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PLANO DE MANEJO
Reserva Particular do Patrimônio Natural
Ave Lavrinha
Março de 2009
2
Ave Lavrinha I
Uma solidão necessária se chama Vale da Lavrinha
Nosso Vácuo entre Montanhas
Entre o puro céu e o nem tanto mar
No limite máximo do ser em paz
Local onde busquei
Por tantos anos
Um cantinho de águas frias
Flores silvestres
Moinho e monjolo
De pura poesia
E onde encontrei
Enfim
Um pavão sem pose
Uma terra sem males
Castigada pela pastagem
Longe do árido
E do mofo
Das grandes cidades
(Nietta Lindenberg Monte, 2002)
3
Sumário
APRESENTAÇÃO.............................................................................................................................. 6
Lista de Siglas ................................................................................................................................... 7
Lista de Figuras ................................................................................................................................. 8
CAPÍTULO 1 – INFORMAÇÕES GERAIS ....................................................................................... 10
1.1. BASES LEGAIS DAS RPPN NO BRASIL................................................................................. 10
1.2. INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A RPPN AVE LAVRINHA ................................................. 11
1.2.1. LOCALIZAÇÃO .............................................................................................................. 12
1.2.2. ÁREA TOTAL E LIMITES DA RPPN ................................................................................. 12
1.2.3. FORMAS DE ACESSO .................................................................................................... 14
1.2.4. HISTÓRICO .................................................................................................................. 15
1.3. FICHA RESUMO ....................................................................................................................... 19
CAPÍTULO 2 – DIAGNÓSTICO DA RPPN AVE LAVRINHA E REGIÃO DO ENTORNO ............... 20
2.1. A FAZENDA LAVRINHA ............................................................................................................ 20
2.1.1. INFRAESTRUTURA DA FAZENDA .................................................................................... 21
2.1.2. ATIVIDADES PRODUTIVAS ............................................................................................. 23
2.1.3. VIVEIRO FLORESTAL .................................................................................................... 24
2.1.4. PLANEJAMENTO CONSERVACIONISTA ............................................................................ 24
2.1.5. ATIVIDADES DE PESQUISA ............................................................................................ 26
2.2. A RPPN AVE LAVRINHA .......................................................................................................... 27
2.3. CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO DO ENTORNO DA RPPN AVE LAVRINHA ........................ 29
2.3.1. A SERRA DA MANTIQUEIRA .......................................................................................... 30
2.3.2. HISTÓRIA .................................................................................................................... 30
2.3.3. BOCAINA DE MINAS ..................................................................................................... 31
2.3.3.1. Clima ........................................................................................................ 37
4
2.3.3.2. Vegetação ................................................................................................ 38
2.3.3.3. Fauna ....................................................................................................... 39
2.3.3.4. Hidrografia ................................................................................................ 41
2.3.4. A SUB-BACIA DO CÓRREGO DA LAVRINHA ...................................................................... 41
2.3.4.1. População residente ................................................................................. 41
2.3.4.2. Relevo ...................................................................................................... 42
2.3.4.3. Uso atual do solo na sub-bacia do córrego da Lavrinha .......................... 46
2.3.4.4. Recursos hídricos na sub-bacia do Córrego da Lavrinha ........................ 47
2.3.4.5. Rendimento específico das nascentes ..................................................... 50
2.3.4.6. Qualidade dos recursos hídricos superficiais na sub-bacia hidrográfica do
Córrego da Lavrinha ................................................................................. 51
2.3.4.7. Enquadramento dos recursos hídricos superficiais da sub-bacia do córrego
da Lavrinha em classes estabelecidas pela Resolução 357/05 –
CONAMA................................................................................................... 53
2.4. POSSIBILIDADES DE CONECTIVIDADE ................................................................................ 56
2.4.1. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA REGIÃO DA RPPN AVE LAVRINHA ............................... 56
CAPÍTULO 3 – PLANEJAMENTO .................................................................................................. 58
3.1. ANÁLISE ESTRATÉGICA ......................................................................................................... 58
3.1.1. DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO E ANÁLISE ESTRATÉGICA ................................................... 58
3.1.2. OBJETIVOS GERAIS DE MANEJO ................................................................................... 62
3.1.3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE MANEJO ........................................................................... 63
3.1.4. NORMAS GERAIS ......................................................................................................... 63
3.2. ZONEAMENTO ......................................................................................................................... 64
3.2.1. ZONA SILVESTRE ......................................................................................................... 65
3.2.2. ZONA DE PROTEÇÃO .................................................................................................... 67
3.2.3. ZONA DE RECUPERAÇÃO ............................................................................................. 69
3.2.3. ZONA DE TRANSIÇÃO ................................................................................................... 71
5
3.3. PROGRAMAS DE MANEJO .................................................................................................... 72
3.3.1. PROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO ................................................................................... 72
3.3.2 PROGRAMA DE PROTEÇÃO E FISCALIZAÇÃO ................................................................... 75
3.3.3. PESQUISA E MONITORAMENTO ..................................................................................... 77
3.3.4. EDUCAÇÃO AMBIENTAL.................................................................................................80
3.3.5 SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA ................................................................................... 81
3.3.6. PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO ..................................................................................... 82
3.4. PROJETOS ESPECÍFICOS ...................................................................................................... 84
3.5. PLANEJAMENTO OPERACIONAL .......................................................................................... 84
EQUIPE TÉCNICA ........................................................................................................................... 91
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................. 92
ANEXO I
Sinalização indicativa da RPPN Ave Lavrinha ................................................................................ 94
ANEXO II
Portaria Nº 02, de 03 de janeiro 2006 ..............................................................................................95
ANEXO III
Portaria No 351, De 11 de dezembro de 2006 ................................................................................ 99
ANEXO IV
Árvores presentes nas matas da Fazenda Lavrinha ..................................................................... 102
ANEXO V
Fauna encontrada na Fazenda Lavrinha.........................................................................................103
ANEXO VI
Diagnóstico de avifauna – RPPN Ave Lavrinha ............................................................................ 104
6
APRESENTAÇÃO
Este Plano de Manejo é resultado da amizade e da parceria vivida entre os proprietários da
RPPN Ave Lavrinha, Nietta Lindenberg do Monte, André Cauty, sua familia, amigos e vizinhos: o
zootecnista Nilo Salgado Jardim, também proprietário rural, morador do entorno da Reserva,
importante mentor de sua criação e implementação; as biólogas, Branca Opazo Medina e Julieta
Matos Freschi, os produtores rurais, vizinhos e funcionários da Fazenda Lavrinha, Vicente de
Paula Costa e Alessandro Costa. Também, contou-se, antes e durante a elaboração do Plano, com
as atividades de campo e os resultados de pesquisa de um conjunto de especialistas nos temas
abordados: o engenheiro florestal Marco Aurélio Leite Fontes e sua orientanda Marilia Salgado
Martins, o ornitólogo Henrique Rajão, seu assistente Carlos Esteves e a fotógrafa Lena Trindade,
além de outros do corpo discente e docente da Universidade Federal de Lavras, sob a
coordenação do engenheiro agrícola Antonio Marciano da Silva; estes realizaram o levantamento
de importantes dados sobre a situação atual da micro-região onde se situa a RPPN, a partir dos
quais aspectos do diagnóstico socioambiental puderam se fundamentar.
Dessa maneira, por meio de uma série de levantamentos de campo, reuniões e oficinas,
ao longo do ano de 2008, o grupo consolidou a proposta para a Reserva, que contempla o
zoneamento da área e os programas de manejo necessários ao atendimento dos anseios dos
proprietarios e de seus amigos.
O Plano de Manejo da RPPN Ave Lavrinha foi elaborado conforme as recomendações do
“Roteiro Metodológico para Elaboração de Plano de Manejo para Reservas Particulares do
Patrimônio Natural” publicado pelo IBAMA (FERREIRA, 2004). Ele é composto pelos Capítulos 1 a
3 e anexos, conforme descrito a seguir:
– Capítulo 1 – Informações Gerais: apresenta as bases legais que regem as reservas privadas
no Brasil e informações gerais sobre a RPPN Ave Lavrinha.
– Capítulo 2 – Diagnóstico da RPPN Ave Lavrinha e região do entorno: neste capítulo são
apresentados os fatores físicos, bióticos, histórico-culturais e resultados de pesquisas relacionados
à Fazenda Lavrinha, à RPPN Ave Lavrinha, à sub-bacia do córrego da Lavrinha e ao município de
Bocaina de Minas.
– Capítulo 3 – Planejamento: trata do planejamento da RPPN, abordando a avaliação estratégica
da Reserva, os objetivos específicos de manejo, o zoneamento e o planejamento por áreas de
atuação, com seus respectivos cronogramas físicos de execução, que detalham atividades
necessárias à implementação do Plano de Manejo, num horizonte de 05 (cinco) anos.
7
LISTA DE SIGLAS
APA: Área de Proteção Ambiental APP: Área de Preservação Permanente BO: Bocaina de Minas BR: Rodovia Federal CEPF: Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (do inglês) CF: Coliformes fecais CT: Coliformes totais CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente Cwb: Classificação climática de Köppen (mesotérmico de verões brandos e suaves e estiagem de inverno) DAE: Departamento de Administração e Economia DBO: Demanda bioquímica de Oxigênio DCF: Departamento de Ciências Florestais DEG: Departamento de Engenharia EMATER: Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural GD1: Unidade de Planejamento da bacia do rio Grande IBAMA: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBDF: Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICMBio: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade ICMS: Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços IDH: Índice de Desenvolvimento Humano IEF: Instituto Estadual de Florestas IGAM: Instituto Mineiro de Gestão das Águas IQA: Índice de qualidade das águas ITR: Imposto territorial rural IUCN: União Internacional para a Conservação da Natureza MG: Minas Gerais NO3
-: Nitrito OD: Oxigênio dissolvido ONG: Organização não governamental pH: potencial hidrogeniônico PO4: Fosfato PS1: Unidade de Planejamento da bacia do rio Paraíba do Sul RJ: Rio de Janeiro RPPN: Reserva Particular do Patrimônio Natural SNUC: Sistema Nacional de Unidades de Conservação UC: Unidades de Conservação UFLA: Universidade Federal de Lavras UTM: Universal Transversa Mercator WGr: Oeste de Greenwich (do inglês)
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Localização da RPPN Ave Lavrinha (Mapa base: IGA)
Figura 2: Mapa da Fazenda e da RPPN Ave Lavrinha
Figura 3: Principais roteiros de acesso à RPPN Ave Lavrinha
Figura 4: Imagem do satélite IKONOS (2003) destacando as glebas da Fazenda Lavrinha
Figura 5: Glebas da Fazenda Lavrinha e respectivas áreas
Figura 6: Casa Sede
Figura 7: Casa Azul
Figura 8: Casa Verde
Figura 9: Casa Vermelha
Figura 10: Gerador de energia elétrica
Figura 11: Detalhe da captação de água
Figura 12 : Reservatório
Figura 13: Pastagem de capim braquiária
Figura 14: Carneiros
Figura 15: Zoneamento da Fazenda Lavrinha (Planejamento Conservacionista - Jardim, 2003)
Figura 16: Antonio Couto e Vinícius Lopes (UFLA) executando o monitoramento de nascentes
Figura 17: Vinícius Lopes
Figura 18: Trilhas de acesso à RPPN Ave Lavrinha
Figura 19: Carlos Esteves
Figura 20: Carlos Esteves, durante o levantamento da avifauna; Beija-flor-de-topete (Stephanoxis lalandi)
Figura 21: Localização do município de Bocaina de Minas no estado de Minas Gerais
Figura 22: Dados referentes ao 4o trimestre de 2007 (Fundação João Pinheiro)
Figura 23: Valores por Unidade de Conservação - Junho/2008 (Fundação João Pinheiro)
Figura 24: Mapa de uso atual do solo do município de Bocaina de Minas – MG (Silveira, 2004)
Figura 25: Áreas de Preservação Permanente do município de Bocaina de Minas
Figura 26: Estação Meteorológica
Figura 27: Gráfico de precipitação
Figura 28: Distribuição do número de espécies arbóreas em função do ambiente onde foram encontradas
Figura 29: Bacias do rio Grande e do rio Paraíba do Sul em Bocaina de Minas
Figura 30: Detalhe do relevo na RPPN Ave Lavrinha
Figura 31: Delimitação da sub-bacia do córrego da Lavrinha (fonte: IBGE)
Figura 32: Ocorrência das unidades pedológica na sub-bacia
Figura 33: Unidades pedológicas presentes na sub-bacia do córrego Lavrinha (Junqueira Júnior, 2006)
9
Figura 34: Uso atual do solo na sub-bacia hidrográfica do ribeirão Lavrinha
Figura 35: Mapa de uso atual do solo da sub-bacia hidrográfica do Córrego da Lavrinha
Figura 36: Formação de pastagens na sub-bacia do córrego da Lavrinha
Figura 37: Formação de pastagens na sub-bacia do córrego da Lavrinha
Figura 38: Antônio Couto, Vinícius Lopes, Ana Cecília Gonçalves e Henriqueta (UFLA) realizando o monitoramento da vazão de nascentes na Lavrinha
Figura 39: Áreas de recarga (N1 e N2) das nascentes monitoradas por Junqueira Júnior (2006)
Figura 40: Áreas de recarga N1 (mata) e N2 (pastagem) das nascentes monitoradas por Junqueira Júnior (2006)
Figura 41: Série histórica de vazão (L/s) para as nascentes monitoradas (Junqueira Júnior, 2006)
Figura 42: Sub-bacia hidrográfica do córrego da Lavrinha, pontos de amostragem de qualidade da água, usuários de água, hidrografia e modelo digital de elevação
Figura 43: Classificação do nível de qualidade da água conforme valores de IQA
Figura 45: Resumo do enquadramento do córrego da Lavrinha, em classes da Resolução CONAMA 357/05
Figura 46: Vista geral da RPPN
Figura 47: Interior da reserva
Figura 48: Interior da reserva
Figura 49: Zona Silvestre
Figura 50: Pico do Ouro
Figura 51: Cachoeira da divisa
Figura 52: Zona de Proteção
Figura 53: Vista geral
Figura 54: Ambiente interno da Zona de Proteção
Figura 55: Aricanga (Geonoma schottiana)
Figura 56: Zona de Recuperação
Figura 57: Vista geral da Zona de Recuperação
Figura 58: Candeia (Eremanthus erythropappus)
Figura 59: Arbusto florido
Figura 60: Zona de transição
Figuras 61 e 62: Vistas gerais das pastagens existentes no limite norte da RPPN
Figura 63: Branca Medina, Marco A. Fontes, Vicente Costa e Alessandro Costa
Figura 64: Julieta Freschi e Branca Medina
Figura 65: Divisa do alto (norte) da RPPN
Figura 66: Henriqueta (UFLA) medindo a vazão da nascente do córrego da Lavrinha
Figura 67: Prof. Antônio Marciano (UFLA) e Vicente Costa
Figura 68: Reunião com moradores da Lavrinha
Figura 69: Reunião do Mosaico Mantiqueira
10
CAPÍTULO 1 - INFORMAÇÕES GERAIS
1.1. BASES LEGAIS DAS RPPN NO BRASIL
Uma das melhores estratégias para a proteção da biodiversidade e dos patrimônios
naturais é a criação e implementação de Unidades de Conservação; áreas protegidas pelo poder
público, pela iniciativa privada ou mesmo por organizações não-governamentais (ONG’s). Nestas
áreas, a fauna e a flora são conservadas, assim como os processos ecológicos que regem os
ecossistemas, garantindo a manutenção do estoque da biodiversidade e a sustentabilidade dos
recursos naturais.
A base legal para o estabelecimento de propriedades particulares destinadas à proteção
ambiental no Brasil, segundo Wiedmann (2001), é anterior à legislação específica das UC e vem
desde o antigo Código Florestal, de 1934. Nele estavam inseridas as chamadas “florestas
protetoras”, que permaneciam de posse e domínio do proprietário e se tornavam inalienáveis, além
de passar a dispor de isenção total de impostos.
As reservas particulares, com caráter de proteção da natureza, ganharam maior relevância
e tiveram ampliado seu conceito a partir de 1990, quando da criação do IBAMA. Dando
continuidade às iniciativas anteriores, o IBAMA assumiu, entre outras, as atribuições do IBDF,
inclusive aquelas relativas às reservas particulares. Com a edição do Decreto no 98.914/1990 foi
estabelecido um instrumento mais forte que as portarias, e o IBAMA avançou na tentativa de
regulamentar melhor essas reservas particulares.
Maior avanço ainda ocorreu em 1996, quando foi editado um novo decreto – Decreto no
1.922, de 05 de junho de 1996 – conceituando melhor a figura da RPPN e definindo os usos
permitidos, quais sejam, atividades de cunhos científico, cultural, educacional, recreativo e de
lazer, desde que assegurada a proteção dos recursos da reserva, e estabelecendo direitos e
obrigações para os proprietários e para o próprio IBAMA. Nesse Decreto, o IBAMA definiu que o
proprietário da RPPN ficava sujeito a sanções administrativas em caso de comprovada infração,
sem prejuízo de responsabilidade civil ou penal. No mesmo instrumento, ficou deliberada a
necessidade do proprietário da RPPN elaborar o plano de utilização (hoje denominado plano de
manejo) incluindo o seu zoneamento. Também no Decreto citado, ficou facultado ao proprietário
solicitar ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) a isenção do Imposto
sobre Propriedade Territorial Territorial Rural (ITR) para a área criada como RPPN. Observa-se,
portanto, o quanto foi ampliado o significado das reservas ambientais particulares e o grau de
responsabilidade do seu proprietário, ao mesmo tempo em que eram instituídos incentivos para a
sua criação.
11
Apesar de tantos avanços e fortalecimentos, e da grande mobilização dos proprietários e
suas associações, as RPPNs ainda não tinham conquistado o status de UC (Mesquita &
Leopoldino, 2002). Considera-se, porém, que foram a grande adesão e a crescente importância
das RPPN no cenário da conservação ambiental no Brasil, os fatores que contribuíram para sua
classificação como UC. Com a aprovação da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, que estabeleceu
o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), as RPPNs passaram a ser
consideradas, efetivamente, unidades de conservação, compondo o grupo de uso sustentável,
mantida a obrigação da elaboração de seu plano de manejo, em substituição ao plano de utilização
e ao zoneamento, exigidos anteriormente. Por meio da Lei do SNUC, a categoria de RPPN foi
reformulada em seu conceito e em seu objetivo, sendo considerada “área privada, gravada com
perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica”, conforme determina o Artigo
21. Quanto aos usos permitidos em uma RPPN, o parágrafo 2o deste mesmo artigo, estabelece
que, “conforme se dispuser em regulamento”, podem ser desenvolvidas em uma RPPN atividades
de pesquisa científica e a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais.
O Plano de Manejo é definido como um "documento técnico mediante o qual, com
fundamento nos objetivos gerais de uma Unidade de Conservação, se estabelece o seu
zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais,
inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade".
O plano de manejo da RPPN Ave Lavrinha abrange três níveis distintos, que são:
a) área da RPPN propriamente dita;
b) área da Fazenda Lavrinha, fora do perímetro da RPPN;
c) área do entorno da Fazenda Lavrinha que pode influenciar o seu funcionamento.
Sendo a RPPN Ave Lavrinha estabelecida em caráter perpétuo, o processo de manejo é
contínuo; portanto deve ser dinâmico e suficientemente flexível para poder se adaptar às
mudanças diversas ao longo dos anos.
1.2. INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A RPPN AVE LAVRINHA
Fazemos planos de trabalho
Contemplamos a área de uma futura Reserva
Parceria em torno a fins comuns:
Reflorestar o devastado
Cultivar o remoído
Florescer o abalado
12
1.2.1. LOCALIZAÇÃO
A Reserva Particular do Patrimônio Natural Ave Lavrinha está localizada no município de
Bocaina de Minas, região sul do Estado de Minas Gerais. A RPPN faz parte da Fazenda Lavrinha
que está situada na Serra da Aparecida, que integra o complexo da Serra da Mantiqueira. A
propriedade faz divisa, ao norte, com o município de Carvalhos e ao sul o com o Córrego da
Lavrinha, afluente do rio Grande (Figura 1).
Figura 1: Localização da RPPN Ave Lavrinha (Mapa base: IGA)
1.2.2. ÁREA TOTAL E LIMITES DA RPPN
A RPPN Ave Lavrinha tem área total de 49,05ha (Figura 2). Está localizada entre as
coordenadas UTM “554.868 ” e “555.866” E e “7.553.466” e “7.554.301” N.
As coordenadas estão georreferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro, tendo como
referência os Vértices implantados, M-01 de coordenadas 7.553.080,06 N, 555.125,43 E, altitude
de 1.317,395m e M-02 de coordenadas 7.554.155,02 N, 555.693,56 E, altitude de 1.703,448m e
encontram-se representadas no Sistema UTM, referenciadas ao Meridiano Central 45o WGr, tendo
como datum o SAD-69.
13
Ao Norte, a RPPN faz divisa com os terrenos de Hermes Eloi dos Santos e Osvaldo
Tavares de Carvalho, no Município de Carvalhos e ao sul a RPPN tem seus limites dentro da
própria Fazenda Lavrinha. A Oeste, a RPPN tem seus limites no córrego da Pedra Lavada que
constitui a divisa com herdeiros de João Roque Dias e a Leste a divisa da RPPN é o córrego do
São Bento cujos confrontantes são os herdeiros de José Vicente Dias.
Figura 2: Mapa da Fazenda e da RPPN Ave Lavrinha.
14
1.2.3. FORMAS DE ACESSO
Partindo de Belo Horizonte, pela Rodovia Fernão Dias (BR 381), deriva-se à esquerda em
Três Corações, seguindo em direção à cidade de Caxambu (Circuito das Águas). Daí segue-se
pela BR 267 até o trevo para Liberdade. Atravessando a cidade, segue-se em direção a Bocaina
de Minas ainda por estrada asfaltada. Aos 19Km a partir de Liberdade, deriva-se à direita, por
estrada não pavimentada por mais 6,5km até a RPPN Ave Lavrinha. A partir desse ponto existe
sinalização indicativa da RPPN Ave Lavrinha (Anexo I). A distância de Belo Horizonte até a RPPN
Ave Lavrinha é de aproximadamente 360km (Figura 3).
Partindo do Rio de Janeiro ou São Paulo pela Via Dutra (BR 116), em Resende, toma-se a
rodovia RJ 161, passando pelo distrito de Pedra Selada. Após 31Km deriva-se à direita
atravessando a ponte sobre o rio Preto e segue por mais 15 km até a sede do município de
Bocaina de Minas. Deste, segue-se por estrada municipal asfaltada (em direção a Liberdade) por
3km até o trevo que dá acesso à RPPN Ave Lavrinha. A partir daí segue-se 6,5km por estrada não
pavimentada conforme placas indicativas fixadas nos trevos. A distância entre o Rio e São Paulo
até a RPPN Ave Lavrinha é de 200km e 290km, respectivamente (Figura 3).
A partir do pólo turístico de Visconde de Mauá (Resende-RJ), o acesso é feito por estrada
de terra. Deve-se passar pelo distrito de Mirantão e pelo povoado de Santo Antônio do Rio Grande
até chegar no trevo da estrada de asfalto que liga Bocaina de Minas a Liberdade. Neste trevo
deriva-se a esquerda por uma estrada de terra onde há indicação do acesso à RPPN. A partir daí
segue-se 6,5km por estrada não pavimentada. A RPPN Ave Lavrinha fica a, aproximadamente,
40km de Visconde de Mauá.
15
Figura 3: Principais roteiros de acesso à RPPN Ave Lavrinha
1.2.4. HISTÓRICO
Pergunto sobre o passado do Vale
Em busca das testemunhas
Dialeto mantiqueiro carregado
Quem os primeiros habitantes?
Como o feitio das janelas?
Se árvores ou capim em predomínio?
Como desenvolvimento sustentável?
Se culinária aproximada a atual?
O que mudou?
16
O que ficou?
Contam-me dos fatos:
Tudo isto foi de um só dono
O Vicente Mariano
Pai de José Vicente e dona Belinha
Homi poderoso, rico como o quê
Fabricante de filhos e netos
Senhor de todos os pastos e da casa grande
A maior de todas...
Não pode nem comparar
Antes:
Verdura e angu
Mais que agora
Chuchu e abóbora cozida
Couve indispensável.
Macarrão bem grossinho e comprido
Arroz que não
Só em dia de festa
Muita carne de porco e lingüiça
Hoje:
Tá tudo mais mudado
Hoje:
É solidão do casal de velhos
Fim de horas
Por trás da janela
Espiando o mundo
Os filhos quase se foram tudo
Para tentar vida na Liberdade
Terras não dão para todos
O leite agora arrasa qualquer um
Mais que alimenta
O preço da ração quando seca o pasto!
