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ET
Ponta Delgada 2018
Salário mínimo, (des)emprego e produtividade: uma análise para os Açores Dissertação de Mestrado
João António Santos Rocha de Andrade
Ciências Económicas e Empresariais
Mestrado em
Salário mínimo, (des)emprego e produtividade: uma análise para os Açores Dissertação de Mestrado
João António Santos Rocha de Andrade
Orientador
Professor Doutor José António Cabral Vieira
Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ciências Económicas e Empresariais, com especialização em Finanças.
Resumo
O presente trabalho estuda a perceção dos trabalhadores relativamente ao efeito do
salário mínimo no (des)emprego e na produtividade. Para este propósito, foi realizado um
inquérito a um conjunto de trabalhadores residentes nos Açores. Os resultados indicam
que a perceção dos trabalhadores relativamente ao impacto do salário mínimo no
(des)emprego depende do setor de atividade onde os mesmos se encontram inseridos e ao
facto de já terem ou não recebido um salário próximo do salário mínimo. Foi possível
encontrar evidência de que as respostas dos indivíduos também dependem das
características pessoais, tais como a educação e a idade. A resposta, ou seja, a perceção,
não depende do sexo do indivíduo. No que concerne à perceção do impacto na
produtividade, esta depende significativamente da educação e da idade do trabalhador,
em particular, trabalhadores com formação abaixo do ensino superior e trabalhadores
abaixo de 45 anos têm maior probabilidade de responder que um aumento no salário
mínimo contribui para um aumento da produtividade do trabalho.
Palavras-chave: salário mínimo; emprego; desemprego; produtividade; Açores;
Abstract
The present study examines workers' perceptions regarding the effect of a minimum
wage on (un)employment and productivity. For this purpose, a survey was carried out
among a group of workers living in the Azores. The results indicate that the workers’
perception of the impact of the minimum wage on (un)employment depends on the
industry where they are inserted and if they have already received a salary close to the
minimum wage. We found evidence that the responses of individuals also depend on
personal characteristics, such as education and age. The answer, according to perception,
does not depend of the gender. Concerning the perception of the impact on productivity,
this depends significantly on workers' education and age. Workers with less than the
tertiary education and workers under 45 are more likely to respond that an increase in the
minimum wage contributes to increased labor productivity.
Key words: minimum wage; employment, unemployment; productivity; Azores
Agradecimentos
Sendo este projeto o culminar de uma etapa académica, esta seria impossível de
alcançar sem o apoio emocional, intelectual e até financeiro de diversas pessoas que
gostaria de agradecer.
Em primeiro lugar, quero agradecer aos meus pais, António José e Natividade, pelo
apoio incondicional que me têm proporcionado ao longo da minha vida, permitindo-me,
assim, continuar a lutar pelos meus objetivos.
Quero agradecer ao meu orientador, Professor Doutor José António Cabral Vieira,
por toda a disponibilidade, conhecimento transmitido e apoio incondicional ao longo
deste estudo.
Agradeço também aos meus amigos, por fazerem parte da minha vida e por me
proporcionarem inúmeros momentos de descontração durante as alturas de maior tensão.
Finalmente, o meu enorme agradecimento e a quem quero dedicar o culminar desta
fase, de muito sacrifício, de obstáculos constantes e metas alcançadas, a minha namorada,
companheira e amiga, obrigado Sara Pinheiro, pela tua dedicação e apoio nesta etapa
importante da minha vida.
Índice
Resumo ....................................................................................................................... 0 Abstract ...................................................................................................................... 1 Agradecimentos .......................................................................................................... 2 Lista das Figuras ......................................................................................................... 4 Lista das Tabelas ........................................................................................................ 5 I. Introdução ............................................................................................................... 6 II. Revisão da literatura .............................................................................................. 7
2.1 Salário Mínimo e (des) Emprego ...................................................................... 7 2.1.1 O Mercado de Trabalho Competitivo ........................................................ 7 2.1.2 O Mercado de Trabalho Monopsonista ...................................................... 9 2.1.3 Evidência Empírica .................................................................................. 12
2.2 Salário Mínimo e Produtividade ..................................................................... 47 2.2.1 Enquadramento Teórico ........................................................................... 47 2.2.2 Evidência Empírica .................................................................................. 48
III. Análise Empírica ................................................................................................ 57 3.1 Apresentação do Problema a Analisar ............................................................ 57 3.2 Os Dados ......................................................................................................... 57 3.3 Descrição dos Modelos Econométricos a Utilizar .......................................... 60
3.3.1 O Modelo Probit ....................................................................................... 60 3.3.2 O Modelo Probit Ordenado ...................................................................... 61
3.4 Resultados da Estimação ................................................................................ 64 3.4.1 Salário mínimo e (des)emprego ............................................................... 64 3.4.2 Salário mínimo e produtividade ............................................................... 70
IV. Conclusões ......................................................................................................... 72 V. Referências Bibliográficas ................................................................................... 75
Lista das Figuras
Figura 1 - Mercado de Trabalho em Concorrência Perfeita e Salário Mínimo .......... 9
Lista das Tabelas
Tabela 1 - Descrição dos Dados ............................................................................... 59 Tabela 2 - Salário mínimo e (des)emprego - modelo Probit .................................... 67 Tabela 3 - Salário mínimo e (des)emprego - modelo Probit Ordenado ................... 68 Tabela 4 - Salário mínimo e (des)emprego - modelo Probit Ordenado - efeitos
marginais ........................................................................................................................ 69 Tabela 5 - Salário mínimo e Produtividade - modelo Probit .................................... 70
I.Introdução
O salário mínimo nacional foi criado em 1974 em Portugal, após a revolução de 25
de Abril. Em 2000, foi criado na Região Autónoma dos Açores, o regime jurídico de
atribuição do acréscimo regional ao salário mínimo no valor de 5%, através do Decreto
Legislativo Regional (DLR) nº 1/2000/A de 12 de janeiro. Este diploma acabou por ser
revogado pelo DLR nº 8/2002/A de 10 de abril, que manteve o acréscimo de 5% ao salário
mínimo. As regiões autónomas passaram cumulativamente a fixar o próprio salário
mínimo a partir de 2007.
A fixação do salário mínimo em Portugal e nas suas regiões autónomas tem sido
meramente com base em preferências políticas, sem qualquer tipo de investigação
empiricamente sustentável. Este é um tema relevante e bastante mediático no contexto
económico atual em que vive a economia portuguesa, resultante da implementação de
políticas de austeridade geradas devido à necessidade de financiamento externo.
Embora exista uma grande literatura internacional sobre o impacto do salário mínimo
no (des)emprego (veja-se Katz e Krueger, 1992, Card, 1992, Sabia, 2014, Allegretto et
al. 2011, Addison et al., 2009, e Neumark e Wascher, 2007, entre outros) e na
produtividade (veja-se, por exemplo, Rizov et al., 2016, Machin e Manning, 1994, Riley
e Bondibene, 2015a e 2015b), este estudo pretende complementar a literatura já existente.
O trabalho encontra-se organizado da forma que se segue. No ponto 2 faz-se uma
revisão da literatura. No ponto 3 descreve-se o problema a analisar, os dados, os modelos
econométricos e faz-se a análise empírica. Finalmente, no ponto 4 apresentam-se as
principais conclusões.
II.Revisão da literatura
2.1 Salário Mínimo e (des) Emprego
2.1.1 O Mercado de Trabalho Competitivo
Para analisar o mercado de trabalho é importante, do ponto de vista teórico, atender à
lei da oferta e da procura. Para isso começa-se por supor que o mercado de trabalho se
encontra numa situação de concorrência perfeita onde quer os trabalhadores quer as
empresas não possuem individualmente um poder significativo na determinação dos
salários, sendo estes fixados pelo mercado. Assim sendo, do lado da procura, assume-se
que existe um número significativo de pequenas empresas a competir pela contratação de
trabalhadores e, do lado da oferta, um conjunto elevado de trabalhadores dispostos a
competirem pelos postos de trabalho.
Analisando em primeiro o lado da procura, esta pode ser vista como o montante de
trabalho que as empresas estão dispostas a adquirir para diferentes níveis de salário. De
acordo com a lei da procura, a quantidade de trabalho procurada varia inversamente com
o valor dos salários.
Do lado da oferta, esta pode ser descrita como o montante de trabalho que os
indivíduos (trabalhadores) estão dispostos a colocar no mercado para cada nível de
salários. Neste caso, quanto maior o salário maior a oferta de trabalho. Tal decorre do
facto de que à medida que o salário aumenta, o custo de lazer aumenta, diminuindo,
portanto, a sua procura. Além disso, à medida que o salário aumenta pode ultrapassar o
salário de reserva (salário abaixo daquele que o indivíduo decide não trabalhar) de alguns
indivíduos fazendo-os entrar o mercado de trabalho (Rocheteau e Tasci, 2007, Neumark
e Wascher, 2006).
8
As curvas da oferta e da procura são um elemento crucial na determinação do
equilíbrio num mercado de trabalho a funcionar em concorrência perfeita. Neste tipo de
mercado, os salários e o volume de emprego de equilíbrio são determinados pelo ponto
de intersecção entre a oferta e a procura de mercado. Este salário, determinado pelo
mercado, é um parâmetro importante para a escolha das empresas e dos trabalhadores.
Alterações da oferta e da procura conduzem a alterações nos salários e volume de
emprego de equilíbrio. Existem, contudo, algumas razões que fazem com que os salários
e o emprego não sejam, para todos os trabalhadores, determinados de acordo com este
tipo de modelo. Entre estes destacam-se a fixação legal de salários mínimos impedindo
que a oferta e a procura se igualem para determinados tipos de trabalhadores, ou seja
limitando o livre funcionamento do mercado.
