132

SeLecT nº 3

Embed Size (px)

DESCRIPTION

SeLecT nº 3 dezembro

Citation preview

  • Untitled-2 1 11/21/11 3:16 PM Untitled-2 2 11/21/11 3:16 PM

  • Untitled-2 2 11/21/11 3:16 PM

  • Untitled-1 1 11/21/11 12:48 PM Untitled-1 2 11/21/11 12:48 PM

  • Untitled-1 1 11/21/11 12:48 PM Untitled-1 2 11/21/11 12:48 PM

  • Untitled-2 1 11/21/11 3:05 PM Untitled-2 2 11/21/11 3:05 PM

  • Untitled-2 2 11/21/11 3:05 PM

  • Itau Cultural.indd 1 11/22/11 10:36 AM Itau Cultural.indd 2 11/22/11 10:36 AM

  • Itau Cultural.indd 2 11/22/11 10:36 AM

  • Job: 283984 -- Empresa: Burti -- Arquivo: 283984-23954-105845-22916-059-Fiat-Novo Palio Traseira-Laranja-45x27.5_pag001.pdfRegistro: 57668 -- Data: 18:59:19 18/11/2011Untitled-2 1 11/21/11 3:13 PMJob: 283984 -- Empresa: Burti -- Arquivo: 283984-23954-105845-22916-059-Fiat-Novo Palio Traseira-Laranja-45x27.5_pag001.pdfRegistro: 57668 -- Data: 18:59:19 18/11/2011 Untitled-2 2 11/21/11 3:13 PM

  • Job: 283984 -- Empresa: Burti -- Arquivo: 283984-23954-105845-22916-059-Fiat-Novo Palio Traseira-Laranja-45x27.5_pag001.pdfRegistro: 57668 -- Data: 18:59:19 18/11/2011 Untitled-2 2 11/21/11 3:13 PM

  • sp-arte2012_an_select2.indd 5 18/11/11 10:59

    Indice Curva_RF.indd 1 11/22/11 10:55 AM

  • Indice Curva_RF.indd 1 11/22/11 10:55 AM

  • LUCAS ARRUDA

    anuncio.indd 3 11/17/11 8:00 PM

    ApagamentosArtistas registram imagens da memria que se esvai

    52 FOTOGRAFIA

    Indice Curva_RF.indd 2 11/22/11 10:56 AM

  • ApagamentosArtistas registram imagens da memria que se esvai

    52 FOTOGRAFIA

    Indice Curva_RF.indd 2 11/22/11 10:56 AM

  • Expediente em curva_RF.indd 1 11/22/11 10:59 AM

  • 18

    cartas

    si. Como as palmeiras na plancie uruguaia, fazem uma bela sntese entre frialdade e tropicalidade. Longa vida seLecT! Vitor Ramil, cantor, compositor e escritor

    O samba angolano, o fu-tebol ingls, a banana chinesa. A seLecT acertou na constatao: O Brasil No Daqui Fausto Sposito, leitor

    Parabns pelo n2 da seLecT. Muito boa essa amostra latino americana. O artigo Habla-se portu-nhol prova de que a ln-gua viva. Estou levando um exemplar para meus professores de estudos da lngua portuguesa na USP.Dominique Girard, leitora

    Depois de NYT, Le Mon-de etc. a excelente revista de arte seLecT se rende ao portunhol ...Joca Terron, escritor, via Twitter

    Estava na banca folhean-do uma revista, quando vi a capa hiperatrativa da se-LecT. Larguei a outra re-vista, comprei, li e adorei!Carolina Capucelli, estudante

    Um mercado forte e de qualidade se constri com artistas, galerias, instituies, curadores, crticos e imprensa. Fal-tava no Brasil uma mdia com a qualidade da se-LecT. Que a revista ama-durea, cresa e ganhe o

    Amigos, parabns! Tomei conhecimento na reunio da Associao Internacio-nal dos Crticos de Arte, em Curitiba, da excelente revista lanada por vocs.Manoel Inacio, leitor

    Gostaria de dar para-bns seLecT. uma tima revista, contedo relevante e de altssimo nvel. Estava faltando uma revista dessas. Parabns! Tom Veiga, designer

    H no muito tempo, eu me perguntava: quais so as revistas legais no Brasil hoje? Que dureza. A se-LecT era o que estava fal-tando. Finalmente uma revista de qualidade. Adorei a capa, super up--to-date. Extremamente importante a escolha da foto de capa para esse tipo de revista, porque o que captura o olhar de quem tem gosto e entende. Uma foto menos aggior-

    nata espanta na hora. A seLecT pra colecionar. O projeto grco bem atual: gosto do ritmo, da valorizao consci-ente dos brancos, dos ttulos respirados, com divises desiguais entre as linhas, a escolha das fontes, inteligente sem ser esnobe. Adorei a seo de reviews. Pode-se voltar a levar uma re-vista a srio e esperar a dica da prxima edio. O logo funciona, ao mesmo tempo industri-al, artesanal, tecnolgi-co, tudo misturado. Pergunta que no quer calar: como ningum fez uma revista de arte as-sim antes? Parabns!Juliana Lopes, jornalista residente em Milo

    O Twitter da seLecT sensacional! Parabns pela criatividade.Meise Halabi, assessora de imprensa

    Adorei as matrias envol-vendo a Amrica Latina. Fellipe Abreu, reprter da Globo Rio

    Um browser automtico e aleatrio, com pginas mltiplas e textos exce-lentes. Imagens lindas. Perfeita para viagens espaciais. Julio Costa, leitor

    Leitura superproveitosa sobre temas instigantes que no habitam as pgi-nas dos demais veculos deste mar de mesmices. Parabns a toda equipe Fabio Ulhoa Coelho,jurista e professor titular da PUC-SP

    A seLecT est uma be-lezura: o visual, a dia-gramao, a impresso. Quanto ao contedo, es-tou receosa. Se essa moda do portunhol pega, vou car desempregada.Eugenia Flavian, tradutora

    A segunda edio da se-LecT abriu-se com muita sensibilidade diversida-de brasileira. Foi a pri-meira vez que a esttica do frio e a movimentao musical do extremo Sul do Brasil e do continente sul--americano apareceram juntas e em circulao na-cional, em um recorte to especco e signicativo. O contexto no poderia ser mais apropriado. Os olhares de Anglica de Moraes e Juarez Fonseca so breves, mas certeiros. As fotograas falam por

    revistaselect

    revistaselect

    [email protected]

    espao que merece.Felipe Dmab,Galeria Mendes Wood

    O Marcelo Gleiser for-midvel; ele nos aproxima da potica da cincia...Lininha Stmer, via Facebook

    A seLecT foi minha lei-tura no voo de Bogo-t ao Chile. Parabns, muito boa!!!Alexia Tala, curadora adjunta da 8a Bienal do Mercosul

    Adorei o que vocs es-creveram no site da se-LecT sobre a exposio da Fernanda Trevellin na Central. H mesmo uma fratura entre o trabalho da aluna e o do mestre (Ola-fur Eliasson).Wagner Lungov, Galeria Central

    Agradeo s pessoas que esto fazendo a revista pro iPad, est de primeira!Douglas Negrisolli, via Twitter

    A seLecT acre-dita no po-tencial da nova msica bra-sileira produzida no Par! Obrigada pelo carinho.Gaby Amarantos, musa do tecnobrega

    escreva-nos rua itaquera, 423, pacaembu, so paulo - SP cep 01246-030

    cartas_RF.indd 18 11/22/11 10:40 PM Colaboradores em curva_RF.indd 1 11/22/11 11:04 AM

  • 18

    cartas

    si. Como as palmeiras na plancie uruguaia, fazem uma bela sntese entre frialdade e tropicalidade. Longa vida seLecT! Vitor Ramil, cantor, compositor e escritor

    O samba angolano, o fu-tebol ingls, a banana chinesa. A seLecT acertou na constatao: O Brasil No Daqui Fausto Sposito, leitor

    Parabns pelo n2 da seLecT. Muito boa essa amostra latino americana. O artigo Habla-se portu-nhol prova de que a ln-gua viva. Estou levando um exemplar para meus professores de estudos da lngua portuguesa na USP.Dominique Girard, leitora

    Depois de NYT, Le Mon-de etc. a excelente revista de arte seLecT se rende ao portunhol ...Joca Terron, escritor, via Twitter

    Estava na banca folhean-do uma revista, quando vi a capa hiperatrativa da se-LecT. Larguei a outra re-vista, comprei, li e adorei!Carolina Capucelli, estudante

    Um mercado forte e de qualidade se constri com artistas, galerias, instituies, curadores, crticos e imprensa. Fal-tava no Brasil uma mdia com a qualidade da se-LecT. Que a revista ama-durea, cresa e ganhe o

    Amigos, parabns! Tomei conhecimento na reunio da Associao Internacio-nal dos Crticos de Arte, em Curitiba, da excelente revista lanada por vocs.Manoel Inacio, leitor

    Gostaria de dar para-bns seLecT. uma tima revista, contedo relevante e de altssimo nvel. Estava faltando uma revista dessas. Parabns! Tom Veiga, designer

    H no muito tempo, eu me perguntava: quais so as revistas legais no Brasil hoje? Que dureza. A se-LecT era o que estava fal-tando. Finalmente uma revista de qualidade. Adorei a capa, super up--to-date. Extremamente importante a escolha da foto de capa para esse tipo de revista, porque o que captura o olhar de quem tem gosto e entende. Uma foto menos aggior-

    nata espanta na hora. A seLecT pra colecionar. O projeto grco bem atual: gosto do ritmo, da valorizao consci-ente dos brancos, dos ttulos respirados, com divises desiguais entre as linhas, a escolha das fontes, inteligente sem ser esnobe. Adorei a seo de reviews. Pode-se voltar a levar uma re-vista a srio e esperar a dica da prxima edio. O logo funciona, ao mesmo tempo industri-al, artesanal, tecnolgi-co, tudo misturado. Pergunta que no quer calar: como ningum fez uma revista de arte as-sim antes? Parabns!Juliana Lopes, jornalista residente em Milo

    O Twitter da seLecT sensacional! Parabns pela criatividade.Meise Halabi, assessora de imprensa

    Adorei as matrias envol-vendo a Amrica Latina. Fellipe Abreu, reprter da Globo Rio

    Um browser automtico e aleatrio, com pginas mltiplas e textos exce-lentes. Imagens lindas. Perfeita para viagens espaciais. Julio Costa, leitor

    Leitura superproveitosa sobre temas instigantes que no habitam as pgi-nas dos demais veculos deste mar de mesmices. Parabns a toda equipe Fabio Ulhoa Coelho,jurista e professor titular da PUC-SP

    A seLecT est uma be-lezura: o visual, a dia-gramao, a impresso. Quanto ao contedo, es-tou receosa. Se essa moda do portunhol pega, vou car desempregada.Eugenia Flavian, tradutora

    A segunda edio da se-LecT abriu-se com muita sensibilidade diversida-de brasileira. Foi a pri-meira vez que a esttica do frio e a movimentao musical do extremo Sul do Brasil e do continente sul--americano apareceram juntas e em circulao na-cional, em um recorte to especco e signicativo. O contexto no poderia ser mais apropriado. Os olhares de Anglica de Moraes e Juarez Fonseca so breves, mas certeiros. As fotograas falam por

    revistaselect

    revistaselect

    [email protected]

    espao que merece.Felipe Dmab,Galeria Mendes Wood

    O Marcelo Gleiser for-midvel; ele nos aproxima da potica da cincia...Lininha Stmer, via Facebook

    A seLecT foi minha lei-tura no voo de Bogo-t ao Chile. Parabns, muito boa!!!Alexia Tala, curadora adjunta da 8a Bienal do Mercosul

    Adorei o que vocs es-creveram no site da se-LecT sobre a exposio da Fernanda Trevellin na Central. H mesmo uma fratura entre o trabalho da aluna e o do mestre (Ola-fur Eliasson).Wagner Lungov, Galeria Central

    Agradeo s pessoas que esto fazendo a revista pro iPad, est de primeira!Douglas Negrisolli, via Twitter

    A seLecT acre-dita no po-tencial da nova msica bra-sileira produzida no Par! Obrigada pelo carinho.Gaby Amarantos, musa do tecnobrega

    escreva-nos rua itaquera, 423, pacaembu, so paulo - SP cep 01246-030

    cartas_RF.indd 18 11/22/11 10:40 PM Colaboradores em curva_RF.indd 1 11/22/11 11:04 AM

