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Revelações de Professoras do 5º Ano do Município de Lauro de

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  • Revelaes de Professoras do 5 Ano do

    Municpio de Lauro de Freitas sobre dos

    Descritores da Matriz de Referncia de

    Matemtica do SAEB

    Tereza Cristina Bastos Silva Lima

  • REVELAES DE PROFESSORAS DO 5 ANO DO MUNICPIO DE

    LAURO DE FREITAS SOBRE OS DESCRITORES DA MATRIZ DE

    REFERNCIA DE MATEMTICA DO SAEB

  • Tereza Cristina Bastos Silva Lima

    Edda Curi

    REVELAES DE PROFESSORAS DO 5 ANO DO MUNICPIO DE

    LAURO DE FREITAS SOBRE OS DESCRITORES DA MATRIZ DE

    REFERNCIA DE MATEMTICA DO SAEB

    Universidade Cruzeiro Do Sul

    2013

  • 2013

    Universidade Cruzeiro do Sul

    Pr-Reitoria de Ps-Graduao e Pesquisa

    Mestrado Profissional em Ensino de Cincias e Matemtica

    Reitor da Universidade Cruzeiro do Sul Profa. Dra. Sueli Cristina Marquesi

    PR-REITORIA DE PS-GRADUAO E PESQUISA

    Pr-Reitor Prof. Dr. Danilo Antonio Duarte

    MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CINCIAS E MATEMTICA

    Coordenao Profa. Dra. Edda Curi

    Banca examinadora

    Profa. Dra. Edda Curi

    Profa. Dra. Celi Aparecida Espasandin Lopes

    Profa. Dra. Maria Tereza Carneiro Soares

    FICHA CATALOGRFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA

    UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

    L711r

    Lima, Tereza Cristina Bastos Silva.

    Revelaes de professoras do 5 ano do municpio de Lauro de

    Freitas sobre os descritores da matriz de referncia de matemtica do SAEB / Tereza Cristina Bastos Silva Lima. -- So Paulo: Universidade Cruzeiro do Sul, 2013.

    27 p. : il. Produto educacional (Mestrado em ensino de Cincias e

    Matemtica). 1. Ensino de matemtica. 2. Formao de professores 3.

    Sistema de avaliao da educao bsica (SAEB) 4. Processo de ensino aprendizagem 5. Ensino fundamental Lauro de Freitas (BA). I. Ttulo II. Srie.

    CDU: 51

  • Sumrio

    1 APRESENTAO ..................................................................................................... 6

    2 APORTES TERICOS .............................................................................................. 7

    3 O PRODUTO ........................................................................................................... 16

    4 ORIENTAES AOS PROFESSORES .................................................................. 23

    5 CONSIDERAES FINAIS...................................................................................... 24

    6. REFERNCIAS........................................................................................................26

  • Tereza Cristina Bastos Silva Lima

    6

    Mestrado Profissional em Ensino de Cincias e Matemtica

    1. APRESENTAO

    Este texto decorre de nossa dissertao de mestrado intitulada

    CONHECIMENTOS DE PROFESSORES DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO

    FUNDAMENTAL DO MUNICPIO DE LAURO DE FREITAS SOBRE O

    ENSINO/APRENDIZAGEM/AVALIAO EM MATEMTICA, desenvolvida no

    mbito do Programa de Ps Graduao em Ensino de Cincias e Matemtica

    da Universidade Cruzeiro do Sul. O estudo est vinculado ao Projeto Prova

    Brasil de Matemtica: revelaes e possibilidades de avanos nos saberes de

    alunos de 4 srie/5 ano e indicativos para formao de professores, que se

    desenvolve em mbito do Programa Observatrio para Educao e tem apoio

    financeiro da Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior

    (CAPES) - Brasil. O Projeto desenvolvido pelo Grupo de pesquisa

    Conhecimentos, Crenas e Prticas de Professores que ensinam Matemtica

    (CCPPM) da Universidade Cruzeiro do Sul, sob a coordenao da Prof. Dra.

    Edda Curi. Envolve uma equipe constituda de doutores, doutorandos,

    mestrandos e alunos da graduao dessa universidade e, tambm, seis

    professoras da rede pblica de ensino da cidade de So Paulo.

    Nas leituras e discusses dos documentos oficiais respectivos ao

    Sistema de Avaliao da Educao Bsica (SAEB) e Prova Brasil,

    desenvolvidos durante os encontros no Grupo de Pesquisa pudemos perceber

    a falta de conhecimentos dos participantes em relao a esses documentos,

    bem como constatamos as lacunas existentes no tocante ao ensino,

    aprendizagem e avaliao em Matemtica. Dessa forma, decidimos nos

    debruar nessa vertente, para a realizao da pesquisa.

  • Tereza Cristina Bastos Silva Lima

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    Mestrado Profissional em Ensino de Cincias e Matemtica

    2. APORTES TERICOS

    Sobre o ensino de Nmeros Naturais, um dos enfoques arraigados por

    parte dos professores denominado por vrios autores, como Moreno (2006),

    enfoque de Ensino Clssico. Nessa perspectiva ensina-se os nmeros um a

    um, aos poucos e na ordem da sequncia numrica. A escrita convencional

    valorizada e h propostas de ensino que consideram como atividades

    fundamentais a cpia de nmeros e das sequncias. Esse foco pode ser

    relacionado ao carter platnico da Matemtica destacado por Nacarato,

    Mengali e Passos (2009), em que se considera que o aluno s resolve um

    problema se previamente o professor lhe ensinou os procedimentos cannicos

    como a escrita convencional dos nmeros, a sequncia numrica, etc.

