68
Editora MÊS Ano 2 - nº 16 Maio de 2012 circulação GRATUITA I M P R E S S O PODE SER ABERTO PELA ECT UM CURITIBOCA DA GEMA ATUAL MORADOR DO RIO, ALEXANDRE NERO NÃO SE ESQUECE DO “CHEIRO DE CURITIBA” E GRAVA, NESTE MÊS, SEU DVD NA CIDADE ELEIÇÕES/2012: PESQUISA MOSTRA QUE PELO MENOS 8 PRÉ-CANDIDATOS SÃO LGBT NO PR CIDADES: MAIS DE 870 OBRAS PÚBLICAS ESTÃO PARALISADAS NO PR, DIZ TCE/PR CULTURA: CURITIBA SERÁ PALCO DE FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA EM MAIO

Revista MÊS, edição 16

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Revista mensal do Paraná. Distribuição gratuita. Para receber, entre em contato com: [email protected]

Citation preview

Page 1: Revista MÊS, edição 16

Editora MêsAno 2 - nº 16Maio de 2012

circ

ulaç

ão G

RATU

ITA

I M P

R E

S S

OPO

DE

sER

ABE

RTO

PEL

A E

CT

Um cUritiboca da gemaAtuAl morAdor do rio, AlexAndre nero não se esquece do “cheiro de curitibA” e grAvA, neste mês, seu dvd nA cidAde

eleições/2012: PesqUisa mostra qUe Pelo menos 8 Pré-candidatos são lgbt no Pr

cidades: mais de 870 obras Públicas estão Paralisadas no Pr, diz tce/Pr

cUltUra: cUritiba será Palco de Festival internacional de cinema em maio

Page 2: Revista MÊS, edição 16

Mais do que ver. Ser visto.

Page 3: Revista MÊS, edição 16

Mais do que ver. Ser visto.

Page 4: Revista MÊS, edição 16

“Toda a minha influência é Curitiba”entrevista Alexandre Nero

Ao desembarcar na cidade histórica da Lapa, em meados de abril, onde foi homenageado no V Festival de Cinema da Lapa, o curitibano Alexandre Nero (42) revelou estar feliz ao sentir o frio que fazia no dia. Uma sensação saudosista do clima do Sul. Foi na Lapa que Nero recebeu a Revista MÊS, mas o tema era sobre outra localidade. Curitiba foi a estrela central da entrevista. O ator, que integra a próxima novela da Rede Globo, também é cantor, compositor e músico. Atualmente mora no Rio de Janeiro, mas não se esquece das raízes

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

e do período em que se criou nas ruas curitibanas.

Curiosamente, durante a entrevista, sem esconder

seu perfil fechado, crítico e frio – tipicamente curitibano – negou,

em tom de ironia, dar atenção a alguns fãs

que rodeavam o artista. Pura brincadeira. Era só para fazer

pose de “curitiboca”. No restante do tempo,

mesclou doçura e gozação, divagações

sobre si e lembranças da terrinha. Nero estará

na Capital paranaense este mês para gravar seu DVD.

Confira os melhores trechos dessa conversa:

Page 5: Revista MÊS, edição 16

REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 5

me parece um teatro intocável para os artistas locais. Hoje até me vejo nessa posição de talvez querer fazer um show ali, ou qualquer coisa as-sim, mas até muito pouco tempo era uma coisa quase impossível. Museu do Olho lembra o parquinho de cocô de cachorro que tem lá atrás. É um lugar que frequentei muito pouco. Onde frequentei mais foi a parte mais de trás onde os cachorros passeiam. O Barigui lembra correr. Onde eu amava correr. Corro até hoje na praia e sinto uma falta muito grande de correr no Barigui. [No Rio] corro na orla, mas sinceramente, entre os dois: prefiro o Barigui. Jardim Botânico lembra namoradinhas de adolescên-cia. Ópera de Arame, o local eterno de goteira. É muito curioso isso, por-que a minha referência da Ópera de Arame é goteira. As pessoas do Rio de Janeiro quando voltam da Ópera de Arame falam “nossa que teatro lindo” e é realmente. É maravilhoso. Mas ninguém sabe que a acústica é terrível, que não dá para fazer peça, fazer música, chove dentro. Já toquei lá com goteira do lado. Do lado da Pedreira. A Pedreira é um lugar que lembra grandes shows. Ouvi falar que ia reabrir. Queria deixar claro que acho um absurdo aquilo fechado.

O que você mais curte na cidade, que não tem em outros lugares?

AN - É claro que para um curitibano qualquer coisa que fale aqui alguém vai achar que estou fazendo uma pro-paganda especial para o prefeito ou para qualquer lugar. É importante sa-ber que o meu olhar é um olhar sau-doso. Não sei os problemas hoje de Curitiba. Vou falar uma declaração de pessoa que é de fora. Que as pessoas de Curitiba não fiquem magoadas co-migo. É uma opinião saudosa, de quem mora no Rio de Janeiro. Tenho saudade do frio de Curitiba, da limpeza de Curi-tiba, do trânsito de Curitiba que é mui-to educado. As pessoas são educadas, não param em cruzamento, as pessoas respeitam os sinais, que é uma

Você está morando no Rio de Janei-ro. Como é atualmente sua relação com Curitiba?

Alexandre Nero (AN) - É saudosa. Venho muito pouco para Curitiba. In-felizmente, por motivos profissionais, minha vida acabou virando o Rio de Janeiro. Gostaria de vir mais à Curiti-ba, porque a minha relação afetiva, os meus amigos, tudo o que sei, toda a minha relação artística é de Curitiba. Fora isso, sinto muita falta da pacata vida de Curitiba. Apesar do Rio de Janeiro ser aquela maravilha da na-tureza, é uma cultura completamente diferente da gente do Sul. Começa pelo clima, um calor tremendo. Hoje brinquei na hora que a gente foi almo-çar. Tava ventando e chovendo, falei: “Graças à Deeeeus tô sentindo frio!” Sinto falta de coisas emocionais as-sim. Sinto falta do cheiro de Curitiba. É muito curioso isso.

Qual é esse cheiro de Curitiba?

AN - Não sei definir. É como o toque da mãe, o gosto da comida da mãe. Qual é o gosto da comida da mãe? A gente não sabe o que é. É uma coisa indefinível. Sinto a falta do cheiro de Curitiba. E não é o cheiro do perfu-me. É uma coisa do clima mesmo. O respirar de Curitiba é mais gelado, tal-vez. Não sei. Sinto muito a falta disso. Pode parecer coisa meio poética, mas não é. É físico mesmo. É biológico.

Com que frequência consegue vir à Curitiba?

AN - Não tenho mais uma frequência. A última vez que vim faz tempo. Nem sei mais quanto tempo faz. Desde que a novela começou – Fina Estampa – não vim mais. Cada vez mais, in-felizmente, a gente tende a aparecer menos. Gostaria de fazer mais coisas. Que a Prefeitura de Curitiba me cha-masse mais para participar. De estar mais presente. Soube que me cogita-

ram para apresentar o Festival, para tocar na festa de aniversário de Curi-tiba, me cogitaram várias coisas, mas nunca aconteceu. Gostaria de voltar à Curitiba fazer essas coisas.

Se te chamassem, como se sentiria?

AN - Muito feliz. É claro que isso vai depender de agenda. Tenho o maior orgulho de falar que sou de Curitiba, do Paraná. Todo mundo no Rio de Ja-neiro sabe que sou de Curitiba. Porque não deixo passar em branco. Carrego o nome de Curitiba com o maior orgu-lho. E espero que as pessoas tenham orgulho de mim também. [risos]

Quais os lugares que gosta de fre-quentar quando volta à cidade?

AN - Tenho um apego muito forte com dois lugares. Adoro andar na Rua XV e estar no Largo da Ordem. A minha formação artística começou no Largo da Ordem. Sempre frequen-tei aquele lugar. Minha vida sempre girou em torno do Largo da Ordem. E da Rua XV sempre tive um apego mesmo. No domingo à tarde, no final da noite ou no início da noite. A Rua vazia. Adoro esses dois lugares.

Além desses lugares, trouxemos al-gumas imagens de Curitiba e que-ríamos saber o que elas represen-tam para você.

AN - Que brincadeira legal! O Re-lógio das Flores lembra Garibaldis e Sacis. O Bondinho de Curitiba lem-bra o Viento Sur, um grupo que toca-va música latino-americana. O Guai-rão é uma coisa que a vida toda foi muito distante de mim. É uma coisa tão imponente. Parece tão distante dos artistas de Curitiba. O Guairão

“Nunca pensei nessa coisa de ‘eu quero ser um artista plural, que faça muitas coisas’”

Iris Alessi - [email protected]

Page 6: Revista MÊS, edição 16

� A R� Ô� � R� N� . É � A � E � NV� AVOCÊ � � � � .

Respeite a sinalização de trânsito. Imagem meramente ilustrativa.*O valor pode variar de acordo com a região.Condição válida apenas para a oferta anunciada ou enquanto durar o estoque.

Anuncio Retro 40.2 x 26.5.indd 1 01/03/12 19:05

Page 7: Revista MÊS, edição 16

� A R� Ô� � R� N� . É � A � E � NV� AVOCÊ � � � � .

Respeite a sinalização de trânsito. Imagem meramente ilustrativa.*O valor pode variar de acordo com a região.Condição válida apenas para a oferta anunciada ou enquanto durar o estoque.

Anuncio Retro 40.2 x 26.5.indd 1 01/03/12 19:05

Page 8: Revista MÊS, edição 16

8 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

gosta de desconstruir as coisas. Quan-do estava em Curitiba, sentia que em Curitiba faltava samba, faltava mara-catu, ritmos brasileiros, suingue, dan-ça, batuque, gente dançando e aí fui estudar essas coisas. Fazia parte disso. Tenho mesmo um suingue que não é curitibano. Um suingue mais nordesti-no, mais carioca ou mineiro. É coisa de tocar, de músico.

Qual influência a Capital parana-ense teve na sua construção como cantor, compositor e ator?

AN - Toda. Toda! Tudo o que sou, o que penso é devido aos artistas que convivi que são de Curitiba. Qualquer cena, qualquer piada, qualquer música que eu vá fazer, qualquer fotografia, enfim, penso nos artistas, nas pessoas que convivi. Toda influência que te-nho mesmo que seja eventualmente. “Ah, mas você toca maracatu?!” Mas nunca fui lá ao nordeste estudar ma-racatu. Nunca fui ao Rio de Janeiro estudar samba. O samba, o maracatu que conheço é de Curitiba. Toda a mi-nha influência é Curitiba!

Quem são as pessoas do mundo artísti-co de Curitiba que contribuíram com o seu trabalho ou que você admira?

AN - Os grupos que participei: “O Fato”, o “Denorex”, o “Maquinaí-

coisa muito difícil no Rio de Janeiro. É muito mais uma saudade, porque o Rio de Janeiro também tem as suas belezas.

Você é um curitibano daqueles frios, fechados, críticos, conservadores?

AN - Sou tudo isso. Obviamente, as pessoas confundem a minha timidez com antipatia. Sou um cara muito tími-do. É claro que a gente vai aprendendo. Também tem uma situação: antes era meia dúzia de pessoas que conviviam comigo, agora são mil pessoas, 200 mil pessoas. É muito estranho.

Como foi a adaptação no Rio de Janeiro?

AN - Foi muito difícil. Fui sofrendo. “Puxa vida, gente, não consigo. Fico tímido.” Já sou tímido por natureza, ainda mais por ser curitibano e morar lá. Os vizinhos entram [na sua casa]. [Aqui] nunca entrei num vizinho meu, com raríssimas exceções. Mas no Rio, as pessoas fazem churrasco, te acordam: “vamos lá, estou fazendo um churrasco, venha aqui”. É muito diferente.

O escritor Luiz Felipe Leprevost afir-ma que você tem um suingue de um “não curitibano”. Você sente isso?

AN - É, mas é justamente por causa da minha contra cultura. Sou um cara que

ma”. Os músicos que tocaram co-migo. Os grupos de teatro. As peças que fiz. As exposições que fui. Os amigos próximos. Os músicos de outras bandas diversas que Curiti-ba tem. O fandango, enfim, é muita coisa. Tem muita coisa em Curitiba. Aprendi com todo mundo isso, des-de o início. [Nomes que admira] O Itaercio Rocha acho uma bandeira lá de Curitiba. O Mário Schenberg, um ator que faleceu há alguns anos, mi-nha maior referência de ator. Lem-bro dele quando vou fazer uma cena: “O que o Mário faria aqui?”. O gru-po Fato foi um divisor de águas na minha vida. O teatro e a família da Regina Vogue. Puxa vida, é muita gente! Quando a gente cita nomes acaba esquecendo pessoas...

Você foi idealizador da “Associa-ção dos Compositores da Cidade de Curitiba”. Quais outros projetos você promoveu na cidade?

AN - Acho que só isso. [risos] A As-sociação de Compositores não sou “o” [fundador], sou “um dos” fundadores. Talvez o idealizador. Era só meia dú-zia de pessoas também. Só podia to-car música dos compositores, música própria. A coisa foi crescendo até que um momento alguém começou a ver que tinham que fazer isso de uma ma-neira mais jurídica que a gente tivesse poder político. E aí a gente virou uma Associação. Isso é uma das coisas. Considero-me dos Garibaldis e Sacis um dos fundadores. O idealizador é o Itaercio, mas teve as pessoas em volta ali, tô ali também. Acho que é isso.

Qual foi o momento da tua carreira que você se descobriu o Alexandre Nero de hoje?

AN - Quem é o Alexandre Nero de hoje? Não sei.

Hed

eson

Alv

es

entrevista Alexandre Nero

“Se não tiver nada de diferente para fazer, prefiro não cantar”

Page 9: Revista MÊS, edição 16

REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 9

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Seria um artista plural que atua em diversas áreas?

AN - Nunca me vi como um artis-ta plural. Só virei isso que sou, um músico, um ator, por motivo de gra-na, por dinheiro. Porque sempre tive medo de “vai me faltar trabalho como músico. Vou ver essa coisa de ser ator”. Comecei a espalhar os meus ovos por várias galinhas. Isso não quer dizer que desse certo. Fui fazen-do. Entrei no teatro meio por curiosi-dade, por brincadeira. As pessoas me chamaram, fui entrando, fui fazendo. Daí tinha um cachê ali, “oba, vou fa-zer”. Daí tinha outro cachê “oba, vou fazer”. E daí às vezes não tinha ca-chê, mas falei “vou fazer porque gos-tei, quero fazer”. Foram oportunida-des. Nunca pensei nessa coisa de “eu quero ser um artista plural, que faça muitas coisas”. Nem sei se sou plural. Talvez – agora vou jogar contra mim – a minha deficiência. Não sou um grande músico, não sou um grande cantor – talvez um grande cantor eu seja – mas assim, não sou um grande compositor, não sou um grande ator, não sou um grande nada. Talvez essa minha deficiência de ser um monte de coisas, fez com que fosse me espa-lhando para não ficar desempregado. Acabou que sou um monte de coisas.

Você afirmou em entrevista que o grande barato do artista é decep-cionar as pessoas. Essa é a tua prin-cipal característica?

AN - Eu acho. Claro que tem uma brincadeira em cima disso. É muito importante levar em consideração, porque quando tá escrito... Se eu fa-lasse isso agora para você, ia falar com um sorrisinho no rosto, você ia entender: “Isso é irônico”. Como tá escrito fica uma coisa reta. É só uma brincadeira. O decepcionar as pesso-as significa surpreender as pessoas, também. Poderia falar surpreender, mas falar em decepcionar as pessoas é muito mais chocante. Como sou um típico curitibano e sou um filho de Paulo Leminski também, gosto de ter essas frases “tananam”. Troca decep-cionar por surpreender. É a mesma coisa. Todo mundo lá esperando que você vá fazer uma coisa e você vai e faz outra. A maioria das pessoas vai se surpreender e vai se decepcionar.

Onde há a possibilidade de traba-lhar esse inusitado?

AN - Em todos os lugares. Por exem-plo, num show de música. E aí as pessoas estão esperando o ator da novela tocar coisas conhecidas. Não

vou tocar coisas conhecidas, vou to-car músicas do meu CD. Estou sur-preendendo! “Nossa o cara é ator de novela, vai tocar coisas que ninguém conhece?” Então vou tocar coisas que todo mundo conhece. “Carinho-so”, “Como é grande o meu amor por você” e “Não aprendi dizer adeus”, mas de maneira diferente. Muita gen-te não vai nem reconhecer, muita gen-te não vai gostar. Mas é isso mesmo, estou tentando fazer uma coisa dife-rente. Se não tiver nada de diferente para fazer, prefiro não cantar.

E dá para fazer isso na televisão?

AN - Eventualmente dá. A gente tem que lembrar que o enfoque é outro, você faz parte de um monte de coisa. Num show, o show é meu. Tenho um domí-nio total e não tem volta. É teatro. O mais importante de tudo, não tem volta, é aquele momento. Tem de ser ali, não tem plano, não tem gente [dizendo]: “Corta! Desculpa, vamos começar de novo”. Na televisão pode cortar, pode começar de novo. O texto que não é seu, você tenta colocar ele na sua boca, tem o diretor que vai dizer para você ir. Às vezes, você vai fazer o que você quer, às vezes, não. Televisão e cinema é uma coisa que foge totalmente do controle do ator. É o que a gente pode menos optar.

Para finalizar, quais são os seus projetos para o futuro?

AN - Tudo. Quero fazer tudo. Como faço tudo. Não quero parar nada do que faço. Projetos e sonhos tenho milhões, fazer mil coisas. Projeto de verdade, em final de maio, gravo o DVD em Curitiba e volto para o Rio para começar a gravar a próxima novela das 21 horas da Glória Perez. Isso é real para mim. Agora tem um monte de outras coisas que não são reais ainda, é só conjectura.

“A maioria das pessoas vai se surpreender e vai

se decepcionar”

Page 10: Revista MÊS, edição 16

10 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

mensagens do(a) leitor(a)

CoNTeúdoParabéns pela qualidade da revista e do seu conteúdo.Obrigado e abraços,Rogerio Casagrande

ViolêNCiA de mArCAs profuNdAsGostaria de parabenizar pela reporta-gem muito bem intitulada: “Violência de marcas profundas” (Mariane Maio). Muito bem abordada, constatações tristes e totalmente verdadeiras. A

Tem sugestões de pauta? Uma ideia

para fazer uma reportagem? Envie sua sugestão também para

[email protected]

satisfaçãoFiquei muito satisfeito pela abordagem da publicação, na variedade dos assuntos tratados de interesse para a Capital e regiões, além da clareza do texto envolvente. Tomei conhecimento da revista pelo Facebook da repórter Bianca Nascimento.Marcelo Martins, no e-mail

Envie suas mensagens para a Revista MÊS pelo

[email protected] | Twitter @mes_pr |

Facebook MÊS Paraná. Participe!

/MÊS Paraná

Giovana Piletti - Uma matéria que adorei também foi a lista de Prefeitos cassados. Pois é a revista cumprindo seu papel crítico e esclarecedor!

Simone Francos - Como sempre a revista MÊS com temas realmente muito bons. Adorei a matéria da capa “A CHANCE DE (RE)VIVER” - Nú-meros que doam esperança. Transplan-tes de órgãos chegaram a 124% em uma década; no Paraná, nos últimos anos houve aumento de 40%. “Doar medula óssea é que nem doar sangue”. Mesmo com as dificuldades, o Brasil já se encontra no terceiro lugar em número de doadores de medula óssea.

Marinaldo Domingos - A educa-ção precária é um fato que há muito tempo tem se discutido, porém não há

temática é ótima, pois é uma violência difícil de provar, porque deixa marcas na alma e não no físico, e como foi dito na reportagem, a pessoa que está sofrendo acaba entendendo como um processo de rotina, “normal”. Por isso, é importante falar sobre o assunto. Ser-ve de alerta a alguém que pode estar sendo vítima de violência psicológica, como aconteceu comigo há alguns anos. Foi através da leitura de um livro sobre violência moral e psicoló-gica que entendi ou me conscientizei do que se passava dentro da minha casa. Pois eu também, como disse a entrevistada Júlia*: “Não tinha ossos

quebrados (e muitas vezes preferi ter), mas tinha o espírito acabadoElza Vanhoni Bazzo

leiTurAGostaria de receber as edições dessa revista. Li uma edição em um táxi que embarquei e me surpreeendi com as matérias. Li a edição que falava de doações de órgãos, muito legal. Para-béns a todos. Lucinéia Evangelista

reCAdoVocês estão de parabéns!!!! Dária L. B. Machado

[email protected]

vontade dos governantes em melhorar isso. Enquanto a categoria dos profes-sores não radicalizar de vez, parando geral e voltando apenas após o devido reconhecimento financeiro e profissio-nal, as coisas não mudarão.

Ana Veiga - Gostei da reportagem sobre “Pensar nas regiões metropoli-tanas” que lança várias perguntas que gostaríamos que fossem respondidas com medidas do governo.

