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Indicadores ecológicos de sustentabilidade de unidades de produção agrícola do assentamento Facão – Cáceres, MT, Brasil Sustainability ecological indicators of agricultural production units from Facão settlement, Caceres, MT, Brazil THEODORO, Vanessa Cristina de Almeida 1 ; CASTRO, Franciléia Paula 2 ; ABURAYA, Fernando Hiroshi 3 1 Professora Adjunta, Doutora em Fitotecnia/Agroecologia, Universidade do Estado do Mato Grosso (UNEMAT/Campus de Nova Xavantina), Departamento de Agronomia, Nova Xavantina/ MT - Brasil, [email protected]; 2 Engenheira agrônoma, Coordenadora da FASE (Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional – Cáceres/MT), Universidade Estadual de Mato Grosso (UNEMAT/Campus de Cáceres), Cáceres/MT - Brasil, [email protected]; 3 Engenheiro agrônomo, Universidade Estadual de Mato Grosso (UNEMAT/Campus de Cáceres), Cáceres/MT - Brasil, [email protected] RESUMO : A dimensão ecológica de dez unidades de produção agrícola no Assentamento Facão, Cáceres/MT, foi estudada através da metodologia MESMIS de análise da sustentabilidade de agroecossistemas. Foram aplicados questionários contendo onze indicadores aos quais foram atribuídas notas entre zero e dez. A análise química da fertilidade do solo (0-20cm) foi realizada em áreas produtivas e as medidas de resistência à penetração com a utilização do penetrômetro de impacto nas áreas de pastagem. Foi detectado como entrave mais limitante a existência de interação entre os níveis de compactação do solo das camadas sub-superficiais das pastagens com a quantidade de unidade animal ha -1 , afetando a sustentabilidade da dimensão ecológica das UPA’s; entretanto há abertura para a produção orgânica. Como ponto positivo pode-se citar a utilização de matéria orgânica de origem própria, o que possivelmente mantém a resiliência da fertilidade dos solos dos agroecossistemas, apesar da baixa utilização de técnicas agroecológicas e desmatamento de áreas de reserva legal. A metodologia MESMIS é adequada na avaliação da sustentabilidade de unidades de produção agrícola localizadas em assentamento rural, por permitir a adaptação a quantificação de novos indicadores ecológicos como a fertilidade e densidade do solo contribuindo na detecção do potencial de transição agroecológica. PALAVRAS-CHAVE: Fertilidade do solo, resistência à penetração, transição agroecológica, metodologia MESMIS, agricultura familiar. ABSTRACT: The ecological dimension of ten agricultural production units in the Settlement Facão, Cáceres/MT was studied using the MESMIS methodology even considering the agroecosystems sustainability, applying questionnaires containing eleven indicators which were graded between zero and ten. Chemical analysis of soil fertility (0-20cm) was held in the productive areas and measures penetration resistance using an impact penetrometer in the pastures. Was detected as an obstacle most limiting the existence of interaction between the levels of soil compaction layers subsurface of pasture with the amount of animal unit ha -1 , affecting the sustainability of the ecological dimension of PSUs, however there are opening for organic production. One of the positive side we can mention the use of organic matter from own origin, which possibly keeps the resilience of agroecosystems soil fertility, despite the low use of agro-ecological techniques and clearing areas of legal reserve. The MESMIS methodology is suitable in assessing the sustainability of agricultural production units located in rural settlements, to allow adaptation to new ecological indicators quantify how the density of soil fertility and contributing to the detection of the potential of agroecological transition. KEY WORDS: Soil fertility, resistance to penetration, transition agroecologic, Mesmis methodology, family agriculture. Revista Brasileira de Agroecologia Rev. Bras. de Agroecologia. 6(3): 21-33 (2011) ISSN: 1980-9735 Correspondências para: [email protected] Aceito para publicação em 06/05/2001

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Indicadores ecológicos de sustentabilidade de unidades de produção agrícola doassentamento Facão – Cáceres, MT, Brasil

Sustainability ecological indicators of agricultural production units from Facãosettlement, Caceres, MT, Brazil

THEODORO, Vanessa Cristina de Almeida1; CASTRO, Franciléia Paula2; ABURAYA, Fernando Hiroshi3