  • 20

    Editoria Curva_RF.indd 20 11/22/11 3:20 PM

    marcos chaves pieces

    19.11.2011 > 23.12.2011

    avenida europa 655

    so paulo sp brasil

    t 55 (11) 3063 2344

    [email protected]

    www.nararoesler.com.br

  • 20

    Editoria Curva_RF.indd 20 11/22/11 3:20 PM

    marcos chaves pieces

    19.11.2011 > 23.12.2011

    avenida europa 655

    so paulo sp brasil

    t 55 (11) 3063 2344

    [email protected]

    www.nararoesler.com.br

  • 22

    ARTE

    OBRA COMPLETA Maurizio Cattelan pendura todos os trabalhos produzidos desde 1989 na rotunda do Guggenheim e anuncia fim da carreira

    Esta uma maneira original de produzir um catalo-gue raisone, com a ntegra de sua produo arts-tica. Convidado a fazer a primeira retrospectiva de sua carreira no Guggenheim de Nova York, Mauri-zio Cattelan deixou vazios os espaos expositivos ao longo das rampas do edifcio de Frank Lloyd Wright e decidiu expor seus trabalhos em uma instalao site specific, na rotunda. O resultado so 130 esculturas representativas de sua obra completa, produzida desde 1989 , penduradas como roupas para secar no varal, ou como enfeites de uma grande rvore de Natal. E no apenas isso. O artista de 52 anos aproveitou o ensejo e, na abertura, ainda anun-

    navegaoN OT C I A S + T E N D N C I A S + T R A N S C E N D N C I A S

    Maur iz io Catte lan: All, at 22 de janeiro, Solomon R. Guggenheim

    M u s e um , N o v a Yo r k

    www.guggenheim.org

    ciou sua retirada do mundo da arte. Difcil acreditar, em se tratando do autor de al-gumas das mais icnicas imagens da arte contem-pornea, como a escultura do papa Joo Paulo II atingido por um meteorito, de 1999. A carreira de Cattelan resiste a qualquer formato tradicional de exibio, afirma a curadora-chefe do museu, Nancy Spector, em texto curatorial. Mas muitas de suas aes e meditaes so impossveis de ser reconstrudas. A exposio conta ainda com app para celular o primeiro jamais produzido pelo museu nova-iorquino que propicia uma experi-ncia expandida, com imagens, textos e vdeos. PA

    A INSTALAO SITE SPECIFIC ALL RENE 130 ESCULTURAS DE CATTELAN

    FOTO: DAVID HEALD - SOLOMON GUGGENHEIM FOUNDATION NEW YORK

    Navegacao2_RF.indd 22 11/22/11 3:24 PM

  • 22

    ARTE

    OBRA COMPLETA Maurizio Cattelan pendura todos os trabalhos produzidos desde 1989 na rotunda do Guggenheim e anuncia fim da carreira

    Esta uma maneira original de produzir um catalo-gue raisone, com a ntegra de sua produo arts-tica. Convidado a fazer a primeira retrospectiva de sua carreira no Guggenheim de Nova York, Mauri-zio Cattelan deixou vazios os espaos expositivos ao longo das rampas do edifcio de Frank Lloyd Wright e decidiu expor seus trabalhos em uma instalao site specific, na rotunda. O resultado so 130 esculturas representativas de sua obra completa, produzida desde 1989 , penduradas como roupas para secar no varal, ou como enfeites de uma grande rvore de Natal. E no apenas isso. O artista de 52 anos aproveitou o ensejo e, na abertura, ainda anun-

    navegaoN OT C I A S + T E N D N C I A S + T R A N S C E N D N C I A S

    Maur iz io Catte lan: All, at 22 de janeiro, Solomon R. Guggenheim

    M u s e um , N o v a Yo r k

    www.guggenheim.org

    ciou sua retirada do mundo da arte. Difcil acreditar, em se tratando do autor de al-gumas das mais icnicas imagens da arte contem-pornea, como a escultura do papa Joo Paulo II atingido por um meteorito, de 1999. A carreira de Cattelan resiste a qualquer formato tradicional de exibio, afirma a curadora-chefe do museu, Nancy Spector, em texto curatorial. Mas muitas de suas aes e meditaes so impossveis de ser reconstrudas. A exposio conta ainda com app para celular o primeiro jamais produzido pelo museu nova-iorquino que propicia uma experi-ncia expandida, com imagens, textos e vdeos. PA

    A INSTALAO SITE SPECIFIC ALL RENE 130 ESCULTURAS DE CATTELAN

    FOTO: DAVID HEALD - SOLOMON GUGGENHEIM FOUNDATION NEW YORK

    Navegacao2_RF.indd 22 11/22/11 3:24 PM

    alexandre mury12 dez > 21 jan.12

    rua teixeira de melo, 31c ipanema 22410-010rio de janeiro rj brasil t/f [5521] 2513 2074

    teras a sextas 10h-19h sbados 11h-16hwww.lauramarsiaj.com.br

    galeria laura marsiaj

  • 24

    FOTO: DIVULGAO

    LIVROS

    ARQUITETURABRUTALISTA-ESPACIAL SOVITICALivro da Taschen expe a esttica catica e monumental que emergiu de um sistema em decadncia

    Em CCCP Cosmic Communist Constructions Photographed, o fotgrafo Fr-dric Chaubin documenta 90 edicaes localizadas em 14 antigas repblicas so-viticas. So exuberantes exemplares da quarta era da arquitetura sovitica que parecem querer anunciar a queda do sistema. Produzidas entre 1970 e 1990, essas construes no seguem escolas nem manifestam tendncias dominantes. Entre elas h magncas aberraes, como o Druzhba Holiday Center Hall, na Ucrnia, construdo prova de terremoto. Esse edifcio foi uma joint venture entre russos e tchecos. A Tchecoslovquia foi o nico pas que mandou um homem para o espao em um lanador russo. Ento, o edifcio tem um estilo espacial. Quando foi construdo, o Departamento de Defesa dos EUA pensou que era algum tipo de lanador de foguetes. Mas, de fato, era apenas um campo de veraneio, diz Chau-bin, que tambm editor-chefe da revista francesa Citizen K. PA

    ESQUERDA, O DRUZHBA HOLIDAY CENTER HALL, NA UCRNIA, UMA JOINT VENTURE ENTRE A RSSIA E A TCHECOSLOVQUIA. ABAIXO, PALCIO DE CERIMNIAS, NA GERGIO

    navegao

    CCCP Cosmic Communist Constructions Photographed, Taschen, US$ 59,99

    www.taschen .com/cccp

    Navegacao2_RF.indd 24 11/22/11 3:24 PM SEL03_ZIPPER_GALERIA_RF.indd 25 11/22/11 10:44 PM

  • SEL03_ZIPPER_GALERIA_RF.indd 25 11/22/11 10:44 PM

  • 26MODA

    O CHAPU FAZ O HOMEMDesign Museum de Londres publica no Brasil dois livros que contam como 50 bolsas e 50 sapatos mudaram o mundo do design

    Bolsas e chapus ganham um captulo parte na histria do design com a chegada de duas publicaes organizadas pelo Design Museum de Londres, uma das mais tradicionais instituies dedicadas a esse segmento. Em 50 Chapus Que Mudaram o Mundo, a histria desse acessrio contada desde as coroas reais como a famosa coroa de Vladimir Monmaco, prncipe ucraniano do sculo 11 d.C., que antes j havia sido usada pelos reis bizantinos por quatro sculos at os chapus mais famosos do cinema, presentes em lmes como My Fair Lady e Expresso de Xangai. J em 50 Bolsas Que Mudaram o Mundo, o objeto vai muito alm do sonho de consumo feminino. As bolsas Louis Vuitton, muito antes de serem reinventadas pelo estilista Marc Jacobs, eram bas e malotes imponentes, que transportavam cargas em na-vios e trens a vapor, no sculo 19. Curiosa tambm a histria das Budget Boxes, mais conhecidas como Red Boxes, as famosas pastas vermelhas em que parlamentares ingleses carregam aqueles docu-mentos que at hoje decidem o futuro da nao. NG

    FOTOS: DIVULGAO; DESIGN MUSEUM/ 20TH C FOX/ EVERETTE/ REX FEATURES

    navegao

    TECNOLOGIA

    CULTURA LIVRE.BR3 Festival Internacional de Cultura Digital acontece no Rio de Janeiro

    O Festival Internacional Cultura Digital.br invade pela primeira vez a Cidade Mara-vilhosa, com uma agenda intensa de palestras, debates, laboratrios e performances artsticas ligadas losoa do compartilhamento, com temticas como a propriedade intelectual na era do conhecimento e os avanos do movimento Soware Livre.A agenda que ocupou o MAM-RJ e o Cine Odeon de 2 a 4 de dezembro foi composta a partir de 358 propostas apresentadas por coletivos, ativistas e organizaes, corrobo-rando o CulturaDigital.Br como foro privilegiado para a construo colaborativa de propostas sobre as articulaes entre arte, tecnologia, poltica pblica e cultura livre.Entre os palestrantes convidados, Kenneth Goldsmith, criador do UbuWeb e entrevis-tado na edio inaugural de seLecT, em agosto passado, Yochai Benkler, professor de Direito em Harvard e autor de A Riqueza das Redes, Hugues Sweeney, do National Film Board of Canada, Helloisa Buarque de Hollanda, ensasta e pesquisadora, e o escritor Paulo Coelho, que declara abertamente sua postura a favor do copyle, alinhada com a cultura do compartilhamento e do remix. Mariel Zasso www.culturadigital.org.br

    50 Chapus Que Mudaram o Mundo/ 5 0 B o l s a s Q u e Mudaram o M u n d o E d i t o r a Au t n t i c a

    112 pgs., R$ 34 (cada)

    A CARTOLA, ENTRE OS 50 CHAPUS QUE MUDARAM O MUNDO

    PAULO COELHO DECLARA-SE A FAVOR DO COPYLEFT

    Navegacao2_RF.indd 26 11/22/11 3:24 PM

    C

    M

    Y

    CM

    MY

    CY

    CMY

    K

  • CM

    Y

    CM

    MY

    CY

    CMY

    K

  • Como ser um museu de fotografia daqui a 30 anos? Os museus vo colecionar arquivos digitais em vez de prints? A fotografia qumica vai sobreviver? O que o futuro reserva para fotgrafos, instituies, publicaes, colecionadores? Para comemorar seus dez anos de atividades, a instituio Foam Amsterdam, dedicada fotografia contempornea, lanou estas e outras perguntas comunidade artstica e aos internautas usurios do site www.foam.org/whatsnext. Os resultados do projeto Whats Next esto publicados na edio nmero 29 da revista Foam. O projeto Whats Next tambm ganhou a forma de uma exposio, intitulada The Future of the Photography Museum. Durante

    FOTO: GIJS VAN DEN BERG/ FOAM E DIVULGAO

    ACIMA, INSTALAO 24 HRS, DE ERIK KESSELS, EM EXPOSIO NO MUSEU FOAM

    o ms de novembro, a instituio holandesa foi ocupada por mostras assinadas por quatro curadores internacionais, convidados a repensar as formas de expor fotografia. Entre eles, Lauren Cornell, do New Museum, de Nova York, tratou da fotografia multimiditica, exposta no formato de vdeo, internet e instalaes, e Erik Kessels, do KesselsKramer, de Amsterdam, trabalhou com a noo de fotografia em abundncia. O curador imprimiu todas as imagens que foram postadas no Flickr num perodo de 24 horas e despejou tudo no espao expositivo, criando um ambiente em que o visitante afogado em 1 milho de imagens alheias. PA

    FUTURO

    COMO EDUCAR O FOTGRAFO DO SCULO 21?Museu e revista Foam fazem exposio e edio especial sobre o futuro da fotografia

    navegao

    Navegacao2_RF.indd 28 11/22/11 3:24 PM

  • DESIGN

    OS PRMIOS ESCANDINAVOSMuseu da Casa Brasileira comemora 25 anos do seu prestigiado prmio de design com seleta dos pases nrdicos

    A apresentao do jri do Danish Design Prize 2010/2011 arma que os fones de ouvido da AIAIAI ApS, vencedores da categoria Estilo de Vida, so exem-plos de um design no nonsense com uma expresso low-tech. O produto simples e realista, reunindo funcionalidade e preo acessvel, alm de divertido, ao oferecer s pessoas a oportunidade de customizar seus fones. O produto tambm sintetiza a viso do curador da mostra Prmios do Design Nrdico, Kari Korkman, sobre as principais caractersticas do design dos pases escandinavos: simplicidade, minimalismo e funcionali-dade. A exposio em cartaz no Museu da Casa Brasi-leira, que acontece em paralelo 25 edio do Prmio Design MCB, rene 18 objetos que venceram concursos de design importantes na Dinamarca, Finlndia, Isln-dia, Noruega e Sucia em anos recentes. Em comemo-rao aos 25 anos, o MCB lana um site dedicado ao prmio e uma instalao interativa que apresenta ao pblico a memria do evento. JM

