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2012 RELATÓRIO BR MAPEAMENTO COLABORATIVO DO MOSAICO SERTÃO VEREDAS-PERUAÇU MINAS GERAIS-BAHIA No Cerrado, um dos biomas mais ameaçados pelo avanço desregrado da fronteira produtiva, o Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu (MSVP) é uma peça fundamental para a manutenção e desenvolvimento de modelos econômicos que aliem conservação, produção e manutenção da diversidade cultural. Com quase 2 milhões de hectares distribuídos em onze municípios do norte de Minas Gerais e sudoeste da Bahia, ele foi decretado pelo Governo Federal em abril de 2009 e abriga doze unidades de conservação federais, estaduais e particulares, além de terras indígenas. Mosaicos são reconhecidos pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei 9.985/2000) e devem promover uma gestão integrada e participativa das áreas protegidas e de seus entornos. Palco de belezas cênicas e humanas que inspiraram João Guimarães Rosa a escrever uma das maiores obras de nossa literatura, Grande Sertão: Veredas (1956), o MSVP abriga uma complexa e única diversidade socioeconômica. Nesse contexto e esperando contribuir para a implantação e o fortalecimento do Mosaico, o WWF-Brasil apoiou o levantamento e o cruzamento de informações regionais sobre uso da terra, fluxos econômicos, recursos naturais e infraestrutura.

Respostas locais Próximos passos MAPEAMENTO …d3nehc6yl9qzo4.cloudfront.net/downloads/wwf_map_colab_sertao... · Página 2 Página 3 A construção dos mapas A empreitada começou

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WWF.ORG.BR• MAPEAMENTO COLABORATIVO DO MOSAICO SERTÃO VEREDAS-PERUAÇU • MINAS GERAIS-BAHIA

If there is no URL

With URL - Regular

OR

Why we are hereTo stop the degradation of the planet’s natural environment andto build a future in which humans live in harmony and nature.

Por que existimos

www.wwf.org.br

Para interromper a degradação do meio ambiente e construir umfuturo no qual seres humanos vivam em harmonia com a natureza

Respostas locaisAlém de detalhar regiões aproveitadas pelo extrativismo

e infraestrutura de apoio à produção e potencial turístico,

cada oficina também revelou diferentes expectativas e

preocupações das populações do Mosaico, variando de

necessidades básicas a melhorias em infraestrutura,

capacitação e presença do Poder Público.

Em Chapada Gaúcha, foram destacadas formação escolar

e técnica, bem como organização e fomento de cooperativas,

como principais medidas para viabilizar a produção

extrativista. Também foi elencada a necessidade de maior

oferta de assistência técnica para ampliar o aproveitamento

de frutíferas, artesanato e itens agroindustriais. Também

houve interesse na produção de carvão para consumo local

como suporte à renda familiar.

Saneamento básico, geração e destino do lixo e manutenção

de estradas ganharam relevância em Bonito de Minas.

Em seguida, vieram o apoio para captação de recursos e

produção por associações comunitárias.

Na oficina, também foi destacada a necessidade da

recuperação de áreas degradadas e da qualificação

da infraestrutura para o aproveitamento do Cerrado

pelo extrativismo, inclusive pela oportunidade de

comercialização para a merenda escolar.

Além dos temas destacados nas duas primeiras oficinas,

que priorizaram o fortalecimento das cooperativas com

assistência técnica, o beneficiamento e a comercialização

de itens extrativistas, as questões de infraestrutura e o

fortalecimento institucional, a reunião de Itacarambi

também se voltou para a agregação de valor à produção

primária, para o fortalecimento institucional e das

políticas públicas.

De cada encontro foram definidos encaminhamentos aos

setores público e privado para a redução dos entraves ao

desenvolvimento sustentável do MSVP.

Próximos passos Com este primeiro mapeamento colaborativo do Mosaico

Sertão Veredas-Peruaçu, o WWF-Brasil e instituições

parceiras esperam ter dado mais um passo na consolidação

de um dos espaços mais importantes para a conservação e

valorização do Cerrado.

Como foi ressaltando ao longo de todo o processo, o mesmo

não se encerra nas oficinas e na divulgação dos mapas,

mas avançará na medida em que tais informações se

tornarem instrumentos concretos para o desenvolvimento

sustentável da região.