Importa, no entanto, referir que os efeitos da fixação de um salário mínimo sobre o
(des)emprego depende se este é fixado abaixo do salário de equilíbrio (W*) ou acima do
mesmo.
Figura 1 - Mercado de Trabalho em Concorrência Perfeita e Salário Mínimo
9
Suponha-se que o salário mínimo é fixado abaixo do salário de equilíbrio, ou seja,
SM < W*. Conforme ilustrado na Figura 1, neste caso, a fixação de um salário mínimo
não constitui uma verdadeira restrição para as empresas. Em tal situação existe um
excesso de procura de trabalho em relação à oferta (medido pela diferença B-A). Como
as empresas não estão impedidas de pagar um salário acima do salário mínimo, estas,
competindo para atrair trabalhadores, aumentam o salário, o qual tende para o salário de
equilíbrio, eliminando, assim, a diferença entre a oferta e a procura de trabalho, ou seja,
equilibrando o mercado de trabalho.
Considerando agora que o salário mínimo é fixado acima do salário de equilíbrio (ou
seja, SM > W*), tal situação leva a uma discrepância entre a oferta e a procura de trabalho
a qual não é corrigida uma vez que as empresas estão impedidas de baixar os salários
abaixo daquele mínimo. Neste caso e recorrendo uma vez mais à Figura 1, o ponto A
representa o número de indivíduos que as empresas estão dispostas a contratar com o
salário mínimo e o ponto B o número de indivíduos que estão dispostos a trabalhar com
o salário mínimo. Assim sendo, existe um excesso de oferta em relação à procura de
trabalho, sendo que, neste caso, o salário mínimo gera desemprego. A diferença B-A
representa o número de indivíduos desempregados devido à subida do salário mínimo
acima do salário de equilíbrio dado que as empresas estão disponíveis para contratar um
número de indivíduos inferior àqueles que estão disponíveis para trabalhar.
2.1.2 O Mercado de Trabalho Monopsonista
O modelo anterior supõe que cada empresa é muito pequena relativamente ao
mercado de trabalho em que se encontra inserida, não tendo, desse modo, capacidade
10
para, individualmente, influenciar os salários. O caso oposto a este é o do mercado de
trabalho monopsonista onde existe um empregador que domina este mercado.
Uma vez que o monopsónio, dada a sua posição dominante, é pouco influenciado pela
concorrência das restantes pequenas empresas, pode fixar o nível de salários que
maximiza o lucro (ou seja é um price-maker).
Contudo, quanto maior o salário fixado pelo monopsónio, maior o número de
trabalhadores que este atrai e, assim sendo, aumenta o salário à medida que pretende
contratar mais trabalhadores. Este aumento do salário não é somente pago ao trabalhador
marginal, mas a todos os trabalhadores. Devido a ser quase único ou ter uma elevada
influência no mercado de trabalho, a oferta de trabalho agregada (a qual varia
positivamente com o salário) é quase totalmente dirigida ao monopolista. Ou seja, a oferta
de trabalho agregada, a qual corresponde ao número de trabalhadores dispostos a trabalhar
a cada nível de salário, corresponde a uma restrição que a empresa enfrenta.
Neste modelo, a empresa maximiza o lucro no ponto em que o custo de contratar um
trabalhador adicional iguala o valor da produção desse trabalhador. Assim sendo, o nível
de emprego num mercado monopsonista puro é determinado pela igualdade entre a
produtividade marginal do trabalho e o custo marginal do trabalho, sendo inferior ao de
um mercado de trabalho a funcionar em concorrência perfeita. Por outro lado, a contração
deste volume de trabalho requer um salário abaixo do salário de concorrência perfeita.
O custo marginal associado à contratação de mais um trabalhador situa-se, neste tipo
de mercado, acima da curva da oferta de trabalho, uma vez que o aumento salarial
necessário para atrair essa unidade de trabalho não é pago somente à mesma, mas também
à restante força de trabalho:
)()()( TCTRT
11
onde T indica o nível de emprego na firma
TTSTRT )()()(
A maximização do lucro requer que:
TdT
TdSTS
dT
TdR )()(
)(
Ou seja, o benefício (receita) marginal iguala o custo marginal. Tal como se pode então
verificar, neste caso, o que nos indica que o custo marginal da contratação é superior ao
salário pago.
A expressão pode ainda ser escrita como:
])(
)(1)[(
)(
TS
T
dT
TdSTS
dT
TdR
Ou ainda
)1
1)(()(
TSdT
TdR
Onde ε corresponde à elasticidade da oferta de trabalho em relação ao salário. O poder de
monopsónio no mercado de trabalho pode assim ser medido pelo inverso da elasticidade
da oferta de trabalho, avaliada no volume de emprego de equilíbrio, ou seja, pela
expressão:
])(
)()(
[1
TS
TSdT
TdR
Tal significa que, quanto maior for a elasticidade da oferta de trabalho dirigida à firma,
menor o poder de monopsónio e vice-versa. No caso extremo de um mercado em
concorrência perfeita, em que a elasticidade da oferta de trabalho dirigida à firma é igual
12
a infinito (dada por S = SM, ou seja, o salário fixado pelo mercado), o poder monopsónio
é igual a zero. Neste caso, a firma, para maximizar o lucro, iguala o valor da produtividade
marginal do trabalho ao salário determinado pelo mercado, tal como determinado numa
situação de concorrência perfeita.
Em monopsónio a empresa paga um salário acima daquele pago em concorrência
perfeita, mas gera um menor emprego de equilíbrio. Contudo, no caso de um mercado de
trabalho monopsonista, ao contrário do que acontece em concorrência perfeita, o efeito
do salário mínimo sobre o nível de emprego pode ser positivo (Bhaskar et al., 2012). Tal
decorre do facto de o salário mínimo mitigar, até certo ponto, o efeito negativo do poder
de monopsónio sobre o emprego (Stigler, 1946).
2.1.3 Evidência Empírica
A maior evidência empírica do efeito salário mínimo sobre a procura de trabalho,
sobretudo dos trabalhadores menos qualificados, foi realizada em países como os EUA,
Canadá, Colômbia, Costa Rica, México, Portugal e Reino Unido. Estudos recentes
começaram a explorar se os efeitos do salário mínimo sobre o emprego diferem ao longo
do ciclo económico. Existem um considerado número de razões teóricas que indicam ser
este o caso. Durante as recessões, há uma maior probabilidade dos trabalhadores menos
qualificados serem dispensados, o que resulta num maior efeito negativo sobre o emprego
durante estes períodos do ciclo económico. Durante as expansões económicas, aumentos
na procura agregada podem melhorar os eventuais efeitos negativos induzidos pelo
salário mínimo. Devido ao facto de os salários estagnarem durante as recessões
económicas, os salários mínimos acabam por estar mais relacionados com os
trabalhadores menos qualificados, levando a um potencial aumento dos seus rendimentos,
13
no caso de ficarem empregados, mas também à possível enorme perda de emprego devido
ao aumento dos custos para as empresas em manter estes trabalhadores.
São, mesmo assim, ainda poucas as evidências empíricas do efeito dos aumentos do
salário mínimo ao longo do ciclo económico dos países da OCDE. No entanto, em mais
recentes estudos (Sabia, 2014, Allegretto et al. 2011, e Addison et al., 2009), com foco
no mercado de trabalho do Reino Unido, foram examinados os efeitos no emprego dos
trabalhadores menos qualificados, decorrentes do salário mínimo ao longo do ciclo
económico.
Allegretto et al. (2011) analisaram o impacto do aumento do salário mínimo estadual
e federal no emprego jovem nos EUA entre 1990 e 2009, tendo em conta a variação dos
efeitos ao longo do ciclo económico. Comparando as diferenças nos níveis do salário
mínimo ao longo do tempo e dos Estados, tendo em consideração as diferenças de
crescimento no longo-prazo entre Estados, os autores não encontram qualquer evidência
de que o efeito do salário mínimo sobre o emprego jovem varia ao longo do ciclo
económico. De facto, a evidência encontrada acerca dos efeitos do salário mínimo sobre
a empregabilidade ao longo do ciclo económico foram escassas.
No entanto, outros estudos chegam as conclusões diferentes. Por exemplo, Addison
et al. (2009), num estudo também para os EUA, concluem que os aumentos do salário
mínimo induziam maiores efeitos negativos no emprego jovem durante os períodos de
aumento geral do desemprego, ou seja, durante os períodos de recessão. Estes resultados
também persistem aquando da aplicação dos diferentes métodos estatísticos e de
estimação.
Sabia (2014) analisa o impacto do salário mínimo no emprego dos jovens com idades
compreendidas entre os 16 e os 24 anos, sem diploma de ensino secundário. O autor
14
conclui que um aumento de 10% no salário mínimo resulta numa diminuição de 0-2% no
emprego durante as expansões económicas, mas numa diminuição de 3-5% no emprego
durante as recessões.
Neumark e Wascher (2007) indicam que há uma ampla gama de estimativas
existentes e, portanto, uma falta de consenso sobre os efeitos gerais do salário mínimo
sobre o emprego, em particular dos trabalhadores de baixos salários. No entanto, a
afirmação frequente de que a evidência empírica não suporta a visão tradicional de que o
salário mínimo reduz o emprego de trabalhadores com baixos salários parece, na visão
destes autores, claramente incorreta na medida em que grande parte dos estudos dá uma
indicação relativamente consistente (embora nem sempre estatisticamente significativa)
dos efeitos adversos do salário mínimo sobre o emprego. Além disso, os autores, numa
revisão da literatura, analisando trabalhos que apresentavam evidências mais credíveis,
indicam que quase todos apontam para efeitos negativos sobre o emprego, tanto para os
EUA como para outros países.