1 Professora Adjunta, Doutora em Fitotecnia/Agroecologia, Universidade do Estado do Mato Grosso(UNEMAT/Campus de Nova Xavantina), Departamento de Agronomia, Nova Xavantina/ MT - Brasil,[email protected]; 2 Engenheira agrônoma, Coordenadora da FASE (Federação de Órgãospara Assistência Social e Educacional – Cáceres/MT), Universidade Estadual de Mato Grosso(UNEMAT/Campus de Cáceres), Cáceres/MT - Brasil, [email protected]; 3 Engenheiro agrônomo,Universidade Estadual de Mato Grosso (UNEMAT/Campus de Cáceres), Cáceres/MT - Brasil,[email protected]

RESUMO : A dimensão ecológica de dez unidades de produção agrícola no Assentamento Facão, Cáceres/MT, foiestudada através da metodologia MESMIS de análise da sustentabilidade de agroecossistemas. Foram aplicadosquestionários contendo onze indicadores aos quais foram atribuídas notas entre zero e dez. A análise química dafertilidade do solo (0-20cm) foi realizada em áreas produtivas e as medidas de resistência à penetração com autilização do penetrômetro de impacto nas áreas de pastagem. Foi detectado como entrave mais limitante aexistência de interação entre os níveis de compactação do solo das camadas sub-superficiais das pastagens com aquantidade de unidade animal ha-1, afetando a sustentabilidade da dimensão ecológica das UPA’s; entretanto háabertura para a produção orgânica. Como ponto positivo pode-se citar a utilização de matéria orgânica de origemprópria, o que possivelmente mantém a resiliência da fertilidade dos solos dos agroecossistemas, apesar da baixautilização de técnicas agroecológicas e desmatamento de áreas de reserva legal. A metodologia MESMIS éadequada na avaliação da sustentabilidade de unidades de produção agrícola localizadas em assentamento rural,por permitir a adaptação a quantificação de novos indicadores ecológicos como a fertilidade e densidade do solocontribuindo na detecção do potencial de transição agroecológica.PALAVRAS-CHAVE: Fertilidade do solo, resistência à penetração, transição agroecológica, metodologia MESMIS,agricultura familiar.ABSTRACT: The ecological dimension of ten agricultural production units in the Settlement Facão, Cáceres/MT wasstudied using the MESMIS methodology even considering the agroecosystems sustainability, applying questionnairescontaining eleven indicators which were graded between zero and ten. Chemical analysis of soil fertility (0-20cm) washeld in the productive areas and measures penetration resistance using an impact penetrometer in the pastures. Wasdetected as an obstacle most limiting the existence of interaction between the levels of soil compaction layerssubsurface of pasture with the amount of animal unit ha-1, affecting the sustainability of the ecological dimension ofPSUs, however there are opening for organic production. One of the positive side we can mention the use of organicmatter from own origin, which possibly keeps the resilience of agroecosystems soil fertility, despite the low use ofagro-ecological techniques and clearing areas of legal reserve. The MESMIS methodology is suitable in assessingthe sustainability of agricultural production units located in rural settlements, to allow adaptation to new ecologicalindicators quantify how the density of soil fertility and contributing to the detection of the potential of agroecologicaltransition.KEY WORDS: Soil fertility, resistance to penetration, transition agroecologic, Mesmis methodology, family agriculture.

Revista Brasileira de AgroecologiaRev. Bras. de Agroecologia. 6(3): 21-33 (2011)ISSN: 1980-9735

Correspondências para: [email protected] para publicação em 06/05/2001

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IntroduçãoA sociedade brasileira vive um momento

histórico marcado por um crescente processo deecologização e de conscientização com respeitoao imperativo sócio-ambiental que deve orientar odesenvolvimento rural enfatizado pelaAgroecologia (GLIESSMAN, 2011; KHATOUNIAN,2001; ALTIERI, 2002). O ideal da sustentabilidade,presente na Agenda 21 Brasileira e nas exigênciasda nossa sociedade, requer estratégias que levema estilos de desenvolvimento que sejam orientadosà construção de processos produtivosagroecológicos, visando uma maior distribuição derenda, valorização social do trabalhador rural esegurança alimentar.

A manutenção e recuperação da base derecursos naturais – sobre a qual se sustentam eestruturam a vida e a reprodução dascomunidades humanas e demais seres vivos –constituem um aspecto central para atingirem-sepatamares crescentes do ideal de sustentabilidadeem qualquer agroecossistema. Vários autoresapresentam e questionam a gama variada dedefinições e conceitos de agricultura sustentável(KHATOUNIAN, 2001; ALTIERI, 2002; MATOSFILHO, 2004). As diversas definições incluemconceitos relacionados com a sustentabilidadeecológica, econômica, social; entretanto Caporal eCostabeber, (2002) propõem o desafio da análisemultidimensional da sustentabilidade a partir daAgroecologia contextualizando seis dimensõesrelacionadas entre si, quais sejam: ecológica,econômica e social (primeiro nível); cultural epolítica (segundo nível) e ética (terceiro nível).

