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Volume386
____________________________1
iI
IU-n-I[~Órgão Oficial de Divulgação da Assembléia Nacional Constituinte
ADIRP/Castro Júnior
Criança quercrescer com
mais dignidadeComo tratar da questão dainfância num paIScom altataxa de natalidade e muito
pouca segurança social?Quando se aproxima a votação
do trecho da Carta que Itrata do assunto, crianças I
como as da foto (Comunidade IInfantil do Minter) vêm I 1,
até aqui pressionar em defesa '"de seus direitos. Criança
exige alimento, moradia erespeito à sua condição,
enquanto ser humano.(Páginas 8 e 9).
Brasil poderáter nova Cartaantes de agosto
Consolida-se na AssembléiaConstituinte a previsão de queem julho a nova Carta estarápronta para a proOlulgação.Com a votação da Ordem Econômica prestes a ser concluída,o Plenário tem cerca de cemartigos para encerrar a votação
~ em primeiro turno, o que não: é muito: mais de 200 já foramaprovados. O entendimentoentre os líderes partidários será
'- fundamental para que se te-nha, até julho, nova ordem jurídica. (Página 15)ADIRPlReynaldo Stavale
Brasília, 9 a 15 de maio de 1988 - N9 46
ReformaAgrária,a grandepolêmicaA questão da reforma agrária, num país de 8 milhões
de knr', e com aproximadamente de 60 a 70% de seus habitantes morando nas cidades, é tema de suficiente importânciapara merecer longos debates na Assembléia Nacional Constituinte. Nações que seguem diferentes modelos econômicos- como Estados Unidos e China, por exemplo - escolherame realizaram projetos racionais de ocupação de suas terras,sem perder de vista outros aspectos do desenvolvimento.
O Brasil precisa, também, encontrar o seu caminho. Torna-se imperativo não apenas conter o êxodo rural, mas revertê-lo. E necessário que a terra produza alimentos não apenaspara garantir trabalho, mas, igualmente, para assegurar condições mais dignas de vida à população, tanto a rural comoa urbana. Os constituintes levaram a semana passada discutindo os conceitos de função social da terra e de sua produtividade. Nesta semana, poder-se-á chegar ao acordo esperado.(Página 3).
, '
ebates sobre a reforma agrária. O assunto, pela sua importância, também fez com que ás gôlerias ficassem cheias o tempo toao
Rumo à conciliaçãoGenocídio
A 26~ Assembléia Geral daConferência Geral dos Bispos doBrasil aprovou uma deliberaçãopelo afastamento dos padres dapolítica, não podendo a Igreja envolver-se em agremiações político-partidárias.
No Império, era comum a presença de padres na Câmara e noSenado, o padre Arruda Câmarachegou à presidência da Câmarana legislatura iniciada em 1934 evoltou, até a morte, liderando oPDC, em sucessivas legislaturas,como uma das figuras mais eminentes da nossa história parlamentar.
Mas política não se faz, apenas,nas tribunas do Parlamento ou'mediante filiação partidária: elapode ser praticada nos sermõesdas missas, nas cátedras e, principalmente, na edição de livros quenada têm que ver com a liturgiae a dogmática.
Quando o Brasil foi acusadopela primeira vez de genocídiodos índios, nos idos de 1965, asmissões religiosas estavam comprometidas nessa propaganda desairosa.
Agora mesmo D. Agnelo Rossi, decano do Colégio dos Cardeais e presidente da Administração do Patrimônio da Sé Apostólica, depois de exaltar a grandeliberdade da Igreja Católica noBrasil, informou que alguns missionários exageraram em suas colocações sobre o tratamento deíndios no país, transformando velhos incidentes entre tribos e caboclos, com mortes de ambos oslados, em genocídio dos índios,"como se fosse uma calamidadegeneralizada no Brasil".
Quando o papa João Paulo IIvier ao Brasil, no próximo ano,terá oportunidade de ouvir o depoimento das próprias tribos, queconsideram sua vida assegurada,querendo o mesmo tratamentopara a sua propriedade.
Sua Santidade restabelecerá averdade dos fatos.
Constituinte Siqueira Campos(PDC- GO)
A nação está acompanhando, nesses últimosdias, o desdobramento dediferentes ações com vistasa soluções duradouras para os problemas econômicos que nos afligem e que,pela sua complexidade, sugerem o entendimento nacional, tal como propus recentemente.
Nessa semana, porexemplo, o presidente daRepública, a quem cabe ocomando e a orientaçãodesse entendimento, tevea oportunidade de ouvirrepresentantes do empresariado e de trabalhadores, conduzidos pelo governador de São Paulo,Orestes Quércia.
Quando lancei a idéiado entendimento nacional, de alto nível, levei-a,inicialmente, ao conhecimento do presidente, naconvicção de que essa éuma via necessária, sobretudo levando em consideração a circunstância deque estamos já muito próximos da data da promulgação da nova Carta constitucional.
Em seguida, incluí o tema no meu discurso deabertura do ano legislativo, a 1" de março último,quando enfatizei a conve-·niência de se colocar emexecução um programa desalvação nacional, desdeque a simples promulgação do novo texto constitucional não se afigura comosolução pronta para resolver os nossos problemas.Através da futura Carta,conforme também já lembrei, passaremos a dispordos pré-requisitos paraconduzir as soluções devidamente lastreadas numinstrumental jurídicoconstitucional contemporâneo e que verdadeiramente será o perfil do povo brasileiro.
No entanto, precisamosir mais além, e sem perdade tempo, para tornar possível a montagem de umprograma de reformas exigido pelo momento.
É bom que os diferentessegmentos da vida nacional já estejam se adiantando, como ocorreu nessa semana, com a realização doencontro do presidente daRepública com o grupopaulista, na Granja doTorto. Vale ressaltar, também, o empenho do governador Henrique Santillona elaboração de um planode emergência.
Só assim, vencendo etapas, mesmo antes da vigência da nova Constituição, o país conseguirá obalizamento ideal para lograr o consenso em tornodas soluções mais adequadas para superar os impas'ses de ordem econômica.Pelo entendimento, essassoluções jamais serão impostas à nação, que, emgeral, era surpreendidacom os chamados pacotes,nem sempre ajustados aosanseios de uma populaçãoque, injustificadamente, éobrigada a enfrentar osdissabores de distorçõesresultantes de medidasunilaterais dos gabinetesda burocracia.
Tenho a certeza de quenovas conversações serãopromovidas, com a participação de todas as camadasrepresentativas do povo,independentemente de corpolítico-partidária ouideológica. E, ao final,graças ao entendimento, opaís conseguirá retomar odesenvolvimento, que, como se sabe, é o caminhocerto para um grande desfecho nacional, com umademocracia estável e umapopulação feliz.
Constituinte Humberto LucenaPresido do Congresso Nacional
Cidade, campo.e as cnançasAs demoradasnegociações
em torno da reforma agrária,na busca do modelo adequado ao país e que responda aoanseiodosbrasileiros,tem tudo para resultar num acordosemelhante ao que viabilizoua aprovação, em apenas umatarde, do capítulo da novaCarta relativo à políticaurbana. Seospartidose liderançascivis chegaram a um entendimento em torno de uma fórmula capaz de assegurar ocrescimento das pequenas ea humanização das grandescidades, reconhecendo o direito de propriedade e o deusucapião aosque ocupamhámais de cinco anos terrenoscujosproprietários não reclamaram a posse, lógico e natural é supor queo mesmoocorra em relaçãoà questãorural.Afinal, num país de 135 milhões de habitantes espalhados em 8 milhõesde quilômetros quadrados, há terra boapara todos os que queremproduzir. Já dizia Pero Vazde Caminhaque, nesta terra,em se-plantando, tudo dá.
O acordo vai apressar aconclusão da votação em primeiro turno, viabilizando apromulgação da nova Cartaantesde agosto, comomostrareportagem na página 15.
Nesta edição do JC, nãoapenas a reforma agrária (págmas3 e 4), a reforma urbana(6 e 7) e o ritmo da Constituinte (15) são abordados. Asnossas crianças, o País deamanhã, precisamser respeitadas, amparadas e protegidas. Pode parecer óbvio masnão custa lembrar a sociedade adulta, as crianças de ontem, dos problemasdo Brasildo futuro, como fazemos naspáginas 8 e 9. Leia ainda entrevistas dos deputadosNaphtali Alves de Souza,Aloysio Chavese José CarlosVasconcelos.
Sérgio ChaconSecretário de Redação Adjunto
JustiçaDesigual é o tratamento confe
rido ao trabalhador rurícola, emrelação ao trabalhador urbano,~~ que tange à prot~ção previdenciana em nosso pais.
Injustificável; porém, essa desigualdade, por importar na cisãoda classe trabalhadora em duascategorias distintas de beneficiários, favorecendo alguns mais doque a outros, em flagrante desrespeito ao princípio da isonomia.
Essa distorção social influi, inclusive, no sistema produtivo nacional, contrariando até mesmoa tão propalada e defendida política de fixação do homem à terra,eis que, ao beneficiar mais o trabalhador urbano, incentiva o êxo-
. do rural, subtraindo do campo amão-de-obra indispensável à produção de alimentos para as cidades.
A manutenção da atual disparidade exclui ao trabalhador ruraldireitos sociais tão importantesquanto a aposentadoria por tempo de serviço, o salário-família eo auxílio-natalidade, Exige idademaior para a aposentadoria damulher e impede que a mesmase aposente caso seu marido oufilho já esteja gozando do mesmobenfício. Tudo isso agravado, sobretudo, pelo fato de os benefícios da Previdência Rural sereminferiores ao da Urbana.
Urge, portanto, pôr fim a essadiscriminação. E preciso conceder aos trabalhadores rurais o direito de usufruírem benefíciosiguais aos já conferidos aos trabalhadores urbanos.
Os critérios para a concessãode benefícios e a prestação de serviços, pela Previdência, a todosos trabalhadores, do campo e dacidade, devem ser os mesmos.Não se justifica qualquer distinção. Todos devem ter direito aomesmo tratamento.
Para tanto, defendemos a uniformização da Previdência nosentido de se estender aos trabalhadores rurais os mesmos benefícios garantidos aos urbanos,possibilitando, inclusive, a contagem recíproca do tempo de serviço prestado no campo e na cidade.
Constituinte Geraldo Alckmin Filho(PMDB- SP)
Jornal da Constituinte - Veículo semanal editado sob aresponsabilidade da Mesa Diretora da Assembléia NacionalConstituinteMESA DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE
Presidente - Ulysses Guimarães; Primeiro-Vice-Presidente- Mauro Benevides; Segundo-Vice-Presidente - Jorge Arbage;Primeiro-Secretário - Marcelo Cordeiro; Segundo-Secretário- Mário Maia; Terceiro-Secretário - Arnaldo Faria de Sá.Suplentes: Benedita da Silva, Luiz Soyer e Sotero Cunha.APOIO ADMINISTRATIVO
Secretário-Geral da Mesa - Paulo Affonso M. de OhveiraSubsecretário-Geral da Mesa - Nerione Nunes CardosoDiretor-Geral da Câmara - Adelmar Silveira SabmoDiretor-Geral do Senado - José Passos PôrtoProduzido pelo Serviço de Divulgação da Assembléia Na
cional Constituinte.
2 Jornal da Constítuínte
Diretor Responsável - Constituinte Marcelo CordeiroEditores - Alfredo Obliziner e Manoel V. de MagalhãesCoordenador - Daniel Machado da Costa e SilvaSecretário de Redação - Ronaldo Paixão RibeiroSecretários de Redação Adjuntos - Paulo Domingo R. Nevese Sérgio ChaconChefe de Redação - Osvaldo Vaz MorgadoChefe de Reportagem - Victor Eduardo Barrie KnappChefe de Fotografia - Dalton Eduardo Dalla CostaDiagramação - Leônidas GonçalvesIlustração - Gaetano RéSecretário Gráfico - Eduardo Augusto Lopes
EQUIPE DE REDAÇÃO
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EQUIPE FOTOGRÁFICA
Reinaldo L. Stavale, Benedita Rodngues dos Passos, Guilherme Rangel de Jesus Barros, Roberto Stuckert e WilliamPrescott.
Composto e impresso no Centro Gráfico do Senado Federal-CEGRAF
Redação: CÂMARA DOS DEPUTADOS - ADIRP- 70160 - Brasília - DF - Fone: 224·1569- Distribuição gratuita
Reforma agrária: adiada decisãoADIRP/Gutlhenne Rangel
Os grupos de pressão acompanharam todo o desenrolar das negociações e permaneceram firmes l1as galerias do plenário.
CARTA~ :::. A.COMPAI'JHE OTEXTO NA CARTAI
As cidades devem servir ao social
314292
OS TEXTOS
DESAPROPRIAÇÃO
O projeto da Comissão deSistematização começa o capítulo da reforma agrária, art .216, com o seguinte texto: "Aodireito de propriedade da terracorresponde uma função social.
O Centrão diz o seguinte: "Égarantido o direito de propriedade de imóvel rural, cujo usocorresponde a uma função social.
Mas é no parágrafo único deambos os textos que surge aprincipal divergência. Tudopor causa do advérbio de modo"simultaneamente".
A Sistematização diz: "Afunção social é cumprida quando, simultaneamente, a propriedade: 1) é racionalmenteaproveitada; 2) conserva os recursos naturais e preserva omeio ambiente; 3) observa asdisposições legais que regulamas relações do trabalho; 4) favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
O Centrão propõe o seguinte: "A função social é cumprida quando, nos termos da lei,a propriedade: 1) é adequadamente aproveitada; 2) é explorada de modo a preservar omeio ambiente; 3) o proprietãrio observa as disposições gerais que regulam as relações detrabalho; 4) a exploração favorece o bem-estar do proprietário e dos trabalhadores.
não e 37 abstenções. Em seguida foi colocado em votação otexto do projeto da Comissãode Sistematização, que foi rejeitado por 365 votos contra129 e 27 abstenções.
Mesmo havendo divergênciaentre um texto e outro quantoà forma e valores da desapropriação, não foi este o grandemotivo da divergência. Atémesmo porque ambos prevêem a indenização em títulosda dívida agrária, com cláusulade preservação do valor real,resgatáveis no prazo de até 20anos, a partir do segundo anode sua emissão.
Quanto às benfeitorias dapropriedade desapropriada,ambos os textos prevêem a indenização em dinheiro.
Mas a grande divergênciaque impediu o acordo na última semana foi o dispositivoque trata de propriedades insuscetíveis de desapropriação.O Centrão firmou posição naproibição de desapropriaçãode propriedades produtivas.Para a Sistematização estaproibição só deveria beneficiaras propriedades pequenas emédias, desde que seus proprietários não tivessem outroimóvel rural.
AS VOTAÇÕES
. Até sábado, às 21 horas, orelator Bernardo Cabral, aproveitando os dois textos básicose todas.as emendas a eles oferecidas, teria de apresentar umnovo substitutivo. O regimento prevê a possibilidade de umtexto alternativo, desde que seja apresentado com a assinatura de maioria absoluta, istoé, 280constituintes. Com o novo (ou novos textos) apresentado e publicado no domingo,os constituintes teriam na segunda-feira (de 8 às 24 horas)prazo para apresentar destaques (187 assinaturas). Assim,só nessa terça-feira será possível uma nova votação.
Sem nenhum texto básicopara todo o capítulo III, do título VII, da Ordem Econômica e Financeira, que trata dapolítica agrícola e fundiária eda reforma agrária, o presidente da Assembléia convocousessão para esta terça-feira para que os prazos regimentaisfossem obdecidos.
Ficou para esta terça-feira adefinição do capítulo da reforma agrária. Mesmo com a maislonga negociação já ocorridana Constituinte não foi possívelo acordo. A atuação dosgrupos de pressão em torno dotema impediu que os constituintes encontrassem uma fórmula política, um texto consensual para votar a matéria.
. A questão regimental surgiuna última quinta-feira, quandoforam votados os textos básicos do projeto da Comissão deSistematização e da emendacoletiva do Centrão. Nem um,nem outro alcançou os 280 votos necessários para a aprovação.
As negociações iniciadas naúltima segunda-feira reuniramas principais lideranças naConstituinte, com o acompanhamento permanente do Presidente Ulysses Guimarães.Mas, depois de acertado umtexto comum, restou um obstáculo: desapropriar ou não apropriedade produtiva?
Enquanto corria o prazo regimental, os vários grupos quetrabalharam na tentativa deacordo durante toda a semanapassada reuniram-se novamente para encontrar o consenso.
(Continua na próxima edição.)
mente do estado civil.Votaram:Sim:Não: 10Abstenção: 12
o § 2° foi introduzido por.iniciativa da constituinte Myriam Portella (PDS - PI).
Art. 215 - Os estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos demunicípios limítrofes, para in!egrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.
Art. 216 - O transportecoletivo urbano é serviço público essencial de responsabilidade do município, podendoser operado através de concessão ou permissão.
