Revista Umbanda 022016

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    Escola Iniciática do Caboclo Mata Verde

    UMBANDA 

    www.mataverde.org

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    Umbanda 

    Uma publicação do Núcleo Mata VerdeEditor ResponsávelManoel Lopes

    Luiz EduardoMarcos PauloLeandro PerezGilberto PinheiroWalkyria Cozzi Coimbra

    Os textos assinados pelos colaboradores são de

    responsabilidade única e exclusiva de seusautores, e não representam necessariamente aopinião do Núcleo Mata Verde.

    O disponibiliza desde 2006um módulo de ensino a distância voltado a todosos umbandistas.

    Neste site você poderá fazer cursos específicos

    sobre a religião de Umbanda.Você inicia os cursos quando quiser e assiste asaulas nos dias e horários que achar maisconveniente.

    Visite o módulo de ensino a distância e comece aestudar agora mesmo.

    www.ead.mataverde.org

    Durante o ano realizamos aqui nomuitas palestras interessantes.

    Todas as palestras são filmadas e disponibilizadasna e na .

     Acompanhe pelos sites:

    www.tvmv.com.br  - TV Mata Verde

    www.tvsu.com.br  - TV Saravá Umbanda

    Neste segundo número, estamos recebendo aparticipação de colaboradores, alguns são membrosdo Núcleo Mata Verde.Queremos agradecer a todos os colaboradores,especialmente ao irmão e amigo Gilberto Pinheiro.

    Gilberto é um defensor dos animais, jornalista,palestrante e integrante da CPDA/OAB - Comissãode Proteção e Defesa dos Animais da Ordem dos

     Advogados do Brasil, seccional Rio de Janeiro.Com toda certeza Gilberto terá sempre um espaçoreservado nesta revista, pois não conseguimosentender a umbanda sem pensarmos no respeito avida, seja ela vegetal, animal ou humana.

     A Umbanda tem no respeito à vida sua lei maior; oamor a natureza é uma das suas principais leis.E por falar em amor a natureza, incluímos nesta

    revista uma proposta de educação infantilumbandista, através da cartilha intitulada, onde seguindo orientação da

    espiritualidade através da ,propomos que os primeiros ensinamentos às criançasumbandistas sejam sobre o respeito, cuidado e amora natureza, templo sagrado dos nossos amadosorixás.Leandro, um (iniciante), apresenta umtexto bastante interessante sobre o meio ambiente ea umbanda.

     A umbanda iniciática é discutida através dos textosdo Marcos Paulo e do Luiz Eduardo, textos que noslevam a uma reflexão sobre a real magnitude dosprincípios iniciáticos umbandistas.Umbanda Uma Visão Sistêmica, é um texto quepublicamos em 2005 onde propomos o respeito atodos os tipos de rituais umbandistas.Walkyria apresenta um artigo bastante interessantesobre a Empatia na umbanda que merece ser lidocom toda a atenção.

     Aos poucos a revista vai tomando forma e queremos

    contar com sua participação.Envie suas sugestões, comentários e críticas.Saravá Umbanda!São Vicente, 01 de Fevereiro de2016

    Rua Julio de mesquita, 209Santos/SPCEP:11075-221

    (13)991274155

    Email: [email protected]: nucleo.mataverdeTwitter: @mata_verdewww.mataverde.org

    Manoel LopesDirigente do Núcleo Mata Verde

    http://www.ead.mataverde.org/http://www.tvmv.com.br/http://www.tvsu.com.br/https://www.facebook.com/nucleo.mataverdehttp://www.mataverde.org/http://www.mataverde.org/https://www.facebook.com/nucleo.mataverdehttp://www.tvsu.com.br/http://www.tvmv.com.br/http://www.ead.mataverde.org/

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    ( aluna do curso EAD do Núcleo

    Mata Verde)

    No Núcleo Mata Verde estudamos eensinamos, uma doutrina umbandista, quetem como características principais:

    1-Os Sete Reinos Sagrados – modelo que tempor origem a formação do planeta Terra;

    2-Campo Estrutural – estruturas de naturezamental e emocional, mantidas pelos espíritos e

    que são, entre outras coisas, a origem de todaa realidade material e espiritual.

    3-Visão sistêmica de sua organização –Diversidade de Rituais umbandistas

    Vamos discutir neste artigo, de forma sucinta oitem 3 – Visão sistêmica da organização

    umbandista, origem da diversidade de rituaisexistentes na umbanda.

    Este texto (Diversidade de rituais umbandistas)que apresentamos logo abaixo foi escrito pelaprimeira vez em 2005, depois em 2006 quandolançamos a RBU – Rede Brasileira de Umbanda( www.rbu.com.br ) novamente tornamos alembrar sobre a estrutura complexa daUmbanda e que a RBU tinha como uma dasprincipais funções revelar esta complexidade

    da organização umbandista.

    Em 2007 quando lançamos o livro “”,

    incluímos ao final do livro o capitulo “Nasceuma Rede”, chamando a atenção dos

    Umbandistaspara aimportância daRBU como umanova rede social,e que teria entreoutrascaracterísticas afinalidade de uniros umbandistassem imporqualquer tipo decomando oudirecionamentodoutrinário; pois

    devido a suanaturezacomplexa não admitia este tipo de comandoúnico, centralizado.

    Continuamos a divulgar este conceito deorganização em rede através dos cursosdesenvolvidos no Núcleo Mata Verde e queestão a disposição dos interessados através daplataforma EAD ( www.ead.mataverde.org ).Muitos foram os alunos que passaram (e

    continuam a passar) pelos nossos cursos;alunos (Umbandistas ou não) de váriasorigens, dos mais diferentes tipos de Terreiros,Centros, Núcleos, Ilês, etc… e todos semexceção ao estudarem a questão da

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    “ ”comentam sobre a estrutura em rede, quepermitiu finalmente que pudessem entenderesta diversidade.

     Adiciono abaixo alguns comentários destesalunos:

    “Este é um conceito que até então nãoconhecia, e me ajudou muito a entender adiversidade encontrada nos terreiros deUmbanda. Chamou minha atenção por serabrangente, mostrando que a Umbanda é umareligião acolhedora e não preconceituosa,permitindo que cada um escolha a vertentecom a qual se tenha maior afinidade.”

    “Este tipo de organização apresentada naUmbanda é maravilhosa, por ser aberta eabrangente. Nunca tinha tido contato com estafigura organizacional, mas foi exatamente suacaracterística igualitária que me chamouatenção. Se Deus se encontra em tudo e todos,Deus está naqueles com quem nos afinamos ,mas também nos diferentes. Avançar na vidatrabalhando em mim este conceito é uma meta.”

    “Concordo com esse sistema, aliás tive aoportunidade de ler a anos atrás o livro “A teiada vida” que foi indicado pelo Manoel. A redefaz com que não exista na Umbanda um poderúnico, ou seja, cada “ponto” dessa rede éimportante no sistema todo. A rede permite quenovos pontos sejam acrescentados semcomprometer a eficiência do todo além de nãoengessar a nossa religião.”

    “Ainda não tinha conhecido este conceito,achei bem realista e direto, raramenteescutamos alguma explicação sobre o porquêdos diferentes terreiros no brasil. Mas está ai aresposta, de uma forma simples, e fácil deabsorver.”