    Moreno (2006) destaca que, nesse foco, a ideia que se tem que o

    aluno uma tbua rasa, isto , no tem nenhum conhecimento anterior

    relativo aos conhecimentos que devem ser ensinados e o ensino dos Nmeros

    Naturais deve partir do nmero 1.

    Outro enfoque que ocorre no ensino ainda hoje decorrente do

    Movimento Matemtica Moderna. Segundo Pires (2012), para esse enfoque o

    nmero ensinado como uma propriedade dos conjuntos como classes de

    equivalncias, razo pela qual uma das atividades mais comuns apresentar,

    por exemplo, desenhos de conjuntos com quatro flores, cinco automveis,

    quatro borboletas e cinco bexigas cada um, para que os alunos achem por

    correspondncia, termo a termo, os conjuntos que tm a mesma propriedade

    numrica.

    Esse enfoque baseia-se na suposio de que as crianas aprendem

    nmeros por observao de conjuntos de objetos ou de imagens. Mas como

    poderia se compreender o nmero 3.700.000 se nunca vimos ou contamos

    3.700.000 coisas dentro de um conjunto? (KAMII, 1984)

    Pires (2012) analisa que nessa concepo a noo de nmero se

    entende como uma sntese entre as operaes de classificao e seriao.

    Assim, com essas atividades lgicas, as crianas podem se apropriar dos

  • Tereza Cristina Bastos Silva Lima

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    Mestrado Profissional em Ensino de Cincias e Matemtica

    conhecimentos necessrios para aprender o nmero.

    As pesquisas recentes como as de Lerner e Sadovsky (1996), de

    Panizza e colaboradores (2006) e de Pires (2012) apontam para novas

    perspectivas no enfoque do ensino de Nmeros. Os PCN (BRASIL, 1997)

    apropriaram-se dessas pesquisas e em suas orientaes didticas apresentam

    o ensino de nmeros a partir de suas funes sociais. Os conhecimentos a

    respeito dos nmeros naturais so construdos num processo em que eles

    aparecem como um instrumento til para resolver determinados problemas e

    como um objeto que pode ser estudado por si mesmo. Sua utilidade

    percebida pelas crianas antes mesmo de chegarem escola; elas conhecem

    nmeros de telefone, de nibus, lidam com preos, numerao de calado,

    idade, calendrio. O estudo dos nmeros como objeto matemtico tambm

    deve partir de contextos significativos para os alunos, envolvendo, por

    exemplo, o reconhecimento da existncia de diferentes tipos de nmeros

    (naturais, racionais e outros) e de suas representaes e classificaes

    (primos, compostos, pares, mpares, etc.). A criana vem para a escola com

    um razovel conhecimento no apenas dos nmeros de 1 a 9, como tambm

    de nmeros como 12, 13, 15, que j lhe so bastante familiares, e de outros

    nmeros que aparecem com frequncia no seu dia-a-dia como os nmeros

    que indicam os dias do ms, que vo at 30/31. (BRASIL, 1997) O documento

    tambm aponta que as atividades de leitura, escrita, comparao e ordenao

    de notaes numricas devem tomar como ponto de partida os nmeros que a

    criana conhece. E que mesmo sem conhecer as regras do Sistema de

    Numerao Decimal, as crianas j so capazes de indicar qual o maior

    nmero de uma listagem, em funo da quantidade de algarismos presentes

    em sua escrita.

    Com relao ao Sistema de Numerao Decimal, pesquisas j

    realizadas destacam a importncia desse sistema numrico. O texto produzido

    por Santos e Curi (2012) apresenta uma anlise dos resultados dos trabalhos

    do grupo realizados no mbito do projeto Prova Brasil de Matemtica:

    revelaes e possibilidades de avanos nos saberes de alunos de 4 srie/5

    ano e indicativos para formao de professores. As autoras destacam trs

  • Tereza Cristina Bastos Silva Lima

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    Mestrado Profissional em Ensino de Cincias e Matemtica

    categorias de anlise e apresentam as concluses dos trabalhos em cada uma

    dessas categorias. Em suas consideraes finais destacam convergncias e

    divergncias entre as pesquisas. Segundo as autoras, a anlises dos trabalhos

    indica mais convergncias entre seus resultados do que divergncias e

    apontam que no h coerncia entre os currculos prescritos, os apresentados

    pelo livro didtico usados na escola e os praticados pelas professoras, embora

    haja coerncia entre o currculo prescrito, os moldados pelas professoras e os

    avaliados externamente.

    Santos e Curi (2012) destacam que apesar da decomposio de um

    nmero em sua forma polinomial ser defendida no currculo avaliado, no

    mencionada no currculo prescrito; tambm consideram esse tipo de

    decomposio inadequado para alunos dessa faixa etria, pois envolve a

    escrita aditiva e multiplicativa do Sistema de Numerao Decimal com

    potncias de 10.

    As autoras consideram que os motivos para os baixos ndices de

    aprendizagem sobre esse tema, revelados na Prova Brasil, no so

    decorrentes apenas das incoerncias entre os currculos prescrito, praticado e

    avaliado; mas apontam que as grandes lacunas esto nos currculos

    praticados. Refletem sobre os dados de uma dissertao em andamento, em

    que as professoras pesquisadas se limitam a trabalhar o Sistema de

    Numerao Decimal por meio de cpia de sequncias de nmeros, e no

    exploram as regularidades dos intervalos numricos, no havendo indicativos

    de trabalhos orais, de trabalhos com ordens de grandezas maiores, nem do

    uso do livro didtico. Elas concluem que talvez decorra desses fatos as

    dificuldades dos alunos, apontadas na pesquisa. Analisam que a compreenso

    do Sistema de Numerao Decimal no simples para as crianas, embora

    essas o usem no cotidiano; desconhecem suas caractersticas, no exploram

    suas regularidades ou a falta delas, havendo a necessidade de um trabalho

    efetivo da escola sobre esse sistema. Apontam que, mesmo de forma

    descontextualizada, os nmeros com ordem de grandezas menor so mais

    facilmente tratados do que os de vrias ordens. O trabalho desenvolvido

    aponta que os alunos se apropriam do tratamento dos nmeros at a primeira

  • Tereza Cristina Bastos Silva Lima

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    Mestrado Profissional em Ensino de Cincias e Matemtica

