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Think & LOve Pense e Ame. EDIÇÕES Fundação Xuxa Meneghel E- Fabrics / Oskar Metsavaht Fause Haten Ana Carla Fonseca Philip Kotler Fundação Abrinq Reality Shows e seriados Pixel Show E mais: /Consciência e Atitude Por um mundo melhor/ Think & LOve Pense e Ame. /sumário/ Projetos socioculturais e ambientais por Pio Borges Escola sem muros – Associação Cidade Escola Aprendiz Entrevista com Percival Caropreso Entrevista com Eliane Belfort Action Aid – Todos juntos para vencer a pobreza Visão Mundial – Incentiva o desenvolvimento auto-sustentável Sociedade Viva Cazuza – A luta contra a aids Instituto Ayrton Senna – Transformando sonhos em realidade Fundação Gol de Letra – Drible na desigualdade social Congregação Santa Cruz e os projetos na Vila Nova Jaguaré Rui Amaral – Projeto Arte de Rua e Espaço Recriar Case internacional – TAP Project/Unicef Fábio Bibancos e os dentistas da Turma do Bem Drops – Notas sobre o universo infantil Instituto Oi Futuro investe em educação e cultura A maratona televisiva do Teleton General Motors forma jovens empreendedores Tintas Coral – Crianças aprendem ecologia Instituto C&A – Prazer em Ler /007/ /010/ /015/ /019/ /023/ /027/ /030/ /034/ /040/ /044/ /046/ /048/ /050/ /054/ /056/ /060/ /062/ /065/ /068/

Revista Think&Love - edição 3

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A revista que apresenta cases de Responsabilidade Social Corporativa, de Marketing Relacionado a Causas.

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Page 1: Revista Think&Love - edição 3

Think & LOvePense e Ame.

EDIÇÕES

Fundação Xuxa MeneghelE- Fabrics / Oskar MetsavahtFause HatenAna Carla FonsecaPhilip KotlerFundação AbrinqReality Shows e seriadosPixel Show

E mais:

/Consciência e Atitude Por um mundo melhor/

Think & LOvePense e Ame.

SP/ 11 3097 3300/ repensecomunicacao.com.brRJ/ 21 2540 6020/

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/sumário/Projetos socioculturais e ambientais por Pio Borges

Escola sem muros – Associação Cidade Escola Aprendiz

Entrevista com Percival Caropreso

Entrevista com Eliane Belfort

Action Aid – Todos juntos para vencer a pobreza

Visão Mundial – Incentiva o desenvolvimento auto-sustentável

Sociedade Viva Cazuza – A luta contra a aids

Instituto Ayrton Senna – Transformando sonhos em realidade

Fundação Gol de Letra – Drible na desigualdade social

Congregação Santa Cruz e os projetos na Vila Nova Jaguaré

Rui Amaral – Projeto Arte de Rua e Espaço Recriar

Case internacional – TAP Project/Unicef

Fábio Bibancos e os dentistas da Turma do Bem

Drops – Notas sobre o universo infantil

Instituto Oi Futuro investe em educação e cultura

A maratona televisiva do Teleton

General Motors forma jovens empreendedores

Tintas Coral – Crianças aprendem ecologia

Instituto C&A – Prazer em Ler

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/Editorial/

A Revista Think & Love foi idealizada para contribuir com o despertar de gestores e executivos de marketing para o valor do engajamento das marcas que representam na busca por um mundo melhor. Acreditamos que mais importante do que se criar um novo projeto é conhecer os muitos que já existem no País e apoiá-los. Assim, nosso desejo é conseguir estimular a aproximação entre diferentes instituições que, juntas, poderão fazer ainda mais, unindo-se para multiplicar – em todos os sentidos – o efeito de suas atuações em causas complementares ou sinérgicas. A Fundação Viva Cazuza é um excelente exemplo de um trabalho que vem sendo realizado séria e profundamente desde os anos 1980, e atualmente busca e necessita de apoio e suporte de outros parceiros. Estudos sobre reputação corporativa demonstram a importância dessa nova atitude. Pesquisas revelam também que os consumidores passarão a cobrar cada vez mais de suas marcas preferidas atitudes concretas diante das questões sociais e ambientais.

E se para nós, empreendedores e gestores que estamos na “ativa”, esse é um discurso que foi intensificado apenas nos últimos dez anos, para a nova geração de consumidores passará a ser condição e pré-requisito para qualquer negócio, independentemente do porte ou categoria em que estiver inserido. Os estudantes de hoje já aprendem na escola primária os conceitos básicos de sustentabilidade e, sem sombra de dúvida, serão consumidores muito mais exigentes e conscientes do que nós fomos. Na terceira edição da Think & Love, trazemos projetos que estão ajudando a transformar a realidade dessas crianças e adolescentes, que em alguns anos estarão em nossos lugares e – assim espero – deixarão para seus filhos e netos um mundo muito mais justo e sustentável.

Boa leitura!

Otavio DiasIdealizador da Think & Love

P.S. Leia ao lado o texto de Valdir Cimino, Diretor fundador da Associação Viva e Deixe Viver.

/CULTURA HUMANIZANDO A SAÚDE /

Os grandes avanços das ciências aplicadas à medicina e à saúde vêm trazendo uma série de transformações, nestes tempos de globalização. Finalmente os cidadãos têm percebido que a melhor forma de ajudar o mundo é partir para a solução dos problemas da sua comunidade, seja no bairro, na escola, na rua ou nos hospitais.

Com grande esperança numa sociedade mais digna, é que assistimos a grupos de cidadãos se reunindo em busca de soluções para nossos problemas sociais, como é o caso da saúde e da cultura brasileira. A cultura é um direito constitucional. Levá-la aos hospitais é possibilitar ao público daquele local o exercício da cidadania, já tão comprometida pelas suas condições físicas e psicológicas. Não podemos fazer da lei letra morta. O Brasil possui uma importante base legal para proteger e melhorar as condições de vida da população, inclusive as das pessoas hospitalizadas. É função não só do Estado como de toda a sociedade garantir esses direitos. Nos hospitais da cidade de São Paulo, maior centro médico da América Latina, existem milhares de crianças e adolescentes internados. A maioria desse público sofre não só pela debilitada condição de saúde e dificuldades materiais, como pela exclusão da cultura e da educação.

A necessidade de acompanhamento médico adequado implica, para alguns, internação hospitalar por um longo período, impossibilitando que freqüentem escolas, centros culturais ou qualquer outro meio de acesso à cultura. A carência cultural nos hospitais ainda é muito grande. Faz-se necessário um constante desenvolvimento de atividades artísticas e culturais como alternativa ao triste ambiente hospitalar. Uma pesquisa fundamentada pelos Fóruns de Humanização da Saúde e incentivada pelo Canal Conexão Médica aponta para a necessidade de olharmos com atenção para a formação do profissional da saúde. É preciso acolher o paciente mostrando seus direitos e deveres, promover a prevenção das doenças e enfatizar a comunicação como elemento da gestão participativa. Os artistas e voluntários têm encontrado um campo de atuação cada vez maior nos hospitais, diante do grande número de pacientes carentes de interações culturais. Muitas vezes, o local não oferece infra-estrutura adequada, mas isso não impede que esses grupos inovem e tenham hoje o reconhecimento de médicos, enfermeiros e administradores dos hospitais. É necessário que esses grupos se integrem e criem meios para a melhor divulgação, estruturação e consolidação das suas práticas, trabalhando juntos pelo desenvolvimento

cultural de seu público-alvo. Esses grupos têm sido bem aceitos tanto pelas crianças e pela classe médica e equipe multidisciplinar, como pela própria administração dos hospitais. Essa receptividade tem possibilitado a consolidação do seu trabalho naqueles locais.

Para atingir seus objetivos e metas, esses grupos têm investido principalmente na formação dos seus integrantes, sejam voluntários, ou não, pois acreditam na capacidade transformadora de cada um dos membros como agentes multiplicadores da nossa cultura. É necessária a avaliação periódica das práticas do grupo para assegurar a qualidade dos serviços oferecidos à comunidade hospitalar. Oficinas, workshops e palestras têm sido ferramentas eficientes para o treinamento desses colaboradores. Todas as ações são válidas e contribuem para a disseminação de uma prática que irradia o bem indistintamente.

Valdir CiminoDiretor fundador da Associação Viva e Deixe Viverwww.vivaedeixeviver.org.br

IdealizadorOtavio Dias

Jornalista ResponsávelJulia Duarte Mtb 51.919/SP

Colaboração Ângela Guanais - revisãoCássio Dras Pelin - revisãoAlê Torres - fotos encarte Repensadores ProjetoREPENSE Comunicação

[email protected]

RelacionamentoPara sugestões ou reclamações,[email protected]

EditorialPara enviar artigos e releases,[email protected]

GráfIcaMakrokolor

/Expediente/

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/Projetos socioculturais/ambientais/

não é só uma questão de vida ou morte. eles são mais importantes que isso!

Saber por onde começar é o primeiro grande desafio enfrentado pelos dirigentes de empresas, convencidos que investir recursos em projetos socioculturais/ambientais tornou-se algo tão necessário quanto respirar. Fazer isso hoje não se trata apenas de uma questão de vida ou morte. É até mais importante do que isso, como espero demonstrar neste artigo.

O segundo desafio depois da escolha da área na qual se devam ser investidos recursos corporativos é o de receber continuamente indicações de que esses recursos estão sendo investidos com eficiência, profissionalismo e transparência.

As empresas e as pessoas físicas começaram há pouco tempo no Brasil a investir em áreas que de maneira geral e super-simplificada todos achavam ser de atuação de “outros”, e o principal dentre esses outros seria o governo em suas três esferas: municipal, estadual e federal.

Os números refletem esse começo recente aqui: os investimentos de 462 mil corporações privadas instaladas no Brasil, pesquisadas em relação a projetos de cunho social, cultural ou ambiental, foram da ordem de R$ 4,7 bilhões em 2007. O equivalente a 1% do total arrecadado em todos os impostos no Brasil.

O total estimado de impostos ao fim do ano poderá atingir R$ 400 bilhões, com cerca de 70% referentes a impostos federais, 26% a impostos estaduais e 4,5% a impostos municipais. O uso de recursos provenientes desses impostos para fins sociais, culturais e ambientais tem-se revelado insuficiente em todas as áreas. A necessidade total de investimentos em projetos socioculturais e de preservação ambiental tem um

percentual desejado de 5% do PIB: o que nos coloca diante da necessidade de arrecadar R$ 45 bilhões. Dez vezes mais do que o valor investido por corporações por sua decisão própria.

Não é por acaso que essa imensa demanda está levando as empresas a preverem investimentos nessas áreas. As necessidades aparecem em toda parte e esse tipo de investimento se tornou uma sinalização de que aquela organização é uma cidadã responsável. Essa nova demanda de atividade social já levou algumas organizações a requererem investimentos de suas parceiras e fornecedoras nessas áreas como requisito para fechar novos contratos.

Diante dos números, torna-se claro que independentemente da ação de governos e governantes, jamais será possível transferir a administração de tantos novos recursos para governos ou para entidades improvisadas. Cabe às empresas selecionarem as atividades a que vão dar o seu apoio. E dedicarem a esta tarefa até mais cuidados do que os dedicados à contratação de seus funcionários e de seus principais executivos. Pois as perdas monetárias com investimentos mal aplicados serão superadas pela perda de imagem e de good will no mercado.

A integridade de entidades internacionais como ActionAid, Visão Mundial, WWF, Médicos sem Fronteiras, e o trabalho de seus dirigentes já produzem resultados no mundo há muitas décadas.

Mas a credibilidade delas é mensurada todos os dias, todos os anos, em centenas de países. Em momento algum elas podem negligenciar cuidados com a sua respeitabilidade, pois no mundo

globalizado um problema local se torna mundial em menos de 24 horas.

A WWF apressou-se há poucos dias em enviar uma carta para a revista Época ao deparar com uma reportagem que poderia induzir os leitores em erro sobre as suas atividades. A carta foi publicada pela revista e cada colaborador brasileiro da WWF recebeu em sua casa a sua cópia.

Entidades brasileiras como a União Pela Vida, a Fundação Xuxa Meneghel e a Fundação Abrinq, para relacionar três a que o autor tem acesso, estabelecem a sua credibilidade ao atuar com os mesmos critérios rígidos das suas co-irmãs globalizadas. Para tanto, dispõem de auditorias independentes externas e prestam contas a seus colaboradores a cada seis meses.

Uma dúvida sempre aparece quando é sugerida a passagem de bastão das entidades privadas para o governo: Se essas entidades não existissem e ao estado coubesse resolver os problemas que elas resolveram, qual teria sido a diferença para o mundo?

A diferença seria uma estatística tão apavorante quanto a contagem de perdas humanas em guerras. Seriam populações literalmente dizimadas, espécies de animais varridas do planeta, áreas de florestas nativas arrasadas com o extermínio das melhores reprocessadoras de CO² da atmosfera, das matas e das florestas tropicais.

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Em 2008, a razão maior em se investir em projetos sociais, culturais e ambientais é que, apesar de todos os bons resultados do passado, a demanda por mais atuação de todas as entidades em funcionamento tem aumentado na base de 15% a 20% ao ano.

A demanda total seria 10 vezes maior com a diferença de que ao ajudar se vai muito além da comunidade atendida ou de uma área específica. As boas ações irão beneficiar toda a humanidade. É por isso que os cuidados na escolha das entidades que mereçam apoio devem se pautar, antes de qualquer coisa, na sabedoria popular expressada na frase já milenar: De boas intenções o inferno está cheio...

Daí eu ter selecionado a FXM para materializar neste artigo o que pode ser feito por uma entidade privada e como isso muda a vida das crianças assistidas acima de qualquer ação governamental.

No caso da Xuxa, ao longo desses 19 anos, 6.000 mil crianças, considerando que é um atendimento a longo prazo, passaram pelos portões, pelas salas de aula, pelos cursos apresentados numa área de 20.000 metros quadrados com vários prédios e centenas de árvores que cresceram enquanto a fundação mudava a vida de tantas pessoas.

Crianças que entraram por aqueles portões necessitando de tudo, encontraram lá muito mais do que um ambiente diferente de suas casas (por vezes casebres) insalubres.

A formação e as informações recebidas na fundação as prepararam para serem bem-sucedidas nos colégios da rede pública e levaram uma parte delas às universidades e outras ao mercado de trabalho. Integrando-as e integrando as suas famílias à população economicamente ativa, socialmente produtiva, orgulhosa de estar contribuindo para o progresso de suas famílias e para o bem do País.

Com um pouco de esforço, os dirigentes da Fundação Xuxa Meneghel se lembram de cada uma delas. Lembram de como os novos conhecimentos ajudaram as crianças e suas famílias a chegar a novos níveis educacionais, sociais e humanos. E isso fica ainda mais fácil de comprovar, pois dos 30 funcionários da fundação, nada menos que 10 são ex-alunos e hoje são professores, assistentes sociais e gestores.

Quando nos colocamos diante de uma entidade como a Visão Mundial ou ActionAid, os casos de grandes

Não se trata aqui de fugir dos casos de polícia, que mais cedo ou mais tarde são tratados... pelas polícias. As boas intenções e o inferno a que me refiro ocorrem em entidades mal administradas que, por absoluta incapacidade de seus dirigentes, por vezes cheios de boa vontade, aplicam mal os recursos recebidos.

A seguir, listo cinco critérios para que uma entidade possa ser considerada merecedora do apoio por parte de empresas:

1. A atuação da entidade é auditada e aprovada há pelo menos 5 anos por auditores independentes?

2. A sua atuação e os resultados obtidos são informados por sua iniciativa aos doadores pelo menos uma vez por ano?

3. Seus executivos são dedicados profissionalmente à tarefa de administrar a entidade como trabalho diário?

4. A entidade tem um conselho ou grupo de apoiadores que funciona como órgão interno a que os seus administradores devam prestar contas antes de maiores investimentos?

5. A comunicação feita pela organização é compatível e adequada a seus objetivos? Há cuidados de não fazer promessas que não serão ou não possam ser cumpridas?

O apoio às crianças Hoje, num Brasil com 190 milhões de habitantes, um problema social nos é exposto todos os dias nas esquinas das cidades: os menores lançados à

própria sorte, abandonados por seus pais (ou por eles explorados), numa espécie de “liberdade provisória”, cuja evolução danosa na vida adulta deságua na formação de quadrilhas urbanas.

A primeira reação da maioria das pessoas diante dessas crianças sem nome, por vezes agressivas e ameaçadoras, é de repúdio e horror. Na base do “prefiro não ver”, “prefiro deixar essa tarefa às autoridades eleitas” e assim por diante.

Há um bom número de anos, alguns dos hoje profissionais da REPENSE, eu entre eles, têm-se dedicado profissionalmente a ajudar a encontrar soluções para a comunicação de entidades que comprovadamente obtêm melhores resultados com o trabalho de suas equipes.

Dentre essas, talvez a menos conhecida, numa lista que inclui Visão Mundial (World Vision), já com 40 anos de existência, o ActionAid, com dezenas de anos e presença em quase 100 países, a WWF, com atuação mundial, ou a Fundação Abrinq, no Brasil, seja a Fundação Xuxa Meneghel.

A Fundação da Xuxa não é uma ação recente, pois já completou 19 anos de existência. Mas, diferentemente das grandes entidades mundiais, tem apenas uma sede, em Pedra de Guaratiba, no Estado do Rio de Janeiro; e em vez de centenas de cidades e dezenas de países, atua na região de menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do segundo estado mais rico do Brasil.

Enquanto as grandes entidades internacionais investem recursos obtidos com milhões de doadores e contribuintes corporativos ou individuais, a Fundação da Xuxa se fez, e até agora se faz, com recursos originários de apenas uma pessoa, a própria Xuxa.

mudanças como essas se multiplicam por centenas de milhares. Cada criança que aprendeu numa salinha a como fabricar picolés em Manaus, num projeto da União Pela Vida, ou que lá aprendeu a ser mecânico de automóveis, tem a sua história indissoluvelmente associada a uma pequena ajuda oferecida por alguém equivalente a menos que o preço de uma xícara de café por dia. A mim, como profissional de marketing e também professor da matéria para alunos universitários, o que mais me emociona e literalmente me faz os olhos se encherem de lágrimas é o humor, a coragem, o entusiasmo e a disposição das criancinhas ao passarem por este processo de evolução.

Crianças são capazes de fazer coisas que só a inocência e a vontade de criar sem conhecer barreiras conseguem fazer. Elas têm coragem de fazer e de ousar. Desde que não sejam inibidas por entidades arbitrárias. Essa capacidade mágica das crianças independe até de quem sejam elas filhas ou filhos.

Se colocadas em um ambiente na qual possam explorar o seu potencial, contando com a compreensão dos professores, florescem e se revelam tão brilhantes quanto príncipes e princesas assistidos em seus palácios.

Talvez com uma diferença marcante. Essas crianças têm um grande orgulho e uma imensa alegria ao fazer alguma coisa que as coloca como alguém especial. E elas são de fato especiais. A cada nova coisa que aprendem, dão saltos “quânticos” educacionais, sociais e humanos. Ao fim de cada dia, numa comunidade assistida, elas se tornam melhores, e quem as ajuda a fazer isso são as beneficiárias secretas desse progresso.

Voltando ao tema inicial deste artigo, não tenho dúvidas em recomendar,

como parceiras de alto valor nessa atividade, qualquer uma das entidades citadas. E todas aquelas não listadas aqui, se aprovadas no questionário de cinco perguntas integrado ao artigo.

As entidades que apoiamos são capazes de fazer o que isoladamente nenhum de nós é capaz. E ao serem capazes de fazer isso, nós – cidadãos e empresários – podemos ter a certeza de estarmos fazendo muito além do que o Estado faz ou poderá fazer para que o mundo seja melhor para todos.Acesse os sites listados a seguir, ou ligue para mim para o telefone (021) 2540 6020 ou para o e-mail [email protected].

Garanto que você vai se sentir muito bem por se colocar na linha de frente das mudanças necessárias. Com os melhores parceiros

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/associação cidade escola aprendiz/

escola sem muroso jornalista e educador gilberto dimenstein contribuiu com a educação brasileira com a ong cidade escola aprendiz

Andar pela Rua Belmiro Braga na Vila Madalena é ser testemunha de um processo de transformação. O jornalista e educador Gilberto Dimenstein e uma equipe de cerca de 100 pessoas são os responsáveis pela mudança. Em 1995, o escritor foi para os Estados Unidos e passou três anos pesquisando sobre educação e cidadania. Na volta da viagem, o site Portal Aprendiz que ele comandava deu origem à ONG Cidade Escola Aprendiz. O objetivo era replicar por aqui o modelo educacional bem-sucedido visto fora do País: o bairro-escola.

