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Indexação Qualis www.nossoclinico.com.br ISSN 1808-7191 ANO 18 - Nº 106 - JUL/AGO 2015 A REVISTA DO MÉDICO VETERINÁRIO Utilização de no tratamento de cão com sequela neurológica de cinomose: relato de caso • Tratamento com vacina autóloga para papilomatose oral em um cão: relato de caso • Lipossarcoma em cão: relato de caso • Interpretação da otite externa em cães pela Medicina Tradicional Chinesa com uso de acupuntura • Utilização da Gabapentina em cães • Acaríase em Hedgehog causada pelo ácaro: relato de caso ENCARTE: Clínica de Marketing COLUNAS: Dicas do Laboratório Conhecimento Compartilhado Bem-Estar Animal Terapia Celular Nutrição Animal Gestão Empresarial Medicina Tradicional Chinesa Pets, Famílias e Veterinários Endocrinologia Estética Medicina Felina Fisioterapia • Persistência de dentes quarto pré-molares inferiores decíduos de cão com presença de dentes permanentes erupcionados em furca: relato de caso e técnica de exodontia

Revista Nosso Clinico nr 106 - Colunas - MAI/JUN 2015

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Revista de Educação continuada do Clínico Veterinário de animais de companhia.

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Page 1: Revista Nosso Clinico nr 106 - Colunas - MAI/JUN 2015

Indexação Qualiswww.nossoclinico.com.br

ISSN 1808-7191

ANO 18 - Nº 106 - JUL/AGO 2015

A REVISTA DO MÉDICO VETERINÁRIO

Utilização de

no tratamento de cão com sequela neurológicade cinomose: relato de caso

• Tratamento com vacinaautóloga para papilomatoseoral em um cão: relato decaso

• Lipossarcoma em cão:relato de caso

• Interpretação da otiteexterna em cães pelaMedicina Tradicional Chinesacom uso de acupuntura

• Utilização da Gabapentinaem cães

• Acaríase em Hedgehogcausada pelo ácaro: relatode caso

ENCARTE:Clínica de Marketing

COLUNAS: Dicas do Laboratório• Conhecimento Compartilhado

• Bem-Estar Animal • Terapia Celular • Nutrição Animal • Gestão Empresarial

• Medicina Tradicional Chinesa • Pets, Famílias e Veterinários

• Endocrinologia • Estética• Medicina Felina

• Fisioterapia

• Persistência de dentesquarto pré-molaresinferiores decíduos de cãocom presença de dentespermanentes erupcionadosem furca: relato de caso etécnica de exodontia

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54 • Nosso Clínico

Diagnóstico precoce para Alergias caninas

[email protected], Mestre em Medicina Veterinária UFMGCRMV-SP 5540 VCRMV-MG 3708

DICAS DO LABORATÓRIO DR. LUIZ EDUARDO RISTOW

.

INTRODUÇÃOA Alergia é uma resposta exagera-

da do sistema imunológico a uma subs-tância estranha ao organismo, ou seja,uma hipersensibilidade imunológica aum estímulo externo específico. Os por-tadores de alergias são chamados de“atópicos”. As reações alérgicas, sen-do reações imunológicas, são extrema-mente específicas, reagindo o organis-mo sensibilizado exclusivamente ao de-terminante antigênico usado como imu-nógeno ou uma estrutura semelhante.Os antígenos são inalados, ingeridos,injetados ou em contato com a pele. Suafisiopatologia é considerada complexae envolve vários fatores de naturezaimunológica e não imunológica. Acredi-ta-se que mutações genéticas condu-zam a distúrbios de função da barreirategumentar, a defeitos na respostaimune antimicrobiana e a hiperreati-vidade cutânea a aeroalérgenos, antí-genos microbianos, irritantes e trofoa-lérgenos. Associado a estas mutações,observa-se que doenças alérgicas pos-suem alta correlação com a hereditari-edade, ou seja, a intensidade com queos indivíduos recebem a carga genéti-ca que os compõe, proveniente de seusprogenitores. Sendo assim, a atopiaestá fortemente ligada à expressão dosgenes herdados (pedigree), principal-mente em relação à questão racial.

COMO DIAGNOSTICARAnimais com sintomatologia carac-

terística de prurido; alopecia e ruborde extremidades, ventre e dorso; re-giões edemaciadas distribuídas pelocorpo; pele ressecada e quebradiça,excessivo afinamento ou espessa-mento do tecido cutâneo; espirros,ceratoconjuntivite e dificuldade res-piratória; dor a palpação abdominalna região intestinal com aumento deperistaltismo e fezes amolecidas de-vem realizar os exames específicospara alergia (PAINEL ALÉRGICO COM

24 ou 36 ALÉRGENOS), nos quais se-rão dosados Imunoglobulinas E (IgE)vinculadas a cada alérgeno pesquisa-do. Associado a estes exames, reco-menda-se que sejam realizadas análi-ses para eliminar possíveis diagnósti-cos diferenciais, como Hiperadrenocor-ticismo (Cortisol com supressão com de-xametasona 3 dosagens), Hipotireoidis-mo (T4 total + TSH) e Hiperestrogenis-mo (Dosagem de estradiol).

DIAGNÓSTICO PREVENTIVOAlgumas raças possuem alto poten-

cial para desenvolver doenças alérgi-cas. Baseado em dados estatísticos doTECSA LABORATÓRIOS, as seis raçascom maiores índices de diagnóstico po-sitivo para atopia são: Golden Retrie-ver, Shih Tzu, SRD, Poodle, Lhasa Apsoe Yorkshire.

Por isso, é de grande valia que oMédico Veterinário associe aos examesde rotina e check-up geral em suas con-

sultas, o TESTE ALÉRGICO de 36 pai-néis é um exame de alta sensibilidadeque objetiva traçar o perfil alérgico da-quele paciente. Sendo assim, será pos-sível inferir que, mesmo ausentado desintomas, o paciente tem grande poten-cial para o desenvolvimento da doen-ça, permitindo uma atenção maior paraeste quadro, antes mesmo que a sinto-matologia grave se instale (como exem-plo abaixo).

Com o resultado positivo para o tes-te alérgico, caso apareçam algum dossintomas mencionados, já identificadosos alérgenos com maiores respostas,será possível formular a IMUNOTERA-PIA ESPECÍFICA para o tratamentoadequado do animal: A IMUNOTERA-PIA HESKA é o padrão ouro no mundo.A única com resultados científicos com-provados.

MATERIAL COD / EXAMES PRAZO DIAS

Soro 686 - Testes Alérgicos – Painel com 24 Alérgenos 7

Soro 685 - Testes Alérgicos – Painel com 36 Alérgenos 7

Raspado / Pelos 355 - Pesquisa de Sarna e Fungos 1

Raspado / Pelos 060 - Pesquisa de Ectoparasitos 1

Soro 688 - Teste Alérgico Alergia à Malassezia 7

Soro 684 - Teste Alérgico Alergia à picada (saliva) de Pulga 7

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56 • Nosso Clínico

Colaboração:

Cinomose - Aspectos Diagnósticos

.....................................................................................

VVVVVocê Sabia ?ocê Sabia ?ocê Sabia ?ocê Sabia ?ocê Sabia ?VVVVVocê Sabia ?ocê Sabia ?ocê Sabia ?ocê Sabia ?ocê Sabia ?

Dr. Paulo Tabanez

M.V. graduado pela Univ. Est. de Londrina -UEL/PR. Pós-graduado em clínica e cirurgiade pequenos animais. Mestre em imunologiapela UNB. Membro fundador do Brasileish -grupo de estudos sobre leishmaniose animal

A cinomose é uma doença infectocontagiosa causada pelovírus RNA de fita simples e envelopado, da família Paramyxoviri-dae, gênero Morbilivirus. Existem várias cepas virais porém so-rologicamente indistinguíveis. A doença tem distribuição mun-dial, com alta morbidade e mortalidade e já foi descrita no cão eem vários animais selvagens. Não há predisposição por raça ousexo, porém, observa-se maior incidência durante os meses deinverno. Quanto a idade, indivíduos entre 60 e 90 dias de vidasão mais suscetíveis. Contudo, cães em qualquer idade podemapresentar a doença. A transmissão ocorre por contato direto,por aerossol e gotículas, quando cães infectados liberam o vírusem secreções e exsudatos.

Estima-se que cerca de 75% dos cães infectados sejam as-sintomáticos, eliminando o vírus sem sinais clínicos da doença etornando-se uma importante fonte de infecção. O diagnóstico éuma conjunção de história, avaliação física e exames laboratori-ais. A rapidez do diagnóstico pode evitar a evolução para a faseneurológica, normalmente mais fatal, e, ainda, evitar a trans-missibilidade para animais suscetíveis.

Os animais podem apresentar sinais sistêmicos, gastroen-téricos, dermatológicos, oftálmicos, pulmonares e/ou neuroló-gicos. Portanto, sinais como vômito, diarreia, febre, depressão,anorexia, tosse seca a produtiva, broncopneumonia, conjuntivi-te serosa ou ceratoconjuntivite seca, uveíte, cegueira súbita porlesão ou degeneração em nervo óptico, hipoplasia do esmaltedentário, pústulas principalmente em abdômen e hiperquera-tose de coxim e plano nasal. Os sinais neurológicos dependemda localização da lesão no sistema nervoso, classificando-os emencefalomielite aguda, não supurativa e crônica. Pode haver hi-perestesia e rigidez cervical, convulsões generalizadas ou focais,sinais cerebelares e vestibulares, paraparesia, tetraparesia e mi-oclonias.

As alterações laboratorias não são conclusivas e o cão podeapresentar anemia, trombocitopenia, neutropenia, linfopenia ehiperproteinemia. Na fase aguda virêmica, pode se encontrarinclusões citoplasmáticas (corpúsculo de Lentz) em linfócitos,neutrófilos e células epiteliais. Porém, a sensibilidade deste tes-te é baixa. Testes sorológicos por ELISA, imunofluorescência esoroneutralização, além de testes moleculares como a RT-PCR(reação em cadeia de polimerase com transcrição reversa) sãoutilizados para diagnóstico, porém a escolha do tecido e a faseda doença devem ser levados em consideração. Os testes soro-lógicos por ELISA e imunocromatográficos, que detectem anti-corpos antivírus são úteis apenas para animais não vacinadosou que tenham tido declínio dos anticorpos maternos. Portan-to, não discriminam vacinados daqueles expostos ou infectados.