17
Segundo relato do Sr. Sebastião Otacílio Dias, Seu Tião, nascido no ano de 1938 na
Fazenda Lavrinha, as terras que hoje compõem a RPPN Ave Lavrinha e adjacências foram de seu
avô Vicente Mariano. Ele habitava, com toda sua grande familia, na antiga casa sede (numa das
glebas da propriedade, onde está a denominada, hoje, “casa azul”); vivia com fartura das
atividades tradicionais de agropecuaria, comuns às familias dos pequenos ou médios produtores
nos séculos XIX e XX na região: a função básica dessas atividades era a subsistência familiar, mas
se fazia também comércio de leite, queijo e carne.
A ocupação do local por seu avô e familiares se estendia por todo o vale da Lavrinha,
desde finais do seculo XIX. No decorrer do seculo XX, as terras foram herdadas por seus filhos,
entre eles o pai de Seu Tião, José Vicente; e destes passaram para a geração seguinte, ou foram
vendidas a terceiros. Dessa forma, a Fazenda da Lavrinha foi adquirindo a configuração sócio-
fundiária atual.
Em 1987, quando parte da antiga Fazenda Lavrinha foi adquirida pela atual proprietária,
um novo projeto foi sendo experimentado, localmente, com a reorganização da ocupação do solo;
em resumo, transformou-se aspectos do modelo agropecuário, tradicional na região, em um
modelo de conservação e manejo sustentável, por meio de um conjunto de linhas de ação: a
regeneração natural das espécies a partir da interrupção total da roçada em dois grandes pastos
relacionados à gleba da casa sede e da casa vermelha, em terrenos mais inclinados; a roçada
seletiva dos pastos da gleba da casa azul; e o enriquecimento de capoeiras nas áreas em
recuperação, usando-se espécies nativas, como a araucária, guatambu, cedro e jacarandá, além
da implantação de dois viveiros de mudas, um na gleba da casa azul e outro na gleba da casa
sede.
Na Fazenda Lavrinha foi também implantado, ao longo dos anos, um pomar agroflorestal,
um apiário com oito (8) caixas com produção atual de cinquenta (50) litros de mel, pequena criação
de carneiros e gado leiteiro e de corte (durante 12 anos, até 2006, criaram-se coelhos, de forma
rudimentar e sem objetivos econômicos). Também são mantidos em funcionamento o velho
moinho de milho e um gerador de luz, ambos movidos à energia hidráulica.
No ano de 2003, foram contratados o zootecnista, Nilo Salgado Jardim e a engenheira
florestal, Ana Cecilia Gonçalves, para elaboração do Planejamento Conservacionista da Fazenda
Lavrinha. O planejamento apresentou as diretrizes para conservação do solo, da água e da
biodiversidade na propriedade. Nele, foram também identificadas as parcelas da propriedade que
deveriam constituir a Reserva Legal e a RPPN.
Assim, no intuito de preservar elementos da fauna e da flora, além de outros recursos
naturais, e manter a quantidade e a qualidade da água que nasce na Fazenda Lavrinha, ainda em
2003, foi submetida uma proposta ao edital lançado pela Aliança para a Conservação da Mata
Atlântica com objetivo de obter apoio financeiro para a criação da RPPN Ave Lavrinha. A proposta
18
foi aprovada e a proprietária recebeu R$ 8.938,00 (oito mil, novecentos e trinta e oito reais) do
Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos – CEPF, para custeio de parte das despesas que
teve com a criação da reserva. Após longo processo burocrático para retificação da área da
propriedade, a documentação foi enviada ao IEF-MG pleiteando o reconhecimento oficial da RPPN
Ave Lavrinha. Esse reconhecimento veio através da Portaria no 02 de 03 de janeiro de 2006
(Anexo II). Também no ano de 2003, teve início uma parceria entre a Fazenda Lavrinha e a
Universidade Federal de Lavras, onde a Fazenda Lavrinha oferecia alojamento e apoio de campo
para a realização de pesquisas científicas na região.
No ano de 2006, a RPPN Ave Lavrinha foi nomeada para compor o Mosaico de Unidades
de Conservação da Mantiqueira, fazendo parte do seu conselho consultivo, dentro do contexto do
Corredor de Biodiversidade da Serra do Mar pela Portaria no 351, de 11 de dezembro de 2006
(Anexo III). Em 2008, foi assinado um convênio com o IEF/Promata para recuperação de 3,87ha de
áreas de preservação permanente na Fazenda Lavrinha. Com isso, a propriedade recebeu
moirões, arame e mudas de espécies nativas para a proteção e recomposição da área.
Em fevereiro de 2009, é criada a Associação Ave Lavrinha, reunindo proprietarios, amigos,
pesquisadores e vizinhos, de forma a viabilizar, a longo prazo o gerenciamento da Reserva e da
Fazenda, com apoio de recursos humanos, técnicos e financeiros mediados e administrados pela
Associação.
Com a criação da RPPN, objetiva-se também fornecer, à comunidade local e à região, uma
referência positiva de desenvolvimento local combinado com a conservação da biodiversidade, a
partir da promoção de atividades que fomentem a difusão de informação e a participação da
população local na busca de novas práticas produtivas não predatórias; estas são potencializadas
a partir de diferentes estratégias: o envolvimento dos vizinhos em coletas de sementes, produção e
plantio de mudas, em áreas de preservação permanente, as atividades de recuperação do solo, de
atenção e monitoramento da qualidade da água, a socialização dos resultados de pesquisas
realizadas entre a população local, a participação em eventos relacionados a RPPN, etc.
19
1.3. FICHA RESUMO
NOME: RPPN AVE LAVRINHA
PROPRIETÁRIA: NIETTA LINDENBERG MONTE
CONTATO: RUA DAS LARANJEIRAS 531 APTO. 11 – BAIRRO LARANJEIRAS – CEP. 22.240-002 – RIO JANEIRO – RJ.
ENDEREÇO DA RPPN: FAZENDA LAVRINHA, S/NO , LAVRINHA, BOCAINA DE MINAS - MG
TELEFONE PARA CONTATO: (21) 2556 4142, (21) 93216084
EMAIL: [email protected]
ÁREA DA RPPN: 49,05HA
ÁREA DA PROPRIEDADE: 81,85HA
MUNICÍPIO: BOCAINA DE MINAS – MG
LIMITES DA RPPN (COORDENADAS UTM DATUM SAD 69) : “554.868 E” e “555.866 E”
“7.553.466 N” e “7.554.301 N”
ATO LEGAL DE CRIAÇÃO: PORTARIA IEF-MG NO 2 DE 3 DE JANEIRO DE 2006
BIOMA: MATA ATLÂNTICA
FITOFISIONOMIA: FLORESTA OMBRÓFILA ALTO-MONTANA
__________________________________________________________________________________________
DISTÂNCIAS: BELO HORIZONTE: 360KM
RIO DE JANEIRO: 200KM
SÃO PAULO: 290KM
ATIVIDADES OCORRENTES
FISCALIZAÇÃO REALIZADA POR FUNCIONÁRIOS DA FAZENDA LAVRINHA
PESQUISA A RPPN AVE LAVRINHA INCENTIVA A REALIZAÇÃO DE PESQUISAS CIENTÍFICAS
A RPPN DISPÕE DE UM LEVANTAMENTO DE AVIFAUNA EXISTENTE NA RESERVA E NO ENTORNO
ATUALMENTE, NA SUB-BACIA ONDE A RPPN ESTÁ INSERIDA, SÃO REALIZADAS ATIVIDADES DE PESQUISA EM HIDROLOGIA PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS – MG
VISITAÇÃO A RPPN AVE LAVRINHA NÃO ESTÁ ABERTA AO TURISMO E À VISITAÇÃO PÚBLICA
ATIVIDADES CONFLITANTES: PECUÁRIA, CAÇA E FOGO NAS ÁREAS ADJACENTES
20
CAPÍTULO 2 - DIAGNÓSTICO DA RPPN
AVE LAVRINHA E REGIÃO DO ENTORNO
2.1 A FAZENDA LAVRINHA
A Fazenda Lavrinha tem área total de 81,85ha1 e apresenta aproximadamente 80% dessa
área em matas e capoeiras (Figura 4). A propriedade é composta por três glebas que
correspondem às três escrituras registradas em cartório (Figura 5). Essas glebas serão aqui
denominadas de Sede, Casa Azul e Casa Vermelha que corresponde à cor da pintura de cada
uma das casas existentes nessas áreas. A RPPN Ave Lavrinha está situada na gleba da Casa
Vermelha.
1 No final de 2008, foram adquiridas mais duas glebas para compor a Fazenda Lavrinha, com total de 6 alqueires, duas casas, curral e pequenos lagos de criação de peixe, além de pasto de capim gordura e braquiara.
21
Figura 4: Imagem do satélite IKONOS (2003) destacando as glebas da Fazenda Lavrinha.
Nome da gleba Área (ha)
Sede 6,46
Casa Azul 7,03
Casa Vermelha 68,36
Total 81,85
Figura 5: Glebas da Fazenda Lavrinha e respectivas áreas.
2.1.1. INFRAESTRUTURA DA FAZENDA
A Fazenda Lavrinha dispõe de quatro residências: a casa sede (Figura 6) situada na gleba
do mesmo nome; casa azul (Figura 7) e casa verde (Figura 8), que são destinadas à recepção de
convidados e situam-se na gleba denominada Casa Azul; e o escritório da RPPN (Figura 9)
situada na gleba denominada Casa Vermelha. A seguir, são apresentadas imagens das casas e
algumas características relevantes de cada uma delas, excluindo-se as da sede:
Figura 6: Casa Sede
Figura 7: Casa Azul
Área construída: 80 m2 (pavimento superior)
56 m2 (porão)
Leitos: 3 casal, 2 solteiro
No de hóspedes: 8
Churrasqueira
Piscina
22
Figura 8: Casa Verde
Área construída: 38 m2
Leitos: 1 casal, 3 solteiro
No de hóspedes: 5
Paiol
Figura 9: Casa Vermelha
Área construída: 35 m2
Leitos: 1 casal, 1 solteiro
No de hóspedes: 3
Paiol
A energia elétrica existente na Fazenda Lavrinha é oriunda de gerador movido à energia
hidráulica (Figura 10). Embora utilizado há alguns anos, atualmente este gerador é insuficiente
para atender a demanda.
Figura 10: Gerador de energia elétrica
A água que abastece as casas é proveniente de captação superficial nos córregos da
propriedade, como pode ser observado nas figuras 11 e 12.
23
Figuras 11 e 12: Detalhe da captação de água e reservatório
2.1.2. ATIVIDADES PRODUTIVAS
Em virtude de grande parte da Fazenda Lavrinha ter sido destinada às ações de
conservação da biodiversidade (recomposição florestal e RPPN), apenas uma área, com
aproximadamente 10,6ha (13%), permanece como pastagens. Essas pastagens estão
constituídas, principalmente, pelas gramíneas Brachiaria decumbens (capim braquiária) (Figura 13) e Mellinis minutiflora (capim gordura). Com isso são mantidos alguns bovinos e ovinos que
produzem leite e carne para consumo interno e venda do excedente. O rebanho atual é composto
por sete bovinos, nove ovinos (Figura 14) e dois equinos.
A produção de grãos, frutas e hortaliças tem como objetivo o consumo interno pela
proprietária e familiares, visitantes, amigos e vizinhos próximos. Entre os grãos, o milho e feijão
são as principais culturas. As frutiferas, entre outras, são abacate, banana, jabuticaba, pitanga,
pera, pêssego, caqui, figo, ameixa, castanha portuguesa; entre os cítricos, estão algumas
variedades de laranja, limão, cidra, mixirica e lima da persia.
Figuras 13 e 14: Pastagem de capim braquiária e carneiros
24
2.1.3. VIVEIRO FLORESTAL
Há caminhadas morro acima e abaixo
Observando
O ciclo da vida
As interrupções e os contínuos
Nascimentos e mortes
Araucárias, candeias, cedros e jacarandás
Uma flora incansável e indenominada
Colheita de sementes de guatandubas
Canela, mogno e quaresmeira....
Remanescentes florestais tão desejados
Assim como exóticas castanhas
Abacates e ipês de todas a cores.
Um viveiro na beira da casa
Berçário silencioso de longelineas criaturas
Replantamos a Mata Atlântica
Refazemos a Mantiqueira
Manto de preciosidades
Tesouro da juventude
A fim de subsidiar as atividades de recomposição florestal da Fazenda Lavrinha, instalou-
se um pequeno viveiro a partir da compra da propriedade em 1987. Aproximadamente 1.000
mudas de árvores nativas são produzidas no viveiro a cada ano. Dentre as espécies produzidas
destacam-se o cedro, jacarandá, guatambu, candeia, araucária e angico. Além destas, também
são produzidas mudas de espécies ornamentais e frutíferas.
2.1.4. PLANEJAMENTO CONSERVACIONISTA
No ano de 2003, foi elaborado um Planejamento Conservacionista para a Fazenda
Lavrinha com objetivo de orientar as ações e intervenções agropecuárias e de restauração
ambiental, além da locação de Reserva Legal e da RPPN.
25
A proposta de manejo para a Fazenda Lavrinha, contida no Planejamento
Conservacionista, visa, sobretudo, a compatibilização das atividades agropastoris com a proteção
de importantes remanescentes florestais na sub-bacia do Córrego Lavrinha. Este planejamento
vem servindo como referência para as ações nas áreas externas à RPPN, sendo modificado ou
atualizado, ao longo dos anos, conforme a necessidade. A figura 15 apresenta o zoneamento da
propriedade definido pelo Planejamento Conservacionista da Fazenda Lavrinha (Jardim, 2003).
Figura 15: Zoneamento da Fazenda Lavrinha (Planejamento Conservacionista - Jardim, 2003)
26
2.1.5. ATIVIDADES DE PESQUISA
Desde o ano de 2001, a Fazenda Lavrinha vem dando apoio logístico às pesquisas
realizadas pela Universidade Federal de Lavras – UFLA na sub-bacia do Córrego da Lavrinha e
região do Alto Rio Grande, cedendo recursos humanos (auxiliares de campo) e infraestrutura para
hospedagem dos pesquisadores.
Figuras 16 e 17: Antonio Couto e Vinícius Lopes (UFLA) executando o monitoramento de nascentes
Atualmente encontram-se publicados os resultados dos primeiros trabalhos realizados pela
UFLA na sub-bacia do Córrego da Lavrinha e região do Alto Rio Grande. Abaixo estão
relacionados os títulos desses trabalhos:
a) Caracterização fisiográfica de duas sub-bacias hidrográficas do alto rio grande e percepção
dos moradores quanto aos seus recursos naturais (Ana Cecília Gonçalves, monografia de
conclusão de curso de engenharia florestal, DCF/UFLA, 2002);
b) Uso dos recursos naturais pelos produtores rurais da nascente do Rio Grande. (Anna Carolina
Salgado Jardim, Dissertação de Mestrado DAE/UFLA, 2003);
c) Mapeamento do uso atual do solo nas áreas de preservação permanente do município de
Bocaina de Minas – MG (Eduarda Martiniano de Oliveira Silveira, monografia de conclusão de
curso de engenharia florestal, DCF/UFLA, 2004);
d) Variações florísticas e estruturais do componente arbóreo de uma floresta ombrófila alto -
montana às margens do Rio Grande, Bocaina de Minas, MG. (Acta Bot. Bras. 19(1): 91-109,
2005);
e) Estudo da vegetação remanescente como subsídio à recomposição de áreas ciliares nas
cabeceiras do Rio Grande, Minas Gerais (Tese de Doutorado de Israel Marinho Pereira,
DCF/UFLA, 2006).
f) Escoamento de nascentes associado à variabilidade espacial de atributos físicos e uso do solo
em uma bacia hidrográfica de cabeceira do rio Grande-MG. (Dissertação de Mestrado de José
Alves Junqueira Júnior DEG/UFLA, 2006).
27
g) Qualidade dos recursos hídricos superficiais em sub-bacias hidrográficas da região Alto Rio
Grande-MG. (Dissertação de Mestrado de Daniel Brasil Ferreira Pinto, DEG/UFLA, 2007)
h) Uso de geotecnologias no zoneamento da Reserva Particular do Patrimônio Natural Ave
Lavrinha (Marília Salgado Martins, monografia de conclusão de curso de engenharia florestal,
DCF/UFLA, 2008);
Encontra-se ainda em andamento mais uma pesquisa de mestrado em Engenharia Agrícola
da UFLA, cujo tema é apresentado sob o titulo seguinte:
a) Comportamento da erosão e transporte de sedimentos na sub-bacia do Córrego da Lavrinha;
2.2 A RPPN AVE LAVRINHA
A RPPN Ave Lavrinha é constituída pelos remanescentes florestais mais significativos
existentes na Fazenda Lavrinha. Está situada na gleba denominada Casa Vermelha, entre as cotas
altimétricas de 1.350m e 1.739m. Uma vez que o relevo apresenta fortes declividades,
conseqüentemente as trilhas internas são frágeis e instáveis. Existem apenas duas trilhas que
ligam a parte baixa da Fazenda até a RPPN (Figura 18). Uma que sobe da casa vermelha até a
divisa norte, com aproximadamente 1.350m de extensão total (sendo 560m dentro da RPPN) e a
outra, que também tem início na casa vermelha, com 1050m de extensão (475m dentro da RPPN),
que leva até o pico do ouro, no interior da reserva.
28
Figura 18: trilhas de acesso à RPPN Ave Lavrinha
A vegetação da Reserva ainda não foi pesquisada em profundidade, existindo
preliminarmente dois estudos com informações sobre a referida vegetação: trabalho de campo
inicial do engenheiro florestal Marco A. Fontes. No anexo IV apresenta-se uma lista dos nomes
comuns das espécies florestais presentes na RPPN Ave Lavrinha, relacionadas pelo Sr. Vicente de
Paula Costa, vizinho e gerente da Fazenda Lavrinha que foi sistematizada pelo geógrafo Renato
Antonio Gavazzi, no ano 2003.
Em relação aos mamíferos, o Sr. Vicente afirma que estão presentes na RPPN três
espécies consideradas importantes do ponto de vista da conservação: duas espécies de primatas,
o bugio e o sauá, e uma de felino, o gato-do-mato. Além destes, acredita-se que os remanescentes
florestais servem de corredor para a jaguatirica e a suçuarana, também presentes na região. Em
relação a avifauna da RPPN, o Sr. Vicente destaca a presença do jacú e do inhambú. O anexo V
apresenta uma listagem de nomes comuns de espécies da fauna que ocorrem na Fazenda
Lavrinha, relatadas pelo Sr. Vicente de Paula Costa ao geógrafo Renato A. Gavazzi.
Em outubro de 2008, com objetivo de subsidiar a elaboração do presente Plano de
Manejo, foi contratada a consultoria do biólogo Henrique Rajão e de seu assistente Carlos Esteves,
além da fotografa Lena Trindade para realizar o levantamento da avifauna na RPPN Ave Lavrinha.
29
Em três dias de campanha de campo foram registradas 135 (cento e trinta e cinco) espécies de
aves, sendo que destas, 82 (oitenta e duas) foram registradas dentro da área da RPPN,
exclusivamente, ou não; e 53 (cinquenta e tres) foram registradas apenas no entorno imediato da
RPPN, e tem, portanto, potencial de ocorrer dentro da área da reserva. Segundo Rajão, 49% da
avifauna da RPPN (40 espécies em 82), ou seja, metade das espécies de aves registradas até o
presente na RPPN Ave Lavrinha pode ser considerada como sendo de especial interesse
conservacionista. Dentre estas, as espécies com o status de quase ameaçadas de extinção
globalmente (IUCN, 2008) são: Drymophila genei (choquinha-da-serra), Hylopezus nattereri (pinto-
do-mato) e Phylloscartes difficilis (estalinho), e a espécie com status vulnerável (Brasil, 2003 e
IUCN, 2008) é a Sporophila falcirostis (cigarra-verdadeira). O relatório completo deste
levantamento encontra-se no anexo VI.
Figuras 19 e 20: Carlos Esteves durante o levantamento da avifauna; beija-flor-de-topete (Stephanoxis lalandi)
2.3 CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO DO ENTORNO DA RPPN AVE LAVRINHA
Aqui sou só e atendo ao desejo do plural
Um certo glamour em roupinha de flanela
Visito os vizinhos em estrada de terra
Numa distância nem sempre superada
Formação silenciosa da comunidade camponesa
Pertencimento a Sociedade dos Amigos Secretos do Silêncio.
Uma associação vai nascer de nossa identidade comum
Ave Lavrinha
Moradores da Bacia do Rio Grande
Habitantes de Área de Proteção Permanente
Parte do Maciço de Itatiaia
Pedacinho da Serra da Mantiqueira
Geografia que mexe com a emoção da gente
30
2.3.1. A SERRA DA MANTIQUEIRA
A Serra da Mantiqueira é uma das maiores e mais importantes cadeias montanhosas do
leste sul-americano, eqüidistante das três maiores metrópoles brasileiras (Rio de Janeiro, São
Paulo, Belo Horizonte). Nela subsistem preciosos remanescentes de ecossistemas nativos da Mata
Atlântica, mundialmente conhecida como área prioritária para conservação da biodiversidade. A
Mata Atlântica está, atualmente, restrita a cerca de cinco porcento (5%) de sua extensão original. A
Serra Fina e o Maciço do Itatiaia, nela situadas, imprimem características peculiares ao trecho mais
elevado do sudeste brasileiro, onde estão também a Pedra da Mina, 2.797m de altitude e o Pico
das Agulhas Negras, 2.787m de altitude.
O termo Mantiqueira parece ter origem numa toponímia geográfica tupi-guarani com
provável significado de “local de precipitações abundantes”, “lugar onde nascem as águas” ou
mesmo “serra que chora”. Até os dias de hoje, a Serra da Mantiqueira fornece água para a região
sudeste, uma das mais populosas e industrializadas do país (Mendes Jr., 1991).
2.3.2. HISTÓRIA
Como grande parte do Brasil, a Serra da Mantiqueira foi habitada, desde tempos
imemoriais, por sociedades indígenas, que deixaram resíduos arqueológicos em diversas partes da
região. Esta começa a ser incorporada à chamada civilização com a chegada dos primeiros
bandeirantes, no século XVI, em busca de ouro e pedras preciosas (Mendes Jr., 1991).
Não foi apenas na região de Vila Rica e São João Del Rei que o ouro foi encontrado. Na
Serra da Mantiqueira, os municípios de Alagoa e de Aiuruoca atestam como a mineração foi ativa
no século XVII. “Pelo roteiro do Padre João Faria, em 1694, já era regularmente conhecida a
região do alto Sapucaí e rio Grande” (Lamego, 1936).
A ocupação foi muito rápida. Em poucas décadas, milhares de aventureiros vieram de
Portugal. Com a imigração também chegaram os escravos africanos, que se juntaram aos índios
aprisionados. Os mamelucos paulistas ficaram com as tarefas secundárias de plantio e
abastecimento das minas. Os campos altos nativos serviram, de imediato, à criação do gado e de
burros de carga, dando inicio a uma longa tradição de derivados de leite (Mendes Jr., 1991).
Quando em meados do século XVIII, Vila Rica, S. João Del Rei e outras cidades mineiras
esplendiam em cultura, toda a bacia serrana do Paraíba nas zonas mineira e fluminense jazia
mergulhada em mato bravo. Índios Coroados, Puris e de outras tribos, e todo o poder da terra
ainda preservada afrontavam a penetração do branco. Minas Gerais deve muito ao isolamento
conferido pela mata o pitoresco de sua arte original, tipicamente brasileira. Foi a mata, e não a
montanha que retardou a penetração civilizadora por quase dois séculos. Quando os brasileiros
31
falam de serra, é muito mais à floresta que eles aludem do que à montanha. “O nome de montanha
tornou-se, devido à lógica iminente da língua, um nome de floresta” (Lamego, 1950).
2.3.3. BOCAINA DE MINAS
As incursões dos bandeirantes determinaram o desbravamento da região do vale do rio
Grande, formando-se inúmeras fazendas. Duas famílias são consideradas fundadores da
localidade hoje denominada de Bocaina de Minas: a dos Marianos e dos Quirinos. Elas escolheram
o local para a construção da capela. Em dia e hora marcados, os dois chefes sairam a cavalo de
suas residências, e, no local do encontro, seria erguida a capela. Assim, em 1790, no lugar
denominado Martins, à margem direita do rio Grande, onde se constituiu o povoado, foi erguida a
igreja (Mendes Jr., 1991). Rosário da Bocaina foi o primeiro nome dado ao distrito, criado por Lei
provincial no 866, de 14/05/1858 e por Lei estadual no 2, de 14/09/1891, no município de Aiuruoca.
No final do século XIX, a política nacional de colonização deu origem à formação do
“Núcleo Colonial de Mauá”. Esta se concretizou no início do século XX, com a chegada de
imigrantes europeus de diversas nacionalidades. Antes, a região era ocupada pelos índios Puris e
por poucos posseiros mineiros. Entre os imigrantes predominavam os alemães, presentes na
região desde 1909, cujos descendentes ainda residem na região de Visconde de Mauá. Os
remanescentes da cultura alemã podem ser identificados nas construções e na culinária local. Na
visita de Lamego ao Itatiaia, em 1935, havia apenas três famílias remanescentes de trezentas que
formaram o núcleo Mauá (Lamego, 1936). Quando foi constituído, este núcleo de colonização se
alastrava pelas duas margens do rio Preto.
