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O ROMANTISMO EM PORTUGUAL As origens do Romantismo estão ligadas às transformações econômicas, Políticas, Sociais e ideológicas, ocorridas ao longo do século XVIII, que levaram a burguesia ao poder. Refletindo os ideais do liberalismo, a nova escola recusa a imitação dos modelos clássicos e proclama a liberdade de criação. O individualismo burguês exprime-se, nas artes e na literatura, pelo subjetivismo e pelo emocionalismo exacerbados. Na literatura portuguesa, assim como nas outras literaturas europeias, o Romantismo evolui em três fases ou gerações. A Primeira geração apresenta ainda traços do neoclassicismo, escola em que se formaram os primeiros autores românticos. Predominam os temas nacionalistas, históricos e medievalistas. Em Portugal os principais autores dessa fase são Almeida Garret, introdutor do Romantismo (com a publicação do poema narrativo “Camões”, de 1825), e Alexandre Herculano, historiador e autor de romances medievalistas. A Segunda geração recebe o nome de ultrarromantismo, em razão dos excessos do subjetivismo e do emocionalismo de seus autores. A egolatria ultrarromântica conduz a um intenso pessimismo, ao culto da melancolia, ao escapismo e ao desejo da morte. O principal autor português é o novelista Camilo Castelo Branco, cuja produção se estende para além dos limites de sua geração, alcançando o Realismo. Sua novela Amor de perdição é a obra emblemática desse período. A terceira geração, embora mantendo o tom emocional romântico, engaja-se nas questões sociais e políticas de sua época. Em Portugal destaca-se o poeta João de Deus, que retoma as tradições líricas da poesia lusitana, e prosador Júlio Dinis, que constrói em suas novelas um grande painel da vida simples das aldeias portuguesas.

Resumo - História Da Literatura

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Literatura 3ª Ano - revisão de literatua

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O ROMANTISMO EM PORTUGUAL

As origens do Romantismo estão ligadas às transformações econômicas, Políticas, Sociais e ideológicas, ocorridas ao longo do século XVIII, que levaram a burguesia ao poder. Refletindo os ideais do liberalismo, a nova escola recusa a imitação dos modelos clássicos e proclama a liberdade de criação. O individualismo burguês exprime-se, nas artes e na literatura, pelo subjetivismo e pelo emocionalismo exacerbados.

Na literatura portuguesa, assim como nas outras literaturas europeias, o Romantismo evolui em três fases ou gerações.

A Primeira geração apresenta ainda traços do neoclassicismo, escola em que se formaram os primeiros autores românticos. Predominam os temas nacionalistas, históricos e medievalistas. Em Portugal os principais autores dessa fase são Almeida Garret, introdutor do Romantismo (com a publicação do poema narrativo “Camões”, de 1825), e Alexandre Herculano, historiador e autor de romances medievalistas.

A Segunda geração recebe o nome de ultrarromantismo, em razão dos excessos do subjetivismo e do emocionalismo de seus autores. A egolatria ultrarromântica conduz a um intenso pessimismo, ao culto da melancolia, ao escapismo e ao desejo da morte. O principal autor português é o novelista Camilo Castelo Branco, cuja produção se estende para além dos limites de sua geração, alcançando o Realismo. Sua novela Amor de perdição é a obra emblemática desse período.

A terceira geração, embora mantendo o tom emocional romântico, engaja-se nas questões sociais e políticas de sua época. Em Portugal destaca-se o poeta João de Deus, que retoma as tradições líricas da poesia lusitana, e prosador Júlio Dinis, que constrói em suas novelas um grande painel da vida simples das aldeias portuguesas.

O ROMANTISMO NO BRASIL: A POESIA ROMÂNTICA BRASILEIRA

O Romantismo é a escola literária do Brasil – Império. Iniciou-se na segunda década após a independência e vigorou até as vésperas da República. Sua história está intimamente ligada às transformações políticas e sociais desse período.

Os limites convencionais da escola são: 1836: lançamento da Niterói – revista brasiliense e publicação do livro de poemas

Suspiros poéticos e saudades, de Domingos José Gonçalves de Magalhães. 1881: início do Realismo – Naturalismo

A Poesia Romântica

A evolução da poesia Romântica foi marcada pela sucessão de três gerações de poetas.

Primeira Geração: dedicada aos temas nacionalistas – indianismo, cor local. Principal autor: Gonçalves Dias.

Segunda Geração: Por causa dos excessos do subjetivismo e do emocionalismo, é chamada de geração Ultrarromântica. O pessimismo, o escapismo, o culto da morte seriam os sintomas do “mal do século” (doença do século), expressão comumente utilizada para descrever as características

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dessa geração. Principais autores: Junqueira Freire, Casimiro de Abreu e Álvares de Azevedo.

