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4
ROSE
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Cap
ítulo
1
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os.
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ouve
sse
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inha
mãe
e o
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irm
ãos
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ica,
no
Mas
sach
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ts.
Cap
ítulo
2
Os
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Com
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, viv
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os n
uma
casa
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857,
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pai
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e:
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ação
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riga
sse
a sa
ir.
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raba
lho
árdu
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pai
tinha
val
ido
a pe
na.
Cap
ítulo
12
Um
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ro r
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Qua
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a m
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irm
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quen
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Em
185
9, v
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ver
quã
o di
fíci
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e er
a ab
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par
a nó
s no
mun
do.
Cap
ítulo
11
Boas
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ícia
s!
Qua
ndo
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esse
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asa,
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Thay
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mãe
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cola
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era
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tin
ha e
ngra
xado
os
sapa
tos
duas
vez
es e
ent
ranç
ado
o ca
belo
de
três
man
eira
s di
fere
ntes
. A
min
ha m
ãe p
asso
u a
ferr
o a
min
ha s
aia
e a
min
ha b
lusa
. V
i qu
e as
alu
nas
vinh
am p
ara
a es
cola
em
car
ruag
ens
eleg
ante
s. T
odas
ves
tiam
sai
as d
e co
rpo
e tin
ham
laç
os b
onito
s no
cab
elo.
Alg
umas
vir
am-m
e su
bir
as e
scad
as.
— D
isse
ram
-nos
que
vin
has!
— e
xcla
mou
um
a ra
pari
ga r
uiva
.
— V
em b
rinc
ar c
onno
sco
na h
ora
do r
ecre
io! —
ped
iu o
utra
.
Esta
va d
emas
iado
env
ergo
nhad
a pa
ra f
alar
. Se
rá q
ue i
a se
r fe
liz?
Con
tinue
i a s
ubir
os
degr
aus.
Cap
ítulo
3
Sozi
nha
Um
a ve
z na
esc
ola,
dir
igi-
me
ao g
abin
ete
da d
irec
tora
. M
iss
Trac
y
era
uma
mul
her
de a
spec
to s
impl
es.
— V
ejo
que
cons
egui
ste
cá c
hega
r, R
oset
ta —
dis
se-m
e. —
Vai
com
esta
pro
fess
ora.
Segu
i a
prof
esso
ra
e,
enqu
anto
pa
ssáv
amos
pe
lo
corr
edor
, vi
rapa
riga
s a
espr
eita
r de
um
a sa
la d
e ja
nela
s gr
ande
s. F
ui c
ondu
zida
a u
ma
sala
sos
sega
da e
vaz
ia.
Não
est
ava
lá n
ingu
ém.
A p
rofe
ssor
a m
ostr
ou-m
e
uma
secr
etár
ia e
deu
-me
vári
os li
vros
.
— E
stud
a es
tes
livro
s —
ped
iu, s
aind
o em
seg
uida
.
A s
ala
chei
rava
a g
iz e
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Sen
tei-
-me.
As
borb
olet
as d
o m
eu e
stôm
ago
mai
s
pare
ciam
tar
taru
gas.
A p
rofe
ssor
a tin
ha id
o
embo
ra a
ntes
de
eu c
onse
guir
seq
uer
fala
r.
Nem
tin
ha
tido
tem
po
de
lhe
perg
unta
r
nada
.
Con
tinue
i se
ntad
a, à
esp
era
de q
ue
algu
ém s
e vi
esse
jun
tar
a m
im.
De
cert
eza
que
em b
reve
me
pori
am n
uma
sala
com
outr
as m
enin
as. T
alve
z es
tives
sem
a p
ensa
r
em q
ue s
ala…
Pas
sou-
se m
uito
tem
po. S
erá
que
tinha
per
cebi
do m
al?
men
te, s
e tiv
esse
agi
do d
e fo
rma
inju
sta.
“O
púb
lico
tem
o d
irei
to d
e ex
igir
que
a co
ndut
a de
Mr.
War
ner
seja
obj
ecto
de
inve
stig
ação
por
par
te d
o
gove
rno”
, es
crev
eu.
Que
ria
que
o pa
ís t
odo
soub
esse
o q
ue s
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ha
pass
ado
com
igo.
Em
Spr
ingf
ield
, no
Illin
ois,
um
jove
m a
dvog
ado
cham
ado
Abr
aham
Lin
coln
leu
o N
orth
ern
Star
. As
min
has
duas
sem
anas
na
esco
la
de M
iss
Trac
y fi
cara
m c
onhe
cida
s em
todo
o p
aís.
O m
eu p
ai e
scre
veu
a M
r. W
arne
r: “
É ve
rdad
e qu
e di
feri
mos
na
cor,
mas
que
m p
ode
dize
r qu
e co
r é
mai
s ag
radá
vel
a D
eus,
ou
mai
s
honr
ada
entr
e os
ho
men
s?
Con
tudo
, nã
o de
sejo
ga
star
pa
lavr
as
ou
argu
men
tos
com
al
guém
qu
e se
m
ostr
ou
tão
chei
o de
or
gulh
o e
prec
once
ito.”
Cha
mav
a a
Mr.
War
ner
“a d
espr
ezív
el m
inor
ia d
e um
”,
uma
vez
que
apen
as e
le s
e tin
ha o
post
o à
min
ha i
nscr
ição
na
esco
la d
e
Mis
s Tr
acy.
