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[email protected]

Redação

Nalú BaptistaCatharine Piai

Mateus Palaro Marques

Revisão

Gabrielle Bauman

Direção de Arte

Beatriz Mioto

Entrevistas

Giovanny Camargo GerlachNalú Baptista

Divulgação

Maria Beatriz MoreiraThamíris Nóbrega Andruccioli

Revista [email protected] é uma produção independentesem fins lucrativos. Permitida a reprodução com indentificação da fonte.

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www.revistaheadphone.com

@_headphone

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DOSSIÊ CASUARINACavalcanti, é um grito, como afirmou o vocalista. Um grito de quem faz samba, vive dele e para ele, um grito que ecoa por todo o CD dizendo: “O samba que hoje canto/ É íntimo e tem razão de ser/ As palavras não são sem querer”. Mas não só de samba vive o malandro, o disco também abre espaço para canções que falam sobre amores, malsucedidos, mas ainda sim amores (afinal, quem quer ver final feliz que vá assistir novela, não é?). Na faixa “É, João” de João Cav-alcanti, temos o poeta que se rende ao samba e suplica para que ele consiga refle-tir na música o que a alma e o coração querem dizer.Ao ouvir Certidão encon-tramos o mesmo cuidado com os arranjos presente no primeiro CD do grupo, que consegue fazer um tra-balho praticamente autoral, de qualidade. Em Certidão, encontramos o poeta, o boêmio, o sambista, o malandro, todos eles cantando a uma só voz: “Hoje a poesia é meu refúgio”.

No último CD (também em DVD e Blu-Ray) do grupo, MTV Apresenta: Casuarina (Sony Music), gravado ao vivo em 2009 na Fundição Progresso, é registrado o que o grupo vinha fazendo há 3 anos no mesmo local: uma roda de samba com convidados ilustres. O grupo recebeu no palco da Fundição o cantor Moska (cantando “Ca-belos Brancos”), Roberto Silva

(com “Jornal da Morte”, música que foi censurada no Rio na década de 50), Frejat (cantando “Já Fui Uma Brasa”, de Adoniran Barbosa), Wilson Moreira (com “Senhora Liberdade”) e o grupo Moinho, composto por Emanu-elle Araújo, Toni Costa e Lan Lan (cantando o sucesso de Dori-val Caymmi, “Rosa Morena”).Dos 23 sambas que compõem a gravação, três são autorais

(“Vaso Ruim”, “Certidão” e “Arco-Íris”). Ao juntar grandes sambas já consagrados por mi-tos da nossa música com sam-bas autorais, fica difícil compor uma unidade, um ponto co-mum a todas as músicas. E foi isso que o grupo conseguiu nesse trabalho, suas músicas não deixaram a desejar em meio a sambas que já tinham uma história, um espaço, o

que só comprova a qualidade do grupo e de suas músicas.Lugar comum nos três trabal-hos do Casuarina é a sensação que você tem de estar no meio de uma roda de sam-ba, regada a cerveja e boa música. O repertório é garim-pado e pretende trazer para a cena musical grandes sambas, mas que acabaram sendo es-quecidos. Os arranjos, embora

bem trabalhados, são sim-ples e não trazem o peso industrial e a artificiali-dade que os estúdios mui-tas vezes acabam acres-centando a um trabalho (infelizmente ou felizmente para alguns que se apoiam nessa artificialidade). João Cavalcanti ex-plica: “O início diz muito a respeito do que a gente é hoje, uma banda for-jada na noite, tocando. Em nenhum momento a gente teve uma grande estrutura de gravado-ra investindo dinheiro. É uma banda de show que conquistou seu es-

paço, a gente fez o caminho que achou o mais legítimo”.

Ouvindo o grupo sentimos uma nostalgia enorme até da-quilo que não vivemos. Toda boa música tem esse poder de transportar-nos para um de-terminado lugar, em um de-terminado contexto, fazendo parte de uma história e ex-perimentando sentimentos guardados que nunca deixa-

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mos aflorar ou que nunca nem pensamos podê-los sentir.Não sei se consegui convencê-lo, meu caro leitor, mas espero que meu poder de persuasão seja bom o suficiente para isso.

