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Resumo: Este artigo apresenta uma análise do atendimento dos serviços de água, esgoto, lixo e drenagem urbana, englobando a distribuição, abrangência e qualidade dos serviços prestados, em período recente em Goiás, visando mostrar de forma espacializada a evolução desses serviços no Estado. Os dados mostram que nos últimos cincos anos houve uma melhora em relação ao percentual da população atendida por rede geral de abastecimento de água, esgoto sanitário e a disposição de resíduos, porém há alguns desafios relativos à implantação de rede de galeria pluvial nos municípios goianos. Contudo, o Estado ainda apresenta, no Brasil, as menores proporções de municípios com áreas de risco, embora necessitem de infraestrutura, em especial, de drenagem urbana. Palavras-chave: água, esgoto, lixo e drenagem urbana.
Introdução
A questão do saneamento ambiental no Brasil tem sido
alvo de crescentes debates, num contexto em que o País
sinaliza na direção da retomada do crescimento e
desenvolvimento econômico. Infraestrutura apropriada e
universalidade do atendimento dos serviços de água,
esgoto, lixo e drenagem urbana são fatores cruciais para
a identificação de desenvolvimento sustentável de um
país.
No âmbito federal recentemente foi instituída a Lei nº
11.445, de 05 de janeiro de 2007, que conforme sua
ementa: “Define e estabelece as diretrizes nacionais para
o saneamento básico e para a política federal de
saneamento básico” no País, trazendo um grande avanço
na articulação deste tema com as políticas de
desenvolvimento urbano e regional.
A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB)
mostra que 44,8% dos domicílios no Brasil não são
atendidos por sistemas de esgotos; mais de um milhão de
cidadãos ainda carecem de serviços de distribuição de
água; 50,8% dos municípios não destinam lixo em aterro
sanitário e no ano de 2003, 40,8% dos municípios
sofreram inundação em áreas urbanas (IBGE, 2008).
O impacto de tudo isso recai sobre a saúde pública onde
a maior parte das internações hospitalares de crianças
registradas no Brasil decorre da ausência ou da
precariedade dos serviços de saneamento.
Em Goiás, entre 2005 e 2010, o percentual da população
atendida por rede geral de abastecimento de água
aumentou de 81,2% para 89,8%. Quanto ao destino dos
resíduos sólidos, em 2005, 50,4% dos municípios faziam
disposição na condição de lixão, 17,47% em aterros
controlados e apenas 3,25% em aterro sanitário. Já em
2009, 59,34% dos municípios tinham disposição na
condição de lixão, 31,30% tinham destinação em aterros
controlados e 3,65% faziam a disposição em aterro
sanitário. Também, nesses cinco anos, a coleta de
esgoto por rede geral, que estava presente em 32,3% dos
municípios em 2005, passou a 39,3% em 2010. Ressalta-
se ainda, que as regiões de maior densidade
populacional, como entorno de Brasília e Goiânia, são as
campeãs em inundações no Estado.
Nesse sentido, este artigo visa mostrar o panorama atual
da população atendida por sistemas de abastecimento de
água, de esgotamento sanitário, disposição de resíduos
sólidos e drenagem urbana por municípios no Estado de
Goiás, de forma espacializada. Assim como, a evolução
dos serviços, a distribuição, a abrangência e a qualidade
dos serviços de saneamento presentes nos 246
municípios de Goiás.
Saneamento Ambiental: Uma Análise do Quadro Recente em Goiás1
Rejane Moreira da Silva2
1 Agradeço os comentários de Eduiges Romanatto eximindo-o, como de praxe, de eventuais erros no trabalho. 2 Tecnóloga em Geoprocessamento pelo IFG, Especialista em Planejamento Urbano e Ambiental pela UniEvangélica e servidora da SEGPLAN. e-mail:[email protected]
19
Tabela 01 - Percentual da população urbana atendida com água nas Regiões de Planejamento - 2005 e 2010
Fonte: SANEAGO, 2011.
1-Sistema de Abastecimento de Água
Segundo dados da Unesco, órgão ligado a ONU,
responsável pelo Programa Mundial de Avaliação Hídrica,
um sexto da população mundial - 18% ou cerca de 1,1 bilhão
de habitantes da Terra não tem acesso ao fornecimento de
água. Até 2050, estima-se que 9,3 bilhões de pessoas
deverão habitar a Terra, sendo que de 2 a 7 bilhões de
pessoas não terão acesso à água de boa qualidade, seja em
casa, seja em comunidades.
