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Revista Histórias da Cooperação

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2ª Edição da Revista Histórias da Cooperação

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SISTEMA OCBDIRETORIA EXECUTIVA

Presidente Márcio Lopes de Freitas

Superintendente da OCBRenato Nobile

Superintendente do SescoopLuís Tadeu Prudente Santos

HISTórIAS dA COOpErAçãO Publicação eletrônica mensal produzida pelo Sistema OCB em comemoração ao Ano Internacional das Cooperativas.

COORDENAÇÃOEruza RodriguesInês Rosa

REDAÇÃODaniela LemkeGabriela PradoGisele DaemonAssessorias de comunicação das OCEs, do Sistema Sicoob e Sicredi e cooperativas

FOTOSArquivos das cooperativas

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃOCláudio NóbregaIgor Felipe Machado

Acesse: www.ano2012.coop.br

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Editorial

Cooperativismo: um movimento diferenciado

Vinte e nove diferentes histórias de cooperativas que trabalham para construir um Brasil melhor. Esses exemplos da verdadeira prática cooperativista, que mostram a realidade de várias regiões do país, estão reunidos na segunda edição da revista Histó-rias de Cooperação.

Nos textos, são retratadas particularidades que fazem do cooperativismo um movi-

mento diferenciado e socialmente responsável. Sua capacidade ímpar de promover o desenvolvimento das comunidades onde se faz presente é um dos pontos em destaque.

A diversidade característica do setor, que reúne brasileiros de todas as gerações, gêne-

ros e raças, também é evidenciada na edição de fevereiro. Nela, vocês conhecerão, por exemplo, iniciativas que fomentam a participação de mulheres e a formação de jovens cooperativistas.

A revista Histórias de Cooperação é uma publicação eletrônica mensal, comemo-

rativa ao Ano Internacional das Cooperativas – 2012. Os relatos que ela apresenta também podem ser acompanhados diariamente no hotsite ano2012.coop.br.

Márcio Lopes de FreitasPresidente do Sistema OCB

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Unimed Ceará, atendimento médico de qualidade

Disseminar a cultura da coo-peração, prestar atendimento médico de qualidade e ganhar

escala no mercado. Com foco nesses ob-jetivos, três cooperativas singulares de Fortaleza, Cariri e Sobral decidiram fun-dar, em 23 de julho de 1985, a Federação das Cooperativas de Trabalho Médico do Estado do Ceará (Unimed Ceará), uma das mais respeitadas empresas do setor de saúde do estado.

Integrante do Sistema Unimed, a maior rede de assistência médica do

Brasil, a Unimed Ceará conta com 1.100 médicos cooperados e oferece vários ser-viços próprios e de terceiros, entre eles: hospitais, pronto-atendimentos, clínicas e laboratórios nas Unimeds singulares, para servir mais de 95 mil clientes.

Uma das preocupações é ampliar os canais de atendimento, para que as ne-cessidades dos usuários sejam resolvidas com agilidade e transparência. “Nossa busca é pela satisfação de nossos clien-tes e de toda a nossa rede de prestadores de serviços, para que, juntos, possamos crescer ainda mais, com responsabilida-de, sustentabilidade e respeito mútuo”, destaca o presidente da Unimed Ceará, Darival Bringel de Olinda.

redeCom sede instalada em Fortaleza

(CE), a federação reúne nove filiadas, que compõem uma rede integrada para facilitar o acesso de usuários aos diferen-tes tipos de tratamentos em suas próprias cidades. Trata-se de uma organização que incentiva o empreendedorismo e aproveita o impressionante cres-cimento do setor para investir não só na região metropolitana como também em outros muni-cípios.

Ao longo de sua história, a Unimed Ceará se consolidou como operadora. Além de dar suporte diferenciado às coope-rativas cearenses, por meio de sua participação nos investi-mentos locais, tem a missão de

desenvolver soluções criativas que gerem valores e resultados sustentáveis.

Para alcançar essa meta, oferece às sin-gulares uma estrutura centralizada com núcleos responsáveis por projetos rela-cionados à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e outras áreas, como contabilidade, tecnologia da informação e jurídica. Investiu, inclusive, na compra de equipamentos de informática para viabilizar o atendimento online em con-sultórios e clínicas.

Em paralelo às mudanças no modelo de gestão, a cooperativa deu mais um passo importante em dezembro de 2007. Adquiriu o prédio da sede, até então alugado, concretizando o sonho de ter o imóvel próprio.

Os planos para valorizar cada vez mais o trabalho dos cooperados e au-mentar a participação no mercado local estão entre as principais prioridades da Unimed Ceará. A aposta, neste momen-to, faz todo sentido e é fruto dos bons resultados obtidos pelas cooperativas já em funcionamento.

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Vinícola Garibaldi: tradição e qualidade em um só lugar

No coração da Serra Gaú-cha, a 120 quilômetros ao norte da capital Porto Ale-

gre, situa-se o município de Garibaldi, também conhecida como “ter-ra da champagna”. É lá que se encontra, desde 1931, a sede da cooperativa Vinícola Garibaldi, tradicional na fabricação de vinhos e espumantes premia-dos mundialmente.

Em uma área de 32 mil m², a proprieda-de tem capacidade de estocagem de 20 mi-lhões de litros de vinho. Para conseguir espaço no mercado e comercializar seus produtos, a cooperativa conta com 350 cooperados e gera 125 empregos dire-tos. Dela, que se destaca como uma das maiores do setor na região, dependem aproximadamente cinco mil pessoas.

Há 80 anos em operação, a Vinícola Garibaldi é fruto da união entre os pro-dutores, que acabou impulsionando os negócios. Tamanho o empenho de seus associados, não demorou muito para perceberem que profissionalização, ino-vação tecnológica e gestão qualificada são diferenciais importantes para a coo-perativa.

Os resultados podem ser vistos na prática. “Trabalhamos próximo ao pro-dutor de uva, valorizando ao máximo

a importância da matéria-prima para o resultado final de nossos produtos”, diz o presidente da instituição, Oscar Ló.

Os investimentos e a permanente qua-lificação de toda a cadeia produtiva são prioridades. Outro ponto importante é a preservação dos recursos naturais. Produzir o melhor com respeito ao ecossistema e alinhado à demanda de consumo parece ser a grande equação da produção moderna a ser resolvida pe-los mais variados setores.

Na Vinícola Garibaldi, o ponto de equilíbrio está na tradicional relação en-tre a terra e os associados. Tanto que o grupo iniciou em 2001 a implantação de sua produção orgânica de vinhos e su-

cos. Paralelo a isso, aplica os três pilares estratégicos das práticas sustentáveis. “A empresa é ecologicamente correta em seus processos produtivos, socialmente justa em suas práticas associativistas e economicamente viável”, orgulha-se o presidente.

MetasO intenso trabalho ga-

rantiu à cooperativa o alcance de uma marca ex-pressiva: em 2011, foram comercializadas um milhão de garrafas de espumante Garibaldi. Em 2012, a dire-toria prevê crescimento de 15% nas vendas. Para isso, a vinícola está investindo com força nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e em toda a

região Nordeste para superar a meta.O empenho dos cooperados também

é reconhecido. Os produtos acumulam premiações em diferentes concursos no Brasil e em outros países. Um dos mais importantes ocorreu no ano passado, quando o espumante Garibaldi Moscatel ganhou a medalha de ouro no concurso de maior prestígio no mundo dos es-pumantes, o Effervescents du Monde, realizado na França. É assim que a coo-perativa aposta no futuro e solidifica sua posição como uma das principais viníco-las do país.

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O cooperativismo alterou o destino de um grupo de estu-dantes que iniciava, em 1999,

a primeira turma do curso superior em Tecnologia do IFES Vitória (antigo Ce-fetes). Alunos que tinham o desejo de ingressar no mercado de trabalho de uma forma diferente e inovadora. Até então, a maior parte dos egressos da institui-ção sonhava com empregos em grandes empresas. Eles não. Eram jovens que que-riam ser donos do próprio negócio.

Sem capital financeiro, mas com muita vontade de superar os desafios, o grupo começou a trocar experiências, compar-tilhar valores e desenhar, nas aulas de empreendedorismo, o tão sonhado proje-to. A primeira ideia foi a criação de uma empresa júnior que, após exaustivos estu-dos, acabou por ser descartada.

Nesse meio tempo, os alunos recebe-ram um convite da diretoria do IFES, decisivo na decisão do modelo de negó-cio que seria implantado. Em dezembro de 2000, visitaram a Incoop - Incubadora de Cooperativas do Cefet-Campos (hoje IFRJ-Campos). Lá, conheceram seis co-operativas técnicas em uma sala com pouco mais de 60 m², que tratavam de diferentes produtos e serviços, desde meio ambiente até construção civil.

A conversa com alunos e sócios dessas cooperativas chamou a atenção do grupo. Ali, os estudantes tiveram a certeza do mo-delo de gestão que estavam à procura. Na viagem de volta, iniciaram as discussões para a constituição do empreendimento cooperativo, com um diferencial: a futu-

ra organização deveria englobar diversas áreas técnicas.

Após minuciosa análise do mercado industrial capixaba, eles viram que ha-via espaço para a criação de um negócio capaz de satisfazer as demandas na área técnica industrial, uma vez que os clientes buscavam esses serviços e mão de obra fora do estado. E foi assim que nasceu, em 8 de fevereiro de 2001, a Cooperativa de Trabalho dos Técnicos Industriais e Tecnólogos do Estado do Espírito Santo (Coopttec), com 21 sócios-fundadores.

O tempo passou e as dificuldades, à medida que apareciam pelo caminho, fo-ram superadas com persistência, ousadia e planejamento. O foco dos associados es-tava na frase em latim “Nulla tenaci invia est via”- “aos obstinados, nenhum obstá-culo é intransponível”.

planejamentoA motivação do quadro técnico, atu-

almente composto por profissionais experientes e recém-formados, e o sur-gimento de demandas de outras áreas levaram a cooperati-va alçar novos voos. Tanto que, em 2007, a Coopttec ampliou o campo de atuação e incluiu no escopo de trabalho as áreas de educação e gestão. O alinhamento estraté-gico à nova fase exigiu a mudança, dois anos depois, da razão social

para Cooperativa de Trabalho em Tecno-logia, Educação e Gestão.

A cultura da cooperação fez os empre-endedores identificarem as oportunidades. “Hoje, a Coopttec está qualificada e ca-pacitada para prestar serviços e gerar diferenciais competitivos aos seus clientes. Tem cooperados nas áreas de consultoria organizacional, energias renováveis, meio ambiente, metal-mecânica, tecnologia da informação e sustentabilidade”, conta o presidente da cooperativa, Wellington Luiz Pompermayer.