    ordem de milhar. Com nmeros dessa ordem de grandeza os alunos percebem

    a relao entre a posio e o valor dos algarismos, decompem e compem

    nmeros com base na escrita numrica, entre outros aspectos. Os itens que

    apresentam zeros intercalados ou na ordem das unidades tiveram um

    percentual de erros maior. As autoras destacam que essas constataes

    derrubam a ideia de que se a criana sabe os nmeros at a unidade de milhar

    ser capaz de generalizar e ler qualquer nmero e contrariam a concepo

    linear do processo de aprendizagem da Matemtica. Santos e Curi (2012)

    concluem que, apesar do conhecimento consolidado na classe das unidades

    simples, a generalizao feita de forma espiral, com avanos e retomadas de

    conceitos, sendo de responsabilidade do professor. O processo de

    generalizao construdo em diferentes mbitos, em que as crianas

    organizam, refletem, reorganizam e ampliam seus conhecimentos a respeito do

    sistema numrico, pois sem compreenderem o sistema numrico as crianas

    no fazem generalizaes e utilizam o conhecimento de forma mecnica.

    Consideram que a utilizao do Sistema de Numerao Decimal socialmente

    nem sempre revela a compreenso das caractersticas desse sistema.

    Apontam a mecanizao, a fragmentao e a falta de reflexo durante ao

    processo de aprendizagem como possveis fatores para explicar essa

    dificuldade. Colocam que para superao de dificuldades importante o

    estabelecimento de relaes entre o uso social, o sistema numrico e sua

    organizao posicional; no sendo isso fcil se o professor no possuir

    conhecimentos matemticos para o ensino desse contedo. Assim como

    Lerner e Sadovsky (1996), Santos e Curi (2012) afirmam que o ensino do

    Sistema de Numerao Decimal um problema didtico. Mas, as duas ltimas

    autoras destacam que tambm um problema de conhecimentos matemticos

    necessrios para o ensino desse contedo. Santos e Curi (2012) tambm

    apontam que apenas o uso social desse sistema no permite ao professor

    ensin-lo de forma compreensvel aos alunos. Consideram que preciso

    compreender as caractersticas matemticas do Sistema de Numerao

    Decimal para poder ensin-lo.

    Sobre o ensino das Operaes, embora documentos curriculares

    recentes focalizem a resoluo de problemas como metodologia importante do

  • Tereza Cristina Bastos Silva Lima

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    Mestrado Profissional em Ensino de Cincias e Matemtica

    ensino de Matemtica, na sala de aula, no que se refere ao ensino de Nmeros

    e Operaes, foco de nossa pesquisa, ao que parece, ainda centrado nos

    procedimentos tradicionais (algoritmos) das operaes. Esses documentos

    destacam ainda a importncia de se trabalhar com os diferentes significados

    das operaes com base nos estudos de Vergnaud (1996). Segundo

    Vergnaud: A Teoria dos Campos Conceituais (TCC) uma teoria cognitivista

    que prope o estudo e anlise do processo de aquisio do conhecimento e

    visa fornecer um quadro coerente e alguns princpios de base para o estudo

    do desenvolvimento e da aprendizagem das competncias complexas

    (VERGNAUD, 1996, p. 155).

    Vergnaud prope a formao de um campo conceitual e no apenas de

    um conceito, ele define campo conceitual como, primeiramente, um conjunto

    de situaes (1996, p.167). Tambm aparecem em outros trabalhos que o

    campo conceitual um conjunto de problemas e situaes cujo tratamento

    requer conceitos, procedimentos e representaes de tipos diferentes, mas

    intimamente relacionados (MOREIRA, 2002, p. 09).

    Vergnaud aponta que o campo conceitual das estruturas aditivas o

    conjunto de situaes que envolvem uma ou vrias adies e subtraes,

    agregado ao conjunto dos conceitos e teoremas que permitem analisar tais

    situaes como tarefas matemticas e representado pelo conjunto de smbolos

    que do sentido ao tratamento da situao. Assim o aluno deve construir a

    base para as relaes com novas situaes por meio do domnio constitudo

    nas primeiras situaes enfrentadas. Vergnaud (1996, 2009) classifica as

    seguintes relaes de base na estrutura aditiva: 1. Composio de duas

    medidas em uma terceira; 2. Transformao (quantificada) de uma medida

    inicial em uma medida final; 3. Relao (quantificada) de comparao entre

    duas medidas; 4. Composio de duas transformaes; 5. Transformao de

    uma relao, e; 6. Transformao de duas relaes. O autor descreve cada

    uma dessas categorias: Composio -juntar partes para se obter o todo ou

    subtrair uma parte do todo para se obter a outra parte; Transformao - as

    situaes so caracterizadas por um estado inicial que sofrem uma

    transformao (com perda ou ganho) e resultam no estado final; Comparao -

  • Tereza Cristina Bastos Silva Lima

    12

    Mestrado Profissional em Ensino de Cincias e Matemtica

    situaes que envolvem a comparao de duas quantidades, uma denominada

    de referente e a outra de referido com base em uma relao positiva ou

    negativa dessas duas medidas; Composio de duas transformaes -

    problemas referentes s situaes em que so dadas duas transformaes e,

    por meio de uma composio dessas duas, se determina a terceira

    transformao.