Fabricio Xavier - Sobre a reporta-gem “Dê um presente para Curitiba” (edição 14), gostei muito dos presen-tes oferecidos para nossa cidade! Eu sou paulista nascido no Guarujá, mas já moro em Curitiba desde 1975 e sinto-me um curitibano com pompa e honra! E, sim, quero que a nossa cidade melhore cada vez mais, fazendo a nossa parte, cuidando para que continue sen-do a “Capital Ecológica”! Parabéns a

nossa Cidade Sorriso, com uma popula-ção educada, civilizada e participativa!

Kele Biela Klemtz - Adorei a últi-ma receita de “Páscoa com a Família”.

Edição de abril• Na reportagem de Tecnologia: “Fino não, ultra”, edição 15, na página 42, a espessura correta que um ultrabook não pode ultrapassar é 20 mm e não 2 mm como foi colocado na matéria.

ErraTa Da rEDaÇÃO:

Page 11: Revista MÊS, edição 16

REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 11

FOTOGraMaBruno Kirilos

“Entre pedras cresceu a minha poesia. Minha vida... Quebrando pedras e plantando flores. Entre pedras que me esmagavam. Levantei a pedra rude dos meus versos”.

Cora Coralina

Caso queira ver também sua foto publicada na coluna Fotograma, envie sua imagem em alta resolução para o [email protected]

Page 12: Revista MÊS, edição 16

12 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

mATÉriA de CApA

“TodA A miNhA iNfluêNCiA É CuriTibA”

10 meNsAgeNs dos leiTores

11 foTogrAmA

14 mirANTe

23 ColuNA

21 5 perguNTAs pArA: ToNi reis

29 opiNiÃo

64 diCAs do mês

66 opiNiÃo

políTiCA

16 umA políTiCA de pouCos CieNTisTAs

18 represeNTAçÃo “ColoridA”

CidAdes

24 promessAs e obrAs NÃo CumpridAs

26 o ANTigo repAgiNAdo

eCoNomiA

30 deseNCoNTros dA iNdúsTriA No iNTerior

AgropeCuáriA / meio AmbieNTe

34 produçÃo de bAixo CArboNo

eduCAçÃo

36 proTegeNdo-se CoNTrA o bullyiNg

sAúde

38 epidemiA de iNsufiCiêNCiA CArdíACA?

TeCNologiA

40 NAVegANdo às esCurAs

ComporTAmeNTo

42 umA rede de CoNTATos por VoCê

44 “solidÃo” do poder CompArTilhAdA

iNTerNACioNAl

46 medidA CiVilizAdA

sumário

Veni

lton

Kuc

hler

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Ken

ichi

Aik

awa

24

4

58

Turismo

48 A NoVA gesTÃo de VilA VelhA

esporTe

50 A briNCAdeirA de peTeCA que Virou esporTe

AuTomóVel

52 lugAr CerTo pArA ACelerAr

modA&belezA

54 CAsANdo Com esTilo

CuliNáriA&gAsTroNomiA

56 CoziNhA de ideNTidAde

CulTurA&lAzer

58 Cores e TrAços NA reCoNsTruçÃo

60 TeloNA CheiA de NoVidAdes

Page 13: Revista MÊS, edição 16

REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 13

m cantor. Um ator. Um músico. Essas são algumas das faces de um só artista: alexandre nero, personagem retratado na Matéria de Capa desta edição. Mas a face mais explorada na entrevista com nero (no bom sentido, claro) foi seu lado

curitibano. Sim, ele é da terrinha. Por isso, se ainda não leu, sugiro que volte algumas páginas e acompanhe os detalhes da Entrevista.

Mais à frente, você encontrará reportagens exclusivas e preparadas com afinco por nossa equipe de reportagem. nas páginas seguintes, a temática que rondará as histórias apresentadas será o “homem e seu meio”. Seja nas matérias de Comportamento, sobre networking e o que os grandes líderes têm para nos ensinar, ou em reportagens que valorizam ações em prol do meio ambiente, como na agricultura de baixo carbono.

no desenrolar da revista, você encontrará reportagens que trazem o descaso de algumas obras públicas, como o da rua Fredolin Wolf, em Curitiba. E, no contraponto, outras obras bem cuidadas pela Capital, com técnicas de Retrofit.

Este “homem” que retratamos também trabalha! Pode ser no campo, no comércio ou na indústria. Então, neste Mês, levamos até você o tema da desindustrialização do interior do Paraná, seus entraves e potenciais. Uma questão crucial para o desenvolvimento do Estado nos próximos anos. É preciso fazer com que o interior seja inserido nas políticas públicas voltadas à indústria anunciadas recentemente pelo Governo Federal e Estadual.

Mas o homem em seu meio também se alimenta. É na reportagem de Gastronomia desta edição que mostramos um tema bem atual: a cozinha de terroir. Uma tendência antiga da gastronomia mundial, mas que agora parece esquentar as panelas dos chefs renomados no Paraná e em todo o Brasil.

a arte não poderia faltar nas páginas da MÊS! Por isso, tem circo e pão nesta edição. A cultura fica por conta da Sétima Arte. Curitiba será palco do “Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba”, neste mês, e traz novidades para a produção local.

ah! a revista traz, ainda, muita Saúde, Política, Tecnologia, Esporte e Educação. É folhear e ler para ver.

Boa leitura!

editorial

expedienteA Revista MÊS é uma publicação mensal de atualidades distribuída gratuitamente. É produzida e editada pela Editora MÊS EM REVISTA LTDA. Endereço da Redação: Alameda Dom Pedro II, 97, Batel – Curitiba (PR) Fone / Fax: 41. 3223-5648 – e-mail: [email protected]ÇÃO Editora-executiva e Jornalista responsável: Arieta Arruda (MTB 6815/PR); Repórteres: Mariane Maio, Roberto Dziura Jr., Iris Alessi e Bianca Nascimento; Arte: Tércio Caldas; Fotografia: Roberto Dziura Jr.; Revisão: Larissa Marega; Distribuição: Sandro Alves; Publicidade: Lucile Jonhson - [email protected] – Fone: 41.3223-5648 e 41.9892-0001; Direção comercial: Paula Camila Oliveira; Produção gráfica: Prol Editora Gráfica; Colaboraram nesta edição: Tiago Oliveira, Márcio Baraldi, Bruno Kirilos, Letícia Wouk Almino e Luis Stockler.

Auditoria: ASPR - Auditoria e Consultoria.

nestas páginas impressasU

Page 14: Revista MÊS, edição 16

14 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

requião contra requiãoO senador Roberto Requião parece não ter jeito mesmo. A sua incontinência verbal, que costuma gerar inúmeros processos contra ele, agora está prejudicando sua própria estratégia. Horas depois de ter tido um jantar com o prefeito Luciano Ducci, que teria lhe garantido o apoio de Greca, Requião disparou da tribuna do Senado, contra o governador Beto Richa (PSDB), principal estimulador da campanha de Ducci. Em pouco tempo, atrapalhou a sua própria estratégia de se entregar aos braços da candidatura tucano-socialista.

miranteR

ober

to D

ziur

a Jr

.

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

sobre o ibope iO resultado Ibope divulgado no início de abril pela CBN de Curitiba descontentou o candidato Rafael Greca (PMDB). Ele queria receber toda a pesquisa, pois não aceitava os 49% dos curitibanos que o rejeitaram. Ele deveria ter ficado feliz pelos 7% que declararam voto a ele, mesmo depois de tanto tempo sem mandato. O atual prefeito Luciano Ducci (PSB), por exemplo, tem apenas 9% a mais de votos que ele.

derosso e os fantasmasAlém das acusações já divulgadas sobre o ex-presidente da Câmara de Vereadores, João Cláudio Derosso (PSDB), ele agora está sendo rondado por “fantasmas”. Derosso teve no mês passado seus bens bloqueados pela Justiça. Uma ação do MP-PR pede que os envolvidos devolvam R$ 2,5 milhões aos cofres públicos. Junto com Derosso estão o ex-vereador Ehden Abib, e o servidor público, João Leal de Matos, acusados de terem gasto indevidamente o dinheiro público no pagamento de salários a funcionários “fantasmas” do Legislativo Municipal.

Alianças se construindoAlém de receber as notícias positivas do IBOPE, que o coloca em primeiro lugar na corrida para a Prefeitura de Curitiba com 26%, Gustavo Fruet (PDT) tem mais novidades. Em encontro realizado no mês passado, o PT da ministra Gleisi Hoffmann e da presidenta Dilma aprovou o apoio ao pedetista e parece faltar muito pouco para o PV de Paulo Salamuni seguir o mesmo caminho. Com essa aliança, além de um bom tempo de TV, Fruet assegura uma infantaria de militância que fará diferença na campanha de Rua na Capital.

sobre ibope iiAliás, esse resultado de Ducci – apenas 16% de intenção de voto –, fez estremecer a relação dos cardeais da política tucano-socialista com os responsáveis pela comunicação da Prefeitura de Curitiba. Foram todos convocados para sessão “lava-roupa-suja”, resultado do centralismo na direção da comunicação do governo municipal. Agora a comunicação da Prefeitura deverá responder ao roteiro da comunicação eleitoral.

sobre o ibope iiiUm dado que deve ter tirado o sono dos estrategistas da candidatura de Ducci nem é a baixa intenção de voto do prefeito. O mais importante talvez seja o alto índice de aprovação do governo da presidenta Dilma Rousseff (PT) e o viés de queda da avaliação do governador Beto Richa (PSDB) na Capital. O nível de aprovação dos dois principais apoiadores de Fruet e Ducci, respectivamente e em espirais contrários, deve dificultar os planos de reeleição.

Justiça

bibinho continua presoPelo menos um personagem dos escândalos na Assembleia Legislativa continua preso. Abib Miguel, ex-diretor-geral da Assembleia, acusado de crimes, como estelionato, formação de quadrilha e peculato por atos cometidos durante cinco legislaturas, entre os anos de 1990 e 2010. A ele foi negado um pedido de revisão da prisão preventiva.

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Page 15: Revista MÊS, edição 16

REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 15

Bate Pronto

AE

Not

ícia

s

“A manifestação do senador Roberto Requião, feita hoje no Senado, é totalmente descabida, injusta e infundada. Por isso mesmo, não merece crédito”Informa nota do governador Beto Richa (PSDB) enviada à imprensa.

“Que essa CPI se instale e rapidamente venha explicar essa intimidade e esse encontro de tão bons

resultados com o bicho e o jogo no Brasil”Afirma Roberto Requião (PMDB) ao acusar o governador do Paraná,

Beto Richa, de ter ido a um suposto encontro com o bicheiro Cachoeira.

Ger

aldo

Mag

ela

/ Agê

ncia

Sen

ado

Vai e vem dos táxisDepois de várias polêmicas envolvendo o projeto que regulamenta os táxis em Curitiba, a Câmara de Vereadores aprovou o projeto que prevê a transferência do condutor autorizatário do serviço de táxi para outro condutor, herdeiros diretos. Agora, o projeto foi encaminhado para o prefeito Luciano Ducci (PSB) sancionar. Mas nos corredores da Casa, o clima é de contestação de muitos vereadores. A Oposição teme que a concessão pública do serviço seja transformada em comercialização legal de placas em Curitiba.

Abriu precedentesO STF recentemente concedeu uma decisão histórica. Diz respeito ao número de funcionários comissionados na Câmara de Vereadores de Blumenau (SC). Por lá, ficou estabelecido que o número de funcionários comissionados não pode ser maior que o de efetivos. Com isso, algumas cabeças podem rolar também no Legislativo paranaense. Por aqui, a OAB-PR está botando pressão, principalmente, na Alep-PR. A Ordem dos Advogados propôs uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no STF para barrar o abuso de contratações.

Page 16: Revista MÊS, edição 16

16 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

uma política de poucos cientistasParticipação de cientistas políticos é pequena no cenário brasileiro; maior atuação está em Brasília nas consultorias da Câmara Federal

s cientistas políticos par-ticipam quase que diaria-mente do noticiário bra-sileiro, como analistas

da conjuntura política do País. No en-tanto, são pouco utilizados por órgãos públicos, assim como em partidos, instituições de pesquisa e também em empresas privadas.

oApesar de a formação acadêmica ser voltada para além das salas de aula, essa atuação ocorre de forma discre-ta no Brasil. No Paraná, a assessoria de imprensa da Assembleia Legisla-tiva, por exemplo, não soube afirmar se há cientistas políticos trabalhando na Casa. Já na Câmara de Vereadores de Curitiba, a administração infor-mou que a “Câmara está realizando recadastramento de todos os seus ser-

vidores” e, por isso, ainda não tem condições de afirmar a quantidade de cientistas políticos.

em brasília

A Câmara de Deputados, na Capital Federal, é um dos órgãos pesquisados que mais apresentou a valorização de cientistas políticos em seu quadro de funcionários. Tem cerca de 200

Iris Alessi - [email protected]

política

Page 17: Revista MÊS, edição 16

REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 17

consultores em 21 áreas temáticas. Dentro do órgão, o trabalho realizado pelos cientistas políticos está direta-mente relacionado com a atividade parlamentar. A Casa conta com uma Consultoria Legislativa, sendo 21 áre-as temáticas como Educação, Trans-porte, Minas e Energia, Saúde, Meio ambiente, entre outras, que correspon-dem às áreas de atuação da Câmara.

“O nosso trabalho aqui é mais restrito que um cientista político tradicional, acadêmico”, explica o consultor le-gislativo da Área de Ciência Política e Sociologia Política, Luiz Henrique Vogel. Ele esclarece que o trabalho realizado em Brasília (DF) está rela-cionado com a “elaboração legislativa e com a informação para os parlamen-tares”. No trabalho de Vogel também está a elaboração de proposições para os deputados, além do suporte para outros órgãos da Casa, como os meios de comunicação da Câmara.

Volgel diz que um dos trabalhos que vem sendo realizado pela Consultoria é realizado na Comissão Especial da Reforma Política. “Trabalhamos em todas as etapas desde a elaboração legislativa junto com o relator, como acompanhamos o trabalho na Comis-

são”, ilustra. Dentre as atividades dentro da Comissão, a Consultoria assessora os parlamentares e tam-bém os suplentes. Todo esse trabalho é realizado em conjunto com outros cientistas e também, neste caso, com especialistas do Direito.

participação

O consultor legislativo sabe que a formação como cientista político não é uma condição inerente ao cargo que ocupa, mas salienta que isso faz a diferença, pois “se exige uma lei-tura, um conhecimento bastante ge-ral, abrangente sobre política”. “Tem sempre a preocupação de quem é aquela pessoa que está fazendo aque-la proposta, a que grupos ela está vin-culada, que ela defende, quais são os seus valores. São questões que estão por trás do nosso trabalho. Não são exigidas exatamente, mas ajuda na

compreensão do que está em jogo”, completa Vogel.

Apesar de ter cerca de 200 consul-tores que fazem parte do corpo da Câmara Federal, o Brasil está longe de países como os Estados Unidos. “Lá existem os think tanks (think de pensar e tank de tanque mesmo). São institutos profissionais que produzem profissionalmente relatórios sobre os mais diferentes aspectos”, observa o sociólogo do Departamento de Ciên-cias Sociais da Universidade Federal do Paraná, (UFPR), Gustavo Biscaia de Lacerda. Ele explica que esses institutos americanos são locais para a atuação dos cientistas e que inter-ferem diretamente na elaboração de políticas públicas daquele país.

Essas diferenças entre Brasil e Esta-dos Unidos foram sentidas pelo cien-tista político Sérgio Nunes, formado pela Southeast Missouri State Uni-versity (EUA). Em solo norte-ameri-cano, ele teve a oportunidade de esta-giar em escritórios de políticos.

estados unidos

Por lá, a participação ocorre nos mais diversos processos, como na admi-nistração pública, na administração de recursos e também no marketing político, conta Nunes. “Por exemplo, o político tem uma ideia para um pro-jeto. É tipo um consultor. Você é que dá as dicas. Vê a viabilidade ou não. Ou se for uma coisa que envolve uma obra, você vai atrás dos engenheiros e ouve a opinião deles. E faz todo o apanhado da ideia para ver se aquela obra é viável”, relata.

Nunes, que atualmente mora em Curitiba, vê que há pouco espaço, excetuando-se Brasília, para a atua-ção dos cientistas políticos junto ao exercício da política de fato. Para ele, os profissionais poderiam contribuir ainda mais com o assessoramento da carreira dos políticos e da melhoria da política nacional.

Apesar de ter cerca de 200 consultores que

fazem parte do corpo da Câmara Federal, o brasil

está longe de países como os Estados unidos

Gustavo Biscaia de Lacerda confirma a pouca utilização do trabalho do cientista político no País

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Page 18: Revista MÊS, edição 16

18 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

política

Page 19: Revista MÊS, edição 16

REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 19

representação “colorida”A inserção de pessoas LGBT na politica está cada vez mais frequente; levantamento mostra 146 pré-candidatos no Brasil, sendo oito no Paraná

ntes um assunto velado e até mesmo proibido, agora está invadindo to-das as áreas da socieda-

de. Com presença certa na maioria das telenovelas, os LGBTTIS (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Tran-sexuais, Intersexuais e Simpatizantes), mais conhecidos como LGBT, estão buscando entrar em outra área da so-ciedade: a política. Segundo levanta-mento feito pela Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Travestis e Transe-xuais (ABGLT), até o início de abril, já existiam 146 pré-candidatos LGBT de 22 estados e de 20 partidos políticos diferentes para as eleições municipais que ocorrem em Outubro deste ano. Este mês, o tema entra em destaque, já que o dia 17 de Maio é lembrado como o Dia Internacional de Combate à Homofobia.

“A sociedade brasileira ainda está mui-to acostumada a ver gay e travesti es-tereotipados em programas de humor, sendo ridicularizados. É muita hipocri-sia da sociedade em achar que os gays têm direito, mas ninguém quer um gay na sua família. Ninguém quer o gay, ou a lésbica, ou a travesti, ou a tran-sexual como seu vereador, vereadora, deputado, ou deputada. Isso é muito do reflexo machista e conservador desse modelo de família heteronormativa que foi estabelecido e está até hoje aí”, afirma Márcio Marins (40), ativista de Direitos Humanos e pré-candidato a vereador pelo PSB, em Curitiba.

Além dele, no Paraná existem outros pré-candidatos. O levantamento apon-ta ao todo oito possíveis nomes, sen-do quatro em Curitiba, dois em Ponta

A

Grossa, um em Maringá e um em Pi-nhais. Mas a quantidade até o final das eleições pode mudar. Procurada pela Revista MÊS, a trans Rafaelly Wiest afirmou já ter retirado sua pré-candi-datura, pois irá apoiar dois outros can-didatos, um inclusive, que não consta nesta relação divulgada.

Se caso algum desses representantes for eleito, é possível tratar-se de um fato inédito na política paranaense, segundo observação do presidente da ABGLT, Toni Reis (Leia mais em 5 perguntas). Ele afirma não ter conheci-mento de nenhum político paranaense eleito que seja homossexual assumido. Por isso, para ele, esse pode ser o ano dos candidatos “coloridos”. “Nós esta-mos com oito pessoas eleitas hoje as-sumidamente LGBT no Brasil e espero que este número aumente, pelo menos dobre”, confia Reis.

Candidatos

Gay assumido, o jornalista Allan Johan (31) é um dos que pretende garantir uma vaga como vereador, em Curitiba, pelo PSB. Em 2008, Johan foi candi-dato e obteve pouco mais de 200 vo-tos, mas desta vez, ele acredita que será diferente. “Não por termos uma figura icônica, mas principalmente, pela co-munidade já estar cansada de passar por situações que se repetem. A gente vota em um ou outro candidato que não resolve. Acho que chegou a hora. As pessoas estão mais conscientes”, diz.

Márcio Marins também compartilha da ideia de que este é o momento. “Chega-mos à conclusão de que temos aliadas e aliados, mas precisamos de sujeitos que de fato vivam essa realidade, para nos representar dentro das casas que fa-çam as nossas leis. Embora estejamos em um município ainda muito conser-vador, acredito que a união de forças de vários setores do movimento social organizado possa fazer diferença para a minha candidatura. Estou recebendo

apoios de setores que eu nem imagina-va”, conta. A pré-candidata a vereadora em Curitiba, Juliana Souza (PT), que consta na relação, também foi procura-da pela reportagem da MÊS, mas não foi localizada para dar entrevista.

preconceito

Apesar dessa maior abertura da socie-dade, a resistência e o preconceito con-tra os homossexuais ainda é enorme. Segundo Reis, para que o espaço seja ampliado é preciso muita discussão e educação. “Uma educação inclusiva, para o direito à igualdade e o respeito às diferenças, ou seja, todos nós temos direitos iguais, mas todos nós somos diferentes na nossa concepção de vi-ver. E se a gente seguir esse princípio de relacionamento humano, a gente vai viver muito melhor. Vai diminuir muito o preconceito, a discriminação e inclusive a violência”.

“Acreditamos que devagar vamos mos-trar para a sociedade que somos todos iguais em direitos, apesar de diferentes na sua vida íntima. Não é ser diferente que nos desqualifica, afinal temos de ser diferentes. Nenhum ser humano é igual ao outro”, afirma Marins. Johan en-xerga a inserção na política como uma forma de garantir qualidade de vida aos LGBT. “Nós não vamos acabar com a homofobia, preconceito e machismo, mas precisamos minimizar, é uma ques-tão de direitos humanos, de saúde”.