Em 1916, o governo autorizou a comercialização das terras concedidas aos colonos do
Núcleo Mauá, possibilitando a vários fazendeiros, principalmente mineiros, adquirissem grandes
extensões de terra. As fazendas de gado leiteiro surgiram na primeira metade do século XX,
tornando-se uma das atividades econômicas da região, juntamente com a atividade turística. A
partir de 1922, os primeiros turistas eram recebidos pelos imigrantes em suas casas.
O distrito de Rosário da Bocaina passou a ser denominado, simplesmente, Bocaina, pela Lei
Estadual no 843, de 07/09/1923. O Decreto-Lei Estadual, no 148, de 17/12/1938, transferiu o distrito
de Bocaina, do município de Aiuruoca, para o novo município de Liberdade. Em 31/12/1943, o
distrito de Bocaina passou a Arimatéia, pelo Decreto-Lei Estadual no 1058. Com a Lei Estadual no
1039, de 12/12/1953, o distrito de Arimatéia foi desmembrado de Liberdade e elevado à categoria
de município, com a denominação de Bocaina de Minas. Em divisão territorial datada de
01/07/1960, o município foi constituído de dois distritos: Bocaina de Minas e Mirantão.
O município de Bocaina de Minas está localizado na Serra da Mantiqueira entre as
coordenadas geográficas 22°00’ e 22°30’ de latitude sul e 44°45’ e 44°15’ de longitude oeste,
32
possuindo uma área de 498,26 km2, aproximadamente. Em Bocaina de Minas a altitude varia de
962m a 2.787m. Bocaina faz divisa com o estado do Rio de Janeiro, nos municípios de Resende e
Itatiaia, em seus respectivos distritos de Visconde de Mauá e Maromba e no estado de Minas
Gerais faz divisas com os municípios de Itamonte, Alagoa, Aiuruoca, Carvalhos, Liberdade e Passa
Vinte (Figura 21).
Figura 21: Localização do município de Bocaina de Minas no estado de Minas Gerais
Entre o final da década de 1940 e início dos anos de 1950, foram construídas as vias de
acesso aos municípios vizinhos. Somente no ano de 2007, foi completada a pavimentação asfáltica
da estrada que liga Liberdade a Bocaina de Minas.
Socioeconomia
Bocaina de Minas tem atualmente uma população de 5.020 habitantes, dos quais cerca de
55% residem no meio rural, sendo assim a principal fonte de renda do Município proveniente da
agropecuária (IBGE, 2001). O rendimento médio mensal é de R$ 472,78 para homens e R$ 323,52
para mulheres. O PIB per capita no município é de R$ 3.197,00 (IBGE, 2004). O índice de
33
desenvolvimento humano2 municipal medido pela Fundação João Pinheiro (2000), é de 0,724. Este
índice está entre os menores dentre os municípios da APA Serra da Mantiqueira (Ribeiro, 2004).
Uma estratégia adotada por muitos estados brasileiros é a instituição de leis de
compensação financeira para os municípios que abrigam, dentro de seus limites, unidades de
conservação ou mananciais de abastecimento público. O benefício se dá com a transferência de
uma porcentagem do imposto relativo à circulação de mercadorias e serviços – o ICMS – aos
municípios, como forma de compensação pela restrição de uso em áreas destinadas à
conservação e ao abastecimento, entre outras finalidades. O Paraná foi pioneiro na instituição
desse mecanismo e, atualmente, quatorze estados brasileiros já possuem legislação que
determina o repasse de um percentual do ICMS de acordo com critérios ambientais (Costa, 2006).
O modelo de Minas Gerais adota, para efeitos de cálculo do valor a ser repassado, um
fator de conservação da unidade de conservação, que varia de 0,1 a 1, de acordo com a categoria
de manejo. A legislação prevê, ainda, que seja considerado um fator de qualidade, referente às
características intrínsecas da unidade (estado físico da área, plano de manejo, infraestrutura,
estrutura de proteção e fiscalização, entre outros parâmetros)
A figura 22 apresenta o índice de conservação atribuído à RPPN Ave Lavrinha e outras
UCs da região, e a figura 23 apresenta os valores repassados à prefeitura municipal de Bocaina
de Minas referente ao mês de Junho de 2008.
Unidade de conservação Categoria Área
(ha) Índice de
conservação
Ave Lavrinha RPPNE- Reserva Particular do Patrimônio Natural ESTADUAL 49 0,00087800
Itatiaia PAQF- Parque Nacional (FEDERAL) 5.645 0,01010462
Mitra do Bispo RPPNF- Reserva Particular do Patrimônio Natural FEDERAL 35 0,00062650
Serra da Mantiqueira APAF- Área de Proteção Ambiental FEDERAL 44.375 0,00220644
Figura 22: Dados referentes ao 4o trimestre de 2007 (Fundação João Pinheiro)
2 Índice de desenvolvimento humano (IDH): criado no início da década de 90 para o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), é um indicador de qualidade de vida que combina três componentes básicos do desenvolvimento humano: ·1-a longevidade, que também reflete, entre outras coisas, as condições de saúde da população; medida pela esperança de vida ao nascer; é- a educação; medida por uma combinação da taxa de alfabetização de adultos e a taxa combinada de matrícula nos níveis de ensino: fundamental, médio e superior, 3-a renda; medida pelo poder de compra da população, baseado no PIB per capita ajustado ao custo de vida local para torná-lo comparável entre países e regiões, através da metodologia conhecida como paridade do poder de compra (PPC). A metodologia de cálculo do IDH envolve a transformação destas três dimensões em índices de longevidade, educação e renda, que variam entre 0 (pior) e 1 (melhor), e a combinação destes índices em um indicador síntese. Quanto mais próximo de 1 o valor deste indicador, maior será o nível de desenvolvimento humano do país ou região.
34
Unidade de conservação
Categoria Área (ha)
Valor
Ave Lavrinha RPPNE- Reserva Particular do Patrimônio
Natural ESTADUAL 49 R$ 160,31
Itatiaia PAQF- Parque Nacional (FEDERAL) 5.645 R$ 1.845,01
Mitra do Bispo RPPNF- Reserva Particular do Patrimônio
Natural FEDERAL 35 R$ 114,39
Serra da Mantiqueira APAF- Área de Proteção Ambiental FEDERAL 44.375 R$ 402,88
Figura 23: Valores por Unidade de Conservação - Junho/2008 (Fundação João Pinheiro)
Para o município é fundamental que a existência de uma área legalmente preservada
possa trazer-lhe vantagens e benefícios. O ICMS ecológico é um grande passo nessa direção, pois
oferece a possibilidade de uma compensação àquelas comunidades que se vêem obrigadas a
orientar suas atividades em função de estarem dentro ou próximas de áreas especialmente
protegidas (Costa, 2006).
Serviços
- Saúde O município dispõe de um pequeno hospital, com pronto socorro e também o programa de
saúde na família, além de uma sede da APAE com 45 inscritos. Existem consultórios odontológicos
e duas farmácias.
- Transporte Há uma linha de ônibus intermunicipal ligando Liberdade-MG ao município de Bocaina de
Minas, que, passando pela sede do município, segue até as localidades de Santo Antônio do Rio
Grande, Mirantão e Maringá, antes de retornar a Liberdade.
Em relação ao transporte interestadual, há uma linha regular de ônibus ligando Bocaina de
Minas a Resende, no estado do Rio com saída diária às 8:00h e retorno às 15:00h.
- Bancos e correios Não há agência bancária no município, existindo apenas correspondente do banco
Bradesco, na agência dos Correios e um caixa eletrônico da Caixa Econômica Federal.
35
- Comércio Em Bocaina há pequeno comércio de alimentos industriais, assim como de carnes, grãos,
verduras e frutas, roupas, utensílios e produtos agropecuários. Existe apenas um posto de gasolina
no município.
- Telefonia celular Apenas a operadora Claro oferece serviços de telefonia celular em Bocaina de Minas.
Turismo
Observa-se que a atividade turística vem tomando espaço cada vez maior em regiões
vizinhas, como Santo Antonio, Mirantão, (MG) Visconde de Mauá, Maromba e Maringá (RJ), por
meio da criação de hotéis-fazenda e pousadas, como alternativa de renda para os habitantes
nativos e também para os novos proprietários. Além disso, é notório o movimento de atração de
setores da classe média urbana para o mundo rural. Este fato, têm impulsionado os nativos a
lotearem suas propriedades para venderem pequenas parcelas a pessoas. Busca-se o contato
com a natureza da região, que oferece cachoeiras e belas paisagens.
A infraestrutura turística na região de Maringá, na divisa com o estado do Rio de Janeiro, é
mais desenvolvida do que no vale do rio Grande, em virtude da tradição hoteleira da região de
Visconde de Mauá, que oferece os mais variados serviços de alimentação e hospedagem.
Já o turismo, no vale do rio Grande, não tem se caracterizado como intensivo, ou de
“massa”, marcado que está por indivíduos afinados com os princípios da ecologia, alguns dos
quais compram propriedades rurais para transformá-las em RPPNs, como é o caso da Ave
Lavrinha e da Mitra do Bispo, e de outras que estão sendo criadas na região.
Agropecuária e Uso do Solo
Os principais produtos agropecuários das comunidades locais são o leite, o queijo, o milho
e o feijão, cujos sistemas de produção caracterizam-se pelo baixo uso de tecnologias e,
conseqüentemente, apresentam baixa produtividade.
A partir de 2007, foi implantado um escritório da EMATER que disponibiliza um engenheiro
agrônomo para atender aos produtores.
Da criação de gado, conforme já havia descrito Mendes Jr. (1991), provém a produção
artesanal de queijos, como por exemplo, o branco de Minas e o parmesão, além de manteiga e
mussarela.
36
Atualmente, o rebanho bovino em Bocaina de Minas conta com aproximadamente 8.764
cabeças (IBGE, 2006), sendo que a produção de leite anual é de 287 mil litros.
Não há dados oficiais sobre a produção de derivados do leite, e ainda que existissem,
seriam pouco precisos, pois a maior parte do queijo produzido no município não é inspecionado,
nem tributado.
O milho é o principal produto agrícola de Bocaina de Minas, sendo usado para
alimentação, para produção de silagem e grãos. A área plantada, anualmente, com essa gramínea
é de 700ha. Já em menor escala, e, basicamente, com fins de subsistência, vem a lavoura de
feijão, que ocupa uma área total de 300ha no município (IBGE, 2006).
Avaliando o uso atual do solo em Bocaina de Minas, Silveira (2004), constatou-se que as
áreas de floresta densa ocupam uma área de 203,59 km² (40,86% do município) e as áreas de
regeneração ocupam 101,53 km2 (20,38 %). As áreas de pastagens ocupam 158,43 Km² (31,80%)
e as de campo ocupam uma área 19,49 km² (3,91 %), sendo que estas últimas estão localizadas
nas altitudes elevadas. As áreas de solo exposto representam 15,22 km² (3,06 %) (Figura 24).
Figura 24: Mapa de uso atual do solo do município de Bocaina de Minas – MG (Silveira, 2004)
A figura 25 apresenta a área e porcentagem das Áreas de Preservação Permanente
existentes no município.
37
Áreas de Preservação Permanente Área (Km²) % das APPs
Margem de rio 76.30 59.00
Ao redor das nascentes 12.36 9.56
Declividade superior a 45º 1.09 0.84
Altitude acima de 1800 m 39.58 30.60
Total 129.33 100.00
Figura 25: Áreas de Preservação Permanente do município de Bocaina de Minas
2.3.3.1. Clima
De acordo com a classificação de Köppen, o clima na região do vale do rio Grande em
Bocaina de Minas é do tipo Cwb, caracterizado como mesotérmico de verões brandos e suaves e estiagem de inverno. A temperatura média anual é em torno de 18oC, tendo no mês mais quente e
no mês mais frio temperaturas médias de 25,6°C e 13,1°C, respectivamente, com ocorrência de
geadas, anualmente, entre os meses de maio a agosto.
No ano de 2004, foi instalada uma estação meteorológica digital na Fazenda Lavrinha
(Figura 26), de propriedade da Universidade Federal de Lavras. Assim, a partir dessa data, está
sendo possível monitorar as variações climáticas locais. A figura 27 apresenta a precipitação
mensal registrada no ano de 2005.
Precipitação mensal 2005 (mm)
0
100
200
300
400
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezMeses
Lâm
ina
(mm
)
Precipitação mensal (mm) Figura 26: Estação Meteorológica Figura 27: Gráfico de precipitação
38
2.3.3.2. Vegetação
A região da Serra da Mantiqueira é reconhecida como “área de importância biológica
especial” e prioritária para a conservação da biodiversidade em Minas Gerais, devido à presença
de 20% dos remanescentes de Mata Atlântica deste estado, à alta riqueza de espécies da fauna e
flora e à presença de espécies endêmicas de répteis e anfíbios (Costa et. al., 1998).
Ainda assim, são recentes as descrições florísticas, estruturais e ecológicas dessa
vegetação situada acima de 1.100m de altitude, a maioria delas ainda na forma de dissertações
universitárias (Carvalho et. al., 2005). Segundo o autor, para o maciço do Itatiaia, até o presente
momento, sua vegetação foi objeto de estudos detalhados apenas do lado do estado do Rio de
Janeiro, particularmente no Parque Nacional de Itatiaia. Desta forma, as florestas da vertente
interior do maciço do Itatiaia, em Minas Gerais, são ainda muito pouco conhecidas. Nesta região, o
vale que aloja as nascentes do rio Grande apresenta atualmente uma cobertura florestal muito
pobre. Esse quadro resulta de um processo indiscriminado de abate de árvores que atendeu as
necessidades madeireiras, principalmente do eixo Rio de Janeiro – São Paulo, durante boa parte
do século passado. O desmatamento foi particularmente acelerado, na década de 1940, durante a
construção da Usina Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda, quando aumentou a demanda
regional de madeira e carvão.
No intuito de ampliar o conhecimento dos remanescentes florestais na região de cabeceira
do rio Grande, pesquisadores da Universidade Federal de Lavras realizaram estudos sobre a
composição, a estrutura e a diversidade do compartimento arbóreo em três fragmentos de matas
ciliares em Bocaina de Minas: eles encontraram diferenças tanto em função do ambiente quanto do
estadio de regeneração das mesmas. Estas diferenças foram mais evidentes em relação à
composição de espécies entre os ambientes de aluvião e encosta (Figura 28). Ao todo, foram
identificadas 286 espécies no compartimento arbustivo-arbóreo dos fragmentos, distribuídas em
144 gêneros e 62 famílias (Pereira, 2006).
Áreas Espécies Gêneros Famílias
Aluvião 81 58 31
Encosta em regeneração 117 71 42
Encosta conservada 220 123 57
Figura 28: Distribuição do número de espécies arbóreas em função do ambiente onde foram encontradas
Segundo Pereira (2006), as três áreas diferiram bastante entre si quanto às espécies mais
abundantes. Para a área de aluvião, as cinco espécies mais abundantes totalizaram 51,5% do
número total de indivíduos amostrados. São elas: Sebastiania commersoniana (branquilho)
(14,5%), Anadenanthera colubrina (angico) (11,6%), Symplocos celastrinea (pau-de-cangalha)
39
(10,2%), Matayba guianensis (caboatã-branco) (8,9%) e Sebastiania brasiliensis (leiteira) (6,4%).
Para a área de encosta em regeneração, as cinco espécies de maior número de indivíduos
contabilizaram 43,2% da amostra total. São elas: Myrsine umbellata (capororoca) (13,6%), Croton
organensis (9,3%), Tibouchina arbórea (8,1%), Miconia sellowiana (quaresmeira) (6,4%) e
Psychotria Vellosiana (fruto-de-pombo) (5,8%). Já para a encosta conservada, as seis espécies
que mais se destacaram, em número de indivíduos, foram: Psychotria vellosiana (fruto-de-pombo)
(8,3%), Vochysia magnifica (pau-novo) (7,1%), Alchornea triplinervia (6,4%), Tibouchina pulchra
(manacá-da-serra) (4,1%), Casearia arbórea (cafazeiro-do-mato) (3,3%) e Lamanonia ternata
(cangalheiro) (3,3%). Juntas, essas espécies somaram 32,5% do número total de indivíduos
amostrados nesta área.
Com esse estudo, Pereira (2006) concluiu que a composição, a estrutura e a diversidade
do compartimento arbóreo das três matas ciliares das cabeceiras do rio Grande diferem, tanto em
função do ambiente (aluvião e encosta) quanto do estádio de maturidade das mesmas. Estas
diferenças são mais evidentes em relação à composição de espécies entre os ambientes. Segundo
o autor, a distribuição das espécies nos diferentes habitats de mata ciliar foi significativamente
correlacionada com o regime hídrico dos solos (distância do rio e drenagem), evidenciando a
existência de gradientes de elevações topográficas e de umidade e estádio geral dos mesmos.
Os valores de densidade de árvores (3.005 a 2.180 árvores.ha-1) dos três fragmentos
situam-se entre os mais elevados quando comparados aos registrados em vinte levantamentos
realizados na região do Alto Rio Grande. Utilizaram-se nestes levantamentos o mesmo critério de
inclusão e que variam de 2.683 árvores.ha-1, em Ingaí a 969 árvores.ha-1, em Ibituruna (Pereira,
2006).
2.3.3.3. Fauna
A população rural de Bocaina de Minas, assim como de outras regiões do Brasil, tem
estreita relação com espécies da fauna silvestre. Em sua dissertação de mestrado, Jardim (2003)
transcreve alguns trechos de entrevistas realizadas com moradores da região de cabeceira do rio
Grande. Nestes testemunhos, podemos ter noção da riqueza de espécies da região e da relação
dos moradores locais com esses recursos.
Apresentam-se alguns depoimentos colhidos para a dissertação de Jardim (2003) cujos
nomes foram intencionalmente identificados, pela autora do trabalho, apenas pelas letras iniciais:
“Agora o quati parece que num tá existindo muito por aqui não, igual o tatu, parece que
num ixeste mais, né?! Tá existindo mais é a onça e ela pega esses bichinho tudo quando eles vai
beber água... Sempre a gente vê mais rastro de onça do que dos outro bichinho. Os bichinho tá
diminuindo porque a onça come tudo eles. Naquele terreno lá pra cima assim, nóis fomo roçar lá,
40
nóis achemo o casco do tatu raspadinho assim, que a onça tinha pegado e comido a carne dele.
Naquelas varge de rio lá também costuma achar casco de tatu... Também ele é um bicho bobinho,
fica andando por lá assim, aí ela cata ele. A onça que tem aqui é a suçuarana, né, cumpade? Ela
vem até perto da casa, pega as galinha, já pegou os cabrito quando tinha aqui. Ninguém nem num
tem mais cabrito, porque elas adora comer a carne deles” (Sr. A.).
“...Da onça, tudo é bom... A gordura dela também é boa pra reumatismo, mas vai matar pra
ver! A minha mãe tinha óleo dessas coisa... É fedido, num posso nem lembrar! Da onça ainda usa
a carne, mas eu num acho muito boa. A da paca é que é boa. E do bugio, aquele copinho que o
bugio tem, diz que é bom para a criança quando num fala... Diz que é bom dar água pra criança
beber naquele copinho que ela aprende a falar... E do papagaio é a língua, aquele papagaio
verdinho, mas num é a maritaca não. Tem papagaio amarelo, tem vermelho... A canela do veado
também é boa pra lavar a canelinha da criança que ainda num anda... Esse menino meu mesmo.
Só foi andar com um ano e oito meses, aí eu lavei a canelinha dele com a canela do veado” (Sra.
I).
“Da capivara, o osso dela e a manteiga diz que é remédio... O osso, se rala e põe no vinho,
é remédio pra reumatismo. A manteiga diz que é pra passar assim pra dor muscular” (Sr. A).
“Aqui tem quati... Tem macaco de 5-6 Kg e eles são danado pra comer milho... Eles sabe
até fazê nó na espiga do milho e carregá pra comer no mato. A gente dá uns tiro aí pra espantar
eles, mas num mata não, porque a carne deles parece de gente. Agora o quati a carne é boa, se
ele tiver comendo o milho, a gente tira o pêlo dele que fica parecido com leitoa. Porco do mato
esse tem bem, tem uma porção de qualidade deles. Tem o canela ruiva, tem o cateto e tem o
queixada. O que tem mais aqui é o cateto, mas eles é velhaco, é difícil pegá eles. Se ocê vai cedo,
eles vêm de tarde... Mas a carne deles é boa quando eles tá comendo o milho. O resto dele num
tem valor não. Agora a carne de onça é ruim, a gente mata assim só quando ela tá invadindo,
porque a a carne dela cheira a cachorro molhado. O couro é que é bonito. É um couro que tem um
fiozinho no lombo bem pretinho... A manteiga dela também é remédio” (Sr. A).
Em relação à caça, Jardim (2003) observou que os animais silvestres mais caçados pelos
nativos da região das nascentes do rio Grande são os que causam prejuízos às roças de milho,
como os catetos, queixadas e capivaras, ou os que comem as criações, como é o caso das onças.
Eles costumavam ser mortos e comidos pelas pessoas do local. Também o jacú e a paca foram
comumente caçados para consumo da carne. Além disso, até a algum tempo atras, era comum a
vinda de cavaleiros, de cidades próximas, com cães para caçar veado.
41
Atualmente, a atividade da caça está reduzida devido às denúncias e às ações da
fiscalização, porém ainda ocorre, esporadicamente, nos fins de semana e feriados.
2.3.3.4. Hidrografia
Bocaina de Minas integra a Bacia Hidrográfica do Rio Grande e a Bacia Hidrográfica do Rio
Paraíba do Sul (Figura 29), pertencendo à Unidade de Planejamento GD1 e PS1,
respectivamente. As nascentes desses dois rios encontram-se em Bocaina de Minas, protegidas
pelo Parque Nacional de Itatiaia. A RPPN Ave Lavrinha encontra-se na Bacia do Rio Grande.
Figura 29: Bacias do rio Grande e do rio Paraíba do Sul em Bocaina de Minas
2.3.4. A SUB-BACIA DO CÓRREGO DA LAVRINHA 2.3.4.1. População residente
Listo os afetos
Que são nomes e de gente
Vicente, Maria
Cerne de tudo
Companheiros de todas as horas
Geralda e Tião na outra margem
42
Terezinha e Zé Roberto pelos altos
Penha e Donizete no ermo de curva
Suely e Airton logo abaixo
Guardando no seu gelo
Minhas reservas e sobras
No mais longe e mais perto
Lílian e Nilinho
Cumplicidade de projetos
E outros e outroras
Alguns quase tudo
Mariana já morta
Minha maior amiga de longínquas horas
Segundo dados colhidos por Nilo S. Jardim com a Sra. Angelita, moradora do vale da
Lavrinha, atualmente, na sub-bacia do córrego Lavrinha, residem 35 pessoas, sendo 23 adultos
(entre 20 e 60 anos), 5 jovens (entre 10 e 20 anos) e 7 crianças (entre 0 e 10 anos). Os moradores
mais idosos (acima de 60 anos) mudaram-se para a sede do município de Bocaina devido a
ausencia de seus filhos para tocarem à roça, pois em geral estes se mudaram para a cidade ou
trabalham como asalariados em outras propriedades; e, também em busca de maior facilidade
para atendimento médico e o acesso ao comércio. Além desses moradores, há também 5 familias
de proprietários de terras que residem em outras cidades, Rio deJaneiro, Bocaina e Resende, e
vêm para Lavrinha apenas nos fins-de-semana e feriados.
2.3.4.2. Relevo
A sub-bacia hidrográfica do córrego da Lavrinha foi originada de rochas gnáissicas
formadas há bilhões de anos, na era Pré-Cambriana. Essa região foi soerguida durante episódios
tectônicos (acontecimentos que dobraram e cortaram as rochas em virtude da compressão,
distensão ou torção na crosta terrestre) atuantes no Sudeste brasileiro, que deram origem aos
falhamentos e blocos montanhosos das serras do Mar e da Mantiqueira (Medina, 1995).
O relevo na RPPN Ave Lavrinha é recortado por vales profundos, onde falhas e fraturas
existentes facilitam o caminho das águas, que seguem erodindo seus leitos rochosos (Medina,
1995), com altitudes variando entre 1.250m no Córrego da Lavrinha e 1.739m no Pico dos Puris
(IBGE, 1973). Medina (1995) descreve o vale onde está inserida a RPPN Ave Lavrinha como um
anfiteatro, cercado por cristas angulosas da Serra da Aparecida (Figura 30).
43
Figura 30: Detalhe do relevo na RPPN Ave Lavrinha
A sub-bacia apresenta uma declividade média de 35% e 22 drenos com uma distribuição
homogênea na rede de drenagem (Gonçalves, 2002). O dreno principal da sub-bacia, o córrego da
Lavrinha, possui 4.807 m de comprimento, desde sua nascente até o encontro com o rio Grande.