    EXPOSIO

    ENGAJAMENTO CROMTICOObra colaborativa da artista Mnica Nador e de integrantes do Jardim Miriam Arte Clube ocupa a galeria Luciana Brito

    A esttica relacional a principal marca da produo de Mnica Nador desde o m dos anos 1990, quando comeou a realizar projetos em parceria com comuni-dades de regies desfavorecidas no Brasil e no mundo. Na exposio individual da artista que a galeria Luciana Brito apresenta at o m de janeiro, painis, paredes e a fachada do espao so recobertos por pinturas de padronagens desenvolvidas com integrantes do projeto Jamac, na zona sul de So Paulo. O estncil a base dessas pinturas e tambm dos 13 trabalhos em tela e papel reunidos na exposio, e o resultado uma impressionante trans-formao do cubo branco em uma capela cromtica, la Mark Rothko. JM

    navegao

    THE SEALPELT (2005), ROUPAS-COBERTORES DO COLETIVO ISLANDS DE DESIGN VK PRJNSDTTIR

    FOTO: GULLI MR/DIVULGAO

    Prmios do Design Nrdico e 25 Prmio Design, at 15 de janeiro, Museu da Casa Brasileira,

    Av. Brig. Faria Lima, 2.705,

    So Paulo

    Cubo Co r Mn i ca N a d o r (Au t o r i a C om p a r t i l h a d a ) , at 28 de janeiro. Luciana

    Brito Galeria, Rua Gomes

    de Carvalho, 842, So Paulo

    VISTA DA SALA PRINCIPAL DA EXPOSIO CUBO COR NA LUCIANA BRITO

    Navegacao2_RF.indd 30 11/22/11 3:24 PM SEL03_SILVIA_CINTRA_.indd 1 11/22/11 11:42 AM

  • SEL03_SILVIA_CINTRA_.indd 1 11/22/11 11:42 AM

  • 32

    Vis ionr iosEtreo e aerodinmico, o estilo desta tribo se alimenta da esttica Minority Report. Design de antecipao dos futuros possveis para quem a virtualidade aqui e o futuro agora

    tribos do design

    FOTOS: DIVULGAO

    TribosdoDesign Curva-RF.indd 2 11/22/11 11:50 AM SEL03_MOURA_MARSIAJ.indd 1 11/22/11 1:44 PM

  • SEL03_MOURA_MARSIAJ.indd 1 11/22/11 1:44 PM

  • mundo codificado-RF-V1.indd 2 11/22/11 11:52 AM mundo codificado-RF-V1.indd 3 11/22/11 11:57 AM

  • mundo codificado-RF-V1.indd 3 11/22/11 11:57 AM

  • M Q U I N A S

    d e

    L E I T U R A

    M u i t o a n t e s d a internet,

    c i e n t i s t a s e e s c r i t o r e s p r o j e t a r a m

    arqueologia miditica

    NINA GAZIRE ILUSTRAO GUTO LACAZ

    dispositivos de acesso integrado e universal ao

    conhecimento

    A BIBLIOTECA DE BABEL, CONTO DE JORGE LUIS BORGES ESCRITO EM 1939, TEM COMO PANO DE FUNDO A LENDRIA CIDADELA DA BABILNIA, fundada em, aproximadamente, 1950 a.C., e onde foram encontradas as tbuas de ar-gila, conhecidas como o suporte do primeiro sistema de escrita de que se tem registro. Babel, em hebraico, quer dizer confuso e o nome est diretamente relacio-nado Torre que os babilnios teriam construdo para chegar ao cu e escapar do dilvio. Por desafiar a auto-ridade de Deus, segundo o Antigo Testamento, a cidade foi destruda e os homens foram castigados com a in-troduo de vrias lnguas para impedir a sua comuni-cao. Na verso do escritor argentino, a Torre de Babel teria sido uma gigantesca biblioteca. Com o funciona-mento parecido ao de uma enorme mquina, cujas salas hexagonais se moviam constantemente, nessa cidade-biblioteca os moradores buscavam incessantemente por

    textos mticos que conteriam toda a sabedoria do uni-verso, bem como as ideias que ainda estariam por vir. Porm, a busca nunca se completava j que a biblioteca, de tamanho e contedo ilimitados, possua em grande parte textos completamente aleatrios e sem sentido para seus habitantes. Borges talvez tenha criado uma das imagens mais prximas do que viver em tempos de Google. A busca por uma simples palavra ou termo se torna um torvelinho infinito diante da efuso de re-sultados que nos mostrada na tela do computador. Seria a Biblioteca de Babel uma espcie de internet pri-mordial? Anacronismos e confabulaes parte, fato que muito antes da rede mundial de computadores ou dos tablets, a humanidade j vinha pesquisando dife-rentes maneiras de facilitar a busca nos seus milhares de anos de conhecimentos produzidos. Conhea algu-mas mquinas imaginadas algumas at chegaram a ser confeccionadas por seus criadores , dignas de um bom conto borgeano.

    36

    maquinas de leitura_RF.indd 36 11/22/11 12:04 PM maquinas de leitura_RF.indd 37 11/22/11 4:05 PM

  • M Q U I N A S

    d e

    L E I T U R A

    M u i t o a n t e s d a internet,

    c i e n t i s t a s e e s c r i t o r e s p r o j e t a r a m

    arqueologia miditica

    NINA GAZIRE ILUSTRAO GUTO LACAZ

    dispositivos de acesso integrado e universal ao

    conhecimento

    A BIBLIOTECA DE BABEL, CONTO DE JORGE LUIS BORGES ESCRITO EM 1939, TEM COMO PANO DE FUNDO A LENDRIA CIDADELA DA BABILNIA, fundada em, aproximadamente, 1950 a.C., e onde foram encontradas as tbuas de ar-gila, conhecidas como o suporte do primeiro sistema de escrita de que se tem registro. Babel, em hebraico, quer dizer confuso e o nome est diretamente relacio-nado Torre que os babilnios teriam construdo para chegar ao cu e escapar do dilvio. Por desafiar a auto-ridade de Deus, segundo o Antigo Testamento, a cidade foi destruda e os homens foram castigados com a in-troduo de vrias lnguas para impedir a sua comuni-cao. Na verso do escritor argentino, a Torre de Babel teria sido uma gigantesca biblioteca. Com o funciona-mento parecido ao de uma enorme mquina, cujas salas hexagonais se moviam constantemente, nessa cidade-biblioteca os moradores buscavam incessantemente por

    textos mticos que conteriam toda a sabedoria do uni-verso, bem como as ideias que ainda estariam por vir. Porm, a busca nunca se completava j que a biblioteca, de tamanho e contedo ilimitados, possua em grande parte textos completamente aleatrios e sem sentido para seus habitantes. Borges talvez tenha criado uma das imagens mais prximas do que viver em tempos de Google. A busca por uma simples palavra ou termo se torna um torvelinho infinito diante da efuso de re-sultados que nos mostrada na tela do computador. Seria a Biblioteca de Babel uma espcie de internet pri-mordial? Anacronismos e confabulaes parte, fato que muito antes da rede mundial de computadores ou dos tablets, a humanidade j vinha pesquisando dife-rentes maneiras de facilitar a busca nos seus milhares de anos de conhecimentos produzidos. Conhea algu-mas mquinas imaginadas algumas at chegaram a ser confeccionadas por seus criadores , dignas de um bom conto borgeano.

    36

    maquinas de leitura_RF.indd 36 11/22/11 12:04 PM maquinas de leitura_RF.indd 37 11/22/11 4:05 PM

  • Teatro da Memria: precursor do cinemaGiulio Camillo (1530)

    arqueologia miditica

    indivduos de cada vez no seu interior. Dentro havia uma grande variedade de textos e imagens. O contedo estaria dentro de pequenas caixas dispostas em ordens e graus variados. Ao entrar nesse teatro maqunico, o usurio era capaz de pesquisar sobre qualquer assunto, porm no seria o nico a usufruir do conhecimento buscado. medida que o contedo no interior da mquina era manipulado, o pblico do lado de fora e presente em um auditrio onde o invento deveria ser disposto teria acesso s imagens e textos que apareciam em sete pila-res dispostos no exterior da mquina. Afinal de contas, segundo o inventor, o texto escrito no seria suficiente, devido ao seu carter intimista, e o conhecimento deveria ser compartil-hado coletivamente de acordo com as leis de Deus. No seria o Teatro da Memria de Camillo precursor do cinema ou dos recursos multimdia to comuns hoje em dia?

    Camillo (1480-1544) considerado um dos filsofos mais controvertidos e misteriosos do Renascimento. Foi con-temporneo e amigo de outros sbios como o filsofo Erasmo de Roterd, que o considerava excessivamente es-tranho, devido s suas ideias holsti-cas. Ao contrrio desses pensadores, que viam no texto escrito a fonte de apreenso para o conhecimento, Ca-millo via no teatro e na cenografia uma nova maneira de aprendizado e registro da memria. Segundo suas prprias palavras, desde o mais anti-go e mais sbio dos escritores, fomos acostumados a registrar os segredos de Deus apenas em escritos. Em 1530, ele pensou uma mquina que mudaria essa concepo, chamada inicialmente de eatro della Sapien-tia, ou Teatro da Memria, em portu-gus. O filsofo chegou a construir o mecanismo e, segundo relatos, o exi-biu em apresentes no ano de 1532. Tratava-se de uma enorme estrutura de madeira que permitiria um ou dois

    Roda de Leitura: prottipo do hipertextoAgostino Ramelli (1588)

    O engenheiro italiano Agostino Ramelli (1531-1600) viveu no fim do perodo pice do Renascimento. Inventor de inmeros mecanismos de uso mili-tar, foi na Frana que ele criou a obra que lhe deu fama at os dias de hoje: a Roda de Leitura. Essa mquina tinha como proposta a consulta simultnea de vrios livros. Em 1985, o arquiteto Dan-iel Libeskind reconstruiu essa e outras mquinas de leitura, incluindo parte do mecanismo do Teatro da Memria de Giulio Camillo, em um projeto apre-sentado na Bienal de Arquitetura de

    Veneza. Teoricamente, o mecanismo seria simples: trata-se de uma grande roda de madeira na qual os livros a ser consultados so dispostos em platafor-mas parecidas com as ps da roda de um moinho. Semelhante a uma escrivaninha rotatria, o consulente se sentaria diante da mquina, girando-a de acordo com a necessidade da consulta. A Roda de Lei-tura de Agostino Ramelli considerada por inmeros estudiosos um prottipo do hipertexto, termo que hoje remete a um texto em formato digital, no qual se agregam outros conjuntos de textos.

    ESQUERDA: PARTES DA INSTALAO TRS LIES DE ARQUITETURA, DANIEL LIBESKIND, 1985 (REPRODUO). DIREITA, WHS ARCHIVE IMAGE

    O ARQUITETO DANIEL LIBESKIND RECONSTRUIU, EM 1985, O TEATRO DA MEMRIA (ACIMA) DE GIULIU CAMILLO E A RODA DE LEITURA DE AGOSTINO RAMELLI (ABAIXO)

    maquinas de leitura_RF.indd 38 11/22/11 12:05 PM

    Mesa Mecnica: predecessora do KindleJohn Muir (1861)

    John Muir (1838-1914) foi um escritor e naturalista norte-americano e pio-neiro da ecologia. Mas, alm de viajar pela Amrica e registrar em seus dirios as belezas e riquezas da natureza, Muir estava preocupado em criar um recurso que facilitasse a consulta aos inmeros manuscritos produzidos durante seus anos de pesquisa. Entre 1861 e 1863, ele trabalhou na sua Mesa Mecnica (Clockwork Desk), mecanismo que organizaria o seu material de consulta enquanto trabalhava nas pesquisas. Eu inventei uma mesa na qual os livros que eu tinha de estudar eram dispostos em ordem e no incio de cada assunto que

    eu estava pesquisando, detalha ele em um dos relatos sobre a inveno. Se-melhante Roda da Leitura de Agos-tino Ramelli, porm consideravelmente menor, na Mesa Mecnica um livro era disposto no centro de uma roda den-tada. Funcionando como uma esp-cie de relgio, na medida em que se ia folheando o texto, a roda substituiria por outro livro assim que a consulta tivesse sido terminada. Recentemente, a jornalista do New York Times Jennifer Schuessler referiu-se criao de Muir como uma espcie de predecessora do Kindle o e-book reader criado pela Amazon em 2007.

