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RIO DE JANEIRO – HÁ 100 ANOS 1908-2008 Parte III Continuação das Partes I e II: 1908-2008 Continuação do trabalho do ano passado: 1907-2007 Textos em itálico: Ferreira da Rosa, 1928 (mantida a ortografia original) Pesquisa, formatação e texto: Cau Barata (Carlos Eduardo de Almeida Barata) – 08.12.2008

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RIO DE JANEIRO – HÁ 100 ANOS

1908-2008Parte III

Continuação das Partes I e II: 1908-2008

Continuação do trabalho do ano passado: 1907-2007

Textos em itálico: Ferreira da Rosa, 1928 (mantida a ortografia original)

Pesquisa, formatação e texto: Cau Barata (Carlos Eduardo de Almeida Barata) – 08.12.2008

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BANDEIRA DO DISTRITO FEDERAL

Pelo Decreto n.º 1.190, de 8 de Junho de 1908,

foi criada a bandeira do Distrito Federal.

“O Prefeito do Districto Federal

Faço saber que o Conselho Municipal decretou e eu sanciono a seguinte resolução:

Art. 1.º Fica adoptada para todo o Districto Federal uma bandeira com as seguintes características: - duas fachas azues em sentido diagonal, sobre campo branco, tendo

as armas municipaes, adoptadas pelo Decreto n. 312, de 1 de agôsto de 1896, em cor encarnada.

Art. 2.º A bandeira acima referida, symbolo do Districto Federal, servirá para representá-lo onde se fizer mister.

Art. 3.º Revogam-se as disposições em contrário.

Distrito Federal, 8 de Junho de 1908, 20.º da República. – F. M. de Souza Aguiar.”

Dispõe o Art. 1.º que sobre o campo da bandeira ficam as armas municipais, adotadas

desde 1896.

Que armas são essas ?

Armas do Rio de Janeiro de 1826 a 1858.

Não foi esta.

Armas do Rio de Janeiro de 1858 a 1889.

Não foi esta.

Armas do Rio de Janeiro de 1889 a 1893.

Não foi esta.

Armas do Rio de Janeiro de 1893 a 1896.

Não foi esta.

Finalmente.., quais as Armas de 1896, adotadas na Bandeira de 1908?

Decreto legislativo n. 312 de 1 de Agosto de 1896.

“Art. 4.º As armas municipais constam do antigo emblema, esphera e settas, accrescentadas do barrete phygio, repousando sobre uma vela de navio, cuja prôa formará a base do emblema. Dos lados da quilha haverá dous golphinhos,

circundando o emblema, dous ramos de louro, e circundando-o, a corôa symbolica de cidade

marítima.”

BANDEIRA DO DISTRITO FEDERAL1896

A coroa mural é indicativa da cidade; a esfera armilar da nacionalidade brasileira; as setas representam S. Sebastião; o barrete frígio indica que a forma do governo é a republicana; o barco, com a vela enfunada, faz lembrar a fundação da igreja da Candelária, conforme a pintura de Zeferino da Costa; os dois golfinhos representam a Baía de Guanabara, onde os botos

eram frequentes. Saindo do barco, à direita de quem olha, há um ramo de louro e, à esquerda, um de carvalho, que representa a força, e o louro a paz.

Cabe lembrar que, passados 100 anos, a bandeira já foi alterada.

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MONUMENTO AO ALMIRANTE BARROSO

“A 11 de junho de 1908, foi colocada a primeira pedra do monumento ao almirante Francisco Manuel Barroso da Silva, Barão do Amazonas, na Avenida Beira Mar, onde termina o Russel e

começa o Flamengo.”

Almirante Francisco Manuel Barroso da Silva, barão do

Amazonas, nascido a 29.09.1804, em Lisboa, e falecido a 08.08.1882, em Montevidéu -

Uruguai.

Comandante da Armada Brasileira, por ocasião da vitória

da Batalha do Riachuelo, na Guerra da Tríplice Aliança.

Agraciado, com o título de barão do Amazonas, em 1866.

“Continha os seguintes dizeres: - “No dia 11 de junho de 1908, sendo presidente da

República o Sr. Dr. Afonso Augusto Moreira Pena e ministro da Marinha o

Exmo. Sr. Almirante Alexandrino de Alencar, foi lançada esta pedra sobre a

qual será erigido, por ordem do exmo. Sr. Augusto Tavares de Lira, ministro da

Justiça e Negócios Interiores, de acordo com o Decreto n.º 1.697, de 10 de Junho

de 1907, o monumento ao almirante Barroso e aos heróis da batalha naval do

Riachuelo.”