Entretanto, podem ser úteis como acompanhamento dos ani-mais vacinados, determinando o momento de nova vacinaçãoou susceptibilidade. Existem testes rápidos imunocromatográ-fico para pesquisa do antígeno do vírus da cinomose, podendo-se utilizar material de mucosa nasal, saliva, conjuntiva, urina,soro, plasma e líquor, com alta sensibilidade e especificidade,não apresentando falsos positivos, nem em animais vacinados.Porém, dependendo da fase da doença e do tecido, esta sensi-bilidade pode ser bem mais baixa, levando a falsos negativos.

A análise do líquido cefalorraquidiano (LCR) é indicada emtodo animal com doença neurológica sem diagnóstico conclusi-vo. No estágio agudo de desmielinização não ocorrem altera-ções inflamatórias no líquor, porém, na fase crônica pode se en-contrar principalmente pleocitose linfocítica e aumento de pro-teínas, além de aumento de anticorpos antivírus, que ofereceevidência de encefalite pela cinomose, pois estes anticorpos sãoproduzidos no local. A presença do antígeno nos testes de pes-quisa de antígeno também apontam para o diagnóstico de en-cefalite por cinomose.

Atualmente, a RT-PCR tem detectado o vírus da cinomoseem diferentes tipos de amostras biológicas provenientes de cãescom sinais clínicos sistêmicos e neurológicos, inclusive urina decães com encefalite aguda ou crônica. Tanto a RT-PCR quanto areação de imunofluorescência direta podem ser positivas emanimais poucos dias após a vacinação. Portanto, o tempo míni-mo entre vacinação e o exame em cães doentes deve ser de seissemanas para excluir o resultado falso-positivo. Contudo, o se-quenciamento dos genes amplificados pela RT-PCR pode levar aclassificação das cepas virais da cinomose e a diferenciação dascepas em selvagens ou vacinais.

A cinomose é uma doença de apresentação diversa e vari-ada, afetando vários órgãos e sistemas e com mortalidade infe-rior apenas a raiva. O diagnóstico para intervenção precoce podeevitar a transmissibilidade e a evolução da doença para fasesmenos responsivas. Vários testes podem ser utilizados para di-agnóstico mas é preciso reconhecer as fases da doença para quese evitem falsos negativos e positivos.

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58 • Nosso Clínico

Quais os benefícios dos alimentosespecíficos para cães de raça?

CONHECIMENTO COMPARTILHADO

M.V. MSc. Luciana Peruca([email protected])Membro da Equipe de Comunicação Científicada Royal Canin Brasil

Os alimentos industrializados para animais de compa-nhia são formulados considerando, primeiramente, a es-pécie. Uma vez definido se o produto será destinado aocão ou gato, a segunda questão deve ser se este animalpossui uma raça específica ou não. Caso a resposta sejapositiva, avalia-se, então, se a raça referida requer um ali-mento específico e se há a disponibilidade desse produtono mercado.

A necessidade nutricional de cada raça é um tema emascensão baseado nas características morfofisiológicasque definem o padrão racial. O NRC (Nutrient Require-ments of Dogs and Cats) de 2006 menciona que cães daraça Labrador, por exemplo, possuem Necessidade Ener-gética Diária de Manutenção (NEM) diferente de cães deoutras raças. Assim, pode-se observar que há diferençasjá reconhecidas na literatura em níveis de energia reque-ridos por uma determinada raça para a manutenção deseu peso e saúde de uma forma geral.

Além de necessidades energéticas divergentes os cãestambém apresentam diferenças do ponto de vista anatô-mico pertinentes como a morfologia do crânio. Os varia-dos formatos de cabeça, mandíbula e maxila determinama necessidade de croquetes adaptados a essa especifici-dade, a fim de facilitar a preensão e possibilitar a mastiga-ção mais adequada do alimento (Figura 1.1).

Dessa forma, cães braquicefálicos, por possuírem umcrânio largo e curto, requerem um alimento com um cro-quete de formato diferente do produzido para cães meso-cefálicos, que possuem um crânio de comprimento e lar-gura medianos. Facilitar a preensão do alimento implicaaumentar a palatabilidade, além de tornar a velocidadede preensão e mastigação adequadas.

Vale ressaltar que o ponto de partida para o desenvol-vimento de um alimento industrializado para uma raça decão ou gato provém da particularidade racial específica erespaldada pela literatura. Ademais, a contribuição pormeio de escuta ativa de criadores renomados reforça aideia de buscar uma formulação mais adequada e queatenda às sensibilidades inerentes à raça.

Com a finalidade de esclarecer os benefícios que osalimentos industrializados fornecem quando formuladospara raças específicas de cães, segue um exemplo:

Bulldog Francês:

Há alguns pontos-chave importantes a serem consi-derados, específicos do Bulldog Francês:• O Bulldog Francês é caracterizado por uma mandíbulabraquicefálica. Em função de sua morfologia maxilofaci-albraquicefálica, a preensão dos croquetes pode ser difí-cil para essa raça.

• Predisposição às derma-topatias: dermatite atópica17,piodermitebacteriana1, alope-cia sazonal dos flancos cícli-ca11.• Predisposição a proble-mas respiratórios: estenosedas narinas, alongamento dopalato mole, eversão de ven-trículo, hipoplasia traqueal epneumonia por aspiração(fenda palatina)5,7,9,14,8,10.• Predisposição às gastro-enteropatias: problemas demastigação, hipersalivação,deglutição repetida, ingestãoanormalmente frequente degrama/capim, vômito em “ja-tos” na presença de fator es-

Figura 1.1: Tipos de conformações cranianas em cães

Dolicocefálico Mesocefálico Braquicefálico

Collie Pastor Alemão Boxer

Saluki Rottweiler Shih Tzu

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Nosso Clínico • 59

alimento específico para a raça predisposta. Com isso,abaixo seguem duas tabelas de correlações entre as par-ticularidades da raça com as características nutricionaisespecíficas. A Tabela 1.1 se refere ao Bulldog Francês nafase de filhote, isto é, de 2 aos 12 meses de vida e a Tabe-la 1.2 ao Bulldog Francês adulto (acima de 12 meses devida).

As vantagens dos alimentos específicos para cães egatos de raça são diversas e pontuais. As característicasde tais produtos atendem às necessidades raciais cienti-ficamente reconhecidas por Médicos-Veterinários e cria-dores e objetivam o aumento do bem-estar e da longevi-dade de cães e gatos.

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tressante, regurgitação12, esofagite por refluxo8, gastrite,duodenite linfoplasmocitária16 e colite ulcerativa histiocíti-ca19, capacidade enzimática limitada2, esvaziamento gás-trico em intervalos mais curtos21 e acentuada permeabili-dade do intestino delgado20.• Predisposição a problemas osteoarticulares: hemi-vértebra6, osteocondrodisplasia,angulação da coluna ver-tebral (cifose, lordose ou escoliose), estreitamento do ca-nal medular, deslocamento ou fratura das vértebras apóstraumatismo e síndrome de má-formação occiptal cau-dal18,3.• Predisposição a problemas oftálmicos: prolapso daglândula de Harder (3ª pálpebra) ou cherry eye13.• Predisposição às cardiopatias: estenose da artéria pul-monar4.

Algumas das manifestações decorrentes dessas afec-ções podem ser minimizadas com o fornecimento de um

Tabela 1: Correlações entre as características da raça com ascaracterísticas nutricionais específicas para o Bulldog Francês

Filhote e respectivos benefícios

Particularidadesda Raça

Características NutricionaisEspecíficas para o

Bulldog Frances FilhoteBenefícios

Braquicefálica Croquetes de formato etamanho adapatados

Croqueteadaptado

Apetite exigente Altapalatabilidade

Palatabilidade elevadaPerfeita conservação

Sensibilidadedigestiva

Proteína de baixa indigestibilidadePrebióticos (MOS e FOS)Polpa de beterrabaÁcidos graxos de cadeia curta:ômega 3

Saúdedigestiva

Defesasnaturais

Desenvolvimentoimunológico

Antioxidantes: vitamina E,vitamina C, luteína e taurina

Tabela 1.2: Correlações das características da raça com ascaracterísticas nutricionais específicas para o Bulldog Francês

Adulto e respectivos benefícios

Particularidadesda Raça

Características NutricionaisEspecíficas para o

Bulldog Frances AdultoBenefícios

Braquicefálica Croquetes de formato etamanho adapatados

Croqueteadaptado

Predisposiçãoàs doençasosteoarticulares

Glicosamina e condroitinaÁcidos graxos de cadeia curta:ômega 3Antioxidantes

Ossos earticulações

Sensibilidadedigestiva

Proteína de baixa indigestibilidadePrebiótico (MOS)

Redução devolume e odordas fezes

Manutenção damusculatura

Teor proteico idealL-carnitina

Condição damassamuscular

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60 • Nosso Clínico

MEDICINA FELINA

PANLEUCOPENIA FELINA (parte 1)A panleucopenia é comumente encontrada em colônias,

abrigos e locais com grande rotatividade de animais. Pela gravi-dade do quadro, aliada à importância da vacinação como medi-da de prevenção de maior eficácia, comentarei alguns pontosimportantes desta doença, divididos em 2 informativos diferen-tes. Boa leitura!

Introdução

A panelucopenia é uma doença viral causada por um par-vovírus (FPV), semelhante ao parvovírus canino. Todas as espé-cies de felídeos são susceptíveis à infecção pelo FPV. Por ser umvírus não envelopado, o agente pode permanecer infectante pormeses no ambiente, mantendo-se viável por até um ano. Fato-res como esse perpetuam a infecção em locais superpopulosos,com poucas condições de higiene e animais susceptíveis.

Epidemiologia e Patogenia

A prevalência pela infecção é muito maior do que a preva-lência pela doença; muitos animais adquirem o vírus (infecção),mas permanecem assintomáticos. A doença é observada princi-palmente em animais jovens e/ou imunocomprometidos, sen-do de grande importância epidemiológica em abrigos/criatóri-os, onde o número de filhotes é elevado.

O vírus é eliminado por todas as secreções corpóreas du-rante a fase ativa de infecção, principalmente pelas fezes (até109 partículas virais por grama de fezes), fazendo com que seacumule rapidamente nos locais de permanência dos animaisenfermos. Por ter grande potencial infeccioso e resistência aoambiente, animais susceptíveis introduzidos em ambientes con-taminados, mesmo com medidas higiênicas corretamente esta-belecidas, podem adquirir o vírus. É recomendado que somen-te animais imunizados sejam introduzidos em ambientes sus-peitos ou sabidamente contaminados pelo FPV.