Para tanto, a implantação de um sistema para

acompanhamento dos encaminhamentos das oficinas será

fundamental, bem como um estreitamento das relações

entre atores sociais, governamentais e privados, sempre

com vistas na construção de processos transparentes e

positivos para a superação das dificuldades e fortalecimento

das oportunidades regionais.

Relatório Consolidado das Oficinas de

Elaboração dos Mapas Colaborativos do Mosaico

Sertão Veredas-Peruaçu

http://migre.me/aEVKU (~ 3,8 MB)

Mapas colaborativos do Mosaico Sertão

Veredas-Peruaçu

http://migre.me/aAxsF (~ 5 MB)© 1986 Símbolo Panda WWF® “WWF” é uma marca registrada da rede WWFWWF-Brasil: SHIS EQ QL 6/8, Conjunto E – CEP 71620-430, Brasília, DF – (55+61) 3364-7400

2012

RELATÓRIO

BR

MAPEAMENTO COLABORATIVO DO MOSAICO SERTÃO VEREDAS-PERUAÇUMINAS GERAIS-BAHIA

A visão de que o Sertão é pobre, é o contrário! O Sertão é rico, é a nossa caixa d’água. Onde nasce a água e vai rolando por aí. Vou apresentar as minhas façanhas: o Sertão me mostra o tamanho que eu sou. Que a gente comece a se entender e se entender com o meio ambiente. Pois sem o meio ambiente a gente não vive”. DA OFICINA DE ITACARAMBI

No Cerrado, um dos biomas mais ameaçados pelo avanço desregrado da fronteira

produtiva, o Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu (MSVP) é uma peça fundamental para a

manutenção e desenvolvimento de modelos econômicos que aliem conservação, produção e

manutenção da diversidade cultural.

Com quase 2 milhões de hectares distribuídos em onze municípios do norte de Minas

Gerais e sudoeste da Bahia, ele foi decretado pelo Governo Federal em abril de 2009 e abriga

doze unidades de conservação federais, estaduais e particulares, além de terras indígenas.

Mosaicos são reconhecidos pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei

9.985/2000) e devem promover uma gestão integrada e participativa das áreas protegidas e

de seus entornos.

Palco de belezas cênicas e humanas que inspiraram João Guimarães Rosa a escrever uma

das maiores obras de nossa literatura, Grande Sertão: Veredas (1956), o MSVP abriga uma

complexa e única diversidade socioeconômica.

Nesse contexto e esperando contribuir para a implantação e o fortalecimento do Mosaico, o

WWF-Brasil apoiou o levantamento e o cruzamento de informações regionais sobre uso da

terra, fluxos econômicos, recursos naturais e infraestrutura.

© W

WF-

BR

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BE

NTO

VIA

NA

Vale que abriga a comunidade Buraquinhos (Chapada Gaúcha)

Página 3Página 2

A construção dos mapasA empreitada começou em dezembro de 2011, quando o

Conselho Consultivo do MVSP conheceu a proposta para

o mapeamento.

Em seguida, três oficinas foram realizadas no primeiro

semestre de 2012, nos municípios mineiros de Chapada

Gaúcha, Bonito de Minas e Itacarambi. Elas foram

apoiadas pelas prefeituras, pela Fundação Pró-Natureza,

Cáritas Diocesana de Januária e pelo Instituto Estadual

de Florestas de Minas Gerais.

Os encontros reuniram mais de cem representantes

de populações tradicionais e camponesas, do

agronegócio e das esferas de governo federal, estadual

e municipal, entre outros. Adiante, os resultados

foram sistematizados e dispostos sobre inéditos mapas

colaborativos, lançados em outubro de 2012.

Construir e difundir informações com coletividade e

democracia é fundamental, ainda mais para regiões tão

distintas como o MSVP. Isso reforça a possibilidade de

que as inúmeras riquezas e potencialidades regionais

sejam ainda mais reconhecidas e aproveitadas de forma

sustentável pelos setores que lá atuam.

Nesse contexto, o mapeamento colaborativo contribui

com outras iniciativas em curso na região, como

o Plano de Desenvolvimento Territorial de Base

Conservacionista.