Os seus restos mortais foram trazidos para o Rio de Janeiro, em 1908, em uma urna e foram

depositados na Igreja da Cruz dos Militares. A 11.06.1909, foram transportados para a base do

monumento ainda em construção, somente inaugurado a 19.11.1909.

“Sobre uma coluna de granito, alta de 8 metros, está de pé o Almirante, na atitude em que a

História o surpreendeu sobre o passadiço da Amazonas. No pedestal, estão figurados atributos

de marinha; e, em medalhões do mesmo bronze, as efígies de comandados seus, valentes defensores do pendão auri-verde na mesma jornada belicosa. A

obra de arte é do escultor Corrêa Lima.”

11.06.1909 – Restos mortais do almirante Barroso, sainda da Igreja da Cruz dos Militares. O féretro é carregado pelos almirantes Bueno Brandão e Carlos de Noronha. No primeiro plano, à

esquerda, está o Ministro da Marinha; à esquerda do féretro, atrás, o almirante Pereira Guimarães. Na escada, à direita, o almirante Proença.

Chegada dos despojos do almirante Barroso ao monumento, que se construía na Praia do Flamengo. Estão em torno do féretro o general Rodrigues Sales, almirantes Júlio de Noronha e

Alexandrino de Alencar.As duas figuras aladas, colocadas sobre proas em bronze, representam a Pátria e a Vitória.

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CORRIDAS DE TOUROSO Decreto n. 1.173, de 12 de maio de 1908, proíbe a concessão de licença para o divertimento

denominado “Corridas de Touros”.

José Bento de Araújo

- Voltando no Tempo -

O Jornal O EXPRESSO - Lisboa, nº 63 - Domingo, de 29.03.1896, noticia:

“Annuncia-se para domingo de Paschoa a inauguração da época.

Pelos pormenores que temos, a nova empreza esforça-se para apresentar uma corrida, que

satisfaça os mais exigentes aficionados.

(...)

São cavalleiros os applaudidos Alfredo Tinoco e José Bento, que fazem as suas despedidas,

pois partem brevemente para o Rio de Janeiro onde lhes offerecem um magnífico contracto.”

Ocorre que, um ano antes – 1895 –, começaram as Corridas de Touros no Rio de Janeiro.

** Notícias de 1896 **

“Aparece aqui um divertimento novo – Tourada.

É passatempo muito espanhol, bastante português, um pouco do Sul da França e do

Norte da Itália: Admira-se a astúcia e a destreza do homem, furtando-se às

investidas cegas do cornúpeto. A lide, sempre arriscada, aviva a assistência,

acelera entusiasmos.”

- Voltando no Tempo -

Rua Ipiranga, no bairro das Laranjeiras, em 1905. Ao fundo, a arena que se montava para

apresentação das touradas.

“Vieram dois guapos cavaleiros, e adestrados bandarilheiros, e “homens de forcado” e, mesmo touros, de Portugal.

Armou-se aqui um redondel, na rua São Cristóvão. Grandes reclamos. Vistosa apresentação: Agrada a quem conhece

tauromaquia, e impressiona quem observa pela primeira vez.

As “cortezias”: Formatura de todo o pessoal; vestes garridas; cavaleiros – casacas de sêda, chapéu tricórneo –

saudando o público, em volteios elegantes de corcéis adestrados, são gracioso prelúdio do excitante espetáculo”

“Teve sucesso a tourada. Fundou-se um clube tauromáquico. E, para oferecer

recinto digno dos freqüentadores cada vez mais numerosos, construiu-se bela

“praça”, nas Laranjeiras. Os bons touros, porém, escassearam: Caríssima a

importação dêsses animais de raça; e o clima quebrantava-os. O divertimento foi perdendo “aficcionados”; os toureiros desistiram; o redondel desmanchou-se.

A cidade não deu pela falta.”

Ao lado, uma rara imagem do cavaleiro Adelino Raposo, datada de 1901, quando

atuava na arena do bairro das Laranjeiras. (Acervo Cau Barata)

** Laranjeiras em 1901 **

“A época tauromáquica de 1901, no redondel das Laranjeiras, trouxe ao Rio

de Janeiro alguns artistas de merecimento, entre eles o cavalleiro

Adelino Raposo, os bandarilheiros José dos Santos, Calabaça e Rafael Peixinho e

o ribatejano Torga, um valente que fez algumas pegas soberbas.