    Memex: o conceito do hiperlinkVanevar Bush (1945)

    No perodo entre guerras, quando se deu o boom do desenvolvimento das tecnolo-gias militares, foi quando o cientista norte-americano Vanevar Bush (1890-1974) consolidou sua carreira. Assim como Agostino Ramelli, que trabalhava para as tropas francesas criando engenhos milita-res, Bush tido como uma gura de lide- rana no desenvolvimento do complexo militar-industrial dos Estados Unidos. O cientista estava preocupado em criar um mecanismo que armazenasse e facilitasse a pesquisa de toda essa produo tecno-cientca que crescia em ritmo acelerado. Em 1945, ele escreveu o artigo As We May ink (Como Podemos Pensar), que in-terpretado por alguns como a referncia daquilo que viria ser a internet atual. Nesse artigo, Bush descreve sua inven-o chamada Memex, um dispositivo que nunca chegou a ser construdo. Ao us-lo, prossionais poderiam consultar

    seus pares e buscar pareceres e processos semelhantes aos seus. Nesse prodigioso invento cujo nome seria uma juno entre as palavras Memria e Index as pesquisas se dariam pela semelhana e associao dos termos buscados. Alm da pesquisa associativa, que muito se-melhante ao modo como o pensamento humano funciona, o contedo estaria disposto pela similaridade por meio de elos que ligariam os assuntos uns aos outros. Assim nasceu tambm o conceito de hiperlink, que atualmente impres- cindvel para se navegarpela internet. Alm dessas propostas visionrias, a mquina ainda possibilitaria a edio e modicao do contedo pelo usurio. Em vez de serem guardadas em bancos de dados, como as da internet, as infor-maes do Memex estariam gravadas em microlmes e fotograas que seriam ma-nipulados diretamente pelo usurio.

    A MESA MECNICA POSSUA ENGRE-NAGEM SIMILAR DO RELGIO, QUE FOLHEAVA O LIVRO DURANTE A LEITURA

    RETRATO DE JOHN MUIR, PRECURSOR DA ECOLOGIA E INVENTOR DA MESA MECNICA

    DETALHE DO PROJETO DE JOHN MUIR, REALIZADO EM AQUARELA, EM 1960

    COMPONENTES DA MESA MECNICA, DE MUIR

    maquinas de leitura_RF.indd 39 11/22/11 4:05 PM

  • Mesa Mecnica: predecessora do KindleJohn Muir (1861)

    John Muir (1838-1914) foi um escritor e naturalista norte-americano e pio-neiro da ecologia. Mas, alm de viajar pela Amrica e registrar em seus dirios as belezas e riquezas da natureza, Muir estava preocupado em criar um recurso que facilitasse a consulta aos inmeros manuscritos produzidos durante seus anos de pesquisa. Entre 1861 e 1863, ele trabalhou na sua Mesa Mecnica (Clockwork Desk), mecanismo que organizaria o seu material de consulta enquanto trabalhava nas pesquisas. Eu inventei uma mesa na qual os livros que eu tinha de estudar eram dispostos em ordem e no incio de cada assunto que

    eu estava pesquisando, detalha ele em um dos relatos sobre a inveno. Se-melhante Roda da Leitura de Agos-tino Ramelli, porm consideravelmente menor, na Mesa Mecnica um livro era disposto no centro de uma roda den-tada. Funcionando como uma esp-cie de relgio, na medida em que se ia folheando o texto, a roda substituiria por outro livro assim que a consulta tivesse sido terminada. Recentemente, a jornalista do New York Times Jennifer Schuessler referiu-se criao de Muir como uma espcie de predecessora do Kindle o e-book reader criado pela Amazon em 2007.

    Memex: o conceito do hiperlinkVanevar Bush (1945)

    No perodo entre guerras, quando se deu o boom do desenvolvimento das tecnolo-gias militares, foi quando o cientista norte-americano Vanevar Bush (1890-1974) consolidou sua carreira. Assim como Agostino Ramelli, que trabalhava para as tropas francesas criando engenhos milita-res, Bush tido como uma gura de lide- rana no desenvolvimento do complexo militar-industrial dos Estados Unidos. O cientista estava preocupado em criar um mecanismo que armazenasse e facilitasse a pesquisa de toda essa produo tecno-cientca que crescia em ritmo acelerado. Em 1945, ele escreveu o artigo As We May ink (Como Podemos Pensar), que in-terpretado por alguns como a referncia daquilo que viria ser a internet atual. Nesse artigo, Bush descreve sua inven-o chamada Memex, um dispositivo que nunca chegou a ser construdo. Ao us-lo, prossionais poderiam consultar

    seus pares e buscar pareceres e processos semelhantes aos seus. Nesse prodigioso invento cujo nome seria uma juno entre as palavras Memria e Index as pesquisas se dariam pela semelhana e associao dos termos buscados. Alm da pesquisa associativa, que muito se-melhante ao modo como o pensamento humano funciona, o contedo estaria disposto pela similaridade por meio de elos que ligariam os assuntos uns aos outros. Assim nasceu tambm o conceito de hiperlink, que atualmente impres- cindvel para se navegarpela internet. Alm dessas propostas visionrias, a mquina ainda possibilitaria a edio e modicao do contedo pelo usurio. Em vez de serem guardadas em bancos de dados, como as da internet, as infor-maes do Memex estariam gravadas em microlmes e fotograas que seriam ma-nipulados diretamente pelo usurio.

    A MESA MECNICA POSSUA ENGRE-NAGEM SIMILAR DO RELGIO, QUE FOLHEAVA O LIVRO DURANTE A LEITURA

    RETRATO DE JOHN MUIR, PRECURSOR DA ECOLOGIA E INVENTOR DA MESA MECNICA

    DETALHE DO PROJETO DE JOHN MUIR, REALIZADO EM AQUARELA, EM 1960

    COMPONENTES DA MESA MECNICA, DE MUIR

    maquinas de leitura_RF.indd 39 11/22/11 4:05 PM

  • 72

    Futuro do livro_RF.indd 40 11/22/11 4:16 PM

    arqueologia miditica

    E M B U S C A

    do

    L I V R O S E M M A R G E N S

    O l i v r o e l e t r n i c o a b r i r u m n o v o c a p t u l o

    n a histria d a e s c r i t a,

    GISELLE BE IGUELMAN

    A INTERNET TRANSFORMOU O COMPUTADOR EM UMA MQUINA DE LER, ESCREVER E PUBLICAR. INDITO NA HISTRIA DA HUMANIDADE UM DISPOSITIVO QUE ARTICULE TANTAS ETAPAS DO PROCESSO EDITORIAL.No mago dessa cadeia reina soberano Sua Excelncia, o Livro e toda uma gama de velhas e novas discusses sobre a possvel extino de seu formato impresso e substituio pelo modelo eletrnico. Esse debate, contudo, paradoxal, pois, enquanto se alardeia o esgotamento do livro impresso, o que se testemunha uma sucesso de experincias frustradas de emplacar a verso eletrnica.O lanamento do Kindle, pela Amazon, em 2007, marcou um primeiro movi-mento de real sucesso do livro eletrnico em relao ao impresso. As vendas nesse formato crescem em velocidade impressionante, mas o mercado literrio ainda dominado pelo impresso.Isso indica uma maior necessidade de avaliao de dados sobre produo e con-sumo. Indica que h ainda muito a investigar sobre os processos de leitura e suas transformaes na passagem de um formato para o outro. Afinal, no se fala de um mundo da leitura sem pressupor uma leitura de mundo, como j as-sinalou uma das principais estudiosas da histria da leitura e do livro no Brasil, a crtica literria e professora Marisa Lajolo. As perguntas que parecem no querer calar so: a despeito dos inegveis su-cessos de venda dos novos e-readers e dos tablets, o que tanto fascina no livro impresso? E o que queremos do livro eletrnico?

    quando permitir a leitura compartilhada e em rede para alm

    da moldura da pgina

    I LUSTRAO GUTO LACAZ

    Futuro do livro_RF.indd 41 11/22/11 12:08 PM

  • 72

    Futuro do livro_RF.indd 40 11/22/11 4:16 PM

    arqueologia miditica

    E M B U S C A

    do

    L I V R O S E M M A R G E N S

    O l i v r o e l e t r n i c o a b r i r u m n o v o c a p t u l o

    n a histria d a e s c r i t a,

    GISELLE BE IGUELMAN

    A INTERNET TRANSFORMOU O COMPUTADOR EM UMA MQUINA DE LER, ESCREVER E PUBLICAR. INDITO NA HISTRIA DA HUMANIDADE UM DISPOSITIVO QUE ARTICULE TANTAS ETAPAS DO PROCESSO EDITORIAL.No mago dessa cadeia reina soberano Sua Excelncia, o Livro e toda uma gama de velhas e novas discusses sobre a possvel extino de seu formato impresso e substituio pelo modelo eletrnico. Esse debate, contudo, paradoxal, pois, enquanto se alardeia o esgotamento do livro impresso, o que se testemunha uma sucesso de experincias frustradas de emplacar a verso eletrnica.O lanamento do Kindle, pela Amazon, em 2007, marcou um primeiro movi-mento de real sucesso do livro eletrnico em relao ao impresso. As vendas nesse formato crescem em velocidade impressionante, mas o mercado literrio ainda dominado pelo impresso.Isso indica uma maior necessidade de avaliao de dados sobre produo e con-sumo. Indica que h ainda muito a investigar sobre os processos de leitura e suas transformaes na passagem de um formato para o outro. Afinal, no se fala de um mundo da leitura sem pressupor uma leitura de mundo, como j as-sinalou uma das principais estudiosas da histria da leitura e do livro no Brasil, a crtica literria e professora Marisa Lajolo. As perguntas que parecem no querer calar so: a despeito dos inegveis su-cessos de venda dos novos e-readers e dos tablets, o que tanto fascina no livro impresso? E o que queremos do livro eletrnico?

    quando permitir a leitura compartilhada e em rede para alm

    da moldura da pgina

    I LUSTRAO GUTO LACAZ

    Futuro do livro_RF.indd 41 11/22/11 12:08 PM

  • 72

    arqueologia miditica

    FOTO: GRENKBLOG.COM/GREEN-ELECTRONICS-YEAR

    Mortes e ressurreies do e-book

    O livro impresso , provavelmente, o mais estvel produto cultural que conhecemos. Do ponto de vista do design, mu-dou quase nada ao longo de seus mais de 550 anos de histria, incorporando, basicamente, os princpios estruturais dos c-dices medievais: formato retangular, capa, contracapa, miolo (composto de folhas dobradas em quatro) e lombada.Tamanha longevidade, em uma cultura do descarte como a nossa, surpreende. Por um lado, prevalece entre ns a obso-lescncia programada. Por outro, o lanamento de produtos antes de estarem realmente prontos to comum que j nos acostumamos com o sbito desaparecimento de um deles. De uma forma ou de outra, o que sobra so artefatos passageiros. Basta pensar em quantas vezes, nos ltimos dez anos, voc trocou de aparelho de TV, som, computador e celular. O mes-mo raciocnio no vale, do ponto de vista funcional, para a quantidade de vezes que foi necessrio trocar suas estantes. Como design, o livro impresso, pelo menos diante dos ou-tros produtos com os quais convivemos, perfeito. Tanto que nunca precisou mudar. Do ponto de vista tcnico e da usabi-lidade, ainda o nico dispositivo totalmente wireless e que funciona com o mnimo de requisitos adicionais. estabilidade do livro impresso contrapem-se as inmeras mortes e ressurreies do livro eletrnico. Anunciado desde meados dos anos 1990 como produto revolucionrio, enfren-tou ao longo dos anos uma histria de sequenciais fracassos.

    do que estudos sobre os diversos insucessos do similar eletrnico

    Futuro do livro_RF.indd 42 11/22/11 4:17 PM

    73

    Uma anedota corrente no ano 2000, em palestras sobre e--books e o futuro da leitura, costumava encenar uma situao no futuro em que algum diria sobre ns e nosso presente: eles viviam em uma poca em que as bibliotecas continham livros que no conversavam entre si. Esse comentrio, disse o especialista no tema Clifford Lynch, traduzia a expectativa de que o livro, no formato eletrnico, se transformaria em uma estrutura de conhecimento ativa. Projetava-se a, por-tanto, algo alm de uma evoluo no suporte: a expectativa era por um novo captulo na histria da leitura.Entre meados dos anos 1990 e comeo dos 2000, presencia-mos o lanamento de livros em disquete, CD-ROM, e-readers e programas para criao de narrativas eletrnicas. Todos fo-ram lanados com estardalhao. Poucos sobreviveram (na lem-brana e nas implicaes histricas). Disquetes que tiveram, inclusive, um formato especfico para livros, o DBF acaba-ram sem deixar poeira, saudade ou rastro. E-readers, como o Rocket e o SoBook, faliram, mas programas leitores, como o Adobe Reader (definitivamente o campeo), tornaram-se parte do nosso cotidiano. Sowares para criao de literatura hipertextual, como o Storyspace, no conseguiram muitos fru-tos importantes, mas esto diretamente ligados histria da e-literatura, a partir de clssicos como Aernoon, a Story, de Michael Joyce (1987) e Grammatron, de Mark Amerika (1995). Ficou, como referncia ainda a ser mais bem aproveitada nos iPads e tablets, a excelncia dos livros multimdia da Voyager, de Bob Stein, que depois fundou o Institute for the Future of the Book e hoje dirige um projeto de rede social inteiramente devotado leitura. Seu conceito de livro expandido cada vez mais pertinente. No Brasil, tambm houve uma experincia in-teressante, a revista NEO Interativa, de Ricardo Anderos, Silvio Gianinni e Luis Henrique Moraes, que circulou de 1994 a 1997.Foi de fato a partir das possibilidades abertas pela web, que