Termino então, contan-do-lhe do que tenho saudade quando ouço uma música do Casuarina (ou alguma inter-pretada por eles). Tenho sau-dade de um dia ter estado na Lapa, em uma roda de samba, com bons amigos, boa cerveja e boa comida. Tenho saudade da época em que o samba tinha um espaço grande na música brasileira, da época em que ele tocava nas rádios e vivia no coração do povo. Tenho uma saudade imensa da boêmia e de pedir a al-guém: “Me dá um violão, um Dó/ Uma calçada para eu ficar parado/ Ouvindo o som do vio-lão e um Dó/ [...] Me dá aquela velha maravilha de cidade/Mas não me dê muita saudade”.

www.casuarina.com.br

Premiado como o mel-hor albúm de MPB no Prê-mio da Música Brasileira e fruto de 3 anos de pes-quisa e criação, “Quando o Canto é Reza” traz a suavidade e talento de Ro-berta Sá com o equilibrio e malemolência do trio Ma-deira Brasil. Juntos eles interpretam 13 canções do compositor baino Roque Ferreira, que tem mais de

400 músicas gravadas por grandes nomes do samba. O álbum é coberto por uma áura afro, equilibra mara-vilhosamente ritmos genu-inamente brasileiros, desde o afoxé e samba de roda, com um delicioso tom de novidade desproposital e despretenciosa que se de-senrola a cada faixa. Mais que recomendado!!

Quando o Canto é RezaRoberta Sá & Trio Madeira BrasilUniversal Music

Por Nalu Baptista

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Speed of Darkness, o novo ál-bum da famosa banda de celtic punk Flogging Molly, foi lan-çado dia 31 de maio pela nova gravadora da banda Borstal Beat Records. Este será o quin-to álbum de estúdio da banda, e talvez, o mais importante. De acordo com o vocalista Dave King, “Não foi o álbum que nos juntamos para compor. Foi o álbum que nós tín-hamos que compor.”

Speed of Darkness foi escri-to em Detroit, EUA e tem uma visão realística sobre o colapso econômico ocorrido nos EUA: as causas e o efeito direto que ele tem tido sobre as pessoas todos os dias. A cidade serve

de exemplo para o álbum como um dos maiores exemplos do que deu errado. Enquanto Speed of Darkness ataca mui-to a ganância e a ignorân-cia responsáveis por onde es-tamos agora, o álbum também deixa uma mensagem de espe-rança, humanidade e resistên-cia. Ele nos lembra de como crescemos mais fortes quando demos de cara com as adversi-dades e como nos vinculamos e nos tornamos mais envolvidos. O trabalho possui a mistura característica de rock, folk, punk, blues e música tradi-cional irlandesa com a poesia popular de Dave King. A faixa-título explode com um anda- Por Mateus Palaro

popular de Dave King. A faixa-título explode com um anda-mento intenso de pura adren-alina e paixão. O mesmo pode ser dito de “The Power’s Out”, “Oliver Boy” e “Don’t Shut ‘Em Down”, enquanto “So Sail On” e “The Cradle of Humankind” atinge direto o coração com suas melo-dias maravilhosas e mensa-gens ásperas. As origens da banda aparecem mais fortes em “The Heart of the Sea”, “Present State of Grace” e “A Prayer For Me In Si-lence”, um dueto com a flau-tista e violinista Bridget Re-gan, que é nativa de Detroit e esposa de Dave King. Speed of Darkness foi produzido por Ryan Hewitt (Red Hot Chili Peppers, The Avett Brothers).

Desde o começo, como uma banda suja de pub em Los Angeles, no final dos anos 90, King, Regan, o guitarrista Dennis Casey, o baixista Na-then Maxwell, o acordeonista Matthew Hensley, o banjoísta/bandolinista Robert Schmidt e o baterista George Schwindt vestiram seus colares azuis de caráter com orgulho e voz alta, especialmente durante suas incríveis performanc-es ao vivo. E agora, como o país e o resto do mundo se levantam para se recuperar e se reconstruir, esse espírito de caráter nunca foi tão apa-rente e tão importante como em Speed of Darkness.

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“Chocolate! Chocolate! Eu só quero chocolate.” Ops, acho que meu senso temporal está atrasado. Então, uma frase atemporal para essa introdução: “a semana inteira fiquei espe-rando pra ter ver sorrindo, pra te ver cantando.” Sim, trata-se do eterno Tim Maia. Não se precisa ser do tempo em que ele fez sucesso para conhecer suas letras incríveis e melodias sublimes, basta tocar numa festa que quando percebe-mos estamos cantando junto. Além disso, sempre há espe-ciais contando sua história em programas de TV e rádio, sem contar que vivemos na era da tecnologia e a internet está aqui, literalmente, para nos aju-dar, afinal, essa matéria usa de vida virtual para passar para a vida de cada um que a lê.

