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R$ 9,90 Especial [ Simpósio Julimariano: Espiritualidade, Eucaristia e Missão ANO LXXXVI / Nº 3860 JANEIRO / 2015 www.olutador.org.br Pe. Júlio Maria, O LUTADOR a caminho dos altares

Revista olutador 3860 janeiro 2015

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Revista Católica. Número especial da conversão de Jornal para Revista. Roteiros bíblicos, litúrgicos, catequeticos e pastorais.

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R$ 9,90

Especial [ Simpósio Julimariano: Espiritualidade, Eucaristia e Missão

ANO LXXXVI / Nº 3860JANEIRO / 2015www.olutador.org.br

Pe. Júlio Maria, O LUTADOR

ANO LXXXVI / Nº 3860ANO LXXXVI / Nº 3860JANEIRO / 2015JANEIRO / 2015www.olutador.org.brwww.olutador.org.br

a caminho dos altares

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“Não deixemos que nos roubem a alegria da evangelização!” (eg 83)

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Carta ao LeitorO que será nossa Revista

Pela primeira vez, em tímido voo, a nossa modesta Revista vai suavemente pousar na remansosa romaria da família brasileira, a fi m de gorjear os louvores de Nossa Mãe Santíssima.

Ela será mensal e substituirá o nosso tradicional Jornal, no intuito de mais frequentemente, e por um preço módico, estar ao alcance dos mais pobres. Impresso em nossa Gráfi ca, não sofrerá dos defeitos da impressão em papel jornal de que vinha eivado nosso O Lutador.

Será piedosa e porfi ará por edifi car as almas ao contato das virtudes de Maria, cuja vida nazarena será estudada à luz da devoção e da história.

Será instrutiva e proporcionará aos espíritos, que facilmente vacilam diante da objeção antirreligiosa, respostas às inteligências dos que dispõem de pouco tempo para estudos de fôlego.

Será noticiosa e dará um transunto dos fatos que mais interessarem à vida paroquial, assim como os relatórios de diversos grupos e movimentos eclesiais.

Será leve e jocosa e conterá anedotas pilhéricas, que façam passar hilariantes aragens de bom humor sobre os rostos anuviados pelas tristes contingências desta, às vezes, tão penosa existência.

Será poética e dará às Musas Cristãs direito de cidade para que, nas cordas de suas liras, a poesia singela possa dedilhar as loas dessa Rainha da Harmonia que os anjos acolheram, no dia da Assunção, ao mavioso ressoar de mil cânticos.

Será a Revista algo enciclopédico, algo romeiro e, audazmente, percorrerá os diversos países a fi m de notar, sobre o seu caminho, os acontecimentos mundiais que merecem ocupar a atenção dos nossos leitores.

Será litúrgica e anunciará os grandes momentos e acontecimentos da Igreja.Enfi m, a Revista será mensageira de paz e de luz, de instrução e de recreio, de piedade para com

Deus e para com o próximo.E agora, pode ir desempenhar sua tarefa de consolar, de instruir e de fortalecer as pessoas na fé e

na prática dos deveres cotidianos.Fará como o cavalheiro da lenda medieval: jazia este, ao lado de um regato e por muitas feridas

fugia-lhe a vida, quando, perto de si, reparou uma fl orzinha ressequida que parecia morrer à falta de uma gota que a refrescasse. Movido de compaixão, o cavalheiro lançou mão do capacete, estendeu o braço e hauriu um pouco de água do marulhante córrego. Regou a pendida fl or que, num ápice, renasceu e retomou suas cores vivazes. E, satisfeito desta última obra de caridade, o bom do cavalheiro adormeceu mansamente na paz do Senhor.

Se um copo de água dado a um pobre, se umas gotas de orvalho dadas a uma fl or têm o seu mérito, a Revista O Lutador, esperançada de operar algum bem, tem a certeza de não fi car sem méritos diante de Deus.

nota: Apenas as palavras marcadas em vermelho foram modificadas. No mais, todo o texto foi escrito pelo próprio Pe. Júlio Maria De Lombaerde, em Belém, no primeiro número do Voz de Nazaré, em agosto de 1913, quando ele transformava um boletim paroquial em “Revista”. Se ele, há mais de 100 anos atrás, fazia esta mudança, com certeza nos abençoa na mudança que hoje se opera. Que o Senhor continue a derramar suas bênçãos sobre O Lutador e que ele faça de cada um de seus leitores, um verdadeiro Lutador em defesa da vida, da família e da fé. ]

vermelho foram modificadas. No mais, todo o texto foi escrito pelo próprio Pe. Júlio

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[ ExpedienteO LUTADOR é uma publicação mensal do Instituto dos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora

O LutadorISSN 97719-83-42920-0

FundadorPe. Júlio Maria De Lombaerde

Superior GeralPe. Aureliano de Moura Lima, sdn

Diretor-Editor Ir. Denilson Mariano da Silva, sdn

Jornalista Responsável Pe. Sebastião Sant’Ana, sdn (MG086063P)

Redatores e Noticiaristas Pe. Marcos A. Alencar Duarte, sdn Pe. Sebastião Sant’Ana, sdn

Frt. Henrique Cristiano, cmm

Frei Patrício Sciadini, ocd, Frei Vanildo ZugnoDom Paulo M. Peixoto, Antônio Carlos Santini Pe. Reginaldo Manzotti

Colaboradores Vários

Revisão Antônio Carlos Santini

Projeto e Diagramação Valdinei do Carmo

Assessoria de Comunicação Melt Comunicação

Assinaturas e ExpediçãoMaurilson Teixeira de Oliveira

Impressão e AcabamentoGráfica e Editora O Lutador, Certificada FSC®,Praça, Pe. Júlio Maria, 01 - Planalto31730-748 - Belo Horizonte, MG - Brasil

Telefax (31) 3439-8000 | 3490-3100

Site www.olutador.org.br

Redação [email protected]

Assinaturas R$80,00 / Brasilwww.olutador.org.brassinaturas@olutador.org.br0800-031-7171 - De 2ª a 6ª das 7 às 19 horas

Outros países R$80,00 + Porte

Edições anteriores Tel.: 0800-031-7171

Correspondência Comentários sobre o conteúdo de olutador, sugestões e críticas: [email protected]: Praça Padre Júlio Maria, 01 - PlanaltoCEP 31730-748 - Belo Horizonte, MG - Brasil

As matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores, não expressam, necessariamente, a opinião de olutador. ]

EditorialTempo de graça, paz e esperança!ivemos um tempo de graça, pois é o tempo de Deus, “kairós”: a Palavra se fez carne e habita entre nós. É o que celebramos e vivemos neste bonito Tem-po do Natal. Não estamos sozinhos, o Senhor Jesus caminha conosco, faz história ao nosso lado. Tempo de paz, é ano novo. Somos chamados a uma confraternização universal; afinal, somos irmãos, independentemente da raça, da cor, da filiação ou condição social.

Neste tempo, até os corações mais endurecidos se dobram para tam-bém desejar um “feliz ano novo”. Há um anseio de paz. Assim, é tempo de esperança. Uma eterna e teimosa esperança que infla nossos sentimentos e planta dentro de cada um de nós o desejo de ir mais longe, de superar as dificuldades para avançarmos sempre mais, pois nosso inquieto coração só descansará em Deus.

Nosso “O Lutador” abre o ano com um rosto novo. Ano novo, “O Luta-dor” novo. Ele está mais bonito, mais prático, pois quer ser mais durável nas mãos de seus leitores. Quer chegar a novas pessoas, quer ajudar a estender este tempo de graça, paz e esperança através de seu serviço evangelizador.

A maioria dos veículos de comunicação carrega suas tintas na divul-gação das tragédias, violência, sangue, guerras e mortes. E, com isso, dei-xa de anunciar o que favorece a edificação da vida, a justiça, a paz. Nosso “O Lutador” faz um caminho alternativo: procura divulgar os valores cris-tãos, os valores humanos e familiares e aquilo que ajuda a sociedade a ser melhor. Ao invés de páginas de sangue e de morte, apresentamos páginas de cidadania, páginas de graça, paz e esperança. Páginas que não passam. Eis o nosso diferencial.

Trazemos na capa nosso Fundador, Pe. Júlio Maria De Lombaerde, o lutador pela fé, pela Igreja, pela vida. Seu coração ardia de zelo missio-nário. Isso o fez enfrentar e vencer grandes dificuldades na vida. Sua fé o levou a acreditar no povo brasileiro, nos ribeirinhos e no povo do interior. Entre os pequenos, no Norte e no Sudeste, fundou três famílias de missio-nários para a defesa e a propagação da fé. Lutou pela Igreja com um ardor incansável, com todas as forças e com todos os meios ao seu alcance. De-fendeu a Eucaristia, Maria e o Papa. Um lutador pela vida, construiu esco-las, hospitais, asilos, patronato para crianças, em um exemplo de vida do-ada a serviço da vida. Não é sem motivo que gostava de repetir: “Façamos ação social eucarística”.

Por onde passou, Padre Júlio Maria semeou esperança. São sementes que continuam a produzir seus frutos e que, por sua vez, produzem novas sementes. Por isso, seu nome foi indicado a ocupar um lugar nos altares de nossas Igrejas, para que sua vida seja um sinal para quem procura a Deus.

Padre Júlio Maria é exemplo de vida tomada, partida e doada a ser-viço do Reino, e seu testemunho é caminho para o seguimento de Jesus. É um servo de Deus, é um Lutador a caminho dos altares.

Com humildade e seguindo seu exemplo, queremos continuar avan-çando sempre mais. Por todos os meios ao nosso alcance, queremos cum-prir a missão de defender a vida, a família e a fé. Queremos contar com vo-cê, com todos os que acreditam e se colocam a serviço da vida. Vamos lutar juntos, pois juntos somos mais fortes, juntos podemos ir mais longe... Que “O Lutador” continue a semear graça, paz e esperança. E isso é pra come-ço de conversa.]

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RoteirosPastorais

Leitura Orante / G. Refl exão 32 • Catequese 34Família 36 • Juventude 36 • Homilética 37

[ A Igreja e o racismo

10

[ Simpósio Julimariano:

espiritualidade, Eucaristia e missão

12

[ Com suas novidades, 2015 pede

investimento na Família

16

Sumário [ olutador • R EV ISTA M ENSA L • A NO L X X X V I • N º 3860 • JA N EI RO • 2015 •

[ Pe. Júlio Maria De Lombaerde,

o Lutador a caminho dos altares

6

[ Uma nova experiência

de Deus15

[ escatologia: o futuro

que já é presente18

[ A grande chaga das prisões

sem julgamento44

[ ajuste fiscal: por que não seguir a Europa 46

[ A herança

de Paulo vi9

[ Podemos ser santos 21

[ Cansados do barulho 22

[ Mudar cabeça e coração 24

[ a missa do padre chato 25

[ Meu pai,meu mestre 26

[ a ponte do coração 27

[ Páginas que não passam 30

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Capa [ Beatificação do Servo de Deus...

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Segundo o Pe. Argemiro P. Fer-raciolli, “existem muitos san-tos e santas junto de Deus, mas que não foram e não se-rão nunca canonizados. Deus

quer mostrar alguns santos como mo-delo e exemplo, com sua mensagem e como instrumentos especiais pela sua intercessão”. No entanto, “os canoni-zados servem de incentivo e estímulo aos fiéis. Ainda mais, contribuem para fortalecer e aumentar a união existente entre a Igreja Triunfante e a Igreja Pe-regrina”. (R. Rodrigues, 15.)

A Igreja tem reconhecido muitos santos, personalidades de épocas dis-tantes e recentes. Há o desejo de que as virtudes de Pe. Júlio Maria De Lom-baerde, missionário belga naturali-zado brasileiro, sejam reconhecidas não somente por parte dos filhos e filhas espirituais do Servo de Deus, mas por grande número de fiéis. Ele foi um homem visceralmente marca-do de amor à Eucaristia e a Maria, no-toriamente revelado em seu agir mis-sionário. Crianças, jovens, adultos e idosos, a todos olhou na compaixão-misericórdia, pois seu lema de vida era Amor-Sacrifício. A nós cabe ve-rificar com os nossos meios huma-nos se uma pessoa vive heroicamente as virtudes teologais e humanas; e à Igreja, no caso dos candidatos à san-tidade, cabe dizer se, durante a vida,

viveram de verdade e heroicamente as virtudes.

Itinerário do processo de beatificação e canonizaçãoPodemos dizer que o início se deu em 1978, por ocasião do centenário de nas-cimento do Pe. Júlio Maria De Lombaer-de. Naquela circunstância, em Manhu-mirim, MG, um significativo número de Religiosos e Religiosas das congre-gações fundadas pelo Pe. Júlio Maria, que participava das festividades alu-sivas ao seu centenário, assinou uma carta-pedido, enviada ao bispo dioce-sano, naquela época, Dom Hélio Gon-çalves Heleno, solicitando que enca-minhasse à Congregação para a Causa dos Santos o pedido de permissão pa-ra que se desenvolvessem as oportu-nas pesquisas nos Dicastérios Roma-nos de competência e, diante do nihil obstat1, a autorização para a introdu-ção da Causa de beatificação e canoni-zação do nosso Fundador. Não houve retorno do antístite à solicitação.

Com a chegada do novo Bispo dio-cesano de Caratinga, MG, Dom Ema-nuel Messias de Oliveira, em 2012, uma equipe constituída por membros das três congregações fundadas pelo Pe.

Pe. Júlio Maria De Lombaerde,

o Lutador a caminho dos altares Pe . HeLen o R a iMunD o Da S iLva , S D n – Vice-Postulador

[ Deus quer mostrar

alguns santoscomo modelo

e exemplo, com sua

mensagem e como

instrumentos especiais pela sua

intercessão.

1. É uma expressão do latim que significa “nada impede”. É a aprovação oficial, do pon-to de vista moral e doutrinário, realizada por um órgão da Igreja Católica.

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olutador [ janeiro ] 2015 • 7 ]

Júlio Maria – Filhas do Coração Ima-culado de Maria (Irmãs Cordimaria-nas), Missionários de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento (Missioná-rios Sacramentinos de Nossa Senho-ra) e as Irmãs Sacramentinas de Nos-sa Senhora) -, que constituem a Famí-lia Julimariana, reuniu-se com o Bis-po e apresentou-lhe a petição, que foi acolhida por ele. Dom Emanuel en-caminhou a Roma, no dia 8 de mar-ço de 2013, o pedido para a introdu-ção da Causa.

Dom Emanuel Messias nomeou o Dr. Paolo Vilotta como Postulador da Causa de Pe. Júlio Maria De Lom-baerde. Por sua vez, precisando de al-

guém que acompanhe o processo no Brasil, o Postulador nomeou, no dia 22 de março de 2013, por indicação dos Superiores Gerais da Família Julima-riana, o Pe. Heleno Raimundo da Silva, SDN, para o ofício de Vice-Postulador.

Vaticano concede o “nada obsta”No dia 3 de janeiro de 2014, o Vatica-no emitiu o “nihil obstat” (nada obs-ta) em relação à Causa de Beatificação e Canonização do Padre Júlio Maria De Lombaerde, MSF, notícia recebida com alegria pela Família Julimariana. Desde então, temo-nos mobilizado na organização de documentos, escritos e testemunhos de pessoas que convi-

veram e/ou conheceram o Servo de Deus Pe. Júlio Maria.

Com a emissão desse documento, a Diocese de Caratinga pode dar pros-seguimento aos trabalhos, com a insta-lação do Tribunal Eclesiástico que vai colher os depoimentos das testemu-nhas que conheceram pessoalmente Pe. Júlio Maria e dos que afirmam te-rem alcançado, por sua intercessão, bênçãos, graças e curas.

A instalação desse Tribunal, bem como da Comissão Histórica, está pre-vista para o dia 24 de janeiro de 2015 e contará com a presença do Postula-dor da Causa, Dr. Paolo Vilotta, e do Padre Paolo Lombardo, assim como de Dom Emanuel Messias de Olivei-ra, Bispo diocesano de Caratinga, dos Superiores Gerais da Família Julima-riana – Ir. Margarida Maria Matos Mes-quita, FCIM, Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN, e Ir. Cacilda Mendes Pei-xoto, SDN, diversos religiosos e reli-giosas, bem como significativo núme-ro de fiéis.

Síntese das etapas de um processo de beatificação e canonização– Depois de cinco anos da morte, pede-se o “nihil obstat” (nada obsta = nada contra) de Roma e o candidato à cano-nização é reconhecido “Servo de Deus”.

– Abre-se o Processo Diocesano, dá-se início às investigações sobre a vida, virtudes e fama de santidade do can-didato à canonização.

– Constitui-se o Tribunal Diocesano. O Tribunal será composto pelo Delega-do Episcopal, pelo Promotor da Causa e por dois Notários, quando serão re-alizadas audiências para depoimen-tos das testemunhas, que vão dizer o que sabem sobre o Servo de Deus, e oficializa-se toda a documentação do processo.

– Os Teólogos Peritos analisam os es-critos publicados, editados e não edi-tados, do Servo de Deus.

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– Uma Comissão Histórica junta os es-critos e documentos, cataloga-os e emi-te seu parecer. Na primeira fase romana do processo, todo o material elabora-do pela Comissão Histórica e pelo Tri-bunal da Causa é enviado a Roma para estabelecimento da Validade do Pro-cesso (constatação de que nada falta para o seu prosseguimento).

Aprovada a validade do processo, é elaborado a Positio, livro que resu-me toda a documentação e prova que o Servo de Deus viveu, em grau heroico, as 11 virtudes: a) Virtudes Teologais: Fé, Esperança e Caridade; b) Virtudes Cardeais: Prudência, Justiça, Forta-leza e Temperança; e c) Virtudes de Estado Clerical: Pobreza, Humilda-de, Castidade e Obediência.

A análise e aprovação da Positio, em sua primeira etapa, é feita por oito Consultores Teólogos mais o Promo-tor da Fé; na segunda etapa, por uma Comissão de Cardeais, Arcebispos e Bispos membros do Dicastério; a ter-ceira etapa, pelo Papa, que emite um Decreto Pontifício declarando que o “Servo de Deus” praticou as virtudes em grau heróico, passando a ser cha-mado de “Venerável” na sua Diocese.

Na segunda fase romana do pro-cesso, a Proclamação de “Beato”, é ne-cessário comprovar a ocorrência de um milagre autêntico (cura instan-tânea ou muito rápida, perfeita, du-radoura e preternatural – que a ciên-cia não pode explicar), que compro-ve por via sobrenatural a heroicidade das virtudes vividas.

A análise e aprovação do primei-ro milagre também têm três etapas: 1ª etapa: Comissão de nove médicos peritos; 2ª etapa: Comissão de Carde-ais, Arcebispos e Bispos membros do Dicastério; e 3ª etapa: o Papa emite o Decreto Pontifício declarando o reco-nhecimento do milagre e que o candi-dato seja reconhecido como “Beato”.

Na terceira fase, a Proclamação de “Santo”, é necessário comprovar a ocor-rência de um segundo milagre autên-tico (cura instantânea ou muito rápi-

da, perfeita, duradoura e preternatu-ral – que a ciência não pode explicar).

As etapas são estas: 1ª etapa: Co-missão de nove médicos peritos; 2ª eta-pa: Comissão de Cardeais, Arcebispos

e Bispos membros do Dicastério; e 3ª Etapa, o Papa emite o Decreto Pontifí-cio declarando o reconhecimento do milagre e que o candidato seja reco-nhecido como “Santo”. ]

1. Divulgar sua mensagem– Promover sua pessoa e mensagem nos lugares e países de onde veio e on-de missionou.

– Trabalhar pela propagação da Fama de Santidade do Pe. Júlio Maria. Provar como ele é querido, lembrado e pro-curado pelo povo.

2. Rezar a oração pela beatificação e canonização– Rezando, estaremos fazendo com que Deus e Nossa Senhora, a quem tan-to amou o Servo de Deus, acolham as nossas preces pela intercessão do Pe. Júlio Maria.

– Incentivar o Apostolado da Oração, a Legião de Maria, o Terço dos Homens, a Pastoral da Juventude, a Pastoral Fami-liar, os grupos de oração etc. a rezarem, diariamente, a Oração pela Beatificação.

3. Divulgar– Pedir para que relatem as graças al-cançadas.

– Divulgar seus livros, publicar artigos em jornais e revistas.

– Intenções de missas pedindo pela Beatificação e Canonização.

– Envolver a TV, rádio, novas mídias.

4. Memorial– Incentivar a visita ao Memorial Pe. Júlio Maria, bem como às obras ma-teriais fundadas pelo Servo de Deus.

– Visitar o túmulo do Servo de Deus para fazer a oração pessoal e/ou co-munitária.

Graças alcançadas comunicar: Pe. Heleno Raimundo da Silva, SDN

InfoRMaçõeS e ConTaTo:Biografia/Imagens: http://sacramentinos.org.br/portal/fundadorSite: http://padrejuliomaria.comSite relacionado: http://sacramentinos.org.brResponsável: Pe. Heleno Raimundo da Silva, SDN (Vice-Postulador).Rua Nunes da Rosa, 134 - CentroManhumirim, MG.Fone: [33] [email protected]

Ó Trindade Santa, vós que sois a fonte de toda santidade, nós vos louvamos por vos-so servo, o Pe. Júlio Maria De Lombaerde, que, assemelhando-se ao Cristo Eucarís-tico, cuidou do vosso rebanho com amor, zelo e doação. E, deixando-se guiar pelo Espírito Santo, assim como a Virgem Ma-ria, testemunhou a ternura missionária da Igreja. Concedei-me, ó Trindade San-ta, pela intercessão do Pe. Júlio Maria, a graça que vos suplico [pedir a graça]. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém.

[Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória ao Pai.]

Com aprovação Eclesiástica

† Dom Emanuel Messias de Oliveira

Diocese de Caratinga, MG

Divulgação da vida do Servo de Deus

Capa [ Beatificação do Servo de Deus...

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olutador [ janeiro ] 2015 • 9 ]

“Paulo VI prestou à Igreja e ao mundo um serviço mais que precioso, em uma época di-fícil e em condições sociais

caracterizadas por profundas transfor-mações culturais e religiosas”, afirmou o Papa Bento XVI em 12 de outubro de 2007, na cidade de Brescia, Itália, região natal do Papa Montini.

“Nós prestamos homenagem ao espírito de sabedoria evangélica com o qual meu amado predecessor soube guiar a Igreja durante e após o Concílio Vaticano II. Com intuição profética, ele ressentiu as esperanças e inquietudes dos homens dessa época; esforçou-se por valorizar suas experiências posi-tivas, buscando iluminá-las com a luz da verdade e do amor de Cristo, o úni-co Redentor da humanidade.

O amor que Paulo VI nutria pela hu-manidade com seus progressos, as ma-ravilhosas descobertas, os benefícios e as possibilidades da ciência e da técnica, entretanto, não o impediram de pôr em evidência suas contradições, os erros e os riscos de um progresso científico e tecnológico separado de uma sólida re-ferência aos valores éticos e espirituais.

Assim, seu ensinamento perma-nece atual ainda hoje e constitui uma fonte a que podemos recorrer para me-lhor compreender os textos conciliares e analisar os eventos eclesiais que carac-terizaram a segunda parte do Séc. XX.

Paulo VI foi prudente e corajoso ao guiar a Igreja com um realismo e um oti-mismo evangélico, alimentados por uma fé sem medo. Ele aspirou pela chegada da “civilização do amor”, convencido de que a caridade evangélica constitui o elemento indispensável para construir uma autêntica fraternidade universal.

Somente reconhecendo a Deus co-mo Pai, que em Cristo revelou seu amor por todos, os homens podem tornar-se e sentir-se verdadeiramente irmãos. So-mente Cristo, verdadeiro Deus e verda-

deiro homem, pode converter a alma humana e torná-la capaz de contribuir para realizar uma sociedade justa e soli-dária. Seus sucessores recolheram a he-rança espiritual do Servo de Deus Paulo VI e caminharam nas mesmas pegadas.

Rezamos para que seu exemplo e seus ensinamentos sejam para nós um enco-rajamento e um impulso a amar sempre mais a Cristo e a Igreja, animados por es-sa indomável esperança que sustentou o Papa Montini até o final de sua existência.”

Para servir o homemNo dia 23 de junho de 2013, em Roma, por ocasião do Ano da Fé, o Papa Fran-cisco se dirigiu aos peregrinos da Dio-cese de Brescia, recordando Paulo VI e sua fé em Jesus Cristo testemunhada por ele em anos difíceis.

“Ainda ressoa aos nossos ouvidos sua invocação mais viva que nunca: ‘Tu nos és necessário, ó Cristo!’ Sim, mais que nunca Jesus é necessário ao homem de hoje, ao mundo de hoje, porque nos ‘desertos’ de nossas cidades secularizadas ele nos fala de Deus, ele nos revela seu semblante.

Seu amor total por Cristo emerge de toda a vida de Montini, incluído na escolha que ele fez por seu nome de Papa, que ele assim explicou: ‘é o apóstolo que amou a Cristo de modo supremo, que desejou e se esforçou no mais alto grau por levar

o Evangelho de Cristo a todos os povos, que ofereceu sua vida por amor a Cristo.’”

Prossegue o Papa Francisco: “Se-gundo ponto: o amor pela Igreja, um amor apaixonado, amor de toda uma vida, alegre e sofrido, expresso em sua primeira encíclica “Ecclesiam Suam”. Paulo VI viveu plenamente o parto da Igreja após o Vaticano II, as luzes, as es-peranças, as tensões. Ele amou a Igreja e se dedicou a ela sem reservas.

Paulo VI tinha uma visão bem cla-ra sobre o fato de que a Igreja é a Mãe que leva Cristo e leva ao Cristo. Em sua Exortação apostólica “Evangelii Nun-tiandi”, que é para mim o grande docu-mento pastoral escrito até hoje, ele co-locava esta pergunta: ‘Após o Concílio e graças ao Concílio, que foi para ela uma hora de Deus neste resumo da his-tória, a Igreja se sente ela mesma, sim ou não, mais adaptada para anunciar o Evangelho e para inseri-lo no coração do homem com convicção, liberdade de espírito e eficácia?’”

Papa Francisco chega ao terceiro ele-mento: “Lançando um olhar de conjun-to sobre os trabalhos do Concílio, Paulo VI observava: ‘Toda esta riqueza doutri-nária está dirigida para uma única dire-ção: servir o homem. O homem, dizemos nós, seja qual for a sua condição, seja qual for a sua fraqueza, as suas necessi-dades. A Igreja, por assim dizer, decla-rou-se como servidora da humanidade’”.

“Ainda hoje, isto nos dá uma luz nes-te mundo onde se nega o homem, onde se prefere ir pelo caminho do agnosticis-mo, a via do pelagianismo ou do “nada de carne” – um Deus que não se fez car-ne – ou do “nada de Deus” – o homem prometeico que pode ir adiante. E nós, neste tempo podemos dizer com Paulo VI: ‘A Igreja é a servidora do homem, a Igreja crê em Cristo que veio na carne e, por conseguinte, ela serve o homem, ela ama o homem, ela crê no homem’. Tal é a inspiração do grande Papa Paulo VI.”]

a herança de Paulo VIDois papas falam do inestimável serviço prestado por Paulo VI à Igreja e ao mundo.

Igreja hoje [ O Serviço de Paulo VI...

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Religião [ Sem distinção nem preferências...

D oM FeR n a nD o a Rê a S RiFa n*

no dia 20 de novembro, co-memorou-se o Dia Nacio-nal da Consciência Negra, cujo fim é o da superação

do racismo, especialmente contra os de pele negra ou similar.

Antropologicamente, a palavra “ra-ça”, referindo-se a seres humanos, está superada, pois biologicamente signifi-ca “subespécie” e conota um precon-ceito contra certos grupos humanos, o que vem a ser “racismo”. Às vezes se usa o termo “raça” para identificar um grupo cultural ou étnico-linguístico, mas seriam preferíveis os termos “po-pulação”, “etnia” ou “cultura”.

A Igreja já se pronunciou diver-sas vezes contra o preconceito basea-do na cor da pele ou na etnia, procla-mando, firmada na divina Revelação, a dignidade de toda a pessoa criada à imagem de Deus, a unidade do gêne-ro humano no plano do Criador e a re-conciliação com Deus de toda a huma-

Infelizmente, com a descoberta e colonização do Novo Mundo, no sécu-lo XVI, começaram a surgir abusos e ideologias racistas. Os Papas não tar-daram a reagir. Assim, em 1537, na Bula Sublimis Deus, o Papa Paulo II denun-ciava os que consideravam os indíge-nas como seres inferiores e solenemen-te afirmava: “No desejo de remediar o mal que foi causado, nós decidimos e declaramos que os chamados Indíge-nas, bem como todas as populações com que no futuro a cristandade en-trará em relação, não deverão ser pri-vados da sua liberdade e dos seus bens – não obstante as alegações contrárias – ainda que eles não sejam cristãos, e que, ao contrário, deverão ser deixa-dos em pleno gozo da sua liberdade e dos seus bens”.

Mais tarde, o Papa Urbano VIII te-ve até de excomungar aqueles que de-tinham escravos indígenas. É claro que essas normas da Igreja nem sempre foram obedecidas, mesmo por mui-tos dos seus membros. Quando come-çou o tráfico de negros, vendidos pe-los próprios africanos como escravos e trazidos para as novas terras, os papas e os teólogos pronunciaram-se contra essa prática abominável.

O Papa Leão XIII condenou-a com vigor na sua encíclica In Plurimis, de maio de 1888, ao felicitar o Brasil por ter abolido a escravidão. E o Papa São João Paulo II não hesitou, no seu dis-curso aos intelectuais africanos, em Yaoundé, Camarões, em 13 de agosto de 1985, em deplorar que pessoas per-tencentes a nações cristãs tenham con-tribuído para esse tráfico de negros.

E quando, fruto da ideologia ra-cista do século XVIII, surgiu na Ale-manha o partido totalitário nacional-socialista, o Papa Pio IX, na sua en-cíclica Mit Brennender Sorge, conde-nou com firmeza as doutrinas nazis-tas da superioridade da raça ariana sobre as demais.]

* Bispo da Administração Apostólica Pessoal

São João Maria Vianney

A Igreja e o racismo

nidade pela Redenção de Cristo, que destruiu o muro de ódio que separa-va os mundos contrapostos, para que em Cristo se recapitulassem todos os seres humanos.

Com essas premissas, a Igreja prega o respeito recíproco dos grupos étnicos e das chamadas “raças” e a sua convi-vência fraterna. A mensagem de Cristo foi para todos os povos e nações, sem distinção nem preferências. É o tema repetido por São Paulo: “Não há distin-ção entre judeu e grego, porque todos têm um mesmo Senhor” (Rm 10,12); “já não há judeu nem grego, nem es-cravo nem livre, pois todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3,28).

[ A Igreja prega o respeito recíproco dos grupos étnicos

e das chamadas “raças”.

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LançamentoObras Completas de São Vicente de Paulo - Vol. IVEstamos finalizando o quarto

volume das Obras Comple-tas de São Vicente de Paulo,

agora traduzidas em língua portugue-sa. Trata-se de um verdadeiro marco histórico para a Família Vicentina no Brasil. Serão ao todo 14 volumes, con-tendo cartas, conferências e documen-tos, textos de indescritível profundi-dade e incontestável relevância, indis-pensáveis a todos quantos desejam en-contrar em São Vicente um referencial seguro na vivência dos valores cristãos, um impulso para a missão e um fasci-nante estímulo na caridade.

Mais do que qualquer biografia, a lei-tura dos textos de São Vicente pode re-velar-nos o âmago de seu coração e de seu espírito: a humildade, a profundi-

dade e a vastidão de sua caridade; o humanismo e a sensibilidade do seu coração, extremamente terno e amo-roso para com os pobres e os seus fi-lhos e filhas espirituais; o incansável batalhador pela causa dos indigentes e sofredores; a irradiação de suas vir-tudes e obras na França sofrida do seu tempo; a criatividade fecunda de su-as iniciativas; a riqueza dos dons com que a Providência o cumulou. Enfim, o milagre de sua vida.

Todos os membros da Família Vicen-tina são convidados a se aproximarem dessa fonte abundante e cristalina da nossa espiritualidade e missão. Entre em contato com a Editora O Lutador e pe-ça os volumes I, II, III e a partir de abril de 2015 o quarto volume.

| Televendas: 0800-031-7171| E-mail: [email protected]| Livraria online: www.olutador.org.br

tomo i840p.R$53,00tomo ii820p.R$55,00tomo iii836p.R$55,00&

TOM O I V EM

ABRIL

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Especial [ Celebraremos juntos a Abertura do Processo de Beatificação do Pe. Júlio Maria De Lombaerde...

Simpósio Julimariano: espiritualidade, Eucaristia e missão

da Consagrada”, Paulus, pp.372-384.) É justamente essa força do Espírito de Deus que sentimos quando nos apro-ximamos dos seus escritos: cartas, li-vros e artigos.

Nos escritos do Pe. Júlio Maria, sen-timos o pulsar do seu coração. Em ou-tras palavras, o que ele transcrevia era fruto do seu mais sincero desejo de vi-ver o seguimento a Jesus Cristo pelos caminhos da missão, no amor à Igreja, à eucaristia e a Nossa Senhora.

Na trilha dos mestres de espiritua-lidade, o Pe. Júlio Maria também en-sinou o caminho da “purificação dos sentidos”, inspirado por Santa Teresa de Ávila. Ainda encontramos nos seus livros espirituais “Meu dia com Maria”, “O segredo da verdadeira devoção”, “Os ensinamentos de Nazaré”, “Um anjo da Eucaristia” e “Almas Sacramentinas” os ensinamentos básicos para um “cami-nho de perfeição cristã” que consistia no valor da graça recebida de Deus, no estado permanente de conversão, no combate ferrenho à tibieza, na vonta-de de crescer espiritualmente e no de-sejo de ser consumido pela missão. A veia espiritual do Pe. Júlio Maria pas-sava por esse caminho.

a eucaristiaEra outro tema preferido do Pe. Júlio Maria. Quando nos aproximamos do seu pensamento eucarístico, ficamos surpresos, pois logo imaginamos um jeito tridentino de falar da Eucaristia. É claro que esse jeito de pensar e viver a Eucaristia são próprios do seu tempo. Mas, numa pesquisa mais aprofunda-da, encontraremos elementos que ul-trapassam esse espaço teológico. Cons-tatamos isso quando o Pe. Júlio Maria fala da Eucaristia como alimento que deixe em nós suas marcas.

Por isso surge a necessidade de co-mungar bem. Para o Pe. Júlio Maria, co-mungar bem significa assimilar a vida divina de Jesus. É reproduzir sua vida em nossa caminhada cristã. Demos a palavra ao nosso Mestre de espiritua-lidade para que ele nos ensine melhor esta dimensão da eucaristia.

brar: os 40 anos da exumação dos res-tos mortais do Pe. Júlio Maria De Lom-baerde [13 de setembro de 1974], bem como os 70 anos de sua plenificação pascal [24 de dezembro de 1944] e a abertura do seu Processo de Beatifi-cação e Canonização.

As Congregações fundadas pelo Pe. Júlio Maria – a saber, as Filhas do Cora-ção Imaculado de Maria, os Missioná-rios Sacramentinos de Nossa Senhora e as Irmãs Sacramentinas de Nossa Se-nhora – são as promotoras do evento. A esperança deste grupo é despertar nos fiéis o interesse em conhecer mais sobre este homem de Deus.

A Equipe Organizadora do Sim-pósio escolheu três palavras que nor-tearão toda a reflexão do evento, pois elas resumem a vida e a missão do ser-vo de Deus, Pe. Júlio Maria.

a espiritualidadeO Pe. Júlio Maria foi, em sua época, e ainda hoje continua sendo um mes-tre de espiritualidade cristã. “Esta pa-lavra continua carregada de eletrici-dade. Sem ela nada parece ter senti-do, pelo menos o sentido pleno. Com ela tudo pode ser arranjado ou destro-çado. A palavra espiritualidade sere-na certos ânimos e excita outros, pou-cas vezes resulta palavra indiferente, o que diz muito a seu favor.” (Augusto Guerra, “Dicionário Teológico da Vi-

Pe . M a Rc o S a n tô ni o aLen c a R D ua R t e , S D n*

o Simpósio Julimariano sur-giu da necessidade de apre-sentar à comunidade ecle-sial o pensamento, a vida e a obra do Servo de Deus,

Pe. Júlio Maria De Lombaerde. Além desta motivação primeira, temos ain-da alguns marcos que queremos lem-

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Especial [ Celebraremos juntos a Abertura do Processo de Beatificação do Pe. Júlio Maria De Lombaerde...

“Quando uma alma piedosa se apro-xima do tabernáculo para adorar o seu divino hóspede, Jesus fica-lhe sorrin-do ternamente; mas quando esta alma se aproxima da Mesa da Comunhão, o divino Menino, velado pelas aparên-cias da hóstia, estende os bracinhos ao que vai recebê-lo. Que alegria para ele, quando chega o momento da comu-nhão, quando ouve ranger a chave do tabernáculo; quando a sua prisão se abre! Não pode conter-se. O sacerdo-te não se apressa bastante, e às vezes a hóstia sagrada escapa das suas mãos e voa até os lábios do comungante: Je-sus tem fome de ser comido: ‘Tomai e comei, este é o meu corpo!’ O fim da

eucaristia é alimentar. Ora, alimentar é dar mais vida. Recebendo mais vida, temos mais ser, e na medida que cresce nosso ser espiritual, Deus se estende nele mais largamente, ampara-se nele mais fortemente e une-se com ele mais intimamente. Pela sagrada comunhão recebemos realmente o corpo de Je-sus Cristo, porém o que assimilamos é qualquer coisa da sua vida divinizada. Digamos melhor: é esta própria vida que se apodera de nós, como o oceano se apodera de uma gota d’água caída em sua imensidade, incorpora-a, ab-sorve-a; somos como absorvidos pe-la divindade [...].” (LOMBAERDE, Co-mentário Eucarístico, p. 78.)

a missãoO jeito de ser presbítero-missionário do Pe. Júlio Maria se manifesta em to-das as suas ações. Basta lembrar suas catequeses e pregações, seus escritos, sua preocupação com a formação de novos missionários, sua dedicação no atendimento às pessoas, seu empenho na educação, na saúde, seu carinho com as crianças e com os idosos. Sua for-ma de ser sacerdote movimentava a comunidade eclesial.

O Pe. Júlio Maria tinha clareza de que a fecundidade de sua missão não dependia exclusivamente das estrutu-ras disponíveis ou dos agentes de pas-toral, mas a transformação paroquial

começava com o encontro do presbí-tero com Jesus Cristo. Ele mesmo dizia, citando o Pe. Giraud, que “não enten-dia um padre que fosse apenas padre, e não hóstia”. No seu jeito de ver, en-tender e viver o ministério ordenado, este pensamento estaria incompleto porque o “padre-hóstia” “é feito parti-cipante de seu sacerdócio, é feito tam-bém participante de seu estado de hós-tia”. Em outras palavras, o “padre-hós-tia” é um presbítero que vive em tudo a vocação sacerdotal de presidir a co-munidade, santificar o povo de Deus e de proclamar e ensinar a Palavra de Deus. Para que isso acontecesse, era necessário o encontro com Jesus. Só um presbítero apaixonado por Jesus Cristo e por sua Igreja transformaria o ambiente eclesial em que vive. Era assim que o Pe. Júlio Maria entendia o tema da missão.

Esse foi o grande contributo do Pe. Júlio Maria para a Igreja. Não podemos esquecer-nos desta figura tão significa-tiva para nossa comunidade eclesial; sua memória deve questionar-nos e seu exemplo leva-nos a assumir um cami-nho de santidade. Neste sentido, o pro-cesso que estamos fazendo de revisitar seus escritos nos assegura de estarmos no caminho certo e amplia nossos ho-rizontes na dinâmica do seguimento a Jesus Cristo por meio da espiritualida-de, da Eucaristia e da missão.

Pois bem, caro leitor, se você gos-tou dessa temática do Simpósio Juli-mariano, inscreva-se e venha partici-par desse momento tão rico em nos-sas congregações e, por que não dizer, na Igreja. Serão três dias de conferên-cias e oficinas que possibilitarão maior acesso ao pensamento espiritual, eu-carístico e missionário deste Servo de Deus. E movidos por este grande tes-temunho de consagração a Deus e à missão, celebraremos juntos a Aber-tura do Processo de Beatificação do Pe. Júlio Maria De Lombaerde.

* Mestre de Noviços Sacramentinos

em Matozinhos, MG, e Mestre em Teologia pela FAJE–BH

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22/01 – Quinta-FeiRa18h Jantar19h30 abertura20h conferência 1 Pe. Júlio Maria De Lombaerde e a Vida Religiosa Consagrada Pe. Marcos Antônio Alencar Duarte, SDN

23/01 – SeXta-FeiRa7h café da Manhã8h oração8h15 conferência 2 A vida espiritual segundo o Pe. Júlio

Maria e a influência de Santa TeresaDr. Pe. Paulo Carrara, CSsR

10h cafezinho10h30 oficinas: 1, 2 e 3

[1] A espiritualidade missionária do Pe. Júlio Maria a partir do Diário Missionário – Uma releitura da missão do Pe. Júlio Maria em MacapáMs. Ir. Denilson Mariano da Silva, SDN[2] Pe. Júlio Maria De Lombaerde e a vida paroquialFrt. Matheus Roberto Garbazza Andrade, SDN[3] As catequeses eucarísticas do Pe. Júlio MariaDe Lombaerde em ManhumirimPe. Marcos Antônio Alencar Duarte, SDN

12h almoço14h conferência 3

A influência do Pe. Júlio na formação da família cristãProfa. Ms. Nádia Maria Guariza

15h45 cafezinho16h15 oficinas: 4, 5 e 6

[4] A espiritualidade do Pe. Júlio Maria De Lombaerdea partir do Règlement [Notas espirituais do Pe. Júlio Maria]Ir. Teresinha Carvalho de Oliveira, SDN eIr. Maria do Socorro Laurentino, FCIM[5] Pe. Júlio Maria De Lombaerde eSão Luiz Grignion de Montfort em diálogoFrt. Antônio Leonardo de Souza, SDN[6] A arte como instrumento da missãodo Pe. Júlio Maria De LombaerdePe. Luiz Paulo Fagundes, SDN

18h celebração eucarística19h20 Jantar20h30 Mesa Redonda:

Comunicação e Nova EvangelizaçãoLançamento da Revista ‘O Lutador’Ir. Denilson Mariano da Silva, SDNPe. Márcio Antônio Pacheco, SDNPe. José Raimundo da Costa, SDN

24/01 – SÁBaDo7h café da Manhã8h oração8h15 conferência 4 Religião, Laicidades(s) e Espaço Público – notas sobre os discursos do Padre Júlio Maria De Lombaerde – de 1928 a1944 na Paróquia do Senhor Bom Jesus de Manhumirim.