Mas
o m
eu p
ai n
ão e
sgot
ava
os s
eus
argu
men
tos
apen
as e
m
cart
as.
Tam
bém
sol
icita
va e
ntre
vist
as c
om a
Dir
ecçã
o da
s Es
cola
s de
Roch
este
r, p
edin
do-l
hes
que
reco
nsid
eras
sem
a s
ua a
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e. T
odos
os
anos
,
as e
scol
as r
ecus
avam
ace
itar
os m
eus
irm
ãos
na e
scol
a pú
blic
a ju
nto
de
noss
a ca
sa. O
meu
pai
rip
osta
va:
— M
as e
u pa
go a
con
trib
uiçã
o au
tárq
uica
com
o to
da a
gen
te!
A r
ecus
a m
antin
ha-s
e, t
odav
ia.
E o
meu
pai
con
tinua
va o
s se
us
disc
urso
s in
flam
ados
. Com
o um
a to
rnei
ra q
ue n
ão p
ára
de p
inga
r, r
epet
ia
os s
eus
obje
ctiv
os v
ezes
sem
con
ta. “
O d
irei
to n
ão p
erte
nce
a ne
nhum
sex
o
e a
verd
ade
não
é ex
clus
iva
de n
enhu
ma
cor.
Deu
s é
o no
sso
pai c
omum
e
som
os to
dos
irm
ãos.
”
O m
eu p
ai n
ão u
sava
só
a ca
neta
par
a lu
tar
pela
igu
alda
de e
ntre
bran
cos
e ne
gros
. Qua
ndo
eu e
ra c
rian
ça, r
ecus
ava
sent
ar-s
e no
s lu
gare
s
para
neg
ros
nos
com
boio
s. S
enta
va-s
e se
mpr
e na
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rrua
gens
res
erva
das
a
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cos.
Alg
uns
guar
da-f
reio
s te
ntav
am e
xpul
sá-l
o, m
as e
le a
garr
ava-
se
com
for
ça a
o lu
gar.
Era
tão
for
te q
ue e
ram
pre
ciso
s se
is h
omen
s pa
ra o
leva
ntar
e
esco
rraç
ar.
Com
o
asse
nto
agar
rado
a
ele.
En
quan
to
a
com
panh
ia e
ncom
enda
va u
m n
ovo
asse
nto,
o m
eu p
ai s
enta
va-s
e no
chã
o,
da m
inha
fam
ília.
Mas
sab
ia q
ue e
stav
a a
faze
r o
que
devi
a. F
ui a
cas
a no
Nat
al e
reg
ress
ei d
e no
vo à
esc
ola.
As
casa
s do
s Q
uake
r sã
o m
uito
sim
ples
. N
o m
eu q
uart
o nã
o ha
via
ador
nos,
cor
es v
ivas
ou
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qued
os. M
as a
pren
di a
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ar o
s liv
ros
e tin
ha
mui
tas
men
inas
com
que
m b
rinc
ar.
As
irm
ãs M
ott
tinha
m u
m p
rim
o em
Fila
délf
ia c
ham
ado
Jam
es M
ott.
A m
ulhe
r de
le, L
ucre
tia, v
inha
vis
itar-
nos
com
fre
quên
cia.
Era
am
iga
do m
eu p
ai e
esc
revi
a so
bre
os d
irei
tos
das
mul
here
s. O
meu
pai
diz
ia q
ue a
s m
ulhe
res
devi
am v
otar
. Sen
táva
mo-
nos
a to
mar
chá
e f
aláv
amos
de
tudo
aqu
ilo q
ue a
s m
ulhe
res
fari
am u
m d
ia.
Eu in
cluí
da!
Fiqu
ei o
rgul
hosa
de
cons
egui
r le
r as
car
tas
do m
eu p
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pouc
o
depo
is
de
esta
r na
es
cola
. C
omec
ei
a es
crev
er-l
he
tam
bém
. Em
bora
estiv
esse
mui
to o
cupa
do,
resp
ondi
a se
mpr
e. E
m M
arço
dis
se-m
e qu
e eu
tinha
um
a no
va i
rmãz
inha
cha
mad
a A
nnie
. Ti
nha
saud
ades
da
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ha
mãe
. Com
est
a no
va b
ebé,
dec
erto
que
pre
cisa
va d
a m
inha
aju
da. P
or v
olta
da P
rim
aver
a, a
s ir
mãs
Mot
t ac
hara
m q
ue e
u já
sab
ia o
suf
icie
nte
para
pode
r ir
par
a ca
sa m
ais
cedo
. A
grad
eci-
lhes
a a
juda
e d
espe
di-m
e de
las.
Qua
ndo
cheg
uei
a ca
sa,
pus
os b
raço
s à
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do
pesc
oço
da m
inha
mãe
,
do m
eu p
ai, d
os m
eus
irm
ãos
e da
min
ha ir
mã,
nov
inha
em
folh
a.
Cap
ítulo
10
O m
eu p
ai r
eage
D
uran
te a
min
ha a
usên
cia,
o m
eu p
ai n
ão ti
nha
desi
stid
o de
cri
ticar
Mr.
War
ner
e as
esc
olas
de
Roch
este
r. N
a m
esm
a al
tura
em
que
eu
part
ia
para
Alb
any,
ele
dir
igia
-lhe
s cr
ítica
s du
ras
no s
eu j
orna
l. U
sava
a c
anet
a
com
o qu
em u
sa u
ma
espa
da, e
luta
va c
om p
alav
ras.
