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online hoje junho de 2013 | ano 1 | nº 2 | www.sbn.com.br PARTICIPAÇÃO | XVI Congresso de Atualização terá sessões interativas ARTIGO | A arte da superação Segunda Opinião opõe planos de saúde e médicos ENTREVISTA | Neurocirurgião fala do prazer de ter uma banda de rock

Segunda Opinião opõe planos de saúde e médicos

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onlinehoje

junho de 2013 | ano 1 | nº 2 | www.sbn.com.br

ParticiPação | XVI Congresso de Atualização terá sessões interativas

artigo | A arte da superação

Segunda Opinião opõe planos de saúde e médicos

EntrEvista | Neurocirurgião fala do prazer de ter uma banda de rock

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Expediente

Presidente: Sebastião Gusmão

Vice-presidente: Jair Raso

Secretário geral: Aluízio Augusto Arantes

Junior

Tesoureira: Marise Augusto Fernandes

Audi

1º Secretário: Carlos Batista Alves de

Souza Filho

Secretária executiva interina: Marise

Augusto Fernandes Audi

Secretaria Geral:

Rua dos Otoni, 909 - Sala 408 -

CEP: 30150-270 - Belo Horizonte/MG

mapa - Tel.: (31) 3658-3235 -

Email: [email protected]

Secretaria Permanente:

Rua Abílio Soares, 233 - cj. 143 -

Paraíso - CEP 04005-001 - São

Paulo/SP - Tel.: (11) 3051-6075 -

Email: [email protected]

Reportagem, Redação e Edição:

VFazitto Comunicação e Consultoria

Ltda.

Jornalista responsável: Vilma Fazito -

1988/MT JP

Reportagem e Edição: Marina Rodrigues

1900/MT JP

Site: www.vfazitto.com.br

Índice desta edição:

• Ligas Acadêmicas adotam o Projeto Pense Bem – pg 5

• A importância do Registro de Trauma para o país – pg 6

• As novidades do XVI Congresso de Neurocirurgia – pg 8

• Quando a dor se transforma em arte e desafio - pgs 14 e 15

• Médico e músico: a receita de um jovem neurocirurgião – pgs 16 e 17

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Quando celebridades têm problemas de saúde cria-se a oportunidade de esclarecimento para a popu-lação sobre fatores de risco, tratamento e prognósticos. Muitos de nossos colegas médicos passam pelo desafio de explicar em linguagem leiga aquilo que conhecem tecnicamente. Por outro lado, a maneira como algumas celebridades encaram suas doenças pode servir de alento para muitos de nossos pacientes. Oscar Schmidt, Ignácio de Loyola Brandão e Raimundo Carrero são exemplos da arte de superação diante de doenças como o glioma, aneurisma cerebral e AVC.

A SBN participou ativamente na imprensa de uma discussão que se tornou o cotidiano da maioria dos cirurgiões de coluna do país: a segunda opinião.

Dr. Ricardo Botelho, representando a SBN, esclareceu o tema em algumas entrevistas. O SBN Hoje aprofunda um pouco mais o assunto neste número.

Dr. Erasmo Barros da Silva Jr. além de neurocirurgião é músico profissional. Ele nos fala da importân-cia da neurocirurgia e do rock em sua vida. Entre a “Fúria e a melodia” ele fala do equilíbrio que a música lhe proporciona.

A SBN Hoje também traz informações sobre nosso XVI Congresso Brasileiro de Atualização em Neu-rocirurgia que será em Setembro, em Belo Horizonte.

Boa leitura,

Jair Raso

MENSAGEM DO PRESIDENTE

A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás; mas só pode ser vivida olhando-se para frente.

Soren Kierkergaard (1813 – 1855)

Já se vai quase metade do caminho de nossa travessia à frente da SBN. E aqui olhamos rapidamente para trás na avaliação do caminho percorrido. Temos por princí-pio que administrar é fazer o que está ime-diatamente à nossa frente para ser feito. E o que vimos primeiramente à nossa frente para ser feito foi o site. Esta é a ferramen-ta fundamental que permite administrar a SBN, congregar os neurocirurgiões, realizar educação e atualização, e possibilita nossa inserção social. Ou seja, o site SBN é a ver-dadeira casa do neurocirurgião brasileiro. A partir de uma plataforma arcaica e confu-sa, foi realizado um site mais funcional e amigável, que está sendo nutrido com con-teúdo útil aos neurocirurgiões e residentes. Inclusive, na homepage encontra-se a pres-tação de contas da atual gestão.

EDITORIAL

Em relação à educação, realizamos as provas de residência e de título de espe-cialista, foi colocado no site farto material didático para formação e atualização dos membros, realizado sete cursos de anato-mia neurocirúrgica em parceria com a Be-neficência Portuguesa e um curso de aces-sos neurocirúrgicos em peças anatômicas, em Dallas. Foram renovados os contratos com o periódicos disponibilizados nos site. Tudo já está preparado para o Congresso de Educação Continuada e a prova de título de especialista que ocorrerão em setembro próximo, em Belo Horizonte. Estamos desenvolvendo o projeto de editar um compêndio de neurocirurgia escrito pelos membros da SBN. Nosso periódico (Brazi-lian Neurosurgery – Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia) e nosso boletim online SBN Hoje estão sendo editados regularmente.