Prof. Ms. Fabrício Emerick Soares10h cafezinho10h30 oficinas: 1, 2 e 3

[1] A espiritualidade missionária do Pe. Júlio Maria De Lombaerde a partir do Diário Missionário – Uma releiturada missão do Pe. Júlio Maria em MacapáMs. Ir. Denilson Mariano da Silva, SDN[2] Pe. Júlio Maria De Lombaerde e a vida paroquialFrt. Matheus Roberto Garbazza Andrade, SDN[3] As catequeses eucarísticas do Pe. Júlio MariaDe Lombaerde em ManhumirimPe. Marcos Antônio Alencar Duarte, SDN

12h almoço14h oficinas: 4 e 5

[4] A espiritualidade do Pe. Júlio Maria De Lombaerde a partir do Règlement [Notas espirituais do Pe. Júlio Maria]Ir. Teresinha Carvalho de Oliveira, SDN eIr. Maria do Socorro Laurentino, FCIM[5] Pe. Júlio Maria De Lombaerde eSão Luiz Grignion de Montfort em diálogoFrt. Antônio Leonardo de Souza, SDN[6] A arte como instrumento da missãodo Pe. Júlio Maria De LombaerdePe. Luiz Paulo Fagundes, SDN

16h cafezinho16h30 celebração eucarística e encerramento do Simpósio18h Jantar [Música ao vivo]20h ato Jurídico da Abertura do Processo

de Beatificação e Canonização do Servo de Deus Júlio Maria De Lombaerde

25/01 – DoMinGo9h Missa de abertura da Fase Diocesana

do Processo de Beatificação e Canonização do Servo de Deus Pe. Júlio Maria De Lombaerde.]

Simpósio Julimariano Espiritualidade • Eucaristia • Missão

22 a 25 de janeiro de 2015 | Colégio Santa Terezinha | Manhumirim -MG

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Uma nova experiência de DeusBíblia [ A imagem patriarcal de Deus...

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FRei c a RL o S Me S t eR S*

na véspera de ser preso, reu-nido pela última vez com os discípulos e as discípu-las, Jesus abriu o coração e falava de Deus, seu Pai.

Falava tanto, que Filipe chegou a dizer: “Jesus, mostra-nos o Pai e basta!” Jesus respondeu: “Filipe, tanto tempo estou com vocês e ainda não me conhece? Quem vê a mim, vê o Pai!” (Jo 14,9.)

O Pai era tudo para Jesus. Ele di-zia: “Nunca estou só. O Pai que me en-viou está sempre comigo!” (Jo 8,16.) “Eu a cada momento faço o que o Pai me mostra para fazer!” (Jo 5,19.30;cf. 8,28-29.) “Minha comida é fazer a von-tade do meu Pai!” (Jo 4, 34.)

Estas e muitas outras frases são co-mo janelas que permitem a gente olhar para dentro de Jesus e descobrir o gran-de segredo que o animava: Deus Pai, Abba, Papai! Palavra carinhosa. No tem-po de Jesus, a idéia que o povo se fazia de Deus era de alguém muito distante, severo, que ameaçava com castigo. Pelo seu jeito de ser e de viver, Jesus revelava outra imagem de Deus ao povo e fazia com que Deus se tornasse novamente a grande Boa Notícia para a vida humana, sobretudo para os pobres. Sua bondade e ternura eram um reflexo da experiên-cia que ele mesmo tinha de Deus como um Pai cheio de ternura para com to-dos e para com cada um em particular.

A imagem que uma pessoa tem de Deus influi muito no seu modo de agir. Por exemplo, a imagem de Deus como juiz severo faz a pessoa ficar com medo e a torna demasiadamente submissa e passiva, ou então rebelde e revolta-da. A imagem patriarcal de Deus, isto é, Deus como Patrão, foi e ainda é usa-da para legitimar as relações de poder e de dominação, tanto na sociedade e na Igreja, como na família e na comu-nidade. Às vezes, as pessoas identifi-cam Deus com a imagem que dele re-ceberam. Querem que Deus seja como

elas o imaginam. Aí, a imagem se tor-na um ídolo, um falso deus. Pois toda imagem de Deus é apenas uma ima-gem, um símbolo. Não é Deus. Deus é maior. Ele não pode ser identificado com nenhuma imagem. Ele ultrapas-sa todas as imagens! Graças a Deus!

Jesus dizia: “Quem vê a mim vê o Pai!” (Jo 14,9.) Pelo seu jeito de aco-lher as pessoas e de revelar a todos o seu grande amor, Jesus era um retrato falado de Deus. Às vezes, o povo per-gunta: “Mas como é que Jesus se co-municava com Deus, e como Deus se

Meditando o Salmo 146, também nós alimentamos nossa fé bebendo na mesma fonte que matava a sede de Jesus durante aqueles longos anos em Naza-ré. O Salmo 146 [145] é um retrato fiel de Deus. Ele traz oito características ou bem-aventuranças que definem a ação do Deus para conosco e que foram con-firmadas por Jesus através do seu jeito de acolher as pessoas com amor. [...]

Tente lembrar de que maneira Jesus revelou Deus ao povo: (1) fazendo jus-tiça aos oprimidos, (2) dando pão aos famintos, (3) libertando os prisionei-ros, (4) abrindo os olhos dos cegos, (5) endireitando os curvados, (6) amando os justos, (7) protegendo os estrangei-ros, (8) sustentando o órfão e a viúva!

E nós, hoje? Nosso jeito de viver é uma revelação do Deus de Jesus Cris-to? Nossa comunidade pode dizer: “Quem vê a mim, quem vê a nós vê o Pai”? Nossa Igreja na América Latina pode dizer: “Somos presença de Jesus no meio dos pobres”?

Ainda falta muito para nós sermos verdadeiros discípulos e discípulas de Jesus, não acha?

– Para iluminar a vida com a Pala-vra de Deus, reze o Salmo 146 [145].]

*Arquivos cedidos pelo autor.

[ A imagem que uma pessoa tem de Deus influi muito no seu modo de agir. revelava a Jesus?” Nos trinta anos que viveu em Nazaré, Jesus participava da comunidade e, como todos os meninos da época, desde pequeno, aprendia a Bíblia (cf. 2Tm 3,15; 1,5). Na família, junto com os pais, ele alimentava sua fé na Sagrada Escritura. Rezava mui-to. Rezava sobretudo os salmos. Lá es-tá a fonte da sua experiência de Deus.

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Família [ Vocação e missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo...

nhor das surpresas. Fiquem abertos às surpresas de Deus!”

Nesta perspectiva, vejo o pedido que meus superiores me fazem para que deixe Manaus e retorne a Minas para assumir, já em janeiro de 2015, a Paróquia São Sebastião, em Espera Feliz, que servi de janeiro de 1981 a ja-neiro de 1986.

Outro manancial de surpresas tem sido o Sínodo das Famílias [2014–2015], cujo processo está repercutindo be-neficamente em toda a ação pastoral da Igreja.

Fazer o caminho juntosO termo “sínodo” significa “fazer ca-minho juntos”. O Concílio Vaticano II restituiu voz e vez ao povo, propondo

estruturas de “comunhão e participa-ção” de todos os membros da Igreja, como os conselhos em diversos níveis, as assembleias e os sínodos. Contudo, essa reforma conciliar custou a vencer hábitos seculares que se instituciona-lizaram, com o poder concentrado nas mãos do clero e o povo de Deus posto de lado e silenciado.

Conduzida pelo Espírito Santo, a Igreja tem dado passos significativos na recuperação do processo sinodal. De-vagarzinho, o povo de Deus começa a ter voz e vez, a “fazer o caminho juntos”.

Na abertura do Sínodo das Famí-lias, o Papa Francisco deu verdadeira aula de sinodalidade ao fazer aos bispos duas grandes indicações: falar com li-berdade e escutar com humildade. Du-

Com suas novidades, 2015 pede investimento

na Família Pe . S eB a S t ião S a n t ’a n a , S D n*

São muitas as novidades e sur-presas no ano que se inicia. Nosso jornal – transforma-do agora em Revista O LU-TADOR – é uma delas. Es-

peramos que você, leitor amigo e fiel, não só perceba a melhora, mas ajude a divulgar o novo rosto deste veículo de comunicação que, há 86 anos, anun-cia os valores do Reino.

Também você pode estar pensan-do nas surpresas que estão ocorren-do na sua vida ou na vida de sua fa-mília. Mesmo que sejam situações com cara de dificuldade, nos desíg-nios de Deus podem tornar-se opor-tunidades para melhorar e crescer. O Papa Francisco alerta e recomen-da: “Deus pode ser chamado de Se-

[ 16 • olutador [ janeiro ] 2015

F/REPRODUÇÃO

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Família [ Vocação e missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo...

olutador [ janeiro ] 2015 • 17 ]

rante as duas semanas, sentado, ouviu tudo com humildade. No encerramen-to, pôde dizer, agradecido: “com um es-pírito de colegialidade e de sinodali-dade, vivemos realmente uma experi-ência de Sínodo, caminhamos juntos”.

Percebe-se que o testemunho do Sínodo da Família, iniciado em 2014 – falar com liberdade e escutar com hu-mildade –, está repercutindo benefi-camente na vida de muitas dioceses, paróquias, comunidades e até mesmo das famílias. Encontros de estudo, reu-niões e assembleias pastorais come-çaram a colocar em prática a metodo-logia usada no Sínodo.

Com isto, as pessoas começam a se sentir sujeitos e corresponsáveis pela vi-da da Igreja. Todos, até mesmo os mais simples, têm muito a contribuir para o crescimento da família ou da comuni-dade. Na escola de Jesus, aprendemos a dizer: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coi-sas aos sábios e entendidos e as reve-laste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado!” (Mt 11,25-26.)

De Manaus às montanhas de MinasO Papa Francisco, na escola de Jesus, pede que escutemos não só a voz dos especialistas em família, mas saiba-mos perceber o valioso testemunho de pessoas humildes, às vezes anal-fabetas, mas dotadas de uma sabedo-ria que vem de Deus.

Nestes quarenta e seis anos de pa-dre, tenho aprendido muito. Louvo e agradeço a Deus porque, pelas cida-des onde vivi meu ministério – Caran-gola, Espera Feliz, Manhumirim, Ma-nhuaçu, Alta Floresta, Belo Horizon-te e Manaus – o povo me ajudou a vi-ver minha vocação e missão de padre.

Agora, depois de quase sete anos de Manaus, retorno a Espera Feliz, de onde saí, há 29 anos; fica na Zona da Mata, na divisa de Minas com o sul do Espírito Santo e com o norte do Rio de Janeiro. Manaus e Espera Feliz me en-sinaram muito.

Em Manaus, pude contar com o apoio dos bispos, dos padres e dos agen-

tes da Pastoral Familiar, tendo em vista termos na capital manauara uma Pas-toral Familiar intensa, vigorosa e fru-tuosa. Foi gratificante essa experiên-cia sinodal; pudemos fazer o caminho juntos. Agradeço a todos os que ajuda-ram a levar adiante a bandeira da fa-mília. Tudo o que fizermos pela famí-lia ainda é pouco!

Sobre família, ser aprendiz do povoQuando, em 1981, cheguei a Espera Feliz, recebi do povo simples grande lição de Pastoral Familiar; nunca mais a esqueci.

A Campanha da Fraternidade da-quele ano tinha como tema a Saúde.

portante para a saúde é uma boa vi-vência em família”. E, por coerência, a resposta à segunda questão foi: “O que mais prejudica a saúde é uma má vivência em família”.

Coincidência ou não, em 1972, hou-ve em Londres um Congresso Interna-cional reunindo renomados psicólogos e psiquiatras. O tema era justamente a “Felicidade”. Depois de quase uma semana de conferências, seminários, mesas redondas, debates, os congres-sistas chegaram à conclusão de que o “fator determinante para a felicidade é uma boa vivência em família”.

Os grandes cientistas descobriram uma verdade que o povo simples da Pa-róquia São Sebastião, de Espera Feliz, já tinha presente no coração: uma boa vivência em família é a melhor coisa para a saúde!

a vocação e a missão da famíliaO Conselho do Sínodo dos Bispos reu-niu-se [18–19/11/2014] para refletir o resultado do Sínodo Extraordinário [5–19/10/2014], e preparar o XIV Sínodo Ordinário [4–25/10/2015], sobre o te-ma A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo.

O Conselho foi presidido pelo Pa-pa Francisco, que destacou a impor-tância do Sínodo e da família. Na reu-nião, foi acordado “que o período que começa agora entre as duas Assem-bleias, que não tem precedentes na história da instituição sinodal, é mui-to importante”.

A proposta é não só assumir o ca-minho já realizado “como ponto de par-tida”, mas aproveitar a oportunidade “para aprofundar as temáticas e pro-mover a discussão nas Conferências Episcopais, encontrando os meios e os instrumentos necessários para en-volver também as diferentes instân-cias eclesiais na reflexão sinodal so-bre a família”.

Aos apaixonados pela família, su-giro estudar o Relatório do Sínodo; vão-se sentir gratificados. Bom êxito no de-safio! Sucesso no investimento na sua família!]

O lema era Saúde para todos. Foi com muita empolgação que percorri as 43 comunidades rurais da paróquia le-vando a proposta da CF-81. Na con-dição de padre recém-chegado, to-dos me ouviam com muita atenção. Para aquele povo simples, na maioria agricultores, falei do dever cristão de cuidar bem da saúde, da importância de ter uma alimentação correta. Suge-ri que tivessem uma horta com gran-de variedade de verduras e de plantas medicinais. Sugeri hábitos e atitudes favoráveis à saúde, como evitar o ci-garro, bebidas alcoólicas ou alimen-tação errada, o cuidado com a higiene etc. No final da palestra, eu fazia duas perguntas simples para serem respon-didas em grupo: 1) Quais as 3 coisas que mais ajudam a ter uma boa saú-de? 2) Quais as 3 coisas que mais pre-judicam a saúde?

Imaginava que as respostas seriam dadas de acordo com o que eu falara; tive grata surpresa. Das 43 comunida-des, 36 responderam: “A coisa mais im-

[ A coisa mais importante para a saúde é uma boa vivência em família.

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Catequese [ O futuro do ser humano é Deus pelo fato de que Nele temos nossa origem...

FRei vaniLDo Luiz zuGno oFMcaP*

nossa cultura moderna oci-dental está marcada por uma compreensão linear e pro-gressiva do tempo. No nos-so modo de pensar, temos

um tempo passado que já foi e não volta mais, um tempo presente em que vive-mos e um tempo futuro que ainda não conhecemos. A sequência da história do mundo, da humanidade e das pes-soas se organiza numa sucessão linear passado, presente e futuro.

cristo: o Futuro da humanidadeE mais: temos a percepção de que há uma linha de progresso entre esses três momentos. O presente seria me-lhor que o passado, e o futuro seria ain-da melhor que o presente. É a ideia do contínuo progresso da humanidade. Avançar no tempo significaria melho-rar. Voltar para o passado, seria piorar. Progressista, dentro dessa compreen-são, é aquela pessoa que quer melhorar a humanidade. Conservador é aquele que se fixa no passado.

Ora, se dizemos que, do ponto de vista cristão, o futuro da humanidade é Jesus Cristo e o futuro do mundo é Deus, estamos rompendo com a com-preensão linear e progressiva do tem-po, pois Jesus Cristo e Deus não são re-alidades que se manifestarão só no fu-turo, mas já estão presentes no nosso mundo. Ou seja, já vivemos no futuro. No presente já estamos vivendo o fu-turo, pois Deus está no meio de nós!

Quem, vivendo sua vida, aqui e agora, a vive em Deus, já está vivendo o futuro, pois Deus é presente e futu-ro. Ele enche todo o tempo e todos os tempos! E até mesmo aqueles e aque-

las que viveram antes de nós, na me-dida em que viveram a vida em Deus, mesmo que cronologicamente ante-riores a nós, já viveram a vida futura que todos esperamos viver.

Claro que o futuro que vivemos no presente ainda é imperfeito. É apenas uma sombra do mundo vindouro (cf. Hb 10,1). Enquanto estamos nesta vida, vivemos a tensão entre o tempo pre-sente e o tempo futuro. Já experimen-tamos o futuro, mas ainda não de for-ma plena. Mas ele nos chama a não nos resignarmos com o presente. Degus-tando as pequenas alegrias do tempo

que exista a árvore do bem e do mal. O verdadeiro dilema, a escolha difícil e decisiva para o ser humano, é ter que escolher entre comer, ou não, o fruto dessa árvore. Tem que escolher! É essa capacidade que o faz diferente das ou-tras criaturas. As plantas e os animais não escolhem o seu futuro. Elas sim-plesmente seguem a sua programação genética e o seu instinto. O ser huma-no, ao invés, pode e precisa escolher.

E é tão radical essa liberdade, que o ser humano pode escolher contra a própria vontade de Deus, que não que-ria que ele comesse do fruto da árvore

escatologia: o futuro que já é presente

presente, pressentimos o banquete que Deus está nos preparando.

um ser humano livre e aberto ao futuroO futuro do ser humano é Deus pelo fato de que Nele temos nossa origem (cf. Gn 1,27). Fomos criados por Deus e nosso fim Nele está. Entre o início e o fim há, porém, um longo caminho... Caminho que não está predetermina-do, mas que cabe a cada um de nós tra-cejar. O relato bíblico nos conta que Deus criou o ser humano com a ca-pacidade de decidir, de escolher en-tre comer ou não comer o fruto da ár-vore do bem e do mal (cf. Gn 2,16-17). O problema para o ser humano não é

do bem e do mal. Deus não o impede... Deixa que coma, que escolha e assim, mesmo entre erros, possa ir construin-do a sua humanidade e o seu futuro.

Essa liberdade que Deus dá ao ser humano de construir o seu futuro mui-tas vezes nos assusta! Tudo seria mui-to mais tranquilo se só pudéssemos escolher o que é bom ou, como pen-sam muitos, se nem tivéssemos a pos-sibilidade de escolher... Então, nunca haveria erros. Mas também não serí-amos humanos. Seríamos como ro-bôs que só podem fazer aquilo para o qual estão programados. Seríamos robôs perfeitos, mas não homens e mulheres...

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[ A Criação toda desfruta ou sofre as decisões de futuro

que tomamos para nós mesmos.

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Catequese [ O futuro do ser humano é Deus pelo fato de que Nele temos nossa origem...

É preciso resgatar a afirmação cris-tã de que o ser humano é livre e cons-trutor de seu futuro. Sem esquecer, é claro, que o futuro último do ser hu-mano é Deus, e que Deus está sem-pre presente. Mesmo diante do erro humano, Ele não nos abandona. Está sempre buscando por nós, estendendo a mão e, sem tomar em conta nossas escolhas erradas, nos dá novas chan-ces, novas possibilidades de caminhar na Sua direção (cf. Gn 3,8). Mas a deci-são de caminhar, ou não, para ele, de ir, ou não, ao encontro de seus braços sempre abertos, é nossa!

um futuro comum a todos e todasO mais grandioso e, ao mesmo tem-po, dramático, da liberdade humana, é a sua capacidade de, além de cons-truir o próprio futuro, poder também influir no futuro das outras pessoas e de toda a criação. Em todas as deci-sões que tomamos sobre o nosso fu-turo pessoal, estamos influenciando sobre o futuro da humanidade. O que eu decido, decido não só para mim, mas também para as demais pessoas, pois com minha decisão posso cola-borar para o avanço ou o retrocesso da humanidade no caminho para Deus. Um exemplo: se eu, tendo a possibili-dade de estudar, decido não o fazer, estou impedindo que a humanidade toda desfrute daquilo que, com meu

conhecimento, poderia acrescentar ao saber comum.

A Criação toda desfruta ou sofre as decisões de futuro que tomamos pa-ra nós mesmos. Por exemplo: se, como pessoa ou como coletividade, decidi-mos que o uso de combustíveis fósseis – carvão, petróleo – é a melhor forma de energia, estamos com isso destruindo milhares de formas de vida sem que elas tenham a possibilidade de defender-se. Estamos comprometendo o nosso fu-turo e o futuro de toda a Criação. Uma decisão pessoal, nossa, que preserve a vida das criaturas, contribui por sua vez para a libertação e a redenção de toda a Criação. É o que intuiu São Paulo quan-do afirmou que toda a Criação geme e espera pela manifestação da glória dos filhos de Deus (cf. Rm 8,19-22).

uma fé que é esperançaO cristianismo surge dentro da tradi-ção religiosa do povo de Israel, que tem como seu documento mais represen-tativo a Bíblia. Se olharmos o Primeiro Testamento, vemos que toda a experi-ência do Povo de Deus é uma constan-te busca de um futuro melhor. O povo está sempre a caminho. Tudo começa com Abraão que, ouvindo o chamado de Deus que o convida a um futuro me-lhor, deixa sua casa e sua terra e par-te em busca da Promessa (cf. Gn 17).

Mais tarde, quando Israel se encontra escravo no Egito, é a promessa da Terra Prometida que faz com que Moisés, Mi-riam, Aarão e todo o povo se levantem e, enfrentando a escravidão do Faraó, tenham a coragem de cruzar o deser-to, lutando contra toda sorte de peri-gos, na esperança de ter um lugar onde viver em paz e liberdade (cf. Ex 3,1-8).

Quando, em consequência do es-quecimento da Promessa, os reis de Is-rael reproduzem sobre o seu próprio povo a escravidão do Egito e, com esse seu jeito de governar, enfraquecem a solidariedade dentro de Israel e este é levado como escravo para a Babilônia, Deus, através dos profetas, faz renascer a esperança do retorno à Terra e do res-tabelecimento do povo (cf. Jr 18; Ez 37).

