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Revista Perfil Empreendedor

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Revista criada pela 7ª Fase do curso de Design Gráfico da FEAN (2013/1) como projeto final da disciplina de Empreendedorismo. Apresentamos 5 cases de entrevistados que alcançaram o sucesso profissional como empreendedores.

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Você se considera um empreendedor?

EXPEDIENTE

EDITORA CHEFE/ORGANIZAÇÃOInara Antunes Vieira Willerding, M.Eng.

AUTORESAdésio Mathies Silveira

Camila Beal SilvaDenise Bastos da Silva

Fábio Afonso MagriGabriel Andrade

Inara Antunes Vieira Willerding, M.Eng.Jailson Adirce RamosRamon Nunes Rebelo

Vinícius Schmitz PereiraWillian Crippa Ribeiro

CAPAGabriel Andrade

Jailson Adirce Ramos

FOTOSFábio Afonso Magri

EDITORAÇÃOAdésio Mathies SilveiraRamon Nunes Rebelo

Willian Crippa Ribeiro

LAYOUTCamila Beal Silva

TIPOGRAFIADenise Bastos da Silva

Vinícius Schmitz Pereira

REVISÃO ORTOGRÁFICADaniel Mendonça, Me.

CURSO/DISCIPLINADesign Gráfico/Empreendedorismo Aplicado ao Design Gráfico

ANO/EDIÇÃOI - 2013/ª Edição

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APRESENTAÇÃO

A situação atual e os cenários que se projetam nos campos econômico e social, assina-lam para a necessidade de profissionais preparados para aplicar seus conhecimentos e habili-dades em negócios criativos e inovadores.

A revista Perfil Empreendedor, foi criada e desenvolvida pelos alunos da dis-ciplina de Empreendedorismo Aplicado ao Design Gráfico, da sétima fase do curso de Design Gráfico da Faculdade Energia de Administração e Negócios (Fean). A propos-ta do curso de Design Gráfico fomenta um ensino diferenciado, voltado a mudanças so-ciais, por meio da interdisciplinaridade. O curso através de uma proposta teórico-práti-ca, em que o aluno estará aplicando todo o conhecimento adquirido no desenvolvimento de atividades práticas.

Diante da proposta institucional, a disciplina de Empreendedorismo Aplicado ao De-sign Gráfico buscou fomentar o espírito empreendedor, por meio de uma visão ampla e geral da área de empreendedorismo, tendo como foco principal, os aspectos necessários à formação de futuros empreendedores perante o ambiente mercadológico atual, sintonizados com as no-vas tendências mundiais de forma criativa e inovadora.

A revista Perfil Empreendedor vem a somar com o comprometimento da FEAN com seus alunos. Vem a contribuir com esse novo formato, pois por meio de um ciclo de palestras, em que cinco empreendedores de diversas áreas contaram sua trajetória de vida, por meio de suas experiências, virtudes, dificuldades vivenciadas, motivações e até mesmo os erros co-metidos durante sua jornada, pode-se conhecer alguns talentos atuantes em Santa Catarina.

A elaboração dessa revista se deu pelos alunos da sétima fase do curso de Design Gráfi-co desde a escolha do nome até a sua editoração. Cada empreendedor foi convidado por seus autores a vir na instituição contar sua história, onde puderam observar as características empreendedoras mais marcantes e exporem nessa revista em forma de artigo científico.

Empreender pela criação e difusão do conhecimento por meio da educação, é o que se espera com a revista Perfil Empreendedor, em busca o despertar das competências em-preendedoras dos alunos, pela potencialização e incentivo ou de estímulos, pois acredita-se que talvez seja essa uma das alternativas mais relevantes para a busca do equilíbrio social do país.

Boa leitura!

Profa. Inara Antunes Vieira Willerding, MSc.

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Luís Ricardo Bastos da Silva:Um per�l empreendedor de sucesso

Denise Bastos e Vinícius Schmitz

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Rodrigo mendonça:Empreendendo com arte e estilo

Inara Willerding e Ramon Rebelo

Carlos Eduardo Souza:Em terra de tainha sushi também faz sucesso!

Fábio Magri e Jailson Ramos

Renê Oliveira:Empreendendo nas pistas

Camila Beal e Adésio Silveira

Roberto Wiggers:Empreendedor no segmentode Distribuição de SuplementosAlimentares do Brasil

Willian Crippa e Gabriel Andrade

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LUIS RICARDO BASTOS DA SILVA:Um perfil empreendedor de sucesso

Por: Denise Bastos da SilvaVinícius Schmitz Pereira

O que é ser empreendedor

Ser empreendedor, segundo Drucker (1987), é observar as mudanças como nor-mativas e sadias. O empreendedor encontra oportunidade explorando e reagindo a elas, e provocando mudanças.

Filion (1999) corrobora essa ideia di-zendo que o empreendedor é uma pessoa criativa, marcada pela capacidade de traçar e alcançar metas e objetivos, utilizando sua capacidade intelectual para novas oportuni-dades de negócio.

Os empreendedores diferenciam-se dos executivos comuns, segundo Leite (2002), por apresentarem características e atitudes que destacam sua personalidade, isto é, seu perfil empreendedor. A tabela 1 demonstra a diferença nas atitudes e características de empreendedores e executivos.

Tabela 1: Características e atividades de executivos e empreendedores

Executivos EmpreendedoresMantêm o que já foi feito e criado. Fazem coisas de forma original.Costumam gostar das rotinas. Não gostam de rotinas.Administram a responsabilidade delegada. Assumem a responsabilidade individual.Estimulam a mente dos outros. Usam mais a mente própria.Trabalham para os outros. Trabalham para si mesmos.Possuem liberdade limitada. Possuem liberdade total.

Fonte: Leite (2002, p. 7)

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Luis Ricardo Bastos da Silva: Um empreendedor de sucesso

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Bueno e Lapolli (2001) ressaltam cinco sinais que podem ser encontradas em indivíduos que apresentam um perfil empreendedor, uma vez que não é necessário apresentar todos eles.

• Velocidade: pensamento rápido para possíveis ações ou decisões que necessitem ser realizadas.• Polivalência: capacidade de exercer várias ações simultaneamente, aberto a ideias no ambiente profissional.• Visão: capacidade de idealizar um projeto do início ao fim.• Capacidade de realização: está relacionado à concretização dos planos de forma efi-caz.• Capacidade de relacionamento: socialização, troca de informações e trabalho em equipe.

Lopez (2005) procurou identificar motivações para o comportamento empreendedor em relação aos fatores essenciais para o crescimento socioeconômico dos indivíduos. O autor foi capaz de identificar os atributos por meio de estudos, agrupando-os em três categorias de motivação: realização, poder e relação com as pessoas, conforme a tabela 2.

Tabela 2: Características e comportamento empreendedor

Tipos de motivação CaracterísticasRealização • Busca de oportunidades e iniciativa

• Exigência de qualidade e eficiência• Persistência• Independência e autoconfiança

Poder • Correr riscos calculados• Busca de informações• Estabelecimento de metas• Planejamento e monitoramento sistemático

Relação com as pessoas • Comprometimento• Persuasão • Redes de contato

Fonte: Adaptado de Rosa e Lapolli (2010, p. 26-28)

Os autores Pinchot (1989) e Filion (2004) afirmam que há casos em que o empreende-dorismo manifesta-se dentro de uma organização, denominando-se empreendedorismo cor-porativo ou intraempreendedorismo.

O intraempreendedorismo é a inovação ou transformação de um determinado negócio através de um colaborador que assume a responsabilidade pela criação, tendo como objetivo novas oportunidades de mercado com resultado promissor à organização à qual pertence.

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O intraempreendedor, por sua vez, é persistente, capaz de assumir riscos e estar em constante busca por novos desafios mensurados pela criatividade e inovação (WILLERDING, 2011, p. 61).

Vale lembrar que os intraempreendedores possuem menos poder dentro da organiza-ção a que pertencem do que o empreendedor, pois não são os proprietários das empresas, precisando seguir regras já incorporadas nelas.

Fialho et al. (2007, p. 45) explicam que os intraempreendedores direcionados a agir e que recebem liberdade, motivação e recursos empresariais dedicam-se a concretizar um produto ou serviço de sucesso.

Este artigo traz o case de Luis Ricardo Bastos da Silva, cujo perfil intraempreendedor por meio de sua história de vida.

Considerações iniciais

Uma ideia não nasce pronta, ela precisa ser moldada de acordo com as necessidades do mercado. Essa é uma das bases que um bom empreendedor precisa ter para alcançar o su-cesso profissional, juntamente com a motivação e a capacidade de realização.

Esses são os pensamentos de Luis Ricardo Bastos da Silva, que, após alguns percalços em sua brilhante caminhada, encontrou oportunidades para desenvolver seu perfil intraem-preendedor, tornando-se um profissional bem-sucedido.

Nascido em Pelotas (RS), mudou-se aos quatro anos de idade para Florianópolis, onde vive atualmente. Antes de se tornar empreendedor, seu cargo mais significativo foi comissário de bordo de uma empresa de aviação por dez anos. Insatisfeito com a monotonia do emprego e também pelo declínio da empresa, sentiu a necessidade de ter uma renda extra e possivel-mente mudar de carreira, como ele mesmo relata.

Associou-se com seu colega de trabalho e juntos notaram que o custo do vestuário em Florianópolis era mais elevado do que nas demais regiões brasileiras, percebendo assim, a oportunidade de obter mais lucro nesse setor. Com a facilidade de viajar para outras cidades, Fortaleza mostrou-se um fornecedor em potencial, com produtos de qualidade e preços redu-zidos e diferenciados. Com tal oportunidade de negócio, decidiram firmar a empresa.

[...] eu preciso abrir alguma coisa, estou querendo ter uma receita extra ou quem sabe a gente sair dessa vida aqui de ficar viajando para cima e para baixo. Vamos abrir um negócio pra nós? [ao convidar um parceiro para serem sócios nessa nova empreitada] [...] E aí nós verificamos oportunida-des, viajando pra um lado, viajando pro outro, vendo o que a gente poderia ter. Resolvemos abrir uma empresa na área de vestuário aqui em Florianópolis. [...] formalizamos a empresa, vamos agora fazer nosso capital social e vamos então comprar nosso estoque. Viajamos pra vários lugares e descobrimos que em Fortaleza nós tínhamos a oportunidade de comprar nosso material, nosso produto, de uma maneira bem mais em conta, com algumas facilidades; nós por exemplo não pagávamos excesso de bagagem, então poderíamos encher o porão do avião lá e tocar em frente.

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Segundo Lapolli, Santos e Schneider (2001, p. 39) “os empreendedores são pessoas que geram ou aproveitam oportunidades econômicas e criam valor tanto para si como para a sociedade.” Nesse momento pode-se perceber a característica empreendedora de Luis, pelo comportamento de busca por oportunidades e iniciativa para transformá-las em negócios.

Contudo, o negócio não deu certo, causando assim o fim da empresa, o que levou Luis a novos rumos, a novos horizontes.

O Recomeço

Luis foi convidado a trabalhar num segmento de mercado totalmente oposto ao seu até então, mas, disposto a recomeçar, aceitou o desafio e iniciou no ramo de venda de veículos em uma concessionária de multimarcas em Florianópolis, como ele mesmo relata.

Mais uma vez, em sua fala, fica evidente a característica empreendedora referente à busca de oportunidade e iniciativa. Com os conhecimentos adquiridos em sua trajetória de vida, para sua nova atividade começou a estudar o mercado que estava vivenciando. Res-salta-se nesse momento mais uma característica empreendedora, a busca por informação. É fundamental dedicar-se pessoalmente a obter informações de seus clientes, fornecedores e concorrentes, investigando a melhor maneira de fornecer seus serviços e também consul-tando especialistas para obter assessoria técnica ou comercial nesse novo recomeço.

Uriarte (2000) define a aquisição de informações como “uma característica empreen-dedora importante, pois em um ambiente instável e competitivo, a posse de informações, pro-cessos gerenciais e avanços tecnológicos podem permitir à organização um diferencial”.

E assim foi, nós ficamos com a nossa loja por aproximadamente um ano ou ano e meio. Tivemos um ponto bastante bacana nesse sentido que foi uma contribuição pra estatística, nós fizemos parte da estatística do SEBRAE que mostra que 40% das empresas fecham nos dois ou três primeiros anos de vida. Mas isso foi uma experiência muito bacana. Encerramos a loja porque não tivemos como susten-tar aquela situação, porque chegou um momento em que definimos que não daria, nós não sabíamos nada, fomos com a cara e a coragem e negócio não é assim, aí então larguei esse ramo. E aí houve a crise na aviação, eu saí da empresa, vim pra cá [Florianópolis] pra trabalhar numa empresa na área de concessionária de veículos, especificamente na área de financiamento.

[...] ali eu comecei a achar uma oportunidade bastante grande, de análise de situação, analisar o entorno, de acordo com as experiências que eu já tinha obtido e verificar oportunidades dentro daquela empresa. Então, de certa maneira, eu comecei a traçar um perfil empreendedor, mas não um empreendedor para o mercado, mas um empreendedor de mim mesmo, para o mercado da própria empresa, onde eu comecei a observar que determinados processos que estavam acontecendo dentro daquela empresa eram processos muito falhos. Então, comecei a desenvolver ferramentas que dessem agilidade a esse processo e aumentassem a rentabilidade da empresa.

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A partir das experiências e dos equívocos ocorridos em sua caminhada, Luis aprendeu a aplicá-las na sua nova etapa profissional, agora intraempreendedora. Percebeu que os proje-tos precisam ser pensados e avaliados com uma série de perguntas.

