; impof"t~m:i.aesta também compreendida pelos pç.i..rneiros crist.~os.

M~o h~ no NT um.~ descrição \d~talhada do ritualdo batismo. A Suprema import~nda do ~t.ismo emergedas muitas alus6es ~o mesmo no til. com PQr- e~emplc"um s6 batismQ" (Ef 4.5). O bat.ismo er-a um costumefirmemente estabeleddo e tido com certo já f'lQ

tempo do ministério do apóstolo Paulo. Crist.o haviainstituído o batismo ~ a h;weJa, em obediência di ele.o pr<'1ltie::ava. H~o h~ \ndícios no NT de ter havido.a]gUm~3 ~ f"~5y~~tG do bç~tismQ nes

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tempos do HT. Exemplo de como se dava o ritualtemos no batismo aplicado por Filipe ao eunuco (AT8.36-39). Isto ilustra também a grande ocorrência debatismo de adultos no NT.

Ho mundo acadêmico~ especialmente em círculosliberais, debate-se muito a influência dos rituais delavagens cerimoniais aos quais os seguidores: doJudaísmo eram submetidos. (A arqueologia desenterroumuit.as das piscinas usadas para tal fim.) Nest.escírculos tenta-se entender o batismo cr-istaot.endo-se estes r-ituais judaicos como pano de fundo.Ou mesmo até que ponto o batismo de Jo~o Batistainfluenciou o batismo instituído por Jesus. O que ficaé que r-ituais de lavagem n~o constituíam novidade nomundo de Jesus Cristo e dos apóstolos. Porém ainstituiçJo do batismo por Jesus lhe d~ um car-~ter­novo e de autor-idade na Igreja. Cristo o instituiu eor-denou que se batizasse as nações. E a Igr-eja doHT o fez muito bem.

Como f or-ma de introduç30 do recém-conver-tidona aliança com Deus.• o batismo era o ritual porexcelência do adulto. S6 ent~o o novo crist:io eraadmitido à Santa Ceia. Igualmente como f or-ma deiniciaçJo das crianças no concerto de Deus, o batismoé de valor incalculável. Particularmente o batismo deadultos foi muito praticado. Mais tarde o seu ritualveio a tornar-se elaborado.

O significado do batismo foi interpretado no NTcom muitas figuras <lavar os pecados, r-evestir-se deCristo, .novonascimento~ morr-er e ressuscitar- comCr-isto. et.c.). Tudo isto era express~o da convicç~ocr-istJ básica de que pelo batismo ingressava-se numanova vida na comunidade messianica do Senhorressuscitado.

E. OUTROS RITOS

H~ vestígios de outros atos cl1lticos no HT (taiscomo o ministér-io aos enfermos, devoções particula­res. casos de disciplina crist3. talvez até um íníciode ·calendtsrio eclesitsst.icoR). Mas de momento estesn~o entram considerac:io para os prop6sitos desteestudo.

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se dava o ritual~e ao eunuco (AT

!"". ande oco •...rência de

u."nente em círculos~c,a dos •...ituais de

::s seguidores do~o J ogia desenterrou,a tal fim.) Hest.est batismo c•...ist.1o~c"""'o pano de fundo.i&O de Joao Batistar Jesus. O que fica5t,:tuía~ novidade no,ê:=óstolos. Po•...ém ai""e d~ um car~ter

tc-isto o inst.ituiu e.:6es. E a Ig•.•.eja do

~ recém-convertido~ era o ritual poriC novo crist30 e•...aste como forma de~=e Deus. () batismo~ente o batismo de

:.arde O seu •...itual

~~erpretado no H1illCoC5 i revesti •...-se de

e ressuscitar com~ss~o da convicç~o

~gressava-se numai;S.•~'lICa do Senha•.•.

~:.:..: tlCOS no HT (tais~E-'--,oç6esparticula­~ ..ez até um início; ~e momento estesI!S ~rop6sitos deste

---- ------=-=--==.=--------- .-_.'- ~------~ ,..-.--.-,,- ---

1. O que fica absolutament.e evidente no cultodo 1'11 é a centralidade cristológica do mesmo. SemCristo nao há adorac~o. Cr-isto é t.udo em t.odos. Neletudo se cump •...e. Ele é a origem, o motivo, e oimpulso para o cult.o. Ele é o ser cult.uado. Peleque ressuscitou vitoriosamente. P ele que est~corporalmente presente na eucaristia. Ele est~prestes a voltar. A razao para o culto vem dele,centraliza-se nele. e dirige-se para ele.

z. A impo•...tancia e a valorizaçao dos sacramen­tos s-Ao igualmente translúcidos. A percepç~o dobatismo como iniciaçao na vida c•...ista foi algo mar­cante. O bat.ismo foi ent.endido como o moment.o deci­sivo na vida do crist~o, ocasi~o em que o neo-con­vertido entrava em aliança com Cristo. Semelhante­ment.e a santa ceia era o g•...ande momento do culto.Ali estava Cristo e a congregaçao estava ao seuredor. Haquele momento se dava a comunh~o máximaentre o cristao e Deus. entre o céu e a te•...•...a. Opassado. o presente e o futuro ali se uniam.

3. A \.f arma da adoraç~o era Simples e desves­tida de cerimonial. Havia os líderes das congregac6es(apóstolos, biSpos, presbíte •...os). Porém nao haviahiera •...quia rígida como no AT. O local de ado •...ac!o eraigualmente singelo (a casa dos c•...istaos. e mais ta •...deas catacumbas e as g•...u tas). A aleg •...ia e a singelezae•...am as notas dominantes da ado •...açao.

4. O aspecto ético n:lo está desvinculado doculto. Ado•...açao genulna Implica em vida condizente daparte do adorador. Ou seja. o verdadeiro cultoc•...ist.1o requer verdadeira vida crista. P•...ecisa havercoer~ncia entre culto e vida. Os muitos conselhosapostólicos contidos nas ca •...t.as do HT e mesmo ossermões de Jesus apontam pa •...a uma vida santificadaa ser vivida pelo cristao que adora Cristo. O grandeexemplo da Ig•...eja do HT é a prAtica do amor. Bastaverificar Atos dos Ap6stolos. Neste sentido culto evida crist~ se acham numa •...elaçao decomplementaç:io.

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TERC~IRA PARTE:COMPARAÇAo

~1nOf<AçÃO NO~rE S ~r~~~~~~--~-~~-~~T O

1. Da comparação do culto no AT e no tiT verifi­c.a~:se uma semelhança na terminologia Apesar do no­vo mOffiiHito inaugurado por Crist.o também no culto.não ht! mudança substancial nos termos empregadospelo NT para indicar- a adoração do povo de Deus. HoNT percebe-se uma continuidade ter·minológica emrelac~o ao AT. Evidentemente a leitt.lra do HT tendo oAl diante de si tr·ará maior profundidade à compreen­são da adoraç~D no Hl.

2. 1'i centralídade crísto16gica é evidente emambos os testamentos. No AT. Cristo se encontra natipologia, na pregaç';o prof ética, na antecipaç~omessi:'nica, nas diversas figuras e símbolos ali usados(cordeir'o-, sacerdote, tabernáculo, der-ramamento dosangue, ele). Sem Cristo, o culto do (·fi perde o seucerne, a sua substancia báSica. E passa a ser vaziode conteúdo u'ístAo. Porém em Cr'!sto. a adorac:io doHT recebe o seu ver'oadeiro sentido eterno. Pordet.rás da pregaç~o dos diversos autores dosdocumentos do AI esttt a proclamaç~o do único Autordo AI e de toda a Bíbli.a: o pr6prio Deus que querser adorado somente em Cristo No NT, Cristo estáexplicit.amente exposto Como verificado, a adoraç:.ioelo Nl centralizava-se no Cristo r€'ssurreto evitorioso. Concluímos. portanto, que para a Bíblia aador':H;~O legitima é cf'istológica: tem sua origem emCristo, acontece via Cristo, e dirige-SE a Cristo.

3. Faz-se necessário f'eCOnr\f'cer o impof'tantepapel que os sacramentos desempenham na estruturade "H:iof'<õ1c30 de ambos os testamentos. Este aspectoé claramente evidente no culto do NT O batismo foialgo muito precioso para 05 pr!melros crist~os. Nas

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... ­~: -

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7.3T<bém no culto,~;p-~os""empregados

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retln~6ES dos cristãos; os fié'ls cong5-eg<!J~}i]m=se ~\[$

f~edoi" da etjc«1r~st!iL ~~4~1AI algo parecido acontecE:.N~o que 2i eja do Ai J~ t.ivesse os sacrament,os doH-r. Mas o aspecto sac~amental de todo o culto do AT

precís a ser €'nf atí1:ado, E isto é algo visível e palp~­ve!. em Cristo, Era quase um "sacramento", quase uma"E>flCarnaç,ão" antecipada de Jesus. Mo "elemento visí­vel" (o cordeir'o) se encontrava o "element.o divino"CCr,sto) O tabernácul0 .a~ont.ava para Deus e Crist.oh.at;~tarH~jo CC,fn ;2 no fDfHt.~ do seu povo d%B for·m«taosolu. t;ainent.e pe!~cepti·~.H?l Teologicamente era uma"antecipação mdt.er~iali2ada" de Cr-isto habitando comIsraeL f há muitos ou t,'os exemplos. Este é oelcemento sacramental do eul to do AT Se' obsevarmosbem, veremos que nestas "manifestaçÕes sacramen­tais" se acha o cer'ne do t'Jangelho no AI (como, porexemplo, o cordeiro que é oferecido no sacrifício),Assim sendo, Vê-se que o sacramento é elementofundamental no culto tanto do AT como do Ni.

4. Na (omp.i.'waç~o dos dois t.estamentos, c.ai emvista as diferenças quanto às formas de culto. Gculto do AT é suntuoso. tem preceitos detalhados.tem hierarquia, tem forma prescrita. tem coresvistosas, tem grande cerimonial externo. O culto doNT é simples e n.§o ter,,; r'ituais elaborados< Vê-SE;nisto a libef'dade do Espírito na diversidade da forma.Ambos os cultos eram legítimos. Ambos agradavam aDeus te edificavam os aclaradores. Ambos tiver-am suaof'igem no próprio Deus, Por outro, liO eonteúdo e5~sencia! h.:!i unidade. O conteudoq,a proc1amac~o é ümesmo. Apesar da dist~ncia no tempo e na ocasiao decada um, profetas e apóstolos pregaram o meSi"flCconteú.do devidamente adequados à situac~o específicade cada. Fi centralidade cristológica estâ pl'esente emafi"lbo:5 05 testamer-d:,os. Os aspectos de Lei e Evange­lho sao ,-,Ií:'Erlfictsveis no AT e no Mi. COfu:luím05, por­tanto, que quanto à fnrt'lfii do culto. há divl2r~irl ••rl@nos dois testamentos; quanto ao conteudo, h~ unida­de Porém em ambos existe uma continuidade cúltica,Para pregar' o mesmo Evangelho (Cristo) Deus utilizoutanto a ador·.,u;:J!o r·~tual elaborada do AT corno o cuJ­to simples do NT.

5. Em ambos os testamentos evidencia-se '"

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vinculac30 do eul to à ética. Adorac~o e vida v:5ojuntos. A adoraç.=o n.1§ose rest.ringe a uma meraparticipac~o em um determinado ritual litúrgico. N:lo épossível dissociar- fé e vida. MIo se pOde separ-arador-aç30 no seu sentido restrito da adoraç~o nosentido amplo. Ambos v.:§o juntos. O culto prest.ado notemplo continua na vida em atos de amor aosemelhant.e. E os atos concretos praticados na vidatornam-se ador-açto a Cr-ist.o. Culto e ética convivemcoer-entemente.