Mas o grande “elou” da temporada foi a alternativa de Evaristo Raposo, sobrinho

de Adelino, um rapaz que promete maravilhas se não se deixar deslumbrar

pelos aplausos do público.”

“Reune esse estreiante todas as qualidades de um bom cavalleiro

tauromáquico: excelente mão de rédea, joelhos nervosos, elegância natural,

sangue frio e um golpe de vista rápido.

É pois natural que progrida dando-nos ainda um artista completo. Eis o que todos

esperam e sinceramente lhe desejam.”

Outra rara imagem, de 1901, por ocasião da tourada das Laranjeiras: o

bandarilheiro Rafael Peixinho.Laranjeiras, Rio de Janeiro – 1901: Adelino Raposo, Evaristo Raposo, Rafael Peixinho, José dos Santos, Calabaça e outros, apresentando-se ao público das Laranjeiras.

Momento dramático nas Laranjeiras...

O público, de pé, boquiaberto. Os bandarilheiros e ajudantes correm em direção ao animal que, de cabeça baixa, enfurecidamente, arrasta um dos toureiros, que agoniza no embate dos cornos

taurinos.

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O Prefeito do Distrito Federal, Francisco M. de Souza Aguiar, decretou e sancionou a resolução de que, no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, não mais serão concedidas licenças para o

divertimento denominado Corridas de Touros. A proibição só começaria a vigorar a partir de 1.º de janeiro de 1909.

CORRIDAS DE TOUROSVoltamos a 1908 - o fim das touradas.

O Decreto n. 1.173, de 12 de maio de 1908, proíbe a concessão de licença para o divertimento denominado “Corridas de Touros”.

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MONUMENTO A D. JOÃO VI

Jardim Botânico

A 13 de junho de 1908, por ocasião dos festejos do centenário da vinda da Família Real (1808-1908), foi inaugurado o monumento a D. João VI, no Jardim Botânico, com a presença do

Presidente Afonso Pena.

O bronze, sobre pedestal de granito, obra de Rodolfo Bernadelli, foi localizado em frente á Palma Mater, plantada pelo então Príncipe Regente D. João, criador do Jardim Botânico. No ato

de inauguração, falou o cientista João Barbosa Rodrigues - diretor do Jardim Botânico.

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PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DE COPACABANA

E SANTA ROSA DE LIMA

“Santa Rosa de Lima, Padroeira oficial da América Latina e das Filipinas, faleceu em Lima, Peru, em 1617. Recebeu graças místicas extraordinárias. Foi perseguida pelo demônio mas, em contrapartida, tinha freqüentes conversações com Nossa Senhora e

com seu Anjo da Guarda. Pertenceu à  Ordem Terceira de São Domingos e faleceu aos 31 anos de idade.” (Dados da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro)

Em 30 de agosto de 1908, a Paróquia de Nossa

Senhora de Copacabana e Santa Rosa de Lima foi criada pelo Cardeal D. Joaquim Arcoverde e

solenemente instalada em 8 de setembro de 1908.

A Matriz ficou instalada na igreja do Senhor do Bonfim, até que fosse erguida a Matriz definitiva sob a invocação de N. S. de Copacabana, o que não aconteceu. A Capela do

Senhor do Bonfim foi edificada por provisão de 06.10.1897 e inaugurada por despacho de 01.03.1906 e provisão de 05.09.1908. A Paróquia nela se instalou três dias depois.

A população da Paróquia de Copacabana, naquele

ano de 1908, era de 20.000 pessoas.

Pertencia-lhe o Leme, Arpoador e Ipanema.

Foi seu primeiro vigário Monsenhor Joaquim

Soares de Oliveira Alvim, natural de Minas Gerais, que reconstruiu a igreja do Senhor do Bonfim,

sede da Paróquia, dando-lhe o aspecto que vemos nas fotos, terminando as obras em abril de 1918.

Os 7 prédios juntos à igreja Matriz, números 36/52, da rua Hilário de Gouvêa, são propriedades da Casa do Pobre de N. S. de

Copacabana, fundada em 8 de setembro de 1932. A Casa do Pobre surgiu da idéia nascida da “campanha em favor dos

pobres”, preconizada pelo Papa Pio XI e lançada em todas as paróquias, por ordem do Cardeal D. Sebastião Leme.

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PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DE COPACABANA

E SANTA ROSA DE LIMA

A Igreja e o correr de casas da Casa do Pobre.