Revolucionador da Música Popular Brasileira, ele foi um dos pioneiros na inserção do soul na nossa cultura.

Revolucionador da Música Popular Brasileira, ele foi um dos pioneiros na inserção do soul na nossa cultura.

Com uma trajetória reple-

ta de “coincidências”, a banda Dona Flor surgiu no cenário musical em 2003. Formada por Alessandra

Cintra (voz), Adilson Franzin (violão) e Dado Mendes (percussão e voz), a banda partiu para seu

primeiro tour fora do país, na França. Algumas sema-nas antes desta viagem, o grupo nos recebeu na casa do percussionista, Dado, e em um papo descontraído nos contou sobre o início da banda, repercussão, no-vos planos e muito mais. Tudo com o tom de quem é

apaixonado por música. o que você confere agora nessa entrevista.

Bonne Chance e Au Revoir!!

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Por Giovanny Gerlach e Nalú Baptista

Com uma trajetória reple-

ta de “coincidências”, a banda Dona Flor surgiu no cenário musical em 2003. Formada por Alessandra

Cintra (voz), Adilson Franzin (violão) e Dado Mendes (percussão e voz), a banda partiu para seu

primeiro tour fora do país, na França. Algumas sema-nas antes desta viagem, o grupo nos recebeu na casa do percussionista, Dado, e em um papo descontraído nos contou sobre o início da banda, repercussão, no-vos planos e muito mais. Tudo com o tom de quem é

apaixonado por música. o que você confere agora nessa entrevista.

Bonne Chance e Au Revoir!!

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Headphone: Como sabemos vocês três se conheceram na faculdade (Le-tras, UNESP Araraquara).Quando en-traram, vocês já tinham em mente con-seguir formar uma banda ou algo do tipo ou a formação aconteceu por acaso?

Alessandra: Por acaso, totalmente. A gente se conheceu lá [na UNESP]. Ai cal-hou dos três estarem na mesma sala e tinha mais uma menina na primeira for-mação da banda, também da nossa sala. E por cantar em vários sarais, festas...Dado: A gente juntava uma galera em casa e era aberto a qualquer coisa, falava “só entra nego que tiver a fim de fazer al-guma coisa, então tem que no mínimo ler uma poesia, dar cambalhota, cantar, pular...”. Então a gente começou a criar esse ambiente e lá começou... como ele tocava [Adilson], eu tocava, a Alessan-dra cantava, a gente começou a tocar...E a galera também começou a curtir.

Headphone: As primeiras apresentações ocorreram dentro do circuito universitário?

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ENTREVISTA BANDA DONA FLOR

Alessandra: Foi. Depois teve a Mostra de Arte Contem-porânea e foram chamando a gente para mais coisas, para mais eventos da fac-uldade, festa de república...Dado: Então fomos au-mentando o repertório e começou a dar certo, aí fala-mos “Ah, vamos montar um repertório para tocar em bar também, para ganhar uma graninha”. A partir daí, as coisas foram acontecendo.Alessandra: Uma coisa foi puxando a outra. Começa-mos a ensaiar mais, fazer um repertório maior, de-pois já veio o festival Inter-Unesp. Já tínhamos algu-mas composições, isso em 2005. Esse festival estava totalmente adormecido na faculdade, ninguém mais mandava música, ninguém mais participava...No primei-ro ano a gente pegou...Adilson: ...quinto lugar.Alessandra: Fomos super despretensiosamente, assim...Dado: Fomos para bagunçar.Alessandra: É, bagunçamos até (risos)! E porque bagun-çamos muito a gente podia ter pego melhor colocação (risos), mas como a gente co-locou a bagunça em 1º lugar... Dado: Mas depois caímos na esbórnia e não deu cer-to (risos). A segunda [apre-sentação], a final, que era que a gente tinha que se empenhar, foi um fracasso total (risos). Mas desperta-mos o interesse de out-ras bandas em participar...

Dado: Mas depois caímos na esbórnia e não deu certo (risos). A segunda [apresenta-ção], a final, que era que a gente tinha que se empenhar, foi um fracasso total (risos). Mas despertamos o interesse de outras bandas em participar...

Headphone: E para com-por esse estilo da D. Flor, tocar MPB, já era um estilo que vocês gostavam, toca-vam ou cada um se adap-tou pra formar a banda?