Doenças relacionadas à água estão entre as mais
frequentes causas de morte em todo o mundo e afetam
especialmente países em desenvolvimento. O consumo de
água contaminada e a falta de saneamento matam mais de
2,9 milhões de pessoas por ano, principalmente crianças
menores de cinco anos. (WERTHEIN, 2004)
Esses dados são alarmantes e exigem de todos nós uma
sensibilização maior para preservação dos Recursos
Hídricos do Planeta que juntamente com o crescimento
populacional e a falta de chuvas são os principais
responsáveis pela dificuldade de acesso à água, inclusive no
Brasil.
Fatores como o crescimento desordenado dos centros
urbanos e as persistentes agressões ambientais estão
agravando a qualidade da água que é um recurso natural
indispensável à sobrevivência e bem estar da humanidade.
Com isso, exige-se cada vez maior volume de água tratada,
obrigando a implantação de sistemas de tratamento e
abastecimento complexos e caros.
A falsa concepção de abundância hídrica foi responsável por
inúmeras mazelas. Entre elas, salienta-se: a cultura do
desperdício e a carência de investimentos no setor. Corpos
d’água que no passado eram vivos e produtivos, em
particular junto aos grandes centros do país, hoje estão
morrendo, devido ao excesso de poluição.
No desenvolvimento rural, o uso da água gera conflitos entre
abastecimento humano e agricultura. A Lei nº 9.433, de 8 de
janeiro de 1997 (Lei das águas), estabelece que a água é
um bem de domínio público e um recurso natural dotado de
valor econômico, de uso múltiplo, mas para o consumo
humano e dessedentação dos animais.
Dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB)
revelam que, apesar de persistirem diferenças regionais
marcantes na abrangência municipal dos serviços de
abastecimento de água, entre 2000 e 2008 houve um
avanço no número de municípios com população urbana
atendida em todas as regiões do Brasil. Porém, a pesquisa
revela que ainda existem 23% dos municípios brasileiros
com problemas de racionamento de água em algum período
do ano, e 33 municípios do norte e nordeste ainda não têm
disposição de água.
Em Goiás, entre 2005 e 2010, o percentual da população
atendida por rede geral de abastecimento de água aumentou
de 81,20% para 89,8%, conforme mostra a Tabela 01.
Entre os anos de 2005 e 2010, considerado o percentual da
população urbana atendida, em 90,7% dos municípios a
SANEAGO realiza o abastecimento de água de forma
exclusiva. Ficando a prestação desse serviço, em 8,9% dos
municípios, às prefeituras ou FUNASA; e 0,4% (Sítio d'
Abadia) atendido pela SANEAGO, mas ainda não faturado
(SANEAGO, 2011).
20
Ao fazer uma análise do percentual da população
atendida por rede geral de abastecimento de água,
verifica-se que a região do Entorno de Brasília embora
tenha apresentado um avanço de 19,2% em 2010 em
relação a 2005, é a que possui menor percentual de
pessoas atendidas das 10 microrregiões analisadas
(Tabela 01).
Pode-se observar, conforme a Figura 1, que em 2005,
somente 7 municípios goianos possuíam população total
atendida com água; em 2010, passou a ter 122, quase
metade dos municípios de Goiás.
É possível verificar alguns destaques municipais, como
Perolândia, que em 2005 possuía apenas 59,2% da
população atendida com água passando a ter 100% de
abrangência em 2010; e Mundo Novo que saltou de
58,8% para 100% da população urbana atendida nesse
mesmo período.
Ao contrário, Gameleira de Goiás, em 2005, possuía
100% da população com acesso aos serviços de
abastecimento de água e em 2010 passou a ter apenas
84,4%, o que pode ser justificado pelo crescimento
populacional superior à ampliação da rede de
abastecimento de água no município.
Figura 01 – População urbana atendida pelo sistema de abastecimento de água – 2005 e 2010
21
2 - Sistema de Esgotamento Sanitário
A ONU estima que mais da metade dos rios do mundo
estão poluídos pelos descartes dos esgotos. E ainda, que
nove de cada dez litros de esgoto nos países de terceiro
mundo são lançados nos rios sem nenhum tratamento
prévio. Entretanto, a Organização Mundial de Saúde
(OMS), verifica que para cada dólar investido em sistema
de disposição de esgotamento sanitário, significa uma
redução de quatro a cinco dólares nas despesas
hospitalares (REBOUÇAS, 2003).