    Segundo Vergnaud (2009, p. 222) a quinta categoria refere-se a uma

    transformao que opera sobre um estado relativo e a sexta categoria,

    composio de dois estados relativos em um estado relativo, envolvendo

    subclasses mais numerosas e considerando as possibilidades que existem

    para o sinal do nmero e o valor absoluto.

    Vergnaud (1994) define o campo conceitual das estruturas

    multiplicativas com um conjunto ao qual pertencem todas as situaes que

    podem ser analisadas como problemas de propores simples e mltiplas, e

    que podem ser resolvidas por uma multiplicao, uma diviso ou pela

    combinao de ambas. O autor aponta que as relaes multiplicativas mostram

    vrios tipos de multiplicao e vrias classes de problemas. Vergnaud

    categorizou o conjunto de problemas do campo multiplicativo como os que

    envolvem duas grandes categorias de relaes: o Isomorfismo de Medidas e o

    Produto de Medidas. Na relao do Isomorfismo de Medidas esto os

    problemas elementares que possuem relaes proporcionais simples entre

    conjuntos, tais como: preo constante (mercadorias e relaes comerciais das

    mesmas), velocidade mdia (durao e distncia), cardinalidade dos objetos

    (objetos do mundo real), etc. Para Vergnaud (1994), nesse grupo esto um

    grande nmero de situaes da vida cotidiana e algortmica, ligadas

    multiplicao, diviso e regra de trs simples. No grupo de Produto de Medidas

    esto situaes que requerem a utilizao do raciocnio combinatrio, onde

    todos os elementos de um grupo esto relacionados com todos os elementos

    de outro grupo. Nesta categoria esto situaes que envolvem trs

    quantidades, onde uma o produto das outras duas ao mesmo tempo.

    Com relao s habilidades de clculo, os PCN (BRASIL, 1997)

    destacam que uma boa habilidade em clculo depende de consistentes pontos

  • Tereza Cristina Bastos Silva Lima

    13

    Mestrado Profissional em Ensino de Cincias e Matemtica

    de apoio, dando destaque ao domnio da contagem e das combinaes

    aritmticas (tabuadas, listas de fatos fundamentais, leis, repertrio bsico, etc.).

    Apontam que um trabalho consistente envolve a construo, a organizao e,

    como consequncia, a memorizao compreensiva desses fatos, e no a

    memorizao de fatos de uma dada operao. Segundo esse mesmo

    documento, o repertrio bsico para desenvolvimento do clculo constitui-se

    num suporte para a ampliao dos diferentes procedimentos e tipos de clculos

    que a criana vai desenvolver durante os anos iniciais: clculo mental ou

    escrito, exato ou aproximado. De acordo com os PCN os diferentes

    procedimentos e tipos de clculo relacionam-se e complementam-se. O clculo

    escrito, para ser compreendido, apoia-se no clculo mental e nas estimativas e

    aproximaes. Por sua vez, as estratgias de clculo mental, pela sua prpria

    natureza, so limitadas. bastante difcil, principalmente tratando-se de

    clculos envolvendo nmeros com vrios dgitos, armazenar na memria uma

    grande quantidade de resultados. Assim, a necessidade de registro de

    resultados parciais acaba originando procedimentos de clculo escrito

    (BRASIL, 1997, p.75). O documento aponta como objetivo principal para

    trabalho com o clculo nos anos iniciais, fazer com que os alunos construam e

    selecionem procedimentos adequados situao-problema apresentada, aos

    nmeros e s operaes nela envolvidos. O clculo mental constitui a base do

    clculo aritmtico usado no cotidiano. Ele empregado quando se efetua uma

    operao, recorrendo-se a procedimentos confiveis, sem os registros escritos

    e sem a utilizao de instrumentos. Pelo uso social do clculo mental sabemos

    que o resultado deste tipo de clculo nem sempre precisa ser exato, bastando

    uma aproximao. Por exemplo, ao fazer a compra de poucos objetos num

    supermercado, devemos estimar se o valor da compra ultrapassa ou no o

    montante que temos para realiz-la. Sobre as aproximaes e estimativas os

    PCN destacam que seu objetivo que as crianas aprendam a reconhecer se

    certos resultados relacionados a contagens, medidas, operaes so ou no

    razoveis em determinadas situaes. Os procedimentos de clculo por

    estimativa desenvolvem-se concomitantemente aos processos de clculo

    mental: pelo reconhecimento da grandeza numrica, por meio de

    decomposies dos nmeros, pelo estabelecimento de relaes de dobro e

  • Tereza Cristina Bastos Silva Lima

    14

    Mestrado Profissional em Ensino de Cincias e Matemtica

    metade, entre outros. O clculo por estimativas apia-se em aspectos

    conceituais referentes aos nmeros e s operaes (ordem de grandeza, valor

    posicional, proporcionalidade e equivalncia), em procedimentos (como

    decompor, substituir, arredondar, compensar), na aplicao de estratgias de

    clculo mental, (BRASIL, 1997, p.77). Para o documento a estimativa constri-

    se juntamente com o sentido numrico e com o significado das operaes e

    muito auxilia no desenvolvimento da capacidade de tomar decises. O trabalho

    com estimativas supe a sistematizao de estratgias. (BRASIL, 1997, p.77).

