Seis Macro regiões África

Embed Size (px)

Citation preview

  • AS SEIS MACRORREGIES DA FRICA

    Neste captulo, o nosso olhar privilegiar no tanto os aspectos daunidade da frica quanto os da diversidade, para efeito didtico e deabrangncia do continente. Por outras palavras, o captulo abordar adiversidade das suas seis macrorregies e ao mesmo tempo enfatizaro que h de homogneo no seio de cada uma delas. Esta abordagemser bastante sinttica quase em forma de verbetes.

    Antes de ser uma regio, a frica do Norte constitui, por si s,uma parte do continente por distino da outra parte, a fricaSubsaariana. Devido predominncia rabe na regio e sconseqentes afinidades histrico-culturais e lingsticas ela separada, em alguns livros, do resto do continente e agrupada aoestudo do Oriente Mdio.

    A frica do Norte apresenta duas sub-regies: a leste, oMachrech, que inclui a Lbia e o Egito e se prolonga, fora docontinente, at a Pennsula Arbica. A oeste, bem maisindividualizada, o Magrebe ("onde o sol de pe", em rabe), quecompreende a Tunsia, a Arglia e o Marrocos. O grande Magrebe um projeto poltico e econmico, de longa maturao, que pretende aintegrao nele da Lbia, da Mauritnia e do Saara Ocidental. Esteterritrio est em processo de plebiscito pela independncia ouincorporao definitiva ao Marrocos.

    a regio que disputa a primazia geopoltica e econmica com a

    65

    frica doNorte

    jose maria.qxp 4/5/2006 11:59 Page 65

  • frica Austral, contudo, no momento, ela apresenta vriosindicadores de desenvolvimento econmico-social e posioestratgica (compartilhada com a Europa e o Oriente Prximo a baciado Mediterrneo) que ainda a colocam no primeiro lugar do rankingafricano. Dos sete pases africanos com maior PIB, grau deindustrializao e escolaridade, cinco pertencem frica do Norte:Egito, Arglia, Marrocos, Lbia e Tunsia.

    O seu lastro cultural indica ser a regio mais homognea docontinente: de modo geral, tem uma s religio, o Islo, uma s lngua,a rabe, e persegue a utopia de uma s nao, a rabe. No entanto, aregio tem uma forte comunidade autctone, a berbere, especialmenteno Marrocos e na Arglia.

    Como lastro histrico, a regio possui grandes centros deirradiao poltico-cultural. o caso do Egito Antigo, com a influncianegro-sudanesa que recebeu. tambm o caso de Cartago (na atualTunsia), e do reino do Marrocos, Estado com mais de mil anos, ondea dinastia alauta, reinante, tem perto de trs sculos de poder.

    Ponto de partida da invaso moura na Pennsula Ibrica, oMagrebe serviu, tambm, de tapete para vrias invases: fencia,romana, bizantina, vndala e rabe. Esta produziu uma viradahistrica na regio, com sua islamizao e a miscigenao com osberberes. Aps a implantao rabe veio o domnio otomano,substitudo, no final do sculo XIX, pela ocupao europia. Esta seiniciou pela conquista da Arglia pela Frana, em 1830.

    O perfil poltico da regio marcado pela presena de Estadoantigos, alguns milenares, que permanecem com estruturarepresentativa durante a colonizao, como foi o caso do Egito e doMarrocos, que apresentam forte coeso nacional. J a Arglia s

    66

    A negritude, por Senghor:(...) assumir os valores dacivilizao do mundo negro,atualiz-los e fecund-los,quando necessrio comcontribuies estrangeiras,para viv-los em si e para si,mas tambm para faz-losviver por e para os Outros,levando assim acontribuio de novosNegros CivilizaoUniversal.

    jose maria.qxp 4/5/2006 11:59 Page 66

  • obteve essa coeso a partir da guerra de independncia(1954-1962).

    Quanto colonizao, a Frana dominou no Magrebe.Tunsia e Marrocos tiveram o estatuto de protetorados. AArglia era considerada um departamento da Frana, narealidade era uma colnia de povoamento, tendo nela seinstalado um milho de europeus. Houve colonizaoinglesa no Egito e italiana na Lbia.

    Do ponto de vista demogrfico, h uma fortedensidade no vale do Nilo e na faixa costeira da regio, queapresenta a mais alta taxa de urbanizao do continente e a mais industrializada. Trs dos seus pases (Arglia, Lbiae Egito) so tambm exportadores de petrleo.

