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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
NRE : PARANAGUÁ
ROCELENI RODRIGUES PALUCOSKI
COMPORTAMENTOS AGRESSIVOS ENTRE OS ALUNOS DO 7ª ANO DO
ENSINO FUNDAMENTAL
PARANAGUÁ – PARANÁ
2012
2
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
NRE : PARANAGUÁ
COMPORTAMENTOS AGRESSIVOS ENTRE OS ALUNOS DO 7º ANO DO
ENSINO FUNDAMENTAL
Artigo apresentado ao programa de Desenvolvimento Educacional da Secretaria de Estado do Paraná, como requisito Final para a aprovação, realizado pela professora Pedagoga Roceleni Rodrigues Palucoski, sob a orientação da Prof. Ms. Danielle Marafon da FAFIPAR, Paranaguá
.
PARANAGUÁ – PARANÁ
2012
3
COMPORTAMENTOS AGRESSIVOS ENTRE OS ALUNOS DO 7º ANO DO
ENSINO FUNDAMENTAL.
Roceleni Rodrigues Palucoski¹
Orientador: Danielle Marafon²
RESUMO
Este artigo visa relatar a intervenção realizada com alunos do 7º ano do Ensino Fundamental no Município de Antonina. A violência escolar tem merecido atenção nos dias de hoje e procurando amenizar este problema, analisamos as possíveis causas e até que ponto ela atinge o aprendizado dos alunos. Foi divulgado e interpretado o Estatuto da Criança e do Adolescente por meio de palestras e dinâmicas com os alunos para que tomassem conhecimento de seus direitos e deveres. Sabemos que o adolescente para seu pleno desenvolvimento necessita sentir-se amado, valorizado e respeitado. Foram realizadas atividades nas quais os alunos puderam trocar experiências de vida uns com os outros, relatando um pouco de suas vidas, levando a cada um conhecer o seu colega de classe, tornando um ambiente de amizade e respeito pelo próximo. Uma medida para combater a violência escolar e obter uma transformação entre os alunos, foi a utilização da música erudita na qual levou alunos e professores aguçarem a sensibilidade, permitindo o relaxamento para a absorção de informações, sendo para isso disponibilizado no sistema de som do colégio, música erudita pelos corredores, durante o período das aulas e intervalos.
Palavras-chave: agressividade; aluno; Estatuto da Criança e do Adolescente
¹Pedagoga, Colégio Estadual “Moysés Lupion”-EFM
²Mestre, professora, FAFIPAR,
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1. Introdução
Este artigo tem por finalidade relatar o trabalho de intervenção pedagógica
realizado em um colégio estadual do município de Antonina, onde foi observado que
os alunos do 7º ano do Ensino Fundamental apresentam o maior número de
ocorrências. É parte conclusiva do Programa de Desenvolvimento Educacional -
PDE, Programa de Formação Continuada dos Professores da Rede Pública
Estadual da Secretaria de Educação do Estado do Paraná, em parceria com as
instituições do Ensino Superior e Núcleos Regionais de Educação,com a intervenção
nas escolas visando a melhoria da qualidade do ensino.
Observando o resultado da coleta de dados no Livro de Ocorrências da Equipe
Pedagógica no decorrer do ano letivo de 2010, onde se constatou situações de
violência, tais como: conflitos pessoais, brigas entre alunos, desrespeito entre
alunos, aluno-professor, aluno-funcionário e uma turma apresentou maior número
de ocorrências, foi proposto o projeto “Comportamentos Agressivos entre os alunos
do 7º ano do Ensino Fundamental”.
Foram realizadas pesquisas bibliográficas para o entendimento das possíveis
causas e consequências dos atos agressivos apresentados por estes alunos.Foi
proposta a leitura do Estatuto da Criança e do Adolescente entre os alunos para
tomarem ciência de seus direitos e principalmente dos deveres, e sabedores que
toda ação possui resultados positivos ou negativos, participando assim de
atividades pedagógicas que procurou aguçar a afetividade e a socialização .
