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  • Aplicao de Enzimas em Alimentos: Aspectos Tecnolgicos e Nutricionais.

    Ruann Janser Soares de Castro

    Engenheiro de Alimentos UFC

    Mestrando em Cincia de Alimentos - UNICAMP

    Ruann Janser Soares de Castro - FEA - UNICAMP

  • Aspectos gerais sobre enzimas

    Ruann Janser Soares de Castro - FEA - UNICAMP

  • O que so enzimas?

    So protenas que funcionam como catalisadores biolgicos; Aceleram reaes diversas; So compostas por polmeros de aminocidos; Funo: mecanismo geral - quebra de molculas complexas

    (substratos) em molculas mais simples (produtos) ou sntese de novas molculas;

    Importante: toda enzima uma protena mas nem toda protena uma enzima!

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  • Como ocorrem as reaes catalisadas por enzimas?

    Teoria 1-Emil Fischer (1894): chave-fechadura!

    Obs.: Teoria no mais aceita atualmente.

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  • Como ocorrem as reaes catalisadas por enzimas?

    Teoria 2-Koshland (1958): encaixe induzido; a enzima e o substrato sofrem modificaes conformacionais para que a reao ocorra.

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  • Fatores que influenciam a atividade enzimtica

    Temperatura; pH; Concentrao de substrato; Concentrao da enzima; Presena de inibidores.

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  • Por que estudar enzimas em alimentos?

    Melhoramento das condies de processo; Obteno de atributos sensoriais e estruturais mais

    atrativos ao consumidor; Aumento da biodisponibilidade de nutrientes; Controle de processos de degradao em alimentos; Eliminao de fatores alergnicos; Obteno de produtos diferenciados.

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  • Os processos enzimticos so favorecidos quando...

    Permite-se a utilizao de condies amenas do processo: manuteno de atributos positivos no alimento;

    Processos qumicos geram produtos inaceitveis; Processo qumico difcil de ser controlado; A designao natural quer ser mantida; O alimento ou ingrediente de valor nobre; Processo qumico necessita ser substitudo ou expandido; A especificidade da reao requerida.

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  • Todo processo por melhor que seja, apresenta suas vantagens e

    desvantagens!

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  • Por que utilizar enzimas em processos industriais?

    So altamente especficas; Consideradas produtos naturais = agregao de valor; So biodegradveis; Apresentam alta eficincia na acelerao de reaes (108 a

    1011 + rpida); No so txicas.

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  • Por que no utilizar enzimas em processos industriais?

    So sensveis a variaes de temperatura e pH; Em alguns casos, o custo de obteno elevado; Recuperao dos produtos de interesse: caro e demorado.

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  • Tecnologia enzimtica nas indstrias

    Agropecuria, alimentos, detergentes, energia, farmacutica, materiais, qumica;

    Principais consumidores de enzimas: indstria de alimentos e raes (47%) e detergentes (32%).

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  • Principais fontes de obteno de enzimas

    Origem animal. Ex.: renina extrada do estmago de bezerros;

    Origem vegetal. Ex.: papana (mamo) e bromelina (abacaxi);

    Origem microbiana: bactrias, fungos filamentosos e leveduras. Ex.: proteases, pectinases, amilases...

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  • Mas qual seria a melhor fonte?

    A escolha de um determinado tipo de enzima vai depender do processo tecnolgico e do produto de interesse; Ex.: protease de origem animal (renina) e protease de origem vegetal (bromelina) na produo de queijos.

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  • Micro-organismos so uma boa fonte de enzimas?

    Atualmente os micro-organismos so bastante utilizados na produo de enzimas: por que? Produzem uma gama muito grande de enzimas: proteases,

    amilases, pectinases, celulases, lipases... So organismos estveis geneticamente; As condies de cultivo so bem controladas; So considerados GRAS; Possuem maior produtividade quando comparados a outras

    fontes.

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  • O efeito de enzimas sempre sero desejveis em alimentos?

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  • Principais grupos de enzimas com importncia na produo e modificao de alimentos

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  • Classes

    As enzimas de importncia em alimentos so divididas em 4 classes principais: Carboidrases; Proteases; Lipases; Oxidorredutases.