Segundo ele, os resultados compro-vam que o trabalho cooperativo dá certo. “Mais que isso, o sonho que se sonha só é apenas um sonho. O sonho que se sonha junto é realidade”, complementou Pom-permayer.

Atraídos também pelas modernas téc-nicas de gestão, os cooperados planejam o crescimento sustentável da cooperati-va, para torná-la referência no mercado. Compromisso pessoal e profissional para alcançar a meta é o que não falta.

Coopttec descobre o caminho da inovação

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Um ano de muitas conquistas. Assim foi 2011 para a Coo-perativa de Crédito de Livre

Admissão do Centro Sul Rondoniense (Sicoob Credip), situada em Rondônia. Além de fechar o período com mais de 11,5 mil associados, a organização se destacou entre as 150 melhores empre-sas para você trabalhar, segundo o guia Você S/A Exame.

As vitórias são fruto de uma história de esforços, compromisso e persistência, pautada nas boas práticas de governança cooperativa. Por isso também, a insti-tuição é a maior cooperativa do estado, estando presente em 19 municípios, com 20 postos de atendimen-to.

A Sicoob Credip se destaca ainda em volu-me de ativos. Nos seus 16 anos de atuação, mo-vimentou um total de R$ 169,8 milhões. Além disso, é fonte geradora de trabalho direto para 221 empregados. Essa trajetória começou em 21 de dezembro de 1996, data de sua fun-dação.

A iniciativa de cons-tituir a cooperativa, a primeira do estado nes-se segmento, partiu de 53 cooperados incen-tivados pelo governo local a buscar nessa

alternativa socioeconômica uma nova fonte de renda, contribuindo também para o desenvolvimento local.

“Na época, o Sistema Financeiro Na-cional (SFN) passava por mudanças, o que levou ao fechamento de agências bancárias em pequenas cidades de Ron-dônia. Essa instabilidade também atingiu bancos estaduais, que foram fechados ou privatizados”, conta o presidente da Si-coob Credip, Jonas Alves da Costa.

Como o capital inicial da cooperativa era de R$ 5,3 mil, o Banco Central do Brasil (BC) chegou a questionar a viabi-lidade econômica da mesma, mas emitiu a autorização de funcionamento. A inau-

guração ocorreu no dia 28 de março de 1998. Para a instalação, o grupo contou com o apoio do Executivo local, governo e prefeitura, e da Associação Rural de Pi-menta Bueno.

O sucesso alcançado decorre ainda, segundo o presidente, de decisões im-portantes, como a constituição de uma central e a filiação ao Sistema de Coo-perativas de Crédito do Brasil (Sicoob). Outro ponto favorável foi a abertura da cooperativa para a livre admissão, que permite a adesão de associados de dife-rentes atividades econômicas. “A medida, certamente, permitirá o crescimento mais acelerado do cooperativismo de cré-dito na região”, comemora o presidente.

Sicoob Credip: cooperativismo de crédito pioneiro em RO

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De empresa pública a maior co-operativa de lácteos do Brasil. Essa é a Cooperativa Central

dos Produtores Rurais de Minas Gerais, ou melhor, a Itambé. Com faturamento anual de R$ 2 bilhões e uma equipe de mais de 3,5 mil colaboradores diretos, a cooperativa é formada por 8,5 mil co-operados reunidos em 31 cooperativas singulares, distribu-ídas nos estados de Minas Gerais e Goiás.

Atua no mer-cado desde 1949, mantendo unida-des industriais em Pará de Minas (MG), Sete Lagoas (MG), Uberlândia (MG), Guanhães (MG) e Goiânia(GO), onde são processados mais de 3 milhões de litros de leite. Os principais produtos são o leite em pó, condensado, iogurtes e o leite UHT. A Itambé também pos-sui duas fábricas de rações, em Contagem (MG) e Aparecida de Goiânia (GO), e 20 armazéns de produtos agroveterinários, 14 em Minas Gerais e seis em Goiás.

Para se destacar em um mercado cada vez mais competitivo, a CCPR/Itambé investe de forma contínua em planejamento, inovação e tecnologia da informação. Foi assim no passado,

quando a central foi uma das primeiras a introduzir no Brasil, ainda na década de 60, a utilização de sacos plásticos de um litro para embalar o leite pasteurizado. E é assim até hoje. Atenta à tecnologia de ponta disponível no mercado, as fábri-cas e centros de distribuição da Itambé contam com os mais modernos equipa-mentos e procedimentos de produção.

Recentemente, a Itambé implantou o Projeto SAP, um dos principais siste-mas de gestão e controle utilizado pelas maiores empresas do mundo.

Preocupada com as questões sociais e com o meio ambiente, a CCPR/Itambé mantém uma exitosa políti-ca de sustentabilidade. O cuidado e a

atenção dispensados à área renderam à cooperativa importantes prêmios, como o de “Empresa Líder em Mudanças Climáticas” (2009 e 2011), e o de “Em-presa Verde” (2011), ambos concedidos pela Revista Época. Compõem ainda essa galeria, o Prêmio Goiás de Gestão Ambiental (2009) e o 9º Benchmarking Ambiental Brasileiro (2011).

A Cooperativa Central dos Produto-res Rurais de Minas Gerais, detentora da marca Itambé, or-gulha-se em fazer parte do sistema co-operativista e, desta forma, contribuir para a melhoria e o desenvolvimento de milhares de famílias, boa parte formada por habitantes de mu-nicípios com limitadas oportunidades para a geração de emprego e renda.

O presidente da C C P R / I t a m b é ,

Jacques Gontijo, vislumbra boas pers-pectivas para o futuro da Central. “A meta da Itambé é continuar crescendo e ficar entre as duas maiores empresas do setor lácteo. O cooperativismo é, sem dúvida, uma forma muito exitosa de re-lacionamento entre nós, produtores, e a sociedade que consome os nossos produ-tos fabricados a partir do leite.”

Itambé: maior cooperativa de lácteos do país

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Uma trajetória de luta e empreende-dorismo, que muito se assemelha à dos 28 artesãos de Rochdale, na Inglaterra, responsáveis pela criação da primeira cooperativa do mundo, no século 19. Assim pode ser descrita a história da Cooperativa de Crédito Rural de Bra-sília (Sicoob Credibrasília), instituição financeira que tem a missão de estimular, por meio do cooperativismo, o desenvol-vimento sustentável do agronegócio no Distrito Federal e região.

“Na época, a agricultura brasileira vi-via um momento difícil de endividamento e sem perspectivas a curto prazo. As por-tas dos bancos praticamente se fecharam e, com isso, o crédito para os produtores, que é o grande motor da atividade no campo, desapareceu”, comenta o presi-dente Antonio Muzurek.

Com o objetivo de dar continuidade à produção e driblar a falta de trabalho e renda, 62 agricultores que se reuniam com frequência no Sindicato Rural do Distrito Federal para discutir a situação, encontraram na constituição de uma cooperativa de crédito a solução do pro-blema. Nascia, então, em 13 de junho de 1996, o Sicoob Credibrasília.

Como o capital inicial de R$ 200 por associado não foi suficiente para montar as instalações, os sócios-fundadores contaram com o apoio do sindicato para a aquisição de móveis, computadores e linha telefôni-ca, a partir de um empréstimo.

resultadosOs primeiros anos foram bem difí-

ceis. Muitas pessoas não acreditavam na sobrevivência da cooperativa, mas a per-sistência daqueles que estavam à frente do processo foi determinante para ven-cer todas as etapas, uma a uma.

A garra, o comprometimento e o trabalho conjunto do quadro social, que pode ser comprovado pela presen-ça marcante nas assembleias gerais, também pavimentaram essa história de superação. Hoje, a cooperativa está num processo contínuo de crescimento. Além de ter quadro social composto por

mais de 1,5 mil cooperados, expandiu o campo de atuação. Com cinco postos de atendimento no DF, administra mais de R$ 50 milhões em ativos.

A gestão participativa e democrática também é fundamental no modelo co-operativo de negócios. “Os cooperados têm, na prática, o atendimento às suas necessidades e colhem os resultados fi-nanceiros, isto é, as sobras. São frutos da crença na máxima do cooperativismo: a contribuição de cada um em benefício de todos”, afirma o Presidente.

Sicoob Credibrasília fomenta agronegócio sustentável no DF

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Os princípios e valores que norteiam o cooperativismo são seguidos à risca pela Uni-

med João Pessoa, a maior operadora de planos de saúde da Paraíba. Desde o mo-mento em que abriu as portas, no dia 16 de dezembro de 1971, a cooperativa se destaca no mercado pela gestão demo-crática e participativa. Tanto que, hoje, responde por aproximadamente 90% do segmento de saúde suplementar na área em que atua. Somente em João Pessoa, 17,8% da população têm um plano da Unimed JP.

São 40 anos de muito trabalho e dedicação a vidas. O segredo da longevi-dade, segundo o presidente da entidade, Aucélio Melo de Gusmão, está no plane-jamento, na profissionalização e, acima do tudo, na valorização das pessoas que tocam o negócio: cooperados e funcioná-rios. Para se ter uma ideia, a cooperativa conta com 1,5 mil médicos cooperados e mais de 131 mil clientes. Além isso, gera cerca de 1,6 mil empregos diretos e, pelo menos, outros 3 mil indiretos na estrutu-ra de consultórios, clínicas, laboratórios e hospitais da rede credenciada. Em 2011, injetou mensalmente na economia local, com o pagamento da produção, uma média de R$ 24,5 milhões.

As ações integradas à cultura da co-operação estão sendo reconhecidas. A Unimed JP é considerada uma das dez mais organizadas do Sistema Unimed, que reúne 371 cooperativas no país. A estabilidade econômico-financeira também foi atestada pela Agência Na-

cional de Saúde Suplementar (ANS), que, em 2008, concedeu o registro defi-nitivo de funcionamento à cooperativa. O equilíbrio é confirmado ainda pelo recolhimento rigoroso dos tributos mu-nicipais, estaduais e federais.

Para atender aos clientes, a coopera-tiva oferece a maior rede de assistência médico-hospitalar da Paraíba, incluindo o Hospital Unimed JP, que é referência em procedimentos de alta complexidade e o único do estado a realizar transplan-tes de coração e de fígado. A instituição também é a única da Paraíba que tem, desde 2010, o certificado de Acreditação Hospitalar, que atesta a qualidade dos serviços prestados em todas as fases do atendimento.

Apesar de ter chegado à maturidade, a cooperativa não se descuida. Atenta às tendências mer-cadológicas, investe permanentemente em tecnologia e no trabalho de huma-nização, para dar agilidade ao atendi-mento e aumentar a satisfação dos clien-tes. Desde 2001, conta, inclusive, com um setor específico para cuidar da pro-moção da saúde.