Ainda no item educação, estamos le-vando à frente o processo de parceria SBN--MEC para residência em neurocirurgia. A cada dia nossa relação com o MEC torna-se mais estreita e ocorre contínua melhoria no sistema de residência e valorização do título de especialista. O resultado final é a melho-ria da formação dos residentes e o fortaleci-mento da SBN.

No exercício profissional temos duas frentes de combate no processo contínuo de conquistar melhores condições de tra-balho e remuneração: o SUS e a medicina suplementar (convênios). Reabrimos, no Ministério da Saúde, a Câmara Técnica de Neurocirurgia que encontrava-se fechada desde 2010. Reuniões mensais no Ministé-

rio da Saúde estão programadas até o final do ano. Entre as várias reivindicações, co-locamos como prioritário a equiparação de valores de Honorários Profissionais da Alta Complexidade dos procedimentos da Neu-rocirurgia com os valores de procedimen-tos mais complexos da Cirurgia Cardíaca. Temos participado ativamente das lutas de-senvolvidas pelas várias entidades médicas para melhoria dos planos de saúde, além da atuação pontual em questões que ferem os interesses dos neurocirurgiões.

O projeto Pense Bem, por meio de fun-dos fornecidos pelo Governo Federal, de-senvolveu neste ano ações educativas com foco nas crianças do ensino fundamental. Foi criado um vídeo institucional com a participação voluntária do famoso grupo teatral brasileiro “Doutores da Alegria”. O Pense Bem resgata o papel social da SBN e dos neurocirurgiões brasileiros na luta con-tra os principais problemas de saúde públi-ca na atualidade: o neurotrauma, a doença cerebrovascular e as doenças degenerativas da coluna vertebral. Nosso objetivo é criar um vínculo com o poder público nas esfe-ras federal, estadual e municipal que per-mitirá grande expansão do projeto em todo território nacional.

Em resumo, esta é nossa rápida olha-da para o passado de nove meses à fren-te da SBN. Entretanto, nossa ambição é o futuro e seguimos olhando em frente e sabendo que muito falta para completar a travessia.

Sebastião Gusmão

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O Projeto Pense Bem vai chegar aos rios e cachoeiras do Vale do Paraíba (SP). A proposta é da Liga de Neurologia e Neurocirurgia (LNNc) da Faculdade de Medicina de Taubaté que planeja colocar placas nos locais. Uma exposição sobre o Projeto fez parte do programa de abertura do Encontro

Interinstitucional de Ligas Acadêmicas de Neurologia e Neurocirurgia realizado, na cidade, no dia 18 de maio . Além de Taubaté, as faculdades de Santa Casa de São Paulo, Mogi e Jundiaí também farão

a campanha em suas cidades e regiões.

Para a presidente da LNNc de Taubaté, Marcela Cur-

ci Vieira de Almeida que está no 3º ano do curso “ para atuar na prevenção atendendo às duas especialidades, a LNNc que já participa do Mutirão do AVC – projeto de prevenção ao acidente vascular cerebral, desenvolvido pela Liga de Neurologia da Facul-dade de Ciências Médicas da San-ta Casa de São Paulo (FCMSCSP) - pretende divulgar o Pense Bem da SBN. Os argumentos são in-discutíveis: os traumas são a ter-ceira causa de mortalidade no

Projeto Pense Bem

“Não pule de Cabeça”

Brasil, segundo pes-quisas do Saúde Bra-sil de 2010.

Segundo Marce-la, “a intenção é que esta campanha se perpetue e que con-siga integrar cada vez mais Ligas Acadêmi-cas, a fim de atingir uma prevenção em âmbito nacional.”

PlacasAs placas que se-

rão colocadas no se-gundo semestre nos rios e cachoeiras de da região de Tauba-té já têm um texto: “NÃO PULE DE CABEÇA! - Campa-nha de Prevenção ao Neurotrauma (Pense Bem) - Liga de Neu-rologia e Neurocirurgia da Facul-dade de Medicina de Taubaté”. Provavelmente será a Secretaria de Saúde da cidade que providen-ciará a confecção e a colocação das placas.

Ligas AcadêmicasNo Brasil existem, em torno

de 200 ligas acadêmicas. Elas são formadas por grupos de alu-nos que estudam, de forma mais Marcela Curci

aprofundada, uma determinada especialidade médica, sob o co-mando de professores. Ela pro-porciona atividades extracurricu-lares e é baseada em três pilares: Estudo, Pesquisa e Assistência. Os cargos têm mandado de um ano. Cada Liga possui um estatu-to com suas regras e todas estão filiadas ao Diretório Científico (DC) da faculdade.

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A ideia surgiu em 2005 durante uma reunião da Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado (SBAIT): era preciso ter um registro unificado no país de todas as ocorrências de trauma que mostrasse o quadro geral de

acidentes de trânsito que causam lesões Muitas reuniões depois, a proposta virou o Protótipo de Registro Único de Trauma Brasileiro. Em 2012 outro avanço: a liberação de verba do atual governo federal para os seis hospitais do grupo

SOS Emergência onde será implantado o Registro após sua aprovação.Mas o que falta? Falta o software único onde esse registro será postado e disponibilizado para os hospitais. Ainda sem a

licitação para a escolha do sistema, a expectativa é que só ano que vem o Projeto vire realidade.