Na nascente e no encontro com o rio Grande, o dreno encontra-se a 1.622m e a 1.159m de
altitude, respectivamente (Pinto, 2007). O córrego da Lavrinha apresenta baixa sinuosidade, como
pode ser observado na Figura 31, o que implica em altas velocidades de escoamento e,
conseqüentemente, baixa tendência para a ocorrência de enchentes (Gonçalves, 2002).
44
Figura 31: Delimitação da sub-bacia do córrego da Lavrinha (fonte: IBGE)
A sub-bacia possui área total de 687 ha, sendo representativa dos ambientes associados
aos Cambissolos da região do Alto Rio Grande, na Serra da Mantiqueira.
Nessa área existem oito especificidades de solos as quais são apresentadas nas figuras 32 e 33 (Junqueira Júnior, 2006).
45
Unidades pedológicas Área (ha) Área (%)
Cambissolo húmico, textura média, pouco profundo 49,2 7,2
Cambissolo háplico, textura média, A moderado, muito profundo 53,7 7,8
Cambissolo háplico, textura argilosa, A proeminente endopedregoso pouco profundo 5,5 0,8
Cambissolo háplico, textura média, A moderado endopedregoso pouco profundo 81,4 11,8
Cambissolo háplico, textura média, A proeminente endopedregoso pouco profundo 410,8 59,8
Cambissolo háplico, textura média, A proeminente muito profundo 43,7 6,4
Neossolo flúvico, textura média, A moderado com mosqueados 22,7 3,3
Neossolo flúvico, textura média, A proeminente com mosqueados 20,1 2,9
Total 687,1 100,0
Figura 32: Ocorrência das unidades pedológica na sub-bacia.
CH=Cambissolo húmico, CX=Cambissolo háplico, NF=Neossolo flúvico.
Figura 33: Unidades pedológicas presentes na sub-bacia do córrego Lavrinha (Junqueira Júnior, 2006).
Os solos encontrados na RPPN Ave Lavrinha são o Cambissolo Háplico e o Cambissolo
Húmico (Junqueira Júnior, 1996).
Cambissolos são solos rasos e pouco desenvolvidos, apresentam permeabilidade mediana
e são, muitas vezes, cascalhentos. De maneira geral, por serem derivados de rochas pobres em
46
nutrientes, os Cambissolos do Alto Rio Grande são bastante ácidos, limitando o desenvolvimento
das plantas. Os Cambissolos Húmicos, apesar de se localizarem em relevos mais movimentados,
possuem melhor capacidade de armazenamento de água que os Cambissolos Háplicos,
basicamente por serem mais profundos e possuírem teores de matéria orgânica substancialmente
maiores (Araújo, 2006).
2.3.4.3. Uso atual do solo na sub-bacia do córrego da Lavrinha
Por ser uma área bastante montanhosa e com grande variação de exposição à radiação
solar, houve preferência para formação de pastagens na face sul da bacia, onde a incidência de
luz solar é maior. Já na face norte, a ocupação permaneceu predominantemente com mata.
Na figura 34 encontram-se as classes de uso atual do solo presentes na sub-bacia, com
as respectivas áreas. Verifica-se a predominância de ocupação por mata nativa e pastagem,
devido à pecuária leiteira, seguida da regeneração (Pinto, 2007).
Uso atual do solo Área (ha) Percentual (%)
Mata nativa 284,8 41,5
Pastagem 277,8 40,4
Regeneração natural 90,9 13,2
Várzea 33,5 4,9
Total 687 100
Figura 34: Uso atual do solo na sub-bacia hidrográfica do ribeirão Lavrinha.
A figura 35 apresenta o mapeamento do uso atual do solo na sub-bacia hidrográfica do
Córrego da Lavrinha. As figuras 36 e 37 ilustram a formação de pastagens na sub-bacia.
47
Figura 35: Mapa de uso atual do solo da sub-bacia hidrográfica do Córrego da Lavrinha.
Figuras 36 e 37: formação de pastagens na sub-bacia do córrego da Lavrinha
2.3.4.4. Recursos hídricos na sub-bacia do Córrego da Lavrinha
A Sub-bacia do Córrego da Lavrinha foi escolhida por pesquisadores da UFLA para
estudos hidrológicos na região do Alto Rio Grande, pois é uma bacia hidrográfica de cabeceira,
representativa da região da Serra da Mantiqueira (Junqueira Júnior, 2006). Durante um intervalo de 586 dias, nos anos de 2004 e 2005, Lopes (2006) monitorou a
vazão de 6 nascentes na sub-bacia do córrego da Lavrinha (Figura 38).
48
Figura 38: Antônio Couto, Vinícius Lopes, Ana Cecília Gonçalves e Henriqueta (UFLA) realizando o monitoramento da
vazão de nascentes na Lavrinha.
Posteriormente, Junqueira Júnior (2006) mapeou a variabilidade espacial de atributos
físico-hídricos do solo na sub-bacia; associou a produção de água das mesmas ao uso atual do
solo nas áreas de recarga de duas nascentes representativas: uma no norte da sub-bacia, sob
mata nativa na divisa da RPPN Ave Lavrinha com o terreno de José Roberto Dias (N1), e outra no
sul, sob pastagem (N2). Estas podem ser visualizadas nas figuras 39 e 40.
A série histórica de vazão (L/s) para as nascentes monitoradas estão apresentadas na
figura 41.
49
Figura 39: Áreas de recarga (N1 e N2) das nascentes monitoradas por Junqueira Júnior (2006).
Figura 40: Áreas de recarga N1 (mata) e N2 (pastagem) das nascentes monitoradas por Junqueira Júnior (2006).
2004
NASCENTE 10/ABR 11/JUN 5/AGO 1/OUT 5/NOV Mata (N1) 7,3 4,92 3,237 2,579 3,098
Pastagem (N2) 0,214 0,101 0,053 0,032 0,113 2005
NASCENTE 22/ABR 3/JUL 21/SET 20/OUT Mata (N1) 6,563 4,324 2,411 1,532
Pastagem (N2) 0,106 0,023 0,010 0,007
Figura 41: Série histórica de vazão (L/s) para as nascentes monitoradas (Junqueira Júnior, 2006).
50
2.3.4.5. Rendimento específico das nascentes
Ao longo dos anos de monitoramento, particularmente no caso da nascente sob mata
nativa, na divisa da RPPN Ave Lavrinha, esta se mostrou com maior quantidade e melhor
uniformidade de produção de água. Ressalta-se que, além da quantidade de agua produzida, a
nascente mostrou-se com uma boa distribuição no tempo. Isto quer dizer que a área de recarga,
responsável pela recarga do aqüífero formador da nascente, armazena parte da água precipitada,
cede aos poucos e mantem a vazão constante, inclusive durante o período seco. Isto é
fundamental tanto para o uso econômico da água, com os bebedouros ou irrigação como para a
manutenção do regime hídrico do corpo d'água principal: garante a disponibilidade de água no
período do ano em que realmente mais se precisa dela (Junqueira Júnior, 2006).
Segundo o autor, notou-se uma considerável variação da vazão específica na nascente 2
(pastagem) para os dois anos de monitoramento, chegando a apresentar, entre os meses de
outubro e novembro de 2004, uma variação de 260%, enquanto que a vazão da nascente sob mata
nativa apresentou uma variação menor (entre 30 e 40%) e mais constante, ao longo das
observações. Esta grande amplitude de variação pode ser atribuída às condições de infiltração,
escoamento superficial e armazenamento de água em suas áreas de recarga, representada pela
variabilidade espacial dos atributos do solo, assim como pelo estado da cobertura vegetal em cada
área de recarga; sabe-se que, nesta época do ano, as pastagens se apresentam demasiadamente
pobres, deixando o solo exposto em muitos locais, com início de erosão laminar.
Notou-se, no período compreendido entre os meses de abril e julho de 2005, que a
precipitação apresentou comportamento oscilatório, ora diminuindo, ora aumentando. Esta variação
ocasionou também variação na vazão das nascentes. Porém, a variação na vazão não foi tão
pronunciada na nascente sob mata nativa, em que os percentuais de variação se situaram entre 30
e 40%.
Assim, considera-se que a grande vantagem da mata, natural ou reflorestada, em termos
de recursos hídricos, reside na sua grande capacidade de retenção da água das chuvas pelas
árvores e serrapilheira (Junqueira Júnior, 2006).
Algumas das características importantes observadas na mata nativa, com vistas à
otimização da recarga do aqüífero e o conseqüente fluxo das nascentes, podem ser as atenuações
do impacto das gotas da chuva pelo dossel, e a presença de um sistema radicular bem
desenvolvido. Tais condições estabilizam o solo e o mantém com boas características de infiltração
e recarga.
51
2.3.4.6. Qualidade dos recursos hídricos superficiais na sub-bacia hidrográfica do Córrego da Lavrinha
A figura 42 apresenta o mapa da sub-bacia hidrográfica do Córrego da Lavrinha, com o
modelo digital de elevação, os pontos de amostragem de qualidade da água, a localização dos
usuários de água e a hidrografia da área.
Figura 42: Sub-bacia hidrográfica do córrego da Lavrinha, pontos de amostragem de qualidade da água, usuários de água,
hidrografia e modelo digital de elevação.
O ponto BO–01 encontra-se na cabeceira da área, a paisagem no entorno do mesmo é
mata nativa.
O ponto BO–02 encontra-se na Fazenda Lavrinha, tendo, na margem direita, a ocupação
por pastagem e, na margem esquerda, por mata.
A regeneração natural e a mata nativa compõem a paisagem do entorno do ponto BO–03.
O ponto BO–04 localiza-se numa área de predominância de mata na margem esquerda e
de pasto na margem direita.
Os pontos BO–05 e BO–06 encontram-se sob ocupação, por vegetação de várzea.
52
O ponto BO–06 localiza-se na seção controle da sub-bacia, onde o córrego encontra o Rio
Grande (Pinto, 2007).
• Índice de Qualidade da Água (IQA)
O Índice de Qualidade de Água adotado por Pinto (2007), foi o proposto pelo IGAM, sendo
calculado com base nos parâmetros: OD, coliformes fecais, pH, DBO, NO3-, PO4, temperatura,
turbidez e sólidos totais, conforme apresentado na figura 43.
Nível de Qualidade Faixa Excelente 90 < IQA ≤ 100
Bom 70 < IQA ≤ 90
Médio 50 < IQA ≤ 70
Ruim 25 < IQA ≤ 50
Muito ruim 0 < IQA ≤ 25 Figura 43: Classificação do nível de qualidade da água conforme valores de IQA.
O IQA calculado para a sub-bacia hidrográfica do ribeirão Lavrinha é apresentado na
figura 44.
IQA-(IGAM) Data de
amostragem 01 02 03 04 05 06
10/05/06 67,41 64,71 64,44 63,56 57,41 50,89
03/07/06 95,52 95,08 93,87 92,25 95,02 91,72
07/08/06 94,78 71,25 70,79 70,60 73,19 69,15
17/09/06 72,47 62,41 68,99 66,78 66,58 62,38
22/10/06 71,61 71,24 68,57 56,97 59,96 61,77
03/12/06 69,54 69,85 68,20 60,74 59,74 55,10
07/01/07 76,53 75,13 70,86 69,51 68,04 68,95
MÉDIA 78,26 72,81 72,25 68,63 68,56 65,71 Figura 44: Índice de Qualidade da Água nos pontos de amostragem na sub-bacia hidrográfica do ribeirão Lavrinha, durante
o período de monitoramento (Pinto, 2007).
Analisando a figura 44, nota-se que o comportamento do IQA no mês de julho foi
excelente, tendo uma variação de 91,72 (ponto 06) a 95,52 (ponto 01). Estes altos índices estão
ligados à ausência de coliformes fecais neste período, pois este parâmetro, representa 17 % no
calculo do IQA. Uma possível causa da ausência de coliformes fecais é a rotatividade do gado nas
53
pastagens e o baixo índice pluviométrico nesta época do ano na região, não ocasionando, portanto
o escoamento superficial direto (Pinto, 2007).
Os valores inferiores de IQA foram verificados na amostragem do mês de maio, variando
entre 50,89 (ponto 06) a 67,41 (ponto 01). No momento desta amostragem, ocorria chuva e o
escoamento superficial era nítido, fato que influenciou nos resultados obtidos, elevando os valores
de coliformes, sólidos totais e sólidos totais dissolvidos.
Nota-se que, a partir do mês de outubro, quando as precipitações ficam mais freqüentes na
região, a qualidade da água sofre uma degradação. O efeito de diluição pela água da chuva não
ocorreu, o que pode estar relacionado com o fato de o escoamento superficial direto transportar
material orgânico e inorgânico, presente nas pastagens para dentro do ribeirão. Portanto, o efeito
transportador do deflúvio foi maior que o de diluição (Pinto, 2007).
Do mês de setembro a janeiro, o IQA variou de 56,97 a 72,42, enquadrando-se em nível
médio a bom de qualidade. O parâmetro coliformes fecais foi decisivo nos resultados de IQA,
elevando-o quando este parâmetro apresenta mínimas concentrações e baixando-o quando as
concentrações apresentaram-se elevadas. As elevadas concentrações de coliformes fecais
coincidem com períodos de chuva na região, sendo o escoamento superficial direto o responsável
pelo transporte do material fecal para as águas do ribeirão. As atividades de pecuária representam
grande risco a qualidade de corpos d’água, quando nestas não são adotadas práticas de manejo
conservacionistas (terraços, aração em nível, instalação de bebedouros fora de APP) elevando os
valores de DBO e coliformes fecais (Pinto, 2007).
Segundo Pinto (2007), na média, o IQA apresentou-se de nível bom, da cabeceira até o
ponto 03 e nível médio do ponto 04 até a seção controle, sendo o parâmetro coliforme o que mais
interferiu no cálculo do índice de qualidade da água.
O fato de o IQA ser superior no trecho da cabeceira até o ponto 03 e inferior deste até a
seção controle, está intimamente relacionado com a ocupação do solo. No primeiro trecho, há
predominância de ocupação por mata e regeneração natural, e a mata ciliar está presente nas
margens do ribeirão Lavrinha. Já no segundo trecho, observa-se um domínio das pastagens na
ocupação do solo, mesmo em áreas de preservação permanente (Pinto, 2007).
2.3.4.7. Enquadramento dos recursos hídricos superficiais da sub-bacia do córrego da Lavrinha em classes estabelecidas pela Resolução 357/05 – CONAMA.
A figura 45 apresenta um resumo do enquadramento em classes conforme Resolução
CONAMA 357/05 para cada ponto amostrado, de acordo com Pinto (2007).
54
Ponto Enquadramento Parâmetro
Violado Uso do solo no entorno do
ponto
01 Classe 3 C. F. Mata nativa
02 Classe 3 C. F. Mata nativa, mata em
regeneração e pastagem
03 Classe 3 C. F. Mata nativa, mata em
regeneração e pastagem
04 Classe 3 C. F. Mata ciliar estreita e pastagem
05 Classe 3 C. F. e O.D. Pastagem
06 Sem
enquadramento
C.F, O.D. e
D.B.O. Várzea e pastagem
C.F. Coliformes fecais, O.D. Oxigênio dissolvido, D.B.O. Demanda bioquímica de oxigênio
Figura 45: Resumo do enquadramento, de cada ponto amostrado na sub-bacia hidrográfica do córrego da Lavrinha, em
classes da Resolução CONAMA 357/05.3
Do ponto 01 ao ponto 04, a maioria dos parâmetros apresentaram-se dentro dos limites da
classe 1, exceto coliformes fecais, que violaram a classe 2 em uma amostragem, fazendo com que
o ponto de cabeceira e o ponto 04 se enquadrassem na classe 3. Os valores de coliformes fecais
variaram de 0 a 4.500 NMP/100 ml, sendo que a Resolução CONAMA 357/05 estabelece o limite
de 200 coliformes em 80% ou mais de, pelo menos 6 amostras coletadas bimestralmente ao longo
do ano, para a classe 1 e de 1.000 coliformes para a classe 2.
O ponto 05 também foi enquadrado na classe 3, devido ao mesmo problema anterior, ou
seja, os coliformes fecais foram determinantes no enquadramento. O oxigênio dissolvido
apresentou valores abaixo de 6 mg L-1 (5,45mg L-1 amostragem do dia 03/12/2006), sendo o limite
da classe 1 estabelecido pela Resolução não inferior, em nenhuma amostra, a 6 mg L-1, fazendo
com que este parâmetro levasse o enquadramento em classe 2. Porém, foram encontrados valores
de até 2,5x104 NMP/100 mL para o parâmetro coliformes fecais, fazendo com que o ponto se
enquadre na classe 3.
Na seção controle da sub-bacia, onde o córrego deságua no rio Grande (ponto 06), foram
encontrados valores de DBO acima de 3 mg L-1 (3,3 mg L-1 amostragem do dia 10/05/2006), OD
3 De acordo com o Art. 4º da a Resolução CONAMA 375/05: “(...) IV - classe 3: águas que podem ser destinadas: a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou avançado; b) à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras; c) à pesca amadora; d) à recreação de contato secundário; e e) à dessedentação de animais. (...)”
55
abaixo de 6 mg . L-1 (5,35 mg L-1 e 5,24mg L-1 nas amostragens dos dias 03/12/2006 e 07/01/2007
respectivamente) o que enquadraria o curso d’água neste ponto na classe 2. Porém encontraram-
se valores de coliformes fecais de até 4,5x104 NMP/100 ml (amostragem do dia 10/05/2006),
impedindo o enquadramento do curso d’água neste ponto mesmo na classe 3.
Como se pode observar, o parâmetro coliformes fecais foi determinante no
enquadramento, reduzindo em alguns pontos, de classe 1 para a classe 3, em outros de classe 2
para classe 3 e em um caso, impossibilitando o enquadramento em qualquer classe. Assim, diante
dos resultados apresentados neste estudo, Pinto (2007) apresenta as principais conclusões:
a) A pecuária extensiva, juntamente com o baixo nível tecnológico empregado nesta atividade
foram determinantes no nível da qualidade da água, concorrendo para a elevação dos
valores de coliformes fecais e DBO.
b) A presença da mata nativa, de mata em processo de regeneração e nas áreas ciliares,
explicam o melhor nível da qualidade da água num dos pontos estudados.
c) Práticas de manejo sustentável fazem-se necessárias na sub-bacia hidrográfica para
reduzir os problemas relacionados à poluição hídrica.
Como sugestão para minorar os problemas de qualidade da água na sub-bacia
hidrográfica, o autor sugere:
• Adoção de práticas de conservação do solo e da água;
• Recuperação da vegetação ciliar;
• Isolamento das nascentes, construção de bebedouros para o gado, a fim de minimizar o
pisoteio próximo as nascentes e nas margens dos drenos;
• Rotação de pastagens;
• Construção de tanques de decantação para os efluentes oriundos dos currais e reutilização
deste material como fertilizante na agricultura.
56
2.4 POSSIBILIDADES DE CONECTIVIDADE
A RPPN Ave Lavrinha faz parte de um mosaico de fragmentos florestais remanescentes de
um modelo de ocupação do solo onde, nas faces onde bate mais sol, as “soalheiras”, a vegetação
foi substituída por pastagens; e, nas faces mais sombreadas, ou, “noruega”, a vegetação arbórea
foi poupada de corte raso. A RPPN, por estar numa dessas faces sombreadas, permaneceu
preservada formando um contínuo de mata juntamente com os remanescentes das propriedades
vizinhas.
Os fragmentos que ainda permanecem nas faces sombreadas muitas vezes estão
conectados uns aos outros, formando corredores ecológicos. A RPPN tem conexão com
fragmentos em seu entorno, funcionando, possivelmente, como um corredor.
Atualmente, no entanto, em virtude da subdivisão das propriedades no entorno da Fazenda
Lavrinha, mesmo a face sombreada tem sido alvo de desflorestamento para formação de
pastagens, e quando sem sucesso econômico, substituidas pela plantação de eucaliptos.
2.4.1. Unidades de Conservação na região da RPPN Ave Lavrinha
Na região do entorno da RPPN há Unidades de Conservação, algumas das quais
pertencem ao Mosaico da Mantiqueira. Elas estão descritas a seguir.
Área de Proteção Ambiental da Serra da Mantiqueira
A APA Federal da Serra da Mantiqueira, criada através do Decreto no 91.304 de 03 de
junho de 1985, com área total de 422.873ha, abrange, total ou parcialmente o território de 28
municípios nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, apresentando duas
subdivisões principais: a primeira corresponde aos municípios das vertentes do Vale do Paraíba e
a segunda ao Sul de Minas Gerais. A sub-região do Vale do Paraíba apresenta altos índices de
urbanização, economia diversificada com significativa presença de indústrias e rendas médias
maiores e melhor distribuídas. A região Sul de Minas caracteriza-se por uma realidade
predominantemente rural, com economia pouco diversificada e padrões de renda relativamente
mais baixos.
Dentre os municípios que fazem parte da APA Serra da Mantiqueira, em sua porção
mineira, encontra-se o município de Bocaina de Minas, onde está localizada a RPPN Ave Lavrinha.
O município de Bocaina de Minas tem a totalidade do seu território dentro do perímetro da APA
Serra da Mantiqueira.
A sede administrativa da APA Serra da Mantiqueira está localizada no município de
Itamonte – MG e o ICMBio é o responsável pela gestão da unidade.
57
Área de Proteção Ambiental do Francês
A APA do Francês foi criada no município de Carvalhos-MG pela Lei Municipal no 1.041 de
29 de outubro de 2001 com objetivo de conservar a biodiversidade, os recursos hídricos e
promover o desenvolvimento sustentado. Com área total 18.309,24ha, a APA do Francês abrange
a região das cabeceiras do córrego do Francês na divisa de Carvalhos com Aiuruoca e Bocaina de
Minas, sendo limítrofe também à RPPN Ave Lavrinha. A Prefeitura Municipal de Carvalhos é a
responsável pela gestão desta UC.
Parque Nacional de Itatiaia
O Parque Nacional de Itatiaia, primeira Unidade de Conservação brasileira, foi criado em
1937 através do Decreto no 87.586 de 20 de setembro, com o propósito de incentivar a pesquisa
científica e oferecer lazer às populações urbanas. A proposta foi feita inicialmente pelo botânico
Alberto Löfgren. Apesar da ampliação de sua área em 1982 (de 120 Km2 para 300 km2), do
crescimento do movimento ambientalista e da busca da população por lugares de lazer e descanso
junto à natureza, a situação do Itatiaia, como da maioria dos Parques Nacionais do país, é
precária, pois além do ainda não resolvido problema de regularização fundiária, faltam
infraestrutura, recursos humanos e financeiros para sua manutenção.
O acesso até a sede administrativa do Parque Nacional de Itatiaia é feito pelo município de
Itatiaia – RJ, e o ICMBio é o responsável pela gestão desta UC.
Parque Estadual da Serra do Papagaio
Criado através do decreto Estadual no 39.793 de 1998 o Parque Estadual da Serra do
Papagaio tem área aproximada de 22.917 ha abrangendo terras dos municípios de Aiuruoca,
Alagoa, Baependi, Itamonte e Pouso Alto. Interliga-se, geograficamente, com a porção norte do
Parque Nacional do Itatiaia, permitindo uma proteção mais efetiva da flora e da fauna, por compor
um conjunto montanhoso contínuo, legalmente preservado. O IEF-MG é o órgão gestor da
Unidade.
RPPN da Mitra do Bispo
A RPPN da Mitra do Bispo, de propriedade do Sr. Carlos Simas, foi reconhecida pelo
IBAMA através da Portaria Normativa No 97 de 1999. Com área aproximada de 35ha, está
localizada no município de Bocaina de Minas, na divisa com Alagoa e Aiuruoca. Esta RPPN
protege um importante remanescente de Floresta Ombrófila Alto-Montana em altitudes que variam
de 1.800m a 2.000m de altitude.
58
CAPÍTULO 3 - PLANEJAMENTO
3.1. ANÁLISE ESTRATÉGICA
3.1.1. DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO E ANÁLISE ESTRATÉGICA
A presente etapa do Plano é uma análise da situação geral da RPPN em relação aos
fatores, tanto internos quanto externos, que a impulsionam, ou que dificultam que os objetivos para
os quais ela foi criada sejam alcançados. Os fatores endógenos que constituem o cenário interno
da reserva foram caracterizados como “pontos fortes” e “pontos fracos” e condicionam seu manejo.
Os fatores do cenário externo são caracterizados como “oportunidades” e “ameaças” e auxiliam ou
dificultam o alcance de seus objetivos.