    Para o seu desenvolvimento e aperfeioamento muito importante um trabalho

    contnuo de aplicaes, construes, interpretaes, anlises, justificativas e

    verificaes a partir de resultados exatos. Como destacado anteriormente, a

    necessidade de registro de resultados parciais acaba originando procedimentos

    de clculo escrito. Pois para resolver problemas comum que os alunos

    realizem registros para expressar os procedimentos de clculo mental que

    utilizam. Para os PCN a anlise desses registros, em muitos casos, trs

    evidencias sobre o domnio de conhecimentos matemticos dos alunos e que

    so a base para o clculo escrito.

    Assim como outros procedimentos de clculo, as tcnicas operatrias

    usualmente ensinadas na escola tambm apoiam-se nas regras do sistema de

    numerao decimal e na existncia de propriedades e regularidades presentes

    nas operaes. Porm, muitos dos erros cometidos pelos alunos so

    provenientes da no-disponibilidade desses conhecimentos ou do no-

    reconhecimento de sua presena no clculo. Isso acontece, provavelmente,

    porque no se exploram os registros pessoais dos alunos, que so formas

    intermedirias para se chegar ao registro das tcnicas usuais. (BRASIL, 1997,

    p.78)

    Os algoritmos so um conjunto de procedimentos que possuem uma

    determinada ordem, eles levam a uma resposta exata e podem ser realizados

    em papel, na calculadora ou em outros instrumentos. So generalizaes que

    permitem resolver classes de problemas semelhantes atravs de um processo,

    que em muitos casos so usados de forma mecnica. Apesar de existirem

    algoritmos diferentes para uma mesma operao aritmtica. Na escola,

  • Tereza Cristina Bastos Silva Lima

    15

    Mestrado Profissional em Ensino de Cincias e Matemtica

    normalmente, os professores restringem-se ao ensino de apenas de um tipo de

    algoritmo para cada operao.

    Na dcada de 90 comeou-se a questionar o ensino baseado na

    memorizao dos algoritmos para aluno do Ensino Fundamental. Pesquisas

    demonstram que quando as crianas somente memorizam os algoritmos da

    adio ou subtrao, perdem a noo do valor de posio do algarismo no

    nmero. Revelam tambm, que os estudantes que usam seus prprios

    procedimentos para resolver problemas de adio ou subtrao tm um

    entendimento melhor do valor posicional e encontram solues mais precisas.

    Essas pesquisas apontam que, em vez de apenas ensinar os algoritmos

    padres como a melhor forma de se calcular com o uso de lpis e papel, os

    professores devem oportunizar aos alunos o desenvolvimento, o uso e a

    discusso de uma variedade de procedimentos, visando que eles

    compreendam melhor o sentido dos nmeros e das operaes.

  • Tereza Cristina Bastos Silva Lima

    16

    Mestrado Profissional em Ensino de Cincias e Matemtica

    3 O PRODUTO

    O produto que ser apresentado a seguir constitui-se na anlise de

    alguns Descritores de Avaliao do SAEB por parte dos professores

    participantes da pesquisa. Foi solicitado a nove professores dos anos iniciais

    do Ensino Fundamental da regio de Lauro de Freitas que analisassem os

    Descritores de acordo com uma grade de anlise apresentada. Sugerimos ao

    leitor deste texto que antes de ler as anlises dos professores, reflita sobre os

    Descritores mediante a proposta da grade. Os comentrios e as atividades

    esto descritos em seguida:

    As respostas dos professores mostram o pouco entendimento dos

    mesmos com relao aos contedos envolvidos no item e a forma de abord-

    los em sala de aula:

    Antes: Abordar a questo da multiplicao com os alunos at que os mesmos se apropriem da metodologia de estar calculando essa operao. Durante: Questionar os alunos sobre a forma de resolver a operao, instigar o raciocnio. Depois: Socializao da operao. (P.3)

    Antes: reviso da tcnica operatria (multiplicao). Durante: Auxlio na resoluo da operao; reviso da tabuada; auxlio na identificao da resposta adequada. Depois: trabalhar o valor posicional do nmero. (P.4)

    Percebe-se a nfase dada explicao do algoritmo da multiplicao e

  • Tereza Cristina Bastos Silva Lima

    17

    Mestrado Profissional em Ensino de Cincias e Matemtica

    ao uso da tabuada como revises para que os alunos conseguissem resolver a

    tarefa. Nenhum deles problematiza a situao, ou pergunta, por exemplo, se o

    valor representado pelo quadradinho o mesmo. Ao que parece, o enfoque

    bem tradicional, considerando o aluno um receptor de informaes e com foco

    na reviso de contedos j estudados (algoritmo da multiplicao e tabuada).

    Estudos tericos corroboram nossas consideraes. Nacarato, Mengali e

    Passos (2009) apontam que necessrio romper com o tradicional paradigma

    do exerccio que tem marcado as aulas de Matemtica, onde h uma

    padronizao da rotina de ensino.

    O professor expe algumas ideias matemticas com alguns exemplos e,

    em seguida, os alunos resolvem incansveis listas de exerccios quase

    sempre retiradas de livros didticos. Na etapa seguinte o professor corrige,

    numa concepo absolutista de matemtica, na qual prevalece o certo e o

    errado. (NACARATO, MENGALI e PASSOS, 2009).

    A figura 2 apresenta o segundo item para anlise dos participantes da

    pesquisa:

    Figura 2 Item 2.

    Fonte: adaptado de Brasil. PDE/Prova Brasil, 2008, p. 133.