Constatou-se que atos agressivos interferem na qualidade do ensino
aprendizagem, e por isso procurou-se as possíveis causas relacionado com teoria
de diversos autores para auxiliar professores e alunos tornarem uma clima de
harmonia, respeito para uma melhor ambiente de aprendizagem.
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1. A violência na escola e suas causas
Entende-se por violência, toda transgressão da ordem e das regras da vida
em sociedade, pode ser entendida como todo ato de agressão seja física ou moral
manifestado através de atentados ao patrimônio físico escolar como depredações,
pichações e agressões diretas aos estudantes, envolvendo lutas corporais, uso de
armas de fogo e brancas, situações de risco para a comunidade local.
De acordo com o Dicionário Aurélio (2009), a palavra violência traz a
seguinte definição, “do latim violentia. S .f.1.Qualidade de violento.2. Ato violento.3.
Ato de violentar.4.Jur. constrangimento físico ou moral; uso da força; coação”.
O termo violência possui várias interpretações conforme sua abordagem.
Pode ser analisada partindo de dois enfoques: um supõe que a violência faz parte
do ser humano e outro que a violência é socialmente produzida. A violência sempre
existiu, porém atualmente, a escola é o local onde ela está repercutindo com mais
frequência interferindo nas relações aluno-aluno e aluno-professor.
A violência nas escolas não pode ser vista de forma isolada, ela é parte de
um processo amplo que vai além da escola, implicando numa série de fatores que
dizem respeito ao contexto social como um todo. Podemos citar alguns tipos de
violência praticados na escola: violência contra o patrimônio, a qual é praticada
contra a parte física da escola, tais como pichações, depredações, vidros
quebrados. Violência doméstica, praticada por familiares ou pessoas ligadas ao
convívio diário do adolescente e a violência simbólica: é a violência que a escola
exerce sobre o aluno quando anula da capacidade de pensar e o torna um ser capaz
somente de reproduzir.
A violência simbólica é a mais difícil de ser percebida, porque é exercida pela
sociedade quando esta não é capaz de encaminhar seus jovens ao mercado de
trabalho, quando não lhes oferece oportunidades para o desenvolvimento da
criatividade e de atividades de lazer; quando as escolas impõem conteúdos
destituídos de interesse e de significado para a vida dos alunos; ou quando os
professores se recusam a proporcionar explicações suficientes, abandonando os
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estudantes à sua própria sorte, desvalorizando-os com palavras e atitudes de
desmerecimento. Violência física , atos de bater , roubar, espancar, é o tipo de
violência que mais é comentada, por ser mais fácil a sua percepção.
Não podemos considerar somente o fator econômico como causa da
violência , em razão de termos casos de jovens, oriundos de famílias favorecidas
economicamente que cometem crimes, nos levando a entender que o fenômeno da
violência se relaciona a um processo social muito abrangente com fatores
econômicos, sociais e culturais.A violência pode se tornar uma forma revolucionária
na medida em que revela objetivos da classe.
Em seu livro “A Reprodução: elementos para uma teoria do sistema de
ensino”(2008) BOURDIEU, nos diz ao analisar o sistema escolar francês que, ao
invés de transformar a sociedade e permitir a ascensão social, ratifica e reproduz as
desigualdades. Destaca que em uma sociedade de classes existem diferenças
culturais, a burguesia posse um determinado patrimônio cultural constituído de
normas de falar, forma de conduta, etc. e a classe trabalhadora possuem outras
características culturais que lhes têm permitindo na manutenção enquanto classes.
A escola ignora estas diferenças sócio-culturais, privilegiando as classes
dominantes. Ela representa para os filhos das classes trabalhadoras uma ruptura no
que se refere aos valores e saberes de sua prática, que são desprezados, ignorados
na inserção cultural necessitando aprender novos padrões ou modelos de cultura.
Para os alunos filhos das classes dominantes alcançar o sucesso tornou-se
mais fácil do que para aqueles que têm de desaprender uma cultura para aprender
um novo jeito de enxergar o mundo.
A violência simbólica e física perpassa o contexto escolar de forma sutil. A
violência das omissões e do discurso hegemônico, a violência física, que assume
evidência, exige um professor voltado às atitudes autoritárias e obsessivo pela
disciplina no interior da sala de aula.