    E n t r e a s m o r t e s e ressurreies d o e-book p u l u l a r a m m a i s d i s c u r s o s e s c a t o l g i c o s s o b r e a i m i n n c i a d o f i m d o l i v r o

    i m p r e s s o do que estudos sobre os diversos insucessos do similar eletrnico

    Futuro do livro_RF.indd 43 11/22/11 12:08 PM

  • 73

    Uma anedota corrente no ano 2000, em palestras sobre e--books e o futuro da leitura, costumava encenar uma situao no futuro em que algum diria sobre ns e nosso presente: eles viviam em uma poca em que as bibliotecas continham livros que no conversavam entre si. Esse comentrio, disse o especialista no tema Clifford Lynch, traduzia a expectativa de que o livro, no formato eletrnico, se transformaria em uma estrutura de conhecimento ativa. Projetava-se a, por-tanto, algo alm de uma evoluo no suporte: a expectativa era por um novo captulo na histria da leitura.Entre meados dos anos 1990 e comeo dos 2000, presencia-mos o lanamento de livros em disquete, CD-ROM, e-readers e programas para criao de narrativas eletrnicas. Todos fo-ram lanados com estardalhao. Poucos sobreviveram (na lem-brana e nas implicaes histricas). Disquetes que tiveram, inclusive, um formato especfico para livros, o DBF acaba-ram sem deixar poeira, saudade ou rastro. E-readers, como o Rocket e o SoBook, faliram, mas programas leitores, como o Adobe Reader (definitivamente o campeo), tornaram-se parte do nosso cotidiano. Sowares para criao de literatura hipertextual, como o Storyspace, no conseguiram muitos fru-tos importantes, mas esto diretamente ligados histria da e-literatura, a partir de clssicos como Aernoon, a Story, de Michael Joyce (1987) e Grammatron, de Mark Amerika (1995). Ficou, como referncia ainda a ser mais bem aproveitada nos iPads e tablets, a excelncia dos livros multimdia da Voyager, de Bob Stein, que depois fundou o Institute for the Future of the Book e hoje dirige um projeto de rede social inteiramente devotado leitura. Seu conceito de livro expandido cada vez mais pertinente. No Brasil, tambm houve uma experincia in-teressante, a revista NEO Interativa, de Ricardo Anderos, Silvio Gianinni e Luis Henrique Moraes, que circulou de 1994 a 1997.Foi de fato a partir das possibilidades abertas pela web, que

    E n t r e a s m o r t e s e ressurreies d o e-book p u l u l a r a m m a i s d i s c u r s o s e s c a t o l g i c o s s o b r e a i m i n n c i a d o f i m d o l i v r o

    i m p r e s s o do que estudos sobre os diversos insucessos do similar eletrnico

    Futuro do livro_RF.indd 43 11/22/11 12:08 PM

  • 72

    levaram ao limite essas primeiras experincias radicais como as da Voyager e Storyspace, que cou clara a timidez da primeira onda dos e-readers. Eles pareciam pretender posar de revoluo na leitura, quando nem sequer indi-cavam uma grande evoluo em relao ao livro impresso.A histria das mquinas de leitura sonhadas pela humanidade desde o aparecimento do livro impresso na Renascena mostra que o que perse-guimos um livro sem margens e sem fronteiras, capaz de permitir a cos-tura (ou a linkagem) de passagens dispersas, que relativizem o limite im-posto pelo volume dos textos. nessa direo que caminha toda a pesquisa contempornea de tecnologia de telas e conexo, cada vez mais orientadas para a fruio compartilhada entre monitores de diferentes portes e no nos monitores em si. Tudo indica que os prximos captulos da histria da leitura e do livro devem desenrolar-se para alm dos limites das molduras denidas pelas bordas das telas ou das margens dos livros. Eles devem romper com o ima-ginrio clssico do mundo enquadrado para aderir experincia da leitura mediada pelas redes.

    arqueologia miditica

    nos seus primeiros anos foi tambm a varinha de condo que

    o ressuscitou com fora invejvel: a internet

    C u r i o s a m e n t e , o bicho-papo q u e e n g o l i u a i n d s t r i a d o e - b o o k

    A PERSPECTIVA, SISTEMATIZADA NO EXPERIMENTO DE BRUNELESCHI, REFERNCIA DE UMA LEITURA DE MUNDO QUE DEMANDA O ENQUADRAMENTO COMOPRESSUPOSTO DA COMPREENSO

    Futuro do livro_RF.indd 44 11/22/11 4:17 PM baro.indd 1 11/22/11 12:14 PM

  • 72

    levaram ao limite essas primeiras experincias radicais como as da Voyager e Storyspace, que cou clara a timidez da primeira onda dos e-readers. Eles pareciam pretender posar de revoluo na leitura, quando nem sequer indi-cavam uma grande evoluo em relao ao livro impresso.A histria das mquinas de leitura sonhadas pela humanidade desde o aparecimento do livro impresso na Renascena mostra que o que perse-guimos um livro sem margens e sem fronteiras, capaz de permitir a cos-tura (ou a linkagem) de passagens dispersas, que relativizem o limite im-posto pelo volume dos textos. nessa direo que caminha toda a pesquisa contempornea de tecnologia de telas e conexo, cada vez mais orientadas para a fruio compartilhada entre monitores de diferentes portes e no nos monitores em si. Tudo indica que os prximos captulos da histria da leitura e do livro devem desenrolar-se para alm dos limites das molduras denidas pelas bordas das telas ou das margens dos livros. Eles devem romper com o ima-ginrio clssico do mundo enquadrado para aderir experincia da leitura mediada pelas redes.

    arqueologia miditica

    nos seus primeiros anos foi tambm a varinha de condo que

    o ressuscitou com fora invejvel: a internet

    C u r i o s a m e n t e , o bicho-papo q u e e n g o l i u a i n d s t r i a d o e - b o o k

    A PERSPECTIVA, SISTEMATIZADA NO EXPERIMENTO DE BRUNELESCHI, REFERNCIA DE UMA LEITURA DE MUNDO QUE DEMANDA O ENQUADRAMENTO COMOPRESSUPOSTO DA COMPREENSO

    Futuro do livro_RF.indd 44 11/22/11 4:17 PM baro.indd 1 11/22/11 12:14 PM

  • 46

    portflio

    Ele j fez (quase) tudo o que possvel fazer com o livro entendido como suporte para a arte: escultura, colagem, descolagem, esca-rificao, camuflagem, esfoliao, todo tipo de recorte e inciso, molhou, derreteu vela em cima, apagou, serpentinou, vestiu, virou do avesso, embaralhou (muitos dos termos desta lista so deriva-dos de tcnicas inventadas por ele). As obras de Odires Mlszho comeam e/ou terminam com um livro, invariavelmente.No incio de sua trajetria artstica, nos anos 1990, o processa-mento dos livros era menos aparente, porque o resultado eram

    sempre trabalhos fotogrficos. Na srie Cavo um Fssil Repleto de Anzis (1995-1996) que pertence prestigiada Coleo Pirelli de Fotografia , os olhos de polticos alemes de um livro de retratos da dcada de 1960 enxertados em bustos romanos espreitam da superfcie brilhante e impecvel do papel fotogrfico.Filsofos e poetas, como Kant e Schiller, so sepultados sob ptalas secas e parafina na srie Animal Farejando o Teu Sono (2002); em obras feitas com a tcnica da escarificao um aparato de transferncia de imagens criado pelo artista para

    Portifolio_odires_mlaszho_RF.indd 46 11/22/11 2:01 PM

    47

    MORFOLOGIA REUMATOLGICA A SCANNING (2008), LIVRO ALTERADO

    (CORTE E TORO); NAS PGINAS ANTERIORES, LEVOCA (2011), DA SRIE TRABALHOS CASEIROS DE ESCALPOS

    produzir sulcos verticais com milmetros de distncia entre um e outro na superfcie inteira de folhas de um livro antigo , o manual com posies corretas para realizar exerccios fsicos (Atletas, 2001) e interiores arquitetnicos (Monumental Man, 2001) ganham ares fantasmagricos.Alguns trabalhos desse perodo surgem tambm das folhas sol-tas do mundo editorial: psteres de celebridades so submetidos tcnica da serpentina, corpos de revistas erticas so retalha-dos para dar origem aos Butchers (srie Mestres Aougueiros e

    Aprendizes, 2004), rostos femininos tm os olhos vazados e so recobertos por guardanapos molhados (Antecmara da Mscara, 2001). Uma srie emblemtica ganha ampla divulgao na mdia no incio dos anos 2000: as silhuetas de bebs que emergem quando o artista apaga tudo ao seu redor em pginas da revista de HQ Spawn.Em 2002, a Galeria Vermelho, em So Paulo, inaugurada com fotografias em grande formato de Odires Mlszho. Elas integram uma mostra coletiva, mas ganham lugar de destaque, como in-dcios do futuro da imagem fotogrfica (a Galeria Vermelho, em

    O LIVRO O COMEO E , MUITAS VEZES, TAMBM

    O F IM DAS OBRAS DO ARTISTA JUL IANA MONACHESI

    FOTOS: EDOUARD FRAIPONT/CORTESIA GALERIA VERMELHO

    Portifolio_odires_mlaszho_RF.indd 47 11/22/11 2:01 PM

  • 47

    MORFOLOGIA REUMATOLGICA A SCANNING (2008), LIVRO ALTERADO

    (CORTE E TORO); NAS PGINAS ANTERIORES, LEVOCA (2011), DA SRIE TRABALHOS CASEIROS DE ESCALPOS

    produzir sulcos verticais com milmetros de distncia entre um e outro na superfcie inteira de folhas de um livro antigo , o manual com posies corretas para realizar exerccios fsicos (Atletas, 2001) e interiores arquitetnicos (Monumental Man, 2001) ganham ares fantasmagricos.Alguns trabalhos desse perodo surgem tambm das folhas sol-tas do mundo editorial: psteres de celebridades so submetidos tcnica da serpentina, corpos de revistas erticas so retalha-dos para dar origem aos Butchers (srie Mestres Aougueiros e

    Aprendizes, 2004), rostos femininos tm os olhos vazados e so recobertos por guardanapos molhados (Antecmara da Mscara, 2001). Uma srie emblemtica ganha ampla divulgao na mdia no incio dos anos 2000: as silhuetas de bebs que emergem quando o artista apaga tudo ao seu redor em pginas da revista de HQ Spawn.Em 2002, a Galeria Vermelho, em So Paulo, inaugurada com fotografias em grande formato de Odires Mlszho. Elas integram uma mostra coletiva, mas ganham lugar de destaque, como in-dcios do futuro da imagem fotogrfica (a Galeria Vermelho, em

    O LIVRO O COMEO E , MUITAS VEZES, TAMBM

    O F IM DAS OBRAS DO ARTISTA JUL IANA MONACHESI

    FOTOS: EDOUARD FRAIPONT/CORTESIA GALERIA VERMELHO

    Portifolio_odires_mlaszho_RF.indd 47 11/22/11 2:01 PM

  • 48

    portflio

    seu projeto inicial, destinava-se comercializao de fotografias apenas, com o intuito de estabelecer parmetros de colecionismo privado e institucional dessa modalidade artstica). A primeira exposio individual que a Vermelho realiza em sua sala principal (em agosto de 2002) , no por acaso, do prprio Mlszho.Caminhando, entretanto, na contramo das tendncias de mercado, o artista decide conceder autonomia a suas matrizes e, na segunda mostra individual na galeria, intitulada O.D.I.R.E.S (2006), expe esculturas feitas com os 60 vo-lumes das enciclopdias Britannica e Americana (Livros Alterados). Na mes-ma ocasio, em que tambm mostrou ampliaes fotogrficas da srie Mestres

    BOX DE CHUMBO (2004), OBRA FEITA COM A TCNICA DE ESCARIFICAO, UM APARATO DE TRANSFERNCIA DE IMAGENS CRIADO PELO ARTISTA PARA PRODUZIR SULCOS VERTICAIS COM MILMETROS DE DISTNCIA ENTRE UM E OUTRO NA SUPERFCIE INTEIRA DE FOLHAS DE UM LIVRO ANTIGO. DIREITA HOMEM COM OLHO DE PSSARO, FOTOGRAFIA DA SRIE ROLLEIFLEX SERPENTINA (2002)

    MLSZHO RECORTA UM RETRATO ANTIGO EM UMA NICA

    TIRA ESPIRALADA DE PAPEL , SERPENTINA QUE TORNA

    A FOTO TRIDIMENSIONAL

    FOTOS: CORTESIA DO ARTISTA E GALERIA VERMELHO

    Portifolio_odires_mlaszho_RF.indd 48 11/22/11 2:01 PM

    49

    Portifolio_odires_mlaszho_RF.indd 49 11/22/11 2:01 PM

  • 49

    Portifolio_odires_mlaszho_RF.indd 49 11/22/11 2:01 PM

  • 50

    Portifolio_odires_mlaszho_RF.indd 50 11/22/11 2:01 PM

    51

    ESQUERDA, BUTCHER, AMPLIAO DIGITAL DA SRIE MESTRES AOUGUEIROS

    E APRENDIZES (2005). AO LADO, LIVROS ALTERADOS DA SRIE BRITANNICA (2006).