Terceira geração: seu principal tema é a liberdade. Engajada na discussão de idéias sociais e políticas, participou intensamente das grandes campanhas de sua época, como a republicana e a abolicionista. Em razão do tom exaltado e retórico que utiliza, é chamada de geração “Condoreira” – o condor simboliza o alto vôo da imaginação a serviço da liberdade. Principais autores: Fagundes Varela (que pode ser também incluído na segunda geração) e Castro alves.

A PROSA ROMÂNTICA BRASILEIRA

Na literatura, a prosa de ficção só tem início no Romantismo. Assim, A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, publicado em 1844, é considerado o primeiro romance não só dessa escola literária como também de nossa literatura.

Compreende-se, então, que os prosadores românticos tenham assumido sua produção literatura com uma missão: preencher os vazios da representação simbólica da identidade nacional. José de Alencar foi quem levou mais longe e com maior qualidade estética esse “projeto”. Seus romances indianistas, regionalistas, históricos e urbanos exerceram grande influência em sua época e são ainda referência obrigatória em nossa tradição.

Uma obra destaca-se no conjunto de nossa prosa romântica: as Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida. O autor fugiu aos padrões e chavões românticos, focalizando as classes populares e criando um herói malandro que se tornou um modelo em nossa literatura.

Também é do Romantismo o início do teatro brasileiro. A maioria dos poetas e prosadores dedicou-se a esse gênero, mas cabe a Martins Pena o título de iniciador e de principal autor dramático. Sua Obra, de caráter cômico – popular, tem semelhanças com o romance de Manuel Antônio de Almeida.

O REALISMO E O NATURALISMO EM PORTUGAL

As escolas Realistas que se desenvolveram ao longo da segunda metade do século XIX, concentrando-se no Realismo e no Naturalismo europeus. Nascidos na França, ambos os estilos, cujas semelhanças e diferenças veremos no próximo capítulo, estão ligados à consolidação do poder burguês, graças a um avanço industrial e científico vertiginosos.

De um lado, esse avanço desencadeou o surgimento da Geração Materialista ou Geração de 70, marcada por um racionalismo de cunho cientificista centrado no gigantesco desenvolvimento das ciências biológicas. De outro, os abusos do modelo burguês capitalista, em relação à exploração dos trabalhadores, desencadearam movimentos proletários reivindicatórios que culminaram com a sangrenta Comuna de Paris.

O Realismo e o Naturalismo utilizaram os valores em voga na época (racionalismo, objetivismo, verísmo) em prol de uma arte engajada, que desnudasse e demolisse as desigualdades sociais provocadas pelo domínio burguês.

Em Portugal, o declínio do Romantismo e a ascensão do Realismo, oficialmente deflagrados pela Questão Coimbrã e pelas Conferências do Cassino Lisbonense, reivindicavam avanços específicos como a denúncia do atraso econômico e cultural do país em relação ao cenário europeu.

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Nesse contexto, sobressaem a magistral produção poética de Antero de Quental, dividida entre a paixão revolucionária e a especulação metafísica, e o “antilirismo” de Cesário Verde, cujo olhar para o prosaico, o trivial, o cotidiano “despoetizado” anuncia as correntes estéticas do século XX.

Na prosa, Eça de Queiroz atravessa o romantismo social inspirado em Victor Hugo, passa pelos famosos “romances de tese naturalistas” e chega à plenitude artística, tornando-se, ao lado de Antero de Quental, um dos maiores escritores em língua portuguesa.

O REALISMO NATURALISMO NO BRASIL

Você deve compreender as semelhanças e as diferenças entre o Realismo (mais aberto à interpretação do leitor, em sua apresentação objetiva da realidade) e o Naturalismo (de amplitude de leitura mais fechada, por causa da submissão à postura cientificista), os dois estilos exemplares da literatura a serviço da denúncia das desigualdades sociais e da tentativa de transformação da sociedade.

A época da vigência de ambos os estilos no Brasil consolidou o romance como meio artístico privilegiado de investigar a realidade brasileira em sua contradição fundamental, presente até nossos dias: a coexistência entre avanço e retrocesso.

Os anos que anunciam o final do século XIX testemunharam o surgimento de um período rico e diversificado em nosso país, como se percebe pela consolidação de projetos modernizadores: a extinção do tráfico negreiro, o início da industrialização, a Proclamação da República, a fundação da Academia Brasileira de Letras.

Como vimos, tais projetos nos trazem, além de imigrantes de vários países, as idéias avançadas do liberalismo europeu. No entanto, aqui elas convivem com a velha mentalidade agrária e oligárquica, fazendo surgir numa ponta os temas de Aluísio Azevedo (a discriminação racial e social, via proliferação de cortiços, dentre outras formas brutais de pobreza e desigualdades) e noutra os de Raul Pompéia (a “fina flor da sociedade brasileira” e sua crueldade, em particular no sistema educacional).