Autores como Bueno, Leite e Pliatti (2004) afirmam que um dos caminhos necessários para motivar as pessoas para esse comportamento pode estar relacionado com a transforma-ção do conhecimento, o aproveitamento de oportunidades e experiências, que leva ao surgi-mento de novos empreendedores.

Segundo Bueno e Lapolli (2001) pode-se identificar até o momento, três sinais distin-tivos do empreendedor: polivalência, que é a característica de desenvolver várias tarefas ao mesmo tempo, facilmente adaptar-se a grupos e ambientes e ser flexível; a capacidade de compreensão intra e interpessoal, persuasão e harmonização de grupos, predisposição para orientação psicológica própria e de grupos; e a visão, que consiste na capacidade de com-preensão, análise, avaliação e ação sobre qualquer tipo de situação.

A trajetória de Luis seguiu em ascensão. Passado algum tempo, a concessionária passou por uma crise financeira e Luis migrou para outra concessionária, onde trabalha atualmente. Nessa empresa, conseguiu enxergar as mesmas necessidades da anterior, e mais uma vez apli-cou seus conhecimentos a fim de atendê-las.

Hoje Luis reconhece em si as características empreendedoras quando afirma:

Onde que existe a necessidade? Quais tipos de ações serão necessários para saná-la? E vamos aplicá-la num local específico, ou seja, em apenas uma concessionária. Vamos fazer toda uma análise do processo, verificar se os resultados estão sendo melhores do que eram anteriormente, se há opor-tunidade de melhoria e aí então vamos amadurecer essa ideia, para que seja aplicada nas demais concessionárias e assim foi feito. E aí então eu tive uma primeira vitória. Comecei a entender que as coisas não são simplesmente aquela vontade de fazer a coisa. Ter essa vontade são praticamente 50%, mas ter um conhecimento de como fazer são os outros 50%.

[...] aconteceram mais ou menos as mesmas coisas, eu trouxe as experiências dessa outra loja, apliquei ali e logicamente aprimoramos, e hoje esse sistema que desenvolvemos estão em todas as lo-jas. [...] e parte dele está sendo aplicada nas outras empresas do grupo, ou seja, toda essa análise que foi feita vale muito a pena. Porque hoje existe esse reconhecimento de que o sistema é bom, funciona e atende às necessidades da empresa de como fazer são os outros 50%.

[...] ter um perfil empreendedor requer das pessoas uma série de habilidades. Você tem que ter uma habilidade interpessoal muito grande, saber falar bem, saber escrever muito bem também, tem que saber matemática, história, muita administração, muita economia, contabilidade demais, porque todas essas qualidades é que formam um bom empreendedor.

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A capacidade empreendedora acompanha o comportamento empreendedor, pois se-gundo Cabral (2001) as capacidades empreendedoras nascem das articulações relacionadas às experiências vivenciadas no trabalho, de estudos superiores que permitam gerar bases técnicas e de um contexto familiar favorável. A soma de capacidades empreendedoras com os fatores motivacionais que se originam intrinsecamente transformam o indivíduo em um potencial empreendedor.

Sveiby (1998) ressalta que a competência individual incide em cinco elementos depen-dentes entre si:

• conhecimentos adquiridos pela informação;• habilidades relacionadas a treinamento e prática, abrangendo os conhecimentos refe-rentes às regras de procedimento;• experiência, adquirida pela reflexão sobre os erros e acertos vivenciados;• julgamento de valor, no que diz respeito à percepção do indivíduo do que é certo e errado;• rede social, relacionada às relações interpessoais de cada indivíduo.

Além dos atributos encontrados em administradores, os empreendedores são visioná-rios, indivíduos que fazem a diferença, sabem explorar as oportunidades, são determinados e dinâmicos, dedicados ao trabalho, otimistas, apaixonados pelo que fazem, independentes e construtores do seu próprio destino. Além disso, acreditam que o dinheiro é consequência do sucesso dos negócios, possuem liderança incomum, sabem construir uma rede de relacio-namentos externos à empresa, planejam cada passo do negócio, possuem conhecimento, as-sumem riscos calculados e criam valor para a sociedade, em busca de soluções para melhorar a vida das pessoas (DORNELAS, 2001).

Dolabela (1999) confirma dizendo que há duas formas de conceituar empreendedoris-mo. A primeira é direcionada para o comportamento do empreendedor, associado às suas ati-tudes, tendo como características a criatividade, a persistência e a capacidade de persuasão e de controle, com relação aos comportamentos de outros indivíduos. A segunda forma de conceituar está voltada para a economia, sendo o empreendedor visto como o inovador, con-sequentemente tendo um papel de extrema importância para o desenvolvimento econômico.

Encontra-se outra característica empreendedora em Luis nesta fala:

Silva (2006) corrobora esse argumento dizendo que a ambição de ser vitorioso ajuda muito no processo de superação pessoal e no enfrentamento dos obstáculos que possam im-pedir os negócios.

[...] acho que o ser humano em si nunca está contente com o que tem, sempre quer mais. Então, eu acho que isso é importante porque é isso que move, que cria essa situação de que estamos sempre melhorando, nos aperfeiçoando.

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Uriarte (2000) e Willerding (2011) consideram o comprometimento uma característica empreendedora que leva o empreendedor a assumir responsabilidades, ficando sempre dis-ponível a sacrificar seu tempo em prol da realização dos projetos, servindo como motivador para a equipe a realizar o desenvolvimento do projeto.

Outras características empreendedoras identificadas em Luis são a independência e a autoconfiança, as quais permitem que ele busque desafios como o desenvolvimento do software. A independência e autoconfiança de Luis expressam a sua capacidade de enfrentar desafios, buscando autonomia para que se arrisque mais, tenha ousadia, exercendo atividades desafiadoras, tornando-o um intraempreendedor de sucesso.

O comportamento empreendedor referente à necessidade de independência e autocon-fiança está relacionado à busca por autonomia, a ter seu próprio ponto de vista, mesmo diante de resultados desestimulantes, e principalmente acreditar na própria capacidade (WILLER-DING; NUNES; SILVEIRA, 2011, p. 51). Rosa e Lapolli (2010) corroboram que tanto a indepen-dência quanto a confiança são competências essenciais para a formação de uma base sólida para as ações empreendedoras.

McClelland (1972 apud LENZI, 2002) considera que a independência e a busca por auto-nomia são características empreendedoras e que, mesmo diante de resultados diferentes do esperado, seu ponto de vista permanece imutável. Rosa e Lapolli (2010, p. 43) afirmam que a “autoconfiança mantém um empreendedor persistindo e a persistência com resultados po-sitivos reforça a autoconfiança”.

O comportamento de Luis relatado até o momento já permite observar algumas carac-terísticas empreendedoras, pois, comprometido com seu trabalho, buscou por autonomia, por independência em relação a suas ações com autoconfiança. Pode-se concluir com base no refe-rencial teórico e biográfico que Luis conseguiu aprender com erros cometidos na sua primeira tentativa de negócio, recomeçando do zero, achando oportunidades e desafios nas empresas em que trabalhou, desenvolvendo suas habilidades empreendedoras.

Referências

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CABRAL, J. N. C. Empreendedorismo e desenvol-vimento. Anais da Conferência Mundial de In-cubadores. Rio de Janeiro, 2001.

DOLABELA, F. Oficina do empreendedor. São Paulo: Cultura, 1999.

DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: trans-formando ideias em negócios. Rio de Janeiro: Campus, 2001.DRUCKER, P. F. Inovação e Espírito Empreende-dor – Entreneuship. São Paulo: Pioneira, 1987.

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Luis Ricardo Bastos da Silva: Um empreendedor de sucesso

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LAPOLLI, É. M.; SANTOS, C. A. S.; SCHNEIDER, M. C. K. Vivências empreendedoras: oficinas vivenciais. 1. ed. Florianópolis: Escola de Novos Empreendedores, 2001. v. 1.

LEITE, E. F. O fenômeno do empreendedorismo criando riquezas. 3. ed. Recife: Bagaço, 2002.LENZI, F. C. Perfil comparativo de empreen-dedores do setor de serviços: estudo em res-taurantes de Balneário Camboriú. 2002, 113 f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Ad-ministração) – Universidade Regional de Blume-nau, Blumenau, 2002.

LOPEZ JR., G. S. Atitude Empreendedora em proprietários-gerentes de pequenas empre-sas de varejo: construção de um instrumento de medida. Dissertação (Mestrado em Adminis-tração) – Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência da Informação e Docu-mentação, Universidade de Brasília, 2005.

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SVEIBY, K. E. A Nova Riqueza das Organizações – gerando e avaliando patrimônios de conheci-mento. Rio de Janeiro: Campus, 1998.

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Denise Bastos da Silva: Formanda da 7ª Fase do curso de Design Gráfico da Faculdade Energia de Administração e Negócios - FEAN. Estagiária do Departamento de Marketing e Jornalismo do IFSC

– Instituto Federal de Santa Catarina.

Luis Ricardo Bastos Da Silva: Diretor Geral de Financiamentos da Rede Santa Fé.Cursando Técnico de Gestão da Tecnologia da Informação no Instituto Federal de Santa Catarina.

Vinícius Schmitz Pereira: Formando da 7ª Fase do curso de Design Gráfico da Faculdade Energia de Administração e Negócio – FEAN. Estagiário da empresa COEPAD - Cooperativa Social de Pais, Amigos

e Portadores de Deficiência.

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RENÊ OLIVEIRA:Empreendendo nas pistas

Por: Adésio Mathies SilveiraCamila Beal Silva

Santa Catarina é um estado muito co-nhecido por possuir belas praias e também por ter festas típicas de inverno. No verão, o litoral é o destino para quem quer aprovei-tar os quinhentos quilômetros de praias e as várias opções de festas noturnas à beira-mar. No inverno, a serra vira destino para quem busca estar com a família e aproveitar o frio. Ainda há opções como o Vale Europeu, que resgata as tradições dos alemães, os primei-ros imigrantes do estado. A influência germâ-nica pode ser encontrada em toda a região, desde a arquitetura enxaimel, o idioma (mui-tos habitantes falam alemão), a culinária, o artesanato e as festas típicas, com destaque para a Oktoberfest, em Blumenau, e a Fenar-reco, em Brusque. O maior parque temático da América Latina também está presente em Santa Catarina, o Beto Carrero World, que conta com diversas atrações para todas as idades e está a apenas 115 quilômetros da ca-pital do estado, Florianópolis.

O automobilismo também está presen-te no estado. A Federação de Automobilismo do Estado de Santa Catarina (FAUESC) orga niza e promove diversos campeonatos regio-

nais, como o Catarinense de Terra, o RallySC, o Sul Brasileiro de Kart, entre outros. Infeliz-mente no Brasil o esporte automobilístico não é muito divulgado. Com tantas competições acontecendo ao longo do ano, a mais conhecida é o Desafio Internacional das Estrelas, corrida de kart que reúne pilotos de diversas categorias do automobilismo mundial, com o objetivo de permitir ao público ver de perto seus pilotos favoritos na pista, além de arrecadar verba para doar a instituições carentes de Santa Catarina.

Nesse contexto, gostando de velocidade e querendo ver o automobilismo crescer no es-tado onde mora, encontra-se Renê Oliveira, formado em Engenharia da Computação e con-cluindo seu mestrado em Engenharia de Automação pela Universidade Federal de Santa Cata-rina (UFSC). Atualmente, trabalha com a parte de gerenciamento contábil para meios públicos e também possui duas empresas: a RAASEG, de hardware e automação, que ganhou um pro-

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Renê Oliveira: Empreendendo nas pistas

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jeto de empresa júnior na Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC) com relação à inovação; e a RA Racing, que realiza campeonatos de kart amador, bem como vendas de artigos e equipamentos para pilotos dessa modalidade.

Sua história empreendedora começou em 1999, quando ele e outros amigos, adolescen-tes na época, se encontravam em uma Lan House de Florianópolis, onde juntos criaram um grupo virtual chamado REDASS (bundas-vermelhas), nome utilizado nos campeonatos de jo-gos online dos quais participavam. Com o passar do tempo surgiu a necessidade de abreviar o nome para RA. Ao longo dos anos o grupo se dispersou em virtude de compromissos com faculdade, trabalho e parou de jogar. Mas eles continuaram a se encontrar esporadicamente para jogar bola ou tomar cerveja.

O ser humano no processo de desenvolvimento constrói, copia, transforma e inova no mundo das ideias e nas ações que promove no seu viver. O conhe-cer e empreender estão diretamente relacionados, mas nem todo o conheci-mento é empreendedor, no entanto todo empreender necessita do conhecer (BARRETO; LAUREANO, 2009, p. 109).

Em 2006 Renê teve a ideia de convidar o grupo para uma brincadeira diferente, num circuito de kart indoor. O grupo gostou da brincadeira e com isso voltou a saudade de quando competia nos jogos online. Assim surgiu a ideia de competir novamente, mas dessa vez no kart indoor, que é um categoria automobilística na qual se alugam karts para correr e se divertir por um determinado tempo. Eles são diferentes dos karts profissionais, pois possuem motor com potência reduzida e também uma proteção ao redor do carro para que os pilotos, em sua maioria novatos, não se machuquem em caso de colisão.