No início, o site Portal Aprendiz era coordenado por jornalistas e mantido pelos jovens de escolas públicas e particulares em parceria com o Colégio Bandeirantes. Desse trabalho, surgiram novas idéias relacionadas à comunicação. Os jovens se encontravam para fazer páginas eletrônicas para outras ONGs e também desenvolviam técnicas de comunicação e linguagem. A idéia inicial era transformar o bairro da Vila Madalena em uma extensão da sala de aula, fazer um verdadeiro laboratório pedagógico. “Os trabalhos eram realizados conforme as necessidades iam surgindo, tudo era experimentação”, diz Dimenstein.

Desde 1997, a Vila Madalena é esse laboratório pedagógico. A Associação Cidade Escola Aprendiz é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) que experimenta, aplica e dissemina o conceito de educação comunitária. Todos os espaços ali são utilizados para aprendizagem, basta ver os muros pintados, grafitados, com poesias e mosaicos feitos pelos jovens da comunidade. Com o passar do tempo, novos projetos foram desenvolvidos. As iniciativas vão desde jovens que

ensinam idosos a mexer no computador, passando por aulas de música, até bolsas de estudo para que os jovens estudem para o cursinho pré-vestibular. O trabalho é todo realizado em rede, envolvendo os comerciantes locais, as escolas e outros agentes do bairro.

O jornalista teve muita dificuldade de aprendizado em sua época escolar, tinha problemas de concentração e ansiedade e acredita que isso o influenciou, pois se sentia um excluído da sociedade. Com isso, passou a acreditar em um modelo educacional que extrapola os limites da sala de aula convencional. Sua idéia foi consolidar o bairro-escola, a rede que une toda a comunidade e cria um amplo espaço educativo, estruturado para ampliar as possibilidades de aprendizagem e melhorar a qualidade de vida urbana.

Da teoria para a prática

A aplicacação do modelo bairro-escola passou da teoria para a prática e envolveu educadores, pessoas da comunidade, agentes sociais, e integrou todas essas pessoas nesse espaço educativo. O bairro é a extensão da sala de aula, assim como todo o seu entorno. Tudo que houver ao redor, tanto pessoas quanto espaços comerciais, é envolvido e utilizado como espaço de aprendizagem.

SOBRE GILBERTO DIMENSTEIN

> Gilberto Dimenstein ganhou os principais prêmios destinados a jornalistas e escritores.

> Ganhou o Prêmio Nacional de Direitos Humanos, além do Prêmio Criança e Paz do Unicef.

> Foi agraciado com a Menção Honrosa da Faculdade de Colúmbia, em Nova York.

> Com “O cidadão de papel”, obteve uma premiação inédita para um livro educativo, considerado, em 1994, pelo júri do Prêmio Jabuti, a melhor obra de não ficção.

> É criador e coordenador pedagógico da Cidade Escola Aprendiz, um laboratório de inovações pedagógicas em São Paulo, indicado pela Unesco como referência mundial de inclusão social pela educação.

> Atua como colunista e membro do Conselho Editorial da Folha de S.Paulo, como também comentarista da CBN.

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O modelo que contribui com a melhoria da educação pública se baseia em dois fatores:

> Aprender é o ato de se conhecer e de intervir no meio.

> A educação deve acontecer por meio de gestão de parcerias, envolvendo escolas, famílias, poder público, empresários, organizações sociais e associações de bairro que vão utilizar as potencialidades educativas do bairro.

Para disseminar o conceito e as atividades trabalhadas pela Cidade Escola Aprendiz, o Centro de Formação, uma das vertentes da organização, oferece cursos e publicações voltados para educadores e gestores de escolas públicas e outras instituições.

Além disso, o centro promove fóruns de debates sobre as experiências do Bairro-Escola. Em 2004, a Unesco reconheceu a ONG e a experiência da rede que une toda a comunidade, o Bairro-Escola, como referência mundial de inclusão social pela educação.

No ano passado, o aprendiz completou dez anos e a equipe obteve outra conquista: a publicação Bairro-Escola: Passo a Passo, desenvolvida em parceria com o Ministério da Educação (MEC), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a Fundação Educar D’Paschoal, a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte e a Prefeitura Municipal de Nova Iguaçu. O livro apresenta a experiência de educação comunitária do aprendiz que inspirou Belo Horizonte (Escola Integrada) e Nova Iguaçu (Bairro-Escola).

Nesses locais, o Bairro-Escola se transformou em política pública. A publicação Bairro-Escola: Passo a Passo chegará a todos os municípios brasileiros como ferramenta conceitual do programa “Mais Educação” do MEC e fará parte das estratégias de implementação do Plano de Desenvolvimento da Educação no País. O Educador Dimenstein sabe que o projeto já pode andar com as próprias pernas, inclusive pode viver sem o seu criador. O Bairro-Escola transformou o entorno da Vila Madalena e a cidade reage

/Ping-Pong com o idealizador da Associação Cidade Escola Aprendiz, na Vila Madalena,em São Paulo/

NomeGilberto Dimenstein.

ProfissãoJornalista e educador.

Idade52 anos.

Como vê a associação?O aprendiz é como um filho.

Qual é o objetivo da associação?Replicar o modelo educacional Bairro-Escola.

Qual é a proposta do Cidade Escola Aprendiz?Aplicar o conceito de que aprender e ensinar não se restringe somente ao ambiente escolar.

A missãoDesenvolver o modelo de bairro-escola como mecanismo de gestão de trilhas educativas para contribuir com a melhoria da educação pública.

Como vê o Escola Aprendiz?O projeto funciona por si só. O bairro virou uma sala de aula com lições pra lá de valiosas.

Curiosidades

O Café Aprendiz é um espaço de troca de conhecimento e cultura, fundado em 2001. Promove uma série de atividades como: exposição de arte, palestras, oficinas e lançamentos de livros. É um aliado na sustentabilidade da ONG. A instituição foi convidada pelo governo norte-americano para fazer parte da Conferência das Américas, encontro com 100 organizações não-governamentais americanas e 150 de países latino-americanos para discutir questões econômicas e sociais. O Aprendiz representou o trabalho das organizações brasileiras. Para saber mais sobre o Aprendiz, acesse: http://aprendiz.uol.com.br/homepage.mmp

/informação que conscientiza.consciência que mobiliza/

/Consciência e Atitude Por um mundo melhor./

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Think & LOvePense e Ame.

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ou buscar novos projetos socioambientais?

Percival CaropresoO primeiro passo é as empresas entenderem que projetos socioambientais são iniciativas de boa cidadania da empresa, não a sustentabilidade da empresa. A sustentabilidade em si tem a ver com a gestão maior dos negócios. A responsabilidade socioambiental é uma das plataformas dessa gestão sustentável da empresa. Depois, é importante a empresa entender que os projetos de cidadania funcionam melhor quando estão integrados a essa gestão sustentável maior, que vem da corporação e não de algum departamento ou área ou marca de negócios. Outra providência importante é que os projetos socioambientais, sempre como exemplos da boa cidadania da empresa, estejam organicamente ligados ao core-business e/ou tenham um senso estratégico para o futuro da empresa. Se não for assim, a boa cidadania empresarial poderá se limitar à filantropia pontual ou, pior, ao assistencialismo patronal. O processo da sustentabilidade de toda empresa é uma jornada permanente e sem fim, é contagiante – até chegar a uma mudança mental de negócios e da gestão dos negócios.

3 – Think & LoveDe que maneira uma empresa pode incentivar os seus funcionários a participarem de ações voluntárias?

A história de Percival Caropreso no terceiro setor começou pela motivação pessoal, pela compaixão por pessoas e pelas famílias com quem o publicitário convivia em manchetes de jornal, reportagens na mídia, nos trajetos dos lugares que freqüenta e em sinais de trânsito. Ele tinha medo e vergonha de que seus filhos – privilegiados – vivessem em um mundo ainda pior do que o que ele vivia. Depois, entendeu que sua participação não poderia ser só emocional, indignada e apaixonada. Se tinha habilidades técnicas para ser um competente profissional de comunicação de marketing e contribuir para o sucesso de milhões de toneladas de produtos e marcas, deduziu que poderia usar seu talento para contribuir com outros tipos de venda e sucesso na vida, também profissionalmente e em escala.

Com essa idéia na cabeça, o publicitário atua diretamente no terceiro setor há 18 anos. Foi o idealizador e coordenador da campanha de comunicação dos objetivos de desenvolvimento do milênio para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e do Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade, em 2004. A campanha “8 jeitos de mudar o mundo” é referência mundial e disseminada até hoje em diversos países por recomendação da ONU. Sobre a campanha, Kofi Annan, ex-Secretário-geral da ONU, disse que precisamos, mais do que nunca, do engajamento dos voluntários para que o desejo de um mundo melhor para todos se transforme em realidade.

Um ano após a famosa campanha, Caropreso fundou a Setor 2 ½, uma ponte entre o segundo e o terceiro

setor. Na empresa, faz consultoria e assessoria em sustentabilidade e responsabilidade socioambiental para empresas, ONGs, institutos, fundações, causas e movimentos socioambientais, com base na visão corporativa e de negócios. Entre trabalhos em agências e produtoras de comerciais tem 36 anos de experiência em comunicação de marketing.

Atualmente, comanda o Comitê de Responsabilidade Socioambiental para a Sustentabilidade da Associação Brasileira dos Anunciantes (ABA).

1 – Think & LoveCom quais campanhas e projetos o senhor está envolvido atualmente?

Percival CaropresoNão trabalhamos com campanhas, que é uma visão imediatista.

Os projetos da Setor 2 ½ são estruturais e de longo prazo, que são os fundamentos da sustentabilidade. Por isso, somos uma assessoria comprometida com a zeladoria do pensamento e sua implantação. Para o segundo setor, temos projetos para a Unilever, Aracruz, Grendene, Johnson & Johnson, Firmenich, Construtora Ecoesfera, GP Brasil de Fórmula 1, Instituto Votorantim, Grupo Idéia Sustentável, APEL. Para o terceiro setor, temos projetos para o Movimento Nossa São Paulo: Outra Cidade, Instituto Ethos, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Movimento Atletas pela Cidadania, Hewlett Foundation, Action Aid e ANDI.

2 – Think & LoveA tendência é mundial. Como as empresas que ainda não se envolveram podem se envolver

/Percival caropreso/

Presidente do comitê de responsabilidade socioambiental para sustentabilidade da aba (associação brasileira de anunciantes)

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Percival CaropresoO ideal é que a empresa pense num programa de voluntariado interno, e não em ações avulsas e esporádicas. O programa deverá fazer parte da gestão de responsabilidade socioambiental da empresa, a tal cidadania corporativa. Assim, o voluntariado não se reduzirá apenas aos bazares beneficentes, aos mutirões comunitários e às ações pontuais de “bom-mocismo”. O ideal é que a empresa entenda que o voluntariado interno é dela, mas também do seu quadro de colaboradores. Portanto, um programa comprometido coletivamente, cuja gestão é compartilhada entre todos. Um dos equívocos mais freqüentes é quando a empresa libera uma carga horária para seus colaboradores desenvolverem atividades sociais que ela, empresa, escolheu e apóia. Ninguém mais próximo da realidade social e de trabalho do que os próprios colaboradores, para ajudar a definir as causas sociais, os objetivos, as formas e características das ações que pretendem fazer em parceria com a empresa em que trabalham. Agregar gradativamente os parceiros de negócios, a cadeia de valor, fornecedores e trade também é uma estratégia que faz crescer o voluntariado empresarial – já não mais tão interno.

4 – Think & LoveQuais são os trabalhos desenvolvidos e quais são as funções do Comitê de Responsabilidade Socioambiental da ABA?

Percival CaropresoEstamos rediscutindo o nome do nosso comitê. Até agora, nos parece que o melhor nome venha a ser “Comitê de Comunicação

da Sustentabilidade” ou algo assim. Não podemos perder o foco: as letrinhas A + B + A significam Associação Brasileira dos Anunciantes. Temos que lidar com as questões da sustentabilidade a partir da porção ANUNCIANTE das empresas associadas. Não podemos replicar tudo que já existe sobre sustentabilidade, não podemos ser tão notáveis em sustentabilidade quanto outras associações, da área social ou da área de negócios, que se concentram e vivem disso. Como ABA, “a parte que nos cabe nesse latifúndio” é a parte do ANUNCIANTE. A função do nosso comitê é obter informação, discutir, trocar experiências, enriquecer conhecimento e disseminar entre as empresas associadas o que acreditamos ser as melhores práticas – ou as piores, para também aprender com elas – em comunicar a responsabilidade socioambiental e a sustentabilidade. Para isso, temos feito fóruns, conduzido pesquisas, escutado ONGs e institutos, promovido reuniões entre os representantes das empresas associadas à ABA.

5 – Think & LoveHoje se fala muito em CRM (Customer Relationship Management). O que as agências brasileiras têm feito para conhecer os interesses do consumidor e fornecer a ele uma propaganda ou oferta que combine com o seu perfil?

Percival CaropresoHá gente muito mais credenciada do que eu para responder sobre isso. De minha parte posso apenas garantir que um dos vetores mais fortes do relationship com qualquer customer hoje é, e cada vez mais

será, a consciência cidadã, tanto dele, consumer, como dela, a empresa que busca esse management.

6 – Think & LoveA responsabilidade socioambiental tem peso significativo na reputação de uma empresa. Entre as empresas que competem entre si, aquela que tem projetos estruturados pode sair na frente aos olhos do consumidor?

Percival CaropresoPode e já sai na frente. E a cada dia estará ainda mais na frente. Muitas empresas já estão ficando para trás e tentam, por meio do discurso apenas, parecer conscientes e responsáveis. Esse é um processo geracional, nada diferente dos processos que vivemos no passado em nossas carreiras de marketing e comunicação.

Olhem seus filhos: eles são ou não são mais conscientes do que todos nós nas questões socioambientais, seus significados e o que cada um pode e deve fazer a respeito? Nossos filhos têm muita coisa que nunca tivemos. Eles recebem um conteúdo pedagógico novo nas escolas que freqüentam, eles acessam uma infinidade de canais fechados e abertos de informação, eles devoram e praticam a instantaneidade, a velocidade e a interatividade da internet,

eles nascem e se formam com esse novo código de valores. Daqui a poucos anos, nossos filhos serão consumidores de fato e direito, farão suas escolhas de consumo na vida, aceitarão ser fiéis a marcas.

Que traços de imagem nossos filhos exigirão dessas marcas? Qualidade ímpar? Performance garantida ou seu dinheiro de volta? Excelência em atendimento? Pós-venda exemplar? Respeito ao consumidor? Tecnologia avançada? E que comprovações nossos filhos exigirão que essas marcas demonstrem, para provar na prática de seus negócios, que a imagem que elas prometem é verdadeira – ou seja, qual a reputação real conquistada mais do que a imagem cosmética projetada?

7 – Think & LoveO consumidor deixa de utilizar um bem ou comprar um produto baseado nas ações de responsabilidade – seja ela social ou socioambiental – de uma empresa?

Percival CaropresoToda responsabilidade é inexoravelmente socioambiental. Não existe o homem que não viva em um ambiente. Quando existe um ambiente sem o homem, nem precisa se preocupar, porque o ambiente está intato, preservado e salvo até o homem chegar lá. O comportamento responsável de consumo consciente ainda não é tão decisivo quanto deveria ser. Mas ele é inevitável. Existem várias pesquisas a respeito disso. Sem entrar em detalhes sobre cada uma, algumas conclusões são consistentes:

1. em situação de estabilidade mínima de economia e de mercado, cresce o número de consumidores que se declaram e praticam essa seleção a favor de marcas conscientes e responsáveis (e o inverso, consumidores que evitam marcas vazias de conteúdo consciente e responsável ou, pior, que mentem no seu discurso sustentável);

2. isso vale apenas em situação razoável de paridade de qualidade, performance e preço entre produtos e marcas;

3. esse comportamento responsável de consumo consciente é predominante em classes de maior poder aquisitivo, maior nível de escolaridade e faixa etária mais baixa. Resta saber o que nós, profissionais de empresas que produzem, comunicam e vendem, faremos a respeito dessa informação? Esperar essa tendência se consolidar como comportamento de consumo, deixando a tarefa para nossos sucessores na gestão de nossas marcas e negócios? Ou nos transformarmos em agentes decisivos desse processo desde já? Queremos conceber, planejar, construir e vender a obra ou queremos apenas colocar uma placa com nosso nome na fachada depois?

8 – Think & Love“O marketing mudou e a palavra é RELEVÂNCIA. Experiências mais amplas, participação dos consumidores, descentralização da marca, targeting comportamental e mensuração de dados são as bases da plataforma do novo marketing”. Essas palavras são do CEO da Microsoft, Steve Ballmer, que esteve no Brasil recentemente. O senhor concorda? Por quê?

Percival CaropresoJá trabalhei o suficiente para entender que o marketing nunca mudou. Fomos, todos, vítimas e algozes, vendo e vivendo todos esses conceitos fundamentais serem rebatizados de nominhos novos de tempos em tempos. No fundo, a essência é a mesma desde sempre: ler mais do que escrever; escutar mais do que falar; compreender mais do que ler e escutar; permitir-se mais intuir do que concluir; pensar mais do que replicar; sentir mais do que pensar; adquirir mais conhecimento do que informação; produzir mais sabedoria do que conhecimento; dar mais valor a pontos de vista do que a convicções próprias; decidir mais do que apostar em comitês. Resumindo, ser mais inteligente e produzir resultados. O pensamento, as idéias e as decisões de marketing sempre buscaram a relevância, sempre promoveram as experiências e a participação dos consumidores, sempre valorizaram a marca de que forma fosse, sempre miraram como o target se comportava, sempre mediram os dados existentes – inclusive os resultados. Seja lá o rótulo que essas obviedades da profissão merecessem a cada época, conforme o mundo, as economias, os negócios, os consumidores, o marketing, a comunicação, os profissionais e os nominhos fossem evoluindo

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1 – Think & LoveComo foram iniciados os trabalhos do Comitê de Responsabilidade Social da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo?

Dra. Eliane BelfortO Comitê de Responsabilidade Social – CORES, da Fiesp, foi implantado na primeira gestão do Presidente Paulo Skaf, de 2004 a 2007, mas foi gestado ainda em sua campanha. Quando o Presidente Paulo, ainda na campanha, me convidou para desenhar o programa de Responsabilidade Social Empresarial (RSE) para sua gestão, a Fiesp já trabalhava com o tema há 14 anos. Objetivo e pragmático como ele é, me questionou: “Se há tanto tempo se fala sobre o tema responsabilidade social na Fiesp, por que ele não permeia as indústrias?”.

Tínhamos convicções, mas logo que iniciamos o Cores, realizamos uma grande pesquisa. Das mais de 140 mil indústrias que a Fiesp epresenta, apenas 2% são grandes (em número de funcionários e faturamento), 6% são médias e 92% são pequenas e micro-empresas. Assim, constatamos que para o nosso principal “cliente”, essa maioria de micro e pequenas empresas, a receptividade ao tema responsabilidade social é ruim ou é pouco entendida.

O empresário, em geral, pensava: “Eu já pago tantos impostos, dou emprego, não tenho mais dinheiro para outros investimentos!”. Quer dizer, percebemos que a filantropia e a ação social ainda eram entendidas como sinônimos de RSE.

Nosso primeiro desafio era “descolar” os conceitos de ação social da responsabilidade social. A ação social é apenas uma das dimensões da RSE.

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Dra. Eliane Belfort, Diretora titular do CORES – Comitê de Responsabilidade Social da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), concedeu entrevista para a Think & Love para falar sobre os projetos do comitê. Conf ira:

2 – Think & LoveQual é o principal objetivo e qual é a missão do Comitê de Responsabilidade Social da Federação das Indústrias de São Paulo?

Dra. Eliane BelfortSem desconsiderar a importância da filantropia, que deve ser exercida pelo empresário, como cidadão – e incentivamos a prática, mostrando exemplos, como o Dr. Antônio Ermírio de Morais, que doa sua melhor expertise, seu conhecimento e talento, quando se dedica à Beneficência Portuguesa.

Mas, como empresário, a sua primeira responsabilidade é mesmo a manutenção da sua empresa. Pois a empresa promove a eqüidade social ao gerar empregos, e nenhuma ação social substitui o emprego. Assim, o principal objetivo do Cores é difundir o conceito de responsabilidade social/empresarial como uma ferramenta de gestão, que pode e deve contribuir para melhorar a competitividade, o crescimento e o lucro das empresas.