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  • Carboidrases

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  • Carboidrases

    So enzimas que catalisam reaes de degradao de carboidratos, ou seja, hidrolisam ligaes glicosdicas entre monossacardeos formadores de oligossacardeos e/ou polissacardeos.

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  • Carboidrases

    Enzimas e substratos pertencentes a classe das carboidrases: Amilases: amido; Pectinases: pectina; Celulases: celulose; Lactases: lactose; Invertases: sacarose.

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  • Carboidrases: Amilases

    So enzimas capazes de hidrolisar ligaes glicosdicas presentes no amido, glicognio e sacardeos derivados;

    Entendendo um pouco o substrato: O amido: composto por centenas ou milhares unidades de

    glicose; Material de reserva de plantas e principal fonte de energia de

    animais; Composto por unidades de amilose e amilopectina; Propriedades tecnolgicas muito apreciadas industrialmente:

    gelatinizao.

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  • Carboidrases: Amilases

    Os produtos obtidos e os mecanismos de ao das amilases dependem da composio do amido.

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    Amilose Amilopectina

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  • Aplicaes industriais das amilases

    Fabricao de bebidas alcolicas: Processo de sacarificao do amido presente no malte:

    hidrlise do amido a acares mais simples (glicose e maltose) para tornarem-se fermentveis pelas leveduras. Ex.: Produo de cerveja.

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    AMIDO (NO FERMENTVEL)

    APLICAO DE AMILASES (HIDRLISE)

    ACARES FERMENTVEIS (GLICOSE E MALTOSE)

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  • Aplicaes industriais das amilases

    Panificao: Hidrlise do amido para liberao de acares

    fermentveis; Aumento da vida til de pes: liberao de dextrina (acar)

    que retarda o endurecimento dos pes; Melhoramento de caractersticas como: volume, textura e

    cor da casca.

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  • Aplicaes industriais das amilases

    Produo de amido hidrolisado: Obteno de acares com poder adoante para substituio

    da sacarose em alimentos; O processo qumico era o mais utilizado: amido em pH= 1,5 e

    temperatura de 140C; inconveniente: gerao de compostos de sabor amargo;

    O processo enzimtico est sendo muito utilizado: produtos finais de melhor qualidade e em condies mais brandas de processo.

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  • Aplicaes industriais das amilases

    Produo de oligossacardeos pr-biticos: Hidrlise controlada do amido para obteno de xaropes de

    glicose e maltose; Utilizados na sntese de substncias pr-biticas:

    maltoligossacardeos; Estudos indicam atividade contra bactrias patognicas dos

    maltoligossacardeos em consumidores de xaropes de maltose: benefcios sade!

    Estimulam o desenvolvimento de bifidobactrias: efeitos benficos sobre o funcionamento do intestino.

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  • Informao extra: pr-biticos e pr-biticos

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  • Produtos presentes no mercado

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    PreB-Floranew: produto obtido por meio de fermentao e rico em oligossacardeos com funo pr-bitica.

    PreB-Floranew tem funes mantenedora, provedora e ativadora de enzimas, sem as quais o organismo no conseguiria formar os nutrientes necessrios para o seu funcionamento, no teria energia suficiente ou poderia utiliz-la e no conseguiria realizar o metabolismo, ou seja, seria impossvel efetuar movimentos, pensar, excretar etc. Sem as enzimas no seria possvel viver.

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  • Produtos presentes no mercado

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    Mel Karo: produto obtido da hidrlise enzimtica do amido de milho; um xarope de glicose.

    Karo Natural

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  • Produtos presentes no mercado

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    Maltodextrina: Obtida a partir da hidrlise cida do amido com o auxlio de

    enzimas; um carboidrato complexo formado por dextrina e maltose; Utilizado como suplemento alimentar; Digesto mais lenta, gradual e constante no organismo humano:

    liberao de glicose de forma controlada; maior eficincia energtica para esforos musculares.