Uma ideia criativa foi o primeiro passo para a mais nova caminhada de Renê nas pistas de Florianópolis de forma inovadora. Drucker (1986, p. 25) afirma que:

Inovação é o instrumento específico dos empreendedores, o meio pelo qual eles exploram a mudança como uma oportunidade para um negócio diferen-te ou um serviço diferente. [...] Os empreendedores precisam buscar com propósito deliberado, as fontes de inovação, as mudanças e seus sintomas que indicam oportunidade para que uma inovação tenha êxito. E os em-preendedores precisam conhecer e pôr em prática os princípios da inovação bem-sucedida.

O pessoal gostou da brincadeira, começou a se organizar e em 2007 abrimos um campeonato, pequeno ainda, só com os amigos. Começamos a ver que o mercado de kart, de automobilismo em SC era muito fraco, não tinha campeonatos, não tinha estrutura, os kartódromos estavam jogados. Nessa época tínhamos a opção do kartódromo dos Ingleses, que hoje está se reformulando. Tínhamos a opção do kartódromo de Indaial e o de Joinville, o de Joinville era o melhor dos três, só que era complicado sair daqui de Florianópolis para ir lá pra Joinville, são mais de 200 km, então era um gasto muito grande.

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Com criatividade Renê percebeu a oportunidade e teve a iniciativa de realizar um cam-peonato a ser disputado com seu grupo de amigos. Lima (2001, p. 4) associa a criatividade com empreendedorismo:

Um empreendedor é uma pessoa imaginativa caracterizada pela capacida-de de estabelecer e atingir objetivos. Esta pessoa mantém um alto grau de vivacidade de espírito pata detectar oportunidades. Enquanto ele/ela se mantém aprendendo sobre possíveis oportunidades e se mantém formando decisões de risco moderado, dirigidas à inovação, continuam desempenhan-do um papel empreendedor.

Todo empreendedor possui, entre tantas outras características, a busca de oportuni-dade e iniciativa, e com Renê não foi diferente. Rosa e Lapolli (2010, p. 26-28) explicam esse comportamento de empreendedores referente à busca de oportunidades e iniciativa:

Faz as coisas antes de solicitado ou forçado pelas circunstâncias. Age para expandir o negócio a novas áreas, produtos ou serviços. Aproveita as opor-tunidades fora do comum para começar um negócio novo, obter financia-mento, equipamentos, terrenos, local de trabalho ou assistência.

Como Renê fazia parte do RA, o pequeno campeonato de kart indoor organizado por eles em homenagem aos velhos tempos também foi chamado de RA, porém com a terminação Racing, fazendo alusão às corridas.

Com o passar do tempo, essa diversão foi evoluindo, um amigo chamava o outro, e em 2010, já possuíam 15 pilotos. Nesse momento, Renê se questionou:

Para McClelland (1961; 1971 apud MARIANO; MORAES; MEDEIROS, 2011), as caracte-rísticas empreendedoras são determinadas com base na teoria do comportamento, em que persistência e comprometimento são duas delas. Tais características puderam ser percebidas em Renê, pois até conseguir organizar os primeiros campeonatos foi bastante complicado para ele, porém, com muita persistência, comprometimento e força de vontade, continuou in-sistindo no que gostava e acreditava. Fato do qual Renê recorda ao falar qual foi uma das maiores dificuldades encontradas em sua trajetória.

[...] nós chegávamos lá pra correr e víamos que era um negócio caro, o cara que está alugando os karts está ganhando dinheiro com isso, eu vou lá, monto um campeonato, organizo, às vezes até deixo de correr para poder organizar melhor o campeonato e eu não ganho nenhum dinheiro com isso? Tem alguma coisa errada. Daí começamos a cobrar uma pequena quantia para a inscrição, era um valor para poder ganhar um troféu no final, outro valor para poder fazer uma camiseta, tudo isso entre os amigos ainda, pois era um incentivo para eles irem lá correr e poder sair com algum prêmio.

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Renê começou a ter contatos com outros grupos que possuíam campeonatos de kart amador e profissional, e entre os contatos um era o Braço Duro, o maior campeonato de kart amador de Santa Catarina.

Hisrich, Peters e Shepherd (2009, p. 30) abordam o empreendedorismo como:

O processo de criar algo novo com valor, dedicando o tempo e o esforço ne-cessários, assumindo os riscos financeiros, psíquicos e sociais correspon-dentes e recebendo as possíveis recompensas da satisfação e da indepen-dência financeira e pessoal.

Em 2012 conseguiram que 25 pessoas participassem do campeonato. Ao contrário do Braço Duro, Renê se aproveitou das redes sociais para divulgar seu evento, e logo surtiu efeito, conseguiram uma parceria com o Kartódromo Internacional Beto Carrero e começaram a rea-lizar suas etapas lá. Vendo que estava dando certo, partiram em busca de apoio com empresas públicas e privadas, porém, conforme Renê relata:

Tendo essa dificuldade em vista, Renê, junto com dois colaboradores que o ajudam a organizar o campeonato, teve a ideia de registrar a empresa e abrir uma associação de pilo-tos para que assim pudessem ser vistos com mais seriedade, mostrando mais uma caracterís-tica empreendedora, a de correr riscos calculados.

De acordo com Loch et al (2010, p. 46):

O empreendedor de sucesso avalia quais as alternativas que tem para tomar uma decisão. Coloca-se em situações que implicam desafios e riscos mode-rados. Apesar da imagem de que os empreendedores são indivíduos que se arriscam muito, vários autores, como Atkinson (1957), McClelland (1967,

[...] é difícil conseguir dinheiro apenas com um grupo de amigos, ninguém vai te dar dinheiro para você usar a marca dele sem que você seja alguém representativo na sociedade.

[...] eles tinham uma boa organização, só que estava se acabando por falta de divulgação e pu-blicidade, que é muito importante nesse meio, e também por ser caro. Essa questão do caro também é interessante se falar, pois com a melhoria da economia no Brasil e em SC essa brincadeira passou a ficar um pouco mais acessível, nós vimos isso e tivemos a ideia de abrir o grupo para pessoas de fora que quisessem participar de algo organizado.

Muitas vezes me sentia sozinho tentando incentivar o pessoal de ir lá correr, tinha gente que não estava a fim, não tinha dinheiro, a mulher não deixava sair. Quando isso acontecia eu ligava para todo mundo, ligava pra ver se conhecia mais alguém que pudesse ir [...].

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2000), Welsh; White (1981), Begley; Boyd (1986), Cunningham e Lischeron (1991), dão suporte ao fato de que os empreendedores assumem riscos que para eles são moderados, visto confiarem em suas chances de sucesso para atingir os resultados pretendidos nessas situações.

Agora, Renê conta com a RA Racing como empresa registrada e focada na organização do campeonato de Kart Amador e a Associação RA Racing, que tem o papel de conseguir sub-sídios para o campeonato e também arrecadar alimentos durante as etapas para distribuir a entidades carentes da Grande Florianópolis. É importante abordar que por meio da associa-ção eles conseguiram apoio da Fundação Municipal de Esporte e Lazer de São José, que ajuda-va com uma pequena quantia para a realização dos eventos e troféus para distribuir aos cam-peões, além de aumentar o meio de divulgação da RA Racing através de matérias em jornais.

Ainda no final de 2012, a confiança que o Kartódromo Internacional Beto Carrero tem com a empresa cresce e a RA Racing recebe o convite para ajudar na organização e fiscali-zação do Desafio Internacional das Estrelas, mais uma grande oportunidade de Renê fazer novas redes de contato.

Gonçalves (2013) aborda que uma das características empreendedoras refere-se a per-suasão e rede de contatos:

Um empreendedor está sempre em contato com muitas pessoas: clientes, fornecedores, concorrentes, técnicos, especialistas de diversas áreas. Mui-tas vezes, são pessoas que não estão diretamente ligadas ao negócio, mas que, a qualquer momento, podem ser muito úteis. [...] Todo empreendedor precisa mais do que uma rede de contatos: precisa saber convencer as pes-soas a fazer o que ela deseja. Convencer o cliente a comprar mais ou o for-necedor a entregar mais rápido, por exemplo. Mas, para convencer alguém, é preciso ter bons argumentos, é preciso que estejam de acordo com os inte-resses da pessoa que está sendo convencida (GONÇALVES, 2013).

Renê e os colaboradores vinham planejando uma forma de fazer a empresa crescer ain-da mais, e diante de todo esse cenário, com a confiança do Kartódromo Internacional Beto Carrero e sua bagagem de cinco anos nessa área de kart, chegaram à seguinte conclusão:

Com essa ideia formada, mais uma vez foi atrás de seus contatos para ter uma ideia de como estavam os campeonatos em outros locais.

[...] vamos abrir o campeonato para toda Santa Catarina, vamos investir o nosso tempo nisso, melhorar o site, fazer publicidade, achar meios de comunicação que sejam interessantes para nós e que cheguem até os pilotos.

[...] eu conversei com o dono do campeonato Braço Duro e ele me disse o seguinte, eu já cheguei a ter 120 pilotos no final de semana, o meu maior pecado foi não ter investido em marketing. Ele acha-va que o campeonato se vendia sozinho com o boca a boca, mas não funciona assim [...]. Em novembro

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de 2012 nós sentamos com um grupo de pilotos aqui de Florianópolis que corriam no Braço Duro, explicamos sobre o nosso campeonato, o que pretendíamos fazer e eles se interessaram.

Em 2013, a RA Racing cresceu muito graças aos esforços de Renê e de seus parceiros, e o campeonato conta com 122 pilotos e 210 associados na Associação RA Racing. A seguir Renê nos conta um pouco como funciona o marketing da empresa:

Isso demonstra que ele possui a característica empreendedora com relação ao diferen-cial de mercado, que Nunes (2010, p. 10) descreve:

Não importa se esses objetivos a alcançar sejam de origem financeira ou humanitária, como conseguir minimizar o sofrimento de crianças espe-ciais, o que conta é atingir suas metas, seus sonhos, proporcionar com isso uma maior valia ao ente social ao qual estão inseridos.

Todo empreendedor tem essa característica de somar, criar valor para a sociedade. Além disso, Renê tem o cuidado de fazer com que o piloto amador se sinta especial. Pessoas da parte de mídia são encarregadas de fazer entrevistas e matérias sobre cada etapa, profissionais fazem fotos e vídeos dos pilotos e da corrida para serem adicionados ao site na semana após o evento. Outro diferencial da empresa que é a clareza com informações referentes a valores.

Nós trabalhamos muito com a parte de Design, com a parte gráfica mesmo, fazemos com qua-lidade, não entregamos para o piloto uma folha simples com o resultado da corrida, fazemos algo para chamar a atenção. [...] todo ano nós temos o Highlights, que são os melhores momentos de todas as etapas, pois nós temos o pessoal encarregado de fazer takes na pista, filmagens para fazer esse vídeo com os melhores momentos. Antigamente era eu que metia a mão na massa e fazia as coisas, o site do campeonato foi eu que fiz, HTML, JavaScript e tudo mais, trabalhando em cima e sempre melhorando pra deixar um negócio bacana. Hoje já tem um pessoal que mexe com outras áreas que eu não conheço tanto, que ajuda a atualizar o site, fazer os vídeos, editar as fotos, e eu me foco mais na organização. A associação junto com a empresa tem cunho beneficente, toda a etapa os pilotos tem como obrigação levar 1 kg de alimento não perecível para entregar na hora do pagamento da etapa, com isso conseguimos arrecadar em torno de 150 kg de alimentos em cada etapa. Quem não leva o alimento paga uma taxa de dez reais para poder converter em alimentos, os alimen-tos são sempre entregues para entidades carentes da grande Florianópolis, geralmente entidades que cuidam de crianças, nós temos o objetivo de ajudar essas crianças. Nós fazemos isso, um pouco pelo marketing, claro, não tem como dizer que não, mas também para ajudar os necessitados, acho que todo mundo pode ajudar de alguma forma.

[...] nós somos muito honestos em relação a isso. Por exemplo, um campeonato grande que tem em São Paulo cobra 130 reais por etapa do piloto, nós cobramos apenas o preço do aluguel do kart, que é o que o kartódromo cobra, 70 reais. O pessoal não se preocupa com isso porque a gente não

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os usurpa, não passa a perna, eles sabem que pagam uma inscrição no início do ano que hoje é de 150 reais, é um pouco caro, mas sabem que tem retorno, pois tem prêmios, ganham camisetas e tudo mais, na mesma semana da etapa o site está todo atualizado com os resultados, são nove baterias, todas elas estão detalhadas, tem também fotos e vídeos, então eles sabem que estão pagando por um serviço de qualidade, no momento em que esse serviço for malfeito, com certeza irão reclamar.

Assim percebemos a característica empreendedora de Renê referente à exigência de qualidade e eficiência, que estão entre os principais comportamentos das pessoas em-preendedoras identificados por McClelland (apud DIAS; ALBUQUERQUE; SANTOS, 2013, p. 4):

Age de forma a executar melhor as coisas, mais rapidamente ou mais ba-rato; procede de forma a realizar coisas que satisfaçam ou excedam aos padrões de excelência, assegurando que o trabalho seja terminado a tem-po e atentando aos padrões de qualidade previamente combinados, já que o empreendedor geralmente se destaca pelo nível de qualidade mais alto de seus trabalhos, resultado de seus padrões de excelência e energia para trabalhar duro.

Em virtude do crescimento e de constante divulgação, hoje é o terceiro maior campeo-nato de kart indoor do Brasil e o maior de Santa Catarina, conseguiu vários parceiros, en-tre eles a Mormaii, que disponibiliza nas etapas prêmios como celulares, capacetes, gazebos e outros produtos da marca para serem sorteados.

Querendo entrar em novos mercados, Renê está investindo em vendas online. O site está em fase de teste, e isso só reforça a característica dele de buscar oportunidades e ter iniciativa.