Raio XPara o coordenador de neuroci-

rurgia do Hospital João XXIII em Belo Horizonte e do Departamento de Trauma e Terapia Intensiva da SBN Rodrigo Faleiro, a implan-tação do Registro trará benefícios para todos os setores médicos pú-blicos e particulares e consequen-temente, sociais. Faleiro faz parte do grupo que uma vez por mês se reúne em Brasília com o Ministé-rio da Saúde. Nesse grupo estão representantes da SBAIT, SAMU,. Sociedades Brasileira de Ortope-dia e Traumatologia, de Pediatria, de Neurocirurgia e Anestesiologia, Associação de Medicina Intensiva Brasileira e Colégio Brasileiro de Cirurgias.

A ficha do Registro do Trauma é detalhista: define sexo, idade, ori-gem do paciente. Onde ocorreu. Como ocorreu. Se o ferimento foi penetrante e em que parte do cor-po. Se foi, por exemplo, queimadu-ra, queda, atropelamento. Quer sa-ber também em casos de acidentes de trânsito, se foi moto, carro ou ônibus. E em que lugar a vítima es-tava assentada..

Com todas essas informações disponibilizadas em um único ban-co de dados, vai ser possível criar estratégias de prevenção, atendi-mento e correção de falhas. Por exemplo: se os dados mostrarem que uma rodovia causa acidentes mais em um trecho que em outro, uma pesquisa dirá se é falha estru-tural, sinalização, conservação ou até proximidade com cidades. Con-sequentemente se poderá tomar medidas para resolver o problema de correção e de prevenção.

Raio X

Registro quer fazer um RX do trauma no Brasil

Outro exemplo: a incidência de certas lesões poderá determinar graus de tratamento e disponibili-dade de espaço, medicação, inter-nação.

Projetos PilotosPaulo Roberto Carreiro é cirur-

gião geral no João XXIII. Para ele, a medida é positiva.

Ele conta que no hospital já existe um projeto piloto em aplica-ção. Outro hospital que também já coletou dados de trauma por dois anos foi a Santa Casa de São Paulo. Segundo José Gustavo Parreira, mé-dico dessa unidade, o sistema iden-tificou grupos de risco e direcionou ações para minimizar os danos adi-cionais. A falta de pessoal prepara-do para registrar os dados, paralisou o procedimento. No João XXIII o projeto iniciado em janeiro deste ano já tem em torno de 400 pacien-tes registrados. Carreiro defende a aplicação do Registro Único por ser uma ferramenta que possibilitará além das ações imediatas gerais, ser uma fonte de pesquisa científica, de benchmarketing, de gerenciamento de custos e trocas de informações.

Pense Bem • O trauma é a principal causa

de morte nas quatro primeiras dé-cadas de vida.

• 130 mil pessoas morrem por ano em consequência de algum tipo de trauma.

• Só em acidentes de trânsito, são 50 mil mortes. 136 ao dia e 1 a cada 11 minutos.

Os dados fazem parte da aula do médico Rodrigo Faleiro sobre o Projeto Sentinela que existe em

193 hospitais brasileiros. O proce-dimento colhe todos os tipos de in-formações sobre o atendimento mé-dico que são disponibilizadas entre eles. Os dados revelaram que só no João XXIII, quando atenderam ao Protocolo, a taxa de óbito foi de 11 entre 57 pacientes – 19,2%. Quan-do não atenderam ao Protocolo, a taxa de óbitos subiu para 23 entre 42 pacientes: 54,7%.

Diante desses dados, Faleiro é taxativo e vê no Projeto Pense Bem, iniciativa da SBN de prevenção e orientação, uma forma de se evitar tantas mortes: “O trauma é uma doença evitável. Faz mais sentido a sua prevenção do que dispendio-sos recursos no seu tratamento. Por isto, Pense Bem!”

Para saber mais:Projeto Pense Bem: http://migre.me/fcS9c

Rodrigo Faleiro

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Prezado colega,

A experiência de um Congresso não é apenas a atualização científica. É também a oportunidade de encontrar velhos amigos e fazer novas amizades e contatos.

Nossa comissão científica está cuidando para que a programação seja proveitosa, com a troca de experiências de renomados colegas de todo país. Será uma imersão no vasto campo da neurocirurgia.

A SBN homenageará em nosso Congresso Dr. Raul Marino Jr de São Paulo e Dr. Daniel Maitrot, de Estrasbur-go, França.

Mas você também terá oportunidade de apreciar a cultura de Minas, expressa em seu artesanato, no teatro, nas artes plásticas e na gastronomia.

Espero você e sua família.

Jair Raso

Presidente Congresso

Programa e Inscrições: www.congressodeatualizacaosbn.com.br

Participe

Congresso Brasileiro de Atualização em Neurocirurgia

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O O XVI Congresso Brasileiro de Atua-lização em Neurocirurgia em setembro

terá discussões, palestras, atualização científica, confraternização, turismo e a oportunidade de conhecer o primeiro livro do neurocirurgião Luiz Renato Mello, de Santa Catarina: “Não Morra Agora, Contos&Crônicas”. Mello é pro-fessor de Neurocirurgia na Universidade Regio-nal de Blumenau (FURB) e Chefe do Serviço de Cirurgia do Setor de Neurocirurgia do Hospital Santa Isabel, Blumenau, SC.

O livro tem 123 páginas com 14 contos e 6 crônicas sobre fatos vividos e ocorridos durante sua carreira.