    ABAIXO, LIVRO CEGO (2010)

    PUDAE NONSENDUS MOLORIO. ITASPERE ES NUM INT FUGA. UT QUAMENIANT LIT EX ET ESCIPSA

    CON EAQUAT HARUPTI ONEST, ASIT ETUR? PARITIO S

    Aougueiros, exps colagens cuja tcnica batizou de flaps: livros inteiros recortados em faixas que fo-ram abertas como um baralho e deixavam entrever 2 milmetros de cada pgina, possibilitando a visua-lizao de seu contedo integral como uma imagem nica. Entre eles, Atlas Hardenability of Carburi-zed Steels, de 2005; NSK Rolamentos de Esferas e de Rolos, de 2005; Sandvik, de 2006; e SKF, de 2006.Mais recentemente, o artista vem se dedicando, na srie Paisagens Cambiantes (1999-2007), a subme-ter livros inteiros s tcnicas de esfoliao e reca-ligrafia, e tambm a criar livros vestveis: adaptou uma coleo de cintos e tiras de couro estrutura de luxuosos livros corporativos, que podem ser carre-gados como uma mochila. A portabilidade leve dos objetos antes desconfortveis para carregar aponta mais uma vez para o futuro e localiza outra vez o artista nas discusses de ponta da arte.

    FOTOS: CORTESIA DO ARTISTA E GALERIA VERMELHO

    Portifolio_odires_mlaszho_RF.indd 51 11/22/11 2:02 PM

  • 51

    ESQUERDA, BUTCHER, AMPLIAO DIGITAL DA SRIE MESTRES AOUGUEIROS

    E APRENDIZES (2005). AO LADO, LIVROS ALTERADOS DA SRIE BRITANNICA (2006).

    ABAIXO, LIVRO CEGO (2010)

    PUDAE NONSENDUS MOLORIO. ITASPERE ES NUM INT FUGA. UT QUAMENIANT LIT EX ET ESCIPSA

    CON EAQUAT HARUPTI ONEST, ASIT ETUR? PARITIO S

    Aougueiros, exps colagens cuja tcnica batizou de flaps: livros inteiros recortados em faixas que fo-ram abertas como um baralho e deixavam entrever 2 milmetros de cada pgina, possibilitando a visua-lizao de seu contedo integral como uma imagem nica. Entre eles, Atlas Hardenability of Carburi-zed Steels, de 2005; NSK Rolamentos de Esferas e de Rolos, de 2005; Sandvik, de 2006; e SKF, de 2006.Mais recentemente, o artista vem se dedicando, na srie Paisagens Cambiantes (1999-2007), a subme-ter livros inteiros s tcnicas de esfoliao e reca-ligrafia, e tambm a criar livros vestveis: adaptou uma coleo de cintos e tiras de couro estrutura de luxuosos livros corporativos, que podem ser carre-gados como uma mochila. A portabilidade leve dos objetos antes desconfortveis para carregar aponta mais uma vez para o futuro e localiza outra vez o artista nas discusses de ponta da arte.

    FOTOS: CORTESIA DO ARTISTA E GALERIA VERMELHO

    Portifolio_odires_mlaszho_RF.indd 51 11/22/11 2:02 PM

  • 52

    fotografia

    DANIELA BOUSSO

    O S C A R M U OZ

    ESQUERDA, CORTESIA DO ARTISTA E DA GALERIA LA FABRICA (MADRI); DIREITA, CORTESIA DA GALERIA NARA ROESLER

    Fotografia_Desaparecimento-RF.indd 52 11/22/11 2:15 PM

    53

    BR G I DA BA LTA R

    Fotografia_Desaparecimento-RF.indd 53 11/22/11 2:15 PM

  • 53

    BR G I DA BA LTA R

    Fotografia_Desaparecimento-RF.indd 53 11/22/11 2:15 PM

  • 54

    fotografia

    C A E TA NO DI A S

    Fotografia_Desaparecimento-RF.indd 54 11/22/11 2:15 PM

    55

    ESQUERDA, CORTESIA DO ARTISTA; DIREITA, CORTESIA DA GALERIA NARA ROESLER

    A L IC E M IC E L I

    Fotografia_Desaparecimento-RF.indd 55 11/22/11 2:15 PM

  • 55

    ESQUERDA, CORTESIA DO ARTISTA; DIREITA, CORTESIA DA GALERIA NARA ROESLER

    A L IC E M IC E L I

    Fotografia_Desaparecimento-RF.indd 55 11/22/11 2:15 PM

  • 56

    ESQUERDA, CORTESIA DA GALERIA FORTES VILAA; DIREITA, CORTESIA DA ARTISTA

    fotografia

    LU I Z Z E R BI N I

    Fotografia_Desaparecimento-RF.indd 56 11/22/11 2:15 PM

    57

    E S S I L A PA R A S O

    Fotografia_Desaparecimento-RF.indd 57 11/22/11 2:15 PM

  • 57

    E S S I L A PA R A S O

    Fotografia_Desaparecimento-RF.indd 57 11/22/11 2:15 PM

  • 58

    exclusivo

    MAC em branco_RFV1.indd 58 11/22/11 2:19 PM

    59

    Vai decolar um dos projetos de maior envergadura da cena artstica atual no Pas: o novo Museu de Arte Contempornea da Universidade de So Paulo

    O ESPAO IMPACTANTE. UM DOS MELHORES PRDIOS DA MELHOR FASE DA CRIAO DE OSCAR NIEMEYER (ANOS 1950), POSSUI GRANDES VOS LIVRES, PONTUADOS DE COLUNAS DE FORMAS ESSENCIAIS E REAS ENVIDRAADAS IMENSAS, QUE FAZEM A PAISAGEM DA CIDADE PENETRAR NA ESTRUTURA, INTEGRANDO-A AO SKYLINE DA METRPOLE E AO VERDE DO PARQUE DO IBIRAPUERA. Em maro de 2012, conrma Tadeu Chiarelli, diretor do Museu de Arte Contempornea da Universidade de So Paulo (MAC-USP), esses espaos, revitalizados e ampliados para abrigar a nova sede do MAC, sero inaugurados com um conjunto de exposies que ocupar seis de seus sete andares.

    VOOPLANO DE

    ANGL ICA DE MORAES FOTOS R ICARDO VAN STEEN

    MAC em branco_RFV1.indd 59 11/22/11 4:26 PM

  • 58

    exclusivo

    MAC em branco_RFV1.indd 58 11/22/11 2:19 PM

    59

    Vai decolar um dos projetos de maior envergadura da cena artstica atual no Pas: o novo Museu de Arte Contempornea da Universidade de So Paulo

    O ESPAO IMPACTANTE. UM DOS MELHORES PRDIOS DA MELHOR FASE DA CRIAO DE OSCAR NIEMEYER (ANOS 1950), POSSUI GRANDES VOS LIVRES, PONTUADOS DE COLUNAS DE FORMAS ESSENCIAIS E REAS ENVIDRAADAS IMENSAS, QUE FAZEM A PAISAGEM DA CIDADE PENETRAR NA ESTRUTURA, INTEGRANDO-A AO SKYLINE DA METRPOLE E AO VERDE DO PARQUE DO IBIRAPUERA. Em maro de 2012, conrma Tadeu Chiarelli, diretor do Museu de Arte Contempornea da Universidade de So Paulo (MAC-USP), esses espaos, revitalizados e ampliados para abrigar a nova sede do MAC, sero inaugurados com um conjunto de exposies que ocupar seis de seus sete andares.

    VOOPLANO DE

    ANGL ICA DE MORAES FOTOS R ICARDO VAN STEEN

    MAC em branco_RFV1.indd 59 11/22/11 4:26 PM

  • 60

    Entraves administrativos de toda ordem j foram superados, garante ele. Em dezembro de 2011, uma cerimnia oficial assinala a transferncia da propriedade do prdio da Secre-taria de Estado da Cultura de So Paulo para a USP. O litgio sobre a ocupao do terreno vizinho tambm j foi solucionado, resgatando 16 mil metros quadrados para o jardim de esculturas do museu.Conforme esclarece o assessor de obras da Secretaria de Estado da Cultura de So Paulo, Ange-lo Mellios, as caractersticas construtivas de fachada, estrutura e volumetria foram mantidas. Paradoxalmente, essas histricas caractersticas j correram risco de ser alteradas em nome do prprio autor do projeto. Em 2007, o prefeito Jos Serra solicitou a Oscar Niemeyer uma adap-tao do edifcio. Embora o local fosse tombado pelo IPHAN (Instituto do Patrimnio Histri-co e Artstico Nacional) e pelo Conpresp (Conselho Municipal de Preservao do Patrimnio Histrico, Cultural e Ambiental da Cidade de So Paulo), o escritrio de Niemeyer apresentou projeto que alterava radicalmente as caractersticas da fachada.

    AGRADECIMENTOS: ENGENHEIRO OSWALDO PADILHA; ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA: ADRIANO VANNI

    exclusivo

    MAC em branco_RFV1.indd 60 11/22/11 2:19 PM

    61

    MAC em branco_RFV1.indd 61 11/22/11 2:19 PM

  • 61

    MAC em branco_RFV1.indd 61 11/22/11 2:19 PM

  • 62

    Como recorda Mellios, a fachada presumia a substituio dos caixilhos por vidros ininter-ruptos pretos e ainda uma parede escultrica em vermelho, solta da edificao. Iphan e Con-presp no aprovaram, por entenderem que a proposta descaracterizava o bem tombado. Com isso, garantiu-se no s a integridade da construo como sua harmonia com os pr-dios de igual poca e autoria, que fazem do Parque do Ibirapuera um dos mais importantes conjuntos de obras de Niemeyer no pas.O total da rea expositiva do novo MAC (includos os anexos, mas no os jardins) de 12 mil metros quadrados. Isso significa quase metade dos 25 mil metros quadrados do Pavilho do Ibirapuera, sede da Bienal de So Paulo, outra joia niemeyeriana.O agora novo MAC, h dcadas ocupado pelo Departamento de Trnsito paulista (Detran), livrou-se dos ddalos de madeira do funcionalismo pblico e recuperou a beleza. Cada andar tem 1,6 mil metros quadrados para exposies, ampliado por duas alas anexas.Quatro andares (do stimo ao quarto) so para expor o acervo. Nos anexos menores de cada andar sero alojadas exposies monogrficas de artistas de presena importante no acervo, como Julio Plaza, Leon Ferrari e Rafael Frana. Dois andares (terceiro e segundo) tero exposio de obras recentes (ltimos 15 anos), que no pertencem ao museu, mas dialogam de modo muito vivo com ele, diz Chiarelli, que faz a curadoria geral. O anexo original (mezanino) ser ocupado com uma exposio de 16 fotos de grande formato de Mauro Restiffe, sobre a reforma do prdio.Todas as exposies tero longa durao: um ano para acervo e seis meses para as demais. Chiarelli: No acredito que se possa fazer um bom trabalho de formao do pblico com exposies que duram um ms ou algumas semanas.

