Upload
nguyenkhue
View
216
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
1ª Jornada de Pesquisa do PPGE/UNESA – 28-29 de junho
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PROFESSORES ACERCA DA INCLUSÃO ESCOLAR:
ELEMENTOS PARA UMA DISCUSSÃO DAS PRÁTICASDE ENSINO
Antônio Eugênio Cunha
Prof.ª. Drª. Alda Judith Alves-Mazzotti
Linha de Pesquisa: Representações Sociais e Práticas Educativas
1ª Jornada de Pesquisa do PPGE/UNESA – 28-29 de junho
Introdução
A política de inclusão no ensino comum vem sendo
ratificada nos últimos anos, explicitando que os
sistemas de ensino devem assegurar aos alunos da
educação especial currículos, métodos, técnicas,
recursos educativos específicos. Esse, não tem sido
um processo fácil, trazendo grandes dificuldades para
os professores.
1ª Jornada de Pesquisa do PPGE/UNESA – 28-29 de junho
1ª Jornada de Pesquisa do PPGE/UNESA – 28-29 de junho
Os professores demostram a vulnerabilidade do trabalho,
bem como reconhecem a precarização das condições
docentes. Sentem-se abandonados pelo poder púbico
que elabora as políticas, mas não fornecem as condições
elementares para que elas se efetivem em sala de aula.
A efetivação dessas políticas exige que conheçamos
como os professores das turmas regulares se apropriam
do conceito de inclusão
1ª Jornada de Pesquisa do PPGE/UNESA – 28-29 de junho
O objetivo deste estudo foi investigar as representações
sociais de professores acerca da inclusão escolar.
Utilizamos a expressão indutora “inclusão Escolar” e
“aluno com necessidades educacionais especiais” para
dois grupos de professores: os que tinham alunos incluídos
em suas classes e os que não tinham.
Objetivo
1ª Jornada de Pesquisa do PPGE/UNESA – 28-29 de junho
Questões de estudo - As perguntas que fizemos
1. Como os professores que têm alunos incluídos e os que não
têm representam a inclusão?
2. Quais as diferenças nas representações apresentadas pelos
dois grupos?
3. Quais as maiores dificuldades para que se concretize a
inclusão?
4. Que tipo de aluno parece ter melhores condições de se
beneficiar com a inclusão?
5. Quais aspectos das políticas inclusivas são mais ou menos
aceitos pelos professores?
1ª Jornada de Pesquisa do PPGE/UNESA – 28-29 de junho
Sujeitos da pesquisa
Os sujeitos da pesquisa foram dois grupos de professores da educação
infantil e das séries iniciais do ensino fundamental que trabalham em
escolas regulares, públicas e privadas, dos municípios de Itaboraí e Niterói.
Participaram deste estudo 81 docentes. Além disso, observamos 12
educandos com necessidades educacionais especiais, durante 41 horas,
nas quatro escolas pesquisadas
O referencial das representações sociais combinou a matriz teórica
proposta por Serge Moscovici com a abordagem estrutural de Jean
Claude Abric.
1ª Jornada de Pesquisa do PPGE/UNESA – 28-29 de junho
Procedimentos e instrumentos de coleta de dados
Estruturamos a pesquisa em três etapas:
1. Aplicação de teste de livre evocação de palavrascom justificativas ;
2. Aplicação de uma escala de atitude tipo Likertcom relação à inclusão;
3. Observação de alunos incluídos em sala de aula.
1ª Jornada de Pesquisa do PPGE/UNESA – 28-29 de junho
Resultados das observações em sala
• Permanência em sala apenas dos intelectualmente mais
hábeis e dos bem comportados.
• Há dificuldades na elaboração de programas específicos
em sala de aula comum, diante da premência de atender
alunos com deficiência e sem deficiência ao mesmo tempo.
• Quando contam com a presença de um mediador, os
professores tendem a se eximir da responsabilidade de
ensinar, e mesmo de interagir com os alunos da educação
especial.