    Algumas respostas dos professores so transcritas a seguir:

    1 explicao geral do enunciado, 2 como identificar o valor do numeral acima, 3 como organiza-lo dentro do quadro de valor posicional, 4 identificao de suas ordens e classes, 5 sua decomposio, 6 demais procedimentos do exerccio anterior. (1 explicao de que tipo de raciocnio a atividade busca, 2 as formas diferentes para a resoluo, 3 como agir para ter certeza que a resoluo est correta, 4 correo coletiva, 5 correo individual). (P.1)

    Antes: Trabalhar o valor posicional, enfatizando que dentro de cada casa (ex: unidade de milhar), comporta vrias dezenas. Durante: Instigar os alunos para que os mesmos percebam que outras casas de valor maior, cabem vrias centenas. Depois: Questionar a maneira que se obteve o resultado. (P.2)Antes: Abordar a decomposio do nmero e o valor posicional. Durante: Questionar sobre a forma que obteve o resultado.

  • Tereza Cristina Bastos Silva Lima

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    Depois: Socializao. (P.3)

    Nesses comentrios tambm observamos a viso tradicional do ensino,

    que se faz primeiro uma reviso do que preciso o aluno conhecer (na viso

    do professor). Ao que parece, os professores consideram os alunos como

    tbua rasa que no tem conhecimentos e que precisam retomar novamente o

    que j foi ensinado. Alm disso, Professor P.1 manifesta um equivoco ao se

    referir a numeral ao invs de nmero. Esse equvoco revela defasagem nos

    conhecimentos matemticos para a o ensino.

    Todos se referem ao quadro de ordem e classes, no entanto, a questo

    no pergunta qual o algarismo que ocupa a posio das centenas e sim

    quantas centenas tem o nmero, o que envolve a noo de agrupamentos de

    100 em 100 e no de valor posicional. E ningum se referiu ao contexto

    forado da questo.

    Na figura 3 apresentamos o prximo item:

    Figura 3 Item 3.

    Fonte: adaptado de Brasil. PDE/Prova Brasil, 2008, p.54.

    As respostas de alguns professores esto transcritas a seguir:

    1 sua identificao no quadro de valor posicional, 2 suas ordens e classes, 3 demais procedimentosdo item 4.1. (1 explicao de que tipo de raciocnio a atividade busca, 2 as formas diferentes para a resoluo, 3 como agir para ter certeza que a resoluo est correta, 4 correo coletiva, 5 correo individual). (P.1)

    Antes: trabalhar o valor posicional do nmero. Durante: Instigar os alunos a obter o resultado. Depois: Socializar. (P.2)

    Tambm nessa questo os professores no explicitam como fariam para

    passar da decomposio do nmero em suas ordens e classes, que envolve a

  • Tereza Cristina Bastos Silva Lima

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    escrita aditiva e multiplicativa de um nmero, para a escrita indicada nas

    alternativas em que as multiplicaes por mltiplos de 10 so transformadas

    nas ordens e classes do sistema.

    Consideramos esta questo bastante complicada, pois envolve o

    estabelecimento de vrias relaes, alm de conhecimentos matemticos.

    Alm disso, o formato da questo no indicado para esse tipo de avaliao

    (Prova Brasil), pois o prprio Inep indica que a questo precisa ser respondida

    apenas com os dados do enunciado, sem a leitura das alternativas, o que no

    acontece com neste item.

    Vemos que esto presentes atitudes tradicionais na atuao destes

    professores como: a noo de pr-requisitos, exerccios para fixao, reviso

    de contedos, reviso de tcnicas, etc; talvez o motivo seja a vivncia nesse

    tipo de aula na poca em que esses professores eram alunos da escola bsica.

    Como j dissemos, nas pesquisas apresentadas (NACARATO,

    MENGALI e PASSOS, 2009), a prtica pedaggica do professor est

    fortemente ligada a sua vivncia como aluno e na sua formao para a

    docncia. Por isso entendemos que as rupturas com a viso tradicional de

    ensino so fatores positivos para a prtica de ensino desses professores, j os

    resqucios do ensino tradicional relacionados Matemtica que estes

    professores manifestam provavelmente so as experincias que vivenciaram

    em sua escolarizao e na sua formao profissional para a docncia.

    Tambm consideramos que se o professor vivenciou um ensino de

    Matemtica numa perspectiva que lhe proporcionou poucas chances para

    refletir sobre a Matemtica, provavelmente propagar essa forma de ensino.

    Todos os professores analisaram como importante o desenvolvimento

    de atividades orais sobre Nmeros Naturais e Operaes com seus alunos.

    Aps a realizao dessas questes, foi proposto aos professores que

    analisassem os itens abaixo, divulgados em documentos oficiais sobre a Prova

    Brasil/Saeb:

  • Tereza Cristina Bastos Silva Lima

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    Figura 4 Item para anlise 1.

    Fonte: adaptado de http://provabrasil.inep.gov.br/. 2012.

    Ao serem questionados sobre qual o descritor correspondia ao item,

    todos os professores apontaram o D16 Reconhecer a composio e a

    decomposio de Nmeros Naturais em sua forma polinomial - como resposta.

    Mas o item foi construdo para avaliar as habilidades previstas no D13

    Reconhecer e utilizar caractersticas do Sistema de Numerao Decimal, tais

    como agrupamentos e trocas na base 10 e princpio do valor posicional.

    Podemos afirmar que nenhum dos professores pesquisados conseguiu

    associar as habilidades do descritor D13 ao item. Este item envolve

    caractersticas do Sistema de Numerao Decimal e no decomposio de um

    nmero em suas ordens como apontaram os professores. Se os professores

    no conseguem perceber as relaes entre o item e as habilidades envolvidas

    para a resoluo, como podero formar estas habilidades nos alunos?

    Depois pedimos que eles apontassem as possveis dificuldades e

    facilidades que os seus alunos poderiam ter ao responder o item. A maior parte

    apontou como facilidade a composio/formao de nmeros, e como

    dificuldade seria na leitura do nmero que viriam a formar. Percebemos nas

    respostas equvocos no que se refere ao uso da expresso numeral ao invs

    de nmero, talvez decorrente da poca em que esses professores estudavam.