Adilson: Então, isso aí é outra coincidência. Dentro da MPB, que é um universo, uma coisa muito grande, a gente gostava dos mes-mos artistas ...outra coisa é o nosso repertório, em oito anos não é que não evolu-iu mas...manteve uma linha.Dado: ...tem coerência...Adilson: A gente preserva uma linguagem que é desde sempre no grupo, então a gostamos muito de seguir nessa linha diferente de gru-pos que já experimentaram outras coisas. Na verdade, o que a gente vê acontec-er é quando um grupo tem uma certa projeção, ele se torna mais popular, quer agradar ao maior número de pessoas e a gente não quer desagradar a ninguém.Alessandra: Quer agra-dar primeiramente a gente...Dado: Porque é o prazer, en-tendeu? Talvez não tenhamos entrado, ou não sei se que-

remos também, mas entra-do nesse universo: “ai meu Deus! Tal dia dinheiro vai entrar e vamos ganhar mais” Se falar pra gente tocar axé, vai ficar ruim..não é nem Adilson: E outra questão que eu acho que é impor-tante falar é da limitação em termos de grupo..ger-almente são 4, 5 ou mais e a gente sempre ficou nessa coisa reduzida que é a tim-ba do dado, violão e a voz, então, parando pra pen-sar é quase absurdo que a gente com um violãozinho e a percussão fosse tocar em palcos grandes. Palco de clubes, em grandes fes-tas ... era quase insanidade das pessoas que queriam que tocassemos nesses eventos porque a nossa música , até hoje, é mais intimista... E a gente acabou indo em palcos gigantes...

Headphone: Vocês abor-dam músicas menos visita-das de artistas já consagra-dos, como Chico Buarque, Dorival Caymmi, Caeta-no Veloso, entre outros. Quando vocês formaram a banda essa escolhas vi-

“Hoje em dia pra você atuar nesse cenário indepen-dente você tem que saber de tudo. Então, o artista, ele passa a ser tudo, ele começa a ter que aprender a ser o produtor, a ser o empresário, a ser o cara que vai estar ali na parte de divulgação [...]”

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eram pelas suas preferências ou vocês tiveram a idéia de por meio da banda apresen-tar essas músicas ao público?

Dado: Eu acho que foi natu-ral, a gente não pensou “va-mos fazer as coisas menos vis-itadas”. Sempre falamos que é o “lado B”, mas é o lado B principalmente para um pú-blico que não consumia MPB, porque se você pegar o nos-so repertório, quem é con-sumidor de MPB, quem ouve MPB desde pequeno porque o pai ouvia, vai conhecer 80% das músicas, entendeu? Por quê? Porque na verdade tem poucas músicas que não foram sucessos naquele universo ou que não tocaram em um disco que fez sucesso.Alessandra: Mas gostáva-mos de apresentar coisas que as pessoas não estavam habitu adas a ouvir mesmo...no “fazer

o que quisermos” acabavam indo músicas não tão famosas assim; fizemos muitas pessoas terem o 1º contato com várias músicas através do nosso rep-ertório e isso é muito legal.Adilson: E acho que as músi-cas mais populares mesmo

desses artistas, do Chico, do Gil, o pessoal toca... Você entra num bar a top 10 da MPB vai estar lá, o cara vai tocar... Acho que primeiro por gosto depois por “Ah, todo mundo faz isso ai, vamos fazer isso aqui que é Chico Buarque do mesmo jei-to, é Caetano do mesmo jeito”.Dado: ...É isso, Djavan, por exemplo, amamos o Dja-van, mas não tocamos “Te Devoro”, a gente toca “Cer-rado”, “Capim”... Eu acho que fomos um pouco até didáti-co nessa questão e falar “ Olha, tem outras coisas pra ouvir que também são legais”

Headphone: Sobre a produção. Vocês já gravaram algum Cd?

Dado:. Agora a gente está justamente em vias de entrar no estúdio pra gravar pelo menos umas 7 ou 8 músi-

cas próprias, para levar para França, nada super sofisti-cado mas o suficiente para mostrar nosso trabalho.

Headphone: E o repertório autoral de vocês? Gira em torno de quantas músicas?

Dado: 15 músicas mais ou menos

Headphone: Até que ponto a formação acadêmica in-fluência nas composições?