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  • Carboidrases: pectinases

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    So enzimas capazes de reconhecer ligaes glicosdicas do tipo -1,4 entre unidades de cidos galacturnicos e seu derivado metoxilado;

    Fontes: vegetais e micro-organismos; Entendendo um pouco o substrato: As substncias pcticas so carboidratos presentes na parede celular e na

    lamela mdia de vegetais; Frutos verdes: responsveis pela rigidez e proteo do tecido vegetal; Frutos maduros: so degradadas por pectinases endgenas, promovendo

    o amolecimento dos tecidos.

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  • Carboidrases: pectinases

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    Estrutura da molcula de pectina

    Albedo de laranjas parte branca: rica em pectinas.

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  • Aplicaes industriais das pectinases

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    Na produo de sucos industrializados: a presena ou adio dessas enzimas pode causar efeitos desejveis ou indesejveis. Ex.: produo de suco de laranja.

    Laranja Pectinaesterases Hidrlise da pectina

    Formao de pectato de clcio (insolvel)

    Separao de fases e difcil reconstituio (indesejvel)

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  • Aplicaes industriais das pectinases

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    Produo de suco de laranja (continuao): ser que esse efeito pode ser revertido?

    Laranja Adio de

    pectinaesterases ou poligalacturonases

    Hidrlise da pectina e do pectato de clcio

    Oligmeros no sensveis ao clcio

    Viscosidade e dos Brix (efeito desejvel).

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  • Aplicaes industriais das pectinases

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    Clarificao de sucos: aplicao mais antiga das pectinases; promove diminuio da viscosidade dos sucos, provoca precipitao de partculas que causam turvao, facilitando os processos de centrifugao e/ou filtrao; melhores caractersticas sensoriais (visual mais atrativo). Ex.: sucos de uva e ma.

    Nutricionalmente falando, qual o melhor suco?

    Clarificado (sem pectina) ou o no-clarificado (com pectina)?

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  • Aplicaes industriais das pectinases

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    Outras aplicaes: Extrao de sucos: auxilia no processo de prensagem, facilitando o

    rompimento das paredes e aumentando a extrao do suco; Liquefao: hidrlise e solubilizao de partes insolveis da polpa,

    transformando-as em partes integrantes do suco; Descascamento enzimtico: consiste na hidrlise do albedo de

    frutas ctricas. Aps a hidrlise as cascas so retiradas manualmente e os gomos das frutas comercializados como produtos minimamente processados.

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  • Carboidrases: lactases

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    So enzimas capazes de reconhecer ligaes glicosdicas do tipo que envolvem galactoses e arabinoses;

    Principal substrato: lactose (acar do leite); Entendendo um pouco sobre o substrato: A lactose o carboidrato predominante no leite (5% no bovino e at 7%

    no humano); Formado por uma unidade de glicose e galactose; Possui baixo poder adoante; Altamente higroscpico: defeitos em produtos desidratados e

    concentrados base de leite.

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  • Carboidrases: lactases

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    Estrutura molecular da lactose

    Mecanismo geral de atuao de lactases

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  • Aplicaes industriais das lactases

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    Principal aplicao: elaborao de produtos com reduo parcial ou total da lactose para pessoas com intolerncia esse acar;

    Intolerncia lactose? Baixa ou ausncia de produo de enzimas (lactases) que digerem a

    lactose; Provoca dores abdominais e diarrias; Pode ser um problema congnito ou adquirido ao longo da vida; Problema srio: 25% dos brasileiros apresentam ausncia ou

    deficincia de lactase.

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  • Aplicaes industriais das lactases

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    Sntese de galactoligossacardeos: Produto obtido pela ao de lactases; So considerados pr-biticos pois no so digeridos no trato

    digestrio; Favorece o crescimento de populaes microbianas benficas; Maiores produtores: Japo e Holanda.

    Outras aplicaes: pr-tratamento de leite para obteno de produtos derivados (iogurte, produtos de panificao, doce de leite, leite condensado e sorvete).

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  • Produtos presentes no mercado

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    Cpsulas de lactase para ingesto direta por pessoas intolerantes lactose;

    Leites tratados enzimaticamente para reduo do teor de lactose.