    “Tendo em vista a minha formação na área jurídica, bem como pelo fato de eu fazer pós-graduação em direito educacional, tenhoprofessores que trabalham com a concepção deredes e sistemas, extraída inclusive da

     Administração de Empresas, e da moderna idéiade Gestão. Desta forma, já conhecia o conceito,entretanto, nunca tinha ouvido falar sobre essaconcepção aplicada à religião umbandista, masconfesso que achei a idéia muito interessante, jáque possibilita explicar a diversidade existentenesse meio. Realmente, sem esse conceito de

    organização fica difícil compreender a liberdadeque existe dentro da Umbanda, e que, por essarazão, deve-se divulgar cada vez mais aorganização em rede, e suas características econseqüências.”

    “Achei muito esclarecedora a explicação dadasobre a organização em rede da umbanda. Jáouvi falar várias vezes que a Umbanda é umareligião desorganizada onde cada um à praticade uma maneira. Assistindo a explicaçãoentendi perfeitamente o conceito daorganização em rede e concordo plenamentecom ela.”

    “Já tive oportunidade de conhecer aorganização em rede por ocasião do curso Exuo Guardião do Templo.(Curso do Núcleo MataVerde)

    Concordo plenamente com o que é expostonesta “rede”, pois tenho visitado vários terreirose após ter conhecimento desta “rede” pudeperceber que segue o que é exposto.”

    “Concordo com a organização, acredito sim naliberdade e na diversidade de cultos dentro daUmbanda, isso é o que torna a Umbanda tão

    encantadora, a liberdade que ela nos permite éo que nos faz escolhe-la como religião, commuito amor e muita dedicação.”

    “A explicação da umbanda em rede veio aoencontro do que tenho adotado como posturapolítico-filosófica.Trabalhei como formadora em alguns trabalhosde responsabilidade social sob a ótica ecologista

    de Marcos Reigota e outros, além de ser umaadmiradora de Edgar Morin que escreveu sobrea teoria da complexidade.

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    Costumo referir-me à metáfora morinianaquando estou ensinando professores ou alunosna escola onde trabalho, que diz:

    “Os fios compõem o tapete, mas esse só é tapetepor causa dos fios”.

    Conseguir trazer esse conceito de rede, de

    sistema, para a umbanda foi muito bom,excelente! Uma lição da qual não me esquecereie que possibilitou um passo meu a mais naumbanda.Estou sinceramente agradecida por estaraprendendo com o Manoel Lopes.

    Poderia citar outras generalizações decorrentesdesse conceito, mas acho que não é preciso porora.

    Obrigada Meu Pai Oxalá, por mais esta ajudaque veio através de um irmão, Manoel Lopes,que teve a ousadia de usar a internet paraensinar o que eu preciso aprender.”

    “Não conhecia esse conceito e não entendiaporque os terreiros de Umbanda eram tãodiferentes uns dos outros. Isso me dava aimpressão de desorganização e

    desconhecimento da religião. Também achavaque dessa maneira alguns estavam certos eoutros errados… mas agora entendiperfeitamente que a Umbanda, uma religiãotipicamente brasileira, é tão missigenadaquanto o próprio povo brasileiro e se umterreiro se aproxima mais dos orixás africanos, eoutro se aproxima mais da doutrina Kardecistaou Católica elas não são necessariamenteantagônicas ou excludentes. Todas elastrabalham num mesmo universo energético.

    Concordo plenamente com a organização emrede e acredito que por esse motivo, aUmbanda seja uma religião do futuro ondeestamos todos interligados, conectados a umarede maior, cada um de nós escolhe aqueleponto que mais se identifica. Essa explicação daorganização em rede foi o ponto alto dessasquatro primeiras aulas. E, para mim, porenquanto já valeu o curso. Foi muito importantepara mim tomar conhecimento deste conceito

    que deve mesmo ser aplicado em muitos outrosaspectos da vida. Dá até para fazer uma relaçãocom o “Caminho do Meio” indicado porGautama Buda como o caminho da sabedoria.”

    “Achei muito interessante a organização daUmbanda em rede e ela explica o que vemosnos terreiros. Eu sempre achei muito estranhoque um terreiro diferenciava de outro naorganização do congá, no uso ou não deimagens, na ritualística, nas roupas, nos termosutilizados, e nunca soube o motivo dessadiferenciação, o que nos foi explicado com essaaula. Tudo que sempre diziam é que eraUmbanda branca e que cada “cacique” decidiaa forma de trabalho em sua “casa”, hoje euentendi perfeitamente bem as influências que aUmbanda recebe de outras religiões e que essainfluência determinará o tipo de culto que serárealizado naquele terreiro.

    Eu sempre achei interessante as denominaçõese a ausência de porquês, tais como: aqueleterreiro pratica a umbanda de caboclo, aqueleoutro pratica a umbanda de ciganos, outro aumbanda espírita. Sempre me questionava e aos outros: afinal Umbanda não é tudoUmbanda?

    Penso que todas essas indagações semnenhuma resposta é que me levaram a desistirda Umbanda.

    Que bom que me foi dado pelo Universo estapossibilidade de esclarecimentos eentendimento.”

    “Me foi de muita valia tal explicação. Nãoconhecia esta organização em rede e semprevinha a dúvida, por que a Umbanda tem tantasdiferenças nos rituais de uma casa para outra?Hoje a minha dúvida foi sanada, veja só, com

    tanto tempo de Umbanda, hoje é que me foiesclarecido o porquê dos diversos rituais. Estouconvencido e aceito tal explicação sem dúvida.”

    “A organização da umbanda em rede, é umconceito moderno e esclarecedor.

    Eu não conhecia até assistir o curso do Arapé.(técnica desenvolvida no Núcleo Mata Verde)

    Essa visão acaba com preconceitos entre ospróprios umbandistas, nos ensina a entenderporque existem vários rituais dentro daumbanda, nos ajuda a argumentar quando

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    ocorrem discussões sobre a diversidadeumbandista.

    O conceito de rede faz parte do mundoglobalizado, onde todos estamos unidos. Naumbanda estamos unidos em busca doaperfeiçoamento moral, e da prática dacaridade, não importa se sua casa é maisafricanizada, ou mais kardecista, o importante éo ideal de prestar a caridade, aos maisnecessitados. Seja para encarnados oudesencarnados.

    Com a organização em rede não há espaçopara o preconceito nem para o julgamento, sófortalece e une os vários terreiros sobre abandeira do respeito e do amor a essa religiãobrasileira.”

    “Boa tarde, eu ainda não conhecia estaexplicação da organização da umbanda emrede, apenas conhecia o conceito de que aumbanda havia recebido influências docatolicismo e do candomblé.

    Todavia, achei bem interessante e muito maislógica a explicação da organização em rede,pois refletindo e analisado os terreiros que

    conheço começo a perceber o porquê dasdiferenças entre métodos e rituais, por isso euconcordo e aceito a explicação sobre asinfluências que a umbanda recebe.”

    “Gostei muito da explicação sobre aorganização em rede para a Umbanda, de fatoprova os conjuntos de itens que a religiãopossui, as influencias, os rituais em si de cada

    terreiro/casa.Foi a melhor explicação que ja ouvi, vemreafirmar a Diversidade Ritualística, o que nosbeneficia a encontrar um lugar que seidentifique com nosso grau espiritual, com anossa necessidade terrena, para que assimpossamos trabalhar e praticar os dons que cadaum possui e nem sempre é igual.”

    “Já dominava esse conceito de sistemas deredes como cultura organizacional, uma vezque possuo formação em gestão. Concordo emtodos os aspectos que a Umbanda eh uma

    religião organizada em redes, com unidadessoberanas. Uma vez que não possuímos umpoder unificado e cada célula do processo, nonosso caso o terreiro, tem autonomia para seautogerir e coordenar suas formas de trabalho,com influencias externas, culturais, geográficase antropológicas, não vejo possibilidade de se

    apresentar de forma diferente nossa CulturaOrganizacional.”