    exclusivo

    MAC em branco_RFV1.indd 62 11/22/11 2:19 PM

    63

    MAC em branco_RFV1.indd 63 11/22/11 2:20 PM

  • 62

    Como recorda Mellios, a fachada presumia a substituio dos caixilhos por vidros ininter-ruptos pretos e ainda uma parede escultrica em vermelho, solta da edificao. Iphan e Con-presp no aprovaram, por entenderem que a proposta descaracterizava o bem tombado. Com isso, garantiu-se no s a integridade da construo como sua harmonia com os pr-dios de igual poca e autoria, que fazem do Parque do Ibirapuera um dos mais importantes conjuntos de obras de Niemeyer no pas.O total da rea expositiva do novo MAC (includos os anexos, mas no os jardins) de 12 mil metros quadrados. Isso significa quase metade dos 25 mil metros quadrados do Pavilho do Ibirapuera, sede da Bienal de So Paulo, outra joia niemeyeriana.O agora novo MAC, h dcadas ocupado pelo Departamento de Trnsito paulista (Detran), livrou-se dos ddalos de madeira do funcionalismo pblico e recuperou a beleza. Cada andar tem 1,6 mil metros quadrados para exposies, ampliado por duas alas anexas.Quatro andares (do stimo ao quarto) so para expor o acervo. Nos anexos menores de cada andar sero alojadas exposies monogrficas de artistas de presena importante no acervo, como Julio Plaza, Leon Ferrari e Rafael Frana. Dois andares (terceiro e segundo) tero exposio de obras recentes (ltimos 15 anos), que no pertencem ao museu, mas dialogam de modo muito vivo com ele, diz Chiarelli, que faz a curadoria geral. O anexo original (mezanino) ser ocupado com uma exposio de 16 fotos de grande formato de Mauro Restiffe, sobre a reforma do prdio.Todas as exposies tero longa durao: um ano para acervo e seis meses para as demais. Chiarelli: No acredito que se possa fazer um bom trabalho de formao do pblico com exposies que duram um ms ou algumas semanas.

    exclusivo

    MAC em branco_RFV1.indd 62 11/22/11 2:19 PM

    63

    MAC em branco_RFV1.indd 63 11/22/11 2:20 PM

  • 64

    moda

    Fotos ZEE NUNES , edio de moda MAURIC O IANS

    E S C R I

    T U R A S

    No incio era o

    vazio, o silncio,

    a luz. O futuro,

    como pgina em

    branco, abrindo-se

    ao grafismo da

    letra em preto.

    Uniram-se e deram

    corpo a uma

    linguagem ainda

    no definida.

    E fez-se a paz

    MODA_RF.indd 64 11/22/11 4:28 PM

    65

    PGINA AO LADO, VESTIDO GESSO, SAAD - R$ 1.880. NESTA PGINA, CAMISA BRANCA, HUGO BOSS - R$ 628. CALA BRANCA, ERMENEGILDO ZEGNA - R$ 1.140

    MODA_RF.indd 65 11/22/11 2:25 PM

  • 65

    PGINA AO LADO, VESTIDO GESSO, SAAD - R$ 1.880. NESTA PGINA, CAMISA BRANCA, HUGO BOSS - R$ 628. CALA BRANCA, ERMENEGILDO ZEGNA - R$ 1.140

    MODA_RF.indd 65 11/22/11 2:25 PM

  • 66

    moda

    NESTA PGINA, VESTIDO SPAZZI SAAD - R$ 2.150. PULSEIRA PRETA, NEON - ACERVO NEON.

    PGINA AO LADO, VESTIDO BRANCO DO ESTILISTA, ACERVO MARCELO SOMMER. PULSEIRA PRETA MARC JACOBS - R$ 260 GOLA PRETA, REINALDO LOURENO - R$ 460

    MODA_RF.indd 66 11/22/11 2:25 PM

    67

    MODA_RF.indd 67 11/22/11 2:27 PM

  • 67

    MODA_RF.indd 67 11/22/11 2:27 PM

  • 68

    moda

    NESTA PGINA, PALET BRANCO, ERMENEGILDO ZEGNA - R$ 3.035. CAMISA BRANCA, HUGO BOSS - $ 678. CALA BRANCA RICHARDS - R$ 220. GORRO PRETO MARC JACOBS - R$ 490. CINTO PRETO, ELLUS - R$ 129

    PGINA AO LADO, CAMISA BRANCA GLORIA COELHO - R$ 650. GOLA PRETA REINALDO LOURENO - R$ 460

    MODA_RF.indd 68 11/22/11 2:27 PM

    69

    MODA_RF.indd 69 11/22/11 2:27 PM

  • 69

    MODA_RF.indd 69 11/22/11 2:27 PM

  • 70

    moda

    PALET BRANCO, ERMENEGILDO ZEGNA - R$ 3.035. CAMISA BRANCA, HUGO BOSS - R$ 628. CALA BRANCA, AMERICAN APPAREL - R$ 211. CINTO PRETO OSKLEN - R$ 197,00. COLAR PRETO, GLORIA COELHO - R$ 1.812,00

    MODA_RF.indd 70 11/22/11 2:27 PM

    71

    ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA - SNDOR KISSTRATAMENTO DE IMAGEM - THIAGO AUGEASSISTENTE DE MODA - PALOMA VILLAS BOAS. BELEZA - HELDER RODRIGUES ASSISTENTE DE BELEZA - VIRGINIA PIMENTA PRODUO - ANNA GUIRRO. MODELOS - EDUARDA STARKE / FRANCIELE ZEMBRUSKI / AMANDA PASQUALLE / JOO ESPIRES / CHARLES WILHELM (WAY MODEL)

    CAPA BRANCA, NEON - ACERVO NEON. LUVA PRETA ELLUS - R$ 429

    MODA_RF.indd 71 11/22/11 2:27 PM

  • 71

    ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA - SNDOR KISSTRATAMENTO DE IMAGEM - THIAGO AUGEASSISTENTE DE MODA - PALOMA VILLAS BOAS. BELEZA - HELDER RODRIGUES ASSISTENTE DE BELEZA - VIRGINIA PIMENTA PRODUO - ANNA GUIRRO. MODELOS - EDUARDA STARKE / FRANCIELE ZEMBRUSKI / AMANDA PASQUALLE / JOO ESPIRES / CHARLES WILHELM (WAY MODEL)

    CAPA BRANCA, NEON - ACERVO NEON. LUVA PRETA ELLUS - R$ 429

    MODA_RF.indd 71 11/22/11 2:27 PM

  • 72

    artes visuais

    A arte que

    nasce do papel

    H extensa e importante produo

    contempornea que surge da tradio

    das artes grficas. A seguir, alguns

    artistas com esse DNA

    ANGL ICA DE MORAES

    Papel como Arte-RF.indd 72 11/22/11 2:34 PM

    73

    A arte que

    nasce do papel

    QUANDO EDITH DERDYK REALIZOU A INSTALAO METRAGEM, EXIBIDA DE AGOSTO A OUTUBRO DE 2011 NA NOVA SEDE DO SESC, NO BAIRRO PAULISTANO DO BOM RETIRO (reduto da confeco popular e do vesturio acessvel), ela tra-tou de aproximar dois mundos aparentemente diver-sos: o mundo txtil e o mundo do livro. Como a artista produziu essa sntese? Buscando a ori-gem da palavra texto. A palavra vem do verbo latino te-xere, que significa tecer. Portanto, as atividades de tecer e escrever esto intimamente ligadas. Derdyk celebrou essa unio em uma bela pea: a instalao/escultura, que ilustra estas pginas de seLecT em plano geral e clo-se. A obra possui a mesma natureza fluida e tensa que habita a linha, seja ela o fio que vai configurar tramas para nos vestir, a linha que sai da caneta da escrita cur-siva para construir as palavras. Ou a linha impressa na pgina de papel, como esta que agora voc l. Ou, ainda, a linha feita de pixels no computador onde este texto foi escrito e pode migrar para ser lida nos tablets. Em diver-

    sos panos, planos e superfcies, tudo isso linha tecida e bordada, criando dimenses de viver e refletir.Em Metragem, a linha parece escapar do plano do pa-pel para projetar-se no espao. H tambm a noo de seriao, de repetio, e acmulo de linha sobre linha. Novamente, uma natureza compartilhada tanto pelo tecido quanto pelo texto. Penso tambm na sobrepo-sio dos tempos, no futuro cheio de sobreposies, como uma arqueologia ao contrrio, comenta a artista, em seu amplo ateli lotado de projetos em criao ou execuo acelerada.Como uma sensibilssima mquina de fiar concei-tos, Derdyk no para. uma das artistas mais pro-lficas do cenrio artstico atual. Em sua agenda se sobrepem tanto exposies no Pas e no exterior como a atividade docente. Escreve e organiza livros tericos (como o timo Disegno Desenho Desgnio, Ed. Senac, 2007) e cria deliciosos livros de artis-ta, peas nicas ou de pequena tiragem. Tudo ao mesmo tempo, agora.

    FOTOS: CORTESIA DA ARTISTA

    Papel como Arte-RF.indd 73 11/22/11 2:34 PM

  • 73

    A arte que

    nasce do papel

    QUANDO EDITH DERDYK REALIZOU A INSTALAO METRAGEM, EXIBIDA DE AGOSTO A OUTUBRO DE 2011 NA NOVA SEDE DO SESC, NO BAIRRO PAULISTANO DO BOM RETIRO (reduto da confeco popular e do vesturio acessvel), ela tra-tou de aproximar dois mundos aparentemente diver-sos: o mundo txtil e o mundo do livro. Como a artista produziu essa sntese? Buscando a ori-gem da palavra texto. A palavra vem do verbo latino te-xere, que significa tecer. Portanto, as atividades de tecer e escrever esto intimamente ligadas. Derdyk celebrou essa unio em uma bela pea: a instalao/escultura, que ilustra estas pginas de seLecT em plano geral e clo-se. A obra possui a mesma natureza fluida e tensa que habita a linha, seja ela o fio que vai configurar tramas para nos vestir, a linha que sai da caneta da escrita cur-siva para construir as palavras. Ou a linha impressa na pgina de papel, como esta que agora voc l. Ou, ainda, a linha feita de pixels no computador onde este texto foi escrito e pode migrar para ser lida nos tablets. Em diver-

    sos panos, planos e superfcies, tudo isso linha tecida e bordada, criando dimenses de viver e refletir.Em Metragem, a linha parece escapar do plano do pa-pel para projetar-se no espao. H tambm a noo de seriao, de repetio, e acmulo de linha sobre linha. Novamente, uma natureza compartilhada tanto pelo tecido quanto pelo texto. Penso tambm na sobrepo-sio dos tempos, no futuro cheio de sobreposies, como uma arqueologia ao contrrio, comenta a artista, em seu amplo ateli lotado de projetos em criao ou execuo acelerada.Como uma sensibilssima mquina de fiar concei-tos, Derdyk no para. uma das artistas mais pro-lficas do cenrio artstico atual. Em sua agenda se sobrepem tanto exposies no Pas e no exterior como a atividade docente. Escreve e organiza livros tericos (como o timo Disegno Desenho Desgnio, Ed. Senac, 2007) e cria deliciosos livros de artis-ta, peas nicas ou de pequena tiragem. Tudo ao mesmo tempo, agora.

    FOTOS: CORTESIA DA ARTISTA

    Papel como Arte-RF.indd 73 11/22/11 2:34 PM

  • 74

    NESTA PGINA, CORTESIA EDITH DERDYK. AO LADO, CORTESIA GALERIA NARA ROESLER

    Palatnik recorta no papel ngulos que criam sombras e percepes cromticas volteis artes visuais

    Papel como Arte-RF.indd 74 11/22/11 2:34 PM

    75

    NA PGINA ESQUERDA, DUAS INSTALAES DE EDITH DERDYK. NO ALTO, TABULEIRO, 2010. ABAIXO, ONDA SECA, 2007. NESTA PGINA, OBRA DE PALATNIK:

    RELEVO PROGRESSIVO C-89, 2007, CARTO SOBRE MADEIRA

    Em breve, sua imaginao industriosa vai lev-la a Je-rusalm, onde pretende desenvolver Dia Um, projeto sobre a primeira pgina da Bblia, aquela que narra a criao do mundo. Derdyk vai buscar essa pgina em todas as lnguas possveis, dessacralizando o discurso institucionalizado da religio e, principalmente, in-vestigando o momento inaugural do uso da palavra na histria da humanidade.Em Metragem, Derdyk usa ao mesmo tempo a linha e o papel, que j frequentavam isoladamente boa parte de sua produo. Creio que consegui uma sntese de opos-tos: a linha a suspenso e o papel o peso. O papel d apoio para a linha ficar suspensa. Ao mesmo tempo, acredita ela, h outras dualidades possveis na leitura da pea: Trata da potncia da folha em branco do papel e da impotncia de preench-la, da crispao que acompa-nha todo ato criativo da escrita.