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  • Proteases

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  • Proteases

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    So enzimas que catalisam reaes de hidrlise das ligaes peptdicas das protenas;

    60% do mercado mundial de enzimas pertence s proteases.

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  • Proteases

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    Classificao das proteases (modo de ao e natureza qumica do stio cataltico): Exopeptidases (extremidades da cadeia protica):

    aminopeptidases e carboxipeptidases ; Endopeptidases (interior da cadeia protica): serina-proteases,

    cistena-proteases, proteases asprticas e metalo-proteases.

    Ateno! Todas as proteases promovem hidrlise de protenas, mas ser que posso utilizar qualquer uma no processamento de um determinado alimento?

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  • Proteases

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    No! A escolha de um tipo especfico de protease depende: Da natureza do substrato: composio qumica, tipos de

    ligaes... Do objetivo do processo de hidrlise: obteno de peptdeos

    com cadeias proticas maiores, menores, ou at mesmo, aminocidos livres;

    Condies do processo: pH e temperatura.

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  • Proteases

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    Fontes: so produzidas por todos os seres vivos. Proteases vegetais: papana (mamo), bromelina (abacaxi) e

    ficina (figo); Proteases animais: renina (estmago de bezerros), pepsina,

    (estmago, processo de digesto), tripsina, quimiotripsina (pncreas), catepsinas e calpanas (msculos );

    Proteases microbianas: bactrias e fungos.

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  • Aplicaes industriais das proteases

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    Clarificao de cerveja: Durante a maturao da cerveja: baixa temperatura

    (insolubilizao de complexos protena-fenol, naturalmente presentes no malte e nos cereais utilizados para produo de cerveja);

    Resultado indesejvel: turvao da cerveja; Aplicao de proteases especficas (papana): hidrolisam as

    protenas evitando a insolubilizao.

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  • Aplicaes industriais das proteases

    49

    Clarificao de cerveja: controle do processo de hidrlise indispensvel!

    Funo tecnolgica da protena: formao de espuma; Aplicao de proteases sem o controle do processo: altos

    graus de hidrlise; Cerveja com pouca ou sem espuma?

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  • Aplicaes industriais das proteases

    50

    Amaciamento de carnes: Processo convencional: maturao baixas temperaturas de 10

    dias at 1 ms = altos custos, perda de peso por ressecamento; A aplicao de proteases acelera esse processo hidrolisando as

    protenas da carne e aumentando o grau de maciez (caracterstica altamente desejvel);

    Proteases mais aplicadas: papana e bromelina.

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  • Aplicaes industriais das proteases

    51

    Coagulao do leite: produo de queijos. A aplicao de proteases provoca a hidrlise de protenas

    presentes no leite (k-casenas), desestabilizando a emulso = formao de cogulos de protena;

    A renina a protease mais utilizada: alto grau de especificidade pela protena do leite.

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  • Aplicaes industriais das proteases

    52

    Coagulao do leite: produo de queijos. A hidrlise deve ser limitada ; Altos graus de hidrlise: liberao de peptdeos de sabor

    amargo, destruio do cogulo e comprometimento da textura = caractersticas sensoriais indesejveis e baixo rendimento;

    Controle do processo: tempo de hidrlise, concentrao da enzima, tipo e grau de especificidade da enzima pelo substrato.

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  • Aplicaes industriais das proteases

    53

    Panificao: importante saber! O trigo possui duas protenas importantssimas: gliadina e

    glutenina; essas protenas so responsveis pela formao do famoso glten;

    Funo tecnolgica do glten: formao de uma rede protica que permite a expanso da massa pela reteno de gs produzido por micro-organismos durante a fermentao;

    Confere elasticidade e maciez ao po! Mas se essa rede protica for muito forte, o que pode acontecer?

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  • Aplicaes industriais das proteases

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    Formao de glten com fora muito elevada = pes com caracterstica emborrachada e sem volume;

    A fora do glten determinada em funo do seu contedo protico;

    Proteases so utilizadas para regular a fora do glten: Quebram ligaes peptdicas, diminuindo a fora do glten; necessria uma anlise prvia da matria-prima para saber o

    nvel de glten; Reduzem at 30% do trabalho mecnico (tambm utilizado para

    regular a fora do glten) = reduo de tempo de trabalho.