Votaram: 326Sim: 322Não: 1Abstenção: 3
Esta votação aprovou o capítulo inteiro da Política Urbana,com exceção do parágrafo 29 doartigo 214. O texto foi aprovado em acordo por todas as lideranças e é resultado de uma fusão de emendas dos constituintes Dirceu Carneiro (PMDBSC), Mendes Canale (PMDB- MS), Eduardo Jorge (PTSP), José Richa (PMDB PR), Jorge Leite (PMDB RI), Ricardo Izar (PFL - SP)e Felipe Mendes (PDS - PI).
§ 4°- É facultado ao poder público municipal, mediante lei específica, para áreaincluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal,do proprietário do solo urbanonão edificado, subutilizado ounão-utilizado, que promovaseu adequado aproveitamento,sob pena, sucessivamente, deparcelamento ou edificaçãocompulsória, imposto progressivo no tempo e desapropriação com pagamento mediantetítulos da dívida pública, deemissão previamente aprovadapelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos,em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valorreal da indenização e os juroslegais.
Art. 213 - A populaçãodo município, através da manifestação de, pelo menos, cincopor cento de seu eleitorado,poderá ter a iniciativa de projetos de lei de interesse específico do município, da cidade oude bairros.
Art. 214 - Aquele quepossuir como seu imóvel urbano, com área de até 250 mZ
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por cinco anos, ininterruptamente, sem oposição, utilizando-o para sua moradia ou desua família, adquirir-lhe-á odomínio, desde que não sejaproprietário de outro imóvelurbano ou rural.
§ 1°- O direito previstoneste artigo não será reconhecido ao mesmo possuidor pormais de uma vez.
§ 2°- O título de domínioe a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher,ou a ambos, independente-
A população do município poderá, com o advento da nova Carta, ter a iniciativa de propor leide interesse específico da comunidade, conformeo disposto no art.213 do CapítuloII (Da PolíticaUrbana), cuja votação se completouna semana passada. A preocupaçãoprincipaldo novo texto constitucional,no que dizrespeito à vidaurbana, foi a de colocar o fato social acima dos demais interesses.Dentro desse princípio,foi acolhido o usucapiãourbano para a ocupação de terrenos de até 250 mZ
por cincoanos ininterruptos e semcontestação.
TÍTULO VII .DA ORDEM ECONÔMICA
E FINANCEIRACAPÍTULO 11
DA POLÍTICA URBANA
Art. 212 - A política dedesenvolvimento urbano, executada pelo poder municipal,conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivoordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais dacidade e garantir o bem-estarde seus habitantes.
§ 1°- O plano diretor,aprovado pela câmara municipal, obrigatório para cidadesacima de vinte mil habitantes,é o instrumento básico da política de desenvolvimento e deexpansão urbana.
§ 29 - A propriedade urbana cumpre sua função socialquando atende às exigênciasfundamentais de ordenação dacidade expressa no plano diretor.
§ 3°- As desapropriaçõesde imóveis urbanos serão feitascom prévia e justa indenizaçãoem dinheiro.
Jornal da Constituinte 3
Entre a terraprodutiva e afunção social
Num quadrode grandes divergências, as concessões aindanãoforam suficientes parao acordo final
através. de um maior conhecimento da matéria que a classe jurídica,o Poder Judiciãrio, fará com quese realize a reforma agrária.
Lembrou o parlamentar que oEstatuto da Terra, já com 24anosde Vigência, já consagrara o princípio do direito agrário como matéria constitucional e, apesar disso, a sociedade brasileira em nadaevoluiu para uma melhor distribuição de terras. Acha BenedictoMonteiro que entre os juízes e osdesembargadores dos tribunais asquestões agrárias adquiriram umaconcepção civilista, de quase absolutismo da propriedade, sem seconceder, em nenhuma hipótese,a função social da terra.
INDEPENDÊNCIA
Outra concepção sobre o assunto foi a oferecida pelo constituinteGonzaga Patriota (PMDB - PE),que disse enxergar a questão nãoapenas como meio legal de se darterra a quem não a possui, maspara transformar as imensas áreas,subocupadas ou mal ocupadas, eminstrumentos do fortalecimentodo Brasil como nação independente. Segundo ressaltou, o problemada reforma agrária tem de ser analisado a partír do pressuposto deque o setor primário se tem constituído no alicerce da industrialização e do desenvolvimento autosustentado da grande maioria dospaíses capitalistas ou não.
De acordo com a posição declarada do parlamentar, a terra é bemsocial e deve ser utilizada em benefício dos que nela trabalham eproduzem, mas sempre visando aobem-estar de toda a sociedade,com o máximo de eficiência, elevando-se a produtividade a níveiscompatíveis com as necessidadesnacionais e com a tecnologia atualizada. Acredita o constituinte quea terra deve ser vinculada à suafunção social, cumprida, na sua interpretação, na medida em que apropriedade é racionalmenteaproveitada; observa as disposições legais que regulam as relações de trabalho; e favorece obem-estar dos proprietários e dostrabalhadores.
ENTRAVE
das sucessivas reuniões de lideranças estava satisfazendo as exigências de um documento representativo da maioria, "que dá um tratamento diferenciado para a propriedade produtiva, sem a colocaracima de sua função social". Oparlamentar apenas discordou doponto de vista de que a produçãodeva ficar acima da valonzação dotrabalho humano.
COMPETÊNCIA
O relator Bernardo Cabral também defendeu que o texto do capí-.
~tulo relativo à reforma agrária seja~frutodo entendimento entre todosos constituintes. Segundo ele, oacordo se faz fundamental porquea Constituinte ainda terá muitoque decidir, e uma eventual votação sem que haja acordos poderágerar cicatrizes. O momento é deunião, declarou.
Pela posição em que se firmou,o relator garantiu que, a partir daconfiguração do "buraco negro"(momento em que, votados os textos do Centrão e posteriormenteo da Sistematização, ambos foramrejeitados), o seu trabalho naapresentação de uma nova redação seria balizado pelas negociações já levadas a termo pelas lideranças. A Constituinte, ressaltou,deve dar ao país uma prova decompetência em fazer acordos,mostrando maturidade. Favorávelà rejeição, Bernardo Cabral explicou que somente dessa maneiraserá possível viabilizar um textode entendimento.
O principal entrave que temacontecido no país para a execução do Plano Nacional de Reforma Agrária está na concepção quea Justiça brasileira tem a respeitodas questões agrárias. Esta foi aopinião do constituinte BenedictoMonteiro (PMDB - PA), paraquem uma das principais medidasa serem tomadas após a promulgação da nova Constituição seriaa de haver no país uma reformulação completa no ensino do direito agrário. Justifica o parlamentarsua posição sustentando que será
ADIRPlReynaldo Stavale\ .~- - .
JarbasPassarinho:a empresa
produtiva nocampo deve
ser respeitadae receber umtratamento
diferenciadono que
concerne àreformaagrária.
VONTADE
O líder do PMDB, constituinteMário Covas (SP), também fez coro com José Richa, dizendo esperar a rejeição da emenda coletivado Centrão, com a intenção de seforçar um acordo. Como o parlamentar paranaense, Mário Covasdestacou ser necessário que o texto da nova Constituição seja a expressão dos constituintes.
De acordo com o líder doPMDB, o texto que está surgindo
nal representar o "fruto de cadaparlamentar a partir das concessões possíveis". O senador afirmou que, se a Constituinte já chegou a entendimentos em outrospontos controversos, é preciso queagora, novamente, sela feito umacordo para transmitir tranqüilidade aos constituintes e ao meiorural.
MÉRITO
Na fase de encaminhamento damatéria que veio a ser votada emprimeiro lugar - a emenda coletiva do Centrão - o constituinteLuís Roberto Ponte (PMDB RS) firmou-se contra qualquerpossibilidade de que o texto constitucional venha a ensejar que apropriedade produtiva seja desapropriada para fins de reformaagrária. Segundo sua interpretação, a importância do tema é grande, a ponto de haver o risco dea produção agrícola brasileira entrar em colapso.
A nova Constituição, na sua ótica; poderã lançar a inquietação deque, após sua promulgação, nenhuma propriedade terá a tranqüilidade necessária para produzir,porque poderá estar sujeita a umadesapropriação. Entende o 'parlamentar que a emenda coletiva doCentrão deveria prevalecer, jáque pelo menos traria tranqüilidade ao homem do campo, na medida em que assegura que nenhuma propriedade produtiva será desapropriada.
IDEOLOGIA
O constituinte Jarbas Passarinho (PDS -PA), do mesmo modo, disse preferir a emenda apresentada pelo Centrão, ao projetoda Sistematização, já que esta selimita a preservar a pequena e amédia propriedade, excluindo apropriedade produtiva daquelaspassíveis de desapropriação. Oparlamentar interpretou o impasse gerado na Constituinte a respeito do assunto' como sendo de "caráter ideológico contra a grandepropriedade". "Posso ficar, segundo as esquerdas, com a pequena propriedade improdutiva, masnão com os latifúndios produtivos", ironizou.
De acordo com as palavras doconstituinte I a empresa produtivano campo aeve ser respeitada ereceber um tratamento diferenciado no que concerne à reformaagrária e também estar vinculadaà sua função social. "Essa funçãoé geratriz de outras decorrências",explicou, "mas tudo deve ficarmuito bem caracterizado". A seuver, estebelecer uma reformaagrária a partir da desapropriaçãode uma empresa agrária produtivaé, antes de tudo, arrasar a feiçãoagrária no país.
COLAPSO
Sem entrar no mérito da proposição do Centrão, conforme explicou, o senador José Richa fez oencaminhamento solicitando a rejeição da matéria com o intuitoexclusivo de a Constituinte chegara um acordo que diga respeito auma reforma agrária que represente a opinião geral da Constituinte.
A importância de um acordo,para José Richa, está na necessida_<!~ de o novo texto constitucio-
No decorrer de uma semana que se encerrou maiscedo (quinta-feira), na esteira do impasse do "buraconegro", o tema da reformaagrária acabou roubando acena dos debates em plenário. Enquanto se aguardavaum acordo que acabou nãose concretizando, os constituintes se revezavam na tribuna, combatendo ouapoiando o texto do Centrão, ou alertando para a necessidade do entendimento.Benedicto Monteiro, porexemplo, um dos que falaram no período imediatamente anterior à primeiravotação, via como um entrave à reforma a própria concepção que a Justiça tem arespeito das questões agrãrias. Já Gonzaga Patriotaargumentava que a terra éum bem social, devendo serutilizada em benefício dosque nela trabalham e produzem, mas sempre tendo emvista o bem-estar de todos;vinculada, portanto, à função social. Assis Canutopregava que antes de umadistribuição maciça de terras o governo amparassequem está produzindo: EAugusto Carvalho concluiuque o principal seria a ANCconseguir uma Carta quepusesse fim ao conflito deterras, "que tem provocadovárias mortes". Outros quatro constituintes disseram oque pensavam sobre a questão no dia mesmo da primeira votação, na fase de encaminhamento. Luís RobertoPonte prontamente advertiu para o risco de um colapso na produção agrícola, nocaso de desapropriação deterras produtivas. JarbasPassarinho, igualmente, secolocou a favor de um tratamento diferenciado para aempresa produtiva e viu noimpasse ocorrido cunhoideológico contra a grandepropriedade. José Richa,por sua vez, pediu a rejeiçãodo texto do Centrão paraque se negociasse o acordo,posição idêntica tomada aseguir pelo líder Mário Covas. Por fim, a palavra dorelator, Bernardo Cabral,que antecipou a configuração de seu trabalho em cimado novo texto a ser votadona outra semana: todo eleseria balizado nos pontosconvergentes obtidos durante os entendimentos realizados até então.
4 Jornal da Constituinte
VIOLÊNCIA
Ou a reforma agrária vem pacificamente pelo texto constitucional ou virá pela via da violência,advertiu a constituinte AbigailFeitosa (PSB - BA). De acordocom o pensamento da parlamentar, é preciso que a constituintechegue a um acordo que consagrea reforma agrária no Brasil porque, no seu entender, não é possível desenvolver o Brasil com a injustiça que prevalece no campo eque poderá gerar um conflito degrandes proporções-.. É primordial, na ótica de Abigail Feitosa, que as correntes partidárias com assento na Constituinte venham a estabelecer umacordo com vistas a implantar nopaís uma reforma agrária justa,que incentive o pequeno produtor. Este, para a constituinte,
.aquele que .maís sai perdendo no· jogo contra os latifündíos e o mercado de comercialização de produ-
· tos agrícolas.
tar, cada trabalhador rural recebeu seu pedaço de terra e foi assistido, ao mesmo tempo, através depostos médicos, estradas vicinais,educandários, além de todo apoioinstitucional que buscavam o fortalecimento da lavoura.
:REI"LEXÃO
.'. Reflexão, 'rec~ÍnéÍJ.douo consu': tuinte Virgílio Galassi (PDS ..:-'MO) ao se reportar. à caracterís-.
· tica que, aseu ver ;'a 'nova Consti'tuíção deve possuir: universalidade e imparcialidade: Não cabe ,.pelasua ótica; que 'os .éonstítuintes-adotem, casuisjicamente, na. dis, cl;Issão da r~forma:agrária, princí-pIOS que nao estejam em, consonân~Ja,com o trabalho já realizado
'até agora.que, disse,;já consagrou, o direito de propriedade. Se assini
não for feito, a Constítuínte estará'.consagrarído uma "odiosa" discri"minação para com-a classe rural;· [ustificou Virgílio Galassi, ' ..: Üm.ségundo pontoa que con-:clamou para reflexão, se prende à.caracterização da propriedadeprodutiva, ou seja, aquela ajusta- 'da 'aos padrões de-produção, e àsua intangíbílidade," Aqui, segun'do sua opinião, apropriedade setorna insusceptívél de desapropriação, pois, caso contrário, sa-
· crííicar-sé-ia o interesse nacionalao impedir-se que áreas rurais modelares continuassem a produzir:
:::~~' ~XACERBAÇÃO~, ~t- - ,
_. ,:ráo constituinte Cardoso Alves'(PMDB --: SP) fez questão de fir'mar sua posição em favor da reforma agrária somente em áreas im'produtivas, preservando-se ás· produtivas. Desapropriar terrasprodutivas, afiÍ'Illóti ele, é agravar'a iniséria, é exacerbar a fome, me.diantea desorganização da 'produção. Poupar terras produtivas na 'desapropriação para efeito de reforma agrária, para o parlamentar, além de ser um, mandamentode bom-senso, é evitar invasõese violência.
Cardoso Alves garantiu quecontatos com a Igreja Católica,através de D. Luciano Mendes deAlmeida, além de declarações recentes dos presidentes da IgrejaMetodista, da Igreja Episcopal doBrasil e da Igreja PresbiterianaUnida deram-lhe a certeza de queas Igrejas cristãs brasileiras estãofavoráveis em não implantar oprograma de reforma agrária emterras produtivas.
EXEMPLO
, ;
':, PRODUTIVIDADE
Observando que existe umagrande excitação por parte daConstituinte no que diz respeitoaÁ'
reforma agrária, o constituinteureo Mello (PMDB - AM)
lembrou o ex-senador Auro deMoura Andrade como exemplo deuma reforma agrária de grande repercussão e inteligente.'Áureo Mello informou que o
ex-senador, ao promover a assentamento de agricultores, criandoa cidade de Andradina, São Paulo,deu aos colonos toda a assistêncianecessária. Segundo o parlamen-
tores nas suas terras, incorporando-os, às grandes extensões de terras mal aproveitadas.
O parlamentar sublinhou que aestabilidade na propriedade daterra é condição indispensável para um alto nível de-produtividade."
, Tal estabilidade, pela visão doparlamentar, decorre da sedimentação do homem à terra, da valorização davida no campo, em aten-ção para os problemas do universo'rural em todas as suas dimensões.O homem deve ser o fundamento.maior das preocupações de todos
,cos Constituintes, receitou.
Produtividade e o conceito, constitucional, motivo de éontrovérsias, que mais preocupa o constituinte Stélio DIas (PFL - ES)
, ~ue disse enxergar uma possíbí-, lidade de.o texto constitucional a, ser aprovado e que venha a definir. .a produtividade rúral para efeitos
de desapropriação, estar desatualizado em relação aos avanços datecnologia moderna.
. A'nova Constituição, alertou,ao ser promulgada já poderá servencida pelo avanço tecnológicoe da ciência, especialmente nocampo da química fina, biogené-·
. tica e engenharia molecular. StélioDias recomendou que a Constituinte não perca uma visão do
-compromísso que deve ter .com otempo e o espaço, para fazer umaConstituição durável.
ASSENTAMENTO
, , Para Mário :Covas, o
texto da nova'';' . Constituição, pode dar um,, tratamento,.'diferenciadoà propriedadeprodutiva, mas
",sem colocá-la ,. 'acima de,'sua função
.' social.'--'_.-.-,~
A abordagem do constituinteEdme Tavares (PFL - PB), deoutro lado, indica que é imperativo que a reforma agrária que aConstituinte deve apresentar aopaís contemple, por todos osmeios possíveis, situar os agricul-,
A conclúsão de' Agassíz Almei.da é que ~anto'~ especulador dàestrutura financeírá do Brasil, quese enriquece com o jogo no mercado financeiro, quanto o especu
'Iador rural devem ser punidos. Anova política agrária para o Brasil,a ser implantada através da promulgação da nova Carta constitucional, disse, deve ser ajustada àrealidade brasileira, de tal feitaque acabe com a especulaçãocomas propriedades não produtivas dopais.