As diferentes formas de violência encontradas no ambiente escolar são: a
violência física,roubos, golpes de vandalismo, tráfego e uso de drogas, violência
sexual e crimes de uma forma geral; a violência simbólica ou institucional, que se
revela nas relações de poder e na violência verbal entre professores e alunos.
A violência escolar não pode ser analisada isoladamente, a escola está
inserida em um contexto social e tem caráter educacional.
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A criança quando nasce, não tem ainda um conjunto de valores éticos. Para
ela, “certo” e “errado” são conceitos abstratos e sem consistência. É a vida, o meio,
a família, a escola que, juntos, vão moldando esses valores no indivíduo, e sempre
de acordo com uma cultura, uma época, uma sociedade. Se a criança estiver
desassistida e sem modelos, a criança frequentemente adota como “modelos a
seguir” outros meninos ou adolescentes “bem sucedidos” com relação às
necessidades básicas. Entre esse pode estar incluído o marginal, o traficante, o
assaltante, o menor infrator, mais agressivo. Mal ou bem, na sua percepção ainda
não definida, esses indivíduos “se deram bem”, se tornando até super heróis.
Onde estão as reais causas da violência escolar, da violência familiar e da
violência social como um todo? Há quem atribua os mais diversos fatores como
causa da violência: ignorância, pobreza material, carência cultural, desigualdade
social, regime capitalista, etc.
Entretanto, tudo isso são fatores emergentes da violência; então são
determinados pela violência,se constituem em efeito da mesma e não em causa. A
verdadeira causa da violência não é veiculada pelo saber convencional, mas sim
ocultada por este ou por motivos ideológicos, de interesse dos sistemas sociais
dominantes em obscurecer a verdade.
Áurea Maria GUIMARÃES em sua obra “Vigilância, Punição e Depredação
Escolar” (2003), apresenta-nos também considerável contribuição para a teoria da
Violência Escolar. Aponta o fato de a escola funcionar como prisão, esquecendo-se
da tarefa de educar o cidadão e aponta a crise da educação, que é evidenciada no
Brasil. A autora narra em seu livro os atos de vandalismo que os prédios escolares
sofrem; em resposta a este vandalismo vem como reação por parte da instituição, a
vigilância, a construção e ampliação de muros e do serviço de segurança,
intensificação de rondas policiais
Inserido na sociedade, o ser humano é peça fundamental para dar
continuidade ao projeto de construção do mundo, mas para viver em sociedade é
preciso ter bem claro que direitos e deveres caminham juntos. E que as realizações
individuais se processam no coletivo e, como tal, o respeito mútuo deve ser a
“máxima” da vida em sociedade.
Mas, quando esse respeito não se processa, nota-se “a ausência de
cidadania”, (Dimenstein, 2005 p.15), e ausência de Cidadania é quando uma
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sociedade por exemplo, gera um menino de rua, menores infratores, pequenos
consumidores de drogas e cheiradores de cola; famílias vivendo de subempregos,
morando em favelas.
DIMENSTEIN vai ainda mais longe, afirmando que “Cidadania é o direito de
ter uma ideia e poder expressá-la”. É poder votar em quem quiser sem
constrangimento. É processar um médico que cometa um erro; é denunciar um pai
que espanca o filho. (id.ibid,20).
Hoje, mais do que nunca essa palavra tão usada – Cidadania, significa em
essência, o direito de viver dignamente. Cidadania conquistada é ver divididos de
forma igualitária os bens econômicos, sociais, políticos, e mais do que nunca o
“saber” entendendo portanto a escola como o “motor” do desenvolvimento social e
tendo como pressuposto os novos direitos da Cidadania.
MARTELI, afirma que
Numa época em que a complexidade dos saberes (...) pode tornar difícil
para a maioria, o excesso e a compreensão do que acontece até mesmo
na vida diária, numa época em que o pensar e o saber atuar podem
recompor cisões ou criar abismos,numa época como esta, o esforço
fundamental, de quem está ao lado da justiça social(...) tem que constituir
na promoção da conquista e da difusão das mais amplas, extensas e
articuladas ofertas de educação, de informação, de instrução, de formação,
de atualização cultural, artística, científica, técnica e profissional.(MARTELI,
apud MELLO, 1995,p.36)
Aquisição de conhecimentos, compreensão de ideias e valores, formação de
hábitos de convivência num mundo cambiante e plural, são entendidas como
condições para que essa forma de exercício da Cidadania, contribua para tornar a
sociedade mais justa, solidária e integrada .