Os sistemas convencionais de agriculturaprivilegiam a introdução de monocultivos emgrandes extensões de áreas e contam comincentivos governamentais e pacotes tecnológicospara a sua viabilização, objetivando amaximização produtiva e consequentemente umaalta lucratividade no início da atividade agrícola.Diante desse quadro aparentemente inovador,nota-se que uma parte dos chamados “agricultores

familiares” passa a adotar a mesma tecnologia,sem ter percepção das externalidades geradaspelo modelo da “revolução verde” (utilização deagroquímicos, agrotóxicos, mecanização intensivae manipulação genética) na dimensão ecológicadas suas unidades de produção agrícolas (UPA’s),como por exemplo, a perda da fertilidade do solo,da biodiversidade, contaminação do homem e dosrecursos naturais, degradação das pastagensentre outros.

A compactação do solo ocasiona sériosproblemas no sistema de produção das pastagens,tanto nativas como exóticas, pois ambasapresentam pouca resistência às consequênciasda compactação do solo (FIGUEIREDO et al.,2009). Correa e Reichardt (1995) afirmam quequanto mais tempo a pastagem possui, maior onível de compactação superficial, agravado pelapressão exercida pelo pisoteio dos animais ouainda pelo uso de maquinários (CHAMEN et al.,2003), estimulando o aparecimento de plantasinvasoras com melhores adaptações à solosdegradados (IKEDA et al., 2007; MARTINS et al.,2008), tornando assim a propriedade com baixoretorno financeiro (PERON e EVANGELISTA,2004), inviabilizando sua manutenção no sistemaprodutivo (DIAS-FILHO 2006).

A grande discussão em torno dasustentabilidade dirige-se à construção deindicadores – instrumentos que permitemmensurar as modificações nas características deum agroecossistema – objetivando descobrir emque estado de saúde ele se encontra (MARZALL,1999; NOLASCO, 1999; LANNA, 2002; DEPONTIet al., 2002; MARQUES et al. 2003; ZANPIERI,2003).

Um dos desafios propostos pela Agroecologiapara o enfrentamento da atual crise globalecológica da agricultura é a evolução do conceitode fertilidade do solo, alicerçada em tecnologiasprodutivas que se reproduzam com base na

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energia solar e na ciclagem biológica denutrientes, permitindo a produção de alimentos emquantidade suficiente sem provocar maisdegradação dos recursos naturais, e até mesmorestaurar agroecossistemas via transiçãoagroecológica e dar melhores condições para amanutenção da biodiversidade do organismoagrícola. Petersen e Almeida (2008) questionamque ao privilegiar as propriedades químicas dossolos em detrimento de um enfoque maisabrangente que contemple os fenômenos físico-químico-biológicos, o conceito de fertilidadelargamente aceito orientou o desenvolvimento dosmétodos de fertilização baseados nos adubossintéticos.

Enquanto, na agricultura convencional, seentende fertilidade do solo como a capacidade dosolo em ceder nutrientes para a planta (RAIJ,1991), e a adubação como o meio de reposiçãodesses nutrientes exportados pela colheita; naAgroecologia procura-se o fortalecimento daorganização vital do organismo solo-planta(SCHELLER, 2003). Nesse sentido, Primavesi(1982) aponta que não é a quantidade (ouconcentração) de nutrientes no solo o fator quedetermina o bom desenvolvimento dos cultivos,mas sim o acesso constante das raízes dasplantas a uma quantidade balanceada denutrientes.

Um novo conceito de fertilidade do soloproposto por Khatounian (2001) estabelecefertilidade como “a capacidade de um ecossistemagerar vida de forma sustentável, medidausualmente em termos de produção de biomassa”.A análise química do solo é uma ferramenta pararealizar a avaliação da fertilidade e,conseqüentemente, a necessidade de adubaçãopara as culturas, mas que necessita serrelacionada com indicadores ecológicos(DEPONTI et al., 2002;), que não apenas auxiliemna preservação dos atributos químicos, físicos, ebiológicos do solo, mas também na conservaçãoda biodiversidade e dos recursos naturais em geral

(CAPORAL e COSTABEBER, 2002).Este trabalho visa detectar o potencial de

transição agroecológica em dez UPA’s localizadasem assentamento rural adequando a metodologiaMESMIS para essa realidade, procedendo àquantificação dos indicadores de sustentabilidadeda dimensão ecológica e de parâmetros químicose físicos do solo.

