25
Roteiro Teatral Um Canto de Natal

Roteiro Teatral Um Canto de Natal - rl.art.br · ATO I Cenário - Uma praça. Se possível, colocar uns vasos de plantas, para dar alguma vida. A praça tem dois bancos principais,

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Roteiro Teatral Um Canto de Natal - rl.art.br · ATO I Cenário - Uma praça. Se possível, colocar uns vasos de plantas, para dar alguma vida. A praça tem dois bancos principais,

Roteiro Teatral

Um Canto de Natal

Page 2: Roteiro Teatral Um Canto de Natal - rl.art.br · ATO I Cenário - Uma praça. Se possível, colocar uns vasos de plantas, para dar alguma vida. A praça tem dois bancos principais,

Elenco de personagens

Jizo Baboushka: Papai Noel.

Ladrão: Interpretado pelo mesmo ator.

Mendiga: Interpretado pelo mesmo ator.

Velho Perdido: Interpretado pelo mesmo ator.

Mauro: Garoto que lidera o grupo.

Pivete: Ex-deliquente que está

fazendo de tudo para se

recuperar.

Chico: Integrante do grupo, de

excelente coração.

Nando: Meio apoquentado, faminto e

questionador.

Bete: Única menina do grupo, faz de

tudo pelos amigos.

Page 3: Roteiro Teatral Um Canto de Natal - rl.art.br · ATO I Cenário - Uma praça. Se possível, colocar uns vasos de plantas, para dar alguma vida. A praça tem dois bancos principais,

ATO I

Cenário - Uma praça. Se possível, colocar uns vasos de

plantas, para dar alguma vida. A praça tem dois bancos

principais, oblíquos em relação ao centro do palco. Entre

eles, uma pequena barraca, armada com sacos de lixo

pretos.

Ao fundo um painel de uma cidade. Pequenas luzes

coloridas, dão a ideia de que as casas e apartamentos

estão enfeitados para as festas de fim de ano.

Músicas natalinas, bem ao fundo.

Cena 1

Quatro garotos, meninos e meninas, de rua,

maltrapilhos, vão chegando e se arrumam.

Conversam sobre as ações do dia.

MAURO

Caramba!... Essa vai ser uma noite fria!...

BETE

Fria é pão!... Ontem quase eu tive um troço... O

Nando cismou de puxar o meu cobertor...

NANDO

Cobertor? Que cobertor, Bete?... Aquele trapo?... Só

buraco, meu...

BETE

É, né Nando?... Só buraco, mas tu não deixou eu

dormir direito... (T) Quando eu me cobria e tava

pegando no sono dava aquele frio... Já estava eu

descoberta, de novo!

(Risos)

MAURO

A gente vai resolver isso!

PIVETE

Podexá, Nando... EU vou resolver isso!... Vou meter o

bicho no primeiro que passar e amanhã a gente compra

dez cobertas...

MAURO

Pivete, você não se exempla, mesmo, heim? Acabou de

fugir do centro de recuperação...

BETE

Pois é, Pivete... E cada vez que tu foge, parece que

vem pior...

PIVETE

Que pior, o quê? Eu sou é mau, mana... Tem prédio

nenhum que vai me segurar... Além do mais, eu fugi,

sim... Mas porque tava com saudade de vocês... E sabe

(MORE)

(CONTINUED)

Page 4: Roteiro Teatral Um Canto de Natal - rl.art.br · ATO I Cenário - Uma praça. Se possível, colocar uns vasos de plantas, para dar alguma vida. A praça tem dois bancos principais,

CONTINUED: 2.

PIVETE (cont’d)por que eu roubava,porque aqui a vida é tão

devagar...Por isso que eu roubava...

Enquanto isso, Bete tira de um saquinho alguns "restos" de

ornamentação natalina e pendura no cenário.

MAURO

Não é isso, meu irmão, a gente pode trabalhar... Não

é só roubando que a gente ganha dinheiro...

PIVETE

Tu tem razão!... Tu tem razão!... Mas vamo ver... O

que vocês arrumaram hoje?

BETE

Eu arrumei muita coisa.. Olha só.

Coloca algumas coisas no banco. Um panetone; um litro de

refrigerante; alguns pães e uma boneca velha.

BETE

Ganhei também um iorgute, mas eu comi, né? Tava com

uma fome... Olhem!... Até uma boneca eu ganhei!

PIVETE

Esse troço velho, fedorento...

Pega a boneca e joga longe.

BETE

Minha boneca!

(Vai atrás)

PIVETE

E cadê o "assado"?... Um peru... Um

pernil...Todonatal que se preza tem um assado na

mesa... Quem vai trazer pa nós?... Tua mãe?

MAURO

Tu sabe que que não tenho mãe!

NANDO

Nem eu!...

BETE

(Voltando)

A minha eu não conheço!... Fui criada em um orfanato!

NANDO

Eu também consegui algumas coisas, olhem aqui...

