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RESENHA SOBRE OS PROCESSOS ESPACIAIS DE CONURBAÇÃO DE FLÁVIO VILLAÇA
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RESUMO DO TERCEIRO CAPÍTULO DO LIVRO "OS PROCESSOS ESPACIAIS DE CONURBAÇÃO", DE FLÁVIO VILLAÇA.
Para explicar o processo que o livro dispõe, o autor inicia o texto evidenciando a decisão de utilizar o termo
"conurbação" sobre "metrópole", uma vez que seu principal objeto de estudo é a fusão de áreas urbanas e não suas
funções sociais, econômicas e culturais. Aqui, o limite administrativo do município sede e seus vizinhos limítrofes
que compõem uma regiões metropolitana são abordados com equidade entre si, evidenciando novamente a decisão
do autor de não hierarquizar nenhum núcleo urbano a partir de suas características socioespaciais, e sim, descrever
um processo e as várias formas pelas quais uma cidade em crescimento impacta em outros aglomerados urbanos
lindeiros à si, muitas vezes pertencentes à outros municípios.
O crescimento espacial urbano pode acontecer de forma contínua ou descontínua, podendo gerar novos
núcleos ou fazer desenvolver núcleos existentes. No início da primeira metade do séc. XX, muitos municípios que
hoje compõem as áreas metropolitanas de São Paulo foram impactados pelo crescimento do centro para além de
seus limites. É importante enfatizar que além do crescimento do município sede, outras características são
responsáveis pela conurbação, como a falta de barreiras físicas, a viabilidade de conexão e transposição através do
sistema viário, a vinculação socioeconômica e a possibilidade de transformações mútuas entre os núcleos. Sendo
assim, conclui-se que (a) os vínculos manifestados entre núcleos e centro afim de caracterizar o processo de
conurbação são, essencialmente, de natureza tipicamente intra-urbana e (b) limites político-administrativos não são
bons delimitadores da cidade enquanto ente socioeconômico e físico.
Historicamente, podemos também identificar a natureza irracional do desenvolvimento das cidades e da
instituição de limites administrativos. O crescimento de Osasco e Santo André, por exemplo, constituíram
municípios, enquanto alguns núcleos como São Miguel Paulista, Itaquera e Guaianazes, nunca chegaram à tal e se
tornam reconhecimentos como distritos ou bairros do município sede. Outros cenários reforçam a contradição,
quando pequenos povoados constituem municípios, ou quando núcleos adquirem e depois perdem a condição de
município, como Santo Amaro.
Entendendo núcleo urbano como aglomerado que apresenta um mínimo de atividades centrais, é possível
estabelecer diferentes classificações dos mesmos, de acordo com a forma que se constituem. Ressalta-se que nem
sempre um núcleo se constitui apenas de uma forma, podendo passar por etapas em processos diferentes de
absorção, ou seja, de transformação de área urbana em bairro ou conjunto de bairros.
A primeira forma é constituída por núcleos que nunca chegam a atingir a condição de cidade, por nascerem
como subúrbio e não terem características de cidade compatíveis com a população que alí habita, como Osasco e
Canoas. A segunda forma é aquela na qual um polo central é formado em segundo momento, geralmente pelo
advindo de algum elemento estruturador que constitui um polo como ente forte e organizador. A terceira forma de
absorção é constituída por aglomerações que atingem certo desenvolvimento enquanto cidades, mantendo certa
autonomia socioeconômica geralmente por estarem afastadas do centro. Geralmente são cidades médias, com o
setor primário desenvolvido e que apresentam composição social e econômica semelhante à cidades do interior. Por
último, a quarta forma de absorção é constituído de pequenas cidades, muitas vezes coloniais, que até hoje não
passaram por significativos processos de expansão.
Em todos os processos de absorção aqui citados, são comuns as tendências dos núcleos à homogeneização
sobre a heterogeneidade da metrópole, à crescente polarização pelo centro metropolitano e à inserção no esquema
geral da segregação metropolitana, uma vez que passam a fazer parte de uma outra cidade e integrar-se na
segregação de seu espaço.
BIBLIOGRAFIA
VILLAÇA, Flávio. Espaço Intra-urbano no Brasil. Brasil: Studio Nobel, 2001. p. 49-67.