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Patrícia Margarida Gregório Ferreira Expectativas e Sucesso Escolar Dissertação realizada no âmbito do Mestrado em Ensino de História E Geografia no 3ºCiclo do EB e ES, orientada pelo(a) Professor(a) Doutor(a) Luís Alberto Marques Alves e coorientada pelo(a) Professor(a) Doutor(a) Paulo Santos

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Patrícia Margarida Gregório Ferreira

Expectativas e Sucesso Escolar

Dissertação realizada no âmbito do Mestrado em Ensino de História E Geografia no 3ºCiclo

do EB e ES, orientada pelo(a) Professor(a) Doutor(a) Luís Alberto Marques Alves

e coorientada pelo(a) Professor(a) Doutor(a) Paulo Santos

Faculdade de Letras da Universidade do Porto

Setembro de 2015

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Expectativas e Sucesso Escolar

Patrícia Margarida Gregório Ferreira

Dissertação realizada no âmbito do Mestrado em Ensino de História E Geografia no 3ºCiclo

do EB e ES, orientada pelo(a) Professor(a) Doutor(a) Luís Alberto Marques Alves

e coorientada pelo(a) Professor(a) Doutor(a) Paulo Santos

Membros do Júri

Professor Doutor Luís Alberto Marques Alves

Faculdade de Letras da Universidade do Porto

Professor Doutor Cláudia Pinto Ribeiro ….

Faculdade de Letras da Universidade do Porto

Professor Doutor  Helena Isabel Almeida Vieira

CITCEM- Faculdade de Letras da Universidade do Porto

Classificação obtida: valores

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À minha mãe

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Sumário

Índice de tabelas....................................................................................6

Introdução - A razão de uma escolha..................................................12

1. Enquadramento Teórico.............................................................16

1.1. Um itinerário pelos principais conceitos...................................16

1.2. Episódios que criaram percursos de aprendizagem.................24

1.3. (In)Sucesso...................................................................................33

2. Enquadramento Prático..............................................................38

2.1. Contexto escolar..........................................................................38

2.2. Caracterização do Estudo...........................................................44

2.3. Análise de Resultados..................................................................54

Conclusão: do confronto entre hipóteses e resultados à proposta de

uma alternativa....................................................................................65

Bibliografia.........................................................................................71

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Índice de tabelas Tabela 1. Distribuição dos alunos por ano de escolaridade…..50

Figura 1. Distribuição dos alunos por ano de escolaridade em termos de percentagens…..50

Tabela 2. Distribuição de aluno por ano e género.…..51

Tabela 3. Distribuição de aluno por idade e género…...51

Tabela 4. Distribuição das reprovações por ano de escolaridade….. 52

Tabela 5. Distribuição das reprovações por género …..52

Tabela 6. Questão 1- “O facto de gostares da disciplina ou não teve influência na escolha do

curso que frequentas? “…..52

Tabela 7. Questão 2 – “É tua intenção concluir o ensino:” ….. 53

Tabela 8. Questão 3 – “ Em tua opinião, os teus pais pretendem que concluas o

ensino:”…..53

Tabela 9. Questão 4 – “Ao longo dos anos, ouviste a tua família e outras pessoas dizer que

História A/Geografia A é uma disciplina”…..54

Tabela 10. Questão 5 – “Achas que se tiveres mais estudos, o teu futuro será:” …..54

Tabela 11. Questão –“ Número de horas de estudo semanal” …..55

Tabela 12. – Questão 9 – “Julgas-te capaz de concluir o 12ºAno a História A/ 11º Ano a

Geografia A?” …..55

Tabela 13. Questão 13: “Pensas que a tua Professora de História/Geografia espera resultados

da maioria dos alunos da turma:” …..56

Tabela 14. Questão 14 – “Como classificas a tua professora de História quanto ao interesse

pelos alunos?” …..56

Tabela 15. Questão 15 – “Como classificas a tua professora de História/Geografia quanto ao

seu relacionamento com os alunos.” ….. 57

Tabela 16. Questão 16 – “Na tua opinião, o que é que deveria muda para melhorar os

resultados a História/Geografia” …..57

Tabela 16. Análise de regressão para predizer a expectativa de (in)sucesso - Modelo 1…..58

Tabela 17. Análise de regressão para predizer a expectativa de (in)sucesso - Modelo 2

…..59

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Agradecimentos

Num primeiro momento gostaria de mostrar a minha enorme gratidão ao Professor

Doutor Luís Alves por tudo, seria injusto agradecer-lhe por me ter apoiado a escrever

esta história e não lhe estar grata por a ter presenciado comigo.

Um agradecimento ao Professor Doutor Paulo Santos pelas recomendações.

Um agradecimento especial aos meus alunos da Escola Secundária João Gonçalves

Zarco, às professoras Sandra Nunes e Deolinda Dias.

Um muitíssimo obrigado à minha inspiradora, mentora, e sempre irmã Milene Ferreira.

Um palavra de gratidão ao Miguel Ferreira.

Um agradecimento especial à minha mãe, porque apesar da tempestade que sempre se

aproximou ela sempre me ensinou que um dia ela passa. Ao meu pai por estar sempre

presente. À minha querida Avó Maria pela coragem.

Por fim, mas não menos importante, a minha gratidão ad eternum à Marina Luz

Martinez da Cunha, à Maria Ferreira, à Andreia Rego, Duarte Marinho, Tiago Fachadas

por fazerem este caminho comigo e pelo apoio incondicional.

Uma palavra de gratidão a todos aqueles que me acompanharam e que não refiro, mas

sou-vos grata por me terem ensinado que estar só é uma questão de opção, passei

muitos momentos sozinha mas nunca só.

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Resumo

O presente relatório é o resultado de um ano de estágio, apresentando-se neste, por

um lado, uma reflexão teórica sobre a importância das expectativas dos alunos de

História A e Geografia A e o contributo das mesmas para o sucesso escolar e, por outro,

uma descrição de algumas experiências em contexto de sala de aula que conduziram a

episódios de aprendizagem.

Um dos autores de referência para o estudo, José Morgado (2007, p.38) refere que

a escola enfrenta todos os dias novos desafios, “sendo fundamental que os professores

procurem construir representações positivas sobre a totalidade dos alunos, bem como se

torna necessário o desenvolvimento de expectativas positivas sobre os alunos e sobre as

suas capacidades”, podendo estas, condicionar de forma significativa as aprendizagens

dos alunos (Estanqueiro, 2012). A metodologia aplicada foi o Estudo de Caso, através

da aplicação de um Inquérito aos alunos do Ensino Secundário da Escola João

Gonçalves Zarco. Os resultados obtidos evidenciaram como aspeto fundamental o

desenvolvimento de expectativas positivas e a sua relação com a escolaridade dos pais,

remetendo-nos, desta forma, para novas hipóteses de investigação. Espera-se com este

trabalho conduzir a uma reflexão que culmina na questão: “O que podemos fazer para

sermos melhores professores?"

Palavra-Chave: Expectativas, Autoeficácia, Autoconceito; Aspirações, Sucesso

Escolar

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Abstract

The present report is a result of an internship year, on which we are presenting, on

the one hand, a theoretical reflection about the importance of student’s expectations of

History A and Geography A and their contribute to academic success, and, on the other

hand, a description of some experiences in classroom settings that led to learning

episodes.

José Morgado (2007, p. 38) refers that school faces new challenges every day,

“being fundamental that teachers aim to build positive representations about all

students, as well as it becomes necessary the development of positive expectation about

students and their abilities”, further more these expectations can, by Estanqueiro (2012),

condition in a significate way students learning. The methodology applied was Case

Study, through the application of an Inquiry to Highschool students of the Escola João

Gonçalves Zarco. Results show evidence of a fundamental aspect of the development of

positive expectations and their relationship with parental schooling, referring in this way

to new investigation hypotheses. We hope with this work lead to a reflection that results

in the question: “What can we do to be a better teacher?”

Key-words: expectations: Self-efficacy; Self; aspirations; School Success

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"Amanhã fico triste,

Amanhã.

Hoje não.

Hoje fico alegre.

E todos os dias,

Por mais amargos que sejam,

Eu digo:

Amanhã fico triste,

Hoje não.

Para Hoje e todos os outros dias!"

Encontrado num dormitório em Auschwitz 1

1 http://pensador.uol.com.br/frase/ODEyNzAx/ consultado a saber: 20 de Setembro 2015

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Introdução - A razão de uma escolhaA minha investigação sobre expectativas de alunos (embora também de

professores, famílias e sociedade em geral) parte de estudos realizados noutras áreas

científicas complementares (neste caso), como por exemplo a psicologia, a sociologia e

as ciências da educação em geral. Mas, porquê alguém que está a fazer um estágio de

iniciação profissional pretender estudar as expectativas dos alunos? Porque considerou

esse tema importante em detrimento de outros mais direcionados com a prática letiva?

Como escreveu Sebastião da Gama2, (publicação póstuma, 1953):

“Pelo sonho é que vamos,

comovidos e mudos.

Chegamos? Não chegamos?

Haja ou não haja frutos,

Pelo sonho é que vamos.

Basta fé no que temos.

Basta a esperança naquilo

que talvez não teremos.

Basta que a alma demos,

com a mesma alegria,

ao que desconhecemos

Chegamos? Não Chegamos?

-Partimos. Vamos. Somos.”

A resposta a esta questão advém do sonho de querer ser uma melhor profissional,

de não saber apenas o nome dos meus alunos ou que conteúdos lhes tenho de ensinar em

História e Geografia. Como afirma Estanqueiro (2010, p. 29), “ (...) O professor pode

mudar a vida de um jovem. É necessário tomar consciência disso, para agir melhor”.

Não creio que esta preocupação seja apenas minha, penso mesmo que qualquer

professor tem a missão de fazer o melhor possível dentro dos contextos em que está

inserido. Quando me refiro ao melhor possível, refiro-me, por exemplo, à capacidade de 2 http://www.estudioraposa.com/index.php/28/06/2012/sebastiao-da-gama-pelo-sonho-e-que-vamos/ - consultado a 03 de Agosto de 2015

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ouvir e observar quem está do outro lado e sente dificuldades, ou porque os conteúdos

são exigentes, ou porque não quer estar dentro da sala de aula, ou porque não gosta da

disciplina. Estas duas capacidades – ouvir e observar - permitem que seja possível criar

algumas estratégias para auxiliar os alunos.

Muitas vezes as dificuldades não se prendem com a complexidade dos conteúdos.

Diversas vezes observei alunos que sabiam responder a questões, sabiam o que se

pretendia com as perguntas, eram autónomos e cooperantes com os colegas quando

estes demonstravam dificuldades, mas não conseguiam chegar ao resultado desejado,

noutras palavras, ao sucesso escolar. O sucesso escolar visto de forma simplificada

poderá constituir a aprovação à disciplina, ou a transição de ano escolar; numa

perspetiva menos ampla, sucesso escolar associa-se a bons resultados escolares e a uma

boa média.

Nem sempre conseguimos perceber estas dificuldades, nem sempre estamos

prontos para criar estratégias, questionarmos o nosso trabalho, a nossa forma de estar, a

nossa atitude. Quando me coloco sobre este prisma, assalta-me a perigosa questão: até

que ponto o professor influencia aquilo em que o aluno acredita? Para além do

professor, que outros elementos partilham essa “responsabilidade” de (in)sucesso?

A iniciação à prática profissional permitiu-me compreender que existe um

equilíbrio entre aquilo que eles (alunos) perspetivam e o esforço que dedicam ao estudo,

desta ou daquela disciplina. Eles muitas vezes têm dificuldades em acreditar que são

capazes de chegar onde querem, e responsabilizá-los e consciencializá-los das suas

capacidades pode constituir uma boa ferramenta de motivação para a aprendizagem.

Para facilitar a procura de respostas eficazes e operacionalizáveis à problemática

aqui subjacente levantei algumas hipóteses nomeadamente:

- Testar se uma baixa expectativa devido a insucessos escolares anteriores afeta

negativamente o desempenho escolar.

-Compreender até que ponto, os melhores resultados advêm de um maior

compromisso com a escola, implicando assim um maior esforço empreendido pelos

alunos

- Testar a influência dos agentes envolvidos na “construção” das expectativas dos

alunos.

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-Verificar se as escolhas (de determinada disciplina como específica para

ingressar no ensino superior) são determinadas pelas expectativas futuras.

Desta forma procurei perceber até que ponto as expectativas influenciam o

rendimento escolar. Recorrendo às palavras de Morgado (2001, p.40), “(…) muitos

estudos têm identificado o clima afetivo da sala de aula como uma importante variável

contributiva para o sucesso do trabalho educativo”. Complementando esta perspetiva,

Estanqueiro (2010, p.29) afirma que “um professor otimista usa a pedagogia da

esperança, dentro e fora da sala de aula. Espera o melhor de si e dos seus alunos.

Acredita na sua competência de ensinar e na capacidade dos alunos para aprender”.