~DIRP/Óullhenn:_~angel
~
A idéia geral era qU,e o' texto da reforma agrári~ fosse a expressão de todos 'os constituintes
.PUNIçÃO
Num paralelo entre o setor financeiro e o primário, o constituinte Agassiz Almeida (PMDB-' PB), observou que entre ume outro, em termos de lucratividade, vai uma distância muitogrande. Pelas suas informações,enquanto a agropecuária brasileira acumulou um prejuízo de 328%nu ano de 1987, os dez maioresbancos brasileiros tiveram um lucro de 1.150%.
RETORNO
Mas também é preciso que a nova Constituição consagre o princípio da democratização do acessoà posse da terra, como sendo umdos aspectos que reflitam o retorno do país ao regime democrático.Tal posicionamento foi apresentado pelo constituinte Chagas Ro-,drigues (PMDB - PI), que sus-:tentou a necessidade de serem dadas ao Estado, pela via constitucional, condições que asseguremao homem do campo completa assistência para produzir e trabalhar.
CONCÓRDIA
Já o constituinte Antônió Câmara ,(PMDB - RN),~garantiuque a intenção de todos os constituintes é, a de fazer da' reforma.agrãríaum instrumento de concõr
. dia e justiça social. Para ele, o paísnão pode conviver mais com a migração de nordestinos que; aban- , Segundo sublinhouo constituiu
.donando o campo, em caminho do . 'te, impedir que os sem-terra.pelo',sul do país, vão viver miseravel-' simples fato -de não' disporem de., mente nos grandes centros urba- recursos financeiros, .possam ché- .-nos. ' ' gar a ser proprietários 'é atentar
Antônio Câmara disse que não' contra a justiça social e 'li. digní- .se pode mais tolerar que se use dade humana. Do mesmo modo, "' .a .terra apenas como um irístru-' 'advertiu, permitir' que oproprie
,'mentodé especulação, enquanto _tário rural com recursos fínaiiceí-.'milhares de trabalhadores rurais 'ros fique com aterra ociosa ~ aten-
; vivem em condições subumanas, - tar contra a dignidade de um povo.,sem terras onde possam assentar A democratização' da .socíédàde "a-família, trabalhar e produzir. No' brasileira como umtódo deve co-éntender do parlamentar, a nova meçar pela democratização dá ter- ,Constituição deve consagrar, .o ra como imperativo de justiça'so-,-princípio do fim social da' proprie- 'cial e desenvólvímentoeconômico '
: dade para fazer justiça aos que não' do país, re§saltç>u:,' _ '- " -têm terra para seu sustento: . ,:7' ;. "
. " ~BAslco~ ,-o '
PRODUTIVIDADE
O constituinte Assis Canuto(PFL - RO), porém, ressaltousua crença de que a nova Constituição venha a dar aos brasileirosos postulados que protejam a propriedade agrícola, no sentido de
. tornar a terra produtiva e incen"tivar os produtores a melhorar acolheita. O incentivo, ressalvou,significa dizer a proteção oficialdevida para que a produção se desenvolva.
A opinião do constituinte é queantes de se fazer uma distribuiçãomaciça de terra, de desapropriar,as propriedades improdutivas, epreciso que o governo amparequem está produzindo e que jápossui traços de terra. A realidade, alertou.esta a mostrar que umpercentual muito pequeno possuiterras para- especulação, atualmente no país, e que a maioriados produtores são pessoas quetrabalham duramente junto com
, 'suas famílias no sentido de buscarem um rendimento da terra.
'MODERNIDADE 't '. O constituinte' Augusto ç~rva-
: Ju~tiça ',ao homem do campo' lho (PCB -DFj, defendendo seu,sem terra para' produzir foi tam- posicionamento, destacou que o'bém a pósição assumida pelo cons- 'principal é que á Constituinte contituinte Maurílio Ferreira Lima, 'siga, através' da nova ;Constituí-
.(PMDB '- PE), ao declarar que ção, pôr fim ao conflito de terrasa Constituinte tem um compro: . atualmente existentc;: no país ~ quemísso com a modernidade e não tem provocado várias mortes de
'. pode deixar- que o país conviva- posseiros, trabalhádóres sem' ter., ,, com 'um tipo de propriedade onde ra, bem como de líderes sindicais..não se respeita a produç~o. ' : , 6 básico, 'acentu~'u; éque não
Acredita ó parlamentar que to- haja retrocesso em ,~~lação ao quedos os constituintes estão compro- o trabalhador rural deseja, ou se-:metidos, junto a toda a Nação, ein ja, a definição córistinicional .so-conseguir chegar a um texto de bre o uso dá terra, 'dé:tal formaconsenso que possibilite realmen- que fique assegurada-uma pers-te a realização da reforma agrária. "pectíva melhor aos pequenos pro'·'É preciso que uma onda de justí- .dutores ruraíse ,parà'.'milhões deça tome conta da Constituinte,pa- camponeses sem terra. A seu ver"ra que a justiça ao homem do cam- a Constituinte tem que cumprir a
" po seja feita", afirmou. obrigação de democratizar a estrutura agrária brasileira e democratizar o acesso dos trabalhadoressem terra à sua propriedade,
Jornal da Constituinte 5
6 Jornal da Constituinte
Garantido o
anterior (o 29 do mesmo artigo,citado anteriormente), que considerar um setor imprescindível para o desenvolvimento tecnológiconacional, poderá ainda, com relação à empresa brasileira de capitalnacional, entre outras condiçõese requisitos: a) exigir que o controle referido no parágrafo se estenda às atividades tecnológicasda empresa, assim entendido oexercício, de fato e de direito, dopoder decisório para desenvolverou absorver' tecnologia; b) determinar percentuais de participaçãon.o.capital da~ pessoas físic~s domiciliadas e residentes no pais ou entidades de direito público interno." Ao aprovar este texto, aConstituinte deixou clara suapreocupação com a questão da soberania tecnológica. Preocupaçãosemelhante não existe na Constituição vigente.
Além disso, a Constituinte decidiu que a-empresa brasileira decapital nacional deverá recebertratamento preferencial na aquisição de bens e serviços pelo poderpúblico. E mais um dispositivoque não existe na Carta atual.
No art. 201, a Constituinte dispõe sobre a atuação do capital estrangeiro no país: "A lei disciplinará, com base 'no interesse nacional, os investimentos de capital estrangeiro, incentivará os reinvestimentos e regulará a remessa delucros." Também nesse ponto aConstituição vigente é omissa.
A questão da participação direta do Estado na atividade econômica está no art. 202 do textoaprovado pela Constituinte. Estabelece este artigo: "Ressalvados
As micro e aspequenasempresas
serãoincentivadas
comumtratamento
diferenciadoecoma
simplificaçãode suas
obrigaçõesadministrativas
gente, em seu artigo 160, diz o teja em caráter permanente sobseguinte: "A ordem econômica e a titularidade direta ou indireta desocialtem por fim realizar o desen- pessoas físicasdomiciliadas e resivolvimentonacional e a justiça so- dentes no país, ou de entidadescial, com base nos seguintes prin- de direito público interno; entencípos: liberdade de iniciativa; va- de-se por controle efetivo da emlorização do trabalho como condi- presa a titularidade da maioria doção de dignidade humana; função seu capital votante e o exercício,social da propriedade; harmonia de fato e de direito, do poder decie solidariedade entre as categorias sório para gerir suas atividades."sociais de produção; repressão ao § 2°: "A empresa brasileira de caabuso do poder econômico, carac- pital nacional poderá gozar, naterizado pelo domínio dos merca- forma da lei, de proteção e benedos, a eliminação da concorrência fícios especiais temporários parae o aumento arbitrário dos lucros; desenvolver atividades estratégiexpansão das oportunidades de cas para a defesa nacional ou imemprego produtivo". prescindíveis ao desenvolvimento
Como se vê, há diferenças e no- do país."vidades. A Constituinte, além dis- Tudo issoé novidade. A Constiso, aprovou um parágrafo único, tuição vigente não contém qualneste artigo, segundo o qual "é quer definição de empresa nacioassegurado a todos o livre exer- nal, e assim não concede a estacíciode qualquer atividade econô-. ,qualquer tratamento especial. Dizmica, independente de autoriza- simplesmente a Constituição vição dos órgãos públicos, salvo nos gente, no seu art. 170, que "àscasosprevistos em lei". Na Consti- empresas privadas compete, pretuição vigente não há dispositivo ferêncíalmente, com o estímulosemelhante. e o apoio do Estado, organizar e
Em seguida, a Constituinte defi- explorar as atividades econômíne o que é empresa brasileira. Diz cas". E, no parágrafo que segue:o art. 200 da futura Constituição: "Apenas em caráter suplementar"Será considerada empresa brasi- da iniciativa privada o Estado OI:"leira aquela constituída sob as leis ganizará e explorará diretamentebrasileiras e que tenha no país sua a atividade econômica."sede e administração." § 1": "Em- A Constituinte aprovou ainda,presa brasileira de capital nacional no § 3°do art. 200, o texto seguiné aquela cujo controle efetivo es- te: "A lei prevista no parágrafo
~ ./
A empresabrasileirade capitalnacionaldeverá
receber umtratamento
preferencialna aquisição
de bense serviços
pelo poderpúblico.
Foi incluído no texto da futuraConstituição um capítulo sobre finanças públicas, inexistente naConstituição atual. Pelo que foiaprovado, deverá ser elaborada leicomplementar dispondo sobre: a)finanças públicas; b) dívida pública externa e interna, inclusivedasautarquias, fundações e demaisentidades controladas pelo poderpúblico; c) concessão de garantiaspelas entidades públicas; d) emissão e resgate de títulos da dívidapública; e) fiscalização das instituições financeiras; f) operaçõesde câmbio realizadas por órgãose entidades da União, dos estados,do Distrito Federal e dos municípios; g) compatibilização das funções das instituições oficiais decrédito da União, resguardadas ascaracterísticas e condições operacionais plenas daquelas voltadasao desenvolvimento regional.
Outro artigo dá ao Banco Central competência exclusiva paraemitir moeda, determinando ainda que o BC não poderá concederempréstimos ao Tesouro Nacionalou a qualquer órgão ou entidadeque não seja instituição fínanceira, mas poderá comprar e vendertítulos emitidos pelo Tesouro, afim de regular a oferta de moedae a taxa de juros. Ficou tambémestabelecido que as disponibilidades de caixa da União serão depositadas no BC, enquanto as dosestados, do Distrito Federal e dosmunicípios, bem como dos órgãos, entidades ou empresas públicos,deverão ser depositadas eminstituições financeiras oficiais. . >
O Título sobre a Ordem Econômica começou a ser votado na semana passada. Ele abre com o artigo 199, o qual determina que "aordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano ena livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna,conforme os ditames da justiça social, e observados os seguintesprincípios: soberania nacional;propriedade privada; função social da propriedade; livre concorrência; defesa do consumidor; defesa do meio ambiente; reduçãodas desigualdades regionais e sociais; busca do pleno emprego;tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital nacional de pequeno porte".
Por sua vez, a Constituição vi-
. ,.."
usucaptaonas cidades
Milhões de brasileiros viveram e vivem em vergonhososbarracos erguidos sobre terrenos invadidos nas periferiasdas grandes cidades ou dependurados nos morros, sob constante ameaça de expulsão. Outros tantos passaram pela vidasem ter sentido o orgulho e adignidade de se saberem donosde um pequenino pedaço desolo, num país onde solo é oque menos falta, onde os espaços sobram. Mas esta situaçãopode mudar: a Assembléia Nacional Constituinte aprovou,na semana que passou, o dispositivo que garante a posse doterreno urbano de proporçõesmínimas a quem nele estejainstalado há cinco anos oumais. E a figura do usucapiãourbano, que ao menos podesuavizar um pouco o desequilíbrio social gerado pela mádistribuição da propriedade urbana.
Ainda no campo da reformaurbana, foi adotada a emendaque visa a coibir a especulaçãoimobiliária, através da pressãotributária sobre terrenos urbanos não edificados, não utilizados ou subutilizados. A característica que os constituintesderam à propriedade urbana,no texto da futura Carta, é ade que sobre tal propriedadehá a função social.
Também sob a égide dosprincípios sociais foi colocadaa ordem econômica, quando seaprovou emenda segundo aqual "a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativatem por fim assegurar a todosexistência digna, conforme, osditames da justiça social". (... )
Ainda na parte da ordemeconômica, foram garantidosalguns privilégios às microempresas, hoje em situação de extrema dificuldade; e, ao mesmo tempo, se buscou limitara intervenção do Estado na atividade econômica, onde a presença marcante deve ser da livre iniciativa. Na área da mineração, estipulou-se que só o capital nacional poderá atuar.Mas as empresas multinacionais tiveram mantido o direitode participar da atividade dedistribuição de derivados depetróleo. Quanto aos serviçospúblicos, foi acolhido o dispositivo pelo qual as tarifas nãopodem ser fixadas apenas emfunção de critérios econômicos, tendo de considerar também os aspectos sociais de suautilização.
os casos previstos nesta Constituição, a exploração diretapelo Estado de atividade econômica só serápermitida quando necessária aosimperativos de segurança nacionalou a relevante interesse coletivo,conforme definido em lei. § 1°:"Somente por lei específica aUnião, o estado, o Distrito Federalou o município criarão empresapública, sociedade de economiamista, autar9uia ou fundação pública, as qUaIS sujeitam-se ao regime jurídico próprio das empresasprivadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas e tributárias;depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação 'de subsidiária dessas entidades, assimcomo a participação de qualquerdelas em empresa privada".
A Carta vigente, como já vimos, admite a participação do Estado na atividade econômica apenas em caráter suplementar à iniciativa privada. Não há, na atualConstituição, dispositivos que regulem a criação de empresas públicas e assemelhados, nem quesubordinem à autorização legislatíva a criação de subsidiárias desta~. Já a aplicação à empresa pública do mesmo regime jurídicoválido para a empresa privada estáprevista na atual Carta, que estabelece que "as empresas públicase as sociedades de economia mistareger-se-ão pelas normas aplicáveis à empresa privada, inclusivequanto ao direito do trabalho eao das obrigações".
Decidiu também a Constituinteque as empresas públicas e as sociedades de economia mista nãopoderão gozar de privilégios fiscais não-extensivos às do setor privado. E outro dispositivo inexistente na atual Carta. Mas, quantoao abuso do poder econômico, otexto da Constituinte praticamente repete a Carta vigente, ao estabelecer que "a lei reprimirá o abuso do poder econômico que viseà dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros".
Outro dispositivo novo introduzido pela Constituinte é o quedetermina que "a lei, sem prejuízoda responsabilidade individual dosdirigentes da pessoa jurídica, estabelecerã a responsabilidade desta,sujeitando-a as punições compatíveis com a sua natureza, nos atospraticados contra a ordem econômica financeira e a economia po-pular". .
Outro dispositivo novo aprovado pela Constituinte é o que trata
. da função fiscalizadora e orientadora do Estado na economia."Como agente normativo e regulador da ativiade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, asfunções de fiscalização, incentivoe planejamento, sendo este determínante para o setor público, eindicativo para o setor privado",diz o texto votado pelos constituintes. O papel do Estado na economia ficou, assim, reconhecido.
A questão das licitações públicas fOI tratada com atenção pelaConstituinte. Diz o texto aprovado que, ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,serviços, compras e alienações daadministração pública direta e indireta, nos três níveis de governo, 'serão contratados mediante processo de licitação que assegureigualdade de condições a todos os'concorrentes, com cláusulas queestabeleçam as obrigações de pagamento, mantidas as condiçõesefetivas da proposta, nos termosda lei, a qual somente permitiráexigências de qualificações técnicas e econômicas indispensáveis à
garantia do cumprimento das obrigações.
A organização dos garimpeirosem cooperativas, sobre o que aatual Constituição é omissa, seráestimulada. Os constituintes decidiram que o Estado favorecerá acooperativização da atividade garimpeira, levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômica e social dos garimpeiros. Foi ainda garantida àscooperativas de garimpeiros prioridade na autorização ou concessão para-pesquisa e lavra de jazidas onde estejam atuando.
Quanto às empresas concessionárias de serviços públicos, amaior novidade foi a aprovaçãoda proposta de que suas tarifas sejam fixadas não apenas em funçãode critérios econômicos, mas também de criérios sociais. Decidiua Constituinte que a lei deverá dispor sobre o regime destas empresas e o caráter especial de seuscontratos, os direitos dos usuáriose a obrigatoriedade de um serviçoadequado. Já a Carta vigente falaem obrigação de manter serviçoadequado, tarifas que permitamjusta remuneração do capital, omelhoramento e a expansão dosserviços e assegurem o equilíbrioeconômico e financeiro do contrato, com fiscalização permanente erevisão periódica das tarifas, aindaque estipuladas em contrato anterior.