2. Contextualizando o Colégio Estadual do Município de Antonina
O Colégio alvo de nossa pesquisa localiza-se no litoral paranaense, pertence
a Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná , atende alunos oriundos de famílias
de pescadores e comerciantes locais. Oferta aos seus 1.249 educandos as
seguintes Modalidades de Ensino: Ensino Fundamental de 6º a 9º ano, nos períodos
manhã e tarde; Ensino Médio, manhã e tarde; Curso de Formação de Docentes da
Educação Infantil e dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental – descentralizado,
período tarde; Educação de Jovens e Adultos, período noturno; CELEM - Centro de
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Línguas Estrangeira Moderna - Espanhol em horário intermediário. Segue as
Diretrizes Curriculares determinadas pela Secretaria de Educação do Estado do
Paraná.
Os alunos com necessidades educacionais especiais são atendidos
regularmente pelos professores das disciplinas específicas na sala junto com os
demais.
Os alunos de 6º ano e 9º ano com dificuldades de aprendizagem em Língua
Portuguesa e Matemática, após passarem por avaliação pela Equipe Pedagógica,
são encaminhados para a Sala de Apoio, no contra-turno, em dias alternados e à
medida que as dificuldades são sanadas esses alunos são substituídos por outros.
Mesmo com todos estes pontos positivos, o ensino é afetado por
comportamentos agressivos, que não envolvem somente agressões físicas ou
depredação, mas sim relações conflituosas entre alunos,
aluno/professor/aluno/funcionário, levando a dificuldades na aprendizagem, pois
causa tanto para os professores quanto para alunos , situações de angústia,
desarmonia, desmotivando ambos. Constatou-se através de relatos dos professores,
que o comportamento agressivos de alguns alunos interfere no andamento
pedagógico das suas aulas.
Os alunos com problemas afetivos ou de conduta se sentem habitualmente
desprestigiados pelos colegas. Por essa razão, é difícil para eles manterem relações
sociais positivas com os demais, confiar, assumir ponto de vista, sentir empatia.
Esses alunos acabam gerando indisciplina para chamar atenção para si,
como se fosse um pedido de socorro para alguém. Essas atitudes não são
compreendidas, porque já se está num clima de desordem e acabam sendo vistas
como rebeldia, enfrentamento, desacato.
Vale lembrar que cada sala de aula é um local onde existem relações
pessoais, além do ensino e aprendizagem. O professor é o ponto de referência para
seus alunos e todas as suas atitudes afetam diretamente o clima que se estabelece
na escola.
3. A implementação na Escola
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Partindo do princípio que a prevenção é o caminho mais eficaz, para que atos
agressivos deixem de serem problemas que afetam o ensino-aprendizagem,
observou-se que os alunos possuem entendimentos equivocados sobre seus direitos
e deveres, levando a praticarem atos agressivos acreditando que suas ações estão
isentas de punição.
Iniciou-se o trabalho de implementação convidando os alunos do 7º ano a
virem no colégio em horário contra-turno para encontros com a professora PDE
para tomarem conhecimento e refletirem sobre seus direitos e deveres garantidos
pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
A Lei Federal Brasileira que estabelece os direitos e deveres da criança e do
adolescente, além de fixar as responsabilidades do Estado e da família em relação
a eles, procura também criar mecanismos de proteção para essa parcela da
população, enumerando uma série de crimes contra ela e prevendo punições para
seus autores.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (publicado no Diário Oficial da União,
16/07/1990, diz no seu Art.2º:“Considera-se criança, para os efeitos desta lei, a
pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescentes aquela entre doze e
dezoito anos de idade”.