Eram três casas de um só pavimento e quatro de dois pavimentos, ocupando um

terreno de 60 metros de frente por 46 de fundos, ou seja: uma área de 2.760 metros

quadrados.

Nelas funcionavam: a Creche Santa Terezinha, a seção maternal “Clarice Schiller”, a escola primária “Santa Rosa de

Lima”, o ambulatório “São Vicente de Paula”, o gabinete dentário, a farmácia, o laboratório de análises clínicas, o

dispensário do ”Pão de Santo Antonio” etc.

Capela da Casa do Pobre.

Refeitório da Casa do Pobre.Creche da Casa do Pobre.Enfermaria da Casa do Pobre.

Ambulatório de Higiêne Pré-Natal Gabinete Dentário

- Casa do Pobre -

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PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DE COPACABANA

E SANTA ROSA DE LIMA

Limites da Paróquia de Nossa Senhora de Copacabana e Santa Rosa de Lima quando da

sua criação por decreto de 30.08.1908.

“Partindo do oceano, do ponto mais próximo ao alto da montanha entre a Praia Vermelha e

a praça da Vigia no Leme, a linha divisória sobe em reta a esse alto, e, seguindo o dorso da

montanha, sempre pelo divisor das águas, passa pelos altos dos morros da Babilônia, S. João, Saudade e Cabritos; e, contiuando pela ponta do Pires (curva do Calombo), que mais se avança sobre a lagoa Rodrigo de Freitas,

desce a lagoa e a corta em direção à praia do Pinto (próxima ao Jardim de Alah), ao ponto fronteiro à rua Irineu Silva (deixou de existir na altura da rua Afrânio de Mello Franco). Abrangendo toda esta rua, desce até à beira-mar e prossegue até a praia do Arpoador; e, voltando pelo mar, continua até o ponto de

partida, nas montanhas do Leme.”(limites demarcados, em azul, na planta que segue)

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PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DE COPACABANA

E SANTA ROSA DE LIMA

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IGREJA DO EXTERNATO SANTO ANTÔNIO MARIA ZACARIA

Foi inaugurada, por provisão de 18 de dezembro de 1908, na rua Senador Vergueiro n. 107, a Igreja do então Externato Santo Antônio Maria

Zacharia, trasladada posteriormnente para a rua do Catete.

Pertence à Ordem dos Padres Barnabitas. O Colégio funciona, desde 1911, no atual endereço - rua do Catete n.º 113.

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IGREJA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

DO COLÉGIO REGINA COELI

A Igreja do Sagrado Coração de Jesus, do Colégio Regina Coeli, situado em uma pitoresca colina do vale da Tijuca, à rua Conde de Bonfim n.º 1305, teve provisão em 10.12.1908. É uma instituição das Irmãs Missionárias do Sagrado Coração de Jesus,

“Filhas de Santa Francisca Xavier Cabrini”.

Teve início em 1908, quando a fundadora, Madre Francisca Xavier Cabrini, visitou o Rio de Janeiro e resolveu estabelecer uma casa de sua Congregação.

Capela do Colégio

“Madre Cabrini havia fundado, no dia 6 de março de 1908, no Flamengo, um colégio dedicado a Nossa Senhora

Aparecida a pedido do Cardeal Arcoverde.

Porém, como grassava no Centro do Rio de Janeiro a epidemia da varíola, ela percorreu o Rio de Janeiro de

Norte a Sul procurando um lugar saudável para proteger alunas e irmãs. Encontrou uma casa bem espaçosa que

servia para este fim. Estava na encosta de uma montanha, porém tinha um problema, era de difícil acesso.

Madre Cabrini foi aconselhada a vir até o Hotel Moreau, um hotel francês que ficava na Tijuca, para conhecer o

plano inclinado que transportava os turistas.”

Uma rara fotografia, de 1894, do Hotel Moreau, na Tijuca. Em 1898, era proprietário, ou gerente, E. Barandier.

“Madre Francisca Xavier Cabrini foi ao Hotel Moreau, subiu de bondinho,

admirou o plano inclinado e achou muito interessante o mecanismo do bondinho. Satisfeita a sua curiosidade agradeceu o

senhor e se despediu.

Porém o mecânico insistiu para que ela falasse com a Dona Anaria Moreau.

A senhora Moreau não se fez esperar e quando soube do motivo da visita,

acrescentou: "Mas por que não compra a minha casa?" Depois de perceber a vastidão e a beleza do lugar, Madre

Cabrini regateou o preço com a senhora Moreau, que tinha ficado viúva com um

único filho e tinha pressa de voltar para a França.”