No ponto da mineração surgiram algumas das decisões mais importantes da Constituinte. Aocontrário da Constituição em vigor, o texto da Constituinte considera que pertencem à União asjazidas, mmas e demais recursosminerais e os potenciais de energiahidráulica, ressalvando, porém,que a propriedade do produto dalavra é garantida ao concessionário ou autorizado. Tanto a Constituição vigente como a em gestaçãoconsideram a propriedade do subsolo distinta da do' solo, assegurada ao proprietário do solo participação nos resultados da lavra.
Mas a decisão mais relevante,em matéria de mineração, está no
. § 3°do ãrL205 do texto aprovado.Diz ele: "O aproveitamento dospotenciais de energia hidráulica,a pesquisa ~ a lavra de recursose jazidas mmerais somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, nointeresse nacional, por bràsileirosou empresa brasileira de capitalnacional, na forma da lei, que regulará as condições epecíficasquando estas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ouem terras indígenas". O veto aocapital estrangeiro na mineraçãoé uma grande novidade oferecidapela Constituinte, e com isso asempresas multinacionais queatuam nesta área no Brasil terão
o texto dafutura Carta
dedica umcapítulo àreforma
urbana. E ascidades commais de 20mil pessoas
deverãoter umplano
diretor
que nacionalizar seu capital. Poroutro lado, tornou-se constitucional a exploração de minérios emterras indígenas.
A Con~tituinte manteve comomonopólio da União a pesquisa,lavra, transporte, refino, imp'0rtação e exportação de petroleo eseus derivados, assim como a pesquisa, lavra, enriquecimento, reprocessamento, industrialização ecomércio de minerais nucleares. Adistribuição de derivados do I?etróleo continuará aberta à partieipa9ão das empresas multinacionais,
Na área dos transportes marítimos não surgiramgrandes novidades, mas a Constituinte introduziudispositivos segundo os quais suaordenação cumprirá os acordos internacionais firmados pela União,atendido o princípio da reciprocidade, devendo a lei dispor sobrea predominância dos armadoresnacionais e navios de bandeirabrasileira. Ficou mantido o dispositivo da Constituição vigente quereserva às embarcações nacionaisa navegação de cabotagem e a interior, assim como o que exige quesejam brasileiros os armadores,proprietários, comandantes, e pelo menos dois terços dos tripulantes de embarcações nacionais.
Novidade surgiu em relação àsmicroempresas. Aprovou a Constituinte que "as microempresas eas empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, receberão daUnião, dos estados, do DistritoFederal e dos municípios tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las, através dasimplificação de suas obrigaçõesadministrativas r tributárias, previdenciárias e creditícias, ou da redução ou eliminação destas pormeio de lei".
A reforma urbana é um temaque apenas agora, através daConstituinte, está ingressando notexto constitucional brasileiro. ACarta em vigor não fala do assunto . .Já a Constituinte aprovou umcapítulo inteiramente dedicado à
I .questão da reforma urbana, come-Içando por um artigo segundo oqual a política de desenvolVimbntol·urbano deve ser executada pelosmunicípios, conforme diretrizesgerais fixadas em lei, tendo por'objetivo ordenar as funções so-:ciais das cidades e garantir o bemestar de seus habitantes.
Todas as cidades com mais de20 mil habitantes deverão ter umplano diretor, aprovado pela respectiva Câmara de Vereadores.Ficou definido que a propriedadeurbana cumprirá sua função socialquando atender às exigências deste plano diretor. A propriedadeurbana que. não cumprir funçãosocial poderá ser desapropriada,com prévia e justa indenização emdinheiro.
Além disso, resolveu a Constituinte que o poder público municipal poderá, mediante lei específica, exigir do proprietário de solourbano não-edificado, subutilizado ou não utilizado, que promovao seu adequado aproveitamento,sob pena, sucessivamente, de parcelamento ou edificação compulsórios, imposto progressivo e desapropriação com pagamento emtítulos da dívida pública, com prazo de resgate de até dez anos, emparcelas anuais, assegurados o valor real da indenização e os juroslegais.
Os cidadãos deverão ter um papel mais atuante na vida de suascidades. Outra novidade aprovadapela Constituinte foi a de que apopulação do município, atravésda manifestação de pelo menos5% do seu eleitorado, poderá tera iniciativa de projetos de lei deinteresse específico do própriomunicípio ou de bairros. .
Quanto ao usucapião urbano,.mais novidade. Decidiu a Constituinte que "aquele que possuir como sua área urbana de até 250 m2
por cinco anos, ininterruptamentee sem oposição, utilizando-a parasua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde quenão seja proprietário de outroimóvel urbano ou rural" .
Luiz Cláudio Pinheiro
Jornal da Constituinte
.1
"Existe,hoje, umaverdadeiralei da selvacontra as
crianças noBrasil, a
ponto de serEneSEnO perigoso
ser menimopobre
em nossopaís"
Carta que alterará a face do país,e por isso se justifica o estabelecimento de um direito especial para as crianças e adolescentes, osquais ficaram até agora margínalizados dentro do próprio direitoconstitucional. Ele faz questão defrisar que as entidades ora em lutapor esses direitos vêem a Constituição como um começo, não como um fim. É preciso tempo e trabalho duro para que as coisas comecem a mudar. Mas, se há umrespaldo constitucional para essetrabalho, é óbvio que as chancessão muito maiores, e o tempo poderá ser melhor aproveitado.
"Não estamos fazendo a profilaxia da violência", alerta o professor Didonet, coordenador doComitê Nacional Brasileiro da Organização Mundial para a Educação Pré-Escolar (OMEP), porquecometemos as maiores ignomíniascontra as crianças no Brasil. Narealidade, o Brasil é um dos casosmais aberrantes de descaso coma infância e a adolescência, tantoqualitatjva como quantitativamente. E uma pena - diz ele porque há riquezas suficientes epessoas competentes para enfren-
PROFILAXIA
Jornal da Con
Uma Carta,sozinha, nãovai resolver
o problema dainfância e daadolescência.
Importa, porém,que a futuraConstituiçãoexplicite osdireitos dascrianças edos jovens
teso Boa vontade, apenas, e retórica não faltam aos documentosque o Brasil assina a torto e a direito tanto na ONU como nos demaisorganismos internacionais. Cumpre passar à realidade dos fatos,à efetivação de medidas. No casoda criança, antes que seja tardedemais. Não só para a criança.Mas, para todo' o povo brasileiro.
Os setores envolvidos com osreais interesses nacionais desejamque a atual Assembléia NacionalConstituinte passe à História como aquela que inaugurou o Direito Constitucional da Criança e doAdolescente, um direito que efetivamente obriga a família, a sociedade e o Estado a cumprir deverese obrigações. Para isso, é precisoque a Constituição determme, demodo objetivo, os direitos do cidadão-criança ou do cidadão em formação, pois a partir daí se abriráo terreno propício a que vicejeaquela nova VIsão da sociedade,em que se sinta naturalmente responsável por saber que a criançanão é um futuro qualquer, mas oseu próprio futuro.
Como membro do secretariadonacional do Fórum DCA, o professor Deodato Rivera entendeque esse é um momento especial,em que elaboramos uma nova
EXPLICITAR
Conforme reconhece a campanha pela criança como prioridadenacional, "E certo que não bastaque esses direitos figurem naConstituição. Ela sozinha não faráo milagre de um mundo melhorpara nossas crianças e adolescentes. Mas é muito importante queo texto constitucional afirme explicitamente esses direitos, pois,a partir da Carta Magna, serão elaboradas as constituições estaduais, as leis orgânicas municipaise a legislação especial sobre acriança e o adolescente, das quaisdecorrerão políticas e programasconcretos de ação, assim comouma nova atitude social para coma infância e a adolescência."
Ao elaborar o projeto de Constituição, que está sendo votadoagora, o relator Bernardo Cabral(PMDB - AM), fundiu as duasemendas populares sobre o assunto e as incorporou ao texto. Embora emendas posteriores tenhampreservado o espírito dos dispositivos propostos inicialmente, énecessário, contudo, que o textoconstitucional explicite, com bastante clareza e firmeza, os direitosda criança, de modo a influir nasConstituições estaduais e nas leiscomplementares, sem deixar margem a dúvidas nem a interpretações genéricas. Importam mandamentos efetivos, claros e eficien-
A sociedadeparticipouativamente
do esforço embusca desoluçõespara as
crianças eos jovens.
4.700propostas
foram enviadasà Constituinte
Imagine cinco bombas de Hiroshima lançadas, a cada ano,sobre o Brasil, ou 400 mil mortos: essa é a soma de nossascrianças, entre zero e quatro anos de idade, que morrem, anualmente, por falta de condições mínimas de sobrevivência. Infelizmente, a dramaticidade da situação não pára somente nos altosíndices da mortalidade infantil.
Os números são mais eloqüentes do que as palavras: 67milhões de crianças e adolescentes carentes, dos quais, 45 milhões em condições subumanas de vida, isto é, subalimentadas,~bassistidos sanitariamente, subabrigados, subemepregados,etc. Doze milhões de abandonados, sendo que 7 milhões vivendonas ruas, sem quaisquer laços de família, de sociedade, de ninguém e de nada. Dos também 7 milhões de portadores de deficiências físicas, apenas cerca de 90 mil recebem alguma assistência. Dez milhões fora da escola (de 100 crianças que iniciamos estudos, apenas 8 concluem o 19 grau). Meninas de 8 e 9anos de idade prostituídas, aproximadamente 3 milhões. Crianças de 5 e 6 anos exploradas acintosamente no trabalho docampo: são bóias-frias que trabalham como adultos mas recebemcomo menores. Há 15 milhões de jovens e meninos em estadograve de subnutrição. Isto explica porque 80% dos rapazes convocados para o serviço militar são dispensados por falta de condições físicas. Junte-se a essas dolorosas estatísticas o confinamento ilegal, as violências, a indiferença, o ódio, toda sortede doenças da pobreza e o extermínio pelo simples fato deserem crianças abandonadas. O que o Brasil está esperandodo seu futuro?
-Proteção, .as cnanças
./
no palSdo futuro
diversas entidades, entre as quaisa Comissão Nacional e ComissõesEstaduais Criança e Constituintee o Fórum DCA - Defesa daCriança e do Adolescente, ape-,Iam: "É importante que esta causa- que transcende as barreirasideológicas e partidárias - recebao maior número de votos, pois issovai demonstrar tanto a elevadaconsciência dos constituintes sobre a especificidade da infância eda adolescência, como principalmente a vontade da sociedade brasileira, através de seus representantes, de garantir à criança e aoadolescente condições de vida ede desenvolvimento pessoal e social."
Quando a Constituinte atingiuo estágio da participaçãq popular- algo inédito na liistóna constitucional brasileira - o povo acorreu em massa, a pedir por nossascrianças, o que demonstra umapreocupação mais esclarecida,mais freqüente e mais efetiva dasociedade com a questão. Umadas emendas populares que contaram com um dos maiores índicesde assinaturas foi a que garantia,"com absoluta prioridade, à criança e ao adolescente o direito à vida, à saúde e à alimentação, à educação, à cultura e ao lazer, à formação profissional, à dignidade,ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária e àproteção especial contra toda forma de negligência, discriminação,deficiência, exploração, violência,crueldade e opressão". Corroborando esse ponto de vista, todosaqueles envolvidos com a causa dajuventude e da infância brasileirasvoltam, agora, que se aproximaa votação do Título VIII- da Ordem Social- a batalhar pela consagração explícita do mais amploespectro de direitos da criança.Em carta aberta aos constituintes,
8
A Assembléia Nacional Constituinte deverá assegurar o tratamento da criança, daqui por diante, como prioridade nacional, para
I
· que se não espere pouco ou o piordo futuro do Brasil. Nenhuma nação, nenhum povo teve jamais,tem ou terá condições de sobre-viver como raça humana praticando tamanho genocídio contra suajuventude. E o pior é que parecehaver uma completa indiferençapor parte de muitos setores governamentais com relação ao problema, endossado por uma fatia bastante expressiva da sociedade.Muita gente, hoje, no Brasil, simplesmente não tem conhecimentoda gravidade da situação, ou nãoquer saber disso ou se recusa afazer qualquer coisa. .
Indícios, porém, de que, poroutro lado, começa a haver umaconscientização do problema foram as 4 mil e 700 propostas encaminhadas pela sociedade à Subcomissão da Família, do Menor e doIdoso, presidida pelo deputadoNelson Aguiar (PDT - ES), nafase inicial dos trabalhos da Constituinte. Do anteprojeto de normaconstitucional da Subcomissão,que ficou a cargo do deputadoEraldo Tinoco (PFL - BA),constaram as tendências do pensamento dos vários segmentos da sociedade brasileira sobre o assuntoque apontam para áreas fundamentais como a assistência ao menor abandonado e carente, direitoà creche, à alimentação, à escola,à saúde, ao lazer, ensino de 10 grauem regime integral, assistência aomenor carente em seu próprio lar,criação de centros de formaçãoprofissional, extinção das FEBEMe da FUNABEM como entidadesde recuperação do menor, direitosiguais aos filhos de qualquer condição e, finalmente, a solução doproblema do menor a cargo domunicípio e da sua própria comunidade. Mas, conforme explicouo constituinte Nelson Aguiar, "agrande inovação, extraordináriamesmo, acontecerá no terreno jurídico, através da transformaçãoda criança em sujeito de direito,independentemente do fato de elapertencer ou não a uma família,caso a proposta formulada pelaSubcomissão da Família, do Menor e do Idoso seja consagrada definitivamente no texto constitucional" .
"Nossosmenores, porsua própriacondição defraqueza e
desamparo,estiolam-se
e desaparecemem silêncio.Não gritam,
não clamam, não'. ()"praguejam ...
Maria Valdira
Quarenta anos depois, a Assembléia Nacional Constituinte,que deverá dar ao país instrumentos hábeis para a tomada de novosrumos de sua história, se vê a braços com uma tarefa que está perfeitamente dentro de suas possibilidades: o amparo e a proteção àinfância e à Juventude em basessólidas, concretas, amplas, profundas e inovadoras. Já em 1976.a CPI do Menor da Câmara dosDeputados, presidida pelo entãodeputado Carlos Santos, e relatada por Manoel de Almeida, jáapontava razões para a mudança:"são cristãs e humanas, econômicas, sociais, políticas e de segurança individual e coletiva... umato de justiça e inteligência". Poderá haver razões maiores?
efeitos do confinamento cruel edegradante de crianças e adolescentes, mostra que a .mudançadrástica do atual quadro é possível. Ele aponta sugestões e medidas viáveis, mas sobretudo conclama para aquela nova visão da sociedade sobre o problema: "Entrea pátria e a traição, entre a justiçae a ignomínia, entre a inteligênciae a estupidez não cabe mais contemporizar: cabe agir. Governo ecidadania. Juntos." A esse mesmorelatório o professor Rivera anexou cópia da carta de TancredoNeves (cujo fac-simile publicamosaqui), então governador de MinasGerais, na qual o homem públicoque propiciou ao país a transiçãopara a democracia fala "sem exagerada retórica, em "crime de lesa-pátria" e "irreparável traiçãonacional" para referir-se ao nossodever de proteção e solidariedadepara com as nossas crianças e jovens". O mesmo documentotranscreve, ainda, palavras do então presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargadorTheodomiro Dias, há quarentaanos e que, infelizmente, continuam tão atuais em sua dramática
.realidade , dizia o magistrado: "Osnossos menores, por sua própriacondição de fraqueza e desamparo, estiolam-se e desaparecem emsilêncio. Não gritam, não clamam,não praguejam, não protestam.Desgarram-se, curtem fome, mendigam, são pastos de perversõesinomináveis, adquirem vícios, corrompem-se, preparam-se para adelinqüência, candidatam-se como futuros povoadores de manícôrnios e cárceres, quando nãoperecem, prematuramente, minaaos pelas enfermidades. Entretanto, como tudo isso se processa pelacalada, sem arruídos, essa tragé-
. dia que corrói os alicerces da nossanacionalidade, que destrói grandeparte da juventeude, atenta contraos nossos sentimentos de humanidade, passa quase sempre despercebida aos bem-aquinhoados daforturna. "
deformada. Na verdade, é o maiorcontigente afetado pelo subdesenvolvimento, e justamente seus integrantes são os mais frágeis porque novos, em formação, abertos,desarmados, e por isso mesmo sujeitos às deformações do meio ambiente e dos agentes inescrupulosos que os cercam.
MUNICIPALIZAÇÃO
A municipalização do atendimento à criança e ao adolescenteé outra reivindicação de pessoas,entidades e especialistas envolvidos com o problema, por saberque aí, no município, é que elase encontra e é aí que, pelo menos,ela começa a existir. No municípiotambém o cidadão que pode olharpara ela está mais perto, pode fiscalizar o seu atendimento, denunciar as irregularidades, tornandose assim uma espécie de ponte entre a sociedade e o governo. Naopinião de estudiosos do assuntoe de batalhadores por uma mudança do dramático quadro, asformas de atendimento à criançacarente são distorcidas, cruéis, ouquando muito, são totalmente ineficientes ou ineficazes. Urge umamudança. Radical, imediata.