Outro mercado em que estamos apostando com a RA Racing é a questão de equipamentos, o equipamento no Brasil é muito caro, pois macacões, capacetes, luvas, sapatilhas são na maioria importados, as empresas do Brasil importam matéria-prima, se for fazer um macacão, eles importam o nylon do macacão já cortado, chegando aqui só é costurado. Esse caminho que o material percorre agrega muito valor ao produto, temos macacões que não são de cordura, que são macacões simples e não são antichamas por 700, 800 reais, que é um preço caro pra usar apenas uma vez por semana, uma vez por mês. [...] É mais barato você trazer algo da China em um contêiner do que você man-dar fazer aqui no Brasil, o equipamento de automobilismo não é feito na China, não existe confecção na China, é japonês, europeu ou é americano. Nós temos a Corsa no Brasil que disponibiliza os ma-cacões para a Stock Car. A Corsa importa os equipamentos de outra empresa lá dos EUA, então uma luva que deveria custar 60, 70 reias, aqui no Brasil custa 200, 210 reais, isso uma luva antichamas, uma luva normal está em torno de 150, 160 reais, que também é caro. O que nós pensamos é importar, estamos trabalhando com essa ideia, pois é um negócio complicado, nós primeiro queremos investir no campeonato para criar um ambiente e poder estudar o cliente, esses dois anos que estamos com a empresa aberta é pra saber quais são as demandas.

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Todo empreendedor possui metas para fazer com que sua empresa esteja em constante crescimento e não deixe chegar à zona de conforto. Hoje o principal objetivo do grupo é con-seguir organizar o maior campeonato de kart indoor do Brasil, e para isso já está planejando o que irá fazer.

Como se pode observar até o momento, Renê possui características empreendedoras marcantes, como inovação, oportunidade e iniciativa, pois resolveu abrir um campeonato de kart indoor em um local onde não possuía algo parecido, persistência, pois tinha que ligar e ir atrás de pessoas para realizar as corridas, e disposição para correr riscos calculados, na medida em que levou adiante a ideia de investir na empresa, criar a associação e mais tarde abrir o campeonato para todo o estado.

Com base no referencial teórico e bibliográfico, pode-se concluir que Renê agiu com cau-tela antes de realizar suas ações, estudou o mercado e os concorrentes para então executar seus planos. Porém, apenas com muita persistência, com a ajuda de redes de contato e de um trabalho com qualidade e eficiência, conseguiu transformar um sonho em realidade, o maior campeonato de kart amador de Santa Catarina.

Para finalizar Renê deixa uma mensagem que pode servir de inspiração para quem está começando seu negócio.

Hoje nós temos um plano de trabalho, porém ano que vem já temos outro, já sabemos o que vamos fazer, quais os valores que vamos cobrar, de onde vamos tirar dinheiro, já temos uma prévia do lucro que vamos ter no final do ano, qual a quantidade de despesa fixa, já temos todo esse estudo de acordo com essa metade de ano que passamos.

Tem que dar o primeiro passo e dar esse primeiro passo é difícil, as ideias existem e nós temos um caminho pela frente, se tivermos coragem conseguiremos seguir.

Briefing de informações gerais com os pilotos antes das corridas.

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Corrida.

Camisetas em exposição no evento para venda.

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Referências

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DRUCKER, P F. Inovação e espirito empreen-dedor (entrepreneurship): prática e princípios. São Paulo: Pioneira, 1986.

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LOCH, A.; BEIRÃO FILHO, J. A.; SILVA, M. T.; FA-RIAS, R. G. José Álvaro Farias: empreendedor na vida e para a vida. In: LAPOLLI, É. M.; FRANZONI, A. M. B.; SOUZA, V. A. B. de. (Coords.). Vitrine de talentos: notáveis empreendedores em Santa Ca-tarina. Florianópolis: Pandion, 2010.

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NUNES, J. C. P. Prefacio. In: LAPOLLI, É. M.; FRAN-ZONI, A. M. B.; SOUZA, Vitória Augusta Braga de. (Coords.). Vitrine de talentos: notáveis empre-endedores em Santa Catarina. Florianópolis: Pan-dion, 2010.

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Adésio Mathies Silveira: Formando da 7ª Fase do curso de Design Gráfico da Faculdade Ener-gia de Administração e Negócios – FEAN. Membro do Conselho e auxiliar de Design Gráfico

da Associação RA Racing de Kart Amador.

Renê Oliveira: Cursando mestrado em Engenharia de Automação e Sistemas pela Universidade Fede-ral de Santa Catarina (UFSC - CAPES 5) e graduado em Engenharia de Computação pela Universidade do Vale do Itajaí (2010). Trabalhou na área de Engenharia de Computação, com ênfase em Hardware, Redes de Computadores e Sistemas de Telecomunicações. Atuou principalmente nos seguintes temas: Redes Veiculares e Simulação de Redes Veiculares. Trabalha atualmente na empresa Betha Sistemas, sócio fundador da empresa RAASEG que atua na área de automação de sistema e da empresa RA Racing. Venceu em 2012 o Prêmio Prof. Casper Erich Stemmer da Inovação em Santa Catarina, prê-mio cedido pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC).

Também atua na presidência da associação de pilotos amadores da grande Florianópolis.

Camila Beal Silva: Formanda da 7ª Fase do curso de Design Gráfico da Faculdade Energia de Adminis-tração e Negócios – FEAN.

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Rodrigo Mendonça:Empreendendo com arte e estilo

Por: Ramon Nunes RebeloInara Antunes Vieira Willerding, MSc.

Os primeiros contatos com a arte

O interesse de Rodrigo por arte é antigo e vem desde a infância, tempo em que morava na cidade de Lins, no estado de São Paulo, sua cidade natal. Quando criança dividia seu tem-po livre entre as brincadeiras com os amigos da rua e a paixão por desenhar. Tudo o que imaginava colocava no papel. Como era um dos seus passatempos preferidos, ninguém jamais desconfiou que naquelas simples mis-turas de traços e cores Rodrigo desenhava o rumo que sua vida iria seguir.

Aos sete anos, mudou-se com a famí-lia para um apartamento em São Paulo e viu sua vida mudar completamente, pois perdera a liberdade que tanto prezava ao viver na “ci-dade grande”. Não existiam mais ruas para brincar. Os garotos jogando futebol nas ruas deram lugar aos carros e às ensurdecedoras buzinas. Sobraram para Rodrigo apenas o lá-pis e o papel. Resolveu então se dedicar mais ao desenho e começou a estudar técnicas para aprimorar seu traço, passando a com-preender melhor inclusive o que é, de fato, a própria arte de desenhar.

Mas isso não foi o suficiente para deixar Rodrigo “em paz”. Ele ainda precisava encon-trar novas paixões para substituir aquelas perdidas. Em sua busca acabou conhecendo e se encantando pelo surfe, foi amor à primei-

ra onda! Essa descoberta acabaria sendo decisiva nas suas escolhas futuras.

Escolhas que deram certo

Os anos foram passando e a inquietação de Rodrigo só aumentava. Foi então que, com 19 anos, tomou a decisão que iria mudar drasticamente a sua vida mais uma vez. Iria morar em

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Florianópolis e estudar arquitetura. Foi onde o surfe influenciou na escolha da cidade, conhe-cida pelas suas belíssimas praias.

Com o apoio da família, fez o vestibular para a Universidade Estadual de Santa Catarina (Udesc) para o curso de Educação Artística com habilitação em Desenho Técnico como tes-te para a prova seletiva da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), já que pretendia cursar arquitetura. Foi aprovado e, para não ficar parado, iniciou o curso na Udesc enquanto aguardava a avaliação da UFSC.

Já no primeiro semestre decidiu concluir a graduação em Educação Artística e desistiu do vestibular para arquitetura. O tempo passou e, assim que se formou, Rodrigo foi dar aula de Educação Artística e Geometria para alunos da sexta e sétima série do Ensino Fundamental em uma escola pública, o Instituto Estadual de Educação.

Por um tempo continuou atuando como professor, mas viu na evolução tecnológica, prin-cipalmente dos softwares de edição gráfica, uma oportunidade que antes parecia não existir.

Nessa mesma época Rodrigo foi convidado por um amigo para ser designer na em-presa Nuovo Design, fundada por ele e mais dois familiares. Rodrigo não pensou duas vezes e aceitou o convite. Atuou na empresa por um ano e meio, quando decidiu sair e abrir o próprio escritório de design.

A situação no seu escritório estava indo bem, até que um de seus clientes fez uma pro-posta irrecusável para Rodrigo integrar a sua equipe de profissionais.

O que me fez escolher Floripa para morar foi o surfe. Se não fosse isso, teria escolhido outro lugar, pois o que eu não queria mesmo era continuar morando em São Paulo.

Naquela época eu não conseguia ver muito futuro na profissão. Eu não tinha muitas opções além de ser professor. E foi assim que eu comecei, dando aula. Foi um grande aprendizado, pois aprendi a me comunicar melhor porque precisava fazer com que as crianças entendessem, de maneira simples, alguns conceitos de geometria e artes.

Eu tinha um dinheiro guardado e a situação já não estava tão confortável. Ou eu saía ou com-prava a minha parte para ser sócio da Nuovo Design. Resolvi sair e abrir o meu próprio negócio. Era um desejo que eu tinha.

Aceitei o convite da Quadra porque achei que eu não estava pronto para ser um empresário. Gerenciar a empresa, mesmo sendo pequena, não era simples. Estava me tomando muito tempo e eu precisava de mais conhecimento. Na agência eu poderia ganhar mais experiência, agora como funcio-nário e não como dono de um negócio.

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Mais um ano e meio se passou até que seu amigo e sócio proprietário da Nuovo Design fez um novo convite para Rodrigo, mas agora era para ser sócio e não mais um colaborador da empresa.

A Nuovo Design estava indo muito bem, e, com a chegada de Rodrigo, algumas mudan-ças na filosofia e no comportamento da empresa renderam bons frutos. A situação permane-ceu estável até a perda de um grande cliente, o que mudou completamente o cenário. Ao invés de lucro, apenas prejuízos e as dívidas cresciam mês a mês. Esse período de três meses foi um marco para a Nuovo Design. Seus sócios, por escolhas pessoais, saíram amigavelmente da sociedade, deixando Rodrigo com a decisão final: continuar ou não o negócio.

Escolhendo o caminho mais difícil, Rodrigo resolveu reerguer a empresa. Nesse pro-cesso contou com a ajuda de um novo sócio e ex-colaborador, Tiago Valente, e juntos teriam a missão de resgatar a empresa e definir um novo rumo para ela. A equipe não mediu esforços e os resultados obtidos foram melhores do que o esperado. Deram a volta por cima, implan-taram uma nova filosofia de negócio e conseguiram ânimo e vigor para enfrentar os desafios que estavam por vir.

Características Empreendedoras

A origem do termo “empreendedor”, segundo Britto (2003), está no verbo francês “en-trepreneur”, que significa “construtor” ou “criador” e surgiu cerca de 800 anos atrás, apesar de ter se tornado mais importante economicamente nos últimos séculos.

A pessoa que procura por benefícios e que costuma trabalhar de forma individual, mas trabalha em equipe quando necessário, que possui a capacidade de identificar e criar oportu-nidades de negócios, além de possuir grandes habilidades quando se trata de inovação, é um empreendedor (AMIT, GLOSTEN, MULLER, 1993).

Sua atuação está inserida em um meio repleto de riscos e incertezas (o mercado), por isso utiliza os recursos disponíveis a fim de conseguir os melhores resultados possíveis. Por-tanto, pode-se afirmar que empreendedor não é simplesmente aquele que dá início a sua pró-pria empresa, e serão essas diferenças que o distinguirão dos empresários comuns.

Entende-se então que empreender consiste em realizar ações ou idealizar métodos com o objetivo de desenvolver ou melhorar produtos, serviços ou quaisquer outras atividades or-ganizacionais ou administrativas. Uma pessoa quando começa a empreender possui diversos objetivos, como aumentar sua renda, ampliar a empresa ou criar um produto novo devido a uma necessidade, mas tais ações só são possíveis graças à liberdade que o proprietário tem para conduzir e definir as diretrizes do seu negócio.

O convite veio em boa hora, pois eu estava querendo sair da agência mesmo. Já tinha dado o meu tempo. Quando o Alexandre me convidou novamente eu tinha oito mil reais na conta e duas opções: ou comprava um MAC, um excelente computador e que todo mundo queria ter, ou comprava a minha parte na empresa. Peguei o dinheiro e me tornei sócio do Alexandre e do Tiago. O seu Wilson havia falecido alguns meses antes.

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Segundo Uriarte (2000), o empreendedor procura por uma independência profissional pelo fato de não gostar de seguir normas nem ser comandado, levando-o a abrir o seu próprio negócio em busca de autonomia.

No caso de Rodrigo, pode-se observar uma série de características que definem a sua personalidade empreendedora, que conforme Ray (1993) é essencial para o sucesso de um negócio, pois servirá de suporte para a formação da filosofia e cultura da empresa.

As características empreendedoras podem ser identificadas por meio de condutas pre-sentes nas ações de um indivíduo e estão sempre ligadas ao comportamento do empreende-dor, que segundo Colley (1986) são:

• estabelecimento de metas;• planejamento e monitoramento sistemático;• persistência;• comprometimento;• busca de informações;• busca de oportunidades e iniciativa;• exigência de qualidade e eficiência;• correr riscos calculados;• persuasão e redes de contato;• independência e autoconfiança.