Soraia Cunha (2012, p. 9) levanta também uma questão que revela um pouco da

pertinência desta investigação: “O que pesa, na decisão de prosseguir ou não os estudos,

de optar por trajetos marcados por mais ou menos investimento, por ingressar numa via

ou área de ensino específica, por alcançar ou não sucesso académico?”. A questão

reporta aos caminhos que os alunos pretendem seguir, o que está na base da escolha de

determinado caminho, o que implicitamente nos leva às expectativas do aluno face à

escola e da família face ao futuro do mesmo.

Joaquim Leal (2007, p.176) frisa um outro aspeto que pretendi testar nesta

investigação quando afirma: “o certo é que não restam grandes dúvidas que auto-

expectativa e rendimento escolar se correlacionam, verificando-se que as expectativas

elevadas se relacionam com o rendimento escolar mais elevado e que as baixas

expectativas são criadas do mau rendimento escolar”.

Relativamente às expectativas face aos alunos Estanqueiro (2010, p.28) refere:

“primeiro o professor espera do aluno determinado comportamento, segundo o

professor age com base nas suas expectativas, por fim o aluno comporta-se de acordo

com as expectativas do professor, confirmando essas expectativas. O comportamento do

professor difere consoante as expectativas.”. De acordo com esta visão encontramos

também a de Vânia Rache e Vera Moreira (1986) que concluem que um “dos aspetos

mais graves do problema é o facto de o aluno procurar corresponder ao seu próprio

autoconceito e às expectativas do professor mesmo quando são negativas.”

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A formação de expectativas positivas parte de diversos agentes, através de

diversas formas, sendo imperativo encontrar estratégias para as melhorar, ferramentas

que possibilitem respostas mais adequadas às necessidades. Em suma procura-se com

esta investigação responder à questão central: ”as expectativas dos alunos e o seu

compromisso com a escola contribuem para melhores resultados académicos?”

Este narração da minha investigação dividir-se-á em duas partes: a primeira

constitui um enquadramento teórico e a segunda o trabalho prático, realizado no

contexto escolar onde realizei a minha Iniciação às funções de professora.

A primeira parte encontra-se dividida em três capítulos: o primeiro visa a

conceção teórica de expectativas englobando as individuais e as sociais; o segundo

capítulo refere-se ao processo de aprendizagem onde procuro explicar, com base na

minha experiência, como se processa o desenvolvimento cognitivo do aluno, quais são

os conteúdos que garantem a sua maior atenção e que tipo de aulas são mais

motivadoras; no terceiro capítulo procuro definir os diferentes tipos de sucesso, a partir

das diferentes avaliações (formativa, sumativa, individual e comparativa).

A segunda parte é constituída também por três capítulos: o primeiro visa a

caracterização da Escola e das turmas, a segunda, a metodologia aplicada, no caso o

inquérito por questionário, por fim, o terceiro que consiste na análise de resultados.

Procurei desta forma contribuir para o estudo das expectativas dos alunos e das

oportunidades que esta temática pode oferecer para quem pretender investir no seu

estudo como forma de melhor se aproximar das perceções dos alunos e, dessa forma,

permitir um caminho mais direcionado para o sucesso de TODOS os alunos. É essa a

missão de qualquer professor.

Embora tendo por base algumas outras investigações, o meu trajeto identificou

também algumas fragilidades, sobretudo ao nível da técnica de investigação utilizada e

da possibilidade de analisar de forma mais consistente os resultados, ousando por isto

adiantar um outro caminho possível (naturalmente entre muitos outros) para futuras

abordagens a esta temática.

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1. Enquadramento Teórico

1.1. Um itinerário pelos principais conceitos

Com a realização do meu ano de estágio frequentei a Faculdade muito menos

tempo do que o habitual, mas em contrapartida pude “conviver” com realidades,

contextos, e motivações diferenciadas que me permitiram constatar uma realidade

“paralela”. A escola é todo um “outro” universo, complexo, mas, simultaneamente, para

quem está em início de uma nova prática profissional, um excelente laboratório.

Acredito que boas respostas possam advir de novas questões ou hipóteses,

sejamos nós capazes de as formular e de investir nos possíveis caminhos e conclusões.

Muito se tem falado e escrito acerca do que é o contexto escolar, de como e o que

deve ensinar-se, do que se deve ou não fazer/ser na escola. A responsabilidade de ser

professor é compreender que temos indivíduos em processo de aprendizagem e

crescimento contínuo e que esses também são resultado da nossa ação, pois,

“comportamento gera comportamento” (ESTANQUEIRO, 2010, p.26).

Podemos não ser determinantes, mas contribuímos para o crescimento e para a

educação, e esse contributo deve ser feito de forma responsável e ponderada,

procurando encarar as dificuldades e construir oportunidades. A consciência desta

responsabilidade e a sensibilidade a estas questões levou-me a uma questão central desta

investigação: as expectativas dos alunos e o seu compromisso com a escola contribuem

para melhores resultados académicos?

Num primeiro momento, importa definir e clarificar o conceito de expectativa,

visto que é a partir dele que podemos perceber de que forma este conceito está implícito

no sucesso ou insucesso.

Na minha ótica, uma primeira definição deverá ser aquela que consta no

Dicionário de Psicologia, nomeadamente: a expectativa é a “noção de representação

interna, mental, das regularidades do mundo exterior ou das relações entre ações e

mundo exterior” (PAROT, 2001, p.570-571). Esta definição poderá parecer vaga, no

entanto, importa neste momento perceber genericamente que por expectativas entende-

se que sejam as projeções do “eu” relativamente a determinada ação.

Estas projeções e a escola estão intrinsecamente ligadas, isto porque todos os seus

intervenientes têm projeções em relação ao alcance desse termo/ideia/conceito.

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Reportando-me à expectativa académica do aluno, esta diz respeito à projeção do “eu”

face aos resultados positivos/negativos, visto que, “as expectativas indicam o que se

espera realmente conseguir alcançar” (CUNHA, 2012, p. 34).

Partindo do conceito anteriormente clarificado e definido posso, agora, começar a

gizar a sua conceptualização teórica.

Um dos autores que posso destacar é Albert Bandura (1976) quando este define

que as crenças de autoeficácia são o conjunto de “julgamentos das próprias capacidades

de executar determinadas tarefas para se atingir certo grau de realização”

(BORUCHOVITCH, BZUNECK, 2009, p.111-116). Este autor integra as crenças de

autoeficácia no conceito de expectativas, sendo que ambas estão relacionadas com o

“self” 3. Uma definição que poderá complementar este ponto de vista, será a de Barros e

Batista-dos-Santos (2001) quando referem que a autoeficácia é a crença que o indivíduo

tem sobre a capacidade de realizar com sucesso determinada tarefa.

Numa perspetiva adicional, Soraia Cunha (2012, p. 9-10) refere que a utilização

do conceito de expectativa remete-nos para o sentido de projeção no futuro, porém,

articula-se com as experiências passadas, pois é através dessas experiências que constrói

o que deseja para o seu futuro, com racionalidade e consciência do que consegue e

daquilo que pode realmente alcançar, adaptando as estratégias consoante as

necessidades.

Parece-me importante, neste momento, diferenciar e clarificar o conceito de

aspirações, isto porque, muitas vezes confunde-se aspirações e expectativas, pela sua

semelhança. Fontaine (1987) estabelece de forma clara as diferenças: “o conceito de

aspiração é utilizado quando a antecipação do resultado se refere a domínios

relativamente amplos (escolar, profissional e lazer) e a objetivos de médio e longo

prazo. O conceito de expectativa refere-se a previsões, a curto prazo, de resultados

numa tarefa relativamente circunscrita (…)” (FONTAINE, 1987, p. 27).

Regressando agora à centralidade que assume no meu relatório o conceito de

expectativa, analisemos com mais pormenor a sua vertente individual e social já que

projetam diferenças importantes uma vez que a primeira é, sobretudo, uma construção

do “eu”, enquanto a segunda está mais articulada com diversas construções, de

diferentes grupos.

3 Segundo Bandura (2008, p. 50) “o Self é composto por estruturas cognitivas que proporcionam mecanismos de referência e um conjunto de subfunções para a perceção, avaliação e regulação do comportamento.

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Cada aluno é único e como tal não existem duas representações iguais, noutras

palavras, as expectativas individuais variam de aluno para aluno, porque o autoconceito

(definido aqui simplesmente como a perceção que cada um tem de si) varia também, e,

em termos práticos, as auto-perceções do indivíduo influenciam as suas escolhas. Por

outro lado é natural que um (autoconceito) e outro (autoperceção) tragam implicações

na crença de autoeficácia. “Daí que quanto melhor for o autoconceito, melhor será o

desempenho do indivíduo” (Serra, 1986, p.101). Uns e outros implicam-se na variância

da expectativa. Por exemplo, nos estudos de Fontaine4, esta faz referência que um dos

motivos para o insucesso escolar poderá estar associado a um autoconceito pobre ou

negativo. Bandura (1977), por sua vez, afirma que alunos com elevadas expectativas de

autoeficácia têm mais probabilidade de realizar com sucesso determinado

comportamento.

Importará porém perceber e tentar responder à questão: como é que o aluno

constrói as suas expectativas?

Bandura (1978) refere que os objetivos pessoais são determinados por aspetos

ambientais, pessoais e comportamentais, o que significa que o indivíduo é influenciado

pelo meio mas não é determinado diretamente a priori. Não existe uma equidade no que

se refere à intensidade de cada elemento interveniente, e sendo cada indivíduo único, a

resposta é variável. Defende que indivíduos com elevadas crenças de autoeficácia

tendem a procurar e a encontrar oportunidades mas, em contrapartida, os indivíduos

com baixas crenças de autoeficácia enfatizam as dificuldades (Almeida et al, 2003,

p.81-90). Portanto, as crenças de autoeficácia influenciam nas escolhas de cursos de

ação, no estabelecimento de metas, na quantidade de esforço e na perseverança em

busca dos objetivos (BORUCHOVITCH, BZUNECK, 2009, p. 111-116). Estes mesmos

autores afirmam que consideram importantes os julgamentos de autoeficácia pois atuam

como mediadores entre as reais capacidades que são aptidões, conhecimentos,

habilidades, e a própria performance (BORUCHOVITCH, BZUNECK, 2009, p. 111-

116). Esta perspetiva é confirmada pelos estudos de Pintrich e Schunk (The

Development of Academic Self-Efficacy, 1996), e de Zimmeramn (Self-Efficacy: An

Essential Motive to Learn, 2000)

4 Refiro-me em particular a: FONTAINE, Anne Marie (1987) – Expectativas de Sucesso e Realização

escolar em função do contexto social, Cadernos de Consulta Psicológica, Porto

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Complementarmente, a expectativa social reporta-se às representações sociais, no

caso as expectativas de quem rodeia o aluno, nomeadamente, família, professores,

grupos de pares. Importa, pois, perceber como é que o “meio plural” contribui para a

formação de expectativas positivas face à escola e ao sucesso escolar. Também aqui

será talvez importante esclarecer, ainda que sumariamente, os diferentes aspetos que

poderão ser a causa de in/sucesso e o que se entende por “insucesso e sucesso escolar”,

conceitos que se abordarão no capítulo 3 de forma mais aprofundada.

O sucesso escolar pode ser entendido como a avaliação dos resultados dos alunos

em termos de classificações positivas e negativas, esclarecendo a Eurydice (1995, p. 47)

que é a “capacidade que o aluno revela em atingir objetivos globais definidos para cada

ciclo de estudos”. O sucesso e insucesso, quando relacionados com expectativas,

remetem-nos para a capacidade de atingir determinado resultado que poderá ser a

aprovação/reprovação, por exemplo nas disciplinas de História A e Geografia A.

Regressemos à nossa “expectativa social” identificando nesta “pressão” o papel

dos diferentes intervenientes, ou pelo menos aqueles que consideramos mais relevantes,

e que muitas vezes funcionam como modelos para os alunos, sabendo nós que segundo

Estanqueiro (2010, p.107), os alunos têm mais propensão a aprender com modelos que

admiram.

O primeiro agente socializador com que o aluno tem contacto, regra geral, é a

família. Esta influência determina e condiciona muitas vezes os objetivos que os alunos

pretendem atingir. Ana Diogo (2006, p. 107) afirma que a “escola não é um fenómeno

puramente individual, devendo ser situado na família”.

Algumas hipóteses, embora simples e por vezes óbvias, podemos considerar: um

contexto favorável, pais empregados e com elevada escolarização, poderão ajudar o

aluno a construir uma expectativa positiva relativamente às suas capacidades de

concretização. No inverso, pais desempregados e com uma baixa escolarização poderão

não sustentar uma base de construção tão forte de expectativas. Evidentemente que,

mesmo abstendo-me de julgamentos, há sempre a possibilidade de considerar que, pelos

mais diversos motivos, existe a possibilidade de inflexão das expectativas dos alunos.