Outro diferencial são as ações de res-ponsabilidade social

desenvolvidas pela Unimed JP. A busca de um resultado útil e comum a todos é disseminada em toda a sociedade por meio do trabalho social, que ganhou novo impulso, em 2005, com a criação do Instituto UniGente. Com a missão de melhorar a qualidade de vida de cola-boradores e da comunidade, UniGente promove e apoia projetos, como é o caso do Coral Jovem UniGente e do Acessi-bilidade ProRampas, que têm foco nos Objetivos de Desenvolvimento do Milê-nio (ODM).

O desempenho nessa área é tão mar-cante que a Unimed JP foi a primeira cooperativa singular do Sistema Unimed a assinar o Memorando de Entendimen-to do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), em 2007.

Unimed João Pessoa: líder de mercado na Paraíba

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Foco da Copersucar está na inovação

Pioneirismo, modernidade e ino-vação marcam a história de 53 anos da Cooperativa de Pro-

dutores de Cana de Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo. Criada em 1959 como cooperativa central, foi formada inicialmente por dez unidades produtoras paulistas e duas cooperativas singulares, a Coopira e a Coopereste.

Atenta à filosofia cooperativista, a Copersucar cresceu sig-nificativamente e se consolidou como referên-cia no setor sucroalcooleiro global. Sua participação no processo de moderni-zação da agroindústria de cana-de-açúcar ajudou o Brasil a se tornar o maior e mais competitivo produtor mundial de açúcar e etanol.

A Copersucar, pela determinação de seus coo-perados, criou, desenvolveu e manteve, ao longo de 25 anos, o centro de tecnologia (CTC) reconhecido interna-cionalmente pela vanguarda tecnológica em produção e transformação industrial de cana-de-açúcar. Atualmente, o CTC é compartilhado com mais de uma centena de unidades industriais e milhares de canavieiros.

Centralizando com exclusividade a co-mercialização e a logística da produção realizada pelos cooperados, a Copersu-car aprimorou o processo de gestão e de

governança, com foco estratégico no cres-cimento e na ampliação de sua condição competitiva no país e no exterior.

Essa visão, que busca as novas oportuni-dades de negócio e outros destinos, levou à criação, em 2008, da Copersucar S.A. Trata-se de uma sociedade anônima de capital, capaz de viabilizar o crescimento com a geração de valor sustentável por meio da integração vertical da cadeia dos

negócios de açúcar e etanol. As bases desse projeto de expansão estão na capacidade logística, nas operações comerciais diferen-ciadas e na excelência operacional.

Nos últimos dois anos, 16 novos in-tegrantes passaram a integrar o quadro de cooperados e também o capital da Coopersucar. Hoje, são 48 unidades pro-dutoras sócias, localizadas nos estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Goiás.

Atualmente, é a maior comercializadora de açúcar e etanol do país, respondendo por 22% da produção nacional. A meta é aumentar esse percentual para 30% até 2015.

ExportaçãoA empresa também figura entre as maio-

res do mundo. No Ano Safra 2010/2011, exportou 4,6 milhões de toneladas de açúcar, para países da Europa, África, Ásia, Oriente Médio, além do Canadá. Nesse mesmo período, contabilizou 640 milhões de litros de etanol em vendas ao exterior.

A liderança no Brasil e a presença relevante no mercado global decorrem, consideravelmente, de uma arrojada infraestrutura lo-gística com investimentos contínuos. “Temos planos para aplicar R$ 2 bilhões em logística, voltados prin-cipalmente ao escoamento

de açúcar para o exterior”, diz Paulo Ro-berto de Souza, presidente-executivo da Copersucar S.A.

Garantia da comercialização integral e de longo prazo, com entrega direta ao cliente, menor risco de performance e inadimplência e, principalmente, capaci-dade para aumentar o foco em parcerias e projetos voltados a sua expansão, estão en-tre os diferenciais oferecidos às associadas.

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Tão importante quanto pensar no próximo é promover o bem comum. Foi com essa motiva-

ção que 44 pessoas criaram, em 18 de agosto de 1999, a primeira instituição fi-nanceira cooperativista direcionada aos servidores do Poder Judiciário de Mato Grosso: o Sicoob Credijud. De lá para cá, são 12 anos de trabalho, marcados pela gestão profissionalizada e pela cul-tura da cooperação.

O modelo operacional adotado na época foi o de capital e empréstimo. Ou seja, os associados aportavam recursos na cooperativa na forma de cotas de ca-pital para obter empréstimos, sempre em condições favoráveis. Com a consolida-ção no mercado, a cooperativa recebeu a autorização do Banco Central para captar depósitos à vista e a pra-

zo, o que lhe proporcionou significativo aumento na capacidade de concessão de crédito.

A estratégia de ampliar o portfólio foi fundamental para o crescimento dos negócios. Prova disso é que as ações do Sicoob Credijud resultaram em mais de R$ 3 milhões em sobras líquidas, distri-buídas aos cooperados. Já o patrimônio líquido ultrapassou a marca dos R$ 9 milhões, sendo R$ 8 milhões em capital social dos próprios associados.

Também conquistou reconheci-mento no estado por oferecer ao seu quadro social taxas de juros altamente competitivas. O percentual, segundo o presidente da cooperativa, Maurício Pereira, é cobrado apenas para cobrir os custos administrativos, operacionais e

de terceiros, como rede de saques terceirizadas, compensação, entre outros. E o resultado pode ser visto: a car-teira de operações de crédito alcançou em 2011, R$ 13 milhões.

A cooperativa ofer-ta, ainda, cartões de débito e crédito, che-que especial, e outros tipos de aplicação financeira, como o Recibo de Depósito Cooperativo (RDC). A aplicação em pou-pança, por exemplo, conta com a garantia

do Fundo Garantidor do Sicoob (FGS) no montante de até R$ 70 mil em de-pósito à vista/prazo por CPF ou CNPJ. Isso só é possível porque integra o maior sistema de crédito cooperativo do país, o Sicoob, que possui mais de dois milhões de associados.

diferenciaisPara atender os associados, o Sicoob

Credijud possui 29 funcionários diretos, sendo 60% direcionados ao atendimento e os demais, às áreas de processamento operacionais e administrativas. Com uma média de seis anos na instituição, a equipe se destaca pelo alto nível técnico. Além da formação superior, alguns em-pregados têm certificação específica para atuar no mercado financeiro, concedida pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima).

Os colaboradores participam cons-tantemente de treinamentos e palestras sobre qualidade de vida e temas motiva-cionais. A ação resulta na excelência da qualidade do atendimento, cujo foco está no tratamento diferenciado, personaliza-do e humano.

Os investimentos na melhoria da ges-tão e na conquista de novos mercados são importantes. Mas o diferencial do em-preendimento é outro e não se resumem aos dados financeiros apresentados. Os números não são tão significativos diante do maior patrimônio que a cooperativa possui hoje: seus 1.800 cooperados.

Sicoob Credijud: 12 anos de trabalho em prol do cooperativismo

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As dificuldades enfrentadas por produtores de leite na região de Uberlândia (MG)

levaram um grupo de aproximadamente 40 pecuaristas a idealizar a Cooperati-va Agropecuária Ltda. de Uberlândia (Calu). Cheios de ideais e de vontade de vencer os desafios, os sócios-fundadores viram na cooperação uma forma para superar as crises no mercado leiteiro. O sonho foi concretizado em 24 de maio de 1962.

Muita dedicação, empenho e confian-ça fizeram aquela pequena associação alçar voos. O número de cooperados cresceu e possibilitou a instalação do la-ticínio. Hoje, são quase 3 mil produtores associados. Desse total, mil fornecem leite. Os benefícios não param por aí. A Calu foi uma das primeiras indústrias a gerar 350 empregos diretos na cidade mineira, com a instalação da fábrica, a assistência técnica, além do processo de captação e armazenagem do leite. Os in-diretos chegam a quase 5 mil.

O volume total captado pela coope-rativa ultrapassa 60 milhões de litros de leite por ano. Isso representa 10% do total da produção de leite das coopera-tivas, em Minas Gerais. São mais de 50 produtos, entre eles manteigas, queijos, bebidas lácteas, leites pasteurizados, Longa Vida, achocolatado, iogurtes e ri-cota, que recheiam as mesas das famílias de várias regiões do país.

Para diversificar ainda mais o portfó-lio de produtos, a cooperativa lançou recentemente a linha light. Queijos, lei-

te e iogurtes com baixo teor de gordura que garantem uma dieta equilibrada e uma vida mais saudável. “Há al-gum tempo estudávamos a fórmula certa para agradar o consumidor que mantém uma alimentação equilibrada. Agora, a nossa expectativa é que os novos produtos incre-mentem a comercialização dos lácteos Calu”, ressalta o presidente, Cenyldes Moura Vieira.

Além da matriz, em Uberlândia, a cooperativa possui quatro filiais em Gu-rinhatã, Tupaciguara, Monte Alegre de Minas e Ituiutaba, todas localizadas no Triângulo Mineiro. Em cada uma delas, a Calu recebe e transfere o leite da re-gião para a matriz e oferece assistência técnica, por meio de profissionais que auxiliam o cooperado na fazenda. Ain-da, tem uma loja com itens para o dia a dia do produtor e também para a dona de casa.

CompromissoAo longo desses 50 anos, a cooperati-

va não mediu esforços para garantir que os produtos cheguem com qualidade à mesa do consumidor. Para ampliar o mix e a atuação no mercado, está tocando o projeto da nova indústria. São mais de 60 mil m² de área para abrigar todo o la-ticínio. Uma fábrica moderna equipada com tecnologia de ponta.

O segredo da longevidade está no tra-

balho dos cooperados e de uma equipe de profissionais que vestem a camisa e se dedicam às tarefas do cotidiano. E os resultados não poderiam ser diferentes. A Calu sempre está à frente das pes-quisas de opinião pública e conquistou o Selo Empresa Cidadã, por incentivar as crianças a terem uma alimentação saudável e promover concursos para o resgate cultural e artístico na região.

Foi pela 14ª vez consecutiva eleita a nú-mero um (“Top Of Mind Uberlândia”) na mente dos consumidores, quando o assunto é leite. Em nível nacional, já recebeu diversas premiações, entre elas o Prêmio Cooperativa do Ano, ofereci-da pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Também ganhou o “Selo Amigo da Juventude” da Prefei-tura de Uberlândia, por dar aos jovens oportunidade de ingresso ao mercado de trabalho. É assim que a cooperativa va-loriza o esforço dos cooperados e aposta numa sociedade cada vez melhor.