O Sistema de Esgotamento Sanitário (SES) consiste em
coletar os esgotos dos domicílios e conduzi-los até um
sistema de tratamento coletivo ou individual, para que
após o tratamento retorne aos córregos, rios ou ao solo
(através de infiltração). O tratamento visa reduzir
principalmente: DBO (demanda bioquímica de oxigênio) e
DQO (demanda química de oxigênio), nitrogênio, fósforo,
coliformes fecais e coliformes totais (CAMPOS, 1999).
O SES público é aquele que é destinado a atender toda
uma coletividade de moradias, quer seja bairro ou cidade.
O objetivo do sistema público é afastar do meio urbano os
esgotos produzidos nas moradias e eliminar os
lançamentos de esgotos brutos que ocorrem nos córregos
e rios, visando garantir uma melhoria na qualidade do ar e
do solo e consequentemente a garantia da saúde das
classes menos favorecidas.
Após o afastamento dos esgotos através das redes e
interceptores é necessário que os mesmos passem por
um processo de tratamento, visando garantir o seu
retorno aos córregos e rios sem que seja alterada a
qualidade destes. Para garantir a qualidade dos efluentes
são necessárias fases de tratamento, dentre as quais
tem-se: primário, que é constituído de remoção de
materiais grosseiros, flutuantes e sedimentáveis, com a
utilização de gradeamento e desarenador; secundário,
fase em que ocorre a degradação dos compostos
carbonáceos e remoção do lodo biológico e
consequentemente o seu condicionamento através de
adensamento ou secagem; terciário, fase onde ocorre a
remoção de nutrientes (como nitrogênio e fósforo) e
desinfecção bacteriológica.
O SES individual existe quando não há sistema público
implantado. Ele pode possuir eficiência desde que as
características do esgoto e do solo sejam favoráveis à
absorção no solo e quando não há riscos de
contaminação das águas subterrâneas. Localizado na
frente ou nos fundo dos lotes de cada moradia, o
tratamento se dá de forma anaeróbia por meio de fossa
séptica, passando por filtro de brita, onde posteriormente
o efluente é conduzido ao solo pelo processo de absorção
com a utilização de sumidouro ou vala de infiltração.
Dados apresentados na PNSB revelam que o percentual
de municípios com coleta de esgoto por rede geral, que
era de 52,2% em 2000, passou a 55,2% em 2008, apesar
da melhora, este serviço continua bastante atrasado no
país.
Em Goiás, entre 2005 e 2010, o percentual da população
atendida por rede de abastecimento de esgoto aumentou
de 32,3% para 39,3%, conforme a Tabela 02.
Analisando o percentual da população atendida por rede
de esgoto nas dez regiões de planejamento, constatou-se
que embora os dados registrem ampliação ou melhoria no
sistema de esgotamento sanitário, ainda há fortes
contrastes regionais no atendimento sanitário goiano. A
Região Metropolitana de Goiânia, em 2010, possuía
56,7% da população atendida, enquanto a do Norte
Goiano apresentou apenas 8,8%, ou seja, uma
superioridade de quase 50%. No mesmo período, a
Região Nordeste Goiano apresentou o maior percentual
de crescimento, 14,7% em relação à população urbana
atendida com esgoto em 2005.
Conforme a Tabela 03, a relação do ranking dos 10
municípios mostra que os seis primeiros em 2005
aparecem também em 2010, apenas mudadas as
posições.
22
Tabela 02 - Percentual da população urbana atendida com esgoto nas Regiões de Planejamento - 2005 e 2010
Fonte: SANEAGO, 2011.
Tabela 3 - Os dez maiores municípios em relação ao percentual de população urbana atendida com sistema de Esgotamento Sanitário em Goiás – 2005 e 2010
Fonte: SANEAGO, 2011.
O município de Quirinópolis que em 2005 ocupava a
primeira colocação, com 100% da população com rede de
esgoto, em 2010 caiu para o 4° lugar, com 88,5%,
conforme a Tabela 3.
Ao comparar o sistema de disposição de esgoto em
Goiás, nos anos de 2005 e 2010, pode-se observar que
houve queda do número de municípios sem atendimento
com esgoto sanitário, diminuindo de 74% (182, em 2005)
para 65,9% (162, em 2010) dos municípios goianos
(Figura 02).