Mauro pega e coloca em cima do banco.

MAURO

(tirando de uma sacola)

legal!... Mais um refrigerante, um bolo e uma

quentinha...

(CONTINUED)

Page 5: Roteiro Teatral Um Canto de Natal - rl.art.br · ATO I Cenário - Uma praça. Se possível, colocar uns vasos de plantas, para dar alguma vida. A praça tem dois bancos principais,

CONTINUED: 3.

PIVETE

E tu, Mauro? Tu não é o bonzão? O que tu conseguiu?

MAURO

Pera lá... (T)Tá aqui, ó!... Tava engraxando sapatos

e consegui doze reais!... Fora um lanchinho que

pagaram pra mim...

PIVETE

E agora, bora ver o meu... O fraco, aqui...

(tira umas notas do bolso)

Ó!... Podem contar! Setenta e cinco reais, meu...

BETE

Caramba!... Setenta e cinco?

PIVETE

Aqui tem eco, é?... Eu não disse?... Setenta e cinco,

galera... Porcaria "panetone, bolo, refrigerante"...

Isso é que é dinheiro, parceiros...

MAURO

Tu roubou essa grana,Pivete?

PIVETE

Eu dei meu jeito...

NANDO

Ele roubou, tenho certeza...

Pivete, empurra o amigo.

PIVETE

Ei, que negócio é esse de "roubou"... Tá ficando

doido, é? Eu não prometi pra Bete que não ia mais

roubar?

BETE

E tu fez o que, então?

PIVETE

(bem baixinho evai aumentando a cada

pergunta)

Eu trabalhei!

MAURO

o quê?

PIVETE

Eu trabalhei!

NANDO

A gente não está ouvindo...

PIVETE

(fala alto)

Eu trabalhei!... Bando de gente surda!

(CONTINUED)

Page 6: Roteiro Teatral Um Canto de Natal - rl.art.br · ATO I Cenário - Uma praça. Se possível, colocar uns vasos de plantas, para dar alguma vida. A praça tem dois bancos principais,

CONTINUED: 4.

Os três se olham.

MAURO

Sério, Pivete?... Tu trabalhou, mesmo?

PIVETE

Fazer o quê, né? Alguém tinha que garantir o nosso

natal...

Bete corre e o abraça.

BETE

Estou tão feliz, Pivete, que se eu não fosse uma

menina de rua eu ia chorar de felicidade... Quer

saber, eu vou chorar, mesmo...

Ela chora. Os amigos se abraçam.

PIVETE

Bom, eu não "trabalhei" de verdade...

BETE

Ai, meu deus!

MAURO

Conta logo aí, mano... O que tu fez!

PIVETE

Eu tava lá no ponto, onde me reúno com a minha

gang...

BETE

Ó!...

NANDO

Eu tô sabendo!...

PIVETE

Calma! Deixa eu terminar...

MAURO

Deixa ele contar...

PIVETE

Pois é... Eu tava lá, contando pra eles que vou dar

um jeito na minha vida... Já vi dois amigos meus

tobarem mortos, quase nos meus pés... Tu é doido,

é?...Eu quero viver!... Aí, de repente, um deles

correu e pegou a bolsa de uma madame... E grita pega

ladrão daqui, pega ladrão dali...Eu corri atrás

dele... Quando a polícia ia chegando, ele jogou a

bolsa pra mim... Eu corri!...Mas corri de volta e

entreguei abolsa pra madame!...

BETE

Nossa!... Meu herói!

(CONTINUED)

Page 7: Roteiro Teatral Um Canto de Natal - rl.art.br · ATO I Cenário - Uma praça. Se possível, colocar uns vasos de plantas, para dar alguma vida. A praça tem dois bancos principais,

CONTINUED: 5.

PIVETE

Foi o que ela disse!... Me agradeceu e me deu esses

setenta e cinco reais, dizendo que só tinha aquilo em

dinheiro... No início, eu não quis, mas ela

insistiu... Fazer o quê, né?

NANDO

Bonita sua atitude...

PIVETE

E ainda ganhei um beijo da madame...

BETE

"Safadinho"!...

PIVETE

É, mas nunca mais posso voltar lá no ponto...

BETE

Estou muito feliz com você...

Vai entrando um outro menino. É Chico.

CHICO

E aí, mulecada!... Como estão os prepartivos para a

nossa festa de natal?

BETE

Eu estou animada... Conseguimos comida,

bolo,panetone... E até dinheiro... olha, até já

decorei a nossa pracinha...

CHICO

Pô, que legal... Eu também descolei uns troços, meus

parceiros... Pera aí...

Ele coloca uma sacolinha no banco.

CHICO

vejam só!... Consegui rabanadas, uma fatia imensa de

bolo de chocolate...

BETE

Adoro chocolate!...

CHICO

Pera, tira a mão que tem mais... Cinco copos de sucos

de cupuaçu

As crianças ficam animadas com as coisas que são colocadas

no banco.