Duas outras conclusões importantes também emergem do trabalho de Neumark e
Wascher (2007). Em primeiro lugar, são poucos os estudos que fornecem uma evidência
convincente de um efeito positivo sobre o emprego decorrente do salário mínimo,
especialmente aqueles que se incidem sobre grupos mais amplos, ao invés de
considerarem somente indústrias específicas. Em segundo lugar, os estudos que se
concentram nos trabalhadores menos qualificados, fornecem evidência relativamente
clara do efeito sobre a promoção do desemprego desses mesmos trabalhadores.
Porém, em alguns casos, a nova investigação sobre o salário mínimo falha em
encontrar uma evidência de efeitos sobre o (des)emprego. Por exemplo, Bazen (2000)
afirma que os últimos estudos sobre a experiência dos EUA e do Reino Unido não
encontram efeitos negativos sobre o emprego dos jovens. Com uma abordagem mais
15
cautelosa, Flinn (2006) escreve que esses estudos recentes têm sido particularmente úteis
para indicar que o modelo competitivo do mercado de trabalho pode ter graves
deficiências na previsão dos efeitos do salário mínimo nos resultados do mercado de
trabalho. Em contraste, outros autores resumem os resultados como sendo mais ambíguos,
sugerindo que não podem ser retiradas conclusões e que os efeitos positivos podem ser
tão prováveis quanto os efeitos negativos. Lemos (2004), por exemplo, afirma que não há
consenso sobre a direção e dimensão do efeito sobre o emprego, enquanto Stewart (2002)
observa que alguns estudos indicam que os efeitos no emprego são nulos ou positivos e
que outros apresentam efeitos negativos significativos. Em contraste, grande parte do
trabalho de Neumark e Wascher (2007) tende a encontrar efeitos negativos no emprego
para os grupos mais qualificados.
Neumark e Wascher (2007) consideraram útil sumarizar e separar a sua revisão sobre
a nova vaga de estudos científicos sobre o salário mínimo em duas categorias. A primeira
categoria, em estudos de dados de painel que empregaram dados estatais específicos ao
longo do tempo, para os EUA como um todo. A segunda categoria, em estudos de caso
que se concentraram nos efeitos das mudanças do salário mínimo em Estados específicos.
Em resposta à crescente vontade dos legisladores estaduais para elevar os salários
mínimos específicos de cada Estado acima do nível salarial federal, vários estudos
exploraram tanto o tempo como a variação do salário mínimo estadual com o objetivo de
identificar os efeitos do salário mínimo no emprego. De uma forma mais ampla, os
autores aplicaram a tradicional especificação empírica da série temporal utilizada na
literatura mais tradicional para um conjunto de dados que consistem nas observações
Estado-Ano sobre o emprego (Y):
(1)
16
onde MW representa a variável salário mínimo e R um vetor de controlo de variáveis
explicativas, onde inclui os efeitos Estado (i) e tempo (t). A especificação das variáveis
do salário mínimo difere de estudo para estudo, tal como o conjunto de controlos incluídos
no modelo e o método de estimação, mas, desde que as variações do salário mínimo sejam
consideradas como exógenas ao modelo, α pode ser visto como o efeito do salário mínimo
sobre o emprego. Este modelo é normalmente estimado utilizando dados para
trabalhadores em grupos demográficos ou indústrias para as quais o salário mínimo é
mais provável. Inclusivamente, esta estrutura tem sido aplicada algumas vezes em séries
temporais/transversais ou dados longitudinais.
O estudo de Card (1992), para os Estados Unidos, reconheceu que as diferenças na
distribuição dos salários entre os Estados, em parte devido às diferenças nas leis estaduais
de salário mínimo, significavam que os efeitos do aumento federal deveriam ser mais
evidentes nos Estados com baixos salários do que em Estados com altos salários.
Aproveitando esta variação, Card (1992) foi o primeiro a aplicar uma regressão da
variação do salário médio logaritmizado dos jovens entre os três trimestres finais de 1989
e 1990 sobre a fração de jovens em cada Estado. Os resultados indicaram que os salários
médios dos jovens aumentaram mais nos Estados em que uma fração maior de jovens foi
afetada pelo aumento do salário mínimo.
Neumark e Wascher (1992) estimaram os efeitos das mudanças no salário mínimo no
índice de emprego/população jovem entre os 16-19 anos e a uma população de jovem
entre os 16-24 anos, utilizando um período de amostra relativamente longo. De uma forma
mais específica, os autores utilizaram um painel anual de observações específicas aos
Estados, entre 1973 e 1989 para grandes Estados e de 1977 a 1989 para Estados de menor
dimensão, usando a variável de salário mínimo semelhante ao índice Kaitz, o qual
corresponde ao rácio entre salário mínimo e o salário mediano ou médio. Os autores
17
utilizaram um salário mínimo ajustado para cobrir cada observação Estado/ano como o
maior do nível de salário mínimo federal ou estadual, multiplicado pela cobertura salarial
federal para o Estado e dividindo pelo salário médio no Estado. Além dos efeitos do
Estado e do ano, as variáveis de controlo incluíram a taxa de desemprego para homens
dos 25 aos 64 anos, a proporção da população na faixa etária relevante e uma taxa de
escolaridade para a mesma faixa etária.
Os resultados obtidos por Neumark e Wascher (1992) suportam a noção de que
aumentos no salário mínimo contribuem para a redução do emprego jovem. Em
particular, as elasticidades do emprego em relação ao salário mínimo variaram de cerca
de -1 a -2. Além disso, os autores ainda referem que a presença de um salário
“submínimo” jovem, isto é, um salário ligeiramente abaixo do salário mínimo, para
facilitar a inserção dos adolescentes no mercado de trabalho, em Estados específicos,
tende a reduzir o impacto do salário mínimo nesses Estados.
Outra grande linha de investigação que surgiu como parte da nova pesquisa sobre o
salário mínimo, consistiu nos estudos que se concentraram nos aumentos do salário
mínimo em Estados específicos: o estudo de Katz e Krueger (1992) sobre os efeitos do
aumento do salário mínimo federal de 1991 sobre o emprego na indústria de fast-food no
Texas e o estudo de Card (1989) sobre aumento do salário mínimo da Califórnia. Os
detalhes da abordagem empírica neste subconjunto da literatura variam, mas, em
contrapartida, são idênticos ao limitar a análise a um determinado Estado,
proporcionando, assim, a oportunidade de elaborar um ensaio mais natural para estudar o
aumento do salário mínimo devido à disponibilidade de grupos de controlo válidos para
comparar o grupo diretamente afetado pelo aumento do salário mínimo.
Katz e Krueger (1992), com base em dados obtidos através de entrevistas telefónicas
realizadas aos gerentes de 100 empresas de restauração, recolheram diversas informações
18
sobre o número de funcionários em tempo integral, o número de funcionários em tempo
parcial e em relação ao salário inicial médio para os funcionários não gerentes. Katz e
Krueger (1992) definiram a mudança efetiva no salário mínimo em cada restaurante como
a diferença logarítmica entre o salário inicial da empresa em dezembro de 1990 e o novo
salário mínimo federal em abril de 1991. Nesta configuração, a diferença nas mudanças
no emprego entre os restaurantes que inicialmente pagam salários relativamente mais
altos e aqueles que pagam salários relativamente mais baixos identificam o efeito do
salário mínimo no emprego. Estimando uma regressão que inclui variáveis de controlo
para a dimensão da cidade, se o restaurante era ou não propriedade de uma empresa (ao
contrário de um franchise), os autores encontraram um efeito positivo e estatisticamente
significativo do salário mínimo no emprego, com elasticidades estimadas que variaram
de 1,70 a 2,65. Observaram que um modelo em que as entidades empregadoras de
trabalhadores com baixos salários são assumidas como tendo poder de mercado e atuam
como únicos compradores de trabalho é potencialmente consistente com as suas
conclusões (o caso do monopsónio). Contudo, os autores referem que um elevado grau e
poder de monopsónio parece algo improvável no mercado de trabalho de alta rotatividade
da indústria de fast-food.
Card (1992) optou por uma abordagem diferente, utilizando dados do Current
Population Survey para avaliar os efeitos sobre o emprego pouco qualificado, decorrentes
do aumento do salário mínimo na Califórnia. Em particular, comparou as mudanças no
emprego entre 1987 e 1989 na Califórnia, com as mudanças no emprego do conjunto de
Estados, composto pela Arizona, Flórida, Geórgia, Novo México e Dallas/Fort Worth,
onde o salário mínimo não se alterou. A escolha destes Estados recaiu sobre o facto de
terem as taxas de participação da força de trabalho, índices de emprego para população e
taxas de desemprego semelhantes às taxas da Califórnia em 1987. O autor apercebeu-se
19
que o emprego jovem na Califórnia aumentou mais rapidamente, em comparação com o
conjunto de Estados em análise, e que essa diferença foi estatisticamente significante,
obtendo uma elasticidade implícita das estimativas foi cerca de 0,35. Card (1992) também
encontrou um aumento relativo no emprego no comércio retalhista na Califórnia entre
1987 e 1989, e, embora haja um pequeno declínio relativo na indústria de alimentos e
bebidas, o autor interpretou isto como mais provável devido às diferenças nas tendências
de longo prazo do que o efeito do aumento do salário mínimo. Tal como Katz e Krueger
(1992), Card (1992) levanta a hipótese destes resultados indicarem a presença de um
poder de monopsónio no mercado de trabalho dos trabalhadores de baixos salários.