Motivado pelo desejo de ser o seu próprio chefe, de poder ditar as regras da sua empre-sa, Rodrigo sempre buscou ser independente. Acreditou que a Nuovo Design tinha tudo para dar certo, principalmente porque a área do design crescia rapidamente e por quase não existir concorrentes no mercado, já que havia apenas um escritório na cidade na época. Nesse pro-cesso, a sua autoconfiança foi determinante – segundo Rosa e Lapolli (2010) a independência e a confiança constituem o alicerce que sustenta as ações empreendedoras.

O comportamento empreendedor referente à necessidade de independência e autocon-fiança está relacionado à busca por autonomia, a ter seu próprio ponto de vista, mesmo diante de resultados desestimulantes e principalmente, acreditar na própria capacidade (WILLER-DING, NUNES, SILVEIRA, 2011, p. 51).

Rodrigo sabia que para alcançar seus objetivos teria de seguir por um caminho bastante difícil principalmente por não ter experiência como administrador de empresa. Encarou essa fase como um desafio, que deveria ser superado com muito trabalho e persistência. Ele relata:

Eu já comprei a minha parte na Nuovo Design acreditando que dessa vez ia dar certo. Como trabalhei na agência, eu já tinha a minha rede de contatos e trouxe comigo alguns clientes importan-tes para a Nuovo. Já dava para a gente começar. Conseguiríamos novos clientes com o tempo porque o nosso serviço era de qualidade. Além disso, o mercado estava descobrindo e entendendo melhor o design e a sua importância. Tínhamos tudo para crescer.

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Para Fortin (1992, apud DOLABELA, 1999b, p. 68), “empreendedor é uma pessoa capaz de transformar um sonho, um problema ou uma oportunidade de negócios em uma empresa viável”. Com relação a Rodrigo esse sonho passou a ser realidade. A Nuovo Design vivia uma ótima fase, conquistou novos clientes, estava tendo lucro satisfatório, e um dos motivos para esse sucesso foi o fato de Rodrigo ter convencido seus sócios a aceitar o seu modelo de gestão para a empresa.

De acordo com Uriarte (2000), a comunicação persuasiva acontece normalmente quan-do se pretende fazer com que uma ideia se transforme em realidade, através de ações que con-vençam as pessoas. Segundo Rosa e Lapolli (2010), a persuasão e a rede de contatos são ba-ses do processo empreendedor, já que cabe ao desenvolvedor do empreendimento persuadir as pessoas a acreditar em suas ideias e objetivos.

Aplicação do modelo de gestão introduzido por Rodrigo gerou ótimos resultados, como estabilidade financeira, mas não os preparou para enfrentar situações adversas. Sem ninguém esperar, a Nuovo Design acabou perdendo um cliente importantíssimo, e o impacto dessa per-da foi catastrófico. A empresa sofreu uma redução significativa das suas finanças, estrutura e força de trabalho.

Apesar de a vontade em fechar as portas da Nuovo Design ser grande, Rodrigo não aban-donou a empresa. Acreditou que era capaz de reverter a situação, mas sabia que não consegui-ria sozinho e precisava da ajuda de outras pessoas, com novas ideias, novas motivações para seguir em frente.

Eu queria que a Nuovo fosse organizada e ao mesmo tempo flexível. E isso seria possível com uma hierarquização mais horizontal, sem tanta divisão de cargos e funções, diferente da maioria das empresas que conheci e que possuíam um sistema verticalizado, o que dificultava as ações internas porque ninguém tinha autonomia. O que o chefe mandava deveria ser cumprido sem questionamento, mesmo que existissem modos mais eficientes de realizar um trabalho. Eu queria que a Nuovo fosse diferente dessas empresas, onde, na maioria delas, o funcionário vivia fazendo hora extra, levando trabalho para casa ou precisava trabalhar no final de semana por terem um sistema de organização deficiente.

Foi uma época bastante complicada para nós. E foram apenas três meses. Perdemos boa parte da nossa receita. Tínhamos 12 funcionários e passamos a ter apenas cinco. A empresa foi reduzida para 1/3 da sua estrutura. Tivemos que mudar para uma sala menor. Eu sabia que uma empresa tem seus altos e baixos, mas a situação estava cada vez pior. Um dos sócios deixou a sociedade alegando problemas particulares e eu respeitei a posição dele, pois eu sabia que ele tinha uma outra vida fora da Nuovo. Eu mesmo pensei em desistir várias vezes.

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O reconhecimento de que não conseguiria resolver o problema sozinho e a iniciativa de Rodrigo em convidar uma pessoa que já trabalhava na empresa para formar a nova socie-dade, que se identificava com ela, que sabia quais eram as falhas existentes e estava deter-minada a mudar esse cenário, representou os primeiros passos da reestruturação da Nuovo Design. De acordo com Davis e Newstrom (2002, p.126), essa identificação do colaborador com a empresa “é o grau em que o empregado se vê na organização e deseja dela continuar ativamente participando”.

Para Padilha (2004) “o reconhecimento profissional é aquela impagável manifestação do mercado (não apenas do cliente) de que o seu trabalho é diferenciado e valioso”. Além de reconhecer o valor de seus colaboradores, Rodrigo pretendia também motivá-los de tal forma que o comprometimento da nova equipe fosse a base para a reestruturação da empresa.

Segundo Dornelas (2007), quem se compromete com algo está disposto a superar qual-quer obstáculo para alcançar seu objetivo e muitas vezes acaba se esforçando além do normal para obter os resultados esperados.

Como a Nuovo Design precisava reagir rapidamente a essa crise, ocorreram diversas mudanças na empresa, do administrativo ao operacional. Rodrigo precisou buscar informa-ções sobre a situação do mercado do design e se atualizar com relação às novas tecnologias e tendências, assim seria mais fácil encontrar oportunidades do mercado para ampliar seu negócio. Para enquadrar a Nuovo nessa nova dinâmica foi criado um modelo de gestão estra-tégica como forma de planejamento e definição de metas, as quais deveriam ser alcançadas com excelência, pois qualquer erro nesse processo acarretaria o fim da empresa.

Em síntese, o modelo de gestão estratégica atua no sentido de levar a empre-sa a se adequar à realidade de mercado, descobrir oportunidades e projetar um futuro. Dessa forma, os processos e os investimentos serão realizados de maneira mais organizada, racional e profissional, contribuindo para a redução do grau de incerteza e para o alcance de melhores resultados (CORDEIRO & RIBEIRO, 2002, p. 3).

Nessa sua busca, Rodrigo viu que muitas empresas estavam criando seu espaço na en-tão pouco conhecida internet e percebeu que não demoraria muito para a rede se tornar po-pular. Foi então que a lista de serviços foi ampliada; uma aposta que com certeza daria certo.

A melhor coisa que eu fiz foi convidá-los para serem meus sócios. Eu optei por valorizar os pro-fissionais que estavam ao meu lado desde o começo ao invés de chamar alguém de fora, que não sabia nada da empresa, para ser meu sócio.

Eu resolvi manter a Nuovo aberta e não podia fazer isso sozinho. Foi aí que convidei o Valente para ser meu sócio. Ele estava com a gente há um bom tempo e sempre vinha com ideias interessantes para a empresa. Ele me deu a motivação que precisava para continuar, pois estava realmente compro-metido em reverter a situação da Nuovo Design.

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Com as mudanças realizadas a Nuovo Design conseguiu novamente se estabilizar. O período desde a abertura até então foi de aproximadamente seis anos. Alguns meses depois a empresa fechou uma parceria para realizar alguns serviços simples de papelaria para um grande cliente. Como o serviço prestado teve uma qualidade acima do esperado, houve uma prorrogação do contrato, agora de forma anual, aumento consideravelmente o número de projetos. A situação se repetia ano após ano, até completar cinco anos. Como o volume de ma-terial para produção era muito grande, o desgaste da equipe foi na mesma proporção. Rodrigo teve de correr um risco calculado, ou renovava o contrato com o cliente ou abriria mão da parceria em prol da sua equipe. Acabou optando por seus colaboradores, mas como a empresa já estava preparada para essa decisão, o impacto não seria tão grande como da última vez.

O empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos e materiais. [...] O em-preendedor é aquele que detecta uma oportunidade e cria um negócio para capitalizar sobre ela, assumindo riscos calculados. Em qualquer definição de empreendedorismo encontram-se pelo menos os seguintes aspectos re-ferentes ao empreendedor, iniciativa para criar um novo negócio e paixão pelo que faz; aceita assumir os riscos e a possibilidade de fracassar e utiliza os recursos disponíveis de forma criativa transformando o ambiente social e econômico onde vive (DORNELAS, 2001, p.37).

Nessa mesma época o sócio de Rodrigo teve de se mudar para São Paulo, o que fez surgir a necessidade de buscar alguém para auxiliá-lo. Na mesma situação de Valente, anos atrás, estava Carina, uma colaboradora que vinha se destacando pela sua competência e compro-metimento com a empresa. Ela recebeu e aceitou o convite para ser sócia de Rodrigo, parceria que dura até hoje.

Antes da web nosso trabalho era focado em gestão, dando consultoria para empresas ou traba-lhando com a parte gráfica. Eu tinha certeza de que trabalhar também com a criação de sites só daria bons resultados e de fato deu. A internet foi um boom e não parava de crescer. Quando um cliente nos procurava, oferecíamos a ele a oportunidade de ter a sua própria página na rede, porque logo se tor-naria uma ferramenta indispensável. Cerca de dois anos depois inauguramos o setor de produto, uma ideia que eu tinha desde quando começamos a trabalhar na internet, mas não tínhamos condições de oferecer o serviço. Tínhamos que dar um passo de cada vez. E também deu muito certo. Integramos os três setores e então começamos a vender pacotes de serviço. A nossa ideia era oferecer o melhor serviço possível. Quando não era algo muito restrito, a gente explicava aos clientes qual era a melhor opção a ser seguida. Nosso objetivo não era apenas lucrar, mas sim satisfazer o nosso cliente buscando o melhor resultado, pois sempre prezamos pela qualidade e pela eficiência de um trabalho. Era comum o cliente nos pedir alguma coisa que nem ele tinha certeza do que queria. Nesses casos era feito um estudo de caso, a situação era analisada com cuidado, aí sim passávamos para eles o que realmente precisaria ser feito. Felizmente nós conseguimos realizar um ótimo trabalho. Raramente algo dava errado.

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Rodrigo Mendonça: Empreendendo com arte e estilo

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Hoje a Nuovo Design tem 13 anos de existência e vive uma grande fase. Ao longo desse período destaca-se o perfil empreendedor de Rodrigo Mendonça, que foi e é fundamental para o sucesso da empresa. Diante dessa perspectiva empreendedora nota-se que Rodrigo sempre procurou traçar suas metas e definir seus objetivos com clareza antes de dar seu próximo passo. Isso o fez, juntamente com muito esforço e dedicação, se tornar um homem vitorioso e um profissional de sucesso

Quando o Valente saiu foi complicado porque tive que assumir tudo na empresa, mas eu já vinha observando a Carina há um tempo, sabia que ela era muito boa com números e que gostava muito de administração, justamente o que eu menos gostava de fazer. E eu não tinha como escolher alguém melhor. Ela era perfeita, criou um modelo administrativo que facilitou muito a nossa vida. E eu podia fazer o que sempre gostei, que era atender os clientes.

A Nuovo Design me fez amadurecer não só profissionalmente, mas também como pessoa. E isso foi muito importante para mim. Durante toda essa trajetória adquiri muita experiência e os proble-mas que enfrentamos no passado foram um grande aprendizado para nós. Provavelmente não serão os últimos problemas que iremos enfrentar, mas a certeza que temos é que estamos preparados para enfrentar qualquer desafio e essa será a chave do nosso sucesso.

Referências

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BRITTO, F. Empreendedores Brasileiros: Vi-vendo e aprendendo com grandes nomes. Rio de Janeiro: Campus, 2003.

CORDEIRO, J. V. B. de M.; RIBEIRO, R. V. Gestão Empresarial. Curitiba: FAE – Coleção gestão em-presarial Gazeta do Povo, 2002.

DAVIS, K.; NEWSTROM, J. W. Comportamento humano no trabalho: uma abordagem psicológi-ca – Volume 1. São Paulo: Pioneira, 2002.

DOLABELA, F. Oficina do empreendedor: a me-todologia de ensino que ajuda a transformar co-nhecimento em riqueza. Rio da Janeiro: Sextante, 2008.

DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: Trans-formando ideias em negócios. 11º reimpressão. Rio de Janeiro: Elsevier – Ed. Campus, 2001.

______. Empreendedorismo na prática: mitos e verdades do empreendedor. Rio de Janeiro: Else-vier, 2007.

PADILHA, Ê. Valorização Profissional. Dispo-nível em <http://www.eniopadilha.com.br/arti-go/29/valorizacao-profissional>. Acesso em: 23 jun. 2013.

RAY, D. M. Understanding the entrepreneur: en-trepreneurial atributes, experience and skills. Entrepreneurship & regional development, n.5, v.4, p. 345-357, UK, 1993.

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ROSA, S. B.; LAPOLLI, É. M. Santa Catarina: um es-tado que é uma vitrine de talentos. In: LAPOLLI, É. M.; FRANZONI, A. M. B.; SOUZA, V. A. B. de. Vi-trine de Talentos: notáveis empreendedores em Santa Catarina. Florianópolis: Pandion, 2010.

URIARTE, L. R. Identificação do perfil intra-empreendedor. Dissertação (Mestrado em En-genharia de Produção) – Centro Tecnológico, Universidade Federal de Santa Catarina, Floria-nópolis, 2000.