Disseminamos o conceito da responsabilidade social/empresarial que começa de dentro para fora da empresa, que tem início com o respeito aos colaboradores, ofertando emprego de qualidade; a observância à diversidade de sexo, credo, raça, que agrega valor ao negócio. Além do exercício da ética e da cidadania, que deve iniciar com a observância e o respeito à legislação trabalhista, ambiental, fiscal e tributária. Pois esses são pressupostos para uma empresa permanecer no mercado.

3 – Think & LoveQual é o seu maior desafio no comando desse comitê?

Dra. Eliane BelfortO maior desafio é permear o conceito de que não mudamos o mundo; isso é mecânico e cômodo. A tendência do ser humano sempre foi perceber o que está errado no outro, o que está errado nas estruturas de poder, nas quais dificilmente podemos atuar.

Mas mudamos o mundo por meio de nós mesmos e dos nossos raios de influência. Operar a mudança em nós mesmos é um ato de humildade, pois implica uma análise profunda sobre com o que contribuímos para manter o mundo que criticamos. São os atos comezinhos do dia-a-dia, entranhados em todos nós, que perpetuam a corrupção, a desigualdade social e a destruição do planeta, que começa pela destruição da própria espécie humana.

Quando entendemos que a mudança que operamos em nós, empresários, refletirá em nossas empresas e em todas as nossas relações, percebemos por que a responsabilidade social e ambiental não pode ser relegada a um departamento ou área da empresa. Essa mudança de cultura implica entendimento e envolvimento do primeiro escalão da empresa, para que os conceitos permeiem transversalmente em todas as áreas e seja visto como estratégico para a sobrevivência da empresa. A gestão de uma companhia só alcançará a excelência e perdurará no tempo ao considerar-se como partícipe do

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e muito menos em prover soluções. E soluções que ainda resultem em ganhos financeiros, ambientais e sociais. As empresas que começam a pensar seriamente em sustentabilidade iniciaram o processo dissociando a responsabilidade social do modo genérico para a forma mais adequada à sua estratégia. Elas atuam na sociedade como partícipes, integrando-se e buscando benefícios relevantes para si e para as comunidades. As causas beneméritas e ditas “justas” ficam por conta do empresário como cidadão. Para a empresa é definida uma estratégia de negócios.

7 – Think & LoveComo a senhora definiria a responsabilidade social?

Dra. Eliane BelfortResponsabilidade social é o exercício da ética e da cidadania com respeito a todas as formas de vida. Com isso, procuramos mostrar que a indústria não pode responder sozinha a todas as demandas sociais, que se avolumam, mas o industrial pode, a partir da sua fábrica, adotar práticas para diminuir as desigualdades e contribuir para a criação de uma sociedade mais justa, promover o desenvolvimento econômico, ambiental e social, com equilíbrio e eqüidade social, porque a justiça não está nas leis ou no legislador, mas no coração de cada um de nós, que é o sentido da própria humanidade.

processo de construção de uma nova consciência, na qual a produção não pode estar descolada da realidade de suas comunidades e do meio ambiente em que atua.

4 – Think & LoveQuais são os projetos da Fiesp na área de responsabilidade social?

Dra. Eliane BelfortUma das ações mais importantes do Cores foi a elaboração da agenda de responsabilidade social da Fiesp. Trata-se do “Programa Sou Legal” que propõe a difusão, a discussão e a implementação dos conceitos de RSE com o industrial paulista. Isso é feito por meio de seminários, realizados por solicitação dos sindicatos, para seus associados, ou por grupos de empresas – para seus fornecedores, clientes e funcionários, por exemplo. Nos seminários são abordados conceitos como a qualidade de vida. Para que os industriais possam desenhar suas políticas de responsabilidade social, são apresentadas as diferentes ferramentas oferecidas pelo sistema Sesi, Senai, Sebrae e pelos demais parceiros do “Sou Legal”. As ações do programa envolvem ainda

informações pró-transparência nas empresas, os aspectos legais dos financiamentos de campanhas eleitorais, os riscos e conseqüências do não cumprimento de obrigações tributárias, trabalhistas e ambientais, visando fortalecer o compromisso das empresas com a ética e o exercício da cidadania.

O Cores trabalha no âmbito da legislação, com a inclusão econômica e social das pessoas com deficiência. Iniciamos um trabalho parecido com relação à população negra, para incentivar o empreendedor afro-brasileiro, e o Fórum da Saúde, além das leis de incentivo fiscais, para projetos que beneficiem crianças e adolescentes na área cultural, esportiva etc.

5 – Think & LoveComo a Fiesp ajuda seus associados na questão da responsabilidade social?

Dra. Eliane BelfortO Cores ajuda os sindicatos associados à Fiesp e as empresas, por meio da realização dos eventos como a Mostra Sistema Fiesp de Responsabilidade Socioambiental composta por uma exposição

e um congresso gratuitos e da disseminação das idéias e propostas nascidas no âmbito dos nossos fóruns (da pessoa com deficiência, do negro e da saúde). Também assessora os sindicatos e as empresas, atuando quase como uma consultoria, fornecendo informações e indicando parceiros, como os do “Programa Sou Legal”, que oferecem produtos e serviços gratuitamente, de acordo com as necessidades de quem nos procura.

6 – Think & LoveAs empresas ainda pensam em responsabilidade social como filantropia? É um conceito que está enraizado na sociedade brasileira?

Dra. Eliane BelfortA filantropia tem sido importante, mas não suficiente para resolver o crescente problema da pobreza e da exclusão social. Por isso, assistimos no mundo todo, governos como os da Austrália, do Canadá, dos EUA e do Brasil, entre outros, instituírem ações políticas de transferência de renda. O mundo avança em vertiginosa transformação. E não é só nas finanças ou na economia global. Ele se transforma, a todo momento, na vida, no trabalho, nos governos, nos modelos que nos são apresentados e em nossa capacidade de fazer descobertas, no progresso e na decadência. No Brasil, vemos as empresas iniciarem questionamentos sobre o efetivo alcance e poder de transformação dos projetos sociais em que se envolvem. Percebe-se também um descompasso e um desconhecimento. Fala-se em sustentabilidade, mas a maioria continua a assistir a comunidade, não aproveitando novas oportunidades de negócios para a inclusão social e o desenvolvimento econômico. As empresas não têm a prática em perceber os problemas sociais

8 – Think & Love Como a responsabilidade social/empresarial bem estruturada e planejada se transforma em um instrumento para ganhos de qualidade e competitividade em uma empresa?

Dra. Eliane Belfort Retomando a idéia de que a responsabilidade social/empresarial deve fazer parte da gestão da empresa para permear todo seu planejamento estratégico, de modo transversal. Podemos dar alguns exemplos: uma indústria de refrigerantes ou de alimentos, quando apóia um evento cultural ou esportivo, pensa em seu posicionamento a curto prazo; aportando investimentos para a educação ambiental, proteção e conservação de recursos naturais, como a água, está trabalhando para a sustentabilidade da empresa e da comunidade a longo prazo, pois a água é o seu principal insumo para a produção. O mesmo é válido para uma empresa de tecnologia da informação. Um programa de doação de computadores para a comunidade é uma ação de curto prazo, tanto para a comunidade, quanto para a empresa. Já investir em capacitação, treinamentos, cursos de línguas estrangeiras, é pensar na sustentabilidade da comunidade, da empresa, da região, do País etc. Mas muitas empresas começam

a questionar a limitação dessas ações e os recursos destinados a essas tarefas. Percebem que há a necessidade do aprofundamento das questões relativas à sustentabilidade, partindo de dentro de sua planta, de seu processo produtivo, investindo em pesquisas e desenvolvimento, pró-resíduo-zero, retrabalho-zero, reúso de água, produção reversa, educação ambiental e treinamento dos colaboradores, voltados para a competitividade, com a valorização da qualidade.

Finalmente, vemos nas empresas que estão confluindo os qualicistas, os ambientalistas, os economistas e os humanistas. O resultado são ações que, conectadas ao “primeiro homem” da companhia, integram parte importante da gestão estratégica das empresas e carecem do envolvimento transversal e de uma nova visão da produção e da educação no mundo do trabalho. Essa nova visão cria um “círculo virtuoso”, com base na nova consciência ambiental do trabalhador, que permeia na família, na comunidade, nascendo aí um cidadão responsável e um consumidor consciente, um ativista da sustentabilidade, que passa a exigir e pautar, cada vez mais, a produção de bens e serviços dentro da ótica da conservação.

Nesse contexto, percebemos que a empresa, após investimentos significativos, realmente aufere lucros e aumenta sua competitividade.

A sociedade é educada e formada dentro dos princípios da sustentabilidade e o meio ambiente é pensado de forma a encontrar o equilíbrio, que passa, necessariamente, por novos modelos de produção e consumo

> Presidente da FIESP, Paulo Skaf, ao lado de Eliane Belfort

> Mostra FIESP de Responsabilidade socioambiental

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/Todos juntos para vencer a pobreza/

/actionaid/

Não é novidade que o Brasil tem um dos piores índices de desigualdade social da América Latina. Fundada no País em 1998, a ActionAid, que tem sua sede no Rio de Janeiro, luta com ações e projetos para diminuir essa discrepância social. A primeira forma encontrada diz respeito ao trabalho realizado com movimentos sociais e outras organizações da sociedade civil na luta pela garantia dos direitos das pessoas pobres e excluídas. Tais direitos incluem acesso ao trabalho, à alimentação, à educação de qualidade, igualdade de oportunidades para homens e mulheres, para brancos, negros e indígenas, além do direito à participação política e a ter informações sobre como o governo age e como gasta os recursos que são de todos. Esse trabalho é feito

por meio da atuação em rede com outras organizações, de campanhas e outras formas de articulação que pressionam o governo para implementar ou aperfeiçoar as políticas públicas que beneficiem toda a população.

A segunda forma de trabalho da ActionAid é a atuação com organizações comunitárias, sindicatos, associações de bairro, associações de pequenos agricultores e outras, visando melhorar, de forma concreta e transformadora, as condições de vida das pessoas que vivem em comunidades pobres e excluídas em diferentes regiões do Brasil. Por meio dessas ações, querem demonstrar o potencial de transformação das comunidades e de suas organizações e apresentar exemplos de ações efetivas conduzidas

oportunidades de trabalho; estimulou o empreendedorismo; realizou pesquisa sobre a situação nutricional e fez denúncia da desnutrição infantil na Cidade de Deus, e uma campanha pelo acesso de pessoas pobres à educação. Com as mulheres, fez um trabalho de capacitação para gerar renda; ensinou a defender os interesses e necessidades de suas comunidades e a apoiar a Lei Maria da Penha, que combate a violência doméstica.

Formou também com os jovens uma rede de voluntários denominada Activista em que reuniram 150 mil pessoas na campanha AlimentAÇÃO em jogos no Maracanã. Ensinou também as práticas agrícolas com proteção do meio ambiente.

Às crianças, ensinou sobre a flora e fauna da região e prevenção da dengue (teatro, reciclagem, pesquisas, desenhos).

Como principais conquistas da organização destacamos:

> as parcerias que construíram com movimentos sociais e organizações da sociedade civil;

> a desmobilização do processo que levaria à criação de uma área de livre comércio das Américas, que prejudicaria pequenos agricultores e outros setores da população mais pobres no País;

> a conquista da aprovação da lei que instituiu o Fundeb – Fundo para o Desenvolvimento da Educação Básica, que destina mais recursos para a melhoria da educação desde as creches até o Ensino Médio no Brasil;

> ampliação do número de pequenos agricultores familiares que utilizam técnicas agroecológicas para a produção de alimentos, melhorando também a qualidade da sua alimentação;

> fortalecimento de organizações de mulheres para lutarem pelos seus direitos;

> promoção de atividades educativas culturais para milhares de jovens que vivem nas áreas mais pobres e excluídas de cidades brasileiras.

trabalhistas e do cumprimento de compromissos fiscais. É interessante que considere também como sua empresa produz, que efeitos positivos e negativos têm essa produção, como colaborar para a melhoria das condições de vida dos seus empregados, como garantir que seus fornecedores obedeçam também regras de sustentabilidade. Mas não podemos perder de vista o fato de que o Estado tem um papel de grande responsabilidade na garantia dos direitos fundamentais de todo cidadão e que deve representar os interesses de todos os segmentos da sociedade e não apenas de grandes empresários, representantes de instituições financeiras e agroexportadores.

2 – Think & LoveEm dez anos no Brasil, quais foram as principais dificuldades que enfrentaram?

Lucimara LetelierClientelismo e corrupção política que prejudicam a organização comunitária em muitas comunidades pobres; a expansão do agronegócio em várias regiões do País, trazendo conseqüências negativas para a agricultura familiar e o meio ambiente; a violência urbana, tanto provocada pelo tráfico de drogas quanto pelas polícias e milícias, que impede que algumas atividades sejam realizadas, principalmente em áreas de favela do Rio de Janeiro; o preconceito que continua a existir contra as mulheres na sociedade, levando-as a ter menos autonomia no âmbito da família e do ponto de vista econômico.

Lucimara Letelier é Coordenadora de Captação de Recursos da ActionAid desde agosto de 2005, responsável por implantar esse setor da ONG no Brasil. Formada em Comunicação e Marketing pela ESPM-SP e com Mestrado em Administração Cultural pela Boston University, nos EUA. Tem dez anos de experiência em marketing, captação e comunicação para organizações sem fins lucrativos nas áreas social e cultural.

1 – Think & LoveSabemos que educação é um direito humano fundamental que é garantido pelo Estado. De que maneira a iniciativa privada pode contribuir com a garantia desse e dos demais direitos básicos, como alimentação e saúde?

Lucimara LetelierÉ preciso que os representantes do setor privado pensem para além do que está previsto em lei, da obrigatoriedade de garantir direitos

por elas que podem – e devem – ser realizadas também pelos governos em âmbito local, estadual e nacional.

Já são 35 anos de trabalho pelo mundo e a ActionAid foi reconhecida internacionalmente pelo Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) como uma das organizações sem fins lucrativos mais competentes. Não é à toa que, em dez anos de trabalho no Brasil, a ActionAid deu apoio a cerca de 62 mil famílias brasileiras. Na área rural, deu apoio às famílias para venda de seus produtos agrícolas; ajudou na educação ambiental e intercâmbio de agricultores, hortas comunitárias, cultivos orgânicos, criação de pequenos animais e na produção de polpa de fruta e mel. Na área urbana, ampliou as

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3 – Think & LoveCite-nos um case, algum projeto da ActionAid que você gostaria de comentar em razão dos resultados obtidos ou dos conceitos que o envolviam.

Lucimara LetelierAo longo desses dez anos de trabalho no Brasil, temos muitas histórias para contar e exemplos de que é possível transformar a vida das pessoas pobres se agirmos junto com elas na luta pela garantia dos direitos fundamentais. Uma dessas histórias tem um grande significado para nós porque marca nossa chegada ao Brasil e envolve a garantia do acesso à água e ao alimento. Quando fomos visitar pela primeira vez a comunidade de Feijão, que fica no município de Mirandiba, no sertão de Pernambuco, não havia energia elétrica, nem água e tampouco alimento suficiente para as pessoas que lá viviam. A principal dificuldade da comunidade era a água, pois só tinha um poço que sempre secava, então as pessoas combinavam quem teria água em tempos de seca. Só se comia feijão, plantado em época de chuva, quando chovia. A atuação da ActionAid, em parceria com a ONG local Conviver, permitiu a construção e gestão comunitária de um poço e uma cisterna, além da criação de uma horta comunitária com base na agroecologia.

A vida da comunidade de Feijão tem melhorado a cada ano, desde que começou o projeto. Hoje, com a água, cada casa tem a sua horta e as famílias podem produzir e vender o que plantam, garantindo

assim sua renda. Podem também melhorar a qualidade da alimentação, que agora conta com frutas, verduras e legumes. A comunidade de Feijão produz e vende mais de 300 quilos de polpa de fruta por ano.

Destacamos também aqui o caso das mulheres da comunidade de Barbalho, no município de Cabo de Santo Agostinho, que fica na Zona da Mata de Pernambuco. Por meio da nossa parceria com a ONG local Centro das Mulheres do Cabo foi feito, a partir da perspectiva das mulheres, um diagnóstico dos principais problemas da comunidade. Após esse diagnóstico, as mulheres identificaram a melhoria das suas casas como uma das prioridades, uma vez que as moradias da comunidade estavam em situação muito precária: eram em sua maioria barracos de madeira. A ActionAid pôde oferecer um recurso inicial para criar um fundo rotativo comunitário que permitiu que mulheres se organizassem e juntas reformassem/construíssem suas casas, melhorando as condições de vida e fortalecendo o papel da mulher nessa comunidade.

4 – Think & LoveQuais são as formas de captação de recursos adotadas pela ActionAid?

Lucimara LetelierDesde sua fundação na Inglaterra, em 1972, a ActionAid procura sensibilizar as pessoas para que elas façam parte desse trabalho, que se comprometam em ajudar pessoas pobres em todo o mundo. Hoje, cerca de 70% da receita total

Lucimara LetelierAtualmente, no Brasil, a ActionAid tem foco de captar junto às pessoas físicas, mas já está previsto para 2009 o início de um programa de parcerias com empresas brasileiras ou que estejam situadas no Brasil. O programa prevê a sensibilização de funcionários para que apadrinhem uma criança. A idéia é que a empresa conheça melhor o trabalho da ActionAid para que, talvez no futuro, possamos receber aporte diretamente da empresa.

A ActionAid tem um setor que avalia as empresas e os setores, a fim de se certificar de que estejam coerentes com a missão da organização, e que sejam socialmente responsáveis. Há uma avaliação bastante criteriosa antes de iniciar a parceria com uma empresa, pois não são aceitas indústrias extrativistas que provoquem impacto socioambiental negativo, ou empresas que causem danos à saúde, como indústrias de tabaco, empresas de pesquisa farmacêutica, agroindústrias etc.

Acreditamos, porém, que a doação por meio da pessoa física tem uma função muito importante que vai além do recurso arrecadado. É uma forma de engajamento da sociedade civil, de participação para a mudança social. A ActionAid entende que começando a captar com pessoas físicas pode iniciar um ciclo de relacionamento com esse doador, que sensibilizará também seus amigos e esses poderão ampliar essa rede, trazendo ainda seus contatos com empresas e fundações e outras formas possíveis de engajamento.

6 – Think & LoveVocê acredita que as empresas estão mais conscientes agora de suas responsabilidades sociais do que no passado? Por quê?

Lucimara LetelierNão se pode negar que os avanços na área do investimento social privado nos últimos anos foram muitos. Mas ainda há muito a se fazer. Uma grande parcela do setor privado ainda investe em projetos sociais apenas como uma das ações de marketing da empresa.

Para que o papel das empresas vá além do cumprimento de suas obrigações – éticas, fiscais, tributárias e legais – , não basta que elas apóiem projetos sociais. É preciso que a filosofia seja transversal e que as ações comprometam todas as áreas da empresa, impactando decisões de compra, relação de fornecedores, escolha da matéria-prima e todo processo de decisão socialmente responsável.

7 – Think & LoveQuais são os maiores desafios de realizar a captação no Brasil?

Lucimara LetelierTemos um grande desafio: o de contribuir para que as pessoas vejam que existem ONGs sérias, que fazem um verdadeiro trabalho de transformação social com as pessoas pobres. E que cada vez mais pessoas entendam que é preciso que todos nós assumamos o compromisso de mudar o mundo, por meio da garantia de que todos os seres humanos tenham acesso a direitos fundamentais.

Há uma percepção nem sempre real sobre a situação de pobreza no Brasil. As pessoas que podem doar recursos financeiros muitas vezes não doam porque não têm idéia da realidade da pobreza no Brasil. Um dos nossos desafios é desnudar essa realidade para que essas pessoas trabalhem conosco e com as comunidades pobres e possamos, assim, mudar a vida das pessoas que apóiam e das que são apoiadas!

/SAIBA MAIS SOBRE A ACTIONAID/

Quando foi fundadaEm 1972, na Inglaterra. Em 1998, no Brasil.

Objetivo principal da entidadeTrabalhar com as pessoas pobres para pôr fim à pobreza e à fome.

Projetos existentes na entidade por área de atuaçãoDesenvolvem projetos com 18 parceiros nas seguintes áreas de atuação: direito à alimentação, à educação, à saúde, à moradia, direitos das mulheres, dos afro-descendentes. As áreas podem ser conhecidas no link: www.actionaid.org.br/Portals/0/Docs/relatorio_anual2007_final.pdf

Mantenedores atuais450 mil doadores em todo o mundo, sendo mil no Brasil.