Material e métodosO presente trabalho foi realizado no

Assentamento Facão que possui uma área de4.717,05 ha, localizada à margem direita daRodovia Federal BR 070, sentido Cuiabá-Cáceres,distando 10,0 Km do referido município. Avegetação primitiva da região é composta deMata/Cerrado, Cerradão e Cerrado Típico. Deacordo com o INCRA, o Projeto de AssentamentoFacão/Bom Jardim é composto por 174 famílias,ocupando parcelas que variam de 10 (dez) a 40(quarenta) ha, com média de 20 (vinte) ha, sendoconstituído por três furnas/comunidades, BomJardim, São José e Boa Esperança (SILVA, 2007).O Assentamento Facão está localizado na regiãosudoeste do Mato Grosso, sob as coordenadas16°02'37"S e 57°37'51"W. O clima de acordo coma classificação de Köppen é AW, caracterizadocomo quente e úmido, com temperaturas médiasmáxima e mínima entre 28º a 30ºC (XAVIER, etal., 2009), apresentando duas estações bemdefinidos de seca e chuva, e encontra-se a 118,0metros de altitude, com precipitação média 1200mm anual.

A coleta de dados foi realizada em dez UPA’sda região do Facão em Cáceres, após indicaçãoda EMPAER sobre as UPA’s a serem avaliadas.Foram adotados como critérios para escolha dasUPA’s avaliadas o maior tempo de atividadeagrícola na região e/ou produção diversificadaapresentando sistema de criação de gadoexclusivamente a campo e com pastagemutilizando Brizantão (Brachiaria brizantha).

Na determinação da RMSP (Resistência

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Mecânica do Solo à Penetração), as medidasforam obtidas por meio de penetrômetro deImpacto modelo IAA/Planalsucae-Stolf, comleituras tomadas a cada 10 cm, até umaprofundidade de 60 cm. Com os resultados dasmédias de seis coletas por área, os dados deimpactos por 10 cm, foram transformados emRMSP (Mpa), conforme a equação descrita porSTOLF (1991).

O procedimento adotado para a realização dapesquisa teve por base a proposta do métodoMESMIS. A escolha desse método recaiu sobreuma série de qualidades e vantagens em relação aoutros métodos de avaliação de sustentabilidadede agroecossistemas referendadas por Matos Filho(2004).  O MESMIS permite a análise eretroalimentação do processo de avaliação,apresenta uma estrutura flexível para adaptação adiferentes níveis de informações e característicastécnicas locais e permite o monitoramento doprocesso ao longo de um determinado tempo(DEPONTI, 2002).

As entrevistas foram realizadas de março de2009 a junho de 2009 e foi adotado o critério devisitas e entrevistas aos responsáveis pelas UPA’s.O questionário cobriu uma ampla gama deinformações sobre a dimensão ecológica dasUPA’s, de forma que os indicadores representativosdos atributos de produtividade, resiliência eestabilidade. Os questionários adaptados de MatosFilho (2004) foram constituídos de partesestruturadas e semi-estruturadas, com perguntas econstatações objetivas e opiniões do produtor.

A escolha dos indicadores procedeu-semediante a análise do trabalho de referência(MATOS FILHO, 2004), que fez uso de trinta e umindicadores de sustentabilidade, desses foramescolhidos onze indicadores ecológicos que seenquadraram na realidade do universopesquisado. Foram utilizados os seguintesindicadores ecológicos de sustentabilidade:intensidade de uso da área da unidade de

produção, perda de colheita, diversidade detécnicas alternativas, matéria orgânica com origemna propriedade, área com erosão visível,resistência à estiagem, área de preservação,quantidade de espécies manejadas, nível deaceitação a produção orgânica, uso deimplementos agrícolas, utilização de agroquímicos,e incluídos dezessete indicadores relacionadosaos parâmetros de fertilidade de solo (pH, teor dematéria orgânica, soma de bases, saturação debases, m%, CTC a pH 7,0; CTC efetiva, K, Ca, Mg,P, Zn Cu, Fe, Mn, B e S) totalizando vinte e oitoindicadores ecológicos.