Segundo o autor, ele vem “escrevendo con-tos há alguns anos, sempre quando o assunto atrai, o impulso de escrever aparece e o tempo permite. Geralmente em finais de semana silen-ciosos, com chuva ou sol muito forte ou nas noites insones.” Na introdução do livro, o autor enfatiza que “os momentos mais importantes da vida de um homem são relacionados à sua fini-tude: o nascer, o adoecer e o morrer.” E é nesses momentos que Mello constrói suas histórias.

O prefácio é assinado pelo presidente da SBN, Sebastião Gusmão que ressaltou: “em de-corrência das características do ofício, os médi-cos são obri gados a conviver com a precariedade da condição humana e a en frentar um sem fim de dores físicas e morais. Uma forma de catarse é escrever, principalmente para aqueles de pa-lavra fácil e que culti vam o espírito lúdico e o senso de humor.

Escrever é, antes de tudo, um vício. Começa com a necessidade de entreter as pessoas com nossos escritos. Depois, passa a ser uma com-pulsão cada vez maior. Não morra agora aparece tarde, mas ain da em tempo.”

Livro

As histórias de um neurocirurgião

os momentos mais

importantes da vida de um

homem são relacionados

à sua finitude: o nascer, o

adoecer e o morrer

Luiz Renato Mello

“ “

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Controvérsia

O consenso dos representantes de entidades médicas sobre a “Segunda

Opinião”

A polêmica começou há pouco mais de dois meses: os planos de saúde estão encaminhando os segurados para uma segunda opinião, no caso de cirurgias de coluna. Em alguns planos, o paciente passará por um programa de atendimento multiprofissional. Em outros, terá que procurar a “segunda opinião” em instituições indicadas pelo próprio plano. Nesse processo de reavaliação, em quase 70% dos casos, a cirurgia foi descartada. As entidades que representam os profissionais de saúde consideram uma interferência na decisão médica.

Médicos da Sociedade Bra-sileira de Neurocirurgia

e da Sociedade Brasileira de Colu-na dizem que apóiam a busca por uma segunda opinião desde que a iniciativa seja do próprio paciente e não dos planos de saúde. “A so-ciedade precisa defender o direito do paciente de ter a primeira opi-nião, com qual médico ele quiser, com atendimento universal. Se ele quiser a segunda, terceira e a quar-ta, contanto que parta do paciente, o desvio do paciente para grupos específicos de segunda opinião é recriminado”, diz Ricardo Botelho, Diretor de Diretrizes da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia.

Para Botelho , “o paciente deve-ria escolher sua segunda opinião, da mesma forma que escolheria a pri-meira opinião. Do modo que as coi-sas estão, pacientes que representam “custos” são desviados por grupos controlados pelas operadoras com o intuito precípuo de “diminuir” o custo, normalmente negando os procedimentos ou oferecendo al-ternativas ou pseudo alternativas. È importante que todos saibam que oferecer mais do mesmo que não deu certo é tecnicamente inadequa-do e não modo de diminuir custos. De acordo com as reclamações que recebemos, o paciente, fragilizado pela doença, se vê diante do médico

controlado pela operadora que apre-senta dificuldades para liberação para seu médico assistente e facilidades para liberação, ou liberação imedia-ta, nos hospitais controlados ou con-tratualizados, segundo o vocabulário utilizado. Isto é, na prática, coação.”

A polêmica entre os cirurgiões cujos diagnósticos foram questiona-dos foi discutida na Câmara Técnica de Implantes da AMB (Associação Médica Brasileira), e depois encami-nhada ao Conselho Federal de Medi-cina.

As reportagens sobre diagnósti-cos de cirurgias na coluna no Hos-pital Albert Einstein em São Paulo motivaram cartas de esclarecimento da Sociedade Brasileira de Neuro-cirurgia. Elas informam que a SBN recebeu de seus associados, denún-cias de transferências compulsórias de pacientes por operadoras de pla-nos de saúde para hospitais e gru-pos médicos específicos, à revelia dos médicos assistentes originários e dos pacientes, por motivos econô-micos.

A Sociedade Brasileira de Neu-rocirurgia ainda enfatiza no texto enviado à imprensa que, “no in-tuito de zelar pela preservação dos direitos dos pacientes entende que toda interferência no tratamento deve seguir as normas de ética e lisura estabelecidas pelos Conse-

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O paciente deveria

escolher sua

segunda opinião,

da mesma forma

que escolheria a

primeira opinião

Ricardo Botelho

lhos normatizadores de conduta no país e que as transferências des-critas foram feitas pelos motivos econômico-financeiros declarados nos documentos públicos, à revelia dos pacientes e em desrespeito aos preceitos de relacionamento éticos descritos no Código de Ética Médi-ca. O procedimento dos planos de saúde fere também os artigos 2 e 4 da Resolução CONSU/ANS 08/98.

O conselheiro do CRM, Cláu-dio de Souza deu sua opinião: “o Código de Ética Médica (CEM) tem como princípio fundamental que “O alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser humano, em benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional”.

O mesmo código, em seu arti-go 32, veda ao médico “Deixar de usar todos os meios disponíveis de diagnóstico e tratamento, cientifi-camente reconhecidos e a seu alcan-ce, em favor do paciente”.

Nesse contexto, a solicitação de uma segunda opinião é uma alter-nativa natural que surge diante de situações difíceis ou complexas. Nessas circunstâncias, a opinião de um colega experiente, pode ser de-cisiva para a solução do caso.