Como as empresas (PJ) podem ajudar a entidade?Entrando em contato com a área de captação pelo telefone (21) 2189-4609 para participar de um programa com seus funcionários.

Como os cidadãos (PF) podem ajudar a entidade? Apadrinhando uma criança pela ActionAid www.mudeumavida.org.br

Canais para contatoSite: www.mudeumavida.org.brTelefone: 0300 100 0300

da ActionAid é proveniente de doações de pessoas físicas, por meio do Programa de Apadrinhamento, e os outros 30% vêm de fundações internacionais e empresas.

Até 2006, o trabalho realizado no Brasil dependia exclusivamente de doações internacionais. Mas desde 2007, começamos a contar também com doadores brasileiros (pessoa física) que hoje já chegam a mil.O Apadrinhamento da ActionAid é a forma mais participativa das pessoas apoiarem o trabalho que realizamos com as comunidades pobres no Brasil. O doador cria um vínculo com uma criança e acompanha por meio de mensagens, fotos e relatórios, a transformação que ocorre na comunidade em que a criança vive. A prestação de contas é transparente e efetiva.

Toda nossa campanha conta uma história real, com pessoas e crianças das comunidades pobres com as quais trabalhamos. O doador pode ver no filme da TV ou no site algumas das crianças que irá ajudar. E quando se apóia uma criança também são beneficiados sua família, os vizinhos e toda a comunidade de regiões de extrema pobreza: são 570 comunidades e mais de 300 mil pessoas em todo o Brasil. O doador faz sua parte, nós fazemos a nossa, a comunidade faz a dela. E, juntos, mudamos o mundo.

5 – Think & LoveAlém da oportunidade de apadrinhamento oferecida para pessoa física, as empresas também podem apoiar ou patrocinar algum projeto?

> Criança escreve mensagem para doador; Horta agroecológica e moradia feita em parceria com a ActionAid.

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/visão mundial/

ong incentiva o desenvolvimento auto-sustentável.

Em uma viagem pela China para fazer um filme sobre as missões cristãs, o jornalista Bob Pierce ficou chocado com a situação de pobreza. Uma criança em especial, a menina White Jade, chamou a sua atenção. Ela havia sido expulsa de casa pelo pai porque visitou uma escola de missionários. A escola não pôde aceitá-la como aluna e Pierce prometeu que a cada mês iria enviar dinheiro para patrocinar seus estudos.

Pouco tempo depois, numa viagem pela Coréia, o jornalista conheceu de perto os problemas causados pela guerra: crianças e adultos sem casa, comida, água ou cuidados médicos. O americano voltou ao seu país e em 1950 fundou a ONG World Vision para ajudar as famílias na Ásia.

No Brasil desde 1975, a organização vem enfrentando a pobreza e a exclusão social no País por meio dos programas com crianças e adolescentes que vivem em comunidades em situação de vulnerabilidade. Os locais em que desenvolve projetos são: Nordeste e Vale do Jequitinhonha, Norte de Minas Gerais, Amazonas, Tocantins e nas áreas metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A ênfase dos programas desenvolvidos pela ONG está em saúde, educação, desenvolvimento comunitário e econômico, agroecologia, promoção da justiça, emergência e reabilitação.

O objetivo é promover o bem-estar das pessoas e a idéia é trabalhar com projetos de longo prazo que vão possibilitar o desenvolvimento auto-sustentável das famílias. Um desses programas dá apoio a pequenos produtores e empreendedores. Eles abrangem concessão de micro crédito rural e urbano, orientação técnica, projetos de irrigação e manejo da agricultura com preservação do meio ambiente, comercialização

e abertura de mercados no Brasil e no exterior. Para agir nas situações em que a vida pede socorro, a Visão Mundial também criou os projetos emergenciais, quando busca a reabilitação de pessoas em situação de calamidade, como a problemática em algumas regiões brasileiras com a seca. O programa SOS Seca ajudou centenas de famílias no interior do Estado de Alagoas. Além da distribuição de cestas básicas para resolver imediatamente o problema da fome, foram construídos reservatórios que garantem o abastecimento de água para as famílias e foi criado um banco de sementes.

Atuando em todas as circunstâncias em que a vida está ameaçada, a Visão Mundial alia-se a outras ONGs para fazer valer o Estatuto da Criança e do Adolescente. Uma das maiores preocupações é o combate à exploração e abuso sexual de crianças, e ao turismo sexual. Pela preocupação com o bem-estar do ser humano, a instituição recebeu em 2005 o prêmio Bem Eficiente, uma premiação promovida pela Kanitz&Associados com auditoria da Price WaterHouse Coopers, destinada às organizações sociais com destaque em transparência e eficiência no País. O lema da organização é encontrar alternativas transformadoras para que as famílias assistidas possam caminhar com as próprias pernas. É para isso que a Visão Mundial trabalha. São vidas que transformam vidas.

Ronaldo Martins, Diretor de relações institucionais da Visão Mundial no Brasil, conversou com a Think & Love:

1 – Think & Love Atualmente, quais são os projetos desenvolvidos pela Visão Mundial?

Ronaldo MartinsA Visão Mundial desenvolve projetos nas áreas de Desenvolvimento Infantil (Saúde e Educação), Economia Popular Solidária, Agroecologia e Desenvolvimento Rural, Educação Financeira, Formação Sociopolítica, Prevenção DSTs e HIV/Aids, Habitação, Promoção de Justiça/Advocacy, Emergência e Reabilitação e Compromisso Cristão.

2 – Think & LoveQuais são as expectativas e o retorno dos projetos desenvolvidos no Brasil?

Ronaldo MartinsNossos programas e projetos são desenvolvidos na perspectiva de que todos os meninos e meninas, suas famílias e comunidades, alcancem a plenitude de vida com dignidade, justiça, solidariedade, paz e esperança.

3 – Think & LoveDe que forma a Visão Mundial identifica as regiões e as áreas nas quais as pessoas precisam de ajuda? Explique o que é um PDA.

Ronaldo MartinsO Programa de Desenvolvimento de Área – PDA, é a principal estratégia operacional da Visão Mundial. Cada PDA se estrutura em uma área geográfica específica, na qual são estabelecidas parcerias com organizações locais e desenvolvidas ações e projetos integrados nas áreas citadas acima. As regiões são identificadas por estudos que comprovam os baixos índices de desenvolvimento humano.

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4 – Think & LoveA organização já enfrentou dificuldades para ir adiante com algum projeto por causa da resistência da comunidade local ou do governo? Como o entorno e as pessoas que ali convivem colaboram?

Ronaldo MartinsNão, trabalhamos em parceria com as organizações locais e acessamos fundos governamentais e multilaterais.

5 – Think & LoveQual é a maior dificuldade em definir e investir em um projeto de cunho social?

Ronaldo MartinsAs necessidades são muitas e nisso está a maior dificuldade. Muitas necessidades e poucos recursos.

6 – Think & LoveSabemos que pessoas físicas podem colaborar com a Visão Mundial; como é possível fazer o apadrinhamento de uma criança? Qual é o passo a passo?

Ronaldo MartinsPara conhecer mais da Visão Mundial, e contribuir, basta entrar em contato por telefone, carta, e-mail ou por meio do site. Haverá pessoas disponíveis para explicar como a Visão Mundial trabalha, quais são as comunidades que atendemos e as formas pelas quais podem ser feitas as doações.

7 – Think & LoveEntre as diversas áreas para as quais a Visão Mundial trabalha (saúde, educação, desenvolvimento

/SAIBA MAIS SOBRE A VISÃO MUNDIAL/

econômico etc.), onde os resultados aparecem mais facilmente? Por quê?

Ronaldo MartinsNão há resultado fácil quando se trabalha para transformar realidades. A Visão Mundial no Brasil trabalha por resultados duráveis.

8 – Think & Love Qual é a principal preocupação da Visão Mundial com relação ao futuro das crianças do Brasil?

Ronaldo MartinsUma das principais preocupações da organização é garantir que as crianças e suas famílias tenham qualidade de vida, com educação e saúde, oportunidades e direitos assegurados. Acesso à terra, trabalho e renda, crédito e moradia. Além de construção de processos democráticos e participativos que possibilitem a formulação de políticas públicas que garantam os direitos mencionados acima

Quando foi fundada: A Visão Mundial atua no Brasil desde 1975.

Objetivo principal da entidade:Em nossos projetos, priorizamos as crianças que vivem em comunidades empobrecidas e em situação de vulnerabilidade. Para que as crianças tenham um futuro mais digno, a Visão Mundial acredita ser necessário transformar a realidade das famílias e das comunidades nas quais elas vivem. Por isso, o foco do trabalho é a promoção do desenvolvimento transformador sustentável. A Visão Mundial procura assegurar que os processos de desenvolvimento transformador sejam sempre baseados na comunidade e focados no bem-estar das crianças de maneira sustentável.

Projetos existentes na entidade por área de atuação: A Visão Mundial tem 53 Programas de Desenvolvimento de Área (PDA) e 37 projetos especiais e está presente nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste do País com diversos projetos.

Mantenedores atuais: A Visão Mundial recebe recursos vindos do exterior, empresas, fundos governamentais e multilaterais e pessoas físicas.

Gestores atuais: Carlos Queiroz é o Diretor-executivo da Visão Mundial no Brasil. Eduardo Nunes é Diretor-executivo adjunto. Ader Assis é Diretor de Mobilização de Recursos, Ronaldo Martins é Diretor de Relações Institucionais,

Darcy Vieira é Diretora de Administração e Finanças, e Alcimar Trancoso é Diretor interino de Programas.

Como as empresas (PJ) podem ajudar a entidade?Através de doações ou financiamento de projetos.

Como os cidadãos (PF) podem ajudar a entidade?Pessoas físicas podem ajudar através de doações com valor mensal fixo revertido para os projetos em que as crianças apadrinhadas estão inscritas.

Canais para contato: Site: www.visaomundial.org.brE-mail: [email protected]: 0300 788 7999

> Família recebe atendimento médico.

/empresas ambientais,ambientalistas cidadãos/

/Consciência e Atitude Por um mundo melhor./

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Think & LOvePense e Ame.

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Cazuza foi “a voz” da década de 1980. O cantor assumiu publicamente sua doença com estas palavras: “Hoje, assumi em público a minha doença, estou mais leve, mais livre, mas ainda tenho muitos medos. Medo de voar, de amar, de morrer, de ser feliz”. Viveu intensamente e deixou como legado para a música popular brasileira mais de 200 composições. Três meses após sua morte, em 1990, um show em homenagem ao cantor foi realizado na Praça da Apoteose, no Rio de Janeiro, e teve a renda da bilheteria revertida para o Hospital Universitário Gaffrée e Guinle. O pessoal do hospital não queria somente as verbas arrecadadas com o show, queria o trabalho de Lucinha Araújo, a mãe do cantor que virou um símbolo da luta contra a aids por ter ficado o tempo todo ao lado do filho.

Ela começou a trabalhar juntamente com o hospital e o trabalho informal resultou, em 1991, na ONG Viva Cazuza. No ano seguinte, criou um trabalho independente fornecendo medicamentos e exames a pessoas carentes portadores do HIV. O objetivo principal era a assistência e a prevenção à aids.

Somente em 1993 conseguiram a cessão de uso de um imóvel da Prefeitura do Rio de Janeiro para montar a primeira “Casa de Apoio Pediátrico do Município”. A casa abriga 20 crianças carentes portadoras do HIV e fornece tratamento médico, educação, reintegração familiar, lazer e cultura para os pacientes. As crianças entre dois e 16 anos abrigadas na casa são órfãs ou têm os pais vivos portadores de HIV. O tratamento é a diferença entre a vida e a morte. Os 23 funcionários possuem um vínculo

afetivo com os moradores e trabalham 24 horas por dia, porque os remédios devem ser ministrados no horário certo para o organismo não criar resistência ao vírus. Cada um na sua faixa etária sabe entender o que tem. A conversa muda de acordo com o avanço da idade, tudo é discutido para as informações ficarem claras e despertar a consciência para eles se cuidarem. As crianças se tratam ali, mas todas saem para ir à escola Luiza Branches, que fica a duas quadras da casa.

Com o passar dos anos, novos projetos foram se incorporando à entidade, como o site educativo e informativo sobre aids em parceria com o Programa Nacional de DST/aids, Johns Hopkins University, que traz informações científicas

atualizadas para o português e o esclarecimento de dúvidas. Outro projeto de apoio social, que visa à adesão ao tratamento para pacientes adultos em hospitais da rede pública, atende 150 pacientes adultos em acompanhamento ambulatorial.

Existe uma percepção equivocada de que a casa sobrevive apenas com os direitos autorais de Cazuza. Isso não é verdade. A entidade precisa de recursos e doações porque os encargos são altos. Cazuza, em uma de suas músicas, cantava que o tempo não pára. Em épocas em que o tempo é um bem precioso, Lucinha Araújo fala que entendeu o significado dessa frase ao praticar a solidariedade porque quem foi já não volta mais.

/sociedade viva cazuza/

lucinha araújo, presidente da Sociedade Viva Cazuza, ajuda pacientes na luta contra a Aids

O EXEMPLO BRASILEIRO

A aids ainda é uma doença incurável, porém a realidade da doença foi radicalmente modificada no Brasil por causa da ação do Ministério da Saúde. Desde 1985, o Programa Nacional de DST e Aids se diferenciou de outros programas do mundo por seu pioneirismo na prevenção e no tratamento das pessoas que vivem com HIV e aids.

O pioneirismo serviu de exemplo para vários países do mundo, principalmente os países em desenvolvimento.

Outro diferencial é o Sistema Único de Saúde, que é organizado e com responsabilidades e atribuições definidas legalmente. Há também os conselhos estaduais e municipais de saúde, instituições legalmente constituídas que permitem que a população exija seu direito e tenha formas legais de acionar o Ministério Público ou a Defesa do Consumidor. Nesses 23 anos, o programa tem se destacado internacionalmente por aliar sua política de distribuição de medicamentos anti-retrovirais com as ações de prevenção e de direitos humanos.

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A Think & Love conversou com Lucinha Araújo, presidente da Sociedade Viva Cazuza e mãe do cantor Cazuza, para saber quais são os desafios que a instituição e os pacientes enfrentam e como a combinação remédio e amor são fundamentais para o tratamento da doença. Acompanhe:

1 – Think & LoveComo são realizados os trabalhos dentro da instituição?

Lucinha AraújoTemos duas equipes. Uma de funcionários contratados e treinados – composta por supervisores/educadores, pedagogo, assistente social, auxiliar de enfermagem, babás, cozinheiros, serventes de limpeza e lavanderia e vigias – e uma equipe de voluntários composta por médicos, psicólogos, dentistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos que atendem em seus consultórios.

3 – Think & LoveQuais foram os maiores desafios que já enfrentaram?

Lucinha AraújoTemos vários desafios. O primeiro é o enfrentamento da própria doença, que apesar de hoje ter muitos remédios e do tratamento trazer qualidade e quantidade de vida para os pacientes, não podemos esquecer que ainda é uma doença que não tem cura e que nem todos os pacientes se beneficiam do tratamento igual, além dos efeitos colaterais dos medicamentos. O segundo desafio é a manutenção de nossos projetos que a cada ano vemos reduzidos os recursos destinados para aids, não só os provenientes dos convênios públicos, mas também os de doações.

4 – Think & LoveComo você enxerga os trabalhos do terceiro setor no Brasil atualmente?

Lucinha AraújoPercebemos que a atuação do terceiro setor no Brasil vem se solidificando e se tornando cada vez mais importante. Hoje, as instituições que atuam na área, na sua maioria, já não são mais assistencialistas e investem na formação da cidadania, o que é muito bom, mas sempre temo pelo vazio deixado pelos governos nas áreas de educação e saúde. Por outro lado, percebo que as instituições que desenvolvem um trabalho sério são sobrecarregadas pelas burocracias enquanto vemos outras desviando dinheiro público sem o menor controle.

5 – Think & LovePouco tem se falado sobre a aids nos dias de hoje. Qual seria o motivo?

Lucinha AraújoÉ verdade, quase não se fala mais na aids. Hoje, o espaço que a aids ocupa na imprensa é cada vez menor. Acredito que os novos medicamentos, que trouxeram qualidade e quantidade de vida para os pacientes, fizeram com que as pessoas não se preocupassem mais com a doença. É como se a aids tivesse saído de moda e, com isso, vem crescendo o número de novos casos entre jovens que estão iniciando a vida sexual, que acham que é só tomar um remedinho e está tudo resolvido. Há uma banalização da doença, mas a AIDS ainda não tem cura.

6 – Think & LoveComo as crianças ou adolescente são reinseridos na sociedade após passar pelos tratamentos que vocês oferecem? Qual é o procedimento padrão?

Lucinha AraújoMantemos uma Casa de Apoio Pediátrico e tentamos suprir todas as necessidades das crianças aqui abrigadas. Elas vão à escola, praticam esportes, têm amigos, vão ao cinema, teatro, praia etc. Uma de nossas preocupações é dar a elas condições de ter uma vida o mais normal possível com capacidade para futuramente terem um trabalho e uma vida independente. Temos um programa de reintegração familiar e, sempre que essas crianças são reintegradas às suas famílias, as colocamos no Projeto de Adesão para que elas venham aqui uma vez por mês, para sabermos se estão se tratando, indo à escola... Damos também uma cesta básica.

7 - Think & LoveQual mensagem você gostaria de passar para mães de crianças ou adolescentes portadoras do HIV?

Lucinha AraújoInfelizmente, a aids ainda é uma doença que não tem cura, mas se o paciente se tratar ele tem chances de levar uma vida boa.

Lucinha AraújoA Sociedade Viva Cazuza está sediada na cidade do Rio de Janeiro e trabalhamos exclusivamente com pessoas com carência socioeconômica comprovada. As crianças são encaminhadas, na sua maioria, pelo Juizado de Menores e Conselho Tutelar, e os pacientes do Projeto de Adesão são encaminhados pelo serviço social das unidades hospitalares.

2 – Think & LoveComo é formada a equipe que trabalha na Sociedade Viva Cazuza?

Meu conselho para as mães é que dêem todo o suporte e amor a seus filhos. Remédio e amor são fundamentais para o tratamento.

8 – Think & LoveComo os trabalhos que realiza no instituto e as experiências pelas quais passou a fizeram “repensar” a vida?

Lucinha AraújoNunca fui uma pessoa de me interessar só pela vida social. Acho que o meu trabalho à frente da Sociedade Viva Cazuza é fundamental para mim. Costumo dizer que faço uma troca e às vezes acho que as crianças me ajudam mais do que eu a elas. Venho aqui todos os dias e é aqui que recarrego minhas baterias.

9 – Think & LoveQual é a lição que fica para a senhora. após tantos anos de trabalhos do Instituto Viva Cazuza?

Lucinha AraújoCazuza sempre dizia que o trabalho é fundamental na vida e que uma pessoa que não trabalha não consegue nem amar

SAIBA MAIS SOBRE A sociedade VIVA CAZUZA

Quando foi fundada17 de outubro de 1990.

Missão principal da entidadeDar assistência a crianças carentes portadoras do vírus da aids, assistência social a pacientes adultos em tratamento na rede pública na cidade do Rio de Janeiro e difundir informações científicas sobre HIV/aids além de esclarecimento de dúvidas para profissionais de saúde ou leigos.

