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5/11/2018 RESUMO -USP - JHVS - slidepdf.com
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A POLIDEZ A SERVIÇO DAS APARÊNCIAS: O DISCURSO DE PROFESSORESSOBRE A INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NA ESCOLA
Jorge Henrique Vieira Santos (UFS)
RESUMO
A polidez linguística pode ser entendida como fruto da necessidade do homem de manter o
equilíbrio de suas relações interpessoais. Os falantes empregam estratégias de polidez em suas
interações verbais, com o propósito de mantê-las livre de possíveis conflitos. Tais estratégias
podem ser verificadas no discurso de professores sobre a inclusão de pessoas com deficiência
no ambiente escolar. Acredita-se que esses professores façam uso da polidez não só paramanter a harmonia das relações interpessoais, mas, principalmente, para projetar, preservar e
confirmar imagens de si e do grupo ao qual pertencem, em conformidade com o que é tido
como politicamente correto. Objetiva-se investigar a polidez linguística presente no discursode professores, discutindo as razões que subjazem ao seu uso e suas implicações para o
efetivo processo de inclusão escolar da pessoa com deficiência, a partir dos seguintesquestionamentos: a) Quais estratégias de polidez podem ser verificadas no discurso dos
professores sobre a inclusão da pessoa com deficiência em salas regulares? b) Que motivos
levam os professores a empregarem estratégias de polidez em seu discurso? c) Que efeitos
esse discurso polido pode produzir para o processo de inclusão da pessoa com deficiência no
ambiente escolar? A pesquisa fundamentou-se nos conceitos fornecidos pelas teorias
pragmáticas, no que concerne à polidez, a partir do modelo proposto por Brown e Levinson
(1987 [1978]), segundo as reformulações e os aperfeiçoamentos feitos por Kerbrat-Orecchioni
(2004; 2006), associados a outras reflexões fornecidas, sobretudo, pelos estudos de Rodriguez(2010), Goffman (2008) e Bravo (2000). Articulam-se tais conceitos à questão da deficiência,
que é apresentada e discutida a partir das contribuições de alguns autores, dentre os quais,
Pessotti (1984), Pereira (2006), Diniz (2010), Mazzotta (2005), Matos (2007) e Souza (2009).
Constituiu-se o corpus dessa pesquisa a partir dos dados gerados de discussões focalizadas
sobre o tema inclusão da pessoa com deficiência na escola, desencadeadas entre dois Grupos
Focais de professores do Ensino Fundamental da rede estadual de ensino de Sergipe. Embora
os Grupos Focais tenham sido a principal fonte, houve ainda a triangulação dos dados
colhidos com questionário diagnóstico, entrevistas individuais e observação participante. Aanálise dos dados até então realizada demonstra que a polidez, sobretudo a que se verifica no
discurso de alguns professores sobre a pessoa com deficiência em situação de inclusão
escolar, serve, principalmente, à projeção, preservação e confirmação de imagens de si dosprofessores e do grupo a que pertencem. Além disso, tais imagens decorrem de projeções dos
valores da ideologia da sociedade sobre o indivíduo e se impõe a este sob a forma de um
sistema de aparências. Assim, atos e palavras integram uma representação que, mesmo a
contragosto, o indivíduo cumpre, a fim de se inscrever num grupo e de não se deixar
classificar como estranho ou desviante do que é considerado apropriado ou adequado. Esse
jogo de aparências mascara procedimentos negativos à inclusão efetiva da pessoa com
deficiência na escola e na sociedade.
Palavras-chave: Polidez. Politicamente correto. Imagem de si. Pessoa com deficiência.