A tabulação dos questionários e a elaboraçãodos gráficos com agregação dos resultados foramrealizadas com a construção de uma programaçãoem planilha de cálculo no programa MicrosoftExcel. Estas planilhas refletiram o modelo e osdados do questionário de campo, o queuniformizou os critérios atribuídos as variáveis,evitando assim possíveis discrepâncias na análiseentre diferentes UPA’s. Os indicadores foramrepresentados no gráfico tipo ameba, sendopossível representar a dimensão ecológica. Para arepresentação gráfica foram seguidos os seguintespassos:  1) Extração das variáveis contidas nosquestionário das entrevistas e utilizadas para aconstrução dos indicadores, separadamente porUPA; 2) Cálculo das variáveis e elaboração dosindicadores em separado e depois organizados emrelação à dimensão ecológica; 3) Elaboração dosgráficos representativos da situação particular daUPA; 4) Cálculo e elaboração do gráficorepresentativo das UPA’s pesquisadas.

Foram coletadas amostras de solo utilizando-setrado tipo caneco em pelo menos uma áreaprodutiva de cada UPA. As amostras simplesforam constituídas de 20 pontos que foramhomogeneizados, sendo retirada uma amostracomposta com cerca de 0,3 kg de material de solo,acondicionada em saco plástico e encaminhadaao Laboratório “Plante Certo” de Análises de Solo

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em Cuiabá/MT. As análises químicas de solopermitiram mensurar as seguintes características:pH, bases trocáveis (Ca + Mg), potássio disponível(K), fósforo disponível (P), enxofre (S),micronutrientes, CTC efetiva, CTC a pH 7,0, somade bases (S), saturação de bases (V), saturaçãode alumínio (m) e o teor de matéria orgânica(EMBRAPA, 1997).

Resultados e discussãoAs dez unidades de produção agrícolas

selecionadas para a aplicação da pesquisaapresentaram uma área total de 196.46 haperfazendo uma média de 19,6 ha/UPA. A principalatividade rural desenvolvida em 80% das UPA’s é apecuária leiteira, representando 45,35% da áreatotal, as áreas destinadas à preservaçãopermanente perfazem 16,3ha e lavouraspermanentes 58,5ha. O cultivo de subsistência écaracterizado pelo plantio de cultivos como:bananeira, mandioca, milho, arroz, feijão ehortaliças.

As pastagens foram formadas após desmatemecanizado, utilizando sementes de capim B.brizantha Brizantão (Brachiaria brizantha), para aformação da pastagem. O tempo médio deimplantação da pastagens é de 2,8 anos, utilizando

manejos como a roçada manual e uso deherbicidas e tipo de pastejo rotacionado.

A análise da curva de resistência do solo àpenetração representada pela Figura 1, registramaiores valores (6 Mpa) na camada superficial (0-10 cm), corroborando com resultados de Correa &Reichardt (1995) que também obtiveram valoresmais altos de resistência, em locais com pisoteiodo gado. Além disso, o pisoteio dos animais nasáreas de pastagens incrementa a compactação dosolo e afeta significativamente a infiltração de águano solo, realidade edáfica que pode alterar ahomeostase do agroecossistema. A ocorrência deuma maior compactação na área superficial de10,0 cm é explicada pela alta taxa de lotação(UA), que ocasiona maior compactação do soloem sistemas de pastejo rotacionado quandocomparado com os extensivos.

As áreas com maiores níveis de compactaçãomédia foram as UPA’s 2 (4,17 Mpa) e a 10(5,97Mpa) com relação à lotação de animais ha-1

a UPA 10 apresenta a maior taxa de lotação entretodas as propriedades agrícolas avaliadas doAssentamento Facão, registrando 4,6 animais ha-1, ressaltando-se que o padrão para pastagem dotipo B. brizantha é de 1,5 UA (AZEVEDO, 2004).Os resultados de fertilidade do solo foram

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Figura 1 – Curva de resistência à penetração nas camadas de solo de 10 a 60 cm de profundidade,em um Latossolo Amarelo vermelho, Assentamento Facão, Cáceres, MT, Brasil.

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interpretados segundo as Recomendações para ouso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais,5ª Aproximação (RIBEIRO et al., 1999). Nota-seem geral que as UPA’s apresentam alta fertilidadedo solo apresentando a grande maioria dosparâmetros químicos dentro de suas faixasadequadas (Tabela 1).