O retorno à Palestina não signifi-cou, porém, para o povo de Israel, a paz e a realização das promessas de Javé. A invasão do exército grego e, mais tarde, o dos romanos, fez com que a vida do povo continuasse tanto ou mais dura que antes. No meio desse sofrimento, a fé na justiça de Deus faz com que se desenvolva no meio do povo a certe-za de que, mesmo que os sofrimentos deste mundo pareçam invencíveis, a última palavra é de Deus. É nesse con-texto que nasce a esperança da Res-surreição (cf. 1Mac 7) como forma de recompensa para os que morrem por causa de Deus e de sua justiça.

No tempo de Jesus, a esperança que mantém vivo o Povo dos pobres que sofre é a de que Deus vai enviar seu Ungido para realizar o seu Reino. João Batista aparece no deserto anun-ciando que o Reino de Deus está próxi-mo (cf. Mt 3,1-3). Na sequência de João Batista, Jesus mesmo se pôs a pregar: “Convertei-vos, pois o Reino dos Céus está próximo”. (Mt 4,17.) Jesus não só anuncia, mas começa a construir, na prática, o Reino: “Jesus percorria to-da a Galileia, ensinando nas sinago-gas, anunciando a Boa Nova do Rei-no e curando toda espécie de doença e enfermidade do povo”. (Mt 4,23.) Um mundo sem opressão, sem dor e sem sofrimento é o sonho do Reino pelo qual João Batista e Jesus lutam e espe-ram (cf. Mt 11) e diante do qual todos um dia seremos julgados (cf. Mt 25).

O sonho de um mundo justo que Jesus anuncia e realiza não é um so-nho fechado. É um sonho para todos. E um sonho na construção do qual to-dos e todas são convidados. Jesus não quis construir o mundo novo sozinho. Chamou homens e mulheres para esta-rem com Ele, e com Ele colaborarem na construção desse sonho (cf. Mt 10,1-7), até que atinja os confins de toda a ter-ra e toda a humanidade (cf. Mt 28,19).]

*Mestre em Teologia e professor da Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana e do Cen-tro Universitário La Salle. Também atua na capaci-tação teológico-pastoral de lideranças eclesiais no meio popular.

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Juventude [ Com insistência, nosso querido Papa Francisco tem-nos exortado ao “encontro” com Jesus...

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Pa D Re ReG in aLD o M a nzo t t i*

estamos iniciando um novo ano e, com certeza, todos temos metas, objetivos e sonhos que queremos realizar este ano. E na vida espiritual? Também

temos que avançar, crescer, melhorar. Então, começo perguntando: – Você já fez o verdadeiro encontro com Je-sus? Aquele encontro que muda tudo?

Muitas pessoas estão tomadas por sentimentos negativos, com feridas na alma que as levam a acreditar que a si-tuação em que se encontram não tem mais jeito, e a depressão toma conta de suas vidas. Será que não estão pre-cisando de um encontro verdadeiro com Jesus?

Com muita insistência, nosso que-rido Papa Francisco tem-nos exorta-do ao “encontro” com Jesus. Um en-contro capaz de nos curar e transfor-mar nossa vida.

O relacionamento com Jesus cura a visão da nossa própria existência e

adquire um novo sentido. Quem faz essa experiência do “encontro” fica tão preenchido de Jesus, que não conse-gue reter só para si a graça: o coração curado torna-se um coração evange-lizador.

Com certeza não há quem, em da-do momento da vida, não tenha ouvi-do falar de Jesus. Muitas pessoas que ouvem falar de Jesus, no princípio se aproximam dele por curiosidade, mas quando começamos a conhecê-lo me-lhor, passamos a ter intimidade com ele, somos envolvidos por seu imen-so amor. Esse encontro nos transfor-ma, nos muda total e inteiramente, a ponto de as pessoas que nos cercam reconhecerem a mudança em nosso jeito de ser e agir.

Seguir Jesus requer autenticida-de e fidelidade. A ele ninguém enga-na, ele conhece os nossos pensamen-tos e sentimentos. Quando pensamos em procurá-lo, Ele já nos encontrou.

Você já foi olhado por Jesus? Ou melhor, você já olhou nos olhos de

Jesus quando está diante do Santíssi-mo? Isso é de um valor incomensurá-vel, ajoelhar-se em frente do Sacrário e dizer como Santa Teresinha de Lisieux: “Jesus, tua menina chegou, tua meni-na está aqui”. Não precisa nem rezar, somente colocar-se sob o olhar de Je-sus. Se sentir vontade de chorar, cho-re. Se sentir vontade de cantar, cante. Se sentir vontade de não fazer nada, não faça. Basta apenas saber-se sob o olhar de Jesus.

Jesus nos olha com amor (cf. Mc 10,21). Você já sentiu esse olhar de Je-sus que diz: “Eu te amo”? Esse olhar de Jesus muda toda a nossa vida e nos leva a uma experiência de amor tão gran-de, que nos faz apaixonar-nos por ele a ponto de afirmar: “Jesus é meu ama-do, é a razão da minha vida!”]

a alegria do encontro

*Coordenador da Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário N. Sra. de Guadalupe, em Curitiba, PR. Site: www.padrereginaldomanzotti.org.br. Facebook: www.facebook.com/padrereginaldomanzotti. Twitter: @padremanzotti Instagram: @padremanzotti

[ Um encontro capaz de

nos curar e transformar

nossa vida.

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Juventude [ Com insistência, nosso querido Papa Francisco tem-nos exortado ao “encontro” com Jesus...

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eM uma quarta-feira de céu azul [19/11/2014], dezenas de milhares de fiéis e turistas encheram a Praça São Pedro, no coração de Roma, para ver

o Papa e ouvir as suas palavras na cate-quese. O tema – “a Igreja Universal, vo-cação à santidade” – foi abordado por Francisco a partir do ‘grande dom do Concílio Vaticano II: ter recuperado uma visão de Igreja baseada na comunhão, e ter interpretado o conceito de auto-ridade e hierarquia nesta perspectiva’.

“Isto nos ajudou a entender melhor que todos os cristãos, como batizados, têm igual dignidade diante do Senhor e a mesma vocação, a da santidade” -

disse o Papa, que começou a sua refle-xão questionando: “Em que consiste esta vocação e como podemos realizá-la? Não obtemos a santidade graças às nossas capacidades ou qualidades pes-soais. Ser santo não é uma prerrogati-va oferecida só para alguns escolhidos, nem significa ser dotado de uma capa-cidade especial. Não! Trata-se de um dom que o Senhor Jesus oferece gratui-tamente a cada um de nós. É uma ca-racterística que distingue os cristãos”.

O Pontífice prosseguiu afirman-do que o chamado à santidade não é uma “carga pesada”, mas um convite a viver com alegria e amor cada momen-to de nossa vida, transformando-o tam-

bém em um dom para as pessoas que nos circundam. E que “cada passo ru-mo à santidade torna as pessoas me-lhores, livres de egoísmo e mais aber-tas aos irmãos e às suas necessidades”.

“Tudo isso nos faz entender que, para tornar-se santo, não é preciso ser bispo, padre ou religioso, mas todos e cada um dos batizados são chamados a viver no amor e a oferecer o seu testemu-nho cristão nas ocupações quotidianas”.

Assim disse Francisco, citando alguns exemplos: “Você é um consagrado? Para ser santo, viva com alegria a sua doação e o seu ministério; quem é casado, seja santo amando o seu cônjuge como Cris-to amou a Igreja; quem é batizado e não casado, realize seu trabalho com hones-tidade e competência; ofereça seu tem-po a serviço dos irmãos. Quem é pai ou avô pode ser santo ensinando com pai-xão filhos e netos a conhecerem e segui-rem Jesus. É preciso tanta paciência para isso... Catequistas, educadores, voluntá-rios: sejam santos tornando-se sinal vi-sível do amor de Deus e de sua presen-ça ao nosso lado. Todo estado de vida le-va à santidade quando vivido em comu-nhão com o Senhor e a serviço dos irmãos. Na rua, em casa, no trabalho... sempre”.

O Papa concluiu que devemos fazer um exame de consciência sobre como estamos respondendo a este chamado de Deus: “Longe de tornar a existên-cia pesada e triste, o chamado à san-tidade é um convite a viver na alegria cada momento de nossa vida”.

Na sequência, o Papa concedeu a benção apostólica e lembrou a todos que na sexta-feira, 21 de novembro, memória litúrgica de Maria Santíssima no Templo, seria cele-brada a Jornada ‘pro Orantibus’ dedicada às comunidades religiosas de clausura.

“Será uma ocasião oportuna para agradecer ao Senhor pelo dom de tan-tos que, em mosteiros e eremitérios, se dedicam a Deus na oração e no silên-cio operoso. Agradeçamos ao Senhor pelo testemunho de vida de clausura destas pessoas e não lhe façamos faltar o nosso amparo espiritual e material para realizar esta importante missão.”]

fonte: Radio Vaticana

“Podemos ser santos com pequenos gestos”

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Horizontes [ Falar menos e escutar mais...

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D oM a n ua R B at t i S t i*

vivemos tempos em que a do-ença chamada estresse toma conta da vida de qualquer um. Ninguém está isento de preocupações, de proble-

mas a serem resolvidos ontem, de que-rer superar todos os limites humanos.

A síndrome do medo, do tempo ace-lerado, já não há nervos que suportem. Nossos olhos presenciam imagens de guerra, terror, morte; imagens de mães que não aguentam mais os filhos, su-focam-nos, põem num saco de lixo e jogam no rio; pessoas que já não tole-ram o ronco do marido ou da mulher; não suportam o barulho do vizinho no andar de cima. Presenciamos brigas e mortes no trânsito por motivos fúteis...

Enfim, nossos ouvidos são agredi-dos por barulhos insuportáveis, cau-sando doenças incuráveis. Algo es-tá errado!

O ser humano deste milênio esque-ceu-se da força tranquilizante e reno-vadora da vida: o silêncio. Ter tempo para “entrar na própria casa”, a casa in-terior, ter o silêncio como amigo e fazer o diagnóstico da situação, recobrando o equilíbrio emocional, respirando a tranquilidade de quem é limitado, hu-mano, sensível, digno de vida digna.

Ninguém merece viver sem se en-contrar consigo mesmo, com suas ener-gias e fraquezas. A consciência dos li-mites me remete a estar diante do fazer só o possível, dentro do possível. Calar o barulho que vem de todos os lados me faz ver o mundo com olhos novos, vivendo o momento presente como o único possível, recomeçando sempre.

Vivemos tempos em que precisa-mos aprender a falar menos e escutar mais, principalmente o que nosso co-ração quer dizer e que, muitas vezes, nossa consciência e nossos ouvidos não querem ouvir.

O silêncio fala a verdade que está sufocada. Ouvir significa assumir de frente, sem fuga ou desculpas. Isso dói, machuca, sangra. Melhor é refugiar-se no barulho do ativismo sem tréguas.

cansados do barulhoUm grande sábio contemplativo diz:

“Se a palavra que você está para pronunciar não é mais bela do que o silêncio, não a diga”.

O Salmo 138 nos adverte de que a pala-vra ainda não chegou à nossa garganta e o Senhor já a conhece toda. Não só Deus conhece nossa palavra antes de ser pronunciada, mas também deve-mos reconhecer as palavras que va-mos dizer e os efeitos que vão produ-zir naqueles que irão ouvir.

“Levantou-se uma grande tempes-tade que lançava as ondas dentro barco, de sorte que ele já se enchia. Jesus estava na popa, deitado num travesseiro. Eles acordaram Jesus e disseram: ‘Mestre não te importa que vamos morrer?’ E Jesus disse: ‘Silêncio! Calma!’ E se fez uma grande calmaria.”(Mc 4,37,38.)

No barco da vida as ondas podem encher o barco e naufragar. Diante das ondas barulhentas da tecnologia, fan-tástica e atraente; diante da propagan-da ensurdecedora, oferecendo felici-dade no uso de grifes; diante das fes-tas sem hora de começar e terminar; diante do desequilibro afetivo, no uso e abuso do prazer pelo prazer; dian-te de tantos outros barulhos, é preci-so gritar: “Mestre não te importa que vamos morrer?”

Sim é preciso gritar por socorro, mas o mais importante é você mesmo gritar dentro de você: “Silêncio, cal-ma!” Repita esse grito todos os dias, em silêncio, várias vezes, dentro do seu coração, antes de começar as su-as atividades, e verá como tudo se-rá melhor.]

*Arcebispo de Maringá, PR

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Venhafazer parte da nossa acolhida!

O Centro de Acolhida Betânia (CAB) é uma

obra social da Comunidade Missionária de Villaregia desde 1987, como resposta à pre-sença de crianças e adolescen-tes que pediam comida, roupa, atenção, escola, ACOLHIDA. O CAB atende diariamente, em horário alternativo à escola, 220 crianças e adolescentes de 6 a 16 anos, visando a melhoria

das condições econômicas, so-ciais e humanas deles e de suas famílias!A acolhida e o respeito das dife-renças são pilares da formação oferecida que ajudam na pro-moção humana da pessoa. O Centro visa a formação integral da pessoa, acreditando em seu valor e em suas potencialida-des, e proporciona a crianças e adolescentes uma autêntica experiência de família.

O Centro de Acolhida oferece também alimentação, atendi-mento às famílias, atendimento odontológico, oficinas de artes, esporte, apoio pedagógico, jo-gos pedagógicos, literatura, in-formática, dança e música.O CAB se sustenta por meio de doações econômicas, de alimentos, de material de lim-peza e de higiene, de material escolar e pedagógico, roupas e do serviço voluntário.

da destinação do imposto de renda

Banco do Brasil Conta: 17538-2 Agência: 4282-X

Doação por meio de carnê

Ajude-nos!Colabore para sustentar

o Centro de Acolhida Betânia através:

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Espiritualidade [ Mudar a cabeça e o coração...

FRei Pat Ríc i o S c ia D ini, o c D

estou convencido de que milhões de católicos do mundo inteiro acompanharam com amor e com certa apreensão e preo-cupação o Sínodo da Família,

que já se encerrou com a publicação do documento final como reflexão para a próxima sessão, que será no ano que vem.

E dentro de nós uma pergunta nos agitou e continua a nos agitar: qual se-rá, afinal, a posição da Igreja sobre a fa-mília? Os divorciados e recasados po-derão receber a comunhão e se apro-ximar de todos os sacramentos? E as famílias, como serão de fato? E a situa-ção dos homossexuais, como será vis-ta pela Igreja? E por aí vão as pergun-tas e questionamentos.

Cada um de nós tem dentro de si uma resposta, mesmo que não a diga por medo, por receio ou porque lhe falta o que o Papa Francisco designou com uma palavra grega –“parresia” –, que significa coragem, honestidade e for-ça de dizer o que se pensa, sem olhar o vizinho e sem medo das críticas.

Dizem que durante o Sínodo houve um arranca-cabelos, mas ao final tudo se resolveu com sorrisos e com o dese-jo de dialogar e de encontrar juntos um caminho que seja evangélico. Discutir, dialogar, desentender-se e ter pensa-mentos diferentes são coisas boníssi-mas e saudáveis. Ninguém pode nos impedir de dizer o que nós pensamos.

Mas sabemos bem que a Igreja tem um ponto referencial do qual não pode se afastar. Este ponto referencial, mais que uma doutrina, é uma Pessoa e se chama Jesus. É para Ele que nós deve-mos olhar e com Ele devemos caminhar. Ele, que é Caminho, Verdade e Vida.

Na verdade, eu me sinto felicíssimo com tudo isto e manifesto com cora-gem e simplicidade o meu pensamen-to: somos convidados, nós católicos, a fazer um transplante corajoso de ca-beça e de coração e colocar no lugar

ções e por isso gritamos: “Abba”. Ele sabe o que se passa em nós e, mesmo em situação que nós consideramos de “pecado”, ele nos ama e bate ao nosso coração, para que possamos compreender que sem o amor sere-mos sempre pessoas em luta, agre-dindo-nos uns aos outros.

2não atirar pedras. É difícil compre-ender quanto, na minha vida, me

ajudou a ser um pouco melhor o tex-to do Evangelho onde os fariseus que-riam apedrejar a mulher adúltera; e, o que é pior, fazê-lo com a aprovação de Jesus. Mas Jesus os venceu com o si-lêncio e com poucas palavras que têm um sabor de exame de consciência pa-ra todos nós, homens e mulheres que se consideram justos: “Quem estiver sem pecado atire a primeira pedra!” E aí, diz o evangelista João, um a um fo-ram embora... Quem sabe, todos nós devemos ir embora, começando pe-los mais velhos, porque somos peca-dores, e perdoar, amar, ir em paz e não pecar mais.

3não peques mais. Jesus não é ami-go do pecado, seja ele qual for. Isto

é, do pecado que fere a nós mesmos, a Deus e à consciência dos outros. Ele sempre condena o pecado, mas sem-pre ama os pecadores com um amor infinito. Se nós colocamos em práti-ca estes três conselhos, isto equivale a fazer transplante de cabeça e do co-ração, e no lugar dos nossos, vamos ter cabeça e coração de Jesus.

Em tudo o que vier, é bom saber acolher a todos sem ferir o Evangelho vivo que se chama Jesus.]

da nossa cabeça curta e cheia de pre-conceitos a cabeça de Jesus, e no lugar do nosso coração, meio fossilizado e petrificado pelo tempo, o coração de Cristo, e aí as coisas mudam e seremos sem dúvida felizes.

O encontro com Jesus nos diz três coisas que nunca podemos esquecer:

1Deus é amor. Quando amamos, não temos muitas leis e muitas

normas dentro de nós, sempre procu-ramos o bem da pessoa amada e dos outros, sem os ferir jamais. O amor de Deus foi derramado nos nossos cora-

Jesus nos convida a mudar cabeça e coração

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“Façamos ação social eucarística.”

Cadernode CidadaniaANO 12 * Nº 262 * JANEIRO * 2015 * BELO HORIZONTE * MG

Pe. Júlio Maria De Lombaerde foto

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[ 2 * olutador [ janeiro ] 2015 [ Caderno de Cidadania ]

adre Júlio Maria De Lombaerde foi um homem à frente de seu tempo. Criou, inovou e mobilizou as comunidades por on-de passou. Ao fundar o Instituto dos Mis-sionários Sacramentinos de Nossa Senho-

ra, criou não somente uma Congregação de padres, mas também uma Instituição que teria como um de seus vie-ses de atuação a Ação Social.

Atualmente o Instituto conta com vários pro-jetos sociais em quatro municípios do país, além de ações também desenvolvidas, mobilizadas e incentivadas pelas paróquias em que o carisma Sacramentino está presente.

O Brasil é um país de leis que defendem as crianças e adolescentes, os idosos, as mulheres vítimas de violência e tantos outros públicos, mas que ainda não aprendeu efetivamente a executar aquilo que está no pa-pel, compreendendo inclusive que há questões que são inerentes à pessoa humana, como a garantia do acesso a bens e serviços, da liberdade e do cuidado.

Neste sentido, as instituições do Terceiro Se-tor se responsabilizam, junto com o Estado, por promover ações que tenham como resultado indivíduos protagonis-tas, autônomos e conscientes de seus direitos e deveres.

O funcionamento das ações socioassisten-ciais do Instituto se regulamenta pelas legislações exis-tentes, que orientam o funcionamento das entidades socioassistenciais, bem como as legislações especificas para cada público atendido.

Nosso Caderno de Cidadania contará com a colaboração mensal do Instituto Direitos Humanos, uma parceria que visa a fortalecer ainda mais as iniciativas do Terceiro Setor. Neste mês de janeiro, o enfoque é sobre o PPDDH/MG - Programa de Proteção dos Defensores de Direitos Humanos de Minas Gerais. Confira!

Nosso fundador, Pe. Júlio Maria, hoje inspi-ração para o desenvolvimento das ações, disse que “nun-ca seremos grandes, nunca seremos elevados, nunca se-remos santos se não caminharmos para um ideal”. Que nosso ideal seja sempre caminhar no sentido da cida-dania, da autonomia e do desenvolvimento social. Por isso, nesta edição do Caderno de Cidadania, apresenta-mos um breve resumo sobre as ações já desenvolvidas pelos Sacramentinos de Nossa Senhora, que têm como seu principal objetivo a defesa intransigente de direitos.*

Estatuto da Criança e do Adolescente é alterado

Sancionada em 1º de dezembro de 2014, a Lei nº 13.046 altera o Es-tatuto da Criança e do Adolescente. Agora as entida-

des públicas ou privadas que abriguem ou recepcionem crianças e adolescentes, ainda que em caráter temporário, devem ter em seus quadros profissionais capa-citados a reconhecer e reportar ao Con-selho Tutelar suspeitas ou ocorrências de maus-tratos. Procure mais informações.

Marco RegulatórioLei do Marco Regu-latório é adiada No dia 29 de outubro de 2014, foi publi-cada a Medida Pro-visória nº 658, que adiou a entrada em

vigor do Marco Regulatório das Organiza-ções da Sociedade Civil, sancionado em julho pela Presidenta Dilma Rousseff, que cria novas regras para parcerias e repasses de dinheiro da União a organizações não governamentais - ONGs. Com o novo pra-zo, a Lei 13.019/2014 passa a valer no fim de julho de 2015, um ano após a sanção.