Como as questões que envolvem a segunda opinião dizem respeito ao paciente, é necessário que ele ou seu representante legal, autorizem o médico assistente ouvir a opinião de um colega.

Não é incomum que esta inicia-tiva parta do próprio paciente. Nes-se caso, seu pedido deve ser acatado

pelo médico assistente, em conso-nância com o que orienta o artigo 39 do CEM que veda ao médico “Opor-se à realização de junta mé-dica ou segunda opinião solicitada pelo paciente ou por seu represen-tante legal”.

Os propósitos de fazer sempre o melhor para o paciente (beneficência) e de respeitar sua liberdade de escolha (autonomia) constituem o fundamento ético para a segunda opinião médica.

Fora deste contexto, a iniciativa deve ser vista com ressalvas, não po-dendo jamais, representar uma inge-rência na relação médico/paciente.

Para saber mais:

No caso de auditoria médi-ca, havendo necessidade do au-ditor examinar o paciente e seu prontuário, tal conduta deve ter a aquiescência do mesmo (ou de seu representante legal). Além disso, o médico assistente deve ser noti-ficado do exame e sua presença ser facultada, conforme determina a Resolução 1614/2001 do Conselho Federal de Medicina.” O médico Cláudio de Souza completa: “Em questões de saúde, o ser humano há que ter sempre prioridade, pois como bem nos ensinou Immanuel Kant, ele tem valor e não preço.”

“http://migre.me/fcQHo

http://migre.me/fcQIw

http://migre.me/fcQJr

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13º Congresso de Cirurgia Espinhal

Atualização

28 de Fevereiro a 02 de Março de 2013 - São Paulo, SPO CongressoDesde a primeira edição realizada em 2001, o Congresso de

Cirurgia Espinhal é também considerado como palco do Encon-tro Anual do Departamento de Coluna da Sociedade Brasilei-ra de Neurocirurgia – SBN, ocasião em que as suas atividades e metas são revisitadas, analisadas e propostas. Trata-se de uma promoção do CENC-HSPE-SP que tem por objetivos “realizar a avaliação dos conceitos e dos métodos envolvidos na cirurgia espinhal, baseado na exposição da melhor informação disponível e no debate sobre as várias opções existentes para o tratamen-to, com as mais modernas técnicas e tecnologias envolvidas, de modo a fornecer instrumentos de apoio à melhor prática da ci-rurgia espinhal”. Por sua abrangência e por se tratar de tema de caráter multi e interdisciplinar, várias outras entidades nacionais e internacionais têm regularmente apoiado e contribuído para a realização do congresso ao longo dos anos, i.e. IAMSPE, SBC, IGASS, CNS-AANS, FLANC, AOSPINE, WSCS e WFNS.

O evento, já em sua décima terceira edição, tem como Presidente, o Professor Doutor Ricardo Viera Botelho, como Coordenador Geral, o Professor Doutor José Marcus Rotta, e os coordenadores, Dr. Eduardo de Freitas Bertolini e Dra. Marise Fernandes Audi. A comissão científica e os assesso-res internacionais convidados atualizam e sintonizam a pro-gramação científica anualmente, levando para o plenário do congresso tópicos e palestrantes do mais alto nível científico da atualidade. Nas ultimas edições foram instituídos os Cur-sos Pré-Congresso que visam a discussão de casos clínicos e o Curso Básico em Pós-Congresso, com a finalidade de formar conceitualmente as novas gerações.

Dentro da estrutura do congresso definida pela Comis-são Científica, ocorrem, os Blocos Temáticos que se sucedem estimulando o conhecimento dos mais de 500 colegas, média anual de participantes, e enriquecendo as discussões com apre-sentações, às vezes controvertidas, das mais variadas escolas. Este ano tivemos a Sessão Inaugural com palestra do Professor Doutor Sebastião Gusmão, Presidente da SBN e Presidente de Honra do Congresso, abordando o tema “Interface entre a Coluna Vertebral e a Arte. Devemos também mencionar que durante o congresso pelo menos uma palestra, sob a respon-sabilidade do Departamento de Defesa Profissional da SBN, é dirigida para o debate e atualização dos congressistas na defesa de suas atividades profissionais.

Um time da primeira linha de palestrantes internacio-nais versou sobre diversos temas, incluindo interessantes apre-sentações controversas. Participaram os doutores Abdelfataht Saoud (Egito), Alvaro Douling(Chile) Anis Mekhail (EUA), Bernhard Meyer (Alemanha) Daniel K. Resnick (EUA), Edward Benzel (EUA), Faheem Sandhu (EUA), Florian Roser (Alemanha), Gianluca Maestretti (Suiça), Jean-Marc Vyadzis (EUA), Joseph S. Cheng (EUA), Mehmet Zileli (Turquia), Olivier Gille(França), Phillip Bancel (França), Salman Sahrif (Paquistão).

A HomenagemMantendo sua tradição de acerto na escolha de nomes

da especialidade, o homenageado do 13º Congresso de Ci-rurgia Espinhal foi o Professor Edward C Benzel que, com seu grande talento científico aliado aos seus conhecimentos

Sentados: Prof. Edward Benzel, Homenageado e Albert Brasil. De pé: Marcos Masini, Ricardo V. Botelho, Asdrubal Falavignia e Salman Sharif

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da engenharia, se distinguiu por introduzir novos conceitos e terminologia científica que propiciaram o avanço e o apri-moramento das técnicas utilizadas no tratamento das doenças complexas da coluna vertebral. Isto permitiu a reestruturação dos conhecimentos científicos contemporâneos e levou a uma profunda modificação no entendimento da instabilidade da coluna e no tratamento de todas as demais doenças.