Para ele, é também uma forma de mudar os referenciais da sociedade e da própria comunidade gay. “O gay cresce sem ídolos. Seria uma forma de criarmos um ambiente favorável onde é possível um gay ser bem sucedido. É o mesmo caso do Lula. Toda classe operária se sentiu empoderada. Quan-do os gays perceberem que há exem-plos positivos, que é possível ser gay, ser feliz e chegar onde quiser, acredito que vamos reverter esse quadro de dis-criminação”, diz.

Mariane Maio - [email protected]

Page 20: Revista MÊS, edição 16

20 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

• Banca da praça osório • Banca da praça da espanha • Banca da praça da ucrânia • Banca da praça de santa felicidade • brioche pães e doces | 3342-7932. av. 7 Setembro, 4416 | Centro • delícias de portugal - 3029-7681. av. 7 de Setembro, 4861 | Batel• John bull Café - 3222-7408. rua Comendador araújo, 489 | Batel • pata Negra - 3015-2003. rua Fernando Simas, 23 | Batel • panificadora paniciello - 3019-7137. av. Manoel ribas, 5965 | Cascatinha • panettiere - 3014-5334. av. Cândido Hartmann, 3515 • madalosso - 3372-2121. av. Manoel ribas, 5875 | Santa Felicidade • Vinhos durigam - 3372-2212. av. Manoel ribas, 6169 | Sa Felicidade• dom Antônio - 3273-3131. av. Manoel ribas, 6121 | Santa Felicidade • Tizz Café - 3022-7572. al. Doutor Carlos de Carvalho, 1345 | Batel• Academia gustavo borges - 3339-9600. rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 85 | Campina do Siqueira • Adega brasil - 3015-3265. av. Cândido Hartmann, 1485 | Mercês • Kauf Café - 3015-6114. al. Dr. Carlos Carvalho, 608 | Centro • Cravo e Canela panificadora - 3015-0032. rua Jacarezinho, 1456 | Mercês • babilônia - 3566-6474. al. Dom Pedro II, 541 | Batel • Cravo e Canela panificadora - 3027-4890. Hugo Simas, 1299 | Bom Retiro • semáforos - av. Visconde de Guarapuava com a rua Brigadeiro Franco (Esquina Shopping Curitiba) • Rua Padre Agostinho com a Rua Capitão Sousa Franco (Praça da Ucrânia) • Rua Emiliano Perneta com a Rua Desembargador Motta • Rua Martin Afonso com a Rua Capitão Sousa Franco (Colégio Positivo)

A Mês está sempre ao seu lado. Em todos os sentidos.

Todos os meses, você encontra a revista Mês nas principaisavenidas e nos melhores lugares de Curitiba. Para recebê-lagratuitamente em sua casa ou no trabalho, envie o pedido no contato: [email protected]. Vamos enviar um formulário de cadastro para preencher seus dados e, assim, efetuar a sua assinatura. Grátis. Tudo para estar sempre junto de você.

poNTos de disTribuiçÃo

Page 21: Revista MÊS, edição 16

REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 21

Candidaturas em defesa da igualdade

O presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, fala sobre a participação de candidatos LGBT nas eleições municipais de 2012. Ele, que já foi candidato em 1996, encara as dificuldades dessa classe como um processo longo na luta pela representatividade, mas que já dá sinais de avanço. Levantamento feito pela entidade mostra que existem mais de 145 pré-candidatos LGBT em 22 estados.

O que esses números significam em termos de representatividade?

Eu acho que é o início de uma mobi-lização. Nós queremos ter visibilidade na política e na disputa do poder, o que é fundamental. Todos os grupos orga-nizados na sociedade têm de estar con-correndo com suas plataformas. Não são plataformas cooperativistas, nós queremos defender a questão da igual-dade de direitos e respeito às diferen-ças, mas não lidar com uma platafor-ma de defender somente a comunidade LGBT. Até porque qualquer pessoa que seja eleita tem de estar defendendo os cidadãos e cidadãs que o elegeram, toda a cidade, e não somente aquele grupo específico, senão passa a ser lo-bby. Passa a ser apenas um office boy de demandas específicas da política. E eu acho que nós temos que fazer um trabalho em que as pessoas defendam a população como um todo, mas contem-plando as diversidades.

No Brasil, há oito pessoas já eleitas assumidas, alguma é do Paraná?

Não. No Paraná não temos pessoas eleitas. Mas agora, em candidatura, nós temos várias pessoas. Essa questão de força é uma questão muito relativa. Tem de ter apoio, mas só o fato de as pessoas saírem candidatas, discutirem isso, já uma grande coisa para a gente.

Acredita ser um número baixo de candidatos perto do total de eleitos? Isso é reflexo de um conservadorismo da população?

Com certeza. E com certeza nós temos outras pessoas que são LGBT, mas que não são assumidas. As pessoas não as-sumem, porque com certeza sofreriam preconceito, discriminação, poderiam não ser eleitos. Eu conheço muitos po-

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

5 perguntas para: Toni reis

líticos que são homossexuais, só que não assumem e a gente também não pode falar “aquela pessoa é”. Até por-que é uma questão de intimidade e da privacidade de cada um. É interessante perceber que a questão da homossexu-alidade está em todos os lugares, em todas as famílias. Eu não conheço uma família que não tenha uma pessoa que não seja LGBT. Tem algumas que são muito mais repressoras, que as pessoas acabam não se assumindo, mas sempre tem lá aquele primo, aquele tio, aquela tia, que as pessoas desconfiam e onde há fumaça, há fogo. Então, é muito importante para gente ter visibilidade em todos os setores da sociedade.

Quais são as maiores dificuldades en-contradas por um candidato LGBT?

Hoje, o que nós encontramos são se-tores religiosos fundamentalistas. Se-tores que na Idade Média colocavam a gente na fogueira, mas que hoje co-locam nas fogueiras eletrônicas, nos programas de rádio, nos programas de televisão, nesses cultos eletrôni-cos. Eu não vou dizer os religiosos, são os fundamentalistas religiosos. Então são essas pessoas radicais, pes-soas que destilam o preconceito, a discriminação, incitam a violência de forma exacerbada.

Qual é a vantagem para o público LGBT ter um político assumido?

Eu acho que é bacana. Nós temos hoje um político que dá para citar como exemplo, o deputado Jean Willis. É um deputado extremamente inteli-gente, uma pessoa que nos representa muito bem, que tem capacidade de ar-gumentação, que tem feito um traba-lho não só para a questão LGBT, mas para a questão dos direitos humanos de todos e de todas, para questão cul-tural, para questão educacional. É disso que nós precisamos.

Iris Alessi - [email protected] Maio - [email protected]

Page 22: Revista MÊS, edição 16

22 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

Saúde: mais de 2500 exames por dia

Pavimentação: 350 km recuperados

Habitação: 2300 novas moradias até o final de 2012

Segurança: mais guardas e segurança em todas as regiões

Parque: lazer e qualidade de vida

Terminal/VEM: novo terminal e Cartão VEM

Meio Ambiente: Usina de Reciclagem e Coleta Seletiva

Educação: novas escolas e mais de 40 reformas e ampliações

O Programa Revitaliza São José dos Pinhais não para e segue melhorando as áreas da saúde, segurança, educação, meio ambiente, obras e de transporte da cidade. Tudo para garantir mais qualidade de vida para os moradores do município. As melhorias são na cidade. Mas o que melhora mesmo é a vida do cidadão.

Page 23: Revista MÊS, edição 16

REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 23

sobre a política

para entender a aprovação histórica de dilma

O jornal Folha de S. Paulo publicou, no final de abril, pesquisa do Instituto DataFolha mostrando que a Presidenta Dilma Rousseff (PT) alcançou índices de aprovação nunca antes na história do Brasil alcançados por outro presidente da República. Nem mesmo pelo seu antecessor Luis Inácio Lula da Silva (PT). Segundo o instituto, que pode ser acusado de tudo menos de petista, 59% dos brasileiros consideram a administração de Dilma ótima e boa e outros 33% a classificam como regular. Apenas 6% dos entrevistados con-sideram a gestão ruim ou péssima. Números que nenhum outro ocupante do Palácio do Planalto tinha alcançado ao término dos primeiros 15 meses de governo.

Esses dados, aliás, se assemelham em muito aos captados por outro instituto nacional, o Ibope, que realizou pesquisa em Curitiba no final de março. Este levantamento mostra que, para 62% dos curi-tibanos, o governo de Dilma Rousseff (PT) é bom ou ótimo. Outros 27% o consideram regular e, para apenas 10%, ele é ruim ou péssimo. Resguar-dadas as diferenças possíveis pela margem de erro de cada uma das pesquisas, podemos afirmar que Curitiba pensa sobre o governo petista de Dilma Rousseff o mesmo que pensa o restante do Brasil. Ou seja, o aprova de uma forma quase absoluta.

Mas o que esses dados significam? Podemos destacar vários elementos para tentar explicar essa situação. Um deles, sem dúvida, é a capacidade demonstrada pela Presidenta Dilma de manter o enfrentamento à crise econômica mundial como o ex-Presidente Lula já vinha fazendo. Fortale-cendo a economia interna, estimulando o crédito, baixando os juros e enfrentando politicamente os grandes países responsáveis pela crise. O quase pleno emprego em uma situação de crise econômi-ca mundial, com certeza, é um trunfo que Dilma carregará por muitos anos em sua imagem.

Outro aspecto importante está diretamente relacionado à imagem de Dilma e a capacidade administrativa que ela tem conseguido passar para a opinião pública. As mudanças que fez em seu ministério, primeiro levando para a Casa Ci-vil a senadora paranaense Gleisi Hoffmann, que apesar de política, tem sua trajetória mais vol-tada à gestão, e depois muitas outras mudanças para retirar do seu governo qualquer acusado de mal feito, deram à população a certeza de que tinham à frente do governo de seu País uma mu-lher comprometida com os melhores resultados.

E, por fim, mas não menos importante, é preciso destacar o rompimento com o preconceito de classe em relação a um representante do PT. Querendo ou não, uma parcela significativa da sociedade brasileira – e aqui em Curitiba isso era mais forte –, tinha um preconceito com Lula, que não permitia perceber todos os aspec-tos positivos de seu governo. Com Dilma isso se desfez. O fato de ela ser economista, de origem classe média e de família de migrantes estran-geiros a credencia para ser melhor ouvida e per-cebida pelos setores médios mais conservado-res. E estes, sim, são grandes responsáveis por levar as avaliações de seu governo às alturas. Isso terá reflexos, em breve, com o surgimento de um novo bloco histórico no Estado.

Isso terá reflexos, em breve, com o surgimento de um novo bloco

histórico no Estado

Por Tiago Oliveira [email protected]

Rob

erto

Stu

cker

t Filh

o / P

R

Page 24: Revista MÊS, edição 16

24 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

comum encontrar nas ci-dades paranaenses obras inacabadas por promessas não cumpridas. Segundo

levantamento do Tribunal de Contas do Paraná (TCE/PR), atualmente em todo o Estado já se somam 875 obras

Há dois anos, moradores de Curitiba esperam por conclusão de obras no bairro Pilarzinho; transtornos e prejuízos são contabilizados com os atrasos

É

promessas e obras não cumpridas

paralisadas. Em Curitiba, os mora-dores do bairro Pilarzinho conhe-cem de perto este tipo de situação. Há exatos dois anos (maio/2010), iniciaram-se as obras de revitaliza-ção da Rua Fredolin Wolf, no bairro Pilarzinho. A promessa era de um ano para conclusão, ou seja, maio de 2011. No entanto, a situação se ar-

rasta até hoje. Nem metade das obras foi concluída.

No ano passado, a obra foi abandona-da de vez. Nenhuma pedra foi mexi-da no segundo semestre de 2011. Até o momento, apenas 49% da obra foi concluída. Enquanto isso, moradores têm de enfrentar diariamente ruas sem

cidades

Bianca Nascimento - [email protected]

Rua Fredolin Wolf. A obra deve reiniciar no final deste mês, segundo a Prefeitura

Page 25: Revista MÊS, edição 16

REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 25

CopA

MaIS OBraS aTraSaDaS

A Rua Fredolin Wolf não é a única a sofrer com atrasos e a estar desalinhada com o cronograma em Curitiba. As obras da Copa do Mundo também se encontram em ritmo lento e preocupante. Algumas obras já deveriam ter começado ou pelo menos terminado seus proce-dimentos de licitação. Muitas ainda estão nesta etapa.

A única reforma apresentada até o momento foi a ampliação do estacionamento de veículos do Aeroporto Internacional Afonso Pena. As obras da Copa devem ser concluídas até 2014, de acordo com a orientação do Governo Federal. “Pode ser que fiquem prontas dentro do prazo, mas quanto mais demorar, mais caras ficarão as obras para o Poder Público. Talvez isso custe mais do que se previu”, ressalta Vanessa Moura, gerente do Departamento de Fiscalização do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Paraná (Crea-PR).

calçadas, problemas com o trânsito, riscos de acidentes e, os comerciantes, perdas no movimento do bairro.

situação complicada

A reportagem da Revista MÊS este-ve na Rua Fredolin Wolf para ver de perto a situação em que se encontra a via. No lugar onde deveriam existir calçadas, estão diversos pedregulhos e o mato crescendo. Um aspecto de abandono é o que se vê no local. É possível perceber o risco dos pedes-tres, que têm de disputar espaço com os carros. Muitos deles que se arris-cam a andar pelas pedras, onde deve-ria ser a calçada, acabam tropeçando.

Quem chega ao mercadinho de Pau-lo Sérgio Baggio, já se depara com uma das reclamações entre os comer-ciantes: a falta de calçadas para um

ciamento efetivo desde o início das obras”, avalia Vanessa Moura, geren-te do Departamento de Fiscalização do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Paraná (Crea-PR).

A Prefeitura de Curitiba evitou falar sobre o assunto. Mas informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que houve rescisão contratual com a empresa Dos Arroyos, que era a responsável pela obra. Isso ocorreu em função dos constantes atrasos no cronograma. Segundo a Prefeitura, as obras devem ser retomadas até o final deste mês. “Uma nova empresa vai concluir a obra [...] A nova empresa tem o prazo até dezembro de 2012 para concluir a revitalização da Fre-dolin Wolf”, diz a nota da Prefeitura.

Luiz Henrique de Barbosa Jorge, co-ordenador de Engenharia e Arquite-tura do TCE, aponta outros motivos para os atrasos em obras públicas. “Às vezes, são os órgãos federais que não repassam verbas, constru-toras que pedem falência, motivos políticos, entre outros”, explica. “No caso da Fredolin, a região teve certo ‘azar’, pois a empreiteira realmente não cumpriu prazos e para retomar os processos legais para rescisão e de novas licitações, leva tempo”, diz.

estacionamento. “Não conseguimos ter um estacionamento decente para os clientes”, explica Paulo. Ele revela que este problema tem prejudicado o comércio local, pois o movimento di-minui pela falta de acesso adequado. “Meu movimento caiu 40% por causa destas obras inacabadas.”

O proprietário do açougue na Rua Fredolin Wolf, Alaor Oliveiro, tam-bém fica indignado com a situação. “A gente vê sempre as pessoas se acidentando, pessoas de idade se ma-chucando, tropeçando e quebrando o pé”, desabafa. “Fica difícil a falta de estacionamento no nosso comércio também, mas os que mais sofrem são os pedestres”, completa.

Causas dos atrasos

Problemas de gestão por parte dos órgãos públicos. Esta seria uma das respostas para os atrasos nas obras anunciadas. “Não adianta ter um pla-nejamento sem ter também um geren-

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

No ano passado, a obra foi abandonada de vez. Até o momento, apenas

49% da obra foi concluída

“Meu movimento caiu 40% por causa destas obras inacabadas”, diz o comerciante Paulo Sérgio Baggio

Page 26: Revista MÊS, edição 16

26 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

o antigo repaginadoRevitalizações em Curitiba ganham espaço não só nas ruas, mas também nos edifícios que passam a abrigar velhos empreendimentos, com novas funções

Iris Alessi - [email protected]

volta ao centro das gran-des cidades, que por certo tempo ficou abandonado, traz uma nova necessida-

de para os prédios existentes nessas regiões: revitalizar e manter a histó-ria de cada um deles. Prédios, como os existentes na Rua Riachuelo, po-dem sofrer um processo arquitetônico chamado Retrofit. “É uma ferramenta extremamente sustentável, porque ela evita desperdício de material, re-aproveita o que já está pronto e faz renascer espaços da cidade que esta-vam esquecidos”, explica o arquiteto e urbanista, Felipe Guerra.

Essa palavra é uma terminologia dada para tratar de intervenções em edifí-cios nas áreas degradadas de uma ci-dade. “Uma readequação, principal-mente, no quesito de desempenho”,

A

cidades

afirma o também arquiteto e urbanis-ta, Orlando Ribeiro. Para ele, essa é uma tendência mundial que acontece de forma tardia no Brasil. “O movi-mento surge no mundo, e agora em Curitiba, na medida em que os terre-nos perto da área de trabalho, lazer e de vida começam a deixar de ser exis-tentes”, completa Guerra.

Essas intervenções têm como objetivo aumentar a vida útil de determinado empreendimento, mantendo o que é possível e substituindo o que é ne-cessário, explica Ribeiro. Assim, o Retrofit é uma forma de modernizar o edifício e deixá-lo novamente funcio-nal para as necessidades atuais, com a inclusão de saídas de emergência, acessibilidade para portadores de de-ficiência e elevadores, além de dar ao local outra finalidade. Também agrega valor ao espaço e contribui para a pre-servação de parte da história do local.

patrimônio tombadoEntretanto, nem todos os edifícios an-tigos podem ser submetidos ao Retro-fit. Existem construções que por sua importância histórica são tombados, por isso, não permitem grandes inter-venções por força de lei.

Ribeiro explica que, nestes casos, as intervenções visam preservar o patri-mônio histórico. São as conhecidas restaurações. “É para a permanência da maior quantidade de característi-cas estéticas e espaciais daquela edi-ficação.” Na restauração, é preciso manter essas características para que a obra mostre à sociedade como era em um dado período da história.

Veja, a seguir, alguns exemplos de como foi possível aplicar o Retrofit em alguns prédios de Curitiba e Re-gião Metropolitana.

Page 27: Revista MÊS, edição 16

REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 27

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Wal

ter M

orge

ntha

ler

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

O edifício circular construído no Prado Velho em 1906 foi utilizado pelo Exército Brasileiro como paiol de munições e pólvora. Depois, passou a ser utilizado para abrigar os arquivos municipais da cidade e também foi sede de uma diretoria de pavimentação de ruas.

A sua grande transformação ocorreu na década de 70, quando o edifício foi promovido a um dos principais palcos da vida cultural curitibana. No ano de 1971, sob a tutela do arquiteto Abrão Assad, o prédio passou por uma grande reformulação para ganhar uma nova função, ser um teatro.

O local, que recebeu em sua inauguração um show de Vinicius de Moraes, em março de 1972, é considerado, pelo arquiteto e urbanista Felipe Guerra, a primeira obra de Retrofit da cidade. “E talvez a primeira do Brasil.” Uma obra de 40 anos.

“[O Paiol] utiliza ao máximo a ferramenta do Retrofit”, junto a um trabalho de restauro, informa Guerra. O antigo paiol de pólvora ganhou na década de 70 todas as insta-lações necessárias para um teatro. “A parte de mobiliário, cadeiras, sanitários, cafés, camarins, iluminação, saguão”, foram as intervenções feitas no interior do empreendimen-to. “Foi feito tudo novo e aproveitado a roupa dele, que era a fachada que interessava artisticamente.”

Um moinho centenário em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), foi transfor-mado em casa. O edifício de madeira foi reformulado a pedido dos proprietários de uma chácara na cidade. O desafio foi assumido pelo arquiteto Gustavo Pinto que, sem desperdiçar as características do local, deu uma nova vida para a construção.

O moinho “sempre foi uma edificação de referência na chácara”, por isso, quando um dos proprietários resolveu construir uma casa no local, optou pela revitalização do lugar que antes era utilizado como depósito. “Estava sendo subaproveitado e sem conservação”, observa.

Para atender as necessidades atuais de uma casa, o edifí-cio de três níveis, além de passar por uma revitalização completa, ganhou um anexo de alvenaria. “Junto com isso, trabalhamos com materiais numa tecnologia um pouco mais nova.” Também foi construída uma fachada de vidro e utilizados materiais atuais como porcelanato, aço, telha de barro, gesso acartonado e perfilado metálico.

“Algumas peças antigas do moinho foram mantidas para continuar tendo a leitura de como funcionava o estabeleci-mento”, completa. Para o arquiteto, esse trabalho trata de manter a edificação e contar a história de como era, porém dando um novo uso para a edificação.

O PrIMEIrO TraBaLHO RetRofit DE CUrITIBa COMPLETOU

40 anOS EM MarÇO

O MOInHO nUMa CHáCara EM aLMIranTE TaManDarÉ FOI

TranSFOrMaDO EM rESIDÊnCIa

o pAiol dA ArTe

o moiNho que Virou CAsA

Page 28: Revista MÊS, edição 16

28 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

O edifício referência na Avenida do Batel, em Curitiba, tem muitas histórias para contar. Construído em 1923, o Castelo do Batel, nome atual, já foi residência do ex-go-vernador Moysés Lupion e também sede de uma emissora de televisão. Atualmente, é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico.