    Temos centenas de depoimentos que nos forampassados pelos alunos do EAD Mata Verde (www.ead.mataverde.org ), incluímos apenasalguns para mostrar a reação dos umbandistasem relação ao modelo proposto por nós,

    também achamos interessante incluirmos estescomentários pois cada um deles trouxe umpouco de sua experiência , o que nos ajuda aenriquecer o conteúdo deste artigo.

    Passados mais de dez anos da publicação dotexto inicial, estamos apresentando aosumbandistas, para reflexão e ponderação,novamente o texto que mostra a estruturacomplexa da formação umbandista.

    Citamos no Manifesto que fizemos para olançamento da RBU fatos históricos mostrandoque durante muitos anos, vários grupostentaram “codificar” a Umbanda e a históriacomprova que todas estas tentativas foram emvão.

    Precisamos entender que a Umbanda possuicaracterísticas diferentes de outras religiõestradicionais e somente através de umaabordagem moderna e utilizando conceituação

    da teoria dos sistemas complexosconseguiremos produzir alterações nestaestrutura.

    Costuma-se dizer de um sistema complexo que“o todo é mais que a soma das partes”.

    O texto escrito em linguagem simples, comosempre escrevemos, busca facilitar oentendimento de seu conteúdo por todo tipode pessoas.

    Exemplificamos com experiências pessoais denossa trajetória umbandista, também pelaexperiência nas listas de debates e

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    posteriormente nos entrechoques provocadosdentro da RBU.

    Falamos pela primeira vez (desconhecemosoutros textos anteriores ao nosso) sobre aorganização hierárquica piramidal das religiõestradicionais e fizemos uma comparação com aestrutura em rede, mostrando as característicasdos diversos “nós”, mostrando através degráficos a explicação desta rede complexa queé a umbanda.

    Um sistema aberto, complexo e em constanteevolução e que mais do que nunca segue amáxima “o todo é mais que a soma das partes”.

    Lembramos no texto, que existem muitosfundamentos em sua origem, e exemplificamoscom alguns dos principais fundamentos

    existentes em nossa religião (Africano, Católico,Indígena, Espírita).

    Mostramos que cada Terreiro representadopelos “nós” desta rede seria uma casa deumbanda com fundamentos diferentes.

    É possível entender claramente a existência deuma gama variada de casas umbandistas, comliturgia e doutrinas diferenciadas, graças aamalgama dos fundamentos “básicos” ou

    “fundamentos raízes”.

    Finalmente acho interessante mencionar queem nosso modesto ponto de vista não podemosde forma alguma falar em uma única doutrinapara a Umbanda, também consideramossimplista falarmos em escolas umbandistas ; anão ser que aceitemos um número infinito deescolas umbandistas e aí recairíamosnovamente num sistema complexo.

     Acreditamos que a abordagem da natureza daumbanda deve ser feita de forma sistêmica,holística, complexa e não de maneira linear.

    É necessário que entendamos que não épossível se falar em Umbanda certa ouUmbanda errada, assim como não se pode falarem Umbanda branca, umbanda africana,umbanda amarela, umbanda esotérica, etc…

     A Umbanda é uma só como demonstramos em

    nosso texto, o que precisamos entender é que aliturgia, a ritualística, os fundamentos de cadacasa é que são diferenciados, e que não épossível querer impor limites a quantidade de“escolas” existentes.

    Para aqueles que ainda não tiveramoportunidade de ler o texto “A Diversidade deRituais Umbandistas”, segue abaixo a versãodisponível na RBU e que provavelmente foi oartigo mais lido e comentado das páginas daRBU.

    É muito comum ouvirmos de pessoas que nãosão umbandistas, que a umbanda é umagrande confusão.

     Algumas chegam a falar que a umbanda é “casada mãe Joana”, onde cada um faz o que quer.

    Não conseguem entender o motivo de umTerreiro não utilizar atabaques enquanto outrosutilizam; outros usam roupas coloridasenquanto outros usam somente o branco,outros não trabalham com exus, enquantooutros fazem questão de trabalharem, outroscriticam com rigor o uso de sangue e sacrifíciosde animais, enquanto outros utilizam esteselementos.

    Chamamos isto de Diversidade de Rituais.

    Quando iniciamos nossa caminhada naumbanda na década de setenta, tivemosoportunidade de visitarmos alguns terreiros enaquela época já percebemos a grandediferença existente entre os rituais de cadaTerreiro.

    Infelizmente existia naquela época um grande

    preconceito, e eram comuns comentários deque determinada casa não era de umbanda,outros falavam que determinada casa era maisforte que a outra, o estudo era muito raro e namaioria das vezes desprezado pelos dirigentes.

    O tempo passou e por volta de 1997começamos um trabalho de divulgação daumbanda pela internet através da lista dedebates Saravá Umbanda.

    Foi a partir desta experiência que percebemos ogrande preconceito existente entre osumbandistas.

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     A Internet veio facilitar o contato, o estudo e adivulgação das várias formas de se trabalhar naumbanda.

     A diversidade de rituais era desconhecida pormuitos, e tivemos oportunidade nestes 12 anosde presenciar terríveis disputas e choques entreumbandistas, cada um querendo afirmar que a“sua” umbanda era a verdadeira umbanda. Emalguns momentos as agressões chegavam aoextremo, passando de agressões verbais paraprocessos judiciais.

    Com o passar do tempo e com o convívio naslistas, algumas pessoas passaram a entenderque a umbanda, embora seja única, não possuiuma única doutrina.

    Que não existe umbanda melhor ou mais forte

    que outra.

    Estas pessoas começaram então a respeitar eentender a diversidade de rituais existentes emnossa religião.

    Em 2006 criamos a RBU e é com tristeza quecontinuamos a verificar que a grande maioriadas pessoas ainda desconhece esta realidade denossa religião.

    Este pequeno texto tem a finalidade de mostrarpara as pessoas de uma maneira simples eracional como que entendemos a Diversidadede Rituais existentes na umbanda.

    O conteúdo deste texto é apresentado no cursode doutrina umbandista “

    ” que desenvolvemos de formagratuita no Núcleo Mata Verde e agora atravésdo portal EAD do Núcleo Mata Verde (www.ead.mataverde.org ), no curso a distancia

    é cobrada uma pequena taxa para ajudar namanutenção do site.

    Qual a diferença entre a Umbanda e as demaisreligiões tradicionais?

    O que é uma estrutura piramidal hierárquicaautoritária?

    Repare na figura abaixo:

    Várias organizações possuem como forma deorganização e comando uma estruturaautoritária (centralizadora). Podemos citarcomo exemplo, a Igreja Católica que seguerigidamente as orientações de Roma, do

    Vaticano e que possui no Papa o chefe da igreja.

    Outro exemplo é o dos militares (Forças Armadas), que possuem uma hierarquia rígidae um comando único.

    Podemos enquadrar dentro desta estruturahierárquica autoritária aquelas religiões oufilosofias que possuem uma doutrina rígida.

    Normalmente seguem algum livro ou livros e

    possuem muita dificuldade em fazer qualqueralteração doutrinária em função do modelohierárquico autoritário.

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    Por exemplo, o “Espiritismo” (chamadopopularmente de Kardecismo)

    No ápice da Pirâmide está a “doutrina”, oPentateuco Kardequiano, e que por condiçãodos próprios espíritos que apresentaram adoutrina, não pode ser alterado em hipótesealguma sem a “concordância universal dosespíritos”.

     A doutrina espírita é do século XIX ( 1857).

    Este autoritarismo doutrinário se reflete emvárias situações. É do conhecimento público osvários autores espíritas que ficaram proibidos depublicarem suas obras por serem considerados“não doutrinários”.