Depois de formar-se em Engenharia Química, o Profes-sor Benzel graduou-se em Medicina e realizou sua residência em Neurocirurgia no Medical College of Wisconsin Clinics. Nos anos que se seguiram, assumiu respectivamente os car-gos de Chairman do Departamento de Neurocirurgia, Diretor do Programa de Residência e do reconhecido Curso Annual Cleveland Spine Review: Hands On, elaborando memoráveis cursos frequentados por colegas de todas as partes do mundo. Na renomada Cleveland Clinic, o Professor Benzel atua com destaque como Chefe do Departamento de Neurocirurgia. É autor de várias técnicas avançadas e de patentes na área mé-dica.

Extremamente dedicado ao ensino de jovens neurocirur-giões e tendo exercido cargos de liderança em inúmeras so-ciedades nacionais e internacionais, conta em sua biografia com diversos prêmios por trabalhos e livros publicados. No Brasil ele liderou com grande êxito a organização e realização do World Spine III, que ocorreu no Rio de Janeiro em 2005, quando reuniu os grandes nomes da comunidade mundial que atuam no tratamento das doenças da coluna vertebral ofere-cendo á comunidade brasileira uma oportunidade única de se atualizar. A sua vasta produção literária é enriquecida de inú-meros trabalhos técnicos, ( a mais recente é o lançamento.da obra “Spine Surgery - Techniques, Complications, Avoidance and Management” e reedição do clássico “Biomechanics of Spi-

ne Stabilization”. Em publicação recente no CNS – Congress Quartely Summer 2012 ele reflete sobre o futuro da cirurgia da coluna vertebral e conclui alertando de forma enfática so-bre a nossa extremada confiança na tecnologia:

“ ....I see in the trainees of today, on a routine basis, a substantial reliance on technology – at the expense of what I perceive to be more appropriate reliance on intrinsic Know-ledge, common sense, and the fundamentals of spine surgery. Some sort of re-orientation may be in order. I feel privileged to have had the exposure I had. I am better because of it. I can only hope that I and my contemporaries can craft a way to provide this privilege for the next generation, the trainees of today.”

Convocação A iniciativa não termina aqui. Segue. Ao longo dos anos se

discutiu estruturar uma revista e com isto criar uma forma de disseminar os conhecimentos adquiridos e permitir o avanço através da discussão contínua de temas emergentes. Surgiu então a versão digital para o projeto. Nos intervalos entre os congressos que são anuais, as palestras apresentadas e grava-das são gratuitamente expostas para todos os interessados no www.cirurgiadacolunavertebral.com.br e um grupo de discus-são (chat) é formado com a finalidade de estender as análises dos temas até a realidade de cada participante.

Com estrutura aberta a nível nacional e internacional, o 14º Congresso de Cirurgia Espinhal ocorrerá em São Paulo em 2014. O Departamento de Coluna da SBN tem a satisfa-ção de convocar todos seus membros e demais interessados a participarem.

Marcos Masini

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A Arte da SuperaçãoHistórias de vida

Um ex-jogador, um jornalista e um escritor contam como um glioma, um aneurisma e um avc se tornaram personagens heróicos de suas vidas

O Mão Santa“Este é mais um desafio. Venci

vários a vida toda. Se não vencer lá na frente, paciência. Farei de tudo. Se tiver de abrir a cabeça dez vezes, eu abro. Desde que me deixem a fala e a sobriedade”. A frase dita ao jornal O Globo é do ex-jogador de basque-te Oscar Schmidt, de 55 anos após passar por uma nova cirurgia para a retirada de um tumor no cérebro em abril deste ano. Em maio de 2011, o Mão Santa - apelido que traz desde os tempos de atleta - já havia retira-do um glioma de 7 cm localizado na parte frontal da cabeça. Considerado um dos maiores jogadores do bas-quete brasileiro, Oscar fez história ao liderar a seleção na conquista dos Jogos Pan-Americanos, em 1987. O Brasil venceu os Estados Unidos em solo americano. Após a cirurgia, o ex-

Afligido por fortes tonturas, o jornalista, escritor e colunista do Estadão Ignácio de Loyola Brandão descobre em 1996 que tem um aneu-risma cerebral. Em maio desse ano, faz uma bem-sucedida cirurgia, que dura nove horas. A descoberta do aneurisma, seus momentos de an-gústia, medo, expectativa resultam no livro Veia Bailarina publicado em 1997. Mas poderia se chamar “veia poética” pela quantidade de momen-tos nostálgicos, bem humorados, per-ceptivos. Exemplos? “Meu cérebro é uma ostra que abriga uma pérola assassina”. Ou: “Morremos quando perdemos a paixão pelas pessoas”. E ainda: “Não ter medo da morte sig-nifica apreciar a vida. Aceitar a morte como natural. Não é um pensamen-to fatalista, é a aceitação”. Depois da cirurgia, Ignácio viu o vídeo da sua operação. Seu olhar de cronista não viu o procedimento médico; viu arte:

“ A cena, gravada através do mi-croscópio, é de singular beleza. Re-tirada a “tampa” do osso, encontra-