De acordo com a Constituição Federal, à criança e o adolescente deve ser
garantidos todos os direitos fundamentais da pessoa humana:
Art.227 – É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança
e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
integridade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e agressão.
Respeito e dignidade são alguns dos direitos básicos. No capítulo que fixa as
regras para garanti-los é especificado que a criança e o adolescente não devem
ser submetidos a tratamento vexatório ou constrangedor. Portanto, o professor ou
empregador que humilha publicamente um menor está desrespeitando a lei.
O Estatuto da Criança e do Adolescente, procura também garantir o direito à
convivência familiar, estabelecendo uma série de normas sobre o pátrio poder,
guarda dos filhos e adoção.
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Além de procurará garantir o acesso de todos à educação, o Estatuto da
Criança e do Adolescente dá direito de voz ao aluno.
Segundo a Lei (Art.53 III), o estudante pode contestar os critérios avaliativos
podendo recorrer às instituições escolares superiores.
O Estatuto também classifica e fixa punições para crimes contra a criança ou
adolescente. A tortura, por exemplo, que não é prevista por nenhuma outra lei, é
crime se cometida contra um menor de 18 anos. Quando não é seguida de morte, a
pena para quem cometê-la varia de 1 a12 anos de prisão, dependendo da gravidade
da lesão provocada.
Os artigos sobre o delinquente juvenil são o ponto mais polêmico do Estatuto,
porque não classificam o menor de 18 anos que mata ou rouba como criminoso. Ele
é considerado apenas infrator e só pode ser internado se for maior de 12 anos,
assim mesmo em situações especiais e por no máximo três anos. Antes da
sentença, não pode ficar detido por mais de 45 dias.
Foi apresentado o vídeo em forma de gibi da “Turma da Mônica em: o
Estatuto da Criança e do Adolescente”, que aborda os direitos e deveres numa
linguagem agradável e de fácil compreensão para o público alvo, os alunos
esclarecerem dúvidas. Fizeram perguntas e se posicionarem em relação ao tema.
Em seguida formaram-se grupos segundo os direitos da criança e do
adolescente, ou seja, à vida e à saúde; à liberdade, ao respeito e à dignidade; à
convivência familiar e comunitária; à educação, à cultura e ao lazer; para elaborarem
de um mosaico coletivo contendo informações através de recortes de revistas, cada
grupo recebeu folhas de papel sulfite, revistas , tesoura e cola para confeccionarem
pequenos cartazes de acordo com seu tema formando um grande mosaico no mural
do colégio, contribuindo desta forma para a divulgação do Estatuto da Criança e do
Adolescente.
Todos sabemos que a criança para o seu pleno desenvolvimento necessita
sentir-se amada, valorizada, aceita, incentivada à expressar e ao diálogo,
incentivada à prática religiosa, principalmente na adolescência, porém a noção de
limites precisa e deve ser estabelecida com firmeza e sobretudo com coerência.
Foram desenvolvidas dinâmicas, procurando melhorar a auto-estima dos
alunos do 7º ano do Ensino Fundamental, período matutino e para isso montaram o
que denominamos de “quebra-cabeça do amor”. Foram confeccionados dois
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corações medindo 1m x 1m, sendo que o primeiro ficou inteiro e o segundo
recortado em pedaços formando peças do quebra-cabeça.Cada aluno pegou uma
peça onde estava escrito um tipo de sentimento, com o qual ele mais se identificava
(amor, paciência, calmo, alegre, confiança, respeito,amizade,animador, cautelosos,
etc.) e colocou em cima do coração “base” explicando aos colegas presentes,
porque escolheu aquele “sentimento”.
Dando continuidade, lançamos mão da seguinte parábola de Mahatma Gandhi, a
qual foi apresentado em Power Point para que lessem e posteriormente
adaptassem uma pequena peça teatral.
Parábola de Gandhi:
Um dia, um mestre perguntou aos seus discípulos:
— Por que as pessoas gritam quando estão aborrecidas?
— Gritamos porque perdemos a calma – disse um deles.
— Mas por que gritar quando a outra pessoa está ao teu lado?
— Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouça.
— Não é possível falar-lhe em voz baixa? – retrucou o mestre.