Revista Valor CompartilhadoFoi lançada no dia 10 de dezembro de 2014 a revista “Va-lor Compartilhado”. Fruto de uma par-ceria entre o Centro Mineiro de Alianças Intersetoriais - Ce-MAIS, a Associação de Cultura, Esporte

e Lazer Movimenta Brasil e a Gráfica e Edi-tora O Lutador, a Revista tem como objeti-vo disseminar conhecimentos e boas prá-ticas sobre as tecnologias de gestão social por meio da intersetorialidade. Saiba mais pelo E-mail: [email protected]

❝a criança e o adolescente

gozam de todos os direitos

fundamentais inerentes à pessoa

humana.❞[Art. 3º

do Estatuto da Criança e do

Adolescente]

Onde a sociedade civil, as empresas e o governo se encontram

ANO I - Nº I - Janeiro, Fevereiro, Março 2015

Três vias, uma solução:Fortalecimento do Terceiro Setor

Tecendo Redes - Terceiro Setor em Foco -

Editorial - PÁG | 03 PÁG | 18

PÁG | 12 PÁG | 31

Projetos que Inspiram -

Três vias, uma solução:Fortalecimento do Terceiro Setor

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olutador [ janeiro ] 2015 [ Caderno de Cidadania ] * 3 ] [▶

ma entidade de natureza confes-sional, beneficente e filantrópi-ca, sem fins econômicos e lucra-tivos de assistência social: assim é o Instituto dos Missionários Sa-cramentinos de Nossa Senhora. Entidade fundada pelo Padre Jú-

lio Maria De Lombaerde, há mais de 70 anos, mantém projetos sociais atendendo crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos e entida-des sociaoassistenciais, oferecendo ações de for-

Ação Social Sacramentina

o legado da missão social deixado pelo Pe. Júlio Maria de Lombaerde

mação, socialização, assessoramento e defesa e garantia de direitos.

Todas estas ações são desenvolvidas com o objetivo de realizar um conjunto articulado de ações de promoção e proteção humana no âmbito da Proteção Social Básica da Política de Assistên-cia Social. Atualmente em quatro municípios do país, Belo Horizonte, Manhumirim e Matozinhos, MG, e Maracanaú, CE, o Instituto mantém lon-ga tradição de trabalho e dedicação ao público em situação de vulnerabilidade e risco social.*

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Socialização de crianças e adolescentesFormação e proteção integral de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e risco social, em nível preventi-vo e de promoção social, com ênfase na convivência familiar e comunitária.

Locais de atuaçãoPatronato agrícola santa MariaCórrego Pirapetinga, s/nº Zona Rural Manhumirim, MGFone: (33) 3341-1011

Projeto Vida Júlio emílioRua São José, 505 Jardim BandeiranteMaracanaú, CEFone: (085) 3293-1378

Projeto Bica (Buscando integração comunitária pela arte)Rua Trapistas, 157 Vila BiquinhasBelo Horizonte, MGFone: (031) 3317-0350

Socialização de mulheresAtravés de cursos de artesana-to são oferecidos espaços de socialização e fortalecimento de vínculos a mulheres, sendo também fonte alternativa de geração de renda e de promo-ção de novas possibilidades de integração social às atendidas.

Formação e qualificação socioprofissionalOferece formação sociopro-fissional, qualificando os aten-didos para o mercado de tra-balho.

Locais de atuaçãocentro sacramentino de Formação MatrizPraça Bom Jesus, 38Centro - Manhumirim, MGFone: (33) 3341-1900

centro sacramentino de Formação MatozinhosRua Teófilo Otoni, 345Bom JesusMatozinhos, MGFone: (31) 3712-3474

centro sacramentino de Formação cearáRua São José, 505 Jardim Bandeirante Maracanaú, CEFone: (085) 3293-1378

centro sacramentino de Formação BHPraça Padre Júlio Maria, 01 Planalto - Belo Horizonte, MGFone: (31) 3439-8081 ou 3494-2948

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[ 4 * olutador [ janeiro ] 2015 [ Caderno de Cidadania ]

fotos/arq. sdn

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Socialização de idososSocialização e fortalecimen-to de vínculos a idosos, pro-piciando a reflexão, a sensibi-lização para as questões hu-manas, sociais e culturais, va-lorizando o saber e a história de cada um.

Locais de atuaçãoGrupo da FelicidadeRua São José 505Jardim Bandeirante Maracanaú, CEFone: (085) 3293-1378

Grupo da terceira idadeRua Teófilo Otoni, 345Bom JesusMatozinhos, MGFone: (31) 3712-3474

Locais de atuaçãoartesanato sacramentinoPraça Bom Jesus, 38CentroManhumirim, MGFone: (33) 3341-1900

casa da artePraça Padre Júlio Maria, 01PlanaltoBelo Horizonte, MGFone: (31) 3494-2948

[▶ olutador [ janeiro ] 2015 [ Caderno de Cidadania ] * 5 ]

Cadernode Cidadania

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Defesa e garantia de direitosOferece espaço de divulgação para entidades, instituições e serviços voltados para o públi-co de assistência social, além de ser espaço de manifesta-ção pública para os usuários da Assistência Social.

Assessoramento Oferece assessoramento na impressão de materiais que contribuirão para o desenvolvi-mento das instituições e reali-za ações de mobilização social e articulação em rede, tendo sempre como alvo o público da assistência social.

Locais de atuaçãoassessoria técnica e editoria social BHPraça Padre Júlio Maria, 01Planalto Belo Horizonte, MGFone: (31) 3439-8000

Gestão internaPara a execução de todas as ações socioassistenciais, a equipe de Gestão dos Proje-tos promove encontros peri-ódicos entre os colaborado-res para a realização de pla-nejamentos e monitoramen-to das ações. São desenvolvi-das também atividades inte-gradas entre projetos distin-tos, como forma de promo-ver tanto a integração entre os atendidos, como também com todos os colaboradores que auxiliam na manutenção e execução das ações.

Locais de atuaçãocadernos de cidadaniaPraça. Padre Júlio Maria, 01 - Planalto Belo Horizonte, MGFone: (31) 3439-8000

Páginas cidadãsPraça Bom Jesus, 38Centro - Manhumirim, MGFone: (33) 3341-1900

assessoria técnica e editoria social ManhumirimPraça Bom Jesus, 38CentroManhumirim, MGFone: (33) 3341-1900

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[ 6 * olutador [ janeiro ] 2015 [ Caderno de Cidadania ]

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HistóricoAs estratégias de sobrevivência do po-vo brasileiro, oriundo das comunidades pobres e vulneráveis, foram forjadas na construção de um novo projeto de so-ciedade onde os ideais de solidarieda-de fossem o eixo norteador de vida com dignidade.

Este processo esteve estritamente ligado aos ideais de liberdade, que per-mearam a constante busca pela afirma-ção de direitos em uma sociedade que viveu períodos de colonização, escravi-zação, concessão de direitos até chegar à instauração de direitos por uma con-quista entalhada em sofrimentos, per-seguições, ameaças e mortes.

Aqui se insere o histórico do progra-ma de proteção aos defensores de direi-tos humanos, onde comunidades e lide-ranças e se colocam como arautos da efe-tivação de direitos, repetindo o afã liber-tário que permeia a sociedade brasileira.

O Programa de Proteção aos defen-sores de direitos humanos no Brasil foi idealizado a partir das situações de ame-aças e crimes que relacionados à luta e à militância de lideranças e grupos pela conquista de seus direitos. Estas amea-ças colocavam em risco a continuidade da luta, envolvendo toda a comunidade, que se sentia inibida em dar continuida-de às suas reivindicações e demandas.

A criminalização de defensores de di-reitos humanos, de movimentos sociais e ONGs é um dos fatores que levaram à criação do Programa de Proteção aos De-fensores de Direitos Humanos. Conside-rando a perseguição de lideranças e de movimentos, ocorre automaticamente o enfraquecimento da atuação dos de-fensores, o não reconhecimento do pa-

pel deles na sociedade e, por conseguin-te, o arrefecimento da luta.

Os defensores exercem um papel fun-damental na construção de uma socie-dade que quer ter uma democracia de conteúdo, e não uma democracia só de fachada. “Uma democracia de conteúdo significa ser uma sociedade que ponha em prática os direitos humanos.”

PPDDH em Minas GeraisEm Minas Gerais, o Programa implemen-tado em agosto de 2010, executado pelo Instituto DH: Promoção Pesquisa e Inter-venção em Direitos Humanos e Cidada-nia, por meio da parceria com a SEDESE/MG, já atendeu a 198 solicitações de in-clusão de pessoas em vulnerabilidade, sofrendo intimidações e/ou ameaçadas. Atualmente, é respaldado pela Lei Esta-dual 21.164, de 14 de janeiro de 2014.

Conforme Relatório Quantitativo de 03/2014, apresentado pela equipe do PP-DDH/MG, grande parte da violência con-tra defensores de direitos humanos em Minas Gerais (quase 60%) é direciona-da a ativistas de direitos humanos que se dedicam à luta pela terra, comunida-des quilombolas e indígenas. Estes de-fensores são vítimas, com frequência, de estigmatização e desqualificação, culmi-nando em processo criminal.

A execução do PPDDH/MG se dá por meio da articulação de parcerias que for-mam uma rede de proteção integrada pelo sistema de justiça, sociedade civil, órgãos dos governos federal, estadual e municipal. É ainda assessorado pelo Con-selho Deliberativo, criado pela Lei 21164 de janeiro de 2014.

A característica essencial do Progra-ma de Proteção aos defensores de Direi-

tos Humanos é o empenho para que os crimes e ameaças sejam investigados e as causas geradoras da situação de risco sejam combatidas. É preciso, também, enfrentar aquilo que causa a ameaça, ou seja, adotar medidas mais estruturais, com políticas públicas que combatam as violações de direitos humanos.*

instituto dH – onde estamos?Rua Cristal, n° 89, Santa Teresa, Belo Horizonte, MGCEP 31.110-010 - Fone (31) [email protected]

Programa de Proteção dos Defensores de Direitos Humanos de Minas Gerais – ppddh/mg

Maria e. da silva, elenir de F. Braga e antonioni afonso

acolhida ao acampamento dom Luciano salto da divisaVale do Jequitinhonha2014

olutador [ janeiro ] 2015 [ Caderno de Cidadania ] * 7 ]

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expediente *❯ e-mail da Redação [email protected] ❯ e-mail do caderno [email protected] ❯ oficina Belo Horizonte, MG, Praça Pe. Júlio Maria, 01, Bairro Planalto - 31730-748, Telefone: (31) 3439-8088 , Telefax: (31) 3439-8000 ❯ diretor-editor Ir. Denilson Mariano da Silva, SDN ❯ Jornalista Responsável Marcelo Costa - MG06191JP ❯ equipe Juliana Gonçalves, Cristiane Felipe, frater Henrique Cristiano José Matos, cmm ❯ Revisão Antônio Carlos Santini ❯ entidade Mantenedora Instituto dos Missionários de N. Sra. do Santíssimo Sacramento ❯ tiragem 7.000 exemplaresas matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores.

Gráfica e Editora

Caderno de CidadaniaUm Serviço de Defesa Social da:

www.olutador.org.br

Cidadania na realidade carcerária...

FelicidadeÀs vezes, nós a procuramos em lugares remotos e distantes. Procuramos por ela nos prazeres da vida, nas bebidas, nas drogas, nos prazeres da carne e em lu-gares infinitos.

Por alguns momentos nos iludi-mos e até acreditamos tê-la encontrado, mas quando voltamos novamente à lu-cidez, deparamos com a triste realidade e descobrimos que a nossa busca foi em vão, pois, depois desta falsa sensação de felicidade, vem a solidão, um grande va-zio e, consequentemente, a depressão.

Talvez a felicidade não esteja tão longe quanto parece. Talvez ela esteja perto, ao nosso alcance, mas somos in-capazes de vê-la, tocá-la ou senti-la.

Mas, afinal, o que é felicidade? Tal-vez seja algo tão simples como um sorriso fraterno, um aperto de mão ou até mes-mo um abraço carinhoso em um amigo.

Talvez, se a procurarmos dentro de nós, podemos encontrá-la lá dentro, escondidinha no cantinho do nosso co-ração, esperando apenas por um gesto de amor e solidariedade de nossa parte para com nosso irmão.

Talvez seja isso mesmo felicidade.*

P.M.P. Presídio Inspetor José Martinho Drumond

[ 8 * olutador [ janeiro ] 2015 [ Caderno de Cidadania ]

Desenho de: Constantino B. Almeida

– Presídio Inspetor Martinho Drumond

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olutador [ janeiro ] 2015 • 25 ]

liturgia [ A missa...

S eRG inH o vaLLe*

Monótono, enrolado, falador, não se entende o que diz, lento, enjoado, chato... e a ladainha vai longe. É tudo que se diz de

um padre que não sabe dar vida à missa.Um bom presidente é outra coisa. A missa

é celebrada. O padre age com calma. A assem-bléia percebe que ele está rezando, cantan-do, ouvindo... está presente naquilo que faz.

Mas não é só o padre que dá o tom nisso tudo. A afinação começa com cantos que combinam com os momentos da ce-lebração, leitores que leem bem e bonito, coroinhas que não se distraem, músicos que só tocam quando é momento de can-tar, limpeza na igreja, e muito, muito mais que isso. Isso sim, é uma celebração bem feita, uma Ação de Graças. Uma Eucaristia.

E o padre chato? Esse é um proble-ma. Tem cura? Claro que sim; e sem fa-zer muita terapia. Não é preciso nem bri-gar com o homem. É muito simples. Bas-ta entender uma coisa somente: enten-der que a missa não é do padre, é nossa.

A missa do padre chato

Isso tira a chatice do padre? Tira!!! Mas tem uma condição. É preciso que todos façam bem a sua parte. A Equipe de celebração tenha tudo preparado com antecedência: leitores, salmista... Os mi-nistros da música já escolheram as mú-sicas e afinaram os instrumentos na sa-cristia. E assim por diante. E o padre? Claro que, diante disso, ele terá que se preparar, senão vai ficar chato pra ele.

Entendeu? A missa é chata quando o padre tem de salvar a pátria sozinho. Quando tudo está preparado e cada um faz a sua parte, a missa acontece sem cha-tices. Todos celebram com todos.

E se o padre não se preparar? Bom, aí o pessoal da Equipe Litúrgica vai precisar falar com o padre. Caso isso não resolva, a Equipe de Celebração vá bem preparada... alguém ficará com medo de destoar... aos poucos ele vai percebendo e a Equipe de Celebração o ajudará se livrar de sua chati-ce. E ele irá mais preparado, com certeza.]

* Coordenador do Serviço de Animação Litúrgica - SAL www.liturgia.pro.br

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[ 26 • olutador [ janeiro ] 2015

atualidade [ Bons tempos...

a n tô ni o c a RL o S S a n t ini

era o ano de 1949. Eu tinha cinco anos de idade. Meu pai mos-trou-me o mapa da Europa e apontou com o dedo para a Iugoslávia, dizendo:

– Este país é a união de vários outros países. Foi o Marechal Tito quem criou a Iugoslávia. Mas isso não vai durar...

Verdadeira profecia, antecipando-se à fragmentação já verificada entre Sérvia e Croácia, Bósnia e Montene-gro, Macedônia e Eslovênia.

Cito apenas, entre tantos, um exem-plo do trabalho de formação que meu pai realizava com os dois filhos. Aos cinco anos, eu já sabia ler e escrever, graças a sua atuação como alfabetiza-dor, utilizando o moderníssimo méto-do pedagógico do... jogo da forca! Em sua mesa de trabalho, na subestação elétrica da Rede Mineira de Viação, o encarregado jogava forca com os filhos. Só para facilitar as coisas, extraía do pai-nel umas palavrinhas como Siemens, Worthington e Brown Boveri...

Quando passei pelo exame de ad-missão ao ginásio, já no colégio inter-no, aos dez anos e meio, os veteranos me cercavam para perguntar o nome das capitais. França? Paris! Inglater-ra? Londres. Sem excluir Liechtens-tein, Andorra e San Marino.

Quem me ensinou? Meu pai. Em um bloco usado da RMV, ele me punha a copiar a lista de países e capitais. Co-mo recreio, a escalação do Vasco da Ga-ma, em letras de imprensa, no sistema WM: Barbosa, Augusto e Sampaio; Eli, Danilo e Jorge; Nestor, Maneca, Ade-mir, Heleno (ou Ipojucã) e Chico.

Não havia televisão, mas era em companhia de meu pai que acompa-nhávamos pelo rádio as “Aventuras do Anjo”, “Jerônimo, o Herói do Sertão”, e o “Balança, mas não cai”. Se meu pai ia jogar bilhar, levava os dois filhos como assistentes. Se ia ao treino de futebol, lá estávamos nós. Na foto do Andradina Futebol Clube, eu apareço como mas-cote, trajando a camiseta vermelha. Na hora da pescaria, nunca nos deixava

em casa; e cortava para os dois filhos, em pequenos cubos, o saboroso quei-jo Dana, que a custo repartíamos com os lambaris.

Bons tempos! Um pai que estava ao lado, acompanhava e estimulava os filhos, sem espaços particulares proi-bidos aos pequenos.

Se me permitem, vou perguntar: – “Pais, até quando vocês deixarão seus filhos des-perdiçarem o seu potencial, gastando o precio-so tempo com TV e joguinhos eletrônicos? Não dispõem de tempo para conviver com os filhos?”

Sei que o mundo mudou. Os pais também mudaram. Mas não seria o ca-so de corrigir mudanças que fazem mal?]

Meu pai,meu mestre

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INA

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RIN

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olutador [ janeiro ] 2015 • 27 ]

atualidade [ O coração profundo...

Pe . S iLva n o zo c c a R ato

o Papa Francisco diz que pre-cisamos de pontes, não de muros. Uma das lembran-ças de meus primeiros dias na Argélia foi a impressão

vivida quando passei algumas horas em uma família argelina. Ainda bem con-fuso pela mudança de vida, não só me senti acolhido com cordialidade, mas vivi a surpresa de não sentir grande di-ferença entre o meu ambiente italia-no e o da família que me acolhia, e de me sentir como se fosse a minha casa.

Não esqueço as mesmas impres-sões quando, em Camarões, fui acolhi-do por famílias ditas “pagãs”, e até polí-gamas, que viviam o calor humano en-tre marido, mulher, mulheres e filhos...

Depois, com o tempo, crescia o co-nhecimento da diversidade, mas sobre-tudo deixava o coração exultar quando experimentava momentos de vizinhan-ça. Conto a vocês algumas “rosas de areia”, testemunhos colhidos na Argélia que me confirmam na profunda apro-ximação dos corações, mais profunda que a diversidade de religião e cultura.

Ele vai ao trabalho para fazer o pão. Eu vou rezar com as Pequenas Irmãs. Toda manhã passamos um pelo outro e nos damos a saudação da boa manhã: “Sbah Kair, Sbah Nour” [manhã de bem, manhã de luz]. Depois de alguns dias, ele para e me diz: “Nós nos conhece-mos e, agora, vamos nos cumprimen-tar com nossa saudação muçulmana: “Salam aleikum” [paz para você].

A Sra. N., diplomata e ativa na so-ciedade argelina, afirma claramente que foi formada na escola da amizade com os padres e freiras de sua aldeia, e que são os seus melhores amigos. E diz: “Encontro em vocês os autênticos valores do Islã”.

Fr. Christian de Chergé, o prior as-sassinado juntamente com seus compa-nheiros em Tibhirine, tinha um amigo muçulmano com quem vivera longos tempos de diálogo e de amizade. Mas depois de um período em que estive-ra ocupado e adiara os encontros, sen-tiu-se chamado à ordem: “Já faz tempo que não cavamos nosso poço!” Eles se entendiam bem; tanto que Fr. Chris-tian lhe respondeu: “E que vamos en-contrar no fundo de nosso poço? Água muçulmana ou água cristã?” O outro

lhe disse: “Você bem sabe que no fun-do do nosso poço está a água de Deus”.

Também Maria é a mãe de todos. “En-tendes o árabe?” – pergunta uma mulher muçulmana a uma freira, apontando a estátua de Maria na Basílica de Nossa Senhora da África de Alger. “Sim” – diz a freira. – “Então, eu lhe dou meu coração”.

Mons. Paul Desfarges, Bispo de Cons-tantine, diz: “Experimentamos uma fra-ternidade mais profunda que aquela dos laços familiares, religiosos ou nacionais. Com todos, parentes, amigos, colegas e amigos muçulmanos, a fraternidade não seria vivida em Cristo se não fosse uma fraternidade autenticamente hu-mana. Seja citado, ou não, o nome de Cristo, o importante é deixar-se condu-zir a esta fraternidade de humanidade que cresce como puro respeito, puro serviço, alegria com toda alegria, sofri-mento com todo sofrimento. O coração profundo, mais interior que o sensível, permite superar as diferenças religiosas.

Sob as diversidades religiosas e cul-turais, existe um coração único. Quan-do a gente se cumprimenta, põe-se a mão sobre o coração e os corações se unem. (Trad. A.C.Santini)]

Fonte: Missionline

A ponte do coração

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Crônica [ Maria

Asas de papel

[Para meus leitores

Márcio Cunha, de Conselheiro Lafaiete, MG,

e Eduardo Víctor, de Mairinque, SP

— que teve a gentileza de vir a Dores do Indaiá para me conhecer...

Obrigada pela gentileza das palavras e pela visita! ]

POIS ENTÃO. Meu namora-do antigo tem asas de papel...

E é nos seus voos que eu mostro meu coração para o

mundo...Se bem que, de vez em quando,

alguém pergunta:– Uai, você anda meio sumida!

Brigou com o jornal?– Não... E eu surpreendo minha

voz, querendo ser moderninha: esta-mos dando um tempo: Tipo assim, na-moro antigo, já viu... Acontece de tudo...

Um namoro começado há mais de trinta anos... Pode?

– Namoro entre pessoas tão dife-rentes, tem de tudo...

O coração dele é de papel, anti-guinho feito ele só. E eu, a namora-da mais fiel - porque ele tem muitas outras... - tenho um coração de man-teiga, bobinho, de fazer dó...