Na conclusão de relatório de umplantão voluntário na Delegaciade Menores do DF, em dezembrode 87, o professor Deodato Rivera, do Núcleo de Estudos do Brasil, ·UnB, após fazer uma síntesede estudos científicos sobre os
a grande tensão nas cidades é justamente fruto da desassistência emenosprezo à criança. É uma premissa lógica o fato de se você negaa mão à criança, agora, ela vemdepois com um revólver. Aqui,em Brasília, capital do século epatrimônio da humanidade, podese constatar uma estatística que éum libelo contra a sociedade, oEstado e o cidadão: 80% da população carcerária são constituídosde jovens de 18 a 25 anos de idade.Desses, 85% passaram pelo circuito destruidor tão nosso conhecido:rua-delegacia e juizado de menores-instituição de confinamentorua-crime-prisão. Parece haveruma inconsciência generalizadaquanto a que é a mente de umacriança e, conseqüentemente,quanto ao que sejam suas exigências básicas de vida, onde entramda forma mais premente suas carências de compreensão e de afeto.
A necessidade de uma políticanacional para a infância e a adolescência, alicerçada por direitos claros e inequívocos, criando obrigações, dentro do texto da Constituição, é evidente demais para deixar dúvidas e hesitações. São 67milhões de crianças e jovens carentes! Como um país pode se darao luxo de jogar fora, de exterminar tão grande contigente humano? Tancredo Neves dizia comfreqüência que podemos incorporar esse contingente à vida nacional, pois, nenhuma criança nasce
"Nãoestamos
fazendo aprofilaxia
da violência,porque
cometemosas maioresignomínias
contraas
criançasno Brasil"
tar o problema. "Quando a criança for considerada prioridade aparecerão o dinheiro, as condiçõese tudo o mais necessário para umamudança de situação", garante. Éespantoso verificar, mas, enquanto com outras questões podemosser falhos num ou noutro aspecto,com a criança. somos vulneráveisem todas as áreas: na educação,na saúde, no lazer, em tudo. Contrariamente ao mínimo desejável,existe hoje no Brasil uma verdadeira lei das selvas contra a criança, a ponto de ser mesmo perigososer menino pobre em nosso país.Disse alguém de classe média:"Nossos filhos encontrados na ruaestão passeando, os filhos dosmais pobres, estão vadiando. " Vadiando como? Para onde eles vão,se não têm casa? Nem família,nem escola, nem coisa alguma? E
:~Y~"::~~~f~Ji&A4i· '+,~ ~ ~ : .
tituinte 9
Mudanças. '.SOClalS
Srs. Constituintes,.Eu considero, como prioridade
que a nova Constituição deva enfocar: ativar realmente a reformaagrária, pois havendo redistribuição da terra, haverá uma participação efetiva de um maior número de pessoas. Reforma tributária,pois e preciso redistribuir as verbas da Nação mais democraticamente entre os estados. Uma medida que deverá alcançar as classessociais afetadas em nossa sociedade. A Constituição é um momentoimportante em nossas vidas.
dando proseegul'mento ã rJ,inha carta de 10/09, vejo-meobrigado a dar o meu parecer quanto ao texto do Capitulo II do III TitUlo. que no s~u art. 27 - trata do " DEFE~TSOR DO POVO ".
Ate pouco te$ faz. tinha ouvido folar em ·Corte Constituclonal" - ou Tribunal Constitucional. mas nunca tinha imaginado que sechegasse a este ponto - falar em defensor do POVO.
Eu estou querendo lJnEtginar, o que podera fazer - um ser humano neste cargo, em um Pais, onde todos tem a Lgum» coisa e reClAlIlar -=e reclaoar das chamadas • ~lltoridades constitu1das". _
E posso ger.,ntir, que teI!l gente, com mals de uma, destA forma, considerando so-nenbe UlUSI, teremos pelo menos umas lllO. mâ.Lhoea derepresent.9ções que deverão ser ouvidas, ou lidas, e depois despachadase julgallas.
Creio que seja humanamentel:nposs1vef, mesmo que este Cl~dão, no maior e melhor de seu ãmpenho consiga, trabalhar 18 hs por diãnun~R -cons1e»tt'a ~lgo, mas sera sotterrado por estFl avalanche de reclamaçoes.
E alem disto. que pcderes tero um DEFENSOR DO POVOPodera intimar um Preoidente da Republica ? •Um Ill1nistro do BTF. Ou do CNH ?Um ministro de estado ?Um Primeiro Ministro? (no caso do Parlamentarismo).
~: ~:~~~~O~? eh ek ~ o
e se não for atendido, que vee ocorrer ? eont1nuara tudo n~ mesma ?E babendo o primeiro racha, .eaee cargo perdera :forçp e sentido, e. quemuita gente ira querer, porque este mundo est~ cheio de marias.
Não gostei, e creio que não vne der certo. _Como muit.... coisa não esta dando certo, porque fRlta a devi
da autoridade R certos cargos, como tambem pulso a certos ocupantes -certos cargos.
- t o CaSO dos Constituinte, sentaren-se nE'l mesa e discutiremo assunto seriamente, particulF.l:rmente os CaSOs negativos da proposta.
Queiram receber as minhas sinceras e 81!1l4iais
~A~:
Ao meu ver, precisava é de um TRIBID.'l'AL CONSTlTUCIO}T!l.L, 01.varias Juizes, para o atendimento.
E ainda pior, nomear 'UI'1 de:fensor do POVO, esnsduaã , bem sabendo-se (lae, em mui tos estados, o POVO não tem voz em Cf\"01tulo, Para-nada. aiquer para dar o ultimo susploro. -
Esta propost" de s.&- nomear umDEFENSOR DO POVO.
somente poderiR dAr certo, se forem nomeados tpmbem junto a ele, e sobSUa responsabilidade. outros mL (1.000). então sUm a Republica. virader vasão das reclamações, caso contrario, é PUrA perei? de tempo, e n1nguem consegujra nada e siquer reclamar, nesmo sabendo agora a quemreclamar.
Carlo SECCIRua Paissandu. 91> ap. 30222.210 - Rio - RJ.
Prezados Senhores,
José Carlos Vaz DiasBrasília - DF
ÀHedsção, do-lGlllAL DA C0I1STITUINTEBrR<llia - DF70.160
Srs. Constituintes,Que se procure elaborar uma
Constituição que dê reais oportunidades ao povo de se desenvolverintelectualmente e socialmentepois assim teremos um Brasil for~te, um povo consciente e não dominado..Que. se dê educação gratuíta, universidade livre e autônoma, além de moradia gratuita paratodos os cidadãos (... ).
Universidadelivre
Luiz Alfredo RibeiroLages- SC
Distribuiçãode renda
José de Souza Aq,uinoIndaiatuba - SP
Participação
Roza Maria'Palomanes RibeiroRio de Janeiro - RJ
Energia nuclear
Srs. Constituintes,A energia nuclear é importante
para o desenvolvimento de umpaís, e o Brasil necessita dessaenergia como fonte alternativa,portanto, sou favorável à construção de usinas nucleares. O Proálcool é também importante, masdeve reduzir-se o plantio de canade-açúcar e dar prioridade ao arroz, café, milho, trigo, feijão, etc.,que são alimentos de primeira necessidade.
Srs. Constituintes,A Constituição é a lei funda
mental de um país. Por isso deveser feita de forma correta, que secoadune com o sistema político vigente. Precisamos de uma Constituição que faculte ao povo maisparticipação e.maior atuação nasdecisões concernentes ao bem-es-
o tar geral.
A SOCIEDADE GOIANA
ASSOCIAÇAo GOIANA DE IMPRENSAfUNDADA EM 10 O,E 5E1EMBHO D,S,193t
A Constituinteentrou em sua últimaetapa, a da votação' do projeto deConstituição pelo plenário. Desdeo mício a sociedade participou eopinou, por todos os meios. E ainda é.tempo de contribuir. Escreva a suacarta, dizendo o que você pensa e quer.
Goiân1a, Q5 de março de 1988
prensa.
A Diretoria
aYflllnA GOleS, 31B .. a tl1l~1 ..I 'CDlUU1'1t8 ~05 • nUfD!f: 22M8!1·· GOlA/UI • CO
~ ~mprensa go~ana complet~ hoje 158.anps, uma.data histór~
ca c que r cmémorn ao Lartçament.o CIO :L?ircl1ópol~~v.ao" primeiro Jornal go~
ano - a "Matutina !-le~apantensellI que teve como s'~u redator o padre
LU~5 Gonzaga de Camargo Fl~ury. No decorrer desses anos, a ~mprensa
qo Lana tem corrcr abu ado, para o enqz-arrdecamentio sócio-cultural de GOl.ãs,
com passagens rnemorável.s ao longo de sua hl.stórl.a.
Nesta data, pr'oculramos lembrar a l.rnporta~te ef13Itlérl.de, mas
sem comemorações. Mantendo suas rna~~ legítimas tradições, seu passado
de lutas, lançamos o nosso manifesto chamando a atenção para a atualconj unt.ura brasi.J c a.r-a e corwocamos a sociedade' a se organizár, promo
vendo a maa s anl} d1SCUSS~o de seus problemas em busca de soluções.Como categoria que procura se manter numa posição dé vanguarda, não
podemos nos omit~r d1ante das graves questões do momento.
Conto nação de dimensão continental, com um potencial imenso
a explorar de forma racional em favor de seu povo, não co~cordamos em
continuar na situação de paIs su1Jdcscnvolvido. Com a organ~zação da
sua soc1edade, a nação precisa e pode assumit aê responsabilidades ~
nerentes ao s~u processo de:'desenvolvimento e~onõmico e sccfaj., Ente~demos que o embrião desses esforços se inicia com a Const~tu1nte, que
alguns tentam inutilmente v1lipendiar.
A Constituinte ê,}JIIla dessas esperanças. Não é a soãuçâo p~
ra todos os males, mas o caminho, talvez o melhor caminho, que poderá
resgatar a dign1dade públi~a. Alguém já disse que o Jorna~ista é o ~
lo de ligação entre o governo e a oposição, entre o povo e o poder. E
o Jornalista tem papel preponderante na formulação de propostas que
1ndiquem um povo caminho' para o PaIs.• A crise que se vive tem -fundamentos de ordem êtica, polít!
ca, com profpndos reflexos qa económí.a , na cUI~.tura-,e no soc íat ,2 tempo de se desperta~ e fazer raiar um novo sol neste
Pais. E essa atitude em grande part~ dep'ende de nós.
Em nome de tOdos os associados da Associação Goiana de I~
Srs, Constituintes,Sugiro que, no capítulo da Dis-
.tribuição da Renda Nacional, dos5% de todos os tributos federais,estaduais. municipais e seus acréscimos, 2% em vez de serem recolhidos pelo contribuinte, sejampor este mesmo contribuinte distribuídos entre os empregadosque, trabalhando, direta ou indiretamente, na empresa ou na suaresidência, ajudaram a gerar essetributo. Dos 3% restante, 2% devem ser distribuídos entre os desempregados, via rede bancária,
r- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -1 e 1% entre pessoas, regiões ou atividades econômicas de baixa ren-da (... ).
Pequenoagricultor
Srs. Constituintes,A minha sugestão para a Cons
tituinte é com relação à reformaagrária, pois sou a favor da mesmae se for possível, eu quero que estaseja realizada. Mas, seria necessário que houvesse também umapreparação técnica para o pequeno agricultor, no sentido de queele recebesse a terra e procurassecultivá-la com o máximo de desenvolvimento e não apenas visandosua comercialização. Outro pontoimportante se refere à documentação que deveria partir do governo, bem como uma ajuda, em dinheiro, para que o pequeno agricultor pudesse iniciar a sua produ-ção (....).
Osmar Souza de JesusBragança - PA
LEONIDAS o MEIRELLES
SMPW'a. 23 ConJ 2 Casa 2
11 700 - BSB-DF •
Brasil~a, 15 de março...de 1988.
Senhor Deputado Mar-celo cordeiro,
Sou leitor assíduo do ",Jornal da Constitul.nte",
razão pela ,qual tenho pod~do.acompanhar seu trabalho aqui em
Brasítia, não somente em termos de emendas e propostas apresen
~adas, mas também no que se relaciona ao acompanhamento das ma
nifestações e teneêecaae populares. Isso quer dizer que sua
ação se fundamenta, não só no que pensa, princ.:Lpalmente
no que O povo pensa.
t por conf .:Lar nesse di.scernimento que peço sua
atenção para uma série de matérias publicadas domingo últ.:LmO,
dia e de março, no "Jornal do Brasil". Lá se faz um impress~o
nante paralelo entre a trans.:Lção espanh01a e a brasile:a.ra para
a democxacae, mostrando que a prime.:Lra vea bem e a segunda vai
aos trancos e barrancos.
~ Os dados comparat.:Lvos são realmente de ;l.ItIpressig
nae, O povo espanhol, tem profundas raízes para antagonismos e
algumas m.:LnOr1aS lá recorrem ~nstitucionalmente ao terror1smo.
Na polít.:Lca, esquerda e direitã t:inham um ódio tão profundo
que oceeaoncu uma guerra c1vil de 1,5 m.:Llhão de mortos. Histo
Ticamente, a Espanha foi também a pátria do anarquismo, tanto
que há um refrão famoso, que diz: "Se hay gobierno. soy con
tra". O pais ~ ~uito maa.a pobre. em recursos naeueea.s , do que o
Brasil. E, no entanto, desde 1975 a democracia deu passos rá
pidos e está ccneoã.adada na Espanha.
No Bras.:Ll, de povo cordato, de diferenças polí
ticas cão tão odientas, de recursos naturais mua t c mais abun
dantes, a t.ransição vaa, a passos lentos e sofre per.:Lodicamente,
novas ameaças de retrocesso. A corrupção J.mpera como nunca e
o Regime de Governo é w:n reg~me que transaciona e faz conces
sões à cu-t-e dei nação. O povo fica andefeao, porque não tem
nanquém que :represente as .:Lnstl.tu~ções e as faça valer a seu
favor.
Não será por que nos falta um Rei? Alguém, acima
das paixões e dos part1dos. que exerça o Poder Moderador, que
entre' nós, desde 1889, está sendo pretensamente eaeumadc pelas
Forças Armadas?
Por favor, como brasile.:LrO, agradeCer.:L8 sua re
flexão nesse fato. E, podendo, ajude o Bras.:Ll a ter uma oportu
nidade de construção democrát1ca e de maior felicidade.
o povo, na sua sabedoria, saberá escolher em PI!
bl.scito como propÕe Emenda Popular, da qual sou um humilde sig
eeeãeao, qual o Regime de Governo deseja ser governado.
Sr. Constitu.:Lnte não nos negue eeee direito.
Conf.:Lando no seu alto espírito público. conforme
Já demonstr;f'~;:;-~~
Rosa Maria da Silva PoncianoRio de Janeiro - RJ
Problemáticado menor
Srs. Constituintes,Enquanto .milhões de menores
abandonados aqui no Brasil gritam de fome, por justiça e por seusdireitos, o governo fica às voltascom sonhos de programas nucleares. Creio que em nosso país existeum grande potencial hidroelétrico, não tendo, portanto, a necessidade imediata de uma usina nuclear, usina esta-que até agora jágastou uma boa parte do dinheirode nós brasileiros, sem, no entanto, entrar em operação. Se essedinheiro gasto fosse aplicado como menor abandonado, creio queresolveríamos boa .parte desseproblema. E...)
João Carlos ThimôteoSão Paulo - SP
10 Jornal da Constituinte
com mais recursos
\I
do presidencialismo, o que é queocorreu? Os partidos, que teoricamente devenam dar sustentação,não o fizeram. Sequer apresentaram uma proposta, um programaeconômico, social, para ser adotado pela presidência e em contrapartida garantir o apoio a esse Governo. O PMDB, que é o maiorpartido, foi, no início da Nova República e muito mais depois daseleições de 1986, ao mesmo tempoo maior partido de apoio ao Governo e de oposição. E a discussãose dá em termos, meramente, quase que pessoais, para não dizer fisiológicos, porque o PMDB, como o maior partido e que é o meupartido, nunca apresentou umprograma concreto, econômico,social, para, se aceito pelo presidente, apoiá-lo ou, se não aceito,fazer a oposição, coisa típica dopresidencialismo, que acho que éo responsável pela crise terrívelque estamos vivendo. Responsável, porque gerou 1964, responsável porque a transição democrática que se arrasta até hoje se dáno presidencialismo sem que haja,vamos dizer-assim, o apoio partidário a essa transição.
Se estivéssemos no parlamentarismo o que é que ocorreria? Oapoio ao presidente se daria, atra
-vés de um programa, que seria oprograma do primeiro-ministro. Ese esse programa não estivessedando certo ou se o primeiro-ministro fugisse aos compromissosassumidos nesse programa seriadestituído.
JC - E com relação ao manodato do presidente Sarney?
José Carlos Vasconcelos - Foiaprovado um dispositivo permanente, um mandato de cinco anospara o presidente, que me parececorreto. Inclusive, votei nessemandato. Acho quatro anos umtempo muito curto, a não ser quefosse permitida a reeleição. Omandato de cinco anos corresponde, na realidade, mais à tradiçãobrasileira. Com referência, especificamente, ao mandato do presidente Sarney, acho que fica diffcilestabelecer a essa altura dos acontecimentos um mandato diferente,ou seja, dar quatro anos ao mesmo.