A transmissão ocorre principalmente por via oro-fecal (viadireta), podendo ocorrer também através de fômites (agulhas/seringas, vestimentas, objetos de higiene, mãos – via indireta).

Após entrada por via oral, o vírus tem uma primeira repli-cação em tecido orofaríngeo, com posterior disseminação sistê-mica. A replicação do FPV requer células com rápida atividadede divisão (em fase S de divisão); isso gera grande predileção dovírus por células do trato gastrintestinal (TGI), tecido linfoide emedula óssea. No TGI, se replica principalmente em células dascriptas intestinais, gerando necrose, translocação bacteriana ebacteremia. Na medula óssea, o FPV se replica em células pre-cursoras mielóides, gerando leucopenia importante. O sistemanervoso central (SNC) pode ser acometido em casos de infec-ções intra-uterinas e neonatais, gerando lesões cerebrais, cere-belares, em nervo óptico e retinianas. As lesões cerebelares con-sistem de hipoplasia e anormalidades nas células de Purkinje.

Morte fetal, reabsorção, infertilidade e abortos, bem comofetos mumificados podem ser causados pela infecção pelo FPVdurante a gestação.

Manifestações Clínicas e Alterações Laboratoriais

A maior parte dos animais que desenvolvem manifestaçõesclínicas não possuem vacinação adequada e são jovens, usual-mente com até 1 ano de idade. Não existe predisposição sexualou racial. Muitos gatos adultos adquirem a infecção, mas apre-sentam manifestações clínicas discretas, ou nem mesmo se tor-nam sintomáticos.

As manifestações clínicas surgem após um período de in-cubação, que dura cerca de 2 a 9 dias. Os animais desenvolvemfebre, anorexia, vômitos (em grande número, de início agudo enão relacionado com a alimentação), desidratação grave, pros-tração; gastroenterite pode ou não ocorrer, sendo bem menoscomum quando comparado ao quadro de infecção pelo parvoví-rus em cães. Em casos graves, diarreia com conteúdo mucosoou hemorrágico e icterícia podem ocorrer. A palpação abdomi-nal pode evidenciar alças espessadas e sensibilidade abdominal.

Filhotes infectados por via intrauterina, em fase final degestação, podem nascer cegos ou com alteração cerebelar nãoprogressiva, caracterizada por ataxia, hipermetria, tremor de in-tenção e “cauda em bandeira”, sem alteração de estado mental.

O achado laboratorial clássico desta enfermidade é a graveleucopenia, principalmente por neutropenia e linfopenia asso-ciadas; no entanto, leucopenia não está presente em todos oscasos, e sua ausência não descarta a doença. Em alguns gatos, aleucopenia pode ser de discreta a moderada. Quanto mais gra-ve a leucopenia, pior o prognóstico. Anemia pode ocorrer porperda gastrintestinal, e trombocitopenia por coagulação intra-vascular disseminada.

Achados bioquímicos são inespecíficos, como azotemiapré-renal, hipocaliemia, hipoglicemia e hiperbilirrubinemia.

Prof. Msc. Alexandre G.T. Daniel

Gattos - Clínica Especializada em Medicina FelinaAprimoramento e Pós-Graduação em MedicinaFelina - CETAC (www.cetacvet.com.br)Universidade Metodista de São Paulo([email protected])

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Figura 1: filhoteacometido pelapanleucopenia,evidenciandoprostração eventroflexão depescoço,decorrente dehipocalemia

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62 • Nosso Clínico

TERAPIA CELULAR DR. MARCELO NEMER XAVIER

Uma viagem pelo mundo da Pesquisa

Coordenador Curavet([email protected])www.curavet.com.br

Nessa edição, vimos o caso clínico da Bulldogue Inglês Mel,mostrando a capacidade imunomodulatória e regenerativa daterapia celular o que auxilia os profissionais da reabilitação narecuperação rápida e eficaz dos pacientes com sequela neuro-lógica provocada pela cinomose.

Além disso, daremos continuidade a essa viagem pelo mun-do da pesquisa que vem acontecendo em diversas faculdadesdo Brasil.

Iremos entrevistar uma pes-quisadora muito atuante e tambémpioneira na área da terapia celularcom células-tronco, da Faculdadede Medicina Veterinária da UNESP-Botucatu, Dra. Fernanda da CruzLandim (foto).

Dr. Cura: Primeiramente gos-taria de agradecer a oportunidadede nos mostrar o laboratório, osprojetos de pesquisas e tudo quevocês vêm realizando aqui na UNESP-Botucatu em prol da me-dicina veterinária e da terapia celular com células-tronco. Paratermos uma ideia da visão atual do mundo das pesquisas a Sra.poderia nos relatar um breve histórico das células-tronco namedicina veterinária em nosso país e citar alguns centros dereferência nas pesquisas?

Dra. Fernanda Landim: Embora a descoberta da existênciade células-tronco nos organismos vivos seja bastante antiga, apossibilidade de sua utilização em procedimentos terapêuticosé bem mais recente. Meu primeiro contato com este campo depesquisa ocorreu em 2006 durante a execução de um projetode clonagem. Na época não sabíamos nada sobre métodos decoleta, cultivo e caracterização destas células e os dados na lite-ratura eram bastante precários. Mesmo assim começamos a tra-balhar em testes pré-clinicos e clínicos com reparação de nãounião óssea. Os resultados foram excelentes e assim passei a mededicar a essa linha de pesquisa. Na mesma época existiam gru-pos fortes em veterinária na USP e em Santa Maria. Hoje existeum grande número de laboratórios que atuam na área, no en-tanto somente alguns tem se dedicado a pesquisa básica sobreo comportamento das células-tronco. É difícil falar nomes, poissempre posso esquecer alguém, mas gostaria de ressaltar osgrupos da Profa. Maria Angélica Miglino e Carlos Ambrosio, am-bos na USP (Campos de São Paulo e Pirassununga, respectiva-mente) que trabalham com células tronco de tecidos placentá-rios, o Grupo do Prof. Flávio Meireles, que trabalha com iPS, oGrupo do Prof. Ney Pipi, em Santa Maria, que faz inúmeros tes-tes clínicos com células mesenquimais e o grupo de minha cole-ga de instituição, Profa. Ana Liz Garcia Alves que atua em pro-blemas ortopédicos em equinos. Estes profissionais, sem dúvi-da são pessoas de renome nacional e internacional na área.

Dr. Cura: Hoje vemos laboratórios que defendem o uso decélulas autólogas, outros defendem o uso de células heterólo-gas. Em nossa equipe damos as duas opções aos proprietários.Como a Sra. vê a utilização correta nas terapias? Poderia nosexplicar brevemente o por quê?

Dra. Fernanda: Esta falta de padronização do procedimen-to terapêutico vem do pouco conhecimento que ainda temossobre a forma de ação destas células, por isso é tão importantea continuidade das pesquisas. Existem benefícios e problemasna utilização das duas fontes celulares. As células autólogas, po-tencialmente trazem uma maior segurança biológica, pois quan-do as aplicamos não administramos ao animal antígenos desco-nhecidos. No entanto, muitas vezes os animais que necessitamda terapia já são idosos ou estão muito debilitados e suas célu-las não são de boa qualidade. Além disso, o cultivo primário,que é aquele que fazemos logo que obtemos o tecido do animalé demorado, podendo levar até 20 dias, o que pode ser muitotempo para o início do procedimento terapêutico. Por outro lado,as células heterólogas são obtidas em bancos de células-tronco,tendo um desenvolvimento bem mais rápido (em média 4 a 5dias). Os doadores de células são sempre animais jovens e livresde patologias e, finalmente, um bom banco de células semprecaracteriza o seu material quanto ao potencial de desenvolvi-mento e terapêutico, através de testes imunofenotípicos e dediferenciação, além do cariótipo. O inconveniente nestes casosé que estamos administrando ao paciente antígenos desconhe-cidos que podem levar a uma reação imunológica. Embora ascélulas aplicadas tenham a capacidade de modular a imunidadee controlar essa reação, em casos extremos, podem acontecerreações anafiláticas.

Dr. Cura: Sabendo que somos parte integrante de um pro-cesso, onde muitas vezes o paciente já passou por grandes no-mes e especialistas antes de haver a indicação da terapia celu-lar. Além disso, a necessidade de esclarecer dúvidas do proprie-tário, do médico veterinário e de fazer um acompanhamentopós-aplicação, pergunto: A Sra. acha que cursos de poucas ho-ras são capazes de preparar um profissional para atuar na áreade terapia celular com células-tronco? Como vê essa questão?

Dra. Fernanda: O sucesso da terapia celular é um processocomplexo. Ele depende de um bom diagnóstico, de uma boaaplicação de células de qualidade com a concentração e viabili-dade certas e também de um bom acompanhamento, realiza-ção de terapias de suporte, como a fisioterapia e também daavaliação da necessidade de novas aplicações. Por isso mesmoos profissionais que indicam e administram as células-tronco temque ter um excelente conhecimento do mecanismo de ação dascélulas. Vou dar um exemplo prático: Você pretende tratar umpaciente que apresenta um trauma medular e não está se movi-mentando. Se você fizer uma aplicação sistêmica das células,não é esperado que elas atingissem o foco de lesão, porque

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estas células não tem a capacidade de romper a barreira hema-to-encefálica. Desta forma a melhor opção terapêutica é a viaintratecal ou epidural. Este tipo de conhecimento não é adquiri-do em poucas horas. Existem inúmeras possibilidades terapêu-ticas e pra cada uma delas é necessário um bom entendimentode como as células irão atuar. O mau uso, por pessoas mal treina-das pode levar a um descrédito da terapia, o que seria um enormeatraso para a medicina veterinária e uma pena para os inúme-ros animais que podem se beneficiar com os tratamentos.

Dr. Cura: Uma pergunta importante é a que sempre ouvi-mos quando vamos apresentar a terapia: Há publicação sobreterapia com células-tronco? Nós sabemos que sim e o quantovem sendo estudada. Contudo, acho válido mostrar a visão dequem vive junto às pesquisas. O que a Sra. pode nos falar sobreas pesquisas?