Após a saída da emissora do local em 2003, o prédio pas-sou por uma rigorosa restauração até se transformar num espaço de eventos. “Iniciam-se as tentativas para colocar o edifício com novo uso, ou seja, ele iria passar por um processo de restauro, reciclagem e adequação às inserções modernizadoras”, conta o responsável pelo projeto, o arqui-teto Humberto Fogassa.

O imóvel estava muito desgastado pelo uso, conta Fogas-sa. O edifício foi recomposto a partir da função que ele ganharia: ser um espaço de eventos. Depois da restauração minuciosa o prédio ganhou um novo anexo. “É aí que entra a questão de adaptação de um plano para uso contemporâneo.”

A proposta do anexo, construído atrás do prédio original, trouxe elementos leves “que pudessem ser anexados ao edifício antigo sem lhe causar problemas, digamos de lin-guagem, de interpretação, do que é novo e do que é velho”. A interação entre o edifício antigo e o anexo é que transfor-mou a construção atualizada sem descaracterizar o Castelo.

A importância histórica do Palácio da Liberdade, localizado na Praça Generoso Marques em Curitiba, foi reconhecida pelo Patrimônio Histórico Nacional em 1984. Construído em 1914, o Palácio neoclássico com desenhos de art-no-veau foi sede do Governo Municipal até 1969. Entre 1974 e 2002, foi sede do Museu Paranaense. Ficou fechado até 2006, quando numa parceria entre o Sesc-PR e a Prefeitura foi completamente revitalizado e passou a ser um ponto cultural da cidade.

A restauração contou também com adaptações para atender o público atual, como acessibilidade, banheiros e iluminação. “Foi o único edifício que exigiu mais atenção em todos os pontos. Do restauro da pintura ipsis litteris como era o original, da inserção mais modernizadora que seria a inserção de um elevador no miolo”, comenta o arquiteto responsável pela obra, Humberto Fogassa.

Para a gerente executiva do Sesc Paço da Liberdade, Celise Niero, “esta restauração significou uma recuperação de toda uma parte importante da história da cidade e também de um importante passo para a construção do futuro. Ainda mais se considerarmos as constantes melhorias que vêm ocorrendo na região desde a reintegração deste espaço à população, seja no setor de serviços como na formatação de novos equipamentos culturais.”

O ESPaÇO DE EVEnTOS nO BaTEL CarrEGa a HISTórIa DE TEr SIDO

rESIDÊnCIa DE GOVErnaDOr

O PaÇO SOFrEU GranDE rESTaUraÇÃO Para aBrIGar UM

ESPaÇO DE CULTUra

de residêNCiA A espAço de eVeNTos

o pAço dA liberdAde

cidades

Page 29: Revista MÊS, edição 16

REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 29

opinião Letícia Wouk Almino*

uando um prédio obsoleto é restaurado e reutilizado para usos modernos, chamamos esse processo de Retrofit. Já faz tempo que nos Estados Unidos discutem os benefícios de reutilizar estruturas antigas. Cerca de 80%

dos prédios nos Estados Unidos foram construídos apenas nos últimos 50 anos. Parece inevitável que adaptação e reutilização venham a fazer parte do vocabulário comum no futuro. Mas a prática de Retrofit é, com certeza, mais comum na Europa, onde existem mais prédios antigos e onde o passado é mais valorizado.

Um exemplo bem sucedido de Retrofit é a Tate Modern, originalmente uma fábrica, em Londres, que foi trans-formada em museu pelos arquitetos suíços Herzog & de Meuron, em 2000. O prédio era a antiga Bankside Power Sta-tion, projetada por Sir Giles Gil-bert Scott. Construída entre 1947 e 1963, parou de funcionar em 1981. O grande espaço aberto, que foi primeiramente ocupado pelas usinas, hoje em dia é ocupado por enormes instalações de arte que atraem visitantes do mundo inteiro. Alguns exemplos incluem o sol artificial de Olafur Eliasson, as 14.000 caixas translú-cidas de Rachel Whiteread, os escorregadores de Carsten Höller, e as milhões de sementes de girassol feitas de porcelana de Ai Wei Wei.

A decisão foi de manter um prédio que representa o pas-sado industrial do Bankside, um bairro no Sul de Londres que sempre foi mais deprimido, mas que agora está viven-do um renascimento. A sala que abrigava máquinas indus-triais se transformou em um dos espaços mais importantes do mundo para projetos de inovação artística. Os arquite-tos fizeram aberturas que permitem a passagem de luz, e criaram as galerias, mantendo os detalhes e os materiais industriais. O Turbine Hall, como é chamado, retém a me-mória do passado.

O Retrofit pode ser usado em projetos de habitação popular. Um exemplo recente é La Tour Bois-le-Prêtre, que acabou de ser renovada pelos arquitetos franceses Frédéric Druot, Anne Lacaton e Jean-Philippe Vassal. O prédio, uma torre de 16 andares em concreto pré-fabricado, localizado num subúrbio pobre de Paris, foi construído em 1961 e passou por uma re-novação infeliz nos anos 80. O prédio ia ser demolido, mas os residentes se recusaram a deixar suas moradias.

Uma competição foi organizada para a reparação do pré-dio e a criação de mais luz e espaço para os apartamen-tos sem aumentar a planta baixa. Os arquitetos instalaram uma casca, uma segunda fachada, em volta do prédio, que cria uma extensão para cada apartamento, abrindo-os para jardins de inverno e varandas, aumentando a luminosidade

e o espaço para todas as 96 unida-des. O sucesso desse projeto pro-va que a reabilitação pode ser fei-ta por menos de um terço do custo da demolição e reconstrução.

Aos poucos o Retrofit começa a ser usado no Brasil. Um bom exemplo é a Pinacoteca de São Paulo, um prédio de 1905 que foi renovado por Paulo Mendes da Rocha nos anos de 1990. O arquiteto abriu claraboias e criou passa-relas de vidro conectando as galerias, que antes eram mais isoladas, deixando o espaço mais luminoso e leve, mas mantendo a fachada de tijolo antigo.

O Brasil faria bem em olhar para a Europa como exemplo de como recuperar bairros deteriorados no centro de grandes cidades. Se o Brasil quer se modernizar sem perder seu pas-sado rico, tem de aprender como inserir o novo no antigo.

* Natural de Curitiba, tem 25 anos. Apesar da pouca idade já é considerada uma das promessas da arquitetura moderna mundial. Letícia atualmente mora em Nova York, onde trabalha no badalado escritório de arquitetura Robert A. M. Stern. Mas também morou em Brasília, Washington, São Francisco, Lisboa e Londres. Formou-se em Artes e fez mestrado em Arquitetura. Este ano, foi a única mulher escolhida entre arquitetos do mundo todo para estar na publicação mais conceituada da área, a Wallpaper.

Q

Retrofit: instalar, ajustar ou adaptar

O brasil faria bem em olhar para a Europa como exemplo

Div

ullg

ação

Page 30: Revista MÊS, edição 16

30 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

epois do pacote de incen-tivos anunciados recente-mente pelo Governo Fe-deral, também há esforços

no Governo do Estado, por meio da Secretaria de Indústria, do Comércio e Assuntos do Mercosul (Seim), em estudar formas de compensar o “Cus-to Paraná”, em municípios mais dis-tantes da Capital. Um dos pontos que

Tendência de desindustrialização no Estado preocupa autoridades, estudo está sendo realizado para mostrar gargalos; enquanto isso, especialistas apontam alternativas

d

desencontros da indústria no interior

economia

Iris Alessi - [email protected] mais aflige o setor é a desindustriali-zação do interior.

Segundo estudo realizado pela Seim, 53 municípios paranaenses não re-colhem Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) indus-trial e 200 recolhem apenas 0,1%. Por outro lado, 19 cidades são responsáveis por 91,6% de todo o montante arreca-dado. Um disparate se considerarmos que o Estado possui 399 municípios.

Uma das alternativas apresentadas no final de março pelo secretário da pasta, Ricardo Barros, para ampliar a industrialização no interior, princi-palmente, nas cidades mais distantes e com menor infraestrutura, seria a redução do ICMS. Podendo, assim, tornar esses municípios mais atraen-tes para a implantação de empresas do segundo setor. Outra possibilidade seria a distribuição do ICMS gerado pelas indústrias entre fornecedores de

Page 31: Revista MÊS, edição 16

REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 31

matéria-prima, quesito que o interior levaria vantagem.

O estudo completo está em fase de elaboração pela Seim, a Secretaria da Fazenda, o Ipardes entre outros ór-gãos do Governo do Estado e não há previsão para conclusão.

Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo, “todo o incenti-vo é bem-vindo. Agora dizer que uma alíquota de ICMS vai industrializar o interior é muito pouco”. Para ele, o principal problema do interior é mes-mo a falta de infraestrutura.

O presidente da Fiep avalia que a ini-ciativa é válida, mas observa que as medidas precisam ser mais ousadas. “Se não houver uma infraestrutura adequada não tem como atrair gran-des investimentos ou fazer com que haja um grande crescimento no inte-rior do Estado.”

educação

Para o coordenador do curso de Administração da FAE, Antoninho Caron, diferentes programas de dife-renciação de ICMS já vêm sendo tes-tados há muitos anos. No entanto, Ca-ron pondera que é preciso mais que a redução do imposto para atrair inves-tidores para os pequenos municípios.

Além da infraestrutura de transpor-tes – um dos gargalos do Paraná –, a existência de universidades também é um fator relevante para o desenvol-vimento industrial local. “Não basta dar incentivos fiscais, você precisa ter também universidades para que os empresários possam desenvolver

falta de infraestruturaOs desafios para a instalação de uma indústria de papel a 70 km de Gua-rapuava não foram pequenos. O município de Turvo, Região Central do Estado, foi escolhido pela Ibe-ma Companhia Brasileira de Papel por uma questão estratégica: o rele-vo permitiu que a fábrica explorasse uma queda d’água para a geração de energia que a indústria precisaria para produzir. “Lá, ela teve que criar toda a infraestrutura para poder atrair pessoas para ir trabalhar lá”, conta o diretor de operações da Ibema e vice--presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-PR), Clecio Luiz Chiamulera.

A indústria precisou prover a infra-estrutura necessária aos funcionários que se instalaram na região, como rede de energia elétrica, água e sane-amento básico. “Tudo o que o poder público faz com uma empresa que

produtos, testar produtos, precisa ter centros de pesquisa. E precisa ter espaços para treinamento e capaci-tação de mão de obra. O incentivo é um elemento facilitador, mas não é o suficiente, porque junto com os inventivos você precisa ter linhas de financiamento que possam completar trabalhos com os incentivos fiscais”, ressalta Caron.

A capacitação e a educação também são consideradas pelo professor de Economia Regional e Urbana e Eco-nomia Industrial da Universidade Po-sitivo, Wilhelm Milward Meiners, um fator diferencial. Ele cita como exem-plo o efeito difusor de tecnologia que a instalação de unidades da então Universidade Tecnológica Federal do Paraná (antigo Cefet) teve sobre al-gumas cidades do interior do Estado, ajudando no desenvolvimento. “Está faltando essa ligação entre o aparato educacional focado no desenvolvi-mento regional.”

“Se não houver uma infraestrutura adequada

não tem como atrair grandes investimentos”, afirma Campagnolo

Para Meiners, é mais importante ajudar e apoiar o empreendedor local

Roberto Dziura Jr.

Ban

co d

e im

agem

Page 32: Revista MÊS, edição 16

32 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

economia

iNdiCAdor iNdusTriAl

O Paraná FOI O ESTaDO qUE aPrESEnTOU a MaIOr rETraÇÃO DO PaíS na úLTIMa DIVULGaÇÃO Da PESqUISa InDUSTrIaL MEnSaL DE PrODUÇÃO FíSiCA – REgiOnAl DO iBgE, rEFErEnTE a FEVErEIrO/2012. VEJa aLGUnS POnTOS:

• Recuo de 7,7% da indústria do Paraná na comparação com janei-ro de 2012;

• Passou de 15% do último trimes-tre do ano passado para 2,6% em índice acumulado no 1º bimestre deste ano;

• Obteve retração nas 6 das 14 ativi-dades avaliadas;

• Crescimento nos setores: edição, impressão e reprodução de grava-ções (36,6%), madeira (21,1%), refino de petróleo e produção de álcool (17%) e alimentos (4,8%);

• Queda apresentada, principal-mente, nos setores de produtos químicos (-46,5%), máquinas e equipamentos (-15,1%).Fonte: IBGE

se instale em Curitiba e Região, a Ibe-ma teve de fazer.”

“Manter uma indústria no interior, num lugar pobre é muito mais com-plicado. Você perde competitivida-de”, afirma o diretor. Ele acredita que hoje não haveria empreendedores que se sentissem encorajados de montar uma indústria com 500 funcionários e produção de 108 mil toneladas/ano de papel cartão em uma região muito pobre. Por isso, para Chiamulera, é preciso, além dos incentivos fiscais, a infraestrutura de transporte e edu-cação. Isso formaria um tripé para as empresas serem competitivas no inte-rior paranaense.

empreendedorismo

Apesar da dificuldade que as indús-trias podem ter para se instalar em municípios mais afastados das princi-pais rodovias e também dos maiores mercados consumidores, Campagno-

lo avalia que há oportunidades em todo o Estado para o desenvolvimen-to da indústria. “Se a gente for a fun-do e pegar os 399 municípios, a gente vai perceber que tem muitas poten-cialidades. [...] Todo o nosso Paraná é um grande celeiro de oportunidades.”

Para Meiners, “muito mais importan-te que atrair empresas de fora, é aju-dar e apoiar o empreendedor local”, dessa forma, o governo municipal ou estadual pode fomentar atividades de cooperativas dentro de conglomera-dos locais, assim como já existe na Rede de APL do Paraná (Arranjo Pro-dutivo Local).

municípios

Os governos municipais também têm papel importante no desenvolvimento local. Eles não têm o poder do Go-verno Federal para regular o câmbio, reduzir ou aumentar as alíquotas de importação de produtos, mexer nas

políticas econômicas, assim como também não podem reduzir impostos como o ICMS de responsabilidade do Governo Estadual; mas as Prefeituras podem contribuir em muito com a am-pliação da infraestrutura do município.

É função do município criar um zone-amento urbano, com áreas industriais, além de estimular o empreendedoris-mo local utilizando as alternativas disponíveis na região. “Esse trabalho de empreendedorismo local, de esti-mular o aproveitamento, de reter o jovem nos municípios de menor porte através da geração de uma oportuni-dade econômica/empreendedora é um trabalho que as Prefeituras podem e devem fazer”, finaliza Caron.

O diretor da Ibepa, Chiamulera, explica que para se instalar em Turvo, a indústria precisou criar parte da infraestrutura, função que deveria ser efetuada pelos órgãos públicos

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Page 33: Revista MÊS, edição 16

REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 33

Para quem curte navegar com informação de qualidade.

@mes_pr

MÊS Paraná

Versão on line: www.revistames.com.br

Page 34: Revista MÊS, edição 16

34 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

s produtores do Paraná e de todo o Brasil têm mais uma linha de crédito para investir em suas proprie-

dades. Trata-se do Programa Agri-cultura de Baixo Carbono (Programa ABC) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que visa estimular os produtores brasilei-ros, por meio de financiamentos de até R$1 milhão por produtor, com juros de 5,5% ao ano e pagamento em até 12 anos no Banco do Brasil. Os financia-mentos são para produtores que pre-tendem investir em práticas agrícolas com baixo impacto ambiental.

Apesar de as práticas já serem co-nhecidas e dominadas pelos produto-

Agricultores paranaenses que pretendem ser “amigos do meio ambiente” têm financiamento do Ministério da Agricultura e apoio de entidades

o

produção de baixo carbono

res, ainda há pouca adesão por parte dos agricultores. “A diferença é que, agora, com esse aporte do Governo Federal, existe uma linha de crédito. Existe um incentivo para que o pro-dutor utilize essas práticas”, explica Arthur Bergamini, supervisor regio-nal de Londrina do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-PR).

O Banco do Brasil estima para esta safra (2012/13) emprestar mais de R$120 milhões em financiamentos por meio deste Programa. Pablo da Silva Ricoldy, gerente de Mercado de Agro-

negócios do Banco do Brasil, afirma que a porcentagem não é alta, “mas considerando as propostas já em an-damento no Banco, o indicativo é de superação do objetivo”. Até o momen-to foram financiados R$76,5 milhões. Ricoldy aponta que algumas das maio-res dificuldades para o acesso ao em-préstimo são: a falta de conhecimento técnico e a elaboração dos projetos.

Aprendizado

Visando à resolução desses proble-mas, foi criado, no Paraná, um grupo gestor encabeçado pela Secretaria de Estado de Agricultura e Abaste-cimento (Seab), junto com diversas outras instituições como Emater, Ia-par, Embrapa, Senar e, também, en-tidades privadas.

agropecuária / meio ambiente

Iris Alessi - [email protected]

As vantagens também estão no resultado da

colheita, com produtos de maior qualidade

Page 35: Revista MÊS, edição 16

REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 35

Div

ulga

ção

/ Map

a

Esse grupo tem por objetivo reduzir as diferenças de entendimento para a elaboração dos projetos, além de priorizar a capacitação de engenhei-ros agrônomos para a agricultura de baixo carbono. “O que a gente [gru-po gestor] verificou é que não estava claro para nenhuma das partes envol-vidas”, pondera o técnico do Senar--PR, Johnny Franzon. Ao Senar-PR, juntamente com a Emater, coube a função de capacitar os técnicos agrí-colas. As outras entidades são respon-sáveis pelos demais processos como pesquisas, elaboração de políticas públicas e orientação dos produtores.

Lisiane Rocha Czech, engenheira agrônoma e produtora de grãos (soja, milho e feijão) e leite, de Teixeira So-ares (PR), na região dos Campos Ge-rais, está participando do curso ofere-cido pelo Senar-PR, não apenas para aplicar em sua própria terra, mas tam-bém para prestar consultoria técnica a outros produtores. “Estou fazendo mais para ter subsídios para elaborar os projetos”, enfatiza. A propriedade de Lisiane está entre as três regiões que mais solicitaram financiamentos do Banco do Brasil por meio desse

Programa. Segundo o Banco, essas regiões são Ponta Grossa, Pato Bran-co e Maringá.

Na propriedade de 200 hectares, a ideia da produtora é ampliar o traba-lho que já vem sendo realizado. “Já fazemos o plantio direto, já temos um pouco de floresta plantada, mas quero aumentar a plantação, melho-rar a pastagem. No curso, cada aluno vai ter de elaborar um projeto, estou

pensando em fazer um projeto que englobe várias coisas na pecuária, na lavoura e na floresta”, completa Li-siane. O objetivo da produtora tam-bém está na preocupação com a ques-tão ambiental.

O professor do Departamento de So-los e Engenharia Rural da Univer-sidade Federal do Paraná (UFPR) e também presidente da Federação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná (Feap), Luiz Lucchesi, salienta que essa é uma agricultura que “converte com mais eficácia o CO2 da atmosfe-ra, a água e os raios solares em bio-massa e também uma agricultura que evita que a matéria orgânica do solo e outros nutrientes voltem na forma de gases do efeito estufa”.

Para Lucchesi, a agricultura com bai-xa emissão de carbono “pode e deve” ser utilizada por qualquer produtor rural. Além disso, o professor acredi-ta que esse é um tema que deve ser levado para a Conferência Rio +20. “O Governo tem obrigação de levar e prestigiar, principalmente, os gran-des profissionais que o Ministério da Agricultura e da Pecuária do Brasil têm”, completa Lucchesi.

“Esse é o tipo de coisa que todo mun-do ganha. O produtor vai ter recurso barato dentro da propriedade, ele vai produzir mais carne, mais soja, mais milho, contribuir melhor com o meio ambiente, vai poluir menos. É o tipo de coisa que todo mundo ganha na ca-deia. Então, quanto mais produtores participarem do programa é melhor”, conclui Bergamini.

As vantagens também estão no resulta-do da colheita, com produtos de maior qualidade. “A gente acredita que se as tecnologias forem bem aplicadas e adequadamente utilizadas vai sim ha-ver uma redução de aplicação de de-fensivos agrícolas. [...] Além de redu-zir a utilização, reduz custo, aumenta a renda, aumenta a segurança alimentar do produto”, finaliza Franzon.

formAs de ApliCAr

plANTio direTo NA pAlhA

Técnica que reduz o revolvimento do solo, deixando a palha da cultura anterior sobre o solo.

reCuperAçÃo de pAsTos degrAdAdos

Visa à transformação de terras degradadas novamente em áreas produtivas.

plANTio de floresTAs ComerCiAis

Reduz o carbono do ar por meio do oxigênio liberado pelas árvores.

nO PrOGraMa aBC, ExISTEM 6 TIPOS DE ManEJOS qUE rECEBEM FInanCIaMEnTO:

1

2

3

iNTegrAçÃo lAVourA-peCuáriA-floresTA

Técnica que procura alternar pastagem com floresta e agricultura em uma mesma área.

fixAçÃo biológiCA de NiTrogêNio

Utiliza micro-organismos para captar o nitrogênio do ar e transformá-lo em matéria orgânica.