Os principais resultados da análise situacional estratégica da RPPN são:
Forças Restritivas
AMBIENTE INTERNO AMBIENTE EXTERNO TEMAS ANALISADOS
PONTOS FRACOS AMEAÇAS
Meio Biótico
Baixa diversidade de espécies florestais dadas as carcterísticas do meio físico (declividade e altitude)
Historico de forte pressão sobre a fauna, nos anos anteriores à aquisição da área
Pesquisa científica da Fauna e Flora ainda incipiente
Caça eventual Costume de cães nas casas Ausência de cerca na divisa do alto e a invasão de bovinos da propriedade vizinha
Perigo de fogo eventual originado pela queima das pastagens nativas da propriedade vizinha (alto)
Meio Físico Solos rasos com forte declividade Trilhas instáveis e frágeis devido à
declividade e ao tipo de solo
Erosão em áreas contíguas Dificuldade de acesso aos pesquisadores
Pressão Antrópica
Vizinhos temem maior fiscalização na região em virtude da existência da RPPN
Tradicional concepção da mata e capoeira como “sujo” x pastagem como “limpo”
Costume, por parte da população local, de praticar a caça eventual para consumo (jacu, paca) ou animais de companhia (trinca-ferro, coleirinho)
Costume de proprietários do entorno (divisa do alto) de renovar pastagens com uso do fogo
Proteção
Declividade alta e dificuldade de manutenção irregular das trilhas dificultam também acesso no caso de emergência
Inexistência de um programa sistemático e organizado de prevenção e combate aos incêndios com pessoal qualificado e equipamentos
Ausência de aceiro ou outra medida preventiva para evitar fogo na RPPN, sobretudo em sua divisa mais fragil, a do alto
59
AMBIENTE INTERNO AMBIENTE EXTERNO TEMAS ANALISADOS
PONTOS FRACOS AMEAÇAS
Pesquisa
O conhecimento sobre os recursos naturais da RPPN e do seu entorno ainda é incipiente e insuficientemente debatido e divulgado
Ausência de norma de conduta explicita para os pesquisadores que transitam na área
Ausência de controle sobre o fluxo de pesquisadores que desenvolvem trabalho na RPPN
A articulação com a UFLA está condicionada a presença do assessor técnico
Devolução de resultados das pesquisas para a proprietária e comunidade ainda é insuficiente
Há proprietários no entorno insatisfeitos com a presença dos pesquisadores em suas propriedades
Publicação de pesquisas realizadas na área sem referência à RPPN
Impacto sócio-ambiental das práticas dos pesquisadores, muitos deles ainda jovens e sem formação especifica para a questão
Educação Ambiental
Ausência de pessoas disponiveis na equipe para ações de educação ambiental amplas: as atividades de educação ambiental se restringem ao relacionamento com os funcionários da RPPN e alguns moradores do entorno;
A população do entorno apresenta baixa motivação e tempo limitado para as ações de educação ambiental pretendidas, uma vez que se sente conhecedora da região
Gestão
Baixa institucionalização da reserva Não há estrutura de gestão formal
definida para a RPPN As ações de gestão são realizadas
pela proprietaria e familiares a partir da experiência acumulada em outros contextos e pelos funcionarios da RPPN, de forma empírica
Ritmo de visitas da proprietária e familiares é irregular, sendo os funcionários os principais co-responsáveis pela gestão/ administração
Comunicação Externa
Poucas atividades organizadas de debate e divulgação dos objetivos da RPPN com a comunidade da Lavrinha
Conhecimento não explicitado sobre a função e objetivos da RPPN pela comunidade da Lavrinha; tendencia a percebe-la como ameaça às suas praticas agropecuarias tradicionais.
Não há atividades de comunicação externa
Conflitos de interesses e perspectiva entre a RPPN e o entorno
Pouca participação da comunidade e de orgãos e entidades ambientais nas etapas atuais de gestão
60
AMBIENTE INTERNO AMBIENTE EXTERNO TEMAS ANALISADOS
PONTOS FRACOS AMEAÇAS
Infraestrutura
Não há linha de telefone na Fazenda Lavrinha, nem internet
O uso do celular é possivel em alguns trechos mais altos da fazenda
A luz elétrica provém de gerador movido a água e está sujeita a oscilações, podendo provocar danos a equipamentos eletro-eletrônicos
Falta sinalização do acesso para quem vem de Santo Antônio e de Liberdade
Comunicação vulnerável em caso de emergência
Desenvolvimento Local
A RPPN e a fazenda estão relacionadas à regeneração da capoeira/floresta e à proteção da fauna, e a algumas atividades de subsistência dos funcionarios, vizinhos, como horta, pomar, roça, criação de animais, sem cunho econômico.
Percepção errônea da RPPN como barreira ao desenvolvimento econômico local, e motivadora de maior fiscalização por parte dos orgãos IBAMA e IEF
Forças Impulsoras
AMBIENTE INTERNO AMBIENTE EXTERNO TEMAS ANALISADOS
Pontos Fortes Oportunidades
Meio Biótico
A RPPN abriga espécies de aves ameaçadas, vulneráveis ou raras no Estado.
Possibilidade de aumento da biodiversidade após a aquisição da área e a criação da reserva.
A área da Reserva é cercada por mata, com exceção da divisa norte (alto da serra) que tem pastagens
Houve redução gradual da pressão de caça em virtude da crescente fiscalização e também pela presença de um novo modelo de uso definido na propriedade e na Reserva
A heterogeneidade de ambientes (floresta densa, regeneração, borda e escarpas rochosas) propicia, potencialmente, maior riqueza de espécies
Preservação de fragmento de Floresta Ombrófila Densa Alto-Montana e a biodiversidade associada
Conectividade da RPPN a outros fragmentos florestais do entorno favorece o fluxo gênico
Meio Físico
As escarpas da RPPN apresentam grande beleza cênica
Relevo favorece a proteção contra o fogo e contra o desmatamento
Elevada captação de água e recarga das nascentes
Existência de diversas nascentes Elevada vazão das nascentes
61
AMBIENTE INTERNO AMBIENTE EXTERNO TEMAS ANALISADOS
Pontos Fortes Oportunidades
Situação Fundiária
Limites da RPPN e da propriedade estão georreferenciados
Acordo vindo de tradição oral dos limites da propriedade com vizinhos
Bom relacionamento com vizinho.
Pressão Antrópica
Inexistência de infraestrutura e ocupação humana acima da reserva
Vizinhos próximos respeitam a opção da proprietária pela preservação da área
Difusão de tecnologias e práticas conservacionistas de produção para a comunidade do entorno pode diminuir pressão antrópica na RPPN e no seu entorno
Proteção
A proprietária e seus familiares, junto aos funcionários, já desenvolvem, de forma espontânea e empirica, ações de proteção e fiscalização
Matas que constituem parte das propriedades limítrofes (à esquerda e à direita) e a regeneração dentro da própria Fazenda Lavrinha servem como zona tampão
Operações de fiscalização realizadas pela APA Serra da Mantiqueira e polícia ambiental inibem ações clandestinas na região
Boa articulação com outras UCs do Mosaico Mantiqueira realizadas pelo técnico que coordena as atividades relacionadas à RPPN.
Boa interação com a comunidade e vizinhos pode ajudar, em caso de convocação de emergência
Parque Estadual da Serra do Papagaio e IEF-MG podem apoiar em situações de emergência
Pesquisa
Ambiente atrativo para pesquisas científicas relacionadas aos meios físico e biótico.
Parceria com a Univ. Federal de Lavras e possibilidade de outras parcerias.
Existência de infraestrutura de apoio a pesquisadores (alojamentos).
Fluxo permanente de estudantes e pesquisadores com potencial de aumentar.
Possibilidade de ampliação da parceria com a UFLA através do contato com docentes de outras áreas do conhecimento
Possibilidade de parceria com outras instituições educacionais de nível superior da região
Possibilidade de identificação de plantas ou animais endêmicos e ameaçados de extinção
A existência de dados sobre a hidrologia e o clima da sub-bacia da Lavrinha pode subsidiar ações de conservação.
Atividades de pesquisa tem potencial para modificar positivamente o ambiente de conservação externo.
Educação Ambiental
Corpo técnico qualificado, com grande experiência anterior, para fomento e desenvolvimento de projetos e ações de educação ambiental
Infraestrutura adequada no entorno para ações de educação ambiental
Possibilidade de utilização da infraestrutura da Fazenda Lavrinha e alguns de seus recursos humanos especializados para atividades de sensibilização da comunidade do entorno
Possibilidade de utilização da infraestrutura da Fazenda Lavrinha para atividades capacitação de professores do município
62
AMBIENTE INTERNO AMBIENTE EXTERNO TEMAS ANALISADOS
Pontos Fortes Oportunidades
Gestão
Motivação e experiência organizacional da proprietária e de seus familiares e amigos por seu historico de coordenação de ONG indigenista, a Comissão Pro-Indio do Acre, cujo trabalho sócio-ambiental e de educação é reconhecido nacionalmente
Existe um sistema de gestão estabelecido desde a aquisição da fazenda que se estende a RPPN
Processo de implementação da Associação Ave Lavrinha, que visa aumentar e favorecer as parcerias e a institucionalização das ações sem a perda de seu caráter criativo e culturalmente adequado
Criação de uma associação para gerenciar a RPPN com vistas a seu desenvolvimento e ampliação de médio e largo prazo
Gestão Financeira
Disponibilidade de recursos próprios da proprietaria para a gestão, independente de apoio externo
Sustentabilidade gradual a ser alcançada junto a criação e implementação das atividades da Associação Ave Lavrinha, a ser criada no primeiro semestre de 2009.
Possibilidade de desenvolvimento institucional sustentado de médio e largo prazo, assim como de captação de recursos externos complementares para ampliação do escopo das ações.
Comunicação externa
Os funcionarios da RPPN e vizinhos mantém forte relação de compadrio e parentesco e há grande circulação de informações entre eles
A proprietária, familiares e amigos mantém relações de amizade e boa vizinhança com a população da Comunidade da Lavrinha há mais de duas décadas
Potencial de internalização e compreensão progressiva por parte dos moradores dos objetivos da RPPN, com envolvimento gradual em suas atividades e da Associação
Infraestrutura
A RPPN dispõe, no seu entorno imediato, na Fazenda, de espaços administrativos e de documentação e pesquisa.
A Fazenda Lavrinha disponibiliza de varias alternativas de alojamento para pesquisadores
A Fazenda Larinha apresenta potencial de crescimento e melhoria de sua infraestrutura e dos serviços com a chegada da luz eletrica e a aquisição de novas glebas e residencias
Desenvolvimento Local Geração de emprego na Fazenda e
na RPPN e fomento de alternativas para usos sustentaveis das áreas do entorno e da propria fazenda
Fomento de política pública local e regional que auxiliem na conservação da biodiversidade conciliada ao desenvolvimento local
63
3.1.2. OBJETIVOS GERAIS DE MANEJO
a) Preservar a diversidade biológica de um remanescente de Floresta Ombrófila Alto-
Montana;
b) Proteger nascentes da bacia hidrográfica do córrego da Lavrinha;
c) Incentivar a pesquisa científica aplicada a fins sociais e educacionais em Bocaina de Minas
e região.
d) Favorecer uma politica publica de cunho socioambiental no municipio, integrando-a às
praticas produtivas tradicionais da população local
3.1.3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE MANEJO
a) Proteção de espécies endêmicas, raras, vulneráveis ou quase ameaçadas de extinção tais
como: canelas (lauráceas), xaxim (Dicksonia sellowiana), bugio (Allouatta fusca), sauá
(Callicebus personatus), choquinha-da-serra (Drymophila genei), pinto-do-mato (Hylopesus
nattereri), estalinho (Phylloscartes difficilis) e cigarra-verdadeira (Sporophila falsirostis),
dentre outras de possível ocoerrência;
b) Contribuição para o desenvolvimento regional, incentivando a adoção de práticas
conservacionistas de manejo da propriedade rural e da biodiversidade nela existente;
c) Valorização da RPPN junto à população da Lavrinha e região, através do desenvolvimento
de atividades de educação ambiental em dois âmbitos: formal, incluída no currículo de
ciências/geografia/etc, no ensino municipal (fundamental e médio); e informal, junto à
população local (eventos e encontros para difusão do conhecimento e do saber).
3.1.4. NORMAS GERAIS
A execução das ações de manejo e o funcionamento geral da RPPN Ave Lavrinha podem
ser orientados por meio do estabelecimento de um conjunto de normas e regras. Estas devem ser
seguidas pelos usuários da Fazenda Lavrinha e debatidas, avaliadas e replanejadas, quando
necessário.
Assim, em relação às normas gerais definidas para a RPPN fica estabelecido que:
a) Toda e qualquer atividade desenvolvida na Reserva deve estar de acordo com os
princípios definidos pelo SNUC;
b) As atividades não constantes no Plano de Manejo, mas que necessitam ser realizadas,
devem ser submetidas à aprovação prévia dos proprietários, em conjunto com os
funcionários da RPPN;
64
c) Fica proibida a entrada e permanência de pessoas que ameacem a Reserva e seus
habitantes, pelo uso de armas, materiais ou instrumentos destinados à caça, ao corte de
vegetação e outros; e que coloquem em risco a fauna, flora, ou os visitantes e funcionários
da reserva;
d) É expressamente proibido o abandono de lixo não orgânico, detritos de qualquer natureza
ou quaisquer outros materiais que comprometam a integridade paisagística e sanitária da
área;
e) Deve ser evitada a entrada ou permanência de cães e outros animais domésticos no
interior da RPPN;
f) Não é permitida a introdução de espécies exóticas da fauna e da flora;
g) Toda a infraestrutura instalada na RPPN Ave Lavrinha deve ser projetada de forma a
harmonizar-se com a paisagem natural e limitar-se às estritamente necessárias ao seu
manejo;
h) A sinalização deve ser de fácil leitura e harmônica com o ambiente natural.
i) A abertura de trilhas é permitida quando comprovada sua necessidade e viabilidade
técnica e desde que aprovada pela proprietaria e/ou a administração da Reserva;
j) Os acampamentos no interior da RPPN somente são permitidos para atividades de
monitoramento e proteção da área; e, em casos excepcionais de pesquisa científica,
previamente autorizados pela proprietaria e/ou a administração da Reserva e seguindo
normas rígidas de mínimo impacto;
k) Não é permitido acender fogueiras no interior da RPPN;
l) As atividades de pesquisa somente serão realizadas mediante autorização da proprietária;
m) As pesquisas devem ser orientadas para uma dimensão educacional e aplicada a ser
definida no escopo dos acordos entre pesquisadores-orientador e a gerência da RPPN.
n) Os funcionários da RPPN serão capacitados para o exercício de suas funções específicas,
bem como para receber e compreender informações gerais sobre a conservação dos
recursos naturais e o manejo de áreas silvestres.
3.2. ZONEAMENTO
O zoneamento é uma técnica de ordenamento territorial, usada para atingir melhores
resultados no manejo de uma Unidade de Conservação. Ele estabelece usos diferenciados para
cada espaço, segundo seus objetivos, suas potencialidades e as características encontradas no
local. Identificando e agrupando áreas com as qualificações citadas, estas áreas vão constituir
zonas específicas, que passam a ter normas próprias. Dessa forma, o zoneamento torna-se uma
ferramenta essencial na gestão da RPPN Ave Lavrinha.
65
Para a escolha do número e dos nomes para zonas na RPPN Ave Lavrinha, considerou-
se:
a) O objetivo geral da RPPN: a conservação da diversidade biológica;
b) Os usos permitidos na RPPN: a pesquisa e a educação;
c) As situações que podem ocorrer em uma RPPN;
d) A simplificação das zonas para o plano de manejo, afim de facilitar a compreensão e o
domínio do tema pelos funcionários;
e) A infraestrutura administrativa situada externamente ao perímetro da RPPN;
f) Os anseios da proprietária, seus familiares, amigos e funcionários de que não seja
desenvolvida atividade de visitação pública com fins de turismo;
Foram, então, definidas três zonas para a RPPN Ave Lavrinha:
a) Zona Silvestre; b) Zona de Proteção; e c) Zona de Recuperação.
3.2.1. ZONA SILVESTRE
A Zona Silvestre (Figuras 46, 47 e 48) foi definida considerando-se o grau de conservação
da vegetação, a dificuldade de acesso e a fragilidade ambiental, em virtude da forte declividade da
área.
Os limites desta zona são: à esquerda, o córrego do Palhaço; à direita, o córrego do São
Bento, na divisa com herdeiros de José Vicente Dias, no alto, a divisa norte da reserva (crista da
serra), e, na parte baixa, o limite inferior da RPPN dentro da Fazenda Lavrinha (gleba da casa
vermelha) (Figura 49).
Figuras 46, 47 e 48: Vista geral da RPPN e interior da reserva
66
Figura 49: Zona Silvestre
Objetivos
a) Proteger a biodiversidade local;
b) Proteger as nascentes da Fazenda Lavrinha;
c) Possibilitar atividades de pesquisa científica que forneçam informações para ampliar o
conhecimento sobre os recursos naturais da RPPN e subsidiar o seu manejo;
Normas/ações
a) As atividades permitidas nessa zona são a fiscalização, a pesquisa científica e a visitação
restrita;
b) É permitido apenas o acesso ao Pico do Ouro e à cachoeira da divisa (Figuras 50 e 51);
c) As pesquisas científicas deverão ser previamente autorizadas pelos proprietários e as
coletas de material biológico pelos órgãos competentes;
d) A abertura de trilhas somente poderá ocorrer, seja para fins de fiscalização, pesquisa ou
monitoramento, com autorização prévia dos proprietarios, ou pela administração da RPPN,
considerando-se a mínima intervenção possível;
67
e) Deve-se criar sistemática semestral de manutenção das trilhas de acesso ao Pico do Ouro
e à cachoeira da divisa;
f) Deverá ser implantada infraestrutura para minimizar os impactos antrópicos e aumentar a
segurança de funcionários e pesquisadores em pontos críticos das trilhas;
g) As trilhas deverão ser sinalizadas com pequenas placas, com adesivos refletores, de modo
a auxiliar as pessoas que, por ventura, transitem na área à noite;
Figuras 50 e 51: Pico do Ouro e Nilo S Jardim na Cachoeira da divisa
3.2.2. ZONA DE PROTEÇÃO
A Zona de Proteção da RPPN Ave Lavrinha corresponde à área situada desde o córrego
da Pedra Lavada, na divisa com José Roberto Dias, até o córrego do Palhaço. Ao norte, a zona de
proteção tem seus limites na divisa da propriedade; e, ao sul, onde se inicia a Zona de
Recuperação (Figuras 52, 53, 54 e 55).
A Zona de Proteção é cortada pela trilha que dá acesso a divisa no alto da serra.
68
Figura 52: Zona de Proteção
Figuras 53, 54, 55: Vista geral, ambiente interno e aricanga (Geonoma schottiana).
Objetivos
a) Oferecer oportunidade aos visitantes convidados de conhecer a RPPN Ave Lavrinha e seu
entorno, permitindo um contato direto com a natureza por meio da trilha que dá acesso à
divisa norte;
b) Possibilitar a pesquisa científica;
c) Possibilitar a fiscalização e monitoramento da RPPN.
Normas
a) As atividades humanas permitidas nessa zona são a fiscalização, proteção, pesquisa
científica e visitação por amigos e convidados da proprietária da RPPN;
69
b) A visitação de amigos ou convidados só será permitida com acompanhamento dos
proprietários ou de funcionários da RPPN;
c) As trilhas deverão ser sinalizadas com pequenas placas com adesivos refletores, de modo
a auxiliar as pessoas que, por ventura, transitem na área à noite;
d) Deverá ser implantada infraestrutura para minimizar os impactos antrópicos e aumentar a
segurança de funcionários e pesquisadores em pontos críticos das trilhas;
3.2.3. ZONA DE RECUPERAÇÃO
É uma zona constituída de área significativamente alterada pela ação humana, de caráter
provisório. Esta zona terá sua área totalmente incorporada à zona de proteção ou à zona silvestre,
à medida que a recuperação vá sendo alcançada.
A Zona de Recuperação tem seus limites na divisa com José Roberto Dias, na divisa
inferior da RPPN, na margem direita do córrego do Palhaço e e no limite inferior da Zona de
Proteção (Figura 56, 57, 58 e 59).
Desde o ano de 1999, essa gleba não é roçada, possibilitando a regeneração natural da
área.
Figura 56: Zona de Recuperação
70
Figuras 57: Vista geral da Zona de Recuperação
Figuras 58, 59: candeia (Eremanthus erythropappus) e arbustos floridos
Objetivo
a) Propiciar a regeneração da vegetação de uma área de terra que havia sido desmatada
com fins de agricultura, anteriormente à aquisição da propriedade e à criação da RPPN;
Normas
a) O processo de recuperação deve continuar a se desenvolver por meio da regeneração
natural;
b) No manejo, não será permitida a introdução de espécies florestais exóticas;
c) As pesquisas científicas poderão ser executadas desde que compatíveis com o objetivo de
manejo.
d) A abertura de trilhas somente poderá ocorrer para fins de pesquisa ou monitoramento, com
autorização prévia da administração da RPPN, considerando a mínima intervenção
possível;
71
3.2.4. ZONA DE TRANSIÇÃO
A zona de transição situa-se ao longo de toda a divisa norte com largura de 5 metros
(Figura 60). Essa medida foi fixada levando em conta que o limite norte da RPPN fica no divisor de
águas da serra da aparecida e a declividade desse ponto para o interior da reserva é um fator que
protege a vegetação de fatores externos como o fogo.
Figura 60: Zona de Transição
Figuras 61, 62: Vistas gerais das pastagens existentes no limite norte da RPPN
72
Objetivo
a. Proteger a vegetação da RPPN contra ameaças externas como fogo e a entrada de
bovinos;
Normas
a) Deverá ser feito e mantido um aceiro ao longo da divisa norte com objetivo de evitar que
incêndios danifiquem a vegetação;
b) Deve ser construída uma cerca ao longo da divisa norte para evitar a entrada de bovinos
na área;
c) Devem ser mantidas placas indicativas da Reserva em pontos estratégicos ao longo da
divisa.
3.3. PROGRAMAS DE MANEJO
Os programas de manejo englobam cada atividade desenvolvida na RPPN. Consistem na
definição de ações que podem ser gerais ou por áreas. As ações gerais são aquelas que se
aplicam a toda a RPPN, que, pelo seu caráter de abrangência, são aplicadas a todas as zonas da
UC. Incluem ações e recomendações que têm interface com a propriedade, quando for o caso, e
com a área do entorno, no que couber. Cada programa inclui atividades e normas.
Para tornar o plano de manejo mais simples, foram definidos cinco temas para os
programas, que serão adotados de acordo com os usos pretendidos para a RPPN:
1) administração;
2) proteção e fiscalização;
3) pesquisa e monitoramento;
4) educação ambiental
5) sustentabilidade econômica;
6) comunicação.
3.3.1. PROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO
Objetivos
a) Coordenar as ações necessárias à implementação do Plano de Manejo
b) Implementar o Plano de Manejo da RPPN Ave Lavrinha, conforme estabelecido
73
c) Identificar, selecionar e sistematizar as informações geradas para estudos, análises e
revisões
Figura 63 (esq.): Branca Medina, Marco A. Fontes, Vicente Costa e Alessandro Costa na divisa do alto da RPPN
Figura 64 (dir.): Julieta Freschi e Branca Medina
Atividades
a) Implantar um sistema de gestão para a Reserva, que funcione independentemente da
Fazenda Lavrinha: a criação da Associação Ave Lavrinha pretende ajudar a concentrar e
viabilizar a gestão;
b) Capacitar os funcionários e demais interessados para o bom desenvolvimento das
atividades a serem executadas;
c) Estabelecer as prioridades de serviços e/ou ações necessários à implementação do
presente plano;
d) Estabelecer as prioridades de aquisição de equipamentos e/ou materiais necessários à
implementação do presente plano;
e) Organizar num banco de dados os documentos e imagens relacionados à Reserva
f) Fomentar, organizar e manter registro fotográfico periódico da Reserva e seu entorno;
g) Zelar pelo bom estado de conservação da placas de sinalização e demais elementos da
infraestrutura da Fazenda Lavrinha;
h) Manter organizado e catalogado todo o acervo bibliográfico e audiovisual da RPPN;
i) Manter um livro para registro dos pesquisadores ou visitantes da RPPN
j) Instalar um telefone em uma das casa da Fazenda Lavrinha que sirva de unidade de
administração;
k) Atualizar e rever, periodicamente, o Plano de Manejo.
74
Normas/Ações
a) A administração da RPPN deve ser realizada pela figura do gerente da Reserva,
acompanhada pelos proprietarios e pela equipe de coordenação da Associação Ave
Lavrinha, seguindo as recomendações da Assembléia Geral da Associação e as normas
estabelecidas pelo presente documento.
b) O gerente da Reserva assim como os associados da Associação Ave Lavrinha são
responsáveis pela implementação e acompanhamento do Plano de Manejo;
c) Intervenções de qualquer natureza no interior da RPPN deverão ser autorizadas
previamente pelos proprietarios e pela gerência da Reserva;
d) As construções necessárias ao bom desenvolvimento da RPPN devem ser implantadas,
prioritariamente, fora do perímetro da reserva e com arquitetura compatível com a cultura
local e o ambiente;
e) Os funcionários da RPPN, inclusive o seu gerente, deverão ser treinados para as suas
novas funções, bem como para receber e incorporar informações gerais sobre
conservação da natureza em unidades de conservação e manejo conservacionista de
propriedades rurais;
f) Todo visitante (amigo, convidado, pesquisador ou outros) deve assinar livro de presença,
registrando as seguintes informações: nome completo, endereço, telefone, e-mail,
instituição a que está ligado, motivo da visita e cidade de origem. Este livro ficará sob
responsabilidade do gerente da Fazenda Lavrinha e deve ser preenchido na chegada à
propriedade;
g) Todo lixo inorgânico (materiais recicláveis, pilhas ou outros rejeitos), trazido por
convidados ou pesquisadores, deve ser levado de volta para cidade a fim de dar o destino
adequado;
h) As placas de sinalização devem seguir um mesmo padrão pré-estabelecido e devem ser
harmônicas com o ambiente natural.