    Observamos que os professores sabem que os alunos ao trabalhar com

    nmeros maiores que os de unidade de milhar cometem erros. No entanto, no

    parece que sintam ser sua responsabilidade trabalhar no 5 ano com nmeros

    de qualquer ordem de grandeza como est descrito nas Expectativas de

    Aprendizagem e no Descritor D13, pois em nenhum momento citam o trabalho

  • Tereza Cristina Bastos Silva Lima

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    com nmeros grandes.

    O item abaixo tambm foi analisado pelos professores.

    Figura 5 - Item 2 para anlise.

    Todos os professores classificaram de forma correta este item.

    Apontaram o D14 - Identificar a localizao de Nmeros Naturais na reta

    numrica - como a habilidade que o descritor avalia. Sobre as dificuldades e

    facilidades que os alunos poderiam demonstrar apontaram que o enunciado

    poderia ser uma dificuldade para a compreenso do item; com palavras fora de

    contexto dos alunos, enunciado extenso, dificuldade de interpretao por parte

    do aluno. Para o Professor P.1 as palavras representa e consecutivo

    dificultam o entendimentos dos alunos em relao ao enunciado, devido a

    pobreza cultural dos alunos. Quando este professor prepara suas aulas, afirma

    que, faz uma adaptao do vocabulrio para melhor compreenso dos alunos.

    Analisamos que ao fazer esta adaptao do vocabulrio das atividades o

    Professor P.1 acaba agindo de forma que seus alunos no tomem

    conhecimento de termos que so muito utilizados na Matemtica, como o

    caso dos termos representa e consecutivo. No caso do termo consecutivo

    ele tem um significado prprio na matemtica, ou seja, o aluno deve identificar

    o nmero de uma sequencia que vem imediatamente aps o nmero que se

    deseja encontrar o consecutivo. O que o professor P.1 identifica como pobreza

    do vocabulrio nada mais do que um conhecimento matemtico importante

    para a resoluo da questo. Talvez nem ele mesmo reconhea esse fato.

  • Tereza Cristina Bastos Silva Lima

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    Figura 6 Item 3 para anlise

    Para o terceiro item de avaliao, os professores se dividiram para

    classific-lo; dois professores apontaram o D19 - Resolver problemas com

    Nmeros Naturais, envolvendo diferentes significados da adio ou subtrao:

    juntar, alterao de um estado inicial (positiva ou negativa), comparao e mais

    de uma transformao (positiva ou negativa), que o descritor correto para o

    item, e os outros dois professores, apontaram o D17 - Calcular o resultado de

    uma adio ou subtrao de Nmeros Naturais - como o descritor

    correspondente ao item analisado, sendo assim se confundiram ao classificar o

    item.

    Sobre as facilidades e dificuldades que os alunos poderiam vir a

    apresentar para resolver o item, analisaram que resolver a operao

    matemtica seria a facilidade, e como dificuldade apontaram a identificao da

    operao matemtica e interpretao do enunciado. Preocupa-nos a falta de

    identificao do descritor desse item, pois o trabalho com operaes tem sido o

    foco das aulas de matemtica nos anos iniciais. No entanto, a resoluo de

    problemas envolvendo as operaes aritmticas menos explorada.

    Consideramos que os professores precisam identificar os dois tipos de situao

    para desenvolv-las com seus alunos. Orientaes curriculares recentes como

    os PCN apontam a importncia da resoluo de problemas no ensino de

    matemtica e a falta de identificao de um problema por parte do professor

    extremamente preocupante.

  • Tereza Cristina Bastos Silva Lima

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    4. ORIENTAES AOS PROFESSORES

    O nosso produto apresentou algumas potencialidades da Prova Brasil

    para que docentes e gestores possam aprimorar o seu fazer pedaggico e

    minimizar as dificuldades de aprendizagem matemticas de suas regies.

    Assim sendo, ao refletirmos sobre essa avaliao, queramos abrir espao para

    que os professores e gestores envolvidos construssem uma nova viso a

    respeito da Prova Brasil e, alm disso, se sentissem motivados a investigar

    sobre essa avaliao e sobre o ensino da Matemtica.

    Aos professores que lerem esse texto sugerimos que reflitam sobre os

    conhecimentos necessrios para ensinar um determinado contedo e sobre as

    relaes entre os contedos normalmente apresentados aos alunos no 5 ano

    e os solicitados na avaliao. H vrias indicaes no texto sobre referncias

    tericas que podem ser usadas para melhoria da formao do professor.

    Alm disso, a Matriz Referncia de Avaliao de Matemtica da Prova

    Brasil/Saeb, um bom referencial de estudos que apresenta itens de avaliao

    com comentrios pedaggicos, destacando conceitos matemticos envolvidos,

    descritores de avaliao, dificuldades, etc.

  • Tereza Cristina Bastos Silva Lima

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    5. CONSIDERAES FINAIS

    Os estudos que realizamos mostram a complexidade das competncias

    exigidas para o professor que atua nos anos iniciais do Ensino Fundamental,

    as fragilidades de sua formao inicial e os desafios que se apresentam para

    melhoria da formao desse profissional.

    O curso de formao inicial deve ter o compromisso de formar

    professores que devero ensinar conhecimentos bsicos s crianas, entre as

    quais, est a Matemtica. Ou seja, a formao do professor precisa contemplar

    domnios de conhecimentos diversos, de modo a constituir uma base em que

    possveis traumas ou lacunas sejam superadas e no sejam transferidos para

    as crianas (FERNANDES; CURI, 2012, p.45).