6. Por fim~ nos dois testamentos a adoraç:§omove-se em sentido retrojet.ivo e projetivo ao mesmotempo. A vis.1§or-etrojetiva do culto do AT vinculava ofiel à aliança de lahweh com Abra&o, ao ato liberta­dor do êxodo. à aliança no Sinai. S6 quem eracincuncidado, quem estava em aliança com Jahwehpoderia legit.imamente adorar a Deus e receber- osseus benefícios. A vis:!io projetiva est.á no lançar oolhar do fiel para o fu turo. para o Messias. para aMova Jerusalém, para os novos céus e a nova terra.De certa forma~ tudo isto já estava "sacramental­mente" antecipado no culto do AT. No culto do H1acontece situaçAo semelhante. O culto volta-se parao passado, para o ato salvador de Cr-isto na cruzpara .!li ressurreic:io~ para o ingresso na comunh30dos santos. 56 quem é batizado, quem est.tl em aliançacom Cristo pela fé é que pode legitimamente adorar aDeus e receber seus benefícios. O aspecto projetivoestá na antecipaç~o sacramental do Cristo vitoriosona santa ceia, no banquete messi&nico ali presente~no aguardar com ansiedade e até apressar a segundavinda de Jesus, no reino da glória que está prestesa ser definitivamente inaugurado. Mo culto. passado efuturo nivelam-se com o presente e ali seencontram. Em Cristo. o culto é o pont.o de encontroentre céu e terra, entre o passado~.presente efuturo. E este encontro continua na rotina doadorador dando sentido a todos os seus atosconcretos nesta vida enquanto ele nao entreeternidade a dentro.

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REFLEXAO E DEBATE

o:~: e vida v~oE a u.ma mera•••; ~ li túrgico. 1-130 é::::de separar

••. cdoraç~o noc_lto prestado no

, ••m.or ao·.::."cados na vida

e ética convivem

~ s a ~dorac~or: ~etivo ao mesmoi jç; AT vinculava o~ ao ato liberta-

::...em era;~ com lahweh;; e receber oss-...= no lançar oJ ""'essías. para ai e a nova terra.• 'sacramental­te culto do HTi;': :.Jolta-se paraC'- sto na cruz••'"' -:a comunh30~. está em aliança~eimente adorar ats..;.€ cto projetivo

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- -.-- ..--.----'--,'---.------...-.....----.------------------

1. O culto de Israel era um testemunho às nac6espag:is que viviam ao eu redor. Em que sentido aparticipação do crist~o na vida de adoraç~o de suacongregaç.1o será um testemunho mínimo no meiopluralista em que vive? O que ele pode fazer pelacon9regaç~o para que seu culto se torne ainda maissignificante?

2. Deus chamou Abra30 e dele formou um povo. Paraeste povo Deus tinha um propósito muito especial.Trace o paralelo com a situac30 de hoje. Quem éhoje o povo escolhido de Deus? Qual é o propósito deDeus para este povo? Guais as semelhancas e asdiferenças em relaç30 ao povo de Israel? Como a suavida se encaixa nesta realidade?

3. Os profetas denunciaram o culto externo. semparticipaç:io interna .e sem confirmaçao nos atosrotineiros. Qual a relaç~o entre o culto formal e arotina do cristao? Identifique supostas raz6es quetendem a dissociar o culto da vida crista. Como sedeve combatê-Ias?

4. No Antigo Testamento a P.iscoa era a celebrac30do evento singular e todo importante para o povo deIsrael: o êxodo. Qual a relaç:io com Cristo e a atualcelebraç:io da Pàscoa?

5. A estutura da adoraç:!io do Antigo Testamento ti­nha pessoas eleitas para atuarem especificamente noculto. Isto acontece hoje? Quais as semelhanças ediferenças entre aqueles do Antigo Testamento e 05de hoje?

6. Via Cristo. o crist30 tornou-se sacerdote de Deus.Como pode ele desempenhar suas funçOes sacerdotaisna sua família? Na sua congr,egac30? No seu trabalhoe/ou estudo? Mencione exemplos concretos.

7. Em que sentido a encarnaç§o de Jesus é novidadepara o culto do AT? Como isto fez mudar a forma da

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R\'S!nit~ ~gbre a ~e ãH;iJ <JidlOi"'.;'M:ao~ lia ~id~. rOr q~~ gi~C!í~~i5t,~ c;u)),to verd~d4E!jrr"o forad@ medieç~y de tri~to? E8 chegai" a D~U5 f 0­r'~ de Ci"'isto? Deus yem ª nõz;; fora de Cristo? O quesignifica isto pare "ª' sua Em qu.e sent.ido esta éuma pos~~ªo r'ad~c;",ª~ frente <:iif.i pluralismo do mundo

~~ ~~~rlit~ sú[~)~"~~~ t:~rftf~~)Ud~~i2 dos 5act=aéYi~.H,t.Õ5 naad(u'''a'l;Jo. Em qu~ sef'ith:h:il o batismo é .a inidaç~o daser hu.mano na ~}ida de adoraçâo a Cristo? Em qUê~eni:ido a ~~ntHa c~i,,ª ~ um elemento que f1H:ird.:.t!m eint~n~ifi€:.a a ador~c:io?

1S. Dê ~~nl:i~""t,Y$ d~ ••çt.h"s Tl<!i vi;iiffi diálria docrist~tll que s~o .atos de cuH.:;o, Lembre as diferente~voc-il!ç~e:5 do cr-ist!o (pai. mãe. filho .• filha. patrlo .•empre~adõ. professor. aluno. etc,).

H. A form.", de ado:wãç~O no IH era cõrnpl~xà; do NTsimples. Como ambas as fOi"mas podem ser aplicadasiíla sua congre~·i;jjC~o? Me,~done eJ<emplos ou ocasitlesconcretas.

12. Em que sentido podê~se dj~~r que toda a vida docrist.:io é adoraç~a? Por que n-io se pode separar O'

culto do domingo da vida durante a semana? O quetem isto a ver com cOl'i!lrêru:h~? Dê exemplosconcretos.

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Evandro Benzin

1'" to !H~ ~dor',;;gCãÕ;jêf~do~~~ãw'~~ fora

_ = ~~ar a Deu5 fo~,,-;, de Cristo? O quef ::'cc.e seí"iti(h~esta lê

:c ~ - a1lsffio do mu.ndo

LU TER O EEDUCACAO

A

I!:!-'~ c O,nPle)(aB do tiT:;.<:.::~m ser aplicadas

lI'~-Cilos ou ocasitles

S~6i~@!i'iell'tosna5=~~ é a iniciãC~O do

_ Cristo? Em quei@;-' ~~=, ~le mantém e

i!:->~e-#! . /-, (~<. ""',1

UITIROBUÇÃO

Educar é transformar. TransTormar conceitos,atitudes, aç6es - transformar a vida! Sem transf"or­maçJo n.1o há verdadeira educaçao.

O conceito de educaç.Ao de Lutero tambémconsiste em transformaç~o. Só que, para ele, estatransformaç.1o objetivada pela educaç.Ao vai além dosconceitos, atitudes e aç6es. E7 uma transf'ormaç.Aointerior, da própria alma do educando. Lutero, comoteólogo, n.1o podia desvincular a religi.1o da educaç:Jo.Ambas devem caminhar juntas para que exista verda­deira transf'ormaç,jlo. E o instrumento principal destatransformaç.1o é justamente o centro da fé crist.1, oevaca o bem do próximo e glória de Deus, servindocom fidelidade em sua vocação na sociedade e naigreja. Assim, a educaçJo cristã lu terana promove odesenvolvimento e a paz da sociedade e conduz ohomem à eternidade: transforma e liberta!

E'" por esta raz30 9ue o tema HLutero e aEducaç~o" reveste~se de grande importância. Paramelhor estudá-Io, iniciaremos examinando as bases epressupostos teológicos das reformas educacionaispropostas por Lutero e também o seu contexto his­tórico, qu.e igualmente influenciou. nestas propostas.Depois examinaremos sugestões práticas de ref'ormaseducacionais de Lutero e, finalmente, sistematizare­mos os princípios básicos da educaç~o em Lutero.

Queremos assim dar ao- leitor uma visão amplado que o Reformador pensava a respeito da educaç.1o,fornecendo subsídios para a reflexão sobre estetema de vital import~ncia na vida em sociedade, naqual a igreja é chamada a atuar, também via

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educaçáo secular, como mensageira e voz proféticade Deus.

I - LUTERO. PEDRG060 OU TEOL060?

Ao abordarmos o tema "lu tero e a Educaç~o",somos levados a pensar que alguém da import~ncia ecom a capacidade de lUt;ero, sofrendo as influênciasque sofreu, deu grande colaboraç.1o :.t Educaç.1o nomundo. De fato, Lutero contribuiu também comO peda­gogo para a r.eforma educacional dos primórdios daIdade Moderna. Porém, n.1o o fez na qualidade depedagogo ou político mas como teólogo e reformadorreligioso. Poder-íamos dizer que suas propostas derefor-mas sociais s.1o r-eflexos da reforma religosa.

Lutero, ao descobrir a justificaç~o pela graçamediante a fé em Cristo, desencadeou n~o so umareforma religiosa mas também social. Diz o DI"'. NestorBecl<: liA descoberta de que a própria fé em Cristoconstitui a justiça de Deus revelada no evangelho,encerra uma nova ética e, por conseguinte, umprograma de reforma sociaL"l A fé que se apega nosméritos de Cristo por sua justiça, pratica tambémobras de amor- ao próximo conforme os mandamentosdo Senhor. Isto faz, n~o por quer-er adquirir- méritospara si, mas em gratid~o e louvor 'Aquele que, degraça, lhe deu per-d.1o e vida eterna. Esta nova éticado amor traz consequências políticas e sociais. Poiscada crist~o, em sua própria posiç~o na sociedade, emsua vocaç~o. se esfor-çarA por agir segundo a lei doamor estabelecida por seu Salvador, pois "a fé atuapelo amor".

Neste sentido, Lutero escreveu e exortou,especialmente aos líderes e príncipes da sociedadeque promovessem ref"ormas e melhoras educacionais,bem como exortou aos pais que pr-oporcionassem boaeducaç~o crist~ aos seus filhos e os levassem àescola.

Os escritos de luter-o onde encontramosdiretrizes para sua concepç~o de educaç~o s~o estes:

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ilJ OU TEOLOGO'?

e voz profética Pref ~cio à Missa Alem~ (1526)- Instruções aos visitadores (1528) - Pref~cio.- 'A Nobreza Crist~ da Naç:~o A]em~ (1520)- Aos Prefeitos das Cidades Alem~s com o dever

de fundar e manter escolas (1524)- SeriTI~o para que mandem seus filhos à Escola

(1530).

respeito dasn~o omitir-se

assim, proposto

!~: e a Educaç:~oR,~- da import~ncia e''é - do as influênciasç~:.:: à Educaç~o no~ambé~ como peda-

::05 primÓrdios da~z na qualidade dec.ogo e reformador5~a5 propost~s de'-'; o: or ma religosa...J ::açao pela graça::õ::eou n30 !i·O uma!-a. Diz o Dr. Nestor. : =:,... ja fé em Cristo!:ada no evangelho,

conseguinte, um~ ~ue se apega nos'=a pratica também=€ os mandamentos_ adquirir méritos

_ 'Aquele que, de~-:; Esta nova ética~-<:as e sociais. Pois~:: "a sociedade, em

~,... 5 egundo a lei do~-- pois "a fé atua

:-'é'_,eu e exortou,~:: =' es da sociedadei- ::-3S educacionais,;:::-.;porcionassem boa

_ os levassem à

~-de encontramos~~_caç~o s~o estes:

-- ~~--~--~---- ---------- -_ __ M._. .. ~ ..,..

Mesmo assim, a contribujç~o de Lutero naeducaç~o é controvertida. H~ os que vêem nele umreformador n~o só religioso, mas também educacional.como por exemplo Painter em seu livro Luther 2..0

education Por outro lado, outros consideram-no umimpecílho para uma autêntica reforma educacional,como Erasmo de Roterd~, seu contempor~neo, etambém alguns analistas católicos da atualidade.

Independente das divergências de opiniões, éineg~vel o efeito renovador da Reforma Luterana nocampo educacional.