Como exemplo, os pais podem ter uma baixa escolaridade mas motivarem o filho a

atribuir uma elevada importância à atividade escolar. Embora fosse possível formar uma

série de hipóteses diferentes e mais complexas, parece-me que através deste simples

exemplo já se consegue perceber que existem variáveis de ordem diversa que podem

facilitar, ou contrariamente dificultar, a construção de uma expectativa positiva e

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facilitar a adaptação à escola. Apesar das hipóteses que levantei acerca das variáveis que

poderão influenciar a expectativa do aluno face à escola, a perspetiva de David Justino

(2012) alerta-nos que é redutor a limitação da influência ao contexto socioeconómico,

ou seja, não se poderá considerar apenas o contexto socioeconómico ao qual o aluno

pertence. Ao considerar-se apenas o contexto socioeconómico anula-se o sistema de

escolhas dos alunos, o maior/menor esforço dedicado à aprendizagem, entre outros

fatores. José Morgado (2001, p.78) vem reforçar a ideia de que a relação entre o meio

familiar e o meio escolar são fatores contributivos para o desenvolvimento de trajetos

educativos bem-sucedidos. Segundo o mesmo autor (2001, 80) “(…) é também

importante que a comunicação com os pais e encarregados de educação assente numa

atitude positiva, ou seja, acentue o que deve ser feito, mais do que o que deve ser

evitado, valorize as competências, mais do que apontar insucessos. Este registo positivo

poderá influenciar as expectativas dos pais face à escola e aos seus próprios filhos e

como já referimos e é conhecido, expectativas positivas constituem-se como contributos

importantes para o sucesso dos percursos educativos”. O mesmo autor aponta que a

educação funciona como “contexto sistémico em que todos os intervenientes

desempenham papéis concorrentes concertadamente para que o sistema funcione de

forma equilibrada” (MORGADO, 2001, p. 78).

A título de exemplo selecionei algumas estratégias que poderão auxiliar na criação

de expectativas positivas nos alunos:

-a consciencialização de que é importante fornecer mecanismos/reforços

positivos, ou seja, a família deve consciencializar e incentivar o aluno das suas

capacidades;

-quanto maior é a expectativa da família, maior será a sua necessidade de

implementar reforços positivos, o que leva à mudança de comportamento do

aluno, ou seja, não será a expectativa que provoca o cumprimento da tarefa mas o

comportamento que passa a adotar face a determinado desafio;

-fornecer estímulos positivos que correspondam à realidade para

promoverem a confiança do aluno;

-evitar ser portador de algumas ideias pré-concebidas em relação à escola,

mostrando antes ao aluno que ela constitui uma oportunidade e que a função

verdadeira da mesma é preparar o futuro.

21

Page 22: repositorio-aberto.up.pt · Web viewNunca se está no lugar do outro», achei a frase bastante verdadeira pois por mais que se tente imaginar o que se passava naqueles campos, é

Outro elemento que forçosamente contribui, socialmente, para as expectativas do

aluno, e porque estamos a escrever sobre a escola e os discentes, é o professor. A minha

prática ao longo do ano letivo, em diferentes momentos, formais e informais, provou-

me que nós professores temos que ter uma expectativa realista, embora sempre otimista

relativamente aos alunos. Nas palavras de Cardoso (2013, p. 22), “(…) ao professor

importa despertar o aluno para a importância capital do sonho, da saudade do futuro, da

visão do devir que lhe compete construir”. As características particulares de cada aluno

devem ser valorizadas, pois ele cresce a ouvir feedbacks do professor: se o professor

emitir sempre feedbacks negativos face aos seus resultados, ele muito possivelmente vai

continuar a não corresponder às expectativas geradas pelo professor.

Penso que a expectativa que nós temos face ao aluno deve ser veiculada de forma

cuidadosa, pois é imperativo mostrar que os tratamos de igual forma e que esperamos de

todos os alunos sucesso, ainda que isso possa não corresponder à realidade. Neste

sentido Morgado (2001, p. 41) identifica alguns aspetos que o professor deve ter em

conta: “demonstrar expectativas positivas face aos seus alunos e ao seu próprio trabalho;

desenvolver uma atitude de permanente atenção ao que se passa na sala de aula;

desenvolver a capacidade de gerir mais do que uma situação de aprendizagem em

simultâneo; programar o trabalho de forma a evitar a existência de “tempos mortos”

entre as actividades; explicitar e promover a cooperação na definição inicial de regras

de funcionamento bem como o entendimento da sua necessidade”.

Segundo António Estanqueiro (2010), “as expectativas dos professores, nascem

das primeiras impressões, da aparência física, do vestuário, da linguagem dos alunos, do

lugar que eles escolhem na sala de aula ou do modo como se sentem. Baseiam-se,

muitas vezes, na origem familiar e social dos alunos, na experiência com o irmão mais

velho ou nas informações transmitidas por outros professores”. Penso que uma

preocupação que todos os professores devem ter é referida por Bandura (1986): devem

evitar-se todas as formas de comparação social pois produz um efeito perverso; os

alunos não devem comparar-se.

A falta de otimismo de um professor não faz sentido dentro de uma sala de aula,

pois se não acreditarmos no nosso trabalho, ou seja, na nossa competência de ensinar,

também não conseguimos acreditar na capacidade de compreender do (e o) aluno.

Parece-me necessário introduzir novamente a perspetiva de Estanqueiro (2010) quando

afirma que a expectativa positiva promove a autoconfiança no aluno e que, quando uma

pessoa confia em si própria, aumenta a motivação e melhora o seu desempenho. Este faz

22

Page 23: repositorio-aberto.up.pt · Web viewNunca se está no lugar do outro», achei a frase bastante verdadeira pois por mais que se tente imaginar o que se passava naqueles campos, é

uma observação totalmente pertinente: “(…) cultivar expectativas positivas é uma forma

de otimismo pedagógico. Só por si, não resolve tudo. Não transforma todos os alunos

fracos em bons. Mas gera um clima favorável à motivação e contribui decisivamente

para a eficácia da ação educativa.” (ESTANQUEIRO, 2010, p. 29)

BORUCHOVITCH e BZUNECK (2009) apontam, no entanto, duas limitações

que devem ser tidas em conta: os alunos não podem conseguir executar tarefas que

estejam acima das suas capacidades simplesmente porque acreditam que podem

executá-las; o grau de otimismo é preferível a uma auto-avaliação demasiado realista.

Relativamente ao grau de otimismo, Estanqueiro (2010, p. 30) acrescenta que “quem

espera o melhor, consegue o melhor. Com otimismo salvam-se alunos considerados

‘casos perdidos’, fazem-se autênticos milagres. A confiança transmite-se por palavras e

gestos. A falta de confiança também!”.

Inicialmente destacamos a família como primeiro veículo de formação das

expectativas escolares; num segundo momento evidenciamos os professores, mas os

alunos não estão rodeados apenas de familiares e de professores, mas também do seu

grupo de pares, ou seja, grupo de amigos. São indivíduos da mesma faixa etária que

partilham uma relação de proximidade com o aluno. Segundo Morgado (2001, p. 41) “

(...) é sabido o papel preponderante desempenhado pelo grupo de pares na regulação de

comportamentos individuais.” As relações com os pares proporcionam aos indivíduos a

capacidade de estabelecer relações interpessoais, e realizar a aquisição ou a

consolidação de valores e princípios mais pessoais. Os colegas assumem portanto um

papel importante no processo de construção da identidade. Segundo Sprinthall (1999, p.

368): “os indivíduos desenvolvem-se psicologicamente, compartilhando pensamentos e

sentimentos com as pessoas com quem têm algo em comum e esse desenvolvimento

prepara-os para posteriores relações de partilha, ao longo da vida”. Ainda segundo

Sprinthall (1999, p. 400): “as relações que os indivíduos estabelecem com os colegas

constituem um dos principais contextos em que os adolescentes desenvolvem

características para a vida adulta”.

É possível neste momento estabelecer algumas hipóteses que relacionam a

expectativa positiva e a relação com os pares. A primeira que destaco será a aceitação

por parte de um grupo, sobretudo quando um indivíduo desenvolve sentimentos de

pertença a esse grupo, através de comportamentos e atitudes que contribuam para a sua

integração. Tal como acontece na família, não será tanto a influência das ideias dos

pares mas o comportamento que poderá reforçar a expectativa positiva face a

23

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determinadas dificuldades. Outra hipótese que se poderá aceitar é que os indivíduos ao

procurarem pessoas da mesma faixa etária desenvolvem atitudes de motivação e apoio,

ou seja, quando o indivíduo se sente apoiado pelos colegas desenvolve uma autoestima

mais elevada. Poderia afirmar que existe uma necessidade camaleónica dentro dos

grupos, ou seja, o indivíduo procura ser semelhante aos seus colegas porque eles

constituem uma referência horizontal de quem eles gostariam de ser. Naturalmente que

esta perspetiva poderá ter aspetos positivos, no caso de o grupo estudar em conjunto e

por essa via ser mais fácil obter resultados positivos, já que o grupo pode influenciar o

indivíduo a estudar mais e a ter, depois, melhores resultados. Não obstante também

poderá constituir um entrave na relação com a escola, se estes não demonstrarem por

exemplo respeito pelo professor. Neste ponto importa referir que o professor deve ter

especial atenção aos “mecanismos de liderança ou de rejeição (que) podem ser

potenciados ou atenuados, ou de qualquer forma, regulados, se for assumida uma atitude

de atenção e observação” (MORGADO, 2001, p. 41).

A relação ideal para a promoção do “ajuste social” do aluno seria um equilíbrio

entre a relação com os familiares, os professores e o grupo de pares.

Entendemos desta forma ter dado relevo aos conceitos que, de alguma forma,

mais e melhor contextualizam as hipóteses e os problemas de investigação que

elegemos para o nosso relatório. Não tínhamos a intenção de exaustividade mas

simplesmente de clarificação do seu significado quando os usamos na nossa narrativa.

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1.2. Episódios que criaram percursos de aprendizagem

Numa linha de construção textual que nos levará até ao “nosso laboratório”, já

identificado como o espaço escolar onde trabalhamos no ano letivo de 2014-2015, e

num quadro de análise relativo às expectativas, parece-me importante refletir sobre o

processo ensino-aprendizagem, conteúdos e opções didático-metodológicas.

Existe uma frase que determinou a minha escolha em ser professora. Lembro-me

que na hora, esse conjunto de palavras não fez muito sentido: “uns têm o poder de

mandar, outros a autoridade de falar e outros simplesmente de obedecer” (esta frase foi

proferida pelo professor José Morgado durante a apresentação de um trabalho em 2010

no qual estive presente, não havendo registo material da mesma).

Com a iniciação à prática profissional compreendi o peso desta frase. Eu não tinha

o poder de mandar, porque os conteúdos já estão definidos; os manuais já estão

escolhidos; as planificações têm que corresponder às diretrizes; o que me sobrava?

Poder de falar e de obedecer.

O primeiro, e o mais assustador, foi o que decidi agarrar, o poder de falar, e tentei

utilizá-lo de forma responsável e crítica. Afinal os que estavam à minha frente, um dia

serão o futuro, e se eu não o posso mudar, resta-me tentar deixá-lo melhor ou, pelo

menos, de alguma forma contribuir para isso.

Todo este discurso parece muito equilibrado na teoria: alguém que se depara com

a incapacidade de mudar o mundo e mesmo assim não desiste, utópico na verdade, se

não existissem episódios que comprovem que é possível.

Ao longo deste texto recorrerei a exemplos de episódios que tive a oportunidade

de experienciar e que servem como prova que, quando acreditamos em coisas que nos

dizem que não são possíveis, nós chegamos lá e fazemos.

O primeiro refere-se a um momento de discussão de uma temática e posterior

reflexão escrita; o segundo, a um aluno com resultados negativos que termina tendo

positiva à disciplina no final do 3º período. O primeiro exemplo enquadra-se nos

recursos que facilitam o processo ensino-aprendizagem. O segundo exemplo é o retrato

da mudança que gostaria de ver na escola, e sobre que tipo de professores queremos ser.

Considerando neste momento o processo de ensino-aprendizagem em contexto de

sala de aula, existe uma premissa que se sobrepõe a todas as outras, a comunicação. A

comunicação assume um papel de destaque porque estamos constantemente a

25

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comunicar. Como afirma Estanqueiro (2012, p. 36), “(...) ensinar é comunicar.”

Comunicamos de diversas formas, através da nossa atitude, através do diálogo, através

dos recursos que trazemos para a sala de aula, ou seja, tudo permite e potencia a

comunicação. Nas palavras de Estanqueiro (2012, p. 36): “Compete ao professor usar as

melhores técnicas de comunicação verbal e não-verbal”. Importa também que a

mensagem seja clara, específica e acessível a todos os alunos.

Quando falamos em mensagem clara e acessível, lembro-me de uma lição que

aprendi neste ano: é quase inútil perguntar aos alunos se perceberam determinada

explicação, porque regra geral a resposta será “sim”, mesmo que não tenham

compreendido. Assim, tive que contornar esta questão colocando-a de outra forma, por

exemplo, solicitando a um aluno, ou a vários, que reformulassem a mensagem que eu

tinha transmitido anteriormente. Desta forma era possível averiguar se os alunos

estavam atentos e se tinham dúvidas.