    Espíritos foram taxados de enganadores e

    mistificadores e seus livros psicografadosdeixaram de ser considerados espíritas. Nãovamos citar os nomes, mas basta realizaremuma pesquisa na Internet e encontrarão várioscasos.

    O uso de recursos como cromoterapia, uso decristais, incensos, banhos, equilíbrio doschakras, magia, apometria, reiki, e muitos outrosassuntos não são considerados “doutrinários”,portanto os Centros que utilizam alguns destes

    recursos não são casas espíritas, podendo nomáximo serem chamados de centrosespiritualistas.

    O que é Estrutura em rede?

    Desde a década de 20, quando os ecologistascomeçaram a estudar teias alimentares,opadrão de rede foi reconhecido como o únicopadrão de organização comum a todos ossistemas vivos:”Sempre que olharmos para avida, olhamos para redes” (Fritjof Capra – A Teiada Vida).

     As redes, basicamente descritas comoconjuntos de itens conectados entre si sãoobservadas em inúmeras situações, desde onível subatômico até as mais complicadasestruturas sociais ou materiais concebidas pelahumanidade.

     Átomos ligam-se a outros na formação demoléculas, seres vivos dependem de intrincadasredes de reações químicas e de interaçõesprotéicas. Vasos sangüíneos e neurôniosformam redes essenciais para organismoscomplexos. Construções humanas como adistribuição de água, energia elétrica etelecomunicações podem ser vistas como redes,da mesma forma que estradas, rotas marítimase aéreas, percursos feitos para entrega de bense serviços. Relações sociais e negócios conectam

    pessoas e organizações segundo os maisvariados padrões. Computadores, bancos dedados, páginas web, citações bibliográficas etantos outros elementos compõem suas redescotidianamente.

    Foi a partir destes conceitos que criamos a RBU– Rede Brasileira de Umbanda.(www.rbu.com.br )

    Se estudarmos com mais detalhes, verificaremos

    que a umbanda se organiza desta maneira,repare na figura abaixo:

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    Todos sabem que a umbanda possui váriosfundamentos, entre eles: Fundamentos Africanos, Espíritas, Católicos, Indígenas,Teosóficos, Hinduístas, etc…

    Vamos voltar nossa atenção para a imagemacima. Fizemos um desenho de uma redeplana e para ilustrar o que foi dito acimaincluímos somente quatro fundamentosbásicos de nossa religião: Africano, Católico,Espírita e Indígena.

    Reparem que existem alguns “pontinhos”

    escuros nesta rede, são os “nós” da rede e querepresentam os diversos Terreiros de Umbandaexistentes.

    Cada “nó” ou Terreiro tem um conjuntodiferente de fundamentos, o que acabarefletindo no ritual seguido pelo Templo.

    Por exemplo:

    O Terreiro identificado por (1) tem uma forteinfluência Católica.

    São Terreiros que possuem no congá muitasimagens de Santos, Anjos, Arcanjos, Jesus,Espírito Santo, etc…

    É comum nestes Terreiros as procissões paraSão Jorge, Nossa Senhora Aparecida e demaisSantos Católicos.

    Os Pontos Cantados sempre relacionam osOrixás aos Santos, e muitos chegam a afirmarque o Santo e o Orixá são a mesma coisa.

     As cerimônias são semelhantes aos da igrejacatólica: Batismo, Confirmação (Crisma),Casamento etc…

    Sempre lembrando as cerimônias católicas.

     Algumas casas não trabalham com Exú,algumas chegam a identificar o Exú ao

    demônio.

    O Terreiro identificado como (2) está bempróximo dos fundamentos africanos, istosignifica que naquele Terreiro os rituaisafricanos estão presentes de formasignificativa. São Terreiros de umbanda quetem uma forte influência do Candomblé e doCulto Omoloko, alguns cultuam os Orixás de

    forma bem próxima ao do Candomblé,oferecem animais, usam inclusive sangue emalguns rituais, alguns chegam a afirmar quenão são cristãos. Possuem rituais como: borí,deitada, mão de pemba, mão de faca, etc.. Exúé cultuado como um Orixá.

    O uso dos atabaques é imprescindível.

    Os Terreiros identificados como (3) tem uma

    forte influência da doutrina espírita.

     A doutrina espírita é estudada pelos seusintegrantes.

    Caboclos, Pretos Velhos, Baianos, Exús, etc…são considerados espíritos em evolução e que já estão libertos do ciclo reencarnatório.

    No congá não fazem uso do sincretismoreligioso, ou seja, não existem imagens de

    Santos; normalmente Orixás são entendidoscomo espíritos de muita evolução, sendoconsiderados pura energia.

    Orixás nunca incorporam.

    De forma alguma aceitam o uso de sangue ousacrifício de animais como oferenda para osOrixás.

    Nestes Terreiros utilizam somente roupabranca; rituais de origem africana sãototalmente desconhecidos nestes Terreiros.

    Conceitos como mediunidade, passes,vibrações, obssessores são muito comuns.

    Em alguns os Caboclos e Pretos Velhos fazemuso do fumo.

    Nestes Terreiros a presença de rituais de

    origem indígena é muito forte. NormalmenteCaboclos comandam todos os Trabalhos, écomum o uso de charutos para defumação oupajelança.

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    Em alguns os nomes utilizados internamente são de origem Tupy antigo, e valorizam muito atradição indígena brasileira.

    Como podem verificar não esgotamos as possibilidades, os fundamentos existentes na umbandasão muitos e naturalmente que não se apresentam de forma única como descrevemos acima, elesse fundem em proporções diferentes e dão as características de cada Terreiro, a egrégora, a vida,

    o axé de cada casa.

    Não podemos de maneira alguma aceitar os absurdos que muitas vezes acabam na colunapolicial dos jornais, mas precisamos neste momento em que existe uma grande intolerância paracom a nossa religião nos unirmos e respeitarmos a maneira de trabalhar de cada Terreiro.

    Se estudarmos a história do Movimento Umbandista, verificaremos que embora os homenstenham insistido, durante vários anos, em enquadrar a Umbanda dentro de um sistemahierárquico autoritário (através de Federações, doutrinas, códigos etc…), ela sempre resistiumantendo sua estrutura em rede.

    Precisamos entender que a Umbanda é uma religião nova, brasileira e que os Orixás nospresentearam com esta maravilhosa religião.

    Podemos afirmar categoricamente que a UMBANDA é uma religião do futuro.

    Uma religião que permite que cada um busque aquele Terreiro que fale mais alto ao seu coraçãosem deixar de ser umbandista.

    Se lembrarmos as palavras do Caboclo das 7 Encruzilhadas, veremos que os alicerces daUmbanda são a , gerando as mesmas oportunidades para todas aspessoas e espíritos virem trabalhar e evoluir.

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     A  educação religiosa das criançasque frequentam o Núcleo MataVerde sempre foi uma grandepreocupação.Há algum tempo que estavamosdirigindo nossos esforços no sentido deorganizarmos um método que fosseadequado ao ensino da umbanda paraos pequenos.

    Fizemos uma reunião com os médiunsda casa e foi proposto logo no inicio dareunião a elaboração de um materialescrito (Cartilha) que serviria de apoiopara a “evangelização” das crianças.

    Logo surgiu uma polêmica se o termocorreto seria evangelização, pois aproposta era de que este materialpudesse servir para outras casasumbandistas e nem todos os Terreirosde Umbanda possuem “transito livre”quando se fala em evangelização etambém em umbanda cristã.