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  • Aplicaes industriais das proteases

    55

    Problema: se eu fosse responsvel por um processo de produo de pes e a protease que estou utilizando passasse mais tempo que o indicado ou utilizei uma concentrao maior que a necessria, o que aconteceria com a minha massa?

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  • Aplicaes industriais das proteases

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    Mais uma vez: controle dos parmetros de processo indispensvel!

    Maior concentrao da enzima, tempo de reao elevado, enzima inespecfica = alto grau de hidrlise do glten = perda de fora, elasticidade e maciez.

    Na produo de biscoitos, um efeito desejvel: diminuio do teor de glten (massa mais compacta e crocante).

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  • Aplicaes industriais das proteases

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    Aspectos positivos da aplicao de proteases em farinhas com alto teor de protena: Permite a elaborao de produtos diversos com alto valor

    nutricional: farinha com baixo teor de protena x farinha com alto teor de protena hidrolisada;

    Evita perdas por deformao em biscoitos e bolos; Minimiza a utilizao de substncias qumicas: metabissulfito de

    sdio (tambm utilizado para regular a fora do glten); Economia de tempo e dinheiro: diminuio do trabalho mecnico.

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  • Aplicaes industriais das proteases

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    Obteno de hidrolisados proticos: podem ser utilizados como ingredientes em vrios alimentos para conferir: Sabor caracterstico; Alterar textura; Emulsificar; Produzir espuma; Aumentar o valor nutricional.

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  • Aplicaes industriais das proteases

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    Elaborao de hidrolisados proticos: Carne bovina e peixe: flavorizantes em temperos, caldos, sopas e

    molhos; Soja: hidrlise aumenta a funcionalidade da protena; Leite: utilizados na elaborao de produtos para pessoas com

    alergia protena do leite; mantem o valor nutricional; Ovo: utilizados como emulsificantes em misturas pr-prontas

    (mistura para bolo, pudim, mingau...); Estudos recentes: atividade antioxidante, antiadipognica,

    antibacteriana, anti-inflamatria e antihipertensiva.

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  • Produtos disponveis no mercado

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    Frmulas lcteas especiais: Para as crianas com intolerncias e alergias alimentares mais importantes ainda dispomos das frmulas hidrolisadas, semielementares e elementares, que so frmulas base de hidrolisados proticos ou aminocidos puros, que raramente so intolerados. (Nestl)

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  • Produtos disponveis no mercado

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    Suplementos para praticantes de atividade fsica: Os hidrolisados proticos tm sido amplamente utilizados devido s suas propriedades funcionais e tecnolgicas em diversos produtos alimentcios para melhorar caractersticas fsicas, qumicas e funcionais dos alimentos, sem prejudicar o seu valor nutritivo. Alm disso, o suplemento mais bem sucedido atualmente para os praticantes de atividade fsica. (SNC - Sports Nutrition Center ).

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  • Produtos disponveis no mercado

    62

    Amaciantes de carne: Tempera e amacia qualquer tipo de carne. feito com papana, extrato de mamo e uma combinao de vrios temperos, sem alterar o sabor das carnes e mantendo suas caractersticas nutricionais. (Nestl).

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  • Lipases

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  • Lipases

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    So enzimas que catalisam hidrlise de leos e gorduras, liberando cidos graxos livres, diacilgliceris, monoacilgliceris e glicerol;

    Funes metablicas de extrema importncia: enzimas digestivas, participao em reaes de deposio e mobilizao do tecido adiposo.

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  • Lipases

    65

    Fontes: Animais: a mais estudada e aplicada industrialmente a lipase

    pancretica (extrada de sunos); Vegetais: abundantes em sementes oleaginosas (participam de

    processos de germinao); Microbianas: est ganhando grande ateno de pesquisadores

    (grande nmero de micro-organismos, produo em maior escala, possibilidade de manipulao gentica).

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  • Lipases

    66

    Importncia em alimentos: rancidez hidroltica! Hidrlise de triglicerdeos presentes nos alimentos: liberao de

    cidos graxos volteis e de odor desagradvel; Rejeio dos produtos pelo consumidor; Alimentos envolvidos: leite, gros, farinhas, farelos (as lipases

    esto naturalmente presentes); inativao trmica = soluo!