Outra raríssima ilustração, datada de 1894, do bonde do Hotel

Moreau (tram-car).

Imagem do bondinho “moderno”, que leva ao Colégio Regina Coeli.

No dia 1º de novembro, Madre Cabrini foi com Madre Rosário Marchesi ao Hotel Moreau e ficaram felizes por ter a senhora Moreau baixado o preço para 120,00 contos - quantia que

conseguira emprestado.

“No dia 25 de novembro de 1908, foi assinada a escritura da compra do hotel que seria o futuro "REGINA COELI". A primeira missa foi no dia 3 de dezembro no grande salão da antiga sala de jantar do hotel, a segunda foi no dia de Natal, e no dia 6 de fevereiro de 1909 deu-se o início das

aulas.” (Texto do site oficial do Colégio: http://www.reginacoelirj.com.br)

O Colégio em 1949.

(Acervo particular)

Santa Francisca Xavier Cabrini, nascida a 15.07.1850, em Sant'Angelo Lodigiano – Itália -, falecida de malária, a 22.12.1917, no Hospital Columbus de Chicago. Seus restos se encontram

enterrados, na Escola Madre Cabrini, em Manhattan - Nova Iorque. Foi beatificada, em 13.11.1938, e canonizada, em 07.07.1946 pelo papa Pio XII.

Entrada principal do ColégioRampa do Colégio

Lateral do Colégio

Biblioteca do Colégio Lago do Colégio

No alto da colina, no centro de larga praça, precedendo a entrada do estabelecimento, ergue-se o monumento, em bronze, da Fundadora.

FONTE: As imagens da Capela, do Bondinho (moderno), da entrada principal, da rampa, da lateral, da biblioteca, do lago e do pátio pertencem ao acervo do Colégio.

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IGREJA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

DO COLÉGIO REGINA COELI

HOTEL MOREAU

Nota histórico-genealógica: O Hotel Moreau, adquirido pela Madre Francisca Xavier Cabrini, era propriedade de Alexis Jean Moreau, que chegou ao Rio de Janeiro antes de 1870. Nesse ano, ele já trabalha no ramo como proprietário do Hotel des Frères Provençaux, que funcionava na rua Gonçalves Dias, n.º 79, esquina com a rua do Ouvidor, onde tinha a entrada de número 126B. Aprontava, também, almoços e

jantares para fora, com pratos variados por preços convidativos.

Alexis Jean Moreau também era proprietário do Restaurant Français, que em 1870 funcionava no sobrado da rua do Ouvidor n.º 130. No ano seguinte – 1871 –, casou

no Rio de Janeiro (Candelária), com Maria Spina, que aparece como Anaria, na página do Colégio Regina Coeli. Em 1882, já havia aberto uma sucursal do Hotel

Fréres Provençaux no Andaraí Pequeno (Tijuca) – Ville Moreau. Nessa ocasião, seus estabelecimentos já eram recomendados como de primeira ordem.

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IGREJA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

DO COLÉGIO REGINA COELI

HOTEL MOREAU

Finalmente, no ano de 1885, o famoso Hotel Villa Moreau, na rua Conde de Bonfim, número 123, aparece com sua primeira

grande propaganda.

Falava-se português, espanhol, francês, inglês e alemão. Atendia pelo telefone 2018.

Quartos mobiliados com gosto. Banhos e natação. Duchas. Parque. Bilhar. Jogos.

Cozinha francesa.

Um bonde saía do Largo de São Francisco.

Moreau desfez-se do Hotel des Frères Provençaux para a sociedade entre Francisco

Jorganes e Manoel Dias Perez.

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1864

MACHADO DE ASSIS

Faleceu, a 29 de Setembro de 1908, no Rio de Janeiro, e foi sepultado no Cemitério de São João Batista.

187218731879188018901901c1903c1904c1906c

Joaquim Maria Machado de Assis, jornalista, contista,

cronista, romancista, poeta e teatrólogo, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 21.06.1839, filho legítimo de Francisco

José de Assis e Maria Leopoldina Machado de Assis,

moradores no morro do Livramento. Faleceu, no Rio de Janeiro, em 29.09.1908, às 3h 20min., em sua casa, à Rua

Cosme Velho, 18, sendo sepultado no Cemitério de São João Batista. É o fundador e

primeiro ocupante da Cadeira n.º 23 da Academia Brasileira

de Letras.