Que
ria
que
as e
scol
as
de R
oche
ster
– q
ue t
inha
m a
luno
s ex
clus
ivam
ente
bra
ncos
– a
ceita
ssem
cria
nças
neg
ras
que
vive
ssem
per
to.
O m
eu p
ai a
chav
a q
ue u
ma
pes
soa
dev
eria
ser
exp
osta
pub
lica-
Esta
va a
pena
s a
faze
r o
que
a pr
ofes
sora
me
man
dara
. D
ecid
i nã
o
volta
r ao
gab
inet
e da
dir
ecto
ra. C
omo
não
podi
a sa
ir e
ir lá
par
a fo
ra, a
bri
os l
ivro
s. C
onse
guia
ler
um
pou
co,
devi
do a
o qu
e as
irm
ãs M
ott
me
tinha
m e
nsin
ado,
mas
ain
da m
e se
ntia
ner
vosa
.
Apó
s m
uita
s ho
ras,
ouv
i o
baru
lho
de p
asso
s. A
s ra
pari
gas
riam
enqu
anto
peg
avam
nos
cas
acos
e s
e en
cam
inha
vam
lá p
ara
fora
. Era
hor
a
do r
ecre
io.
Mis
s Ly
dia
tinha
-me
expl
icad
o qu
e nu
ma
esco
la a
sér
io a
s
cria
nças
saí
am p
ara
brin
car
no i
nter
valo
. Eu
tam
bém
que
ria
corr
er e
salta
r à
cord
a. J
á m
e do
íam
as
cost
as e
os
braç
os d
e es
tar
sent
ada
há t
anto
tem
po. D
e re
pent
e, e
ntro
u um
a pr
ofes
sora
na
min
ha s
ala.
— S
erá
que
poss
o ir
bri
ncar
ago
ra?
— N
ão,
Rose
tta,
vim
ver
o q
ue f
izes
te.
Reso
lve
este
exe
rcíc
io —
diss
e, a
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do u
ma
pági
na d
o liv
ro.
Sent
i-m
e tr
iste
e e
nver
gonh
ada.
O m
eu p
rim
eiro
dia
de
esco
la f
oi
mui
to d
uro.
O m
eu p
ai n
ão m
e tin
ha d
ito q
ue e
star
ia s
ozin
ha.
Mas
não
chor
ei o
u di
scut
i. Fi
z o
exer
cíci
o. Q
uand
o o
recr
eio
acab
ou e
a e
scol
a
esta
va d
e no
vo e
m s
ilênc
io,
a pr
ofes
sora
vol
tou.
Viu
o m
eu t
raba
lho
e
diss
e: —
Mui
to b
em. P
odes
ir lá
par
a fo
ra b
rinc
ar.
— M
as j
á to
das
fora
m p
ara
a sa
la.
Não
ter
ei n
ingu
ém c
om q
uem
brin
car.
— N
ão te
impo
rtes
com
isso
. Apr
ovei
ta o
teu
recr
eio.
Sent
ei-m
e no
bal
oiço
, deb
aixo
de
uma
gran
de á
rvor
e. V
i m
enin
as a
olha
rem
par
a m
im e
um
a de
las
acen
ou-m
e. D
epoi
s, v
eio
uma
prof
esso
ra à
jane
la e
man
dou-
as s
enta
r. C
ham
aram
-me
para
den
tro
algu
m t
empo
depo
is.
Fui
à ca
sa d
e ba
nho
e be
bi á
gua.
Tin
ha a
blu
sa e
ngel
hada
e o
s
sapa
tos
arra
nhad
os. O
meu
pai
que
ria
que
eu f
osse
à e
scol
a pa
ra a
pren
der
com
bon
s pr
ofes
sore
s e
esta
r co
m o
utra
s cr
ianç
as.
Mas
est
a es
cola
era
prat
icam
ente
um
a pr
isão
. O q
ue d
iria
à m
inha
mãe
qua
ndo
regr
essa
sse
a
casa
?
Um
a ve
z na
sal
a, d
eite
i a
cabe
ça n
a se
cret
ária
e p
us-m
e a
pens
ar.
Não
pod
ia d
izer
nad
a à
min
ha m
ãe. S
e lh
e co
ntas
se, e
la ia
fic
ar tã
o fu
rios
a
que
nunc
a m
ais
me
deix
aria
ir
à es
cola
. Te
ria
de e
sper
ar e
m c
asa
pelo
regr
esso
do
meu
pai
e f
alta
ria
a m
uita
s au
las.
Dec
idi e
sper
ar p
elo
meu
pai
.
Ele
quer
ia q
ue e
u fo
sse
cora
josa
e h
avia
de
ajud
ar-m
e. F
alta
vam
só
duas
sem
anas
par
a el
e re
gres
sar.
Cap
ítulo
4
À e
sper
a do
pai
Fo
ram
as
duas
sem
anas
mai
s co
mpr
idas
da
min
ha v
ida.