Veja no quadro abaixo as principais características de cada estilo literário.

REALISMO NATURALISMOInvestigação da sociedade e dos

caracteres individuais feita “de dentro para fora”, isto é, por uma análise psicológica capaz de abranger toda a sua complexidade, utilizando, entre outros recursos, a ironia, que sugere e aponta, em vez de afirmar.

Investigação da sociedade e dos caracteres individuais “de fora para dentro”; tendência à simplificação dos personagens, vistos como joguetes, títeres dos fatores biológicos e ambientais que determinam suas ações, pensamentos e sentimentos.

Ênfase nas relações entre o ser humano e a sociedade burguesa, atacando suas instituições e seus fundamentos ideológicos: o casamento, o clero, a escravização ao trabalho como meio de “vencer na vida”; as contradições entre ricos e pobres, vistas pela ótica dos “vencidos” (marginais, operários, prostitutas etc.) e não dos “vencedores” etc.

Ênfase na descrição das coletividades, dos tipos humanos que encarnam os vícios, as taras, as patologias e anormalidades reveladoras do parentesco entre o humano e o animal; no ser humano descendo à condição animalesca em sua situação de mero produto das circunstâncias externas, como a hereditariedade e o meio ambiente.

Tratamento imparcial e objetivo dos temas, que garante ao leitor um espaço de interpretação, de elaboração de suas conclusões a respeito das obras.

Tratamento dos temas com base em uma visão determinista que conduz e direciona as conclusões do leitor e empobrece literariamente os textos.

O REALISMO PSICOLÓGICO DE MACHADO DE ASSIS

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Machado de Assis, um dos maiores escritores brasileiro de todos os tempos, cultivou prosa de ficção (romance, conto), poesia, teatro, crítica, polêmica, jornalismo etc.

Criador de um Realismo psicológico sem precedentes, nem continuadores, que antecipa a modernidade literária, seu estilo é marcado sobretudo por enredo não linear, presença constante de digressões metalingüísticas, diálogos com o leitor e com as tradições literárias, humor sutil e permanente e análise psicológica/psicanalítica dos personagens, por meio de ironia fina e corrosiva.

A visão machadiana sobre o ser humano é chamada de pessimista por relativizar sistematicamente todos os valores instituídos, entre os quais se destacam o Romantismo e as idéias positivistas e deterministas vigentes na época.

PARNASIANISMO NO BRASIL

A expressão poética dessa fase ampliou de tal modo sua preocupação com a perfeição formal que se afastou da vida contemporânea, voltando-se para temas mitológicos e para a ideia de arte como mera expressão de beleza, com base nos padrões clássicos.

Compreende-se que a ideia de arte pela arte por um lado é considerada escapista (como foi a estética parnasiana), por outro ensina a lição antirromântica, que será bem aproveitada pelos modernistas do século XX, de que literatura não é confissão de sentimentos pessoais, mas, antes de tudo, árduo trabalho de linguagem.

No Brasil, o Parnasianismo se inseriu no processo de consolidação da vida literária nacional e da criação de uma “literatura oficial”, de caráter academicista, com a conseqüente oficialização do papel do escritor, representado por Olavo Bilac, conhecido como o “príncipe dos poetas brasileiros”, além de Alberto de Oliveira e Raimundo Correia.

O SIMBOLISMO EM PORTUGAL

O Simbolismo acontece em plena virada do século XIX para o século XX, em que se dá o início da crise do racionalismo burguês e de seu ideário positivista – determinista. As teorias científicas e filosóficas descobriram aspectos até então desconhecidos da psique humana, como o inconsciente, advindo da psicanálise de Freud.

É nesse contexto que surgem os poetas simbolistas, que se opões ao racionalismo e à objetividade da poesia parnasiana, recuperando o subjetivismo romântico e transformando-o em busca de experiências transcendentais. Ao mesmo tempo, não podemos esquecer que esses poetas herdaram do Parnasianismo a consciência da importância da forma e com ela inauguraram a ideia de literatura como exploração e pesquisa de linguagem, que prenuncia a Modernidade estética.

Os principais autores Simbolistas foram Eugênio de Castro, Antonio Nobre, Camilo Pessanha.

O SIMBOLISMO NO BRASIL

O Simbolismo brasileiro, se por um lado não apresentou a relevância do europeu, na tentativa de substituir a literatura oficial, predominantemente realista e parnasiana,

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por outro, além de opor-se escravismo do império, desenvolveu-se, em termos estéticos, brilhantemente.

Nesse contexto, destaca-se a figura de Cruz e Souza, o poeta cuja obra, ao mesmo tempo em que se volta aos pobres e aos deserdados, propõe ultrapassar os limites da condição humana, investigando-lhe a dimensão cósmica, por meio de uma sofisticada percepção do que há de grande e belo no universo das possibilidades metafísicas de redenção.