Gestores atuaisPresidente: Maria Lúcia da Silva Araújo; Vice-presidente: Lilibeth Monteiro de Carvalho Marinho; Secretária: Nélia Marisa Perez; Tesoureiro: João Alfredo Rangel de Araújo;

Conselho Fiscal Titular: Loreta Burlamaqui da Cunha, Vanja Maria Bessa Ferreira Betina Durovni; Conselho Fiscal Suplente: Paulo Malta Muller, Carlos Eduardo de Moraes Honorato; Paulo César Ferreira; Conselho Consultivo: João Baptista Malan de Paiva Chave, Ney de Souza Pereira, Sérgio Alberto Monteiro de Carvalho, Tibério César Gadelha, Elimar dos Santos. Equipe Diretora Médica: Loreta Burlamaqui da Cunha; Gerente e Coordenadora de Projetos: Christina Moreira da Costa; Supervisor: Pedro Chicri Carvalho; Assistente de Supervisão: Guttemberg Lima Rosa, Maria Beatriz Costa Casado; Pedagoga: Silvia Maria Ventura Mendel

Como os cidadãos (PF) ou empresas (PJ) podem ajudar a entidade?A instituição para se sustentar depende de eventos beneficentes, convênios com órgãos públicos e doações, que podem ser feitas de segunda a sexta-feira das 7h às 19h à Rua Pinheiro Machado, 39, Laranjeiras, Rio de Janeiro. Doações em espécie podem ser feitas também através de depósito para:Sociedade Viva Cazuza Banco Bradesco – Agência 0887-7 C/C 26901-8

Canais para contatoSite: www.vivacazuza.org.brE-mail: [email protected]: (21) 2551 5368 / fax: (21) 2553 0444

> O cantor Cazuza

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/instituto ayrton senna/transformando sonhos em realidade

Ayrton Senna, campeão mundial de Fórmula 1, costumava dizer que se quiséssemos modificar alguma coisa seria pelas crianças e pela educação que deveríamos começar. Após sua trágica morte, em 1994, os familiares perceberam que não era à toa que o ídolo era chamado de “Ayrton Senna do Brasil”. O piloto já não pertencia apenas à família Senna e sim ao povo brasileiro. Sua morte foi considerada uma tragédia nacional. A comoção do povo nas ruas e as mensagens de carinho foram as principais motivações da irmã, Viviane Senna, para cumprir um desejo do campeão. O herói Ayrton partia, mas deixava por aqui a sua vontade de construir um instituto capaz de lutar por aquilo que ele acreditava.

Após 14 anos de atividade, os números do Instituto Ayrton Senna impressionam. Cerca de 9,5 milhões de crianças e adolescentes já participaram de programas. E o instituto investiu cerca de R$ 161 milhões em programas educacionais. Uma parte desses recursos vem de 100% dos royalties sobre uso de imagem dos 240 produtos licenciados do Ayrton e do Senninha, cedidos pela família ao instituto. A outra parte é gerada por alianças com empresas socialmente responsáveis como Bradesco Capitalizações, Microsoft, Vale do Rio Doce, Votorantim, Citigroup, HP Invent, Vivo, Martins, Neoenergia, Lide/EDH, Lilly, Tribanco, IBM, Grendene e Credicard/Citi.

Depois de muitos anos de trabalho e avaliações externas, as soluções educacionais são desenvolvidas em escala, para redes municipais ou estaduais, e os alunos custam em média 150 reais por ano. Os resultados continuam expressivos: 98% do total dos participantes são alfabetizados. A equipe interna é

formada por cerca de 70 profissionais e os programas atendem aproximadamente 1,5 milhão de crianças e jovens anualmente. Para garantir qualidade, eles contam com os “atores intermediários”. São cerca de 60 agentes técnicos capacitados, formados e credenciados por eles, que funcionam como “braços” nas outras regiões.

Na prática, o instituto atua em duas dimensões. A primeira é na implementação das soluções educacionais: a pedagógica, com o desenvolvimento de material didático, das caixas de livros para leitura, de material orientador para o professor, das formações iniciais e, ao longo do ano, também para os professores. A outra é a gerencial, com o auxílio de um sistema de informação informatizado – o Siasi (Sistema de Informação Instituto Ayrton Senna) –, que permite o monitoramento e a supervisão do desempenho das crianças e do professor em sala de aula. A equipe do instituto e as secretarias de educação parceiras conseguem acompanhar todos os indicadores – que mostram se os alunos estão atingindo os resultados propostos para cada mês de atividade – e interferir, caso seja necessário. Por exemplo, se uma turma, em um determinado período, tivesse que ler dois livros e o sistema informasse que apenas um foi lido, a equipe vai pesquisar o que aconteceu e definir o que tem que ser feito para ajustar o processo para que a meta de leitura de 40 livros por ano seja atendida para ter o resultado final esperado. Outro diferencial é o trabalho orientado, que é feito com os professores. Supervisores da secretaria de educação são formados pelo instituto e acompanham o professor na sala de aula – é o treinamento em serviço.

É fato que os desafios do País são muito grandes, ainda há muito por fazer, por isso o instituto busca novos parceiros para poder ampliar o trabalho. Este ano abriu-se espaço para as doações de pessoas físicas. A pessoa que queira abraçar a causa acessa o site, faz seu cadastro e passa a colaborar. Os sonhos de Senna por uma nação menos desigual formada por crianças e jovens vencedores se tornou realidade.

Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna e irmã do piloto de Fórmula 1, conversou com a Think & Love. Leia:

1 – Think & LoveO instituto é centro de referência em educação e desenvolvimento humano, sendo reconhecido pela Unesco. Como a senhora avalia a atuação do IAS e o que significa o reconhecimento dado por um órgão internacional?

Viviane SennaO nosso trabalho está focado na educação como via para o desenvolvimento humano e acreditamos que, para ter resultados efetivos, em uma nação com as dimensões do Brasil, é preciso criar e implementar soluções em larga escala, de qualidade e de baixo custo, replicáveis em qualquer região do País, para que seja possível transformar realidades inteiras. A Cátedra em Educação e Desenvolvimento Humano, concedida pela Unesco, é o reconhecimento desse trabalho amplo.

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Desenvolvemos soluções educacionais que permitem o gerenciamento integral da educação, beneficiando milhões de crianças e jovens da rede pública de ensino. E ser Cátedra, além de um privilégio – somos a única ONG no mundo a ter esse título, normalmente concedido a universidades e centros de criação de conhecimento – reforça o nosso compromisso com a causa e nos motiva a disseminar essas soluções, compartilhando-as com todos que acreditam que a educação é a principal via capaz de transformar os potenciais que trazemos ao nascer em competências e habilidades para a vida, tornando-nos pessoas bem-sucedidas em todos os níveis.

2 – Think & LoveO Instituto Ayrton Senna tem o foco nas crianças e nos adolescentes brasileiros. Como a senhora percebe o desenvolvimento do potencial das crianças na sociedade?

Viviane SennaHoje, infelizmente, a maioria da população infanto-juvenil sofre as conseqüências de um país que ainda não provê seu povo com oportunidades. E o problema começa com a falta da qualidade da educação. A partir daí, todo o resto é comprometido. Não formamos pessoas, cidadãos e profissionais capacitados. Não estamos dando condições para que meninos e meninas se conheçam, percebam suas riquezas pessoais, vivam num ambiente favorável, recebam formação de qualidade em escolas bem estruturadas, com professores capacitados... O que tem acontecido nos quatro cantos do País é a repetição de ciclos perversos: pais analfabetos, que trabalhavam desde pequenos em subempregos, passando essa herança aos seus filhos. Por isso, é tão fundamental trabalhar pela gestão da educação. Se ações de impacto não forem realizadas no âmago do problema,

as coisas ficarão assim e as novas gerações continuarão sofrendo.

3 – Think & LoveComo a senhora avalia a participação da sociedade brasileira nas causas educacionais?

Viviane SennaO brasileiro está cada vez mais preocupado com as questões sociais e educacionais e esse é o primeiro passo: o despertar da consciência sobre as questões que geram a enorme desigualdade do País. Resta o outro passo, agir rapidamente para mudar isso. O Ensino Fundamental nunca foi a prioridade no Brasil. Mas a sociedade brasileira está percebendo a necessidade de se buscar uma educação pública de qualidade, que garanta o desenvolvimento das crianças e dos adolescentes, como agente de transformações sociais. Penso que o Ensino Fundamental,

especialmente as quatro primeiras séries, é como a largada na F1. Se for bem feita, com o arranque necessário, no tempo perfeito, você pode vencer a corrida. Ou seja, se dermos qualidade, as crianças aprendem nessa etapa escolar, suas chances de ter sucesso são muito maiores, porque elas já terão a base e o desejo de vencer na escola, porque saberão o que isso significa para suas vidas. Ou damos uma boa “arrancada” a essa geração ou eles ficarão na largada sem qualquer chance de vitória.

4 – Think & LoveQuais ações julgaria importantes para solucionar os problemas sociais que o País enfrenta?

Viviane SennaOs desafios sociais e educacionais do País são imensos porque o bem-estar social não consegue ser garantido pelas atuais políticas públicas, muito menos por ações pontuais ou isoladas. Nesse sentido, é fundamental a participação dos três setores sociais (público, privado e sociedade civil) em qualquer área, para que haja escala e replicação. Uma ação eficaz deve ser pensada a partir de uma análise de cenário, seguida pela formatação de estratégias bem estruturadas com ações em escala que tenham metas pré-definidas e mensuráveis. É fundamental um acompanhamento e avaliações sistemáticas durante todo o processo. E o resultado é aquilo que se quer alcançar. No caso da educação, o sucesso do aluno na escola. E tudo precisa ser pensado de maneira a dar conta da equação qualidade com quantidade e baixo custo.

5 – Think & LoveO instituto tem alguns programas ligados à educação formal. Como são feitos os diagnósticos e a identificação dos problemas até a implementação de um programa? Quais são os ciclos desses programas?

Viviane SennaO trabalho do instituto tem foco na gestão e em resultados e está conectado às necessidades educacionais do País que, como disse antes, sofre com a falta de qualidade no ensino público. O nosso objetivo é justamente colaborar para a melhoria da educação pública no Ensino Fundamental, para que as crianças aprendam bem, desenvolvam os seus potenciais, na idade certa e na série certa.

Para isso, desenvolvemos soluções educacionais que são os programas Se Liga, Acelera Brasil, Circuito Campeão e Gestão Nota 10. Cada um deles passou por um ciclo de desenvolvimento de, no mínimo, quatro anos, que começou com o diagnóstico do problema e, a partir daí, foi efetivamente desenvolvido, testado, teve melhorias incorporadas, até ser sistematizado e aplicado nas escolas, por meio das parcerias com as secretarias de educação municipais ou estaduais. Todo esse conjunto de estratégias foi sistematizado em metodologias, que se transformam em material didático para o aluno, material de orientação para o professor, planos de aula de formação para educadores, dentre outras coisas.

6 - Think & LoveE qual o papel das secretarias de educação?

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Viviane SennaAntes de a secretaria começar a atuar, em primeiro lugar é preciso ter a decisão política do governador, do prefeito ou secretário de estado ou do município, que nos procura em busca de uma de nossas soluções porque conheceu de alguma forma os resultados em alguma rede parceira. O instituto oferece o know-how, materiais, formação e dimensiona a estrutura necessária para a implantação do programa de acordo com as necessidades de cada uma das redes de ensino. Em contrapartida, toda a infra-estrutura e a mão-de-obra são oferecidas pela secretaria. Cada novo município ou estado que faz parceria conosco representa uma nova aprendizagem. Discutimos os problemas e buscamos em conjunto o plano de ações a ser executado. Embora essa atuação seja em conjunto, não há repasse de recursos públicos dos municípios ou estados para o instituto e vice-versa.

7 – Think & LoveAlém da área de educação formal o instituto desenvolve programas de educação complementar. Como funcionam?

Viviane SennaTemos uma área que envolve três programas educacionais complementares. E essa área tem como objetivo qualificar o tempo em que criança e jovem estão fora da escola. Os programas Educação pela Arte, Educação pelo Esporte e SuperAção Jovem utilizam arte, esporte e um trabalho diferenciado com os jovens, respectivamente, para desenvolver potenciais e têm como principal objetivo dar mais subsídios para um melhor desempenho escolar. Por fim, temos dois programas na área de educação e tecnologia: Escola Conectada e Comunidade

de desafios e com valores que ele vivenciava nas pistas e fora delas. Procuramos fazer uma analogia da vida dele, como piloto e cidadão, com a trajetória das crianças na escola e na família. Mostramos que, se elas tiverem a mesma determinação, superação e dedicação de Ayrton, podem transformar as suas realidades, aprendendo a ter mais auto-estima, a acreditar em si mesmas, a se valorizar e a se relacionar com os outros.

9 – Think & LoveE qual o futuro para o Instituto Ayrton Senna?

Viviane SennaAo mesmo tempo em que o trabalho do instituto estimula e mostra o caminho a ser percorrido e as soluções, a gente precisa ter energia e crença para continuar trabalhando para construir uma

Conectada. Os dois utilizam computador e internet para qualificar a educação. O primeiro faz isso na escola e potencializa o aprendizado porque viabiliza a interdisciplinaridade das matérias. O outro acontece nas ONGs parceiras, que atendem comunidades pobres e abre espaço formativo para que jovens e adultos sejam inseridos no contexto digital, desenvolvendo habilidades que os preparem para o competitivo mundo do trabalho.

8 – Think & LoveA imagem do ídolo Ayrton Senna é fortemente ligada ao instituto que leva seu nome. Quais são as lições do campeão que são passadas para as crianças?

Viviane SennaO Ayrton deixou um legado importante de conquistas diante

realidade diferente, afinal o número de crianças sem oportunidades ainda é muito grande. É só olhar os números: 73% dos alunos de 1a à 4a séries e 12% de alunos da 5a à 8a, embora estejam na escola, são analfabetos. Isso significa um contingente de 13.600 milhões de crianças por ano que precisam aprender a ler e a escrever. Outro dado é que 9.300 milhões de alunos do Ensino Fundamental (1a à 8a séries) estão defasados, ou seja, são repetentes. O tempo médio para a conclusão do Ensino Fundamental tem sido de dez anos, e o ideal é fazê-lo em oito. Há dois anos aí desperdiçados. Esperamos que esse cenário mude e que isso aconteça o quanto antes. Que o governo desenvolva políticas públicas eficientes para a educação. Enfim, nós atuamos hoje para que, um dia, o instituto não precise mais existir

> O campeão de Fórmula 1, Ayrton Senna

> Turma do Instituto Ayrton Senna

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/fundação gol de letra/

Ex-jogador de futebol raí driblaa desigualdade social

O ditado diz que em time que está ganhando não se mexe. Com uma história pra lá de bem realizada no futebol brasileiro, os ex-jogadores Raí e Leonardo, ex-colegas no São Paulo e Paris Saint-Germain, instituíram há uma década a Fundação Gol de Letra.

A sociedade civil sem fins lucrativos investe na proteção e educação integral à criança e ao adolescente, tem o foco no direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer e é reconhecida pela Unesco como modelo mundial no apoio às crianças em situação de vulnerabilidade social. A organização atua com cerca de mil crianças e jovens, além de suas famílias, na Comunidade da Vila Albertina, em São Paulo, e na Comunidade do Caju, no Rio de Janeiro.

A sustentabilidade é mantida por meio de parcerias com empresas e outras organizações governamentais e não-governamentais que atuam em âmbito nacional e internacional. Para cada tipo de parceria, a Gol de Letra oferece contrapartidas definidas pela política interna, que visa explicitar a transparência do trabalho que realiza e estimular a fidelização dessas uniões.

Os financiadores são pessoas jurídicas de qualquer natureza que contribuem financeiramente com os programas, projetos e/ou oficinas, investindo na melhoria da infra-estrutura e/ou contribuindo com a manutenção do fundo institucional. O institucional engloba todas as pessoas jurídicas que contribuem com a Fundação Gol de Letra oferecendo conhecimentos, produtos e/ou serviços. Essa contribuição pode ser direcionada ao desenvolvimento dos programas e projetos educacionais e sociais e/ou ações administrativas.

Os colaboradores são também pessoas jurídicas que participam com recursos financeiros, conhecimentos, produtos e/ou serviços numa escala reduzida.

O Torneio Gol de Letra, realizado desde 2004, é a principal ação organizada pela fundação para captar recursos financeiros. Raí e Leonardo convidam personalidades do esporte e da mídia para um jogo. O evento promove uma disputa amistosa entre empresas comprometidas com a responsabilidade social e os convidados. A etapa classificatória acontece em Jarinu e a final no estádio do Morumbi (São Paulo) e no Maracanã (Rio de Janeiro). Para se inscrever, cada empresa realiza uma doação e já pode participar. Todo valor arrecadado é investido em programas socioeducacionais desenvolvidos pela entidade tanto em São Paulo quanto no Rio de Janeiro.

O ex-jogador de futebol Raí, capitão e camisa 10 da Seleção Brasileira na Copa de 94 e atual Diretor-presidente da Fundação Gol de Letra conversou com a revista Think & Love. Confira a entrevista:

1 – Think & LoveComo começou a história da Gol de Letra?

RaíEu e Leonardo tínhamos um sonho: oferecer oportunidade e acesso à educação e à cultura para crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social. Buscamos, então, junto ao Instituto Ayrton Senna, ao Cenpec, à Casa do Teatro e à Fundação Abrinq, orientações e conhecimentos para criar uma metodologia própria de

trabalho. Escolhemos a Vila Albertina (zona norte de São Paulo) como primeira comunidade de atuação para a organização que queríamos criar. Em dezembro de 1998, instituímos a Fundação Gol de Letra.

2 – Think & LoveO torneio Gol de Letra capta recursos para a entidade. Como surgiu a idéia, que empresas podem participar e como ele é realizado?

Raí O Torneio Gol de Letra foi inspirado em um torneio promovido pela Associação da Gol de Letra na França, em 2003. Ele já acontece há 5 anos em São Paulo e há 3 no Rio de Janeiro, e se configurou como o principal evento de captação de recursos da fundação. Qualquer empresa pode participar, basta que efetue a contribuição pedida pelo evento. A partir daí, a empresa poderá montar um time de funcionários e uma torcida para disputar o campeonato com as outras inscritas, decidido no Estádio do Morumbi, em São Paulo e no Maracanã, no Rio de Janeiro.

3 – Think & LoveAs atividades da Gol de Letra para crianças e adolescentes não se resumem apenas ao futebol. Quais são as outras ações e aprendizagens socioeducativas que eles participam?

RaíA Gol de Letra é uma ONG educacional que oferece para crianças, adolescentes e jovens, que estão matriculados ou já concluíram o Ensino Fundamental e Médio, aprendizados a que eles não têm

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SAIBA MAIS SOBRE A GOL DE LETRA

acesso na rede pública, como: artes, literatura, música, dança e esporte. Na fundação, as aulas visam o desenvolvimento pessoal e sociopolítico dos freqüentadores e não atendem a critérios como melhora de desempenho. O futsal está entre os esportes que alguns alunos da fundação praticam, mas essa modalidade, como todas as atividades aqui difundidas, tem o objetivo de divertir, socializar e ampliar os horizontes das crianças, e não de ensiná-las a jogar, como numa escolinha de futebol.

4 – Think & LoveComo é a atuação da Gol de Letra fora do País? Existe trabalho sendo desenvolvido na Itália e na França?

RaíA Fundação Gol de Letra só atua no Brasil. O que existe na Itália e na França são associações, ou seja, escritórios que visam o desenvolvimento institucional e a captação de recursos para os projetos desenvolvidos aqui

Quando foi fundadaEm 10 de dezembro de 1998 (Dia da Declaração Universal dos Direitos Humanos).

Por quem foi fundadaPelos ex-jogadores de futebol Raí de Oliveira e Leonardo Araújo.

Objetivo principal da entidadeContribuir para a formação educacional e cultural de crianças e jovens para que possam atuar com autonomia na transformação de suas realidades. Projetos existentes na entidade por área de atuação

Em São Paulo: Virando o Jogo é um programa de educação integral para crianças de 7 a 14 anos. Programa de Jovens é um programa cultural e de orientação profissional para jovens de 14 a 21 anos. Jogo Aberto é um programa educacional/esportivo para crianças e jovens de 7 a 21 anos. Mantenedores atuaisDezenas de empresas parceiras e as associações Gol de Letra na França e Itália.

Gestores atuaisDiretor-presidente: Raí Souza Vieira de Oliveira; Diretor-geral: Sóstenes Brasileiro de Oliveira; e Diretora de unidade: Beatriz Pantaleão. Como as empresas (PJ) podem ajudar a entidade?Contribuir com a Fundação Gol de Letra é tornar-se co-responsável pela transformação social de centenas de crianças e jovens por meio da educação. Sua empresa pode contribuir de várias maneiras e ajudar a Fundação Gol de Letra a manter a sustentabilidade dos Programas e Projetos desenvolvidos em São Paulo e no Rio de Janeiro. Entre em contato com Jeremie no telefone (11) 2206-5526. Como os cidadãos (PF) podem ajudar a entidade?Como pessoa física, você pode contribuir como sócio-titular, voluntário ou fazer uma doação pontual. Para saber mais, acesse o link: www.goldeletra.org.br/secao.23,sm.sm47.aspx Canais para contatoSite: www.goldeletra.org.brE-mail [email protected]: (11) 2206-5520

Time feminino no torneio > Gol de Letra 2008

/Chefe De família, PresiDenteDe emPresa, ser humano/

/Consciência e Atitude Por um mundo melhor./

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Think & LOvePense e Ame.