Não me parece útil explicar determinado conteúdo e não averiguar se estou a ser

bem compreendida. Se não tiver esta preocupação, vão existir alunos que se vão

“perder”, que não vão acompanhar a aula e logo ficarão desmotivados. Posto de outra

forma: deve existir um cuidado especial na forma como falamos, fazendo pequenas

pausas para perceber se todos os alunos estão a acompanhar, pois só desta forma é

possível esclarecer dúvidas, explicar de outra forma e manter os alunos motivados.

Voltando à comunicação, outra aprendizagem que pude constatar em sala de aula,

é que quando permitimos que os alunos interliguem as suas vivências com o conteúdo,

este torna-se mais significativo, o que mostra que eu não falo tanto para os alunos, mas

com os alunos. Desta forma, é possível ajudar o aluno a estruturar o pensamento e fazer

com que os seus pensamentos sejam construídos de forma mais complexa. Partindo do

simples para o mais elaborado.

Aproveitando esta vertente de dar significado aos conteúdos, outro aspeto a

considerar em sala de aula, é a criação de boas estratégias de comunicação. Estas têm de

ser substantivas, lógicas e articuladas, porque se vamos ensinar uma amálgama de

factos, os alunos não conseguirão (re)construir as suas ideias e torná-las mais

complexas. Partindo das suas ideias tácitas que eu caracterizo como simples, para uma

maior complexidade que se concretiza com ideias mais elaboradas e encadeadas acerca

de determinado conteúdo.

Recorrendo novamente à minha experiência de campo, a criação de boas

estratégias comunicativas não vem em livros, pois todas as turmas são diferentes e, para

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todas, temos de ter estratégias diferentes. Por exemplo, num dos meus 10ºanos, mais ou

menos de quinze em quinze minutos, tinha que haver um momento de “motivação”,

pois era uma turma que precisava de ser muito estimulada mas, quando bem

estimulados, trabalhavam de forma empenhada, participavam, discutiam ideias. Neste

caso a motivação ao longo da aula podia passar por conceber e incluir no plano vários

momentos que tinham especificamente essa função.

A pergunta é: como é que eu arranjava estratégias para os motivar de quinze em

quinze minutos? A resposta é um pouco complexa mas não é impossível de a descrever:

primeiro elaborava a planificação, depois estudava muito bem os conteúdos que ia

lecionar, depois procurava acontecimentos presentes para criar ligações, lia curiosidades

sobre as temáticas (por exemplo: número de amantes dos reis), procurava diferentes

recursos (vídeos, músicas, entre outros), discutia a minha aula com pessoas que me

eram próximas e com colegas da Faculdade, afinal era um desafio (no melhor sentido do

termo) e tinha que estar à altura. Depois de fazer a minha pesquisa, olhava a

planificação e procurava perceber em que espaço podia introduzir o momento de

motivação e depois ia para dentro do “laboratório” perceber se tinha construído uma boa

aula.

Recordo-me de dois momentos em que eu senti que os alunos estavam realmente

motivados. Quando lecionei a temática da “Reconquista Portuguesa”, elaborei uns

marcadores de livros com os Reis da Primeira Dinastia e uma frase personalizada (de

José Matosso acerca da História), estratégia que resultou muito bem, porque eu senti da

parte deles muita curiosidade sobre quem foram as pessoas daquele tempo. Essa

curiosidade perdurou durante cerca de três aulas, pois havia sempre

perguntas/curiosidades diferentes. Afirmo que esta motivação resultou bem porque os

resultados do teste avaliativo foram bons, registando-se apenas uma negativa (sete

valores) e melhor do que isso, começamos a trabalhar Cultura Medieval Europeia, e eles

colocavam dúvidas acerca de como era o quotidiano em Portugal, ou seja, a curiosidade

acerca de quem foram as pessoas da Idade Média em Portugal pautou o ano letivo.

O segundo momento foi quando eu apresentei um pequeno vídeo com os nomes

de algumas ruas e imagens, relacionadas com a temática da organização das ruas por

ofícios. Este vídeo colocou a turma em discussão, numa procura da relação entre os

nomes das ruas apresentadas e o nome das ruas que eles conheciam. Foi um momento

de motivação, que eu não esperava que tivesse tanto sucesso quando construí o vídeo.

Pensei que estava com qualidade e que seria interessante, mas não esperava que pudesse

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levar a uma discussão e eles conduzirem-se autonomamente e com sucesso para a

organização de ruas por ofícios na época medieval. Foi um momento muito gratificante

em que eu considerei que o recurso e o diálogo funcionaram muitíssimo bem.

Admito que nem sempre é fácil escolher boas estratégias. Assumo que tive,

muitas vezes, receio de ver as minhas escolhas totalmente fracassadas, mas também faz

parte da aprendizagem, perceber o que “não resulta”, pois considero que essa atitude é

meio caminho andado para tentar uma nova estratégia. Muitas vezes, não é o recurso,

não é a forma como criamos a aula, é o conteúdo em si mesmo. Existem conteúdos mais

apelativos que outros e quando isso sucede toda a criatividade é bem-vinda.

Lembro-me de estar a dar aulas de Geografia ao 10ºano e eles não se mostrarem

muito motivados com a temática da Natalidade, tendo essa postura provocado em mim

alguma apreensão porque os recursos não estavam a resultar e eu não estava a conseguir

ter sucesso, por muito que tentasse. A questão retórica foi “E agora? Já tentei tudo!”.

Como já tinha usado o documentário, a notícia e a imagem, pensei que uma

música portuguesa hip hop resultasse, pois quando eu tinha a idade deles era o meu

estilo de música preferida e como não passaram muitos anos.

Em quatro aulas, uma delas resultou muitíssimo bem, e foi exatamente esta em

que coloquei os alunos a ouvir a música e a ler a letra. Depois convidei-os a “pegar” na

letra da música e pedi-lhes para destacarem os motivos apresentados para os diferentes

problemas sociodemográficos. Finalmente, uma estratégia que resultou. Uma temática

que era menos apelativa para aquela turma tornou-se mais apelativa.

Escrevendo sobre conteúdos mais ou menos apelativos chamo a atenção, agora,

para a disciplina de História. Regra geral, os alunos preferem temáticas de História

Contemporânea porque além de ser um “tempo” mais próximo, permite que os alunos

recorram a fontes que já lhe são familiares, como é o caso dos relatos, notícias,

documentários, filmes, músicas e imagens.

Penso que seja o momento de fazer alusão a uma estratégia que utilizei na minha

turma de História de 12ºAno. A temática subjacente às aulas em que eu estava

responsável era o período entre Guerras Mundiais. Como esta interessava a quase todos

os alunos, quando chegamos ao tema do Genocídio Alemão, procurei criar uma aula

diferente.

Cheguei mais cedo à sala de aula, dispus as mesas em “U” para haver uma

proximidade entre os alunos e as professoras presentes, nomeadamente a professora

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cooperante e as colegas estagiárias. Escrevi no quadro a frase que considerei chavão do

livro: “«Nunca se está no lugar do outro»”.

Os alunos demonstraram extremo interesse e pode-se dizer até curiosidade pela

atividade que iriam desenvolver. Recordo-me de dizerem que queriam mais aulas em

“U”. Posteriormente foi-lhes distribuído um pequeno excerto do livro: “Os que

sucumbem e os que se salvam” do Primo Levi, e foi pedido que individualmente em voz

alta fossem lidos os excertos distribuídos. À medida que os excertos foram sendo lidos,

notava-se o interesse crescente dos alunos, e não foi necessário pedir silêncio em

nenhum momento. De seguida, pedi aos alunos que escrevessem uma reflexão acerca da

importância da temática e que aliassem o que ouviram dos excertos com os

conhecimentos prévios trabalhados em aulas anteriores.

O resultado destes textos foi muito bom por diversos motivos: o primeiro que

destaco foi ter trabalhado com êxito a consciência histórica, em grande parte dos textos

existe uma frase comum: “não deixar repetir a história”. O segundo aspeto a destacar foi

a conciliação entre os conteúdos trabalhados em aulas anteriores e a temática da aula, ou

seja, os alunos fizeram uma boa recuperação das fontes anteriormente trabalhadas e

articularam corretamente com a temática da aula, o que significa que o processo de

aprendizagem estava a ser significativo.

Este foi o primeiro episódio onde tive a oportunidade de conceder aos alunos o

desafio de falar, de refletir, de pensar “por que que não se podia estar no lugar dos

outros”.

Selecionei algumas frases dos textos elaborados pelos alunos a fim de comprovar

o sucesso da experiência:

“Porque enquanto as pessoas se lembrarem, ela não se repetirá. Enquanto se souber

que esta História aconteceu, ninguém “a repetirá”.

O saber e não só saber alemão como disse o Primo Levi, pode ser a diferença entre a

vida e a morte”. (Autor: C.)

“ «Nunca se está no lugar do outro», achei a frase bastante verdadeira pois por mais

que se tente imaginar o que se passava naqueles campos, é inimaginável e mil vezes

pior” (Autor: G.)

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“Os nazis cometeram sem dúvida, horríveis crimes contra a humanidade. O dia 27 de

Janeiro é o dia oficial das Vitimas do Holocausto, é importante ter noção que este

crime não se pode repetir nunca mais” (Autores: J. e M.)

“Os prisioneiros judeus eram levados em comboios como animais” (Autores: J. e R.)

“A tatuagem com o número de prisioneiro é uma prova contra aqueles que negam que

o Holocausto não aconteceu!” (Autores: D e L)

“Cujo único crime foi o de não terem nascido Judeus” (Autores: F.e I.)

O Genocídio Alemão é um pequeno tópico dos conteúdos programáticos de

História do 12ºAno, e eu quando escolhi ficar com esta temática decidi que tinha que

fazer alguma coisa diferente. Não podiam ser apenas aulas convencionais, com

exploração de recursos, pois, por melhor que estes fossem escolhidos, nenhum teria o

impacto de colocar a pensar, de sair da sala com os exemplares dos excertos e

provavelmente não deitar ao lixo porque aquilo que leram não iam conseguir esquecer e

talvez quisessem reler mais tarde.

Em didática aprendemos que um bom recurso é aquele que motiva e ao mesmo

tempo permite que os alunos autonomamente (re)construam ideias. Penso que este

recurso para além da sua qualidade intrínseca serviu para promover a consciência

histórica, para os alunos viajarem no tempo e perceberem que não podemos estar no

lugar dos outros, mas a história dos outros deve servir amiudamente para melhorar a

história de cada um.

Recordo-me também, quando comecei a trabalhar a Reforma Católica com o

10ºAno, que sentia uma grande escassez de recursos, tais como imagem, música, entre

outros, para estimular o envolvimento e a motivação dos alunos. Apesar da nossa

preparação científica (mais ou menos consistente nalgumas temáticas) é sempre

diferente quando temos de selecionar recursos corretos pedagogicamente e ricos

didaticamente.

Quando introduzi a “doutrina” das novas Igrejas, auscultei a turma acerca do que

eles pensavam que podia acontecer às pessoas que pertenciam a estes novos

movimentos. A turma no geral achou que em algumas áreas da Europa o movimento

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tinha sido bem aceite e noutras nem tanto. Pelo menos dois alunos mostraram que já

tinham conhecimentos prévios do que acontecia com as pessoas que surgiram com as

novas ideias (um aluno e uma aluna). Nas aulas seguintes apercebi-me que precisava de

aproximar os alunos dos conteúdos porque estes “não respondiam” às motivações, na

realidade era um conteúdo com pouco significado para eles.

Apesar de saber que se deve pensar a História de forma cautelosa, que o presente

não deve influenciar a forma como se trabalham os factos, porque eles estão inseridos

num contexto e época próprios, escolhi uma música conhecida dos alunos que passa na

rádio: “Take to me Church” (Hozier). Esta música está relacionada com um contexto

vivido de intolerância nos EUA.

A reação dos alunos a esta música foi de estranheza. Quando mostrei a tradução

da letra eles associaram a falta de tolerância com as pessoas do quotidiano (atual) com a

falta de tolerância das pessoas que pensaram de forma diferente da Igreja Católica na

época que estavam a estudar. No fundo, a mensagem que tentei transmitir através da

música é que a intolerância não é uma coisa do passado nem do presente, a intolerância

tem sido intemporal e pode assumir diferentes formas de violência.

Infelizmente, na aula em que apresentei a música houve algumas lacunas na

minha gestão de tempo, o que fez com que o texto relacionado com a violência exercida

por parte da Igreja Católica fosse remetida para aulas seguintes, o que me deixou

apreensiva porque a ligação que poderia ser construída entre esta música e a intolerância

ficou enfraquecida.

No entanto, e para minha surpresa, nas aulas que se seguiram em que trabalhamos

as fontes que anteriormente não tínhamos tido tempo, pelo menos um aluno afirmou

com alguma “tensão” que não existe uma Igreja que não tenha cometido crimes contra

os Homens que pensaram e agiram de forma diferente. Posteriormente a este

comentário, outros alunos questionaram porque é que ao longo dos tempos assistimos

sempre a episódios de intolerância religiosa e porque é que ela acontecia ainda hoje, ou

porque evoluímos em tantas coisas mas não conseguimos deixar de ser intolerantes para

com os semelhantes.