Temos muitas diferenças, mas te-mos também muitas semelhanças – isso equilibra nosso namoro antigo...

Daí, nos darmos tão bem! Ele é o vetusto O LUTADOR, jornal criado por um Sacramentino belga que re-solveu transformar as Gerais em terra de outros “tesouros”: era um bandei-rante que procurava gemas profun-das, cerceadas por paredes insondá-veis e serras azuis... Ele percebeu que Minas Gerais tinha mais do que dia-mantes e ouro nascidos no fundo do nosso chão.

Por isso, o Pe. Júlio Maria de Lom-baerde veio garimpar riquezas em ou-tros rios – na alma dos mineiros.

E eu sou a MARIA... Sou a ca-tadeira das migalhas de poesia que encontro para enfeitar aquele cora-ção de papel.

Pensa bem, a MARIA nasceu nas Dores do Indaiá, interior mineiro, es-condidinha, em 1973. A Maria pas-sava debaixo da porta da gráfica do jornal, tarde da noite, com minhas crônicas datilografadas na lendária Remington – que o Bem manuseava com toda a eficiência... Com medo da crítica, a Maria não ousava entrar pela porta da frente – passava, sorra-teira, pela fresta empoeirada, debaixo da porta, nas horas mais fora-de-hora, pra ninguém descobrir quem era ela, a novata. Seu nome? Segredo puro!

Começaram a elogiar a Maria, o povo gostou... A nova cronista ia pon-do as manguinhas de fora...

Foi aí que fui parar no outro jornal, aquele do Pe. Júlio Maria, o bandei-rante de novas pedras preciosas. Pági-nas de minha vida estão impressas na história de O LUTADOR. Se ele já é idoso, sua namorada também já ficou idosa, com marcas nos olhos e rugas no rosto, com passos mais que vagarosos, e o O Lutador me ama assim mesmo! Namoro antigo, amor sem limites.

Se dou uma sumidinha, muita gente sente falta da Maria, escreve, te-lefona... Fico meio desconfiada, pen-sando que o mundo moderno não aceitaria minhas miudezas e me es-condo... Mas já vi que sempre há pes-soas que gostam de migalhas de bele-za, de sobras de encantamento... Aí,

volto... Meu amado jornal aceita esse jeito mineiro da Maria ser...

E o amor dura até hoje! Minha vida está impressa em suas páginas, em poemas, adeuses, alegrias, cho-ros, gargalhadas...

Suas páginas deram corda na Ma-ria: já poetei, já contei mil casos de minha terra, todo mundo sabe os mil encantos que vejo por aqui. Imagi-na, o povo adorou quando contei de um Anúncio Encantado que saiu no jornal de minha terrinha: tanta sin-geleza não poderia ficar guardada...

“Vende-se – por motivo de mu-dança - ótima casa para residência, to-da telhada, com 12 cômodos, alpen-dre, casinha de lenha, quintal grande e cozinha separada, com outro fogão a lenha, situada no coração da cidade. Tratar com o proprietário.”

Notaram o endereço? Não havia a preocupação de se colocar o nome da

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olutador [ janeiro ] 2015 • 29 ]

Asas de papelrua, o número, tudo ficava por conta da poesia: todas as casas ficavam no coração da cidade...

Um embondo, diria meu pai... Mas eu nasci embondeira e até acho que o tal anjo torto do Carlos Drum-mond de Andrade me benzeu quan-do eu nasci (só que Deus me benzeu primeiro)...

Mas deixou o embondo no meu coração...

Assim, descobri que há muita gen-te embondeira por aí, porque essa notícia que publiquei em outra crô-nica foi das mais aplaudidas. E olha que eu fiquei gelada daqui, pensan-do que iria ganhar um pito do Pe. Paschoal, o temido editor. Não ga-nhei o pito, acho que ele também era embondeiro...

Esportes eram outra grande no-tícia: “O Zacarias e o Dorense vão disputar uma partida decisiva, com

Mauro Costa, Dentão, Pregaiota, Ca-nhoteiro (Hélio,meu irmão), Délcio Costa...”

Mas nem aí a poesia podia faltar! Ela se apresentava em forma de gen-til senhorita que daria o chute inicial de cada partida...

A gentil senhorita, de sapatinho de salto, vestido godê, anáguas, cor-dãozinho de ouro, enfeitado com pin-gente do Divino Espírito Santo ou uma Estrela-Guia... O traje era so-cial-mesmo em campo de futebol - quando o sol sertanejo lambia a ci-dade com labaredas vermelhas... Um descompasso, mas era exigência dos costumes... O primeiro chute era mais um passo de dança, um passo de balé e a bola nem saía do lugar, tão mimo-so era o pezinho da gentil senhorita...

Eu não podia deixar de espalhar um momento tão poético cá do ser-tão das Gerais! Não podia!

Quando penso em dar uma su-midinha, quando penso que estou dé-modé, vem uma cartinha, uma visita, um telefonema. Então, recomeço tu-do de novo... Além do mais, como não ser embondeira se a poesia anda tão perto de mim, que é só eu pôr repa-ro... Eu a a descubro facinho, facinho...

Noite dessas, um clarão subiu por minha janela. Pensei em foga-réu... Não era! Era uma lua cheia de ouro, deste tamanhão, tecendo um arabesco de filigranas nos galhos de minha quaresmeira. Um arabesco nos tons do amarelo mais luminoso de Van Gogh.

Por isso, não brigo com o meu namorado antigo...

Sem as suas asas de papel vocês não saberiam que ainda existe um céu azul em Dores do Indaiá, com uma lua sempre cheia de ouro, deste tamanhão!]

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Páginas que não passam [ O Senhor logo virá...

ni c o L a S v ÉLiMiRov i tc H

t u sabes, meu filho, por que as nuvens se fecham quando os campos têm sede de chuva e se abrem quando os campos

não desejam chuva?Por causa dos crimes dos homens, a

natureza se perturba e deixa sua ordem!Tu sabes, meu filho, por que os cam-

pos na primavera trazem um fruto sem gosto e, no verão, dão infértil colheita?

Porque os filhos dos homens tam-bém odeiam o fruto de seu ventre e o matam em sua floração!

Sabes, meu filho, por que as nas-centes se extinguem e por que os frutos terrestres já não têm a antiga doçura?

Por causa do pecado dos homens, que faz a impotência invadir toda a natureza!

Sabes, meu filho, por que o povo vencedor sofre as derrotas de sua dis-córdia e de sua desunião, comendo o pão amargo pelas lágrimas e perfídias?

Porque ele venceu os inimigos à sua volta, mas não os venceu em si mesmo!

Tu sabes, meu filho, por que a mãe alimenta, mas não chega a saciar os seus filhos?

Porque, ao amamentá-los, ela não lhes canta uma canção de amor, mas um canto de ódio por seu vizinho!

Tu sabes, meu filho, por que os ho-mens se tornaram feios e perderam a beleza de seus avós?

Porque rejeitaram a face de Deus que, no interior da alma, modela a be-leza do olhar, e eles se cobriram com a máscara da terra!

Sabes, meu filho, por que se multi-plicam as doenças, bem como as mor-tes assustadoras?

Porque os homens se puseram a considerar que a saúde é aquilo que a natureza lhes rouba, e não o que é da-do por Deus. Ora, aquilo que é rouba-do com sofrimento deve ser defendi-do com sofrimento dobrado!

Sabes, meu filho, por que os ho-mens combatem pela terra e não têm vergonha de serem postos ao nível das toupeiras?

Porque a terra cresce na contra-mão de seu coração e os olhos deles não vêem o que cresce em seu cora-ção. É porque, meu filho, o pecado os torna cada vez mais ineptos no com-bate pelo céu.

Não chores, meu filho! O Senhor logo virá e há de pôr tudo em ordem...]

(Do livro “Prières sur le lac”. Tradução de A. C. Santini)

Tu sabes, meu filho?

*NICOLAS VÉLIMIROVITCH [1880-1956] nasceu na Sérvia, filho de agricultores modestos e piedosos. Após brilhantes estudos, doutorou-se em Teologia (Berna) e Filosofia (Genebra). Tornou-se monge e lecionou no seminário de Belgrado desde 1911. Foi eleito Bis-po de Jitcha [1919] e Ohrid [1920]. Ao se manifestar contra a invasão nazista, foi preso e levado ao campo de Dachau, de onde saiu em 1945. Exilou-se nos EUA e ensinou no Mosteiro de S. Tikon (Pensilvânia), onde morreu em 1956. Deixou vasta produção literária. Foi canonizado pela Igreja Ortodoxa em 2003.

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olutador [ janeiro ] 2015 • 31 ]

RoteirosPastorais

Leitura Orante / G. Refl exão 32 • Catequese 34Família 36 • Juventude 36 • Homilética 37

F/REPRODUÇÃO

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[ 32 • olutador [ janeiro ] 2015

Roteiros [ Para reflexão ou leitura orante

inicianDo o encontRoCanto de um refrão, invocação à Trin-dade, oração ao Espírito Santo.

a – Situando o textoQuando não existiam as balanças me-cânicas ou eletrônicas, o processo de pesagem era feito por comparação. De um lado, colocava-se um peso-padrão e, do outro, a mercadoria a ser compra-da. O ponteirinho que indicava o pon-to de equilíbrio entre as duas massas era o “fiel da balança”. Podemos dizer que a Palavra de Deus sempre repre-sentou este fiel da balança. Ouçamos o que o Senhor nos vem dizer.

B - o que o texto diz em siLer na Bíblia: Marcos 1,6-11Chave de Leitura:1. Qual era o conteúdo da pregação de João Batista?2. O que aconteceu logo que Jesus foi batizado?3. O que este texto tem a dizer para nos-so trabalho missionário, hoje?

c - o que o texto diz para nósA pregação de João e o batismo que ele oferecia eram um convite à conversão. No momento do batismo de Jesus, des-ce sobre ele o Espírito Santo. A missão de Jesus é chamar a humanidade pa-ra voltar ao amor do Pai. A injustiça, a violência, a maldade estavam distan-ciando as pessoas do projeto de Deus. O fiel da balança do Reino apontava a necessidade de fazer crescer as ações de justiça, amor e solidariedade.

cantando: Eis que ponho à tua frente, / dois caminhos diferentes! / Vida e mor-te e escolherás. / Sê sensato, escolhe a vida, / parte o pão, cura a ferida. / Sê fraterno e viverás.Jesus sempre buscou colocar em prá-tica as Escrituras. Durante toda a sua vida, caminhou orientado pela Pala-vra de Deus. Ele enfrentou as tentações no deserto e foi a partir dela que Ele

identificou sua missão. Nela encontra-va forças para reagir às oposições dos doutores da lei e dos fariseus. A Pala-vra de Deus é o caminho que devemos percorrer para aprofundar o nosso se-guimento a Jesus. São Jerônimo repetia sempre: “Quem desconhece as Escri-turas, desconhece Jesus Cristo”.

cantando: Eis que ponho à tua frente...No domingo dia 11 de janeiro, a Festa do Batismo do Senhor nos convida a renovar nosso batismo e nosso com-promisso de discípulos missionários. Somos convidados a tomar a Palavra de Deus como o fiel da balança de to-das as nossas atividades na Igreja e na sociedade.

– O que mais chamou a sua atenção no texto bíblico e no comentário acima?

D - o que o texto nos faz dizer a Deus (preces e orações)

a) Senhor, muitas vezes, nos descui-damos da leitura e meditação da Pa-lavra de Deus e nos afastamos de vós. Diante dessas dificuldades, rezemos:todos: Senhor, que cresça em nós o amor pela Palavra de Deus.b) Senhor, muitos são os que ainda não deram ouvidos ao chamado para a con-versão. Despertai em nós um verda-deiro espírito missionário. Rezemos:Outras preces espontâneas...

e - o que o texto sugere para hojeEstamos guiando nossa vida mais a par-tir da Palavra de Deus ou dos nossos interesses pessoais? Como podemos equilibrar melhor o fiel da balança?

F – tarefa concretaVer o que pode ser feito para reforçar a leitura da Bíblia pessoalmente ou em família.

encerramento: Pai-Nosso e pedido de bênção a Deus.]

inicianDo o encontRoCanto de um refrão, invocação à Trin-dade, oração ao Espírito Santo.

a – Situando o textoO Evangelho de João começa mostran-do que Jesus é a Palavra do Pai que se fez carne e veio morar entre nós. A Pa-lavra toma corpo, torna-se realidade. Desde modo, não podemos ficar ape-nas na reflexão. A Palavra tem de con-verter-se em vida, ação concreta, trans-formação das pessoas e do mundo. A Palavra de Deus é a alma de toda a to-da a atividade da Igreja. Vamos ouvir o que Senhor nos quer falar..

B - o que o texto diz em siLer na Bíblia: João 1,35-42.Chave de Leitura:1. O que os discípulos fazem ao ouvir a Palavra?2. Como Jesus responde à pergunta: “Onde moras?”3. Eles foram, viram e começaram a conviver com Jesus. O que isto tem a dizer para nós, hoje?

c - o que o texto diz para nósEste texto nos dá uma amostra da for-ça da Palavra. É ouvindo as palavras de João que os discípulos começam a seguir Jesus. É por meio da Palavra que eles são convidados a viver com Ele. É pela força da Palavra que André anuncia a Simão Pedro que encontra-ram Jesus. A Palavra é que move, faz sair do comodismo, faz buscar novos caminhos, faz a pessoa colocar-se no seguimento de Jesus. A Palavra é viva, é como alma que dá força e faz mover as pessoas e as consciências.cantando: Tua Palavra é / luz do meu caminho, / luz do meu caminho, / tua Palavra é... (bis)O Documento do Vaticano II sobre a Palavra de Deus já nos orientava, mos-trando que “toda a pregação da Igreja, como a própria religião cristã, deve ser alimentada e regida pela Sagrada Es-

1. Palavra de Deus é o fiel da balança 2. animação bíblica de toda a pastoral

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olutador [ janeiro ] 2015 • 33 ]

Roteiros [ Para reflexão ou leitura orante

critura”. (DV, 21.) Precisamos entender, construir e assumir a Palavra de Deus como a alma ou mesmo o coração de toda a pastoral, de toda a ação evange-lizadora, de tudo o “somos e fazemos”.cantando: Tua Palavra é / luz do meu caminho...Uma das ações da animação bíblica da pastoral consiste, portanto, em incen-tivar, motivar as Igrejas particulares e os leigos em geral para que suas pas-torais, movimentos, organismos, asso-ciações, novas comunidades, círculos bíblicos, grupos de família e outras ex-pressões comunitárias adotem a leitu-ra e a reflexão da Palavra de Deus em seus diversos métodos e expressões, de forma que se converta na alma de to-das as pastorais e atividades da Igreja.

– O que mais chamou a sua atenção no texto bíblico e no comentário acima?

D - o que o texto nos faz dizer a Deus (preces e orações)

a) Senhor, a vossa Palavra despertou e animou muitos profetas, que ela nos anime a sermos verdadeiros discípu-los missionários. Rezemos:todos: A vossa Palavra, Senhor, é sinal de interesse por nós.b) Senhor, João Batista levou seus discí-pulos a seguir Jesus. Que nossa atuação na Igreja e na sociedade desperte no-vos seguidores e seguidoras. Rezemos:Outras preces espontâneas...

e - o que o texto sugere para hojeO que podemos fazer, para que a Pala-vra de Deus se transforme na alma de toda atividade de nossa comunidade?

F – tarefa concretaFazer algo que reforce os grupos de re-flexão da Bíblia em nossa comunida-de e em nossa paróquia?

encerramento: Pai-Nosso e pedi-do de bênção a Deus.]

inicianDo o encontRoCanto de um refrão, invocação à Trindade, oração ao Espírito Santo.

a - Situando o textoA rede de pesca é uma das mais antigas invenções da humanidade. Ainda que seja muito antiga, tem aplicações modernas e é usada por pescadores de todo o mundo. A rede serve para indicar também a interligação de pessoas através dos meios de comunicação: rede de rádios, de TV, de computadores etc. Ela é fonte de inspiração para a missão evangelizadora. Vamos ouvir o que o Senhor nos vem falar.

B - o que o texto diz em siLer na Bíblia: Marcos 1,14-20.Chave de Leitura:1. Como acontece o chamado para a missão?2. Que tipo de peixe eles vão pescar?3. O que o texto tem a dizer para nós hoje?

c - o que o texto diz para nósO trabalho missionário de Jesus começa com um forte apelo à conversão e com a formação do grupo de seguidores. Sua missão é pescar homens e mulheres para o Reino de Deus. Assim como uma rede é tecida de uma mesma linha, somos todos convocados a trabalhar para o Reino. E, como uma rede é tecida com pequenos nós, a palavra de Deus nos reúne e nos une para a missão no mundo. Sem uma rede da Palavra, nossa missão se desfaz, perdemos a linha do projeto de Deus.

cantando: Senhor, Tu me olhaste nos olhos, / a sorrir, pronunciaste meu nome / Lá na praia, eu larguei o meu barco / Junto a Ti, buscarei outro mar.“A Igreja no Brasil, assumiu a animação bíblica da vida e da pastoral como uma urgência de sua ação evangelizadora, por ver nela o caminho indispensável para encontrar a pessoa e a mensagem de Jesus Cristo, o Bom Pastor, modelo de

2. animação bíblica de toda a pastoral 3. Rede da Palavra de Deustodo ser e agir pastoral da Igreja.” (Doc. 97 da CNBB, 35.). Assim, a Palavra de Deus precisa ser a inspiração de todo o ser e agir evangelizador eclesial.

cantando: Senhor, Tu me olhaste nos olhos...

Temos de tecer o fio da Palavra de Deus de modo que ela possa abraçar todas as nossas atividades. Intensificar nosso encontro com a Palavra de Deus. Ler mais a Bíblia pessoalmente, em família e nos grupos de reflexão. Aumentar o uso da Bíblia na catequese, nas reuniões de pastorais, grupos e movimentos. Participar de cursos de formação bíblica e celebrar melhor o mês da Bíblia. Enfim, ter maior intimidade com a Palavra de Deus. “Transpirar” a Palavra de Deus em todas as nossas ações e iniciativas pastorais.

– O que mais chamou a sua atenção no texto bíblico e no comentário acima?

D - o que o texto nos faz dizer a Deus (preces e orações)

a) Senhor, ajudai-nos a usar mais a Bíblia, para que ela se torne a alma de toda atividade na Igreja. Rezemos:todos: Dai-nos, Senhor, a força da Palavra!b) Senhor, que Palavra de Deus seja uma verdadeira rede para aproximar nossos grupos e movimentos e fortalecer nosso testemunho na sociedade. Rezemos.Outras preces espontâneas...

e - o que o texto sugere para hoje– O que fazer para ampliar o uso da Bíblia em nossa comunidade?

F – tarefa concretaQue tal ver alguma forma de fazer a Palavra de Deus chegar àqueles que ainda não a conhecem?

encerramento: Pai-Nosso e pedido de bênção a Deus.]

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[ 34 • olutador [ janeiro ] 2015

Catequese [ Pistas de Encontro e Celebração

Pistas para a catequese Ir. Mª Martha Johanning, Sirlei Maria Cichelero – Sinop, MT e Pe. José Renato Vendrusculo, cs

1. cateQuiSta (introdutor)É preciso personificar a formação, caso contrário o resultado dificilmente será a inserção na Igreja. Por isso a função do catequista (ou introdutor) é fundamental.

Trata-se de um ministério que se parece ao do orientador espiritual. Os critérios para a escolha de catequistas (introdutores) são:

Serem pessoas de fé;Constantes na vida litúrgica da co-

munidade;Participantes da comunhão eu-

carística;Orantes;Abertos à formação permanente;Solidários com os mais pobres;Respeitosos para com todas as reli-

giões, inclusive o catolicismo popular;Simples no relacionamento pessoal.

oração do catequistaSenhor, como os discípulos de Emaús, somos peregrinos. Vem caminhar co-nosco!

Dá-nos teu Espírito, para que fa-çamos da catequese caminho para o discipulado.

Transforma nossa Igreja em comu-nidades orantes e acolhedoras, testemu-nhas de fé, de esperança e de caridade.

Abre nossos olhos para reconhe-cer-te nas situações em que a vida es-tá ameaçada.

Aquece nosso coração, para que sintamos sempre a tua presença.

Abre nossos ouvidos para escutar a tua palavra, fonte de vida e missão.

Ensina-nos a partilhar e a comun-gar do pão, alimento para a caminhada.

Permanece conosco! Faz de nós discípulos missionários, a exemplo de Maria, a discípula fiel, sendo testemu-nhas da tua ressurreição.Tu, que és o caminho para o Pai. Amém!]

2. MetoDoLoGia PaRa a cateQueSeO encontro de catequese precisa seguir alguns passos fundamentais. Desenvol-ver uma pedagogia já indicada por São Paulo quando escreveu aos coríntios: “Quando vocês estão reunidos, cada um pode entoar um canto, transmitir um ensinamento ou revelação, falar em línguas ou interpretá-las. Porém, que tudo seja para a edificação de to-dos”. (1Cor 14,26.)

oração: facilitar ao grupo para rezar a vida.

ensino: destacar o que a Bíblia revela para os seguidores de Jesus. Acolher o ensinamento da Igreja.

Revelação: aprender o que Deus reve-la ao ser humano de hoje a partir da Palavra e do ensinamento da Igreja. Atualizar e ex-pressar o significado da fé para os dias de

hoje. Como outrora aos discípulos, ho-je também Deus quer consolar, anun-ciar e devolver a vida; ele quer salvar.