Alessandra: Conseguimos unir a parte musical com a poesia, da criação,transitar por esses dois meios...Adilson: Eu acho que o ol-har que é diferente, o olhar da gente para música e para a vida também...Fazemos as composições e temos esse olhar crítico. Eu acho que es-tamos impregnados dessa coisa literária. É lógico que

“Hoje em dia pra você atuar nesse cenário indepen-dente você tem que saber de tudo. Então, o artista, ele passa a ser tudo, ele começa a ter que aprender a ser o produtor, a ser o empresário, a ser o cara que vai estar ali na parte de divulgação [...]”

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é outro universo, mas é... Alessandra: ...mas dá para unir.

Headphone: Vocês fiz-eram uma apresentação no I Festival de Poesia de Goiás e no Museu de Arte Contemporânea no Parque Ibirapuera, certo? Vocês acham que essas apresen-tações deram maior reper-cussão para a banda, trouxe público novo ou não?

Dado: Na verdade, foram duas apresentações muito diferentes, o Festival de Poesia de Goiás foi uma coincidência, na verdade a gente foi lá para o festi-

val....com o pessoal de letras e levamos os instrumentos. Só que nós tivemos a sorte, sorte entre aspas, porque “a música chama” e esse é o grande barato.Alessandra: Ela atrai, né?Dado: Então, lá tem uma pracinha que tem um core-to, um coreto até diferente, mais alto e embaixo tinha um barzinho... daí trocamos uma idéia com o dono do bar, sentamos lá em cima e começamos a fazer um som, pra curtir mesmo... começou a subir gente... subiu um casal, pegou uma cerveja, fi-cou tomando e nós ficamos amigos deles. O rapaz chama Claufe Rodrigues, ele tinha um programa no canal Brasil

e estava fazendo a cobertu-ra do congresso porque ele tinha um programa sobre poesia. Ele curtiu pra caram-ba o som e como conhecia simplesmente todo mundo que estava ali da poesia, fi-camos amigos e virou uma trupe. Os poetas, depois que faziam as palestras, iam para o bar e iamos junto, fazia-mos um som.Alessandra: Viramos a tril-ha sonora.Dado: E acabou sendo uma alegria para a gente, ima-gina?Alessandra: E não só isso, o Claufe estava fazendo a cobertura do evento e ele colocou a gente no pro-grama também, com a nossa música no fundo, nos entrevistou, participamos também do vídeo que foi apresentado no programa. Quem foi, nem sabia, já saiu no canal Brasil.Adilson: O que foi mais interessante é que a gente conhecia esses poetas de ler textos, de ler críticas e de repente estar sentado no boteco com o violão e o cara dando tapinha nas costas da gente...Dado: Humanizamos to-dos os nossos ícones (risos). E no Ibirapuera pra gente era interessante, um pú-blico completamente novo, que não nos conhecia, que não tinha obrigação de go-star ou não gostar e em um lugar que passa todo tipo de gente. Nós fomos dois anos seguidos para Alto Paraíso

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ENTREVISTA BANDA DONA FLORde Goiás...Alessandra: Chapada dos Veadeiros...Dado: A gente arrumou vários lugares para tocar e era também um público completamente novo, que não conhecia e foi muito bom, foi um sucesso tam-bém, o pessoal curtiu pra caramba, éramos pra ficar, sei lá, 15 dias ficamos quase 30. De certa forma, essa nossa viagem é o embrião da coragem.

Headphone: E como surgiu a oportunidade de ir para a França fazer um tour por lá?Foi uma iniciativa de vocês? Como foi?

Alessandra: Desde que a banda começou a se con-solidar falávamos “ A gente podia se juntar e ir”, o Dado já tinha esse projeto, eu já queria também...Dado: O som da banda es-tava cada vez mais redondo, a gente sabe que esse tipo de música agrada lá fora. Vai ser uma experiência to-talmente nova. Ano passado foi o primeira tentativa, mas várias coisas aconteceram que não permitiram que desse certo mas...“Esse ano nós vamos!!”. Alessandra: É, ninguém estava mais acreditando, faz tanto tempo que a gente fala que vai... Adilson: Todo mundo começou a se mobilizar in-dividualmente e em conjun-

to pra que isso acontecesse.

Headphone: Vocês já têm um lugar para se apresentar lá?

Dado: Não, nós não temos nada em vista. Nós esta-mos indo na cara e na cora-gem, acreditando na música. A gente não tem medo do que vai acontecer, nós vamos chegar lá e vamos conseguir tocar (risos).

Headphone: E vocês têm data prevista para a volta?