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Rodrigo Mendonça: Empreendendo com arte e estilo

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Ramon Nunes Rebelo: Formando da 7ª Fase do curso de Design Gráfico da Faculdade Energia de Ad-ministração e Negócios – FEAN. Portfólio: www.rnrebelo.com.br

[email protected] / [email protected]

Rodrigo Mendonça: Graduado em Educação Artística com Habilitação em Desenho pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Sócio-proprietário da empresa Nuovo Design.

Inara Antunes Vieira Willerding: Doutoranda na área de Gestão do Conhecimento do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Cata-rina – UFSC. Mestre na área de Gestão do Conhecimento do Programa de Pós-Graduação em Engenha-ria e Gestão do Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Membro do Grupo de Pesquisa de Inovação em Ciência e Tecnologia – UFSC/CNPq. Bacharel em Administração, com habi-litação em Marketing pela Faculdade Energia de Administração e Negócios – FEAN. Atuante nas linhas de pesquisa referente à Empreendedorismo, Conhecimento e Inovação, e Tecnologias da Informação e Ensino/Aprendizagem. Professora do curso de Bacharelado em Administração e do curso de Design Gráfico da Faculdade Energia de Administração e Negócios – FEAN. Professora orientadora em 2011 do Curso de Especialização, Modalidade Educação a Distância pelo Instituto Federal de Santa Catarina – IFSC, especialização Lato Sensu em Gestão Pública e em 2012/2013, no curso de especialização Lato Sensu em Gestão em Saúde. Coordenadora do Setor Editorial da Gráfica Editora Energia, na qual de-senvolve também atividades de designer editorial. Autora de capítulos de livros, artigos em periódicos

especializados e em anais de eventos. [email protected].

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CARLOS EDUARDO SOUZA:Em terra de tainha sushi também faz sucesso

Por: Fábio Magri AfonsoJailson Adirce Ramos

Florianópolis, a capital catarinense, se destaca por suas belas praias e atualmente por suas festas e baladas no período de verão, quando quase dois milhões de turistas, se-gundo a SANTUR – Órgão Oficial de Turismo do Governo do Estado de Santa Catarina –, vi-sitam a Ilha em busca de diversão e lazer. Mas no período de inverno Floripa vive economi-camente do comércio, do funcionalismo pú-blico e de outras atividades artesanais como a pesca da tainha.

Esta última agrega um valor especial, por se tratar de uma herança dos colonizado-res açorianos, introduzida por eles já no sé-culo XVIII, e consiste no cerco de cardumes na praia com redes lançadas de embarca-ções a remo e puxadas pelos pescadores pra fora da água. Atualmente, há escassez desse peixe, devido à pesca industrializada ou por baleeiras na orla catarinense, o que dificulta a chegada do pescado às praias. Porém, mes-mo assim, os pescadores conseguem capturar as tainhas para consumo próprio.

Juntamente com a tradição da pesca, os açorianos deixaram a tradição da culi-nária da tainha para Desterro (antigo nome de Florianópolis), que é preparada de diver-

sas formas – assada, frita, escaldada, etc. Há pouco tempo, em épocas de fartura, acontecia a tradicional Festa da Tainha, que esbanjava esta iguaria nessas diversas formas de preparo. No entanto, a escassez do peixe e problemas administrativos culminaram no fim do evento. Mas a tainha ainda é um grande orgulho para os manezinhos da ilha (moradores nascidos na Ilha de Santa Catarina), que ainda consomem com prazer este pescado apesar de o crescimen-to metropolitano da ilha ter aberto portas para outras opções culinárias oriundas de diversos lugares do mundo.

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Carlos Eduardo Souza: Em terra da tainha sushi também faz sucesso!

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O tema Em terra de tainha, sushi também faz sucesso!, escolhido pelos Acadêmicos Jail-son Ramos e Fabio Magri do curso de Design Gráfico das Faculdades Energia, apresenta um case de sucesso. O objetivo é mostrar um resumo da trajetória do jovem empreendedor Carlos Eduardo Virgilio de Souza, que por meio de uma necessidade própria, a de ter facilidade e pra-ticidade em pedidos de tele-entrega de sushi, observou a oportunidade de criar um delivery de comida típica japonesa que fosse inovador, transparente, prático, seguro e que oferecesse um contato mais focado ao cliente.

Atualmente o Kimitachi, nome dado a esse delivery, conta com duas lojas em Florianópo-lis e uma na capital paranaense.

No ano de 2009, o então acadêmico do curso de administração Carlos Eduardo, nas-cido em Florianópolis, focado na produção de seu Trabalho de Conclusão de Curso para a UDESC – Universidade do Estado Santa Catarina – estava, em uma noite de inverno, em sua casa e teve com vontade de comer sushi. Nesse momento, percebeu uma lacuna em relação à entrega delivery nesse ramo e considerou esse fato como possibilidade ou caminho para seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Em outra ocasião, Carlos Eduardo, conversando com o amigo Lucas D’campora (atualmente um de seus sócios), apresentou a ideia referente ao sushi delivery. O amigo de Carlos o ajudou, então, com pesquisas e coleta de dados e na funda-mentação do plano de negócios. Por acreditar na ideia, Carlos continuou persistindo no desen-volvimento do projeto.

Concluindo o plano de negócios, direcionou integralmente seu projeto universitário para concretização e abertura do empreendimento. Juntamente com seu sócio Lucas, que fica-ria responsável pela parte tecnológica, buscaram mais um parceiro como sócio, já que ambos, apesar de gostarem de sushi não faziam ideia de toda a parte operacional do produto em si.

Inaugurada em 2010, a Kimitachi recebeu o nome por sugestão da agência de publici-dade contratada, que buscou agregar ao nome uma relação mais próxima com o cliente: esse nome, traduzido da língua japonesa, quer dizer “Eu e Você”. Era exatamente a ideia que Carlos queria passar com sua empresa.

No início, enfrentaram dificuldades que exigiram adaptações, devido a imprevistos. O principal deles aconteceu no dia da inauguração, quando pensaram em desistir, pois foram assaltados. Mas com o embasamento teórico e o aprendizado no dia a dia foram se adaptando às intempéries, e o Kimitachi começou a se estabelecer.

Sinais empreendedores

Alguns autores como Bueno e Lapolli (2001) destacam cinco sinais distintivos do em-preendedor: visão, velocidade, polivalência, capacidade de realização e capacidade de rela-cionamento, os quais podem se conectar e são indissociáveis. Carlos Eduardo consegue nos transmitir claramente todos esses cinco sinais e, como veremos, as tomadas de decisão e ações desse jovem empreendedor estão constantemente conectadas:

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Visão

Relaciona-se à capacidade de idealização de todo o processo a ser desenvolvido até a con-cretização do projeto, relevando o passo a passo do plano de negócios (BUENO e LAPOLLI, 2001 apud WILLERDING, 2011, p. 38).

Quando estava produzindo seu TCC, Carlos foi em busca de ideias e se dedicou no pro-jeto sempre com o intuito de que o tema escolhido fosse algo de que ele gostasse, mas que pudesse ser implementado, como comenta:

Drucker (1987) diz que o empreendedor é um observador que analisa as mudanças de forma positiva, que reage a elas e explora suas oportunidades. Pode-se perceber o que ocorreu com Carlos ao pensar em fazer um pedido de sushi delivery em uma noite fria de inverno talvez não despertasse o interesse de outras pessoas, mesmo pelo fato de não haver ainda esse tipo de comércio em Florianópolis. A visão empreendedora já se iniciava.

Baron e Shane (2007) afirmam que a geração de uma ideia, a obtenção de recursos para desenvolver uma ideia como processo empreendedor, o lançamento do empreendimento bem como sua administração e seus lucros são fases distintas de um processo empreendedor, mas que caminham juntas.

Formulada a ideia sobre o ramo em que aplicaria seus esforços, partiu para as pesqui-sas com a ajuda do amigo Lucas D’Campora, seu colega no curso de Engenharia Civil (curso paralelo ao de Administração que Carlos fazia), um programador de softwares que em um pri-meiro momento não acreditou na ideia, mas com algumas conversas e vendo no amigo muita disposição, o apoiou.

Então em busca de informações, pesquisaram os diferenciais dos melhores 30 restau-rantes internacionais e 30 nacionais do ramo com foco em comunicação, marketing, sistema de pedidos, entre outros.

Posteriormente, lançaram e-mails com questionários contendo tópicos como:

• O que incomodava as pessoas nos Deliverys;• O que as pessoas gostariam de receber em casa;• Quais os fatores determinantes para que elas escolhessem um restaurante de comida japonesa.

[...] coletamos tudo ou quase tudo, listamos umas duzentas páginas, só com diferenciais dos outros.

[...] eu tinha que me dedicar para o meu TCC e nele eu podia fazer alguma coisa de que eu gos-tasse e que fosse implementada depois, do contrário viraria um projeto que ficaria numa prateleira ou numa gaveta.

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Carlos Eduardo Souza: Em terra da tainha sushi também faz sucesso!

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Em torno de cento e trinta mil pessoal na Grande Florianópolis receberam os e-mails, tendo o retorno de aproximadamente dois mil e quatrocentos destes com respostas válidas.

Juntando todas as análises, os sócios conseguiram obter noções acerca do que os me-lhores restaurantes delivery estavam fazendo, do que a concorrência estava fazendo, e do que os clientes estavam querendo. Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2013),

O empreendedor tem como característica básica o espírito criativo e pes-quisador, ele está constantemente buscando novos caminhos e novas solu-ções, sempre tendo em vista as necessidades das pessoas.

Seguindo o que tinham pesquisado, foram em busca de um parceiro que pudesse agre-gar qualidade ao projeto, principalmente na parte operacional da produção dos sushis, um sushiman e uma equipe que oferecesse segurança, pois ambos os sócios não tinham expe-riência no ramo. Eles precisavam de qualidade para atingir de forma satisfatória toda a sua clientela em potencial:

Com o apoio financeiro do “Father’s Bank” (apoio dos pais), não ficou tão difícil dar prosseguimento à empresa, pois já tinham o dinheiro, o projeto, as pessoas certas, só faltava o lugar.

Velocidade e polivalência

Segundo Bueno e Lapolli (2001), a Velocidade refere-se a ter raciocínio de forma rápida para possíveis ações e/ou decisões que precisam ser tomadas, principalmente em situações contingenciais. Da mesma forma também afirmam que a polivalência está relacionada à flexi-bilidade de ideias e ações em relação ao ambiente externo que vivenciamos, podendo exercer várias atividades ao mesmo tempo.

Com tudo bem delimitado, locaram um espaço que precisava de algumas adaptações. Alguns gastos, porém, não estavam tão bem previstos no plano de negócios, como o serviço de pintura, por exemplo, em que Carlos teve que meter a mão na massa, ou na tinta, para ser mais exato. Esse tipo de função ou serviço inicialmente era algo que tinha de ser feito por eles mesmos, para evitar gastos extras. O empreendedor, além de tomar decisões rápidas, tem de ser muitas vezes polivalente, para que o negócio consiga prosseguir:

[...] com as pesquisas, percebemos que um bom sushiman poderia fazer mil sushis em uma hora, enquanto um outro, que fosse excelente, poderia fazer dez mil com o mesmo prazo; fechamos com o melhor que havia! [...]

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A capacidade de realização

A capacidade de realização, segundo Bueno e Lapolli (2001), é a persistência na busca de formas eficazes para a transposição de obstáculos, cunhada no conhecimento obtido através de pesquisas e estudo. Em Carlos essa característica destaca-se. Um exemplo claro aconteceu no dia da inauguração do Kimitachi, quando o estabelecimento foi assaltado, por volta das 23h, praticamente no final do expediente. Apesar disso, para os proprietários foi, de certa forma, uma boa inauguração:

Carlos percebeu que a segurança do delivery, apesar de estar localizado na movimentada Avenida Beira-Mar Norte de Florianópolis, próximo à sede da Polícia Federal, não os deixava confortavelmente tranquilos, pois a rua não era tão bem iluminada, e também não possuíam um sistema de monitoramento externo. Mas a verdade é que o fato abalou principalmente o psicológico da equipe, que questionou o rumo a dar ao projeto. O investimento financeiro não os preocupava tanto. Resolveram, então, parar por uns dias, quando analisaram onde po-deriam melhorar e posteriormente retomaram as atividades, dando prioridade a segurança do estabelecimento.

Capacidade de relacionamento

A capacidade de relacionamento refere-se ao fato de entender de pessoas, ter habilida-des para trabalhar em equipe, somando forças por meio da troca de conhecimentos, fortale-cendo-se como líder através da capacidade de persuasão. Esse sinal também esteve presente no período após o assalto, pois Carlos teve discernimento e persuasão para incentivar seus colaboradores e sócios a continuarem com o empreendimento, além de estabelecerem novas normas de segurança para toda a equipe. Ele ressalta:

Segundo Carlos, a consagração do empreendedor depende dos seus atributos pessoais, conhecimentos e capacidade de enxergar e aproveitar oportunidades, assim como o ambiente em que está inserido.

[...] nossos amigos, parentes e conhecidos nos deram uma grande força nesse dia, solicitando, comprando e testando nossos serviços. O resultado foi satisfatório, mas o assalto é que nos desanimou um pouco [...]

[...] adoro problemas, falhas. Geralmente sou pessimista, e é aí que nos desenvolvemos, nossa gestão geralmente está com o copo meio vazio [...].