Seguindo uma abordagem semelhante à de Katz e Krueger (1992), Spriggs e Klein
(1994) utilizam dados obtidos através de entrevistas realizadas a vários gerentes de
restaurantes de fast-food em Jackson (Mississippi) e Greensboro (Carolina do Norte),
aproximadamente um mês antes e um mês após o aumento do salário mínimo. Mais
especificamente, estes autores solicitaram aos entrevistados informações sobre níveis de
emprego, salários iniciais e médios, preços, taxas de rotatividade e uso do salário
“submínimo”. Os autores interpretaram esses resultados obtidos como inconsistentes com
a visão convencional dos efeitos do salário mínimo sobre o emprego.
Um dos trabalhos mais conhecidos e, talvez, mais influente é o de Card e Krueger
(1994) sobre os efeitos do aumento no salário mínimo em 1992 em Nova Jersey. Os
autores seguiram a abordagem de Katz e Krueger (1992) e realizaram inquéritos em
restaurantes de fast-food em fevereiro de 1992, cerca de dois meses antes do aumento de
salário mínimo de 1992, e novamente em novembro desse ano, cerca de sete meses após
o aumento do salário mínimo. Para lojas em Nova Jersey, os autores construíram uma
variável de diferença salarial equivalente à utilizada por Katz e Krueger (1992) mas
incluíram na amostra um grupo de controlo de restaurantes no leste da Pensilvânia, onde
20
o salário mínimo não mudou, com o objetivo de melhorar essa mesma variável de
diferença salarial, permitindo testar o efeito do aumento no salário mínimo de Nova
Jersey usando três experiências estatísticas: (i) uma comparação das mudanças de
emprego entre os restaurantes de Nova Jersey pagando inicialmente salários iniciais
diferentes, (ii) uma comparação de mudanças de emprego entre lojas localizadas em Nova
Jersey e lojas localizadas na Pensilvânia e (iii) uma comparação que faz uso de ambos os
tipos de informação.
Os resultados obtidos por Card e Krueger (1994) revelaram consistentemente que o
aumento no salário mínimo de Nova Jersey aumentou o emprego nesse Estado. Por
exemplo, as lojas que inicialmente pagavam baixos salários mostraram significativamente
maior crescimento do emprego entre fevereiro e novembro do que as lojas que pagavam
maiores salários iniciais. Da mesma forma, o emprego na amostra de Nova Jersey
aumentou ao longo desse período, enquanto o emprego na amostra da Pensilvânia
diminuiu. Os resultados de Card e Krueger (1994) mostraram um efeito positivo e
estatisticamente significativo do aumento do salário mínimo no crescimento do emprego,
com uma elasticidade estimada de 0,73. Vários testes de especificação resultaram numa
ampla gama de estimativas, tanto em magnitude como em significância estatística, mas
nenhuma se traduziu num impacto negativo. Os autores interpretaram os seus resultados
empíricos obtidos como inconsistentes com as previsões de um modelo competitivo
convencional, ou seja, de um modelo de concorrência perfeita, na indústria de fast-food.
Os resultados divergentes até aqui elencados estimularam várias linhas de
investigação. Sendo assim, grande parte da literatura empírica que se seguiu tentou
descobrir algumas das razões para os resultados contrastantes relatados na primeira vaga
da nova pesquisa sobre o salário mínimo, com o objetivo de desenvolver uma visão mais
consistente sobre os efeitos dos salários mínimos no emprego. Mais especificamente,
21
focando as questões relacionadas com a especificação apropriada do modelo subjacente,
a medição e escolha de variáveis apropriadas e a relevância dos grupos de comparação
utilizados nos estudos.
Neumark e Wascher (2007) argumentam que a medição da incidência dos salários
mínimos nos Estados torna-se uma tarefa difícil, devido à falta de dados disponíveis,
sendo esta bastante dispersa e difícil de compilar, em termos de cobertura do emprego
jovem. Os autores também argumentam que, dada a ausência de mudanças importantes
na cobertura no nível federal desde o início da década de 1970, e dado que a cobertura
combinada das leis federais e estatais tem sido muito alta por algum tempo, as mudanças
na cobertura não são suscetíveis de oferecer muito na identificação de amostras limitadas
às décadas de 1980 e 1990, sugerindo que o melhor será mesmo ignorar por completo
estes períodos temporais em estudos mais recentes. De facto, grande parte da literatura na
última década acabou por seguir essa abordagem.
Deere (1995) introduziu variáveis artificiais para cada nível do salário mínimo federal
no seu período da amostra (1985-92), enquanto Burkhauser (2000a) estendeu essa
abordagem para incluir também uma variável binária à parte para cada valor de um salário
mínimo estadual que excedeu o nível federal. Os resultados em ambos os estudos tendem
a mostrar que o aumento do salário mínimo reduziu significativamente as taxas de
emprego jovem. Em geral, no entanto, essas especificações parecem problemáticas
porque os coeficientes nas variáveis artificiais podem também estar a captar outras
influências.
Uma outra literatura sobre o salário mínimo evocou as questões sobre o tempo que
demora para que os efeitos dos salários mínimos sobre o emprego atinjam a sua plenitude.
Alguns economistas acreditavam que os efeitos das mudanças no salário mínimo
deveriam ser verificados de forma relativamente rápida. Por exemplo, Brown (1982)
22
argumentou que, de um ponto de vista teórico, os ajustamentos aos aumentos do salário
mínimo são provavelmente menos plausíveis do que na maioria dos outros contextos. Em
primeiro lugar, os trabalhadores que auferem do salário mínimo tendem a ter altas taxas
de rotatividade, sugerindo que os ajustes desejados nos níveis de emprego poderiam ser
realizados com bastante rapidez através de uma rotatividade normal. Em segundo lugar,
os aumentos no salário mínimo geralmente são anunciados com vários meses de
antecedência até se tornarem efetivos, dando tempo aos empregadores para se ajustarem
e para que estejam preparados para quando da entrada da nova lei entrar em vigor. Card
e Krueger (1995) também argumentam que as indústrias que tipicamente contratam
empregados com o salário mínimo (por exemplo, a indústria de fast-food) podem
facilmente variar os seus níveis de pessoal, reduzindo as horas extras ou as horas de
funcionamento, permitindo filas mais longas, para que quaisquer efeitos de desemprego
sejam evidentes logo após o aumento do salário mínimo.
No entanto, essas considerações não negam a possibilidade de que o ajuste total a um
salário mínimo mais alto possa demorar algum tempo. Embora fatores como custos de
contratação, despedimento ou treino possam ser menos importantes para os trabalhadores
com taxas de despedimento normalmente altas, Hamermesh (1995) observou que as
empresas podem ajustar lentamente os fatores produtivos não relacionados com o
trabalho (por exemplo, capital), o que tenderá a diminuir o ajuste de outros inputs,
incluindo o trabalho. Assim, a omissão de efeitos retardados pode excluir de forma
inadequada a possibilidade de substituição de mão-de-obra a longo prazo entre o trabalho
e o capital, bem como o potencial de efeitos de escala associados às mudanças nos planos
de expansão.
Na sua revisão sobre a literatura anterior, Brown (1982) encontrou diferenças
mínimas nas elasticidades de emprego estimadas entre estudos de séries temporais que
23
incluíram variáveis de efeitos retardados do salário mínimo e as que não o fizeram. No
entanto, Neumark e Wascher (1992) encontraram efeitos de emprego estatisticamente
significativos de valores remanescentes do salário mínimo com os dados de painel de
séries temporais e dados estatais. Além disso, levantam a hipótese de que a discrepância
entre os seus resultados e aqueles relatados no estudo de Card (1992) sobre o aumento
federal de 1991 foi devido ao facto de permitir a possibilidade de um atraso nos efeitos
do salário mínimo. Observaram que um estimador de primeiras diferenças de um ano
equivalente ao usado por Card (1992) produziu efeitos de salário mínimo próximos de
zero, semelhante aos do estudo deste autor. Contudo, adicionando um efeito retardado do
salário mínimo ao modelo resultou num efeito de emprego negativo e estatisticamente
significativo.
Baker (1999) explorou a análise anterior estudando os efeitos do salário mínimo sobre
o emprego no Canadá. O autor começou por replicar as estimativas para adolescentes com
dados canadenses, relatando que a primeira diferença de um ano nas estimativas dos
efeitos do salário mínimo no Canadá são positivas, enquanto as diferenças mais longas e
as especificações com atrasos do salário mínimo tendem a mostrar efeitos negativos para
o emprego e são estatisticamente significativos, semelhantes ao que Neumark e Wascher
(1992) encontraram para os EUA. Por exemplo, na especificação preferida de Baker
(1999), a elasticidade da primeira diferença é 0,07, enquanto a elasticidade dentro do
grupo é -0,27. Com a adição do efeito retardado do salário mínimo, as estimativas são
mais semelhantes (-0,23 e -0,47, respetivamente).
Os resultados obtidos por Baker (1999) indicam que os efeitos do salário mínimo no
desemprego apresentam respostas a longo prazo em relação a mudanças mais evolutivas
ao nível do salário mínimo, e não a curto prazo no que toca uma mudança particular no
salário mínimo. Em concordância com Neumark e Wascher (1992), o autor sugere que
24
esta resposta a longo prazo pode ser entendida no contexto do ajuste de capital e
interorganizacional ao invés do ajuste de mão-de-obra por si só, o que deve ser
relativamente rápido no mercado de trabalho pouco qualificado.