CHICO

E ainda descolei oito reais...

(CONTINUED)

Page 8: Roteiro Teatral Um Canto de Natal - rl.art.br · ATO I Cenário - Uma praça. Se possível, colocar uns vasos de plantas, para dar alguma vida. A praça tem dois bancos principais,

CONTINUED: 6.

BETE

Uau!... Esse vai ser o nosso melhor natal!...

NANDO

Já podemos comer?

CHICO

Pivete, pega aquela caixa ali...

Pivete vai até um lado e arrasta uma caixa até o centro do

proscenio.

MAURO

E agora, uma surpresinha...

Pega sua mochila etira de dentro um pequeno pano com

motivos natalinos, cobre a caixa. Colocam as coisas em

cima. Ele pega uma vela e acende ao centro da improvisada

mesa.

BETE

Ficou lindo!

MAURO

Ganhei essas coisas no iníciodo verão... Uma senhora

ia jogar fora e eu pedi!

NANDO

Então?... ’Bora comer?...

PIVETE

Acho que agente deve cantar uma canção de natal,

antes...

BETE

Boa ideia... Eu começo... "Noite feliz..."

Nisso, entra um senhor se apoiando em um galho, como se

fosse uma bengala.

VELHO

Boa noite, meus filhos...

Bete se assusta,pois ele entra por detrás dela.

MAURO

Boa noite, senhor...

CHICO

Venha pra cá...

VELHO

Vocês, por acaso, sabem onde moro? Eu estou

perdido...

(CONTINUED)

Page 9: Roteiro Teatral Um Canto de Natal - rl.art.br · ATO I Cenário - Uma praça. Se possível, colocar uns vasos de plantas, para dar alguma vida. A praça tem dois bancos principais,

CONTINUED: 7.

NANDO

Não, senhor!...

VELHO

Eu quero voltar pra casa... Estou com muita fome!

NANDO

Caramba, ja vai querer o nosso!

BETE

Psiu!

PIVETE

O senhor tem ideia do endereço?...

VELHO

Nao!... Mal estou me aguentando de pé!

Os meninos oajudam a sentar-se no banco da praça.

VELHO

Obrigado!... Nossa!... Quanta comida!

NANDO

Não disse!...

BETE

Psiu!...

Eles se olham, discretamente, consultandoo que devem

fazer, com gestos que não são percebidos pelo velho, que

observa atentamente a "mesa"

VELHO

Uma linda mesa de natal!... Posso comer um pouquinho?

MAURO

Acho que sim!... Quero dizer, claro que sim...

CHICO

Pode, sim...Coma à vontade... Tem bastante!

NANDO

Como assim "bastante"...?

VELHO

Quero um pedaço daquele bolo com suco de cupuaçu...

Eu sei que tem aí na mesa...

Bete o serve. Ele come ávidamente.

VELHO

Muito obrigado, meus filhos... Meu mal era fome,

mesmo... Também, ninguém merece ficar com fome em uma

noite de natal, não é mesmo? Até lembrei onde moro...

É um prédio vermelho e verde lá na rua da Esperança,

numero 25... Posso pegar mais umas coisinhas?

(CONTINUED)

Page 10: Roteiro Teatral Um Canto de Natal - rl.art.br · ATO I Cenário - Uma praça. Se possível, colocar uns vasos de plantas, para dar alguma vida. A praça tem dois bancos principais,

CONTINUED: 8.

Sem que osmeninos autorizem ele vai pegando algumas

coisas. Depois se despede.

VELHO

Muito obrigado, meus garotos...Que menina linda!...

Estou me sentindo mais forte, agora... Tenham um

ótimo natal...

Ele sai.

NANDO

Caramba, o velho tava com muita fome... Eu, heim?

BETE

Ele me achou linda!

PIVETE

Lindo foi o estrago que ele fez na nossa mesa...

MAURO

Que nada... Ainda sobrou muita coisa... Eufiquei

feliz de ajudar... Vocês viram? Ele nem sabia onde

morava...

NANDO

Sei lá,pra mim foi golpe... Foi só comer, lembrou...

BETE

Que nada... Os velhos esquecem as coisas... Meu avô

esquecia até da gente... Ele esquecia até que já

tinha comido...

MAURO

Isso é chamado de Mal de Alzheimer... As pessoas

esquecem das coisas, dos nomes,do rosto dos

parentes...

NANDO

É maiseu não esqueci que tô com fome... Tô

brocado!...

PIVETE

Eu também!

Ouvem uns ais.

IDOSA

(Off)

Ai!... Ai...

NANDO

Não!... O que é agora?

BETE

É uma senhora!... Vamos lá ajudar...

Eles vão até a lateral e voltam com uma mendiga, que traz

uma sacola.

(CONTINUED)

Page 11: Roteiro Teatral Um Canto de Natal - rl.art.br · ATO I Cenário - Uma praça. Se possível, colocar uns vasos de plantas, para dar alguma vida. A praça tem dois bancos principais,

CONTINUED: 9.