Muito também se discute averdadeiras intenções de Lutero emquanto ao sistema educacional e ter I

reformas a esta educaç~o.Para P. Monroe, em sua Hist.ória d.s1. Educac30. o

movimento educacional da reforma para Lutero tinhaum objetivo tríplice: "lutava para libertar aeducaç:ío, através do Estado, das peias que a Igrejaviera forjando durante séculos; empenhava-se paradisseminaç~o mais ampla das oportunidades para aeducaç~o; sustentava uma concepç~o mais verdadeirada funç30 d~ educac:~o na vida religiosa e secular" 2.

Sob o ponto de vista histórico, cremos queMonroe sintetizou bem as principais razões históricaspara o movimento de reforma educacional Iuterana.

E. M. Plass vai além da vis~o histórica e diz:"lhe educational aim Of Luther was thedevelopment of the individual, not theperl=:'etuation of an institution. He heldthat the Church exist to serve the JIljlfi,not the system. Luther's entireeducational philosophy was based upon themajor premisse of the wOrth and dignity,the right and privileg€!, the du ty and

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Vemos que Lutero n~o queria preservar modelospré-f abrícados e já existentes de educaç~o. Poroutro lado, também n:ia queria destruir tudo o quejá fora 'feito. Mas, seu interesse e objetivo estavaconcent.rado no homem na dignidade e, nos direitos enos deveres do indivíduo dentro da sociedade em queele vive. A educaç:!o e o indivíduo se encont.ram navida em sociedade. Por causa disso, Lutero viu aeducaç:!o como algo int.egrant.e da vida crist3, naqual todos os crist~os deveriam se empenhar comof"orma de servir a Deus e ao próximo.

Como reflexos da reforma religiosa. as propo­siç6es educacionais de Lutero n30 nos trazem umquadro completo e sistemático do que poderíamoschamar de "pedagogia luterana". Marli lemke em suatese .e Educac30 Luterana D.Q Brasil nos lembraque: •... Lut.ero n30 abordou a educaç30 como huma­nista, nem mesmo como um professor prático, e sim,como um re'formador religioso t.ratou principalment.e( ...) de amplos princípios gerais; os pormenoresdeixou-os para outros completarem".4

Como Reformador Religioso, lutero em seus"escrit.os pedagógicos" e em outras obras, sempre viua educaç:!o sob a perspectiva da fé. Sendo assim,podemos inferir destes escritos alguns princípiospedagógicos lu t.erelnos subjacentes na concepç:!o doReformador a respeito da educaç:lo, isto faremosmais adiante.

11 - O CONTEXTO EDUCACIONAL BE LUTERO

Marli Lemke diz em sua t.ese a respeito das re­formas educacionais de Lutero: "Suas reformaseducacionais nasceram de seus contatos com ascondiç6es de mudança que caracterizaram a décadade 1529 a 1539. Durante estes anos, discutia educa­ç:!o em sermões, debates, comentários e outras

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_ or·eservar modelos" d e educação. Por=es':i"uir tudo o quei ~ e objetivo estavai:': e, nos direitos e=: sociedade em que

."_:: se encontram na= '; SO, Lutero viu a

::a vida cristã, na~ S e empenhar comot -"~

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IO~AL DE LUTERO

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_---.....,=,::---:::::::-:-:-::::_---.-n--_""----

obras".5Por isso, com o fim de melhor entendermos a

atitude de Lutero para com a educaç.1o de sua épocae os princípios educacionais que norteavam o ref or­mador se faz necess.àrio conhecermos a realidadeeducacional e escolar da época antecedente e con­temporânea à reforma (fim da Idade Média - início daIdade Moderna).

Sabemos que, na Idade Média, a igreja dominavavários setores: da sociedade e possuía grande podersobre o pensamento e a cultura popular. Também aeducaç~o era promovida pelas organizaç6es eclesi~s­ticas, como nos diz U. Lessa:

"Na Idade Média a igreja não se haviadescuidado da instruç~o, fundando escolasnos conventos e promovendo a criac~o deuniversidades. Essa educaç~o. porém, erade natureza aristocrática e favoreciaapenas ao clero e aos leigos da classemais elevada. O vulgo continuava ignorantee supersticioso e não sabia ler nemescrever. Os livros eram raros e mesmoentre os nobres havia muitos que sabiamapenas assinar em cruz .••6

Vemos que o monopólio educacional da igrejamedieval muito prejudicou o avanço da eul tura econhecimento popular. Além de beneficiar somente aaristocracia com a educaç:ao~ a igreja ainda usava aeducaç~o como forma de dominaç~o e controle sobreo POVO incul t.o. fi igreja n~o se preocupava com,desenvolvimento intelectual das pessoas, mas sim comsua manipldaç:~o e controle, conf orme diz E. M. Plass=

nTne principal aim of education in themedieval Church was not the developmentof mental and moral f acul ties of mantoward a responsible individualism, but thetraining of docie ,and faithfull members of~Holy Mother Church'. For the medievalpeople at large; !ife was essentiallycorporate in the Church no less than inthe State"?

.---'7é;

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Por esta raz~o Lutero mui.to criticou. asescolas eclesiásticas pois n~o ensinavam de formaeficaz. mesmo depois de longos anos de estudo.

Na prática, a educaç.'!io em fins da Idade Média einício da Idade Moderna está organizada da seguinteforma: existiam as escolas monásticas; episcopais emuniCipaiS. Eram chamadas "Escolas latinas" POIStinham como finalidade essencial o ensino do latim.Outro nome aplicado a estas escolas era "Escolas doTrivium". Isto porque, conforme a organizaç~oeducacional da época, as "sete artes liberais"estavam divididas em dois ciclos: o trivium (gramática,lógica, retórica) e o guadrivium (aritmética,geometria, astronomia e música). Nestas escolas,portanto, ensinava-se o triviumJ sendo que agramática recebia ênfase especial.

Os alunos permaneciam na Escola latina dos 7aos 14 anos quando assumiam um oFício ou continua­vam seus estudos nas universidades.

A or9anizaç~o universitária compreendia quatrof aculdades= Artes, Teologia, Direito e t-1edicina. Afaculdade de Artes tinha caráter preparatório.Embora derivasse seu nome das "Sete artes liberais"estabelecidas por Marciano Capel1a, o conteúdoministrado na faculdade de Artes n30 correspondiainteiramente ao trivium ou ao guadrivium; o seucurrículo estava dividido em duas etapas: no primeiroensinava-se as mat~rias do trivium= gramática, lÓgicae retórica, predominando a lógica de Aristóteles. Apósum ano e meio este ciclo terminava oferecendo obacharelado ao aluno. Na segunda etapa, os alunos seocupavam com a leitura comentada dos livros deAristóteles sobre Tísica, metafísica, ética e política;as demais matérias do glJ,,adriviIJOO. quais sejam,aritmética, geometria, astronomia e música, quase n~oeram estudadas. Ao "final dest.e período, que duravadois anos, o aluno recebia o título de Mestre emArtes. Os que n~o se davam por satisfeitos,ingressavam ainda na faculdade de teologia ou direitoou medicina.

O sistema de educac~o nas Escolas Latinas eraextremamente severo e du.ro. O m~todo utilizado era

r- ,

III

IliII

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a memor'izaç~o vist.o a carência de líVf'os Os cast.lgo5,em vista disso, eram const,ant.es .3Cjueles alunos quen~o correspondiam ~s eXlg~ncias do professor'. Comoconsequência, os resultados eram fracos e insufi­Cientes,

Com a ascenç~o do luteranismo, a educaç~osofreu mudanças, ainda que mui lentamente. A memo­rjzaç~o absurda foi supr'imfda (o que foi facilitadopela existência de mais lIvros); a gramática eraaprendida em relaç~o a textos lidos, perdendo seu•..•alor próprio, tornando-se apenas um meio de sedominar o latim clássico mais refinado; a disciplina foisuavizada em funç~o de um espírito de alegria e daidéia de se "aprender brincando", insistia-se nopensamento próprIo do aluno Nas faculdades, fOIenf atizado o est udo dos clássicos e o aprendizado dogrego e hebraico,

Vemos que, com o humanismo, a educ-3ç~omedieval t.omou grande impulso. A invenç~o daimprensa e posteriormente a prÓprIa i'ndoIe da

Contudo o progresso educacional da Reforma sÓfOI sentIdo vários anos mais tarde Isto porque. aprinci'plO. a Ref'orma abalou prof'undament.e a socieda-­de alem~ no tocante .à raz~o de se en\.'1ar filhos ~escola. A obrígaç~o religiosa de se mandar os filhosaos mosteiros e escolas eclesiásticas como forma deboa obra meritória diante de Deus cessou com adivulgaç~o das idéias de Lutero. Isto gerou u.mabandono às escolas que haViam. assim, perdido araz~o de ser. Até ent~o Ir ~ escola e ir à igre.Jaeram igualmente conSiderados sacrifícios prestados aDeus, necessários à salvaç~o HaVia u.ma falsacompreens~o de quals de fato eram os objetivos daeducaç~o escolar por part.e do povo, e nIsto a Igre.jaera cúmplice.

M lemke descreve bem o guadr'o da educaç,~oalemã nos dias da ef'rupção da Reforma Luterana:

"Na Alemanha, as novas doutf'lnas deLutero circulavam por toda pa,·t.e edespertavam o entusiasmo popular, Hou".Jt~a deserção em massa das escolas tanto

criticou as-3'.'am de forma:e estudo.

-= 3 1dade Média e"' :=da da segumte..;--:::; s, episcopais e,.== latinas" pOIS

ensino do latim__ er·a "Escolas do

a or9anizaç~0:,rtes liberais"

.:'l.U..ID (gramática.". _iTl ~ (aritmética,

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5': :: a latina dos 7ç'" : o ou continua-

::::- =,reendia quatro.. _ e t1edicina. Ai.:;õ - preparatório.~~;: artes liberais"iE..>:;; o conteúdo

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•.•_sica. quase n~o!'o- : do, que durava••..: de Mestre em

~ 0"" satisfeitos,~~::Iogia ou direito

5::: 3S Latinas era~:::o utilizado era

ReForma, foram fatores deCISIVos8

para o tranco

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super,or~s como de grau.s inferiores_ Osmosteiros e as outras escolaseclesiásticas tinham cardo em descrédito eaver-s~o popu_lar muit.o antes da Reform.a,,9

socle­ecle-

no ·~u-31 Lu t.ero

secular, aministerial

latim nas eSCOlasinteresse educacional

e útil para a '..-'ida,.juventude fosse dirigidacomo Direito, a Medicina

de desprezo quase totalpropôs uma série de

elementares como nas de

30

oaprender

mais.era práticoser que aprofiss~o

context.o

uma

paraainda

forma, o interesse popular' voltou-se aoao ganha-pão, uma vez que a Escola comoeclesiástica estava falida. Popularmente o

em descrédito junto com sua principale u tilizadora - ti ígre.ja_ Por tanto, as

a

ao que"A n~o

Este era

'-.-'oItou-se

viveu. Dent,-o deste amblent.Aà educaçâo, o Reformado •.reformas tanto nas escolas

ou a i eologia, país e filhos viam pouco ounenhu_m valor em aprender o que n~o eradlretament.e relaCionado com o mundo e otrabalho no comércio. O tempo perdido naescola, eles .julgavam, poderia ser gastonb iet.ivajT,ente pm ronaui,t.ar· a '''>l(:ia'' li- ..., .. --. - .-

Com a bancarrota na educaç~odade sofreu e a própf~ia f ormac~osi~stica foi muito pre.judicada,

A derrot.a da Igreja ~'omanaJ assim comotodos os mosteiros e instituições eclesi~s­t~lCas> lançou a civilizaç~o germânica numadesordem selv-agem_ Todas as profissões,meios de vida e atividade dentro da ordemeclesiástic-a, foram ameaçadas de extinçâo_Como consequência, sem nenhuma garantiade atividades e meios de subsisténcia nascarr-eiras eclesiásticas, os pais perderamtodo o incentivo p-ara educar seus

Dest.acomércio einstituiç~ol-3tim cairadefensoramotl'-.-'açÕesdiminuíram

~liIIIIIIIlIi

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<r,f erior e5. 05- ~as escolas

descrédito e

•.. - - - =. da Reform,a".9

-=",,::ular, a socle-- '-dsterial ecle-

;; - =-3, assim como~=-' - _ ic.5es eclesiás­. __ ;ermânica nu.mar: có -= ::.s profissões,~- :en~ro da ordem='. :: : .::';:: de extinç~o.