Os homens deram algumas outras respostas, mas nenhuma delas satisfez o mestre. Finalmente ele
explicou:
— Quando duas pessoas estão aborrecidas entre si, seus corações se afastam muito uns dos
outros. Para cobrir essa distância, elas precisam gritar para poderem escutar-se mutuamente.
Quanto mais aborrecidas estiverem, mais alto terão que gritar para um ouvir o outro através dessa
grande distância.
O mestre fez uma pausa e continuou:
— No entanto, o que sucede quando duas pessoas estão enamoradas? Elas não gritam, mas se
falam suavemente. E por quê? Porque seus corações estão muito perto um do outro. Às vezes,
estão tão próximos seus corações que nem falam, somente sussurram. Outras vezes, não
necessitam sequer sussurrar, apenas se olham e já basta, pois seus corações se entendem. É isso
o que acontece quando dois enamorados estão próximos.
Então o mestre completou:
—Quando discutirem, não deixem que seus corações se afastem, não digam palavras que os
distanciem mais,pois chegará um dia em que a distância será tanta que não mais encontrarão o
caminho de volta.
A sociedade tem demonstrado dificuldade em assimilar os valores humanos.
E a escola como é a segunda maior influência na vida de jovens, sofre com a falta
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de responsabilidade, sociabilidade, falta de concentração e também falta de
interesse em mudar esse quadro. Assim sendo, torna-se cada vez mais difícil
evoluir.
Seja no aprendizado ou no sentido de sociabilizar, conscientizar a importância
do respeito mútuo para o crescimento. De acordo com o psicólogo e estudioso
Augusto J. Cury, no livro “Nunca desista dos seus sonhos”, destaca o uso da
música, como forma de acalmar, concentrar os alunos, e ao mesmo tempo, fazer
com que eles produzam.
A escola sendo uma instituição social, deve contribuir para a transformação
da sociedade, a qual transformação pode ocorrer através da música. Não é de hoje
que se pesquisa a influência da mesma no cérebro.
O conhecimento intelectual de um aluno é resultado da interação dele com o
meio e não somente por si mesmo. Dessa forma, o meio pode se materializar de
muitas maneiras e são justamente essas variações que podem diversificar as
metodologias didáticas aplicadas no processo ensino-aprendizagem,
independentemente da disciplina que se deseja trabalhar, nesse caso o mediador do
procedimento é o educador, é ele quem direciona ou conduz o aluno nesse sentido.
A música clássica favorece o prazer, a concentração, evitando a dispersão,
ela aquieta o pensamento, melhorando a concentração e a assimilação de
informações.
Foi proposto nesta implementação, paralelamente as dinâmicas que já foram
mencionadas, a implantação da música ambiente na escola, a qual traria para o
meio educacional linguagens novas, levando alunos e professores aguçarem os
sentidos usando a música clássica como ferramenta pedagógica, permitindo o
crescimento cultural,universalizando conhecimentos.
A música clássica possibilita o desenvolvimento intelectual e a interação do
indivíduo no ambiente social. É um dos principais meios de persuasão existente na
sociedade, pois através dela é possível transmitir não somente palavras, mas
também sentimentos, ideias que pode ganhar grandes repercussões didáticas se
bem direcionadas.
O convívio do aluno no ambiente escolar associado à música clássica
provoca uma significativa melhoria no humor, desse modo produzirá um ambiente
com indivíduos mais alegres que tendem a serem mais motivados a participar das
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atividades escolares, facilitando trabalhos coletivos e contribuindo com a perda da
timidez, favorecendo a linguagem corporal.
Diante das afirmativas, fica explícito que a música clássica contribui
diretamente no desenvolvimento cognitivo, linguístico, psicomotor e sócio-afetivo do
aluno, independente de sua faixa etária. A música clássica promove em alunos com
necessidades especiais uma maior inserção no convívio social.
É notável em uma sala de aula que a música clássica é de extrema
importância, pois garante um resgate do aluno para com o conteúdo e seu educador.
O simples fato de ter uma música clássica no ambiente escolar, enquanto são
desenvolvidas explicações de conteúdos didáticos, já favorece em um melhor
comportamento disciplinar por parte dos alunos no transcorrer da aula.