IDOSA

Ai!... Dores nas juntas!... Boa noite, meus

netinhos... Que linda mesa de natal!

NANDO

Iiiih!

CHICO

Psiu!

MAURO

É a nossa ceia...

IDOSA

Muito bonita!... Posso ceiar com vocês?

PIVETE

Lá se vai nossa janta!...

IDOSA

(Encara Pivete)

Mas não se preocupem...Eu trouxe minha própria

comida...

NANDO

Até que enfim!

IDOSA

E posso até dividir com vocês...

CHICO

Viu, Nando?

BETE

É mesmo? O que a senhora tem aí?...

IDOSA

Muita coisa, meus netinhos... Muita coisa... Um monte

de frutas... Uvas, maçãs, peras... Ui! tem até

morangos...

BETE

Deixa eu ver!

IDOSA

Catei tudo numa lixeira que tem bem ali...

Ao abrir a sacola ela percebe o mau cheiro das coisas do

lixo...

BETE

Caramba!... Mas tá tudo estragado, vovó!

IDOSA

Tá nada!... Eu peguei agorinha... Tá fresquinho!

(CONTINUED)

Page 12: Roteiro Teatral Um Canto de Natal - rl.art.br · ATO I Cenário - Uma praça. Se possível, colocar uns vasos de plantas, para dar alguma vida. A praça tem dois bancos principais,

CONTINUED: 10.

MAURO

É mesmo, senhora... Tá tudo podre!

IDOSA

Que podre, o quê? Vocês é que estão querenddo ficar

com as minhas frutas... Me dá aqui!

NANDO

Dá pra ela... Pra ela ir embora logo!

IDOSA

Vocês estão querendo estragar a minha linda noite de

natal, seus pestinhas... Me dá aqui, logo...

Mauro vai entregar asacola para ela, mas Bete a pega,

primeiro.

BETE

Me dá isso aqui!

IDOSA

Ei, moleca!... Ai, minhas pernas!... Se eu pudesse

correr tu ia ver só!...

Ela tenta se levantar, mas não consegue. Bete atira todo o

conteúdo da sacola em uma lixeira, ali perto. Se possível,

colocar as lixeiras seletivas mais conhecidas. Ela coloca

na certa.

PIVETE

O que tu tá fazendo, Bete?

BETE

Lugar de lixo é na lixeira...

IDOSA

Lixo nada, tá?... Isso era meu jantar... E agora, o

que eu vou comer...

MAURO

A Bete tá certa... Se alguém comesse essas frutas

estragadas ia passar mal...

NANDO

Já entendi!... Minha senhora, aquelas frutas iam dar

dor de barriga na senhora...

IDOSA

Será???... Mas eu estou com fome!... Vou procurar

mais... Se eu achar, trago aqui pra vocês, tá? Me

ajude a levantar...

Nando a ajuda. Ela já está caminhando, devagar, quando

Bete junta algumas coisas e dá em uma sacolinha pra ela.

(CONTINUED)

Page 13: Roteiro Teatral Um Canto de Natal - rl.art.br · ATO I Cenário - Uma praça. Se possível, colocar uns vasos de plantas, para dar alguma vida. A praça tem dois bancos principais,

CONTINUED: 11.

BETE

Não precisa procurar, vovó... Tome essas coisas aqui

pra senhora não passaro natal com fome... Não é,

Nando?

NANDO

É.. É... Claro!... Uma senhora dessa idade já deve

ter a saúde fraca... Não pode ficar por aí, comendo

lixo!

CHICO

Gostei de ver, Nando.

Eles batem palmas.

MAURO

Goste dever sua ação, Bete...Ela pode ser a avó de

qualquer um de nós...

IDOSA

Muito obrigado, meus netinhos... desculpem por ter

chamado vocêsde pestinhas... Vocês são uns amores...

CHICO

Eu ajudo a senhora...

Ela vai saindo lentamente, ajudada por chico. Depois.

NANDO

Caramba!... Sabia que eu até fiquei com água na boca

dos morangos que ela falou?

PIVETE

E como tu se sente agora, que ela levou mais um

montão de nossa ceia?

NANDO

Sei lá... Não tô me sentindo mal, não... Tô com fome,

mas tô legal... E querem saber?... Amanhã vou

procurar essa vovó e vou dizerpara ela vir comer aqui

com a gente, todos os dias...

T0DOS

Êêêêê!

MAURO

É verdade!... A gente chama ela pra morar no nosso

cantinho, com a gente, no nosso barraco...

BETE

E já teremos uma avó!

MAURO

Eu gostei da ideia!

(CONTINUED)

Page 14: Roteiro Teatral Um Canto de Natal - rl.art.br · ATO I Cenário - Uma praça. Se possível, colocar uns vasos de plantas, para dar alguma vida. A praça tem dois bancos principais,

CONTINUED: 12.