1ª Jornada de Pesquisa do PPGE/UNESA – 28-29 de junho
Os programas, quando elaborados, são direcionados à salade recursos, que é frequentada no turno normal do aluno enão no contraturno.
Buscando ter maior controle sobre o aluno incluído, oprofessor demarca uma localização em sala para ele.
O comportamento e a condição intelectual são oselementos que mais contribuem para o fatorinclusão/exclusão.
1ª Jornada de Pesquisa do PPGE/UNESA – 28-29 de junho
Princípios
A educação não pode estar condicionada ao diagnóstico médico nem ao déficit do
aluno. Ênfase no potencial do aluno.
Os meios pedagógicos devem se adequar às condições do aluno para inseri-lo no
ambiente escolar. A cultura, o tempo de aprendizagem e as condições acadêmicas do
aluno são respeitados.
Ensino em grupo com individualização, desde que esta não contribua para o
isolamento do aluno; envolvimento social.
Inclusão total. Isto é, todo aluno deve frequentar a escola regular,
independentemente das suas dificuldades e progressos.
Escala de atitude: princípios da inclusão mais rejeitados pelos professores
1ª Jornada de Pesquisa do PPGE/UNESA – 28-29 de junho
Considerações
Vemos que os professores não radicalizam o debate da inclusão, mas demostram a
necessidade de constante apoio especializado, tanto dentro das escolas em
que lecionam, quanto em espaços especializados fora da escola.
1ª Jornada de Pesquisa do PPGE/UNESA – 28-29 de junho
Resultados dos testes de livre evocação de palavras
Os dados indicaram muitas semelhanças entre as
representações dos dois grupos; a análise da estrutura
também indicou que há alguns termos que são
destacados por ambos os grupos, como adaptação e
capacitação. Ao analisar os núcleos das
representações dos dois grupos, porém, verificamos
que eles são diferentes:
1ª Jornada de Pesquisa do PPGE/UNESA – 28-29 de junho
Diante da expressão indutora “inclusão escolar”, enquanto no
grupo dos professores que tinham alunos incluídos, apareceu o
elemento dificuldades, fruto da vivência cotidiana com esses
alunos, no grupo daqueles que não tinham alunos incluídos, o
núcleo foi respeito. No grupo daqueles que tinham alunos
incluídos, apareceu também entre as evocações a palavra
“medo”
No que se refere ao termo gerador “aluno com necessidades
educacionais especiais”, no grupo dos professores que tinham
alunos incluídos, apareceram no núcleo central os elementos
atenção e dificuldade, enquanto que no grupo dos docentes
que não tinham alunos incluídos apareceram os termos
dedicação e carinho.
1ª Jornada de Pesquisa do PPGE/UNESA – 28-29 de junho
Considerações finaisQuando estimulados a falar sobre o tema da inclusão, os
professores usam clichês e expressões de consenso grupal,
demonstrando pouca familiaridade com o assunto.
Moscovici, em seu estudo sobre a psicanálise, encontrou
características muito semelhantes nas representações
veiculadas pelos participantes de sua pesquisa. Buscou,
então, identificar fatores determinantes presentes nas
situações em que as representações são constituídas.
1ª Jornada de Pesquisa do PPGE/UNESA – 28-29 de junho
Esses fatores são os seguintes:
a dispersão da informação, em que os dados que as pessoas
têm para formar uma ideia ou tomar uma posição acerca de
uma questão emergente são, em geral, “insuficientes e
superabundantes”;
a focalização do sujeito, sobre um determinado aspecto do
objeto, que destaca particularidades, segundo seus interesses e
ideologias, mantendo distância de outros;
e a pressão à inferência, que leva um indivíduo a tomar uma
determinada posição mediante o seu posicionamento social.
1ª Jornada de Pesquisa do PPGE/UNESA – 28-29 de junho
Esses três fenômenos, descritos por Moscovici (2012),
fazem com que os professores tendam a
abandonar as suas próprias conclusões, aderindo
às relações de adequação comportamental
instituídas pelos grupos, buscando a
homogeneidade.