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  • Aplicaes industriais das lipases

    67

    Maturao acelerada de queijos: So aplicadas enzimas lipolticas de origem microbiana ou animais; Atuam hidrolisando as molculas de gordura do leite, liberando

    cidos graxos: aroma e sabor caractersticos; Reduo do tempo de maturao de meses para algumas semanas =

    diminuio de custos, melhores caractersticas sensoriais. Ex.: Queijo roquefort (Micro-organismo: Penicillium roquefortii)

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  • Aplicaes industriais das lipases

    68

    Panificao: Hidrlise de triglicerdeos: formao de mono e diglicerdeos com

    propriedades emulsificantes; Maior capacidade de reteno de ar = melhor textura; Maior capacidade de reteno de gua = maior vida de prateleira; Fabricao de pes light: a aplicao de lipases dispensa o uso de

    gordura para incrementar a maciez do produto; Lipdeos da massa: no hidrolisados = sem propriedades

    emulsificantes; Lipdeos da massa: hidrolisados = com propriedades emulsificantes.

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  • Aplicaes industriais das lipases

    69

    Elaborao de leos e gorduras estruturados: So leos modificados ou sintetizados quimicamente e

    enzimaticamente compostos por cidos graxos de cadeia curta, mdia e longa com a finalidade de melhorar aspectos nutricionais e tecnolgicos.

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  • Aplicaes industriais das lipases

    70

    Elaborao de leos e gorduras estruturados: uso nutricional cidos graxos de cadeia longa = mais difceis de serem

    digeridos; cidos graxos hidrolisados de cadeias curta e mdia: molculas

    menores prontamente absorvidas pelo organismo; Essa tecnologia utilizada para elaborao de leos

    teraputicos = maior absoro pelo organismo; Importante no tratamento de pessoas com dificuldades de

    digesto e absoro de lipdeos.

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  • Aplicaes industriais das lipases

    71

    Elaborao de leos e gorduras estruturados: uso tecnolgico Elaborao de substituintes da manteiga de cacau; Manteiga de cacau: cido olico, palmtico e esterico = ponto

    de fuso especfico (derrete na boca a 37C; propriedade rara em gorduras);

    Fornecimento de manteiga de cacau: instvel e preos variveis! A modificao com lipases especficas pode levar a formao de

    leos com essas caractersticas.

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  • Produtos disponveis no mercado

    72

    A empresa Unilever comercializa um sucedneo dos lipdeos do leite humano com o nome comercial BETAPOL, que foi o primeiro lipdeo estruturado comercial obtido por via enzimtica; utilizado na alimentao de recm-nascidos (refora o sistema imunolgico, aumenta a absoro de clcio e cidos graxos).

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  • Oxirredutases

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  • Oxirredutases

    So enzimas que realizam reaes de oxirreduo; Muitas vezes indesejadas em alimentos: mudanas de colorao,

    rancidez, perda de aroma e de valor nutricional em produtos de origem vegetal.

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  • Oxirredutases

    Principais enzimas do grupo das oxirredutases: Polifenol-oxidases; Peroxidases; Lipoxigenases; Catalases; Glicose-oxidases; Xantina-oxidases; Ascorbato-oxidases.

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  • Oxirredutases: polifenol-oxidases

    So enzimas que possuem a capacidade de oxidar compostos fenlicos na presena de O2;

    Levam formao de quinonas: altamente reativas; Reaes de condensao entre quinonas e outros componentes do

    alimento: compostos de cor escura (melaninas); Fontes: animais, vegetais, bactrias e fungos; Funes biolgicas de grande importncia em vegetais:

    mecanismos de defesa contra micro-organismos e insetos.

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  • Oxirredutases: polifenol-oxidases

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  • Oxirredutases: polifenol-oxidases

    Implicaes do escurecimento enzimtico em alimentos: Rejeio pelo consumidor: associao da cor escura com

    alimento estragado; Formao de odores indesejveis; Perda de valor nutricional: destruio de aminocidos

    (fenilalanina e tirosina); Muitos efeitos indesejveis!