    Também foi levantada a questão dotermo ser muito utilizado pelos CentrosEspíritas, que seguem a doutrinacodificada por Allan Kardec, e queestaríamos somente copiando e nãodesenvolvendo um material especificopara a umbanda.

    Durante os debates houve a sugestãode chamarmos este novo material de“Ensino Religioso Umbandista para

    Crianças”, sendo mais amplo do quesomente Evangelização Infantil.

    Outras dúvidas foram surgindo, porexemplo, por onde iniciaríamos nossosensinamentos.

    Vamos começar falando sobre Deus?

    Vamos iniciar falando sobre Jesus, poisa intenção era evangelizar as crianças(naquele momento).

    Vamos começar falando sobre osOrixás?

    Vamos iniciar falando sobre os espíritos?

    Ou seria melhor, iniciarmos falandosobre as linhas da umbanda, Caboclos ePretos Velhos?

    Talvez fosse melhor iniciarmosexplicando a doutrina dos Sete ReinosSagrados?

    Embora aparentemente a questão “poronde iniciarmos os ensinamentos”pareça ser um assunto sem muitaimportância, durante a reunião apreocupação tomou conta de todosnós, pois nossa intenção era fornecerensinamentos confiáveis para crianças e

     jovens umbandistas, para que a partirdestes estudos pudessem formar umanova consciência e ética umbandista.

    Nossa proposta era preparar ummaterial que pudesse ser utilizado porqualquer Terreiro de umbandaindependente dos princípios existentesnaquela casa.

    Durante um bom tempo ficamos sem

    respostas para estas dúvidas, quandocomecei a sentir a presença de umatrabalhadora umbandista que seidentificou como

    Um ponto cantado sempre me vinha amente.

     A espiritualidade estava presente e

    agindo com energia sobre minhamente, minhas emoções e meu espírito.

    Foi quando recebi a seguintemensagem:

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    Foi a partir desta mensagem inspiradapela Cabocla Jurema que resolvemosiniciar nosso projeto de desenvolvereste material de ensino religioso,voltado aos jovens umbandistas e queserão o futuro da umbanda.

    Estamos a disposição de todos osinteressados para quaisqueresclarecimentos e trocas deinformação.

    Este material é distribuídogratuitamente pela Internet e pode serutilizado por todos os interessados.

    O download pode ser feito pelo link:

    http://mataverde.org/download.php?c=4

    Saravá Umbanda!

    http://mataverde.org/download.php?c=4http://mataverde.org/download.php?c=4http://mataverde.org/download.php?c=4http://mataverde.org/download.php?c=4

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    Estou convencido que o amor ao próximonão deve se restringir apenas aos

    humanos, mas estender-se também àsdemais manifestações de vida, no caso osanimais e o verde da natureza. O amor crístico éincondicional. E, por pensar assim, sou defensordos animais, espírita, nascido na UmbandaSagrada, jornalista, palestrando em escolas,universidades e escrevendo artigos que sãopublicados semanalmente no site da AMAERJ -

     Associação de Magistrados do Estado do Rio de Janeiro que gentilmente cede-me espaço parapublicação semanal, citando a causa dos animais,

    legislação e senciência. Tento sensibilizarmagistrados e não é tarefa fácil. Mas, estoucaminhando nessa estrada sob a luz de Deus eda alta espiritualidade.

    Na verdade, senciência é uma palavra nova, umverbete que ainda não consta nos principaisdicionários da Língua Portuguesa, apenas, oadjetivo senciente, que significa " ter consciência,emoções e sentimentos". Hoje, temos absolutacerteza à luz das pesquisas científicas ou daneurociência que os animais também têm essassensibilidades, antes atribuídas somente a nós,humanos.

     A senciência dos animais é fato comprovadocientificamente desde dezembro de 2012. Umgrupo de neurocientistas canadenses, chefiadospelo proeminente doutor Philip Low, ao fazerestudos comparados, cotejando o cérebrohumano ao de animais, concluiu e assinou ummanifesto ao mundo científico que os animaistêm consciência como todos nós. Inclusive,emoções, sentimentos, o que, na verdade, já sesabia empiricamente.

     Agora, há respaldo científico e Low citoutambém algo marcante e emblemático -"agora,não poderemos mais dizer que não sabíamos."

    Entendia-se, primeiramente, que o córtexcerebral na espécie humana, seria o responsável

    pela consciência. Mas, depois de reiteradosestudos, concluiu-se que as zonas cerebraisresponsáveis pela inteligência, memória,bondade, são as mesmas entre humanos eanimais, descartando o córtex cerebral.

    Sabe-se hoje que os animais têm consciência,sentem tristeza, alegria, raiva, exatamente como

    nós, humanos. O luto animal, por exemplo, podealterar o comportamento dele, provocandoapatia e letargia.

     À luz dos fatos e cientes desta novidade, haverá,a partir de agora, imperiosa necessidade devermos os animais com olhos diferenciados dabondade e do respeito. Infelizmente, durantemilênios, os animais foram vistos como seres dequinta categoria, a serviço da Humanidade,através da alimentação e do esforço, sempre em

    benefício de todos nós.

    No século XVII RenéDescartes,proeminente filósofo ematemático quecunhou a frase "Penso,Logo Existo", traziaconsigo a concepçãomeramente radical eantropológica, ou seja,que os animais eramseres mecânicos,desprovidos de dor,portanto, amplamente

    favorável às pesquisas laboratoriais, como aprática da cruel vivissecção.

    Na verdade, concepção reacionária, parcial,discriminatória, paradoxal, haja vista sendo umhomem inteligentíssimo, pai do pensamentocartesiano, não poderia pensar de forma tãoperversa e facciosa, entendendo a vida animal aserviço do homem.

     A mentalidade antropocêntrica não tem mais

    valor nos dias atuais, quando estamos em plenoterceiro-milênio.

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    Mais tarde, ao final do século XIX, o fisiologista francês Claude Bernard,definiu-se amplamente favorável à utilização de animais para fins científicos,praticando a radical vivissecção, possuindo, inclusive, no sótão de sua casa,um biotério para tais fins.

    Sua esposa e filha não suportando mais os gritos e urros dos animaisabandonaram-no, mudando-se de residência e criando a primeira instituiçãofrancesa na defesa dos animais. O século do conhecido "Iluminismo" teve lásuas distorções e precisamos entender que nem todo pensador oupesquisador era assumidade ou reformador de paradigmas.

    Hoje, finalmente, sabemos que os animais começam a ser vistos com maisrespeito, principalmente, por parte de nossa sociedade e, inclusive, a cada dia que passa, novosadeptos e simpatizantes da causa em sua defesa surgem, aumentando o contingente de humanosdefensores dos animais.

    Os governantes, a partir de agora, terão que atender ao clamor popular a favor dos animais,defendendo, inclusive, leis mais rígidas em substituição à atual, tão incipiente, sem conteúdopunitivo para crimes de crueldade e maus-tratos.

     jornalista, palestrante em escolas,universidades sobre a senciência dos animais,integrante da CPDA/OAB - Comissão de Proteção

    e Defesa dos Animais da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Rio de JaneiroColaborador da revista UMBANDA -A revista da escola Iniciática do CabocloMata Verde

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     A

     doutrina dos Sete Reinos Sagrados é fundamentada nas transformações ocorridas no planetaTerra, em todos os processos pelos quais ela passou até chegar a este momento.

    Entendemos que estamos todos interligados com o planeta, nossos corpos são parte do planeta,tudo aqui está em constante transformação.