Estes dois pequenos episódios remetem-me para a chamada por Estanqueiro

(2012), “Educação em Valores”. Este autor defende que “(...) os valores fazem parte da

alma da educação. Por isso, os bons professores não se preocupam apenas com os

resultados académicos e as competências técnicas dos alunos. Investem na formação

integral da pessoa. A instrução apenas não basta” (ESTANQUEIRO, 2012, p. 99). O

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mesmo autor defende que “(...) devemos assim respeitar a diversidade de culturas e

religiões e o pluralismo de valores. Isto não significa que se pactue com os costumes ou

‘valores tradicionais’ de uma sociedade quando eles violam os direitos humanos”. Eu

corroboro a opinião do mesmo autor quando ele afirma que “(...) compete ao professor

apontar caminhos. Não se educa com indiferença, como se tudo valesse o mesmo”

(ESTANQUEIRO, 2010, p. 102).

Ao longo deste texto baseei-me muito na minha experiência pessoal e continuando

um pouco com essa linha, acho que compete a cada um fazer o auto-exame do que o

professor quer ser.

Eu cresci a ouvir os meus professores a dizerem sempre a mesma frase: “eu vou

ser quem vocês merecerem” e depois desta experiência como estagiária, acho que já sei

que professora eu não quero ser.

Não tenho argumentos contra aquilo que cresci a ouvir, mas tenho argumentos

para não repetir o que ouvi, e espero com isto não criticar os métodos de quem tem

muito mais experiência que eu, de quem já é professor ou de quem quer vir a ser.

Um argumento que utilizo que fundamenta a minha escolha é que o

desenvolvimento dos estudos na área do coaching educacional, embora embrionários,

vem salientar a importância do acompanhamento individual do aluno.

Salienta-se, portanto, que uma turma não merece que as minhas atitudes sejam

determinadas só porque registo casos de “mau comportamento” ou “indisciplina”.

Hipoteticamente, eu tenho uma turma de 30 alunos, onde 20 querem seguir para o

ensino superior, 9 querem seguir para cursos técnicos, e um não sabe o que quer fazer e

por isso tem atitudes que perturbam toda a turma. A minha preocupação deverá ser criar

um perfil para cada aluno da turma e tentar perceber de que forma posso orientá-lo e

direcioná-lo para o seu objetivo, procurando a melhor forma de o auxiliar. Aquando da

criação do perfil individual e da reflexão acerca da sua atitude, devo tentar redirecionar

o comportamento, ou seja, torná-lo melhor e procurar uma estratégia viável para que o

aluno desenvolva um compromisso com a escola e procure esforçar-se

independentemente do seu objetivo, porque não acredito que os alunos tenham atitudes

menos positivas, só porque querem perturbar.

Este exemplo que acabo de referir serve amiudamente para explicar que

professora eu quero ser. Quero que as minhas palavras sejam menos e as minhas

atitudes sejam mais. A mudança que queremos ver na nossa sala de aula começa em

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nós. Queremos melhores atitudes, temos que ter melhores atitudes, queremos que os

alunos tenham sucesso então vamos investir no nosso sucesso também.

Depois de um ano de estágio e de alguma reflexão posterior percebo que ficaram

realmente muito boas memórias e muitas aprendizagens que me fizeram crescer pessoal

e academicamente.

São estas memórias e aprendizagens que me lembram de quem sou e do que quero

fazer mesmo que isso pareça muitas vezes “fora da caixa” e espero daqui a vinte anos,

quando me perguntarem que profissão quero ter, eu responda ainda com mais certeza do

que a que tenho hoje: ser professora.

Antes de abordar o ponto de chegada teórico – o (in)sucesso escolar – procurei,

entre o quadro concetual do primeiro capítulo que girou fundamentalmente em torno das

expectativas individuais e sociais, e o resultado último que a escola pode “medir”,

relatar alguns episódios pessoais que me permitiram expressar o importante papel que

tem, por um lado o professor reflexivo (em função da sua prática e das suas

experiências), mas também o professor investigador-social a que se refere Isabel Barca,

no sentido de transformar essa reflexão do quotidiano em objetos de análise,

compreensão e construção de novas pistas ou caminhos de abordagem dos (e para os)

alunos.

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1.3. (In)Sucesso

No capítulo 1., referi que o sucesso escolar era tido como a avaliação dos alunos

em termos de classificações positivas e negativas. Neste momento parece-me

importante, desmistificar o processo avaliativo para facilitar a compreensão da relação

entre as expectativas e o (in) sucesso. O processo de “avaliação constitui-se como

principal instrumento de regulação da prática pedagógica” (Morgado, 2001, p. 62).

A avaliação foi uma temática muito presente na Iniciação à Prática Profissional e

as minhas principais preocupações prendiam-se com a questão: “Como avaliar de forma

prospetiva e rigorosa?”

Pensar em avaliação é pensar em planificação, pois quando planificamos

prevemos os momentos de avaliação, devendo estes ser coerentes e rigorosos, de forma

a manter o equilíbrio entre os objetivos e procedimentos e a forma como os

pretendemos avaliar.

Ao longo do ano tive a oportunidade de perceber que avaliar é uma tarefa muito

complexa, de muita responsabilidade, pois sei que a forma como avalio condiciona a

aprendizagem dos alunos. Em sintonia com Morgado (2001, p. 63), “(...) se é certo que

a educação envolve uma contínua tomada de decisões, então importa refletir

criteriosamente no impacto ou consequência de decisões decorrentes dos processos de

avaliação”.

Uma história relatada por Morgado (2001, p. 61-62) demonstra que esta

preocupação com a forma como avaliamos é muito pertinente: “Numa ação realizada

com um colega, professor universitário nos Estados Unidos, ele escreveu no quadro da

sala doze operações aritméticas e que duas tinham o resultado errado. Em seguida

perguntou-nos o que ali víamos. Todos respondemos: «doze contas com duas erradas».

«Pois é, raramente alguém diz, doze contas com dez certas, e, no entanto, para a criança

é bem diferente».” Partindo desta ”história” podemos concluir que existem muitas

abordagens para uma temática tão dinâmica e complexa como é a “avaliação”.

Como docentes queremos avaliar sempre da forma mais justa e adequada, mas

sinto-me coagida a concordar com Morgado (2001, p. 63) quando afirma que corremos

o “ risco de «burocratização» da profissão, sobretudo quando penso na necessidade de

criar matrizes rigorosas e com descritores o mais pormenorizados possível, quando

estamos a avaliar.”

Eu concordo com este autor quando ele afirma, num outro registo, que a avaliação

muitas vezes constitui uma dificuldade na vida do professor, por exemplo: existe um

34

Page 35: repositorio-aberto.up.pt · Web viewNunca se está no lugar do outro», achei a frase bastante verdadeira pois por mais que se tente imaginar o que se passava naqueles campos, é

teste avaliativo intermédio na escola a Português, as outras disciplinas ficam

condicionadas a nível do horário, porque na manhã do teste não têm as aulas das outras

disciplinas. O mesmo se passa, por exemplo, a nível de marcação de outros testes

avaliativos, não queremos marcar muito próximos porque já sabemos à partida qual é a

prioridade do aluno. Mas, deixando, sem esquecer, estas particularidades que têm clara

influência na nossa gestão de tempo das disciplinas e portanto também no tempo que

podemos dedicar à avaliação, centremo-nos agora na dimensão do aluno e identificando

as duas vertentes mais significativas - os produtos mas também os processos. Morgado

(2001, p.64) elabora uma tabela esquemática que aborda exatamente a função

reguladora da avaliação e como esta pode ser operacionalizada.

Quadro 1: A avaliação

A avaliação deverá permitir:

O quê? Para quê?

Obter informação sobre os progressos

dos alunos e/ou o estado atual das

aquisições.

- Analisar a eficiência do trabalho

educativo relativamente à concretização

dos objetivos e aquisições previstas;

- Prevenir e/ou clarificar problemas e

equívocos emergentes ou a emergir.

Fornecer aos alunos informação

retroativa.

- Para lhes permitir relacionar o seu

desempenho com os critérios definidos

de modo a corrigir e otimizar o seu

trabalho.

Motivar os alunos. - Melhorar níveis de investimento.

-Gerir de forma positiva as dificuldades.

Manter um registo de progresso dos

alunos.

- Tomar decisões sobre necessidades

educativas identificadas.

- Comunicar com outros intervenientes

(professores, encarregados de educação).

- Planificar trabalho futuro.

Ajuizar sobre a preparação dos alunos

para futuras aquisições.

- Conceber percursos e otimizar os

dispositivos de gestão curricular.

Fonte: Morgado, 2001, p.64

35

Page 36: repositorio-aberto.up.pt · Web viewNunca se está no lugar do outro», achei a frase bastante verdadeira pois por mais que se tente imaginar o que se passava naqueles campos, é

Morgado (2001) refere também sete princípios que são considerados

fundamentais para que a avaliação cumpra o seu papel de regulação da aprendizagem

(MORGADO, 2001, p. 65):

1. “Os dispositivos de avaliação devem ser ajustados aos conteúdos ou dimensões a

avaliar.”

2. “Os dispositivos de avaliação devem decorrer dos objetivos estabelecidos para a

avaliação.”

3. “Os dispositivos de avaliação devem ser diversificados na sua forma e natureza.”

4. “Deve ser partilhada com os alunos informação da natureza e da finalidade dos

diferentes dispositivos de avaliação.”

5. “Deve ser assegurada a elucidação dos alunos sobre o tipo, natureza e critérios

de avaliação no desempenho esperado.”

6. “Os dispositivos de avaliação devem decorrer das práticas na sala de aula, isto é,

devem incidir sobre processos e competências e aquisições regularmente

trabalhados.”

7. “Os dispositivos de avaliação devem ser estruturados no sentido de clarificar e

facilitar a tomada de decisão sobre situações problemáticas.”

O mesmo autor sugere seis aspetos a ter cuidado, e portanto a evitar, quando

avaliamos:

1. “A excessiva centralização em referências normativas.”

2. “A sobrevalorização de atividades de avaliação de natureza sumativa.”

3. “O papel passivo de quem é avaliado.”

4. “A globalização dos resultados dos alunos.”

5. “Considerar quase exclusivamente aquisições de natureza cognitiva/académica”;

6. “Referir «não aquisição de…» em vez de «é competente a…»” (Morgado, 2001,

p.65-66)

A importância de considerar os dispositivos e procedimentos enumerados parece-

me de suma importância, pois a sua correta operacionalização permitirá que o

mecanismo de regulação das aprendizagens seja adequado.

Em síntese, e no que se refere à avaliação, segundo Estanqueiro (2012, p.83): “Os

professores não ensinam para avaliar, mas avaliam para ensinar melhor e garantir

qualidade das aprendizagens”.

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Como sabemos, podemos distinguir vários tipos de avaliação, nomeadamente: a

diagnóstica, formativa e sumativa.

A avaliação diagnóstica é comummente utilizada no início do ano para aferir os

conhecimentos prévios dos alunos, no entanto este tipo de avaliação poderá ser utilizado

a meio de uma temática para perceber as dificuldades dos alunos.

Segundo Bruno Silva (2013), a avaliação formativa é útil para o aluno, porque

“permite identificar o que aprendeu e quais as aprendizagens que geram dificuldades,

bem como tomar consciência dos motivos que conduziram ao insucesso da

aprendizagem. Para o professor este tipo de avaliação possibilita verificar a adequação

da sua planificação e intervenção na aula, introduzindo os ajustamentos e as alterações

necessárias” (SILVA, 2013, p. 19).

A avaliação sumativa distingue-se das anteriores pela intencionalidade: “uma

avaliação muito geral do grau em que os objetivos mais amplos foram atingidos durante

todo o curso ou durante alguma parte substancial dele” (Bloom, Hastings e Madaus,

1983, p. 67 in SILVA, 2013).

De outra forma, a avaliação diagnóstica e a avaliação sumativa podem ser

aplicadas a um conjunto de conteúdos, em determinados momentos do ano letivo,

enquanto a avaliação formativa permite “avaliar” continuamente o desempenho do

aluno.

Estes três tipos de avaliação devem ser conjugados em contexto de sala de aula a

fim de promover melhores estratégias de ensino-aprendizagem.

Remeto para uma experiência pessoal, vivenciada no 10ºano de escolaridade com

um aluno da disciplina de História.

No primeiro período, ainda não tinha uma relação muito próxima com o 10ºAno.

Com a chegada do segundo período, comecei as aulas nesta turma e estabeleci uma

relação mais próxima, como descreverei na 2ª parte.

A professora cooperante, antes de iniciar estas aulas, explicou-me algumas

características da turma, sendo que referiu um caso específico a ter em conta, um aluno

que tinha tirado quatro valores em vinte no primeiro período.