Outros estudos anteriores, utilizando dados em painel estaduais de observações em
séries temporais, também tendem a encontrar evidências de atrasos nos efeitos do salário
mínimo sobre o emprego. Por exemplo, Burkhauser (2000) estimou algumas
especificações, incluindo os efeitos retardados, e concluiu que o coeficiente na variável
do efeito retardado da entrada em vigor do salário mínimo era tipicamente significativo,
em alguns casos quando o coeficiente contemporâneo não era. Além disso, as estimativas
das elasticidades, incluindo os efeitos retardados, foram consideravelmente maiores que
as calculadas a partir de especificações que incluíam apenas termos contemporâneos. Keil
(2001) também permite efeitos de salário mínimo remanescentes, embora tenha
estimando uma versão dinâmica da equação de emprego que inclui um atraso da variável
dependente ao invés de entrar diretamente num termo de efeitos retardados do salário
mínimo. Na sua especificação preferida, o autor relata uma elasticidade do emprego
jovem de curto prazo de -0,37 e longo prazo de -0,69.
Assim, a conclusão geral da literatura que utiliza dados em painel sobre os efeitos do
salário mínimo parece indicar que a consideração dos efeitos retardados é importante. As
empresas continuarão a ajustar os seus níveis de emprego após um aumento do salário
mínimo e estudos que se concentram apenas nos efeitos contemporâneos captam esse
ajuste. Como já foi referido, a existência de atrasos provavelmente explica, no mínimo,
parte da variação nos resultados relatados na primeira vaga dos novos estudos sobre o
salário mínimo. Em geral, parece que as estimativas das elasticidades relevantes, tanto
para o teste de teorias alternativas do mercado de trabalho como para o debate sobre
25
políticas públicas, devem sempre ter em consideração as respostas contemporâneas e
atrasadas em relação a uma mudança no salário mínimo.
Card (1994) também criticou alguns dos modelos utilizados, assim como as respetivas
especificações: por exemplo a inclusão da taxa de escolaridade no modelo como a medida
específica da matrícula escolar que usada nas regressões. Do ponto de vista da medição,
o autor indicou que a variável de escolaridade utilizada por Neumark e Wascher (1992)
incluiu apenas indivíduos que estavam matriculados na escola e não empregados, o que
argumentou que levaria a uma tendência negativa nos efeitos de emprego estimados a
partir das especificações que os autores utilizaram. Em geral, Card (1994) argumentou
que não era apropriado incluir a os que estavam matriculados na equação de emprego
porque essa equação é essencialmente uma função de procura de trabalho. Essas críticas
são significativas porque um efeito de desemprego estatisticamente significante para os
adolescentes foi apenas evidente nas especificações de Neumark e Wascher, que incluiu
a taxa de escolaridade.
Passando primeiro à questão de saber se a taxa de matriculados deve estar na
regressão, é importante lembrar que a equação de emprego agregada consiste em
observações para as quais o salário mínimo é vinculativo e observações para as quais não
é vinculativo. Embora o emprego para o primeiro grupo seja determinado unicamente
através curva da procura de mão-de-obra no modelo competitivo padrão, o emprego para
o segundo grupo de observações é influenciado através dos fatores da procura e oferta.
Como resultado, a especificação de um modelo para o emprego de todos os adolescentes
também deve incluir variáveis que captam mudanças exógenas na curva de oferta de
trabalho, incluindo mudanças exógenas na taxa de matriculados.
Quanto à mensuração dos matriculados, a definição de escolaridade utilizada por
Neumark e Wascher (1992) era, de facto, muito estreita. No entanto, a substituição de
26
medidas mais amplas de inscrição que não excluem adolescentes empregados levou a
apenas pequenas diferenças nos resultados. Por exemplo, quando Neumark e Wascher
(1994) voltaram a estimar o modelo usando uma medida alternativa da taxa de matrícula
escolar que reporta os indivíduos que consideraram a atividade escolar como sua principal
atividade, a elasticidade do emprego resultante para adolescentes caiu para -0,11, em
direção à parte inferior do intervalo que relataram originalmente. Utilizando uma
definição ainda mais ampla de matriculados, calculada de forma independente do
emprego, Neumark e Wascher (1996) encontraram uma elasticidade de emprego
estatisticamente significativa de -0,22.
Vários investigadores também levantaram diversas outras preocupações sobre a
especificação do modelo em relação à análise de dados em painel ao nível estadual em
reação à primeira vaga dos novos estudos sobre o salário mínimo. Por exemplo, ao revisar
a análise de Card (1992) sobre o aumento do salário mínimo federal de 1991, Deere
(1995) destacou a possibilidade de que as diferenças nas tendências subjacentes ao
crescimento do emprego em todos os Estados possam prejudicar as estimativas dos efeitos
dos dados em painel Estado-ano como utilizando por Card. No caso do aumento do salário
mínimo federal de 1991, os autores observaram que os Estados com salários baixos, em
que a variável afetada da fração de Card era grande, também tendiam a ter uma taxa de
crescimento do emprego mais rápida, criando uma tendência positiva no efeito estimado
do emprego. Em particular, o autor demonstrou que as taxas de crescimento do emprego
para homens adultos mais qualificados também foram superiores em Estados com baixos
salários do que nos Estados com altos salários entre 1989 e 1992, e que a observação da
tendência de 1985-1992 no emprego e para o desenvolvimento do ciclo económico
resultou em efeitos negativos estatisticamente significativos dos aumentos do salário
mínimo de 1990 e 1991 nas taxas de emprego de adolescentes e de abandono escolar. As
27
elasticidades implícitas obtidas para essas regressões foram relativamente grandes,
variando de -0,27 a -0,36, para homens adolescentes, e de -0,42 para -0,49, para mulheres
adolescentes.
Numa perspetiva diferente, Burkhauser (2000) indica que a tendência para que os
investigadores incluam efeitos do ano em especificações empíricas com base em séries
temporais de observações a nível estadual, elimina efetivamente a identificação associada
à variação no salário mínimo federal, afirmando que os efeitos do salário mínimo podem
ser identificados apenas utilizando um número relativamente pequeno de observações em
que o salário mínimo do Estado é maior do que o salário mínimo federal. Burkhauser
(2000) então mostra que as equações estimadas sem efeitos do ano consistentemente
produzem coeficientes negativos e estatisticamente significativos na variável do salário
mínimo ao longo de uma variedade de especificações, com elasticidades na faixa de -0,3
a -0,35 quando os modelos são estimados com dados de 1979 a 1997, enquanto as
especificações que incluem efeitos do ano produzem consistentemente coeficientes
pequenos e insignificantes. Burkhauser (2000) aplica os mesmos métodos noutros grupos
demográficos/educacionais e encontra efeitos negativos especialmente elevados para os
jovens negros e que abandonam o ensino médio entre os 20 e os 24 anos. Num sentido
mais amplo, o autor interpreta os resultados desses dois estudos como sugerindo que a
exclusão da variação federal no salário mínimo em análises empíricas tende a levar a uma
subavaliação dos efeitos do salário mínimo sobre o desemprego e que esse fator, em vez
de formulações alternativas da variável de salário mínimo, explica em grande parte a
diferença nos resultados relatados por Card e Krueger (1995) em comparação com
Neumark e Wascher (1992) e Deere (1995).
Sabia (2006) volta a estimar as especificações que utilizam dados até 2004 de
Burkhauser e encontra um efeito negativo e estatisticamente significativo do efeito salário
28
mínimo sobre o emprego, independentemente de os efeitos do ano serem incluídos nas
regressões, com elasticidades estimadas de -0,18 sem variáveis dummies incluídas para o
ano e -0,30 com variáveis dummies incluídas. Estes resultados indicam claramente que a
maior variação nos salários mínimos associados aos aumentos recentes do Estado ajudou
a identificar melhor os efeitos do salário mínimo sobre o emprego adolescente, tornando
a escolha de excluir os efeitos do ano desnecessários potencialmente problemática.
O artigo de Bazen e Le Gallo (2006) leva esta abordagem um passo adiante, tentando
separar os efeitos do aumento do salário mínimo do governo federal sobre os efeitos do
emprego daqueles promulgados ao nível estadual. Usando a especificação proposta por
Burkhauser (2000), os autores utilizam os dados trimestrais ao nível estadual de 1984-
1989, quando o salário mínimo federal permaneceu inalterado, e estimaram o efeito sobre
o emprego dos jovens de mudanças nos aumentos do salário mínimo específico do Estado
durante esse período. O coeficiente da variável do salário mínimo nessas especificações
é próximo de zero e insignificante, independentemente de os efeitos do ano serem ou não
incluídos na equação. Os autores voltaram então a estimar o modelo até 1992 e
encontraram um efeito negativo e estatisticamente significativo, com elasticidade de -
0,42, tal como Burkhauser (2000). No entanto, o efeito negativo só é evidente nas
especificações que excluem os dummies do ano. Os autores realizaram análises
semelhantes para o período de 1992-96, quando o salário mínimo federal foi novamente
inalterado e também não encontraram efeitos negativos dos aumentos do salário mínimo
estadual (embora houvesse apenas quatro aumentos estaduais durante esse período).
Novamente, no entanto, a adição de observações de 1997 leva a um efeito negativo
estimado em modelos que excluem os dummies do ano (embora o efeito desapareça
quando 1998 também é adicionado).