PIVETE

Ter uma avó é legal! Mas o canto da gente não vai dar

a vovó!...

MAURO

A gente aumenta...

NANDO

E querem saber ainda mais?... Eu continuo com fome!

vamos "buxar"?

MAURO

"Buxar"?

NANDO

É!...Encher o "bucho"!

Todos riem. E vão se preparando para comer entra o ladrão.

mantem uma mão no bolso do casaco, como se tivesse uma

arma.

LADRÃO

Ei, molecada... Mãos pra cima!... Nuossa, quanta

comida... (Mexe e come)Estão ricos, heim? Cadê os

pais de vocês, meus camaradas? Que eu tô afim de

pegar uns trocados...

MAURO

A gente não tem pai, não!

LADRÃO

E as mães, cadê?

BETE

Também não temos mães, não...

PIVETE

É!... Nós somos órfãos...

LADRÃO

(Ri)

Órfãos!... Que mané órfãos, o quê... Órfão é filho de

rico, vocês são é moleques de rua, seus doidos...

Nossa,tem muita coisa gostosa aqui...

Come, estragando, algumas das coisas.

LADRÃO

(Comendo)

Antes que eu esqueça, passem os celulares...

BETE

A gente não tem celular, não senhor...

LADRÃO

Não tem celular?... Como assim, não tem celular?...

Todo moleque tem um celular, hoje em dia...

(CONTINUED)

Page 15: Roteiro Teatral Um Canto de Natal - rl.art.br · ATO I Cenário - Uma praça. Se possível, colocar uns vasos de plantas, para dar alguma vida. A praça tem dois bancos principais,

CONTINUED: 13.

MAURO

É, mas a gente não tem!... A gente é pobre, meu

amigo...

LADRÃO

Pobre o quê? Eu manjo aquele moleque ali... Aquele

pivete ali é trombadinha dos bons... Já vi o pirralho

em ação... Tu é bom, heim, moleque!... Mas, cuidado

pra não cair na gaiola... Se eu fosse tu, eu sai

dessa... Ontem, mesmo,perdi um cumpadi... O bseouro

sem asa achoumeu parceiro...

Os meninos estão calados, atentos. No barulho do tiro eles

se assustam. Na hora em que ele faz a menção do tiro, tira

a mão de dentro do casaco e vê-se que não possui arma

alguma.

LADRÃO

Agente tava fazendo um posto... Tinha um carro parado

lá... Abastecendo... Era um policial, mano... Ele viu

nós agindo, sem que a gente percebesse, ele saiu... E

PÁ!... Ja era meu mano... Ah! perceberam que não uso

arma, né?...Palhaçada, nãob é mermo?... Bom, galera,

já vi que vocês tão ferrados, mesmo...Tô saindo!...

Vou só pegar umas coisinhas pra matar a broca...

Valeu, heim?

Ele sai, tão rápido quanto chegou.

MAURO

Caramba! Essa foi por pouco!

NANDO

Como assim "por pouco"?... O cara acabou com a nossa

comida!

BETE

Tô tremendo até agora... Pensei que ele ia fazer um

baculejo na gente... Ia levar todo o nosso

dinheiro...

PIVETE

Cara, quando ele deu aquele tiro com a boca minha

alma chegou a desmaiar...

BETE

Eu até pensei que era de verdade!... Pivete, eu tô

muito feliz por tu ter mudado de vida, meu amigo...

Nunca queria que tu se transformasse nesse tipo de

gente... Eu gosto muito de ti!

MAURO

Eu também estou muito feliz por você, Pivete...

Aliás, não devemos mais te chamar de Pivete... Temos

que chamar pelo seu nome... Que é? Quem sabe o nome

do Pivete?

(CONTINUED)

Page 16: Roteiro Teatral Um Canto de Natal - rl.art.br · ATO I Cenário - Uma praça. Se possível, colocar uns vasos de plantas, para dar alguma vida. A praça tem dois bancos principais,

CONTINUED: 14.

BETE

É... Eu sei, eu sei... É... Não lembro!...

NANDO

É... Eu sei que termina em Naldo...

PIVETE

Que Naldo, o quê!... Tu é doido, é?... Meu nome é

lindo... As mina pira só de ouvir...

BETE

Diz logo, qual é?

MAURO

Vamos fazer o seguinte... Hoje é uma noite especial,

noite em que nasceu Jesus...

NANDO

A gente sabe!

BETE

Calma!... Deixa o Mauro falar!...

MAURO

A gente vive juntos há seis meses e nem se conhece

direito... Só nos chamamos pelos apelidos... Vamos

aproveitar a oportunidade e descobrir os nossos nomes

de verdade, que tal?

BETE

Eu acho uma ideia maravilhosa...

NANDO

Eu também gostei, mas e a nossa ceia? Não seria

melhora gente ir logo comprar alguma coisa, antes que

o comércio feche? Comeram nosso jantar todo...