Este caso ao longo do ano mereceu bastante atenção, porque era um aluno que

participava bem, mas nos testes avaliativos não se expressava corretamente obtendo

resultados baixos. Quando dei as primeiras aulas apercebi-me que ele participava

bastante, colocava dúvidas e mostrava-se atento. Falei com a professora cooperante na

procura de soluções viáveis para melhorar os resultados do aluno e a conclusão a que

37

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chegamos foi que ele não construía bem as respostas e perdia muitos pontos com isso e

tinha um baixo autoconceito, ou seja, não se julgava capaz de melhor. Depois de uma

aula, falei com o aluno, disponibilizando-me para esclarecer dúvidas via email ou

mesmo em contexto de aula, por exemplo: para rever respostas. Ele agradeceu-me e

disse que ia tentar esforçar-se mais. Corroborei a resposta dele dizendo que pela

participação eu não diria que tinha resultados baixos.

Entretanto a turma fez teste, recebeu as correções e quando retornei à turma o

aluno veio falar comigo dizendo que tinha conseguido e se eu queria ver o teste dele.

Respondi-lhe prontamente que sim. A atitude de querer ver a folha de teste dele

pareceu-me mais eficaz que o simples reforço positivo verbal. No 3º período o aluno

atingiu os dez valores.

Do ponto de vista formativo obteve sucesso, pois foi progredindo até conseguir

positiva; do ponto vista sumativo, o aluno ficou aprovado à disciplina com a nota

mínima. Neste caso, a avaliação formativa mostrou-se eficaz, porque o aluno conseguiu

atingir os “conhecimentos mínimos”, subindo de um quatro para um dez. Penso e espero

que este resultado influencie positivamente a postura futura do aluno face à disciplina.

Como reflexão final desta temática, aponto para uma nova linha de investigação

que está bastante desenvolvida na área do desporto e começa a dar os primeiros passos

no campo da educação, o coaching educacional.

O Coaching é uma tendência que tem ganho cada vez mais adeptos, nas empresas

e profissionais de diversos ramos. Procuram cada vez mais respostas às suas

necessidades no coaching, especialmente como forma de otimização e realização

pessoal/profissional. Segundo o Instituto Brasileiro de Coaching5 este constitui um

processo “que busca o alcance de metas e objetivos, através do desenvolvimento de

capacidades e habilidades emocionais, psicológicas e comportamentais.6”. A mesma

fonte refere que a psicologia e o coaching, quando aliados, promovem a autoestima,

equilíbrio de emoções, mobilização de forças, motivação, resiliência. Podem ser

promovidos em conjunto por exemplo, na definição de objetivos específicos alcançáveis

e realistas, ou no desenvolvimento de comportamentos benéficos.

Como é que o Coaching funciona em termos práticos? O Coach (professor) deve

criar perfis individuais de cada aluno; nesses perfis devem constar as características

5 http://www.ibccoaching.com.br/tudo-sobre-coaching/coaching/o-que-e-coaching-educacional/ consultado a 08 de agosto de 2015. 6 http://www.ibccoaching.com.br/tudo-sobre-coaching/coaching/o-que-e-coaching-educacional/ consultado a 08 de agosto de 2015.

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pessoais do aluno, os objetivos e metas que pretende que o aluno atinja, e deve ser

reservado um espaço para colocar possíveis problemas/reflexões acerca das medidas

que poderão ser tomadas com os mesmos. Estes perfis constituirão, posteriormente, um

contrato escrito, entre o aluno e o professor, onde ambos acordam o que fazer e desta

forma estabelece-se um compromisso mútuo, que desembocará no sucesso do aluno e

do professor. Do aluno, porque cumpre as suas metas, e do professor, porque cumpre a

sua missão de professor educador, líder de uma formação.

Para este modelo ser aplicável devíamos estar num “estado ideal” de cada turma

ser constituída por quinze a vinte alunos no máximo e onde o professor tem tempo

disponível para trabalhar com os mesmos. Como este “estado ideal” é como o nome

indica ideal, penso que se poderá fazer uma adaptação às diversas realidades.

Os professores, como “camaleões”, que procuram uma melhor adaptação aos

diferentes contextos e apostam numa formação contínua, penso que estarão disponíveis

para aproveitar as técnicas que funcionam mas também para aprender novas. A

experiência, ainda que, curta indica-me que os alunos costumam ser naturalmente

curiosos e aproveitando esse facto poderemos desenvolver novos trajetos,

especialmente, trajetos de sucesso, na nossa disciplina. Com uma sociedade em

permanente evolução e que comunica cada vez mais de formas mais sofisticadas

acredito que se comece a utilizar as sementes do coaching na escola.

Pensamos, ainda, que esta forma de aproximação ao aluno, permitirá um melhor

conhecimento da sua auto-estima, das suas expectativas sobre a escola, do tipo de apoio

que tem, do enquadramento social em que vive, do valor que atribui à

avaliação/classificação no seu percurso escolar e de vida. Parecem-me assim reunidos

nesta primeira parte, os elementos essenciais de análise que permitem-nos agora avançar

para a verificação no “terreno” da minha prática profissional deste ano de estágio, até

que ponto a minha hipótese de partida pode ou não ser testada. Pelo menos, poderemos

observar, ela foi fundamental para identificar outros caminhos possíveis para estarmos

sempre atentos aos destinatários do nosso investimento profissional – os nossos alunos.

De uma forma mais qualitativa, ou nalgumas questões de forma quantitativa, poderemos

ver essa difícil articulação entre expectativas (de alunos e professores), apoios (dos

pares, da família, da sociedade) e sucesso (individual ou social).

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2. Enquadramento Prático

2.1. Contexto escolar

No âmbito do meu estudo sobre as expectativas dos alunos, a sua concretização

foi possível em termos práticos, fruto das condições proporcionadas pela minha escola

de Estágio - Escola Secundária João Gonçalves Zarco.

Esta escola surgiu em 1955 no período de aumento da rede de escolas do ensino

técnico, na sequência da Reforma de 1948. Pertencendo à cidade de Matosinhos,

inicialmente foi designada como Escola Industrial, posteriormente, Escola Secundária

Nº1 e, em 1995, passou a chamar-se como atualmente a conhecemos: Escola Secundária

João Gonçalves Zarco.

A Escola oferece serviço educativo a partir do 3ºCiclo de Ensino Básico

estendendo-se ao Ensino Secundário, tendo também Cursos Profissionais.

Paralelamente tem serviço educativo no estabelecimento prisional de Custóias, sendo

este do tipo profissional.

Esta Escola tem Contrato de Autonomia, estando também integrada em projetos

como: Comenius, Projeto de Formação (parceria com Medicina Dentária), Projeto de

Formação em contexto de trabalho, ou seja, formação de profissionais técnicos em

hotelaria e turismo (Grande Porto), Projecto Coopetindo. Existem também dois

protocolos de avaliação vigente: projeto de Auto Avaliação e QualiZarco – Certificação

e Qualidade7.

É uma escola pública que revela grande preocupação com a aprendizagem e

resultados, assumindo uma estratégia nem sempre bem vista em termos sociais: as

turmas de nível. Esta identidade fica clara na mensagem de boas vindas no site:

“Uma Escola que presta à comunidade um serviço público de qualidade,

proporcionando aos estudantes a aquisição e certificação de competências científicas,

técnicas e comportamentais que lhes permitam assumir, com sucesso, num cenário de

um mundo em mudança, um papel social e profissionalmente ativo8.”

Quatro são as palavras que visam caracterizá-la: excelência, inovação, dinamismo,

inclusão. Alicerça essa aposta na Lei de Bases do Sistema Educativo (art.2, nº 5)

evidenciando os seguintes princípios: Liberdade, Humanismo, Igualdade, 7 http://www.zarco.pt/site/docs/docs_orienta/pe_2011_2014.pdf - consultado a 05 de agosto de 20158 http://www.zarco.pt/site/index.php#prettyPhoto – consultado a 05 de agosto de 2015

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Responsabilidade Social, Respeito pela Diferença, Equidade e Justiça, Autonomia e

Responsabilidade, Consciência Cultural e Ambiental9.

A Escola (ESJGZ)10 apresenta os seguintes objetivos:

1. “Promover o desenvolvimento pessoal e social dos alunos, contribuindo

para uma cidadania ativa, formando cidadãos críticos, intervenientes e solidários.

2. Melhorar os resultados escolares dos alunos, qualificando as

aprendizagens e desenvolvendo competências em literacias.

3. Reforçar o envolvimento e participação de alunos e de Pais e EE na vida

da Escola.

4. Promover a formação e atualização científica e pedagógica permanente de

todos os agentes educativos.

5. Proceder a uma sistemática avaliação das práticas, recorrendo a

metodologias participativas, garantindo a contextualização das análises e dos

resultados.

6. Reforçar a imagem da ESJGZ na comunidade local e nacional, como uma

instituição de referência e de qualidade.”

De acordo com o projeto educativo11 da escola relativo aos anos 2011-2014,

apresenta um total de 383 alunos no Ensino Básico, 541 alunos no Ensino Secundário,

divididos por cerca de 50 turmas no ensino secundário. As turmas profissionais reúnem

211 alunos. No que se refere à educação de adultos, apresenta 625 alunos. Em conjunto,

apresenta um total de 1760 alunos.

Ao nível do Ensino Secundário, a escola apresenta um total de 8 turmas na área

Cientifico Humanístico de Línguas, 13 turmas na área das Ciência e Tecnologias.

O corpo docente de 2011 a 2014 foi constituído por 166 docentes, sendo que 41

docentes pertencem ao Departamento Ciência Humanas e Sociais. A escola conta

também com uma psicóloga, 48 assistentes técnicos/operacionais.

A aplicação do estudo foi feita nas minhas turmas de Ensino Secundário,

nomeadamente, uma que só tem Geografia A de décimo, uma que tem História A e

Geografia A de décimo, uma de 11ºAno de História A e uma de 12ºAno de História A.

9 http://www.zarco.pt/site/index.php#prettyPhoto – consultado a 05 de agosto de 2015.10 http://www.zarco.pt/site/index.php#prettyPhoto – consultado a 05 de agosto de 2015.11 http://www.zarco.pt/site/docs/docs_orienta/pe_2011_2014.pdf - consultado a 05 de agosto de 2015.

41

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A amostra é constituída por 117 alunos, com idades compreendidas entre os 15

anos e os 19 anos, cerca de 63.5% (74) pertence ao sexo feminino e 33.9% (42) ao sexo

masculino, sendo que um/a aluno/a não preencheu o campo de identificação de género.

Passando a uma caracterização mais específica de cada turma, o 10º112 é a turma

na qual só leccionei Geografia A. A turma era constituída por 26 alunos. Estabeleci uma

relação de empatia com a turma na aula de apresentação. Eles nunca tinham tido aulas

com estagiários e estavam curiosos com o tipo de aula que daríamos, o que foi a priori

muito motivador. Nesta turma, tive oportunidade de trabalhar diferentes recursos. Entre

os que tiveram mais sucesso destacaram-se: a Música, o Texto Criativo, Reportagens.

Os alunos, sempre que as aulas eram lecionadas por estagiárias, demonstravam muito

“respeito” pelo nosso esforço e muita curiosidade acerca do que traríamos preparado

para a aula.

A turma 10º213 é uma turma onde tive oportunidade de lecionar a História A e

Geografia A, sendo constituída por 23 alunos.

Contrariamente à turma do 10º1, os alunos não demonstraram a mesma

curiosidade nem empatia no primeiro contacto. Como o feedback inicial não foi tão

positivo, só comecei a dar aulas a esta turma no segundo período. Quando comecei,

percebi que eles, num primeiro momento estavam numa posição de desafio.

Inicialmente, foi uma turma que não me cativou, mas depois percebi que era um

desafio, porque não são eles que me tinham de cativar e, a partir deste momento, foi a

turma com quem mais trabalhei e de quem tenho mais memórias de episódios que se

revelaram percursos de aprendizagem com sucesso. Eu diria que eles eram “especiais”,

não entrando em comparação com as outras turmas obviamente, mas sentindo que esta

tinha um pouco mais, ou era sempre preciso um pouco mais. As aulas deles tinham que

ser extremamente bem pensadas, porque eles dispersavam ao fim de quinze minutos

distinguindo-se das outras. Se não preparássemos cuidadosamente os momentos

pedagógicos e didácticos, corríamos o risco de dar aula para cinco alunos, estando vinte

e três na sala. Não posso dizer que foi uma turma fácil, porque não foi, mas foi

desafiante, e penso que essa relação entre o que eles esperavam de mim e o que eu

esperava deles nos manteve mais próximos durante o resto do ano letivo. Ao nível da

participação, da cooperação entre eles e as professoras, cumprimento de tarefas, penso

que foi das turmas com quem eu mais aprendi.

12 O número das turmas é apenas indicativo para de garantir anonimato das mesmas. 13 O número das turmas é apenas indicativo para de garantir anonimato das mesmas.