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  • Oxirredutases: polifenol-oxidases

    Como fazer pra prevenir o acontecimento dessas reaes? Supresso de O2: a enzima dependente da presena de O2

    para agir; Reduo do pH: so inativadas em valores de pH abaixo de 3,0; Branqueamento: tratamento trmico (70C/3min) inativa a

    enzima; Adio de inibidores qumicos: sulfitos.

    Todos os mtodos apresentam vantagens e desvantagens!

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  • Oxirredutases: polifenol-oxidases

    O escurecimento enzimtico nem sempre indesejvel: responsvel pela formao de cor caracterstica de diversos produtos.

    80

    Ameixa Cacau Caf Uva passa

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  • Oxirredutases: peroxidases

    So enzimas capazes de oxidar diferentes compostos , na presena de perxidos, gerando radicais livres;

    So encontradas em vegetais, animais e micro-organismos; Funo biolgica em vegetais: sntese de fitohormnios,

    amadurecimento, mecanismos de defesa; Altamente estvel temperatura; Possui a capacidade de regenerar-se: tratamento trmico

    eficiente, essa capacidade diminui.

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  • Oxirredutases: peroxidases

    Importncia em alimentos: Desaparecimento de aroma caracterstico e aparecimento de

    aromas estranhos: vegetais congelados; Alterao da cor; Diminuio do valor nutritivo: oxidao da vitamina C e de

    aminocidos; So utilizadas como controle para tratamentos trmicos:

    termoresistncia.

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  • Oxirredutases: lipoxigenases

    So enzimas que catalisam a oxidao de cidos graxos poli-insaturados contendo uma ligao especfica (sistema cis-1;4-pentadieno);

    Dependente da presena de O2; Levam formao de compostos de baixo peso molecular:

    aldedos e cetonas responsveis pelo odor de rano; Produzidas por plantas (de maior interesse), animais e micro-

    organismos.

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  • Oxirredutases: lipoxigenases

    Importncia em alimentos: aspectos indesejveis Formao de compostos e aroma desagradvel; Alteraes de textura; Comprometimento do valor nutricional: tm afinidade pelos

    cidos linolico e linolnico (destruio de cidos graxos essenciais);

    Destruio de pigmentos e vitaminas; Alimentos envolvidos: leos vegetais, gros (milho, ervilha,

    soja), farinhas e farelos.

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  • Oxirredutases: lipoxigenases

    Importncia em alimentos: aspectos desejveis Panificao: promovem o branqueamento de farinhas de trigo

    (destruio de carotenides que podem conferir cor indesejvel em alguns produtos); melhoram a textura; aumento do volume e da resistncia da massa durante o trabalho mecnico.

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    Lipoxigenases

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  • Oxirredutases: catalases

    Grande importncia no metabolismo celular dos seres vivos: destruio de produtos txicos (perxido de hidrognio);

    Pode ser considerada uma enzima protetora com capacidade antioxidante;

    Fontes: animais, vegetais e micro-organismos.

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  • Oxirredutases: catalases

    Importncia em alimentos: tecnologia do leite. Adulterao de leite: adio de gua oxigenada para preservao do leite; A catalase, naturalmente presente no leite, degrada a gua oxigenada: a

    enzima consumida; A enzima utilizada como parmetro de qualidade na indstria do leite:

    leite com catalase (qualidade assegurada), leite sem catalase ou com pequena quantidade (indcio de fraude!);

    Leite com H2O2:

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  • Consideraes finais

    A tecnologia enzimtica aplicada alimentos sempre ser uma aliada na obteno de produtos de melhor qualidade: tecnolgica, sensorial e nutricional;

    Todo processo depende de controle para que os alimentos oferecidos aos consumidores apresente um alto padro;

    Nosso papel como estudantes, pesquisadores, professores e profissionais da rea de alimentos utilizar a tecnologia a nosso favor, permitindo a produo de alimentos cada vez mais atrativos, saudveis e nutritivos.

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  • Obrigado pela ateno!

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    Contato: [email protected]

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