Dra. Fernanda: Hoje existem inúmeras publicações sobreeste tema, abordando os mais diversos aspectos, desde carac-terização das células e testes clínicos até o estudo de expressãogênica e vias metabólicas para o funcionamento das células tron-co. Esta realidade não é diferente aqui no Brasil. Em meu Labo-ratório ainda trabalhamos com caracterização de células de es-pécies exóticas, no entanto temos cada vez mais nos dedicadoao estudo dos mecanismos de ação que fazem com que estascélulas tenham um bom efeito terapêutico. Desta forma temosnos dedicado a análises da expressão gênica e da proteômicacaracterizando principalmente as moléculas imunomodulado-ras liberadas pelas células-tronco. Outra linha de pesquisa im-portante e que precisa ser ressaltada é o estudo de biomateriasque possam servir como arcabouços para a sustentação das cé-lulas durante procedimentos cirúrgicos.

Dr. Cura: O mundo todo gira em torno das pesquisas, nadado que é utilizado hoje em medicina pode-se dizer que não estásendo pesquisado. Dessa forma, descobrem-se novas tecnolo-gias, novas utilizações, minimizam-se efeitos colaterais, aumen-ta-se espectro de ação, etc. Vivemos isso com as cirurgias, comos medicamentos, dentre outros e o que hoje é algo revolucio-nário, amanhã é substituído por um similar ou uma nova gera-ção. Com relação à terapia celular com células-tronco, quais asexpectativas futuras?

Dra. Fernanda: Imagino que as perspectivas futuras resi-dam na identificação das moléculas liberadas pelas células-tron-co e no mecanismo de ação destas células. Hoje sabemos queestas células produzem citocinas e fatores de crescimento, mastambém mRNAs que influenciam a ação das células alvo. Alémdisso, também é conhecido que o efeito terapêutico pode sermediado por outras células do próprio órgão lesado, ou até deoutros órgãos. Tudo isso ainda é novo, mas irá definir e talvezmodificar a forma de utilização da terapia celular com célulastronco. Pode ser que no futuro a gente consiga fazer aplicaçõescom material liofilizado, por exemplo.

Dr. Cura: A medicina veterinária tem crescido para diver-sos ramos de atuação, um deles é o mercado de animais exóti-cos. Em uma visita à Universidade Federal Rural da Amazônia,vimos um lindo trabalho na clínica de animais silvestres e umapreocupação da Dra. Érika Branco em realizar estudos na áreade purificação e utilização das células-tronco para esses animais.O que a Sra. pode nos acrescentar sobre esse mercado e sobre

as pesquisas nas faculdades?

Dra. Fernanda: Eu tenho pouca experiência nesta área.Sempre que temos a oportunidade trabalhamos em conjuntocom o Centro de Animais Silvestres da FMVZ - UNESP. Já tivemosa oportunidade de tratar macacos, lobo guará, leão e até umcoruja. Nem sempre o sucesso é bom, pois os animais via deregra estão em condições muito ruins.

Dr. Cura: Sabemos que muitos confundem capacidade tu-morogênica com capacidade carcinogênica. Com relação às cé-lulas-tronco, a Sra. poderia nos explicar essa capacidade e quala segurança desse tratamento?

Dra. Fernanda: Sabemos que existem vários tipos de célu-las-tronco, cada uma delas com um potencial de diferenciação.Quanto maior o potencial de diferenciação das células maior acapacidade destas formarem tumores após o transplante. Porexemplo: embora o uso de células-tronco embrionárias em te-rapia celular seja extremamente promissor, ainda não temos ocontrole de seu processo de diferenciação. Quando transplan-tadas, em seu estado indiferenciado, essas células originam te-cidos dos 3 folhetos embrionários formando teratomas. Poroutro lado, as células da medula óssea ou do tecido adiposo sópode se transformar em tecidos estromais (osso, cartilagem,gordura, musculo, tendão...) mas não se transforma em tecidonervoso. Isso confere a estas células uma maior segurança nahora da aplicação, uma vez que a possibilidade de formação detumores é praticamente nula. No entanto é importante ressal-tar que as células-tronco de medula e tecido adiposo tem umenorme potencial de estimular a proliferação celular. Assim, seo animal tratado tiver um tumor, mesmo que pequeno, estascélulas podem migrar em direção a ele e estimular o seu desen-volvimento.

Dr. Cura: Seriam várias perguntas e tomaríamos o seu diainteiro, por isso antes de tudo, agradecemos sua atenção e aten-dimento a nossa equipe Curavet em prol de uma coluna rica eminformações da Revista Nosso Clínico. Mas, antes de terminar-mos, gostaria de perguntar se teria algum ponto que consideraimportante relatarmos e que acabamos não perguntando na ma-téria?

Dra. Fernanda: Na verdade, eu é que gostaria de agrade-cer pelo convite. Acho que a mídia tem ressaltado de forma bas-tante incisiva os benefícios do uso da terapia celular com célu-las-tronco. Isso tem elevado às expectativas de médicos e paci-entes em relação aos resultados. Assim é importante ressaltartambém a complexidade dos mecanismos de ação das células-tronco e a possibilidade de variação na obtenção dos resultadosterapêuticos. A ação das células depende da interação destascom o órgão tratado e para cada animal estas condições serãodiferentes. Então a melhora pode ser enorme e muito rápidapara alguns, lenta e pequena para outros e até ineficiente emalguns casos. O uso de células de boa qualidade, em boa con-centração e viabilidade, bem caracterizadas e com bons testes desegurança biológica é fundamental para o sucesso da terapia.

Após essa rica matéria e aula dada pela Dra. Fernanda Lan-dim, deixamos aqui nosso agradecimento e nos encontramosna próxima edição, com uma visão agora do clínico veterinárioque possui em sua clínica a terapia celular com células-tronco eteve experiência com diversos aplicadores diferentes.

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FISIOTERAPIA, FISIATRIA E REABILITAÇÃO

M.V. Maira Rezende FormentonFisioanimal / Hovet Pompé[email protected]

Uso de

Com o crescimento da área de reabilitação veteri-

nária e a necessidade de fornecer uma melhor qualidade

de vida aos nossos pacientes, é cada vez mais frequente

o número de animais que precisam do auxílio das cadei-

ras de rodas.

Estes aparatos podem ser indicados para os ani-

mais que apresentam paralisias parciais (apenas mem-

bros posteriores), totais ( quatro membros) ou até mesmo

animais que sofreram amputações de mais de um mem-

bro e/ou precisam de auxílio para caminhar.

A qualidade de vida do animal é o foco quando

propomos a utilização de uma cadeira de rodas. Para al-

cançarmos isso, é essencial que o animal seja colocado

de forma correta na cadeira, sem que force os membros

anteriores ou cause lesões em região de coluna cervical.

O animal deve ficar posicionado de forma alinhada (sem

deslocamento da cadeira nem para baixo, nem para

cima), e a cadeira deve ser ancorada envolvendo todo o

peitoral do animal, não apenas na coluna tóraco-lombar

(foto), onde pode gerar graves lesões se estiver mal po-

sicionada.

A adaptação à cadeira deve ser gradual. O animal

deve iniciar com 10 a 15 minutos de permanência, acres-

centando 5 a 10 minutos por semana, até atingir um tem-

po máximo de 1 hora. Não recomendamos que o animal

fique o dia todo na cadeira de rodas, como acontece em

humanos, pois a cadeira para cães é desenvolvida ape-

nas para o passeio e exercícios do animal, e não como

um substituto em tempo integral à locomoção. Deixar o

animal o dia todo no aparato leva à sérias alterações de

biomecânicas e lesões secundárias, dentre elas escoria-

ções em locais de apoio, hérnia de disco em coluna cervi-

cal, piora de lesões tóraco-lombares, contraturas graves,

além da fadiga muscular.

Recomendamos que os animais realizem parte dos

exercícios da fisioterapia na própria cadeira de rodas, uti-

lizando assim o aparato como um instrumento à reabilita-

ção. Exercícios de movimentação dos membros como o

“engrama”, mobilizações articulares, estação assistida e

caminhadas são extremamente benéficos e podem ser

realizados diariamente em animais.

O acompanhamento deste animal por um veteriná-

rio fisioterapeuta ampliará as possibilidades de uso da

cadeira como um auxílio no retorno ao caminhar, porém

ressaltamos que a cadeira é apenas um dos instrumentos

para a reabilitação, e não o único.

Animal posicionado corretamente, com a coluna alinhada e a cadei-ra é ancorada em todo o peitoral distribuindo as forças e diminuindoas chances de lesões secundárias. Neste animal os pés foram dei-xados apoiados pois existia a possibilidade de movimentação e de-ambulação. Caso o animal não consiga movimentar os pés, é reco-mendado que sejam erguidos em suportes presentes na cadeira paraevitar escoriações nos membros......................................................................................................................

para cães

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NUTRIÇÃO ANIMAL

Keila Regina de Godoy - [email protected]., Gerente de Desenvolvimento e Capacitação Técnica da PremieR petwww.premierpet.com.br

foto

Pet food natural para cães e gatos no BrasilO entendimento científico sobre nu-

trição de animais de companhia tem au-mentado de forma contínua, acompa-nhando o fenômeno visto em diversasáreas do conhecimento. Na última déca-da, têm-se prioritariamente pesquisas di-recionadas ao uso de nutrientes na pro-moção de saúde, prevenção de doençasdegenerativas, melhoria da qualidade devida e aumento da expectativa de vida decães e gatos.

Este direcionamento de pesquisas é,em grande parte, explicado pela impor-tância que cães e gatos assumiram navida das pessoas, fazendo com que as de-cisões alimentares dos proprietários comseus animais se assemelhassem às queadotam para si próprios. (Carciofi e Jere-mias, 2008).

A breve descrição acima faz parte doestudo “Progresso científico sobre nutri-ção de animais de companhia na primei-ra década do século XXI” e dá uma boaideia do motivo pelo qual surgiram novasalternativas para a nutrição e alimenta-ção de cães e gatos.

Atualmente a variedade de alimentosé enorme, incluindo não só opções paraas respectivas faixas etárias, mas tambémpara cuidados especiais, muitos dos quaisjá tratamos anteriormente, como porexemplo:• Pós-castração;• Pele e pelagem;• Idosos;• Raças específicas;• Atletas;• Sobrepeso;• Animais enfermos (alimentos coadju-vantes);• Etc.

Além destes citados, um nicho do mer-cado pet food vem crescendo: o de ali-mentos naturais.