Os resultados dos indicadores ecológicos foraminterpretados de acordo com uma escala de cincofaixas usuais de avaliação de desempenho. Asnotas foram classificadas em intervalos depontuação, listados a seguir: de 0 a 3 (crítica), de3,1 a 5 (sofrível), de 5,1 a 7 (regular), de 7,1 a 9(boa) e de 9,1 a 10 (ótima) segundo MATOS

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Tabela 1: Média dos indicadores de fertilidade do solo em dez unidades de produção agrícolapertencentes ao Assentamento Facão, Cáceres, MT, Brasil.

P, K, Fe, Zn, Mn e Cu, extrator Melich 1; Ca, Mg e Al, extrator KCl 1N; H + Al, Acetato de Ca pH 7,0; B, extratorágua quente; S, extrator fosfato monocálcico em ácido acético; SB, soma de bases; CTC (t), capacidade de trocacatiônica efetiva; CTC (T), capacidade de troca catiônica a pH 7,0; V, índice de saturação de bases; m, índice desaturação de alumínio; matéria orgânica (MO), oxidação Na2Cr2O7 4N + H2SO4 10N.

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Tabela 2: Notas dos indicadores da dimensão ecológica de acordo com os atributos e critériosadaptados da metodologia MESMIS (Matos Filho, 2004).

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FILHO (2004) (Tabela 2).A visualização dos dados obtidos a campo está

apresentada na Figura 2, cujo comportamento dosindicadores ecológicos e de fertilidade do soloapresenta peculiaridades específicas e efeitossinérgicos entre eles. A metodologia MESMISpermitiu avaliar e detectar nuances e identificarentraves, pontos positivos e medidas de ajustepara o alcance da sustentabilidade.

Em relação ao indicador ecológico “intensidade

de utilização da área da UP” que apresenta a notade 6,9 (regular) (Tabela 2, Figura 2) constata-seque a utilização das áreas dentro das unidades depesquisa em sua maioria não cumpre a legislaçãoambiental (Código Florestal Brasileiro – lei n°4.771 de 15 de setembro de 1965) quanto à áreasde preservação permanente e reservas legais. Aatividade mais representativa do uso da terra é apecuária leiteira caracterizada pela existência dedegradação do solo (Figura 1).

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Figura 2: Gráfico representativo da dimensão ecológica das dez UPA`s avaliadas no Assentamento doFacão/Cáceres/MT. Onde: 1. Intensidade de utilização da unidade de produção (nota: 6,9); 2. Perdade colheita (5,2); 3. Diversidade de técnicas alternativas, (3,0); 4. Matéria orgânica com origem napropriedade (9,3); 5. Área com erosão visível (9,0); 6. Resistência a estiagem (4,7); 7. Área depreservação (2,7); 8. Quantidades de espécies manejadas (6,9); 9. Nível de aceitação a produçãoorgânica, 6,7); 10. Uso de implementos agrícolas para preparo do solo (5,7); 11. Utilização deagroquímicos (4,7).

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Registrou-se para a “perda de colheita” a nota5,2 (regular) (Figura 2) correlacionada com aexistência de áreas produtivas que apresentamperdas de colheita ocasionadas pelas condiçõesclimáticas da região de Cáceres/MT como déficitshídricos e problemas fitossanitários como ataquede pragas (lagartas, cochonilhas, pulgão,cigarrinhas das pastagens, formigas, pássaros enematóides) e doenças fúngicas. Outros fatoresque afetaram o resultado deste indicador foram omanejo inadequado das técnicas de produção(colheita fora de época, falta de manejo deirrigação, plantio tardio das culturas) e odesperdício da produção influenciado pela falta demercado comprador.

A “diversidade de técnicas alternativas”adotadas nas UPA’s avaliadas apresenta nota 3(valor crítico) (Figura 2) devido à realidadeconstatada em 70% das UPA’s que não adotamuso de cobertura morta, adubação verde, rotaçãode culturas, manejo integrado de pragas,compostagem, uso de caldas agroecológicas,plantio consorciado entre outras.