Tod
os o
s
dias
ia à
esc
ola
e se
ntav
a-m
e na
quel
a sa
la s
ozin
ha. I
a ao
rec
reio
soz
inha
e
alm
oçav
a se
m c
ompa
nhia
. N
ingu
ém m
e da
va a
ulas
. O
uvia
as
rapa
riga
s
bran
cas
a ta
gare
lar
e a
rir,
enq
uant
o fa
ziam
os
exer
cíci
os d
e ar
itmét
ica,
e
cham
ava
a m
im t
oda
a co
rage
m q
ue t
inha
. N
ão f
ugi,
não
chor
ei e
não
deso
bede
ci a
os p
rofe
ssor
es. T
ambé
m n
ão d
isse
nad
a à
min
ha m
ãe. E
sper
ei
pelo
meu
pai
.
Con
tei
a m
im m
esm
a to
das
as s
uas
hist
ória
s fa
vori
tas
de c
rian
ça.
Ass
im, o
tem
po p
assa
va m
ais
depr
essa
. Qua
ndo
era
cria
nça
e es
crav
o em
Mar
ylan
d, o
meu
pai
tin
ha a
pren
dido
a l
er s
ozin
ho.
No
iníc
io,
a pa
troa
bran
ca ti
nha-
lhe
ensi
nado
as
prim
eira
s le
tras
, mas
dep
ois
o pa
trão
tinh
a-a
proi
bido
e e
la t
orna
ra-s
e m
á pa
ra e
le. T
irou
-lhe
tod
os o
s liv
ros,
o q
ue n
ão
o im
pedi
u de
con
tinua
r a
apre
nder
soz
inho
.
As
únic
as p
esso
as q
ue o
aju
dava
m e
ram
uns
rap
azes
bra
ncos
que
tinha
enc
ontr
ado
nas
ruas
de
Balti
mor
e, a
lém
de
algu
ns e
stiv
ador
es d
o
esta
leir
o on
de b
rinc
ava.
Tin
ha m
uito
s am
igos
neg
ros
em B
altim
ore,
e e
les
enco
raja
ram
-no
a co
ntin
uar.
Con
tudo
, não
pod
iam
aju
dá-l
o, p
orqu
e nã
o
long
e po
r ca
usa
de H
orat
io W
arne
r.
—
Vou
em
brul
har
algu
mas
m
açãs
e
quei
jo
para
co
mer
em
no
com
boio
— d
isse
a m
inha
mãe
.
Tinh
a la
vado
e e
ngom
ado
as m
inha
s ro
upas
tod
as, c
om a
per
feiç
ão
do c
ostu
me.
Dob
rou-
as c
uida
dosa
men
te d
entr
o da
mal
a gr
ande
. D
epoi
s
deu-
me
um p
ar d
e lu
vas
e um
cha
péu.
— S
ê se
mpr
e ed
ucad
a e
asse
ada,
Ros
etta
, e a
juda
as
irm
ãs M
ott.
Não
és u
ma
prin
cesa
— d
isse
-me.
—
Elas
se
mpr
e te
tr
atar
am
bem
—
acre
scen
tou
o m
eu p
ai.
Dir
igim
o-no
s à
esta
ção,
e o
meu
pai
levo
u a
min
ha m
ala.
Aju
dou-
me
a su
bir
para
a ca
rrua
gem
e s
ubiu
a s
egui
r.
— T
odos
a b
ordo
! —
gri
tou
o gu
arda
-
frei
o, a
gita
ndo
a la
nter
na.
Nes
sa n
oite
, olh
ei o
s ca
mpo
s e
as c
olin
as
que
desf
ilava
m
dian
te
dos
meu
s ol
hos
e
cont
empl
ei a
s es
trel
as.
Não
dor
mim
os.
Pens
ei
no q
uant
o a
min
ha v
ida
tinha
mud
ado
no d
ecur
so d
e um
ano
. A
ntes
de
part
ir, a
min
ha m
ãe ti
nha-
me
cont
ado
a no
vida
de. N
a pr
óxim
a Pr
imav
era,
iria
ter
out
ro b
ebé.
Pen
sei q
ue s
eria
bom
ter
um
a ir
mãz
inha
, um
a ve
z qu
e
já ti
nha
três
irm
ãos.
Na
man
hã s
egui
nte,
as
duas
irm
ãs M
ott
espe
rava
m-n
os c
om u
m
carr
inho
pux
ado
por
uma
cava
lo.
Com
emos
jun
tos
e, m
ais
tard
e, o
meu
pai d
espe
diu-
se, a
ntes
de
apan
har
o co
mbo
io d
e no
vo.
— E
scre
ver-
te-e
i com
fre
quên
cia
— p
rom
eteu
, ant
es d
e m
e da
r um
gran
de a
braç
o.
Viv
i aq
uele
Inv
erno
tod
o co
m a
s ir
mãs
Mot
t. Em
bora
tiv
esse
um
quar
tinho
só
meu
, e
um b
onito
edr
edão
na
min
ha c
ama,
tin
ha s
auda
des
E
m b
reve
che
gou
um t
eleg
ram
a, q
ue u
m m
ensa
geir
o fa
rdad
o ve
io
entr
egar
. En
quan
to o
meu
pai
o l
ia,
um s
orri
so d
esen
hou-
se n
a su
a fa
ce.
Mos
trou
-o a
o Sr
. Del
aney
.
— A
s ir
mãs
Mot
t são
um
a es
colh
a ex
cele
nte
— d
isse
est
e.
O m
eu p
ai a
nunc
iou:
—
Rose
tta,
fi
z pl
anos
no
vos
para
ti.