Dado: Não, porque na ver-dade quando você vai para uma turnê consolidada, você tem começo, meio e fim e mes-mo assim, às vezes, acontecem alguns adendos, mas no nosso caso, a gente vai com a inten-ção de mostrar nossa música, então se fizermos uma apre-sentação na França e aparecer um espanhol e falar “Pô cara eu queria que vocês fizessem um mês lá no meu bar” – Esta-

mos indo lá “hoje”! Fazemos a malinha e vamos pra Es-panha, se chegar um sheik da Arábia e falar “Ó, eu ponho meu jatinho e levo vocês lá”...Adilson: Vamos de tapete voador (risos).Dado: Na verdade, essa via-gem é uma viagem sem pla-nos, não tem projeto, o pro-jeto é conhecer uma cultura nova...Alessandra: Estar livre para oportunidades também...Dado: Aprender novas lín-guas, novas culturas com a nossa música e divulgar nos-so trabalho, que é o principal.

Headphone: Quando vocês retornarem ao Brasil, há al-gum projeto já em vista?

Dado: Não, o interessante é que essa viagem significa o fim de um momento.Alessandra: É um divisor de águas, fechou esse ciclo, foi lindo maravilhoso, lembrare-mos para sempre, mas esta-mos começando outra fase e inicia uma outra história.Dado: A gente não tem a mínima idéia...Alessandra: ...do que vai acontecer (risos).Dado: Desde consolidar a banda até o fim dela (risos), você entende? Vai depender muito do que acontecer e dos projetos individuais pós viagem. Eu acho que o de-sejo primeiro é que a coisa continue, porque isso de cer-ta forma é um investimento, mas o legal é que é um in-

“O que eu percebo é que antigamente o artista deixava de ser o centro em fun-ção de todo o busi-ness, o produtor, o empresário, eram o centro [...] hoje em dia não, o meu trab-alho faz acontecer..”

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vestimento no conjunto, mas é um investimento no indi-vidual também.

Headphone: Para encerrar, gostaríamos de saber como vocês veem a atual música independente no Brasil? Sa-bemos que há muitas dificul-dades, ainda mais na MPB. Vocês acham que o artista independente consegue en-contrar seu espaço?

Alessandra: Bom, eu acho que muita coisa está acon-tecendo, muita coisa está mudando, o acesso a esse tipo de música, apesar de ainda ser bem restrito, ele está se tornando maior por n fatores, mais pela internet que facilita a existência de bandas independentes, que tem facilitado a divulgação e a produção de um trabalho independente. Com relação a MPB acho que ainda é uma fatia muito pequena, ainda são muito poucas as pessoas que consomem , mas eu sou um pouco otimista, acho que as coisas estão mudando, es-tão surgindo várias pessoas que fazem articulação de gêneros mais populares com a MPB. Então, pega o Lenine que tem uma coisa mais com o rock junto com MPB, você pega a Zélia Duncan, mesmo Ana Carolina... Agora tem a Maria Gadú também. São pessoas que conseguem dia-logar mais com esse público e estão fazendo esse público ouvir a MPB. Então, para mim, essas pessoas estão

ajudando a divulgar e levando ela para lugares que não estava conseguindo entrar...Dado: Só fazendo um adendo - todo o universo da produção musical, do business e de tudo mais, está se transformando em função da questão da glo-balização, do acesso à inter-net. Quero dizer, hoje em dia, as grandes gravadores estão repensando, por quê? Porque você baixa na internet, você põe sua música na internet - a internet está possibilitando uma coisa interessante, que é permitir que um artista, um grupo, tenha espaço, porque antigamente você dependia basicamente da mídia. Hoje em dia não, você vê surgirem fenômenos de público dentro da internet.Alessandra: Com gravações mais ou menos...Dado: Exato. Ao mesmo tem-po em que abre um espaço

para mostrar o trabalho, tam-bém cria um universo de gosto comum. Eu acho que isso está revolucionando tudo e de certa forma, provavelmente, isso vai fazer com que o artista volte a ser o centro desse universo. O que eu percebo é que antiga-mente o artista deixava de ser o centro em função de todo o business, o produtor, o em-presário, eram o centro, porque