Este crescimento segue uma tendên-cia mundial. Para se ter uma ideia, nosEUA, segundo dados da empresa GfK,63% de todos os alimentos vendidos empet shops são alimentos com apelo na-tural.

Os proprietários que adotam para si

um estilo de vida natural, que prezampelo bem-estar, saúde e sustentabilida-de, frequentemente buscam alternativassemelhantes para seus pets. Querem ofe-recer um alimento completo e balancea-do, mas não querem abrir mão de sua fi-losofia de vida.

E o que já está disponível para eles noBrasil?

É possível encontrar alimentos natu-rais com uma ou mais das seguintes ca-racterísticas:• Fonte de proteína derivada de frangoscriados com certificação de bem-estaranimal e livres de antibióticos e promo-tores de crescimento;• Poucos grãos ou totalmente livre degrãos (grainfree);• Antioxidantes naturais ou com antioxi-dantes sintéticos;• Blends de vegetais ou frutas;• Sem ingredientes transgênicos;• Sem glúten;• Sem corantes e aromatizantes artificiais

A variedade de produtos vem crescen-do para atender a um público cada vezmais exigente e atento aos rótulos. A pre-ocupação, inclusive, extrapola o produtoe inclui ainda embalagens feitas de ma-téria-prima de fonte renovável (cana deaçúcar), que colaboram para redução daemissão dos gases causadores do efeitoestufa e se alinham com os valores dasempresas e dos consumidores. As ativi-dades fabris das empresas também pas-sam a ser pautadas pelo conceito de bem-estar e sustentabilidade que os produtosoferecem.

E o que dizer de tudo isso?Alguns ingredientes devem ser desta-

cados, dada a polêmica que envolvem:• Frango natural: são criados sem antibi-óticos e promotores artificiais de cresci-mento, em baixa densidade populacional,baixo nível de estresse, com um manejoque permite expressarem seu comporta-mento natural. São transportados somen-te à noite, é feita pega individual paracolocação nas caixas de transporte. O re-sultado é a preservação das propriedadesnaturais da carne, mais sabor e uma pro-

teína mais saudável, livre de resíduos quí-micos. A polêmica do uso de antibióticosnos frangos é um assunto que tem pau-tado importantes discussões no mercado.Embora a criação desses frangos aindaseja extremamente restrita no Brasil, exis-te uma pressão internacional cada vezmaior para que os grandes produtores seadequem.• Transgênicos: soja, milho e seus deri-vados são os transgênicos encontradosnos alimentos para humanos e animais.Embora haja muita polêmica em torno doassunto, estudos demonstram segurançaem seu consumo e até o momento abso-lutamente nenhuma evidência científicademonstrou que possam causar algumtipo de malefício. Para saber mais, é pos-sível acessar www.gmoanswers.com, umsite exclusivamente dedicado a responderdúvidas e fornecer informações sobre ostransgênicos.• Antioxidantes: Um produto deve sertanto nutricionalmente completo quan-to seguro para o consumo de animais decompanhia durante toda sua validade. Ouso de antioxidantes é realizado para evi-tar que o produto entre em processo deauto oxidação. A Food and Drug Adminis-tration (FDA) define antioxidantes comosubstâncias que auxiliam na preservaçãode alimentos através do retardo da suadeterioração, rancificação ou descolora-ção devido ao processo oxidativo.

A inclusão de compostos antioxidan-tes no alimento industrializado pet man-tém o sabor do produto, odor e textura,além de prevenir o acúmulo de substân-cias tóxicas geradas através da degrada-ção lipídica que, inclusive, têm papel emdiversas doenças e intoxicações farma-cológicas. A degradação lipídica tambémcausa consequências nutricionais, como:destruição parcial dos ácidos graxos es-senciais linoleico e linolênico; destruiçãoparcial de outros lipídeos insaturadoscomo a vitamina A, carotenoides e toco-ferois; destruição parcial da vitamina C;formação de produtos secundários da oxi-dação lipídica capazes de reagir com pro-teínas diminuindo a absorção destas; ir-

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ritação da mucosa intestinal por peróxidos, que provocam diar-reia e diminuem a absorção; e formação de lipídeos oxidadosque são antagonistas de diversos nutrientes como: tiamina, pan-totenato de cálcio, riboflavina, ácido ascórbico, vitamina B12,tocoferóis, vitamina A, proteínas, lisina e aminoácidos sulfurados.

O uso de antioxidantes em doses adequadas previne a pro-dução de compostos tóxicos na dieta. Em geral, os antioxidan-tes sintéticos são mais utilizados devido a sua alta eficácia, boadurabilidade e estabilidade, de modo a garantir a integridadedo produto durante toda sua vida de prateleira. Antioxidantessintéticos efetivos na alimentação de pets incluem BHA e BHTentre outros. Tanto o BHA quanto o BHT são aprovados para oconsumo humano também, e têm efeito antioxidante sinérgicoquando usados ao mesmo tempo, possibilitando redução da dose.

Confira no quadro ao lado um resumo comparativo dos prin-cipais aspectos relacionados à eficácia e viabilidade de uso dosprincipais antioxidantes naturais e sintéticos disponíveis atual-mente no mercado.• Blends de frutas e vegetais - são ingredientes naturalmentericos em fibras solúveis e insolúveis (que promovem a saúdeintestinal e regulam o trânsito) e ricos em sais minerais. Porém,não podemos contar com suas vitaminas, as quais são altamen-te sensíveis à extrusão, restando quantidades ínfimas no produ-to acabado. Não há comprovação científica de que as vitaminasdestes blends resistem à alta temperatura e pressão.

Cabe ainda lembrar que nem tudo que é natural é bom. Aexemplo disso, é bem sabido que uvas e passas para cães, bemcomo cebola e alho para cães e gatos, são ingredientes naturaisque não devem ser oferecidos, devido ao seu potencial altamentetóxico.

Disponibilidade Duração Efetividade

Antioxidantes Naturais

Tocoferóis mistos Baixa Pobre Baixa

Ácido ascórbico Baixa Pobre Baixa

Palmitato de ascorbilo Baixa Pobre Baixa

Antioxidantes Sintéticos

BHA Moderada Boa Alta

BHT Moderada Boa Alta

TBHQ Pobre Boa Alta

Etoxiquim Boa Excelente Alta

Adaptado: Canine and Feline Nutrition - 3.ed. / Mosby Elsevier (2011)

Atualmente muitos proprietários, na busca por um alimen-to natural, optam por uma alimentação caseira sem qualquertipo de acompanhamento especializado, o que, vale semprealertar, pode ter graves consequências nutricionais e de saúdepara o pet.

Mediante o contexto e todos os pontos mencionados, é im-portante que o médico veterinário se mantenha sempre atuali-zado sobre o tema e conheça todas as opções de alimentos na-turais existentes no mercado. Só assim ele poderá orientar seusclientes quanto à melhor escolha para cada caso.

Até a próxima!

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68 • Nosso Clínico

Ao longo das últimas décadas, o desenvolvimento de no-vos estudos aliados à elevada tecnologia na elaboração deprodutos biológicos, possibilitaram a fabricação de vacinasmais eficientes e diversificadas para os animais de companhia.

A história do desenvolvimento das vacinas iniciou-se apartir dos anos 50, quando foram obtidos novos conhecimen-tos em torno das doenças que acometiam os animais de com-panhia, sendo em sua maioria fatais. Posteriormente, nosanos 70, com o avanço das pesquisas, surgiram as primeirasvacinas polivalentes, combinando antígenos para maior co-modidade do médico veterinário. Somente nos anos 80, fo-ram descobertos os adjuvantes de imunidade, substânciasresponsáveis por causar um processo inflamatório para oreconhecimento dos antígenos das vacinas inativadas, possi-bilitando uma melhor resposta ao estímulo vacinal.

A partir dos anos 2000, surgem os guias internacionaisde vacinação, instituídos por associações de médicos veteri-nários e pesquisadores de diferentes países; com o objetivode orientar e passar informações relevantes a cerca dos pro-tocolos vacinais, baseados em dados epidemiológicos e ca-racterísticas individuais de cada paciente. Desta maneira asvacinas foram segregadas em dois grupos – essenciais e op-cionais – surgindo novas recomendações sobre protocolosvacinais, visando atender as necessidades de acordo com oestilo de vida de cada animal.

Segundo as novas orientações do WSAVA e AAHA, a va-cinação inicial deve ser iniciada com 8 a 9 semanas de idade,seguida por uma segunda vacinação 3 a 4 semanas após e,por fim, uma terceira dose administrada entre a 14ª a 16ªsemanas de vida. Vale lembrar que, os anticorpos maternosinterferem com a eficácia de várias vacinas no início da vida.Sendo assim, alguns animais poderão não responder de for-ma adequada até a 12ª-14ª semanas de idade. Desta forma,considera-se a dose realizada entre a 14ª e 16ª semana, amais importante do esquema de vacinação. Destaca-se ain-

Novidades e tendências mundiais sobrevacinações em cães e gatos

da que os reforços anuais são recomendados após a conclu-são do esquema de primovacinação.

Atualmente uma nova visão sobre os protocolos vaci-nais vem sendo amplamente discutida pelos guias internaci-onais, onde as questões individuais do paciente devem serfortemente levadas em consideração no delineamento doprotocolo vacinal. Desta forma o ideal é que o médico vete-rinário busque adaptar os guias existentes de acordo com arealidade do Brasil, utilizando como base nos conhecimen-tos de imunologia, experiência clínica, realidade e estilo devida de cada paciente, ambiente em que vivem, riscos deexposição a determinados agentes infecciosos e característi-cas individuais.

Os laboratórios veterinários possuem uma ampla varie-dade de produtos biológicos, no entanto, nem todos os cãese gatos precisam de todas as vacinas disponíveis, sendo opapel do médico veterinário fundamental na escolha e cons-trução do protocolo vacinal.

Por fim, é importante ressaltar que, nem todo processovacinal irá imunizar de forma efetiva, uma vez que, existemfatores inerentes ao hospedeiro, que poderão ocasionar fa-lhas na resposta vacinal como: presença de elevada quanti-dade de anticorpos maternos, imunodeficiência, incubaçãode doenças, stress, protocolos terapêuticos que possam in-terferir na imunização, dentre outros.