M
iss
Abi
gail
resp
onde
u
pron
tam
ente
ao
meu
tel
egra
ma
e vo
u en
viar
-te
para
Alb
any.
As
irm
ãs
Mot
t vão
gos
tar
de te
ter
com
ela
s e
freq
uent
arás
a s
ua e
scol
a.
— A
lban
y é
long
e —
dis
se e
u.
— É
ver
dade
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onco
rdou
o m
eu p
ai.
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reze
ntos
e s
esse
nta
quiló
met
ros.
Lev
ar-t
e-ei
no
com
boio
da
noite
.
Man
dou
algu
ém a
visa
r a
min
ha m
ãe d
e qu
e eu
pre
cisa
va d
e um
a
pequ
ena
mal
a de
rou
pa. N
ão h
avia
tem
po a
per
der.
O a
no e
scol
ar já
tinh
a
com
eçad
o e
ele
não
quer
ia q
ue e
u m
e at
rasa
sse
mai
s. M
ais
tard
e, o
meu
pai
publ
icar
ia u
ma
cart
a no
seu
jorn
al, d
irig
ida
a M
r. W
arne
r. N
ela
diri
a
que
uma
esco
la d
e br
anco
s m
e tin
ha a
ceita
do c
inco
hor
as d
epoi
s de
Mis
s
Trac
y m
e te
r ex
puls
o. O
que
ele
não
dis
se f
oi q
ue a
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ha n
ova
esco
la
fica
va a
trez
ento
s e
sess
enta
qui
lóm
etro
s de
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tânc
ia!
Fize
mos
um
jan
tar
de d
espe
dida
. A
mam
ã se
rviu
o m
eu p
rato
de
fran
go f
avor
ito,
com
abó
bora
e p
uré
de b
atat
a. Q
uase
cho
rei,
mas
a
exci
taçã
o le
vou
a m
elho
r. O
meu
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des
crev
eu a
via
gem
com
o se
fos
se
uma
aven
tura
. C
ostu
mav
a vi
ajar
em
gra
ndes
car
ruag
ens
e te
r se
mpr
e
milh
ares
de
pess
oas
a ou
vir
os s
eus
disc
urso
s.
Esta
noi
te, e
u de
ixar
ia o
meu
bel
o qu
artin
ho, c
om a
s co
rtin
as q
ue a
min
ha p
rópr
ia m
ãe f
izer
a, a
min
ha c
ama
fofi
nha,
a m
inha
mãe
e o
s m
eus
irm
ãos.
Iri
a co
m o
meu
pai
apa
nhar
um
com
boio
, qu
e es
tari
a à
noss
a
espe
ra n
a es
taçã
o, e
nvol
to n
uma
nuve
m d
e fu
mo
bran
co.
Pass
aría
mos
a
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nos
lug
ares
for
rado
s a
velu
do e
ver
íam
os o
céu
est
rela
do. D
eixa
va a
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ha f
amíli
a pa
ra i
r es
tuda
r en
tre
estr
anho
s. E
ra m
uito
im
port
ante
que
eu a
pren
dess
e a
ler,
esc
reve
r e
cont
ar.
Só e
ra p
ena
que
tive
sse
de ir
par
a
sabi
am l
er n
em e
scre
ver.
O m
eu p
ai s
abia
que
hav
ia u
ma
rela
ção
dire
cta
entr
e se
r in
stru
ído
e se
r liv
re.
Enqu
anto
eu
agor
a tin
ha l
ivro
s co
m i
mag
ens
e pa
lavr
as f
ácei
s, q
ue
func
iona
vam
com
o liv
ros
de i
nici
ação
à l
eitu
ra,
o m
eu p
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unca
tin
ha
tido
livro
s em
cri
ança
. Peg
ava
na B
íblia
da
patr
oa, q
uand
o es
ta n
ão e
stav
a
em c
asa,
e t
ambé
m c
ostu
mav
a da
r um
a es
prei
tade
la n
os l
ivro
s do
filh
o
mai
s no
vo,
Tom
my.
Alg
uns
jorn
ais
que
enco
ntra
va n
a ru
a se
rvir
am-l
he
igua
lmen
te d
e ap
oio.
O s
eu p
rim
eiro
livr
o cu
stou
cin
quen
ta c
êntim
os e
foi
com
prad
o ao
s
doze
ano
s. C
ompr
ou-o
num
a liv
rari
a, c
om o
din
heir
o qu
e tin
ha g
anho
a
engr
axar
sap
atos
. Se
o m
eu p
ai n
ão t
inha
tan
tos
livro
s qu
anto
eu,
tin
ha
algo
que
não
ten
ho:
amig
os b
ranc
os!
Não
faz
ia i
deia
de
que
Mis
s Tr
acy
não
quer
ia q
ue a
s ra
pari
gas
bran
cas
me
ajud
asse
m, o
u ri
ssem
com
igo,
ou
brin
cass
em c
omig
o no
rec
reio
.
Alg
umas
pes
soas
cha
mav
am a
o m
eu p
ai o
Leã
o N
egro
, por
cau
sa d
a
sua
voz
fort
e e
da s
ua c
orag
em p
ara
fala
r ab
erta
men
te. O
xalá
pud
esse
ser
tão
cora
josa
com
o el
e!