eles faziam acontecer, hoje em dia não, o meu trabalho faz acontecer, eu mostro pra você e você gosta disso, “Ah, vou falar para o meu amigo, que vai falar para o outro”, então o artista passa a ser o centro da própria arte, do que ele produz.Alessandra: Hoje em dia pra você atuar nesse cenário inde-pendente você tem que saber de tudo. Então, o artista, ele passa a ser tudo, ele começa a ter que aprender a ser o produtor, a ser o empresário, a ser o cara que vai estar ali na parte de divulgação e isso é também meio exaustivo.Dado: É uma liberdade com amarras porque você precisa dominar o outro lado.Adilson: Eu acho o seguinte: os artistas independentes, de música brasileira, é uma música que tem que ter ciên-cia que tá nadando contra a maré,

porque você liga o rádio não é a música que você quer ou-vir que tá lá, liga a TV, piorou. E acho que apesar de tudo, não para de surgir artistas su-per talentosos. Vira e mexe você está folheando uma re-vista e “Ah, a MPB morreu”, então assim, o cara quer ouvir Chico Buarque, quer acordar o Tom lá do caixão dele pra gravar música, pra tocar, mas

“ [...] Eu acho o seguinte: os artistas independen-tes, de música brasileira, é uma música que tem que ter ciência que tá nadando contra a maré...”

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existem vários artistas no-vos e tão bons quanto esses que são referencia pra gente e apesar de nadar contra a corrente, a música que tem qualidade, a letra que tem qualidade, harmonicamente, a questão de melodia, inde-pendente de acabar o pla-neta, esse tipo de música vai existir, é isso que eu penso, qualquer cidade, cidadez-inha do interior tem um cara com um violãozinho, tem alguém pesquisando, tem gente trabalhando com isso, só que você vê lá o Zé da Silva, você olha lá no folder do SESC e fala “Ah, eu não conheço esse cara, eu não vou no show”, com a gente, várias vezes já aconteceu de olhar e “Não conheço, vou lá ver”, na hora que a gente vai no show quase enfarta de tão bom que é o show do cara e artistas que eram pra estar na TV, artistas mesmo “Esse cara é artista,

olha que beleza, por que eu não vi antes?”. E o cara tem 20 anos, 30 anos de es-trada e é um incógnito.Dado: É bom pontuar que um dos veículos mais impor-tantes hoje no Brasil pra di-vulgação das artes em geral, das artes independentes, da nova arte, é o SESC. Uma vez eu fui num show instrumental do Pepeu Gomes e ele falou uma coisa que ficou marcada na minha cabeça, falou assim: “Pô, eu to aqui fazendo música instrumental, é difícil. Então eu queria dizer que graças ao SESC, a gente pode estar aqui como muitos outros, então euqueria dizer que, na verdade, o SESC é a verdadeira secretária de cultura desse país”. E é isso mesmo, porque grande parte dos grandes espetáculos ex-perimentais dos últimos tem-pos que aconteceram nesse país, aconteceram porque ele patrocinou. Então, isso é muito

www.donaflormpb.com.br

importante. Nós tivemos nossa oportunidade, fomos em vári-os outros lugares mostrar nos-so trabalho. É uma entidade séria, que paga justamente o artista...Adilson: ...trata com digni-dade.Dado: Acho que o SESC é a internet do passado. Porque hoje a gente tem mais um veí-culo, nós temos a internet, mas o SESC em matéria de trabal-har a arte independente é o maior veículo para divulgação.

Por Giovanny Gerlach e Nalu Baptista

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Revolucionador da Música Popular Brasileira, ele foi um dos pioneiros na in-serção do soul na nossa cultura.

“Chocolate! Chocolate! Eu só quero chocolate.” Ops, acho que meu senso tem-poral está atrasado. Então, uma frase atemporal para essa introdução: “a semana inteira fiquei esperando pra ter ver sorrindo, pra te ver cantando.” Sim, trata-se do eterno Tim Maia. Não se pre-cisa ser do tempo em que ele fez sucesso para conhecer suas letras incríveis e melo-dias sublimes, basta tocar numa festa que quando per-cebemos estamos cantando junto. Além disso, sempre há especiais contando sua história em programas de TV e rádio, sem contar que vivemos na era da tecnolo-gia e a internet está aqui, lit-eralmente, para nos ajudar, afinal, essa matéria usa de vida virtual para passar para a vida de cada um que a lê.