    Descobrimos em cada resposta nuances de formas de pensar e agir das

    professoras envolvidas e tambm das nossas prprias concepes e crenas.

    Uma das concluses foi que os conhecimentos dos professores e as

    lacunas existentes na forma de ensinar Matemtica devem nortear os projetos

    de formao continuada, com a finalidade de favorecer o desenvolvimento

    profissional a partir da reviso e da construo das relaes pessoais sobre o

    conhecimento matemtico no prprio campo de trabalho do professor, a sala

    de aula.

    As contribuies tanto internacionais quanto nacionais nos subsidiaram,

    fortalecendo a nossa concepo, o aprendizado, a compreenso, bem como a

    fundamentao, tanto no momento da redao da presente dissertao, quanto

    nos momentos da pesquisa propriamente dita, principalmente nas anlises dos

    dados. A concluso apresentada no pargrafo acima corrobora nossos estudos

    tericos.

    Consideramos que a avaliao externa deve fornecer informaes sobre

    a complexa realidade educacional - que envolve alunos, professores, recursos -

    e, principalmente, que as informaes fornecidas por esse instrumento

    avaliativo devem ser compreendidas pelos professores e socializadas na

    comunidade escolar.

    Consideramos um grande desafio envolver os professores em formao

  • Tereza Cristina Bastos Silva Lima

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    Mestrado Profissional em Ensino de Cincias e Matemtica

    continuada para ensinar Matemtica, em que preciso desenvolver

    imbricadamente conhecimentos do contedo matemtico, conhecimentos

    pedaggicos dos contedos matemticos, conhecimentos curriculares, visto

    que esses professores se consideram bem preparados para exercer sua

    funo. No entanto, outros desafios se fazem presente. A compreenso dos

    elementos que compem a Prova Brasil, de itens de avaliao divulgados, de

    seus descritores; fundamental para que os professores percebam o uso

    pedaggico que se pode fazer dessa prova e que no se preocupem apenas

    com o ndice do IDEB.

    Esperamos que o produto da dissertao contribua para a compreenso

    de professores e gestores para os elementos da Prova Brasil e suas

    implicaes para o ensino e aprendizagem de Matemtica.

  • Tereza Cristina Bastos Silva Lima

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    Mestrado Profissional em Ensino de Cincias e Matemtica

    6. REFERNCIAS

    BRASIL. Secretaria de Educao Fundamental. PCN Parmetros Curriculares Nacionais Matemtica. Volume 3, SEF, 1997.

    ________. PDE: Plano de Desenvolvimento da Educao - PDE: Prova Brasil 2008: ensino fundamental: matrizes de referncia, tpicos e descritores. Braslia: MEC, SEB; Inep, 2008. 200 p.

    FERNANDES, V. M. J.; CURI, E. Algumas reflexes sobre a formao inicial de professores para ensinar matemtica nos anos iniciais do ensino fundamental. RENCIMA - Revista de Ensino de Cincias e Matemtica, v. 3, p. 44-53, 2012.

    ______; CURI, E. Sobre a formao do professor dos anos iniciais do ensino fundamental no Brasil: retrospectiva histrica e tendncias atuais. In: SIMPSIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAO MATEMTICA, 3., 2012, Fortaleza. Anais. Fortaleza: SIPEMAT, 2012.

    INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANSIO TEIXEIRA - INEP. Prova Brasil e Saeb. Disponvel em http://portal.inep.gov.br/. Acesso em: 15/01/12.

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    KAMII, C. A criana e o nmero. Campinas: Papirus, 1984.

    LERNER, D.; SADOVSKY, P. O sistema de numerao: um problema didtico. In: PARRA, Ceclia; SAIZ Irma. (et al.) (Org.). Didtica da matemtica: reflexes psicopedaggicas. Traduo por Juan Acua Llorens. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1996. p. 73-155.

    MOREIRA, M. A. A teoria dos campos conceituais de Vergnaud, o ensino de cincia e a pesquisa nesta rea. Investigao em Ensino de Cincias, Porto Alegre/RS, v. 7, p. 7-29, 2002.

    MORENO, B. R. O ensino do numero e do sistema de numerao na educao infantil e na 1 srie. In: PANIZZA, M. et al. Ensinar matemtica na educao infantil e nas sries iniciais: anlise e propostas. Porto Alegre: Artmed, 2006.

    NACARATO, A. M; MENGALI, B. L. S; PASSOS, C. L. B. A matemtica nos anos iniciais do ensino fundamental: Tecendo fios do ensinar e do aprender. Belo Horizonte. Autntica Editora. 2009. (Tendncias em Educao Matemtica)

    PANIZZA, M. et AL. Ensinar matemtica na educao infantil e nas sries iniciais: anlise e propostas. Porto Alegre: Artmed, 2006.

    PIRES, C. M. C., Educao matemtica: conversas com professores dos anos iniciais. So Paulo: Z-Zapt, 2012.

    SANTOS, C. A. B.; CURI, E. Produo do grupo colaborativo em relao ao ensino do sistema de numerao decimal. In: CURI, E.; NASCIMENTO, J. C. P. (Org.). Educao matemtica: grupos colaborativos, mitos e prticas. So

  • Tereza Cristina Bastos Silva Lima

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    Paulo: Terracota, 2012. 204 p.

    VERGNAUD, G. A teoria dos campos conceituais. In: BRUN, J. (Ed.). Didctica das matemticas. Lisboa: Portugal: Instituto Piaget, 1996. p 155-191.

    ______. A criana, a matemtica e a realidade: problemas do ensino da matemtica na escola elementar. Trad. Maria Lucia Faria Moro; reviso tcnica Maria Tereza Carneiro Soares. Curitiba: Ed. da UFPR, 2009.