    Em cada uma dessas fases, ou seja, transformações pelas quais a Terra passou, atuaram e atuamforças específicas que mantém vivo e em harmonia o nosso planeta, desde a mais ínfima folha atéa maior das montanhas, cada molécula, cada elétron, cada energia presente, seja uma pedra ouum grande mamífero, seja uma placa fria de metal ou a chama da mais violenta labareda, tudo énatureza, tudo está em tudo, e um dia dará forma a outra estrutura, tudo é movimento.

    Quanto mais voltamos nossapercepção para algo, maior setorna o universo presente em umúnico ser e quanto maisintercorrelacionamos tudo a nossavolta, tão mais desenvolveremos acapacidade de enxergar o planetacomo sendo um único grandeorganismo.

    Entenda, tudo está em tudo e anatureza busca sempre oequilíbrio, não importa comoesteja, onde esteja, tudo semprebusca o equilíbrio.

    Seu Manoel Lopes sempre nos lembra da importância do respeito à natureza, ela é a chave paratudo, todos os grandes sábios, anciãos sempre buscam as respostas na natureza e com a Umbandanão é diferente, observe nas linhas de trabalho, todas elas, utilizam-se da natureza como seuprincipal recurso, seja através de chás, de banhos, defumações, cantos, pedras, líquidos ...

    O planeta é quem nos mantém vivos, seja através dos alimentos, do ar, da água e de energias que

    nem suspeitamos que existam. Nossas emoções estão arraigadas no planeta, a Terra é a moradado nosso nível consciencial.

    O umbandista tem a natureza como seu templo, assim como o faz com seu Terreiro, por isso, nãofaz sentido poluir os mares, os rios, as matas, devemos praticar nossa religião com consciência, nãofazemos mal a quem amamos...

    Quando agredimos a Terra estamos nos agredindo, quando cuidamos e respeitamos a natureza,assim estamos fazendo à nós mesmos. Vamos promover a preservação de nossa casa, vamoscuidar do nosso imenso e maravilhoso jardim, jamais esqueçamos que somos todos filhos da Terra.

    É membro do Núcleo Mata Verde Abá Guassú

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     Acredito que os irmãos umbandistas

    desejam sempre melhorar nos seusafazeres, no seu compromisso de serumbandista. Eu não consigo enxergar umumbandista, sem uma característica queconsidero fundamental, independente de fé,mas dependente de querer ser melhor comopessoa na vida de outras pessoas, a empatia.

     A palavra empatia tem origem no termo emgrego , que significava "paixão", elapressupõe uma comunicação afetiva com outra

    pessoa e é um dos fundamentos da identificaçãoe compreensão psicológica de outros indivíduos. A empatia é a para sentiro que sentiria a outra pessoa caso estivesse namesma situação vivenciada por ela. Ter empatiasignifica

    , procurando experimentar de formaobjetiva e racional o que sente outro indivíduo.

     A empatia é uma característica que faz com queas pessoas ajudem umas às outras. Está

    intimamente ligada ao altruísmo - amor einteresse pelo próximo - e à capacidade deajudar. Quando uma pessoa consegue sentir ador ou o sofrimento de outra pessoa ao secolocar no seu lugar, desperta a vontade deajudar e de agir seguindo Acapacidade de se colocar no lugar de outrapessoa, que se desenvolve através da empatia,ajuda a compreender melhor o comportamentoem determinadas circunstâncias e a forma comoa outra pessoa toma as decisões.

    Ser empático é ter afinidades e se identificar como outro. É saber ouvir as pessoas, compreenderos seus problemas e emoções. Quando dizemos“houve uma empatia imediata entre nós”, issosignifica que houve um grande envolvimento,uma identificação imediata. O contato com ooutro gerou prazer, alegria e satisfação. Houvecompatibilidade. Diante desta assertiva, aempatia pode ser considerada o oposto deantipatia.

     A empatia é uma fusão emotiva, diferente dasimpatia que é uma resposta intelectual.Enquanto a simpatia indica uma vontade de

    estar na presença de outra pessoa e de agradá-

    la, a empatia faz brotar uma vontade decompreender e conhecer outra pessoa. Napsicanálise, por exemplo, a empatia significa acapacidade de um terapeuta de se identificarcom o seu paciente, havendo uma conexãoafetiva e intuitiva.

    Na umbanda, dentro do Núcleo de EstudosMata Verde, temos a oportunidade dedesenvolver a empatia, por diversas razões:

    a) Como cambones, vivenciamosfrequentemente os consulentes e os guiasespirituais que estão na consultaconversarem e ainda queinvoluntariamente, podemos ouvir oproblema do outro e nos colocarmos nolugar do outro emocionalmente.Obviamente sendo Cambone, somosimparciais e não julgamos, porém é fato quebrota a empatia quando ouvimos o relato do

    consulente sobre determinado problemapelo qual está passando;

    b) Sendo praticantes da cura através do Arapé(caminho da luz) temos que entrevistar osconsulentes, classificar os sintomas, doar o

     Arapé e quando o consulente retorna,temos que novamente saber como ele vemreagindo à aplicação e como se sente;

    c) Antes de iniciarmos a gira de caboclos ou depreto velhos, ouvimos uma gravação quetraz diariamente, diferentes reflexões sobreos fatos de vida dos seres da Terra e qual amensagem que este diz vem nos transmitir,muitas vezes através de casos reais,relatados pelos guias espirituais ou intuídospelos médiuns de psicografia;

    d) Em nossas reuniões semanais internas,sempre nosso dirigente abre espaço paraque coloquemos questões que temosdúvidas ou casos em que passamos, paraque tenhamos a conclusão correta de como

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    devemos nos comportar diante deste oudaquele inusitado fato.

    Vejamos que, existem ao menos quatrooportunidades de desenvolvermos a empatia,ainda que não a tenhamos de imediato. Todosnós temos esta capacidade.

     A empatia é necessária, para que tenhamos umbom desempenho nos relacionamentos aolongo de nosso caminho e ela também contribuipara que sejamos umbandistas melhorescentrados, melhores aguçadosemocionalmente, uma vez que, se soubermosnos colocar no lugar de um irmão nosso,sabemos como respeitá-lo. E respeito nutridopelo amor, nos dá a caridade, que é o verdadeirosentindo da prática da Umbanda.

    O Núcleo Mata Verde, como escola Iniciática

    oferece aos filhos a oportunidade deestudar, aprender e servir.

     A partir do momento em que o candidato passaa ser um Abá Guassú começa a sua trajetóriaespiritual.

    Tudo o que ele vivenciou nesta vida e em vidasanteriores, ficou gravado em seu períspirito,assim como em seus chakras, seus medos,angústias, traumas, virão a tona para serem

    transmutados.

    Nesse momento o neófito deverá ter força devontade e confiar em seus guias e protetores. O“velho eu” lutará para permanecer e não deixar

    vir a tona as mudanças de valores e a reformaíntima. Assim, o neófito é posto à provas. Seusvalores são testados, os aspectos inferiores dasua natureza são evidenciados para seremtransmutados. Se falhar nas primeiras provas, fazparte do aprendizado e adaptação, mas amedida que progride nos graus e conhece aproposta do grupo e espiritualidade, entra emharmonia com a egrégora.

     A caminhada não é fácil, porém é gratificante tera oportunidade de evoluir espiritualmente e semodificar interiormente, dentro da escolainiciática do caboclo Mata Verde.

    Nosso dirigente, pai Manoel Lopes, costumadizer que somos batizados pelo fogo, naIniciação ao 1º Grau (Reino do Fogo).

     A medida que o Neófito progride e avança nosgraus iniciáticos, vai se fortalecendo emodificando valores. Sua consciência vai seelevando de acordo com a proposta daegrégora do grupo, caso contrário, deixa asenda.