TrATAmeNTo de resíduos ANimAis

Aproveita dejetos dos animais para produção de energia e de adubo orgânico.

4

5

6

Fonte: Mapa

Se forem bem aplicadas, as técnicas do Programa ABC devem reduzir o uso de defensivos, afirma Franzon

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Page 36: Revista MÊS, edição 16

36 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

protegendo-se contra o bullyingEscolas do Rio de Janeiro já contrataram o seguro contra o bullying; no Paraná, nenhuma escola aderiu à prática e alguns contestam o modelo

educação

ouviu estudantes do 9º ano do Ensi-no Fundamental (antiga 8ª série) de 6.780 escolas públicas e particulares.

A visibilidade dos casos de bullying e o maior esclarecimento da população sobre o tema tiveram diversas reações na sociedade. Famílias de vítimas desse tipo de prática estão entrando com ações contra as escolas. E para se protegerem dos prejuízos financeiros, colégios do Rio de Janeiro (RJ) ado-taram uma medida preventiva: o se-guro contra o bullying. Cerca de vinte

uritiba é a terceira capi-tal com maior frequência de casos de bullying no País. Segundo o Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em uma pesquisa realizada no ano passado, na Capital parana-

Cense, 35,2% dos estudantes declara-ram já ter sofrido bullying alguma vez. Brasília aparece em primeiro lu-gar, sendo considerada a “capital do bullying”, onde 35,6% dos estudantes entrevistados disseram serem vítimas de constantes agressões verbais ou físicas. Logo em seguida, vem Belo Horizonte, com 35,3%. A pesquisa

Bianca Nascimento - [email protected]

Page 37: Revista MÊS, edição 16

REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 37

escolas fazem o seguro por meio da Ace Seguradora. O dinheiro assegura recursos financeiros na defesa jurídica de funcionários e indenizações às víti-mas que sofreram bullying. De acordo com o Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe/PR), as escolas paranaenses ainda não se manifestaram em relação ao seguro contra o bullying. Essa prática ainda é controversa na opinião de pessoas ligadas à área da Educação. Ao fazer o seguro, a escola fica em uma zona confortável diante da situação e pouco age na prevenção, interpretam alguns especialistas. “A escola não pode se garantir e sim se impor”, responde a assessora pedagógica do Sinepe/PR, Fátima Chueire Hollanda, que ainda ressalta: “A escola se exime das suas responsabilidades. É tratar o assun-to de forma mecânica e ausente, sem encontrar caminho para minimizar a situação e sim fortalecê-la”.

A prática do bullying

O termo bullying popularizou-se no mundo. É uma palavra em inglês que significa um conjunto de maus tratos, ameaças e outros atos de intimidação física ou psicológica exercida de for-ma contínua sobre outro indivíduo. Geralmente, acontece no universo escolar e universitário. Apesar da prá-tica do bullying ser algo que sempre aconteceu nas relações humanas, a sua popularização ocorreu, princi-palmente, pelo maior esclarecimento das pessoas em relação à prática e também do aumento da divulgação do assunto na mídia.

Mas é preciso ter cautela, pois nem toda agressão é bullying. “As escolas deveriam ter uma clareza maior do que é essa prática. Os professores acabam interpretando qualquer ato de agressi-

vidade como bullying, que acontece quando é de forma contínua”, explica a psicóloga Maisa Panutti, especialis-ta em Educação Infantil. “Fazer tra-balho amplo e contínuo de discussão entre professores e pais é necessário para acabarmos com essa banalização. Somente palestras não ajudam e, sim, ações continuadas”, completa.

Trabalhos em escolas

As escolas escolhem diferentes ma-neiras educativas para lidar com o bullying. Mas um item é consenso: o diálogo. Principalmente entre alu-nos, professores e família. No colégio Atuação, por exemplo, uma medida nova foi adotada em julho do ano passado pela diretoria, inspirada em escolas da Dinamarca. Semanalmen-te, um professor coach conversa com os alunos e faz um questionário para conhecer mais a vida e os sentimen-tos de cada um.

De acordo com a diretora do colégio, Esther Cristina, houve uma melhora significativa e diminuição de casos de agressões psicológicas e físicas entre os alunos. “O que mais percebemos é que os professores não entendem os

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

“A escola não pode se garantir e sim se impor”, diz Fátima Chueire Hollanda

proJeTo

nÃO à VIOLÊnCIa naS ESCOLaS

O Projeto Não Violência (PNV) é uma Organização Não Governa-mental (ONG) que tem atuado há treze anos em escolas públicas de Curitiba e Região Metropolitana. O trabalho contribui com a prevenção da violência nas escolas, atendendo mais de 46 instituições de ensino. Dentre os temas abordados, está a questão do bullying.

“Nosso foco é a capacitação dos educadores. Através de aulas, eles aprendam e refletem sobre a situação da violência na escola e também a como incentivar relações mais pacíficas neste ambiente”, explica a coordenadora pedagógica do PNV, Adriana Cristina de Araújo Bini. “Através de pesquisas com professo-res e alunos envolvidos no projeto, percebemos bons resultados nas es-colas onde trabalhamos”, completa.

Conheça mais o projeto: www.naoviolencia.org.br

A diretora do colégio Atuação, Esther Cristina, seguiu o modelo de escolas da Dinamarca, contratando um coach para ouvir semanalmente os alunos

alunos. Depois do coach, você en-tende os alunos, as suas revoltas e o porquê de cada ação deles”, explica. “Acredito que a escola seja 50% pe-dagógica e os outros 50% de preparar para a vida”, completa.

Já no colégio Positivo, o trabalho é feito inicialmente por meio da ob-servação. Todos os profissionais, principalmente, professores e inspe-tores, diariamente, observam atitu-des e comportamentos dos alunos, identificando situações atípicas entre eles. “Temos também uma psicóloga que está sempre observando os estu-dantes. Quando nota algum compor-tamento inadequado, ela repassa as situações ao gestor do segmento, e com o conhecimento específico de sua formação, assessora-o na mediação da situação”, explica o diretor do Positi-vo da Unidade Jardim Ambiental, Jú-lio Kiyokatsu Inafuco.

Page 38: Revista MÊS, edição 16

38 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

oberto Marchioro (foto) é casado, tem cinco filhos, uma vida dentro da norma-lidade. Há cerca de 20 anos

trabalhava como gerente de um banco em Curitiba. Tinha uma profissão es-tressante, uma vida sedentária e uma alimentação desregulada. Apesar disso, não fumava e nem ingeria bebida alco-ólica. Mas tinha um histórico familiar que o levou a ter um grave problema de saúde. No primeiro episódio, teve uma crise hipertensiva. Foi parar no hospital. Os cuidados com a pressão começaram como um alerta. Dois anos mais tarde, ele foi diagnosticado com Insuficiência Cardíaca (IC), um proble-ma que afeta, no Brasil, cerca de 6,4 milhões de pessoas de todas as idades.

A doença pode ser “considerada hoje um grave problema de saúde pública de proporções epidêmicas”, revela a II Diretriz Brasileira de Insuficiên-cia Cardíaca Aguda, publicada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Para Marchioro, que hoje tem 68 anos de idade, o problema, apesar de bastante restritivo, foi recebido com certa naturalidade. “Para mim foi normal. É uma doença que você consegue controlar”, diz o paciente.

Entretanto, mudou sua rotina de vida por completo. Foi aposentado por in-validez, hoje faz trabalho voluntário,

A Sociedade Brasileira de Cardiologia alerta para o risco do aumento desta doença entre os brasileiros; neste mês, Curitiba irá sediar evento que vai discutir o tema

r

saúde

epidemia de insuficiência Cardíaca?

pratica exercícios físicos regulares, dentre eles, a hidroginástica, e se ali-menta com uma dieta especial, já que também desenvolveu diabetes ao lon-go desse tempo. Mas nunca foi hos-pitalizado por conta da Insuficiência Cardíaca. Toma 12 remédios para esse e outros problemas de saúde e garan-te: “vivo muito bem [...] Não deixei de fazer atividade nenhuma. Aprendi a lidar com as limitações”, conta.

Marchioro se diz disciplinado e visita regularmente o médico, pelo menos a cada seis meses. Hoje, sua preocupa-

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Arieta Arruda - [email protected]

ção é com os filhos. “Minha família toda é de hipertensos e tiveram pro-blemas de coração”, comenta Mar-chioro, que já tem um dos filhos com problemas de pressão.

Conceito

“Insuficiência Cardíaca é quando o coração não consegue manter a ener-gia para fazer com que a circulação do sangue se faça segundo as neces-sidades do corpo”, explica Dr. Osni Moreira Filho, presidente do 39º Congresso Paranaense de Cardiolo-

Page 39: Revista MÊS, edição 16

REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 39

gia de 2012, que será realizado entre 25 e 26 de maio, em Curitiba.

A doença acomete com maior frequên-cia os idosos. “As causas mais comuns de Insuficiência Cardíaca, que são o problema de doença coronária (infarto, angina) e o problema de pressão alta (hipertensão arterial), são mais frequen-te a partir de 60 anos”, completa Mo-reira Filho. Mas a doença também deve ser motivo de atenção dos mais jovens.

Os principais sintomas de alerta de que o coração não está funcionando de forma correta são a falta de ar, inchaço e fraqueza muito fortes. Mas não são apenas sintomas da Insuficiência Car-díaca. Por isso, devem ser encarados como sinais de que está na hora de ir ao médico para investigar o problema.

A partir de 18 anos de idade, a orien-tação é ir ao cardiologista a cada três anos, a partir dos 30 anos, é importan-te visitar o médico uma vez ao ano. “A Insuficiência Cardíaca é a via final co-mum da maioria das doenças que aco-metem o coração, sendo um dos mais importantes desafios clínicos atuais na área da saúde”, informa a SBC.

Os fatores de risco são: sedentarismo, diabetes, consumo do álcool, do ci-garro, exagero de sal na alimentação e obesidade. Itens comuns a várias doenças. Por isso, uma alimentação saudável aliada à prática regular de exercícios físicos pode evitar vários tipos de doenças, incluindo a Insufi-ciência Cardíaca, que não tem cura.

Tratamento

A forma de tratar vai depender muito da doença de base, aquela que originou a IC. Pode ser tanto com “remédios, que melhoram a eficiência do coração, tiram

Outra esperança está nas “pesquisas com células tronco, ainda não conclu-sivas”, comenta Dombeck. Mas que pode ser uma realidade para esses pa-cientes no futuro.

Por enquanto, “não tem outra forma, é preciso ir ao médico. Diagnosticar o quanto antes é melhor”, afirma o cardiologista Dombeck. Além disso, “tem aumentado o número de mu-lheres com a Insuficiência Cardíaca por motivos comportamentais”. A mudança da rotina das mulheres ao longo das gerações mudou para essa condição de maior risco com proble-mas cardíacos.

Mas o alerta não deve ser restrito às mulheres já que “é provável que na medida em que a população aumente a idade média, você vai ter um aumen-to importante da Insuficiência Cardía-ca, como você vai ter o aumento de cataratas, de demência, de diabetes. Porque dá tempo para as doenças sur-girem”, diz o cardiologista Dr. Osni.

Este tema está presente também na agenda nacional. No fim do mês (31/05 e 02/06), será realizado o 11º Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca, em Gramado (RS), com o objetivo de discutir esse problema de saúde pública e apresentar os avanços no diagnóstico e no tratamento.

a sobrecarga líquida do coração ou di-minuem a inflamação que está presen-te na Insuficiência Cardíaca”, orienta Moreira Filho. Mas, também, a pessoa pode ter de se submeter a um catete-rismo ou a um marcapasso, ou ainda, a uma cirurgia para mudar a configuração do coração e otimizar sua atividade.

Para conseguir os remédios e ter aces-so ao tratamento que é de alto custo, o Sistema Único de Saúde (SUS) atende 80% da população brasileira; já os outros 20% utilizam o sistema privado, a saber, planos e seguros de saúde, diz a SBC.

“Um dos grandes problemas do tra-tamento dessas doenças crônicas é a pessoa se motivar a ficar naquela limitação constante”, diz o médico. Não foi o que ocorreu com o pacien-te Marchioro. “Vivo tranquilo, vivo bem, sou moderado, me alimento bem. Não me entreguei [à doença].”

Avanços

Apesar de a doença não ter cura, o tem-po de sobrevida tem aumentado, con-forme aponta o Dr. Everton Dombeck, cardiologista do Hospital Constantini. Houve um aumento entre 5 e 15 anos da sobrevida dos pacientes, seja com Insuficiência Cardíaca Aguda ou Crô-nica, os dois tipos dessa doença.

Os principais sintomas são a falta de ar, inchaço e fraqueza muito fortes

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

“Um dos grandes problemas é a pessoa se motivar a ficar naquela limitação constante”, diz Dr. Osni

Page 40: Revista MÊS, edição 16

40 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

tecnologia

A acessibilidade é um tema que está sempre em discussão, mas na internet ela ainda caminha a passos curtos

ocê já tentou navegar na internet de uma manei-ra diferente? Como, por exemplo, com os olhos

fechados, sem usar o mouse ou com uma ponteira na boca? Pode parecer estranho, mas é assim que os internau-

Vtas com alguma deficiência navegam. E as dificuldades no mundo digital são muitas para esta parcela da população, que segundo o Censo 2010, representa 24% da população brasileira.

Entre elas está o estudante e programa-dor Evandro Dalkues Pena (16), cego desde os quatro anos de idade devido à

Navegando às escuras

Roberto Dziura Jr. - [email protected]

ACesso

VOCÊ PODE ExPErIMEnTar, VEJa COMO:

Para conscientizar a população sobre a importância dos sites aces-síveis, o W3C Brasil publicou no dia 03 de dezembro, Dia Interna-cional da pessoa com deficiência, na página inicial, três formatos diferenciados de navegabilidade: uma tela toda escura, outra com o mouse desabilitado e uma tercei-ra com letras aumentadas. Essas páginas podem ser acessadas no endereço w3c.br/3-dezembro. Experimente!

Catarata. Quando não está estudando, ele navega na internet utilizando o lei-tor de tela chamado Jaws. “Nem todos conseguem utilizar este programa por-

Page 41: Revista MÊS, edição 16

REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 41

que é muito complicado. Mas existem outros, porém limitados”.

Pena fez alguns cursos e, segundo ele, aprendeu sozinho a programação. “É que só utiliza código. A grande dificul-dade são os gráficos, aí não tem progra-ma que ajude”. Outra dificuldade para o estudante na internet são os sites de relacionamento e de vendas. “O Face-book é inacessível e no Twitter existe um programa que o faz funcionar. No comércio eletrônico, tentei só uma vez, mas a experiência não foi boa.”

Foi pensando nessas barreiras que a W3C – responsável pelos padrões e diretrizes da internet – promove neste ano o I Prêmio Nacional de Acessi-bilidade na Web. “As inscrições en-cerraram no último dia 31 de março. Agora os inscritos serão avaliados e futuramente acontecerá a premiação (ainda sem data divulgada) em que serão conhecidos os projetos que via-bilizem uma internet mais acessível”, conta Reinaldo Ferraz, desenvolve-dor Web do W3C Brasil. “Pesquisa em 2011, com dados de 2010, em 19 mil sites gov.br, analisou vários re-quisitos de acessibilidade. Desses, só 2% possuía recursos de acessibilida-de”, diz o desenvolvedor da W3C.

“A acessibilidade na internet é uma questão que beneficia não só as pes-soas com deficiências, mas todos que talvez em algum momento da vida tenha dificuldade. No futuro, todos podem ter problemas de visão ou de locomoção. Costumo dizer que se não trabalharmos a acessibilidade hoje, no futuro nós poderemos ser as gran-des vítimas”, conlui Ferraz.

Esse pensamento de tornar as páginas de internet acessíveis é a premissa de João Paulo Mehl, fundador e diretor da Ethymos, empresa que desenvolve projetos na web. “Trabalhamos com simplicidade nos nossos projetos. Uma página da web tem que ser bo-nita, mas tem que ser útil para todos. Por exemplo, os idosos que não têm

tanto conhecimento em informática, pessoas daltônicas ou com deficiên-cia motoras precisam navegar tran-quilamente. Por isso, um site precisa ser acessível, fácil e intuitivo”.

dificuldades

Mas não é somente no mundo virtual que estão as dificuldades. Os custos dos programas de leitura de voz ainda são muito altos no Brasil. “Um am-pliador de texto para pessoas com bai-xa visão custa em torno de R$3 mil”, conta o aposentado Gilmar Gavlovski (39), que perdeu a visão há mais de três anos quando pegou meningite.

Para acessar o computador, ele usa uma lente especial e a lupa do com-

Precisa aumentar o incentivo governamental em pesquisa para tornar a tecnologia mais barata,

diz Mehl

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

putador. Softwares também são ca-ros, conta Pena. “A licença do Jaws é de U$1.400 e não tem suporte no Brasil. Até tem outros programas mais acessíveis, porém de qualidade muito inferior.”

A falta de investimento na área é outra barreira na promoção da acessibilida-de na internet. “Ainda temos que ca-minhar bastante. Precisa aumentar o incentivo governamental em pesquisa para tornar a tecnologia mais barata. Além disso, a tributação tem que ser mais amigável para quem desenvolve sites acessíveis”, exemplifica Mehl.

Na opinião do desenvolvedor, deve-se somar a isso o engajamento das pessoas no sentido de mobilizar e pressionar as autoridades. “Só acredito em transfor-mação social com mobilização, pres-são da sociedade sobre o Estado e cor-porações. O setor privado é o terceiro elemento importante desse triângulo. As empresas precisam ter a consciên-cia de aplicar tecnologias apropriadas que insiram todos na internet.”

“Uma alternativa é desenvolver duas interfaces onde é possível ser visualizada normalmente e outra para deficiente”, sugere Pena

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Page 42: Revista MÊS, edição 16

42 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

comportamento

capacitação e as experiên-cias profissionais ajudam na hora de encontrar uma colocação no mercado de

trabalho. Mas só isso não basta atual-mente. O famoso “QI”, popularmente conhecido como “quem indica”, pode ser determinante na hora de conseguir um emprego ou uma recolocação na carreira. É muito comum ocorrer in-dicações nas empresas e, para isso, é preciso estar capacitado e bem rela-cionado. Para indicar e ser indicado,

Por meio de um bom networking, as pessoas têm mais chances de conseguir uma colocação profissional

A

uma rede de contatos por você

tivo e consultor de Recursos Huma-nos, Marcelo Maulepes.

É importante sempre manter sua rede ativa, mesmo depois de conseguir um trabalho. “Manter networking ativo é estar em contato sempre com pesso-as que podem agregar à sua carreira, compartilhando soluções, ideias e conselhos”, ressalta Maulepes.

seleções nas empresas

Você já deve ter cadastrado seu currí-culo em sites de empresas. Sua atitude pode ter sido bem intencionada, mas dificilmente as empresas irão ver seu portfólio. “As empresas só consultam os bancos quando há necessidades específicas. Geralmente, contratam por indicação”, explica o psicólogo

uma boa maneira é trabalhar constan-temente por seu networking.

O termo em inglês significa rede de contatos. Tanto no trabalho, em reuniões, encontros, palestras e até mesmo nas universidades é possível conhecer pessoas, trocar contatos e estabelecer relacionamentos profis-sionais. Uma simples conversa ou uma troca de cartões podem ser úteis para sua carreira no futuro.

“É essencial ter sua rede de relacio-namentos e o quanto estas pessoas são capazes de trabalhar por você ou para você. Manter networking é como manter os laços de família e pontes que te conectam às pessoas que são interessantes para sua vida profissio-nal e pessoal”, explica o coach execu-

Bianca Nascimento - [email protected]

Page 43: Revista MÊS, edição 16

REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 43

ManDE SUa OPInIÃO SOBrE O TEMa. ParTICIPE!

@mes_pr

Mês Paraná

[email protected]

pesquisAVOCÊ E aS rEDES SOCIaIS

Rapahel Di Lascio, que atuou 18 anos em processos de seleção. “O mercado hoje precisa de pessoas com referên-cias, pois já sofreu muito com indiví-duos contratados por processos con-vencionais que não se configuraram nas empresas”, completa.

Para manter um bom networking, é essencial construir uma relação de confiança e respeito com seus con-tatos. Permitir que eles conheçam suas competências e experiências profissionais pode ajudar na hora de se projetar. Fazer cursos, conhecer novas pessoas, estar aberto a trocar experiências, pode também ser um pontapé inicial para a construção de seu networking.

Geralmente, quando alguém conse-gue um emprego, fica tão inserido no novo cargo que se esquece de manter o networking ativo. Mandar um e--mail ou fazer uma visita são formas de demonstrar interesse. “Com essa relação, eu aprendo a conhecer os va-lores das pessoas, se ela é correta e responsável, construindo significados com elas pelas suas vivências”, expli-ca o diretor de Educação da Associa-ção Brasileira de Recursos Humanos (ABRH- Nacional), Luiz Edmundo Rosa. “As empresas estimulam os funcionários a indicar pessoas. É uma excelente fonte de recrutamento”.