Os recursostransferidos
para osestados e
municípiosvão ser
aplicadosde maneiramuito mais
correta
Vasconcelos: a reforma tributária tem um efeito de modernizara administração
prazo, já por si, bastante longo.Como prorrogar esses mandatos?Por outro lado, sou majoritárioem diversos municípios de Pernambuco. Não há um prefeito daqueles municípios, em que seja eumajoritário, que esteja querendoadiar a eleição. A própria Associação dos Municípios de Pernambuco e, em termos nacionais, também isso é verdade, em termos deBrasil, da Associação de Prefeitos.
Não há nenhuma posição a favor. Isso surgiu, vamos dizer, deuma idéia cujos pais não aparecem, por interesses meramentepessoais, e que, ocasionalmente,estejam mantendo a maioria deprefeitos e façam política atravésde seus prefeitos em seus estados,que surgiram com essa idéia e nãotiveram nem a clara coragem deassumir essa paternidade.
JC - Deputado, foi aprovadoo presidencialismo com mandatode cinco anos para os futuros presidentes da República. O deputadoconcorda?
José Carlos Vasconcelos - Primeiramente é uma posição dequem sofreu muito com a aprovação do presidencialismo. Estouem profissão parlamentar doutrinária e no início da legislatura dostrabalhos constituintes tive a oportunidade de participar de diversasreuniões, onde se discutiu, doutrinariamente, a matéria, e vejo queperdemos a oportunidade de modernízar, de tornar mais eficientea relação entre os poderes, o que,no meu entendimento, se dá através do parlamentarismo. De início, lamento profundamente quetenha prevalecido o presidencialismo, que é um gerador de criseno Brasil, o foi no início da República, durante o período de Getúlio Vargas, foi em 1964, gerandoo golpe e a ditadura e, posteriormente, o autoritarismo, esse período intermediário à eleição deTancredo Neves, e está sendo prejudicial hoje em dia.
Se nos debruçarmos, por exemplo, sobre o que acontece no Brasil, hoje, vamos ver a perversidadedesse regime, ou seja, em condições excepcionais assumiu a presidência José Sarney e, por força
suas regiões para 29%, em tornode 30%, o que significa que praticamente vão triplicar as aplicaçõesda União no'Nordeste, e tambémem relação ao Norte prevalece essa verdade. Somente dois estadosvão perder com essá nova siste-mática: o Rio de Janeiro e São Paulo.Eles perderam por esse lado, ouseja, na aplicação do Orçamentodireto da União, mas temos quelevar em conta que os recursos daUnião estão diminuindo na reforma tributária.
Então, os aportes vão ser diretamente, com aumento do fundo departicipação do estado com a criação do adicional do Imposto deRenda feito pelo estado. Isso fazcom que São Paulo e RiQ de Janeiro recuperem de maneira altamente favorável a determinação deaplicações do Orçamento daUnião.
JC - Teremos eleições municipais este ano, deputado?
José Carlos Vasconcelos Creio que sim. Não vejo nenhummotivo lógico para que não ocorram essas eleições. Os atuais prefeitos estão terminando um mandato de seis anos. Eles têm um
a consolidação de 1975, que foiregionalizada através de um estudo da Fundação Getúlio Vargas;observamos o seguinte: a Uniãogastou no Norte 3,5% de suas-despesas totais; no Nordeste, 11,9%;no Sudeste, 53,6%; no Sul, 9,5%;e no Centro-Oeste, 16,5%, incluindo no Centro-Oeste a despesa elevadíssima que representaBrasília, que é a sede dos poderesLegislativo, Executivo e Judiciário. Ora, se pegarmos o Nordeste,onde vive 30% da população brasileira, vemos no correr desse anoa perversidade de tratamento daUnião em relação ao Nordeste;que o ano em que mais investiu,segundo dados disponíveis na consolidação de 1975, foi 1975. AUnião investiu numa região ondemora 30% da população somente11,9% das suas despesas gerais.Enquanto isso, somente no Rio deJaneiro a União fazia uma aplicação anual de 35,9%, quase 40%,e em São Paulo, uma aplicaçãode 16,9%, ou seja, há uma tendência de levar sempre mais recursospara as regiões mais ricas. Issoagora acabou, e acabou tendo umconceito justo.
Onde a União tem que gastar?O objetivo é que a União gasteno sentido de promover o ser humano. Então, gastar de acordocom a população de uma regiãoé um critério que tem o homemcomo centro do desenvolvimento.Logo que cheguei à Câmara dosDeputados, em 1979, apresenteiuma emenda à Constituição - fuiexatamente o primeiro parlamentar a dar um tratamento racionala isso, ou seja, a regionalizaçãodo orçamento. Propunha dois critérios: que a União aplicasse osseus recursos de acordo com a população de cada estado e no inverso da renda per capita desseestado. O que quer dizer isso? E quena primeira divisão tem-se comoobjetivo a população. No segundocritério, o inverso da renda per capita, que objetiva gastar mais ondefor maior a pobreza, mais baixaa renda per capita. Renovamos essa proposta através de seminárioque realizamos para analisar o desenvolvimento do Nordeste, naComissão do Interior, semináriodo qual fui presidente. Evidentemente sem êxito, porque o próprioregime autoritário não admitiaque houvesse uma modificação detal ritmo.
Agora, desde a Subcomissão deOrçamento e Fiscalização Financeira é que reapresentamos essaproposta que foi reaproveitada pelo relator e depois, em uma sessãomemorável para o Nordeste, contando com a colaboração muitoexpressiva do senador Virgílio Távora, dobramos, vamos assim dizer, a posição do relator da Comissão, o deputado José Serra, quese antepunha por questões técnicas a essa medida. Só conseguimosregionalizar levando-se em consideração a população e não a segunda variante que eu colocara:o inverso da renda per capita. Mas,mesmo assim, isso significa umaporte de recursos para as regiõesmais pobres. E o Nordeste vai passar daqueles 10 a 12% como limitemáximo dos gastos da União nas
•Região mais pobre
o constituinte José CarlosVasconcelos (PMDB - PE)afirma que a maior repercussão, a nível regional, da refor
-ma tributária incide no capítu-lo do Orçamento da- União."No sentido de atender às reivindicaçõesantigas das regiõesmenos desenvolvidas, foi aprovada a regionalização das despesas da União, levando-se emconsideração a população decada região geoeconômica",explica Vasconcelos. Para ele,outra conseqüência é a de modernizar a administração "epermitir que sejam atendidosos anseios da coletividade poraquelas administrações que estão em contato com o povo".JC - Deputado, a Constituinteaprovou uma ampla reforma tributária. Que repercussões poderá tera nível regional?
José Carlos Vasconcelos - Evidentemente que a reforma tributária é estimuladora da distribuição de rendas. Na totalidade dosimpostos vai-se repassar muitomais agora para os estados e municípios, ou seja, a União vai perderrecursos. Embora ao perder recursos haja tendência, evidentemente, a que ela deixe de investir emdiversas áreas em que vinha investindo anteriormente. Por exemplo, os programasa fundo perdidodeverão diminuir. Esses programas era administrados pelo Ministério do Planejamento e geraramessa crise que todos nós estamosanalisando através da CPI do Senado que apura as irregularidadesocorridas no Ministério' do Planejamento. Mas, à medida que aUnião deixa de aplicar esses recursos, esses recursos vão ser aplicados agora com a transferência paraestados e municípios, de maneiramuito mais correta, por administrações que estão envolvidas diretamente com a vida do povo emcada cidade, em cada estado. Portanto, por aí a reforma tributáriatem um efeito de modernizar a administração e permitir que sejamatendidos os anseios da coletividade por aguelas administraçõesque estão diretamente ligadas aopovo, e não por uma administração central aqui em Brasília quenão conhece a realidade local.
Mas, a maior repercussão regional - que eu não vejo analisadaainda em profundidade -, ela sedá mais, no meu entendimento,em relação ao capítulo que aprovamos do Orçamento da União,ou seja, no sentido de atender àsreivindicações antigas das regiõesmenos desenvolvidas. Foi aprovada a regionalização das despesasda União, levando-se em consideração a população de cada regiãogeoeconômica. Para que se tenhaa idéia do que isso significa, osdados de regionalização do setorpúblico no Brasil, ou seja, de despesas. efetivamente realizadas pelas regiões mostram uma perversidade imensa da ação da Uniãoem referência aos estados e às regiões menos desenvolvidas.
As últimas consolidações se referem, os dados disponíveis sãodos anos 1970/1975. Se pegarmos
Jornal da Constituinte 11
Chaves vê município fortalecido
Chaves: em princípio, não há nada que o ~stado faça que o munictpio:nãàpossflJazer ,
• t
Aí temos os três pontos essenciais que atestam essa revoluçãofundamental em maténa de municipalismo: primeiro, a incorporação do municípiu à Federação: segundo, a autonomia política ampliada e completada por todas asprovidências que enumerei anteriormente e outras que constamdo projeto, e a terceira, a contrapartida, que é a autonomia financeira, porque todos os especialistas que tiveram acesso a este assunto apontavam sempre esta falha - não adianta assegurar autonomia polífica se não se asseguraa autonorma financeira, senão, elaficava mutilada.
JC - Deputado, há dois projetos na área de educação: o do Centrão e o da Sistematização, que sechocam; um favorecendo as escolaspúblicas e o outro privilegiandoo ensino particular. Como o deputado se posiciona?
Aloysio Chaves - Acho que,em primeiro lugar, devemos concentrar os recursos do Estado tanto quanto possível na área oficial,isto é, através da União, dos esta.dos e dos municípios, sem embargo de certas entidades do setor pri-
nessa imunidade do vereador. vado poderem receber algum tipo'Agora l'e estabeleceu, como se' de auxílio ou subvenção, como as
· deu paráo prefeito, um fórum es- escolas. ligadas à comunidade, aspecial para ser julgado ;nos crimes' ligadas às associações religiosascomuns, de responsàbilidade, que 'que não têm fins lucrativos, inclu
-é Q Tribunal de Justiça, tirando sive as universidades. Mas, carac-, '0 juiz-da própria comarca que tem' terizadas bem essas exceções, es'suá sedeno município, ao lado de ses recursos devem ser drenados.outras vantagens que'poderão ser, . para a rede pública, para o ensinoenumeradas e que constam da público, o ensino oficial. A grande
. Constituição, ou melhor, do pro- dificuldade que temos até hoje najeto de Constituiçãó.: ,'aplicação da reforma de ensino de. J~ - Acredita que a autonomia 10 e 2° graus reside exatamente na
,financeira do muniçipio veia com insuficiência de recursos. Porquê?essa reforma tributária, inserida no Eni primeiro lugar, porgue a fusãoflOVO texto constitucional? . do primário ao secundario, ao gi
, ., Aloysio Chaves _: Veio, e forta-' násio, criando o ensino fundamen"Iecendo bastante o município co- _tal, exige professores hoje com
,- mo foitalece o estado. O sistema uma qualificação que vai desde o·estabelecido para a reforma tribu- curso pedagógico até a licenciatutáriaqire já aprovamos reduz J2ar- ra plena na universidade.'cialmente os recursos da União, . Tem-se o curso pedagógico comas amplia os dos estados e dos mo uma qualificação necessáriamunicípios. Naturalmente que. para o ensino da l' à 4' séries, mas
.uma série de atribuições e de en- c para as duas séries subseqüentes· cargos tambémterão que ser defi- já é preciso o curso pedagógico
nidos na competência-dos estados mais um ano especial, e para o. e municípios. Mas' isso se faz atra- ensino de 2°grau é preciso a licen
vés de uma 'lei comum; de uma ciatura plena ou curta de nível uni.' lei ordinária. De uma maneira ge- . versitário. A qualificação desse"rara concentração de recursos nes- pessoal docente exige também nases municípios é altamente conve- parte pedagógica e administrativarnente porque, em 'princípio, não a preparação muito grande de pro'há nada que o estado faça 'que o fessores e de especialistas.município não possa fazer. Ele es- , Em segundo lugar, esta reforma
· tá mais próximo do povo não só criou, com a preocupação da propara sentir suas aspirações, seus fissionalização, as chamadas díscianseios, suas reivindicações como plinas especiais, as práticas espetambém-para a execução de obras ciais, aquelas que vão ministrar ae a prestação de serviços.' profissionalização que se inicia no, JC - o controle das verbas... primeiro grau e deve-se completar~ Aloysio Chaves - Esta é uma no segundo grau, como diz a lei,
parte fundamental que não pode com o sentido de terrninalidade.ficàr apenas na Câmara Munici- Hoje uma das grandes dificulpaI. É preciso que O· Tribunal de dades é recrutar um bom professorContas do estado ou o Conselho de uma prática, por exemplo, dede Contas dos municípios, onde eletricidade ou de metalurgia, dehouver, exerçam uma fiscalização mecânica. De outro lado, é maisrigorosa, permanente e atualizada fácil contratar um professor de hisda aplicação desses recursos, por- tória, geografia ou português doque freqüentemente a fiscaliza- que de práticas especiais. Essasção, um ano, dois anos depois, práticas exigem espaço, salas, insquando se efetiva, nem sempre é talações e equipamentos. Vejam,eficaz como é indispensável pela por exemplo, no campo da mecâdificuldade de controlar dois anos nica. Ora, os municípios e os estadepois, àlguns fatos, sobretudo dos não têm recursos para isso,obras executadas nas áreas desses não obstante o auxílio do saláriomunicípios. Então, acredito que educação, de sorte 9.ue se essesessa reforma tributária, como ela recursos já são insuficientes nósestá consagrada na Constituição, não podemos ainda reduzi-losfortalece o município. mais.
Os recursosdo estadodevem ser
concentradosno ensino'
público, comas exceções
caracterizadásde forma'
bem nítida
experiência dando ampla autonomia ao município para a sua organização institucional esua organi- 'zação legal. Adernais, há algunsmunicípios que têm suas câmarasde vereadores muito reduzidas.Por exemplo, um município comnove vereadores. A maioria de no:ve seria cinco: Uma flutuação nessa maioria, uma alteração de filiação partidária a qualquer momen- .to na composição 'das bancadaspoderia modificar completamentea elaboração dessa lei orgânica.Era preciso, portanto, resguardaros interesses do município, qualificando este quorum, no momentoem que se lhe dá a tarefa, se lheatribui a missão tão alta, tão importante de elaborar a sua lei orgânica.
Ao lado dessa medida há outrasque estão no projeto de Constituição, como o problema da imunidade do vereador no territórioda sua jurisdição, ou seja, no território do seu município. Todos estão lembrados de que nas reuniões, congressos, SImpósios dosmunicípios sempre se falou muito
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orientação que tinha sido seguidana Alemanha, e mais recentemente em outros países, no sentido dedar a participação aos municípiosporvia.indireta através de, recursos. do estado ou de tributos dacompetência da União que eramrepartidos e distribuídos para omunicípio, mas de maneira insuficiente para atender as necessida-:
-des que não diria normais, masmínimas, fundamentais, essenciais ,desses municípios. -Nõsnospreocupamos com esse próblemaporque defendemos a autonomiapolíticado município, incorporan- .do-o-à Federação. :. , ','
9 projeto da Constituição, .como esfã aprovado, institucionalizou ornunicípio, isto é, colocouo município como ente que integraa Federação brasileira rrr: os estados', territórios, o Distrito Federaleos municípios. Pela primeira vezisto,ocorre numa constituição brasileira.Então, temos os três níveisde competência:a municipal, a estaduale a federal; e temos o estado,~,:União e o município comointegrando a Federação brasileira.Isto 'é/uma grande conquista; é amaisimportante de todas elas. co-:
. má,um,ª, consequência lógica, veiotambém.a autonomia, -a competêncía0.0' município para fazer asua léí orgânica, sua lei própria,sua -Ieí fundamental, 'às "cartaspróptl~s". O Rio Grande do Sul,Já havia adotado esse princípio; naBahia.a 'Constituição baiana, emrelação às capitais, o teve como
. unia reivindicação, um anseio detodos"os municípios. Há sempre .evidentémente aí um risco. Masacho que precisamos correr esseriscoe o projeto cerca-se de certascautelas.
Estabelece, por exemplo, doisturnos e o intervalo de dez diasentre um turno e outro; e mais,quorum qualificado de 2/3 para aaprovação da Carta da Lei Orgânica do Município. Vejam que,para a aprovação da Constituição,a Emenda Constitucional n° 26 estabelece a maioria absoluta. Paraa aprovação da Constituição dosestados é a maioria absoluta, maspara O município nós estabelecemos dois terços. Por quê? Exatamente porque se vai começar essa
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Jornal da Constituinte
Ao fazer uma comparaçãocom as Constituições anteriores, o constituinte AloysioChaves (PFL - PA) apontao que considera um avanço histórico: a institucionalização domunicípio, isto é, "o municípiopassa a integrar a Federação".-Segundo Chaves, essa medidavai ser completada com doisoutros pontos essenciais. Primeiro, a autonomia políticaampliada e, segundo, "a contrapartida, que é a autonomiafinanceira, pois, de acordocom os especialistas, haviasempre esta falha - não adianta autonomia política sem queseja assegurada a autonomia financeira"..