    As suas classes dominantes ou so antigas, como amercantil e a fundiria, ou, embora de formao recente, como aindustrial, so apoiadas no Estado. A regio apresenta - na escala docontinente - uma alta taxa escolar e um funcionalismo de bom nvel.Um fenmeno relativamente recente mas que constitui um obstculoao desenvolvimento e prpria governabilidade o fundamentalismoislmico, presente h mais tempo no Egito mas, atualmente,muitssimo mais intenso na Arglia.

    Do ponto de vista das relaes internacionais, todos os cincopases da regio esto entre os quinze mais influentes do continente.Esses cinco pases tm relao privilegiada com trs reas poltico-culturais: a Europa mediterrnica, sobretudo o Magrebe com a Frana,o Oriente Mdio, como j foi referido, e tambm com a fricaSubsaariana, sobre a qual ainda exercem (menos que nas dcadas de60 a 80), de forma diferenciada, uma sensvel influncia poltica.

    67Chefe Haoussa (atuaisNger e Nigria) do sculo XIX.

    A frica do Norte, peloseu lastro cultural, seapresenta como a regiomais homognea docontinente: de modo geral,tem uma s religio, oIslo, uma s lngua, arabe, e persegue a utopiade uma s nao: a rabe.

    jose maria.qxp 4/5/2006 11:59 Page 67

  • A regio formada por dezesseis pases: Benin, Burkina-Faso,Cabo Verde, Costa do Marfim, Gmbia, Gana, Guin, Guin-Bissau,Libria, Mali, Mauritnia, Nger, Nigria, Senegal, Serra Leoa e Togo.Treze deles se situam nacosta Atlntica e trs(Burkina-Faso, Mali e Nger)no tm sada para o mar.Estes trs, junto com aMauritnia e o Chade (dafrica Central), compem asub-regio do Sael (Sahel),marcada por uma fortedesertificao. uma daszonas mais problemticasda frica e foi outrora umarea de contato - comrciodo ouro - entre a fricamediterrnica e a tropical. OSael tambm representauma zona de ligao entreas duas margens do Saara.

    uma regio comimportantes focos histricos:do sculo X ao sculo XVI, oreino do Ghana e os imprios

    68

    O islanismo a religio commaior nmero de fiis na frica.

    fricaOcidental

    jose maria.qxp 4/5/2006 11:59 Page 68

  • do Mali e Songhai, produtores de ouro; um pouco depois, na atualNigria, as cidades-Estados haussa, ao norte, e as cidades iorubas, nosudoeste. Foi uma rea pioneira de trfico (rea da Guin) para asAmricas. J no incio do sculo XIX vieram escravos iorubas paraSalvador, predominantemente do atual Benim (antigo Daom),chamados de nags. Neste mesmo sculo, ex-escravos, africanos ealguns j brasileiros, retornaram para a Nigria, o Togo, o Benin e oGana - so geralmente designados atualmente como aguds.

    A frica Ocidental a regio com maior nmero de pases e ondese encontram os menores Estados, resultado da "balcanizao"colonial. Resulta disso, de certa forma, o predomnio tnico sobre anova identidade nacional forjada pelo Estado. Tambm permanecemmarcantes as estruturas poltico-sociais tradicionais.

    A colonizao foi feita atravs de uma competio secular entre aFrana e a Inglaterra, embora em todo o processo de ocupao docontinente no tivesse havido nenhum conflito militar entre aspotncias europias; predominou a negociao entre elas face aosafricanos. Foram colnias inglesas Serra Leoa, Gana, Gmbia eNigria. Ao contrrio do que aconteceu com as colnias depovoamento europeu na frica Austral e Oriental, a Inglaterrapraticou na regio uma colonizao de explorao, sem a expulso doscamponeses de suas terras e com pequena mas decisiva presena dopoder metropolitano. A Nigria e o Gana foram exemplos tpicos deadministrao indireta inglesa, o que facilitou a manuteno do pesopoltico das velhas classes dominantes fundiria e mercantil.

    H uma desigualdade entre as regies tropicais e as do Sael. Ospases do interior continuam subsidirios dos litorneos, para onde,alis, enviam emigrantes. Excetuando a Nigria, maior produtor

    69

    A frica Ocidental foi aregio de onde vieram osprimeiros escravos para o Brasil, provenientes da zona que engloba a Guin-Bissau e o Senegal.Ela tambm foi uma dasltimas, j no sculo XIX,quando chegaram osiorubas e seus vizinhos,habitantes dos atuais Togo, Gana e sobretudoBenin e Nigria.

    jose maria.qxp 4/5/2006 11:59 Page 69

  • africano de petrleo, a regio conta com pouca produo mineral,embora os diamantes de Serra Leoa tenham tido influncia nosrecentes conflitos da regio.