29
Bazen e Le Gallo (2006) especificaram então um modelo mais geral onde incluíram
três variáveis relativas ao salário mínimo: a mudança no salário mínimo federal, a
mudança no salário mínimo efetivo de um Estado devido ao aumento do salário mínimo
federal (se o salário mínimo do Estado fosse originalmente superior ao do nível federal)
e a mudança no salário mínimo de um Estado (desde que a mudança resulte num nível de
salário mínimo do Estado superior ao do nível federal). Em concordância com os
resultados anteriores, para ambos os períodos, os únicos aumentos negativos e
significativos são os aumentos do salário mínimo federal. Embora os coeficientes nos
aumentos específicos do Estado também sejam negativos em ambos os períodos, foram
estimados de uma forma imprecisa e, portanto, geralmente indistinguíveis de zero e do
coeficiente no salário mínimo federal. O coeficiente no terceiro componente (a mudança
no salário mínimo efetivo de um Estado devido ao aumento do salário federal) varia
consideravelmente nos aumentos do salário mínimo, tanto em magnitude como no sinal,
embora nunca seja estatisticamente significante. Os autores interpretam estes resultados
sugerindo que pequenos aumentos no nível estadual podem não ter efeitos significativos
de desemprego, admitindo, no entanto, que os seus testes são relativamente fracos.
Alguns autores sublinharam que as previsões básicas dos vários modelos teóricos do
salário mínimo referem-se ao trabalho ao invés do emprego, sugerindo que uma potencial
razão para um pequeno efeito sobre o emprego deve-se ao facto dos empregadores
também poderem ajustar o número de horas de trabalho dos seus colaboradores. Michl
(1996, 2000) especulou que a diferença entre os resultados de Neumark e Wascher (1992)
e Card e Krueger (1994), em relação ao aumento do salário mínimo de Nova Jersey,
reflete o facto de que Card e Krueger (1994) medem essencialmente o emprego, enquanto
Neumark e Wascher (1992) mediram o total de horas.
30
Para testar o seu pressuposto, Michl (1996, 2000) comparou as mudanças no emprego
e o total de horas num subconjunto de observações retiradas dos dados obtidos por
Newmark e Wascher (1992) onde os entrevistados relataram o total de horas e mudanças
no emprego. Para este subconjunto de observações, as estimativas obtidas, através de uma
regressão do tipo diferenças-em-diferenças, indicam um efeito negativo do aumento do
salário mínimo em ambas as horas totais e média por trabalhador e um pequeno efeito
positivo sobre o emprego, embora apenas o coeficiente na média de horas por trabalhador
seja estatisticamente significativo. Michl (1996, 2000) também examinou a proporção de
trabalhadores a tempo inteiro para o emprego total nos dados de Card e Krueger (1994),
que deve estar correlacionado positivamente com a média de horas. Nesse caso, os
resultados sugerem um efeito positivo do salário mínimo na fração de trabalhadores que
trabalham em horário de tempo integral.
Neumark e Wascher (2007) e Card e Krueger (2000) também consideraram que a
diferença nos seus resultados pode estar associada a mudanças na média das horas de
trabalho. Por exemplo, Neumark e Wascher (2007) relataram que os dados de Card e
Krueger (2000) apresentavam uma deslocação em direção aos trabalhadores a tempo
integral, em resposta ao aumento do salário mínimo de Nova Jersey, e que o subconjunto
dos restaurantes com informação sobre emprego e horas apresentou um efeito positivo
sobre o emprego e um efeito negativo sobre o total horas, resultados estes efetivamente
citados por Michl (1996, 2000). No entanto, devido ao pequeno número de restaurantes
que relataram os dados sobre emprego e horas, Neumark e Wascher (2007) e Card e
Krueger (2000) advertiram contra retirar conclusões das estimativas dos subconjuntos.
Além disso, Neumark e Wascher (2007) optaram por não ignorar o aumento acima
mencionado da proporção de trabalhadores a tempo integral para trabalhadores a tempo
parcial em Nova Jersey como evidência contra a hipótese de que essa diferença nas
31
definições de dados (emprego versus total de horas) foi a principal causa da diferença
obtida nos resultados, insistindo que o efeito do salário mínimo no total de horas é mais
relevante para testar a validade do modelo competitivo da procura de trabalho.
O efeito do salário mínimo sobre as horas de trabalho também foi examinado,
utilizando períodos de amostra mais longos para os EUA como um todo. Em particular,
tanto Zavodny (2000) como Couch e Wittenburg (2001) analisaram o efeito das variações
no salário mínimo na média de horas de trabalho, utilizando os dados em painel para os
Estados. Zavodny (2000) inclui os efeitos de Estado e ano na análise, utilizando dados
entre 1979 e 1993. Quando a variável do salário mínimo é especificada em termos
relativos, os seus resultados mostraram um efeito negativo do salário mínimo sobre o
emprego jovem com elasticidade de -0,12, semelhante à relatada em Neumark e Wascher
(1992). No entanto, utilizando o salário mínimo real, a autora encontra um efeito pequeno
e insignificante do salário mínimo sobre o emprego. Além disso, os efeitos estimados do
salário mínimo na média de horas por trabalhador (condicionados ao emprego), são
positivos (com o salário mínimo real) ou perto de zero (com o salário mínimo relativo),
sugerindo que as empresas não ajustaram as horas médias dos jovens em resposta ao
salário mínimos mais alto. A elasticidade para o total de horas trabalhadas para todos os
adolescentes é de 0,24 e estatisticamente significativa, utilizando o salário mínimo real,
e -0,11 usando o salário mínimo relativo.
Zavodny (2000) expande esses resultados estaduais com uma análise de dados ao
nível individual, com base em dados retirados de Current Population Survey entre os anos
de 1979 a 1980 e 1992 a 1993. Nesta análise, a autora identifica os adolescentes afetados
como sendo aqueles com um salário inicial entre o salário mínimo antigo e novo (em
termos reais) e calcula a diferença salarial implícita como o montante necessário para
aumentar o salário para o novo mínimo, anulando a diferença para aqueles com salários
32
mais altos. Os resultados de Zavodny (2000) indicam que um aumento no salário mínimo
reduz a probabilidade de um trabalhador afetado permanecer empregado. No entanto,
para aqueles que mantêm os seus empregos, o efeito do salário mínimo faz com que haja
um aumento nas suas horas de trabalho médias. Em suma, os resultados sugerem que as
horas totais de jovens inicialmente empregados não diminuem em resposta a um aumento
no salário mínimo, resultado confirmado por um efeito positivo e estatisticamente
insignificante do salário mínimo em horas usando toda a amostra, de forma a que o efeito
das horas não seja condicional ao emprego. Zavodny (2000) adverte que essas estimativas
não incorporam os efeitos do salário mínimo nas transições de não empregado para
empregado. Da mesma forma, esses efeitos não captam se o salário mínimo afeta a
probabilidade de que aqueles que fazem essa transição trabalhem a tempo inteiro ou a
tempo parcial.
Em contraste com Zavodny (2000), Couch e Wittenburg (2001) concluem que o
salário mínimo reduz o emprego e o total de horas trabalhadas pelos jovens. Couch e
Wittenburg (2001) seguem o modelo apresentado por Burkhauser (2000), utilizando
dados mensais de janeiro de 1979 a dezembro de 1992 e excluindo os efeitos do ano da
análise. A elasticidade estimada para horas varia entre -0,48 a -0,77, dependendo da
especificação utilizada. Além disso, as elasticidades estimadas são 25% a 30% maiores
do que as estimadas para o emprego com base em especificações idênticas. Os autores
interpretam esses resultados como sugerindo que os empregadores respondem ao
aumento do salário mínimo, reduzindo o emprego jovem e a média de horas dos jovens
que permanecem empregados.
A maioria dos trabalhos discutidos até agora inclui aumentos do salário mínimo até
os aumentos de 1990 e 1991 no salário mínimo federal e um número selecionado de
aumentos do salário mínimo estadual que foram promulgados no final da década de 1980
33
ou no início dos anos 90 nos EUA. Com o aumento do salário mínimo federal em 1996 e
1997 e com vários outros Estados que elevaram seus salários mínimos acima do nível do
salário mínimo federal, a pesquisa sobre os efeitos dos aumentos do salário mínimo no
emprego nos EUA continuou a ser de interesse considerável para vários economistas e
decisores políticos. Além disso, refira-se que o período entre 1996 e 2006 registou um
número sem precedentes de Estados americanos que aumentaram os seus salários
mínimos, originando uma variação substancial nos salários mínimos estaduais.
Embora o salário mínimo federal por hora se tenha mantido constante desde 1997,
vinte e quatro Estados e o distrito de Columbia registaram salários mínimos que
excederam o salário federal, a partir de agosto de 2006. Além disso, em 2006, os salários
mínimos estaduais subiram acima do nível do salário mínimo federal em alguns Estados
grandes, tais como Wisconsin, Flórida, Illinois e Nova York. Como resultado, a
participação da população de 16 a 64 anos residente em Estados com salário mínimo
superior ao nível federal aumentou de 15,6% em 1998 para 38,4% em 2005 e aumentou
acima de 50% em janeiro de 2007. Finalmente, o nível dos salários mínimos estaduais
registados em 2007 era bastante elevado, sendo que 11 Estados e o distrito de Columbia
apresentavam salários mínimos de pelo menos US $7 por hora. Neste contexto, segundo
Neumark e Wascher (2007), essa proliferação de salários mínimos estaduais oferece uma
excelente oportunidade de estudo sobre os efeitos da variação do salário mínimo sobre o
emprego.