MAURO

Calma!... Hoje o comércio fecha mais tarde... Além do

mais, temos que esperar o Chico... Ele jádeve tá

voltando...

BETE

Verdade... E ele tá demorando... Aquela vovó deve

morarlonge... Ou será que ela passou mal?

PIVETE

Eu tê torcendo pra ele ter conseguido mais algumas

coisinhas para nós...

BETE

Deixa eu ver... Ainda tem algumas coisas pra gente

comer... Mas, enquanto esperamos o Chico, vamos nos

conhecer melhor...

(CONTINUED)

Page 17: Roteiro Teatral Um Canto de Natal - rl.art.br · ATO I Cenário - Uma praça. Se possível, colocar uns vasos de plantas, para dar alguma vida. A praça tem dois bancos principais,

CONTINUED: 15.

MAURO

Vamo lá... Eu começo... Meu nome é Lucimauro Veloso

da Silva...

PIVETE

Lucimauro?

(Risos)

NANDO

Não é pra ninguém rir, hein? O meu nome é Orlando

Montenegro de Albuquerque... Tá, pra ti?

BETE

Nossa! Nome de... De...

MAURO

Nome de conde: Orlando Montenegro de Albuquerque!...

NANDO

Mentira... Não é nada disso!... É Orlando de Assis

Pinto... Mas, podem me chamar de Nando, mesmo.

BETE

Ah... Mas, era tão bonito: Orlando Montenegro de

Albuquerque!

NANDO

Pois é!... Fazer o quê?

MAURO

E o seu, Pivete...

NANDO

Eu sei que termina em Naldo!

PIVETE

Que Naldo, doido!... Dou dez pila pra quem

adivinhar...

BETE

Conta logo!...

PIVETE

Tá bom!... Senhoras e senhores, respeitável público,

com vocês,o único, o inigualável... Francenilson

Coelho Dutra

Silencio total. Por um tempo os meninos se entreolham. De

repente alguém deixa de prender o riso, devagar. Depois

caem em uma enorme gargalhada.

PIVETE

O que foi? É tão lindo, assim?

Mais gargalhada. Voltam, aos poucos.

(CONTINUED)

Page 18: Roteiro Teatral Um Canto de Natal - rl.art.br · ATO I Cenário - Uma praça. Se possível, colocar uns vasos de plantas, para dar alguma vida. A praça tem dois bancos principais,

CONTINUED: 16.

MAURO

Não é que seja lindo... Todos os nossos nomes são

bonitos, mas a gente pensou que era, sei lá um nome

estrangeiro... Richard, Wellington... Lawrence, sei

lá..

PIVETE

Lawrence, tu é doido é? Deixa, ta bom francenilson,

mesmo... Era o nome do meu pai!

MAURO

Beleza!... Feitas as apresentações, vamos ver o que

temos que comprar...

NANDO

Vamos comprar tudo de comida, tô com muita fome!

BETE

É!... Um enorme frango assado... Dois!

NANDO

Não!... Cinco!... Um pra cada um de nós!

MAURO

Nada disso!... Temos que ver as necessidades,

primeiro...

BETE

Como assim?

NANDO

Pelo jeito, não "como" assim!

PIVETE

Explica aí, Mauro...

MAURO

Eu sei que a gente pode ganhar mais dinheiro

amanhã... Mas e se a gente não ganhar?

BETE

E daí?

MAURO

Temos que comprar cobertores, por exemplo...

Comprando tudo em comida, se sobrar a gente não tem

onde guardar... Vai estragar!

BETE

É verdade!

PIVETE

Duvido!... Do jeito que eu estou brocado, se alguém

deixar eu devoro... Nham, nham, nham...

(CONTINUED)

Page 19: Roteiro Teatral Um Canto de Natal - rl.art.br · ATO I Cenário - Uma praça. Se possível, colocar uns vasos de plantas, para dar alguma vida. A praça tem dois bancos principais,

CONTINUED: 17.

MAURO

Bom, a gente tem oitenta e dois reais... E um resto

de comida aí...

BETE

Olhem está chegando o Chico!

NANDO

E vem trazendo alguém com ele...

PIVETE

Tomara que não seja polícia...

MAURO

Olha, Pivete...

PIVETE

Tô brincando, é o costume!...

Chico entra em cena trazendo consigo um velho senhor. Ele

está vestido com roupas rotas, mas que tem alguns detalhes

da roupa do Papai Noel, sem no entanto entregar ao

público.

CHICO

Boa noite, pessoal... Quero lhes apresentar meu

amigo, que conheci indagora...

TODOS

Oi!

CHICO

O nome dele é... É... Qual é o seu nome mesmo?

JIZO

Muito prazer!... Meu nome é Jizo... Jizo Baboushka.

BETE

Uia!... Jizo Babusca...

JIZO

Jizo Baboushka!

NANDO

Que chique!

MAURO

Pessoal, a gente deve se apresentar ao senhor...

Muito prazer, senhor, eu sou o Francimauro...