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JC - O deputado foi relator naSubcomissão dos Municípios e Regiões, pertencente à Comissão daOrganização do Estado. O quetem a dizer sobre o tema?
Aloysio Chaves - A metodologia adotada pelo Regimento daAssembléia Nacional Constituinte, como jãse sabe, criou oito comissões temáticas, que, pelo próprio Regimento, também se subdividiram cada uma em três, de sorteque ficamos com 24 subcomissões.Dentro da Comissão Temática daOrganização do Estado, uma delas era a dos municípios, a segunda, dos estados e a terceira, daUnião. Coube-me relatar a partedos municípios e 'das regiões. Regiões não I!0sentido apenas da região metropolitana ou das microrregiões homogêneas e dos aglomerados humanos, que hoje existemcomo problema sério, sobretudoquanto à política urbana, mas fundamentalmente as grandes regiõesnaturais, que são regiões de desenvolvimento econômico.
No tocante ao município, a comissão fez oito audiências públicase ouviu 32·entidades desse setor.Recolheu centenas de emendas,sugestões, colaborações e, afinal,apresentou o seu trabalho. Aprovado com pequena alteração, omeu relatório foi incorporado praticamente no seu todo pela Comissão Temática da Organização doEstado. Nós demos uma ênfase especial ao inunicípio. Esse problema municipal situa-se de uma ma-
-neíra modesta na Constituiçãoporque a da Proclamação da República de 1890, falou no município e na sua autonomia para osassuntos de seu peculiar interesse,mas nunca se definiu nem se explicitou o que se deveria entenderpelo peculiar interesse do município. Como os municípios não tinham uma autonomia financeira,a autonomia administrativa ficoubastante cerceada, bastante limitada. Ela ficou mais como uma declaração de intenções, de propósitos, da Constituição republicanado que como uma medida efetivade valorização do município. Em1934, o dispositivo foi reproduzido, enfatizado, mas sem nenhumaconseqüência.
A Constituição de 1946 foi consídejada uma Constituição municipalista porque avançou mais doque a de 1934 nesse particular,mas também ainda aí foi tímida.Depois, a partir de 1964, tivemosum problema com respeito à concentração desses recursos em poder da União. Adotou-se uma
País precisade capitale trabalho
Naphtali: gostaria que a Constituição fosse sucinta
Naphtali Alves de Souza - Sinto-me satisfeito e feliz com a atuação da Assembléia Nacional Constituinte, apesar de várias críticas,que, evidentemente, são bem-vindas, porque vêm aperfeiçoar oprocesso democrático. Mas acredito que o país está vivendo ummomento de suma importância, evejo que aqui dentro do plenárioda ANC está acontecendo o quea nação brasileira está querendo.Até o sistema de governo que foivotado, em que saiu vencedor opresidenciahsmo, as próprias pesquisas apontavam mais de 60% detendência ao presidencialismo. Isso ocorreu aqui, dentro do próprioplenário.
Gostaria que a Constituição fosse enxuta, sucinta. Mas estamosvendo uma Constituição um tantodescritiva, porém é a Constituiçãoque a nação está esperando, exatamente porque a nação brasileirasabe que, se não estiver tudo muito bem definido, ocorrerá algumainsatisfação na hora da execuçãodessa lei. Há um receio em relaçãoa isso, exatamente porque um dospoderes nossos, o Judiciário principalmente, não está tendo credibilidade. O político também nãoestá tendo a credibilidade popular.
Mas tenho a certeza de que aConstituição do Brasil, essa Constituição votada agora, será o espelho da nação brasileira. Muita coisa que está embutida na Constituição eu sou contra; por exemplo,a licença-gestante de 120 dias ea licença-paternidade; acho queesses assuntos não deveriam estarlocalizados em texto constitucional. Mas a Constituição não estásendo escrita para mim, e sim paratoda a nação brasileira.
JC - Como o senhor vê o quadro político atual?
Naphtali Alvez de Souza - Vejo o quadro político brasileiro, decerta forma, com uma preocupação, porgue o nosso país, infelizmente, ainda não amadureceu politicamente. Ele sai de um regimeautoritário e vem, agora, ao encontro da população, com essaabertura para a sociedade, em quea população está participando noprocesso. Mas o político brasileiroestá, a meu ver, aprendendo a caminhar no rumo da democracia.Os políticos ficaram realmente represados, e, agora, está havendouma abertura. EVIdentemente queessa abertura é feita com uma certa cautela, mas estamos tendo liberdade. Estamos nesta aprendizagem. Realmente, é uma transição política, e espero que ela venha, cada vez mais, a se consolidar, para que'l?ossamos ter umaplena democracia no-país.
JC - Uma questão regional: osenhor é favorável à criação do estado de Tocantins?
Naphtalí Alves de Souza - Totalmente favorável. Acredito queo estado de Tocantins vem facilitara administração dessa parte doCentro-Oeste brasileiro, porgue oestado de Goiás tem uma figurageográfica longitudinal, onde temos um plano de dois mil quilômetros. Fica difícil a administração. Está bastante deslocada emrelação ao norte do nosso estado.Por isso, embora eu seja do sule tivesse quatorze mil votos na região do norte, sou amplamente favorável. Acho que vem beneficiarenormemente o estado, 'a regiãoCentro-peste, principalmente oBrasil. E uma região de muito futuro, que certamente irá encontrarseu desenvolvimento rapidamentecom essa decisão.
ção. Não adianta ele ficar sobreo solo de braços cruzados, sem gerar uma produção. Entendo quetoda área improdutiva por falta detrabalho deverá ser desapropriada.
JC - Na qualidade de ex-prefeito de Morrinhos, em Goiás, éfavorável a que seja mantido o calendário eleitoral municipal desteano?
Naphtalí Alves de Souza - Souamplamente favorável às eleições,principalmente às deste ano, embora esteja sentindo que algumacoisa está acontecendo nos bastidores para que haja uma prorrogação. Sou contra a prorrogaçãoe a favor de que o povo venhaàs urnas participar e escolher seusrepresentantes, porque só assim apopulação terá uma responsabilidade política e administrativa emrelação àqueles que estão sendôeleitos. Não vejo de outra forma,e estou observando que há umatendência de mandato-tampão dedOIS anos. Acho isto uma imprudência que será prejudicial aopaís. Sou favorável a que as eleições municipais ocorram este anoe que sejam por um período emque o eleito tenha um mandatode quatro anos.
JC - É favorável à reeleiçãopara os cargos executivos?
Naphtalí Alves de Souza - Sinceramente, dentro desse princípiode que O executivo permaneça porquatro anos, sou favorável a somente uma reeleição. Aquele quefor um bom executivo, evidentemente que a população gostará detê-lo novamente no cargo. Daí,fundàmentado exatamente nisso,sou favorável a que haja essa continuidade político-administrativa.
JC- Já -se-passou um ano equase quatro meses da AssembléiaNacional Constituznte. Que balan- Iço [arta desse trabalho?
ção. Então precisamos inverter essa situação no momento, e o capital estrangeiro certamente iráprestar um grande benefício. Como eu disse, o capital só permanece onde há lucratividade.
JC - Deputado, qual a sua opinião sobre a conversão de parteda dívida externa em investimentos?
Naphtali Alves de Souza - Acredito que este seja um caminhoque podemos analisar para umasaída. Vejo com ânimo, com expectativa perfeitamente positiva.Evidentemente que cabe ao setorcompetente do governo fazer umaanálise mais profunda nesse sentido. Mas, no pouco que entendosobre economia e finanças, é umaatitude altamente positiva para oBrasil.
JC - Com sua experiência dehomem também ligado ao campo,qual sua posição frente à reformaagrária?
Naphtalí Alves de Souza - VeJO a reforma agrária no Brasil deforma até mesmo emotiva, em queestamos praticamente com duasalas. Uma contra a distribuição daterra; porque a reforma agrária éampla. Mas, está se rebatendoexatamente no parcelamento dosolo, na redistribuição da área,principalmente da área produtiva,da área agricultável, da área quepode se prestar à pastagem. Percebo o seguinte: toda a propriedaderural que não esteja produzindodeverá ser desapropriada e ali seiniciar uma política de desenvolvimento, no sentido da produção.
E a outra ala que vê somenteo aspecto social, que a terra temfunção social. Acho que as duascoisas deverão ser aliadas, porqueO principal que está sobre a terraé o homem. A terra é uma funçãoexatamente do homem, mas eleacaba não vivendo sem a produção, ele tem que gerar essa produ-
o políticobrasileiro
esta, a meuver,
aprendendoa.caminharno rumo dademocracia,que deve serconsolidada
mática para uma ação prática,uma ação concreta. Não adiantaficarmos no discurso da Nova República, no discurso da transição.O que o país precisa é se encontrarcom a realidade, porque o potencial, como sabemos, é enorme,mas precisa de recursos. Nessa hora não adianta o governo brasileiro emitir dinheiro, I?orque aofazê-lo está gerando mais inflação,tornando maior a crise econômica..Temos é que produzir mais, paraque possamos exportar. Temos deexercer paralelamente um contro-.le ngoroso, porque grande parcelada nossa produção sai sem nenhuma fiscalização, através de expedientes que a nação brasileira todaconhece, e isso tem que ser mudado, tem que haver uma fiscalização maior na hora da exportação.
Relativamente à exportação,acredito que precisamos enfrentarnossa realidade cambial, de formaque principalmente o dólar sejacotado dentro do valor justo, dovalor real, porque está prejudicando tanto na importação quanto naexportação. Quando o produtonacional está sendo exportado, seo dólar está cotado com uma taxafora da realidade, uma taxa baixa,evidentemente que o produto nacional, o fabricante nacional teráum prejuízo e, com isso, ele sedesestimula; na hora em que estamos Importando, ocorre o mesmofenômeno. A empresa estrangeiravai concorrer com a nossa empresanacionaL exatamente porque oproduto dela está com baIXO preçoe vai competir com nosso produtointernamente.
A inflação que estamos vivendoneste momento é resultante deuma séne de fatores, mas, se estivermos aumentando o produto interno bruto, é claro que, assim,sairemos desta recessão. A inflação é um quociente resultante deum consumo acima de uma produ-
Para o constituinte NaphtaliAlves de Souza (PMDB GO), o Brasil necessita, parasolucionar seus problemas, deconcentrar seus esforços emdois setores: capital e trabalho,"que têm que estar conectadospara que possamos sair da recessão". Por isso, ele defendea participação do capital estrangeiro "principalmente nosetor de investimento, porqueo Brasil, uma nação jovem,precisa se desenvolver, e, assim, é necessário que haja investimento para a livre iniciativa". Na entrevista, NaphtaliAlves de Souza diz que é favorável às eleições municipaisprevistas para este ano, à reeleição para os cargos executivos, à desapropriação da propriedade rural que não estejaproduzindo e à criação do estado do Tocantins, com a divisãodo estado de Goiás.
JC - Deputado, como vê a questão do capital estrangeiro na economia brasileira?
Naphtali Alves de Souza - Temos de entender que o capitaLestrangeiro deve ser bem-vindo à nação brasileira. Estamos tendo certo pavor em relação ao ingressodesse capital no Brasil, que deveter suas portas abertas a ele. Vejo,inclusive, que o capital não temfronteiras; ele permanece onde hálucro. Toda iniciativa, todo desenvolvimento acaba se apoiando emcima do dinheiro. Sou favorávelao ingresso do capital estrangeiroprincipalmente no setor de investimento, porque o Brasil, uma nação jovem, precisa se desenvolver,e, para isso, é necessário que hajainvestimento para a livre iniciativa, que precisa ser fortalecida, para que a nação possa cumprir como que a sociedade brasileira esperados nossos governantes.
Então, a solução para o Brasilno momento está assentada principalmente em dois setores: no setortrabalho, isto é, na capacidade detrabalho da pessoa humana, e nocapital. Os dois têm que estar conectados, devem estar juntos paraque possamos sair da recessãoque, na verdade, o país está vivendo. Com isso entendo que nestemomento histórico, em que estamos votando uma Constituiçãopara o Brasil, esse novo ordenamento econômico tem que ser balizado em cima do capital estrangeiro. Precisamos desses recursospara gerar, inclusive, mais emprego. Temos muitos trabalhadorese poucos empregos. Ora, com osdOIS, aliados, surgirá, evidentemente, uma experiência, uma motivação, um estímulo. Assim, o capital estrangeiro tem que ser estimulado em nossa pátria.
Não adianta filosofarmos. Temos é de sair do campo da criatividade vocabular, da criatividade te-
Jornal da Constituinte 13
Teotonio Vilela Filho, presidente da CPf dei Seca, percorreu dez mil quilômetros de caatinga, VIsitoutodos os municipios alagoanos do semt-ârido, viu a procisão fúnebre das criancinhas mortas pelafome em Santana do Ipanema, apertou as mãos rudes de trabalhadoras das frentes de emergência,ouvindo suas queIxas..
... e transportou tudo o que viu, ouviu e sentiu para a tribuna da Constituinte, colocando em suaspalavras o drama de 21 milhões de brasileiros marginalizados do desenvolvimento e envoltos emuma mtséna centenária. Consegutu convencer o Plenário a aprovar a sua emenda, que Vai resultarna transferência de mais 16 bilhões de cruzados-ano à região.
Fome nordestinacomove plenário
Benevides apontaavanços do Nordeste
Mauro Benevides
especial é o resultado da açãodas bancadas do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, quechegaram a um acordo histõrico com as bancadas das demais regiões para a aprovação da medida. Mauro Benevides foi um dos signatáriosdeste acordo. I
O Nordeste deverá absorver cerca de 60% do total dareceita do fundo especial,uma vez que os critérios paraa distribuição dos recursosdevem levar em corita a população e a renda regionars.Mauro Benevides revelouque há uma proposta nestesentido a ser votada no títulodas Disposições Transitórias,resultante de fusão de emendas apresentadas por ele próprio e pelos constituintes Firmo de Castro (CE), Aécio deBorba (CE), Lúcia Vânia(GO) e Fernando BezerraCoelho (PE).
Para Mauro Benevides, oacordo que possibilitou aaprovação do fundo especialprova o quanto são injustasas críticas segundo as quaiso Nordeste já recebeu muitoem incentivos sem utilizá-losacertadamente. "Só o mvestimenta feito em Itaipu representa cinco vezes o que o Departamento Nacional deObras contra a Seca recebeuem 76 anos, e quase o mesmomontante recebido pela Sudene em 27 anos de funcionamento", ressaltou Benevides.
O Nordeste, assim comooutras áreas pobres do país,obteve algumas conquístasimportantes na Constituinte.E o que pensa o 1°-vice-presidente da Constituinte,Mauro Benevides, representante do PMDB cearense."Estamos reconquistando asperdas que nos impuseramcom a Constituição de 1967,quando se extinguiu o Fundodas Secas, e com ele a destinação de uma parcela da receita federal para ser aplicadaem programas voltados parao progresso da região nordestma", afirmou ele.
Acrescentou Benevidesque os governos autoritáriosprejudicaram, nos últimosvinte anos, o Nordeste e suasagências de fomento, o quelevou à ampliação do fossoeconômico-social que o separa das regiões mais desenvolvidas do país. Estima Benevides que atingiram 200 bilhões de cruzados as perdasdo Nordeste com a extinçãodo Fundo das Secas, somadaà pulverização dos incentivosfiscais para contemplar outras atividades (PIN, PROTERRA, reflorestamento,turismo, EMBRAER etc.),em detrimento da Sudene.
A Constituinte aprovou acriação de um fundo especialpara o Norte, Nordeste eCentro-Oeste, com base em3% da arrecadação do IPIImposto sobre Produtos Industrializados - e do Imposto de Renda. Com isso, ficamdefinidas novas fontes estáveis de recursos para estas regiões menos desenvolvidas,retomando-se assim a tradição constitucional, interrompida nas últimas duas décadas, de estimular o progressodas áreas mais carentes dopaís.
Os recursos deverão seraplicados em programas de financiamento voltados paraatender ao setor produtivo, euma futura lei complementardeverá estabelecer os parâmetros para a divisão do boloentre as três regiões beneficiadas. A criação deste fundo
mo quando volta a chuva" , salientou o parlamentar alagoano, lembrando que o semi-ando ocupa66% do milhão e meio de quilômetros quadrados da região, e lávivem 21 milhões de nordestinos,marginalizados do processo de desenvolvimento , que, no Nordeste,tem sido marcadamente litorâneo,mal ultrapassando os agrestes ainda férteis.
Programa de Irrigação
Para Teotonio Vilela Filho, aemenda de sua autoria, aprovadapor 323 votos contra 40 e 12 abstenções, embora represente umagrande vitória dos sertanejos naConstituinte, não se esgota em SI,mas faz parte de um conjunto depropostas ao texto constitucional,com vistas a criar as condições para que os sertões tenham de fatouma infra-estrutura social, deobras e serviços, que permita aconvivência do homem com a seca. Uma dessas propostas, qu~ deve ser votada no capítulo das disposições transitórias, em breve,estabelece que os programas oficiais de irrigação destinem ao semi-árido pelo menos a metade deseus investimentos.