Calu: 50 anos de sucesso

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No interior do estado do Rio de Janeiro, em um município de 15 mil habitantes, chamado

Natividade, uma cooperativa recém--criada está mudando a realidade da região. É a Bordados N’atividade, forma-da por 50 mulheres, que têm hoje como fonte de renda o seu trabalho manual. A cooperativa surgiu para atender as neces-sidades das famílias que viviam em total vulnerabilidade no município por conta da baixa escolaridade, e que encontrou no bordado, um meio de gerar renda. O bordado artesanal sempre fez par-te do dia a dia da comunidade. “Muitas de nós aprendemos com as nossas mães, em cursos e programas da prefeitura ou com as próprias integrantes do grupo. Nem imaginávamos tornar esse apren-dizado em um negócio. Bordamos com maestria os pontos que dominamos: ponto cheio, corrente, haste, matiz, ponto folha, ponto caseado e ponto x”, relata a presidente Vânia Mendonça. A missão da coopera-tiva é gerar renda por meio do bordado arte-sanal, proporcionando qualidade de vida e propiciando oportuni-dades de trabalho digno aos jovens da cidade de Natividade. Sua visão é ser exemplo de su-peração, valorizando o trabalho digno, com a técnica do bordado artesanal, tornando-se

uma cooperativa de referência nacional. A cooperativa tem apenas dois anos de atuação e seus produtos, como almo-fadas, bolsas, necessaire, porta-níquel, cintos e malas de viagem, já ganharam clientes espalhados por diversos estados e até no exterior. “Vendemos nossos bor-dados para vários municípios do Rio e também para Minas, Santa Catarina, Paraná, Bahia, além do Japão”, conta Vânia. Para ela, isso foi possível graças aos valores cultuados pela cooperativa, que passam pela satisfação dos clien-tes, comprometimento, administração transparente, valorização dos coope-rados e zelo pela imagem institucional. Com a especialização e a regulamen-tação necessárias, o grupo deixou de ser conhecido apenas por seu trabalho social e passou a participar de feiras importantes, como a “Rio a Porter”, por exemplo, alcançando reconhe-cimento como entidade geradora de renda. O título é motivo de orgulho

para a dirigente: “o que antes era uma tradição no nosso município, passada de mãe para filha, transformou-se em belos produtos artesanais, vendidos em muitas lojas no Brasil e no exterior”. A presidente avalia como positivas as mudanças ocorridas na comunidade. A principal melhoria está relacionada à autoestima das mulheres e à quali-dade de vida para suas famílias. “Antes da cooperativa, as mulheres eram ape-nas donas de casa e, hoje, muitas delas se tornaram chefes de família. A ren-da mensal que girava em torno de R$ 80 chega agora a até R$350”, diz. E para 2012, são grandes os desafios da cooperativa. Um dos projetos da Bor-dados N’atividade é a aquisição de sua sede própria. O objetivo é ter um local mais amplo e adequado para confecção das peças, bem como atrair outras bor-dadeiras que queiram se cooperar para desenvolver seus trabalhos manuais e assim contribuir com o desenvolvimen-to da comunidade. “Nossa expectativa é que todas as cooperadas possam receber

um salário fixo em decorrên-cia das vendas dos seus produtos”, afirma Vâ-nia. Bem-humorada, ela finaliza: “Para alcançar o nosso sonho, ainda temos muita linha que bordar e muito retalho que emen-dar. Com mais e mais jovens no grupo, o sonho está cada dia mais perto”.

Bordados N'atividade: tradição que virou negócio

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Sicoob Creditapiranga, a primeira cooperativa de crédito de Santa CatarinaProfissionalismo, gestão democrá-

tica, persistência e solidariedade são características que fazem

parte da história da primeira coope-rativa de crédito de Santa Catarina: o Sicoob Creditapiranga. Um dos em-preendimentos mais bem-sucedidos do conjunto de iniciativas tomadas durante a colonização, a cooperativa nasceu em 21 de outubro de 1932, quando Itapiran-ga sequer existia (a cidade foi criada em 1954). Instalada inicialmente em Por-to Novo, começou a funcionar com 41 associados, sendo o primeiro presidente José Werlang. Hoje, tem mais de 13 mil associados e uma estrutura para atender também ao bairro Santa Tereza e aos municípios de Tunápolis e São João do Oeste.

O crescimento nas últimas décadas atesta que os princípios coope-rativistas trazidos da Europa pelo Padre Theodor Amstad, fundador da primeira cooperativa de crédito brasileira, estão profundamente enraizados na filosofia praticada pelo Sicoob Creditapiranga. É resultado também da influência direta das colônias alemãs do Sul do país, que valorizavam muito o setor. Para os admi-nistradores e idealizadores dos projetos de colonização, o cooperativismo era a única alternativa para a solução dos problemas financeiros.

A Cooperativa de Crédito Caixa Rural União Popular de Porto Novo, como foi registrada na época, trabalhou em diver-sas frentes nos primeiros anos, mas seu papel de destaque estava vinculado dire-

tamente aos colonos e à agricultura. Os sócios faziam principalmente depósitos em poupan-ça, transferência de dinheiro, empréstimos para casos hospitalares, financiamento para a construção de galpões, pocilgas e estábulos e, até mesmo, para a compra de animais e im-plementos agrícolas.

Antes restrito à ativi-dade agrícola, o Sicoob Creditapiranga decidiu ampliar o campo de atuação e estimular ou-tros setores econômicos, como a indústria e comércio. Para isso, tornou-se cooperativa de crédito de livre admissão em 2007. Um passo determi-nante para a expansão dos negócios.

Segundo o presidente José Adalber-to Michels, a instituição deve continuar crescendo, sempre respeitando a filosofia cooperativista. “Trabalhamos para ter se-gurança nas sobras. Mas o foco não é o lucro. Nossa missão é prestar bons servi-ços ao quadro social e à comunidade com as menores taxas possíveis”, diz.

Alianças estratégicasPara acelerar o desenvolvimento

econômico, social e profissional dos coo-perados e da população local, por meio da implantação de políticas financeiras e prestação de serviços, a cooperativa vem

construindo alianças estratégicas com ór-gãos públicos e organizações privadas. Os resultados do trabalho são visíveis. Nos últimos anos, a cooperativa teve aumento significativo. Tanto que fechou 2011 com R$ 108,6 milhões em totais de ativos. Já as sobras apuradas totalizaram R$ 1,4 milhão. Em comemoração aos 79 anos, inaugurou a Casa do Cooperativismo, que se tornou um marco no Sistema Si-coob.

Em 2012, Ano Internacional das Cooperativas, completa seu 80º aniver-sário. Por isso, diversas ações estão sendo planejadas. Entre elas, destacam-se a Fes-ta da Família Sicoob, em 28 de setembro, nas dependências do Complexo Oktober, em Itapiranga; um encontro com ex--dirigentes; o lançamento do Livro de 80 Anos, entre outras.

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Um Colégio do Rio Grande do Sul cria oportunidade para que seus alunos aprendam,

na prática, o que é ser cooperativista “Não existe o eu; existe o nós.” A frase é de uma adolescente que cursa o segun-do ano do ensino médio. E é assim que ela define o cooperativismo. Aos 15 anos, Cristine Seefeld dirige o Departamento de Produção da Cooperativa Escolar Bom Pastor (Cooebompa), criada em no-vembro de 2010 na Escola Bom Pastor, no município de Nova Petrópolis (RS). Filha e neta de cooperativistas, e nascida na capital nacional do cooperativismo, a jovem está entusiasmada com a experi-ência que vive.

“Eu acho que temos de nos envolver mais na cultura da nossa cidade. Além disso, cooperar é ótimo, né? Tu ajudas as pessoas, cooperas com as pessoas e ainda recebe por isso.” A Cooebompa é resultado de uma iniciativa da direção da Escola Bom Pastor para proporcionar aos estudantes a vivência do que é o coo-perativismo, além de trabalhar os valores da cooperação. Por isso, conta o diretor do colégio, Adriano Antônio Fiorini, é que a cooperativa dos estudantes segue rigorosamente seu estatuto e tem direto-ria eleita em assembleia.

Na cooperativa escolar, os alunos fa-zem peças de artesanato e aprendem a vender o que produzem. “Isso serve para que eles possam dimensionar os custos de produção e comercializar o produto, fazer um movimento de caixa”, explica o diretor. O lucro, no entanto, não é o

objetivo. “A nossa intenção não é ter movimento financeiro e gerar sobras. É apenas operar a cooperativa, com re-sultados, mesmo que inexpressivos em termos de vulto financeiro, para que os alunos compreendam como funciona o negócio”, esclarece.

Cristine Seefeld lembra que a pri-meira venda feita pela cooperativa foi de um lote de 700 mandalas para a Si-credi Pioneira. Esse material ganhou repercussão nacional e internacional, pois foi entregue a mais de 600 pessoas que participaram das comemorações da homologação da irmandade entre Nova Petrópolis e Sunchales, capitais nacionais do cooperativismo do Brasil e da Argen-tina. O evento, que ocorreu em novembro de 2010, em Nova Petrópolis, reuniu sete países cooperativistas, além de contar com a

presença de Pauline Green, presidente da Aliança Coo-perativa Internacional (ACI), autoridade máxima do cooperativismo do mundo.

Atualmente, a Cooebompa conta com 128 associados, que têm entre 12 e 17 anos e cursam do sétimo ano do ensino fundamental ao terceiro ano do ensino médio. Além da possibilidade de se as-sociarem à cooperativa, os alunos são estimulados a participar de um curso de cooperativismo, com duração de 40 horas. Os estudantes aprendem nessa atividade extracurricular as normas que regem o setor, além de conhecerem a fi-losofia e os princípios do cooperativismo.

Cooebompa forma jovens para o cooperativismo

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Para criar um empreendimen-to capaz de unir viabilidade econômica à responsabilidade

social, é preciso ter força de vontade. Foi justamente essa virtude que levou 23 colaboradores da Empresa Brasilei-ra de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) a conhecer o caminho da cooperação. Reunidos em uma assembleia geral para tratar de diversos os assuntos, o grupo decidiu fundar uma cooperativa de eco-nomia e crédito mútuo destinada aos empregados da empresa.

De uma reunião rotineira nasceu, no dia 24 de julho de 1996, o Sicoob Cre-diEmbrapa. Uma cooperativa de crédito que tem a missão de oferecer o adequado atendimento às necessidades financeiras de seus associados, tornando-os inde-pendentes de instituições financeiras privadas.