- -=<rluma garantia-= ,) bsist~ncia nas

pais perder'ameducar seus

___ voltou-se ao: ~ a Escola como

:~; Gopularmente osua principalPortanto, as

~ nas escolas,- "-:: .= e educacional

: ."- a a vida:. fosse dirigida

- '.:to, a Medicina'.ijam pouco ou

que não era() mundo e o

-: '= -,po perdido na;; = :-:i-l.3 ser gasto

:: '" ,-,ida" 11

-- qual Lutero-= ::>: quase t ot aI

_ma série de= -::::: como nas de

nível superior; com est.as propostas nos ocuparemosno próximo capítulo.

111 - PROPOSTAS DE LUTERO PARA A REFORH~EDUCACIONAL

Dentro da realidade qu.e vimos no capítuloanterior" Lutero escreveu vários tratados orient.,mdoo povo e governantes para a import~ncia da educaçáioe da manu. tenç:io das escolas. Nestes escritos delutero encontramos n~o sÓ os principios que nortea­vam sua concepç~o educacional, mas também v.ma sé­rie de sugestões e reformas de ordem prática quedeveriam ocorrer:- papa melhora da educaç~o existen­te. Neste capítulo nos ateremos .a estas propostaspráticas de Lutero. E' claro que tais propostas s:ioinviáveis para os nossos dias por terem sido dirigidasàquela época visando a um determinado modelo educa-ocional n~o mais existente hoje. Porém, estas propos­tas nos servem de introduç:io ao que julgamos demaior relev~ncia para nós hoje, que s~o os princípios:educ·adonais de Lu tero, estudados no capítuloseguinte.

:1- Jl CurrículoQuanto ao currículo a ser usado nas escolas,

encontramos sugestões de Lu tero especialmente emdois escritos:"lnstruç:~o aos visitadoresH (1528) e•• ~A Nobreza Crist.'!i da Naç~o Alem~, acerca daMelhoria do Estamento Cristão" 052tn.

No escrito " 'Á Nobreza Cristã da Nação Alem~" J

Lutero faz uma série de proposições aos nobres epríncipes que deveriam ser realizadas pela Igreja deRoma" mas que pela corrupção do papado, deveriamser por eles executadas.

Uma destas proposit:ões.Crt2 25) pede "uma boa eprofunda ref'orma" nas u.niversidades.

Lutero aconselha que sejam abolidos "porcompleto os livros de Eísic.a, Metafísica, Tratado. ~almas. E;'t;çq de Aristóteles, até agora considef~ados

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os melhores, juntamente com t.odos os outros que seuf anam de coisas naturais, quando na realidade neles

Como teólogo, Lutero dava grande ênfase naslínguas cl.ássicas julgando-as necessárias paraconservar a pureza do evangelho. Em seu escrito aospríncipes e autoridades aiem,gs sobre "A NecessidadedeCpjar e M~nter Escolas Crist~su, ele enfatizaespecialmente o grego e o hebraico:

"H-ão foi em v~o que Deus fez escreversuas Escrituras sÓ nestas línguas. oAntigo· Testamento em hebraico e o NovoTestamento em grego. As línguas, pois, queDeus n~o desprezou, sen~o que elegeu. deentre todas as demais para sua palavra,também nós devemos honrá-las mais quetodas as outras. eu} E' preciso admitirque, sem as línguas n~o poderemosconservar devidamente o evangelho_ Osidiomas s~o a bainha na qual está colocadaa espada do Espírito.; s~o o cofre no qualse guarda .a jóia; s:~o o recipiente no qualse guarda a bebida; s~o a dispensa ondese guarda o alimento C..) se, por nossodescuido (Deus n:3o queira). abandonamosas línguas, não somente perdemos oevangelho, sen~o que finalmentechegaremos ao extremo de n~o saber Falar

iIíIliI~IliIliiIIIIIIli

nada senatur-ais

pode aprender .• nem acerca das cOisasnem das espir-ituais".12 Contudo, Lu.ter-o

"muito apreciaria que os livros .LQ.~,~~ e Poética de Aristóteles fossemmantidos ou, resumidos em forma maisbreve. fossem lidos com proveito paraexercitar jovens no bom discurso e napregação. C.) Além disso se teriam aindaas Hnguas latim, grego e hebraico, asdisciplinas mat.emáticas e História. c..) Def ato muita coisa depende disso, pois é alique devem ser instruídas e preparadas ajuventude crist~ e a nossa gente maisnobre, nas quais reside o futuro dacrist.andade". 13

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~ ~s outros que se-,d realidade neles

~::e'c.a das coisas

nem escreveralem~o".14

corretamente o latim e c

-.:-:Jdo, Luter-o!e:S livrDs L2.~,~ ::,-st.6teles fossem1&: ~ em forma mais

- - T' proveito para::.:-, discurso e na

r5:=: se teriam ainday; .: e hebraico, as5: •• História. L.) De~- : -= di~so, pois é ali~:2S e preparadas aii! - ':Jssa gente maisÊ:5:2 o futuro da

;:-3 nde ênf"ase nas- ecessárias para

::-, seu escrito aos$c:: -e "A NeCessidade·'~-~s" ele enf"atiza

_",üS fez escrever-astas línguas, o-abraico e o Novo

.:..;;:~"guas, pOis, que""2 -~.: que elegeu de~ : .2r·a sua palavra,-:-c-á-las mais que

=: - preciso admitir.i= 'i~o poderemos!! evangelho. Osi =~dl está colocadas~.: o cofre no qual

- a,::ipiente no qual.';: '" dispensa onde

se, por nosso,L'= -a;'.> abandonamos!'!!!i>E - : e perdemos o

:_ E: finalmente:2 n~o saber falar

.-------

Nesta mesma obra, lu tero também fala d.anecessidade de out.ras matéric;Js além dos idiomas:

"De minha parte, se tivesse filhos e mEfosse possível. os faria aprender n~csomente idiomas e história, mas tambérrcanto, música e toda a matemática".15

Outras propostas para organízaç.1o e reforma~.curriculares na educaç~o encontramos no escritcintitulado "Instruç.1o aos Visit.adnresu <15.28). lu terees.creveu soment.e o Pref-~ci'o deste escrito tE

Melªncht.on encarregou-se .de seu cOn'teÚdo. Por~mas idéias de lutero perpaSSam todo o document.oAssim o afirma Conrad Bergendoff, na Introduç.1o ~obra:

"Melanchton was lhe au thor of lhEInstructions, bu t luther's ideas underliEthe whole and some passages reflect hi~peno Because oftheendors.ement of it byLuther anã the f.act he not only wrotEthe pref ace bu t made revisions in lat.ereditions, the work is generaHy included inthe works of Luther".16

o documento divide-se em diversas orient.açl'S.e~sobre variados assuntos a respeito das quais ercpreciso orient.ar os pastores das congregações cserem visitadas. A última destas orientaçOes di:.respeito às escolas .

Melanchton adverte a respeito de três coisa:!:básicas que deveriam ser reformadas na educaç:io:

Apenas o latim deveria ser ensinado e a~demais línguas. como alem~o. grego e hebraicc!deveriam ser deixadas de; lado para n~o causarconfus~o para as crianças.

- As crianças n~o deveriam ser carregadas commuitos livros, evitando a mul tiplicidade.

As crianças deveriam ser divididas em grupos.

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Os g,'upos de alunos deveriam ser- di<.ndidü5 daseguinte f arma;

lo.Gr:.uP-Q

Constitui-se de crianças que esttio começando aler. Deviam-se ocupar com a Cartilha> o Pai Nosso, oCredo e ou tras orações. Quando já soubessem ler,estudariam Donato (designaç:io do livro do gramáticaromano Aelio Donato, que era o livro-texto populardas escolas medievais) com a finalidade de iremaumentando o vocabulário Deveriam apresentardiariamente ao professor suas liçOes escritas ememorizar a cada manh~ algumas palavr'as novas.Também se ocupariam com a mú.sica e o canto.

z..SJ~P-Q

Composto de crianças que sabem ler mas queainda n~o têm condiçOes de aprender a gramática.Todos deveriam ocupar-se com a música; depois oprofessor expunha as fábulas de Aesopo (sobreanimais tendo sempre um fundo moraDo Mais tardeestudava-se a gramática de Mosselamis (professorhumanista de Leipz!g) e os ColÓquios de Erasmo.Devia-se ensinar substantivos e conJugaç6es verbaise um pouco de sintaxe e prosÓdia. Ou.tros livros deleitura eram indicados para que o aluno de fatosoubesse muito bem a gramt!tica. Um dia por semanaera dedicado à instruç~o religiosa, baseada no PaiNosso, Credo e Dez Mandamentos. Deveriam tambémdecorar alguns Salmos. O evangelho de Mateustambém deveria ser exposto gramaticalmente .

.J.º GI:u.QJJ.

Para o terceiro grupo, sendo já bem treinadosna gramática, deveria-se prescrever livros maisdifíceis como Virgnio, Ovidio e Cícero. Os própriOSalunos deveriam agora expor gramaticalmente ostextos de Uirgílio. Após bem treinados na etimologia esintaxe do latim, deveriam exercitar-se na prosÓdiacompondo versos, o que também lhes aumentaria ovocabulário.

Neste grupo, algumas horas já deveriam ser

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dedicadas ~ dialétíca e à retórica.O pr·oressor deveria falar somente em LatiíYi

para que esta pr~tica fosse encorajada aos alunos.Estas escolas orientadas por' Melanchton erarYl

elementares e iniciais na vida estudantil do aluno;por isso n~o incluíam matemàtica e hist6ria, comolutero aconselhou

COmU,,"L,Alemã"

tivesse

Escolas, ÜLutero,

destasartigoseu

f t.mcjonamentodoAri 6ueths

!iOS diz:"Normalmenti: os três níveis tinham suasaulas numa mesma sala. As aulas iniciavamàs 5h 30min no vedio e às 6h 30min noinverno o Todo o ensino era em latim, sendoque muito tempo era dedicado à instruç~ode religi~oo Havia um eul to diário na igreja

com a paticipação de t.odos os alunos" 17

3 ~ Es.c.cÜ.as ~ t1€'üin3S

Outra proposta inovadora de Luteroescola para meninas que até ent~o era poucoQuando escreve 'UA Nobreza Crist:! da Naç.1oele afirma: "Queira Deus que cada cidade

2 - Bibliotecaslutero incentivou também a formação de

boas bibliotecas, pois via nelas f at.or essencial deapoio à escola e preservaç~o do conhecimento. Emseu escrito sobre "A Necessidade de Criar e ManterEscolas Crisl'§s" ele afirma:

"000 todos os que têm o desejo e aintem;:ao de que se estabeleçam emantenham na Alemanha tais escolas elínguas devem considerar que é precison~o poupar esforços nem dinheiro eminstalar bibliotecas ou casas de livros,especialmente nas grandes cidades quedispõem dos meios necessários. Pois, se sedesej.?i preserv.?ir o evangelho e todo tipode artes, devem estar consignados ecompilados i:ffi livros e escritos".18

professor"

~áucadar;

deveriam ser

c.a ..,..,..-;e n te.