    Nesta caminhada à Luz, o aprendiz teráoportunidade de desenvolver e aperfeiçoar 7virtudes:

    É importante todos saberem que a Umbanda sófaz o bem e não interfere no livre arbítrio daspessoas.

    Portanto, usar o branco traz a lembrança depureza, almejando que todos tenham o coraçãoe mente mais purificados.

    É membro do Núcleo Mata Verde Abá Guassu

    Marcos PauloÉ membro do Núcleo Mata Verde Abaré Tatá (1ºGrau)

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    T oda ritualística que existe em uma EscolaIniciática, ou em qualquer outro Templo deuma instituição séria, tem como objetivo o

    aperfeiçoamento do indivíduo, é a busca do "EuSuperior".

    É uma espécie de "sacerdócio"... Aperfeiçoar asua forma de raciocínio, aperfeiçoar o seu corpoetérico para aumentar a sua vitalidade, limpar oseu corpo astral.

    Todos estão constantemente sendo observados,

    e sendo colocados a prova. E quanto maior for ograu iniciático, maior responsabilidade, maiorserá a cobrança. Os guias espirituais estão a todomomento olhando nossas dificuldades e nossasvitórias, dentro dessas provas.

    Por muitas vezes, achamos que pequenasprovações não possuem grande valor. Ledoengano, pois para a egrégora, são as maioresprovas! Quem sou eu para apontar os vícios efraquezas do meu irmão, se eu possuo outros enão consigo corrigi-los? Orar é fácil, mas vigiar...

     Alô?!

    Mas me diga... Quem regou as sementes? Alémde você mesmo e das suas escolhas, é alguémque olha muito por você caro leitor, e lhe quermuito bem! Após um tempo frequentando otemplo sagrado, as sementes "regadas" tendema germinar e dar bons frutos ...

    Os neofitos, já vestindo branco, terão à partir de

    agora, um ciclo de aproximadamente sete anos,dos quais é dividido em sete graus iniciáticos. Ecada grau, do primeiro ao sétimo, correspondeao entendimento das qualidades ecaracterísticas de cada um dos Sete ReinosSagrados; e como eles também podeminfluenciar diretamente, no desenvolvimento donosso "Eu Superior".

     Após ser iniciado no primeiro grau, o neófitopassa a ser um Abaré-Tatá (Sacerdote do Fogo).

    É o renascimento dentro de uma nova jornada.É o aceitar com coragem o que o nosso "EuSuperior" orientou como um novo caminho a serseguido, em busca desse aperfeiçoamento comoseres humanos. É aquilo que está dentro do

    nosso coração, pulsando mais intensamente, eque mesmo diante de todas as dificuldadesencontradas, iremos persistir como fortesguerreiros até o fim. Serão as provas de Fogo!

    Em termos psicológicos, o segundo grau, Abaré-Yby (Sacerdote da Terra), representará a nossafirmeza naquilo que nos propomos à seguir,dentro de todas as regras impostas. É oconhecimento da lei, não apenas dos Homens,mas da Lei de Umbanda. É quando passamos aentender mais, e a dominar a Doutrina,

    buscando o equilíbrio de nossas ações,procurando fazer as coisas mais com os pés nochão. Serão as provas da Terra!

    O terceiro grau, Abaré-Ybitú (Sacerdote do Ar),representará a sintonia fina das leis aprendidas ea sua expansão, pois instrumento musicaldesafinado não produz boa música, nem alegria.Então teremos que voltar a nossa mente, aprocurar esse bom tom, para que possamosvencer as provas do Ar.

    No quarto grau, Abaré-Y (Sacerdote da Água),iremos compreender como lidar com asemoções que nos viram a cabeça de ponta prabaixo, e como nos auto-superarmos, colocandoessas emoções nos devidos lugares, sem reprimi-las. É como dominar as ondas que estão dentrode nós mesmos, muitas vezes num mar revoltoque nós mesmos criamos. Será a fase daadaptação, o meio do caminho. Serão as provasda Água.

    O quinto grau, Abaré-Caá (Sacerdote das Matas).É quando o iniciado atinge um certo grau deindependência, de conhecimento das leis e dadoutrina, sendo capaz de discernir e escolherquais trilhas das florestas da vida irá abrir,descobrir novos caminhos, e seguir adiante paraprover o seu sustento e de sua família, nãoapenas material, mas espiritual. Irá encontrargrandes clareiras, jardins floridos, e verá que aténuma bela rosa, poderá encontrar espinhos; e

    que os animais por mais belos que sejam, àsvezes são ferozes ou venenosos.Mas, acima de tudo, saberá cuidar e respeitartodas as espécies sem distinção! Será como umíndio, que sabe que uma espécie de sapo tem

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    veneno, mas desse líquido pode se obter umremédio para outros males. Serão as provas dasMatas!

    O sexto grau, Abaré-Abá (Sacerdote dosHomens). Talvez seja o mais difícil de todos. Équando o iniciado, dentro do seu lívre-arbítrio,consegue ter a clareza do aperfeiçoamento e

    desenvolvimento desse seu "Eu Superior", dentroe fora da Escola Iniciática. É quando ele sedepara com todos os problemas dahumanidade, inclusive os seus, e como ele irálidar com tudo isso ao mesmo tempo, de formabem sensata, sem prejudicar o seu semelhante,transmitindo paz para si, e à todos que estão asua volta! Terá que ser tolerante muitas vezesdiante da ingratidão dos Homens. E não deveráconfundir que ser tolerante, é permitirbagunças, pois se assim o for vira anarquia. É ser

    paciente, aprender com os erros, e procurarcorrigi-los! Terá que compreender o significadodo perdão e da caridade em sua essência maispura. É o amadurecimento da sua fé e dosprincípios que regem o evangelho de Jesus. Sãoas provas da Humanidade!

    E finalmente, o sétimo grau, Abaré-Anga(Sacerdote das Almas). É o período em que osacerdote se recolhe e avalia de formaresponsável todo o conteúdo aprendido, assim

    como fazem os anciãos, que sabem o momentocerto de agir e aconselham os mais jovens emsuas dúvidas.

    É também um período de resignação, detransformação, ou seja, é o momento dasabedoria em sua essência! É quando temos acapacidade plena de compreender esse "EuSuperior", e toda essa simbologia envolvida naEscola Iniciática, que nos provoca estadosdiferenciados em nosso sub-consciente. Convém

    lembrar que todo símbolo para ser eficaz, possuiuma alta carga espiritual.Quando nos dedicamos a finco nessesimbolismo iniciático, trazemos para nós apurificação de nosso corpo, mente e espírito. Oiniciado irá compreender que existe um universomuito maior sobre ele, agindo, olhando,orientando, e que ele tem a tendência de errarmenos, de ser mais prudente em suas ações, jáque é agora um conhecedor da Doutrina dosSete Reinos Sagrados! Não é o fim, é apenas orecomeço com novas perspectivas. São as provasdas Almas, da espiritualidade.

    O iniciado - sacerdote, deve compreender quenão existe perfeição em lugar algum além deDeus, e nem fórmula mágica, pois osverdadeiros mistérios e segredos não estãoescritos. Por essa razão, dentro da Escola

    Iniciática do Caboclo Mata Verde, o indivíduotem a oportunidade de vivenciá-los, no intuitode ir desenvolvendo e aprimorando esse "EuSuperior", completando a cada sete anos, umciclo de aprendizado, e reiniciando outro emseguida, com outros olhares e percepções, eassim sucessivamente; contribuindo para suaevolução física, moral e espiritual.

    Luiz EduardoÉ membro do Núcleo Mata Verde Abaré Anga (7ºGrau)

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    Dia 22 de janeiro iniciamos os trabalhosespirituais de atendimento ao público noNúcleo Mata Verde.