Para cativar os donos do próprio negó-cio, a instituição desenvolve programas de assistência financeira e de prestação de serviços. Um dos diferenciais do Si-coob CrediEmbrapa é a capacidade de atender associados de todo o Brasil a partir de um único ponto. Essa relação tornou-se possível graças ao uso de sites, e-mails, telefones, além da facilidade do sistema de gerenciamento eletrônico de documentos, contrato pré-assinado, sis-tema de ordem e serviço, entre outros.

O desejo de ampliar o portfólio levou a entidade a criar, em 2004, a Miche-langelo Administradora e Corretora de Seguros Ltda., para ofertar outros serviços, como seguro de veículos, vida,

acidentes pessoais, residencial, condomí-nio, previdência complementar e planos de saúde e odontológico.

Outra iniciativa importante foi a constituição da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica (Funcredi) em 2007, voltada ao desen-volvimento social, cultural e tecnológico do país. O objetivo é desenvolver ações, por meio de diretrizes e políticas pre-viamente definidas, para disseminar conhecimento e experiências inovadoras de transformação social. Hoje, o órgão se chama Fundação Eliseu Alves.

CertificaçõesPreocupada com a qualidade e ges-

tão, o Sicoob CrediEmbrapa passou, em 2008, a cumprir todos os requisitos da NBR ISO 9001:2000, para otimizar e agilizar o fornecimento de produtos e

serviços e garantir a inviolabilidade do-cumental. Isso foi feito de acordo com uma sequência de implantação dos sis-temas de Gestão de Qualidade e Gestão Eletrônica de Documentos.

Em 2011, o Sicoob CrediEmbrapa realizou mais uma conquista: inaugurou sua sede administrativa. E as conquistas não param por aí. Após 15 anos de fun-cionamento, a instituição realiza todas as operações de um banco comercial, com a vantagem de isentar os clientes da maioria das tarifas e taxas de manuten-ção de contas.

É assim que Sicoob CrediEmbrapa, uma moderna cooperativa de resultados, trabalha para atender a mais de 3 mil as-sociados em todo o Brasil. Sem perder o equilíbrio entre o econômico e o so-cial, ela ajuda a construir uma sociedade mais solidária e justa.

Sicoob CrediEmbrapa, uma cooperativa de resultados

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Conhecido pela economia diver-sificada e dinâmica, o Vale do Taquari é um dos principais

polos produtivos do Rio Grande do Sul. Entre as suas principais potências, está a cooperativa Languiru, cujo trabalho tornou-se referência para o setor. Funda-da em 13 de novembro de 1955, por um grupo de pequenos produtores que busca-vam comercializar os excedentes agrícolas de suas propriedades, a entidade nasceu no município gaúcho de Teutônia. Com o crescimento dos negócios, elaborou um projeto de expansão e decidiu levar o co-operativismo a outras cidades.

Como a região foi colonizada por imi-grantes alemães e italianos, a área de atuação da cooperativa exibe uma geo-grafia exuberante que atrai milhares de turistas todo ano. Ela aproveita a excelen-te localização para divulgar o movimento do qual faz parte e conquistar novos cooperados. Além de valorizar o ambien-te, a Languiru prioriza a transparência em todas as ações e o compromisso com a sua gente. Tanto que uma das metas é a diversificação das atividades. O processo está dando tão certo que, hoje, trabalha nos setores de aves, leite, suínos, rações e varejo.

Para conseguir mais espaço no merca-do, está regionalizando gradativamente seu quadro social e a cadeia produtiva. Mas não é só a estratégia que merece especial atenção. Aos 56 anos, tem um importante papel no contexto econômico e social do estado. Estima-se que cerca de 25 mil pessoas dependam direta e indire-

tamente da cooperativa. Distribuídos em 31 municípios dos Vales do Caí, Rio Par-do, Taquari e Serra, 2,5 mil produtores (de um total de 4,5 mil associados), entre-gam a sua produção para a cooperativa. Os associados dispõem de 40 benefícios, de assistência técnica gratuita a descontos em compras de insumos e medicamentos. Mais que isso, têm fácil e rápido acesso à direção da entidade, iniciativa muito va-lorizada.

Em solo gaúcho, as unidades da coope-rativa estão presentes em 13 municípios. São centrais de distribuição, granjas, lo-jas, supermercados e unidades industriais que, ao todo, empregam 1,7 mil funcio-nários.

Mix diversificadoTendo a diversificação como uma das

principais características, a Languiru possui um mix de 256 produtos, entre li-nhas de leites, iogurtes e bebidas lácteas, frangos fracionados e inteiros, embutidos e rações. Reconheci-dos pela qualidade e sabor, os produtos da linha de aves são con-sumidos em mais de 40 países. Recentemente, a cooperativa adotou a marca Languiru nos produtos lácteos, antes chamados de Mimi.

Os aspectos financei-ros do empreendimento são importantes, mas a

cooperativa desenvolve ações em outras frentes. Defensora de práticas saudáveis e incentivadora do bem-estar da comu-nidade onde está inserida, apoia eventos culturais, esportivos e práticas ligadas à preservação do meio ambiente.

O posicionamento diferenciado foi re-conhecido. Em outubro de 2011, a revista Amanhã, em parceria com a consultoria PriceWaterHouserCoopers (PwC), di-vulgou o ranking Grandes & Líderes / 500 Maiores do Sul, após a análise dos balanços de empresas da região. No le-vantamento, a Languiru figura na 66° posição. Entre as 500 maiores empresas da região Sul, ocupa o 167° lugar.

Essa é a Languiru, uma cooperati-va que faz a diferença. Por ser agente propulsor do desenvolvimento, ela se pre-ocupa em unir cooperação, arte e sabor, para que as famílias brasileiras se sintam sempre em casa, onde quer que estejam.

Languiru: a força emergente do Vale do Taquari

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As mãos que semeiam e colhem os grãos na Cooperativa Agrá-ria de Machado (Coopama)

para abastecer as mesas das famílias brasileiras representam um movimen-to que tem uma identidade social forte e envolve 30 milhões de pessoas. Mais do que movimentar a economia do País, o cooperativismo é um modelo so-cioeconômico que procura solucionar problemas comuns difíceis de serem re-solvidos individualmente.

Foi esse ideal que motivou a criação da Coopama, em 1944, época em que o individualismo e a crueldade regiam o cenário mundial com a Segunda Grande Guerra. Antes de adotar o atual nome em 1966, a entidade se chamava Cooperativa

Mixta Agropecuária de Machado Ltda, resultado da fusão da Cooperativa dos Produtores de Leite de Machado Ltda e da Cooperativa da Zona de Machado Ltda.

Hoje, 68 anos após seu surgimento, a entidade possui 1.375 associados, 244 funcionários e duas filiais, além da matriz. Reconhecida pela equipe técnica, pelas condições diferenciadas de negociações com os cooperados e pela qualidade de seus produtos, a cooperativa se sobressai na área de atuação.

responsabilidade socialA fábrica de rações e suplementos mi-

nerais, o trabalho de armazenagem, os preços, e a participação dos cooperados

em suas sobras também são diferenciais competitivos perante o mercado. Mos-tram a atenção com o homem do campo que acredita na força da cooperação.

Mas os trabalhos não estão ligados apenas aos aspectos sociais e financeiros. A cooperativa mostra a preocupação com a comunidade e o meio ambiente, contribuindo e patrocinando o esporte, a segurança pública e a educação. Parti-cipa, inclusive, de atividades em escolas públicas e incentiva a graduação de seus colaboradores, além de realizar ações de conscientização ambiental.

Nos últimos anos, a Coopama deixou a administração doméstica e passou ainda a atuar intensamente junto à Organi-zação e Sindicato das Cooperativas de Minas Gerais (Ocemg), Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Conse-lho Nacional do Café (CNC), Centro do Comércio do Estado de Minas Gerais (CCCMG), Cooperativa Central de Ca-feicultores e Agropecuaristas de Minas Gerais Ltda (Coccamig), Centro de Exce-lência do Café (CEC) e também na área de saúde, com um plano de abrangência nacional para cooperados e colaborado-res.

As alianças estratégicas são importantes para o projeto de expansão da Coopama e de aprimoramento da gestão. Assim, com a união dos associados, o empreen-dimento cooperativo será cada vez mais sustentável e resistente ao tempo.

Coopama aposta no futuro e colhe os frutos

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Luz, câmera, ação... A história da Cooperativa de Criação e Produção (Coopas Multima-

gens) começou assim, como se fosse um filme. A primeira cena se passa no mu-nicípio de Manguinhos, no interior do Rio de Janeiro, com 24 jovens profissionais que decidiram se unir para mostrar a força do coopera-tivismo, uma alternativa eficiente de administrar um negócio, sem perder de vista a valorização do cidadão.

Reunindo profissionais do ramo audiovisual, a entidade presta, o longo dos quase 15 anos de fun-dação, serviços de criação e produção de conteúdo, em diversas plataformas: web, TV, impresso e até educação a distância, em eventos de diferen-tes portes. Também está preocupada em propiciar um ambiente de trabalho essencialmente associati-vo, com foco principal no bem-estar de cada indiví-duo.

“À medida que a coo-perativa cresce, diversos fundos foram criados para maximizar a participação do associado”, disse presi-dente da Coopas Multimagens, Naldo Alves. O dirigente se refere a outras ini-ciativas, como o uso programado da Reserva de Assistência Técnica, Educa-

cional e Social (Rates), em plano de saúde, auxílio-refeição, auxílio-transporte, bônus cultural e bolsas educacionais para apri-moramento profissional dos cooperados.

BenefíciosComo forma de reconhecimento da

contribuição de cada um para o cresci-mento de todo o quadro social, a direção

criou o fundo patrimonial. Por meio dele, o patrimônio imobilizado da Coopas Multi-magens foi distribuído entre os associados e é atualizado anualmente no balanço pa-trimonial da cooperativa. “Para controle

dos valores, criou-se uma conta-corrente patrimo-nial, com movimentação individual de débitos e créditos. Quando um cooperado necessita se afastar, pode resgatar os valores positivos que es-tiverem em sua conta”, explica o presidente.

A qualidade do tra-balho dos cooperados rendeu à Coopas Multi-magens alguns prêmios de importância internacional. Foi o caso da 5ª edição do Festival de Cinema de La Plata, onde o curta-

-metragem “Groenlandia”, de um dos associados, venceu em duas categorias. O evento é considerado uma referência da cinematografia sul-ameri-cana.

Esse é apenas um exemplo das iniciativas realizadas pela Coopas Multimagens em prol de seu quadro social. Um retrato do cooperativismo levado a termo, onde a união reflete em benefício para todos.