O uso de “matéria orgânica com origem napropriedade” registra nota 9,3 (ótima) (Figura 2)constatando-se que em 90% destas a matériaorgânica utilizada é de origem interna à UPA(esterco bovino e cama de frango) e apenas 10% éde origem externa (cama de frango). Esseresultado é um excelente indicador do usoconsagrado da adubação orgânica em pequenaspropriedades em assentamentos rurais nasculturas de subsistência, minimizando o uso deagroquímicos e fortalecendo o ideal desustentabilidade. Os resultados encontrados para oindicador teor de matéria orgânica no solo (Tabela1) registram um teor médio de 27,15 g kg-1 para asUPA’s avaliadas, possibilitando inferir quepossivelmente a mineralização do esterco bovino ecama de frango funciona como entrada deCarbono a médio e longo prazo, mantendo osuprimento de macro e micronutrientes (Zn, Mn e

B).Foram detectadas poucas “áreas com erosão

visível” cujo indicador atingiu a nota 9 (ótima)(Figura 2). As áreas de estudo da produçãofamiliar avaliadas apresentam uso adequado dosolo respeitando-se sua aptidão agrícola,entretanto é frequente o uso de implementosagrícolas no preparo do solo que a médio e longoprazo podem interferir na resiliência daspropriedades químicas, físicas e biológicas dosolo.

A avaliação da “resistência a estiagem”apresentou nota 4,7 (índice regular) (Figura 2)devido a 70% das UPA’s registrarem carência deágua, fato que afeta a manutenção de índiceseficientes da produção agropecuária. Diante dessarealidade, constatou-se que os produtorescaminham longas distâncias para conseguir águapara consumo humano e animal. Outro entravedetectado é a inadequabilidade e limitação dasUPA’s para o cultivo de olerícolas que poderiamser uma alternativa de renda.

Foi identificado que as “áreas de preservação”atingiram a nota 2,7 (situação crítica) (Figura 2)em 50% das UPA’s avaliadas que não possuemáreas destinadas à reserva legal apresentadoutilização intensiva da área total.Aproximadamente 40% das UPA’s possue umaárea destinada a conservação da vegetaçãonativa, mas não atinge o percentual recomendadopela legislação. Apenas 10% das UPA’s possuemárea de preservação de acordo com o códigoflorestal. É preciso ressaltar que 80% dosprodutores apontam conhecer o código florestal,mas não conseguem cumpri-lo justificando-se pelasua condição de pequenos produtores e pelanecessidade de maximização produtiva paraobtenção de lucratividade adequada.

A avaliação da “quantidade de espéciesmanejadas” apresentou nota 6,9 (situação regular)(Figura 2). Foi computada a existência de áreas decriação de gado, de cultivos de hortaliças como

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espécies folhosas (alface, couve, rúcula) tomate,cenoura, cebolinha, rabanete e outras comomandioca, milho, limão, banana, cana-de-açúcar,feijão e arroz; destinadas para o autoabastecimento familiar, para comércio local e paraa CONAB Visando atender ao PAA (Programa deAquisição de Alimentos) do Governo Federal.

Essa realidade é fortemente influenciada pelaalta fertilidade do solo de textura média, detectadanos indicadores pH, Al3+, P, Mg, MO, m%, t, T eV% que se encontram dentro de sua faixaadequada, enquanto que soma de bases, K e Ca2+

apresentam valores acima da faixa adequada(Tabela 1).

O “nível de aceitação a produção orgânica”registrou nota 6,7 (regular) (Figura 2) em 30% dasUPA’s observou-se a adoção de técnicasrecomendadas pelas normas de agriculturaorgânica. No restante das UPA’s nota-se que osprodutores apresentavam interesse em um modelode produção livre de insumos externos eagroquímicos. Entretanto existe resistência àimplantação de sistemas orgânicos nas UPA’sdevido à falta de políticas públicas e assistênciatécnica qualificada, entraves apontados pelosprodutores para a adoção do modeloagroecológico de produção proposto pelaagricultura orgânica.

O “uso de implementos agrícolas para preparodo solo” recebeu nota 5,7 (regular) (Figura 2)devido à alta frequência do uso de implementosagrícolas (tratores de aração e grade) nas UPA’s.

A “utilização de agroquímicos” apresentou nota4,7 (Figura 2); situação considerada sofrível ecorrelacionada com a realidade de 70% dasunidades produtivas que fazem o uso deagroquímicos (inseticidas e adubos químicos) emsuas lavouras de maneira intensiva e semorientação técnica. Em apenas 30% das UPA’s nãose faz o uso de agroquímicos e através dos relatosdos produtores tem-se essa decisão tomada devido

aos casos de contaminação observados entre elese pela opção de preservação da saúde humana edo meio ambiente.