__ bem treinadosh;;: - 1ivros mais:,.- :. Os próprios,r- at:calmente os:t-s -'õ etimologia e.,- - 5 e na prosÓdia":-'"= aumentaria o

,E:>e:~' ler mas que~:E - a gramáticao

- _5iCài depois o~ Aesopo (sobre~~- 31;: Mais tarde~. ,,~iS (professor~_:s de Erasmo.F-. -,gaç~es verbais

: -' tiOS livros de::duno de fato

~::: a por semana~3seada no Pai

:.e eríam também;.e.- c de Mateus

~~~~~ comecando aP.a! Nosso, o

:: ubessem ler,do gramática

- texto popular2.:Jade de irem

""'!'" ".., apresentar: ~ e 5 escritas e

s ;:alª,vras novas.'i: c arlto.

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5 - S••lec~a .d.a..s. m~lhor@~ alunoc;;Em dois de seu.s tratados, lutero propÕe que

os melhores alunos das escolas elementares sejamselecionados e encaminhados aos níveis superiorespara se dedicarem exclusivamente ao estudo. Assimafirma o Reformador:

·Os que se destacam e dos quais se podeesperar que cheguem a ser professores eprofessoras competentes. pregadores ououtros funcion.ãrios eclesiásticos, deve-sepermitir-lhes que estudem maisintensamente e por mais tempo ou que sedediquem por completo ao estudo".2i

•• - Durac:io .da pp ••rodo .de .auJ..a

Nos tempos de lutero" as escolas inICIaVam suasaulas de manh.1 indo até ~ tarde. Â criança ou jovemdedicava-se exclusivamente aos estudos. Diante daqueixa dos pais" especialmente os mais: pobres, queprecisavam do auxílio de seus filhos para ajUdar nareceita familiar e por isso n~o os mandavam à escola.Lutero faz uma proposta revolucion.aria: "Minha idéiaé que se mandem os meninos a tal escola uma ouduas horas por dia. Não obstante, o resto do tempopodem trabalhar em casa, ou aprender um ofício, ouo que se queira".20

Cremos que lutero exagerou um pouco nareduç:io da carga horária escolar, visto que uma ouduas horas di.1rias seria muito pouco para vencer ocurrículo proposto por ele. De qualquer forma n30sabemos se isto foi posto em prática. A idéia porém.é reduzir a carga hor~ria para melhorar o nível deaprendizagem.

"

II\

IIi;liiiI

I

também umao evangelholatim~" 19

escola de meninas~ na qual elas ouvissemuma hora por dia, seja em alem:!io ou

Lutero pensava que nnJo deuer~mos mandart.odo mundo para lá - como acontece agora, quandos6 se pergunta pela quantidade, e cada qual quer

j~r::;v

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:: = 1 elas ouvissem•..~ .·5 em alem:io ou

::·.2 s iniciavam suas:; :""iança ou jovem== ,,:~dos. Diante da

- ." i s pobres. quei:; 5 ~.ara ajudar na~4 -davam .\ escola.:c- a r ia: "Minha idéia-4. esc.~la uma ou

: .~esta do tempor-::e- um ofício, ou

~''- um pouco na~ s to que uma ou

•.::: para vencer o••::'uer forma n30."= a A idéia porém.~'"':'·ar o nível de

Liã -;.;:: o prop.eJe que!l~~entares sejam-~eis superiores__ es tudo. Assim

~ E quais se pode~- professores e

pregadores ou5=~StiCOS, deve-se

~5tu,dem mais-:';:-po ou que se

~ S:..1 do".21

!",'ê- amos mandarC~ agora, quando

:aoa qual quer

t.er um dou tarado ~. mas só os mais bem dotados,que previamente tenham recebido uma boa formactionas escolas menores",22

Lutero não queria uma educactio superiorelitísta, privando certas camadas da sociedade doensino nCl Universidade. Sua preocupac:Eo porém.estava na qualidade de ensino superior que, atéent~o, vinha sendo sacrificada em benefício daquantidade" Muitos obtinham o título de doutor e naverdade, n:!ío possuíam o conhecimento mínimonecessário para ostentar este título. "A semelhançade hoje, o título somente servia para garantir ums.ir.id:ll:i social mais elevado a quem o possuia. luteropreconizava o que hoje poderíamos chamar de examevestibular. Porém, juntament.e com ele, propunha umanova universidade que de fato ensinasse e preparasse(I aluno para o seu futuro ofício, coisa que hoje n:Joocorre. especialmente nas Universidades mantidas pelogoverno.

Ao contrário do que queria Lutero, o vest.ibularde hoje é muito mais restrito do que seletivo. E­também questionAvel a forma como se faz a seleç30atualmente dos alunos que tencionam ingressar nafaculdade. Os vestibulares s~o feitos num nível deconhecimento muito superior .\quele que é oferecidonas n05sas escolas de 2.0 grau. Neste ponto asugest:io de lutero é bastante apropriada porqueproP6e uma anãlise de toda a vida estudantil daqueleque tencionCl ingressar no ensino superior. Talvezesta seria uma forma mais justa na seleç~o dosmelhores para a Universidade, com o fim de mant.er oensino superior em um nível mais elevado.

lU - PRINCIPIOS EDUCACIONAIS DE LUIERO

Lutero n.l§o se preocupou, em elaborar princípiospedagógico-teológicos que norteassem o pensamento eprática das igrejas e crist~os no campo educacional.Ele também n~o escreveu nenhuma obra específicasobre a educaç~o. Contudo, dentro do contextoeducacional de sua época, que vimos anteriormente;

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I

t,iv:eSi'i;erl) enl alta ccnsiditr'l$t~o .!!li ~dUtii,-ió d~juventude. Isto fez especialmente em dois dos seusE':5CritoS: nA Hecessidade de Manter E': Criar EscolasCr'ist.:is", (escrito em 1524 e endereçado aos prefeitose autoridades da Alemanha) e "Sermao para quet'1andem seus filhos à Escola" <escrito em 1536 edirigido aos pais em geraDo Além destes, outrosescritos do Reformador {v.d. Cap D também trazemorientações quanto à concepÇao luterana daeducaç.jo.

Embora estes documentos sejam essencialmentepr~t.ícos, h~, subjacentes aos conselhos e exortaçOespara o correto procedimento dos pais e autoridadespara com a educaç.ao dos seus filhos e súditos,alguns prmcípios educacionais que afIaram aqui eacolã no desenvolvimento dos escritos. Nossa t.aref aaqui é tentar sistematizar alguns princípios deLut.ero na educaç~o à base da leitura de todos osseu.s assim chamados escritos "pedagógicos".

L 1\ Escritura (evangelho) deve ser a~a:5e da edu.c.aç~o verd.adeir .•uillente cr;:5t~L

Jamais podemos desvincuJar Lutero daquilo "luerealmente foi: um teólogo, um sacerdote, umr-eformador religioso. Por causa disso Lutero n~opoderia desvincular a f'eljgj~o ou teologia daeducaç~o, conforme diz E. M. Plass,

"We should Hke to say that to Lu t.hertrue educat.ion could not !:le divorced fromreligion. To him they were not two fieldsat all, bu t. one. lhe Reformer believedthat the truly educat.ed men is religious;and that only 'lhe religious man às trulyeducated".23

o pr6prio Plass comenta a esse respeito que oi)uque de Welhington certa vez disse: "Eduque osh0fl'Hms sem religi~o> e você entao os fará demônios!~oubadvres ••.24

Lutero pQssuia uma convicç~o semelhante a

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~: semelhante a

$'.; respeito que o0;;.';.58 "Eduque os__ f ará demÔnios

''- -,2: o daquilo queJ sacerdote, um:: s so Luter-o 1'1.10

: ~ teologia da

: .,~t. t.o luther= '2 divorced from

,~-'ot two fieldsiLe -:" mer believed

- e n is religious,"': _.5 iTlan is truly

esta, ele sabia que "a razao humana ensina somenteas m~os e os pés de um homem, somente Deus ensina

o coraç~o".25 Embora Lutero julgasse a educaç~osecular necessária e útiL ele sabia que, POi' si só,esta educaç:io n~o pode mostrar ao homem comopassar da morte para a vida. Isto sÓ a Bíblia podefazer. Por isso, em Lutero educaç~o e Bíblia sempreest~o entrelaçadas, esta constituindo-se a basedaquela. O centro da educaç~o, para ele, deve ser oevangelho e os temas centrais da fé, sintet.izados noCredo, Dez Mandamentos, especialmente o tratadodirigido •• 'A Nobreza Crist~ da Haç~o Alemt!H, ondelutero trata e destaca a necessidade de ser aeducaç.1o, em todos os níveis, guiada pelo Evangelho.

Neste documento, quando sugere alterações nocurrículo das faculdades de direito, Luter-o diz que"seria bom extirpar radicalmente o direito canÕnico daprimeira até a última letra, em particular- as decre­tais. Na Bíblia está escrito mais do que o suficientesobre como devemos nos comportar em todas asocasióes".c6 O Reformador n.:io via sentido no est.udodo Direito CanOnico, pois, na verdade, o mesmo "n~o éo que consta nos livros, mas o capricho do papa edos seus bajuladores ••.27 lu tero afir-ma ser- aEscritura norma suficiente e super-ior paraorientaç,:Jo da vida, acima de toda e qualquer leihumana. Nisto vemos o peso que Lutero deposita nafundamentaç~o bíblica de todo o processoeducacional.

Vemos esta ênfase educacional de Luter-o aindamais flagrantemente quando faz sugest6es dereformas, aos teólogos em suas faculdades. Naépoca, os Quatro Livros de Sentencas de PedraLombar-do constituíam-se num dos principais focos deestudo teológico, sendo a "cartilha" básica de todo obom teólogo medievaL O bachar-elado em Teologia sóobtinha quem fosse versado nas Sentenças. mesmoque n30 conhecesse tanto a Bíblia. luter-o prop6ejustamente a invers~o desta ordem dizendo: "Sou daopini,:Jo de que as sentenças dever-iam constituir oinício par-a os teólogos jovens, reservando-se a Bíblia

deve serc r-is t;.~_

\illa. )

Ilte

_~_ essencialmente~_-:s e exortações;; 3 5 e au toridades

" .~~.os~e súditos,i!'3 Floram aqui e~: 5 Nossa tarefaL -::. princípios de~-:..~- a de todos os~~s:os".

4 eOyi;; 4,-âó d~~jO!S dos seus

~ :: Criar Escolas!: ==: aos pi~efeit.os~e-0~O para que

iê.cS : - t o em 1530 e~ ::estes, outros

: arnbém trazem:~: luterana da

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aos doutores" 28 Lutero temia que, a continuar comoestava, o e•..•angelho ainda mais fie aria "ocioso,Juntando poeira debaixo do banco, para que asperniciosas leis do papa possam reger sozinhas,,29Para ele, aqueles que têm "o nome e título deprofessores da Sagrada Escritura, deveriam serrealmente obrigadosi de acordo com o nome, a ensinara Sagrada Escritura e nenhuma outra".3e

A educaç30 baseada e orientada pela Escriturad~veria estar presente em todos os níveis, tanto nasescolas superiores como nas inferiores Lutero diz:"lias escolas superiores e inferIOres a liç~o maisimportante e comum deveria ser a Sagrada Escritura,antes de qualquer coisa e para os meninos pequenos,o evangelho".31

Lutero dava tamanha importancia à educaç~ofundamentada e orientada pela Escritura que temiaresultados desastrosos se isto n.?io ocorresse. Nestemesmo tratado, ele diz: "Temo profundamente que asescolas superiores sejam grandes port6es para oinf erno se n30 ensinam com afinco a SagradaEscritura e se n~o a incutem nos: jovensH•32

Sendo a escola o centro da formaç~a do homeme do profissional da sociedadei bem como o lugaronde s30 preparadas e f armadas as gerac8esfuturas, Lutero insistia tenazmente em que ali fosseensinado o evangelho. Ele sabia que a mensagem doperd~o e do amor de Cristo possuía poder renovadorna vida dos homens. Assimi se quisermos profissionaise cidad~os transformados, que vivam e desempenhemsuas funções na sociedade em paz, honestidade eamor ao próximo, é necessário ensinar nas escolas oevangelho.