Coopas Multimagens: luz,câmeras,sucesso

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Guaxupé é um município lo-calizado ao sul do estado de Minas Gerais, próximo à di-

visa com São Paulo. Na década de 30, quando o país ainda vivia os reflexos da grave crise econômica de 1929, um grupo de agricultores enxergou no co-operativismo uma forma de driblar as dificuldades. De lá para cá, são 80 anos de superação, crescimento e preocupa-ção constante com o desenvolvimento social e econômico da região.

Inicialmente uma instituição de crédito agrícola, e só em 1957 a Coo-perativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé) se transformou em cooperativa de cafeicultores. A mu-dança aconteceu graças à sensibilidade dos primeiros cooperados às carências regionais. Naquele ano, a organização passou a ter o café como seu principal produto. Logo em seguida, em 1959, a cooperativa já exportava sua produção pela primeira vez.

Hoje, a Cooxupé pos-sui 12 mil cooperados, dois mil colaboradores e é composta por 22 unida-des de negócios e serviços. Além de possuir um es-critório de exportação na cidade de Santos (SP). “Um crescimento base-ado, principalmente, na transparência nos rela-cionamentos, solução imediata de problemas, li-quidez nos compromissos, credibilidade e seguran-ça nas suas ações, com responsabilidade socio-ambiental”, afirma o presidente, Carlos Paulino.

Seriedade, transparência e profissio-nalismo. Segundo Paulino, é neste tripé que a Cooxupé baseia os seus 80 anos de sucesso. Para o futuro, o dirigente pre-vê a manutenção destas conquistas. “Ao

longo dos anos, nossa cooperativa se tornou referência, trazendo melhorias não só para os cooperados como também para toda a re-gião. Para se manterem competitivas, empresas vizinhas passaram a dar a seus funcionários os mesmos cuidados que disponibilizamos aos nossos. A conse-quencia disso é o bem

estar de todos”, resume.Foi assim que a cooperativa alcançou

reconhecimentos importantes e posi-ções de destaque no mercado. Em 1983, a Cooxupé foi premiada pela revista Exame como a empresa com melhor desempenho de 1982 no setor da agro-pecuária. Em 1998, obteve a certificação de qualidade ISO 9002. E no século 21, ostenta, pelo terceiro ano, o posto de maior exportadora de café verde do Brasil, alcançando a marca de 5,1 mi-lhões de sacas vendidas em 2011, das quais 2,45 milhões foram exportadas - recorde quantitativo jamais atingido por qualquer exportador no Brasil em toda a história. Com esse volume, a Cooxupé é hoje a mais importante organização no segmento cafeeiro.

Cooxupé: maior exportadora de café verde do Brasil

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É a água que define a vida da comunidade Sagrado Coração de Jesus, no Paraná do Eva às

margens do Rio Amazonas. Todos na região moram na várzea próximo ao rio, e o barco é o meio de transporte da população ribeirinha. Nesse ambiente nasceu um sonho de transformação: a Cooperativa dos Produtores Rurais da Comunidade Sagrado Coração de Jesus do Paraná da Eva (Ascope). Uma histó-ria de solidariedade, luta e perseverança baseado em um trabalho orientado para o conhecimento.

Desde 1997, os trabalhadores ru-rais da Vila do Engenho a 270 km de Manaus estão organizados, em cooperativa. Hoje, a produção de abacaxi, a fábrica de despolpamen-to de cupuaçu e a seção de consumo flutuante são as principais fontes de recursos econômicos da região. A cooperativa é o motor propulsor do progresso local. A persistência é a or-ganização da Ascope fizeram dessa cooperativa uma referência no inte-rior do Amazonas. Edsomar Soares de Mendonça, presidente fundador, diz que esse fato aumenta a responsabi-lidade dos associados, o que às vezes chega a ser motivo de preocupação. “Há momentos em que a gente sente tanta alegria, porque ser uma referência em um estado do tamanho do Amazonas é algo extraordinário, mas significa que ainda existe muita necessidade desse tipo de iniciativa em vários outros lugares”.

Ele, assim como os 55 cooperados,

quer mudar a referência do estado: “quando se lembram de nós que vive-mos às margens dos rios, na Amazônia, logo imaginam uma casinha de palha, um cachorro, uma mulher grávida e um camarada vendendo mão de obra. Esta-mos mudando esse cenário e mostrando que podemos ter uma boa casa, e morar aqui no meio desta natureza, com qua-lidade”. E com esse olhar que Edsomar e sua esposa, Nazira, encaram a vida na Vila do Engenho, que nos últimos cinco anos, graças aos esforços da cooperativa, mudou muito. A luz elétrica e o asfal-

to chegaram, uma escola foi aberta na comunidade e o êxodo rural não é mais uma ameaça.

Com a inauguração recente da Agroindústria de Polpa de Frutas As-cope, com capacidade para a produção de dez toneladas por dia de polpa de abacaxi, cupuaçu, graviola e taperebá, o desenvolvimento na região e visível. “Hoje vemos que não se pede mais tanta coisa ao governo. As pessoas têm recur-sos próprios pra comprar seus bens e viver bem”, comemora o presidente.

Ascope: levando qualidade de vida à floresta

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Atrium: promovendo a inclusão virtualEm plena era da informação,

muitas entidades civis de pe-queno porte, que desenvolvem

trabalhos importantes para minorias e segmentos específicos da população, ainda não tem a chance de se fazer presentes na rede mundial de compu-tadores. Por não poderem arcar com os custos de desenvolvimento de um site, permanecem “invisíveis” no mundo vir-tual, e excluídas das redes sociais. É neste contexto que entra o trabalho voluntário da cooperativa de Profissionais de Infor-mática Assessoria e Consultoria Técnica – Atrium São Paulo.

Por meio da iniciativa Tecnolo-gia Cooperativa: Projeto Social de Informação, a Atrium já desenvolveu gratuitamente mais de 400 websites institucionais para organizações não--governamentais (ONGs) de diferentes

partes do Brasil. A diretora administra-tiva da Atrium, Maria Bernadette Mello, afirma que a proposta é dar um pouco daquilo que a cooperativa sabe fazer para entidades do terceiro setor.

“Foram atendidas instituições como a dos transplantados renais do Pará; uma entidade que trabalha com jovens em li-berdade assistida no Rio Grande do Sul, e até um asilo para animais. Já recebe-mos pedido até de São Tomé e Príncipe. Recentemente, a Atrium trabalhou para a disseminação em plataforma digital da cartilha “Navegar com Segurança”, da Childhood Brasil, que previne a questão da exploração sexual na internet.

“O formato digital amplia o acesso das pessoas ao material. Divulgamos a carti-lha intensamente junto a nossos clientes, fornecedores, colaboradores, ONGs e toda nossa rede de relacionamento e o

resultado foi excelente”, comemora a diretora. Ações como essas renderam à cooperativa em outubro de 2011, pelo décimo ano consecutivo, o selo Empresa Cidadã, concedido pela Câmara Muni-cipal de São Paulo.

O prêmio destina-se a 22 empresas com atuação destacada em iniciativas de responsabilidade social corporativa. “O prêmio muito nos honra e representa o reconhecimento público de nossas ações. Desejamos ser exemplo para que outras empresas possam executar projetos e programas sociais para uma sociedade mais integrada e harmoniosa”, afirma Bette.

Além de ser Empresa Cidadã, a Atrium também é detentora do selo de Empresa Amiga da Criança, da Fun-dação Abrinq, e possui certificação de

Conformidade Co-operativa – PNC Trabalho. O progra-ma é um conjunto de ações regulamentado pela Organização das Cooperativas Bra-sileiras (OCB), que determina os padrões de conformidade para as cooperativas. Estabe-lece um diferencial que agrega reconhecimento por parte do sistema cooperativista, órgãos reguladores e mercado às cooperativas de tra-balho.

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O competitivo mercado de serviços na área de saúde privada necessita dos mais

modernos instrumentos de gestão. Isso vale também para as cooperativas que atuam no setor. Em Santa Catarina, a Unimed Brusque Cooperativa de Traba-lho Médico sabe disso e foi buscar uma metodologia adminis-trativa inovadora para garantir eficiência mer-cadológica e melhores serviços aos seus clientes. Com o Projeto de Im-plantação do Balanced Scorecard (BSC) como Ferramenta de Gestão Estratégica, a Unimed Brusque conseguiu dar um salto de qualidade administrativa, inte-grando efetivamente os seus objetivos estratégi-cos à missão e à visão organizacional.

Segundo o presidente da cooperativa, Hum-berto Martins Fornari, o modelo permite traçar metas mensuráveis e definir indi-cadores de desempenho para avaliação de resultados. Os dirigentes sabiam que a definição e implementação de uma es-tratégia de atuação é indispensável para a permanência da Unimed Brusque em posição destacada no setor de saúde privada. Segundo o presidente, entre os fatores que levaram a cooperativa a optar pelo Balanced Scorecard estava a neces-

sidade de planejamento em longo prazo, de modo a permitir que se trace o futuro da instituição no cenário nacional.

Além disso, era intenção expandir sua atuação econômica, sendo fundamental que todos os cooperados e colaboradores estivessem efetivamente comprometi-dos com esse objetivo. “A rigidez criada

pela regulamentação do setor exigia a expansão dos serviços oferecidos, com abrangência de novos nichos de mercado e comercialização de novos produtos”, afirma Fornari. Ele detalha que, antes da adoção do BSC, a Unimed Brus-que pautava seu planejamento em três pilares: desempenho econômico-finan-ceiro, melhor remuneração médica e responsabilidade social. Porém, esses fatores não “dialogavam” entre si. Com

o novo modelo, foi possível fazer essa integração de um mapa estratégico, no qual todos os objetivos definidos estão relacionados a cada um dos pilares da instituição. De acordo com o presidente, a cooperativa conseguiu aperfeiçoar sua administração, utilizando indicadores

multidimensionais e in-tegrados.

A implantação do BSC trouxe resultados importantes, inclusive para os clientes, uma vez que possibilitou o desenvolvimento de novos projetos em áre-as como cardiologia, combate ao tabagismo, saúde da mulher, além da implantação do Con-tact Center, com Central de Consultas, Chat On Line e fone 0800, do La-

boratório Unimed, do Consultório de Especialidades, na qual médicos das es-pecialidades de Pediatria, Dermatologia, Endocrinologia e Cirurgia Pediátrica atendem nos consultórios montados na própria sede da cooperativa. Neste pe-ríodo também foi ativado o serviço de atendimento pré hospitalar, o SOS Uni-med, que conta com duas ambulâncias para atendimento 24 horas.