Prioridades
1. Elaborar e implantar um sistema de gestão da Reserva a partir do presente Plano;
2. Criar e registrar a Associação Ave Lavrinha para que se fortaleça o sistema de gestão da
Reserva, independente e complementarmente ao da Fazenda;
3. Estabelecer o organograma administrativo;
4. Implementar um sistema de documentação/registro do conhecimento ja acumulado sobre a
Reserva, reunindo os documentos gerados pelos pesquisadores ou visitantes, os
75
resultados de pesquisas, as imagens da formação e da recuperação da mata, a fauna e
flora, entre outros.
3.3.2 PROGRAMA DE PROTEÇÃO E FISCALIZAÇÃO
Objetivos
a) Proteger os recursos naturais da RPPN Ave Lavrinha;
b) Proporcionar segurança aos funcionários, visitantes e pesquisadores;
c) Envolver as propriedades vizinhas, no esforço de proteção do patrimônio natural da
Reserva e seu entorno;
Atividades
a) Estabelecer uma rotina de vistoria na divisa norte da RPPN onde se dão os riscos e
ameaças mais importantes (Figura 65);
b) Elaborar um programa de prevenção e combate a incêndios para a RPPN;
c) Construir cerca de arame ao longo da divisa norte e instalar porteiras nas trilhas de acesso
à reserva para evitar a entrada de bovinos/equinos na RPPN;
d) Manter limpas as trilhas do interior e da divisa norte da RPPN;
e) Manter um aceiro ao longo da divisa norte, numa faixa mínima de 5 metros, para evitar que
focos possíveis de incêndio alcancem a RPPN;
f) Colocar placas proibindo a caça e a coleta de plantas nas entradas da reserva e ao longo
da divisa norte;
g) Manter disponível, como parte da infraestrutura da fazenda, equipamentos de primeiros
socorros e de comunicação (rádio), bem como treinar os funcionários que trabalham na
área para lidar com situações de emergência;
h) Fortalecer a integração com as outras UCs do Mosaico Mantiqueira.
i) Criar estrategias de integração com a comunidade para a proteção da Reserva
76
Figura 65: Divisa do alto (norte) da RPPN
Normas/Ações
a) A caça, a coleta de plantas ou de outros materiais biológicos ou minerais são proibidas a
qualquer pessoa e, de qualquer forma, salvo para fins científicos, com a devida autorização
da gerência da RPPN, da proprietária e dos órgãos competentes;
b) Deverão ser mantidos materiais de combate a incêndio em locais de fácil acesso e os
funcionários e outros moradores do entorno deverão ser treinados para a função;
c) Monitorar o uso do fogo nas propriedades do entorno imediato;
d) Estabelecer contato com os proprietários das fazendas que fazem divisa ao norte da RPPN
para obter anuência e/ou parceria para manutenção de aceiro ao longo de toda a divisa;
e) A introdução ou reintrodução de espécies nativas da fauna e flora, somente será
permitida quando autorizadas pelo IBAMA ou IEF; e desde que orientadas por projetos
específicos que incluam o monitoramento, após a implantação ou soltura;
f) Os eventuais restos arqueológicos encontrados da RPPN Ave Lavrinha devem permanecer
na Reserva para estudos e pesquisa histórica ou sereo doadas a instituição especilizada;
g) As manutenção das trilhas deverá seguir normas pré-estabelecidas pela gerência e
administração da RPPN;
h) Qualquer pessoa que adentre na Reserva deverá estar portando rádio de comunicação,
sendo que outro rádio deverá ficar na casa do administrador da Fazenda Lavrinha;
i) Não é permitido o uso de bebidas alcólicas ou de drogas que possibilitem risco aos
indivíduos no interior da RPPN;
77
j) Qualquer lixo gerado no interior da RPPN deve ser trazido de volta.
Prioridades
1. Estabelecer uma sistemática de manutenção das trilhas do interior e da divisa norte da
RPPN;
2. Estabelecer contato com os vizinhos da divisa norte para tratar da construção de cerca e
aceiro;
3. Criar um aceiro ao longo da divisa norte.
4. Fortalecer laços institucionais com os orgãos responsáveis pela proteção das UCs da
Mantiqueira
3.3.3. PESQUISA E MONITORAMENTO
Objetivos
a) Aprofundar os conhecimentos sobre os recursos naturais da RPPN Ave Lavrinha, visando
otimizar o manejo da Reserva e do entorno;
b) Aprofundar os conhecimentos sobre a situação sócio-econômica e ambiental da região do
entorno, visando direcionar ações que promovam a integração com a comunidade local e a
discussão e difusão dos conhecimentos gerados pelas pesquisas;
c) Subsidiar politicas de proteção e desenvolvimento sustentável em nivel local e regional;
Atividades
a) Promover convênios com instituições de pesquisa e estimular pesquisadores para
condução de estudos, de caráter aplicado, sobre os recursos naturais da RPPN e aspectos
sócio-econômicos e ambientais da região (Figura 62);
b) Formalizar e ampliar o acordo de cooperação técnica com a UFLA, dando-lhe nova
dimensão pedagógica e aplicada;
c) Obter relatórios semestrais dos parâmetros climáticos obtidos pela estação meteorológica
instalada na Fazenda Lavrinha;
d) Capacitar os funcionários da RPPN para a realização de atividades como auxiliares de
pesquisa e como agentes de monitoramento;
e) Mapear todas as trilhas potenciais, e priorizar seu desenvolvimento baseado no custo de
manejo e efetividade para monitoramento e fiscalização;
78
f) Criar sistemáticas de reuniões entre os administradores da reserva, a comunidade local e
os agentes publicos para discussão e difusão do andamento das pesquisas feitas na
RPPN e na região.
g) Incentivar processos de interação entre os pesquisadores, a administração da Reserva e a
comunidade local visando o retorno dos resultados nas pesquisas em formato audiovisual
e escrito.
Figura 66: Henriqueta Bernardi (UFLA) medindo a vazão da nascente do córrego da Lavrinha
Normas/Ações
a) É permitida e incentivada a realização de pesquisas científicas, as quais devem ter os seus
projetos analisados e aprovados pela gerência da RPPN para sua instalação, condução e
encerramento, e devem estar voltados aos interesses da Unidade de Conservação e da
comunidade da Lavrinha;
b) É de responsabilidade do orientador dos estudos providenciar as demais autorizações que
se façam necessárias, junto aos órgãos estaduais e/ou federais, para realização da
pesquisa;
c) Deverão ser retiradas toda e qualquer marcação de campo, tais como fitas, equipamentos,
e outros materiais que não sejam mais necessários ao desenvolvimento das pesquisas;
d) Todo resultado de pesquisa, relatório ou publicação contendo dados obtidos na RPPN,
deve ser enviado para a proprietária e/ou a administração da Reserva em forma digital
(arquivos editáveis) e impressa, para compor o acervo científico da reserva;
e) Os créditos da pesquisa devem mencionar a RPPN Ave Lavrinha;
f) Serão de acesso dos pesquisadores os dados já disponíveis sobre a pesquisa proposta
que constam do Banco de Dados da Reserva;
79
g) Todo material utilizado no monitoramento (mapas, fotos, etc.) deverá ser mantido na sede
da RPPN;
h) As pesquisas devem ser traduzidas em material pedagógico (banners, cadernos de
pesquisa, videos) para distribuição e difusão entre a comunidade de Lavrinha e do entorno
e para subsidiar ações de educação ambiental nos municipios próximos.
i) Pesquisadores que desejarem se alojar nas dependências da Fazenda Lavrinha deverão
agendar com antecedência mínima de uma semana e respeitar as normas estabelecidas;
j) Os pesquisadores devem ser informados sobre as normas e regulamentos da RPPN no
momento da chegada, na ocasião do preenchimento do livro de visitantes;
k) Devido às características da RPPN Ave Lavrinha, é importante que se cumpram os
procedimentos de rotina que diminuam riscos de acidentes durante as atividades de
pesquisa;
l) É obrigatório o uso de equipamentos de proteção individual (perneiras ou botas de cano
longo) a todos que adentrem na reserva;
m) A administração deverá ser informada sobre o planejamento das atividades, o local da
pesquisa e previsão de saída e retorno dos pesquisadores;
n) Os pesquisadores devem ser avisados da existência de cobras peçonhentas e dos riscos
de acidentes ofídicos;
o) Devem se incentivadas “palestras” e comunicações periódicas dos pesquisadores no
periodo de campo, para que os funcionários possam entender e contribuir efetivamente
com a realização das pesquisas e também para divulgar e discutir com a comunidade da
Lavrinha os resultados obtidos;
Prioridade
a) Formalizar o acordo de cooperação técnica com a UFLA e outras instituições de pesquisa
que demonstrem interesse na proteção da biodiversidade da reserva
b) Contactar pesquisadores para implementar e desenvolver estudos de fauna e da flora na
RPPN;
c) Incentivar a devolução das pesquisas ja realizadas até aqui (e as proximas) em forma de
sistemáticas de debate entre pesquisadores, comunidade local e administradores da
RPPN, e na elaboração de material pedagógico.
80
3.3.4. EDUCAÇÃO AMBIENTAL Objetivo
a) Contribuir para a geração de alternativas e novas práticas produtivas, economicamente
viáveis, ambientalmente responsáveis e culturalmente adequadas na região
b) Capacitar professores da rede pública do municipio a partir das atividades e temáticas dos
estudos e das pesquisas relacionadas à Reserva
c) Difundir as atividades da RPPN nas escolas do sistema estadual e municipal
d) Elaborar projeto pedagogico especifico para a APAE, visando atender aos portadores de
necessidades especiais com atividades relacionadas à Reserva
e) Produzir materiais pedagógicos para os diferentes públicos do programa de educação
ambiental
Atividades
a) Propor e implementar acordos de cooperação com o poder executivo do municipio,
prefeitura e suas secretarias de educação, meio ambiente, agricultura e saúde, para iniciar
planejamento das linhas de atividades propostas
b) Estudar com o poder legislativo o uso do ICMS ecológico advindo das Ucs, entre elas da
Reserva Ave Lavrinha, a fim de viabilizar atividades de educação ambiental
c) Reunir e organizar as informações ja existentes sobre a Reserva para fins de educação
ambiental
d) Produzir proposta de material audiovisual e impresso para o programa de educação,
destinado aos professores e aos alunos
e) Pensar possibilidades de atividades educacionais com os portadores de necessidades
especiais
Normas
a) As ações de educação ambiental serão realizadas por profissionais selecionados pela
proprietaria e pela gerência da Reserva
b) Os educadores serão especializados nos temas focados, sejam eles moradores da região
ou docentes e estudantes, amigos e colaboradores
c) As atividades de cooperação com o poder executivo não dependerão de afinidades
politico-partidarias ou ideologicas
d) As atividades propostas poderão ser realizadas nas áreas de lazer da Fazenda Lavrinha,
ou nas escolas da rede, dependendo do teor da programação
e) O trabalho de educação ambiental não visa gerar recursos financeiros para a Reserva e
será oferecido gratuitamente.
81
Prioridades
a) Propor um conjunto de encontros de trabalho para tratar do assunto de cooperação e
parceria do municipio com a Reserva nas ações de educação ambiental
b) Identificar os profissionais que podem colaborar permanentemente e ocasionalmente com
as atividades
c) Organizar o acervo de documentos, livros e imagens existentes na Reserva e em outras
Ucs da região
d) Adquirir material e equipamentos para as atividades de educação ambiental (data show)
3.3.5 SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA
Objetivo
a) Viabilizar a manutenção, o desenvolvimento, a ampliação e intensificação das atividades
que permitam alcançar os objetivos da RPPN Ave Lavrinha;
Atividades
a) Elaborar projetos para captação de recursos visando a implementação do Plano de
Manejo;
b) Formalizar a Associação Ave Lavrinha que passará a captar e administrar os recursos para
a RPPN;
c) Estabelecer o valor da hospedagem nas dependências da Fazenda Lavrinha a fim de
ajudar a manter as casas de apoio;
d) Identificar e mensurar os serviços ambientais prestados pela Reserva a fim de candidatar-
se a receber pagamento por esses serviços;
e) Incentivar os funcionarios e vizinhos da reserva a desenvolverem alternativas de
sustentação econômica compativeis com a existência da RPPN, tendo para tal apoio da
Fazenda Lavrinha por meio de: apiário, venda de doces e verduras, leite, queijo, carnes,
etc;
Normas/Ações
a) A administração dos recursos financeiros será realizada pela proprietária da RPPN ou por
pessoa por ela designada; ou pela Associação Ave Lavrinha;
82
b) As prioridades para aplicação dos recursos será definida pela administração da reserva ou
pela Associação Ave Lavrinha;
c) Será cobrada, a título de colaboração, taxa de pernoite de pesquisadores nas
dependências da Fazenda Lavrinha: o valor da pernoite será definido anualmente pela
administração da RPPN e informado aos pesquisadores no momento da reserva das
acomodações;
d) Parentes, amigos e convidados da proprietária não estão sujeitos a obrigatoriedade de
taxas de pernoite, mas devem colaborar com a manutenção da propriedade quanto a
compras de material de manutenção (material de limpeza, bujão de gás, lâmpadas,
alimentos) ;
Prioridades
1. Formalizar a Associação Ave Lavrinha;
2. Elaborar projetos para captação de recursos visando a implementação do Plano de
Manejo;
3.3.6. PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO
Objetivos
a) Divulgar e valorizar a RPPN Ave Lavrinha e a região do Alto Rio Grande;
b) Promover a integração com a comunidade da Lavrinha, prefeitura, instituições e setores
que atuam no município;
c) Incentivar a conscientização ambiental da comunidade da Lavrinha, em relação à
relevância da RPPN e dos benefícios diretos e indiretos de sua existência (Figuras 63, 64 e 65);
d) Promover a participação da comunidade da Lavrinha na proteção dos recursos ambientais
conciliando-a com o desenvolvimento local: agropecuária, apicultura, piscicultura, etc.
e) Realimentar a integração da RPPN com as demais áreas protegidas da região.
83
Figuras 67, 68, 69: Prof. Antônio Marciano (UFLA) e Vicente Costa; reunião dos pesquisadores com os moradores da
Lavrinha; reunião do Mosaico Mantiqueira em Passa Quatro
Atividades
a) Contratar serviços de terceiros para criação da logomarca da RPPN e para a criação de
material de difusão como calendário, camisetas, agenda, etc;
b) Elaborar um folder sobre a RPPN Ave Lavrinha;
c) Editar e publicar o plano de manejo, uma vez aprovado pelo IEF, MG
d) Manter um acervo em forma de banco de dados, escrito e audiovisual sobre a Reserva;
e) Divulgar a disponibilidade da RPPN Ave Lavrinha para o desenvolvimento de estudos e
pesquisas em areas de conhecimento que sejam de interesse da proprietária e da equipe
de administração da reserva;
f) Identificar novos locais que necessitam da instalação de placas de sinalização do acesso e
de orientação dos visitantes e convidados;
g) Traduzir os resultados de pesquisas em material pedagógico que possa ser divulgado
localmente.
Normas
a) As placas de sinalização ou interpretação deverão transmitir com clareza a mensagem
desejada e primar pela harmonia com o ambiente;
b) O folder e os materiais de divulgação deverão ser elaborado em papel reciclado e devem
ser elaborados em linguagem acessivel à população do entorno e aos alunos das escolas
municipais;
Prioridades
1. Criar a logomarca da RPPN Ave Lavrinha;
2. Elaborar um folder sobre a Reserva
3. Editar e divulgar o presente plano de manejo uma vez aprovado
84
3.4. PROJETOS ESPECÍFICOS
O conhecimento da biodiversidade presente na RPPN Ave Lavrinha e no entorno é
fundamental para o planejamento das ações de proteção. Assim é fundamental o fomento ao
desenvolvimento de pesquisas que resultem na identificação de elementos da fauna e flora locais.
Outros aspectos que devem ser investigados e definidos são os serviços ambientais
proporcionados pela RPPN Ave Lavrinha. Isso proporcionará subsídios técnicos para pleitear, junto
ao governo estadual, uma compensação financeira por esses serviços.
3.5. PLANEJAMENTO OPERACIONAL
Como o Plano de Manejo é uma ferramenta de planejamento estratégico, e de médio e
longo prazo, não fornece detalhes sobre o planejamento operativo necessário para implantar cada
linha de ação. Entende-se o Plano Operacional como uma etapa da execução do Plano de Manejo,
de responsabilidade dos gestores. Durante a atual etapa e as próximas, cada linha de ação deverá
ser operacionalizada de acordo com os seguintes aspectos:
Atividades e projetos
Fontes de verificação
Cronograma
Responsáveis e parceiros
Fontes de financiamento
O Plano Operacional detalha a distribuição das atividades ao longo do curto (até um ano),
médio (entre o segundo e o terceiro ano) e longo (do quarto ano em diante) prazos, indicando os
responsáveis pela sua realização.
A administração deve buscar alternativas que diminuam os custos da implementação da
reserva. Várias ações poderão ser executadas com a prestação de serviço de outros profissionais,
ou por meio de convênios de cooperação com orgaos publicos e universidades, instituições de
pesquisa e extensão, com ONGs, ou a partir da captação de recursos de agencias ambientalistas
para a implementação dos programas e projetos, assim como o patrocínio de empresas privadas
para a realização de determinadas atividades.
85
PROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO
ATIVIDADE AÇÃO RESPONSÁVEL PRAZO
Implantar um sistema de gestão para a Reserva
Instituir a Associação Ave Lavrinha (AAL);
Estabelecer as prioridades de serviços e/ou ações necessários à implementação do presente plano;
Estabelecer as prioridades de aquisição de equipamentos e/ou materiais necessários à implementação do presente plano;
Manter um livro para registro dos pesquisadores ou visitantes da RPPN;
Manter registro fotográfico periódico da Reserva e seu entorno;
Manter organizado e catalogado todo o acervo bibliográfico e audio-visual da RPPN;
Zelar pelo bom estado de conservação da placas de sinalização e demais infraestruturas da Fazenda Lavrinha;
Instalar eletricidade e um telefone na casa do administrador da Fazenda Lavrinha;
Atualizar o Plano de Manejo.
Proprietária, Consultor Juridico
Proprietaria, Gerente, e AAL
Proprietaria, Gerente e Funcionários
Gerente e Funcionários
Gerente
Gerente e Funcionários
Proprietária
Gerente, AAL
Proprietária e Funcionários
Gerente e AAL
C
C
C
C
C,M,L
C
C,M,L
M
M,L
Capacitar os funcionários para o desenvolvimento das atividades;
Promover cursos, oficinas, reuniões e palestras e participar de eventos similares.
Gerente, Consultores C,M,L
AAL: Associação Ave Lavrinha; C: Curto Prazo; M: Médio Prazo; Longo Prazo
86
PROGRAMA DE PROTEÇÃO E FISCALIZAÇÃO
ATIVIDADE AÇÃO RESPONSÁVEL PRAZO
Proteger a RPPN da
entrada de pessoas
não autorizadas
Manter limpas as trilhas do interior
e da divisa norte da RPPN;
Manter uma rotina de vistoria na
divisa norte da RPPN;
Colocar placas proibindo a caça e a
coleta de plantas nas entradas da
reserva e ao longo da divisa norte;
Funcionários
Funcionários
Funcionários
C
C
C,M
Proteger a RPPN da
invasão de animais
domésticos
Construir cerca de arame ao longo
da divisa norte e instalar portões
nas trilhas de acesso à reserva para
evitar a entrada de bovinos/equinos
Funcionários
M
Proteger a RPPN de
incêndios
Elaborar programa de prevenção e
combate a incêndios para a RPPN;
Manter aceiro ao longo da divisa
norte;
Monitorar o uso do fogo nas
propriedades do entorno imediato;
Estabelecer contato com os
proprietários das fazendas que
fazem divisa ao norte da RPPN
para manutenção de aceiro ao
longo de toda a divisa;
Adquirir equipamentos de primeiros
socorros;
Treinar os funcionários que
trabalham na área para lidar com
situações de emergência;
Gerente e AAL
Funcionários
Gerente,
Funcionários
Gerente
Proprietária
Gerente e
Consultores
M
M
C,M,L
C
C
M
Fortalecer a integração
com as outras UCs do
Mosaico Mantiqueira.
Participar das reuniões do Conselho
do Mosaico Mantiqueira
Gerente,
Funcionários
C,M,L
AAL: Associação Ave Lavrinha; C: Curto Prazo; M: Médio Prazo; Longo Prazo
87
PROGRAMA DE PESQUISA E MONITORAMENTO
ATIVIDADE AÇÃO RESPONSÁVEL PRAZO
Incentivar a pesquisa científica na RPPN e entorno
Promover convênios com instituições de pesquisa e estimular pesquisadores para condução de estudos sobre os recursos naturais da RPPN e aspectos sócio-econômicos e ambientais da região da Lavrinha;
Formalizar o acordo de cooperação técnica com a UFLA;
Obter relatórios mensais dos parâmetros climáticos obtidos pela estação meteorológica instalada na Fazenda Lavrinha;
Disponibilizar aos pesquisadores os dados já disponíveis à pesquisa proposta;
Manter organizado todo material utilizado no monitoramento (mapas, fotos...) na sede da RPPN;
Informar os pesquisadores sobre as normas e regulamentos da RPPN;
Promover oficinas para que os funcionários possam entender e contribuir efetivamente com a realização das pesquisas;
Promover palestras para divulgar e discutir com a comunidade da Lavrinha os resultados obtidos;
Gerente e AAL
Gerente
Gerente
Gerente
Gerente
Funcionários
AAL e Pesquisadores
AAL e
Pesquisadores
M
C
C,M,L
C,M,L
C
C,M,L
M,L
M,L
Promover o monitoramento da RPPN
Capacitar os funcionários da RPPN para a realização de atividades de monitoramento;
Gerente e Pesquisadores
M
AAL: Associação Ave Lavrinha; C: Curto Prazo; M: Médio Prazo; Longo Prazo
88
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
ATIVIDADE AÇÃO RESPONSÁVEL PRAZO
Propor e implementar
acordos de
cooperação com o
poder executivo do
municipio
Reunir com
prefeitura e suas
secretarias
Elaborar termos da
cooperação
Executar as ações
de capacitação de
professores e
alunos
Proprietarios e
Gerente
Consultorias
especificas e AAL
C, M
C
M, L
Estudar com o poder
legislativo o uso do
ICMS ecológico
advindo das Ucs, a fim
de viabilizar atividades
de educação
ambiental
Reunir com
presidência da
câmara
Propor texto de lei
municipal
Discutir com
conjunto de
vereadores
Proprietarios, gerente
Proprietarios, AAL
Proprietarios, AAL
C, M
C, M
C, M
Reunir e organizar as
informações existentes
sobre a Reserva para
fins de educação
ambiental
Alimentar e manter
atualizações periodicas
Identificar e
selecionar o
conjunto de
documentos
Elaborar um critério
para sua
classificação
Organizar o acervo
digital e impresso
na gleba de casa
azul
Incorporar as
novas informaçoes
ao acervo
Gerente
Gerente
Gerente
Gerente
C,
C
C, M
M, L
89
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
ATIVIDADE AÇÃO RESPONSÁVEL PRAZO
Produzir proposta de
material audiovisual e
impresso para o
programa de
educação, destinado
aos professores e aos
alunos
Criar grupo de
trabalho
especilizado para
adequação das
informaçoes
existentes em
material
pedagogico
Executar o projeto
Capacitar grupo de
professores para
uso do material
Distribuir nas
escolas e avaliar
Proprietarios, gerente
e Assessorias e
consultorias
M, L
M, L
M, L
Pensar possibilidades
de atividades
educacionais com os
portadores de
necessidades
especiais
Reunir com equipe
da APAE de
Bocaina e
Liberdade
Estudar programa
diferenciado de
parceria
Executar programa
Proprietarios, gerente
e AALe
Proprietarios, AAL
consultores
AAL
M
M
M, L
AAL: Associação Ave Lavrinha; C: Curto Prazo; M: Médio Prazo; Longo Prazo
90
PROGRAMA DE SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA
ATIVIDADE AÇÃO RESPONSÁVEL PRAZO
Promover a sustentabilidade econômica da RPPN Ave Lavrinha
Elaboração de projetos para captação de recursos visando a implementação do Plano de Manejo e desenvolvimento de pesquisas científicas; Identificar e mensurar os serviços ambientais prestados pela Reserva;
Gerente, AAL e Pesquisadores Pesquisadores e Consultores
C,M,L
M
AAL: Associação Ave Lavrinha; C: Curto Prazo; M: Médio Prazo; Longo Prazo
PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO
ATIVIDADE AÇÃO RESPONSÁVEL PRAZO
Divulgar a RPPN Ave Lavrinha
Criar uma logomarca e elaborar um folder sobre a RPPN Ave Lavrinha; Editar e Divulgar o plano de manejo aprovado
Consultor Proprietária e Gerente
C
C, M
Divulgar a disponibilidade da RPPN Ave Lavrinha para o desenvolvimento de estudos e pesquisas;
Estabelecer contato com pesquisadores em universidades e centros de pesquisa visando a identificação de potenciais parceiros que atendam as demandas da RPPN
Gerente e AAL C,M,L
Transmitir o conhecimento adquirido com as pesquisas para a população local
Traduzir os resultados de pesquisas para uma linguagem local. Promover oficinas e palestras para a comunidade local Manter um acervo audiovisual sobre a Reserva;
AAL Gerente e AAL Gerente
M
M
C,M,L
Sinalizar as vias de acesso à RPPN
Identificar novos locais que necessitam da instalação de placas;
Gerente C
AAL: Associação Ave Lavrinha; C: Curto Prazo; M: Médio Prazo; Longo Prazo
91
EQUIPE TÉCNICA
COORDENAÇÃO GERAL NIETTA LINDENBERG MONTE, PROPRIETÁRIA
NILO SALGADO JARDIM, ZOOTECNISTA; CRMV MG 936/Z
REVISÃO BRANCA MEDINA, BIÓLOGA; CRBIO 42.629/02
JULIETA MATOS FRESCHI, BIÓLOGA
CONSULTORIA HENRIQUE RAJÃO, BIÓLOGO; CRBIO 21.804/02
MARCO AURELIO FONTES, ENGENHEIRO FLORESTAL; CREA MG 59.217/D
COLABORADORES ALESSANDRO COSTA, PRODUTOR RURAL
ANDRÉ CAUTY, MATEMÁTICO
CARLOS ESTEVES, BIÓLOGO; CRBIO 32.381/02
LENA TRINDADE, FOTÓGRAFA
LILLIAN CUNHA SALGADO, PRODUTORA RURAL
MARILIA MARTINS, ENGENHEIRA FLORESTAL
VICENTE PAULA COSTA, PRODUTOR RURAL
92
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Araújo, A. R. Solos da bacia do Alto Rio Grande (MG): Base para estudos hidrológicos e aptidão
agrícola. Lavras: UFLA, 2006. 345p. : il.