Chapman (2004) estimou uma regressão transversal do crescimento do emprego ao
nível estadual entre 2000 e 2003 sobre a participação da força de trabalho de cada Estado
que auferiam entre 100% e 120% do salário mínimo do Estado em 2003. Os resultados
sugerem que não há relacionamento, mas não é claro que a correlação entre a proporção
da força de trabalho que gera perto do salário mínimo em 2003 e o crescimento agregado
34
do emprego de um ano anterior para 2003 é informativo sobre os efeitos do salário
mínimo. Por exemplo, se os ganhos globais no emprego refletissem
desproporcionalmente o crescimento do emprego com baixos salários, ou se o aumento
do emprego fosse devido, em parte, ao aumento da oferta de mão-de-obra entre os
trabalhadores menos qualificados, era possível encontrar uma relação positiva entre
aqueles que auferem de baixos rendimentos em 2003 e com o crescimento do emprego
de 2000 a 2003, mesmo se o salário mínimo reduza o emprego. Além disso, a maioria dos
economistas concentrou-se nos efeitos do salário mínimo sobre as oportunidades de
emprego dos trabalhadores pouco qualificados que são mais afetados pelos salários
mínimos, e não nos seus efeitos sobre o emprego agregado. Contudo, tal como observa
Chapman (2004), algumas organizações que se opõem a aumentos nos salários mínimos,
sugerem que existe uma ligação entre os salários mínimos e as taxas de desemprego de
cada Estado.
Um estudo dos salários mínimos por uma das organizações que defende o aumento
do salário mínimo, a Fiscal Policy Institute (2004), mostra que o emprego aumentou
muito mais rápido entre 1998 e 2001 nos Estados que apresentavam um salário mínimo
superior ao nível federal do que nos Estados onde o salário mínimo federal era
vinculativo. Para o emprego em geral, os autores relataram que os Estados com um salário
mínimo relativamente alto (11 Estados mais o distrito de Columbia) apresentaram um
crescimento do emprego mais rápido entre 1998 a 2001 do que outros Estados e cerca do
mesmo crescimento registado entre 2001 a 2004. No comércio de retalho, o emprego
também aumentou mais nos Estados com salários mínimos mais elevados, sendo essa
diferença mais evidente no último período. Este estudo também examinou o crescimento
do emprego nas pequenas empresas (menos de 50 funcionários) e nos pequenos negócios
de retalho. Esta análise mostrou um maior crescimento do emprego nos Estados com
35
salários mínimos elevados, tanto nas pequenas empresas como nos pequenos negócios de
retalho.
Em resposta ao estudo da Fiscal Policy Institute (2004), Sabia (2006) estimou um
modelo, mas agora controlando outras potenciais influências no emprego, incluindo as
características demográficas das populações estaduais, a atividade económica agregada a
nível estadual e outros fatores, utilizando um período de amostra mais longo (1979-2004).
Mais especificamente, Sabia (2006) utiliza uma análise de dados em painel ao longo das
linhas de Burkhauser (2000). O autor inclui ainda valores contemporâneos e retardados
da variável do salário mínimo. Sabia (2006) concentra-se no emprego no comércio
retalhista e nas pequenas empresas, agregando os dados por Estado-mês para cada um
desses setores. Para o período da amostra estudado, os resultados não são sensíveis à
inclusão ou exclusão dos efeitos fixos do ano, como também foi o caso de seus resultados,
previamente apresentados, para os adolescentes.
Para o emprego do comércio retalhista em geral (como uma parcela da população),
os resultados de Sabia (2006) indicam uma queda estatisticamente significante, com
elasticidades estimadas de cerca de -0,10. Sabia (2006) relata um alcance maior, até -0,29,
mas essa maior elasticidade só resulta quando os efeitos do ano são omissos. Para o
emprego nas pequenas empresas (até 100 funcionários, inclusive) em geral, a evidência
também aponta para efeitos negativos significativos dos salários mínimos e, neste caso,
os resultados são menos sensíveis se os efeitos do ano estão incluídos ou não, com as
elasticidades a variar entre -0,08 a -0,12.
Além de reportar resultados para o emprego total nesses setores, Sabia (2006) também
apresenta resultados para o emprego jovem no comércio retalhista e nas pequenas
empresas como parte da população adolescente, argumentando que o uso do emprego
geral nesses setores pode subestimar os efeitos do salário mínimo sobre a mão-de-obra
36
menos qualificada. Esta é uma crítica razoável, apesar de uma das razões para Sabia
(2006) se concentrar nos setores com salários baixos seja a de que a teoria convencional
prevê uma diminuição do emprego nesses setores, como resposta a um aumento do salário
mínimo. Os efeitos de desemprego estimados por Sabia (2006) para os jovens no
comércio retalhista são amplos e estatisticamente significativos, com elasticidades na
faixa de -0,27 a -0,43.
Alguns outros estudos abordaram os efeitos de aumentos específicos do salário
mínimo estadual no emprego. Por exemplo, Orazem e Mattila (2002) estudaram os efeitos
de uma série de aumentos do salário mínimo que ocorreram em Iowa a partir de 1990,
quando o salário mínimo de Iowa aumentou mais rapidamente do que o salário mínimo
federal. Os autores começam com uma análise ao nível dos municípios estaduais com
indústrias de baixos salários. A variável do salário mínimo é o nível do salário mínimo
relativo ao salário médio retardado para cada célula da indústria do município. Os autores
também incluíram variáveis de controlo para variações no emprego e salários nacional,
no rendimento per capita do município, na proporção de empresas em cada célula que
são cobertas pela Fair Labor Standards Act (FLSA) e se um município é urbano ou rural.
Os resultados indicam um efeito negativo do salário mínimo no emprego, com uma
elasticidade estimada de entre -0,06 e -0,12.
Reconhecendo que estas estimativas têm por base agregados que incluem tanto os
trabalhadores afetados diretamente por aumentos do salário mínimo como os trabalhos
que auferem de salários mais altos, os autores complementaram os resultados recolhendo
informações dos registos sobre o seguro de desemprego para um subconjunto das
empresas, que contêm informações trimestrais sobre o emprego e ganhos individuais, que
foram então combinadas com os registos de carta de condução para obter o género e a
idade de cada trabalhador. Utilizando essa informação, Orazem e Mattila (2002)
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estimaram os salários previstos por idade e sexo e, usando o perfil demográfico da força
de trabalho para cada empresa, calcularam a proporção prevista de trabalhadores em cada
empresa que inicialmente foi paga menos do que o novo salário mínimo. Os autores então
fizeram uma regressão desta percentagem no nível do salário mínimo em relação ao
salário médio previsto do grupo de salários “submínimos” para obter uma estimativa da
elasticidade do emprego para os trabalhadores afetados. As estimativas mostram que as
elasticidades de emprego variam de -0,22 a -0,54 quando não há variáveis de controlo da
indústria incluídos e de -0,31 a -0,85 quando as variáveis de controlo estão incluídas.
Além disso, as estimativas são estatisticamente significativas em todos os casos.
Reich e Hall (2001) analisaram os efeitos de um conjunto de aumentos no salário
mínimo da Califórnia em 1996 e 1998 e concluem que esse aumento não reduziu o
emprego. Como evidência de apoio à sua conclusão, os autores observaram que as taxas
de emprego aumentaram para todas as faixas etárias entre 1995 e 1999. No entanto, a
economia da Califórnia apresentou crescimento durante esse período e o facto de haver
um aumento geral no emprego naquele momento diz pouco sobre os efeitos do aumento
do salário mínimo. De facto, quando Neumark e Wascher (2007) construíram uma
comparação com os dados de Reich e Hall (2001), utilizando o método estatístico
diferença-nas-diferenças para estimar o efeito da variação do salário mínimo ao longo do
tempo, usando os seus próprios dados e as idades mais antigas como grupo de controlo,
chegaram ao resultado oposto: a taxa de emprego para os jovens aumentou muito menos
(0,8 ponto percentual) do que as taxas de emprego para de outros grupos etários (entre 3
e 7,8 pontos percentuais). Uma vez que os jovens são desproporcionalmente mais
propensos a serem afetados pelo salário mínimo, essa comparação sugere um efeito
negativo no emprego do salário mínimo.
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Reich e Hall (2001) revelam ainda que a mudança na taxa de crescimento do emprego
nos setores de retalho e restauração aumentou entre 1996 a 1998, enquanto diminuiu na
indústria e construção. Como os trabalhos da indústria e da construção deveriam ter sido
amplamente afetados pelo salário mínimo, os autores interpretam essa comparação de
diferença-nas-diferenças, sugerindo que o aumento do salário mínimo não reduziu o
emprego. No entanto, os autores também deixaram a nota de que a indústria e a construção
sofreram uma queda acentuada em 1998, na sequência da crise financeira asiática que
teve início em julho de 1997. Esse choque na procura específica da indústria relativiza a
validade da estimativa diferença-nas-diferenças de Neumark e Wascher (2007).
Singell e Terborg (2006) examinam os efeitos dos salários mínimos no setor de
alimentação e bebidas e na indústria hoteleira e similares, em Oregon e em Washington.
Estes autores utilizaram dados entre 1994 a 2001, onde inclui um período com três
aumentos no salário mínimo em Oregon (1997, 1998 e 1999) e outro com três aumentos
no salário mínimo em Washington (1999, 2000 e 2001). Portanto, esta amostra fornece
duas experiências diferentes para avaliar os efeitos do aumento do salário mínimo em
mercados de trabalho distintos que, de acordo com os autores, enfrentaram condições
económicas semelhantes. Os resultados estimados para o setor de alimentação e bebidas
indicam consistentemente que o salário mínimo reduz o emprego. As estimativas são
estatisticamente significativas, quer se trate ou não de efeitos retardados, embora sejam
mais fortes no último caso. Para a especificação que inclui tanto os efeitos
contemporâneos quanto os retardados, a elasticidade do emprego obtida foi de -0,2. Em
contrapartida, as estimativas obtidas do setor de hotelaria e similares são positivas e
significativas, com elasticidades de cerca de 0,15. Os autores especulam, então, que a
ausência de efeitos negativos para este setor pode estar relacionado com o facto de os
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salários mínimos serem consideravelmente menos vinculativos, embora esse facto não
explicar um efeito positivo no emprego.