    No aspecto sociocultural, nota-se ainda o peso poltico dosherdeiros das velhas classes mercantis oriundas do tempo daintermediao do trfico de escravos. Sente-se ainda a presenapoltica das sociedades crioulas fortalecidas, sobretudo no sculo XIX,como Cabo Verde, Serra Leoa, Senegal, Libria e o litoral da Guin-Bissau. H presena marcante do islamismo, majoritrio em algunspases. Elites crists so predominantes no litoral.

    Esta classificao inclui dez pases: Burundi, Camares,Repblica Centro-Africana, Chade, Congo (Brazzaville), RepblicaDemocrtica do Congo (ex-Zaire), Gabo, Guin-Equatorial, Ruanda eSo Tom e Prncipe (Burundi e Ruanda so, freqentemente,considerados como parte da frica Oriental; prevalece para ns aqui ocarter geopoltico e a integrao regional).

    Do ponto de vista histrico, o reino do Congo e seus vizinhosvassalos constituram a mais famosa entidade poltica pr-colonialda regio, tendo iniciado as suas relaes com os portugueses em1482. Esse reino abrangia o sul do atual Congo, o sudoeste doCongo-Zaire e o noroeste de Angola. O reino sofreu, muitas dcadasaps o contato com os portugueses, uma forte desestruturao como trfico escravo.

    A colonizao envolveu cinco potncias europias. O Congo-Zaire - Repblica Democrtica do Congo - foi colonizado pela Blgica,depois de ter sido, por quase duas dcadas, uma colnia pessoal do

    70

    fricaCentral

    jose maria.qxp 4/5/2006 11:59 Page 70

  • soberano belga Leopoldo I. A Guin-Equatorial foi a nica colniaespanhola na frica Subsaariana. Os quatro pases restantes integrama frica Equatorial Francesa (A.E.F.), com capital em Brazzaville(atual Congo). O Camares foi colnia alem at a Primeira GuerraMundial, sendo depois entregue tutela da Frana e da Inglaterra pelaLiga das Naes. A colonizao foi particularmente predatria,sobretudo na sua primeira fase, marcada pela explorao do marfim eda borracha. A provncia de Katanga (Shaba) teve um povoamento decerce de 100 mil europeus, devido explorao do cobre, diamantes eoutros minerais.

    A regio, alm dos minrios referidos, rica em petrleo (Congo,Gabo e Camares), alm de urnio e mangans. Situada na sua maiorparte na zona equatorial, apresenta fraca densidade demogrfica.

    No campo das relaes internacionais, o Congo-Zaire, apesar dafraca integrao nacional - vive h dcadas em situao de crise -, opas com maior importncia geopoltica da regio, alm de ser o demaior extenso e o mais populoso. O Camares o de maior PIB,graas explorao de petrleo a partir da dcada de 1980.

    Voltada para o Oceano ndico, com duradouras relaes com omundo rabe e o subcontinente indiano, esta regio no apresenta noseu todo a relativa homogeneidade das demais. Destacam-se neladuas sub-regies: a norte-oriental, conhecida como o Chifre da frica,e a centro-oriental.

    O Chifre da frica formado por Etipia, Eritria (independenteda Etipia em 1993), Djibuti (ex-colnia francesa) e Somlia, que foicolonizada, em partes separadas, pela Itlia e pela Inglaterra. O Sudo,

    71

    fricaOriental

    jose maria.qxp 4/5/2006 11:59 Page 71

  • aqui includo, poderia ser consideradocomo pertencente regio da frica doNorte, como "retaguarda" do Egito, que oadministrou no tempo colonial(condomnio anglo-egpcio) e com qual

    forma uma sub-regio, a niltica. Contudo, uma forte comunidadenegra, crist ou animista, no Sul, faz com que ele se diferencie bastanteda homognea frica do Norte.

    Embora muito menor que no tempo da Guerra Fria, a regioainda guarda uma aprecivel importncia estratgica, devido aopetrleo e sua proximidade como Oriente Mdio.

    A Etipia o pas mais importante do Chifre, embora a suadecadncia econmica no mais o inclua entre os quinze maioresPIB do continente. No sculo XIX o imprio etope, antigaAbissnia, expandiu-se s custas dos seus vizinhos, hojeincorporados ao Estado. Nunca foi colnia de nenhuma potncia,embora sofresse uma ocupao militar italiana entre 1936 e 1941.Sua populao se divide praticamente entre cristos ortodoxos emuulmanos.