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O projeto Social Santa Cruz integra ações sociais da Congregação Santa Cruz para atender 840 crianças, adolescentes e jovens na Vila Nova Jaguaré, em São Paulo. A meta, desde o início em 1988, é a educação e a prevenção. “O projeto é um ponto de referência f irme na área, tem credibilidade na comunidade e inf luencia o ambiente nas famílias”, diz Roberto Grandmaison, Coordenador geral do projeto.

/congregação santa cruz/

projeto vila nova jaguaré

Atualmente, são 95 funcionários registrados e 120 voluntários na área de saúde, que conta com dentistas, psicólogos, psiquiatras, pediatras, oftalmologistas, médicos e fonoaudiólogos. Há ainda voluntários nas áreas de pedagogia, orientação jurídica, documentação, artesanato e eventos. As duas unidades das creches atendem 350 crianças e contam com uma equipe de 53 pessoas.

Os três cursos profissionalizantes de moda e marketing pessoal, gastronomia e informática atendem 180 jovens de 14 a 18 anos. A parceria com o Instituto Stefanini permite que 25 computadores fiquem ligados em rede para o aprendizado dos jovens. A parceria com o Senac colabora nos cursos de moda e gastronomia. As máquinas de costura e uma cozinha industrial ajudam nas aulas práticas.

O projeto pretende ampliar as atividades em três áreas em 2009: na promoção do esporte e da música; protegendo a vida e a saúde das crianças; e na formação técnico-profissional dos jovens. A ampliação recebe suporte do direcionamento de recursos do Imposto de Renda de pessoa jurídica em até 1%, e de pessoa física em até 6%, via Fundo Municipal da Criança e do Adolescente (FUMCAD).

Quem quiser colaborar, deve entrar em contato com Valéria pelos telefones: (11) 3023-1155 e (11) 3024-5199, ramal 295 ou pelo e-mail: colé[email protected]. Site do FUMCAD: http://fumcad.prefeitura.sp.gov.br/forms/conheca.aspx. Clique em doação direcionada

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Com iniciativa do artista plástico Rui Amaral – pioneiro do grafite no Brasil – o projeto de intervenção sócio urbana começou na Vila Nova Jaguaré. O projeto é realizado em parceria com o Centro Cultural e Profissionalizante Santa Cruz, que atua na comunidade desde 1980. Os trabalhos lá desenvolvidos no campo da assistência social têm o objetivo de contribuir com as melhorias socioambientais.

A Artbr Social Clube, comandada por Rui Amaral, propõe implementar um projeto educacional integrando arte de rua e intervenções socioambientais com os moradores. O projeto pretende desenvolver uma escola de produção de arte de rua. Os participantes são os moradores do local. Eles serão capacitados nas linguagens de artes plásticas juntamente com as tecnologias da informação como a web e a produção de vídeo.

Os jovens do local terão ações estruturadas em oficinas, visando o aprendizado e a utilização desses conhecimentos em sua qualificação profissional. Um dos objetivos do projeto é desenvolver aprendizagens de intervenção coletiva para melhoria dos espaços públicos e de convívio. O outro, é habilitar os jovens para trabalhar em produção de painéis artísticos usando as técnicas de grafite, registros em linguagem web, produção de mídias com elaboração de roteiros, registros e edição de vídeos voltados para conteúdos de banda larga. “Meu maior desejo é montar um mini-estúdio para que os participantes possam apresentar um programa de variedades”, diz Amaral.

Em sua trajetória profissional, Rui Amaral desenvolveu trabalhos de direção de arte para Rede Globo, TV Cultura (Castelo Rá-Tim-Bum) e TV Bandeirantes, além de ministrar aulas de arte pública em entidades de ensino como o Senac. Tem obras incorporadas ao patrimônio histórico, trabalhos no acervo do Masp além de participações em exposições na Pinacoteca do Estado, MAC, MIS, MAP

/projeto arte de rua no jaguaré/ /espaço

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A REPENSE, agência de comunicação sediada na Vila Madalena, idealizadora da revista Think & Love, recebeu 20 grafiteiros em sua sede de São Paulo – todos ligados a Rui Amaral – que comanda o site artbr.com e também a ONG graffiti.org.br.

Ao lado da agência, um terreno de 300 m² foi transformado em uma Galeria de Arte de rua. Os grafiteiros tinham a missão de fazer, dentro de um espaço delimitado, um painel para homenagear cada um dos 20 clientes de São Paulo, Rio

de Janeiro e Belo Horizonte da REPENSE.O tema das obras, assim como as cores a serem utilizadas, foram pré-definidas e a grafitagem que começou pela manhã se estendeu ao longo do dia.

“O bacana é ver os jovens de bairros tão distintos reunidos aqui neste terreno e trabalhando juntos pelo mesmo objetivo”, disse Amaral.

Os grafites fazem parte da primeira exposição do espaço batizado de RECRIAR. A idéia inicial é que a exposição mude de cara a cada seis meses.

A galeria, inaugurada durante a festa de dois anos da agência, passa a funcionar aos sábados, das 10h às 18h, com entrada gratuita. Durante a semana funcionará como estacionamento dos funcionários.

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A água é um líquido precioso. Só para se ter uma idéia de sua importância, mais de um bilhão de pessoas no mundo não têm acesso a ela, segundo estimativas do Fundo das Nações Unidas para a Infância, o Unicef. Não ter água potável para beber é o segundo motivo para a morte de crianças abaixo dos cinco anos de idade. Com isso, a cada 15 segundos uma criança no mundo morre de alguma doença relacionada à água ou de sede. Já são cinco mil crianças por dia.

Como salvar essas vidas? A idéia surgiu de um desafio que o editor da revista americana Esquire propôs para o publicitário David Droga, da agência Droga5: inventar uma marca, do nada, mas que pudesse ser um “agente positivo de mudança”. O publicitário aceitou o desafio e começou a pensar sobre a quantidade de gente que não tem acesso à água depois de ver um documentário sobre a devastação que o furacão Katrina causou em New Orleans (Estados Unidos).

Antes de continuar, é bom lembrar que nos Estados Unidos enquanto um cliente espera pela comida em um restaurante sempre lhe servem um copo de água. Independentemente de ter pedido ou não. A água não é cobrada, por um simples motivo, ela vem da torneira e é potável. Um dia, em um restaurante, David Droga pensou que era um luxo ter água da torneira para beber enquanto muitos vivem sem. Daí surgiu a idéia para o TAP Project, que em português significa “água da torneira”.Em 2006, a agência Droga5 levou a idéia de seu fundador para o Unicef. A organização que possui programas de saúde e educação em todo o mundo, não só adotou como implementou o projeto, que é mais simples do que se imagina. Os clientes dos restaurantes doam um dólar pelo copo de água que eles receberiam

na mesa pedindo ou não. Apenas um dólar representa 40 dias de água potável para uma criança. O Unicef ajuda a arrecadar o dinheiro para os países em desenvolvimento e a colaborar para que mais de um bilhão de pessoas no mundo tenham água. A diferença deste projeto é que a organização não oferece nada em troca pelas doações, nem mesmo uma garrafa de água com a marca do projeto. “É o maior projeto do Unicef em 56 anos”, disse Stevan Miller, Diretor de corporação e novos negócios da organização. Como uma das maiores organizações no trabalho com crianças no mundo, o Unicef entende a função que a água representa na sobrevivência e até na luta pela vida. Atualmente, ela provê água potável e promove as práticas de higiene em mais de 90 países.

Movimento mundial

A revista Esquire mostrou o TAP Project na edição de fim de ano e foi co-patrocinadora de um almoço com Donna Karan em Nova York. Algumas celebridades como Sarah Jessica Parker e Lucy Liu viraram embaixadoras da idéia, e o dia 22 de março foi definido para iniciar o projeto. A data foi escolhida porque a Assembléia Geral das Nações Unidas havia decidido, em 1992, a data como o “Dia Mundial da Água”. Nesse mesmo dia, em 2008, o projeto teve seu início na cidade de Nova York e durou uma semana. Cerca de 300 restaurantes colocaram postais em cima de suas mesas explicando o projeto. A doação dos clientes poderia ser adicionada à conta do restaurante ou o postal poderia ser levado para casa e a doação feita via internet ou correio diretamente para o Unicef. A âncora do programa American Morning, da Rede CNN, Lola Ogunnaike, escreveu no jornal The New York Times sobre o projeto: foi a melhor idéia do ano.

O projeto já se expandiu para 44 estados dos Estados Unidos e conta com cerca de 2.200 voluntários. Dois anos depois da idéia inicial, o Unicef conseguiu prover água para milhares de crianças ao redor do planeta. Para o ano de 2009, o objetivo da organização é que o TAP Project se torne mundial, assim mais restaurantes e mais voluntários poderão participar e se inspirar na causa. Evitar uma crise pela falta de água e salvar vidas parecem ser motivos para lá de justos para o projeto ser levado adiante

Curiosidades e números do projeto

> Em 2015 o Unicef pretende reduzir o número de pessoas sem água potável e saneamento básico em 50%.

> 2.350 restaurantes participaram do TAP Project em 2008.

> Um dólar é o valor da doação. Esse dinheiro pode ajudar por 40 dias uma pessoa a ter acesso a algo que você tem de graça: a água.

> 13 é o número de agências de publicidade americanas envolvidas no projeto.

> São 2.200 voluntários.> 1,8 milhão de crianças morrem

por ano de sede ou falta de água potável.

> A agência que criou o projeto, a Droga5, conquistou em 2007 um Titanium Lions no Festival de Cannes pela campanha.

Para saber mais sobre o projeto, acesse o site oficial: www.tapproject.org

David Droga, presidente da Droga5 >/tap project/unicef

uma idéia poderosa sobre o futuro da água

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O projeto social comandado pelo dentista Fábio Bibancos começou quando ele escreveu o livro “Um sorriso feliz para o seu filho”, que trata sobre a prevenção da saúde bucal. Com isso, foi convidado para dar palestras em escolas particulares e depois em escolas públicas. Depois das palestras, conversava com as mães que lhe mostravam a boca dos filhos em péssimas condições de saúde bucal – casos em que a prevenção já não funcionava. Assim, começou a oferecer tratamento odontológico gratuito para essas crianças e resolveu criar uma rede de dentistas denominada “Dentista do Bem”, voluntários para atender um grande volume de pacientes.

A Turma do Bem é a entidade que reúne esses profissionais comprometidos em cuidar gratuitamente dos pacientes com graves problemas bucais. Os dentistas são todos cadastrados na organização, cujo principal objetivo é prestar atendimento odontológico gratuito para crianças e adolescentes de baixa renda. A idéia é que esses dentistas visitem as escolas da rede pública de todo o Brasil para fazer uma triagem com jovens de 11 a 17 anos. A seleção é feita pela aplicação de um índice de prioridade, que beneficia as crianças com problemas bucais mais graves, mais pobres e as mais próximas do primeiro emprego. Ao “adotar” um adolescente, o especialista se responsabiliza pelo tratamento completo do jovem até seus 18 anos. O tratamento, feito no consultório do próprio dentista voluntário, é de caráter curativo, preventivo e educativo. Atualmente, o projeto conta com mais de 4.500 voluntários espalhados por todo o País. Já foram encaminhadas mais de 6.500 crianças aos consultórios e a meta para 2009 é ambiciosa:

espera-se chegar a 10.000 crianças.Além do Dentista do Bem, a entidade é responsável pelos seguintes projetos:

Financiamento de Tratamento OdontológicoInspirado na criação de Muhammad Yunus, ganhador do prêmio Nobel da Paz, a Turma do Bem pretende criar um modelo de financiamento com o objetivo de assistir a grande massa de 28 milhões de brasileiros que nunca foram ao dentista e que não se encaixam no modelo do Projeto Dentista do Bem.

Barco do BemEm parceria com o Projeto Saúde & Alegria, do médico Eugênio Scannavino Neto, a Turma do Bem estará na Amazônia com seus dentistas voluntários em um barco odontológico navegando pelos rios Tapajós e Arapiuns, a oeste do Pará, dando assistência odontológica (ações curativas, preventivas e reabilitadoras) a todos os moradores das comunidades ribeirinhas dessa região devolvendo a auto-estima e a dignidade à população.

DocumentárioA obra consiste na produção de um documentário áudio-visual a ser exibido em festivais nacionais e internacionais, emissoras de televisão públicas e privadas (Brasil e exterior) e distribuído em DVDs. Será abordado o impacto da saúde bucal na vida dos brasileiros, de forma humana, evidenciando esse aspecto exclusivo e seus desdobramentos. Será utilizada uma linguagem cinematográfica moderna, para impactar os formadores de opinião e inserir o assunto em pauta de agenda de discussões.

Empreendedores em Saúde Bucal do SUSProjeto de capacitação de coordenadores de saúde bucal, em municípios espalhados por todo Brasil. No primeiro evento realizado, os coordenadores dos municípios foram convidados a participar de uma capacitação na qual se discutiu temas relacionados à administração do serviço público odontológico, empreendedorismo e humanização de serviços. A finalidade do projeto é promover a conscientização e preparação do coordenador, incidindo na qualidade e na eficiência do serviço para a população, que depende exclusivamente desse atendimento.

Pasta do PovoA Turma do Bem, em ação inédita na área de influência em políticas públicas, apresentou um projeto que inicialmente acontecerá no Estado de São Paulo. Com o apoio da Rede Ashoka, a Turma do Bem encaminhou para a Assembléia Legislativa o projeto de lei no 462, de 2008, que tem como objetivo produzir um creme dental genérico que será distribuído gratuitamente à população.

Congressos / Feiras InternacionaisLevar ao conhecimento de outros países o modelo adotado no Brasil, seus resultados e o impacto que gera. Disseminar essa forma de transformação em outras culturas, trocar experiências e agregar novos valores a um exemplo de sucesso.

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sorriso estampado no rosto dos jovens brasileiros

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> Eficácia e transparência na gestão.

>>> Propostas: > Para a sociedade: promover

soluções de acesso a tratamentos odontológicos.

> Para a classe odontológica: valorizar e mobilizar os profissionais para uma nova conduta socioambiental.

> Para o setor empresarial: discutir práticas éticas no setor

odontológico. Incentivar produtos e serviços de baixo custo que promovam acesso. Inspirar condutas responsáveis em outros setores.

2 – Think & LoveQuantos dentistas estão envolvidos com você no projeto Dentista do Bem?

Fábio BibancosAtualmente, temos em nossa rede de solidariedade mais de 4.500 dentistas voluntários espalhados por todo o Brasil. O Projeto Dentista do Bem possui a maior rede de voluntários do mundo! Já começamos a desenvolver o projeto em alguns países da América Latina.

A Invasão dos MutansUma grande ação de promoção de saúde, com a realização de um longa-metragem infantil chamado “A invasão dos Mutans”. O enfoque do filme será a saúde bucal e dessa forma levará o assunto, nacional e internacionalmente, para milhares de pessoas. Também pretende mostrar o quanto a Odontologia é importante para a qualidade de vida das pessoas, estimulando as crianças como agentes transformadores dentro da família. Será uma medida educativa de alto impacto, para que as crianças atendidas ou não pelo Projeto Dentista do Bem possam ser estimuladas aos bons hábitos de higiene oral.

Dentista Verde A conscientização ambiental está diretamente relacionada com a responsabilidade social, valorizada em nossos outros projetos. Com o Dentista Verde, a Turma do Bem vai mobilizar os voluntários que fazem parte do Dentista do Bem para um compromisso com a sustentabilidade. O projeto tem a consultoria voluntária do ambientalista Fábio Feldmann.

A revista Think & Love conversou com o cirurgião-dentista graduado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e autor dos livros “Um sorriso feliz para seu filho”, “A guerra dos mutans”, “Boca!” e “Sorrisos do Brasil”, Dr. Fábio Bibancos, o presidente da Turma do Bem. Confira o bate-papo:

1 – Think & LoveQuais são as estratégias dos projetos realizados pela entidade?

Fábio BibancosA Turma do Bem trabalha com várias frentes, por isso a melhor e mais sucinta maneira para definir todo nosso trabalho é através da nossa missão, valores e propostas:

>>> Missão: > Mudar a percepção da sociedade

na questão da saúde bucal e da classe odontológica com relação ao impacto socioambiental de sua atividade.

>>> Valores: > Fazer pelos outros o que

faríamos pelos nossos filhos. > Realizar o trabalho com estética

e alegria.

3 – Think & LoveComo são identificadas as áreas/regiões que necessitam de ajuda? Quantas são hoje em dia?

Fábio BibancosEm todas as cidades, existem crianças que necessitam, e muito, de tratamento odontológico completo. Para que o Projeto Dentista do Bem funcione na cidade, precisamos de um dentista para ser o coordenador no município. Muitas vezes trabalhamos com o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do município, pois em regiões onde o indicador é baixo existe um número maior de crianças que precisam de tratamento odontológico. O coordenador tem como papel realizar uma triagem em todas as crianças que estão matriculadas em escolas municipais/estaduais de 5a à 8a séries, bem como cadastrar dentistas e divulgar o projeto.

4 – Think & LoveVocê também é conhecido por tratar celebridades. De que forma elas colaboram para a divulgação dos seus projetos e despertam a atenção para a saúde bucal?

Fábio BibancosA Turma do Bem acredita sempre que é o indivíduo que vai mudar o mundo. A melhor maneira de cada um colaborar é doando o seu talento. Todos os parceiros envolvidos sabem a importância da causa pela qual lutamos e estão sempre dispostos a doar seu talento e tempo para as ações que realizamos. O mais legal disso tudo é que eles também se sentem responsáveis pela causa.

5 – Think & LoveComo as pessoas físicas podem fazer doações?

Fábio BibancosAs pessoas que tenham interesse em conhecer e colaborar com nosso trabalho entrem em contato pelos telefones (11) 5084-7276 / 5084-1399 ou e-mail [email protected]. Em nosso site, temos um vídeo que mostra a realidade das crianças que são atendidas pelo projeto.

6 – Think & LoveSe alguma empresa se interessar em ser parceira, como deve proceder?

Fábio BibancosAs empresas também podem entrar em contato pelos telefones e e-mail citados acima e marcaremos uma reunião. Teremos prazer em mostrar o trabalho e projetos desenvolvidos pela Turma do Bem.

7 – Think & LoveQual é o seu sentimento como dentista e como ser humano em saber que colabora com a saúde de muitas pessoas e se destacar como voluntário do ano?

Fábio BibancosMeu trabalho desenvolvido com a Turma do Bem é uma realização que sempre busquei de uma causa que acredito. Todos nós podemos mudar o mundo, basta cada um doar seu talento. Não me coloco como voluntário do ano, pois todos os que fazem parte, direta ou indiretamente, da Turma do Bem são exemplos de voluntários que devem e merecem ser reconhecidos

Saiba mais sobre a Turma do Bem

Quando foi fundadaEm 2000.

Objetivo principal da entidade Conscientizar a população e o governo sobre a importância da Odontologia, pois ter dentes promove aumento na qualidade de vida e permite que o sorriso esteja no rosto de milhões de brasileiros.

Projetos existentes na entidade por área de atuação>Dentista do Bem – Ação Social> Dentista Verde – Ação Socioambiental

> Documentário – Ação de Conscientização

> Empreendedores em Saúde Bucal do SUS – Ação Política

>Pasta do Povo – Ação Política>Barco do Bem – Ação Social> Filme: A Invasão dos Mutans – Ação Educativa

> Financiamento de Tratamento Odontológico – Ação Socioeconômica

> Congressos / Feiras Internacionais – Ação de Abrangência

Mantenedores atuaisTrident, Energias do Brasil e 3M.

Gestores atuais: Presidente Fábio Bibancos; Vice-presidente: Leonardo Ganzarolli, e equipe da Turma do Bem.

Canais para contatoSite: www.turmadobem.org.brE-mail: [email protected]: (11) 5084-7276 / 5084-1399

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>>>>>DROPS/

Educar para crescerO projeto Educar para Crescer da Editora Abril (www.educarparacrescer.com.br) quer mobilizar a sociedade para melhorar a educação brasileira. Para isso, a editora utiliza suas revistas para a publicação de 180 reportagens com o tema educação. O Presidente da Abril, Roberto Civita, e o Vice-presidente Executivo, Jairo Leal, apresentaram o projeto ao ministro da Educação, Fernando Haddad, que deu o apoio do MEC à iniciativa. A Abril já atingiu os professores e espera que o projeto chegue ao grande público, que também pode dar sua contribuição para que a educação brasileira possa ser melhorada.