Vida na web

As redes sociais na internet também ajudam neste processo de interação com empresas e pessoas. Muitas de-las, como a rede LinkedIn, tem sido um meio de divulgação de currículos e de novas amizades que podem ge-rar contatos profissionais. Mas é pre-ciso tomar cuidado: redes como Fa-cebook, por exemplo, podem causar exposições negativas de sua imagem

Ban

co d

e im

agem

Para Marcelo Maulepes, o networking é o quanto seus contatos profissionais são capazes de trabalhar por você ou para você

20%acreditam que houve promoções,

contratações ou demissões em função de avaliações de perfil

nas redes sociais.

29% CoNTrA

16% iNdeCiso

acreditam que colabora com o networking e com a geração de novos negócios

acreditam que as pessoas não conseguem separar o uso pessoal do uso profissional

acreditam que ajuda na socialização dos funcionários da empresa

acreditam que as redes sociais fazem uso indevido e expõem a empresa

acreditam que ajuda a aliviar o estresse ao falar com conhecidos

80%

95%

60%

30%

43%

Fonte: Gentis Panel. *Pesquisa feita via e-mail com 1,7 mil profissionais do País entre outubro e dezembro de 2011.

TrAbAlhANdo pelo NEtwOrkiNg

Thiago Szymanski é analista de Ma-rketing em uma empresa de telefonia. Mesmo com só 26 anos de idade, já passou por diversas companhias multinacionais, como a TIM e o banco HSBC. Das sete que trabalhou, quatro foram por indicação. “No HSBC, eu fiz o processo normal, mas quando chegou a fase de entrevistas, meu currículo caiu em uma área que eu possuía dois conhecidos que lá trabalhavam e me indicaram”, conta Szymanski.

aPrEnDa COM a ExPErIÊnCIa DE THIaGO COMO É POSSíVEL COn-qUISTar SEU ESPaÇO PrOFISSIOnaL POr MEIO Da InDICaÇÃO:

Ele lembra que manter uma boa rede de contatos e mostrar um bom traba-lho são fatores decisivos para uma colocação. “Grande parte da ajuda consiste sempre na indicação em si. Basta você se colocar na posição de gestor. Se na sua frente há dois currículos, muito bons, mas um deles ainda tem o aval de um funcionário seu (desde que seja um bom fun-cionário), a decisão fica muito mais fácil”, completa.

e ser um ponto a menos na hora da contratação. “A rede é um risco. A maioria das empresas, hoje na entre-vista, consulta o perfil dos entrevis-tados nas redes sociais, para saber o que aquela pessoa coloca e que tipo de exposição faz de si mesma”, apon-ta Luiz Edmundo Rosa.

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

É POSiTiVO O uSO DAS REDES SOCiAiS NO TRABALhO?

55% A fAVor

Page 44: Revista MÊS, edição 16

44 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

s cavaleiros da Távola Redonda, da Idade Mé-dia, ainda hoje povoam o imaginário das pesso-

as com grande simbolismo. Eram ho-mens de grande poder e armas. Ape-sar disso, em seus famosos encontros se despiam de suas armas e se reu-niam em uma grande mesa redonda, o

Os grandes líderes descobrem uma forma de trocar experiências com seus pares em fóruns de discussão para abandonar a ilha do poder de grandes corporações

o

“solidão” do poder compartilhada

que lhes conferia o significado de dei-xar a todos em pé de igualdade. Nos dias de hoje, experiência semelhante parece inspirar grandes executivos de empresas no Paraná.

São presidentes de corporações de destaque no Estado, mas que no alto de suas responsabilidades também se veem sozinhos em algumas deci-sões, conflitos e dúvidas do cotidiano. Sim, eles vivem a “solidão do poder”! “Existem medos que são subjacentes a qualquer decisão objetiva a ser tra-çada. É isso que eles compartilham”, diz Márcia Maria Menim, psicóloga e membro do Renaissance Executive Forums, um fórum que procura reu-

nir grupos de CEOs (Chief Executive Officer) em vários países do mundo para trocar experiências e delinear, mensalmente, o comportamento de um verdadeiro líder corporativo.

A responsabilidade é grande, pois “dele dependem alguns milhares de pessoas, que vão se alimentar, cres-cer, estudar, dependendo das decisões que tomar”, ressalta Ricardo Cipullo, responsável pela coordenação do Fó-rum no Paraná. Por isso, qualquer passo em falso pode ser desastroso para muitas pessoas. “Sofrem muito com isso”. Os grandes monstros que rondam a cabeça de um CEO, segun-do as fontes ouvidas pela reportagem

comportamento

Arieta Arruda - [email protected]

Foto

s: D

ivul

gaçã

o

1 - RICARDO CIPULLO: diretor do Renaissance Executive Forums no Paraná2 - JOSé BOSCO SILVEIRA JúNIOR: presidente da indústria Brose do Brasil

3 - YOSHIO KAWAKAMI: presidente da Volvo Construction Latin America

12 3

Page 45: Revista MÊS, edição 16

REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 45

são: a perda das oportunidades de mercado e o fracasso da empresa.

Com tamanho desafio, nele também pode estar alguns ensinamentos para gerir sua carreira, seja qual for o pa-tamar que estiver dentro de uma or-ganização. Eles se embasam nos ca-valeiros da Távola Redonda, e você, pode se aproximar das dúvidas dos CEOs e se inspirar em algumas ca-racterísticas que o fizeram chegar a esse cargo de sucesso.

gestão de pessoas

O primeiro desafio pelo qual os presi-dentes ou donos de empresas passam é o desafio de gerir pessoas de forma a aproveitar o máximo do potencial de cada equipe. “A dificuldade de lidar com pessoas que nem sempre é sua escolha, é de todos nós. Até nas coisas mais íntimas, se for pensar bem, você não escolhe irmão, nem escolhe filho. Você tem de aprender a lidar com as pessoas que estão à sua volta. Isso é da vida”, diz Cipullo. Outro ponto é “quanto mais alto você está numa organização, mais você tem pessoas com algum egocentrismo”. Segundo Cipullo, para ser um verdadeiro líder, é preciso se livrar desse sentimento.

“Não tem nada maior que o ego”, costuma dizer Yoshio Kawakami, presidente da Volvo Construction Equipment Latin America. Para José Bosco Silveira Júnior, presidente da Brose do Brasil, de nada vale tentar ser o herói que tenta fazer acontecer sozinho. “Os líderes precisam estar cercados de pessoas competentes e responsáveis pelo processo de geren-ciar a empresa”, comenta Bosco.

Além disso, é preciso saber identifi-car o que acontece na corporação e procurar manter a cultura da empre-sa em alta. “O CEO precisa ser uma pessoa aberta e mostrar o caminho de forma concreta”, completa Ka-wakami. E aí mora outro monstro dos grandes líderes. “Talvez a habilidade

aquilo”, confessa o coordenador do Fórum que já ocupou o cargo de CEO por muitos anos.

A pergunta a se fazer nessa hora é: isso é liderar? “Provavelmente, lide-rar é fazer perguntas” e não dar res-postas prontas, aponta Cipullo. Mas “tem algumas perguntas que a equipe não responde” e para essas é que o grupo de “cavaleiros da modernida-de” se encontra todos os meses. Se-gundo alguns integrantes, a troca de experiências é rica. “É bom ser desa-fiado em alguns momentos e comple-mentado em outros”, afirma o CEO da Thyssen-Krupp Bilstein Brasil, Alexandre Bamberg.

mercado

Manter um ambiente produtivo e sau-dável na corporação é também dever do presidente. “Isso vai fazer com que o liderado desempenhe sua fun-ção independentemente da presença do presidente ou do diretor e de ou-tros fatores”, aponta o presidente da Volvo. Aliar isso a um olhar atento aos movimentos do mercado é outra tarefa das mais difíceis.

Mas “é ele quem determina a mudan-ça de recursos para obter os melhores resultados”, ressalta Kawakami, so-bre a relação da empresa com o mer-cado. E conclui: o presidente “precisa ser um emissor de sinais que traduza o ambiente e passe a mesma mensa-gem para todos [dentro da empresa]”. Para isso, é preciso saber ouvir, por exemplo, quem conseguiu aumentar 12 vezes o faturamento da empresa (de U$ 58 milhões a U$ 720 milhões na América Latina) em 12 anos na presidência, como foi o caso de Ka-wakami. Hoje seu maior desafio é chegar ao patamar de U$ 1 bilhão e trabalhar na sucessão da diretoria.

Era esse o desafio que os cavaleiros da Távola Redonda ambicionavam em sua época: expandir o poder e a glória por todo o mundo.

interpessoal seja a mais difícil de ser desenvolvida”, analisa Cipullo. “Um CEO que não gosta de gente vai ter muita dificuldade de ter sucesso. Por-que ele tem de estar cercado de gen-te. Se ele pretender ser uma ilha, ele não vai conseguir sucesso”. Comple-ta Bosco: “precisa conhecer o time bem, os desafios que a organização precisa [...] Saber realizar os projetos através de pessoas”.

perguntas certas

Diferentemente do que muitas pesso-as podem acreditar, os grandes CEOs são aqueles que sabem fazer as me-lhores perguntas e não aqueles que detêm todas as respostas. “Não é con-fortável compartilhar o poder, mas as decisões são melhores quando a gente conta com outras pessoas pensando”, observa o presidente da Volvo.

Esta opinião também é compartilha-da por Bosco. Para ele, é importante desenvolver as pessoas e estimular o grupo a pensar. Para isso, é impres-cindível levar a equipe liderada a pensar, a solucionar os desafios que aparecem no dia a dia. “É muito ruim o cara que julga ter todas as respostas [...] O processo de perguntar, te faz pensar a respeito. É o primeiro output do processo de refletir sobre algo”, complementa Cipullo.

operacional

Outro “maior drama é conseguir se livrar do operacional”, diz Cipullo. É como se estivesse numa corrida con-tra o tempo, em que os obstáculos de-vem ser vencidos de minuto a minuto. “O dia a dia te come por uma perna. E é muito fácil, você se enredar por

O primeiro desafio pelo qual os presidentes ou

donos de empresas passam é o desafio de gerir pessoas

Page 46: Revista MÊS, edição 16

46 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

internacional

ão é novidade para nin-guém que a Espanha passa por um momento delicado que vai além da macroe-

conomia e atinge em cheio a vida dos espanhóis. A Espanha vive uma nova recessão, anunciada no mês passado.

Brasil adota reciprocidade na entrada de espanhóis ao País, mas Itamaraty frisa não se tratar de represália e se diz aberto ao diálogo para rever posição

Nmedida civilizada

Arieta Arruda - [email protected] É a segunda vez que entra nessa situ-ação em menos de três anos, segundo dados do Banco Central da Espanha. No final deste semestre, a taxa de desemprego deve atingir 24%, sig-nificando mais de 100 mil pessoas perdendo seus empregos. “A ativida-de econômica deles está fraca não é de hoje. Eles não estão conseguindo

Page 47: Revista MÊS, edição 16

REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 47

Ban

co d

e im

agem

melhorar. Na verdade, eles estão até piorando”, comenta o analista de mer-cado da Omar Camargo Investimen-tos, Felipe Rocha. O cenário não é dos melhores mesmo para os próximos meses. Há estimativas de mais cortes de gastos do governo e a falta de cres-cimento econômico ainda deve conti-nuar prejudicando as expectativas de recuperação do País.

Somado a isso, no dia 02 de maio, completou um mês que o Governo Brasileiro adotou o princípio diplomá-tico da reciprocidade para a entrada de turistas espanhóis em solo brasileiro. “As nações têm o direito à defesa e à conservação”, explica o professor de Direito Internacional da UniCuritiba, Luiz Alexandre Carta Winter. “Nós estamos fazendo o que devia ser feito. O que fazíamos antes era uma maneira mais ‘tranquila’ de receber”, observa.

Novas exigências

De acordo com informações do Ita-maraty, o Brasil passa a exigir dos es-

panhóis que vierem ao País uma carta convite, reserva de hotel, passagem de ida e volta, passaporte válido por seis meses e dinheiro para se manter no País. “Não se trata de represália”, frisa a assessoria de imprensa do Mi-nistério de Relações Exteriores. No entanto, o Governo Brasileiro se vale do tratamento, e das restrições dadas aos brasileiros ao tentarem ir à Espa-nha, principal porta de entrada para a Europa.

O número de inadmissões em terri-tório espanhol é alto se comparado a outras nações. Em 2010, segundo nú-meros do Itamaraty, 1.695 brasileiros não foram admitidos nos aeroportos da Espanha. No mesmo ano, na Ale-manha, o número foi de 32.

Entretanto, mesmo na Espanha, este número vem caindo. No ano passado, baixou para 1.402 os casos de brasilei-ros não admitidos em território espa-nhol. O principal problema, apontado pelo Itamaraty, é em relação ao trata-mento na alfândega. É grande o nú-

mero de queixas entre os brasileiros. Conforme informações do Itamaraty, no Reino Unido, por exemplo, isso não é observado com tanta frequên-cia, como na Espanha. “O número de inadmitidos é grande também, mas o número de queixas é menor”, reforça a assessoria de imprensa do órgão.

relação mantida

Apesar disso, tanto o especialista quanto o Itamaraty não acreditam em estremecimento nas relações entre os dois países. “A posição do Itamaraty é bem coerente com o que se pode esperar. Não há nada de desgaste em relação a isso. A relação entre Bra-sil e Espanha sempre foi muito boa”, afirma Winter.

Além disso, há um esforço diplomá-tico para melhorar essa relação, com reuniões periódicas para buscar uma solução construtiva para essa ques-tão. A última foi realizada em março deste ano. Outra medida adotada pelo Itamaraty foi um pedido de informa-ções periódicas a partir deste ano para acompanhar o ingresso de brasileiros e o tratamento que recebem em outros países. Este acompanhamento irá faci-litar novas medidas de reciprocidade com outros países e evitar constrangi-mentos de brasileiros no exterior.

Fontes ligadas à Polícia Federal do Paraná dão conta de que no Aeropor-to Internacional Afonso Pena, locali-zado em São José dos Pinhais (PR), não houve registros de incidentes en-volvendo espanhóis este ano. Mas no Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu (PR), há suspeitas de haver um caso em que um espanhol teria sofrido maus tratos. O caso ainda não foi con-firmado oficialmente. Para o professor Luiz Winter, não há estremecimento nas relações entre Brasil e Espanha

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Completa um mês que o governo brasileiro adotou o princípio diplomático da

reciprocidade

Page 48: Revista MÊS, edição 16

48 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

Incluído na relação de destinos turísticos da Copa do Mundo, o Parque passa por reestruturação administrativa e promete novidades para os turistas

turismo

A nova gestão de Vila Velha

primeiro Parque Esta-dual em número de visi-tantes e o segundo ponto turístico mais visitado

do Paraná, perdendo apenas para as Cataratas do Iguaçu, está passando por mais uma transformação. O Par-que Estadual de Vila Velha, localiza-do em Ponta Grossa (PR), depois de ter sua estrutura física remodelada em 2004, agora muda a administra-ção, que até recentemente era gerida pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Com um contrato de gestão assinado desde janeiro deste ano, o Serviço Social Autônomo Ecopara-ná, vinculado à Secretaria de Turis-

o

mo do Paraná, pretende começar efe-tivamente as atividades no local no próximo mês.

Essa mudança faz parte de uma nova política para o turismo do Estado. Na atual gestão, a Ecoparaná assumirá gradativamente a parte de uso públi-co. Isso significa administrar a visi-tação dos Parques Estaduais. “Vem para fortalecer o seguimento, imple-mentar novas ações na parte de turis-mo, melhorar a atratividade e o apoio que é dado ao turista, ao visitante e também identificar novos produtos no Parque”, explica o coordenador de Relações Institucionais da Ecopara-ná, Rômulo Araujo Augusto Brozel.

potencial

No último ano, cerca de 61 mil tu-ristas visitaram o Parque Estadual de Vila Velha. Apesar de ser um número interessante, o coordenador diz acre-ditar que o potencial do local é ainda maior. “Principalmente pela proximi-

dade de polos populacionais grandes, como Curitiba, Ponta Grossa”. Outro fator determinante é que Vila Velha foi incluída no roteiro do Paraná indi-cado para a Copa do Mundo, que será realizada em 2014, no Brasil.

Foto

s: R

ober

to D

ziur

a Jr

.

Mariane Maio - [email protected]

A ideia da Ecoparaná é que Vila Velha se torne autossustentável, garante o coordenador de Relações Institucionais

Page 49: Revista MÊS, edição 16

REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 49

existem no Parque, estão as que lem-bram imagens, como a taça, o camelo, a garrafa, a bota, o índio Dhui e a índia Aracê, partes da lenda local.

Após os 1.100 metros de trilha dos arenitos, o visitante percorre ain-da mais 1.600 metros pela Trilha do Bosque, onde é possível ver a vege-tação nativa.

O segundo passeio, o das furnas e da lagoa dourada, ocorre em apenas três horários do dia, às 11h, às 13h30 e às 15h30. Lá os visitantes conseguem ver crateras verticais, com cerca de 100 metros de profundidade, resul-tados da erosão do solo. Na primeira furna visitada, antes era possível des-cer em um elevador até a beirada da água. Mas há mais de 10 anos, esse mecanismo foi desativado, pois o ba-rulho do equipamento e o óleo utili-zado para a manutenção estavam in-terferindo no ecossistema local.

Das seis furnas do Parque, apenas a primeira e a segunda estão disponí-veis para a visitação. A lagoa dourada encerra o passeio. Em algumas par-tes, a profundidade da lagoa chega a 5 metros. Ela é considerada uma furna em estágio terminal, por ter sido qua-se toda recoberta pelos sedimentos.

Para cada um dos passeios é reco-mendado reservar cerca de 1h30 de visitação. Mas a paisagem, certamen-te, compensa o tempo gasto.

Essa notícia fez com que algumas medi-das fossem tomadas com maior urgên-cia. “Hoje, os tíquetes e agendamento são feitos ainda de uma maneira muito artesanal, vendidos apenas aqui no Par-que, agendamentos são difíceis por tele-fone. A gente pretende implantar ainda esse ano a venda de bilhetes e reservas de grupos pela internet. E ações do pes-soal que vai ser contratado, visando o melhor atendimento”, afirma Brozel.

Já a estrutura do Parque não deve so-frer alterações, devido à grande refor-ma concluída em 2004. Mas o coor-denador garante que mais para frente é possível contar com novidades. “No primeiro momento [próximos quatro anos] queremos melhorar a gestão do Parque, para num segundo momento identificar novos produtos para que o turista permaneça mais tempo e possa usufruir mais das belezas naturais”, diz. A ideia é que nessa segunda etapa seja avaliada a possibilidade de con-cessão para a iniciativa privada, “para que essa beleza natural passe a ser au-tossustentável”, justifica Brozel.

por dentro do parque

O turismo realizado no Parque Esta-dual de Vila Velha é apenas contem-plativo. Não existe nenhum momento que o visitante possa interagir com as paisagens. Guias acompanham a visita e garantem que os turistas percorram as trilhas sinalizadas, não tocando nos arenitos ou nas furnas, impedindo, assim, o desgaste do local por ação humana.

Foto

s: R

ober

to D

ziur

a Jr

.

A guia Camila Blun, que nos acompa-nhou pelo percurso, conta que antes da reforma de 2004, as pessoas che-gavam até mesmo a subir nos areni-tos para tomar sol. As marcas podem ser percebidas até hoje. Mas “o maior agente erosivo de Vila Velha é a água. Quando chove acaba sendo acumu-lado em cima da rocha. Quando ela vai escorrendo, vai encontrar uma fraqueza na rocha, tem tendência a infiltrar e começar a formar esses pe-quenos buracos que nós chamamos de alvéolos”.

passeios

O turista tem a opção de fazer dois tipos de passeios em Vila Velha. O primeiro, e mais famoso deles, é o dos arenitos. Formações rochosas, resultado de um grande depósito de areia há aproxima-damente 340 milhões de anos, no perío-do carbonífero, que foram esculpidas com o passar do tempo pelas chuvas e pelo vento. Entre as formações que

A lagoa dourada é considerada uma furna em estágio terminal que agrada aos olhos dos turistas

deTAlhes Para VISITar VILa VELHa (POnTa GrOSSa-Pr)Acesso: Rodovia BR 376 km 28 (Ponta Grossa – Curitiba)

Valor da Entrada Brasileiros Estrangeiros• Furnas + Arenitos + Lagoa Dourada R$18 ............. R$25• Furnas + Lagoa Dourada R$8 .............. R$10• Arenitos R$10 ............. R$15

Mais informaçõeshttp://www.pontagrossa.pr.gov.br/parque-estadual-vila-velha

Page 50: Revista MÊS, edição 16

50 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

Badminton é o segundo esporte mais praticado no mundo; no Paraná, já conta com mais de dois mil praticantes

A brincadeira de peteca que virou esporte

ocê já ouviu falar de um es-porte que se assemelha ao tênis e usa como bola uma peteca? Chama-se Badmin-

ton. Mesmo não sendo tão conhecido, é o segundo esporte mais praticado no mundo, considerado o mais popular no Oriente. Trazido da Índia para a Ingla-terra, a primeira versão oficial ocorreu em 1873 e sua prática continua até hoje. Há trinta anos, os asiáticos apresentaram o esporte aos brasileiros. No Paraná, o

VBadminton surgiu em 1996, em Londri-na, estendendo-se a outras 14 cidades.