Unimed Brusque: investimento em gestão

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Atuando há quase 15 anos no mercado cearense, a Coo-perativa dos Profissionais de

Enfermagem do Ceará (Coopen) in-veste na constante capacitação de seus cooperados como forma de garantir a prestação de serviços com alto padrão de qualidade. Constituída em março de 1998, a cooperativa é composta por enfermeiros, técnicos e auxiliares de en-fermagem, que atendem em domicílio, a qualquer hora do dia ou da noite. Os cooperados prestam serviços de aten-dimento ambulatorial, internação domiciliar, assistência hospitalar, geren-ciamento do serviço de enfermagem, e ainda assessoria e consultoria em enfer-magem, incluindo projetos de ampliação ou abertura de novos serviços.

“A entidade surgiu do idealismo de um grupo de profissionais preocupados em manter o atendimento ao cliente no mais alto nível, associando quali-dade e assistência, numa combinação especial de competência, ética, valo-rização do ser humano e resultado”, diz a presidente da cooperativa, Najla Gurgel. Segundo a dirigente, o maior trunfo da cooperativa é a qualidade no atendimento, obtida por meio de muita capacitação.

Najla ressalta que a preocupação com a formação dos cooperados, além de ser um dos fatores de sucesso da Coopen, é também elemento estratégico no dia a dia da cooperativa. Ela destaca a im-portância de treinamentos realizados em parceria com instituições como o

Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) para garantir que o quadro de colaboradores, coope-rados e dirigentes esteja bem preparado. “Dessa forma, conseguimos atuar com maior nível de profissionalismo e atin-gir, gradualmente, a excelência na prestação de serviços”, diz.

A maior iniciativa de formação pro-fissional promovida pela Coopen já faz, inclusive, parte do calendário da enfer-magem cearense. Com duas edições de sucesso, o Congresso da Cooperativa dos Profissionais de Enfermagem do Ceará (CCPENCE) dissemina a cultura cooperativista, promove a capacitação de enfermeiros, técnicos e auxiliares, es-tudantes e acadêmicos e discute práticas e perspectivas. “Com a presença de pa-lestrantes nacionais e internacionais, o congresso representa uma oportunida-de fundamental para que profissionais e estudantes possam conhecer mais so-bre especialidades dentro da área, aprender sobre empreendedoris-mo e gestão e obter valiosas noções so-bre autocuidado e apresentação pes-soal, elementos tão importantes no dia a dia do profissional de enfermagem”, resume Najla.

responsabilidade socialPor reconhecer a carência da popula-

ção cearense no que diz respeito à saúde, a Coopen atua, também de forma vo-luntária. Em diversas circunstâncias, a cooperativa oferece gratuitamente seus serviços à comunidade. Em 2011, quando das comemorações pelo Dia Internacional do Cooperativismo, foi destacada uma equipe de cooperados para prestar atendimento à população do estado, conduzindo exames e orien-tações. “Mais de 700 pessoas tiveram sua pressão arterial aferida e fizeram teste de glicemia. Também prestamos orientações em relação à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, câncer de mama e de colo de útero e distribuímos mais de 1.350 preservati-vos”, relata a presidente.

Coopen: profissionalismo dedicado à saúde da população cearense

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Em 1967, um grupo de 22 mé-dicos santistas assinou a ata de fundação da primeira coo-

perativa de trabalho médico do país: a Unimed Santos. De lá para cá, já se vão 45 anos de uma história de sucesso, que deu origem a uma rede de assistência médica hoje presente em 83% dos mu-nicípios do país, atendendo a cerca de 18 milhões de brasileiros. O presidente da entidade, Raimundo Macedo, conta que a precariedade do sistema público de saúde oportunizou o aparecimento de empresas prestadoras de assistência

médica, que transformavam a saúde em uma atividade econômica como outra qualquer, empregando o médico como assalariado. “A criação da Unimed representou uma resposta da classe à ex-ploração da saúde como fonte de lucros e à proletarização do médico”, compara o presidente.

Ao longo dos anos, a Unimed Santos passou a representar mais do que uma influência regional, tornando-se uma verdadeira revolução no modelo de as-sistência médica em todo o Brasil. O cooperativismo médico se consolidou como “um formato alternativo e demo-

crático de organização, que preserva a ética médica e dignifica o paciente, oferecendo assistência personalizada e de qualidade”, diz Macedo. Eleita pela 18ª vez consecutiva como a marca Top of Mind na categoria plano de saúde, a cooperativa se mostra plenamente con-solidada junto à comunidade.

O pioneirismo dos médicos santistas se espalhou rapidamente pelo Brasil, dando origem ao atual Sistema Unimed, uma das maiores redes de saúde suplementar do país. As 371 cooperativas integrantes alcançam 4.623 municípios em todas as regiões brasileiras.

Macedo destaca como grande diferen-cial competitivo da cooperativa a livre escolha do médico pelo paciente: “Por ser uma cooperativa de trabalho médico, a Unimed Santos possibilita ao paciente o contato direito com o ‘dono’, ou seja, com o médico cooperado, sem interme-diários nesta relação”. Mais de 1.800 profissionais integram o quadro social da Unimed Santos.

Hoje, a cooperativa pioneira no ramo saúde está presente em nove municípios da Baixada Santista e Vale do Ribei-ra: Santos, São Vicente, Praia Grande, Cubatão, Mongaguá, Itanhaém, Peruí-be, Pedro de Toledo e Itariri.

Unimed Santos: pioneirismo de sucesso

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A Cootraps é elemento funda-mental para garantir o direito de ir e vir dos cidadãos ce-

arenses”. É com essa convicção que a Cooperativa dos Transportadores Au-tônomos de Passageiros do Estado do Ceará (Cootraps) atua há 15 anos no Sistema Público de Transporte Com-plementar de Fortaleza (SPTC-For). Contando hoje com 248 cooperados, é referência no setor e atende 16 linhas de transporte da cidade e da região metro-politana.

Criada em 1997, a Cootraps percorreu um longo caminho antes de se tornar um braço importante do sistema de trans-porte fortalezense e de todo o Ceará. Sua história foi, acima de tudo, de luta pelo direito ao trabalho, para efetivar sua condição de prestadora de serviço regulamentado. Essa conquista veio em 2009, quando a Prefeitura Municipal de Fortaleza e o Governo do Estado do Ce-ará reconheceram a atividade realizada pela cooperativa, regularizando os com-plementares e traçando planos para a criação de um sistema integrado, confor-me prevê a Lei Orgânica do Município de Fortaleza.

Com o investimento de R$ 1,1 milhão, recentemente, a Cooptraps adquiriu um terreno para a construção da nova sede e de mais uma garagem. Equipamentos de ponta e uma equipe especializada ga-rantem assistência técnica a sua frota de veículos, do abastecimento aos reparos mecânicos. “Nossa intenção é atender ainda melhor os cooperados, ampliar as

oportunidades de negócio e reduzir custos para o pró-prio quadro social e, consequente-mente, os usuários do transporte complementar”, afirma o presi-dente da entidade, Pádua Chaves.

O dirigen-te avalia que as conquistas seriam impossíveis sem a existência de um movimento coo-perativista forte e participativo, do qual a Cootraps é peça-chave. “A cooperativa está consolida-da, e isso foi resultado do empenho e compromisso de todos os associados”, pontua o presidente. E complementa: “a Cootraps é agora, sobretudo, ele-mento fundamental para garantir o direito de ir e vir dos cidadãos cearenses, com competência e serie-dade”.

Ano Internacional das Cooperativas

Para Joaquim Rodrigues Neto, diretor administrativo da Cootraps, a iniciativa de comemorar o Ano Internacional das

Cooperativas é motivo de orgulho: “de-vemos festejar no dia a dia o espírito do cooperativismo. Esse é um reconheci-mento de que o nosso movimento insere as pessoas econômica e socialmente. Te-mos que alardear em voz alta para que o mundo escute: as cooperativas existem, elas dão soluções e incluem.”

Cootraps: luta pelo direito de ir e vir “

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No encontro de dois grandes rios, Rio Tocantins e Rio do Sono, no coração do estado

do Tocantins, está localizada a cidade de Pedro Afonso. Com relevo de pouco declive, o município é conhecido como a capital da soja, dada a grande produção do grão e sua importância para a econo-mia local. É nesse cenário que, em 1998, começou a história de força e desenvolvi-mento da Cooperativa Agroindustrial do Tocantins, a Coapa.

Pertencentes ao programa de cooperação nipo-brasileira para o desen-volvimento dos cerrados (Prodecer III), os produtores encontraram na coopera-tiva o ambiente ideal para fortalecer o agronegócio no estado. A Coapa surgiu da união de um pequeno grupo de agri-cultores que se organizou para garantir melhores condições de trabalho e co-mercialização de seus produtos. Além da soja, milho e sorgo também são des-taques na produção agrícola da região.

“A Coapa nasceu de um momento de profunda união de homens e mu-lheres determinados e orientados por um mesmo ideal de lealdade ao coope-rativismo. O trabalho incansável destes personagens proporcionou desenvolvi-mento econômico-social, transformando a realidade de Pedro Afonso e região e se tornando referência para outras coo-perativas tocantinenses”, avalia o atual presidente, Ricardo Khouri.

Prestes a completar 14 anos de atuação, a Coapa é a voz dos pro-dutores, contribuindo de forma

decisiva para a consolidação da agrope-cuária no Tocantins. Fomenta a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico, oferece consultoria técnica e insumos ao agro-pecuarista, presta serviços na área de armazenamento de grãos e desenvolve a agricultura familiar.

Primando sempre pela ética e pelos va-lores cooperativistas, o dirigente ressalta que a história da cooperativa é marcada por muita luta e grandes conquistas, que consolidaram a Coapa como uma das mais importantes da região Norte do país. Entre essas con-quistas está a safra recorde colhida em 2011. Com capaci-dade para beneficiar e armazenar 60 mil toneladas de grãos, o armazém da Coapa movimentou um total de 73,5 mil toneladas no último ano.

“Mesmo com a diminuição da área plantada, de 50 mil hectares para 48 mil, a produção média foi de 51 sacas de soja (de 60kg) por hectare - quantidade superior a última colheita, de 48 sacas/hectare”, conta Khouri . Na safra 2011/2012, 44 agricultores asso-ciados à Coapa plantaram uma área de 20.321 hectares de soja, em sete muni-cípios. A meta dos cooperados é atingir uma produção de 55 sacas/hectare, qua-

tro a mais do que no último ano. E não foi somente a soja que

rendeu bons frutos à cooperativa. In-vestindo também na produção leiteira, o presidente da Coapa afirma que a instituição caminha para um processo de consolidação da atividade, com exce-lentes prognósticos para 2012: “A equipe técnica e os cooperados estão totalmente engajados na sustentabilidade do setor. Eu diria que estamos no rumo do equi-líbrio entre as dimensões econômica e social da cooperativa.”