Também, pode-se observar que Aparecida do Rio Doce
em 2005, figurava entre os municípios sem nenhum
atendimento de rede de esgoto, e em 2010 já
apresentava 100% de atendimento nos serviços de
esgoto (Figura 2).
23
Figura 2 – População urbana atendida pelo sistema de Esgotamento Sanitário – 2005 e 2010
3 Chorume é o liquido que escoa de locais de disposição final do lixo. É resultado da umidade presente nos resíduos, da água gerada durante a decomposição dos mesmos e também das chuvas que percolam através da massa do material descartado (FANDINI, 2001; p.12).
3 - Sistema de Disposição de Resíduos Sólidos
Um dos grandes problemas ambientais nas cidades
brasileiras está relacionado à falta de coleta pública do
lixo domiciliar, e consequentemente, ausência da
disposição final adequada do “lixo”. Dentre as várias
formas de descarte dos resíduos sólidos, pode-se
destacar os lixões, aterros controlados e os aterros
sanitários.
Conforme FANDINI (2001), lixão é uma forma inadequada
de disposição do lixo, em que os resíduos sólidos são
depositados diretamente no solo, sem nenhum critério
sanitário de proteção ao ambiente, o que além de gerar
odores desagradáveis causam a contaminação do solo e
das águas.
O método recomendado para a disposição final do lixo
domiciliar é o aterro, dentre os quais existem os sanitários
e os controlados. O aterro é um método de tratamento
dos resíduos sólidos, onde o lixo é colocado em camadas
sobre o solo e revestidos com o próprio solo, promovendo
assim a sua decomposição por confinamento, visando
atender as normas vigentes de preservação do meio
ambiente, como o ar, cursos d’água e lençol freático
(FANDINI, 2001).
A diferença básica entre o aterro sanitário e o controlado,
é que este último não possui sistema de coleta e
tratamento do chorume3, como também a coleta e queima
do biogás gerado pelo lixo.
24
Tabela 04 - Percentual de cada sistema de disposição do lixo urbano nas Regiões de Planejamento - 2005 e 2009
Fonte: Diagnóstico do monitoramento dos sistemas de disposição do lixo urbano dos municípios goianos – SEMARH.
Assim, o método mais eficiente de tratamento do lixo é
através do aterro sanitário, não sendo recomendável
nenhum dos tipos de tratamento individualizados como
queima natural, enterrar no solo, lançamento nos cursos
d’água ou em terrenos a céu aberto.
Os aterros sanitários são construídos pautados em
normas definidas pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) que prevê a impermeabilização do solo,
além das etapas operacionais seguintes: depósito de lixo
domiciliar e hospitalar separadamente; coleta e
tratamento do chorume; coleta e queima do biogás
gerado; drenagem das águas pluviais; pátio para
armazenamento de materiais e um sistema de vigilância
da área.
Portanto, a existência do aterro sanitário, da execução de
varrição e da coleta de forma apropriada garantirão que
as águas de chuva não carreariam o lixo e seus derivados
para os mananciais.
Na comparação feita, através dos dados da PNSB,
percebe-se que houve um aumento no número de
municípios brasileiros que realizavam o manejo dos
resíduos sólidos - incluindo coleta e destinação final do
lixo - que em 2000 era de 99,4%, passando a existir em
todos os municípios em 2008.
Em Goiás, conforme dados da Secretaria do Meio
Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH), quanto ao
destino dos resíduos sólidos em 2005, 50,4% dos
municípios faziam disposição na condição de lixão, 17,5%
em aterros controlados, e apenas 3,3% em aterro
sanitário; já em 2009, 59,3% dos municípios tinham
disposição na condição de lixão, 31,3% destinação em
aterros controlados e 3,7% faziam a disposição em aterro
sanitário (Tabela 04).
Analisando os dados da SEMARH, proveniente do
monitoramento dos sistemas de disposição do lixo urbano
no que se refere ao período de 2005 e 2009, para as
regiões de planejamento constatou-se, ainda que,
somente quatro regiões (Centro Goiano, Entorno do
Distrito Federal, Metropolitana de Goiânia e Sudoeste
Goiano) das dez possuíam municípios com aterro
sanitário (Figura 03).
25
Figuras 03 - Mostra espacialmente a forma de disposição dos resíduos sólidos nas Regiões de Planejamento do Estado - 2005 e 2009
Conforme a Figura 04, os municípios de Quirinópolis e
Catalão, que em 2005 faziam a disposição de seus
resíduos sólidos em aterro sanitário, passaram à
condição de aterro controlado em 2009, o que representa
uma perda na condição de destino dos resíduos. No
entanto, nesse período, passou de 8 para 9 o número de
municípios com aterro sanitário, considerado o mais
adequado (Figura 04).