NANDO

Meu nome é Orlando, mas me chamam de Nando...

PIVETE

O meu Francenilson, mas me chamam de Pivete...

(CONTINUED)

Page 20: Roteiro Teatral Um Canto de Natal - rl.art.br · ATO I Cenário - Uma praça. Se possível, colocar uns vasos de plantas, para dar alguma vida. A praça tem dois bancos principais,

CONTINUED: 18.

JIZO

Francenilson é um nome muito bonito...

NANDO

O senhor acha?

BETE

Muito prazer, senhor, meu nome é Elizabete Correa

Cintra... Encantada!... Mas pode me chamar de Bete...

MAURO

É mesmo, a Bete não tinha dado o nome dela... Por

falar nisso, falta você dizer seu nome, Chico...

CHICO

Não tem problema!... Meu nome é Ricardo!...Ricardo

Marinho Vasconcelos...

MAURO

Ricardo?!... Mas como te chamam de Chico?

JIZO

Pode deixar que eu explico...

Chico fica apreensivo.

JIZO

Antes dele nascer, iam chamar ele de Francisco... Em

homenagem ao avô dele... Mas, depois que ele nasceu,

o pai dele na hora de fazer o registro colocou

Ricardo... Foi uma briga na família... E acabou

ficando assim: nome oficial, Ricardo... Mas, pra

família, Francisco... Ou chico!

BETE

Que legal... Bem diferente!

NANDO

É, mesmo... Dificilmente um Ricardo aceita ser

chamado de Chico... Taí, gostei!

MAURO

E onde tu encontrou o seu Jizo, Chico?

CHICO

Na verdade, ele que me encontrou... Quase me mata de

susto... Eu ia passando e ele me abordou!

JIZO

Eu achei você um menino muito legal... Vi quando você

ajudou aquela senhora a atravessar a rua... Vi quando

você deu aquele resto de sanduíche pro cachorrinho...

CHICO

Um moço que ajudei com uma mudança me pagou o almoço

e ainda me deu aquele sanduíche... Metade, na

verdade... E eu ia trazer pros meus amigos, mas ainda

(MORE)

(CONTINUED)

Page 21: Roteiro Teatral Um Canto de Natal - rl.art.br · ATO I Cenário - Uma praça. Se possível, colocar uns vasos de plantas, para dar alguma vida. A praça tem dois bancos principais,

CONTINUED: 19.

CHICO (cont’d)era cedo e ia estragar, então vi o cachorrinho com

fome e resolvi dar pra ele...

JIZO

Bom e o que nós temos para comer? Estou com uma broca

no estômago!...

Os meninos se entreolham. Jizo se levanta.

JIZO

Esperem aí, que vou lavar minhas mãos...

(Ele sai)

MAURO

Caramba, Chico... Tu sabe que a gente tá na pindaíba!

O pessoalpassou aqui e comeu todo o nosso jantar...

NANDO

Nossa, que noite de natal, hein?

BETE

A gente não tem mais nem pra gente...

NANDO

A gente brocado, e tu ainda traz gente mais brocada,

ainda... Chico, tu tá me ouvindo?

CHICO

Estranho!

BETE

O que é estranho, chico?

CHICO

Eu conheço ele há bem pouco tempo e ele contou a

história do meu nome pra vocês...

MAURO

Você não contou pra ele?

CHICO

Não!

NANDO

Pois, é... Um homem estranho, todo mulambento...

Eles se entreolham e vêm que estão nas mesmas condições de

roupas.

PIVETE

Ei, o que é isso? Não foi isso que a gente

combinou... Eu falei que quero mudar minha vida... E

comecei a mudar depois que conheci vocês... Achei

vocês um bando de meninos... E menina, legal! O que a

gente arranja, trabalhando ou ganhando é pra

repartir, não é?

(CONTINUED)

Page 22: Roteiro Teatral Um Canto de Natal - rl.art.br · ATO I Cenário - Uma praça. Se possível, colocar uns vasos de plantas, para dar alguma vida. A praça tem dois bancos principais,

CONTINUED: 20.

TODOS

É!

PIVETE

Então! E, mesmo sem querer, não foi o que a gente fez

hoje?

NANDO

É verdade!... Ajudamos os outros, mas vamos

passarnoite de natal com fome!

CHICO

A gente vai passar o natal com fome e com dinheiro no

bolso?

MAURO

Nada disso! Vamos pegar o dinheiro e comprar umas

comidas, uns refrigerantes, uns doces...

BETE

E os cobertores?

NANDO

E as prioridades?

MAURO

Bete... Nando, Pivete... Tem um ditado que diz assim:

Deus dá o frio, conforme o cobertor...

NANDO

Verdade!

CHICO

Além do mais a gente é jovem, inteligente, cheio de

saúde...

NANDO

Mas é moleque de rua...

PIVETE

De qualquer maneira, amanhã a gente trabalha mais e

compra os cobertores...