-jogador fará sessões de radioterapia e quimioterapia. Mesmo assim, ele garante que jamais vai perder o alto--astral, uma de suas principais carac-terísticas. “Acho que isso faz parte da minha natureza. Sempre mantenho o bom humor e o otimismo. O esporte me ensinou a estar sempre bem pre-parado mentalmente. É a mente que precisa dominar o nosso corpo.” Os-car não vê a hora de chegar setembro, quando participará da cerimônia de nomeação ao Hall da Fama do bas-quete, nos Estados Unidos. Ele já faz parte, desde 2010, do Hall da Fama da Federação Internacional de Basquete (Fiba). O evento será em Springfield (EUA), entre os dias 6 e 8 . Para ele é como se fosse o Prêmio Nobel do Basquete. Em entrevista a Isto É, declarou que é ele que con-

É a mente que

precisa dominar o

corpo

Oscar Schmidt

sola a família e nunca considerou a doença como um castigo “Sempre tive uma vida regrada. Nunca usei drogas, bebi ou fumei, sempre prati-quei exercícios e fui fiel à minha mu-lher. Se mesmo assim Deus me deu um câncer na cabeça, é porque tenho condições de superar”.

A Veia Bailarina-se a aracnóide, rede de membranas, em forma de teia, que tem o aspecto de um véu delicado, transparente, que envolve o cérebro, assim como a membrana amniótica protege o cére-bro. Abriram uma pequena caverna em minha cabeça. Paisagem poéti-ca. As paredes laterais são brancas, macias como flocos de algodão-doce ou nuvens claras, espessas de chuva. Pulsam suavemente, banhadas pelo líquido transparente. O cirurgião entra em cena. Fará o seu monólo-go, apoiado por atores com funções essenciais. Como numa orquestra, cada um tem seu solo, cada um é um virtuose, o conjunto é música pura. O resultado aqui será a vida”. E ma-gistralmente registra em outro trecho do livro: ”Quando saí do apartamen-to e fui levado para a sala de cirurgia, me atirei no espaço, a corda elástica que me prendia à vida suportou, me puxou, soltou de novo(nas febres), me agarrou. Fui puxado e me aninhei no regaço da vida, confortável, deli-cioso, sensual.” Capa livro Veia Bailarina

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“O AVC foi um prêmio”O AVC veio em outubro de 2010.

Depois de 15 dias internado, o escri-tor pernambucano Raimundo Carre-ro voltou para casa com o braço e a perna esquerdos parcialmente parali-sados e a fala comprometida. Se mo-ver só com a ajuda da mulher Marile-na e das enfermeiras. Naquela época, o seu maior temor era não voltar a escrever por causas das limitações fí-sicas e psicológicas. Dois anos e meio depois, essa angústia é apenas uma lembrança. Em reação ao AVC, ele acaba de lançar um novo livro, um romance que tem o Recife como ce-nário e uma protagonista generosa e despudorada por quem se apaixonou e o “ajudou a enfrentaras as seqüelas físicas.” No início, o escritor ditava o texto. Inquieto, tomou a frente do

projeto usando apenas o indicador da mão direita. Hoje, aos 65 anos, lúcido, centrado e mais afetuoso se-gundo sua mulher, Carrero que tem ainda pequenas limitações no braço e na perna, voltou às atividades diárias.

Antes do AVC, Carrero era co-nhecido pela vida boêmia, desre-grado na alimentação, na bebida, no descanso. Na contramão desses conceitos, o escritor é também muito religioso.

Em uma entrevista dada à Folha de São Paulo ele disse que “Deus quis me ensinar a viver, me dar um freio. Agradeço a Ele todo dia. O AVC foi um prêmio”. Lamenta apenas não poder beber: “Mas não vou me an-gustiar não. Quero é escrever, me curar e ser feliz.”

Quero escrever,

me curar e ser

feliz

Raimundo Carrero

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Ele nasceu em João Pessoa, Paraíba e se formou em medicina pela UFPB. Fez residência em neurocirurgia no Instituto de Neurologia de Curitiba. E é lá que trabalha desde então e como ele diz: “com muito, muito orgulho”.

Ele é Erasmo Barros da Silva Jr. Aos 35 anos, casado e com uma filha de três anos, Erasmo é um jovem neurocirurgião que quando não está com o bisturi na mão, está usando a palheta em sua guitarra. Além da

música, adora cinema, literatura, desenhos, quadrinhos e computadores. Em entrevista ao SBN Hoje, ele falou sobre as opções que regem sua vida: a medicina e a música.

O que o levou a fazer medicina e depois a se especializar em neu-rocirurgia?

Quando criança, pensei em fa-zer medicina porque não conseguia imaginar minha casa sem um médico (o meu pai é neurologista e foi meu professor na faculdade). A medida que o tempo foi passando e a ideia amadurecendo, passei a ver cada vez mais o médico como alguém que tra-balha para o bem-estar do ser huma-no ignorando qualquer limite: não interessa cor, sexo, condição social, cultural, religião ou qualquer outra coisa para que cumpramos o nosso papel. No mesmo momento que quis ser médico, ainda moleque, quis ser neurocirurgião pelo desafio da dedi-cação, da elegância cirúrgica e prin-cipalmente, pelo autocontrole. Toda área é nobre e dignificante, mas a neurocirurgia sempre exigirá mais.

Entrevista

Os ritmos de um neurocirugião

A sua rotina de cirurgião, tem algum procedimento específico antes da cirurgia?