    A frica centro-oriental formada pelas ex-colnias inglesas deUganda, Qunia e Tanznia (antiga Tanganica e ilha Zanzibar), que noperodo colonial integravam a frica Oriental Britnica.

    Ela apresenta um lastro cultural marcado pelo cruzamento de

    72

    Patrice Lumumba (1925 - 1961). Principal lder daIndependncia da Repblica Democrtica do Congo (ex-Zaire) foi seu primeiro ministro em 1960 eassassinado em 1961, tornando-se o mrtir dasindependncias africanas

    jose maria.qxp 4/5/2006 11:59 Page 72

  • povos rabes e asiticos (sobretudo do subcontinente indiano). area por excelncia da cultura suali, cuja lngua j foi referida. Ela foia lngua franca de penetrao dos rabes para o trfico de escravos quedurou perto de dez sculos, voltado predominantemente para a fricado Norte e Oriente Mdio. Este trfico pouco estudado e aindamenos comentado pelos rabes - africanos ou no.

    No campo das relaes internacionais, foi a primeira regio docontinente a promover a integrao econmica ainda na dcada de 1960,com a criao do Mercado Comum da frica Oriental, formado por trspases: Qunia, Uganda e Tanznia. A iniciativa foi frustrada, entreoutras razes, pela ditadura de Idi Amin no Uganda, na dcada de 1970.

    Com o desenvolvimento poltico e econmico da regio, aTanznia "emigrou" para a frica Austral, e o Qunia consolidou a suaposio de mais importante plo econmico de toda a regio. Semrecursos minerais expressivos, alis como os restantes pases daregio, o Qunia tem excelente agricultura, explora muito bem oturismo ecolgico e sua capital, Nairobi, sede da Organizao doMeio Ambiente das Naes Unidas.

    Tida como uma regio-chave do continente, a frica Austral bem mais do que uma simples expresso geogrfica. Ela apresenta,pela peculiaridade da sua precoce histria colonial, uma alta taxa deintegrao regional, em vrios nveis, que no encontra paralelo emqualquer outra regio do continente.

    Ela possui, tambm, um valor estratgico com a rota do Cabo,apesar da perda que sofreu com o fim da Guerra Fria mas que ainda de se considerar no mbito do Atlntico Sul. Por essa rota continuam

    73

    fricaAustral

    jose maria.qxp 4/5/2006 11:59 Page 73

  • a passar cerca de dois teros do petrleo que, proveniente do OrienteMdio, abastece o Ocidente. Alm do mais, a regio contm um dosmaiores acervos minerais do mundo, alguns deles ainda estratgicos eindispensveis Europa e aos Estados Unidos.

    A regio est situada entre os oceanos Atlntico e ndico. Afachada atlntica lhe confere proximidade e boa potencialidade decooperao com o Cone Sul da Amrica Latina. A fachada do ndico acoloca em contato com o Oriente Mdio e com importantes pasesasiticos, que tm uma longa histria de comrcio e influncia mtuacom a regio.

    A frica Austral composta por onze pases: frica do Sul,Angola, Botsuana, Lesoto, Malavi, Moambique, Nambia,Suazilndia, Tanznia, Zmbia e Zimbbue. Desses pases, seis notm sada para o mar (Botsuana, Lesoto, Malavi, Suazilndia, Zmbiae Zimbbue), o que um fator a mais para ensejar a integrao. Aconfigurao aqui expressa de frica Austral no normalmenteassim considerada na diviso geogrfica tradicional do continente. Elavem se consolidando nas ltimas dcadas por razes geopolticas egeo-econmicas. Um exemplo: a Tanznia um pas situado na fricaOriental; contudo, por razes polticas e econmicas, ela se"australizou" e hoje faz parte de todos os organismos internacionais daregio. Quanto a Angola e, em certa medida, a Zmbia, so pases que,histrica e culturalmente, tambm pertencem frica Central.

    A frica Austral a regio do continente com o mais antigo e omaior processo de implantao de colonos europeus. Ele comeou, em1652, na rea da Cidade do Cabo, a partir da instalao de umpequeno entreposto pela Companhia Holandesa das ndias Orientais.Foi tambm a nica colnia de povoamento europeu criada antes da

    74

    jose maria.qxp 4/5/2006 11:59 Page 74

  • Revoluo Industrial e da "corrida para a frica", desenrolada a partirda segunda metade do sculo XIX. Essa circunstncia histrica marcoudefinitivamente o carter da regio.