    Serenidades recortadasO mundo de Abraham Palatnik instala-se e gira em outro diapaso do uso do papel. um mundo mais con-templativo e sereno, sem tenses aparentes, embora seja, paradoxalmente, feito do recorte cirrgico de linhas para animar movimentos na espessura do papel. Mas no h dramaticidade nessa dissecao da carne do papel. Ela resulta em ondas e ritmos meldicos que tanto podem nos remeter natureza intangvel da msica quanto a um fragmento da pele imensa dos mares. Ou, sempre, a for-mas abstratas que o autor cultiva com predileo.Pioneiro da arte cintica no mundo, o carioca por ado-o Palatnik (1928) integrou o histrico Grupo Frente de arte neoconcreta juntamente com nomes como Lygia Pape, Ivan Serpa e Franz Weissmann. Suas peas reu-nindo luz e movimento so inarredveis da genealogia e do fluxo principal da arte contempornea. Algumas delas so feitas com hastes metlicas que giram e movi-mentam pequenas formas coloridas, com auxlio de de-licados mecanismos de relgio ou caixinhas de msica.As obras sobre papel de Palatnik so to propiciatrias contemplao e harmonia quanto o eterno jogo in-fantil de inventar formas para a inconstncia das nu-vens. Nelas, permanece a pesquisa cromtica que o ar-tista explorava com luz artificial (eltrica). Mas, desta vez, as formas e cores se revelam e organizam pela mo-vimentao do espectador diante delas, com ngulos e sombras instaurando percepes cromticas volteis.A volatilidade tambm est presente nos trabalhos da dupla Detanico Lain, assinatura conjunta de Angela Detanico e Rafael Lain, artistas nascidos em Caxias do Sul (RS), em 1973, que vivem entre So Paulo e Paris. A dupla teve uma ascenso veloz no circuito internacio-

    Palatnik recorta no papel ngulos que criam sombras e percepes cromticas volteis

    Papel como Arte-RF.indd 75 11/22/11 2:34 PM

  • 75

    NA PGINA ESQUERDA, DUAS INSTALAES DE EDITH DERDYK. NO ALTO, TABULEIRO, 2010. ABAIXO, ONDA SECA, 2007. NESTA PGINA, OBRA DE PALATNIK:

    RELEVO PROGRESSIVO C-89, 2007, CARTO SOBRE MADEIRA

    Em breve, sua imaginao industriosa vai lev-la a Je-rusalm, onde pretende desenvolver Dia Um, projeto sobre a primeira pgina da Bblia, aquela que narra a criao do mundo. Derdyk vai buscar essa pgina em todas as lnguas possveis, dessacralizando o discurso institucionalizado da religio e, principalmente, in-vestigando o momento inaugural do uso da palavra na histria da humanidade.Em Metragem, Derdyk usa ao mesmo tempo a linha e o papel, que j frequentavam isoladamente boa parte de sua produo. Creio que consegui uma sntese de opos-tos: a linha a suspenso e o papel o peso. O papel d apoio para a linha ficar suspensa. Ao mesmo tempo, acredita ela, h outras dualidades possveis na leitura da pea: Trata da potncia da folha em branco do papel e da impotncia de preench-la, da crispao que acompa-nha todo ato criativo da escrita.

    Serenidades recortadasO mundo de Abraham Palatnik instala-se e gira em outro diapaso do uso do papel. um mundo mais con-templativo e sereno, sem tenses aparentes, embora seja, paradoxalmente, feito do recorte cirrgico de linhas para animar movimentos na espessura do papel. Mas no h dramaticidade nessa dissecao da carne do papel. Ela resulta em ondas e ritmos meldicos que tanto podem nos remeter natureza intangvel da msica quanto a um fragmento da pele imensa dos mares. Ou, sempre, a for-mas abstratas que o autor cultiva com predileo.Pioneiro da arte cintica no mundo, o carioca por ado-o Palatnik (1928) integrou o histrico Grupo Frente de arte neoconcreta juntamente com nomes como Lygia Pape, Ivan Serpa e Franz Weissmann. Suas peas reu-nindo luz e movimento so inarredveis da genealogia e do fluxo principal da arte contempornea. Algumas delas so feitas com hastes metlicas que giram e movi-mentam pequenas formas coloridas, com auxlio de de-licados mecanismos de relgio ou caixinhas de msica.As obras sobre papel de Palatnik so to propiciatrias contemplao e harmonia quanto o eterno jogo in-fantil de inventar formas para a inconstncia das nu-vens. Nelas, permanece a pesquisa cromtica que o ar-tista explorava com luz artificial (eltrica). Mas, desta vez, as formas e cores se revelam e organizam pela mo-vimentao do espectador diante delas, com ngulos e sombras instaurando percepes cromticas volteis.A volatilidade tambm est presente nos trabalhos da dupla Detanico Lain, assinatura conjunta de Angela Detanico e Rafael Lain, artistas nascidos em Caxias do Sul (RS), em 1973, que vivem entre So Paulo e Paris. A dupla teve uma ascenso veloz no circuito internacio-

    Palatnik recorta no papel ngulos que criam sombras e percepes cromticas volteis

    Papel como Arte-RF.indd 75 11/22/11 2:34 PM

  • 76

    NO ALTO, CORTESIA DETANICO LAIN; ACIMA, FOTOMONTAGEM LUIZA DE CARLI

    artes visuais

    NO ALTO, DISPERSION, 2010, VINIL ADESIVO DE DETANICO LAIN. AO LADO, ESCULTURAS DE MILER LAGOS, DA SRIE CIMIENTOS, 2007

    nal. Pouco tempo se passou desde que foram sele-cionados para um programa de residncia no Palais de Tokyo (Paris, 2002) at ganharem o prestigioso prmio Nam June Paik (2004) e conquistarem visi-bilidade internacional.A dupla de artistas, que representou o Brasil no pa-vilho brasileiro da Bienal de Veneza de 2007, culti-va extrema conciso de meios expressivos, que nas-cem do universo do design grfico e invadem com potncia o mundo da poesia visual. Estabelecem um sutil tratamento grfico linguagem, criando alfa-betos e famlias de tipos, hibridizando-as com meios eletrnicos (inclusive animao em vdeo) na cons-truo de imagens que cumprem a dupla tarefa de ser vistas e lidas.Em Dispersion (2010) est presente a caracterstica essencial da dupla: o uso de fontes tipogrfias como imagens. Algo cuja genealogia remonta tradio do poema visual concreto e dos livros de artista de-senvolvidos por Augusto de Campos e Julio Plaza a partir do fim dos anos 1960. Algo que, em Campos e Plaza, significou a produo de livros antolgicos como Caixa Preta e Poembiles (este relanado pela Editora Demnio Negro, em janeiro de 2011).O escultor colombiano Miler Lagos, por sua vez, de-senvolveu uma srie de obras em sintonia com a mais

    Papel como Arte-RF.indd 76 11/22/11 2:34 PM

    77

    O livro um volume no espao. Livro uma sequncia de espa-os (planos) em que cada um percebido como um momento diferente. O livro , portanto, uma sequncia de momentos.O livro signo, linguagem espao-temporal.O texto verbal contido em um livro ignora o fato de que o livro uma estrutura autnoma espao-temporal em sequncia. Uma srie de textos, poemas ou outros signos distribudos atravs do livro, seguindo uma ordem particular e sequencial, revela a natureza do livro como estrutura espao-temporal. Essa dispo-sio revela a sequncia, mas no a incorpora, no a assimila.O livro um sintagma sobre o qual se projeta o paradigma pgina.(...) Se o livro impe limites fsicos, formais e tcnicos fixados pela tradio, tambm impe uma leitura e uma lgica do dis-curso em linguagem escrita e discreta que pode, no entanto, ser substituda pela analogia da montagem. Como j o viu Apolli-naire: preciso que nossa inteligncia se habitue a compreen-der sinttico-ideogramicamente em vez de analtico-discursi-vamente. Essa substituio que Apollinaire defende codifica precisamente o processo acelerado das mutaes de lingua-gem na nossa poca. A leitura do mundo cotidiano j h tempo se afastou da reduzida gama de mtodos tradicionais fixados h sculos pelo livro: a influncia dos grandes cartazes da imagem e textos espalhados pela cidade e, sobretudo, os meios massivos de comunicao fornecem-nos dados culturais que correspon-dem aos mdulos de nossa poca, criando, por outro lado, inter--relaes no somente intermdia como tambm interlnguas.

    (...) O livro de artista criado como um objeto de design, visto que o autor se preocupa tanto com o contedo quanto com a forma e faz desta uma forma-significante. Enquanto o autor de textos tem uma atitude passiva em relao ao livro, o ar-tista de livros tem uma atitude ativa, j que ele responsvel pelo processo total de produo porque no cria na dicotomia continente-contedo, significante-significado.

    antiga tradio da arte sobre papel: a xilogravura. Esse tipo de gravura feito pela transferncia de uma imagem por meio da presso de uma folha de papel sobre a superfcie entintada de uma matriz de madei-ra, onde foi escavada a imagem a ser copiada.Na srie Cimientos, iniciada em 2007, Lagos cria es-culturas em formato de rvore que podem ser folhe-adas como se fossem livros. Trata-se de um acmulo de folhas de papel, esculpidas na sua espessura. Em um desses trabalhos, ele empilhou e esculpiu cente-nas de cpias da xilogravura Apocalipse, feita por Albrecht Drer em 1480. As gravuras podiam ser destacadas do topo do tronco/escultura pelo p-blico, tornando ainda mais direta e eficaz a apro-priao contempornea da tradio da gravura.Como se sabe, o surgimento da gravura demo-cratizou o acesso ao conhecimento, at ento en-cerrado nos espaos elitizados das bibliotecas da Igreja e da realeza medieval. E, no por acaso, as detalhadssimas xilogravuras de Drer foram fei-tas com madeira de topo, ou seja, com matrizes que resultam de um tipo de corte feito contra as fibras da madeira. No mesmo sentido em que o pblico retirava as cpias de Drer da escultura/gravura de Lagos. Uma homenagem, enfim, pr-pria natureza primeira do papel.

    Julio Plaza nome

    fundamental tanto na

    criao como na reflexo

    terica sobre o livro de

    artista. Aqui, algumas de

    suas ideias

    Fragmentos escolhidos do texto O Livro como Forma de Arte (I),de Julio Plaza, publicado originalmente na revista Arte em So Paulo, no 6, abril de 1982 http://bit.ly/uHtbbk

    LIVRO COMO FORMA DE ARTE

    Papel como Arte-RF.indd 77 11/22/11 2:34 PM

  • 77

    O livro um volume no espao. Livro uma sequncia de espa-os (planos) em que cada um percebido como um momento diferente. O livro , portanto, uma sequncia de momentos.O livro signo, linguagem espao-temporal.O texto verbal contido em um livro ignora o fato de que o livro uma estrutura autnoma espao-temporal em sequncia. Uma srie de textos, poemas ou outros signos distribudos atravs do livro, seguindo uma ordem particular e sequencial, revela a natureza do livro como estrutura espao-temporal. Essa dispo-sio revela a sequncia, mas no a incorpora, no a assimila.O livro um sintagma sobre o qual se projeta o paradigma pgina.(...) Se o livro impe limites fsicos, formais e tcnicos fixados pela tradio, tambm impe uma leitura e uma lgica do dis-curso em linguagem escrita e discreta que pode, no entanto, ser substituda pela analogia da montagem. Como j o viu Apolli-naire: preciso que nossa inteligncia se habitue a compreen-der sinttico-ideogramicamente em vez de analtico-discursi-vamente. Essa substituio que Apollinaire defende codifica precisamente o processo acelerado das mutaes de lingua-gem na nossa poca. A leitura do mundo cotidiano j h tempo se afastou da reduzida gama de mtodos tradicionais fixados h sculos pelo livro: a influncia dos grandes cartazes da imagem e textos espalhados pela cidade e, sobretudo, os meios massivos de comunicao fornecem-nos dados culturais que correspon-dem aos mdulos de nossa poca, criando, por outro lado, inter--relaes no somente intermdia como tambm interlnguas.

    (...) O livro de artista criado como um objeto de design, visto que o autor se preocupa tanto com o contedo quanto com a forma e faz desta uma forma-significante. Enquanto o autor de textos tem uma atitude passiva em relao ao livro, o ar-tista de livros tem uma atitude ativa, j que ele responsvel pelo processo total de produo porque no cria na dicotomia continente-contedo, significante-significado.

    antiga tradio da arte sobre papel: a xilogravura. Esse tipo de gravura feito pela transferncia de uma imagem por meio da presso de uma folha de papel so