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Inovação

Para Dornelas (2001), um empreendedor de sucesso tem características que o diferen-ciam dos outros. Apenas para os primeiros, de uma ideia surge uma inovação, e desta, uma empresa.

De acordo com Carlos, foi pensada em seu TCC e aplicada ao empreendimento a ideia de monitoramento do sistema de produção e entrega dos sushis e demais; o cliente, ao fazer o pedido através do site, acompanha a produção pelo seu computador, via Kimicam (nome dado à câmera de vídeo de monitoramento do Kimitachi). Posteriormente, na finalização do pedido, aparece a foto o colaborador (motoboy) que irá entregar o produto ao cliente é fotogra-fado, proporcionando garantia na qualidade e na segurança, desde a “fabricação” até a entrega em sua residência.

Willerding (2009) afirma que o empreendedorismo busca a inovação em um determi-nado negócio, tendo como objetivo a aquisição de novas oportunidades no mercado com foco na busca por resultados proativos para a organização. O Kimitachi se encaixa nesse contexto, justamente por esse diferencial de inovação (sushi delivery com pedido por site e acompanha-do por sistema de vídeo), pensado e executado por sua equipe bem qualificada. Mas o que chama a atenção dos clientes, segundo Carlos, é a comodidade e a agilidade proporcionadas pela tecnologia empregada, juntamente com o entendimento e a execução dos colaboradores nas tarefas, para que tudo saia como o esperado:

O diferencial da empresa se dá principalmente nos investimentos na área tecnológica, focados no uso de computadores, tablets e smartphones a realização dos pedidos, o que agrega praticidade, inovação e segurança nos serviços.

O computador se transformou em uma tecnologia culturalmente invisível, em um meca-nismo fundamental da nossa cultura (MANOVICH, 2008).

O cliente pode fazer seu pedido via internet pelo site, com toda a praticidade, seguindo etapas bem explicadas, com fotos e descrições dos sushis. Após fechar o pedido e escolher a forma de pagamento, o cliente visualiza todo o processo de produção através de um sistema de câmeras de vídeo e recebe feedbacks de texto como: “Existem 3 pedidos na frente do seu”, “seu pedido já está sendo produzido por nossa equipe”, “seu pedido já está sendo embalado”. Após o pedido ser finalizado, o site reproduz uma foto do entregador que irá levar o pedido.

[...] o cliente está lá no conforto de sua casa, não está a fim de enfrentar o trânsito, entra no site, seleciona o que quer comer, acompanha como é feito seu produto por nossos sushimans, sabe quem irá entregar, tem a opção de pagar pelo site com cartão ou na entrega, e espera alguns minutos e pronto.

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Feedback de acompanhamento de pedidos.

Pedido em produção acompanhado ao vivo pela Kimicam.

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Pedido finalizado e foto do entregador para maior segurança.

Para fechar o ciclo de atendimento após todo o acompanhamento do pedido em tempo real por mensagem de texto e vídeo, o cliente recebe um e-mail com link para responder a um breve formulário de satisfação, que ao ser respondido converte-se em pontos para o cliente, que pode resgatá-los em sushis nos próximos pedidos.

O site foi elaborado e pensado para uma compreensão prática do cliente, que visualiza os produtos com imagens de qualidade e uma descrição com os seus respectivos nomes no rodapé. O cliente vai personalizando seu pedido ou adicionando combos selecionados com diversas sugestões de cardápio.

Com o case apresentado pode-se perceber que além de uma ideia e da vontade de Carlos para abrir o seu próprio negocio, foram necessários muito estudo, pesquisa de mercado, união de competências, visão, inovação, capacidade de relacionamento e realização e qualidade nos serviços, para o Kimitachi conquistar sucesso.

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Referências

BARON, R. A.; SHANE, S. A. Empreendedorismo: uma visão do processo. São Paulo: Thomson Le-arning, 2007.

BUENO, J. L. P.; LAPOLLI, É. M. Empreendedo-rismo tecnológico na educação – vivências empreendedoras. Florianópolis: Escola de Novos Empreendedores, 2001.

DORNELAS, J. C. de A. Empreendedorismo: Transformando ideias em negócios. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2001.

DRUKER, P. F. Inovação e espírito empreende-dor (entrepreneurship): prática e princípios. São Paulo: Pioneira, 1987.

MANOVICH, L. Software Takes Command. Ver-sion november 2008 [online]. Disponível em: <www.softwarestudies.com/softbook>. Acesso em: jun. 2013.

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Mi-cro e Pequenas Empresas. Empreendedor de Sucesso, 2013. Disponível em: <http://www.sebraepr.com.br/PortalInternet/Destaques/Quero-abrir-minha-empresa/Empreendedor-de-Sucesso>. Acesso em: 04 jul. 2013.

WILLERDING, I. A. V. Empreendedorismo so-cial na educação: um estudo de caso sobre o Projeto Curso Pré-Vestibular da UFSC – Inclu-são para a Vida. In: LAPOLLI, É. M.; FRANZONI, A. M. B. Capacidade Empreendedora: teoria e casos práticos. Florianópolis: Pandion, 2009.

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Fábio Magri Afonso: Formando da 7ª Fase do curso de Design Gráfico da Faculdade Energia de Admi-nistração e Negócios – FEAN. Designer Gráfico e Fotógrafo, atuante em agência de publicidade, estú-dio de design e editora desenvolvendo materiais promocionais, identidade visual, websites, anúncios, projeto gráfico e aulas digitais para iPad. Desenvolve atividade de designer na Gráfica Editora Energia. Desenvolve também atividade na área de fotografia explorando a criatividade por meio da iluminação.

Portfólio: www.fabiomagri.com.br. [email protected].

Jailson Adirce Ramos: Formando da 7ª Fase do curso de Design Gráfico da Faculdade Energia de Ad-ministração e Negócios – FEAN. Atuou por 7 anos no setor de eventos no Sistema de Ensino Energia, em festas, formaturas, vestibulares, atualmente desenvolve atividade de designer na Gráfica Editora

Energia, auxiliando na editoração, arte finalização de materiais internos e externos. [email protected] / [email protected]

Carlos Eduardo Souza: Carlos Souza, 25 anos, formado pela Universidade do Estado de Santa Catarina em administração no ano de 2010. Atualmente faz MBA em controladoria, gestão financeira e auditoria

na FGV e é responsável pela a expansão da franquia Kimitachi.

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ROBERTO WIGGERS:Empreendendo no segmento de distribuição de suplementos alimentares do Brasil

Por: Gabriel AndradeWillian Crippa

Natural de Itapiranga (SC), onde resi-diu até os 19 anos, Roberto Viggers veio para Florianópolis para realizar sua graduação e buscar seu espaço no mercado de trabalho.

Apesar dessa constatação, salienta que se descobriu profissionalmente ainda jovem em sua cidade natal, onde percebeu seu fee-ling para vendas, e sua expertise se encami-nhava para desenvolver e trabalhar na área comercial. Seu primeiro emprego foi como “jornaleiro”, ainda criança, e no exercício de sua função percebeu que para vender tinha de tratar cada caso (cliente) como único.

Logo se destacou nessa atividade e cha-mou a atenção de um grande comerciante de motos da pequena cidade do interior de San-ta Catarina. Esse empreendedor percebeu em Roberto a sua capacidade de persuasão e lhe fez uma proposta de emprego no setor

O município não teria condição de su-portar, digamos, a minha vontade e necessida-de de desenvolver alguma coisa na minha área comercial. Queria voar mais alto, buscar novos horizontes.

de vendas de sua empresa. Roberto aceitou e encarou o novo desafio com o foco e a determi-nação característicos da sua personalidade empreendedora. Em seu novo emprego também se destacou como vendedor de consórcio de motocicletas para agricultores da região, adotando a estratégia de vender não simplesmente um veículo, mas sim um sonho.

A vontade de crescer de Roberto Viggers ficou grande demais para a pequena cidade de Itapiranga, e ele veio para a capital do seu estado em busca de conhecimento (outra carac-terística do comportamento empreendedor, a vontade de crescer).

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Roberto Wiggers: Empreendendo no segmento de distribuição de suplementes alimentares no Brasil

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Você é cliente, se quiser comprar, se não quiser, vai ter outro que vai comprar.

Por que coloquei este nome? Minha filosofia de trabalho era vender uma política nova, uma fi-losofia nova de trabalho em todos os sentidos, tanto em linha quanto em desenvolvimento de trabalho, tanto em captação de clientes quanto em marketing, enfim, tudo está com base neste nome, Vital. Por que Vital? Porque quero ser Vital, quero ser útil, indispensável em todos os aspectos.

Ninguém queria fazer o pequeno varejo, todos estavam interessados no grande, queriam aten-der o Angeloni, atender o Giassi, atender o Big.

Exemplos desse comportamento: capacidade visionária e iniciativa; plane-jamento e levantamento de informações a respeito de tudo que realizará; capacidade para transformar sonhos em objetivos; ousadia e coragem para assumir riscos; inteligência emocional aplicada na prática; persistência, em-penho na busca dos objetivos e muito comprometimento (FABRI, 2013)

Em Florianópolis, enquanto cursava administração começou a trabalhar com vendas e em seguida migrou para a área alimentar, onde ficou por dois anos, atendendo os super-mercados e grandes vendedores de varejo. Foi nesse período que percebeu uma necessidade de mercado: produtos voltados para o bem-estar e a alimentação saudável. Notando que pode-ria atender o pequeno varejo, resolveu investir nesse nicho de mercado. Roberto afirma que:

Ele acredita também que os países subdesenvolvidos não têm interesse político de cuidar do bem-estar da população, estão mais interessados em firmar acordos com gran-des multinacionais que vendem remédios, pois “o grande negócio” é ter mais pessoas depen-dentes desse mercado que abrange não somente a venda de remédios, mas também o setor de transporte, de energia etc. Com isso conseguem obter lucros mais significativos do que teriam se investissem na prevenção alimentar das pessoas.

Porém, nos anos 90, em países da Europa e nos Estados Unidos já era desenvolvido esse mercado de produtos alimentício voltados para a saúde, e no Brasil essas práticas estavam ainda no início.

Ao perceber essa necessidade, essa oportunidade de mercado e os fatores que a influen-ciavam, Roberto decidiu abrir o seu próprio negócio, uma empresa (distribuidora) no segmen-to alimentício, a Distribuidora Vital.

Roberto afirma que na época em que morava em Itapiranga, não tinha a noção de que o cliente era a peça fundamental de uma estrutura de negócio, e constata que devido à queda da inflação na época e ao fato de se ter uma rotatividade constante de mercadorias e falta de ofertas se pensava que não era preciso cativar o cliente.

Com esta análise Roberto salienta que queria montar uma empresa diferenciada nas atitudes.

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O nome da empresa (Vital) é a base de toda a filosofia da empresa, que pretende ser para clientes fornecedores e colaboradores algo fundamental (vital). Roberto também já tinha uma visão diferenciada na época sobre valorização do cliente. O começo da trajetória da empresa foi difícil. Para seter ideia, o quarto do apartamento alugado serviu de sede do negócio. Porém a força de vontade e a determinação são características de Roberto que o fizeram crescer profissionalmente.

Eu sei, eu quero e vou conseguir é uma das frases levadas como lema por ele. Roberto cita “os três pilares” (clientes, fornecedores e colaboradores) que segundo ele são fundamen-tais para uma empresa.

Com o conceito dos três pilares bem definidos e sólidos, no ano de 1999 a empresa co-meçou suas atividades, com o quarto do apartamento alugado que dividia com colegas de faculdade como sede. Roberto iniciou com apenas dois fornecedores e vendendo uma linha de produto de cada (barras de cereais e produtos light e diet). As primeiras aquisições da em-presa foram um aparelho de fax usado e um bloco de talão para cobrança. E com essas duas ferramentas em mãos, e usando o bagageiro do seu carro como estoque, saía para vender. Na época já queria desenvolver seu trabalho com produtos de linha natural, integral, dietética, alimentos saudáveis, mas não tinha conhecimento de onde estava esse mercado. Foi quan-do começou a trabalhar com o pequeno varejo, minimercados, farmácias, casas de produtos naturais etc, e com isso foi analisando o mercado e melhorando seu portfólio de produtos e ganhando clientes.

Nesse período o mercado que a empresa mais atendia incluía farmácias, casas de produ-tos naturais e suplementos alimentares. As dificuldades eram diversas, pois ninguém conhe-cia o empresário nem a sua empresa e os produtos comercializados por ela, e ele não conhecia os clientes e suas necessidades. Porém, Roberto salienta que o fundamental para crescer foi sua persistência, “vontade de querer crescer”, e por meio dessa força de vontade, sua empre-sa e ele, na condição de vendedor (empreendedor), começaram a fidelizar e ganhar respeito de seus clientes. Seu primeiro grande parceiro foi a rede de Farmácias do Sesi (Sesi Farmácia), iniciando com dois produtos. Novos caminhos foram sendo abertos para seu segmento, e a empresa co-meçou a trazer novos produtos e ver o que era interessante para ele e seus clientes. Nessa nova fase de crescimento da sua distribuidora, percebeu que teria de investir para dar um passo maior, já que o bagageiro do seu carro particular ficou pequeno para tantos produtos e principalmente porque notou que sua logística de trabalho baseava-se em vender durante o dia e faturar as notas fiscais e organizar pedidos de noite e logo pela manhã sair para fazer

Quem quiser montar um negócio de sucesso e esses pilares têm que estar bem definidos, pois não se constrói um negócio sem ter o cliente satisfeito e os fornecedores, parceiros e colaboradores realizados.