A educaç:!o moderna caracteriza-se justamentepor ser avesso da educaç~o proposta por Lutero. AEscritura e a fé crist~ s~o rechaçadas ao máximocomo fundamentos educacionais e, em seu lugar;levantam-se filosofias humanas, 'tecnologias das maismodernas e qualquer outro princípio que seja, .a.eriori, desvinculado de qualquer espécie de éticareligiosa. A ética do amor proposta por Lutero foisubstituida pela ética do egoísmo, o que levou a

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~ -cme, a ensinar~_ ..- --r ~-

!!::- 'f: 5 a:=;-a~a

i -",-nos

_.:nt.inUêlf' como: ~rja "ocioso,

=,__ '='ara que as- - - -~ sozinhas".29

e título dedeveriam ser

=>ela Escritura-eis; tanto nas

Lutero diz:1iç~o maisEscritura,pequenos,

~~-: a à educaç~o~: - -.'-ira que temiak :: orresse. Neste~_-~amente que as~ ~~rt6es para o~..:-::;. a Sagrada,- ... __ <:;" 32rc •.•. "= '- •

f:-~açAo do homem!i__- como o lugarg:'-= = as gerac6es~ .:::-;que ali fosse••• ';Õ a mensagem do~ ::eder renovador;r- - :JS profissionais[~- e desempenhemOco::: honestidade e•= = - nas escolas o

rc: ::-se justamen.te[5: a por lu tero. A""''?::2das ao máximo

em seu lugar,ç-: logias das maisL::: que seJa • .a.

=s::écie de ética:a ~or Lutero foi

:: que levou a

sociedade a uma glória aparente em seudesenvolvimento. mas que, na verdade, esconde ,umarealidade de total desespero e crise no sentido deviver. Como diz o Dr. Beck: "Temos potencial nuclearpara nos destruirmos multas e muítas vezes, mas nêlotemos condiç6es de inspirar esperança duradoura auma pessoa SeqUEH.•••.33

Especialmente as universidades são hoje ninhosde filosofias e ideologias das mais diversas e centrosde divulgaç~o de toda espécie de antropocentrismoseja religioso. social ou f"ilos6fico. Este materialismoe antropocentrismo está gerando toda espécie deprof"issionais sem qualquer linha moral e ética digna,que visam t~o somente ao lucro pessoal, numecarreira desprovida de altruísmo e amor ao próximo,onde .s6 o egoísmo impera soberano. E com ele cpróprio Satan.1s. E» com raz~o que Lutero diz queestas escolas. onde o evangelho n~o é ensinado, setornam "port6es para o inferno".

2_ Os pais s.:lo os pri.eiros responsáveispela educaçao:

lu tero ensina qu.e os pais s~o autoridadeconstituída por Deus sobre os seus filhos e têm porisso a responsabilidade de educá-]os tanto no campomaterial quanto (e principalmente) no campcespiritual. Por isso, para lutero, o centro deeducaç~o é a família. A educaç~o escolarpropriamente dita colabora com os pais nesta ta,...ef a .O pai de família é respons.1vel pela instruç~creligiosa de seus filhos e por desperta,:, neles odesejo de uiver vida de serviço a Deus e ao próximo,mediante o evangelho.

No . Prefácio do Catecismo Maior, Lutero faleclarament.e desta funç~o dos pais:

"Deve fazer-se, por isso, que os jovensaprendam bem e fluentemente as partesque pertencem ao catecismo ou instruç~cde crianças e nelas se há de exercitar eocupá-Ias diligentemente. Por isso é de-

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IiIIIIiIíiIliIIIã

II

ver de todo o pai de família ar-guir i pelomenos uma vez por semana, um por um,seus filhos e empregados domésticos, etomar-lhes a Hç~o, para veriricar o quesabem a respeito ou estão aprendendo, ede instar seriamente com eles a que seempenhem no est.udo, caso n~o reconheçama matéria,,_34

lutero considerava a educaç~o dos filhos atarer à .1urea dos pais_ Deus pedirá contas a eles aeste respeito, de modo que convém não seremdisplicentes nesta matéria. Ele diz:

"Para que vivem os adultos se nÃo paracuidar~ ensinar e criar a juventude? Comon~o é possível que estes sem juízo seensinem e 'guiem a si mesmos, Deus os temconfiado a nós que somos velhos esabemos por experiência o que é bom paraeles. e nos pedir~ conta muito exatadeles".35

Em ou tro lugar. semelhantemente lu teroadverte aos pais sobre o dever cios pais de educarseus filhos enviando-os à escola para que se tornemcidadãos honestos e servos de Deus. Ele ressalta queo dever dos pais de educar seus filhos tem inclusive::onsequências na própria sociedade. Se um pai:>mite-se neste sublime dever est~ agindo contra aJontade de Deus e atrapalhando o seu governo sobrej mundo. Assim diz o Reformador:

"Se. pois, tens um filho apto para oestudo e podes f'azê-lo estudar. mas nAoo f azes, sen~o que segues teu caminhosem pergunt.ar onde ir~ parar o regimesecular ~ junto com o direito e a paz,então, quanto depende de ti, procedescontra a aut.oridade secular, como .oturco; mais ainda, como o pr6prio diabo".36

P por esta raz~o que Lute"ro considera gravepecado o fato de não educar os filhos:

"Considero. ainda. que entre os pecadosexteriores que comete o mundo. nenhum étão grave diante de Deus nem merece pena

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educamos,,3?vemos que Lu ter o vai mãis além e propl)e aos

pais uma educação altruist.a de seus filhos. Sendo avontade de Deus que o vejamos em nosso prÓximo (Mt25.4fH, o amor aos outros deve ser o Objetivo devida daquele que deseja viver neste mundo a serviçode Deus.,lutero por isso diz:

"H~o te há dado filhos e também suamaou tenç~o para que somente tu tenhasprazer com eles ou os eduques paraglÓria do mundo. Se te h~ ordenadoseriamente que os eduques para o serviçode Deus ,ou do contr,ário, serás arrancadode raiz com seu filho e tudo~ de maneiraque se perca tudo o que investires nele,como diz o 1.Q mandamento: "Visito a

maldade dos pais nos filhos até a 3.Q e qg

gerac30 dos que me aborrecem".38Na época em que Lu tero escreveu estas

palavras, muitos pais n~o viam sentido em enviar seusfilhos à escola. Para eles era suficiente ensiná-l os aganhar dinheiro. Agiam assim como se n~o tivessemresponsabilidade diante de Deus por educar fielmenteos filhos que ele lhes concedeu. Lutero porém,mostra aos pais que deveriam enviar seus 'filhos àesc()la para prepará-Ias a fim de que o Senhor- Deuspudesse usil-los para servir a outros. PaI'"' isso, aeducac~o dos filhos é um serviço qu.e os paisprestam a Deus, como diz {}' Df". Nestor Beck

" Lu tero vê di educaç:io como sel'"'viço queos pais e au tor-idades, pastores e mestresprestam a Deus. Educar as novas geraçõesé eCh.J.car-, voluntariamente ou n~o, noregime ou. governo secular de Deus sobreo mundoo Educá--Ios crist~mente é ademais,participar voluntaria e espontaneamenteno governo espiritual de Deus, que visa àredenç~o da humanidade".39

Vemos qu.e, na concepç~o luterana, os paiscolabm~am no governo de Deus sobre o mundo

=~:d.a ar'guir, pelo""2ri2; um por- um,:::5 domésticos, eê"erificar o que::ác aprendendo, e.- 81es a que se5~ nio reconhecam

;;~c dos filhos acontas a eles a

~yém n~o serem

.;.:05 s~ n.1o pal'ai ~uventude? Como~~s sem juízo ses•...:;:,$, Deus os tem:;::mos velhos e::=ue é bom para~.'::,:; muito exata

[.;;'~'!1ente Lutero:5 ~.ais de educarr~ que se tornem

::: e ressalta que:l~:::s tem inclusiveo.ce Se um pai

2:9 ndo contra a~~ governo sobre

~ apto para oi:S::';' dar J mas nAoL.'; S teu caminho

:;.ê -.cl!'"' o regime~,~~:o e a paz,::c-e ti; procedes~c_:ar, como o

~~ :::O~'IO diabo".36:: "'s(dera grave

c~- ~ os pecados~,_ - jO, nenhum é

-nerece pena

tão severacometemos

como precisamentecom nossos filhos se

o quen~o os

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educando fielmente seus filhos. Isto nos leva a umterceiro princípio educacional de lu tero.

3- i\ educaiC~o é instru_ent.o de ieuspara governo do mundo_

Lutero via como art.imanha e ac~o do diabo oidesprezo da "educac:!o da juventude. O domíniosat:inico sobre o mundo mais facilmente se instalaráEse as novas geraç6es n~o forem educ.adas. Ele diz:c

"Mas n~o é de se estranhar que o malignodiabo encare o assunto desta maneira esu.gira aos carnais corações mundanos queabandonem' deste modo os meninos eadolescentes C.> Por certo seria umnéscio se admitisse ou ajudasse a instruirem seu reino.aquele que logo o destruiria,coisa que sucederia se perdesse osaboroso bocado, a querida juventude, outivesse que permitir que. a custa e comseus bens, aquela se consei'vasse para oserviço de Deus".49

E ainda:"Uma das suas (do diabo) artimanhas maisimportantes (se n~o a mais importante)consist.e em atormentar e enganar ohomem comum de tal maneira que n:íoqueii'a mais mandar seus filhos á escolanem fazê-I os estudar".41

Ist.o dizia porque tinha é! profunda convicç~o de

" ~r -~-

IIIIJI

I

que:"A educac::Io á nada menos que o meio depromover a continuidade e efic~cia tantodo governo espiritual como do governosecular de Deus. A educaç~o e o meio que~ usa para preparar colaboradores

<1""seus no governo do mundo",·coAssim. o Reformador considerava a edu.;:::ação

algo de interesse fundamental do próprio SenhorJ esuse também do mundo:

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leva a um

~ênto de Beus

:;:§o do diabo oF" ". ~:: e O domínio.~--"e se instalar~Ii.:a::as. Ele diz:!ra- que o maligno

::~stg~ maneira e~~; mundanos que

:5 meninos e:~-t,o seria um

.iiL :3sse a instruir~::;:' o destruiria,S~ perdesse o

~ ..a Juventude. ou! :: custa e comIf'"se,.-·vasse para o

"" 2-timanhas mais•••2 S importante)

r- e enganar o~=-e;ra que n~o1> .: ~hos à escola

convicc~o de

E: ~·Je o meio de_= fic<1cia tanto

::::- :: do governof;~': é o meio queiíif" colaboradoresf'" ;.;:::

~Ta a educaç~o:;-óprio Senhor

"Pois ajudar e aconselhar a juventude éassunto sério e import ante, de sumointeresse para Cristo e p<3ra todo omundo. Nos serve também <3nós e a todosos homens de ajuda e beneficio".43

Além da educaçilo religiosa p.ar<3 benefícioespiritu.sl dos homens, lutero via tremendaimport~ncia na educaç~o secular como meio usado porDeus para preparar cada um para o desempenho desua voc.acilio para a qual tem sido chamado nasociedade:

"Ainda que c..) n.1o houvesse alma e asescolas e línguas n::io fossem necess~riaspor causa das Escrituras e Deus, seriamotivo suficiente para estabelecer emtodas as partes as melhores escolas.tanto para meninos como para meninas .• sópelo fato de que o mundo necessita dehomens e mulheres hábeis e capacitadospara manter exter~rmente seu estadotemporal; os homens para governardevidamente o pais e (} povo; as mulheres.para educar e manter adequadamente acasa, os filhos e os criadosH.44