© W

WF-

BR

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LON

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NS

ULT

OR

IA

Vamos integrar o ambiente e a preservação? Apesar da minha pouca experiência, vou me inteirar com essa riqueza, como os frutos que hoje geram renda para as famílias. Porque o sertão é nossa mãe, sabendo cuidar não vai faltar, plantando mas com cuidado porque é uma área frágil, de areia. Eu amo o sertão! ”. DA OFICINA DE CHAPADA GAÚCHA

Somos plantadores de água para o São Francisco, temos o turismo e o extrativismo para o desenvolvimento socioprodutivo em parceria com o homem do campo. Eu me realizo com o pequi, me identifico com a minha casa, o cerrado, onde quero trabalhar com os frutos diversificados. Preservar e produzir para no futuro continuar desfrutando, como os papagaios ”. DA OFICINA DE BONITO DE MINAS

Exemplo de mapeamento de áreas usadas por populações extrativistas e da infraestrutura de apoio à produção no Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu. Mapa: WWF-Brasil

Participantes da oficina em Bonito de Minas (MG)

Página 3Página 2

A construção dos mapasA empreitada começou em dezembro de 2011, quando o

Conselho Consultivo do MVSP conheceu a proposta para

o mapeamento.

Em seguida, três oficinas foram realizadas no primeiro

semestre de 2012, nos municípios mineiros de Chapada

Gaúcha, Bonito de Minas e Itacarambi. Elas foram

apoiadas pelas prefeituras, pela Fundação Pró-Natureza,

Cáritas Diocesana de Januária e pelo Instituto Estadual

de Florestas de Minas Gerais.

Os encontros reuniram mais de cem representantes

de populações tradicionais e camponesas, do

agronegócio e das esferas de governo federal, estadual

e municipal, entre outros. Adiante, os resultados

foram sistematizados e dispostos sobre inéditos mapas

colaborativos, lançados em outubro de 2012.

Construir e difundir informações com coletividade e

democracia é fundamental, ainda mais para regiões tão

distintas como o MSVP. Isso reforça a possibilidade de

que as inúmeras riquezas e potencialidades regionais

sejam ainda mais reconhecidas e aproveitadas de forma

sustentável pelos setores que lá atuam.

Nesse contexto, o mapeamento colaborativo contribui

com outras iniciativas em curso na região, como

o Plano de Desenvolvimento Territorial de Base

Conservacionista.

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Vamos integrar o ambiente e a preservação? Apesar da minha pouca experiência, vou me inteirar com essa riqueza, como os frutos que hoje geram renda para as famílias. Porque o sertão é nossa mãe, sabendo cuidar não vai faltar, plantando mas com cuidado porque é uma área frágil, de areia. Eu amo o sertão! ”. DA OFICINA DE CHAPADA GAÚCHA

Somos plantadores de água para o São Francisco, temos o turismo e o extrativismo para o desenvolvimento socioprodutivo em parceria com o homem do campo. Eu me realizo com o pequi, me identifico com a minha casa, o cerrado, onde quero trabalhar com os frutos diversificados. Preservar e produzir para no futuro continuar desfrutando, como os papagaios ”. DA OFICINA DE BONITO DE MINAS

Exemplo de mapeamento de áreas usadas por populações extrativistas e da infraestrutura de apoio à produção no Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu. Mapa: WWF-Brasil

Participantes da oficina em Bonito de Minas (MG)

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Why we are hereTo stop the degradation of the planet’s natural environment andto build a future in which humans live in harmony and nature.

Por que existimos

www.wwf.org.br

Para interromper a degradação do meio ambiente e construir umfuturo no qual seres humanos vivam em harmonia com a natureza

Respostas locaisAlém de detalhar regiões aproveitadas pelo extrativismo

e infraestrutura de apoio à produção e potencial turístico,

cada oficina também revelou diferentes expectativas e

preocupações das populações do Mosaico, variando de

necessidades básicas a melhorias em infraestrutura,

capacitação e presença do Poder Público.

Em Chapada Gaúcha, foram destacadas formação escolar

e técnica, bem como organização e fomento de cooperativas,

como principais medidas para viabilizar a produção

extrativista. Também foi elencada a necessidade de maior

oferta de assistência técnica para ampliar o aproveitamento

de frutíferas, artesanato e itens agroindustriais. Também

houve interesse na produção de carvão para consumo local

como suporte à renda familiar.