Cap
ítulo
5
O p
ai v
ai à
esc
ola
O
meu
pa
i vo
ltou,
fi
nalm
ente
. En
trou
de
ro
mpa
nte
em
casa
,
carr
egad
o co
m u
ma
mal
a, p
apéi
s e
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ulho
s. C
orri
par
a el
e e
abra
cei-
o
com
for
ça. T
odos
tive
mos
dir
eito
a a
braç
os e
bei
jos.
Dep
ois,
sen
tou-
me
nos
seus
joe
lhos
e o
lhou
-me
nos
olho
s. S
abia
que
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perg
unta
ria
pela
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ola.
Os
seus
olh
os b
rilh
avam
e s
ei q
ue e
sper
ava
boas
not
ícia
s.
Não
con
segu
i re
ter
mai
s as
lág
rim
as e
des
atei
a c
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r. O
meu
pai
fico
u m
uito
adm
irad
o:
— R
oset
ta, f
ilha,
o q
ue a
cont
eceu
?
A m
inha
mãe
vei
o à
entr
ada
da s
ala,
lim
pand
o as
mão
s ao
ave
ntal
.
Con
tei-
lhe
tudo
:
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õem
-me
num
a sa
la s
ozin
ha e
nin
guém
me
ensi
na.
Não
me
deix
am b
rinc
ar c
om a
s ou
tras
men
inas
no
recr
eio
e al
moç
o se
mpr
e se
m
com
panh
ia. S
into
-me
tão
só!
— Q
uem
fez
isso
? A
pró
pria
Mis
s Tr
acy?
— S
im, f
oi e
la q
ue m
e m
ando
u se
ntar
soz
inha
no
prim
eiro
dia
.
— A
man
hã v
ou c
ontig
o à
esco
la.
O m
eu p
ai e
scre
veu
mai
s ta
rde
no s
eu
jorn
al:
“Fiq
uei
choc
ado,
m
agoa
do
e
indi
gnad
o.”
Mis
s Tr
acy
tinh
a-no
s en
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do.
Rece
bera
din
heir
o do
meu
pai
, m
as n
ão m
e
deix
ava
freq
uent
ar
as
aula
s.
Tinh
a-m
e
colo
cado
nu
ma
pris
ão,
num
a “c
ela
disc
iplin
ar”,
seg
undo
as
pala
vras
do
meu
pai
.
No
dia
segu
inte
, to
das
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rapa
riga
s
olha
ram
par
a nó
s, q
uand
o ch
egue
i à
esco
la
acom
panh
ada
pelo
m
eu
pai.
Subi
mos
de
mão
s da
das
os d
egra
us e
fom
os a
o ga
bine
te
da d
irec
tora
.
Cap
ítulo
6
A a
juda
das
cri
ança
s O
meu
pai
foi d
irec
to a
o as
sunt
o:
— A
min
ha f
ilha
diz
que
a m
anté
m a
fast
ada
das
outr
as a
luna
s. É
verd
ade?
— p
ergu
ntou
.
—
Sim
, é
verd
ade.
Se
nã
o o
tives
se
feito
, te
ria
man
chad
o a
repu
taçã
o da
esc
ola
e o
meu
nom
e.
— P
orqu
ê?
— A
lgum
as d
as fa
míli
as o
por-
se-i
am a
que
ela
est
ives
se n
a m
esm
a
— Q
uere
s os
mel
hore
s pr
ofes
sore
s qu
e eu
te p
uder
arr
anja
r?
— Q
uero
, pai
.
— M
uito
bem
. Vou
man
dar
um t
eleg
ram
a e
vere
mos
o q
ue s
e po
de
faze
r. D
epoi
s de
o m
eu p
ai s
air,
a m
inha
mãe
falo
u co
mig
o na
coz
inha
.
— S
abes
, filh
a, le
r nã
o é
o m
ais
impo
rtan
te d
a vi
da. E
u nã
o se
i ler
e
a m
inha
vid
a é
feliz
. O
teu
pai
ten
tou
ensi
nar-
me,
mas
não
con
segu
i
apre
nder
. Sin
to-m
e fe
liz a
ssim
.
— M
as e
u já
sei
ler
um
boc
adin
ho,
mam
ã. E
tod
as a
s cr
ianç
as
negr
as te
rão
um d
ia d
e ap
rend
er.
— E
u se
i qu
e o
mun
do e
stá
a m
udar
.
Mas
pre
firo
que
fiq
ues
em c
asa,
par
a qu
e nã
o
te m
agoe
m.
— M
amã,
as
men
inas
bra
ncas
que
riam
-
-me
ao p
é de
las.
Gos
tava
m d
e m
im,
tenh
o a
cert
eza.
A
té
vota
ram
co
ntra
os
pr
ofes
sore
s
para
pod
erem
ter-
me
com
ela
s na
sal
a.
— E
u se
i, eu
sei
.
— Q
uero
bri
ncar
com
ela
s. E
sper
a at
é m
e ve
rem
a s
alta
r à
cord
a.
— É
s um
a m
enin
a m
uito
cor
ajos
a.
Cap
ítulo
9
Rum
o a
Alb
any
Os
sonh
os d
os m
eus
pais
era
m d
ifer
ente
s: a
min
ha m
ãe n
ão q
ueri
a
ver-
me
mag
oada
, o m
eu p
ai q
ueri
a qu
e eu
fos
se b
em s
uced
ida.