MAURO

Verdade!... A final, hoje é noite de natal!

BETE

É isso mesmo... Vamos fazer uma festona... Cadê o seu

Juízo?

NANDO

Juízo Lambusca!...

JIZO

(OFF)

Jizo Baboushka, mais conhecido como...

Papai Noel vem entrando, à caráter, arrastando uma enorme

(CONTINUED)

Page 23: Roteiro Teatral Um Canto de Natal - rl.art.br · ATO I Cenário - Uma praça. Se possível, colocar uns vasos de plantas, para dar alguma vida. A praça tem dois bancos principais,

CONTINUED: 21.

sacola. A luz do Cenário que estava meio apagada acende

mais colorida. As luzes que piscavam no painel e na

decoração de Bete ficam mais forte e a música de natal se

faz mais audível.

TODOS

Papai Noel!

JIZO

Isso, Papai Noel!... Na verdade, Jizo é nome de Papai

Noel no Japão... E Baboushka é como sou conhecido na

Rússia!... Em cada país, tenho um nome: Santa Claus

nos Estados Unidos da América e no Canadá... Na

Dinamarca, o papai noel se chama “Juliman”.

Interessante não?!... Na Finlândia, Joulupukki, e

assim por diante... Mas, aqui vocês me conhecem como

Papai Noel... E eu tenho uma missão pra vocês!

Os meninos ainda estão incrédulos. Uns apalpando suas

vestes, outros rodeando, olhando sua sacola.

MAURO

É sério?

JIZO

Muito sério, Lucimauro... Conheço vocês... Cada um...

Sei das peraltices do Pivete, digo, do

Francenilson... E vi que todos são excelente

garotos!... E garota!... Fui eu quem visitou vocês de

velhinho perdido...

BETE

Sério?

JIZO

Muito sério... Fiquei muito satisfeito com a comida

que vocês me deram... O carinho... (T)Aquela

velhinha... A mendiga...

PIVETE

Não me diga que era o senhor?

JIZO

Não vou dizer, mas que era eu, ERA!... Muito obrigado

pela acolhida... Bete, você foi fantástica em não

deixar a comida podre... E o Chico que me levou... O

nando que disse que ia me chamar todos os dias para

comer com vocês...

NANDO

Até isso, o senhor ouviu?

JIZO

Hurrum!

(CONTINUED)

Page 24: Roteiro Teatral Um Canto de Natal - rl.art.br · ATO I Cenário - Uma praça. Se possível, colocar uns vasos de plantas, para dar alguma vida. A praça tem dois bancos principais,

CONTINUED: 22.

MAURO

Só falta o senhor dizer que também era o ladrão!

Ele faz sinal de assentimento.

BETE

Caramba, o senhor é bom!... Quem é o seu

maquiador?...

MAURO

A gente não desconfiou de nada...

JIZO

Eu já tinha observado vocês, mas precisava de um

teste final... Afinal, eu tenho algumas coisas boas

pra vocês...

NANDO

E qual é a missão que o senhor tem pra gente?

BETE

Distribuir nosso dinheiro? É bem pouquinho...

JIZO

Muito melhor que isso... Estou convocando vocês a me

ajudarem neste natal... Alguns dos meus duendes, dos

meus ajudantes, estão de férias e preciso de vocês

para me ajudarem a distribuir os presentes das

crianças...

NANDO

Aqui no (Amapá)?

JIZO

Em todo o mundo, meu querido, em todo mundo!

PIVETE

E vamos ganhar algum presente?

JIZO

Vocês vão ganhar o presente que quiserem... Aliás,

vão ter tantos presentes que vão preferir presentear

os outros... Só de ver os sorriso no rosto das

crianças, vocês vão se sentir presenteados...

BETE

Uau!

MAURO

Eu topo!

NANDO

Eu também quero...

JIZO

E você, Elizabete?

(CONTINUED)

Page 25: Roteiro Teatral Um Canto de Natal - rl.art.br · ATO I Cenário - Uma praça. Se possível, colocar uns vasos de plantas, para dar alguma vida. A praça tem dois bancos principais,

CONTINUED: 23.

BETE

Eu vou adorar...

JIZO

E você, Nilson?

PIVETE

É de trenó? Sou louco pra andar de trenó...

JIZO

Não!... É a pé!...

Eles se entreolham, tristes.

JIZO

É claro que é detrenó, galera... Vocês acham que vou

andar à pé? Eu só ando de trenó...Digo, vôo!...

Então, vamos nessa!

TODOS

Bora!

Todos se animam. Música de natal, aumenta ainda mais. Eles

juntas as suas coisas. E cantam a música, também.

NANDO

Podemos fazer uma lanche, rapidola, Papai Noel?

JIZO

Claro!... Eu vou dar um galeto assado para cada um.

TODOS

Êba!

Eles fazem um circulo e cantam a música de natal. Se der,

uma música ou uma paródia criada pelo grupo.

BLACK-OUT.

F I M