De acordo com a Badminton Fede-ração Paranaense (BFP), o Estado conta atualmente com cerca de dois mil praticantes. O Badminton possui muitos aspectos positivos, mas ainda precisa de maior divulgação. “Talvez não conseguimos entender ainda o que agrada a mídia no nosso esporte”, avalia o presidente da BFP, Eliseu Paulo Machado, em relação à baixa visibilidade do esporte no País. Ainda

para Eliseu, a própria participação do esporte nas próximas Olimpíadas de Londres irá alavancar sua projeção no Brasil. “Eu creio que mais cinco anos vamos estar na mídia e as pessoas vão saber e ter contato com o Badmin-ton”, analisa. As escolas, atualmente, já têm mais contato com o esporte e muitas o possuem na grade curricular.

As regras do badminton

O jogo de Badminton se parece com o tênis por dois motivos: utiliza raquete

esporte

Bianca Nascimento - [email protected]

Page 51: Revista MÊS, edição 16

REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 51

pArAbAdmiNToN

PESSOaS POrTaDOraS DE nE-CESSIDaDES ESPECIaIS TaMBÉM PODEM PraTICar O ESPOrTE:

A modalidade Parabadminton surgiu em 2008 pela Confederação Brasileira de Badminton e, de lá para cá, tem competições nacionais regulares. Em média, três por ano. Létisson Samarone Pereira é diretor do setor de Parabadminton da BFP. Ele explica que a modalidade ainda não é paraolímpica, o que dificul-ta a sua visibilidade. “Ainda não temos uma grande projeção que os outros esportes paraolímpicos têm”. Atualmente, o Parabadminton tem em média 22 atletas cadeirantes e 16 andantes em todo o Brasil.

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

e uma rede no meio da quadra. A di-ferença é que no lugar da bola usa-se uma peteca, chamada de volante ou birdie. Além disso, a rede possui 1,55 cm sendo mais alta que a utilizada no tênis e menor que a rede da quadra de vôlei. O objetivo é que cada jogador use uma raquete para bater na peteca, mantendo esta última no ar o maior tempo possível. Se ela cair no campo do adversário, é marcado um ponto. O Badminton é praticado um contra um ou em duplas, e pode ser disputa-do entre homens e mulheres. O jogo é dividido em três games de 21 pontos.

Uma partida do esporte pode durar, em média, meia hora. Por ser um jogo dinâmico, a prática do Badminton de-senvolve diversas habilidades e pos-sui baixos índices de lesões. “É um esporte rápido e, por isso, desenvolve atenção, raciocínio rápido e concen-tração. Para as mulheres, é muito bom porque queima bastantes calorias”, explica Sebastião Dias de Oliveira, técnico e professor de Badminton do Rio de Janeiro. Ele ensina o esporte para mais de 400 alunos na favela do Chacrinha, na capital fluminense.

Os custos para praticar Badminton são acessíveis no início. Uma raque-te chega a custar R$30,00 e a pete-ca, R$5,00. “Com o passar do tempo, se você optar por se profissionalizar, aí pode adquirir equipamentos mais resistentes e de maior durabilidade, como a peteca de pena de ganso”, ex-plica Oliveira.

Torneios e atletas do esporte

No final de março, foi realizada, em Curitiba, a 1ª etapa do Circuito Bra-

sileiro de Badminton, na qual mais de 250 atletas participaram, repre-sentando vários estados. O Paraná foi bem representado por um dos atletas mais reconhecidos, Pedro Chen, que ocupa a primeira posição no ranking geral nacional, e também a primeira colocação em dupla mista e dupla masculina.

Há doze anos, ele começou a fazer futebol, mas logo se interessou pela quadra ao lado de onde treinava: uma quadra de Badminton. “Sempre gos-tei muito de esporte e então comecei a praticar Badminton e meu interes-se foi aumentando”, conta Chen, que hoje atua como atleta e professor de Badminton. Ele já participou de mais de quinze campeonatos, entre nacio-nais e estaduais.

A competição voltou-se para atletas das categorias Jovem, Principal e Para-badminton. Pedro Chen e Gabriel Gan-dara conquistaram o vice-campeonato. Luiz dos Santos e Andres Corpacho le-varam a medalha de ouro. Ambos pos-suem grande experiência em torneios internacionais. Luiz já viajou repre-sentando o Brasil para mais de quinze

países só no ano passado. Uma de suas participações foi no Pan-Americano de Guadalajara, no México, onde o Bra-sil conquistou medalha de bronze. Há sete anos, Santos trocou o vôlei pelo Badminton. “Depois que fiz a primei-ra aula não parei mais. Aprendi muito nesta trajetória, tanto aqui quanto fora do País”, revela.Por ser um jogo

dinâmico, a prática desenvolve diversas habilidades e possui

baixos índices de lesões

Pedro Chen figura na primeira posição no ranking geral nacional e no primeiro lugar em duplas

Page 52: Revista MÊS, edição 16

52 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

Apesar de toda essa profissionaliza-ção, ninguém está competindo. O re-sultado esperado por todos é elevar o carro à máxima potência e, dessa forma, melhorar seu tempo na pista. Os Track Days, famosos nos Estados Unidos e na Europa, estão se popula-rizando cada vez mais no Brasil. Os “dias de pista” foram idealizados para que pessoas comuns pudessem acele-rar seus carros em local permitido: o autódromo e com segurança.

Na pista

O engenheiro Henrique Correa, de Sorocaba, era um dos 80 “pilotos”

automóvel

maioria dos carros só mantém a carcaça origi-nal. Motores turbinados ou completamente alte-

rados, pneus especiais, suspensão e freios mexidos. Os bancos traseiros e até mesmo o ar condicionado são re-tirados para deixar os carros mais le-ves. Até os famosos “Santo Antônio” ou barras de proteção são vistos em grande parte dos modelos que ali cir-culam. Os cintos também estão mais seguros, com quatro ou cinco pontos de fixação. Assim são os automóveis preparados para corridas.

lugar certo para acelerarModalidade que está sendo difundida no Brasil permite que pessoas comuns corram em um autódromo

Mariane Maio - [email protected]

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Ainscritos para o primeiro Track Day de 2012, organizado pela Racing Art. Apaixonado pela modalidade, Correa percorreu quase 400 km apenas para participar do evento, realizado no au-tódromo de Pinhais, Região Metropo-litana de Curitiba (RMC).

A bordo do Golf VR6 de Correa, qua-se todo modificado, a reportagem da MÊS embarcou para experimentar a emoção que todos que estavam ali di-ziam sentir. Antes de começar, o con-dutor se certificou se podia acelerar. Depois de respirar fundo, respondi: “ande como se eu não estivesse aqui”. Isso foi suficiente para chegarmos a

Page 53: Revista MÊS, edição 16

REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 53

Foto

s: R

ober

to D

ziur

a Jr

.

é bastante restrito, devido ao preço. A inscrição para um dia de evento custa R$420. Com esse valor é possível dar quantas voltas quiser, seguindo a regra do limite de carros na pista e a dispo-sição do “piloto”.

Adad, que não contabiliza mais quan-to gastou com a suspensão e a compra de novos pneus, desembolsou R$120 com troca e balanceamento dos pneus e mais R$120, valor equivalente a um tanque de combustível.

Henrique Correa garante que a cada Track Day gasta em torno de R$2 mil. Já no desenvolvimento do carro, ele estima ter gasto cerca de R$160 mil. Grandis afirma que é melhor não so-mar os gastos, “é uma conta que não faço, porque desanima”.

O domínio da velocidade parece com-pensar todo investimento. Parece fazer sentido até mesmo para quem está só de carona.

225 km/h na reta dos boxes e quase 100 km/h em algumas curvas.

segurança

Mesmo com a alta velocidade, o medo deu lugar à adrenalina. A sensação é de estar em um lugar extremamente seguro. E pelos depoimentos, parece mesmo ser. Todos relataram que as re-gras impostas pela organização, como não ultrapassar na curva e ter até 25 carros simultaneamente na pista, fa-zem com que o momento seja praze-roso. “Quando você sai daqui, dirige melhor e abusa menos na rua. A brin-cadeira é aqui”, afirma Correa.

Outro “piloto” que também admite ter maneirado na rua é o administra-dor Fábio de Grandis. “Aqui é o lugar certo. Você corre com segurança, sem transgredir nenhuma lei”, diz. Grandis

Próximos eventos: www.racingart.com.br/racingday

mantém três carros exclusivamente para participar do Track Days. O pri-meiro e seu maior xodó é um Honda Civic VTI. Os outros dois são um Gol modelo 93 e um Mitsubishi Lancer Evolution 5 que ele ainda está termi-nando de preparar.

Apesar da maioria desses “pilotos” te-rem carros específicos para correr no autódromo, o Track Day não se limita a isso. A ideia de poder correr com o carro do dia a dia ainda persiste, por essa razão a reportagem da Mês en-controu desde Chevettes, Ford Ka e até Porches roncando os motores na pista.

O analista de cobrança, Fernando Adad, é um dos que leva seu carro de rua ao autódromo. Dono de um Polo 1.6, Adad afirma ter mexido apenas na suspensão do carro e trocado de pneus durante o dia do evento, pois os de rua “escorregam na pista”.

investimento

Mesmo sem investir em carros especí-ficos, o hobby de correr de carro ainda

O primeiro Track day de 2012 em Curitiba contou com 80 carros inscritos Fernando Adad usa seu carro do dia a dia,

um Polo 1.6, para acelerar no Track Day

O engenheiro Henrique Correa, de Sorocaba, percorreu quase 400 km para participar do evento

Page 54: Revista MÊS, edição 16

54 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

moda&beleza

A renda e o estilo retrô estão em alta para os casamentos do tradicional mês das noivas

á algumas décadas, as noivas prezavam por ves-tidos mais recatados. Nos anos 70, por exemplo, os

modelos eram mais fechados, como sinal de respeito às igrejas e famílias. Já o vestido volumoso e com mangas bufantes, da Lady Diana, inspirou toda a década de 80 e influenciou muitas noivas a casarem-se como princesas. Mas aos poucos, os mode-los mais ousados, com decotes, cores diferentes do branco, certa transpa-rência e o famoso “tomara que caia”, foram fazendo a cabeça das noivas. Neste mês de maio, confira o que está em alta para casar em grande estilo.

hBianca Nascimento - [email protected] São diversas as tendências e ideias

que servem de inspiração para as noi-vas nesta época do ano. Antigamente, era usual vestir peças como estolas de pele ou vestidos de manga comprida para casar e fugir do frio curitibano.

Hoje, com a variedade de modelos, o famoso “tomara que caia” caiu no gosto das noivas, mas pode ser usado com adereços que conferem charme e conforto. Uma das opções é uti-lizar no outono/inverno um bolero, um tipo de casaco, mas em versão “mini”. Existem diferentes modelos: com mangas bufantes, com golas, mais justos ou mais largos, com man-ga curta, comprida e aqueles com cer-ta transparência e, ainda, os rendados.

Casando com estilo

Os vestidos de noiva retrô são

românticos, delicados e resgatam a

feminilidadeFotos: Roberto Dziura Jr.

Page 55: Revista MÊS, edição 16

REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 55

coroas nupciais e leques para com-pletar o visual.

Para quem optou por casar durante o dia, a renda é uma excelente opção, pois os vestidos para o dia não devem ter brilho, e de preferência, devem ser de tecidos mais leves e esvoaçantes como o organza e o gazar, que tam-bém estão em alta. Outra opção é diferenciar o comprimento. Estão entrando na moda vestidos acima do tornozelo, conforme mostraram gri-fes europeias de noivas este ano.

retrô

O estilo retrô também é uma boa opção. Este conceito faz uma relei-tura de épocas anteriores, adaptando às necessidades atuais. Os vestidos de noiva retrô são românticos, deli-cados e resgatam a feminilidade do vintage. “Os laços estão em alta seja na frente, do lado ou atrás do ves-tido. Eles foram muito usados nos anos 80 e 90, mas agora voltam em versões menores”, ressalta o estilista de noivas, Gil Santos.

Essas peças são usadas, também, para disfarçar decotes mais agudos e dão um ar mais elegante ao vestido.

Além disso, está sendo bastante uti-lizado o modelo de vestido com um ombro só, também os minicristais estão em voga, assim como vestidos de cinturas marcadas. E, ainda, as saias com sobreposições de tules e as transparências podem ser usadas com tranquilidade este ano e também no ano que vem.

render-se à renda

Uma das apostas para 2012 é a ren-da. Uma das influências foi o vesti-do da princesa Kate Middleton, que ditou uma das principais tendências para as noivas neste ano. “A renda é muito procurada. É um clássico do casamento que demonstra uma noi-va mais romântica”, diz a estilista Karina Kulig. As rendas e flores são ótimas combinações para noivas ro-mânticas e clássicas.

Mangas compridas ou boleros renda-dos são combinações perfeitas para as estações mais frias. Além dis-so, as noivas podem lançar mão de acessórios como véus curtos, tiaras,

Noivas sustentáveisSer e pensar de modo sustentável é uma atitude que cada vez mais o mun-do da moda vem aderindo. E que tal as noivas serem também sustentáveis? O estilista Edson Eddel, há cinco anos, criou a coleção “Do lixo ao luxo”, utilizando materiais que seriam des-cartados. Ele reaproveita materiais, como lacres de latinhas de refrigeran-te, plástico, garrafas pets para trans-formar em vestidos de noiva. “Minha ideia é transformar justamente o que é descartado pelas pessoas e até incen-tivá-las a criarem seus próprios mode-los”, explica o estilista.

Os modelos mais procurados pelas noivas ainda são os

“tomara que caia”, aponta karina kulig

Renda. é um clássico do casamento que demonstra uma noiva romântica, diz Karina Kulig

o NoiVo deVe sAber

aLGUMaS nOVIDaDES TaMBÉM CHEGaM aOS nOIVOS ESTE anO. COnFIra:

Os tecidos acetinados estão em alta; os pretos dão elegância ao noivo.

A gravata lisa é uma tendência; os modelos slim e as metalizadas (por exemplo, as pratas) fazem muito sucesso, resgatando um estilo dos anos 50.

Usar o cravo no bolso da frente do terno é clássico, mas pode ser substituído por uma mini rosa ou mini orquídea.

Fonte: Gil Santos

Foto

s: R

ober

to D

ziur

a Jr

.

Page 56: Revista MÊS, edição 16

56 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

Cozinha de identidadeChefs de cozinha mostram-se mais atentos à gastronomia ambientalmente responsável; valorizando produtos locais e resgatando tradições

culinária&gastronomia

uando se fala em Cozi-nha de Terroir é possível remeter a uma gastrono-mia de ingredientes re-quintados, iguarias caras

e de difícil acesso. Pois fique sabendo que o conceito é exatamente o inver-so. Não que seja feita com base em qualquer produto, mas são priorizados produtos locais, de fácil acesso e que carregam uma tradição, uma marca local. É assim que se faz uma boa co-mida de Terroir, uma das tendências da gastronomia brasileira atual.

“A cozinha – mais do que a alimenta-ção – é aquela que fornece informa-ções sobre a vida de uma comunidade, no espaço e no tempo [...] Adaptamos as cozinhas de outros lugares, mas não podemos recriá-las”, conceitua o gênio da gastronomia mundial, Alain Ducasse, no livro Ducasse de A a Z, sobre Cozinha de Terroir.

Por ter esse conceito, a cozinha é mais sustentável, ou seja, mais preo-

Qcupada com o meio ambiente. É isso que vem chamando a atenção de che-fs renomados no Paraná e no Brasil. Eles estão retomando esse tipo de co-zinha bastante antiga na Europa e em outros países orientais.

identidade cultural

É na valorização de seu meio que é possível trabalhar a identidade e os produtos locais. “Você fala de cachaça no Paraná, lembra de Morretes; você fala de barreado no Paraná, você lem-bra do Litoral; quando você fala quire-ra, você lembra da Lapa; quando fala do café, lembra do Norte do Paraná. Está ligada à questão da identidade, do pertencimento, como se fosse uma coisa do patrimônio público”, explica o estudioso em Alimentação, Carlos Roberto Antunes dos Santos, professor titular de História do Brasil da Univer-sidade Federal do Paraná (UFPR) e presidente do Slow Food Paraná.

Outros produtos que remetem à Cozi-nha de Terroir no Paraná merecem des-taque: o pinhão, a cracóvia, a farinha

de mandioca, o gengibre e a erva-mate. Além dos produtos, existem pratos que fazem parte das tradições paranaenses, como por exemplo, das festas do Porco no Rolete de Toledo, do Carneiro no Buraco de Campo Mourão e do Boi no Rolete de Marechal Cândido do Ron-don, festas do interior do Estado, que se perpetuam há anos.

meio ambiente

Além dos produtos com a cara do Pa-raná, os chefs de cozinha que seguem essa linha também priorizam produtos que agridam menos o meio ambiente, como os orgânicos. Também buscam por fornecedores que utilizem menos transporte e que ainda assim garan-tam a qualidade do prato final.

“Essa é minha cozinha. Sei cozinhar com os produtos nossos da terra. Essa coisa de essência, de valorizar os in-gredientes. A carne que você tem aqui, o peixe que tem no nosso litoral”, afirma Júnior Durski (do Restaurante Durski). Para ele, a qualidade da carne de boi de alguns fornecedores locais,

Arieta Arruda - [email protected]

FARINHA DE MANDIOCA

QUIRERA

ERVA-MATE

PINHãO

CAFÉ CRACÓVIA

PINGA

Page 57: Revista MÊS, edição 16

REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 57

tava na hora”, comenta ele que é na-tural do Japão, mas está radicado no Brasil desde os 3 anos de idade. “Va-mos pela simplicidade”, atesta.

Consumo

Mas apesar da mudança de compor-tamento de alguns chefs, quando isso chega à mesa, o conceito se perde (veja Box). Os consumidores ainda não têm essa consciência. Para o es-tudioso Santos, é “preciso valorizar estas tradições mais do ponto de vista das políticas públicas [...] Aí sim essa cozinha teria espaço para avançar”. E alguns especialistas já apostam que essa é uma tendência irreversível. Diga-se de passagem, urgente, pela necessidade de preservação do Plane-ta e de seus habitantes.

do carneiro e da galinha caipira, são comparáveis às melhores do mundo. “Essa coisa de usar o nosso produto, você tem economia de combustível e de transporte, valorização do nosso pessoal. Você tem inúmeros benefícios quando regionaliza e utiliza o nosso”.

Para o chef Délio Canabrava (da Can-tina do Délio), essa valorização dos produtos locais nas panelas passa por uma postura de maior consciência ambiental. “Reciclo todo lixo, faze-mos um aproveitamento de matéria--prima e seleção de matéria-prima pela estação, utilizando produtos da época que são melhores, mais bara-tos, viajam menos, poluem menos”, comenta Délio.

Assim também trabalha a chef Kika Mader (do Bistrô Sel et Sucre). “Sem-

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Foto

s:E

mi H

oshi

/ G

astro

nom

ix

pre tento usar os ingredientes da re-gião, também junto com a sazonalida-de da época, sempre tudo fresquinho”.

Além do Paraná, os chefs de outros estados também seguem essa tendên-cia. É o caso da chef Simone Berti de Alagoas (do Restaurante Wanchako). Ela prioriza em sua cozinha os pesca-dos, camarões, que são ingredientes abundantes em sua região e dão um toque de consciência ambiental em suas criações. “Tudo que você puder reaproveitar é super válido”.

Já para o renomado chef Tsuyoshi Murakami, de São Paulo, (do Restau-rante Kinoshita), “isso já é uma linha que os japoneses sempre respeitaram. Se agora no Brasil é tendência, já es-

O consumidor gosta daquilo que é bom. não tem ainda toda essa conscientização do que é nosso. a pessoa quer bom por preço justo. É assim quando você é local.”Júnior durski, restaurante durski

Veja o que alguns chefs pensam sobre a mudança da consciência ambiental dos consumidores

Além do Paraná, os chefs de outros estados também

seguem essa tendência

É um trabalho grande e longo, mas aos pouquinhos já está começando.”Kika marder, bistrô Sel et Sucre

ainda no Kinoshita tenho que ser um padre ou um monge. ainda tenho que falar bastante para poder conscientizar a população de uma coisa que ainda é uma sementinha.”Tsuyoshi murakami, restaurante Kinoshita

Page 58: Revista MÊS, edição 16

58 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

cultura&lazer

O brasileiro Titi Freak foi além do óbvio, levou cores às cinzas casas temporárias da cidade devastada de Ishinomaki, no Japão, e traçou a integração da comunidade

Cores e traços na reconstrução

aredes frias de metal pinta-das em tom cinza. Paredes de casas de pessoas que ti-nham perdido tudo, vítimas

de um dos maiores terremotos e tsu-namis da História, ocorrido em 2011. Mas a vida de algumas dessas pessoas da cidade portuária de Ishinomaki, no Japão, ganhou mais cor depois da pas-

Psagem do artista plástico brasileiro e descendente de japoneses, Hamilton Yokota, conhecido como Titi Freak.