Segundo os últimos dados divulgados em pesquisa rea-lizada pelo IBGE, o Brasil possui uma população de 52 mi-lhões de cães e 21 milhões de gatos, da qual aproximada-mente apenas 30% destes animais são vacinados, ou seja,um percentual ainda muito baixo quando comparado ao ce-nário ideal, o que torna o desafio frente às doenças aindamuito elevado.

A vacinação é a melhor ferramenta para promover pro-teção e controlar gradativamente o alto desafio às doençasinfecciosas.

Jaime DiasGerente Técnico de Animais de CompanhiaMerial Saúde [email protected]

PREVENÇÃO & TENDÊNCIAS

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70 • Nosso Clínico

ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA

MV. MsC. Alessandra Martins Vargaswww.endocrinovet.com.br

Diabetes mellitus: diagnóstico precisoe a introdução ao tratamento

EVENTOS PARA 2015

• II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ENDOCRINOLOGIA EMETABOLOGIA EM PEQUENOS ANIMAISData: 01/11/2015Local: São Paulo, SPOrganização: ANCLIVEPA-SPInformações: Tel.: (11) 3813-6568 / www.anclivepa-sp.com.br

NOVIDADES PARA 2016

• CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO (pós-graduação lato sensu)em ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA EM PEQ. ANIMAISTurma 04 ( 2016 - 2017 )Local: São Paulo, SPOrganização: ANCLIVEPA-SP em parceria com UNICSULProcesso seletivo em 2015Informações: Tel.: (11) 3813-6568 / www.anclivepa-sp.com.br

Diagnóstico

O diagnóstico do diabetes mellitus (DM) baseia-se na pre-sença das principais manifestações clínicas (poliúria, poli-dipsia, polifagia e perda de peso) e na constatação de hiper-glicemia (glicemia em jejum, acima de 200 mg/dL) e de gli-cosúria persistentes.

A glicemia (mensuração da glicose sérica) pode ser de-terminada enviando-se a amostra (sangue total, plasma ousoro) para laboratórios veterinários ou ainda por meio de gli-cosímetros (amostra de sangue total). É possível utilizar osensor portátil (glicosímetro) para mensuração da glicemiaem cães desde que a precisão analítica e clínica do referidosensor tenha sido avaliada como adequada (necessária vali-dação para uso em medicina veterinária). Dessa forma, re-comenda-se verificar a calibragem do glicosímetro e se omesmo possui precisão comprovada. De acordo com a lite-ratura, dois glicosímetros já foram validados para uso emmedicina veterinária, mais especificamente em cães. Bluwolet. al (2007) validaram o glicosímetro Optium Xceed (Abbott®)enquanto que Calamari et. al (2012) comprovaram a preci-são do glicosímetro Breeze (Bayer®). O estudo do autor Do-bromylskyj (2010) validou o glicosímetro Accu-check Active(Roche®) para uso em gatos.

Em cães cuja suspeita diagnóstica é o DM, a glicemiapode ser realizada mesmo que não estejam em jejum. Nes-tes casos, se o valor da glicemia for superior a 273 mg/dLconfirma-se o diagnóstico. Tal hiperglicemia denomina-se INE-QUÍVOCA. A glicosúria (presença de glicose na urina) podeser identificada utilizando fitas reagentes que alteram sua corquando a glicose está presente na urina.

Em gatos, além da presença das manifestações clínicase da constatação de hiperglicemia (em jejum) e de glicosú-ria, recomenda-se realizar a mensuração da FRUTOSAMI-NA, uma vez que gatos não diabéticos podem apresentarhiperglicemia decorrente do estresse. A frutosamina é umaproteína glicada formada da ligação entre glicose e albumi-na. Gatos diabéticos apresentam frutosamina acima dos va-lores de referência.

Introduzindo o tratamentoÉ fundamental que os tutores do paciente diabético com-

preendam todos os aspectos do diabetes mellitus e princi-palmente que a sua participação no tratamento será decisivapara a sobrevivência do paciente e o sucesso terapêutico. Aaplicação de insulina no paciente deve ser diária e obrigato-riamente em horários fixos. Deve-se utilizar seringas especí-ficas. Por exemplo, a Caninsulin® (insulina de USO VETERI-NÁRIO) possui concentração de 40 UI/mL. Dessa forma, uti-liza-se seringas específicas 40 UI.

Com relação à dieta do paciente diabético, a quantidadee a composição das refeições devem ser constantes. Reco-

menda-se o uso de alimentos coadjuvantes para pacientesdiabéticos, como por exemplo, o alimento Diabetic® paracães. IMPORTANTE: o uso do alimento coadjuvante não subs-titui a terapia convencional para o DM (insulinoterapia) e tan-to a prescrição quanto a transição para este alimento deveser realizada mediante acompanhamento do médico veteri-nário. Nota-se que em situações específicas pode ser neces-sária a prescrição de dieta caseira, e nestes casos, a formu-lação da referida dieta deve ser realizada pelo médico veteri-nário especializado em nutrição, profissional habilitado parapromover a adequada nutrição ao paciente.

O objetivo do tratamento é eliminar as manifestações clí-nicas do DM além de evitar suas complicações crônicas. Des-tacam-se entre as complicações mais comuns a uveíte, ca-tarata, pancreatite crônica, infecções recorrentes (principal-mente em trato urinário, pele e cavidade oral), lipidose hepá-tica, hipoglicemia, hipertensão e cetoacidose diabética. Ou-tras complicações tais como neuropatia periférica, glomeru-lopatia, retinopatia, insuficiência pancreática exócrina, pare-sia gástrica e diarreia crônica são incomuns.

REFERÊNCIAS

O conteúdo aqui apresentado também constitui parte do informativo Vets Today Nº22- Julho/2014 (Conhecendo melhor o diabetes mellitus em cães) publicado pela RoyalCanin e também escrito pela autora desta coluna.

1 - BLUWOL, K.; DUARTE, R.; LUSTOZA, M.D.; SIMOES, D.M.N.; KOGIKA, M.M. Ava-liação de dois sensores portáteis para mensuração da glicemia em cães. ArquivoBrasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.59, n.6, p.1408-11, 2007.

2 - CALAMARI, C.V.; SILVA, R.D.; DE MARCO, V.; VARGAS, A.M.; FURTADO, P.V.Validação dos monitores portáteis Breeze®2 e Contour TS® para a mensuração daglicemia em cães. In: 2º CIABEV, 2012, Búzios, Proceedings... Rio de Janeiro, CIA-BEV, 2012, p.30.

3 - DOBROMYLSKYJ, M.J.; SPARKES, A.H. Assessing portable blood glucose metersfor clinical use in cats in the United Kingdom. Vet. Record, n.167, p.438-442, 2010.

4 - VARGAS, A.M.; SANTOS, A.L.S. Animais de estimação diabéticos, saudáveis efelizes. Você torna isso possível com Caninsulin®. Manual para o Médico Veteriná-rio, 2012. Publicação da MSD Saúde Animal, unidade global de negócios de saúdeanimal da Merck & CO, Inc. 0800 70 70 512.

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Avanços no tratamento de doenças infecciosas naveterinária com o uso da Medicina Tradicional Chinesa

MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

Eduardo Lobo,Rodrigo GusmãoMédicos-Veterinários, com cursosde especialização em AcupunturaVeterinária, Dietética e FitoterapiaChinesa. Coordenadores e profs.em cursos e palestrantes na áreapor todo o Brasil

Epidemiologicamente as doenças infecciosas são as princi-pais causas de mortalidade em animais até sete anos. Segundoestudos, nesta faixa etária elas representam até 40% da taxa demortalidade em cães e até 60% em gatos. Desta forma se trans-formam em um desafio à medicina convencional que mesmocom todo o desenvolvimento e toda tecnologia de prevençãodisponíveis ainda não tem a capacidade de cuidar destes ani-mais mais precisa e adequadamente. A Medicina TradicionalChinesa pode ajudar neste processo.

Historicamente desde o início da técnica chinesa de tera-pêutica há 4000 anos na China antiga até hoje, as principais do-enças que acometem a humanidade são epidemias causadas poragentes infecciosos. Doenças como cólera, paralisia infantil eoutras acometem os grandes agrupamentos humanos há mui-tos séculos atrás, e já naquela época conseguiam ser tratadas.Assim, neste período, várias técnicas tanto à base de acupuntu-ra, como dietoterapia e fitoterapia vêm sido desenvolvidas, tes-tadas e aprovadas para o tratamento de doenças epidêmicas.

Mas, e para os animais? Tal conhecimento é antigo e expe-rimentado o suficiente para ser utilizado desta forma? Pode-mos dizer que sim pois o chinês não trata a doença e seu nome,mas sim o conjunto de sintomas e a síndrome clínica que estescausam. Assim se pensarmos nos sintomas, morbidade e mor-talidade da Cólera teremos algo bem similar a Parvovirose Cani-na. Se pensarmos na evolução, patogenesia e consequências daPoliomielite teremos muitas coincidências com os animais in-fectados e doentes pelo vírus da Cinomose, se pensarmos nagripe e nas várias formas de epidemia que esta doença já de-senvolveu e apresentou no ser humano, teremos os casos deInfluenza felina tratados comparativamente.

Podemos com certeza tratar todas as doenças infecciosasna fase aguda usando os recursos da Medicina Tradicional Chi-nesa: Acupuntura, Fitoterapia e Dietética principalmente.

Falando destas três doenças vamos dar uma amostra decomo indicar o tratamento e realizá-lo no seu atendimento dodia a dia.

Iniciando pela parvovirose canina. No caso desta doença otratamento é muito efetivo através da acupuntura. Existem al-gumas fórmulas fitoterápicas chinesas que podem ajudar o ani-mal, porém o mais eficiente é o uso da acupuntura. Isto se deveao fato da parvovirose atuar mecanicamente, mas principalmen-te no sistema imune do animal. A destruição das vilosidades e apenetração de agentes na circulação sanguínea, faz com que aação física local da fórmula fitoterápica não seja tão eficientequanto à modulação imunológica/energética do organismo. Te-mos inclusive publicado nos anais do congresso de especialida-de de 2013 um piloto onde tivemos redução do tempo de inter-nação dos animais em mais de 50% somente com o uso de pon-

tos de acupuntura no tratamento diário dos animais. Pontos sim-ples como Pc6 , VG1 e outros ajudam em muito na recuperação.Já os fitoterápicos tanto para o tratamento de sepse (calor nosangue), como os de uso antidiarreicos (calor ou frio invadindoo intestino) em nossa prática tem poucos resultados nas diarrei-as da parvovirose.