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Page 43: repositorio-aberto.up.pt · Web viewNunca se está no lugar do outro», achei a frase bastante verdadeira pois por mais que se tente imaginar o que se passava naqueles campos, é

Esta turma era conhecida pelo elevado número de faltas disciplinares, mau

comportamento, desinteresse, desrespeito pelas regras no geral, no entanto, nunca

verificamos nas nossas disciplinas tal facto. Os docentes das outras disciplinas

comentavam como é que eles se comportavam e nós ficávamos com ar de

“interrogação”, porque não os conhecíamos no registo que era narrado, parecendo duas

turmas. De um lado a História A e Geografia A com bom comportamento, resultados

médios, do outro lado as outras disciplinas com faltas disciplinares e maus resultados

académicos. Eu acredito que eles tinham um comportamento diferente nas nossas

disciplinas, porque nós também tínhamos uma postura diferente. Tivemos mais tempo

para observá-los/analisá-los, para decidir que estratégias seriam melhores, mais tempo

de discussão entre professoras cooperantes e estagiárias, logo, estaríamos em mais

vantagem que os outros professores que têm imensas turmas e que não podem dispensar

tanto tempo na observação, discussão, preparação. Penso que foi uma relação muito

positiva porque tivemos tempo para a construir, para os conhecer, para saber o que fazer

e o que não fazer. Nem sempre foi fácil, mas foi gratificante.

O 11º114 era uma turma constituída por 21 alunos, onde apenas assisti a aulas,

sendo que não lecionei nenhuma, no entanto, pelo que pude observar, pareceu-me uma

turma interessada em aprender, que colocava dúvidas de forma pertinente e onde os

alunos envolviam-se na discussão das temáticas.

O 12º615 foi a primeira turma de História A onde, num primeiro momento, me fez

sentir uma dupla sensação: empatia e responsabilidade. Era uma turma bem comportada

que se esforçava, onde os alunos cooperavam bem entre si e com os professores,

mostravam muita preocupação relativamente às temáticas por estar também em causa

um ano onde iriam ser submetidos a um exame nacional. Houve uma grande

preocupação e responsabilidade em prepará-los o melhor possível para o exame final.

O episódio referido na primeira parte desta dissertação, relativamente à aula em

“U”, mostra que era uma turma muito responsável na forma como pensava, que se

preocupavam com o futuro, que tentavam ir mais além.

A experiência com esta turma foi de menor duração do que com a do 10º2, no

entanto, também tive a oportunidade de perceber o que os motivava mais, o que

gostavam na História que eles achavam “próxima”.

14 O número das turmas é apenas indicativo, a fim, de garantir anonimato das mesmas.15 O número das turmas é apenas indicativo, a fim, de garantir anonimato das mesmas.

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Era mais simples planificar a aula, mas a responsabilidade na sua execução penso

que foi maior que nos outros anos que lecionei. Eu senti-me responsável pela forma

como ensino mas, especialmente no 12ºAno, sei que esta preocupação foi transversal às

colegas que estagiaram comigo. Não é de todo desmerecer os outros anos, pois somos

responsáveis da mesma forma, mas tendo em conta que o 12ºAno é o fim de um ciclo,

acho que sentimos mais o peso da responsabilidade.

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2.2. Caracterização do Estudo

Num quadro de análise das expectativas, foi elaborado um conjunto de hipóteses

de partida no início deste estudo, que procuravam ajudar a responder à questão central

desta dissertação: as expectativas contribuem para o sucesso escolar? Posto isto, de

forma mais específica passo a enumerar as questões de partida que construímos:

- Testar se uma baixa expectativa devido a insucessos escolares anteriores afeta

negativamente o desempenho escolar;

- Compreender até que ponto, os melhores resultados advêm de um maior

compromisso com a escola, implicando assim um maior esforço empreendido pelos

alunos;

- Testar a influência dos agentes envolvidos na “construção” das expectativas dos

alunos;

- Verificar se as escolhas (de determinada disciplina como prova específica para

ingressar no ensino superior) são determinadas pelas expectativas para o futuro.

Para averiguar as possíveis respostas a estas questões-problema foi escolhido

como método, a abordagem quantitativa, embora o questionário tenha perguntas de

“escolha aberta” cujas respostas podem ser objeto de uma analise qualitativa como a

análise de conteúdo.

Segundo Goméz et al., esta perspetiva permite estudar “a realidade no seu

contexto natural, tal como sucede, na tentativa de retirar sentidos, de interpretar os

fenómenos de acordo com os significados que têm para as pessoas implicadas”

(RODRIGUEZ G. et al., 1996, p.32).

Objetivamente temos: uma amostra (quatro turmas de alunos), o espaço temporal

(ano letivo) e um problema específico.

Em termos práticos o Estudo de Caso utilizou a técnica do Inquérito por

Questionário. Este foi distribuído e aplicado em aulas após as minhas regências, que

corresponde grosso modo ao 3º período do ano letivo (2014/2015) nos meses de abril e

maio.

Este Inquérito por Questionário já havia sido elaborado por Joaquim Leal em

20071617. O objetivo deste autor foi testar se as expectativas influenciavam os resultados

escolares na disciplina de matemática.16 Em Anexo.

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Partindo da leitura desta investigação18 e da análise do inquérito que este construiu,

percebi que podia fazer uma adaptação do inquérito para o caso da História e da

Geografia, pois existe a possibilidade de obter relações entre as expectativas e os

agentes, as expectativas e os resultados, ambos fazendo parte dos objetivos a atingir

com a minha investigação.

A estrutura do inquérito19 e a sua readaptação foram divididas em duas partes. A

primeira contém uma introdução, onde é explicado ao aluno o que se pretende com o

estudo; posteriormente é pedido que preencha os campos de identificação, relativos ao

próprio e à família. Nos campos de identificação do próprio é pedido que indique a

Turma, Número de Aluno, o Género, e uma questão fechada sobre se já tinha reprovado

algum ano letivo. No campo da Identificação da família é pedido que indiquem a idade

do pai/idade da mãe, as profissões de ambos e por fim a escolaridade completa de

ambos20. A segunda parte do inquérito é constituída por 12 questões, sendo que apenas a

questão número sete e a questão número oito eram de resposta aberta.

Este Inquérito foi entregue aos alunos do 10º1 e do 10º2 de Geografia A, após ter

pedido à professora de Geografia autorização. Pedi que fizessem uma leitura rápida do

questionário e caso tivessem dúvidas, deviam colocá-las antes do preenchimento do

mesmo. Da mesma forma o Inquérito foi aplicado ao 10º2. 11º1, 12º1 da disciplina

História. Sendo que o processo foi exatamente igual ao acima mencionado.

Expectativas e Sucesso Escolar História

Esta investigação está a ser elaborada por Patrícia Ferreira, sob orientação do Doutor

Paulo Santos e Doutor Luís Alves da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e

17 LEAL, Joaquim Ferreira da Silva (2007) – Expectativas e sucesso escolar- desmitificação da Matemática, Universidade Portucalense, Porto18 A saber: LEAL, Joaquim Ferreira da Silva (2007) – Expectativas e sucesso escolar- desmitificação da Matemática, Universidade Portucalense, Porto19

20

46

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enquadra-se no âmbito do relatório de Estágio do Mestrado em Ensino 3ºCiclo e

Secundário de História e Geografia.

Os dados recolhidos são confidenciais e anónimos, sendo utilizados, única e

exclusivamente, para esta investigação.

A sua colaboração, sinceridade e rigor nas respostas são imprescindíveis para o sucesso

desta investigação.

Muito obrigada pelo seu contributo.

1ºParte

Identificação do Aluno

Turma:___ Nº___

Idade:____

Sexo: Masculino Feminino

Já reprovaste algum ano? Sim Não

Identificação dos pais

Pai:

Idade____

Profissão_______________________________________________

Escolaridade completa do Pai:_________________

Menos do que o 6ºAno

Mãe:

Idade____

Profissão_______________________________________________

Escolaridade completa da mãe: ____________________

2ªParte

1- O facto de gostares ou não de História teve alguma influência na escolha do curso

que frequentas?

Sim Não

2- É tua intenção concluir o ensino:

47

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Secundário Superior Nenhum

3- Em tua opinião, os teus pais pretendem que concluas o ensino:

Secundário Superior Não querem que estudes

mais

4- Ao longo dos anos, ouviste a tua família e outras pessoas dizer que História é uma

disciplina:

Fácil, desde que se estude Difícil Dispensável

5- Achas que se tiveres mais estudos, o teu futuro será:

Melhor Pior Nem melhor nem pior

6- Tendo em conta a tua experiência, História é uma disciplina:

Fácil, desde que se estude Difícil Dispensável

7 – Quantas horas por semana dedicas ao estudo das várias disciplinas, em casa?

____________________

8 – Quantas horas por semana dedicas ao estudo de História em casa?

____________________

9- Julgas-te capaz de concluir o 12ºAno a História A?

Sim Não Talvez

11 – Não te julgas capaz de concluir o 12ºAno de História em 3 anos, porquê?

(responde apenas se tiveres dito não na questão anterior)

Tens poucas capacidades a história/geografia

Tens poucas capacidades para os estudos

Trabalhas pouco nesta disciplina

12- Os professores que tiveste ao longo da vida deram-te a ideia que História é:

Fácil, desde que se estude Difícil

48

Page 49: repositorio-aberto.up.pt · Web viewNunca se está no lugar do outro», achei a frase bastante verdadeira pois por mais que se tente imaginar o que se passava naqueles campos, é

13- Pensas que a tua professora de História espera resultados positivos da maioria dos

alunos da turma:

Sim Não Talvez

14- Como classificas a tua professora de História quanto ao seu interesse pelos alunos?

Interessada no sucesso de todos os alunos Interessada só pelos bons alunos

Distante

15- Como qualificas a tua professora de história quanto ao seu relacionamento com os

alunos

Simpática Indiferente Distante

16- Na tua opinião, o que é que deveria mudar para melhorar os resultados a história?

Assinala os aspetos referidos de acordo com a importância que lhes atribuis, sendo que

na escala: 1 – representa o menos importante e 5 o mais importante.

1 2 3 4 5

Métodos de ensino

Atitudes dos professores

Conteúdos programáticos

Atenção dos alunos nas aulas

Empenho dos alunos nos

trabalhos de casa

Muito obrigada pela tua colaboração

(Inquérito de História)

Expectativas e Sucesso Escolar História – Geografia

49

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Esta investigação está a ser elaborada por Patrícia Ferreira, sob orientação do Doutor

Paulo Santos e Doutor Luís Alves da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e

enquadra-se no âmbito do relatório de Estágio do Mestrado em Ensino 3ºCiclo e

Secundário de História e Geografia.

Os dados recolhidos são confidenciais e anónimos, sendo utilizados, única e

exclusivamente, para esta investigação.

A sua colaboração, sinceridade e rigor nas respostas são imprescindíveis para o sucesso

desta investigação.

Muito Obrigada pelo seu contributo.

1ºParte

Identificação do Aluno

Turma:___ Nº___

Idade:____

Sexo: Masculino Feminino

Já reprovaste algum ano? Sim Não

Identificação dos pais

Pai:

Idade____

Profissão_______________________________________________

Escolaridade completa do Pai:_________________

Menos do que o 6ºAno

Mãe:

Idade____

Profissão_______________________________________________

Escolaridade completa da mãe: ____________________

2ªParte

1- O facto de gostares ou não de Geografia teve alguma influência na escolha do curso

que frequentas?

50

Page 51: repositorio-aberto.up.pt · Web viewNunca se está no lugar do outro», achei a frase bastante verdadeira pois por mais que se tente imaginar o que se passava naqueles campos, é

Sim Não

2- É tua intenção concluir o ensino:

Secundário Superior Nenhum

3- Em tua opinião, os teus pais pretendem que concluas o ensino:

Secundário Superior Não querem que estudes

mais

4- Ao longo dos anos, ouviste a tua família e outras pessoas dizer que Geografia é uma

disciplina:

Fácil, desde que se estude Difícil Dispensável

5- Achas que se tiveres mais estudos, o teu futuro será:

Melhor Pior Nem melhor nem pior

6- Tendo em conta a tua experiência, Geografia é uma disciplina:

Fácil, desde que se estude Difícil Dispensável

7 – Quantas horas por semana dedicas ao estudo das várias disciplinas, em casa?

____________________

8 – Quantas horas por semana dedicas ao estudo de Geografia em casa?

____________________

9- Julgas-te capaz de concluir o 11ºAno a Geografia?

Sim Não Talvez

11 – Não te julgas capaz de concluir o 11ºAno de Geografia em 2 anos, porquê?

(responde apenas se tiveres dito não na questão anterior)

Tens poucas capacidades a história/geografia

Tens poucas capacidades para os estudos

Trabalhas pouco nesta disciplina

51

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12- Os professores que tiveste ao longo da vida deram-te a ideia que História é:

Fácil, desde que se estude Difícil

13- Pensas que a tua professora de Geografia espera resultados positivos da maioria dos

alunos da turma:

Sim Não Talvez

14- Como classificas a tua professora de Geografia quanto ao seu interesse pelos

alunos?

Interessada no sucesso de todos os alunos Interessada só pelos bons alunos

Distante

15- Como qualificas a tua professora de história quanto ao seu relacionamento com os

alunos

Simpática Indiferente Distante

16- Na tua opinião, o que é que deveria mudar para melhorar os resultados a Geografia?

Assinala os aspetos referidos de acordo com a importância que lhes atribuis, sendo que

na escala: 1 – representa o menos importante e 5 o mais importante.