    A integrao da frica Austral teve como primeiro protagonista aInglaterra. A regio acabou se constituindo num subsistema do imperialismo britnico. Embora o sonho de Cecil Rhodes, de umaligao britnica ininterrupta do Cabo ao Cairo, no tenha seconcretizado, a Inglaterra foi se assenhoreando gradualmente da regio.

    Primeiro, se apossou das colnias beres do Cabo e do Natal.Em seguida, aps a guerra anglo-boer (1889-1902), de toda aUnio Sul Africana. Agregou Coroa Britnica a Rodsia doSul, atual Zimbbue, inicialmente ocupada sobretudo pelosberes; depois a Rodsia do Norte (hoje Zmbia) e aNiassalndia (atual Malavi). A Nambia era uma colnia alem(Sudoeste Africano) que, aps a derrota germnica na PrimeiraGrande Guerra, foi entregue, como mandato, frica do Sulque ilegalmente a incorporou. A outra colnia alem, Tanganica,foi entregue a Inglaterra tambm como mandato, e constituihoje a Tanznia.

    Angola e Moambique estavam como a suametrpole, Portugal, sob dependncia econmica da Inglaterra. Os enclaves da Botsuana, Lesoto e Suazilndia tornaram-se, nessa poca deguerras entre beres, zulus e ingleses,protetorados britnicos.

    75

    Retrato de Nzinga MBandi (1582-1663), Rainha de Matamba,smbolo da resistncia aos portugueses. A imagem mostra

    Nzinga aps uma converso transitria ao cristianismo(retirado de um pergaminho de um convento de Coimbra).

    jose maria.qxp 4/5/2006 11:59 Page 75

  • Numa linha de raciocnio simplificada, poderamos dizer que,desde o incio, a frica Austral teve um processo perverso deintegrao, desenhado pela mo pesada de uma colonizao deocupao (ou de povoamento). Esse processo foi economicamentedetonado, um pouco antes do final do sculo XIX, com a descobertadas grandes jazidas de diamante e ouro. Poucas dcadas depois,enriqueceriam ainda mais a regio a explorao de ouro, cromo ecobre das duas Rodsias e a dos diamantes de Angola e Nambia.

    O esquema da integrao pode ser resumido da seguinte forma:as grandes fontes de minerais iam sendo descobertas no hinterland -incluindo a o cobre do Congo-Zaire - e se ligavam, principalmente,aos portos de Lobito-Benguela (Angola), Maputo e Beira(Moambique), os terminais mais importantes (alm da frica do Sul)de uma complexa rede ferroviria que ia do Atlntico ao ndico,montada pelos britnicos. Esse era o esquema bsico da integraoeconmica nos seus primeiros tempos.

    A integrao se amplia aps a Segunda Guerra Mundial e tomanovas formas poltica depois da vaga nacionalista africana dos anos 60e 70. No campo poltico, comea a tomar forma o pacto de alianas dochamado "poder branco", ou seja os governos da frica do Sul, daRodsia sob domnio da minoria branca e o governo colonialista dePortugal - formou-se o eixo Pretria-Salisbury-Lisboa.

    Na esfera econmica, os principais atores so as multinacionais, amaior parte de origem sul-africana e britnica, que atuam articuladasem vrios pases da regio, dominando cada uma setores especficosda produo e da comercializao. O exemplo mais especfico o daholding sul-africana Anglo-Americam Coop., que tem como principalsubsidiria a De Beers a maior distribuidora mundial de diamante.

    76

    jose maria.qxp 4/5/2006 11:59 Page 76

  • Esta holding atua em todos os pases austraispor intermdio de dezesseis minas de ouro,dezessete de carvo, cinco de cobre, alm de31 companhias de financiamento.

    Esta integrao "perversa" aqui expostapassou a ser questionada sobretudo a nvelpoltico aps a independncia de Moambiquee Angola em 1975. Estes pases somaram osseus esforos aos da Tanznia, Zmbia eBotsuana para, no quadro da Organizao deUnidade Africana (OUA), intensificar a ajudaaos movimentos de libertao do Zimbbue,da Nambia e da frica do Sul. Esse grupo decinco pases passou a ser chamado de Pasesda Linha de Frente (FLS, sigla em ingls). Aindependncia do Zimbbue, em 1980,reforou o grupo na luta pela independnciada Nambia, que viria a ocorrer em 1990.

    No campo econmico os seis pases daLinha de Frente, juntamente com os vizinhosLesoto, Malavi e Suazilndia, criaram, em 1980a Conferncia para a Coordenao doDesenvolvimento da frica Austral (SADCC, sigla em ingls). Oprincipal objetivo era o de diminuir a dependncia econmica dafrica do Sul. Em 1993, a SADCC deu lugar a Comunidade para oDesenvolvimento da frica Austral (SADCC, sigla em ingls), com aincorporao da frica do Sul e outros pases prximos.