Com a introdução de salários mínimos em Santa Fé e San Francisco em 2004,
surgiram alguns estudos sobre os efeitos dos salários mínimos específicos ao nível de
cidades. Em particular, Dube, Naidu e Reich (2007) apresentaram uma análise do impacto
do salário mínimo de San Francisco sobre o emprego nos restaurantes da cidade.
Utilizando dados de restaurantes que empregam até 30 trabalhadores e inclusive, os
autores consideram que o emprego nos restaurantes mais suscetíveis de serem afetados
pela nova lei de salário mínimo aumentou mais rapidamente do que nos três grupos de
controlo: pequenos restaurantes que não estão cobertos pelo salário mínimo no primeiro
ano, restaurantes com 14 a 30 funcionários que já pagavam a todos os trabalhadores um
salário acima do novo salário mínimo antes da sua introdução e restaurantes com 14 a 30
funcionários nas jurisdições vizinhas não sujeitos ao novo salário mínimo. As
elasticidades estimadas para o emprego e o emprego equivalente em tempo integral
variam entre 0,01 e 0,12 e nunca estatisticamente significativas.
Outros dois estudos também examinaram os efeitos do salário mínimo por hora que
foi introduzido em Santa Fé em 2004. Yelowitz (2005) estimou modelos padrão de
diferença-nas-diferenças, utilizando dados obtidos para Santa Fé e para Novo México. As
suas estimativas indicam que o salário mínimo teve efeitos pequenos e insignificantes nas
taxas de emprego, tanto para os mais e para os menos qualificados (até 12 anos de
escolaridade e inclusive), mas que as horas semanais trabalhadas por trabalhadores menos
qualificados registaram uma diminuição estatisticamente significante de 3,2 horas.
Potter (2006) assume uma abordagem diferente para estimar os efeitos do salário
mínimo de Santa Fé. Utilizando dados ao nível dos estabelecimentos compilados através
do New Mexico Department of Labor, como parte do programa de censos trimestrais
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sobre salários e empregos do Bureau of Labor Statistics, o autor estima os efeitos do novo
salário mínimo no emprego privado total e no emprego em quatro indústrias com baixos
salários: Construção, retalho, saúde, alojamento e comida. Em particular, Potter usa
empresas em Albuquerque com mais de 25 funcionários como grupo de controlo e estima
os modelos de diferença-nas-diferenças para o nível médio de emprego em cada cidade,
nos 12 meses anteriores à introdução do salário mínimo e nos 12 meses após a entrada
em vigor do salário mínimo. O autor escolheu a cidade de Albuquerque como grupo de
controlo porque as variações percentuais anuais no emprego, durante o período de 1996
a 2005, foram semelhantes às variações registadas em Santa Fé. As estimativas de
regressão para a variação proporcional no emprego em empresas sujeitas ao salário
mínimo (ou seja, empresas com 25 ou mais trabalhadores) são 0,012 para o emprego total,
-0,08 para a construção, -0,007 para o retalho, -0,002 para a saúde e 0,031 para
alojamentos e comida, sendo apenas a estimativa negativa para a construção
estatisticamente significante.
Embora a maioria das investigações da nova vaga de estudos sobre o salário mínimo
se tenha afastado dos estudos agregados de séries temporais dos efeitos do salário mínimo
federal, há um pequeno conjunto de pesquisas de séries temporais nas últimas duas
décadas que justifica um breve resumo. Este segmento da literatura tem a sua origem com
Wellington (1991), que atualizou a especificação básica da série temporal utilizada por
Brown (1983):
sendo que, nesta especificação, Y representa a relação emprego-população para um grupo
demográfico particular (16-19 ou 20-24 anos), MW a variável do salário mínimo e R um
conjunto de variáveis de controlo que inclui um controlo cíclico, variáveis do lado da
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oferta, tendências do tempo linear e quadrático e variáveis dummies sazonais. A variável
do salário mínimo é, tipicamente, o índice Kaitz, que foi a medida mais utilizada nas
literaturas anteriores de séries temporais. Brown (1983) estimou o modelo com dados
trimestrais de 1954 a 1979, enquanto Wellington (1991) estendeu os dados até 1986.
Utilizando um período de amostragem mais longo, os resultados de Wellington (1991)
mostraram elasticidades de emprego que variaram de -0,05 a -0,09 para adolescentes e de
0 a -0,02 para jovens adultos com idades compreendidas entre os 20 e os 24 anos,
estimativas que se situam abaixo da parte inferior da gama encontrada na pesquisa de
Brown, Kohen e Gilroy (1982). Contudo, apenas uma minoria das estimativas era
estatisticamente significativa a níveis convencionais.
Card e Krueger (1995) estimaram variantes do modelo de Solon (1985) usando dados
até 1993 e elasticidades reportadas para o índice Kaitz que se centram em -0,07 e que
geralmente não são estatisticamente significativas. Da mesma forma, Bernstein e Schmitt
(2000) relatam resultados de análises de séries temporais em que os dados se estendem
até 2000. Esses resultados fornecem evidências adicionais de uma diminuição no efeito
do salário mínimo sobre o desemprego, com estimativas para o período de amostra
completo, indicando uma elasticidade de -0.06 e uma distribuição t de Student (1,63) logo
abaixo do nível de significância de 10%. Os autores alteraram o modelo anterior,
diferenciando os dados para considerar dados não-estacionários e tratando a sazonalidade.
As elasticidades dessas análises alternativas variam de -0,001 a -0,05 com quatro das
cinco estimativas relatadas bem abaixo dos níveis padrão de significância.
Os motivos prováveis de um declínio ao longo do tempo no efeito estimado do salário
mínimo desses modelos foram motivo de debate por vários autores. Card e Krueger
(1995) argumentam que esse declínio sugere que os estudos de séries temporais,
publicados na década de 1970 e início da década de 1980, foram influenciados pela
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tendência de publicação. Utilizando métodos de meta-análise para integrar os resultados
apresentados nesses estudos de séries temporais, Card e Krueger (1995) concluem que os
índices t relatados nesses estudos foram agrupados em dois e os efeitos estimados
diminuíram, aproximando-se de zero, ao longo do tempo. Devido ao facto dos efeitos
estimados menores tornarem-se significativos à medida que o tamanho da amostra
aumentava, Card e Krueger (1995) argumentaram que as estimativas em declínio
constituíam evidências de que os investigadores eram mais propensos a escolher e relatar
especificações que produzissem estimativas estatisticamente significativas
correspondentes aos seus pressupostos teóricos, sendo esta a razão apresentada pelos
autores para argumentarem que a literatura anterior apresentava uma tendência para
encontrar resultados estatisticamente significativos.
No entanto, Neumark e Wascher (1998) mostram que as estimativas sucessivas de
uma especificação de referência, que são indiscutivelmente não afetadas pela tendência
de publicação, produzem um padrão de resultados que não é diferente dos gerados pelos
estudos incluídos na meta-análise de Card e Krueger (1998). Este resultado aponta para a
instabilidade dos parâmetros ao invés da tendência de publicação como o motivo provável
para o declínio nos efeitos estimados dos salários mínimos.
Card e Krueger (1998) apresentam duas razões prováveis para o declínio do
coeficiente no índice de Kaitz. Primeiro, se alterações na cobertura, que dominam os
movimentos no índice de Kaitz no início do período da amostra, tiverem um efeito maior
sobre o emprego do que as mudanças no valor relativo do salário mínimo, o facto de a
cobertura ter sido essencialmente inalterada desde o início da década de 1970 levaria a
um menor efeito estimado ao longo do tempo. Em segundo lugar, dada a ampliação da
distribuição salarial durante a década de 1980, o índice de Kaitz, que usa o salário médio
no denominador, pode exagerar o declínio do impacto do salário mínimo que ocorreu na
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década de 1980, caso os substitutos próximos dos trabalhadores que auferem o salário
mínimo receberem abaixo da média, acentuando a diminuição nas estimativas do efeito
do salário mínimo no emprego. Uma outra possibilidade, destacada anteriormente, é que
a medição de forma errada da variável do salário mínimo em tais estudos aumentou ao
longo do tempo por causa da proliferação de salários mínimos estaduais.
Contudo, alguns dos estudos não evidenciam um efeito de redução do salário mínimo
nos dados agregados da série temporal. Em particular, Williams e Mills (2001)
argumentam que os estudos de séries temporais anteriores sobre os efeitos do salário
mínimo no emprego não representavam adequadamente a correlação em série e não-
estacionária nos dados. Os autores utilizam então o teste de Dickey-Fuller Aumentado1
para testar a presença de raízes das unidades nos dados, descobrindo que o índice de
emprego-população adolescente é I(0), mas que o índice de Kaitz é I(1), sugerindo que
as estimativas das especificações padrão não são consistentes.
Bazen e Marimoutou (2002) também argumentam que as especificações usadas na
literatura das séries temporais anteriores foram dinamicamente mal especificadas,
abordando essa questão de uma maneira diferente da de Williams e Mills (2001). Em
particular, os autores estendem o modelo padrão de Solon (1985), através da
implementação de uma abordagem que especifica as estruturas estocásticas para as
componentes tendência, sazonal e cíclica, ao invés das componentes deterministas
utilizadas nos últimos modelos de séries temporais. Em adição, incluem também o salário
mínimo