"O que se pretente" - explicaTeotonio Vivela - "é a criaçãode condições para que se enterrede uma vez por todas o assistencialismo que leva à dependênciae à submissão, e modificar as basesque sustentam a miséna como fia:;.dora da opressão econômica e daservidão política". Ele entende,ainda, que esse é um primeiro passo para se desmantelar a chamada"indústria da seca", que, a seuver, vai tentar também tirar proveito dos novos recursos aprovados pela ANC, razão por que recomenda uma severa fiscalização sobre sua aplicação. O constituintealagoano disse, por fim, que aConstituinte aprovou a emenda"como uma chance de esperançae de sonho para o Nordeste e umgesto para o futuro, para a História".
os duzentos mortos pelos temporais no Rio de Janeiro, mas duzentas pessoas morrem de fome, pordia, só nas Alagoas. E lançou umrepto aos seus pares: que o acompanhassem ao cemiténo de Santana do Ipanema para assistir a procissão fúnebre diária dos "anjinhos" mortos pela fome.
A franqueza e a emoção comque Teotonio Vilela Filho defendeu a emenda fizeram de seu pronunciamento um dos instantes altos da Assembléia Nacional Constituinte, conforme reconheceramseus colegas, que foram cumprimentá-lo à saída da tribuna. Delfim Netto, ex-mimstro da Fazenda, observou que somente o constituinte alagoano seria capaz deimprimir emoção a uma discussãode natureza tributária. Tambémfoi o que salientou o presidentedo PDS, constituinte Jarbas Passarinho, para quem a fala de Teotonio Vilela conseguiu dar uma dimensão nova e ampla ao frio debate econômico. E o constituinteNelson Wedekin, do PMDB catarinense, disse que "no conteúdoe na forma, na sinceridade e naemoção, foi um dos melhores momentos da ANC".
Nova Estrutura
A história da emenda aprovadana última semana começou aindano ano passado, quando TeotonioVilela Filho assumiu a presidênciada CPI da Seca no Congresso. Apartir de então, ele percorreu maisde dez mil quilômetros de caatingaem cinco estados da região e visitou todos os municípios alago anosdo semi-árido. Tudo o que viu esentiu, o constituinte levou parao âmbito da CPI, em forma dedenúncia, com a preocupação deIdentificar as causas estruturais damiséria nordestma. E chegou àconclusão de que é um mito a afirmação de que a seca é a responsável pelo subdesenvolvimento doNordeste.
"O que mata é a miséria, e estaexiste antes da seca e.persiste mes-
Dos recursos destinados pelaUnião ao financiamento de programas produtivos no Nordeste,pelo menos 50% serão aplicadosna região semi-árida, de acordocom emenda aprovada pela Assembléia Nacional Constituinte,quando da votação do capítulo referente ao sistema tributário. Aaprovação dessa emenda, que significa um adicional de recursos daordem de 16 bilhões de cruzadospor ano para obras de infra-estrutura social e de serviços no semi-árido, se deveu, em grande parte,ao esforço pessoal de seu autor,o constituinte Teotonio VIlela FIlho (PMDB - AL), que conseguiu sensibilizar o Plenário comum discurso vibrante e emocionado, no qual colocou toda a dramaticidade que envolve a vida dosnordestinos do semi-árido.
Na véspera da votação da emenda, à noite, Teotomo Vilela Filho,como que repetindo a eloquênciae a vibração de seu falecido pai,Teotonio Vilela, "O Menestraldas Alagoas", ocupou a tribunapara mostrar por que sua emendaera de grande importância para aregião.
Na qualidade de presidente daComissão Parlamentar Mista deInquérito, do Congresso NacIOnal, que investiga causas e consequências da seca, o senador alagoano apresentou números queexpressam a tragédia nordestina.Números que não constituem novidade, que são repetidos amiúde,mas que precisavam ser acompanhados da palavra emocionada deum nordestino para que acabassem convencendo. E o númeroque mars Impressionou fOI o quedimensiona os efeitos da fome.Teotonio Vilela lembrou que de1979 a 1983 morreram de fome edesnutrição, no Nordeste, 3,5 milhões de nordestinos - 40 vezeso total de mortos pela bomba atômica de Hiroshima, e o equivalente às populações de Porto Alegre e Belo Horizonte, juntas. Apropósito, o constituinte notouque o Brasil todo se comoveu com
14 Jornal da Constituinte
Votação está chegando ao final
companheiro o direito aos benefícios previdenciários decorrentesda contribuição da esposa ou companheira e remete para a lei complementar a aposentadoria às donas-de-casa.
Assistência social - Ao Estadocaberá proteger a família, a infância, a maternidade e a velhice egarantir a habilitação e reabilitação de pessoas portadoras de deficiência, bem como garantir benefício mensal de um salário mínimoa todos os deficientes que não puderem prover sua própria manutenção. Todo cidadão com maisde 65 anos, que não tiver nenhumtipo de renda, terá assegurada'pensão mensal vitalícia, a ser definida na lei.Educação - Ensino público gratuito em todos os níveis, crechese pré-escolas às crianças de zeroa seis anos, ensino noturno em todos os graus são alguns deveresdo Estado, previsto no projeto daComissão de Sistematização, queadmite o ensino livre à iniciativaprivada, desde que autorizado, reconhecido, credenciado e sujeitoà verificação de qualidade pelo Estado. A União terá de aplicar 18%e os estados e municípios não menos que 25% da receita de impos---
As concessões e permissões para serviços de radiodifusão de sonse imagens serão outorgadas e renovadas pelo Poder Executivo,com participação do CongressoNacional. Mas o cancelamento daconcessão ou permissão antes doprazo de vencimento normal só será admitido mediante decisão judicial.
Meio ambiente - Todos. têm direito ao equilíbrio ecológico domeio ambiente, bem de uso comum do povo e essencial à sadiaqualidade de vida, impondo-se aopoder público e à coletividade odever de preservá-lo e defendê-lo.Esta a redação que abre o capítulodedicado ao meio ambiente, umainovação no direito constitucionalmundial. O Brasil será o primeiropaís a ter na Carta uma referênciaexpressa fi" ecologia e, nos termosdo projeto da Comissão de Sistematização, haverá sanções penaise administrativas àqueles que adotarem conduta ou exercerem atividades consideradas ilícitas, lesivasao meio ambiente.
Família, criança e idoso - Estecapítulo traz algumas inovações àlegislação sobre o tema, tais comoa dissolução do casamento apósum ano de prévia separação judicial ou dois anos de separação defato, a disposição no sentido deque a lei não poderá limitar o número de dissoluções do vínculoconjugal ou ainda a garantia deque o Estado dará assistência àfamília para coibir a violência nasrelações entre seus membros. Nomesmo capítulo, afirma-se que osfilhos, independentemente dacondição de nascimento, inclusiveos adotivos, terão iguais direitose qualificações.
Índios - O último capítulo da Ordem Social reconhece aos índios'os direitos originários sobre as terras de posse imemorial, onde seacham permanentemente localizados e condiciona à autorização do
.Congresso Nacional a exploraçãodas riquezas minerais em terras indígenas, ouvidas as comunidadesafetadas. A mesma disposiçãodestina parte dos resultados da lavra em benefício das comunidades, veda a remoção dos gruposindígenas de suas terras e considera os índios, suas comunidadese organizações partes legítimas para ingressar em juízo em defesados interesses e direitos indígenas.
Mandato presidencial - Nos 63arfígos das disposições transitórias,vários assuntos são abordados. Oprincipal deles é o mandato dopresidente Sarney, disposto noart. 4°, que fixa em 15 de marçode 1989 a posse de seu sucessor,com eleições diretas para sua eleição em novembro deste ano., Considerado um texto à parteda futura Carta, o chamado Atodas Disposições ConstitucionaisGerais e Transitórias trata daadaptação das Cartas estaduais,dos mandatos dos atuais prefeitose vereadores, da anistia política,da transição para a nova estruturado Poder Judiciário que está sendoaprovada pelo Constituinte, dosistema tributário, entre outros temas que, por serem conjunturaise provisórios, seriam consideradosinadequados para figurar nas disposições permanentes da novaConstituição.
tos na educação. Os recursos públicos serão exclusivos de escolaspúblicas e de escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas.Cultura e desporto - Constituirão patrimônio cultural brasileirotodos os bens que contenham referência à identidade, à ação e à memória dos diferentes grupos e classes formadores da sociedade brasileira, assim como as criações científicas, artísticas e tecnológicas, asobras, objetos, documentos, edificações, conjuntos urbanos e sítiosde valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico, cujaproteção e desenvolvimento serãopromovidos pelo poder público. Alei estabelecerá incentivos para aprodução e conhecimento dosbens e valores culturais brasileiros.
É dever do Estado fomentarpráticas desportivas formais e nãoformais, estabelece ainda o projeto da nova Carta, que condiciona as ações judiciais relativas à disciplina e às competições desportivas ao esgotamento das instâncias da justiça desportiva.Ciência e tecnologia - O Estadopromoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a autonomia e a capacitação tecnológica ea pesquisa científica básica. Omercado interno constitui patrimônio nacional, podendo ser ordenado de modo a viabilizar o desenvolvimento, o bem-estar da população e a realização da autonomia tecnológica e cultural da nação.Comunicação - Neste capítulo,o texto proíbe toda a censura denatureza política e ideológica. Osmeios de comunicação não poderão ser objeto de monopólio ouoligopólio público ou privado. Osestrangeiros não poderão ser proprietários de meios de comunicação, que ficarão restritos a brasileiros, partidos políticos e sociedades de capital exclusivamentenacional.
negociação política
Pouco mais decem artigose logo estaráconcluída a
votação em 111
turno. Asprevisões sãode que a novaCarta estará
pronta epromulgada
nos primeirosdias de julho
dência social, a assistência social,a educação, cultura e desporto, aciência e tecnologia, a comunicação, o meio ambiente, a família
.e, ainda, os direitos dos índios.Seguridade social - Visa a asse-gurar a todos os brasileiros, nos
.termos do projeto da Comissão deSistematização, os direitos relativos à saúde, previdência e assistência social. Ela dará coberturauniversal e será financiada compulsoriamente por toda a sociedade, mediante contribuições sociaise recursos provenientes da receitatributária da União.Saúde e previdência - A saúdeé direito de todos e dever do Estado. As ações de saúde integrarãouma rede hierarquizada e regionalizada, na qual conviverão instituições públicas e privadas, vedadaa destinação de recursos públicospara investimentos em instituiçõesprivadas com fins lucrativos. Ficaproibida a participação direta ouindireta de empresas e capitais deprocedência estrangeira nos serviços de saúde. E caberá à lei disciplinar a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas parafins de transplantes e pesquisas,vedada a sua comercialização.
Na Presidência Social, o projetoda Sistematização prevê aposentadoria do homem aos 35 anos,e da mulher aos 30 anos de serviço,com exceção aos professores, quese aposentarão, respectivamente,aos 30 e 25 anos de atividade profissional. A lei definirá casos especiais de aposentadoria com tempoinferior a 35 anos pelo exercíciode trabalho rural, noturno, de revezamento, penoso, insalubre ouperigoso. A aposentadoria poridade será aos 65 anos para homens, e aos 60 anos para mulheres. O projeto admite a contagemrecíproca de tempo de serviço naadministração pública e na iniciativa privada, rural ou urbana, vedaa subvenção do poder público àsentidades de previdência privadacom fins lucrativos, proíbe benefícios de valor inferior ao saláriomínimo, reconhece ao marido ouADlRP/GuilheJ1!1e Rangel
o Plenário da Assembléia Nacional Constituinte caminha paraconcluir a votação, em primeiroturno, do texto da futura Carta.Definido o capítulo da ReformaAgrária, pouco mais de cem artigos ainda estarão pendentes de votação: um relativo ao último capítulo da Ordem Econômica, quedispõe sobre o sistema financeironacional; 42 que compõem os oitocapítulos em que se divide o títuloDa Ordem Social e outros 63 daschamadas Disposições Transitórias. Até agora, já foram votadosmais de 200 artigos. Mantido esseritmo de trabalho, a nova Constituição poderá ser promulgada emjulho.
A votação do texto em primeiroturno deve estar terminada no final deste ou início do próximomês. Depois disso, o projeto retomará à Comissão de Sistematização e será revista pela Comissão de Redação, recentementeconstituída pelo presidente Ulysses Guimarães, pelo prazo de umasemana. Mais oito dias serão destinados à apresentação de emendassupressivas ao projeto aprovadono primeiro' turno. Em seguida,começa o segundo e definitivo turno de votações em plenário, noqual não poderão ser acrescentados, mas apenas suprimidos dispositivos já nele contidos,
Muitas decisões importantes serão tomadas pelo Plenário naspróximas semanas. Ainda estãopara serem votadas, em primeiroturno, questões polêmicas como aorgamzação do SIstema financeiro, saúde, educação, ciência e tecnologia que fazem parte do textoconstitucional propriamente dito.Entre as disposições transitóriasestão a duração do mandato dopresidente José Sarney, a concessão de anistia, as eleições para governador do Distrito Federal e adestinação à região Nordeste, durante 20 anos, de 50% dos recursos orçamentários destinados à irrigação.
Eis, a seguir, alguns assuntos deimportância que serão votados empnmeiro turno para concluir aapreciação do novo texto constitucional.
.Bancos e finanças - O único artigo que compõe o capítulo do Sistema Financeiro Nacional estabelece que uma lei complementar iráregulá-lo, dispondo sobre a autorização para o funcionamento deinstituições financeiras, estabelecimentos de seguro, previdência ecapitalizaçâo, assegurado às instituições bancárias oficiais acesso atodos os instrumentos do mercadofinanceiro.
A mesma lei complementar vaifixar as condições para a participação do capital estrangeiro nasinstituições de crédito, tendo emvista três condicionantes: o interesse nacional, os acordos internacionais e os critérios de reciprocidade. Também serão por ela reguladas a organização, funcionamento e atribuições do BancoCentral e demais instituições financeiras, bem como os critériose requisitos para a designação demembros da diretoria do BancoCentral e demais instituições oficiais.
Ordem Social - Este título estádividido em oito capítulos e con- ! •
tém 42 artigos, que disciplinam a .seguridade social, a saúde, a previ- . Votação da reforma agrária repete cena já conhecida: plenário cheio e ampla
Jornal da Constituinte 15
AOIRPIWI1ham Prescott
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Contag pedereforma amplaDirigentes da Confederação
Nacional dos Trabalhadores naAgricultura - Contag, se reúnem
com deputados do PT, PMDB,PDT e PC do B para exporseus pontos de vista sobrea reforma agrária. Sob a
coordenação do presidente daContag, José Francisco da
Silva, os representantes dostrabalhadores esperam que a
nova Carta ponha fim aolatifúndio e assegure a terra
a quem quer produzir. Só assim,acreditam, haverá paz no
campo e serão eliminadas asinjustiças que, em muitasáreas, ainda marcam asrelações de trabalho no
meio rural.
A NOVA CONSTITUIÇÃO e as Constituições estaduais foram temas de um seminário que reuniu, em Brasília, deputados estaduais de todo o Brasil. Os encontros,promovidos pela União Parlamentar Interestadual e pela Associação Nacional paraDesenvolvimento das Atividades Legislativas. Na foto, Agaciel da Silva Maia,diretor-executivo do Cegraf (à esquerda) e Sérgio de Otero Ribeiro, diretor-executivo do Prodasen, falam de suas experiências sobre o uso de recursos gráficose de informática na Constituinte. Ano que vem, os Estados adaptarão suas Cartasà federal.
CONTRA O RACISMO, os deputados Paulo Paim (PT - RS), Benedita da Silva(PT - RJ), Edmílson Valentim (PC do B - RJ) e Carlos Alberto Caó (PDTRJ) requereram ao presidente Ulysses Guimarães seja designada uma comissãodo Congresso Nacional para visitar a Africa do Sul no ano do centenário da aboliçãoda escravatura no Brasil. Pretendem os nossos constituintes levar solidariedadedos-brasileiros aos sul-africanos, pedir a revogação de todas as medidas que caracterizam o apartheid e cobrar das autoridades a libertação do líder negro NelsonMandela.
ADlRP/Salustlano PlOtO.
Nacionalistas lfazem planos
A Frente Parlamentar'Nacionalista, que reúne
120 constituintes de todosos partidos, viu vitoriosas
suas teses na votação daOrdem Econômica pelo plenário
da Constituinte. Em reuniõescom a presença de váriosempresários, armou-se a
nacionalização da lavra derecursos minerais e de
petróleo e assegurou-se amanutenção da reserva de
mercado para o setor deinformática. Na foto, os
deputados Haroldo Sabóia(PMDB - MA), Eduardo Bonfim(PC do B - AI), Nelton Friedrich
(PMDB - PR), FernandoSantana (PCB - BA), RaquelCândido (PFL - RO) e Paulo
Ramos (PMDB - RJ) discutem emconjunto a estratégia para
as novas votações, naexpectativa de vencer.
ADiRP/WI1ham Prescott
16 Jornal da Constituinte