1908c1864187218731879188018901901c1903c1904c1906c1908c

Em 1855, publicou seu primeiro poema: Ela. Em 1859, estréia como crítico

teatral na revista O Espelho. Em 1860, é convidado para redator do Diário do Rio de Janeiro. Em 1863, publica o

Teatro de Machado de Assis. Em 1881, publica, em volume, Memórias Póstumas de Brás Cubas. Em 1891, publica. em volume, Quincas Borba. Em

1899, publica Dom Casmurro. Em 1904, publica Esaú e Jacob. Em 1906, publica

Relíquias de Casa Velha. Em 1908, publica o Memorial de

Aires.

1864187218731879188018901901c1903c1904c1906c1908c

Eça em que foi colocado o corpo de Machado de Assis na Secretaria da Academia Brasileira de Letras.

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MACHADO DE ASSIS

Faleceu, a 29 de Setembro de 1908, no Rio de Janeiro, e foi sepultado no Cemitério de São João Batista.

Caixão que encerra o corpo de Machado de Assis, ao sair da Academia Brasileira de Letras, carregado pelos Srs.:

Ruy Barbosa e Coelho Neto. Graça Aranha e Raimundo Correia. Olavo Bilac e Euclides da Cunha.

Rodrigo Octávio e Afonso Celso.

Marcha do cortejo fúnebre do Centro ao Cemitério de São João Batista - bairro de Botafogo

Máscara

Mortuária

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MACHADO DE ASSIS

Faleceu a 29 de Setembro de 1908, no Rio de Janeiro – sepultado no no Cemitério de São João Batista.

Genealogia Machadiana

Joaquim Maria Machado de Assis(*21.06.1839, Rio, RJ - +29.09.1908, Rio, RJ)

Francisco José de Assis Maria Leopoldina Machado da Câmara (*11.10.1806, Rio, RJ - +?, sangue africano) (*07.03.1812, Açores - +18.01.1849, Rio, RJ)

Francisco José de Assis (pai) Inácia Maria Rosa(*cerca 1781 - +?, Pardo forro) (*cerca 1784 - +?, forra)

Casados a 04.08.1805, no Rio, RJ

Estevão José Machado Ana Rosa Cordeiro (*16.03.1790, Vila do Porto) (*cerca 1794, Ptª Delgada)

Casados a 09.06.1809

Benedita Maria da Piedade Rosa (*cerca 1764 - +?, Escrava) (*cerca 1768 - +?, Escrava)

Benedita Maria, filha natural, desobrigada na freguesia de Santa Rita,

escrava que foi de D. Maria Teresa dos Santos, casada

com Manuel Pinto da Cunha e Sousa, senhores do Morro

do Livramento

Rosa, preta, sangue africano, escrava do Padre

José Pereira dos Santos.

João Pedro Machado Sebastião Arruda Cordeiro (*cerca 1773 - +?) (*18.11.1743, Ponta Delgada-)

Francisca Rosa Maria da Estrela casado com casado com

Pais

Avós paternos

Bisavós paternos

maternos

maternos

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JORNAL DO COMMÉRCIO

1.º de outubro de 1908

Antigo edifício do “Jornal do Commércio” à rua do Ouvidor.

Pleito de saudade à velha casa.

“O que tu foste, idéa e symbolo, não deixarás jamais de o ser, a par da

nacionalidade, logo após a qual nasceste, ainda a tempo de o ajudar a formar... Mas daquilo que simplesmente representam os teus velhos muros e o teu velho tecto, que

vae ser amanhã, quando te abandonarmos? Que vai ser de ti? Dar-te hão simplesmente uma apparencia nova, remoçando-te, aformoseando-te, velha casa, para que dignamente agasalhes a

indústria, o commércio, a instituição ou o pensamento que te vier pedir asylo? Derrubar-te hão para, no lugar que

occupaste, erguer outra casa e começar outro empreendimento? De qualquer

modo, que importa?..”Antigo edifício do “Jornal do Commércio” à rua do Ouvidor.

Pleito de saudade à velha casa.

“Já nos não pertence, nem nós te pertencemos; nós vamos para nova casa e tu ahi ficas, à espera de novos moradores;

mas, velha amiga, velha mãe, por mais que te pareça que nos perdes, somos nós,

somos nós que te perdermos! Nós de ti nada levamos, nem a menor parcella de

tua glória imperecível, nem coisa alguma que nos reproduza uma feição, um traço

da tua adorada physionomia; deixamos-te, porém, quanto em ti era nosso ou por ti

própria nos fóra dado, tudo o que dentro de ti fizemos ou nos inspiraste; e parte da nossa vida, parte da nossa alma; e todo o amor, reconhecido e captivo, dos nossos

corações.