    Foi um trabalho muito importante para todos osmembros do Terreiro, pois além de ser oprimeiro trabalho do ano, realizamos umahomenagem ao orixá Oxossi.

    O Núcleo Mata Verde é uma casa de umbandacomandada pelo Caboclo Mata Verde e queestá sob a vibração do Orixá Oxossi.

    O Núcleo Mata Verde é uma casa de Oxossi ocaçador das almas.

     Após o recesso de final de ano procuramosiniciar nossos trabalhos, sempre numa datapróxima ao dia de São Sebastião (20/01), o santocatólico sincretizado com o orixá Oxossi naumbanda.

    No último dia 22/01 a casa ficou lotada, muitosfilhos vieram buscar a força de Pai Oxossi e deseus Caboclos.

    Neste dia o atendimento foi feito de formadiferente.

    Na primeira parte dos trabalhos recebemos acorrente de trabalho do Núcleo Mata Verde,corrente comanda pelo Caboclo Mata Verde.

    Todos os presentes são atendidos, oatendimento é individual e cada pessoa ao

    passar pelo Caboclo recebe orientaçõesespirituais e o descarrego (passe).

    Mas o que chama a atenção são as oferendasque fazemos dentro do Templo.

    Neste dia cada filho faz a sua oferendautilizando frutas, flores e velas.

    Na linguagem interna do Núcleo Mata Verdefazemos a imantação da energia, axé doselementos do quinto reino – força Caá Pyatã.

     A intenção é imantar a força dos orixás dentrodo Templo, este é o principal motivo defazermos as oferendas sempre dentro doTemplo.

    Caso tenha interesse em conhecer quais osprincípios destas imantações recomendamosque faça o curso “

    ” que está disponível na plataforma de

    ensino a distância do Núcleo Mata Verdewww.ead.mataverde.org

    O Terreiro fica todo iluminado pela luz das velas,o perfume das flores e das frutas envolve todoTerreiro, a energia cresce no trabalho e todos seenvolvem naqueles instantes que recebemos osenviados da espiritualidade.

    Caboclos Bugres no Núcleo Mata VerdePor Manoel Lopes

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    Mas o ponto alto do trabalho é na segundaparte da reunião.

    Nesta parte dos trabalhos recebemos noTerreiro uma linha especial de Caboclos.

    São os Caboclos Bugres.

    Somente neste dia é que dão passagem em seusmédiuns.

    São Caboclos muito fortes, enérgicos, rudes epossuem dentro do terreiro a função detrabalharem contra as demandas e na limpezaespiritual da casa.

    Não são Caboclos para darem consultas, nãofalam o português, sua linguagem é muitoconfusa e normalmente os cambones demoramvários trabalhos para aprenderem a secomunicar com eles.

    São guerreiros, mas não são caboclos de ogum.

    Trago esta linha comigo desde quando inicieimeu desenvolvimento mediúnico e raramenteencontrei outras casas que trabalhavam comeste tipo de linha.

    Hoje “puxamos” esta linha nos novos médiunsque iniciam seu desenvolvimento no Núcleo

    Mata Verde, mas nem todos conseguem darpassagem a estes Caboclos Bugres.

    São os únicos Caboclos autorizados a usarem“Guias” de capiau com enfeites (dentes, penas,

    olho de boi, olho de cabra), charutos, maracás ecoités com mel.

    Quando chegam bradam alto e depois sentamno chão e seguindo a ordem do chefe dafalange formam um circulo e dentro sãocolocadas cestas com frutas.

     As frutas são consagradas por eles e depoisdistribuídas na assistência.

    Trazem muita energia para a casa e para osmédiuns.

    Embora trabalhe com esta linha há quarenta

    anos, sempre tive muita dificuldade de encontraralgum material sobre eles, tudo o que sei sobreeles aprendi diretamente com eles e com oCaboclo Mata Verde.

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    Recentemente estava navegando na internet eencontramos um texto bastante interessante eque tem uma grande similitude com osconhecimentos que possuímos sobre esta linha.

     A literatura que fala dos Caboclos Bugres naUmbanda é escassa, creio que quase inexiste. Fuipesquisar a respeito. Originalmente este termo“Bugre” foi uma denominação dada peloscolonizadores portugueses aos índios não“catequizados”, ou seja, aos silvícolas maisaguerridos, muitas vezes fugitivos perseguidospelos capitães do mato, que se recusavamperemptoriamente a se submeterem a uma“conversão” religiosa imposta. Em verdade foium “apelido” pejorativo, adaptado para a línguaportuguesa da palavra francesa bougre. Afinal, aFrança estava na “moda” na época, pois era oberço do sistema etnocêntrico europeu que seimpunha ao mundo. Originalmente esta palavrasignificava herege.

    O termo capitão do mato passou a incluiraqueles que, moradores da cidade ou dosinteriores das províncias, capturavam fugitivospara depois entregá-los aos seus senhores

    mediante prêmio. Há que se falar um poucosobre estes capitães do mato, que gozavam depouquíssimo prestígio social, seja entre oscativos escravos que tinham neles os seusinimigos naturais, seja na sociedadeescravocrata, que os considerava inferiores atéaos rasos praças de polícia, e os suspeitava desequestrar escravos apanhados ao acaso,esperando vê-los declarados em fuga paradepois devolvê-los contra recompensa. Os maissangrentos e assassinos capitães do mato foramalguns “alforriados”, que tinham a benesse dossenhores dos engenhos de cana e cafezais porescravos trazidos vivos ou mortos – geralmenteeram capturados e assassinados para serviremde exemplo aos demais, desanimando-os detentativas de fuga.

    Então, os índios, ditos popularmente comoCaboclos Bugres, eram os mais difíceis de seremcapturados e obtiveram a fama de serem maisesquivos e aguerridos do que as próprias onças

    brasileiras, matando muitos capitães do matoque por sua vez acabaram desistindo de osperseguirem, o que fez o ciclo escravocrata seconcentrar nos africanos, mais “dóceis” e fáceis

    de adaptarem-se às propriedades agrícolas, pornão serem nômades extrativistas como os índios.

     A minha experiência com os Caboclos Bugres éque estas entidades ou linha de trabalho sãoespíritos sim, aguerridos, mas não no sentidopejorativo. São os Capangueiros de Jurema, osque fazem a “tocaia” e prendem os inimigos nas

    demandas astrais. Aproximam-se de OGUMcomo guerreiros, mas são originalmenteenfeixados na vibração de Oxossi. São exímiosnas tocaias, esperam pacientemente e quandoatacam o fazem com precisão de um esmeradoarqueiro, utilizando-se de dardos soníferos quesão assoprados em espécie de “rifles” de bambu(falta-me nomenclatura mais adequada), assim“neutralizando” certeiramente os inimigos.

    NP.

    NOTA: Bugre é uma denominação dada aosindígenas de diversos grupos do Brasil por seremconsiderados não cristãos pelos europeus. Aorigem da palavra, no português brasileiro, vemdo francês bougre, que, de acordo com oDicionário Houaiss, possui o primeiro registro noano de 1172, significando “herético”, que, porsua vez, vem do latim medieval (século VI)bulgárus. Como membros da Igreja OrtodoxaGrega, os búlgaros foram considerados

    heréticos pelos católicos inquisitoriais. Destaforma, o vocábulo passou a ser aplicado,também, para denotar o indígena, no sentido de“inculto”, “selvático”, “estrangeiro”, “pagão”, e“não cristão” – uma noção de forte valorpejorativo.

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  • 8/17/2019 Revista Umbanda 022016

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