A música clássica tende a levar o sujeito ao equilíbrio, pois, uma onda sonora
causa mudanças na pressão do ar na medida em que se move através dele. Desta
forma, quando os temas musicais fluentes, diminuem a velocidade da pulsação do
coração e da respiração, você mergulha em um mundo de harmonia que lhe
transmite paz, tranquilidade e relaxamento.
A qualidade da música ouvida, influencia muito as pessoas. Ouvindo música
clássica, lenta, a pessoa passa do nível ALFA (alerta) para o nível BETA (relaxado,
mais atento). Acredita-se que a partir da música, tornam-se mais receptivos ao
conteúdos educacionais. A música clássica neste projeto terá como objetivos:
estimular a audição para absorção de informações e aprendizagem; estimular o
relaxamento, estimulando sentimentos, a sociabilidade e o respeito; e por
fim,estimular nos jovens o interesse pela música erudita e clássica.
Foi disponibilizado no sistema de som nos corredores Colégio Estadual
Moysés Lupionn - EFM, músicas clássicas, tais como:Sonho, de Debussy; Tema de
Amor da Abertura de Romeu e Julieta, de Tchaikovsky; Noturno para cordas, de
Borodin; Variação Nº 18 sobre um tema de Paganini, de Rachmaninov e Comptine
D'Un Autre Ete L'Apres Midi para serem ouvidas durante o período da manhã no
decorrer das aulas.
4. Discussão dos resultados
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As atividades propostas tiveram boa aceitação entre alunos e professores.
Alguns alunos no início reclamaram alegando que as músicas eram “chatas” e
“davam sono”. Estes comentários já eram esperados, porque o ritmo das músicas
era totalmente diferente do que estão acostumados, mas no decorrer do projeto,
alunos, funcionários e professores perguntavam sobre a música quando a mesma
não era disponibilizada no sistema de som. Diziam que “fazia falta, que era bom ficar
ouvindo enquanto trabalhavam e que acalmava”.
Com a continuidade do projeto de implementação observou-se que obteve o
resultado esperado, tendo um avanço significativo em relação a indisciplina.
Retornando ao livro de ocorrências ao final de 2011, pode-se observar que o
índice de atos agressivos, não só na turma onde o projeto estava sendo aplicado,
mas também nas demais séries, houve uma pequena redução, mas muito
significativa do ponto de vista educativo.
5. Considerações Finais
Conclui-se, sem esgotar o assunto, que houve uma melhora significativa em
relação aos comportamentos agressivos dos alunos, porém ainda ocorrem, mas em
menor escala.
É importante ressaltar que os conflitos sempre estarão presentes,
principalmente em razão de que os adolescentes são inflamados a mostrarem que
os mais fortes, os mais inteligentes e espertos da turma são os que sabem lutar,
brigar pelo que quer e vencer a qualquer preço sem se importar com o outro ou com
as consequências.
Chegou-se a conclusão de que é melhor a prevenção e mediar conflitos, onde
todos, professores, equipe pedagógica, direção e funcionários cooperam para o
trabalho pedagógico havendo um sincronismo de ações conjuntas pode tornar
possível a solução dos problemas, sabemos que o respeito e diálogo, são caminhos
seguros para saná-los. Desta forma o respeito não precisa ser cobrado, ele virá
naturalmente, porque são sabedores de seus direitos e principalmente dos deveres
perante uma sociedade, seja ela de que dimensão for, é na escola que seja pratica
cidadania.
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É muito gratificante constatar que o trabalho veio ajudar a modificar o
ambiente. Tanto que no ano letivo de 2012 está continuando a música ambiente,
agora presente nos três períodos de funcionamento. O trabalho de conscientização
e valorização está sendo em diversas turmas, de acordo com suas necessidades.
Apesar do resultado principal da pesquisa ter sido satisfatório, sugere-se que
outras pesquisas sejam desenvolvidas neste sentido. Uma pesquisa de campo com
procedimentos de levantamento poderia ser útil para reforçar ou refutar os
resultados encontrados nesta pesquisa
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