Freak foi um dos quatro nomes co-tados pela Embaixada do Brasil, em Tóquio (Japão). Mesmo antes de re-ceber o convite, Freak já havia feito duas obras e doado para a Cruz Ver-melha. O convite da Embaixada veio ao encontro de uma vontade que o ar-

tista, neto de japoneses, tinha de aju-dar as pessoas afetadas pelo tsunami. “Quando recebi esse projeto, fiquei muito feliz, porque eu já tava decidi-do ir para o Japão. Então, parecia que eu realmente tinha de estar lá”, revela.

Com a técnica do grafite, em dez dias de dezembro do ano passado, Freak coloriu 15 casas com nuvens, peixes e flores, num traçado forte e inspirador. A arte do brasileiro teve a finalidade de diferenciar as casas, mas o proje-to foi muito além. “O grafite fez com que as pessoas saíssem de suas casas

Iris Alessi - [email protected]

Page 59: Revista MÊS, edição 16

REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 59

Ken

ichi

Aik

awa

As paredes pintadas se tornaram uma espécie

de galeria de arte para os moradores de ishinomaki

Ken

ichi

Aik

awae ficassem mais próximas, pelo fato

de ficar junto comigo, mantendo um contato comigo, as pessoas começa-ram a se comunicar mais entre elas, comentando sobre o grafite. Durante esses dez dias, acabaram criando uma amizade entre eles também”, comen-ta Freak que, quando chegou à comu-nidade, percebeu que as pessoas fica-vam muito sozinhas em suas casas.

As paredes das casas temporárias, que mais pareciam caixotes frios e cinzas, foram pintadas e se tornaram uma es-pécie de galeria de arte a céu aberto para os moradores. Além do trabalho realizado nas casas, Freak também rea-lizou oficinas com estêncil para crian-ças e idosos. Para ele, essa foi uma for-ma de cada um levar uma lembrança da sua passagem por Ishinomaki.

A experiência para ele foi inovadora. Acostumado com a pintura de rua, não tinha as limitações que o trabalho no Japão o impôs. Primeiro, a questão de planejar todas as obras que faria, pois ele precisaria levar material (compra-do em Osaka) suficiente para finalizar tudo. Depois, a diferente superfície das paredes das casas e, por fim, a história da comunidade sofrida, mas cheia de esperança e força para reconstruir.

Por isso, sua passagem pelo Oriente não acabou. Ainda vivendo no Japão (Osaka), Freak parte agora para sua segunda temporada de atividades com o grafite. Nessa fase, o artis-ta plástico vai espalhar sua arte pelo comércio de Ishinomaki. “Eu vou fazer isso aí a convite deles mesmos e vou continu-ar o projeto das casas tem-porárias, mas em outras localidades da cida-de”, finaliza Freak.

Hamilton Yokota nasceu em São Paulo, no bairro da Liberdade, tradicionalmente de colonização japonesa. Começou cedo sua produção. Aos 10 anos de idade, desenhava em casa e uma de suas inspirações eram os cães. Já aos 13, foi trabalhar profissionalmen-te no estúdio de Maurício de Sou-sa (criador da Turma da Mônica). Por isso, veio o apelido Titi, um dos personagens das histórias em quadrinhos. Hoje, tornou-se uma referência em grafite no Brasil, com trabalhos expostos em vários países do mundo.

Titi Freak: “O grafite fez com que as pessoas saíssem de suas casas e ficassem mais próximas”

Page 60: Revista MÊS, edição 16

60 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

ra uma vez dois desbrava-dores, Anníbal Requião e João Baptista Groff, que iniciaram no final do Século

XIX o cinema paranaense. De lá pra cá, muita, mas muita coisa mudou. Grandes e pesados equipamentos uti-lizados para captar as imagens foram substituídos por pequenos aparelhos que cabem, literalmente, no bolso. Assim, o acesso às tecnologias digi-tais possibilitou um aumento consi-

O cinema local ainda não é muito visto pelos próprios paranaenses, mesmo com grande número de produções premiadas

e

Telona cheia de novidadesderável da produção cinematográfica no Paraná. “Hoje é muito mais fácil gravar um filme e temos uma safra bem expressiva de bons realizadores. O número de prêmios conquistados pelos nossos cineastas comprova essa qualidade”, garante o cineasta e dire-tor do Museu da Imagem e do Som, Fernando Severo.

Para ficar apenas em dois exemplos, “A Fábrica”, de Aly Muritiba, e o documentário “Ovos de dinossauro na sala de estar”, de Rafael Urban,

ganharam inúmeros prêmios em Festivais nacionais e internacionais. Recentemente o curta-metragem de Muritiba ficou em segundo lugar, en-tre 1.600 inscritos, na quinta edição do Gulf Film Festival, realizado em Dubai (nos Emirados Árabes).

O aumento de produções não se res-tringe aos curtas, cresceu também o número de produções em longa-metra-gem. Exemplo clássico é o Estômago, de Marcos Jorge, que ganhou impor-tantes prêmios em todo o mundo.

cultura&lazer

Roberto Dziura Jr. - [email protected]

Page 61: Revista MÊS, edição 16

REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 61

“Hoje se produz muito mais do que antes, devido ao acesso a uma câmera digital. Qualquer um pode exercitar o olhar o tempo todo e montar um filme em casa. Outro fator é que o cinema nacional conquistou respeitabilidade após sua retomada na década de 1990. Então, quem era criança naquela épo-ca começou a ver o cinema como algo real. Por causa disso, surgiu em Curi-tiba cursos voltados à área. Gente do interior do Estado e de outros come-çaram a vir pra cá estudar audiovisual e essa miscigenação de realidades so-ciais distintas possibilitou uma con-fluência de ideias”, pontua o baiano e cineasta Aly Muritiba.

espaço e talento

Mas a telona não é para todos. No meio de um grande número de reali-zações, somente alguns se destacam. “Fico feliz com a possibilidade do acesso ao digital, porém sempre uti-lizo uma frase da literatura para defi-nir o crescente número de trabalhos: ‘Para se fazer um grande poeta é pre-ciso outros 1.500’. Em qualquer área é assim. A democratização permite o acesso, mas chega uma hora que a ferramenta é apenas mais uma, e o que vai sobreviver é o talento. Quem tem o que dizer vai continuar”, enfa-tiza o cineasta Beto Carminatti, que dirigiu, junto com Pedro Merege, o longa-metragem Mistéryos.

Se antes o problema era fazer, hoje a dificuldade maior está em ser visto. “Nosso Estado tem se revelado um campo fértil de técnicos, diretores e atores. Como todo produto nacional, a produção em si não é o maior obstá-culo. Produzir, por mais incrível que possa parecer, não é a parte mais di-fícil do processo. O problema maior surge depois que o produto está fina-lizado. O momento da distribuição e da exibição se revela o mais com-plicado. Por conta disso, muitos tra-balhos ficam limitados aos festivais. As distribuidoras têm por objetivo o lucro e, por conta disso, costumam

comprar apenas aqueles filmes que lhe darão um retorno financeiro segu-ro. A formação de plateia é importan-tíssima para corrigir essa distorção”, salienta o cinéfilo Marden Machado.

plateias

E é justamente com o objetivo de for-mar plateia que Machado promove diversas ações. “Meu objetivo maior é compartilhar minha paixão pelo ci-nema”. Entre outras ações, o cinéfilo realiza um cineclube, aos sábados, no Shopping Omar. Outra ação com esse fim é o Cine Espoleta, idealizado por Carminatti há mais de dois anos, e que também acontece aos sábados, no Museu Guido Viaro. “É um lugar para pessoas que gostam de cinema assistirem e depois conversarem. O Espoleta não tem objetivo consciente de formar plateia, mas o resultado fi-nal acaba sendo”.

E a potencialidade do cinema parana-ense é grande, acredita Severo. “Te-mos potencial de ampliar a circulação dos trabalhos e aumentar a quanti-dade de público. Existe estudo para implantar no Paraná polos audiovisu-

ais”. Severo acrescenta que neste ano tem a expectativa da implantação da Lei Estadual de Incentivo à Cultura e de mais uma edição do Prêmio Esta-dual de Cinema e Vídeo.

Vitrine dos festivais

Embora os paranaenses consigam ver algumas produções locais na te-levisão, a grande vitrine ainda são os festivais. “A partir deles, muitos dire-tores e filmes se tornam conhecidos e se cria, a partir daí, um círculo virtu-oso”, destaca Machado.

Curitiba já promoveu alguns eventos similares, mas o remanescente é um destinado à produção Super-8. Para se somar aos festivais da Lapa, Casca-vel, Londrina e Maringá, é que a Gra-fo, produtora de Aly Muritiba, Marisa Merlo e Antônio Junior, promove, en-tre os dias 29 de maio e 04 de junho, o “Olhar de Cinema – Festival Interna-cional de Curitiba”. “Queremos

Se antes o problema era fazer, hoje a dificuldade maior está em ser visto

Foto

mon

tage

m: F

oto

Sal

a de

cin

ema:

Rob

erto

Dzi

ura

Jr. /

Fot

o S

tefa

ni B

rito:

Cris

tiane

Lem

os

O cineasta Aly Muritiba (centro) ao lado dos sócios Marisa Merlo e Antônio Junior, realizadores do “Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba”

Roberto Dziura Jr.

Page 62: Revista MÊS, edição 16

62 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

serViço

criar uma cultura cinéfila voltada ao cinema autoral”, revela Muritiba.

A mostra contará com sessões de lon-gas (acima de 50 minutos) e curtas (até 25 minutos) nas competitivas “Ja-nela Internacional”, “Olhares Brasil”, “Mirada Paranaense”, “Novos Olha-res” e “Outros Olhares”, estes dois úl-timos somente longas-metragens. En-tre as premiações estão: “Especial do Júri”, “Contribuição Artística” “Novo Olhar”, “Crítica”, “Público” e o “Prê-mio Aquisição RPC” para um curta da “Mirada Paranaense”. Paralelamente às sessões e à premiação serão reali-zadas as oficinas de roteiro, de docu-mentário e linguagem cinematográfi-ca, além de cinco seminários em torno da produção criativa.

cultura&lazer

Momento da produção do cineasta Beto Carminatti

Faisal Iskandar

OlHAR DE CinEMA – FEStivAl intERnACiOnAl DE CURitiBA

data: 29/05 a 04/06locais de exibição:

• Espaço Itaú de Cinema - Shopping Crystal – Exibição da seleção oficial de filmes. Rua Comendador Araújo, 731 – Batel.

• Cinemateca de Curitiba – Exibição da seleção oficial de filmes. Rua Carlos Cavalcanti, 1174 – São Francisco.

• Museu Oscar Niemeyer – Mostra paralela Multi Olhares. Rua Marechal Hermes, 999 – Centro Cívico.

• Sesc Paço da Liberdade – Seminário e Debates com os Realizadores. Praça Generoso Marques – Centro.

• Sesc da Esquina – Realização das Oficinas. Rua Visconde do Rio Branco, 969.

• Teatro Guairinha – Cerimônias de Abertura e Encerramento. Rua XV de Novembro s/n.

• Sesi (várias unidades nos bairros) – Mostra Olhar Itinerante.

mais informações: http://olhardecinema.com.br/blog

Page 63: Revista MÊS, edição 16

REVISTA MÊS | MAIO DE 2012 | 63

PATROCÍNIO MASTER PATROCÍNIO NACIONAL

PATROCÍNIO LOCAL APOIO INSTITUCIONALAPOIO LOCAL

AGENDE-SE

Para sua 19ª edição, Casa Cor Paraná volta a focar o Centro da Cidade, desvenda os mistérios de suas ruas e seleciona a CASA CULTURAL UNIÃO JUVENTUS, localizada na Alameda Dr. Carlos de Carvalho no Quadrilátero da Decoração da capital paranaense.

1.700 m2 de área construída, em 47 ambientes, contemplando áreas residenciais, corporativas, infantis e espaços de gastronomia e lazer.

De 1º de junho a 11 de julho de 2012

Al. Dr. Carlos de Carvalho, 389 – Centro – Curitiba/PRContatos comerciais: [email protected] / 41 3029.6956

Page 64: Revista MÊS, edição 16

64 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

Infantil Autora: Flávia Savary

Editora: Positivo

História Autora: Túlio VargasEditora: Juruá

Biografia Autor: Nelson MandelaEditora: Nossa Cultura

Arieta Arruda - [email protected] do mês

os meus olhos são teus olhosNo livro da premiada autora Flávia Savary, a história de Menina e Beto é contada cena a cena. As personagens sabem usar a imaginação e convidam o leitor para uma viagem – que parece ser infantil e ingênua – para dentro e para fora de si, passando por um processo profundo de auto-conhecimento. No decorrer da história, são evidenciadas as dificuldades entre classes sociais, já que Beto é o “menino mais pobre do mundo” e Menina é “a mais rica que há”. Em forma de teatro, é possível aprender valores e comporta-mentos fundamentais para os dias de hoje.

A última viagem do barão do serro AzulIldefonso Pereira Correia (Barão do Serro Azul) era uma figura singular. O maior produtor de erva-mate do Paraná. Na História, ficou entre traidor e herói ao impedir uma luta armada entre os pica-paus e os maragatos na Revolução Federalista, em Curitiba, no fim do século XIX. Hoje, já considerado herói, a obra conta todo o contexto da época de intrigas da Corte e suas peculiaridades e mostra, também, como era a rotina da Capital naquele período. O livro narra, também, como se deu a execução de Ildefonso: cruel e sem chance para a última oração. Com base nesta obra, foi lan-çado o filme: “O Preço da Paz”, já premiado em festivais.

Comportamento Autora: Mayla Di Martino

Editora: Mex

mulheres, elas fazem a históriaConheça a história de vida e a opinião de 64 mulheres paranaenses. Vão desde seu trabalho na política até cargos de alta gerência em grandes empresas. A obra mergulha em dados interessantes e experiências de figuras femininas marcantes do Estado para mostrar os desafios, as angústias e os avanços da sociedade em busca da igualdade entre gêneros. Os homens também foram ouvidos para a construção dessa história. Eles têm aprovado o olhar feminino no mercado de trabalho e contam também suas experiências.

Nelson mandela – longa caminhada até a liberdadeUma história que inspira, dá orgulho e esperança. Uma luta em pleno Apharteid na África do Sul. Um homem do interior que chegou a ser preso, mas quando ganhou a liberdade conquistou a presidência de seu país. Esses são alguns dos legados que deixará Nelson Mandela, um dos maiores líderes políticos mundiais, vencedor do Nobel da Paz (1993). Nesta obra, que tem o prefácio de Fernando Henrique Cardoso (ex-presidente do Brasil), Mandela revela em detalhes sensíveis e envolventes essa trajetória de muito sofrimento, mas também de vitórias históricas pelas quais passou, sentiu e tirou um valioso aprendizado.

Page 65: Revista MÊS, edição 16

Arieta Arruda - [email protected] do mês

SoulSelah SueGravadora: Warner Music

“selah sue”O frescor e a precocidade de vozes femininas estão em alta. Primeiro Amy Winehouse, Joss Stone, Duffy e Adele, agora a cantora belga Selah Sue, de apenas 22 anos, está chamando a atenção dos amantes da música soul pelo mundo. Revelação das mais gratas. Com identidade própria, este mês, Selah lança seu CD no Brasil. Suas músicas falam de episódios pessoais e são em-baladas por sua voz rouca e forte. Além de soul, em sua trilha também entra folk, reggae, hip hop e os toques cadenciados de uma música urbana.

MPBArnaldo Antunes Gravadora: MTV

Acústico mTVNeste mês, os curitibanos aproveitam a estreia do trabalho do produtor visu-al, músico e escritor Arnaldo Antunes. O artista vai se apresentar no Festival Lupaluna (19/05) com o novo projeto “Acústico MTV”, gravado em São Paulo, no ano passado. As canções são as mais badaladas de Arnaldo, ao comemorar três décadas de carreira. Seja com os Titãs, com os Tribalistas ou em carreira solo, o cantor imprime sua marca peculiar, sempre irreverente ao cantar palavras em canções concretistas e pós-modernas.

PopTiago IorcGravadora: Som Livre

umbilicalUma melodia suave é o tom do segundo álbum recém-lançado do cantor e compositor brasiliense Tiago Iorc, radicado em Curitiba. Ele que vem construindo sua carreira tanto no Brasil como em outros países, como Co-reia do Sul e Portugal, quer mais. As canções da nova obra musical “Story of a Man” e “Gave me a Name” pretendem chamar a atenção do público mundial. O garoto é franzino, parece frágil, mas tem uma pegada pop bem construída e quando empunha o microfone, agiganta-se.

rock Stereo 33 Gravadora: independente

queria TerA banda curitibana Stereo 33 acaba de lançar seu terceiro trabalho autoral. No novo compacto, eles tiveram a ajuda de uma equipe de primeira para fa-zer a masterização. Ela ficou por conta do Abbey Road Studios, em Londres, famoso estúdio dos Beatles. Com um som na linha do rock independente, os quatro integrantes da banda: Alvaro Neves Jr (bateria), Zé Travagin (vocal), Felipe Kojake (baixo) e Thiago Filla (guitarra) mostram energia em músicas de batidas rápidas e firmes. Levam na bagagem, principalmente, referências da década de 1990.

Page 66: Revista MÊS, edição 16

66 | REVISTA MÊS | MAIO DE 2012

opiniãoLuis Henrique Stockler Sócio-diretor da consultoria em varejo ba}Stockler

ssim como a informação, que pode ser dis-tribuída por diversos canais e veículos, che-gando ao maior número de pessoas possível, os empresários têm uma gama de opções para

expandir seus negócios, conquistando mais clientes. Po-rém, esta não pode ser uma decisão tomada por impul-so, como foi dito pelo especialista em marketing Philip Kotler: “as decisões referentes aos canais de distribuição são as mais importantes a serem tomadas pelas empresas e afetam todas as outras decisões.”

Ferramenta que foi amplamente discutida durante a NFR 2012 (National Retail Federation), a tecnologia também contribuiu para uma evolução nos canais de distribuição, que antes era singular, baseado no ponto de venda físico, e passa-ram para um estágio de onipre-sença, no qual é possível ven-der também pelo computador e pelo telefone, sem horários estabelecidos ou limites im-postos. No Brasil, empresas como Hering, Hope, Arezzo, Natura, Lojas Americanas, Boticário, além de fabricantes de automóveis são bons exemplos do uso da estratégia dos multicanais.

Antes de pensar em quais canais de distribuição investir, é preciso conhecer a fundo o negócio. Qual é o mercado que eu quero conquistar? Quem é o público-alvo? A partir disso, o empresário deve considerar qual é o nível de con-trole (leia-se a entrega dos produtos e serviços ao cliente, percepção e valorização da marca) que vai querer exercer no negócio. Na internet, este controle sobre esta entrega é maior, ganhando inclusive de lojas próprias. Como descer uma escada, um degrau de cada vez, o controle diminui em redes de franquias, na venda direta, na revenda exclusiva

(vendedores CLT) e, principalmente, na revenda indepen-dente (representantes), onde atinge seu menor índice.

O custo de implantação e manutenção deste controle também deve ser considerado, pois ele é inversamente proporcional à quantidade e qualidade de informações obtidas. No e-commerce, por exemplo, o controle é alto, mas implantar e manter este canal não é algo de baixo investimento, enquanto em redes de revendas independen-tes (representantes) ele cai absurdamente. Nas franquias, porém, como há a formatação prévia do negócio, que já foi testado anteriormente, os riscos de perda de controle diminuem, e seu custo de implantação, além de não ser

muito alto, é realizado apenas no início do negócio.

Podemos dizer que as franquias são uma estratégia para distribui-ção de produtos e serviços e de expansão territorial, que acontece

por meio da união dos interesses de dois parceiros que tra-balham sob um único sistema, buscando o sucesso e lucro mútuo. Fica a cargo do franqueador a cessão da marca ou produto, além da tecnologia da operação, enquanto são de responsabilidade do franqueado os recursos, tanto o capi-tal quanto o tempo para se dedicar.

Independentemente do canal de distribuição, o relacio-namento interpessoal, no qual o varejo brasileiro recebe destaque internacional, é muito importante e deve ser con-siderado como ação estratégica.

O capital humano é uma alavanca aos negócios quando bem gerido, afinal, muitas pessoas têm ambição. Tudo o que um líder pode fazer é mostrar as oportunidades e en-corajar as pessoas a perseguirem sua ambição.

ACanais de distribuição

O capital humano é uma alavanca aos negócios quando bem gerido

venha

Div

ullg

ação

Page 67: Revista MÊS, edição 16

venha

Page 68: Revista MÊS, edição 16

Colocamos sua ideia em pé, ou melhor, na tela.

Rua Desembargador Motta, 2981 / Curitiba / 41 3323-1303 www.capimlimaofilmes.com.br

AN_202x266.indd 1 04/05/12 12:02