Fazer ecoar: A formação deve fazer eco na vida do cristão, calar o coração, pro-vocar a mente e estimular a ação. Não se trata de passar conteúdos que não tenham consequências no dia a dia da pessoa. Não podemos reduzir a cate-quese às palestras, cursos ou encon-tros sem vínculo com a comunidade. A catequese se dá mediante a parti-cipação ativa na comunidade-Igreja.

Pode-se usar o método ver-jul-gar-agir:

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olutador [ janeiro ] 2015 • 35 ]

Catequese [ Pistas de Encontro e Celebração

ver: elementos da vida, das notícias, dos acontecimentos da semana, no mundo, na localidade e na vida de cada um;

Julgar: iluminação com Palavra de Deus e o ensinamento da Igreja, em busca das razões da fé. (cf. 1Pd 3,15);

agir: propostas de ação, postura e posicionamento no encontro entre fé e vida;

celebrar: entrega, às mãos de Deus, da vida, das alegrias, das tristezas e de tudo o que foi decidido no encon-tro: um canto, uma oração, um ges-to ou um salmo. O silêncio também é oração.

É indispensável a leitura prévia do texto do encontro,

para que não seja rígido, sem vida e sem a de-

vida preparação.]

objetivo: Sentir-se acolhidos pela co-munidade e despertar o desejo de par-ticipar da catequese com interesse e alegria.Material: Bíblia, corações de cartoli-na, crachás com o nome de cada par-ticipante.

1 – veR (a realidade)

acolhida: Acolher os catequizandos com alegria e criar clima de um am-biente agradável, onde todos sintam-se acolhidos, amados e esperados.

Fazer uma apresentação: o catequis-ta diz o seu nome e acrescenta: “Vim para o encontro de catequese e conheci .... (fala o nome de quem estiver a sua direita). O catequizando que foi cita-do continua dizendo o seu nome e o nome do colega que está a sua direita.

Dinâmica: Preparar, com antecedência, corações recortados. Em cada coração escreva uma palavra: Amizade – Diálo-go – Respeito – União – Amor – Acolhida – Alegria etc. Cada coração será parti-do em dois. Distribuir as partes para as crianças. Cada catequizando procura o/a colega com a parte que completa o seu coração. Cada dupla conversa so-bre a palavra e o que ela tem a ver com o grupo. Depois, apresentar ao grupo o que cada dupla refletiu.

experiência de vida: Deixar cada um contar o que sabe sobre Nossa Senhora.

2 – iLuMinaR (ensinamentos de Jesus)

canto: Eu vim para escutar / tua Pala-vra, / tua Palavra, / tua Palavra de amor.

Palavra de Deus: Jo 15,12-16 (ler deva-gar e com expressão)

Perguntar:a) A quem Jesus chama de amigos?

b) Qual a condição para ser amigo de Jesus?

Refletir: O Evangelho diz: “Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida por seus amigos”. (Jo 15,13.) Jesus provou estas palavras com seu modo de viver e morrer. No Livro do Eclesi-ástico, lemos: “Quem achou um ami-go fiel, encontrou um tesouro”. O maior tesouro é a amizade, a graça de Deus. O próprio Deus sonha ser amigo de cada um. Ele não despreza ninguém. Nós, seus filhos e suas filhas, também po-demos amar assim. Queremos ser um grupo unido.

Nos nossos encontros de catequese, vamos conversar, trocar idéias, brincar, conviver e, assim, crescer na amizade e na fé. Acreditamos que Jesus está no meio de nós, ajudando-nos a viver o seu mandamento: o amor.

Guardar no coração: “Eis-me aqui, Se-nhor. Faça-se em mim segundo a tua Palavra”.

3 – ceLeBRaR(Colocar os corações montados ao re-dor da Bíblia.)

– Incentivar os catequizandos para fa-zer orações espontâneas.

Rezar: Senhor Jesus, estamos felizes porque vamos formar um grupo de ami-gos. Agora já nos conhecemos um pou-co melhor. Queremos ser bons amigos uns dos outros. Queremos também ser teus amigos. Muito obrigado, Jesus!

4 – aGiR (a realidade nos convoca para...)Falar sobre o material de catequese (Bí-blia, livrinho, caneta, lápis de cor), so-bre o horário, compromisso, participa-ção da missa ou culto dominical, reu-nião com os pais, contato com os pais...

compromisso: Organizar o seu material e trazer no próximo encontro.

Final: Terminar o encontro rezando um Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um canto a sua escolha.]

3. ceLeBRação PaRa o início Da cateQueSe

F/REPRODUÇÃO

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[ 36 • olutador [ janeiro ] 2015

Tudo em Família [ 13 – Para reunião de casais

1. coisas que acontecemCarlos nasceu no Paraguai, na primei-ra metade do Séc. XX, em uma famí-lia de nobre ascendência espanhola. Ao concluir o colegial, o jovem mani-festou aos pais o desejo de ser padre. Prontamente, o pai retrucou:

– “Seu avô era arquiteto, eu sou ar-quiteto, tu serás arquiteto!”

Carlos obedeceu e ingressou na Universidade, onde se destacou co-mo um aluno brilhante e disciplina-do. No dia de sua formatura, após to-das as cerimônias, canudo em punho, Carlos dirigiu-se ao pai e disse:

– “Papai, aqui está o SEU diploma. Às 18 horas tenho de estar no seminá-rio dos Padres de Bétharram, onde sou esperado para começar o noviciado”.

2. Pensando juntosFalando às famílias de todo o mun-do, o Papa João Paulo II escreve na Exortação apostólica “Vita Consecra-ta” (107): “Dirijo-me a vós, famílias cristãs. Vós, pais, daí graças a Deus se ele chamou algum dos vossos fi-lhos à vida consagrada. Deve ser con-siderada – como sempre o foi – uma grande honra que o Senhor pouse o olhar sobre uma família e escolha al-gum de seus membros, convidando-o a abraçar o caminho dos conse-lhos evangélicos! Cultivai o desejo de dar ao Senhor algum dos vossos filhos para o crescimento do amor de Deus no mundo. Que fruto do amor conjugal poderia ser mais belo do que este?”

3. Para uma reunião de casais– Você acha que os pais devem influir na escolha da profissão dos filhos?– Você já pensou em ter um dos fi-lhos consagrados a Deus como pa-dre ou freira?– Qual seria a sua reação se um de seus filhos manifestasse o desejo de se consagrar à vida religiosa ou ao sa-cerdócio?– Em sua família existe algum padre ou alguma freira? Eles parecem re-alizados?– Você acredita que o ambiente de sua família poderia favorecer o surgimen-to de uma vocação consagrada entre seus filhos?– Sua família costuma rezar pelas vo-cações consagradas?]

entre dois

chamados

Participantes: Indefinido.tempo estimado: 25 minutos.objetivo: A importância de ajudarmos aos outros.Material: Fita adesiva, 5 cartolinas de cores diferentes, uma de cada cor, no tamanho de uma folha de papel ofício.

Cortar retalhos no tamanho que der para colar na testa de cada um.Descrição: Pedir que os participantes formem um círculo e fechem os olhos. O coordenador deve colar uma cor di-

ferente na testa ou nas costas de cada um, e logo depois as cinco cartolinas de cores diferentes, no tamanho de pa-pel ofício, devem ser coladas cada uma em uma parede da sala.

O coordenador pode pedir para abri-rem os olhos e avisar que não podem conversar até o termino da dinâmica. O coordenador deve explicar que eles terão certo tempo para descobrirem sua cor e se dirigirem para perto da parede que tenha a sua cor. E tudo isto sem po-

derem comunicar-se uns com os outros.Os que não o conseguirem terão

de pagar uma prenda.Recomendação: com certeza algu-mas pessoas entenderão primeiro a dinâmica, irão para o seu lugar e fi-carão rindo dos colegas em vez de ajudá-los.

Ao término, o coordenador deve informar que todos venceram, com ex-ceção dos que chegaram primeiro e não ajudaram os seus irmãos.]

as cores — Dinâmicas para Grupo de Jovens [ 11

F/REPRODUÇÃO

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olutador [ janeiro ] 2015 • 37 ]

Homilética [ 18•01•2015

Leituras: 1Sm 3,3b-10.191Cor 6,13c-15a.17-20Jo 1,35-42

1. As primeiras vocações. A cena do Evangelho vem logo após a narrativa do batismo de Jesus, que começa sua vida apostólica. Entretanto, ele não se põe logo a chamar discípulos em seu seguimento; o Batista, a Antiga Alian-ça que vai terminando, que sabe ser o precursor e aquele que prepara o cami-nho, envia-lhe os primeiros discípulos. Um se chama André; o outro, que não é nomeado, certamente é João, o pró-prio evangelista.

Aqui, de modo ainda inicial, seguir significa caminhar atrás de Jesus, sem saber outra coisa senão o fato de ter si-do enviado. Isto não dura muito tempo: Jesus se volta e os dois discípulos, sob seu olhar, adiantam-se para ele: “Que é que vocês procuram?” Como eles não o podem expressar por palavras, respon-dem: “Rabi, onde moras?” Onde é a tua casa, para que aprendamos a te conhe-cer melhor? “Vinde e vede!”

Um simples convite a acompanhá-lo, sem nenhuma informação prévia: só aquele que acompanha irá ver. E isto se confirmou: “Eles foram, viram e per-maneceram com ele”. Permanecer, em João, é a palavra da existência definiti-va com Jesus, a palavra da fé e do amor.

Quanto ao terceiro discípulo, Simão, ele não é chamado, mas conduzido, qua-se à força. Jesus fixa seu olhar sobre ele. Eu te conheço: “Tu és Simão, o filho de João”. Mas eu preciso de ti para algo di-ferente: tu te chamarás Cefas, Roche-do, Pedra. Desde o primeiro capítulo do Evangelho, de modo absoluto e definiti-vo. Não um convite, mas uma exigência. Jesus tem necessidade não apenas do ho-mem todo inteiro, mas tem necessidade dele como pedra fundamental para tudo o que ele construirá.

No último capítulo, ele será de fato a pedra fundamental que tudo deverá su-portar, inclusive o amor eclesial: “Simão, tu me amas mais do que estes?”

2. Um texto de vocação. A primeira leitura narra a vocação do primeiro pro-feta, o jovem Samuel. Deus o chama du-rante o sono. Ele ouve o chamado, mas não sabe quem o chamou. “Samuel ain-da não conhecia Yahvé.”

Por isso, ao primeiro e segundo cha-mado, ele vai ai sacerdote Eli, até que es-te, ao terceiro chamado, compreende que é o próprio Senhor que chama o meni-no, e o instrui de modo adequado: “Se te chamarem, dirás: ‘Fala, Senhor, teu ser-vidor escuta’”.

Tal é, compreendida de maneira ne-otestamentária, a mediação eclesial, sa-cerdotal, do chamado de Deus. Pesso-as jovens ouvem um chamado de Deus,

mas ficam na dúvida, não podem com-preendê-lo, interpretá-lo com exatidão. Para isso intervém a Igreja, o sacerdote, que sabe o que é um chamado autêntico, ou apenas presumido. Deus, que chama, conta com esta mediação. Como Eli na Antiga Aliança, o sacerdote deve poder discernir se é realmente Deus quem cha-ma; e, se for, deve educar para uma escu-ta da Palavra perfeitamente ordenada ao serviço de Deus.

3. A segunda leitura mostra claramen-te que aquele que entendeu verdadeira-mente e extraiu as consequências para sua vida, “não pertence mis a si mesmo”. O Senhor o adquiriu; pertence-lhe como um escravo, em corpo e alma.

Aqui, a acentuação é posta sobre o corpo, do qual é desapropriado quem foi chamado, pois ele se tornou – diz Paulo – um membro no santo Corpo de Cristo; aquele que pecasse contra seu próprio corpo mancharia o corpo de Cristo.

A desapropriação que se realiza nos relatos de vocação precedentes não é par-cial, mas total: é o homem encarnado, por inteiro, que entra ao serviço de Deus e deve acompanhar, ver, permanecer.]

[Comentários de: hans urs von balthasar

Tradução: a. c . santini ]

2º Domingo do Tempo

Comum

Leituras da semana [ dia 19: Hb 5,1-10; Mc 2,18-22; [ dia 20: Hb 6,10-20; Mc 2,23-28; [ dia 21: Hb 7,1-3.15-17; Mc 3,1-6; [ dia 22: Hb 7,25-8,6; Mc 3,7-12; [ dia 23: Hb 8,6-13; Mc 3,13-19; [ dia 24: Hb 9,2-3.11-14; Mc 3,20-21

"Eis o Cordeiro de Deus." [Jo 1,36]

F/REPRODUÇÃO

Page 48: Revista olutador 3860 janeiro 2015

[ 38 • olutador [ janeiro ] 2015

Leituras: Jn 3,1-5.10; 1Cor 7,29-31; Mc 1,14-20

O tema dos três textos é a urgência da conversão; não há mais tempo para ou-tra coisa.

1. A pregação de Jonas. A primei-ra leitura tem suscitado espanto em muita gente. Jonas deve chamar a cida-de de Nínive à conversão: “Ainda qua-renta dias, e Nínive será destruída”. Se-gue-se a conversão, a cidade não será destruída.

Está claro que era essa conversão que Deus queria obter; ele não estava in-teressado na destruição. E como a con-versão vem a seguir, a destruição já não devia acontecer. Mas a ameaça da des-truição não é um simples espantalho; de fato ela era séria e com razão foi assim compreendida pelos ninivitas.

Talvez eles tenham compreendido o seu aspecto positivo: Deus quer sempre o bem, nunca a destruição. É aí que se zomba da conversão em que Deus deve aniquilar o mal por amor ao bem, den-tro do caráter irônico do Livro de Jo-nas, onde o profeta fica indignado com a inconstância de Yahvé: como um Deus pode ameaçar com a ruína e não pôr em execução a sua ameaça?

2. Na segunda leitura, Paulo extrai amplas consequências da brevidade do tempo. Não se trata de uma “expectativa iminente”, mas, antes, do caráter geral do tempo terrestre. Por natureza, este tempo é tão premente, que não pode-mos instalar-nos nele confortavelmen-te e sem cuidados. Todos os estados de vida na Igreja devem extrair disso suas consequências.

Aqui, o Apóstolo fala apenas dos leigos: a todas as suas atividades e for-mas de comportamento está anexo um coeficiente negativo: chorar como se não chorassem, casar-se como se não ti-vessem mulher, comprar como se nada possuíssem. Todos os bens que temos no mundo, e que aqui devemos empre-gar, devem, por causa do tempo que se apressa e da fragilidade da figura deste mundo, ser possuídos e utilizados em tal indiferença, que a qualquer tempo possamos renunciar a eles.

A nós, o tempo só é emprestado sob a condição de uma retirada sem-pre possível.

3. O Evangelho mostra as consequên-cias do tempo que Jesus proclama “cum-prido”. Com este cumprimento, o Reino de Deus se encontra no limiar do tempo terrestre, e torna-se também importan-te consagrar-se a este começo infalível com toda a sua existência. Não fazemos

isto espontaneamente: somos chama-dos e equipados por Deus.

Aqui, quatro discípulos são cha-mados por Jesus a deixarem sua ativi-dade profana – e eles obedecem a este chamado sem vacilar – a fim de serem equipados para sua vocação no Reino de Deus: eles serão pescadores de ho-mens: pescar, eles podem...

Estas são vocações exemplares e não podemos, propriamente, falar de ex-ceções. Também cristãos que perma-necem em sua profissão secular foram chamados ao serviço do Reino que Je-sus anuncia. Para seguir a este chama-do, eles têm necessidade exatamente da indiferença de que Paulo falou na se-gunda leitura.

Assim como os filhos de Zebedeu deixam seu pai e os operários para se-guirem a Jesus, assim também o cristão que permanece no mundo deve deixar muito daquilo que lhe parecia indis-pensável, se quiser seguir seriamen-te a Jesus.

“Quem pôs a mão no arado e olha para trás não está apto para o Reino de Deus.” (Lc 9,62.)]

[Comentários de: hans urs von balthasar

Tradução: a. c . santini ]

Homilética [ 25•01•2015

3º Domingo do Tempo

Comum

Leituras da semana [ dia 26: 2Tm 1,1-8; Lc 10,1-9; [ dia 27: Hb 10,1-10; Mc 3,31-35; [ dia 28: Hb 10,11-18; Mc 4,1-20; [ dia 29: Hb 10,19-25; Mc 4,21-25; [ dia 30: Hb 10,32-29; Mc 4,26-34; [ dia 31: Hb 11,1-2.8-19; Mc 4,35-41

"Convertei-vos e crede no Evangelho." [Mc 1,15]

F/REPRODUÇÃO

Page 49: Revista olutador 3860 janeiro 2015

olutador [ janeiro ] 2015 • 39 ]

Leituras: Dt 18,15-20; 1Cor 7,32-35; Mc 1,21-28

1. No Evangelho, por ocasião da ex-pulsão de um demônio, o ensinamento de Jesus é reconhecido como um “en-sinamento novo”, ou seja, proclamado “com autoridade”, o que “toma de me-do” as pessoas. Elas vêem a prova dessa novidade na expulsão do demônio, mas esta é acima de tudo a confirmação de sua autoridade, não o seu ensinamento.

É no início do Evangelho que se en-contra o ponto decisivo: Jesus ensina na sinagoga, “e todos estavam vivamente impressionados com seu ensinamento”. Em seu próprio ensinamento aparece sua “autoridade divina”, que o distin-gue da doutrina dos escribas.

O que reclama a nova doutrina é o radicalismo da obediência a Deus, que é bem de outra natureza que o ri-gor da Lei exigido pelos escribas. Este radicalismo não exige de modo algum uma fuga do mundo, como praticava, por exemplo, o povo de Qumran, mas no meio do mundo, de seu trabalho e sofrimentos, uma vida sem reservas pa-ra Deus e conforme seu mandamento.

Este mandamento que Jesus expli-ca aos homens é ao mesmo tempo infi-nitamente simples e infinitamente exi-gente; a seguir, ele o repete sem cessar:

amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a si mesmo. É a isto que se refe-re toda a Lei e os Profetas (cf. Mt 7,12).

Tal é a perfeição acessível ao homem, na qual ele pode e deve assemelhar-se a seu Pai celeste (cf. Mt 5,48). Nisto, só existe totalidade, nenhuma reserva...

2. Na segunda leitura, Paulo visa ao mesmo radicalismo. Se ele distingue aparentemente duas categorias de ho-mens – os não casados, que “cuidam dos assuntos do Senhor”, e as pessoas ca-sadas, que “têm preocupações com os afazeres do mundo, com os meios de agradar sua mulher” – certamente ele não quer (como o mostram suas “me-sas domésticas”) desviar do casamento ou de uma profissão secular, mas ape-nas mostrar o que se observa habitual-mente entre as pessoas animadas pelo espírito do mundo.

Paulo pode atribuir ao celibato cer-ta preeminência (“eu gostaria que todo mundo fosse como eu” – 1Cor 7,7), en-tretanto ela logo acrescenta: “mas ca-da um recebe de Deus o seu dom parti-cular”, graças ao qual é absolutamente possível, mesmo no mundo e no casa-mento, servir a Deus e amar o seu pró-ximo “sem reservas”.

Em muitos casos, pode-se perfei-tamente perguntar-se se isto é mais fá-cil no estado dos conselhos evangélicos

do que em um matrimônio cristão bem vivido. As epístolas pastorais se opõem àqueles que “proíbem o casamento” (1Tm 4,3); de modo algum: “tudo o que Deus criou é bom” (v. 4).

3. Esta doutrina definitiva de Je-sus, bem resumida, “Moisés” já o in-dicava por antecipação quando entrevê, na primeira leitura, o Profeta futuro, do qual Deus diz: “Eu porei minhas pa-lavras em sua boca”. “O Senhor o fará erguer-se como o cumprimento de tu-do” aquilo que foi iniciado na Antiga Aliança. Em consequência, é a ele que deveremos escutar em tudo.]

[Comentários de: hans urs von balthasar

Tradução: a. c . santini ]

Homilética [ 1º•02•2015

4º Domingo do Tempo

Comum

Leituras da semana [ dia 2: Ml 3,1-4; Lc 2,22-40; [ dia 3: Hb 12,1-4; Mc 5,21-43; [ dia 4: Hb 12,4-7.11-15; Mc 6,106; [ dia 5: Hb 12,18-19.21-24; Mc 6,7-13; [ dia 6: Hb 13,1-8; Mc 6,14-29; [ dia 7: Hb 13,15-17.20-21; Mc 6,30-34

"Ensinava como quem tem autoridade." [Mc 1,22]

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Leituras: Jó 7,1-4.6-7; 1Cor 9,16-19.22-23; Mc 1,29-39

1. “É para isto que eu vim.” Es-te Evangelho nos mostra que o traba-lho realizado por Jesus sobre a terra era uma verdadeira superexigência. Ele de-via “reconduzir as ovelhas de Israel”, tarefa que, dada a situação espiritual e política do país, não poderia absolu-tamente ser realizada; apesar de tudo, compromete nisso suas últimas forças.

Enquanto Jesus cura a sogra de Pedro e “a cidade inteira” está “reunida diante da porta”, ele distribui seus benefícios. Bem antes da aurora, ele se levanta pa-ra, afinal, poder rezar na solidão, mas já o perseguem de novo para lhe dizer: “Todo mundo te procura”. Os mesmos da vigília da noite.

E Jesus não se escusa, alegando que agora ele desejava rezar, mas se entrega a um novo trabalho: nos “burgos vizi-nhos, a fim de que também ali eu pre-gue, pois foi para isso que eu vim”. E as aldeias são apenas um começo, pois “ele foi através de toda a Galileia”.