Não, não tem nada. Mas posso dizer que, fora do hospital, toca mú-sica o dia inteiro dentro da minha cabeça...

E o rock? Como entrou em sua vida?

Bom, o meu amor pela música existe por causa do rock. Não sou muito fã de outros estilos, mesmo admirando e respeitando coisas como jazz, blues, clássica etc. Comecei a gostar do rock ainda criança, no final dos anos oitenta, geralmente por cau-sa de trilhas sonoras de filmes, como por exemplo o David Bowie em La-birinto ou o Queen em Highlander. Entrando na adolescência, eu passei a gostar das vertentes mais pesadas, de heavy metal. Quanto mais barulhen-to e escabroso, melhor. Mas sempre

Não estamos

fazendo nada

novo, mas

colocamos nosso

pequeno tijolinho

na ‘Muralha da

China’ que é o rock

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gostei dos clássicos, das bandas mais melodiosas, e a história do som pesa-do me fascina. Então qualquer coisa entre o King Crinson e o Napalm Death conseguia me agradar. No meio dos anos 90, eu passei a me in-teressar também pelo rock alternati-vo e por bandas obscuras. Assim, am-pliei o ‘cardápio’ com bandas como Pixies, Jesus & Mary Chain, Sonic Youth, My Bloody Valentine etc. Na última década, passei a escutar mui-to post-rock (Sigur Rós, Mogwai, Explosions in the Sky) e bandas in-dependentes, sempre mantendo um gosto especial por fúria e a melodia.

Como chama sua banda? E por quê?

Eu não sou muito adepto a cha-mar de ‘banda’, mas é o jeito, né? Chama-se This Lonely Crowd (www.thislonelycrowd.com) e, para mim e para os outros integrantes, é muito mais um símbolo do que uma banda. É um símbolo da música que gosta-mos de fazer; não estamos fazendo nada novo, mas colocamos nosso pe-queno tijolinho na ‘Muralha da Chi-na’ que é o rock. O nome é esse por-que havia uma piada no começo de ‘ninguém escutar as músicas que nós fazíamos’. Existe também um estudo social muito interessante chamado ‘The Lonely Crowd’. Tenho muito satisfação em dizer que tem dois neu-rocirurgiões recém-formados tocan-do junto comigo, um que acabou de tirar o título e o outro acabando a residência este ano. Além deles, tem a minha esposa, que é baixista, e um quinto amigo, compadre meu e que toca comigo há longa data.

Que tipo de rock sua banda toca?

Sempre gostamos de falar que o nosso Leste-Oeste é o shoegaze e o

post-rock. E o nosso Norte-Sul é o heavy metal e a música experimen-tal. Com uma bússola dessas, pode-mos tomar rumos muito distintos. O nosso último disco, chamado ‘Perva-de’ e lançado em novembro do ano passado, está mais para Nordeste…ou seja, é um som muito específico e que incomoda o ouvido de quem não gosta de paredões de guitarras.

O que você achou da vinda de Paul McCartney ao Brasil?

Eu nunca fui muito fã dos Beatles, apesar de conhecer bem a discografia e a história deles. Tenho muita admi-ração pelo que fizeram e pela forma como influenciaram (e influenciam) toda a cultura pop. Ver o Paul fazendo shows aos 70 anos de idade é inevita-velmente uma experiência única. Mas então eu te pergunto de volta: esse que vem é o falso, não é? (risos)

Qual instrumento que você toca? Você compõe?

Eu sou guitarrista, toco há mais de 20 anos e é o instrumento do meu coração. Tenho várias guitarras e de-zenas de pedais de efeito, sou fasci-nado por pedais de distorção, over-drives, fuzzes. Quanto mais barulho fizer, melhor. Quanto a compor, é o que eu faço o tempo inteiro desde o começo. Devo ter mais de 100 mú-sicas compostas, com certeza. Com o TLC, já lançamos 3 EPs, 2 discos cheios e 1 disco de ‘sobras’, todos

pelo Selo paulista Sinewave (www.si-newave.com.br), especializado nesse tipo de som. A força desse Selo, que virou nossa ‘casa’, é tão grande que acabou projetando nossos lançamos pelos subterrâneos do mundo afora. Tanto que temos fãs perdidos na Es-tônia, no Reino Unido, nos EUA, no Japão...

O que os seus pacientes acham de você tocar em uma banda de rock?

Eu não divulgo isso, mas não me esquivo quando alguém descobre e me pergunta. Felizmente, só tive boas experiências até hoje, vendo que os pacientes que ‘descobrem’ o meu lado B admiram e passam a demons-trar mais carinho por mim. Mas não acho que estejamos preparados aqui no Brasil para isso, pois o rock cos-tuma ser julgado como uma música marginal, rebelde, inconsequente. Isso é como colocar um único rótulo em todos os vinhos. Prefiro acreditar que o rock me faz buscar um equilí-brio entre a tempestade e calmaria, entre razão e emoção. Amo minha profissão, ser neurocirurgião justifi-ca minha existência e consequente-mente sustenta minha família, mas a música me completa. Jamais diria que toco ‘por lazer’ ou ‘por escapis-mo’ porque seria muito pouco caso com algo que tanto me inspira. Des-sa forma, acabamos voltando naquela história do equilíbrio...

O rock me faz

buscar um equilíbrio

entre a tempestade

e calmaria, entre

razão e emoção

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