1ª Jornada de Pesquisa do PPGE/UNESA – 28-29 de junho
.
Os resultados, ainda que não generalizáveis, mostram, também,
indícios de fatores que são constitutivos das representações sociais
dos professores, incidindo sobre suas práticas, tais como:
• o lugar marcado do aluno incluído no fundo da sala de aula
e a exigência de bom comportamento como determinante
do sucesso ou insucesso discente,
• a formação e capacitação precárias para o trabalho em
salas inclusivas e a cultura escolar de práticas de ensino
herdadas historicamente.
1ª Jornada de Pesquisa do PPGE/UNESA – 28-29 de junho
Os aspectos simbólicos de tais práticas, que constituem uma
inclusão segregada, não podem ser ignorados, nem pelos
cursos de formação docente nem pelas políticas voltadas
para a inclusão.
Acreditamos que as políticas inclusivas precisam dialogar
com os distintos contextos da educação, estabelecendo
vínculos com a realidade escolar e com as necessidades
docentes e discentes, a fim de que sejam efetivamente
incorporadas às práticas de ensino.
1ª Jornada de Pesquisa do PPGE/UNESA – 28-29 de junho
ReferênciasABRIC, Jean-Calude. Práticas sociales y representaciones. Conia del Carmen, México.D.F. EdiconesCoyocán, 2001.
ALVES-MAZZOTTI, A. J. Classroom interactions of the teacher with mainstreamed handicapped students and their non-handicapped peers. Tese de Doutorado em Psicologia Educacional. New York University, NYU, Estados Unidos, 1983.
______. Representações Sociais: aspectos teóricos e aplicações à Educação. Revista Múltiplas Leituras, v.1, n. 1, p. 18-43, jan. / jun. 2008 https://www.metodista.br/revistas/revistas, acesso em 01/01/2014.
______. A abordagem estrutural das representações sociais. Psicologia da Educação, São Paulo, nº 14/15, p. 17 – 38 1º e 2º semestre de 2002. Disponível em http://www4.pucsp.br/~pedpos/revista/rev14/resumo01.htm. Acesso em 25/12/12
BRASIL. LDB: Lei De Diretrizes e Bases Da Educação Nacional [recurso eletrônico]: Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. – 9. ed. – Brasília : Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2014. 45 p. – (Série legislação; n. 118) Atualizada em 20/5/2014. ISBN 978-85-402-0217-7. Disponível em http://bibliodigital.unijui.edu.br/, acesso em 01/01/15.
EDLER CARVALHO, Rosita. Educação Inclusiva: com os pingos nos “is”. Porto Alegre, Mediação: 2004.
GATTI, Bernadete Angelina. Grupo focal na pesquisa em ciências sociais e humanas. Brasília: Líber Livro, 2005.
1ª Jornada de Pesquisa do PPGE/UNESA – 28-29 de junho
GLAT, Rosana. FERNANDES, Edicléa Mascarenhas. Da Educação Segregada à Educação Inclusiva: uma Breve Reflexão sobre os Paradigmas Educacionais no Contexto da Educação Especial Brasileira. Revista Inclusão nº 1, 2005, MEC/ SEESP
INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA (Inep). Censo da educação básica: 2012 – resumo técnico. – Brasília : Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2013. Disponível em www.inep.gov.br/educação_basica/censo_escolar/resumos_tecnicos. Acesso em 01/08/13.
JODELET, Denise. Representações Sociais: um domínio em expansão. In: JODELET, D. (org.). As Representações sociais. Rio de Janeiro: Eduerj, 2002, p.17-44.
MOSCOVICI, Serge. Notes towards a description of social representations. EuropeanJournal of Social Psychology, v.18, p. 211-250, 1988. Tradução de Glaucia Alves Vieira.
______. Representações Sociais: investigações em psicologia social. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.
______. A psicanálise, sua imagem, seu público. Petrópolis, RJ: Vozes 2012.
1ª Jornada de Pesquisa do PPGE/UNESA – 28-29 de junho filme
Obrigado!