Uma pequena história de um grande músicoO carioca Sebastião Rodrigues Maia nasceu no dia 28 de setembro de 1942. Ainda em sua meninice, conheceu Jorge Ben Jor e Erasmo Carlos, ai-nda desconhecidos na época. Chegou a cantar com Roberto Carlos, quando, em 1957, par-ticipou do grupo The Sput-niks.Tim Maia morou, em 1959, nos Estados Unidos, mas foi preso e deportado por rou-bo e porte de drogas. Seu primeiro LP solo, Tim Maia, já

foi um enorme sucesso, que continuou crescendo com os próximos discos. Na década de 1970, fundou sua própria gravadora, Seroma, pois tinha muitos problemas com as gra-vadoras. O nome da grava-dora me chamou a atenção, pois lido ao inverso teremos “amores” e a imaginação de Tim Maia vai mais além, pois: Sebastião Rodrigues Maia, o que resulta no nome da gra-vadora. Porém, depois o nome passou a ser Vitória Régia. Em 1988, recebeu o Prêmio da Música Brasileira (Sharp) na categoria “Melhor Cantor”.

Na década de 1990, Tim começou a ter problemas de saúde pelo uso excessivo de drogas e por sua obesidade. Em 1998, Tim estava se prepa-rando para a gravação de um programa no Teatro Municipal de Niterói quando começou a passar mal e teve que ser leva-do por uma ambulância. Após duas paradas cardiorrespira-tórias, aos 55 anos, Tim faleceu.

A música do poetaTim Maia pode não ter sido o descobridor dos sete mares, mas revolucionou a Música Popular Brasileira. Ele foi um dos pioneiros na inserção do soul music na MPB, o que, pode-se dizer, deu certo. O

contato do cantor com o soul ocorreu na época em que viveu nos Estados Unidos.Tim, ainda criança, já sur-preendia com suas melo-dias. Ele começou tocando bateria, mas logo passou para o violão. Seu primeiro trabalho solo foi um com-pacto, em 1968, seguido, em 1970, pelo primeiro LP, que ficou no topo da lista do Rio de Janeiro por 24 semanas consecutivas. Nos próximos três anos, lan-çou os LPs Tim Maia – vol-ume II, Tim Maia – volume III e Tim Maia – volume IV.

Nos anos de 1975 e 1976, Tim Maia entrou em con-tato com a doutrina Cultura Racional, o que influenciou em sua música, lançando os álbuns Tim Maia Ra-cional – volume I e Tim Maia Racional – volume II. Porém, após discordar com a doutrina, revoltado, Tim recolheu ambos os álbuns. Voltando ao seu antigo estilo musical, lançou, em 1978, o LP Tim Maia Disco Club. Em 1983, lançou o LP Desco-bridor dos Sete Mares, três anos depois, lançou outro LP intitulado Tim Maia.Tim Maia havia sido regrava-do por vários artistas do pop nacional, então, para retri-buir, lançou Tim Maia Inter-

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preta Clássicos da Bossa Nova.A partir de 1993, Tim Maia começou a incluir bossa nova e músicas românticas em seu repertório de funks e souls. Nessa época, Jorge Ben Jor fez uma citação de Tim em sua canção “W/Brasil” e Tim foi convidado para regravar a música “Como uma Onda” para um comercial televisi-vo, fatos que impulsionaram sua carreira, passando a lan-çar mais de um disco por ano.A coletânea de álbuns de Tim Maia é grande. Foram lança-dos 32 discos em 28 anos de carreira, mais 13 discos pós-tumos e 3 discos ao vivo.

Revivendo o artistaMuitos foram aqueles que re-conheceram o grande artista que Tim Maia foi e que seu vasto trabalho ainda o permite ser. Para reviver ainda mais Tim Maia, artistas regravam e cantam suas músicas em pro-gramas de TV, eternizando-o. Seu sobrinho, Ed Motta, foi o mais influenciado. Em 2001, na terceira edição do Rock in Rio, o guitarrista do Guns N’Roses tocou uma versão da música “Sossego”.

A despedidaO que Tim Maia queria era sossego e que o mundo todo se sentisse feliz e, com isso, acabou fazendo um enorme sucesso. É impossível deixar de notar toda a sua importância e influência na música brasileira. Gostaria de homenageá-lo, pois “não sei porque você se

foi, quantas saudades eu senti e de tristezas vou viver. E aquele adeus não pude dar. Você mar-cou na minha vida. Viveu, mor-reu na minha história.[...] E na parede do meu quarto ainda está o seu retrato.”

Músicas citadas nessa matéria: “Canário do Reino”, “Chocolate”, “Não Quero Dinheiro (Só Quero Amar)”, “O Descobridor dos Sete Mares”, “Sossego” e “Gostava tanto de você”.

Por Catharine Piai

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