Videogame contra o câncer Jogar videogame já pode ser considerado um aliado na luta contra o câncer. O jogo “Re-Mission” (http://www2.re-mission.net), especialmente projetado para ajudar crianças e jovens com câncer, pode acelerar o processo de recuperação, segundo o relatório internacional da revista Pediatrics. No jogo desenvolvido pela HopeLab – uma empresa da Califórnia sem fins lucrativos – os jogadores controlam o robô Roxxi. Ele se movimenta em um ambiente tridimensional que representa o interior do corpo de um jovem paciente com câncer. Os jogadores usam o robô para destruir células cancerosas e controlar os efeitos colaterais. Para vencer o jogo, é necessário que os remédios de quimioterapia e antibióticos sejam tomados corretamente – no relatório foi apontada a problemática que os jovens têm em seguir corretamente um tratamento. O jogo ainda ensina uso de técnicas de relaxamento, boa alimentação e outras formas de cuidados pessoais.

>> consumo consciente

A televisão é um hábito bom ou

ruim para as crianças? A autora do livro A TV que seu filho vê (Editora Panda, R$ 29,90), Bia Rosenberg, mostra que o grande desafio da televisão é usá-la a nosso favor e em benefício dos filhos. A autora explica que a proibição para uma criança só aguça sua curiosidade. Cabe aos pais selecionar a programação e dar a orientação. O livro discute ainda o consumo consciente e saudável da televisão pelas famílias e ajuda a compreender a mídia. A obra aborda temas como: conteúdos inadequados para crianças, a exposição à violência e seus efeitos, e dá dicas que facilitam os pais a tratarem assuntos sexuais. A autora trabalha desde 1984 com produção de programas de televisão voltados para o público infantil. Ela foi responsável pelo atual Vila Sésamo e os premiados Castelo Rá-Tim-Bum, Cocoricó e X-Tudo.

doutores da alegria no you tube

Os Doutores da Alegria inauguraram um canal no site You Tube (www.youtube.com/tvdoutores). A idéia é contemplar desde cenas dos espetáculos teatrais até intervenções dos palhaços pela cidade, passando por esquetes e a produção de um conteúdo exclusivo para o canal. No material na internet há cenas do último bloco do Miolo Mole – organizado pelos Doutores da Alegria do Recife – trechos do espetáculo Midnight clowns e gravações das rodas artísticas realizadas em hospitais atendidos pela organização. O site agora é mais uma ferramenta, além do site oficial (www.doutoresdaalegria.org.br) para o público acompanhar o trabalho que os Doutores desenvolvem desde 1991.

escola móvel do graacO Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer, o GRAAC, possui um hospital há 10 anos em São Paulo. A escola móvel é um ambiente usado como local de ensino. Leva esse nome porque as aulas são realizadas na quimioterapia, no ambulatório, na sala de espera e em outros locais. Assim, os pacientes podem ter acesso à educação. Cabe aos voluntários e coordenadores do projeto avisarem à escola onde a criança está matriculada o motivo que a leva a não participar das aulas na própria escola.

a caminho da escolaO programa “Pedalando e Aprendendo”, lançado pelo Fundo de Solidariedade do Estado de São Paulo em parceria com a Fiesp, pretende diminuir a evasão escolar nas regiões carentes de pequenos municípios do Estado e oferecer capacitação profissional aos alunos da rede estadual de ensino para montagem e manutenção de bicicletas, como instrumento de geração de trabalho e renda. Para diminuir a evasão escolar, o programa quer contribuir com o transporte das crianças para as escolas e busca doadores de bicicletas novas ou em boas condições de uso. A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo faz a triagem dos alunos matriculados na rede pública de ensino de acordo com os critérios do programa, tanto das crianças que receberão as bicicletas quanto dos jovens que participarão da capacitação técnico-profissional. Para doar bicicletas ligue: (11) 2588-5921.

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instituto oi futuro investe em educação e cultura

Em 2001, o instituto de responsabilidade social da Oi – o Oi Futuro – foi criado. Os focos principais de investimentos são: educação e cultura, os pilares da transformação social. A missão do instituto é desenvolver, apoiar e reconhecer ações educacionais e culturais inovadoras, que promovam o desenvolvimento humano, utilizando tecnologia de comunicação e informação. Atuando em várias cidades no Brasil, o instituto já investiu cerca de 200 milhões de reais no país. São mais de 2,5 milhões pessoas beneficiadas pelos projetos.

Projetos existentes por área de atuação:

>>EDUCAÇÃO

>Tonomundo Universalização do conhecimento Iniciativa que associa educação à alta tecnologia, o Tonomundo há oito anos integra escola, família e comunidade nas localidades mais distantes do País, fazendo de cada laboratório de informática um centro irradiador de projetos comunitários. Projeto premiado no Brasil e no exterior, em parceria com a Escola do Futuro da USP, vem sendo adotado como política pública em vários estados e municípios brasileiros além de experiência-piloto em escolas de Moçambique. Para saber mais acesse o site: www.tonomundo.org.br

>NAVE Núcleo Avançado em Educação Mais do que uma escola pública inovadora, mais do que um centro de pesquisas, mais do que um pólo tecnológico, Nave é um centro do pensamento sobre a educação brasileira. Parceria entre o Oi Futuro e as secretarias de educação dos estados de Pernambuco e do Rio de Janeiro, o Nave está construído sobre três pilares

fundamentais: ensino médio de excelência; fábrica de cultura digital – espaço de pesquisa e inovação; e a usina de expressão, área voltada para a disseminação de todo o conhecimento produzido. Endereços: Recife: Rua Marquês de Valença, 470 – Boa Viagem; e Rio de Janeiro: Rua Uruguai, 204 – Tijuca.

>PORTAL Oi CONECTA Educação e Comportamento Interatividade e linguagem contemporânea. Esses dois elementos são a base do portal Oi Conecta, que põe em discussão o comportamento e atitude desse jovem que indaga qual o seu papel no mundo de hoje e de amanhã. O ambiente oferece conteúdos e ferramentas que facilitam alunos e educadores na reconstrução do conhecimento de forma interativa, somando conteúdo educativo ao prazer de diferentes e novas descobertas.

>Novos Brasis Tecnologias sociais que fazem diferençaAnualmente, o Oi Futuro seleciona e estabelece parcerias com projetos desenvolvidos por outras organizações do terceiro setor, alinhadas com seus objetivos e metas. A análise dos projetos considera critérios como o nível de inovação da iniciativa; o impacto direto na comunidade beneficiada; o potencial de geração de renda; e a sua capacidade para

a formação de redes. O foco dos projetos é a apropriação das tecnologias da informação e comunicação em ações que promovam o desenvolvimento humano. As inscrições são feitas exclusivamente on-line, pelo site www.oifuturo.org.br.

>OI Kabum! Escolas de Arte e TecnologiaVoltado para a chamada juventude popular urbana dos grandes centros brasileiros, a Oi Kabum! oferece formação inédita em cursos de design gráfico, computação gráfica, vídeo, fotografia e webdesign. Utilizando equipamentos e softwares de última geração, as aulas são dadas por educadores experientes no mercado audiovisual. Ao final do curso, alunos do Rio, Salvador e Recife prestam serviços através de um núcleo de produção, canal direto com o mundo do trabalho. Os alunos formados desempenham ainda outro importante papel, como potenciais multiplicadores de conhecimento em suas comunidades. Salvador: Beco da Cultura, s/no, Nordeste de Amaralina; Recife: Rua do Bom Jesus, 147, Bairro do Recife Antigo.

Circuito de cinema, em Araxá >

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>>CULTURA

> Programa Oi de patrocínios culturais incentivados

Linha direta com a cultura brasileira O Progravma Patrocínios Culturais Incentivados pauta-se pela identificação de idéias inovadoras, da convergência entre arte e tecnologia, do incentivo à formação de novos públicos, da valorização da diversidade artística brasileira, além da democratização do acesso de diferentes camadas da população à agenda cultural. Para se inscrever, acesse o site www.oi.com.br.

Espaço cultural une arte e tecnologiaEspaço de convergência entre passado e futuro, pessoas e idéias, conhecimento e cidadania. No Oi Futuro, os visitantes são convidados a viverem experiências sensoriais em todos os seus espaços, que incluem galerias de artes visuais, teatro, biblioteca, infomúsica, infovídeo, cyber-café e o Museu das Telecomunicações.

Museu das Telecomunicações – exposição permanente Espaço da memória, da experimentação e da contemporaneidade, o museu incorpora as mais avançadas tecnologias e tendências museográficas do século XXI.

Documentos, objetos museológicos aliados a recursos de alta tecnologia narram a história da comunicação

humana. São mais de 120 vídeos produzidos em parceria com cerca de 90 instituições nacionais e internacionais, além de peças significativas do acervo histórico do Oi Futuro – como a cabine telefônica do início do século passado – que levam o visitante através de uma empolgante viagem virtual.

Samara Werner, engenheira eletrônica é Diretora de Educação do Oi Futuro e viu nascer o Tonomundo. O projeto é desenvolvido em parceria com a Escola do Futuro da USP e já recebeu 10 prêmios. Foi apresentado em simpósios nos Estados Unidos e no México. A afirmação de que há décadas a escola vem perdendo a capacidade de encantar a juventude é compartilhada por Samara. Para ela, “é preciso mudar a forma de ensinar e aprender”. Confira a entrevista:

1 – Think & LoveNo Instituto Oi Futuro destacam-se os projetos que apostaram no fortalecimento das políticas públicas como caminho seguro para se alcançar a universalização da educação e a democratização do acesso à cultura. Quais são os projetos que envolvem as políticas públicas?

Samara WernerPara chegar lá, estamos convictos de que o único caminho para acelerar a

universalização do conhecimento se dá por meio das tecnologias sociais aplicadas na rede pública de ensino. São dois os programas transformados em políticas públicas. O primeiro foi o Tonomundo, que em 2000 deu origem ao instituto. Inicialmente aplicado em um programa-piloto em 68 escolas, nos locais com o menor Índice de Desenvolvimento Humano do país, já beneficiou 600 mil jovens, em aproximadamente 1.000 escolas públicas do país. O segundo deles é o Nave, que já nasceu sob o conceito de política pública porque é fruto de parcerias com as Secretarias de Estado de Educação do Rio de Janeiro e Recife.

2 – Think & LoveO Tonomundo tem uma metodologia de ensino por meio da informática que forma professores para transferir o aprendizado para crianças de escolas públicas brasileiras. O programa integra as escolas em uma comunidade virtual de aprendizagem. Como isso é realizado?

Samara WernerOs projetos comunitários são desenvolvidos de acordo com as realidades e necessidades locais e têm como objetivo final contribuir para a auto-sustentabilidade das comunidades atendidas. Nos oito anos de atuação do Tonomundo, foram postos em prática dezenas de projetos transdisciplinares, que estão mudando a vida de muitos brasileiros. Já teve projeto no Pará que reduziu a zero a incidência de gravidez precoce entre as alunas de Santa Bárbara, enquanto outro projeto alertou as autoridades para a falta de água em Manari, agreste pernambucano. Agora, o último projeto realizado no portal, teve como tema a identidade cultural. Karingana – que significa “era uma vez” em bantu – levou alunos e professores a um encontro com

as curiosidades, regionalismos, poetas e escritores dos países de língua portuguesa. O objetivo era traçar a identidade cultural das comunidades que fazem parte do Tonomundo, além do conhecimento dos países e das raízes lusófonas e suas influências na língua.

A viagem virtual de redescobrimento passou por Angola, Cabo-Verde, Brasil, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Dessa forma, muitas vezes longe dos grandes centros urbanos, novas histórias são escritas diariamente nas centenas de escolas e comunidades que fazem parte do Tonomundo, uma das maiores comunidades virtuais de aprendizagem do país.

3 – Think & LoveComo são formadas as parcerias entre o Instituto Oi Futuro com os países estrangeiros? Quais são os países que já contam com projetos do instituto?

Samara WernerParceria é uma palavra-chave na nossa estrutura. No Brasil, alinhamos parcerias de longo prazo com governos, centros de pesquisas e universidades. Este ano, firmamos a primeira parceria internacional com a SoicoTV de Moçambique, para levar o programa Tonomundo em quatro escolas públicas de Maputo e outras cinco programadas para 2009. O Oi Futuro estendeu sua comunidade virtual de aprendizagem e prática para escolas africanas de língua portuguesa para enriquecer ainda mais o intercâmbio cultural e de educação entre os dois países.

4 – Think & LoveO instituto possui um programa de patrocínios culturais incentivados. Como são feitas as inscrições e quem pode participar?

Samara Werner Se existir um bom projeto aprovado pela lei de incentivo à cultura, o Programa Oi de Patrocínios Culturais Incentivados – com gestão do Oi Futuro – destina recursos para o financiamento, total ou parcial, de projetos aprovados nos estados da sua área de atuação, incluindo agora São Paulo, onde a Oi passou a operar desde outubro de 2008.

O edital para seleção dos projetos é aberto anualmente e a inscrição é feita exclusivamente pela internet, no endereço www.oifuturo.org.br.

SAIBA MAIS SOBRE O OI FUTURO

Ano de fundaçãoEm 2000, ainda sob a denominação de Instituto Telemar. Em 2006 passa a se chamar Oi Futuro.

Objetivo principal da entidade Desenvolver, apoiar e reconhecer ações educacionais e culturais inovadoras, que promovam o crescimento humano, utilizando tecnologia de comunicação e informação.

Horário de funcionamento do Espaço Oi de terça a domingo, das 11h às 20h, entrada franca. Rua Dois de Dezembro, 63, Flamengo - RJ.

Visitas guiadasMarcar pelo telefone (21) 3131-3060 ou [email protected]

Horário de funcionamento dos museus

De terça a domingo, das 11h às 17h [Nível 6] , entrada franca, classificação etária: livre. Rio de Janeiro: Rua Dois de Dezembro, 63 – Flamengo. Informações: (21) 3131-3060. Belo Horizonte: Av. Afonso Pena, 4.001 – Mangabeiras. Informações: (31) 3229-3131

Mantenedores atuais: OiGestores atuais: Presidência: José Augusto da Gama Figueira; Vice-presidência: George Moraes; Diretoria de Cultura: Maria Arlete Gonçalves; Diretoria de Educação: Samara Werner; Diretoria Financeira: Flávio Copello.

Canais para contato: Site: www.oifuturo.org.brE-mail: [email protected]: ( 21) 3131-3060

5 – Think & LoveQual o seu maior sonho frente ao instituto?

Samara WernerA cada hora, a cada dia, a cada programa realizado, o instituto dá mais um passo em direção à nossa meta de fazer da educação uma causa nacional. O sonho de um país com mais desenvolvimento humano e menos diferenças, com mais oportunidades para os jovens e menos desencanto não acontece sem um programa de educação que fale a linguagem do jovem

Museu das Telecomunicações, de Américo Vermelho >

> Índio em São Gabriel, Amazonas

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/teleton//programa televisivo arrecada fundos para portadores de def iciência/

O objetivo do Teleton é conseguir receita para que a AACD prossiga em sua missão de prevenir, habilitar e reabilitar os jovens, favorecendo a integração social.

Em novembro deste ano foi realizada a 11a edição da versão brasileira do Teleton. A maratona televisiva foi originalmente criada nos Estados Unidos por uma iniciativa do ator Jerry Lewis, que possui um filho portador de distrofia muscular.

É um evento único em sua categoria e busca conscientizar a população a respeito das possibilidades dos deficientes físicos e arrecadar recursos em benefício dos portadores de deficiências. A “fórmula” Teleton já é utilizada, todos os

anos, em mais de 20 países da Europa, América do Norte e América do Sul.

Na América Latina são 13 os países que fazem a maratona e deles surgiu a Oritel – Organização Internacional dos Teletons. Aqui no Brasil é realizada pelo SBT desde 1998. O evento reúne artistas de renome nacional de várias emissoras e eles ajudam na arrecadação de doações para a Associação de Assistência à Criança com Deficiência (AACD). A Associação existe há 58 anos e foi criada com o intuito de combater a poliomielite.

Hoje há atendimento médico, pedagógico e social, voltado para crianças e adolescentes portadoras de deficiências. Durante todos esses

anos a AACD cresceu e se espalhou pelo Brasil tendo unidades de atendimento em São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A parceria com o SBT é antiga. Durante os 11 anos de história, o Teleton possibilitou a construção de oito novas unidades da AACD, além da ampliação de ambulatórios, leitos e fabricação de próteses. Para se ter idéia da dimensão do trabalho que a AACD presta, são feitos mais de cinco mil atendimentos diários de pessoas com patologias diversas que têm como conseqüência a deficiência física. A associação alcançou a marca de 7.388.611 atendimentos realizados desde a criação do Teleton. “Nesses anos de projeto, tivemos muitas conquistas, estamos próximos de finalizar

a construção da 9a unidade. O complexo da AACD conta com um hospital, nove centros de reabilitação, seis oficinas ortopédicas e quatro escolas especiais. Agora, pretendemos diminuir a fila de espera, que atualmente tem mais de 32 mil pessoas. Temos certeza que conseguiremos”, fala Eduardo Almeida de Carneiro, Presidente voluntário da AACD. A abertura do programa televisivo, como todo ano ocorre, ficou a cargo do apresentador e empresário Silvio Santos que disse: “A cada ano, o Teleton consegue reunir mais pessoas interessadas em ajudar os menos favorecidos. Hoje, não é apenas uma maratona televisiva, é uma verdadeira rede de solidariedade”. O apresentador é o grande incentivador do Teleton brasileiro. Com seu carisma e credibilidade, ele atrai todo ano um grupo maior de empresas e artistas interessados em ajudar a causa pela criança deficiente. “O Teleton dá voz e visibilidade para essa parcela da população que aos poucos vem conquistando seu espaço na sociedade, tendo alcançado importantes vitórias, coisas que parecem básicas, mas que não faz muito tempo, eram distantes para os portadores de deficiências, como o transporte e o lazer”, diz Michael Ukstin, diretor artístico do evento.

Durante as mais de 26 horas de programa, a meta para 2008 foi anunciada por Sílvio Santos: R$ 18 milhões. Muitos disseram que seria algo difícil de atingir, mas ao longo da maratona, a quantidade de doações se multiplicou e antes do encerramento, quando ainda estavam no palco Hebe Camargo (madrinha do evento) e Silvio Santos, a meta foi ultrapassada. Sílvio Santos agradeceu a ajuda afirmando que era mais uma vitória do povo brasileiro. O dinheiro agora será investido para reduzir a fila de atendimento dos pacientes da AACD (Reportagem de Raphael Caldeirão)

Arrecadação: R$ 14.855.000,00. A primeira maratona viabilizou a construção do Centro de Reabilitação da AACD Pernambuco e a reestruturação do Centro de Reabilitação da Mooca.

Arrecadação: R$ 10.147.000,00.Construção do Centro da AACD Rio Grande do Sul.

Arrecadação: R$ 10.226.000,00.Construção do Centro da AACD Minas Gerais.

Arrecadação: R$ 11.847.000,00. Recursos utilizados para a manutenção dos centros já existentes. Ampliação do número de atendimentos da AACD. São Paulo ganhou mais 11 mil m².

Arrecadação: R$ 16.015.454,00. Construção do Centro AACD Osasco.

Arrecadação: R$ 15 milhões. Construção do Centro de Reabilitação AACD Rio de Janeiro

Arrecadação: R$ 16.616.032,00. Ampliação do Hospital Abreu Sodré em São Paulo (18 apartamentos em cinco pavimentos) e ampliação dos quartos da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Início da construção do Centro de Reabilitação AACD Santa Catarina.

Arrecadação: R$ 16.150.890,00.Conclusão da construção do Centro de Reabilitação AACD Santa Catarina.

Arrecadação: R$ 16.162.588,00. Redução de filas de espera por cirurgias e manutenção nas unidades já existentes.

Arrecadação: R$ 17.111.159,00.Construção de um novo centro de reabilitação.

/Linha do tempo Teleton/

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> Adriane Galisteu e o cantor Daniel mostram os mascotes do programa

> Hebe Camargo e Silvio Santos durante a maratona Teleton

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/GENERAL MOTORS//Instituto GM forma jovens empreendedores/Uma das maiores fabricantes de veículos do mundo, a General Motors possui no Brasil um instituto filantrópico cujo foco principal dos projetos é desenvolver atividades socioeducativas para crianças e adolescentes de comunidades carentes localizadas próximas às instalações industriais da empresa.

O Instituto GM, fundado em 9 de novembro de 1993, segue duas linhas na distribuição dos recursos financeiros: solidariedade e amplitude. No primeiro caso, avaliam os projetos emergenciais destinados a socorrer determinados segmentos da sociedade em situações adversas. No segundo, os projetos sociais de média e longa maturação, que visam o contínuo desenvolvimento de atividades socioeducativas. O que o instituto pretende é estimular iniciativas que colaborem para o exercício da cidadania por meio da educação.