    Alm da altssima concentrao de minerais nobres e da

    77

    Esculturas em madeira daregio yorub.

    jose maria.qxp 4/5/2006 11:59 Page 77

  • singularidade da sua integrao, h muitos outros fatores que tornama frica Austral notvel dos pontos de vista econmico e geopoltico.Um desses fatores a posse, para padres africanos, de um graurazovel de identidade tnico-cultural e, ao mesmo tempo, apresentarneste mesmo campo uma diversidade indita no continente.

    Privilegiando primeiro os indicadores de unidade e operandofrequentemente com estimativas, podemos dizer que, do ponto devista tnico-lingstico, a regio tem, na sua grande maioria, baselingstica banto. Em quase todos os pases, trs ou quatro lnguasafricanas costumam abranger cerce de 70% do total da populao.

    Dos onze pases da frica Austral, nove tm o ingls como anica ou uma das lnguas oficiais. Os outros dois so Angola eMoambique, de lngua portuguesa. Esta tambm falada por cercade 400 mil portugueses residentes na frica do Sul.

    A religio crist predominante na regio. Na frica do Sul, oscristos constituem cerca de 70% da populao. Em Angola, mais dametade da populao crist, predominando o catolicismo.

    Examinando agora o lado da diversidade tnica e o que ela temde potencialmente enriquecedora no ps-apartheid, notamos que africa Austral possui um contingente de populao de origemeuropia (brancos africanos e estrangeiros residentes) que ultrapassaos 5,5 milhes de pessoas - pouco mais de 5 milhes na frica do Sul.Esse nmero de brancos largamente superior soma dos existentesem todas as demais regies do continente e, por herana docolonialismo, provido de maior renda e melhor formaoprofissional do que a mdia da populao restante.

    Os pases da regio, com elevado destaque para a frica do Sul,tm 2,4 % da sua populao originria da sia (da antiga ndia, hoje

    78

    Escultura Vavi.

    jose maria.qxp 4/5/2006 11:59 Page 78

  • Unio Indiana, Paquisto e Bangladesh). O percentual de mestios -presentes, de modo inexpressivo na maior parte de outros pases -corresponde a de 10% da populao total.

    Tambm conhecida por regio indo-ocenica, frequentementeagregada frica Oriental. Ela formada pelas ilhas de Madagascar(a maior do continente), Maurcio, Reunio (no independente,integrada Frana) e os arquiplagos de Comores e Seichelles.

    O papel tradicional do Oceano ndico, espao privilegiado depassagem entre o Ocidente e o Extremo Oriente, foi acrescido defatores ideolgicos e estratgicos peculiares do perodo da Guerra Fria.Lugar de mistura de raas e civilizaes, o ndico tornou-se nas ltimasdcadas, um espao de defrontamento entre as grandes potncias,sobretudo depois que as bases militares continentais foram preteriadaspelas bases navais. Aps a da retirada francesa de sua base de DiegoSoarez, em Madagascar, passou a imperar a grande base militar norte-americana de Diego Garcia, ilha a meio caminho entre frica e siaque continua a ser reivindicada pela repblica Maurcio. A importnciadessa base foi demonstrada na recente Guerra do Golfo.

    Madagascar foi ocupada pelos franceses em 1896, quando amonarquia merina, instalada nas terras altas, j iniciara o processo deformao de um Estado nacional, englobando os povos do litoral eexpandindo inclusive com alfabetizao na lngua malgache, quepermanece hoje como lngua nacional. Madagascar, ou RepblicaMalgache, recebeu migraes do continente africano bem como dasia tropical (a lngua malgache e de origem malaia). Por essa razoeles se consideram mais afro-asiticos do que propriamente africanos.

    79

    frica do Oceanondico

    jose maria.qxp 4/5/2006 11:59 Page 79

  • As ilhas Comores, Maurcio e Seichelles so habitadas por povosde origem diversa - rabes, africanos, indianos e europeus - que deramorigem a culturas-snteses, crioula, porm diferenciadas entre si. Enteelas, a de maior xito poltico e econmico e a Repblica Maurcia,grande produtora de acar e de confeces com alta tecnologia, aponto de ser considerada pela ONU um "novo pas industrializado" dafrica, que se distingue tambm pela estabilidade h mais de trsdcadas, de seu sistema multipartidrio e parlamentarista.