Saneamento básico, geração e destino do lixo e manutenção

de estradas ganharam relevância em Bonito de Minas.

Em seguida, vieram o apoio para captação de recursos e

produção por associações comunitárias.

Na oficina, também foi destacada a necessidade da

recuperação de áreas degradadas e da qualificação

da infraestrutura para o aproveitamento do Cerrado

pelo extrativismo, inclusive pela oportunidade de

comercialização para a merenda escolar.

Além dos temas destacados nas duas primeiras oficinas,

que priorizaram o fortalecimento das cooperativas com

assistência técnica, o beneficiamento e a comercialização

de itens extrativistas, as questões de infraestrutura e o

fortalecimento institucional, a reunião de Itacarambi

também se voltou para a agregação de valor à produção

primária, para o fortalecimento institucional e das

políticas públicas.

De cada encontro foram definidos encaminhamentos aos

setores público e privado para a redução dos entraves ao

desenvolvimento sustentável do MSVP.

Próximos passos Com este primeiro mapeamento colaborativo do Mosaico

Sertão Veredas-Peruaçu, o WWF-Brasil e instituições

parceiras esperam ter dado mais um passo na consolidação

de um dos espaços mais importantes para a conservação e

valorização do Cerrado.

Como foi ressaltando ao longo de todo o processo, o mesmo

não se encerra nas oficinas e na divulgação dos mapas,

mas avançará na medida em que tais informações se

tornarem instrumentos concretos para o desenvolvimento

sustentável da região.

Para tanto, a implantação de um sistema para

acompanhamento dos encaminhamentos das oficinas será

fundamental, bem como um estreitamento das relações

entre atores sociais, governamentais e privados, sempre

com vistas na construção de processos transparentes e

positivos para a superação das dificuldades e fortalecimento

das oportunidades regionais.

Relatório Consolidado das Oficinas de

Elaboração dos Mapas Colaborativos do Mosaico

Sertão Veredas-Peruaçu

http://migre.me/aEVKU (~ 3,8 MB)

Mapas colaborativos do Mosaico Sertão

Veredas-Peruaçu

http://migre.me/aAxsF (~ 5 MB)© 1986 Símbolo Panda WWF® “WWF” é uma marca registrada da rede WWFWWF-Brasil: SHIS EQ QL 6/8, Conjunto E – CEP 71620-430, Brasília, DF – (55+61) 3364-7400

2012

RELATÓRIO

BR

MAPEAMENTO COLABORATIVO DO MOSAICO SERTÃO VEREDAS-PERUAÇUMINAS GERAIS-BAHIA

A visão de que o Sertão é pobre, é o contrário! O Sertão é rico, é a nossa caixa d’água. Onde nasce a água e vai rolando por aí. Vou apresentar as minhas façanhas: o Sertão me mostra o tamanho que eu sou. Que a gente comece a se entender e se entender com o meio ambiente. Pois sem o meio ambiente a gente não vive”. DA OFICINA DE ITACARAMBI

No Cerrado, um dos biomas mais ameaçados pelo avanço desregrado da fronteira

produtiva, o Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu (MSVP) é uma peça fundamental para a

manutenção e desenvolvimento de modelos econômicos que aliem conservação, produção e

manutenção da diversidade cultural.

Com quase 2 milhões de hectares distribuídos em onze municípios do norte de Minas

Gerais e sudoeste da Bahia, ele foi decretado pelo Governo Federal em abril de 2009 e abriga

doze unidades de conservação federais, estaduais e particulares, além de terras indígenas.

Mosaicos são reconhecidos pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei

9.985/2000) e devem promover uma gestão integrada e participativa das áreas protegidas e

de seus entornos.

Palco de belezas cênicas e humanas que inspiraram João Guimarães Rosa a escrever uma

das maiores obras de nossa literatura, Grande Sertão: Veredas (1956), o MSVP abriga uma

complexa e única diversidade socioeconômica.

Nesse contexto e esperando contribuir para a implantação e o fortalecimento do Mosaico, o

WWF-Brasil apoiou o levantamento e o cruzamento de informações regionais sobre uso da

terra, fluxos econômicos, recursos naturais e infraestrutura.

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