Vemos que lutero n~o buscava promover umaeducaç~o "u tilit~ria e imediatista, que se contentacom o qu.e possa servir à sobrevivência nestemomento. e n:io incorpora os tesouros do passado,nem assume responsabilidade pelo destino das novas9EH"aç~es ••.45

Ao contrário. a luta do Reformador deu-se emprol de uma educaçao "que qualifica lideranças paradi igreja e o império, vale dizer, para o governoespirit.ual e temporal do Senhor sobre o mundo".46

Em resu.mo: "'Deus, através da educaç.1o crist.1,prepara seus colaboradores para promover o bemestar espiritual e material. da sua humanidade ecriaç~o".4?

45

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f""omoverdeveE.st.adoF-

I- I 4 ()• .po.bllca

I Uenlr-o dos pr-opÓsitos para os qua!5 Deus:ns. tl ttilU as au Lar-idades, d (>ducac:io ocupa pap'c'l de­grande import~ncia, uma vez. que é Instrumento Útil e

! ef iCaz par'a promoção da ordem e do bem_ Por isso,para Lli tero, o Es lado deve promover a educaçãoI pÚblic.a

II .. cabe ~s autoridades municipais dar todasua atenç~o e empenho .à juvent.ude J tiI que se tem encomendado a seu fielI cUidado os bens, a honra, a seguranr a e clli .-I vida de toda a cIdade, n~o cumpririam comi seu dever diante de Deus e do mundo se

=Ii n~o procurassem dia e nOite por todos osI meios o bem est.ar e melhorament.os dai cidade_ A prosperidade da cidade n~oI consiste somente em acumular grandes,. -I tesouros, e construir fortes muralhas e

:Ili armadurds ( ..) Pelo contrário. a maiorprosperidade, segurança e fortaleza de

,. uma cidade consiste em ter muitosI cidad:ios capazes, silbios, judICiosos,I honráveís e bem educados, os quais depOIS

I podej'~o acumular, conservar e utilizardevidamente tesou.ros e todo tipo debens".48I Em ou.tro escr"'ito ele dizI "A au tor!dade realmen te tem o dever depreservar os ofícios e estados antes..mencionados, para que continuem ex!s·tmdopregadores, juristas, pastores, escriv:Jes,médicos. professores e outros. POIS n~o

d - ri d 1 li 49se po e preSCIi1ulre es _Lutero é bastante claro e direto em afirmar

que 05 reCUTsos para a educaç~o deveriam Vir emp,-imeiro lugar do Estado, depOIS _dos mais ricos e atémesmo da IgreJa:

"A autoridade, quandovêumr'apazapto,procure

mandá--ioàescola Seopaiépobre,

a ..iude-ocomosbensdaIgreja05r'ICos

deveriamcontribUIraesta causa

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: .::'.'er f am v Ir em-.3 5 ricos e até

=_ - .: pais dar toda,Ju'...•entude J ti

a seu fiel

i'apaz apto,Se o pai é

da Igreja 05esta causa

com seus testamentos LJ,; isto seriaconsagrar dignamente seu dinheiro à 'igreja.N~o se trata de tirar as almas dosdefuntos do purgatório, sen~o que,mediante a mantenção dos ofícios divinos,contribuis a que tanto os que vivemat.ualmente como os que vao nascer nofuturo, n~o cheguem ao pur9at6rio~ masque sejam libertados do inferno e subamao céu; e que os vivos gozem de paz ebem estarA•50

Em outro lugar, Lu ter a afirma:"Estimados senhores, se anualmente segasta tanto em armas de fogo~ estradas~pontes, diques e inumer.íveis coisassimilares, a fim de que uma cidade goze depaz e prosperidade temporal, por que n:;;;;)investir, com mais raz~o, a mesma soma napobre juvent.ude necessitada, contratandoa uma ou duas pessoas capazes comoproFessores de escola?s51

O princípio de Lutero de que o Est.ado devessepromover a educaç~o para todo o povo foirevolucionário. Isto porque, embora houvessemescolas para sacerdotes, escolas da bur9uesi.a~escolas para os cavaleiros da corte e outras. n~oexistiam escolas para a grande massa da popula<;::ío.5í?

Este princípio de Lu tero nos faz pensar emnossas atuais escolas confessionais mantidas pelaigreja. O contexto em que lutero viveu naoproporcionou condições para que eie se pronunciassea este respeito e refletisse sobre este problema. NoCatecismo Menor. Lutero demonstra que a igreja devefuncionar em primeiro lugar como a "consciência" doEstado e também dos pais, zelando para que aeducac~o promovida por eles seja conduzida dentroda doutrina crist:i de maneira sensata e Ju.sta. IJemasisto no Prefácio dirigido aos pastores, como [~epre­sentantes da igreja:

"Aqui também deves insistirparticularmente com as autoridades e ospais para que governem bem e levem os

afirmarem

'::jua!s Deus:: '.'p a papel de

o • ~ '.' me n t o Útil e

:cem, Por isso,a educaç~o

-~." o dever de':::5t:.ados antes

;"_. -',uem ex!s·tindo'-.. "e5, escrlv~es,_ " - '--'os, POIS n~o.:

seguran(a e d" .: JiT"'i!nrlriam com. _ do mundo se. : '" por todos os'"'::.·,,)ramentos da

- _ cidade n~oi:_~ular grandesi"- • ;" S muralhas e,,---;'rio, a maiof'

fortaleza deter muitos

judiciosos,: 5 quais depOIS

":'-_3r e utilizar­-.cdo tipo de

- ------::-c::-.:...----'--'~,'-'-___=_'_'_'__'. __=_--"._----~-.....,......--

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filhos li e5cola, most.rando-lhes por que ésua obrigação f azê-lo e que pecadomaldito cometem se n~o o fazem. Pois comisso derrubam e assolam tanto o reino deDeus como o reino do mundo. como ospiores inimigos de Deus e dos homens".53

Vemos que ~ igreja cabe a funç~o ética desempre de novo, lembrar e alertar as autoridadescivis desta sua tarefa educacional para com asociedade. Em sua funç~o profética, de arauto deDeus no mundo. a igreja deve advertir a autoridadedo tremendo pecado que é negligenciar a educaç:!o deseus filhos.

Se isto era assim no contexto em que Luteroviveu, quando todos eram crjstaos~ tanto maisdecisiva deve ser a participaçt!o da igreja nestataref ri em nossoS dias, quando n~o s6 o cristianismo,mas muitas outras religiões existem e influenciam asociedade e o Est.ado. Por causa dessa plul"'alidadereligiosa de nossos dias, ocorre que o Est.ado sabeque e seu dever educar o povo, por~m n~o sabe ~educar e nem º .9~ ensinar, especialmente emrelaç:io ao conteÚdo moral e religiOSO. Outroproblema na educaç:!ío promovida pelo Estado emnossos dias e a invers.1o de valores onde a religi.ao,

! que, como vimos no primeiro princípio educacional deI Lu.tero, ~ a base e o centro de t.oda a educaç~o, lê

desprestigiada. desprezada e mesmo posta comoopcíonal no currícl..!lo, E" t.ambém notória a carênciade escolas pÚblicas para, atender à demanda decrianças e jovens candidat.os à ingressar no nívelb~sico ou superior de ensino.

Frente a este quadro da realidade educacionalque vivemos, as escolas confessionais ou evangélicasdesempenham um papel muito importante, se trabalha­rem ao lado da rede estadual oferecendo um modeloeducacional crist.jo que sirvCl de exemplo e proclama­ç~o viva ao Estado de sua tarefa de educar crist:;­mente a sociedade. Portanto, as escolas confessionaisdevem ter uma filosofia crist:i que penetre e per­passe pr'ofundamente todos os conteúdos ensinados. Emais, a fe crist~ deve nort.ear e ser transmitida aosalunos nos relacionamentos extra classe com os

r-==~

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IíIII

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"'-::CJ-lhes por que ée que pecadofazem. Pois com

tanto o reino de"TIu.ndo. come os

'" ·jC)S homens".53Func30 ética de

as autoridades: ::-",1 para com a~. :2, de arauto de~-e-t.;r a autoridade.-: 3r a educaç~o de

~;:-;.: em que Luteros-.~os:; tanto maisÇ. da igreja nestaL SÓ o cristianismo,~'2- e influenciam at:essa pluralidade= - e o Estado sabe

~- ê'-; n.1o sabe ~especialmente em

-eligiOso. Outro=elo Estado em

"e·s onde a reHgi.1o,~.,,:;::educacional de~::' d a educaç:Jo, e~5-0 posta como- - -.ór·ja a carênciae- ~ demanda deE-;-essar no nível

sL :ade educacionalÊ~ E ou evangélicas~-~ e, se trabalha­r~:e;ldo um modelo[~- = 1o e proclama--. educar crist:l­

:::.~S confessionais,.€ ::enetre e per­~- :::$ ensinados. E""- -.,-ansmitida aos

: ,asse com os

professores e direc~o. Se a igreja quer ofereceruma proclamaç:lo viva ao Estado de como deve educarcri5t~mente e quer, além disso, proclamar oevangelho por suas escolas, é de fundamentalimportância que exista uma clara e sólida filosofiaeducacional firmada sobre a Escritura, vivida portodos desde o servente até ao diretor. Do contrário,.a escola confessionai estará falhando em sua miss:lopara com o Estàdo, a sociedade e a igreja.

Estes s~o quatro princípios fundamentais eprincipais no pensamento de Lutero sobre a educaçao .Por- todos esses perpassa a premissa básica delu terol qual sejal a justificaç~o pela graça mediantea fê em Crist.o.

Queremos, por' úLtimo, destacar a importàncíaque lutero dava ao professor. Em um dos seusescritos ele diz:

"... a um pedagogo ou. professor diligente epiedoso - ou quem quer que eduque eensine fielmente 05 meninos - nunca sepode retribuir suficientemente nemremuner-ar- com dinheiro C.) ... uma .dasvirtudesffia1s eX'celentes sobre a terr,a éa de educar fielmente os filhos dosou t.ros ...••54

De f at.o, os prindpios educadonais e a filosofiaeducacional crist.:i tem seu pont.o nevr~19ico, seudesembocadouro no professor. Se o prof essor n~ofor fiel .. "diligente e piedoso" tudo mais cai porterra. P ele a real mola propulsor-a, a alma daeducaç.ao crist~ verdadeira. Nos parece que esta éuma importantíssima lição que devemos reaprendercom lu.tero: e preciso valorizar, invest.ir tempo edinheiro no professor como peça mais importante, ajóia do nosso sistema educacional. Quando isto forfeito à base da fé e do amor crist~o. ent~o teremostodas as condições de desenvolvermos a autênticaescola confessional.

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Ao concluir este t-r<:lbalho. queremos destacardois grandes lados da e(h..!caç:le em Lu tere.

O primeiro resume-se nasNest.or Beck, qU<:lndo diz:

"Mart.inho Lutero, como homem educado,teÓlogo e edtKadcw, tem o mérito de nave!'ressaltado que a educaç~o é essencial àsobrevivência da humanidade. Como pensador'.crist,a.Q, também possui o mérito de haveresclarecido a importância da educaç~o para() bem-estar' espiritual da humanidadeEsclareceu que, ao repartir e ensinar oEvangelho. a educ.acão crist.:.i convida oshomens a vencerem o pecado e a morte

,;i-.!.- &L t'fi J -.- 1~~:_ •• ,.,,,55·ífle,",larh..e a ; ~ e", e::.u;:" ,",,'l~"~'.A visão educacional de Lu tere abrangia t.octa a

aç~o de Deus na humanidade. Pela educ.ação cristã, opróprio Deus está zelando pelo bem-estar material eespiritual de t.oda a humanidade. Lutero tinhaedUl:::aç~o em alta conta por causa disso. A igreJa,ciente disso, deve lutar por uma educação cristã dasociedade, uma vez que é mens.ageíra e sacramento deDeus p.ara o mundQ.

(I segundo lado da educaç.~o em Lutero quemerece nosso destaque, diz respeito à \"ot"'maç.';iodoindivíduo em sua integralidade, isto é, como cidad.!io etambém como crist~o. membro do corpo de Cristo. Oprof essor Ari Guet.hs sintetiza bem este aspecto daeducação de Lu tero dizendo:

"a impacto do excelente sistemaeducaciema] que LuJ::.er'o opganizou, foi logosentido no grande crescimento da ReformaA liderança de leigos, senhoras; jovens ecrianças que passaram por suas escolas",resultou em congregaçé'jes fortes e bemenraizadas no evangelho. Lemtwemo-nosdesta her'ança deixada por nossoRef ormador ao discú.t~rmo:5 05 m\J.~tosproblemas que enfrentamos em nos SãScongregações. Lutero t~ec:onheceu nacrianca em deserwolvimento, () TU turo

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;!- em Lut.ero que~ fOJ'maç.:!ío do

~ _ como cidad~o e::::~po de Cristo. {}

este aspecto da

homem adui to. Com apoio de u.ma sólidaeducac~o crist~ e secular recebida naescola luterana esta criança passou aservir a Deus e seu Salvador e tornou-se,depois, um cidad.'!io que corrtribuiu.significativament.e para {) bem-estar de:;;;;u"., ;g SPUq;; ;;.;;;<;:;10",.56

A educ:aç~o como instrumento formativo dasociedade e da igreja é algo característico deLu t.ero. At.ravés dela. o futuro cidadão e membro dacomunidade cf'istã é preparado e formado. Por isso, éessem::ial que seus fundament.os vivenciais estejama]icerçado:5 na fé crist~. üma vez firmados na graçae no amor de Deus desde a mais tenra idade. os~ , .homens e mulheres do futuro terão condições deviverem e desempenharem com maior fidelidade suavocaç~o, seja na sociedade~ seja na igreja.

Esta é a educação "libertadora" proposta porLutero que, antes de tudo, preocupa-se em libertaro homem do pecEido e da culpa pela desobediência aiDeus; mediant.e a fE!! no Salvador Jesus Cristo.Preocupa-se em, pela f é; abri •.~lhe uma novapersp~H:tiva de ""Ida no mundo; vida na qual ele estãlivre de modelos e sistemas filos6ficos e ideológicosporque sabe, a partir da fé~ julgá-los e discerní~los;vida na qual ele est.á "livre para servir".

Cabe aqui refletirmos sobre a nossa atualeducaç~o luterana no BrasiL praticada em nossasescolas assim cham-adas "paroquiais". Cremos ser estaa raiz do problema: nossas escolas lu teranas s~ochamadas "paroquiais" e sao dirigida, em certosaspectos (como, por exemplo; >O currícuJo das aulasde religiao) como tais. porém em ou t.ros, apesar donome "luteranas". não passam de escolas igu.ais àsoutras. Isto demonstra l.tma f aI ta de clai"eza paracom o propósito, o objetivo de se manter escolaslu t.eranas, ao lado da rede est.adual ou federal. Porvezes. nota-se a int.enção de formar crist~mente ocidad:lo e prOfissional da sociedade; em outros casos,o que predomina é a int.enção de. via escola"paroquial", junt ar fundos para finalidades: diversas.Ainda há a intenção missionária com a escola, mas~ueí em geral, não passa da ata de decis~o de

do

sistemafoi logo

Reforma:: - :; <:ifHZOU.,

: '-ef-":to ela

re· - .",trangja toda a• ~: ç;;;ç~o crlst~5 o'= - es t~r material ef,,", _ utero tinha a_::.':: diss!J. A igreja,

"":.' caÇao cr'st~ da_ e sacramento de

oras, Jovens esuas escolas.,

:~;s fortes e bemlemb,-emo-nos

._ por nosso~ - -.:;s os muitos~~~D5 em nossas

-sf:onheceu na:;futuro

'"",ornem educado;"érito de haver'

e: ..~ - .~ () é essencial à"'-:. -:. o=: Clmo pensador

-'érir.o de haver~~ :~ educaç~o para•.2. da humanidade~ =-= - r;. j' e ensinar o

: - s t~§ convida os.:;::~.ado e a morte

,,;..-."55'_.l.:.~ •

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íI

II

I

fundar a dita escola ..Urge que retomemos o pensamento de lu tero

sobre a educaç~o e redirecionemos nossas escolaslu teranas. N~o podemos nos esquecer que oRef armador falou para uma realidade de autênticaescola paroquiaL isto é, a escola atendiaexclusivamente os filhos dos membros d.acongregaç~o. Hoje nossa realidade é bem ou traNossas escolas possuem em suas salas de aulaalunos que, em sua quase totalidade, n~o s~oluteranos. Por isso, se queremos ser coerentes comos princípios da educaç~o transformadora propostapor Lutero, n~o basta transmitirmos mera culturareligiosa na única aula de religião que ministramosaos nossos alu.nos semanalmente. H.1o basta darmospuro conhecimento bíblico aos alunos; precisamosmirar com nossa educaç::lo crista luterana, o serintegral do aluno: seu conhecimento, suas atitudes,suas ações e também seu espírito.

Esta não é uma tarefa fácil. E' precIsoreformularmos o currículo de ensino religioso .apartir das necessidades e interesses dos prÓpriosalunos e n30 impõr-lhes histórias bíblicas e doutrina.f' preciso que o professor de religi~o saiba aplicarlei e evangelho ~ vida do aluno, tanto em sala de'w Ia quanto fora dela. [7 preciso que nosso corpo';ucente seja crist~o confesso e convict.o, (se n~omesmo luterano), e esteja ciente dos objetivos efilosofia da escola luterana. E' preciso que toda aescola, desde a direç~o até aos serventes, respire etranspire um ambiente crist:!ío de amor e compreensãomútuo,; f' preçiso que as mensalidades cobradas dosalunos n~o contrariem o que é pregado e ensinado naescola, tornando-a eiitista e descomprometida com osque mais têm necessidade de uma boa educaç~o. E:preCiSO, de alguma forma, desenvolver atividades queaproximem e relacionem os alunos e seus pais com osmembros da igreja que é a mantenedora da escola.

Muitas outras coisas d~vem ser feitas eagilizadas em nossas escolas para que sua educaç~oseja, como queria lutero, integralmente libertadora etransformadora. Porém, acima de tudo, Jamaispodemos esquecer e deixar só no papel, aquilo que a

'52

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~==-2ntü de Lutero- - - nossas escolas

-= 5 quecer que oL ::::de de autêntica'" escola atendia~;: membros da~::~ é bem outra.~::5 salas de aula,c:: .. :,: dade, n.1o s~o

52- coerentes com,":-madora proposta";--os mera culturaF'~;: qU~ ministramos

..•~o basta darmos= . .1 nos; precisamos

::; 1uterana, o sersuas atitudes,

.:2cil. E7 preciso,;:-sino religioso a

-~sses dos próprios::-blicas e doutrina.

-e: gí~o saiba aplicar':anto em sala de

,. que nosso corpo" ::onvicto, (se n~o:; e dos objetivos e= - eciso que toda a;;:""-'.Jentes, respire ea~or e compreensao~ades cobradas dos;;:;ado e ensinado na::-n::>rometida com os'2 boa educaç~o. E'="'··er atividades que

2 seus pais com os~ ::-ora da escola.-; ~ ser feitas e

que sua educaçao-e'1te libertadora e

:e tudo, jamais=3pel, aquilo que a

-..._--------------

escola crist~ luler-ana realmente é: ag~ncia da Igrejade Cristo para FAZER DISCIPULOS! A escola SÓ temraz~o de ser quando confessional) se ela se dedicaracima de tudo a CONFESSAR.Confessar J testemunharsua fé em Cristo, pois ela nada mais é que uma dasformas que a Igreja usa para cumprir a MISSIO llEl,que lhe foi confiada pelo Senhor Jesus Cristo <Mt2819-2ED.

Que esta reflex~o em torno da concepc:!io deLutero sobre a educaç~o nos auxilie e motive areavaliarmos nosso educar crist~o luterano nasescolas mantidas por nossas congregac6es. Quepossamos, como igreja que atua também pela escolana sociedade em que vive, jamais esquecermos daordem de Cristo: "Tendo ido, FAZEI DlSCIPULOS delodas as nações, BATIZANDO-OSem nome do Pai e doFilho e do Espírito Santo, ENSINANDO-OS a guardartodas as coisas que vos tenho ordenado" (Mt28.19-2e.n. Para isso ele nos promete: "E eis que estouconvosco todos os dias até à consum.aç~o dosséculos" (Mt 28.20b).

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ESTUDO BIBLICO Míviia P r e s t e s

(Filiada a HELB em PeXotass RS>

TEXPBB: bitos 96.27-34 - A comuersSa do Carcereiro de Fiáipos -

(27 ) Q carcereiko despertou do sons e, vendo abertas as par tas do cárcere, puxando da espada, i2

suicidar-se, supondo que os presos tivessem fugido. (28) Mas Paulo bradou em voz alta; N S o te

facas nenhum mal, que todos aqui estamos! (203) Entao o carcereiro, tendo pedida uma luz,

en t rou precipitadamente e, tr&malo, pr(b~ãtrou-se diante de Paulo e Çilas.

(38) Depois, trazendo-os para fora, disse- Senhores, que deus fazer para que seja salvo?

(31) Responderam-lhe: C r & no Senhss Jesus, c serds saPuo, tu e t u a casa.

(323 E lhe pregaram a Palaur-a de Beus, e a todos os de sua casa.

(33) Naquela mesma hora da noite, cuidando deles, Iausu-lhes os uergpbes dos a ~ o j t e s . $3 seguir- dei ele batizado, e todos os seus.

(34) Entao, levando-os para a sua prbpria casa Ihes pCI+ a mesa; e, com todos as seus, manifestava grande alegria, por t e r e m crido em Bcus.

O escritos. Lacas, escreveu dois l ivros: Q Evangelho de Lusas e o Livro de Rtor dos 8pbs$alos, ambos dedicados a Tebfílo. um i m ~ o ~ k a n k c amigo seu <@xcelentissimo). O seu E ~ a n g 9 l h ~ 62 Q que t r a z a mais minucissa deácricdo da raaácimerbto de Jesus. Q Iilsr-o de atos dos QpQstalos r e l a t a o Pentecastres e tod~gb os episbdios do crescimento da Igreja, bem como as atividades dos apbãtolos. Narra as atividades d~ Paulla, sua conue~"~do, SUIS viagens mirasien-3á=ias P-

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- F a $ a ~ das c ~ n s ~ q u B n ~ i a s qae v30 s o f r e r aquelas a quem n$e, nqlo ~ s s c l a m s r m o s JESUS. v 7-8 ~ S E P S ~ rendenadss2

Ia%;~adecSe= Falar a r e s ~ e i t s da ~ ~ 3 n h ; t r ~ c S o d e um edifkio que precisa t e r um furadamewts segura. & prlmzii.a pedra deve s e r fsrke e Sem colocada. Tam%.b@m as demais sõo imésertamtes papa a raaelusdo dz st3t-a

UISzw E o a ~ ~ Q S S Q %EX&O tambCm fa le de a+m .. w s@ts;-:$o E das p @ d j ; ~ a ~ qulb $S. B^a~'mi,-rrr. EsZe adéFs'-ja rido

$ @E ~aneraoto mas W ~ V Q , bebo8 C E ~ O aá suas pedras.

Comcleacsla:: Falar da alesrir sua sentimas e das beneQI"c9os sue recebesas par fazermos paste do grande edíQício sue a IprcJa. O"fckiuar orã ouvintes a levar esga alegria o beneficikts a cada vez m a i s pessoas, aumentando assim ainda mais 6 grande ebjfáciea.

&%su@m de V ~ C ~ S entende de cç~nstr~66e%? Come d sue se inicia u m a c~nolbsar~lú? Se inicia

com u m bom fundaimewko. Se o rnécio, ou a primeira pedra - a ~ e d k a d e

esquina eambgm chamada pedra angular de urna casa f o r colocada "f;ãrrka, cama ser8 que f icar4 a i-eskarike Gèi cçnr&sug;ão"a$am$Bm tsr$e, Para de niwel.

Quando as paredes sãer Hewantãdas. coma 4 as pedras sSs firmadas? São Firmadas ao %undamen%o 8 depois pfiesiqs ~ m a s as eutraa, de moda que cada pedra <%t&alaro %e t w n a psFa impoi"%an%e. $a tirasmclis arna pedra, kercmos IP! u m .bhirsco e a c o n ~ t r $ n ~ S o nSo esear$ +smp%e&a.

0 noaaa tex ta , que h qaergrrnae; b ~ % e a d 8 r ~ karnbern f a l a de uma constrmeSs. faz3 de srn ediffcio e; de corno ele co~skr+u;do. Mas, este edifícis, bem

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