26
Figura 4 - Mostra espacialmente a forma de disposição dos resíduos sólidos nos municípios do Estado – 2005 e 2009
4 – Sistemas de Drenagem Urbana
Sistema capaz de conduzir o excesso das águas de
chuva das ruas das cidades, ou seja, aquelas que não
foram consumidas (no caso de reuso) ou infiltradas pelo
solo, durante as chuvas. A drenagem visa prevenir os
riscos ambientais, como enchentes em áreas de fundos
de vales e outras.
A drenagem urbana de águas pluviais é conduzida em
canais superficiais e redes subterrâneas, chamado
sistema de micro drenagem. O sistema viário, as guias,
as sarjetas e as bocas de lobo constituem-se a drenagem
superficial. Já as tubulações de águas pluviais enterradas
ou subterrâneas, recebem as águas oriundas dos canais
superficiais, de onde são conduzidas e lançadas nos
sistemas de macro drenagem, que são os fundos de
vales, córregos e rios.
Devido à crescente urbanização das áreas naturais dos
municípios, precisa-se de medidas para minimizar os
efeitos negativos das águas de chuva, pois à medida que
diminuem as áreas naturais de infiltração, maiores serão
os picos de vazões. Ao mesmo tempo, as águas dos
corpos receptores são degradadas em virtude do
transporte pelas águas do lixo das casas e ruas.
Uma estratégia essencial para a obtenção de soluções
eficientes dos problemas relacionados à drenagem
urbana poderá ser a elaboração de instrumentos de
planejamento, como os planos diretores e zoneamentos
27
das áreas de riscos para possibilitar a identificação das
áreas a serem preservadas e a seleção das que possam
ser adquiridas pelo poder público para serem
preservadas. O zoneamento determina quais áreas
podem ser ocupadas, já o planejamento do uso e
ocupação diz respeito a como essas áreas devem ser
ocupadas (TUCCI, 2001).
No Brasil, a PNSB constatou, entre os anos de 2000 e
2008, que os serviços de manejo de águas pluviais
(drenagem urbana) existiam em 78,3% dos municípios, e
chegaram a 94,4% do total, representando um
crescimento de 20,6% no período. Na pesquisa,
considerou-se que o município tinha serviço de manejo de
águas pluviais quando este existisse em pelo menos um
distrito ou parte dele, independentemente da extensão da
rede de drenagem.
De acordo com os resultados da PNSB, em 2008 as três
Unidades da Federação que apresentaram as menores
proporções de municípios com áreas de risco, que
demandam infraestrutura especial de drenagem urbana,
são: Goiás (21,1%), Piauí (19,7%) e Tocantins (10,2%).
Existe uma interdependência entre o processo de
urbanização e o sistema de drenagem para controle de
enchentes, por isso devem ocorrer disciplinamento do uso
e ocupação do solo e o controle de crescimento urbano
como fatores decisivos nesse processo, para não ocorrer
as inundações que constantemente são veiculadas na
imprensa.
Faltam dados sistematizados referentes a drenagem
urbana em Goiás, por isso, não foi possível apresentar as
informações e espacializá-las pelos municípios goianos.
Considerações finais
Em Goiás, a rede de abastecimento de água tratada,
operada pela SANEAGO cobre 89,8% de população
urbana do Estado e está presente em 100% dos
municípios.
As pesquisas sobre saneamento ambiental básico têm
indicado que ainda há deficiência na disponibilização de
serviços como de esgotamento sanitário e disposição de
resíduos sólidos. Atualmente, apenas 39,3% da
população do Estado são beneficiados com rede de
coleta de esgotamento sanitário, e 1,2% dos municípios
direcionam seus resíduos sólidos a aterro sanitário.
Embora haja inúmeros registros de inundações nas
cidades goianas, ainda falta planejamento preventivo,
bem como, elaboração por parte dos municípios de
instrumentos de planejamento, como planos diretores de
drenagem urbana e zoneamentos das áreas de riscos.
Isso possibilitaria a identificação das áreas a serem
preservadas e a seleção das que possam ser adquiridas
pelo poder público para serem preservadas.
Referências Bibliográficas
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Artigo publicado em 25 de março de 2004 no Jornal do
Brasil, São Paulo 2p.
29