A média geral da dimensão ecológica (5,9)apresenta possíveis causas de desequilíbrios queminam a sustentabilidade dos agroecossistemas(Tabela 1). Foi notado que nas UPA’s é nítida acorrelação existente entre os indicadores 1(intensidade de utilização da área da UP) queevidenciou a adoção de monocultivos (pastagens)na grande maioria das UPA’s. Esse resultadoapresenta interferência direta nos indicadores 7(área de preservação) e 3 (diversidade de técnicasalternativas) que apresentam uma situação crítica,reflexo da adoção dos paradigmas da “revoluçãoverde” na agricultura familiar; uma vez que amaximização lucrativa está ligada ao monocultivoque incrementa o desmatamento das áreas depreservação permanente e reserva legal. Aintrodução de sistemas diversificados de produçãopressupõe a utilização de tecnologiasagroecológicas que ainda não são adotadas nasUPA’s; entretanto o indicador 8 (quantidade deespécies manejadas) registrou boa diversidade decultivos nas UPA’s ressaltando-se que a percepçãodo produtor não é necessariamente manter abiodiversidade, mas sim, manter o sustento dafamília, por esse motivo explora e maneja umadiversidade razoável de espécies em busca dealternativas econômicas.

Apesar das perdas de colheita (indicador 2)apresentarem resultado preocupante ligado aomaior entrave detectado nas UPA’s que é a falta deágua (indicador 6 “resistência a estiagem’), existeabertura para a agricultura orgânica detectada pelanota do indicador 9 (nível de aceitação a produçãoorgânica). O referido indicador apresenta umasituação regular e com grandes possibilidades deimplantação de sistemas orgânicos devido autilização de matéria orgânica com origem napropriedade (indicador 9), que registrou uma

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situação ótima com nota 9,3 nas áreas deolericultura das UPA’s.

A avaliação do ideal de sustentabilidade emUPA’s localizadas em assentamentos rurais é umdesafio metodológico, tendo em vista que oalcance da sustentabilidade pressupõe acoexistência das potencialidades e limites críticospara os diversos indicadores avaliados. Osentraves para a transição agroecológica nas UPA’savaliadas no Assentamento Facão são: área dereserva legal abaixo do permitido pelo códigoflorestal, a atividade principal e muitas vezes únicanas UPA’s é a pastagem; solos degradados ecompactados pelo uso de maior número deanimais/ha do que a capacidade de suporte daárea, falta de assistência técnica especializada emAgroecologia, falta de água; uso de agrotóxicossem critérios técnicos; falta de conhecimento emcomo substituir os adubos químicos por manejoorgânico; falta de linhas de financiamentoapropriadas para a transição agroecológica; faltade infra-estrutura para armazenamento ebeneficiamento dos produtos, dependência externana aquisição de sementes e apenas um produtorusa herbicida dessecante na pastagem.

Os pontos positivos detectados quepotencializam a transição agroecológica das UPA’savaliadas são: a abertura e vontade de aprendermais sobre técnicas agroecológicas, a maioria dasUPA’s não utilizam agrotóxicos, existência deformas associativas de organização e grandeenvolvimento em ações comunitárias; existeabertura para sistemas silvipastoris através daarborização das pastagens com espécies nativasem consórcio com exóticas; o relevo plano permitetratos culturais não mecanizáveis; a abertura paraenriquecimento dos quintais agroflorestais; autilização de cobertura morta sobre o solo atravésdo manejo com roçada da vegetação espontânea;a adoção de rotação de culturas utilizandoprincipalmente a cultura da mandioca umas das

principais geradoras de renda nas UPA’s.

Conclusões1. A metodologia MESMIS adequou-se a

quantificação de indicadores de sustentabilidadeda dimensão ecológica em assentamentos rurais,bem como na construção de novos indicadoresecológicos funcionando como uma ferramenta nadetecção dos entraves e pontos positivos dasunidades de produção do Assentamento Facão.

2. Como medidas de ajuste para o alcance dasustentabilidade indicam-se a recomposição dasáreas de reserva legal e restauração das áreas depreservação permanente, bem como a correçãodo manejo animal nas UPA’s através da adoçãodo pastejo rotacionado e a arborização da lavoura(sistema silvipastoril) com espécies com copalarga e/ou que sirvam também como banco deproteína, quebra-vento e renda extra: Gliricidia(Gliricidia sepium), Leucena (Leucaenaleucocephala), Ingá spp; Teca (Tectona grandis);Eucalipto (Eucaliptus grandis), Ipê (Tabebuiaserratifolia), Baru (Dipterix alata), Bacuri(Scheelea phalerata); Babaçu (Attalea speciosa) ePequi (Caryocar brasiliense).

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