Est
ava
tão
inqu
ieta
naq
uela
tar
de q
ue a
min
ha m
ãe m
e de
ixou
ir
ter
com
o m
eu p
ai
ao e
scri
tóri
o, o
nde
o aj
udei
a c
ompo
r as
not
ícia
s do
jorn
al. Q
ue e
xcita
ção!
Eu a
dora
va o
am
bien
te d
o es
critó
rio.
O S
r. D
elan
ey t
ambé
m l
á es
tava
, a
fala
r co
m o
meu
pai
sob
re a
lgun
s ar
tigos
e a
tom
ar n
otas
.
Cap
ítulo
8
Saio
da
esco
la
En
quan
to e
sta
reun
ião
secr
eta
deco
rria
, ex
plic
ávam
os à
min
ha
mãe
a a
titud
e m
arav
ilhos
a qu
e tín
ham
os p
rese
ncia
do n
a es
cola
. Na
man
hã
segu
inte
, dir
igi-
me
para
lá c
om o
s liv
ros
deba
ixo
do b
raço
. Mal
con
tinha
a
aleg
ria.
Qua
ndo
cheg
uei
aos
degr
aus,
enc
ontr
ei M
iss
Trac
y a
barr
ar-m
e a
pass
agem
.
— R
oset
ta, j
á nã
o és
nos
sa a
luna
. Vai
par
a ca
sa, p
or fa
vor.
Com
o nã
o co
mpr
eend
i o
que
ela
dizi
a, f
ique
i al
i es
peca
da,
até
que
ela
o re
petiu
. C
orri
com
mui
ta f
orça
par
a qu
e ni
ngué
m v
isse
as
min
has
lágr
imas
de
verg
onha
. Nem
sei
com
o nã
o de
ixei
cai
r os
liv
ros.
Cor
ri p
ara
dent
ro d
e ca
sa, i
ncap
az d
e re
spir
ar. D
esta
vez
, con
tei à
min
ha m
ãe t
udo
o
que
tinha
aco
ntec
ido.
— E
u sa
bia
que
isto
te c
ausa
ria
tris
teza
— d
isse
-me.
Dep
ois,
ped
iu a
um
rap
az q
ue f
osse
cha
mar
o m
eu p
ai a
o es
critó
rio.
Qua
ndo
ele
cheg
ou a
cas
a, j
á eu
tin
ha e
nxug
ado
as l
ágri
mas
e e
stav
a a
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car
com
o L
ewis
e o
Cha
rles
. O m
eu p
ai e
ntro
u na
sal
a e
deu-
me
um
abra
ço. —
Não
te p
reoc
upes
, Ros
etta
, não
te p
reoc
upes
.
— V
ou p
ara
a es
cola
dos
neg
ros,
pai
?
— N
ão, v
ou a
rran
jar-
te u
ma
esco
la m
elho
r.
A m
inha
mãe
est
ava
tris
te e
deu
-me
um a
braç
o.
— F
rede
rick
, eu
dis
se-t
e qu
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noss
a fi
lha
não
prec
isa
de s
air
de
casa
. Pre
cisa
de
se s
enti
r pr
oteg
ida.
Nes
te m
omen
to, h
á so
bres
salto
s a
mai
s
no s
eu c
oraç
ão.
O m
eu p
ai o
lhou
-me
nos
olho
s e
perg
unto
u-m
e:
— R
oset
ta, é
s co
rajo
sa?
— S
ou, p
ai.
sala
das
sua
s fi
lhas
. So
mos
um
a es
cola
pri
vada
, po
r is
so t
emos
de
ter
em
aten
ção
os d
esej
os d
os p
ais.
— S
e te
ncio
nava
exc
luir
a m
inha
filh
a, d
evia
ter
-mo
dito
log
o no
iníc
io —
pro
sseg
uiu
o m
eu p
ai.
As
pala
vras
del
e ca
íam
com
o pe
dras
. Le
mbr
ou a
Mis
s Tr
acy
que
paga
ra u
ma
prop
ina
com
o os
out
ros
pais
, nu
ma
voz
firm
e na
qua
l nã
o
havi
a ve
stíg
ios
do s
eu p
assa
do d
e es
crav
o. P
arec
ia u
m s
enad
or o
u um
cong
ress
ista
.
Mis
s Tr
acy
fico
u at
rapa
lhad
a.
— H
aver
ia d
e ce
rtez
a qu
em s
e op
uses
se a
que
a s
ua f
ilha
se s
enta
sse
junt
o da
s al
unas
bra
ncas
.
— N
ão a
cred
ito —
ret
orqu
iu o
meu
pai
. — P
ergu
ntem
os à
s al
unas
.
— M
uito
bem
, per
gunt
ar-l
hes-
ei —
anu
iu M
iss
Trac
y. —
Ven
ham
com
igo.
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irec
tora
lev
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elo
corr
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orta
de
uma
sala
de
aula
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rou
na s
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conn
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esso
ra e
das
alun
as. O
bar
ulho
das
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cess
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os
rost
os f
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móv
eis.
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o
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elas
jan
elas
gra
ndes
e i
lum
inav
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pro
blem
as
escr
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no q
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o pr
eto.
Olh
ei p
ara
as a
luna
s. N
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ma
pare
cia
inqu
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.
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sor
rira
m p
ara
mim
.
Mis
s Tr
acy
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ençã
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— M
enin
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. D
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quer
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a s
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ilha
pode
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turm
a. Q
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as q
uere
m q
ue a
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etta
fiqu
e aq
ui?