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Normativa MMA nº 003. 2003. Disponível em: www.mma.gov.br/port/sbf/fauna
Carvalho, D. A.; Oliveira-Filho, A. T.; van den Berg, E.; Fontes, M. A. L.; Vilela, E. A.; Marques, J. J.
G. S. M.; e Carvalho, W. A. C. Variações Florísticas e estruturais do componente arbóreo de uma
floresta ombrófila alto-montana às margens do rio Grande, Bocaina de Minas, MG, Brasil. Acta
Botânica Brasilica, 19: 91-109. 2005.
Costa, C.M.R.; Herrmann, G.; Martins, C.S.; Lins, L.V. & Lamas, I.R. 1998. Biodiversidade em
Minas Gerais: um atlas para sua conservação. Belo Horizonte: Fundação Biodiversitas.
Costa, C.M.R. Potencial para implantação de políticas de incentivo às RPPNs. Belo Horizonte:
Conservação Internacional, Fundação SOS Mata Atlântica, The Nature Conservancy, 2006.
80p.
Diegues, A. C. O mito moderno da natureza intocada. São Paulo: Hucitec/NUPAUB/USP, 2000a. 3
ed. 169 p.
Ferreira, L. M. Roteiro Metodológico para Elaboração de Pano de Manejo para Reservas
Particulares do Patrimônio Natural. Brasília: IBAMA, 2004. 96p.
Gómez-pompa, A. & Kaus, A. Domesticando o mito da natureza selvagem. In: DIEGUES, A. C.
(org.) Etnoconservação: novos rumos para proteção da natureza nos trópicos. São Paulo:
Hucitec/Nupaub/USP, 2000. P. 125-148.
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percepção dos moradores quanto aos seus recursos naturais. – Lavras : UFLA, 2002. 53 p: il.
IUCN. 2008 IUCN Red List of Threatened Species. Disponível em: www.iucnredlist.org.
Jardim, A. C. S. Uso dos recursos naturais pelos produtores rurais da nascente do rio Grande.
Dissertação de Mestrado, Lavras: UFLA, 2003. 110p.
Jardim, N. S. Gonçalves, A. C. Planejamento Conservacionista da Propriedade Rural: Uso do solo
e Conservação dos Recursos Naturais na Fazenda Lavrinha, 2003.
Junqueira Júnior, J. A. Escoamento de nascentes associado à variabilidade espacial de atributos
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2006. 86 p. : il.
Lamego, A. R. O Massiço do Itatiaya e Regiões Circundantes. Boletim do Serviço Geologico e
Mineralogico n. 88, Ministério da Agricultura, Rio de Janeiro, 1935.
93
Lamego, A. R,. O Homem e a Serra, IBGE, Serviço Gráfico, Rio de Janeiro, 1950.
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Mesquita, C. A. B. RPPN da Mata Atlântica : um olhar sobre as reservas particulares dos
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Monte, Nietta Lindenberg. 50 anos: poemas em série Ave Lavrinha, Bocaina, MG, 2002
Pereira, I. M. Estudo da vegetação remanescente como subsídio à recomposição de áreas
alteradas nas cabeceiras do rio Grande, Minas Gerais. – Lavras : UFLA, 2006. 261 p.: il.
Pinto, D. B. F. Qualidade dos recursos hídricos superficiais em sub-bacias hidrográficas da região
Alto Rio Grande – MG. Lavras: UFLA, 2007. 89 p. : il.
Silveira, E. M. O Mapeamento do uso atual do solo nas áreas de preservação permanente do
município de Bocaina de Minas – MG. Lavras : UFLA, 2004. 46 p.: il.
Ribeiro, K. O. Dados secundários da APA Mantiqueira: sócio-economia e ambiente. Projeto:
Fortalecimento da Gestão Participativa da APA Serra da Mantiqueira. Convênio MMA/FNMA
057/2003 - Processo no 02000.003015/03-14. Relatório parcial. 2004.
Roué, M. Novas perspectivas em etnoecologia: “saberes tradicionais” e gestão dos recursos
naturais. In: Diegues, A. C. (org.) Etnoconservação: novos rumos para proteção da natureza nos
trópicos. São Paulo: Hucitec/Nupaub/USP, 2000. P. 67-80.
SNUC BRASIL. Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza: lei no 9.985, de 18
de julho de 2000. Brasília: MMA/SBF, 2000. 32 p.
Website. www.almg.gov.munmg, 2000. (IGA; IBGE).
94
ANEXO I
Sinalização indicativa da RPPN Ave Lavrinha
95
ANEXO II
PORTARIA Nº 02, DE 3 DE JANEIRO 2006.
Reconhece como Reserva Particular do Patrimônio
Natural, a RPPN situada no município de Bocaina de
Minas – Minas Gerais, denominada “AVE LAVRINHA”
de propriedade de Nietta Lindenberg Monte.
O Diretor Geral Substituto do Instituto Estadual de Florestas – IEF, designação via Portaria
nº 33, de 9 de março de 2004, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo inciso IV do art.
9° do Decreto n°. 43.369, de 5 de junho de 2003, e com respaldo na Lei Delegada n°. 79, de 29 de
janeiro de 2003, com base na Lei n°. 2.606, de 5 de janeiro de 1962, no Decreto n°. 34.271, de 24
de novembro de 1992, na Lei 9.985, de 18 de julho de 2000, Decreto n°. 4.340, de 22 de agosto de
2002 e com base no Decreto n° 39.401, de 21 de janeiro de 1998.
RESOLVE:
Art. 1º Reconhecer, mediante registro, como Reserva Particular do Patrimônio Natural –
RPPN, de interesse público e em caráter de perpetuidade, a área de 49,0517 hectares,
denominada RPPN Ave Lavrinha, situada no município de Bocaina de Minas, estado de Minas
Gerais, de propriedade da Sra. Nietta Lindenberg Monte, cujo imóvel encontra-se matriculado no
Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de Aiuruoca, sob o número 9.883, Livro 2, fls.01.
Art. 2º O proprietário fica obrigado ao cumprimento do disposto no Decreto n° 39.401, de
21 de janeiro de 1998 e demais normas legais e regulamentares aplicáveis, devendo proceder, no
prazo de 60 (sessenta) dias, à averbação do Termo de Compromisso, no Cartório de Registro de
Imóveis competente.
Art. 3º As condutas e atividades lesivas à área reconhecida, sujeitam o infrator às
penalidades e sanções administrativas, civis e penais cabíveis.
Art. 4º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
96
Art. 5° Revogam-se as disposições em contrário.
Belo Horizonte, aos 3 de janeiro de 2006, 218° da Inconfidência Mineira e 184° da
Independência do Brasil.
Geraldo Fausto da Silva
Diretor Geral Substituto
97
MEMORIAL DESCRITIVO DA ÁREA DE RPPN
“AVE LAVRINHA”
1}.DESIGNAÇÃO DO IMÓVEL: Gleba do terreno Rural de formato irregular situado na
região Sul do Estado de Minas Gerais, Comarca de Aiuruoca/MG.
2}. LOCALIZAÇÃO DO IMÓVEL: A referida área está localizado no Imóvel FAZENDA
LAVRINHA, Município de Bocaina de Minas/MG.
3}.PROPRIETÁRIA: NIETTA LIDENBERG MONTE .
4}. CARACTERÍSTICAS DO TERRENO EM RELAÇÃO AOS CONFRONTANTES:
Conforme o levantamento o terreno apresenta as seguintes características em relação aos
confrontantes.
Inicia-se a descrição deste perímetro no vértice N21 de coordenadas N 7.554.301,09m e E
555.560,90m,situado na divisa com o terreno de João Ferreira; Deste,segue confrontando com o
terreno de João Ferreira nos vértices: N22 de coordenadas 7.554.292,00 e E 555.576,66m ao N23
de coordenadas N 7.554.269,05m e E 555.622,83m ao N24 de coordenadas N 7.554.256,51m e E
555.647,09m ao N25 de coordenadas N 7.554.185,61 e E 555.708,88m; Deste, segue
confrontando com o terreno dos Herdeiros de José Vicente Dias nos vértices: V40 de coordenadas
N 7554.060,21m e E 555.777,94m ao V39 de coordenadas N 7.554.034,75m e E 555.802,33m ao
V38 de coordenadas N 7.553.999,47m e E 555.832,80m ao V37 de coordenadas N 7.553.980,77m
e E 555.839,91m ao V36 de coordenadas N 7.553.932,75m e E 555.866,45m ao V35 de
coordenadas N 7.553.886,84m e E 555.858,43m ao p90 de coordenadas N 7.553.860,69m e E
555.851,48m ao p89 de coordenadas N 7.553.817,12m e E 555.824,60m ao V32 de coordenadas
N 7.553.792,80m e E 555.818,67m ao V31 de coordenadas N 7.553.739,59m e E 555.800,28m ao
V30 de coordenadas N 7.553.700,39 e E 555.778,74m ao V29 de coordenadas N 7.553.686,92m e
E 555.771,88m ao V28 de coordenadas N 7.553.664,66m e E 555.763,10m ao V27 de
coordenadas N 7.553.641,46m e E 555.745,43m ao V26 de coordenadas N 7.553.627,54m e E
555.739,14m ao p88 de coordenadas N 7.553.603,09m e E 555.734,42m ao p87 de coordenadas
N 7.553.562,17m e E 555.711,18m ao p86 de coordenadas N 7.553.502,76m e E 555.697,19m ao
p85 de coordenadas N 7.553.476,78m e E 555.688,85m até p84 de coordenadas N 7.553.466,81m
e E 555.684,18m; Deste segue confrontando com o terreno de Nietta Lindenberg Monte nos
vértices: B8 de coordenadas N 7.553.669,53m e E 555.659,19 ao B7 de coordenadas N
7.553.698,19m e E 555.646,64m ao B6 de coordenadas N 7.553.716,28m e E 555.632,81m. ao B5
de coordenadas 7.553.725,09m e E 555.613,64m ao B4 de coordenadas N 7.553.717,22m e E
555.597,03m ao B2 de coordenadas N 7.553.695,08m e E 555.588,11m ao p180a de coordenadas
N 7.553.601,53m e E 555.491,90m ao p180 de coordenadas N7.553.495,81m e E555.426,39m ao
98
p181 de coordenadas N 7.553.643,94 e E 555.250,66m ao p101 de coordenadas N 7.553.681,11m
e E 555.052,58m ao p102 de coordenadas N 7.553.715,01m e E 555.037,19m ao p103 de
coordenadas N 7.553.721,74m e E 555.018,92m ao p104 de coordenadas N 7.553.725,24m e E
555.002,56m ao N9 de coordenadas N 7.553.770,39m e E 554.985,61m ao N10 de coordenadas N
7.553.783,26m e E 554.978,68m ao N11 de coordenadas N 7.553.802,53m e E 554.950,52m ao
N12 de coordenadas N 7.553.881,05m e E 554.892,46m ao N13 de coordenadas N 7.553.912,61m
e E 554.877,99m ao N14 de coordenadas N 7.553.974,11m e E 554.871,19m ao N15 de
coordenadas N 7.553.990,82m e E 554.868,63m ao N16 de coordenadas N 7.554.038,20m e E
554.873,69m; Deste,segue confrontando com o terreno de Geraldo Alves nos vértices: N17 de
coordenadas N 7.554.038,59m e E 554.894,89m ao N18 de coordenadas 7.554.108,48m e E
5545.118,11 ao N19 de coordenadas N 7.554.119,96m e E 555.142,13m ao N20 de coordenadas
N 7.554.132,13m e E 555.162,73m ao N20a de coordenadas N 7.554.186,04m e E 555.289,78m;
Deste segue confrontando com o terreno de João Ferreira até o vértice N21,onde teve inicio a
discrição deste Memorial,conforme Planta Topográfica,anexa,que faz parte integrante deste
Memorial Descritivo. Todas as Coordenadas aqui descritas estão georreferenciadas ao Sistema
Geodésico Brasileiro,tendo como referencia os Vértices, implantados,M-01 de coordenadas N
7.553.080,06m , E 555.125,43m,altitude de 1.317,395m e M-02 de coordenadas N 7.554 .155,02m,
E 555.693,56m,altitude de 1.703,448m e encontram-se representadas no Sistema
UTM,referenciadas ao Meridiano Central 45 WGr,tendo como datum o SAD-69.
5}.SUPERFÍCIE : a gleba de terreno especificado possui uma superfície de 49,0517 hectares.
99
ANEXO III
PORTARIA No 351, DE 11 DE DEZEMBRO DE 2006
A MINISTRA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE, no uso de suas atribuições, e tendo em
vista o disposto na Lei no 9.986, de 18 de julho de 2000 e nos arts. 8o, 9o, 17o a 20o do Decreto no
4.340 de 22 de agosto de 2002, e o que consta do Processo no 02000.004417/2006-71, resolve:
Art. 1o Reconhecer como mosaico de unidades de conservação da região da Serra da
Mantiqueira, o Mosaico Mantiqueira, abrangendo as seguintes unidades de conservação e zonas
de amortecimento:
I - do Estado do Rio de Janeiro:
a) sob a gestão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-
IBAMA:
1. Parque Nacional do Itatiaia;
b) sob a gestão da Agência de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Resende-RJ:
1. Parque Municipal da Serrinha do Alambari;
2. Parque Municipal da Cachoeira da Fumaça;
3. Área de Proteção Municipal da Serrinha do Alambari;
II - do Estado de São Paulo:
a) sob a gestão do IBAMA:
1. Floresta Nacional de Lorena;
2. Área de Proteção Ambiental dos Mananciais do Rio Paraíba do Sul;
b) sob a gestão do Instituto Florestal da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo-
IF/SMA:
1. Parque Estadual dos Mananciais de Campos de Jordão;
2. Parque Estadual de Campos de Jordão;
c) sob a gestão da Coordenadoria de Planejamento Ambiental Estratégico e Educação Ambiental
Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo-CPLEA/SMA:
1. Área de Proteção Ambiental de Campos de Jordão;
100
2. Área de Proteção Ambiental de Sapucaí Mirim;
3. Área de Proteção Ambiental São Francisco Xavier;
d) sob a gestão da Prefeitura da Estância de Campos de Jordão:
1. Área de Proteção Ambiental Municipal de Campos de Jordão;
III) do Estado de Minas Gerais:
a) sob a gestão do IBAMA:
1. Área de Proteção Ambiental Serra da Mantiqueira;
2. Floresta Nacional de Passa Quatro;
b) sob a gestão do Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais:
1. Parque Estadual da Serra do Papagaio;
2. Área de Proteção Ambiental Fernão Dias;
c) sob a gestão privada:
1. Reserva Particular do Patrimônio Natural Ave Lavrinha;
2. Reserva Particular do Patrimônio Natural Mitra do Bispo;
3. Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto Gamarra.
Art. 2o O Mosaico Mantiqueira contará com apoio de um Conselho Consultivo, que atuará
como instância de gestão integrada das unidades de conservação constantes do art. 1o desta
Portaria.
Art. 3o O Conselho Consultivo terá a seguinte composição:
I - representação governamental:
a) os chefes, administradores ou gestores das unidades de conservação abrangidos pelo Mosaico
Mantiqueira;
II - representação da sociedade civil:
a) um representante para cada unidades de conservação públicas federais, estaduais e municipais
listadas no art. 1o desta Portaria, preferencialmente indicado pelo seu Conselho Consultivo ou pelo
gestor da unidade, quando não houver conselho;
b) um representante para cada unidade de conservação privada que compõe o Mosaico
Mantiqueira;
101
Art. 4o Ao Conselho Consultivo compete:
I - elaborar seu regimento interno, no prazo de noventa dias, contados da sua instituição;
II - propor diretrizes e ações para compatibilizar, integrar e otimizar:
a) as atividades desenvolvidas em cada unidade de conservação, tendo em vista, especialmente:
1. os usos na fronteira entre unidades;
2. o acesso às unidades;
3. a fiscalização;
4. o monitoramento e avaliação dos Planos de Manejo;
5. a pesquisa científica;
6. a alocação de recursos advindos da compensação referente ao licenciamento ambiental de
empreendimentos com significativo
impacto ambiental;
b) a relação com a população residente na área do mosaico.
III - manifestar-se sobre propostas de solução para a sobreposição de unidades; e
IV - manifestar-se, quando provocado por órgãos executor, por conselho de unidade de
conservação ou por outro órgão do Sistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA, sobre assunto
de interesse para gestão do mosaico.
Art. 5o O Conselho Consultivo será presidido por um dos chefes das unidades de
conservação abrangidos pelo Mosaico Mantiqueira, escolhido pela maioria simples de seus
membros.
Art. 6o O mandato de conselheiro será de dois anos, renovável por igual período, não
remunerado e considerado atividade de relevante interesse público.
Art. 7o O presidente do Conselho Consultivo poderá convidar representantes de outros
órgãos governamentais, não governamentais e pessoas de notório saber, para contribuir na
execução dos seus trabalhos.
Art. 8o Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
MARINA SILVA
102
ANEXO IV
Árvores presentes nas matas da Fazenda Lavrinha (por Vicente de Paula Costa, colhido por
Renato Gavazzi – 2003)
Amorinha Angazero (ou olho de cabrito) Angico Branco Araçá Araticum Aricanga Borracheiro Brauna Cajarana Cambará Cambuí Candeia Candeia Cambará Candeinha vermelha Canela Bosta Canela cedro Canela parda Canela parda da amarela Canela prego Canela Preta Canjarana Capichingui Capororoca Carvalho Carvãnzinho Cedro Espeto Branco Espinha cui (arbusto) Feijão Preto Figueira Fruta de gavião Goiaba Guamirim Guamirim
Guatambu Branco Guatambu Peroba Gumichá Ingazeiro Ingazeiro (ingá de macaco) Ipê Amarelo Ipê Roxo Jabuticabeira Jacarandá Massaranduba Mixirica Murici Osso e cavalo Pau abóbora Pau de cinza Pau de vinho Peito e pomba Pessegueiro bravo Pinheiro Pitangueira Piuna Pororoca Branca Pororoca Preta Quaresmeira Quaresmeirinha Sabugueira Sangra d’água Seca logo Sucupira Tarumã Tarumã Tiriva Tiriveira
103
ANEXO V
Fauna encontrada na Fazenda Lavrinha (Informante: Vicente de Paula Costa – 2003)
Nome popular
Andorinha
Avinhado
Azulão de crista vermelha
Azulão preto
Beija-flor
Beija-flor
Beija-flor
Bem-te-vi
Bigodinho
Bugio
Canarinho da terra
Canário do reino
Capivara
Caranguejo
Carinana (verde)
Cascavel
Cipó
Coelho (lebre)
Coral
Corelinha
Correlim
Coruja
Cureango
Cutia
D’água
Fevereiro
Furão
Gambá
Garça
Garça
Gato do Mato
Gavião Caracara
Gavião Coruja
Gavião Pato
Gavião Pinhé
Graima
Guacha -
Guacha -
Guiquica
Inhambu
Irara
Jacarambeva
Jacu
Jaguatirica
João bobo
João de barro
Largato
Lontra
Maria Branca
Maria Preta
Marisuma ou Maria mole
Maritaca
Mico estrela
Ouriço
Pardal
Pássaro Preto
Pato Branco
Pato marreco
Pato Marrom
Periquito
Pintassilgo
Piria
Pomba
Porco do Mato
Quati
Quebra-quebra
Rabo de palha
Rolinha
Sabia
Sabia
Sabia
Saíra
Sanhazinho
Sanhazira
Saracura
Sauá
Sebinho
Seriema
Tatu burro
Tatu canastra
Tatu capoeira
Tesourão
Tisiu
Tracajá
Trinca ferro
Tucano
Tucano de bico verde
Urubu
Urutu cruzeiro
Urutu d’água
Urutu Nanico
Urutu pintado
Veado mocho
Vovô
104
ANEXO VI
Diagnóstico de avifauna – RPPN Ave Lavrinha
Responsável técnico: Henrique Rajão Auxiliar de campo: Carlos Esteves
INTRODUÇÃO A avifauna foi o grupo faunístico escolhido para compor o plano de manejo da Reserva Particular
do Patrimônio Natural Ave Lavrinha, porque é considerada como um dos mais eficientes indicadores de
qualidade ambiental. E os levantamentos ornitológicos são também um meio confiável de acesso, rápido
e acurado, das características ecológicas e do status de conservação de comunidades terrestres (Stotz
et al., 1996). Entre as características que fazem das aves um excelente grupo bioindicador para
ambientes terrestres podemos listar as seguintes (veja Gonzaga, 1986 e Stotz et al., 1996 para uma
apresentação mais detalhada):
• O conhecimento taxonômico sobre as aves, ao nível de espécie, é considerado muito avançado em
relação a qualquer outro grupo de fauna ou de flora.
• A maioria das aves pode ser facilmente detectada, seja através de observação direta ou da
identificação de suas vocalizações.
• As aves, em sua grande maioria, podem ser identificadas até o nível de espécie por simples
observação, dispensando a organização de coleções ou o uso de técnicas mais trabalhosas como
dissecção.
• A possibilidade de amostragem ao longo de todo o ano, ao contrário de plantas, insetos, répteis e
anfíbios, que podem apresentar forte sazonalidade.
• O conhecimento já existente sobre as exigências ecológicas de muitas famílias, gêneros e espécies
de aves, suficiente para selecionar e utilizar certas aves como indicadores das condições ambientais
às quais são sensíveis.
• O número de espécies de aves é maior do que o de qualquer outro grupo de vertebrados terrestres
e, geralmente, é grande o número de espécies endêmicas e especialistas de habitat em regiões
neotropicais, o que faz com que os levantamentos avifaunísticos possam ser amplamente utilizados
em análises de qualidade ambiental.
MATERIAL E MÉTODOS
O levantamento da avifauna na RPPN Ave Lavrinha e entorno foi feito entre os dias 17 e 19 de
outubro de 2008. Durante esse período, foram amostradas não só as áreas da RPPN, mas também
aquelas pertencentes ao seu entorno e que, portanto, podem abrigar espécies de aves de potencial
ocorrência na RPPN. Na área da RPPN foram amostrados principalmente ambientes florestais em
estágios de sucessão variados enquanto no entorno da RPPN, foram amostradas áreas antropizadas
como pastos e jardins além de áreas de regeneração florestal e bordas de mata.
105
A avifauna associada aos ambientes de mata foi amostrada percorrendo-se trilhas pré-existentes
no interior da mata e através de observações feitas a partir das bordas dos fragmentos florestais. As
trilhas e acessos foram percorridos geralmente em velocidade aproximadamente constante de ca. 1km/h,
do amanhecer ao final da manhã e no final da tarde e início da noite. Nesses horários é maior a atividade
das aves e mais fácil, portanto, a sua detecção.