Em relação à cinomose, durante muito tempo foi passadoo conceito que o tratamento da cinomose só podia ser feito apósa estabilização do quadro para quando a desmielinização imu-nológica causada por esta doença estivesse estabilizada. Porémos chineses tratam a poliomielite desde o início de seus sinto-mas. Assim usando a técnica correta de tratamento podemostratar também a cinomose e nas fases iniciais e ajudar aindamais aumentando o pequeno arsenal terapêutico que temos commais armas para esta luta. Existem fitoterápicos que podem serusados nas fases iniciais respiratórias como o Da Qing Long Tange o Xiao Qing Long Tang (que tratam o problema nas fases detrato respiratório superior - problemas nos olhos e garganta -como nas fases onde exista traqueite e bronquiolite) e o Ma XinShi Gan Tang (usado para as fases pneumônicas). A Acupunturatambém é altamente indicada, aumentando em 20 a 30% a so-brevida dos animais na fase aguda. Para isso é utilizada a técni-ca dos planos, descrita no Tratado das Doenças pelo Frio (220DC), onde através das barreiras anatômicas/energéticas dos ca-nais de defesa faz-se a movimentação e a retirada deste vírus(energia patogênica do corpo) melhorando a resposta do ani-mal.

Apesar de não apresentarem alta mortalidade, os proble-mas respiratórios nos gatos tem uma morbidade alta e deixamos animais muito debilitados. O tratamento com fitoterápicos(especialmente os utilizados na mesma técnica descrita para acinomose), reduzem em até 80% o curso da doença, recuperan-do o animal em menor tempo.

Devemos sempre lembrar que a Medicina Tradicional Chi-nesa é uma medicina completa onde qualquer problema e do-ença pode ser abordada e se corretamente tratado, dependen-do da condição física e imunológica do animal, vai dar um me-lhor prognóstico e menor tempo de tratamento. Procure sem-pre um Veterinário especialista. Ele conseguirá auxiliar a suaconduta, ajudando em seus tratamentos mais complicados.

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Prof. Dr. Marco Antonio GiosoFMVZ-USPwww.usp.br/locfmvz

COMPORTAMENTO EMPRESARIAL

O MODELO DOS 3 I’S - MARKETING EMOCIONAL

Prof. Dr. Marco Antonio GiosoFMVZ-USPwww.usp.br/locfmvz

Karina CostaMestranda (CRMV/AL 652)

Diretora de MktVetCoach

Seu objetivo é estarà frente dos demais co-legas de profissão? Entãosaiba que hoje já nãobasta atingir apenas amente, também precisa-mos atingir o coração dosconsumidores.

Execentes exemplosde marketing emocionalvêm de profissionaiscomo Howard Schultz, daStarbucks, Richard Bran-son da Virgin, e SteveJobs, da Apple. Conceitosde “terceiro lugar para setomar um café” da Star-bucks, de “marketingnão convencional da Virgin” e de “imaginação cri-ativa” da Apple são implementações de marketingemocional. São esforços voltados para as nossasemoções, nossos sentimentos.

Os profissionais de marketing além de aten-der as ansiedades e desejos devem “decifrar o có-digo da alma” dos clientes para manterem-se re-levantes. Os veterinários devem alcançar seus cli-entes como consumidores plenos.

Nesse estágio redefinimos um triângulo har-monioso entre marca, posicionamento e diferen-ciação. Para completar o triângulo, introduzimosos 3 Is: identidade, integridade e imagem.

Uma diferenciação que estabeleça sinergiacom o posicionamento criará automaticamenteuma boa imagem, conquistando as emoções dos

consumidores. Os profissionais de

marketing devem atingirmente e espírito dosconsumidores simulta-neamente para chegarao seu coração.

O modelo dos 3 Istambém é relevantepara o marketing nas mí-dias sociais. Na era doempowerment dos con-sumidores induzidospela abundancia de in-formações e pelas co-munidades em rede, adiferenciação e o posici-onamento harmonioso

da sua imagem é tudo que você precisa.Sua identidade é classificada de acordo com o

número de experiências. Uma experiência ruimprejudicará sua integridade e destruirá sua ima-gem. Esteja atento a isso e deixe os clientes faze-rem o marketing por você.

Estamos na era da comunicação horizontal, emque o controle vertical não funciona. Apenas a ho-nestidade, originalidade e autenticidade funcio-narão.

Posicionamento Diferenciação

integridade da marca

3iMarca

imag

em d

a m

arca

identidade da marca

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Nos últimos anos o banho e tosa está passando por umaconstante transformação e hoje muitas empresas já utilizamo conceito de centro de estética, o que isto significa?

Significa que tudo tem ficado realmente profissional, como tosador procurando aperfeiçoamento para que possa, cadadia com mais consistência, atender a real necessidade dosseus clientes. Profissionais não estão mais simplesmente to-sando os animais, mas sim, se preocupando e dando aten-ção à saúde do pelo e da pele.

Os conhecimentos hoje procurados pelos melhores pro-fissionais, e por quem procura prestar um serviço de quali-dade, estão muito além de técnicas de tosa. Hoje todos sepreocupam com comportamento, cinofilia, primeiros socor-ros e até nutrição, para assim levar as informações mais as-sertivas aos proprietários.

Este novo cenário faz com que os profissionais mudemseus conceitos a respeito dos centros de estética em suasclínicas. Quantas e quantas vezes ouvimos as frases “banhoe tosa, isso é um mal necessário”, “nem sei por que não fe-chei ainda, pois só me incomoda”. Parte da culpa também éda gestão da clínica, que por muito tempo deixou à margemesta parte de empresa. Transformar o banho e tosa em umcentro de estética é levar informação ao cliente e oferecerum centro de “medicina preventiva”. Para isto os colabora-dores devem se sentir seguros em falar com o cliente, preci-sam de respaldo do corpo clínico e dos gestores. Somenteassim falarão e mostrarão com consistência seu conhecimen-to e profissionalismo ao cliente.

No Brasil, diferente do resto do mundo, os pets tomambanho todas as semanas. Os clientes semanais no centro deestética chegam à 90% da carteira de clientes, isto quer di-zer que este animal está dentro da sua loja durante 52 se-manas por ano com uma média de vida por volta de 12 anos,perfazendo um total de 624 visitas à empresa. O mesmo ani-mal, se saudável, quantas vezes visita o veterinário ao longodestes 12 anos?

– Respondemos: em média, 12 vezes. Logo temos mes-mo de tratar o centro de estética como um centro de tria-gem para a clínica, é lá que podemos identificar uma otiteno início, uma dermatite, problemas com placa bacterianaetc. Feito isto aumentaremos substancialmente o númerode visitas ao veterinário, sem contar que um conhecimentomais amplo pode incrementar as vendas do pet shop.

Importância do Centro de Estéticadentro da clínica veterinária

Sendo assim, é de extrema importância que todos no cen-tro de estéticas estejam permanentemente treinados paraesta triagem. Seguem algumas ideias para implementar emsua empresa:• Reuniões quinzenais para motivar, levantar números obti-dos e metas a serem alcançadas;• Mini palestras mensais usando o corpo clínico da empresapara falar sobre estruturas, cuidados, primeiros socorros econtenção, higienização e esterilização dos materiais e espa-ço físico;• Mini palestras com parceiros (distribuidores) sobre nutri-ção (ração), problemas com pele e pelagem (shampoos), etc.• Treinamentos com o corpo clínico sobre aplicação dos sham-poos medicinais para tirar o melhor proveito e ter um trata-mento eficaz;

Tratando o Centro de Estética desta maneira, os núme-ros aumentarão substancialmente, além de termos clienteextremamente satisfeitos com os serviços prestados e com otrato de seus animais. Pense você também em levar o seubanho e tosa ao próximo nível e veja seus números cresce-rem!

WALDECIR SILVACoordenador de PromoçãoGroomer Referê[email protected]

Apoio:

CENTRO DE ESTÉTICACENTRO DE ESTÉTICA

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78 • Nosso Clínico

BEM-ESTAR ANIMAL

Sidney Piesco de Oliveira([email protected])

O Médico-Veterinário e suas responsabilidades

Diretor Científico do Instituto Brasileiro deRecursos Avançados - IBRAGraduado pela FMVZ- USPMestre em Clínica e Cirurgia de PequenosAnimais (FMVZ-Unesp - Botucatu)Pós-Graduado Lato Sensu em FisioterapiaVeterinária (UNIP)Pós-Graduado Lato Sensu em AcupunturaVeterinária (FACIS - IBEHE)Membro da Comissão Especial deFisioterapia Veterinária - CRMV-SPMembro Fundador da ANFIVETCoordenador da divisão de AcupunturaVeterinária do IBRACoordenador geral de cursos IBRA

Outro dia eu estava refletindo sobre a importânciado Médico-Veterinário para o bem-estar animal e diver-sas coisas vieram à minha mente. Entre elas a responsabi-lidade do profissional dessa área.

Costumo dizer que saímos da faculdade sabendo 5%do que deveríamos aprender e, se vivermos bastante eestudarmos todo esse tempo, morreremos sabendo 50%do necessário. E isso pode ser constatado pela quantida-de de dúvidas que temos durante o exercício de nossa pro-fissão.

Um colega que não estuda, não se aprimora ou atua-liza, pode conseguir exercer sua profissão ao longo da vidasem enfrentar grandes problemas ou processos, pois onosso paciente é diferente e costuma esconder seus sen-timentos. Como exemplo podemos usar uma otite. O pa-ciente chega à clínica e o colega percebe que ele está comuma importante infecção no ouvido externo. Automatica-mente prescreve um medicamento de amplo espectro queé capaz de combater desde infecções por fungo até sar-nas otodécicas. Porém, sua ação pode não ser a mais efi-caz para a bactéria que está infectando o conduto auditi-vo e, dessa maneira, o tratamento pode se arrastar porlongos períodos até chegar à cura. Isso não ocorreria comum colega atualizado, que poderia optar por exames com-plementares e descobrir o medicamento ideal para o tra-tamento.

O exemplo acima pode ser transportado para quasetodas as patologias com baixa mortalidade, e assim o co-lega desatualizado vai atendendo ao longo da vida e acre-ditando que está ajudando os animais, quando na verda-de está atrasando sua cura.