O autêntico mensageiro cristão da fé pode tomar como exemplo o incan-sável zelo de Jesus: mesmo que toda a tarefa que ele entrevê permaneça, do ponto de vista humano, fora de seu al-cance, ele se dedicará a ela tanto quan-

to lhe permitam suas forças, e o resto será completado por seus sofrimentos ou, pelo menos, por sua obediência de julgamento.

Mas esta disposição de modo algum lhe servirá de desculpa para não fazer tudo o que está em seu poder.

2. “Eu me fiz escravo de todos.” Na segunda leitura, Paulo segue o exem-plo do Senhor tão rigidamente quanto possível. Ele recebeu de Deus a missão de anunciar o Evangelho; aí está o seu dever, não sua livre escolha.

Para mostrar a Deus a sua livre obe-diência, ele pode renunciar a um salário merecido, mas nada o dispensa do es-trito dever de se comprometer pessoal e inteiramente com a tarefa confiada.

Paulo não se apresenta como o gran-de mestre que está em posse da verda-de, mas como servidor a serviço de to-dos. Ele diz (nos versículos não incluí-dos aqui) que se faz escravo dos judeus, põe-se na mentalidade judaica para lhes falar do Messias, e escravo dos pagãos para lhes anunciar o Salvador do mun-do; e finalmente (aqui prossegue a leitu-ra), escravo dos fracos (ainda que ele se considere pessoalmente como um for-te) para ganhar para Cristo, se possí-vel, até mesmo os pouco clarividentes, os eternos hesitantes e indecisos.

Ninguém é esquecido: “Eu me fiz tudo para todos”. E isto não na certe-

za de já possuir parte nas promessas do Evangelho, mas na esperança de rece-ber uma parte, também ele, daquilo que ele anuncia aos outros.

3. “Um serviço” (militar), é assim que, na primeira leitura, o pobre Jó avalia a vida do homem sobre a terra. O homem não é um senhor, mas “um escravo que suspira pela sombra”; não um patrão (o que Deus é), mas um “operário”. Aí es-tá uma característica geral da vida hu-mana: ser efêmera.

Cristo e seu apóstolo não contradi-zem esta descrição da vida humana. Mas o “sem tempo” de que fala Jó, tornou-se, na Nova Aliança, o zelo indomável por trabalhar para Deus e seu Reino, quer isto se realize por uma obra exterior ou por uma dedicação à oração.

Pois a oração, também ela, é um compromisso do cristão pelo mundo, tão frutuoso – até mesmo mais frutu-oso! – quanto uma simples atividade exterior.]

[Comentários de: hans urs von balthasar

Tradução: a. c . santini ]

Homilética [ 08•02•2015

5º Domingo do Tempo

Comum

Leituras da semana [ dia 9: Gn 1,1-19; Mc 6,53-56; [ dia 10: Gn 1,20-2,4a; Mc 7,1-13; [ dia 11: Gn 2,4b-9.15-17; Mc 7,14-23; [ dia 12: Gn 2,18-25; Mc 7,24-30; [ dia 13: Gn 3,1-8; Mc 7,31-37; [ dia 14: Gn 3,9-24; Mc 8,1-10

"Ele curou muitos doentes." [Mc 1,34]

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olutador [ janeiro ] 2015 • 41 ]

Mensagens [ Poesia & Sabedoria...

Desceste das estrelas

S a n to a Fo n S o D e Li G ó Ri o

Desceste das estrelas, Rei celeste,e à gruta escura e fria tu vieste:ó divino Pequenino, eu te vejo [aqui tremer,Deus encarnado...O quanto te custou me haver amado!

Tu, que plasmaste a terra e o céu fizeste,faltam-te agora, ó Deus, coberta e veste.Ó querido estremecido, a que extremos [queres vir:esta pobrezamostra, do teu amor, toda a riqueza.

“Uma civilização que despreza a morte porque despreza a pessoa humana e ignora o valor da vida humana, uma civilização que desperdiça a coragem dos homens e malbarata sua vida por lucros financeiros ou para satisfazer a ambição e o ódio, ou pelo frenesi de dominar, ou pela exaltação pagã do Estado, não é uma civilização, é barbárie. Seu heroísmo é bestialidade.”

jacques maritain

[Palavra de Sabedoria

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Variedades [ Dicas de português & Humor

o mais possívelQual das orações está correta: Quero dois pães o mais claro possível. Quero dois pães os mais claros possíveis. Patrícia, Jaú,SP

Há algumas redações possíveis quan-do se deseja enfatizar a intensidade ou o máximo de determinada qualidade. Para facilitar a consulta, reunimos nes-te artigo, em três itens, a opinião de quatro autores que tratam do assunto. napoleão, Luft, Sacconi e zélio Jota

1) Sintaxe lógica: usar “o mais/menos possível” como locução adverbial, que neste caso fica invariável, não impor-ta a ordem em que esteja. De qualquer modo o adjetivo sempre faz a concor-dância com o respectivo substantivo.

– Quero dois pães o mais claros possível.

– Pedimos duas cervejas o mais ge-ladas possível.

– As máquinas serão o mais efi-cientes possível.

– Prefiro frutas o menos maduras possível.

– A lei em elaboração é o mais con-cisa possível.

Ou:

– Compre enfeites baratos o mais possível.

– Pedimos duas cervejas geladas o mais possível.

– Faça arranjos simples o mais possível.

– Prefiro frutas maduras o menos possível.

Ou:

– Quero dois pães o mais possí-vel claros.

– Compre enfeites o mais possí-vel baratos.

– Faça arranjos o mais possível simples.

– As máquinas serão o mais pos-sível eficientes.

– Prefiro frutas o menos possível maduras.

2) entretanto, há uma construção mais fácil e que soa melhor, por isso mais usual na linguagem cotidiana dos bra-sileiros. Não posso afirmar que já seja aceita nos exames e concursos públi-cos, mas está na hora de ser colocada como uma opção igualmente correta: trata-se da concordância de “possível” com o artigo definido:

– Quero dois pães os mais claros possíveis.

– Prefiro frutas as mais maduras possíveis.

– As máquinas serão as mais efi-cientes possíveis.

– Ele é o homem mais atencioso possível.

– Quero os pães mais claros pos-síveis.

– Prefiro as frutas mais maduras possíveis.

– Compre os enfeites menos ca-ros possíveis.

3) numa construção em que o artigo está determinando o substantivo, e desde que não se repita na frente de “mais”, pode-se também deixar a pala-vra “possível” invariável, pois aí se po-de subentender “possível” como com-plemento de “de que é”:

– Quero os dois pães mais claros possível. [mais claros de que é possível]

– Zein namorou as mulheres mais lindas possível. [que é possível encontrar]

– Vimos na exposição os cães mais ferozes possível.

– Prefiro as frutas mais maduras possível.

– Compre os enfeites menos ca-ros possível.]

Fonte: www.linguabrasil.com.br

HuMoR

Lição importanteO pai busca as filhas no jardim de in-

fância.

– Como foi a escola hoje?

– Ouvimos a história do Chapeu-

zinho Vermelho – disse a mais velha.

– E qual foi a lição que aprenderam?

A caçulinha respondeu:

– É muito perigoso confundir a vo-

vó com outra pessoa...

aluno comodistaDepois de uma tarde ensinando um no-

vato a jogar golfe, o instrutor pergunta:

– Gostou da novidade?

O aluno responde:

– Para ser franco, prefiro o boliche...

– Por quê?

– Aqui, eu tenho de procurar a bo-

la no campo inteiro. No boliche, a bola

volta direitinho na minha mão...

Doutor distraídoO médico está encerrando a consulta:

– Bem, você deveria fazer um pou-

co de exercício. Talvez, uma boa cami-

nhada diária...

– E a que horas seria melhor ca-

minhar?

– Creio que ao entardecer, quando

você acabar de entregar a correspon-

dência da cidade...

Missão impossívelNo botequim, o amigo diz ao outro:

– Notei que você está preocupa-

do... Que foi que aconteceu?

– É que eu preciso encontrar dez

mil baratas...

– Dez mil!!! Para quê?

– Está no contrato de aluguel: te-

nho de devolver o imóvel no mesmo

estado em que o encontrei...]

[ Não Tropece na Língua

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uLinÁRia

olutador [ janeiro ] 2015 • 43 ]

Variedades [ Culinária & Curiosidades...

Se você ficasse doente na Idade Média, podia procurar orien-tação com um curandeiro, um benzedor, um astrólogo, um

místico, uma bruxa ou com o aldeão mais velho e experiente da aldeia. Não existia a figura de um médico, como nós conhecemos atualmente.

Quem fazia cirurgias era o barbei-ro-cirurgião. O mesmo sujeito que fa-zia barba e cabelo era o responsável por amputar membros em necrose por infecção, tirar flechas do corpo dos ca-valeiros e arrancar dentes apodreci-dos. Algumas barbearias tradicionais inglesas, com mais de quatrocentos anos de existência, exibem um mas-tro com listras brancas e vermelhas. O vermelho simboliza o sangue do pa-ciente e o branco, as ataduras.

Os médicos medievais não tinham quase nenhum conhecimento sobre a anatomia humana. A anatomia até

Frango ao champanhe

Ingredientes1 frango cortado em pedaços e tem-perado com sal e pimenta-do-rei-no; 2 colheres (sopa) de azeite; 2 co-lheres (sopa) de manteiga; 1 colher (sopa) de farinha de trigo; ¼ de gar-rafa de champanhe seco; 1 tablete de caldo concentrado de galinha; 1 lata de creme de leite; alguns cogu-melos (champignons).

Modo de FazerFritar o frango no óleo, misturado com a manteiga, até que fique dou-rado. Retirar os pedaços e colocá-los num pirex. Na panela em que fritar o frango, torrar a farinha e despe-jar o champanhe até abrir fervura. Dissolver o tablete de caldo de ga-linha em 1 copo de água fervente e juntar ao champanhe. Deixar no fogo por mais 10 minutos, e acres-centar os cogumelos e o creme de leite. Retirar a panela do fogo. Des-pejar sobre o frango frito e levar ao forno para aquecer.

Do livro“Cozinhando sem Mistério”,

de Léa Raemy Rangel

& Maria Helena M. de Noronha Ed. O Lutador, Belo Horizonte

Pedidos: 0800-031-7171

então conhecida vinha dos estudos do grego Galeno, que vivera trezen-tos anos do início da era medieval, e eram baseados na anatomia de porcos.

Quando você fica doente, vai aon-de? Ao hospital. Na era medieval os hospitais funcionavam mais como um depósito de doentes, onde monges e freiras providenciavam abrigo, alimen-tação e conforto espiritual. Raramente um doente recebia tratamento.

Já fez exame de urina? É lógico que sim. Essa prática é antiga. Na Idade Média, o exame da urina era mais im-portante que examinar o próprio pa-ciente. Tanto que o símbolo da medi-cina da época é um frasco com urina. Naquele tempo foram escritos vários tratados médicos, demonstrando co-mo a cor, a densidade, os sedimentos, o odor e o sabor da urina poderiam indicar a enfermidade do paciente.]

fonte: Curiosidades Médicas

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Sociedade [ Direitos humanos...

A grande chaga das prisões sem julgamentoestudo revela: 40% dos presos brasileiros não tiveram direito a ser julgados. Três mudanças legais poderiam reverter este atentado aos direitos humanos.

MaRceLa ReiS

o Brasil é o 11º país com maior número de encar-cerados sem julgamento no mundo: para cada gru-po de 100 mil brasileiros,

104 estão presos provisoriamente. Os

Brasil cresceu cerca de 86% de 2005 a 2012, segundo o Ministério da Justi-ça. A superlotação das cadeias pode-ria ser revertida a partir da aprovação do projeto de lei que institui a audiên-cia de custódia, da reforma da lei das drogas, e estabelece que o crime sem uso da violência seja punido com pe-

[ a superlotação das cadeias

poderia ser revertida a partir da aprovação

do projeto de lei que institui a audiência

de custódia.

dados são fruto da pesquisa mais re-cente da Fundação Open Society, or-ganização do empresário húngaro-a-mericano George Soros, que diz pro-mover a defesa dos direitos humanos em mais de 70 países.

O total de presos detidos em dele-gacias de polícia e penitenciárias no

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[ 44 • olutador [ janeiro ] 2015 olutador [ janeiro ] 2015 • 45 ]

nas alternativas, propõe Rafael Cus-tódio, coordenador do Programa de Justiça da Conectas – ONG de Direitos Humanos. “Essas alterações tirariam, por baixo, 20% a 25% dos presos das penitenciárias”, completa ele.

Ainda de acordo com os estudos da Open Society, cerca de 3,3 milhões de pessoas estão presas provisoriamen-te no mundo. O dado mais recente do Ministério da Justiça indica que, em dezembro de 2012, cerca de 230 mil brasileiros, o que representa 40% dos encarcerados do país, estavam pre-sos sem nunca terem sido julgados.

O Projeto de Lei 554/11, de auto-ria do senador Antônio Carlos Vala-dares (PSB/SE), que agora tramita nas comissões da Câmara, prevê a apre-sentação da pessoa detida a um juiz no prazo de 24 horas, para que a lega-lidade da prisão seja julgada e a fim de checar se não houve algum tipo de violação dos direitos humanos duran-te a prisão. O recurso é denominado audiência de custódia e já existe em

países latino-americanos, como Ar-gentina, Chile, México e Colômbia. A Convenção Americana de Direitos Humanos, ratificada pelo Brasil, pre-vê esse recurso.

Para Custódio, o método pode ser eficaz no sentido de diminuir o nú-mero de presos num sistema de en-carceramento em massa, já que mais da metade dos presos de São Paulo aguarda de seis a nove meses para que uma audiência com juiz seja marca-da; porém não é certeiro na questão do combate à tortura. As perícias são responsabilidade das secretarias de Segurança Pública dos governos dos estados.

Portanto, se um policial militar for acusado por maus tratos, a pró-pria instituição responsável por ele o investigará, o que se mostra pou-quíssimo eficaz. Custódio defende a necessidade de autonomia das perí-cias em relação ao governo estadu-al, para que o julgamento de viola-ção dos direitos humanos seja feito de forma coerente.

No Estado de São Paulo, cerca de 40% dos presos são provisórios, o que corresponde a um total de 90 mil encarcerados. Por mês, saem em média oito presos de um Centro de Detenção Provisória - CDP e entram nove. Os dados são de Marcos Fu-chs, diretor adjunto da Conectas – ONG de Direitos Humanos – e dire-tor executivo do Instituto Pro Bono – associação civil de assessoria ju-rídica gratuita.

“A audiência de custódia é uma necessidade, é uma chance de con-vencer o juiz de que você não preci-sa ir pra cadeia, onde você vai ser es-pancado e extorquido”, aponta Fuchs. Completa ainda que, com a aprova-ção do PL, o número de presos dimi-nuiria drasticamente. Principalmen-te se a lei das cautelares fosse usada de forma correta e se uma nova lei de descriminalização da maconha e de drogas leves fosse aprovada e colo-cada em prática.]

fonte: outras Palavras

Henrique Cristiano José Matos

A pessoa em privação de liberdade

torna-se um indivíduo ignorado pela sociedade,

condenado não só à perda de sua liberdade,

mas também ao esquecimento

da consciência coletiva;tem a sua condição humana

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Mundo [ Mesmo com os fatos a um palmo do nariz, eles continuam negando a realidade...

sido tão lento que, em qualquer outra circunstância, seria considerado de-sanimador.

Os países mais atingidos estão em depressão. Não existe outra palavra para descrever economias como a da Espa-nha ou da Grécia, onde quase uma em cada quatro pessoas – e mais de uma em cada duas, entre os jovens – não con-segue encontrar trabalho. Dizer que o remédio está funcionando porque o ín-dice de desemprego decresceu em al-

aumentando e não diminuindo (como se esperaria depois de uma crise, quan-do o crescimento é tipicamente mais rápido do que normalmente conforme a economia retoma terreno perdido).

Em outras palavras, o longo pe-ríodo de recessão está diminuindo o crescimento potencial da Europa. Jo-vens que deveriam estar desenvolven-do habilidades não estão. Há evidên-cias contundentes de seus rendimen-tos, ao longo da vidas, serão muito me-nores do que se vivessem num perío-do de pleno emprego.

Enquanto isso, a Alemanha for-ça outros países a seguir políticas que enfraquecem suas economias – e suas democracias. Quando os cidadãos vo-tam repetidamente por uma mudan-ça política (e poucas políticas impor-tam mais aos cidadãos que aquelas que afetam seus padrões de vida), mas fi-cam sabendo que estes temas são de-cididos em outro lugar, e que, portan-to, sua escolha é inútil, tanto a demo-cracia quanto a fé no projeto europeu são corroídas.

A França votou para mudar de ru-mo três anos atrás. Em vez disso, os elei-tores receberam outra dose de austeri-dade pró-corporações. Uma das pro-postas mais antigas na economia é o multiplicador do orçamento equilibra-do. Significa que aumentar conjunta-mente os impostos e as despesas esti-mula a economia. E se os impostos in-cidem sobre os ricos e as despesas be-neficiam as maiorias, o multiplicador pode ser particularmente alto. Mas o

ajuste fiscal: por que não seguir a Europa[ Desemprego, recessão, crise profunda da democracia.

Um Nobel de Economia desmascara o falso êxito das políticas de “austeridade” – as mesmas que conservadores querem no governo Dilma.

J o S ePH S t i G Li t z

“Se os fatos não se encai-xam na teoria, mude a teoria”, diz o velho dita-do. Mas muito comu-mente é mais fácil man-

ter a teoria e mudar os fatos. É o que a chanceler alemã Angela Merkel e ou-tros líderes europeus pró-austeridade parecem pensar. Mesmo com os fatos a um palmo do nariz, eles continuam negando a realidade.

A austeridade falhou. Mas seus de-fensores estão prontos a declarar vitó-ria com base na evidência mais fraca de todas. A economia não está mais em colapso; logo, as medidas de austerida-de só podem estar funcionando! Mas se essa for a referência, poderíamos di-zer que pular de um penhasco é a me-lhor forma de descer uma montanha.

Toda crise chega a um fim. O su-cesso não deve ser medido pelo fato de a recuperação em algum momen-to acontecer – mas pelo tempo que se demora para chegar a ela e por quão extensos são os danos causados pe-lo tombo. Vista nesses termos, a aus-teridade tem sido um desastre com-pleto e absoluto. Isso está se tornan-do cada vez mais visível à medida em que as economias da União Europeia voltam a encarar estagnação – ou, tal-vez, um triplo mergulho em recessão, com o desemprego mantendo-se em altos patamares e o PIB real per capita ainda abaixo dos níveis pré-crise, em muitos países. Mesmo nas economias de melhor desempenho, como a Ale-manha, o crescimento desde 2008 tem

guns pontos percentuais, ou porque se pode ter um vislumbre de crescimen-to magro, é semelhante a um barbei-ro medieval que diz que a sangria está funcionando, já que o paciente ainda não morreu.

Extrapolando o crescimento eu-ropeu modesto a partir dos anos 80, meus cálculos demonstram que a pro-dução na zona do euro hoje está mais de 15% abaixo do ponto em que esta-ria, se a crise financeira de 2008 não tivesse acontecido. Isso implica uma perda de 1,6 trilhão de dólares apenas esse ano, e uma perda acumulada de mais de US$ 6,5 trilhões. Ainda mais perturbador é que essa diferença está

[ todo o sofrimento na europa – infligido a serviço do euro – é ainda mais trágico por ser desnecessário.

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olutador [ janeiro ] 2015 • 47 ]

Mundo [ Mesmo com os fatos a um palmo do nariz, eles continuam negando a realidade...

dito governo socialista francês está re-duzindo a tributação das empresas e cortando gastos – uma receita quase garantida para enfraquecer a econo-mia, mas também para ganhar elogios da Alemanha…

A esperança, afirma-se, é que im-postos mais baixos para pessoas jurí-dicas estimulem o investimento. Isso é pura bobagem. O que está reduzin-do o investimento (tanto nos Estados Unidos como na Europa) é a ausência de demanda, não os impostos eleva-dos. Na verdade, como a maior parte dos investimentos é financiada por dí-vidas, e como o pagamento de juros é dedutível dos impostos, o nível de tri-butação das empresas tem pouco efei-to na decisão de investir.

Da mesma forma, a Itália está sen-do encorajada a acelerar a privatiza-ção. Mas o primeiro ministro Matteo Renzi tem o bom senso de reconhecer que vender empresas a preço de bana-na faz pouco sentido. Também as deci-sões do setor privado deveriam ser in-fluenciadas por considerações de lon-go prazo, não por exigências financei-ras de curto prazo. A decisão deveria ser baseada em onde essas atividades são realizadas de forma mais eficien-te, servindo aos interesses da maioria dos cidadãos da melhor forma possível.

A privatização dos sistemas de Pre-vidência, por exemplo, já provou ser dis-pendiosa naqueles países que a expe-rimentaram. O sistema de saúde qua-se inteiramente privado norte-ameri-

cano é o menos eficiente do mundo. Existem questões difíceis, mas é fácil demonstrar que vender empresas es-tatais por preços baixos não é uma boa forma de aumentar a força financeira a longo prazo.

Todo o sofrimento na Europa – in-fligido a serviço do euro – é ainda mais trágico por ser desnecessário. Apesar das evidências de que as medidas de austeridade não funcionam continua-rem se acumulando, a Alemanha e ou-tros falcões dobraram a aposta, apos-tando o futuro da Europa em uma te-oria há muito desacreditada. Por que fornecer aos economistas mais fatos para provar isso? (Tradução: Maria-na Bercht Ruy)]

fonte: outros Quinhentos

ajuste fiscal: por que não seguir a Europa

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[ 48 • O Lutador [ outubro ] 2014

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