    80

    Mohandas K. Gandhi(1869 - 1942) iniciou a sualuta na frica do Sulcontra o racismo aplicandoo SATRAGRAHA -resistncia pacfica edesobedincia civil noviolenta. Retornou LUDIA e liderou a lutapela independncia.Morreu como o Mahatma(Grande Alma).

    METRPOLES AFRICANAS*

    Populao em milhes

    Cairo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10,3

    Lagos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9,3

    Johanesburgo . . . . . . . . . . . . . . . .7,5

    Kinshasa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6,7

    Cartum . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6

    Alexandria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5

    Argel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .4,2

    Luanda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .4

    Abidian . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3,9

    Casablanca . . . . . . . . . . . . . . . . . .3,7

    Kano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3,1

    Cidade do Cabo . . . . . . . . . . . . . .3,1

    Adis Abeba . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3

    EXPORTAES DE ESCRAVOSDA FRICA**

    COMRCIO EUROPEU

    Perodo Nmero (mil) %de escravos

    1450-1600 409 3,61601-1700 1.348 11,91701-1800 6.090 53,81801-1900 3.466 30,6

    TOTAL 11.313.000 100

    COMRCIO RABEPerodo Estimativa (em mil)

    1500-1600 7501600-1700 9001700-1800 1.3001800-1900 2.134TOTAL 5.084

    **Fonte: Elaborao a partir dos dados de P. Lovejoy. A Escravido na frica. Rio de Janeiro:Civilizao Brasileira, 2002. Nota: No conseguimos dados referentes aos sculos anteriores ao XVIpara o trfico rabe.

    *Fonte: Atlas Geogrfico Mundial. So Paulo,2005 e outras publicaes com estimativas.

    jose maria.qxp 4/5/2006 11:59 Page 80

  • 81

    AS REGIES DA FRICA

    Segundo o anurio L'tat du Monde 2005

    MAGREBE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .FRICA CENTRALArglia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Camares Lbia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Centro-Africana Rep.Marrocos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .CongoTunsia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Congo / Zaire . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Gabo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Guin-Equatorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .So Tom e Prncipe

    FRICA SAELIANA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .FRICA ORIENTALBurkina-Faso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .BurundiChade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .QuniaMali . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Ruanda Nger . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Uganda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Tanznia

    FRICA EXTREMO-OCIDENTAL . . . . . . . .FRICA NORDESTECabo Verde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .DjibutiGmbia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Eritria Guin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Etipia Guin-Bissau . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .SomliaLibria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Vale do NiloSenegal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Egito e Sudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Serra Leoa

    GOLFO DA GUIN . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .FRICA SUL-TROPICALBenin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .AngolaCosta do Marfim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Malavi Gana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Moambique Nigria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .ZmbiaTogo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Zimbbue

    FRICA AUSTRAL frica do Sul - Botsuana - Lesoto - Nambia - Suazilndia

    FRICA DO OCEANO NDICOComores - Madagascar - Maurcio - Reunio (territrio francs) - Seychelles

    jose maria.qxp 4/5/2006 11:59 Page 81

  • 82

    ESTADOS AFRICANOS - DADOS BSICOS

    Superfcie Populao Data da Ex- Lngua PIB Export. Import. Pas Mil Km2 Milhes Capital Independ. metrpole Oficial 2002 2001 2001