Os principais projetos são:

Parceiros da criançaProjeto de educação complementar para crianças de 7 a 14 anos mantido pelo Instituto GM, em parceria com a Universidade São Marcos e a União dos Núcleos Associações e Sociedade de Moradores de Heliópolis e São João Clímaco – UNAS.

Qualificar é precisoQualificar jovens e adultos em situação de vulnerabilidade social.

Foco – Formação com competênciaO Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, o Senai e o Instituto GM uniram-se para implementar esse projeto de educação, qualificação e requalificação profissional para jovens e adultos.

Informática educacionalPrograma para os alunos portadores de necessidades especiais que estudam na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE.

Programa de doaçõesAs doações do Instituto GM a instituições educacionais e beneficentes são dirigidas àscomunidades em que a GMB possui complexos industriais e comerciais.

Banco de alimentosO objetivo de minimizar os efeitos da fome e reduzir o desperdício em toda a cadeia de produção, distribuição e consumo de alimentos.

Sopa solidáriaDá assistência a crianças de 7 a 14 anos em regiões de baixa renda.

Criança segura Safe Kids BrasilAções educativas e de informação aos pais.

Fundação Antônio PrudenteOs beneficiários são os pacientes da pediatria e rede voluntária de combate ao câncer do Hospital A. C. Camargo.

Empresários para o futuroUm dos projetos que a empresa realiza na unidade de São Caetano do Sul, no ABC paulista, tem por objetivo despertar o espírito empreendedor de jovens entre 14 e 17 anos. Uma nova turma de alunos do programa “Jovens empreendedores” (ou “Fábrica de cabides”) começou em outubro deste ano. “O objetivo desse programa é despertar o espírito empreendedor nos estudantes e incentivar a formação de futuros empresários”, diz Pedro Luiz Dias, Vice-presidente do Instituto General Motors e Diretor de Comunicação Social da General Motors do Brasil.

O curso ministrado pelo instituto, em parceria com a Junior Achievement, tem a duração de 15 semanas e funciona quatro horas por dia. Os 28 alunos do Ensino Médio da Escola Municipal Professor Vicente Bastos, de São Caetano do Sul, vão aprender na teoria e na prática como é o dia-a-dia de uma empresa. Os alunos cuidam de uma fábrica de cabides de alumínio para roupas e, com isso, também aprendem conceitos de administração, gestão empresarial, vendas, marketing, recursos humanos e finanças. Para essa experiência, o produto escolhido foi cabides para roupas que o grupo batizou de “Cabides Pendura”. Nas instalações existentes nas fábricas da GM, os participantes se distribuem nas áreas de suprimentos, manufatura, finanças, armazenagem e vendas, utilizando instalações, maquinários e móveis. A GM fornece transporte e alimentação para os estudantes

e o suporte técnico por meio de conselheiros voluntários. O que é produzido é vendido e o resultado é dividido entre os participantes e entidades assistenciais.

Essa iniciativa faz parte de um bem-sucedido projeto criado em 1989, na unidade de São Caetano do Sul, que depois foi estendido para as outras unidades da empresa. Em 1991, em São José dos Campos e Mogi das Cruzes (SP). Em 2007, em Gravataí (RS). No início de 2008, em Sorocaba (SP). O programa também foi implantado na fábrica da GM em Rosario, na Argentina. “O papel do Instituto GM e da iniciativa privada é despertar o espírito empreendedor em cada um dos jovens que participam dos projetos sociais e ainda investir em ações que possibilitem maior conscientização da cidadania nas comunidades carentes”, diz José Carlos Pinheiro Neto, Vice-presidente da GM do Brasil. Atualmente, em todas as unidades da GM estão em andamento grupos de estudantes participando do programa. Até agora quase 5.000 jovens já foram beneficiados.

Uma das políticas da empresa é incentivar o voluntariado entre os funcionários. Eles podem investir tempo e talento no trabalho em entidades filantrópicas.

Desde 2004, o Programa de Trabalho Voluntário – que beneficia organizações assistenciais localizadas nas comunidades próximas à empresa ou às residências dos voluntários – permite que empregados da GM ou do Banco GM prestem serviços para instituições sem fins lucrativos que estão cadastradas no programa. A participação individual ou em grupo deve ser exercida fora da jornada de trabalho. A cada empregado que completa 50 horas por ano de voluntariado, a GM Foundation doa US$ 250 à entidade beneficiada

SAIBA MAIS SOBRE O PROJETO EMPREENDEDORES DO FUTURO

Quando foi fundadoEm 1989, em São Caetano do Sul.

Objetivo principal do programaDespertar o espírito empreendedor nos estudantes e incentivar a formação de futuros empresários.

Projetos existentes na entidade por área de atuaçãoO principal projeto é o “Empreendedores do Futuro” – ou fábrica de cabides. O outro projeto é o “Sopa Solidária”.

Mantenedores atuaisO conselho de mantenedores do Instituto General Motors, integrado por Diretores da General Motors do Brasil e presidido por Edson Vaz, Diretor-geral de Pessoal e Relações do Trabalho da GM do Brasil.

Como as empresas (PJ) podem ajudar a entidade?Não existem parcerias com empresas privadas.

Como os cidadãos (PF) podem ajudar a entidade?Não há registro de ajuda de pessoas físicas fora da GM. Os funcionários da GM ajudam como voluntários em algumas ações.

Canais para contatoSite apenas para informação www.chevrolet.com.br E-mail: [email protected]: (11) 4235-8265

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/tintas coral//crianças aprendem ecologia e se preocupam com o futuro da terra/

No ano de 1854, o governo dos Estados Unidos tentava negociar e convencer Seatle, um chefe indígena, a vender suas terras. A resposta chegou ao presidente com uma carta que se tornou famosa no mundo todo. No conteúdo, a frase que até hoje é lembrada: “Tudo que acontecer com a terra acontecerá com os filhos da Terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos. A terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra.”

A carta escrita no século 19 é um documento de consciência ecológica. Seguindo este conceito, no início de 2005, o projeto Clube da Terra foi implementado pela Tintas Coral em parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica. A missão é nobre: educar e

conscientizar crianças da 1a à 4a séries, de escolas públicas, sobre as questões ambientais que afetam diretamente a vida de toda a população. O programa de voluntariado conta com um grupo de 110 funcionários das fábricas de Mauá e Recife e a proposta é a discussão de temas relativos à ecologia. Os funcionários voluntários participam de treinamentos, palestras, trocam experiências e realizam atividades vivenciais para se tornarem multiplicadores de educação ambiental. Durante todo o ano, vários temas são levados às crianças: uso consciente da água, coleta seletiva e reciclagem, desmatamento, queimadas, poluição, fauna e flora e aquecimento global.

No dia reservado para as ações, os alunos aprendem a preservar a natureza de forma lúcida e brincando. O grupo de teatro

Clube da Terra, composto pelos voluntários, tem por objetivo despertar no espectador, de maneira divertida, a consciência de preservação do meio ambiente. As peças são adaptações ecológicas de contos infantis como Chapeuzinho Vermelho, Peter Pan e O Mágico de Oz ou clássicos dos contos de fadas, trazendo a desmistificação de alguns signos e símbolos das estórias infantis, que muitas vezes mostram a natureza como um lugar longe da realidade, em que moram muitos perigos.

Os alunos da escola de Mauá participam ainda de caminhadas ecológicas, em 700 m² de Mata Atlântica conservada, localizados na propriedade da Tintas Coral. As crianças passam uma manhã com os voluntários do Clube da Terra, aprendendo na prática os

conceitos sobre preservação da natureza, além de conhecerem a fábrica e se divertirem no parquinho. Mais de 2.100 alunos de escolas públicas do entorno das fábricas de Mauá e Recife já foram atendidos pelo programa. O chefe indígena não tinha como prever que sua lição ainda seria atual no século 21. Agora, o Clube da Terra também ensina lições a serem cultivadas por todos, por esta e pelas futuras gerações.

Sueli Freitas é Gerente de Relações Institucionais da Tintas Coral e Coordenadora da área de Comunicação Corporativa América Latina da AkzoNobel Tintas Decorativas. E conversou com a revista Think & Love para falar sobre o projeto ecológico com crianças. Acompanhe:

1 – Think & Love Desde quando a empresa se preocupa com o tema da responsabilidade ambiental? Como foram os primeiros passos quando o tema entrou em questão dentro da Tintas Coral?

Sueli Freitas O compromisso socioambiental da Coral, empresa que, desde janeiro deste ano faz parte do grupo holandês AkzoNobel, sempre esteve incorporado em todos os nossos processos de gestão. Além de seguirmos rigorosas diretrizes de segurança, saúde e meio ambiente, que fazem parte do programa HSE (Health, Security and Environment), possuímos diversos programas ambientais e sociais. Esse compromisso faz parte de nossa cultura. Em 2004, por meio de uma de nossas ferramentas de comunicação interna denominada “Bate-papo com o Presidente”, nossos funcionários solicitaram um programa de voluntariado que tivesse como foco o meio ambiente. Para viabilizar esse programa, definimos a parceria com a fundação SOS Mata Atlântica, capacitamos nossos funcionários e lançamos, oficialmente, o Clube da Terra em 2005.

2 – Think & Love O Clube da Terra é um programa de voluntariado empresarial. Como nasceu esse projeto e o que realizam em parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica?

Sueli Freitas O Clube da Terra foi uma solicitação dos próprios funcionários que desejavam realizar um trabalho voluntário, com as comunidades. Desde o início, desenvolvemos as ações em conjunto, como a conscientização dos funcionários sobre a importância de preservarmos o meio ambiente, a troca de experiências, uma vez que eles possuem uma área de voluntariado, além de terem um representante que acompanha todas as nossas ações.

3 – Think & Love O Clube da Terra também é um projeto de educação ambiental feito para crianças da 1a à 4a séries, de escolas públicas de Mauá e Recife. O que é ensinado para as crianças?

Sueli Freitas Nós acreditamos na educação continuada, por isso adotamos uma escola por ano, tanto em Mauá, como em Recife, onde estão localizadas duas de nossas fábricas e que possuem comunidades bastante carentes. Uma vez por mês, nós vamos até a escola e, através de atividades lúdicas, como jogos, vídeos e dinâmicas, discutimos temas relacionados ao meio ambiente. Ensinamos às crianças a importância de preservar a natureza e que isso pode ser feito através de ações cotidianas. Os temas são: uso consciente da água, coleta seletiva e reciclagem, desmatamento, queimadas, poluição, fauna e flora e aquecimento global. Além disso, no início do ano, apresentamos uma peça de teatro (geralmente um conto infantil conhecido, com uma roupagem ecológica, como Chapeuzinho Vermelho, Peter Pan ou O Mágico de Oz) e, na unidade de Mauá, que possui uma reserva de 700 m2 de Mata Atlântica conservada, as crianças realizam caminhadas ecológicas com a finalidade de verificarem na própria natureza as lições de ecologia aprendidas em sala de aula.

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> Os voluntários do teatro apresentam o Mágico de Oz

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4 – Think & LovePor que esses foram os locais escolhidos? Existe a possibilidade de expandirem os projetos para outras cidades e/ou Estados?

Sueli Freitas Inicialmente, atendemos à comunidade do entorno das nossas fábricas. Posteriormente, pretendemos atender outras regiões.

5 – Think & Love A Unesco declarou que 2008 é o ano internacional do planeta Terra. De que forma o Clube da Terra incentiva a responsabilidade corporativa?

Sueli Freitas Procuramos servir de exemplo para outras empresas. Nosso programa é um sucesso e, desde o lançamento, temos um número de voluntários que é referência para o mercado, cerca de 12% da nossa população participa do programa (segundo o Centro de Voluntariado de SP, 7% já é um ótimo número).

6 – Think & Love Como é realizado o treinamento

dos funcionários e o que é ensinado para que se tornem multiplicadores de educação ambiental?

Sueli Freitas Os treinamentos de capacitação são realizados pelo Instituto Super Eco, ONG especializada em educação ambiental, cuja equipe é composta por pedagogos, biólogos e engenheiros florestais. Eles desenvolvem diversas dinâmicas com os voluntários que, posteriormente, são adaptadas para as crianças, além de debaterem os temas que são trabalhados sob o foco da pedagogia.

7 – Think & Love De que forma as atitudes da Coral em torno de temas ambientais impactam na reputação da empresa?

Sueli Freitas Queremos ser reconhecidos não apenas pela qualidade dos nossos produtos e serviços, mas como uma empresa que atua de maneira sustentável, com uma postura ética e de respeito a todos os nossos públicos

SAIBA MAIS SOBRE O PROJETO CLUBE DA TERRA:

Quando foi fundado O Clube da Terra foi lançado, oficialmente, em 2005.

Objetivo principal Transformar as crianças de hoje em cidadãos conscientes e ecologicamente responsáveis de amanhã.

Projetos existentes na entidade por área de atuação Programa de patrocínios da área cultural, Clube da Terra e Reserva Tangará, na área ambiental. Além da doação de tinta para entidades sem fins lucrativos e utilização de garrafa PET em nosso processo produtivo.

Mantenedores atuais AkzoNobel Tintas Decorativas Brasil. Gestores atuais Departamento de Comunicação Corporativa. Como as empresas (PJ) podem ajudar a entidade? Através de troca de experiências com projetos similares. Como os cidadãos (PF) podem ajudar a entidade? Contribuindo com o meio ambiente, através de ações simples do dia-a-dia. O exemplo ainda é a melhor maneira de se educar. Canais para contato Site: www.tintascoral.com.br

> Os voluntários do programa Clube da Terra

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/EmprEsário, sEr humano.sEr humano, EmprEsário/

/Consciência e Atitude Por um mundo melhor./

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Think & LOvePense e Ame.

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/INSTITUTO C&A//PRAZER EM LER/

“Um país se faz com homens e livros”. A frase de Monteiro Lobato sintetiza a importância da leitura na vida das pessoas. Estimular o hábito de ler no Brasil é um grande desafio quando o brasileiro compra em média 1,8 livro por ano. Para se ter uma idéia, na Inglaterra a média anual é de 5 livros por pessoa. Com esse panorama, o Instituto C&A criou em 2006 o Programa Prazer em Ler, com o objetivo de promover a formação de leitores e disseminar a importância da leitura. O programa é realizado por meio do desenvolvimento de projetos em diferentes espaços institucionais (ONGs, escolas, bibliotecas e outros) e com a articulação de agentes sociais que podem atuar na promoção da leitura. O orçamento para o biênio 2008–2009 é de R$ 7,2 milhões e 82 instituições sociais

brasileiras participam do programa. O Instituto C&A, fundado em 1991, é uma organização sem fins lucrativos, de interesse público, cuja finalidade é promover e qualificar o processo de educação de crianças e adolescentes. A idéia do instituto surgiu do desejo dos acionistas da rede de lojas C&A de institucionalizar a política de investimento social no Brasil.

Além do Prazer em Ler e de mais cinco projetos próprios, o instituto oferece apoio técnico e financeiro a programas desenvolvidos por instituições da sociedade civil também dedicadas à educação. São duas as regras seguidas para os projetos que o instituto apóia: atuar na promoção da educação de crianças e adolescentes e estar situados em cidades ou regiões em

que a empresa tenha operações. Todas as atividades da organização são mantidas por doações da própria C&A e por doações diretas dos acionistas. Desde que foi criado, já investiram cerca de US$ 55 milhões em aproximadamente 1,3 mil ações sociais. Algumas dessas iniciativas ganharam status de política pública e o número estimado de beneficiários é de 1 milhão de pessoas. Uma característica marcante do instituto é contar com os voluntários da empresa C&A, cerca de 3 mil funcionários. O voluntariado é exercido utilizando os recursos originários da empresa, a idéia é fomentar a participação social e a vida comunitária. Todas as atividades voluntárias são feitas durante o horário de trabalho. Assim, o funcionário continua recebendo normalmente, enquanto dedica seu tempo a uma ação social.

Paulo Castro é economista formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG) e ocupa o cargo de Diretor-presidente do Instituto C&A desde 2001. Construiu a maior parte da sua carreira como executivo da empresa C&A. É também responsável por dirigir as atividades do Instituto Ibi no Brasil e da Fundación C&A na Argentina. A seguir, leia a entrevista concedida para a Think & Love:

1 – Think & LoveComo são desenvolvidos os trabalhos do Programa Prazer em Ler?

Paulo CastroO Programa Prazer em Ler conta com o envolvimento de voluntários, que são funcionários da C&A. Eles são preparados por meio de oficinas pedagógicas e de formação, para trabalhar na promoção da leitura e atuarem nas instituições sociais parceiras. Os voluntários também são

incentivados a ampliar seu repertório literário, por meio do acesso à biblioteca que é constituída em cada loja da C&A. O Prazer em Ler ainda envolve a criação de bibliotecas nas instituições apoiadas, com a doação de livros e de computadores, seleção de acervo de obras e indicação para a montagem, de forma adequada, desses espaços de leitura, além de atuar na formação de mediadores de leitura.

2 – Think & LoveComo funciona o programa de voluntariado dos funcionários dentro da C&A?

Paulo CastroIniciado em 1991, o programa de voluntariado da empresa nasceu junto com o próprio Instituto C&A, com o intuito de fomentar, entre os funcionários, a cultura de participação social e comunitária. O instituto é responsável pelo programa de voluntariado da C&A, que envolve os funcionários da

empresa. A cada inauguração de loja, é formado um novo grupo de voluntários, que atuará com uma organização social local, apoiada pelo instituto. Dessa forma, a organização está presente em todas as cidades nas quais existe uma loja da rede.

3 – Think & LoveQuais são os programas desenvolvidos pelo Instituto C&A?

Paulo CastroAs ações de investimento social estão estruturadas em seis programas. Para operacionalizar seus programas, o instituto estabelece parcerias com organizações da sociedade civil constituídas sob a forma de associações, fundações privadas e cooperativas, que estejam voltadas para a educação de crianças e adolescentes. Os educadores, assim como os voluntários, são preparados, por meio de oficinas pedagógicas e de formação, para trabalhar na promoção da leitura com o público infanto-juvenil.

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> Roda de poesia

> Núcleo Sebastian

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4 – Think & LoveComo os cidadãos (PF) podem ajudar o instituto?

Paulo CastroO instituto valoriza ações de pais, professores e organizações sociais em busca de uma educação de qualidade para crianças e adolescentes. O Programa de Voluntariado Empresarial também contempla apenas os associados da C&A.

5 – Think & LoveE as instituições comerciais que se interessarem em investir no projeto, o que devem fazer?

Paulo CastroO Instituto C&A não aceita investimentos externos. Entretanto, estabelece diversas parcerias com organizações sociais que também são apoiadas por outras empresas.

6 – Think & LoveComo o senhor avalia a participação da sociedade brasileira nas causas educacionais?

Paulo CastroO País ainda não atingiu um nível de qualidade da educação para todas as suas crianças e jovens e

SAIBA MAIS SOBRE O INSTITUTO C&A

direitos fundamentais do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) ainda não são respeitados na sua integridade. Porém, percebemos que há um movimento na sociedade para que esse quadro se reverta. Por isso, trabalhamos em parceria com organizações sociais que valorizam e trabalham a favor dos direitos da criança e da adolescência

Quando foi fundado Em 5 de agosto de 1991.

Objetivo principal do institutoA missão do Instituto C&A é promover a educação de crianças e adolescentes das comunidades nas quais a C&A atua, por meio de alianças e do fortalecimento de organizações sociais.

Projetos existentes na entidade por área de atuaçãoO instituto desenvolve seis programas: Prazer em Ler; Educação Infantil; Educação em Tempo Integral; Redes e

Alianças; Desenvolvimento Institucional; e Voluntariado Empresarial.

Mantenedores atuaisAs atividades do Instituto C&A são custeadas por recursos provenientes de doações da empresa C&A Modas Ltda. e de seus sócios.

Gestores atuaisDiretor-presidente Paulo Castro

Canais para contatoSite: http://www.institutocea.org.br/instituto/site/content/contato/E-mail: [email protected].

> Crianças leitoras

/informação que conscientiza.consciência que mobiliza/

/Consciência e Atitude Por um mundo melhor./

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Think & LOvePense e Ame.

Page 36: Revista Think&Love - edição 3

/086/ /081/

/EmprEsário, sEr humano.sEr humano, EmprEsário/

/Consciência e Atitude Por um mundo melhor./

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Page 37: Revista Think&Love - edição 3

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