Leva
ntem
os
br
aços
, po
r
favo
r. To
das
as r
apar
igas
lev
anta
ram
os
braç
os. M
iss
Trac
y ac
hou
que
as a
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s
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tinha
m c
ompr
eend
ido.
— N
ão c
ompr
eend
eram
bem
. Eu
per
gunt
ei q
uant
as a
cham
que
a
Rose
tta
deve
fica
r aq
ui a
ter
aula
s.
As
rapa
riga
s le
vant
aram
de
novo
os
braç
os.
— E
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do!
— E
u ta
mbé
m!
Mis
s Tr
acy
fico
u ve
rmel
ha e
atr
apal
hada
. Cha
mou
as
men
inas
um
a
por
uma,
par
a te
r a
cert
eza.
Um
a de
las
diss
e qu
e nã
o se
impo
rtav
a qu
e eu
fica
sse.
— E
stás
hab
itua
da a
bri
ncar
com
men
inas
neg
ras?
— p
ergu
ntou
a
dire
ctor
a.
A a
luna
não
res
pond
eu.
— E
ond
e é
que
ela
se s
enta
ria?
— q
uis
sabe
r M
iss
Trac
y.
As
alun
as m
anif
esta
ram
-se
em u
níss
ono:
— À
min
ha b
eira
!
— N
ão, à
min
ha!
— R
oset
ta, s
enta
-te
ao m
eu la
do!
Todo
s os
bra
ços
se le
vant
aram
.
O m
eu p
ai o
lhou
par
a m
im e
sor
rim
os a
mbo
s ab
erta
men
te.
Ele
tinha
-me
dito
par
a co
nfia
r no
s br
anco
s. N
enhu
m d
e nó
s es
quec
eria
est
e
dia.
Mai
s ta
rde,
num
a ca
rta
a M
ark
Twai
n, o
meu
pai
esc
reve
u “O
s
cora
ções
das
cri
ança
s es
tava
m c
erto
s.”
Poré
m, M
iss
Trac
y di
sse:
— Is
to n
ão fi
ca a
ssim
!
Cap
ítulo
7
As
obje
cçõe
s do
Sr.
War
ner
Este
ser
ia o
meu
últi
mo
dia
na e
scol
a de
Mis
s Tr
acy.
As
alun
as
quer
iam
que
eu
fica
sse,
mas
a d
irec
tora
não
est
ava
disp
osta
a c
eder
.
Pode
ria
ter
sido
feliz
naq
uela
esc
ola,
se
não
estiv
ésse
mos
em
184
8.
Sem
nos
avi
sar,
Mis
s Tr
acy
conv
ocou
um
a as
sem
blei
a de
pai
s, q
ue
ench
eram
, nes
sa n
oite
, a s
ala
de r
euni
ões.
Não
est
ivem
os p
rese
ntes
, mas
os
noss
os a
mig
os c
onta
ram
-nos
o q
ue t
inha
suc
edid
o. A
dir
ecto
ra p
ergu
ntou
aos
pais
se
conc
orda
vam
com
a m
inha
ins
criç
ão.
Todo
s os
bra
ços
se
leva
ntar
am,
exce
pto
um.
Qua
ndo
ela
perg
unto
u qu
em d
isco
rdav
a, M
r.
Hor
atio
G
. W
arne
r le
vant
ou-s
e.
Era
um
hom
em
pode
roso
, ed
itor
do
Roch
este
r C
ouri
er,
um j
orna
l co
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lgum
as c
ente
nas
de l
eito
res.
O j
orna
l
do m
eu p
ai, o
Nor
ther
n St
ar, q
ue s
e pu
blic
ara
pela
pri
mei
ra v
ez e
m 1
847,
era
envi
ado
para
tod
a a
Am
éric
a e
tinh
a m
ilhar
es d
e le
itore
s. O
jor
nal
de
Mr.
War
ner
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loca
l e
ele
nunc
a tin
ha e
scri
to l
ivro
s ou
via
jado
, co
mo
o
meu
pai
. For
a de
Roc
hest
er, n
ingu
ém c
onhe
cia
Mr.
War
ner.
Nes
sa n
oite
, est
e di
sse:
— N
ão c
reio
que
est
a in
scri
ção
seja
ade
quad
a,
porq
ue t
rai
os l
imite
s qu
e a
soci
edad
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a na
ture
za
traç
aram
par
a a
educ
ação
dos
nos
sos
jove
ns.
Dep
ois
inic
iou
um l
ongo
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curs
o, n
o qu
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izia
que
não
quer
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sua
filh
a fr
eque
ntas
se a
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da
filh
a de
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deri
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ougl
ass.
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ou c
omo
se o
meu
pai
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tado
r, a
sol
do d
os a
bolic
ioni
stas
. A
firm
ou
mes
mo
que
o m
eu p
ai n
em s
eque
r er
a de
Roc
hest
er e
que
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ndo
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o es
tado
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ra
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urba
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ego
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idad
ãos
paca
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ontin
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.
Dep
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urso
, M
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Trac
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era
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criç
ão.
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aram
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mes
mo
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ição
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ser
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ouve
sse
nenh
uma
obje
cção
.
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ma
boa
cris
tã e
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cord
o da
esc
rava
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tam
bém
res
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por
um
am
bien
te s
egur
o e
tran
quilo
na
esco
la,
e a
pres
ença
de
Rose
tta
não
o fa
vore
ce.