    2003 Principal Milhes $ Bilhes $ Bilhes $

    frica do Sul 1.221 44,8 Pretria 1910 Inglaterra Ingls 113,5 29,3 28,4

    Angola 1.247 13,1 Luanda 1975 Portugal Portugus 9,2 6,7 3,3

    Arglia 2.382 31,7 Argel 1962 Frana rabe 53,8 20,1 9,7

    Benin 113 7,0 Porto Novo 1960 Frana Francs 2,5 0,3 0,7

    Botsuana 582 1,6 Gabarone 1966 Inglaterra Ingls 5,2 2,3 2,4

    Burkina Faso 274 13,2 Uagadugu 1960 Frana Francs 2,6 0,2 0,7

    Burundi 28 6,1 Bujumburra 1962 Blgica Francs 0,7

    Cabo Verde 4 0,5 Praia 1975 Portugal Portugus 0,6

    Camares 16 15,7 Iaund 1960 Frana Francs 8,7 1,7 1,9

    Chade 1.284 9,3 Ndjamena 1960 Frana Francs 1,8 0,2 0,6

    Centro-Afr.Rp 623 3,7 Bangui 1960 Frana Francs 1

    Comores 2 0,6 Moroni 1975 Frana Francs 0,2

    Congo Rp Dm 2.345 57 Kinchasa 1960 Blgica Francs 5,0 0,8 1,0

    Congo 342 3,7 Brazzaville 1960 Frana Francs 2,2 2,1 0,9

    Costa do Marfim 322 17 Yamoussokro 1960 Frana Francs 10,3 3,7 2,6

    Djibuti 23 0,7 Djibuti 1977 Frana Francs 0,6

    Egito 1.101 72,1 Cairo 1922 Inglaterra rabe 97,6 4,1 12,8

    Eritria 118 4,4 Asmara 1993 Etipia rabe 0,7

    Etipia 1.104 70,7 Adis-Abeba Desde a antiguidade Amrico 6,4 0,4 1,0

    Gabo 268 1,3 Libreville 1960 Frana Francs 4 2,6 1,0

    Gmbia 11 1,5 Banjul 1965 Inglaterra Ingls 0,4

    Gana 239 20,5 Acra 1957 Inglaterra Ingls 5,4 1,7 3

    Guin 246 9,0 Conacri 1958 Frana Francs 3,1 0,8 0,6

    Guin Bissau 36 1,3 Bissau 1974 Portugal Portugus 0,2

    Guin Equatorial 28 0,5 Malabo 1968 Espanha Espanhol 0,3 2,0 0,7

    Libria 110 3,3 Morvia 1847 Ingls 0,5 0,7 0,3

    Lbia 1.760 5,5 Trpoli 1951 Ingl. - Fran. rabe 37,7 11,7 8,7

    jose maria.qxp 4/5/2006 11:59 Page 82

  • 83

    ESTADOS AFRICANOS - DADOS BSICOS

    Superfcie Populao Data da Ex- Lngua PIB Export. Import. Pas Mil Km2 Milhes Capital Independ. metrpole Oficial 2002 2001 2001

    2003 Principal Milhes $ Bilhes $ Bilhes $

    Madasgascar 587 17,0 Antananarivo 1960 Frana Francs 3,9 0,9 1,2

    Malavi 118 11,7 Lilonge 1964 Inglaterra Ingls 3,7 0,3 0,6

    Mali 1.240 14,6 Bamaco 1960 Frana Francs 2,1 0,7 0,7

    Marrocos 447 30,4 Rabat 1956 Frana rabe 35,4 7,1 11,0

    Maurcio 2 1,2 Port Louis 1968 Inglterra Ingls 4,7 1,5 2,0

    Mauritnia 1.026 2,9 Nuakchott 1960 Frana rabe 1,0

    Moambique 802 17,5 Maputo 1975 Portugal Portugus 3,9 0,7 1,1

    Nambia 824 1,9 Windhoeck 1990 A. do Sul Ingls 3,5 1,5 1,4

    Nigr 1.267 12,1 Niamei 1960 Frana Francs 2,0 0,3 0,4

    Negria 924 133,9 Abuja 1960 Inglaterra Ingls 38,7

    Qunia 580 31,6 Nairobi 1963 Inglaterra Ingls 11,3 1,9 2,9

    Ruanda 26 8,3 Kigali 1962 Blgica Francs 1,9 0,1 0,3

    Saara Ocidental 2,66 El Aun Territrio sob ocupao marroquina, aguarda plebiscito pela ONU.

    So Tom e Prncipe 1 0,2 So Tom 1975 Portugal Portugus 0,05

    Senegal 197 11,0 Dacar 1960 Frana Francs 4,7 1,0 1,5

    Serra Leoa 72 5,7 Freetown 1961 Inglaterra Ingls 0,7

    Seuchelles 0,5 0,09 Vitria 1976 Inglaterra Ingls 0,5

    Somlia 638 8,9 Mogadscio 1960 Ing. - Itlia Somali 1,3 0,1 0,2

    Suazilndia 17 1,2 Mbabane 1968 Inglaterra Ingls 1,3 0,8 0,8

    Sudo 2.506 38,0 Cartum 1956 Ing. - Egito rabe 11,5 1,6 1,6

    Tanznia 945 35,4 Dodoma 1961 Inglaterra Suali 9,6 0,8 1,7

    Togo 57 5,4 Lom 1960 Frana Francs 1,3

    Tunsia 164 9,9 Tunis 1956 Frana rabe 19,6 6,6 9,6

    Uganda 241 25,0 Campala 1962 Inglaterra Ingls 5,9 0,5 1,6

    Zmbia 753 10,9 Lusaca 1984 Inglaterra Ingls 7,5 0,9 1,0

    Zimbabue 391 12,6 Harare 1980 Inglaterra Ingls 5,8 1,8 1,5

    jose maria.qxp 4/5/2006 11:59 Page 83