Coapa: destaque entre as cooperativas da região Norte

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O sonho de uma condição mais justa na comercialização do café e a união de ape-

nas 20 pequenos produtores fez com que a Cooperativa dos Agricultores de Mandaguari (PR) fosse criada, em 7 de fevereiro de 1962. Ao longo dos 50 anos que separam o início dos sonhos da realidade pro-missora vivida hoje pela atual Cocari Cooperativa Agropecuária e Industrial, o respeito pela história con-tinua sendo um dos valores mais disseminados pela di-retoria da cooperativa.

A comercialização de grãos é o carro chefe da Co-cari, que atua na recepção, armazenamento e comercia-lização de soja, milho, trigo e café de seus cooperados. A industrialização também é uma realidade na história recente da cooperativa, que conta com a Fá-brica de Rações Pet e Ruminantes, Fábrica de Rações Aves, duas Fia-ções de algodão e mesclas diversas e a Unidade Industrial de Aves, em construção, além do Centro Tecnoló-gico Cocari (CTC), Unidade de Café, três Unidades de Beneficiamento de Se-mentes (UBSs), Centro de Treinamento Avícola (CTA) e Unidade de Produção de Cana (UPC).

Superando as expectativas, a Cocari tem alcançado números recordes de fa-turamento. Apoiadas num modelo de

gestão profissionalizada, as metas de crescimento são cada vez mais ousadas, o que mantém seu patrimônio líquido em patamares respeitáveis. Na última década, o faturamento bruto saiu de R$ 102 milhões para R$ 688 milhões em 2011.

A evolução, segundo o presidente Vilmar Sebold, se justifica pela gestão profissionalizada adotada pela diretoria, fazendo da formação de seu quadro fun-cional um importante diferencial. “Nós temos realmente um programa forte de incentivo porque entendemos que a edu-cação e o conhecimento fazem com que

a cooperativa prospere”, enfatiza. E a educação e profissionalização não

ficam apenas na cooperativa. Compro-metida com a sua comunidade, a Cocari busca formas de contribuir com o desen-volvimento dos municípios em que está inserida. Por isso, desenvolve projetos sociais que visam o crescimento pes-soal e profissional dos moradores das comunidades. Além disso, essas ações despertam nos cidadãos a responsabili-dade na construção de um mundo mais digno, conscientizando-os de que cada um pode e deve fazer sua parte.

São projetos sociais e am-bientais em destaque: Projeto Cultivando Cidadania, Proje-to Olho D’Água, Campanha Cocari Solidária, ONG – Aliança Esportiva e Social de Mandaguari e Programa Jo-vem Aprendiz Cooperativo. A preocupação com a comunida-de e a gestão profissionalizada trouxeram para a Cocari di-versos prêmios. O da Revista Amanhã que destacou a co-operativa na posição 48ª do ranking das maiores empresas do Paraná em faturamento

bruto; o Prêmio Andef pela gestão so-cioambiental responsável, em virtude da realização da Campanha Cocari Solidária; e o Prêmio Internacional So-cioambiental Chico Mendes pelo projeto Cultivando Cidadania. Este último confe-re à Cocari o direito de utilização do Selo Verde Chico Mendes.

Em seu Jubileu de Ouro,Cocari comemora resultados

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Na década de 60, fazer compras na região de Santo André (SP) era sinônimo de deslocamen-

to, de viagem à capital. Para facilitar o dia a dia da população e contar com um comércio local que realmente atendesse às necessidades, um grupo de 292 empre-gados da multinacional francesa Rhodia S/A fundou, em 20 de outubro de 1954, a Cooperho-dia Cooperativa de Consumo (Coo-perhodia).

A iniciativa logo se estendeu a todos os funcionários e, assim, a socieda-de foi crescendo. A c o m p a n h a n d o esse desenvolvimen-to, o atendimento, que antes era feito no balcão, passou a ser realizado pelo sistema auto--serviço. Com isso, o primeiro armazém da cooperativa se transformou em uma loja de pague e pegue, a pioneira da região do ABC paulista. Em 1973, a Cooperhodia já contava com cinco uni-dades.

Com a expansão das redes de super-mercados em toda a região da Grande São Paulo, a diretoria da organização decidiu alterar seu estatuto social em 1976, tornando-a uma sociedade aber-ta ao público e não mais exclusiva dos colaboradores do Grupo Rhodia. Foi,

então, que passou a se chamar Coop – Cooperativa de Consumo. A mudança potencializou ainda mais o desenvolvi-mento da cooperativa, que ampliou seu quadro social e ainda o número de lojas.

Atualmente, a Coop possui uma rede de 29 unidades de distribuição, sendo 21 delas no ABC, três em São José dos

Campos, duas em Sorocaba, uma em Piracicaba e outras duas em Tatuí e São Vicente, na Baixada Santista. Seu carro-chefe são os bens de consumo e duráveis, e marcas próprias também fa-

zem parte do seu mix. A Coop Plus, por exemplo, é composta por cerca de 500 produtos distribuídos em 100 categorias. A previsão para o primeiro trimestre de 2012 é fazer a distribuição de combus-tíveis e iniciar estudos para operar com e-commerce.

Além disso, os 1,5 milhão de as-sociados da cooperativa conta com facilidades do cartão Private Label Coop Fácil e convênios com 500 empresas para a aquisição de medicamentos e outros itens com condições especiais. “Também promovemos programas culturais e de qualidade de vida, e ajudamos a comu-nidade. Em 2010, doamos 150 toneladas

de alimentos a enti-dades beneficentes. A Coop é uma em-presa econômica efetivamente volta-da para o social”, ressalta o presiden-te, José Antônio Monte.

Em 2010, a cooperativa obteve uma movimentação de R$ 1,5 bilhão e registrou sobras no valor de R$ 8,4 milhões, retornadas a seus associados de

forma proporcional às suas aquisições. No ano de 2011, deve fechar em R$ 1,6 bilhão. E, no ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), a Coop ocupa a 13ª posição.

Coop - Meio século com mais de 1 milhão de associados

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A Cooperativa Cooper A1 faz parte da história da região Oeste de Santa Catarina e

Alto Uruguai do Rio Grande do Sul. Fundada em 1933, no município cata-rinense de Palmitos, a Cooper A1, hoje com 78 anos, é a mais antiga cooperati-va agropecuária de atividade interrupta no estado. Com uma trajetória baseada na organização e responsabilidade, a tradicional cooperativa se tornou sinô-nimo de credibilidade e precursora dos valores cooperativos, garantindo susten-tabilidade econômica e social para seus cooperados.

Todos esses anos foram de desen-volvimento contínuo. Atualmente, a cooperativa possui 18 unida-des, mais de sete mil associados e 900 funcionários que fazem da Cooper A1 a segunda maior cooperativa do segmento agro-pecuário em Santa Catarina. A maioria de seus cooperados, 91%, pertence à agricultura familiar e possuem uma área mé-dia de 15 hectares. A cooperativa é a primeira em produção de lei-te, segunda maior produtora de suínos; segunda em produção de aves e terceira em produção de grãos do estado.

Com o compromisso de ser um alicerce econômico para os associados, embasada nos princípios cooperativistas, a Cooper A1 destaca-se também pela sua responsabilidade social.

Por meio de dois projetos envolvendo a comunidade (Programa de Olho na Qualidade Rural e Qualidade Total Ru-ral), a cooperativa já beneficiou mais de 220 grupos em sua área de atuação, tota-lizando mais de 3.600 famílias.

Os programas, iniciados em 1998, já conseguiram promover uma verdadeira mudança na realidade dos agricultores da região, beneficiando principalmente as pequenas propriedades rurais. “São programas que focam tanto a organiza-ção da propriedade rural, quanto o seu gerenciamento e a solução de problemas. O objetivo é conscientizar o produtor rural sobre a importância de manter um padrão máximo de excelência e qualida-

de na propriedade e, consequentemente, para toda sua família”, diz o presidente Elio Casarin.

Segundo o dirigente, a manutenção e ampliação dos programas são foco prioritário para a cooperativa, principal-mente devido ao grande impacto na vida social e econômica do associado. A meta da Cooper A1 é treinar nos próximos anos, todos os seus mais de sete mil as-sociados. Casarin diz que a cooperativa é ciente da importância dos programas e apoia sistematicamente estas ações: “Os reflexos dos programas são per-cebidos diretamente no produto final dos produtores, gerando um diferencial competitivo no mercado”.

Cooper A1: sustentabilidade e desenvolvimento para a agricultura familiar

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Antônio Prado (RS), colô-nia fundada em 1886, tem o maior e o mais completo

conjunto arquitetônico da colonização italiana no Brasil. O acervo, englobando 46 edificações, forma a história da vida dos primeiros imigrantes italianos. Foi lá que surgiu, em 1974, a Cooperativa Agroindustrial Pradense, com o objetivo de organizar os colonizadores para co-mercializar e diversificar a sua produção. A cooperativa trabalha com maçã, pês-sego, caqui e cítricos, e recebe produtos de cerca de 480 famílias das regiões de Antônio Prado e Ipê.

Além da fruticultura, a cooperativa se dedica à produção de vinhos. O seg-mento vinícola da Pradense responde por cerca de 25% da produção de uvas e 90% de vinhos em Antônio Prado. Na safra 2011, a produção foi de 4,2 milhões de kg de uva e 3,3 milhões de litros de vinho. A bebida é comercializada, so-bretudo, a granel (93% do volume), para Jundiaí (SP).

Para o presidente da cooperativa, Os-valdo Conte, o cooperado é a “grandeza da instituição”. Ele explica que mais do que uma área construída e equipamen-tos modernos, uma cooperativa é aquilo

que ela apresenta em valores humanos: “acreditamos na força de vontade, na dedicação ao trabalho e na construção por meio da união de esforços”, resume.

Na fruticultura, a cooperativa é pionei-ra na utilização do sistema de produção integrada. O resultado tem sido pêssegos mais saborosos, seguros, de qualidade, cultivados com as melhores técnicas e com controle oficial. Entre os principais diferenciais do sistema está a redução do uso de agroquímicos, devido ao emprego do monitoramento das principais pragas pelo uso de armadilhas e racionalização de fertilizantes sintéticos.

“A produção integrada traz benefí-cios econômicos e sociais, tanto para os consumidores como para os produto-res”, afirma o vice- presidente, Altemar Magnabosco. Segundo ele, o grande esforço da cooperativa está na sensibili-zação e preparo de seus cooperados para ofertarem um produto diferenciado, garantindo, além de um melhor preço, espaço em mercados seletos. Por isso, nos últimos anos, a instituição tem investido fortemente na formação de associados, colaboradores e diretores, por meio de cursos e palestras.

Cooperativa Pradense: pioneira no sistema de produção integrada

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