Velha casa, velha mãe, adeus!”

Discurso de João Luso, lido na ceia de despedida que se realizou na sala da redação

da velha casa a 30.09.1908.

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JORNAL DO COMMERCIO

1.º de outubro de 1908Em 1º de outubro de 1908 – dia seguinte ao discurso de João Luso -, foi inaugurada a nova sede do Jornal do Commércio, na esquina da

Avenida Central (hoje Av. Rio Branco) com a rua do Ouvidor.

Edifício para onde, em 1908, transferiu-se da

velha sede tradicional, da rua do Ouvidor, o Jornal

do Comércio.

Projeto da fachada do arquiteto francês Auguste Huguier. A construção foi confiada a afamada firma Antonio Jannuzzi, Irmão

& C., que organizou e modificou o projeto.

Ocupava área de 1.494,67m2.

Avenida Central

(hoje av. Rio Branco)

Sobre o edifício, escreveu o próprio construtor

Jannuzzi:

“Sinto dizer que muitos homens de valor, que,

aliás, conheciam homens e coisas, não

compartilhavam do enthusiasmo do Sr.

Guinle, pela Avenida, e entre elles – parece impossível ! – o meu

saudoso e querido amigo Dr. José Carlos

Rodrigues, que, convidado pelo Dr. Frontin a

comprar um terreno para edificar o palácio do

Jornal do Commércio se negou a fazê-lo.”

“Dizia que o Jornal do Commércio tinha

tradições e que não devia sair da rua do Ouvidor, onde estava installado.

No entanto, as construcções na Avenida

principiaram a multiplicar-se, e o meu

saudoso amigo Dr. Rodrigues convenceu-se de que devia comprar um terreno na grande artéria

central.

Havia tão somente uma pequena área disponível

no canto da rua do Ouvidor, que não bastava

para edificar a sede do Jornal do Commércio.”

“Resolveu comprar, ao lado do terreno, um

prédio de cinco pavimentos, que estava

em acabamento, por quinhentos contos de

réis! Antes tarde do que nunca, mas, a teimosia do

meu amigo, lhe custou caro porque nenhum

proprietário da Avenida comprou o terreno por

preço mais alto do que o Jornal do Commércio, o

que lhe ficou por cerca de mil contos. Coube-me a felicidade de ser o seu

constructor e posso garantir que poucas

construcções apresentam a solidez deste edifício.”

Fotografia de Augusto Malta durante o serviço noturno dos linotipistas. Havia trinta e dois

linotipos “Mergenthaler”, sendo quatro do mais recente modelo, e uma fundidora.

Fotografia de Augusto Malta durante a feitura gráfica do jornal. A imagem mostra um aspecto da seção de

estereotipia no momento em que a prensa dupla faz o trabalho da matriz das páginas em papel.

Dr. José Carlos Rodrigues

Responsável pela transferência da sede do Jornal do Brasil para a Av. Central.

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ARTHUR AZEVEDO(Arthur Nabantino Gonçalves de Azevedo)

Faleceu, a 22 de Outubro de 1908, no Rio de Janeiro.

** As Minhas Primeiras Peças **Depoimento do próprio Arthur Azevedo.

“Desde criança manifestei certa vocação para o theatro, e, si

não foram meus paes, teria com certeza abraçado a arte

dramática. Aos oito anos, organizava espectáculos de

sucia com os meninos da minha edade ou uma comédia para ler.

Da bibliotheca de meu pae, que possuía bons livros, preferia as peças de theatro, e, como havia muitas em francez, aprendi com

facilidade a traduzir esse idioma, para poder lê-las.”

“Foi justamente na Selecta Franceza que encontrei o

assumpto da minha primeira peça – uma tragédia, a única que perpetrei. O episódio do Mucio Scevola, queimando a mão em

presença de Porsenna, me impressionou tanto, que resolvi

transportá-lo para o palco.

Imaginem o que sairia da penna de um fedelho de dez annos!

Infelizmente, perdeu-se o manuscripto, que daria motivo a

boas gargalhadas.”

“Apenas me lembro de dous versos, - sim, que a tragédia era em verso, como toda a tragédia

que se respeita.