A observação das aves foi feita com o uso de binóculos Pentax 10x42. As espécies foram quase
sempre identificadas diretamente no campo, através de visualização ou do reconhecimento das
vocalizações. A técnica de playback (reprodução de sons gravados) foi utilizada para a atração das aves
e confirmação da identificação (BUDNEY & GROTKE, 1997).O termo playback é freqüentemente usado
em pesquisas de campo ornitológicas como a reprodução de vocalizações gravadas com o intuito de
atrair ou provocar a resposta vocal da espécie que se quer estudar. Espécies não identificadas
diretamente no campo tiveram suas vocalizações registradas para análises posteriores, como proposto
por PARKER (1991).
As gravações foram feitas com gravadores digitais Marantz PMD660 e microfones direcionais
Sennheiser ME 66. As vozes gravadas foram posteriormente comparadas com aquelas de guias sonoros
(VIELLIARD, 1995; VIELLIARD, 1999; GONZAGA & CASTIGLIONI, 2001; ISLER & WITNEY, 2002) e
arquivos sonoros (ASEC, Laboratório de Ornitologia e Bioacústica da UFRJ; Xeno-Canto (www.xeno-
canto.org); arquivo sonoro pessoal de H. Rajão), para a correta identificação das espécies. Todas as
gravações serão depositadas no Arquivo Sonoro do Laboratório de Ornitologia e Bioacústica da UFRJ
Para o esclarecimento a respeito da identificação de certas espécies foram utilizadas as
seguintes fontes: RIDGELY & TUDOR, 1989; DEL HOYO et al., 1994; RIDGELY & TUDOR, 1994; SICK,
1997; DEL HOYO et al., 2003; DEVELEY & ENDRIGO, 2004; ERIZE et al., 2006; SIGRIST, 2007.
As espécies listadas foram classificadas quanto ao seu status como sendo: 1) Indicadoras de
qualidade ambiental (de acordo com PARKER et al., 1996); 2) endêmicas da Mata Atlântica (de acordo
com BROOKS et al., 1999); 3) Ameaçadas de extinção no Brasil (de acordo com BRASIL, 2003); 4)
Ameaçadas de extinção globalmente (de acordo com IUCN, 2008); 6) Espécies de valor econômico (de
acordo com CITES, 2007). A nomenclatura utilizada neste relatório e a ordem taxonômica estão de
acordo com aquelas recomendadas pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2007).
Para padronizar e validar os registros de campo foram utilizados os seguintes critérios: OBS:
Observação (aves identificadas por observação simples); VOC: Vocalização (aves identificadas pelas
voz); GRA: Gravação da vocalização (vozes gravadas para identificação posterior e para documentação
do registro). A fim de complementar o inventário de aves da RPPN Ave Lavrinha e entorno, foram
feitas entrevistas com moradores locais sobre a presença de diferentes espécies de aves na região.
Aquelas espécies que foram indicadas pelos moradores, quando apresentadas figuras ou fotos em guias
de campo, sem que houvesse interferência do entrevistador, foram incluídas na lista final do inventário e
devidamente identificas quanto à origem da informação.
106
CARACTERIZAÇÃO DAS ESPÉCIES OBSERVADAS No atual levantamento foram registradas 135 espécies de aves, sendo que destas, 53 foram
registradas apenas no entorno imediato da RPPN, e tem, portanto, potencial de ocorrer dentro da área
da reserva e 82 registradas dentro da área da RPPN, exclusivamente ou não. Cinqüenta e duas
espécies de aves foram identificadas pelos moradores entrevistados, sendo que vinte e cinco espécies
deste total não foram observadas por nós durante o atual levantamento. Do total de espécies
registradas (135), 35 (26%) são endêmicas da Mata Atlântica, 23 (17%) são indicadoras de qualidade
ambiental, 4 (3%) estão ameaçadas ou provavelmente ameaçadas de extinção e 13 (10%) são de valor
econômico (Quadro 1). Se for considerada apenas a RPPN, sem a área do entorno, foram registradas 30
espécies endêmicas da Mata Atlântica (37% das 82 espécies), 22 espécies indicadoras de qualidade
ambiental (27%), quatro ameaçadas ou quase ameaçadas de extinção (5%) e sete espécies de valor
econômico (9%) (Quadro 1).
Aves endêmicas da Mata Atlântica
As aves endêmicas da Mata Atlântica registradas durante o atual levantamento foram:
Odontophorus capueira (uru), Aramides saracura (saracura-do-mato), Pyrrhura frontalis (tiriba-de-testa-
vermelha), Macropsalis forcipata (bacurau-tesoura-gigante), Stephanoxis lalandi (beija-flor-de-topete),
Leucochloris albicollis (beija-flor-de-papo-branco), Clytolaema rubricauda (beija-flor-rubi), Trogon
surrucura (surucuá-variado), Ramphastos dicolorus (tucano-de-bico-verde), Mackenziaena leachii
(borralhara-assobiadora), Mackenziaena severa (borralhara), Thamnophilus ambiguus (choca-de-
sooretama), Dysithamnus xanthopterus (choquinha-de-asa-ferrugem), Drymophila genei (choquinha-da-
serra), Drymophila malura (choquinha-carijó), Pyriglena leucoptera (papa-taoca-do-sul), Scytalopus
notorius (tapaculo-preto), Dendrocincla turdina (arapaçu-liso), Lepidocolaptes squamatus (arapaçu-
escamado), Synallaxis ruficapilla (pichororé), Cranioleuca pallida (arredio-pálido), Heliobletus
contaminatus (trepadorzinho), Mionectes rufiventris (abre-asa-de-cabeça-cinza), Hemitriccus obsoletus
(catraca), Hemitriccus nidipendulus (tachuri-campainha), Todirostrum poliocephalum (teque-teque),
Phylloscartes difficilis (estalinho), Knipolegus nigerrimus (maria-preta-de-garganta-vermelha), Muscipipra
vetula (tesoura-cinzenta), Neopelma chrysolophum (fruxu), Chiroxiphia caudata (tangará), Schiffornis
virescens (flautim), Hylophilus poicilotis (verdinho-coroado), Sporophila falcirostris (cigarra-verdadeira),
Basileuterus leucoblepharus (pula-pula-assobiador). Destas espécies, apenas o uru, a saracaura-do-
mato, o bacurau-tesoura-grande, o teque-teque e a maria-preta-de-garganta-vermelha não foram
registradas na área da RPPN.
Aves indicadoras de qualidade ambiental
As espécies indicadoras de qualidade ambiental registradas na RPPN e entorno foram: Penelope
obscura (jacuaçu), Odontophorus capueira (uru), Clytolaema rubricauda (beija-flor-rubi), Batara cinerea
(matracão), Mackenziaena leachii (borralhara-assobiadora), Mackenziaena severa (borralhara),
Dysithamnus xanthopterus (choquinha-de-asa-ferrugem), Drymophila genei (choquinha-da-serra),
Hylopezus nattereri (pinto-do-mato), Scytalopus notorius (tapaculo-preto), Chamaeza ruficauda (tovaca-
de-rabo-vermelho), Lepidocolaptes squamatus (arapaçu-escamado), Cranioleuca pallida (arredio-pálido),
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Heliobletus contaminatus (trepadorzinho), Lochmias nematura (joão-porca), Xenops rutilans (bico-virado-
carijó), Hemitriccus obsoletus (catraca), Phylloscartes difficilis (estalinho), Platyrinchus mystaceus
(patinho), Turdus flavipes (sabiá-una), Tangara desmaresti (saíra-lagarta), Sporophila falcirostris (cigarra-
verdadeira), Cacicus chrysopterus (tecelão). Destas, apenas o uru não foi registrado na RPPN.
Aves ameaçadas de extinção
No atual levantamento foram registradas três espécies com o status de quase
ameaçadas de extinção (near theatened) globalmente (de acordo com IUCN, 2008). São elas:
Drymophila genei (choquinha-da-serra), Hylopezus nattereri (pinto-do-mato) e Phylloscartes
difficilis (estalinho), e uma espécie com o status vulnerável que é a cigarra-verdadeira
(Sporophila falcirostris) (de acordo com BRASIL, 2003 e IUCN, 2008). Todas as quatro espécies
foram registradas exclusivamente na RPPN.
Aves de interesse econômico
Treze espécies estão incluídas no apêndice II do CITES (Convenção sobre Comércio
Internacional de Flora e Fauna Silvestres), que inclui espécies não necessariamente ameaçadas
de extinção, mas cujo comércio deve ser controlado. São elas: Heterospizias meridionalis
(gavião-caboclo), Rupornis magnirostris (gavião-carijó), Caracara plancus (caracará), Milvago
chimachima (carrapateiro), Aratinga leucophthalma (periquitão-maracanã), Pyrrhura frontalis
(tiriba-de-testa-vermelha), Forpus xanthopterygius (tuim), Megascops choliba (corujinha-do-
mato), Phaethornis pretrei (rabo-branco-acanelado), Eupetomena macroura (beija-flor-tesoura),
Stephanoxis lalandi (beija-flor-de-topete), Leucochloris albicollis (beija-flor-de-papo-branco) e
Clytolaema rubricauda (beija-flor-rubi). Destas, seis não foram registradas por nós na área da
reserva, apenas no seu entorno (gavião-caboclo, periquitão-maracanã, tuim, corujinha-do-mato,
rabo-branco-acanelado e beija-flor-tesoura).
De acordo com STOTZ et al. (1996), espécies indicadoras de qualidade ambiental são
aquelas que compartilham características como endemismo, especialização de habitat e
sensibilidade a alterações ambientais e por isso correm alto risco de extinção, seja em escala
local ou regional. Ainda segundo esses autores, áreas com muitas dessas espécies, contém
comunidades biológicas vulneráveis, merecendo especial atenção conservacionista.
Nesse contexto, grande parte das espécies endêmicas podem ser consideradas como
boas indicadoras de qualidade ambiental, pois, geralmente, apresentam marcante especificidade
de habitat (RAPOPORT, 1982; ANDERSON, 1994; GRELLE, 2000), o que as torna mais
sensíveis à fragmentação dos ambientes. Estudos recentes têm, de fato, demonstrado que
espécies endêmicas de aves (BROOKS & BALMFORD, 1996; BROOKS et al. 1999) e
mamíferos (GRELLE et al. 1999) da Mata Atlântica são mais afetadas pela destruição e
alteração das matas do que as espécies não endêmicas.
Assim, uma lista com todas as espécies endêmicas da Mata Atlântica, indicadoras de
qualidade ambiental e ameaçadas de extinção pode agora ser compilada, indicando, portanto
aquelas espécies encontradas na RPPN e no seu entorno imediato que podem ser
108
biologicamente mais importantes e que portanto merecem especial atenção do ponto de vista da
conservação.
Foram registradas, portanto 45 espécies consideradas biologicamente importantes,
sendo que apenas cinco destas não foram observadas no interior da RPPN. Esses valores
representam respectivamente 33% da avifauna total (45 espécies em 135) e 49% da avifauna da
RPPN (40 espécies em 82). Ou seja, metade das espécies de aves registradas até o presente na
RPPN Ave Lavrinha pode ser considerada como sendo de especial interesse conservacionista.
As espécies de aves endêmicas, ameaçadas e/ou indicadoras de qualidade ambiental
presentes na RPPN e entorno são as seguintes: Penelope obscura (jacuaçu), Odontophorus
capueira (uru), Aramides saracura (saracura-do-mato), Pyrrhura frontalis (tiriba-de-testa-
vermelha), Macropsalis forcipata (bacurau-tesoura-gigante), Stephanoxis lalandi (beija-flor-de-
topete), Leucochloris albicollis (beija-flor-de-papo-branco), Clytolaema rubricauda (beija-flor-rubi),
Trogon surrucura (surucuá-variado), Ramphastos dicolorus (tucano-de-bico-verde), Batara
cinerea (matracão), Mackenziaena leachii (borralhara-assobiadora), Mackenziaena severa
(borralhara), Thamnophilus ambiguus (choca-de-sooretama), Dysithamnus xanthopterus
(choquinha-de-asa-ferrugem), Drymophila genei (choquinha-da-serra), Drymophila malura
(choquinha-carijó), Pyriglena leucoptera (papa-taoca-do-sul), Hylopezus nattereri (pinto-do-
mato), Chamaeza ruficauda (tovaca-de-rabo-vermelho), Scytalopus notorius (tapaculo-preto),
Dendrocincla turdina (arapaçu-liso), Lepidocolaptes squamatus (arapaçu-escamado), Synallaxis
ruficapilla (pichororé), Cranioleuca pallida (arredio-pálido), Heliobletus contaminatus
(trepadorzinho), Lochmias nematura (joão-porca), Xenops rutilans (bico-virado-carijó), Mionectes
rufiventris (abre-asa-de-cabeça-cinza), Hemitriccus obsoletus (catraca), Platyrinchus mystaceus
(patinho), Hemitriccus nidipendulus (tachuri-campainha), Todirostrum poliocephalum (teque-
teque), Phylloscartes difficilis (estalinho), Knipolegus nigerrimus (maria-preta-de-garganta-
vermelha), Muscipipra vetula (tesoura-cinzenta), Neopelma chrysolophum (fruxu), Chiroxiphia
caudata (tangará), Schiffornis virescens (flautim), Hylophilus poicilotis (verdinho-coroado), Turdus
flavipes (sabiá-una), Tangara desmaresti (saíra-lagarta), Sporophila falcirostris (cigarra-
verdadeira), Basileuterus leucoblepharus (pula-pula-assobiador), Cacicus chrysopterus (tecelão).
CONCLUSÃO A diversidade de aves não foi das mais altas, contudo, a alta quantidade de espécies
endêmicas, ameaçadas de extinção e indicadoras da boa qualidade ambiental, demontra que a
RPPN possui um elevado valor conservacionista.
E é também muito provável que o fragmento abrigue muitas outras espécies dos outros
grupos faunísticos, incluindo outras espécies endêmicas, ameaçadas e indicadoras.
Portanto, o presente levantamento demonstra a importância da reserva como um refúgio
para a fauna da região, e como uma importante área para a manutenção da diversidade regional,
aumentando ainda mais a importância da sua conservação e manejo.
109
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111
Quadro 1. Lista das espécies de aves presentes na RPPN Ave Lavrinha e entorno. Nomenclatura e ordem taxonômica de acordo com o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos - CBRO (2007).
Nome do Táxon Nome em Português RPPN entorno fonte registro Ind Ame End Eco Tinamiformes Tinamidae
Crypturellus obsoletus inhambuguaçu X obs,ent voc,grav Anseriformes Anatidae Amazonetta brasiliensis pé-vermelho X ent Galliformes Cracidae
Penelope obscura jacuaçu X obs,ent voc,vis X Odontophoridae Odontophorus capueira uru X ent X X Ciconiiformes Ardeidae Tigrisoma lineatum socó-boi X ent Ardea alba garça-branca-grande X ent Cathartiformes Cathartidae
Cathartes aura urubu-de-cabeça-vermelha X obs vis Coragyps atratus urubu-de-cabeça-preta X obs,ent vis
Falconiformes Accipitridae Heterospizias meridionalis gavião-caboclo X ent II Rupornis magnirostris gavião-carijó X X obs,ent vis II Falconidae Caracara plancus Caracará X X ent II
112
Nome do Táxon Nome em Português RPPN entorno fonte registro Ind Ame End Eco Milvago chimachima Carrapateiro X X obs,ent vis II
Gruiformes Rallidae
Aramides saracura saracura-do-mato X obs,ent vis X Cariamidae Cariama cristata seriema X ent Charadriiformes Charadriidae Vanellus chilensis quero-quero X ent Columbiformes Columbidae Columbina talpacoti rolinha-roxa X ent
Patagioenas picazuro pombão X X obs,ent vis Patagioenas plumbea pomba-amargosa X obs voc,grav Leptotila verreauxi juriti-pupu X obs voc
Psittaciformes Psittacidae
Aratinga leucophthalma periquitão-maracanã X obs voc, vis II Pyrrhura frontalis tiriba-de-testa-vermelha X obs voc,vis X II Forpus xanthopterygius tuim X ent II Strigiformes Strigidae Megascops choliba corujinha-do-mato X ent II Caprimulgidae Nyctidromus albicollis bacurau X ent Macropsalis forcipata bacurau-tesoura-gigante X ent X
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Nome do Táxon Nome em Português RPPN entorno fonte registro Ind Ame End Eco Apodiformes Trochilidae Phaethornis pretrei rabo-branco-acanelado X obs vis II
Eupetomena macroura beija-flor-tesoura X obs vis II Stephanoxis lalandi beija-flor-de-topete X obs voc, vis,grav X II Leucochloris albicollis beija-flor-de-papo-branco X obs voc, vis X II Clytolaema rubricauda beija-flor-rubi X obs vis X X II
Trogoniformes Trogonidae
Trogon surrucura surucuá-variado X obs voc, vis X Galbuliformes Bucconidae
Nystalus chacuru joão-bobo X obs,ent voc Piciformes Ramphastidae
Ramphastos dicolorus tucano-de-bico-verde X obs,ent voc,vis X Picidae
Picumnus cirratus pica-pau-anão-barrado X obs voc, vis Colaptes campestris pica-pau-do-campo X X obs voc, vis
Passeriformes Thamnophilidae
Batara cinerea matracão X obs voc X Mackenziaena leachii borralhara-assobiadora X obs voc,vis X X
Mackenziaena severa borralhara X obs voc X X Thamnophilus ambiguus choca-de-sooretama X obs vis X Thamnophilus
caerulescens choca-da-mata X obs voc
114
Nome do Táxon Nome em Português RPPN entorno fonte registro Ind Ame End Eco
Thamnophilus ruficapillus choca-de-chapéu-vermelho X obs voc,vis,grav
Dysithamnus xanthopterus choquinha-de-asa-ferrugem X obs vis X X
Drymophila genei choquinha-da-serra X obs voc X QA2 X Drymophila malura choquinha-carijó X obs voc,vis,grav X Pyriglena leucoptera papa-taoca-do-sul X obs voc X
Conopophagidae Conopophaga lineata chupa-dente X obs voc,vis,grav Grallariidae
Hylopezus nattereri pinto-do-mato X obs voc X QA2 Rhinocryptidae
Scytalopus notorius tapaculo-preto X obs voc X X Formicariidae
Chamaeza ruficauda tovaca-de-rabo-vermelho X obs voc X Dendrocolaptidae Dendrocincla turdina arapaçu-liso X obs voc X Sittasomus griseicapillus arapaçu-verde X obs voc
Xiphocolaptes albicollis arapaçu-de-garganta-branca X obs voc
Xiphorhynchus fuscus arapaçu-rajado X obs voc Lepidocolaptes squamatus arapaçu-escamado X X obs voc,vis X X Furnariidae Furnarius rufus joão-de-barro X ent Synallaxis ruficapilla pichororé X obs voc X
Synallaxis spixi joão-teneném X X obs voc Cranioleuca pallida arredio-pálido X X obs voc X X
Phacellodomus rufifrons joão-de-pau X obs vis
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Nome do Táxon Nome em Português RPPN entorno fonte registro Ind Ame End Eco Syndactyla rufosuperciliata trepador-quiete X obs voc Heliobletus contaminatus trepadorzinho X obs voc,vis,grav X X
Lochmias nematura joão-porca X X obs voc X Xenops rutilans bico-virado-carijó X obs vis X
Tyrannidae Mionectes oleagineus abre-asa X X obs voc
Mionectes rufiventris abre-asa-de-cabeça-cinza X obs voc X Leptopogon amaurocephalus cabeçudo X obs voc,vis
Hemitriccus obsoletus catraca X obs voc, vis,grav X X Hemitriccus nidipendulus tachuri-campainha X obs voc, vis X Poecilotriccus plumbeiceps tororó X obs voc Todirostrum poliocephalum teque-teque X obs,ent voc X Phyllomyias fasciatus piolhinho X X obs voc
Elaenia flavogaster guaracava-de-barriga-amarela X obs voc, vis
Camptostoma obsoletum risadinha X X obs voc Serpophaga subcristata alegrinho X obs voc, vis
Phylloscartes difficilis estalinho X obs voc,vis X QA2 X Tolmomyias sulphurescens bico-chato-de-orelha-preta X X obs voc Platyrinchus mystaceus patinho X obs vis X
Myiophobus fasciatus filipe X obs vis Lathrotriccus euleri enferrujado X obs voc
Knipolegus cyanirostris maria-preta-de-bico-azulado X obs vis
Knipolegus nigerrimus maria-preta-de-garganta-vermelha X ent X
Satrapa icterophrys suiriri-pequeno X obs vis Xolmis velatus noivinha-branca X ent
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Nome do Táxon Nome em Português RPPN entorno fonte registro Ind Ame End Eco Muscipipra vetula tesoura-cinzenta X obs vis X
Fluvicola nengeta lavadeira-mascarada X obs,ent vis Pitangus sulphuratus bem-te-vi X obs,ent voc Empidonomus varius peitica X obs voc, vis Tyrannus melancholicus suiriri X obs vis Tyrannus savana tesourinha X obs,ent vis
Myiarchus swainsoni irré X obs voc,vis Myiarchus ferox maria-cavaleira X obs voc
Pipridae Neopelma chrysolophum fruxu X obs voc, grav X Chiroxiphia caudata tangará X X obs voc,vis X
Tityridae Schiffornis virescens flautim X obs voc X Pachyramphus polychopterus caneleiro-preto X obs voc
Vireonidae Cyclarhis gujanensis pitiguari X obs voc Hylophilus poicilotis verdinho-coroado X X obs voc X
Corvidae Cyanocorax cristatellus gralha-do-campo X ent Hirundinidae
Pygochelidon cyanoleuca andorinha-pequena-de-casa X obs,ent voc, vis
Troglodytidae Troglodytes musculus corruíra X obs,ent voc, vis
Turdidae Turdus flavipes sabiá-una X obs voc, grav X Turdus rufiventris sabiá-laranjeira X obs,ent voc, vis
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Nome do Táxon Nome em Português RPPN entorno fonte registro Ind Ame End Eco Turdus leucomelas sabiá-barranco X obs,ent voc,vis Turdus amaurochalinus sabiá-poca X obs,ent vis
Turdus albicollis sabiá-coleira X obs voc,vis Mimidae Mimus saturninus sabiá-do-campo X ent Coerebidae
Coereba flaveola cambacica Thraupidae
Schistochlamys ruficapillus bico-de-veludo X obs vis Trichothraupis melanops tiê-de-topete X obs vis
Piranga flava sanhaçu-de-fogo X obs vis Thraupis sayaca sanhaçu-cinzento X X obs,ent voc, vis
Thraupis palmarum sanhaçu-do-coqueiro X ent Stephanophorus
diadematus sanhaçu-frade X obs,ent voc, vis
Tangara desmaresti saíra-lagarta X obs voc, vis X Tangara cayana saíra-amarela X X obs,ent vis Dacnis cayana saí-azul X X obs vis
Emberizidae Zonotrichia capensis tico-tico X X obs voc, vis
Poospiza laterallis quete X obs voc, vis,grav
Sicalis flaveola canário-da-terra-verdadeiro X ent
Volatinia jacarina tiziu X ent Sporophila lineola bigodinho X ent Sporophila caerulescens coleirinho X obs,ent voc,vis
Sporophila falcirostris cigarra-verdadeira X obs voc, grav X VU 1,2 X Sporophila angolensis curió X ent
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Nome do Táxon Nome em Português RPPN entorno fonte registro Ind Ame End Eco Cardinalidae
Saltator similis trinca-ferro-verdadeiro X X obs,ent voc, vis Cyanocompsa brissonii azulão X obs voc
Parulidae Basileuterus culicivorus pula-pula X X obs voc Basileuterus
leucoblepharus pula-pula-assobiador X X obs voc X
Icteridae Psarocolius decumanus japu X X obs,ent voc, vis Cacicus chrysopterus tecelão X X obs,ent vis X Icterus jamacaii corrupião X obs vis
Gnorimopsar chopi graúna X ent Molothrus bonariensis vira-bosta X obs,ent vis
Fringillidae Carduelis magellanica pintassilgo X obs,ent vis
Passeridae Passer domesticus pardal X ent
Legenda: Fonte: Observação durante o atual levantamento (obs), Entrevista com moradores locais (ent); Registro: Observação visual (vis), Vocalização (voc), Gravação da voz (grav).End: espécies endêmicas da Mata Atlântica. Am: Espécies ameaçadas de extinção; grau de ameaça – CP = Criticamente em Perigo; EP = Em perigo; VU=Vulnerável; QA = quase ameaçada; 1Espécies ameaçadas em território brasileiro (segundo BRASIL, 2003); 2Espécies globalmente ameaçadas (segundo IUCN, 2008); Eco: espécies de interesse econômico (de acordo com CITES, 2007); Ind: espécies indicadoras de qualidade ambiental (de acordo com Parker et al., 1996).