A empresa precisa ser vital, útil e indispensável para seus clientes, ela precisa ser vital, útil e indispensável para seus fornecedores, ela precisa ser vital e útil para seus colaboradores.

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as entregas. Assim, percebeu que no período em que fazia as entregas poderia estar vendendo, por isso contratou seu primeiro funcionário e comprou (de forma financiada) um carro para entregas (Fiorino).

Roberto tem a teoria de que umas das chaves do sucesso é a autoconfiança e cita um lema que faz parte da sua filosofia de trabalho.

Ou seja, a primeira pessoa que tem de acreditar (ter convicção) no seu trabalho, no seu potencial, é você mesmo, só assim poderá convencer os outros a comprar a sua idéia.

Roberto Wiggers, como todo empreendedor que se preze, é inquieto e sempre busca o aprimoramento, nunca se conforma com a atual situação, seja ela qual for. Sempre corre atrás de novas tecnologias e busca a perfeição nos três pilares que formam a base do sucesso empresarial (cliente, fornecedores e colaboradores).

Dificuldades

Roberto cita a inadimplência como uma das maiores dificuldades que encontra atual-mente no mercado no Brasil, seja essa pessoa inadimplente por má administração dos seus ganhos ou por desvio de caráter (clonagem de cartão, repasse de cheque sem fundo). E por isso ressalta alguns cuidados quanto às vendas:

A segunda maior dificuldade encontrada por Roberto em sua jornada empreendedora vencedora é o “material humano”, como ele mesmo diz. E comenta que hoje as pessoas não es-tão comprometidas com o trabalho, não se dedicam à empresa, mas pondera que às vezes a di-retoria não colabora para manter o seu funcionário motivado e assim produzir mais e melhor. Roberto trabalha com seus colaboradores usando a motivação, o contato direto e franco com seus funcionários, mostrando diariamente a importância de cada um deles para a empresa.

O empresário adota em suas empresas a prática da bonificação ao funcionário por assi-duidade, cumprimento de metas de produtividade, com o objetivo de manter seus colaborado-res estimulados. Roberto crê que cabe a ele (e seus diretores) a sagacidade de identificar um funcionário comprometido com a empresa e (através de dados coletados pela empresa, como assiduidade e produtividade) dar o devido valor a ele, seja com uma promoção ou aumento de gratificação, assim o empregado se sente valorizado, pois vê que o empregador reconhece o seu esforço em prol da empresa. O empresário prega que o colaborador tem de ter responsa-bilidade dentro da empresa, e por isso quando o seu funcionário causa algum tipo de prejuízo por erro próprio esse é descontado de sua gratificação, assim evitará o erro da próxima vez. Sobre isso Roberto diz o seguinte:

Eu sei, eu quero, eu vou conseguir.

Não basta apenas vender, mas vender para quem, a venda só é concluída quando todo o esca-lonamento é completado, isto é, o cliente tem um determinado prazo para pagar aquilo que recebeu.

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As empresas de Roberto prezam pela qualidade e nelas a busca de melhorar é uma cons-tante, e sobre isso ele diz o seguinte:

Roberto segue o conceito de que com uma melhor qualidade nos produtos e serviços o cliente irá reconhecer e priorizará a sua empresa em detrimento de outras que não têm a mesma qualidade nesses quesitos.

Hoje a Distribuidora Vital atua em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul e em parte do Paraná, e conta com uma logística muito eficiente, que permite que todos os produtos vendi-dos no dia (até o fechamento da empresa, às 19 h) estejam com o cliente no dia seguinte ainda pela manhã. Roberto frisa que velocidade na entrega é uma necessidade de mercado. Outra ferramenta implantada pelo empresário em sua empresa, essa de maneira pioneira no seu segmento, é o uso da tecnologia: todos os vendedores trabalham com um iPad e todo o catálo-go de produtos é mostrado para o cliente através desse.

Nesse mesmo quesito de implantação tecnológica, a Distribuidora Vital implantou um sistema de comunicação através do seu catálogo eletrônico interligado com o estoque, man-tendo o vendedor sempre ciente da disponibilidade da mercadoria. Outra vantagem desse sis-tema é a atualização instantânea de um produto (lançamento) no catálogo; o vendedor faz uma simples atualização (que já é feita automaticamente na hora em que abre o catálogo) e esse produto já constará no catálogo com sua foto e descrição. Esse sistema é um diferencial de mercado da sua distribuidora. E tudo isso está relacionado com a qualidade de serviço. Roberto cita uma frase interessante durante a palestra sobre o assunto:

Roberto está sempre antenado no mercado, e busca também na observação de cases (de bons e maus exemplos) trazer algo novo para dentro da sua empresa. A Distribuidora Vital tenta se destacar no mercado com um excelente atendimento, tendo uma logística equiparada à dos maiores distribuidores do país no mesmo segmento de marcado. Sua empresa também se destaca pelo pós-venda: todos os seus clientes têm um acompanhamento, gerando um fee-dback dos serviços para a empresa.

Eu não quero nivelar o meu cliente por preço, eu quero qualidade.

O colaborador tem que ter essa noção (de responsabilidade), de que nem tudo é fácil, tem que estar comprometido com a empresa. Você tem que dar a oportunidade para eles, mostrar o caminho, ensinar a pensar, a não fazer as suas tarefas de maneira robótica, pois nem sempre as melhores ideias vêm da gerência, uma melhor forma de logística pode vir de um funcionário. Mas para isso ele tem que estar envolvido nos processos de empresa.

Outra questão que eu prezo muito dentro da empresa é a qualidade, seguindo o conceito do nome da empresa Vital [...] hoje o mercado está cada vez mais competitivo, não só no meu segmen-to, mas em todos, então a empresa tem que se sobressair sem ficar preocupada com o nosso concor-rente, temos que desenvolver o nosso trabalho e esquecê-los.

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Seja na abordagem econômica, psicológica ou social, o empreendedor pode ser definido como um processo que ocorre em diferentes ambientes e situa-ções organizacionais. Adequando-se a situações de mudanças, o processo caracteriza-se pela inovação provocada por pessoas que geram ou aprovei-tam oportunidades e que, nesse movimento, criam valor tanto para si pró-prias como para a sociedade. (PEREIRA, 2001, p. 17)

Existe também um cuidado com a atuação dos entregadores (terceirizados) e represen-tantes da Distribuidora Vital (vendedores). Todos os dias uma funcionária liga para diversos clientes para perguntar como foi a atuação do vendedor e do entregador, aproveitando a li-gação já lhe faz seis perguntas padrões. O empreendedor salienta que isso demonstra que a empresa tem uma preocupação com o cliente e ajuda na parte da fidelização. As perguntas feitas ao cliente são as seguintes:

Roberto salienta que deixar o cliente correr atrás da empresa quando se tem uma neces-sidade não existe mais, pois as empresas devem sempre buscar qualidade de serviço e quali-dade em atendimento, e isso deve começar pelas opiniões do cliente, realizando isso pode-se encontrar pontos positivos, negativos e dificuldades.

O empreendedor caracteriza-se por ser uma pessoa criativa, marcada pala capacidade de estabelecer e atingir objetivos e que mantém alto nível de consciência do ambiente em que vive, usando-a para detectar oportu-nidades de negocio. Um empreendedor que continua a aprender a respeito de possíveis oportunidades de negócio e a tomar decisões moderadamente arriscadas que objetivam a inovação contínua a desempenhar um papel em-preendedor. (FILION, 1999, p. 19 )

Através de um cliente (Loja Nutrifull), o empresário identificou uma nova oportunidade de investimento dentro de seu segmento. Tudo se iniciou por um convite de seu cliente, que lhe argumentava ter grande sucesso na parte comercial de seu negócio voltado para suplementos alimentares, e convidou Roberto para uma sociedade, já que este tem know-how de mercado, por já ter um amplo conhecimento e interesse na parte administrativa (financeira) e de dis-tribuição.

Roberto conta que enfrentou esse convite como um novo desafio em sua carreira em-presarial, pois até então vinha desenvolvendo seu negócio somente na parte de distribuição, e agora estava entrando na parte do varejo, que salienta ser muito mais complexo, pois aten-der o cliente final exige outra abordagem, outra forma de feedback; no varejo, na maioria dos

Como foi a atuação do nosso representante (vendedor e entregador)? Ele esta suprindo sua necessidade? Ele está lhe atendendo de uma forma respeitosa, de uma forma que lhe satisfaça? Por que você está comprando da Distribuidora Vital? O que você sugeriria para nos melhorarmos nosso trabalho? Você necessita de algum produto que não esta encontrando no mercado? Você pode nos sugerir que vamos tentar correr atrás.

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casos, se exige o imediatismo, pelo fato de o cliente não querer esperar para trocar ou obter um produto, diferente da distribuição, que pode demorar horas ou dias.

A essência do empreendedor está na percepção e no aprimoramento das novas oportunidades no âmbito dos negócios e sempre tem a ver com criar uma nova forma de uso dos recursos nacionais, em que eles sejam desloca-dos de seu emprego tradicional e sujeito a novas combinações (SCHUMPE-TER, 1934 apud SANTOS, 2001, p 24 )

Com pleno sucesso nas áreas de distribuição e vendas a varejo, Roberto identificou mais uma oportunidade de investimento (nicho de mercado) ao perceber que o dia a dia das pes-soas é corrido, e muitas não se dispõem de tempo nem para se alimentar de maneira saudá-vel nem para se exercitar, começou a desenvolver um e-commerce (comércio eletrônico) cujo nome derivou do pensamento (perguntas e respostas):

Assim surgiu o nome “Suplementoemcasa” <Suplimentoemcasa.com.br>, que é acoplado à Distribuidora Vital para justamente atingir aquele cliente que tem cotidiano corrido. Rober-to afirma que:

Com essa ação Roberto nos conta que expandiu seus negócios em nível nacional e sa-lientou um comportamento interessante de muitos clientes do estado de Santa Catarina e Rio Grande do Sul que não compram suplementos alimentares por site de lojas físicas dos quais também são clientes, preferindo comprar de sites sediados no Rio de Janeiro, em São Paulo, Minas Gerais, Brasília e outros estados.

As estratégias de marketing são desenvolvidas por uma empresa sediada em Lages (SC) e que criam campanhas aplicadas diariamente e textos utilizando ferramentas do Google para e-mail marketing. Suas estratégias para tentar sair à frente de seus concorrentes estão na agilidade de entrega, preços mais atrativos e qualidade no atendimento.

Por conta do grande fluxo de vendas da Distribuidora, o empresário nos conta que tanto o sistema de estoque da Distribuidora como seu comércio eletrônico fizeram surgir a neces-sidade de desenvolver uma tecnologia que permitisse que o sistema da distribuidora trocas-se informações referentes à quantidade de produtos disponíveis no estoque, cortando assim o problema de haver confusão com a quantidade de produtos disponíveis para venda pela dis-tribuidora (Vital) e pelo e-commerce (Suplementoemcasa). Isso resolveu problemas de atraso de entrega e gastos excessivos com clientes.

O consumidor de e-commerce é o consumidor de oportunidades, é o cara que não tem tempo e não quer ir à loja, então ele vai lá e compra com oportunidade de promoção. Já o consumidor de loja vai lá para provar a blusa, provar a roupa, é aquele que quer conhecer o produto e pedir orientação. Ele quer uma minipalestra de como usar o produto, ele quer provar o produto.

O que ele quer? O suplemento. Onde? Em casa.

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Roberto Wiggers construiu uma trajetória empreendedora vencedora. Sua história de vida é inspiradora para quem pretende abrir o seu próprio negócio. Trata-se de um em-preendedor nato, sua personalidade, modo de agir e pensar compõem um perfil empreen-dedor de fato. Com sua liderança, guia seus empreendimentos para o sucesso, nunca se con-formando, e de forma criativa e inovadora busca evoluir e aproveitar novas oportunidades de mercado.

Referências

FABRI, A. Tripé do sucesso empresarial. HMS.com.br. Disponível em: <http://www.hsm.com.br/editorias/gestao-e-lideranca/tripe-do-suces-so-empresarial>. Acesso em: 03 jul. 2013.

FILION, L. J. Empreendedorismo: empreendedo-res e proprietários-gerentes de pequenos negó-cios. Revista de Administração, São Paulo. v. 34, n. 6, 1999.

SANTOS, O. dos. Estratégias para capacitação dos administradores com visão empreen-dedora. 2001. 134f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Centro Tecnológico, Universidade Federal de Santa Catarina, Floria-nópolis, 2001.

PEREIRA, S. M. A Formação do Empreendedor. 2001. Tese (Doutorado em Engenharia de Produ-ção) – Centro Técnológico, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001.

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Willian Crippa Ribeiro: Formando da 7ª Fase do curso de Design Gráfico da Faculdade Energia de Administração e Negócio – FEAN. Atuante em design digital e fotografia, além de possuir projetos

em outras áreas como editorial e criação de marcas. [email protected].

Roberto Wiggers: Graduado em Administração pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Dono da Distribuidora Vital e proprietário do site Suplemento Em Casa (http://www.suplementoemca-

sa.com.br). Sócio da empresa Nutrifull.Gabriel Andrade: Formando da 7ª Fase do Curso de Design Gráfico da Faculdade Energia de Adminis-

tração e Negócio – FEAN. Marketing na empresa Santrade – Export & Import LTDA.

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Foto da 7ª fase do curso de Design Gráfico da FEAN.

Da esquerda para a direita, na parte superior: Jailson, Inara, Vinícius, Camila, Willian e Denise.

Na parte inferior: Fábio, Ramon e Adésio.

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Autor: Fábio Magri

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