Mucio Scevola introduzia-se furtivamente no palácio de

Porsenna, para matá-lo; mas por um terrível engano, em vez de apunhalar o rei, apunhalava o secretário do rei. Acudia então

um amigo e confidente de Mucio, e exclamava:

Que fizeste, temerário?Tu mataste o secretário!

Eis tudo quanto resta da minha tragédia!”

“Entretanto, Mucio Scevola não foi a minha primeira peça. Um anno antes (não riam!) tinha eu

já escripto um drama em um prólogo e 5 actos, que também se perdeu. Ainda tenho de memória

o argumento. A peça foi representada com extraordinário successo num salão que havia no fundo do quintal da nossa casa, um

precursor do Eden-Lavradio, que meu pae reservára

exclusivamente para as nossas travessuras – minhas, dos meus ermãos e de alguns amiguinhos

da vizinhança.”

“Prendem-se a esse turbulento salão (digo salão para conservar o nome que lhe

dávamos) as mais felizes recordações da minha infância.

Mais tarde construiu-se um theatrinho nas lojas de um sobrado da rua Sancto-Antonio, a

dous passos da casa onde, alguns annos depois, o desembargador Pontes Visgueiro assassinava a pobre Maria da Conceição.

Naquelle sobrado residia o Manuel do Bico, assim chamado por ter tido negócio n´uma

casa, cuja esquina formava um ângulo agudo. A família d´esse honrado negociante gostava

muito de theatrinhos particulares.”

“Ahi foi representada uma comédia minha, intitulada o Fantasma na aldeia, plagio

escandaloso do Fantasma branco, de Macedo, mas reduzido a um acto.

Em 1869 alguns moços, empregados, como eu, no commercio, construiram no largo do Carmo (hoje praça João Lisboa – São Luis, MA), por baixo do Gabinete Portuguez de

Leitura, um theatrinho a que deram o pomposo titulo de Theatro Normal.

Ahi fiz representar, e representei eu proprio, um melodrama cujo manuscripto ainda

possúo. Intitulava-se Fernando, o enjeitado, e era extrahido de uma novella de Lopes de

Mendonça.”

Aluizio Azevedo Arhur Azevedo

“Meu irmão Aluizio Azevedo, o nosso illustre romancista, desempenhou o papel de Maria, que se apaixonava por Fernando o enjeitado, desgostando assim o sr. Duarte,

seu marido. O sr. Duarte era eu.

Pelo mesmo tempo escrevi outra comédia, que foi tambem representada no Thetro

Normal: Indústria e Celibato. Como se vê, a minha especialidade eram os títulos infelizes.

A acção passava-se nesta cidade do Rio de Janeiro, que eu não conhecia ainda. Um dos

personagens, logo depois das primeiras scenas, entrava fatigadíssimo de uma longa

jornada em caminho de ferro: vinha... de Matacavallos!”

“Eu suppunha, não sei como, que Matacavallos (hoje rua do Riachuelo) fosse uma localidade distante da Côrte, como, por exemplo, Vassouras ou Valença.

Na platéa estava um guarda-livros, novo na terra, chegado recentemente do Rio de Janeiro, que se riu a bandeiras despregadas quando o actor exclamou, com uma mala em cada mão:

- Venho de Matacavallos!

Só em 1873, chegando a esta capital, verifiquei o meu erro e comprehendi a hilaridade do

guarda-livros.

Em 1870 – tinha eu então quinze annos – escrevi o Amor por

Annexins. Foi o meu primeiro trabalho exhibido em theatro

público, e até hoje é o que tem sido mais vezes ouvido, pois conta centenas de representações

tanto no Brasil como em Portugal, devido, não ao mérito

da obra, mas ao facto de ter apenas dous personagens.

Ahi têm a história das primeiras peças de um comediógrapho sem

theatro, sem artistas, sem público, sem estímulo de espécie

alguma, e que chegou, infelizmente, aos 46 annos sem

realizar o seu sonho de litteratura e de arte.”Faleceu aos 53 anos.

** Cenas do funeral **

Contista, cronista e autor teatral. Nascido, em São Luís, MA, a

07.07.1855, e falecido, no Rio de Janeiro, RJ, a 22.10.1908.

Eulália Amália Pinto de Magalhães (Azevedo), ladeada por seus dois filhos: Aluísio Azevedo (esquerda) e Arthur Azevedo (direita).

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FIM DA TERCEIRA PARTE

1908-2008

Feliz Ano Novo!..

Pesquisa, formatação e texto: Cau Barata

(Carlos Eduardo de Almeida Barata)08.12.2008 – 18.12.2008