Fico feliz em saber que a maioria dos Médicos-Vete-rinários não age dessa forma. Ao contrário, estão em cons-tante atualização participando de simpósios, congressose cursos, sejam estes últimos de pós-graduação, especia-lização ou de atualização.

Porém, um cuidado maior deve ser observado pornossos colegas, pois no momento atual de crise, algunsMédicos-Veterinários ou mesmos curiosos, acreditam queuma boa saída para a baixa remuneração seja organizarcursos, haja vista o sucesso de empresas de cursos comoa que eu dirijo. Essas pessoas procuram por um local queseja grande o suficiente para acomodar vinte ou trintacadeiras, convidam um profissional e, sem maiores plane-jamentos, divulgam o curso nas redes sociais.

Muitas vezes, esses cursos carecem de organização,de conteúdo e mesmo de profissionais gabaritados paraministrarem, o que é muito preocupante, pois o veteri-nário, de maneira inocente, acredita que está aprenden-do o suficiente para tratar corretamente os animais e essapode não ser a realidade.

A responsabilidade da organização de um curso émuito grande, pois algo que seja ensinado de forma erra-da pode se propagar e se eternizar como um tratamentocorreto, prejudicando os pacientes e clientes.

Cabe aos Médicos-Veterinários se prevenirem con-tra esses cursos com má qualidade, pois cabe somente aeles essa fiscalização. A maneira mais correta de fiscali-zar a qualidade de um curso é iniciando pela formação daempresa, além de seus profissionais. Abaixo vou colocaralgumas dicas para não caírem em armadilhas.

Veja se a empresa é legalizada, se está registrada nosórgãos competentes e, principalmente, no CRMV ouCFMV. Isso é muito importante, caso contrário, você nãoterá para quem reclamar se a qualidade não for a espera-da. Procure se informar sobre a formação dos profissio-nais que estão coordenando e ministrando o curso, assimcomo a reputação da empresa que o organiza.

Jamais participe de cursos organizados de forma ama-dora, como uma sala no fundo de uma clínica ou pet shop,pois essa provavelmente não tem licença para isso.

No caso de cursos de pós-graduação veja se há umafaculdade regularizada no MEC chancelando os diplomas,e nas especializações e atualizações, se há um institutode ensino regulamentado emitindo os certificados.

Dessa forma você aprenderá de maneira correta epoderá tratar os animais como eles realmente mereceme com a máxima excelência.

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80 • Nosso Clínico

PETS, FAMÍLIAS E VETERINÁRIOS LUCIANA ISSA

PETS, UMA FONTE DE BEM-ESTAR DESDE A INFÂNCIA

Patrocínio:

Luciana Issa ([email protected]), psicopedagoga clínica, diretora técnicado Instituto Brasileiro de Educação e Terapia Assistida por Animais e autorado livro “Kíon Branquelo, Joe Caramelo & Amigos. As aventuras e o trabalhode quatro cães terapeutas.”

Uma criança e um animal de estimaçãoformam uma boa dupla. Pets são para ascrianças fonte de bem-estar, estimulandoáreas do desenvolvimento infantil, assimcomo, ensinam os pequenos a respeitar avida, a dar e receber afeto, além de promo-ver a boa convivência.

Segundo o veterinário inglês Bruce Fo-gel, os animais de companhia atuam como uma “janela” paraa família, em outras palavras, são um vínculo essencial nasrelações familiares, principalmente, porque atualmente o nú-cleo familiar tem sofrido muitas transformações e nem sem-pre é formada por um pai, uma mãe e filhos. Milhares de la-res são cuidados por apenas um pai ou uma mãe que tem agrande responsabilidade de cuidar dos filhos.

Diante de várias situações, as crianças podem experimen-tar o sentimento de confiança e amizade, ao estarem ao ladode um animal de companhia. Elas encontram apoio enquan-to atravessam as diversas etapas do crescimento e desen-volvimento.

Uma criança que começa a andar na companhia de umcãozinho pode ter ainda mais estímulos e força para exploraro mundo ao seu redor. Ele ajuda a criança a construir umaponte de comunicação com outras crianças, aumentando tam-bém a habilidade de aprender e a dominar a expressão ver-bal, sem falar que a aceitação incondicional do animal deestimação favorece a autoestima. Quando adulta ela, certa-mente, irá combater a violência contra os animais.

Cuidando de um animal, a criança aprenderá a ser maisresponsável, terá autocontrole e autodisciplina, além de fa-vorecer a atenção e concentração. Entre outros benefícios, otrabalho de ser pai e mãe de filhos felizes se faz mais facil-mente com a ajuda de um animal como membro da família.

O primeiro contato entre um animal de companhia e umbebê será o início de uma relação frutífera, contudo, essainteração requer um planejamento cuidadoso porque a rivali-dade não é exclusiva das crianças, e se a família já possuium gato ou um cachorro que era o centro da atenção, essespodem ver o bebê como um rival. É preciso realizar algunsprocedimentos para que o animal de estimação trate com ca-rinho o novo membro da família.1) Primeiramente, a docilidade do animal e sua saúde perfei-ta são o “ponto de partida” para se viabilizar a interação comas crianças. Antes mesmo da chegada do bebê, estimule opet a se relacionar o máximo possível com crianças de todasas idades, inclusive, bebês. O cão vai se acostumando coma presença deles começando com o olhar.2) Acostume o animal a ouvir sons de um bebê, até mesmousando uma gravação.3) O pet deve se acostumar com todos os objetos relaciona-

dos ao bebê, tais como: berço, carrinho,bebê conforto e brinquedos. Vale ressaltarque é necessário ter bom senso, por exem-plo, no caso do cão ter contato com os brin-quedos deve-se passar álcool nos objetospara higienização.4) Deixe o pet se familiarizar com os odorestípicos de um bebê: pomada, shampoo, sa-

bonete, colônia, etc. Antes da apresentação do bebê ao seupet, deixe um paninho com o cheiro do bebê onde fica o ani-mal.5) Devem-se corrigir os problemas de comportamento e obe-diência do cão, por exemplo, pular nas pessoas ou de ficarlatindo.6) Esteja presente em todos os momentos em que o pet e obebê estejam juntos, assim, você vai assegurar tranquilidadee estabilidade entre os novos amigos que estão se conhe-cendo.7) Ofereça petiscos ao cão nas primeiras semanas durante ainteração com o bebê.8) Seja paciente com o animal, pois, assim como, uma crian-ça pode se sentir que não é mais o foco da atenção dos adul-tos, diante da chegada de um irmãozinho, e passa a ter umpapel mais infantil, isto é, mostrando um comportamento deregressão dizendo que também é um bebê, por sua vez, ocão pode vir a agir como filhote, fazendo as necessidades nolocal errado. Com paciência, carinho e uso de educador oanimal vai se adaptar.9) No caso de gatos, treine para que ele não suba ou entreno berço.10) Crie suas próprias estratégias seguindo duas observa-ções: continue a dar carinho e atenção ao seu pet, ainda queem menor tempo e vá permitindo que a interação aconteçagradativamente e com constância.

Baixe gratuitamente o livro digital“As aventuras e o trabalho de quatrocães terapeutas” acessando o sitewww.ibetaa.org.br

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82 • Nosso Clínico

Vivemos no mundo hoje,

uma fase de transição, de uma so-

ciedade e cultura excepcional-

mente materialistas para uma cul-

tura altruísta e espiritualista. E es-

piritualidade não é religiosidade.

Longe disso.

Ser espiritualista é respeitar

o seu liderado, seu colega de tra-

balho, seu líder. É entender que

não somos feitos apenas de ma-

téria, que temos algo muito vali-

oso além disso, e que existe um

mundo invisível. É se tornar útil a

sociedade.

O ser humano pensa, sente

e age de acordo com suas cren-

ças, valores, experiências, conhecimento. Ao mes-

mo tempo, tem muito para doar, para compartilhar,

para evoluir. É preciso reconhecer isso.

Dentro desse cenário, as empresas e corpo-

rações procuram e sentem cada vez mais a necessi-

dade de formarem elementos humanos com quali-

dade, consciência e profundidade. Os empresários

têm uma busca latente por “algo mais”. Falta algu-

ma coisa. Sim, falta olhar para o outro e enxergar

que por trás de cada rosto, existe uma história, uma

personalidade e identidade únicas. Há uma neces-

sidade de reconhecimento do desempenho no tra-

balho e valor que cada um agrega através do seu

“know-how”, de suas habilidades.

Quando um líder consegue vislumbrar a rique-

za que reside na diversidade, e valorizar os pontos

positivos de seu liderado, o resultado é surpreen-

dente. O mercado exige qualidade: no atendimen-

to, na entrega do serviço, no relacionamento inter-

pessoal. Por esse motivo, líderes e equipe precisam

ser treinados e desenvolvidos.

Liderança é sobre pessoas e

liderar é dar o exemplo. Para edu-

car um filho, exemplificando, pre-

cisamos ter continuidade, persis-

tência, paciência e muito amor.

Demoramos alguns anos para,

como pais, desenvolver e educar

outro ser humano. E acima de

tudo, precisamos dar o exemplo.

Essa não é a melhor forma, é a

única. No mundo corporativo a si-

tuação se repete. Não somos ro-

bôs, não temos chip e não conse-

guimos mudar padrões de com-

portamento da noite para o dia.

Temos nossos valores pessoais e

crenças que herdamos da nossa

família. Portanto, quebra de paradigma, mudança

de comportamento e a criação de uma identidade

coerente, que defina bem a Missão de uma empre-

sa, demandam tempo. Uma empresa não é feita

apenas de máquinas. É, acima de tudo, feita de pes-

soas. De ideias. Dessa forma, treinamento, desen-

volvimento pessoal e uma imagem adequada são

elementos fundamentais para se conquistar o su-

cesso, prosperidade e felicidade. E só conseguem

alcançar aqueles que entendem ser esse, um pro-

cesso contínuo e evolutivo.

Esse é o papel da Cnagai: desenvolver e moti-

var o ser humano e suas habilidades. Valorizar o que

cada pessoa e empresa têm de melhor. Mostrar que

é melhor servir que ser servido. Fazer brilhar. Afi-

nal, a essência do ser humano, é a essência do pro-

fissional.

“Desenvolver e motivaro ser humano e suas

habilidades. Valorizar oque cada pessoa e empresa

têm de melhor.Mostrar que é melhorservir que ser servido.

Fazer brilhar.”○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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Rosália [email protected].: (11) 3253-2757www.cnagai.com.br