1 2 3 4 5

Métodos de ensino

Atitudes dos professores

Conteúdos programáticos

Atenção dos alunos nas aulas

Empenho dos alunos nos

trabalhos de casa

Muito obrigada pela tua colaboração

(Inquérito de Geografia)

A análise que realizei ao inquérito, como anteriormente referido, seguiu dois tipos

de metodologia: descritiva e quantitativa. Para compreender melhor a aplicação desta

52

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metodologia importa definir alguns conceitos, nomeadamente: variáveis independentes,

variáveis dependentes, variáveis nominais ordinais e métricas.

Quando pretendemos analisar um determinado fenómeno temos variáveis

dependentes e as variáveis independentes. As primeiras são as variáveis cujo valor é

alterado quando sofrem influência das variáveis independentes, noutras palavras, as

variáveis independentes influenciam as dependentes. Se os valores da variável

independente mudarem, os resultados da variável dependente mudam também desde

que as primeiras influenciem as segundas. Assim se pretendemos estudar a expectativa

de (in)sucesso académico dos alunos (variáveis dependente) importa compreender que

variáveis independentes o influenciam. A escolaridade dos pais, as expectativas dos pais

e professores, a idade e sexo são exemplos de possíveis variáveis independente que

podem estar relacionas com as expectativas de sucesso.

Devemos ainda considerar a qualidade das variáveis: estas podem ter diferentes

naturezas de medida dependendo se são qualitativas, como as variáveis nominais e

ordinais, ou quantitativas. Neste sentido, as variáveis nominais (exemplo: “sim/não”,

masculino/feminino) e ordinais (exemplo: estatuto socioeconómico) são variáveis sem

qualidade numérica indicando a sua presença numa determinada categoria. As variáveis

quantitativas assumem valores com uma hierarquia, representando quantidades,

(exemplo: “idade”, “número de horas dedicadas ao estudo?”21)

Como referi as análises podem ser descritivas ou quantitativas. Assim as análises

descritivas são aquelas que iremos apresentar primeiro e que servem para descrever as

caraterísticas da amostra e dos resultados do inquérito. De seguida faremos uma

pequena análise quantitativa na qual utilizamos o teste estatístico de análise de

regressão. Este tipo de análise é correlacional, que observa se as variáveis se relacionam

umas com as outras e de que forma se relacionam. A regressão dá informação para

perceber se certas variáveis independentes funcionam como preditoras da dependente,

por outras palavras, permite perceber se as variações das variáveis independentes, por

exemplo a idade, influencia a expectativa de (in)sucesso. A análise de regressão

permite perceber que percentagem da variabilidade do fenómeno pode ser explicado

pelas variáveis estudadas numa determinada investigação e que percentagem existe de

outros fatores não estudados.

Na minha investigação inicialmente pretendia perceber se as expectativas dos

próprios alunos estavam relacionados com os seus resultados académicos, no entanto,

21 A saber : MARÔCO, 2011

53

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este tipo de análise exigia um design de investigação um pouco diferente. Assim, irei

apresentar os resultados obtidos sobre as expectativas de (in)sucesso dos alunos e quais

as variáveis que influenciaram as suas expectativas. Tentei ser abrangente envolvendo

os diferentes agentes da comunidade educativa, nomeadamente inclui as variáveis da

família, da escola e do aluno. Numa fase posterior apresentarei uma proposta de modelo

alternativo de inquérito e de recolha de dados que permite a obtenção de resultados que

respondem às hipóteses de investigação

54

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2.3. Análise de Resultados

Num primeiro momento importa fazer uma breve análise descritiva da primeira

parte do inquérito. Para iniciarmos esta, iremos verificar a distribuição da amostra por

ano de escolaridade. A amostra é constituída por 117 alunos, distribuídos pelos

diferentes anos de escolaridade, como podemos observar na Tabela 1 e Figura 1.

Relativamente, à distribuição dos alunos por ano de escolaridade, conseguimos concluir

que 72 alunos pertenciam ao 10ºAno, 21 alunos pertenciam ao 11ºAno e, finalmente, 24

alunos pertenciam ao 12º Ano.

Tabela 1. Distribuição dos alunos por ano de escolaridade.

Ano Nº de Alunos

10ºAno 72

11ºAno 21

12ºAno 24

Total 117

Figura 1. Distribuição dos alunos por ano de escolaridade em termos de percentagens.

Na Tabela 2- temos o cruzamento de dados relativamente ao ano de escolaridade

dos alunos e ao género. Pareceu-nos importante estabelecer esta relação para perceber a

distribuição dos alunos por ano. Quanto ao género podemos concluir numa primeira

análise que o género dominante da amostra foi composto pelo feminino representando

55

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74 respostas de 116 alunos. O sexo masculino encontra a sua maior expressão nos

alunos no 10ºAno (32 alunos).

Tabela 2. Distribuição de aluno por ano e género.

Género

TotalMasculino

Feminin

o

10ªAno 32 40 72

11ªAno 3 17 20

12ªAno 7 17 24

Total 42 74 116

Na Tabela 3 podemos averiguar a distribuição de alunos por género e idade. Esta

distribuição permite-nos perceber que com 15 anos existem 17 alunos e 11 alunas, com

16 anos existem 13 alunos e 28 alunas, com 17 anos existem oito alunos e 26 alunas,

com 18 anos, três alunos e sete alunas, com 19 anos existe um aluno e uma aluna. Desta

forma, podemos concluir que o maior número de alunos a quem foi aplicado o inquérito

tinha 16 anos (41 alunos), seguindo-se os alunos com 17 anos (34) e posteriormente os

alunos com 15 anos de idade, sendo que o número de inquiridos diminui entre os

18anos e 19 anos.

Tabela 3. Distribuição de aluno por idade e género.

  SexoTotal

Idade Masculino Feminino

15anos 17 11 28

16anos 13 28 41

17anos 8 26 34

18anos 3 7 10

19anos 1 2 3

Total 42 74 116

Na Tabela 4 referente à questão “Já reprovaste algum ano?” encontramos a

distribuição por anos de escolaridade. No 10ºAno foi onde verificamos mais alunos com

56

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reprovações, no total 25 alunos assinalaram a resposta “sim”, sendo que no 11ºAno e no

12º Ano apenas oito alunos afirmam ter reprovado. Conforme a Tabela 5. o género

feminino apresenta maior número de reprovações (21), no entanto também representa a

maior numero de participantes (73 alunas de 115 alunos).

Tabela 4. Distribuição das reprovações por ano de escolaridade

 

Ano

ReprovaçãoTotal

Não Sim

10ºAno 47 25 72

11ºAno 14 5 19

12ºAno 21 3 24

Total 82 33 115

Tabela 5. Distribuição das reprovações por género

 Reprovação

TotalNão Sim

SexoMasculino 30 12 42

Feminino 52 21 73

Total 82 33 115

Em relação à análise dos resultados da segunda parte do inquérito, podemos

concluir para a primeira questão, “O facto de gostares ou não de História/ Geografia

teve alguma influência na escolha do curso que frequentas?”, os resultados não revelam

diferenças substanciais. Cerca de 49,1% afirmam que o facto de gostarem da disciplina

influenciou a sua escolha e de 50,9% afirma que não escolheu o curso por gostar da

disciplina História/Geografia. Apenas um aluno(a) não respondeu à questão.

Tabela 6. Questão 1- “O facto de gostares da disciplina ou não teve influência na

escolha do curso que frequentas? “

  Frequência Percentagem

Não 59 50,4

57

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Sim 57 48,7

Total 116 99,1

Não responde 1 0,9

Total 117 100

A 2 questão reporta-se ao grau de escolaridade que os alunos esperavam atingir.

Verificou-se que a maior percentagem, cerca 76.1%, representa a intenção dos alunos

concluírem o Ensino Superior. Contudo, registaram-se 20.5% de respostas relativas à

intenção de concluir apenas o Ensino Secundário, sendo que quatro alunos(as) não

responderam.

Tabela 7. Questão 2 – “É tua intenção concluir o ensino:”

Frequência Percentagem

Ensino

Secundário 24 20,5

Ensino Superior 89 89  

Não responde 4 3,4  

Total 117 100

A 3 questão prende-se com a perceção de percurso académico que os pais esperam

dos alunos. Segundo a Tabela 8, constata-se que 89.7% dos participantes referem que os

seus pais esperam que estes concluam o ensino superior, apenas 8.5% refere que os pais

esperam que apenas concluam o ensino secundário e 1.7% não responde à questão.

Tabela 8. Questão 3 – “ Em tua opinião, os teus pais pretendem que concluas o ensino:”

Ano de Escolaridade

Frequênci

a

Percentage

m

Ensino Secundário 10 8,5

Ensino Superior 105 98,7

Não responde 2 1,7

Total 117 100

58

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A questão número 4 reporta-se à perceção do grau de dificuldade sobre a

disciplina de História/Geografia que os alunos manifestam, baseada na opinião da

família e outros. Como é possível verificar pela análise da Tabela 9, 68,4% considera

uma disciplina “Fácil”, 28,2% referem que é uma disciplina “Difícil” e uma pequena

percentagem dos alunos, 1.7%, refere que é uma disciplina “Dispensável”. A

percentagem de respostas ausentes é de 1.7%.

Relativamente à questão 5 que aborda o que os alunos esperam do futuro se

tiverem mais ou menos estudos, podemos verificar, com base nos resultados presentes

na Tabela 10, que a percentagem dominante de respostas foi “Melhor”(91,5%), ou seja,

esperam ter um futuro melhor se obtiverem um grau mais elevado de escolaridade.

Apenas 7,7% responde que não espera ter um futuro “Nem melhor nem pior” com a

obtenção de um grau mais elevado de escolaridade. Nesta questão um/a aluno/a não

responde.

Tabela 9. Questão 4 – “Ao longo dos anos, ouviste a tua família e outras pessoas dizer

que História A/Geografia A é uma disciplina:

      Frequência Percentagem

Fácil, desde que se estude 80 68,4

Difícil 33 28,2

Dispensável 2 1,7

Não responde 2 1,7

Total     117 100

Tabela 10. Questão 5 – “Achas que se tiveres mais estudos, o teu futuro será:”

    Frequência Percentagem

Melhor 107 91,5

Nem melhor nem pior 9 7,7

Não responde 1 0,9

Total     117   100  

A questão 6 reporta-se à experiência do aluno face à disciplina, nomeadamente à

perceção do grau de dificuldade da mesma. Com recurso à Tabela 11, concluímos que

os alunos acham que a disciplina é “Fácil desde que se estude” (65%), o parâmetro

59

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“Difícil” aparece em segundo lugar com uma percentagem de resposta de 28,2%. Por

fim o parâmetro “Dispensável” representa 5,1% das respostas.

As questões 7 e 8 poderão ser relacionadas, pois ambas são respostas livres em

que se auscultam os alunos acerca do número de horas de estudo por semana para todas

as disciplinas e para História/ Geografia. A questão 7 é relativa ao número de horas de

estudo para todas as disciplinas apresentando uma média de 5 horas e 56 minutos. A

pergunta 8 que é relativa ao tempo dispensado para o estudo de História ou Geografia

apresentaram uma média de duas horas aproximadamente.

Tabela 11. Questão – Número de horas de estudo semanal

  M DP N

Número de horas de estudo

todas as disciplinas 5,57 5,95 113

Número de horas de estudo

História/ Geografia 1,83 1,56 115

A questão 9 reporta-se à perceção que os alunos têm sobre “ se concluírem com

aproveitamento as disciplinas de História A, no 12º ano, e Geografia A, no 11º ano”.

Uma vez que o número de participantes de cada uma das disciplinas é semelhante, isto

é, Geografia A tinha cerca de 41,9% e História A cerca de 58,1% dos participantes,

optamos por analisar as respostas no conjunto de todas as turmas.

Assim, com base na Tabela 12 podemos observar que cerca de 85,5% auto-

avaliaram-se como capazes de concluir a disciplina (História/ Geografia), sendo que

apenas 2,6% considerava não acreditar conseguir concluir a mesma. Cerca de 10,3%

acredita que “Talvez” consiga, registando que dois alunos(as) não responderam. Os

alunos quando questionados sobre a razão de não se considerarem capazes de concluir a

disciplina argumentaram, de acordo com as hipóteses de resposta, que: “têm poucas

capacidades para a História/Geografia”; “poucas capacidades para os estudos”,

“trabalham pouco para a disciplina”. Com dois alunos(as) a assinalar a primeira e

terceira respostas e três para a segunda.

60

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Tabela 12. – Questão 9 – “Julgas-te capaz de concluir o 12ºAno a História A/ 11º Ano a

Geografia A?”

Frequência Percentagem

Sim 100 85,5

Não 3 2,6

Não responde 2 1,7

Total 117 100  

Relativamente à questão 13 (Tabela 13) que aborda a expectativa de sucesso do

professor face à maioria dos alunos da turma, os alunos responderam de forma mais

significativa que a professora espera sucesso da maior parte da turma representando esta

resposta um universo de 65,8% das respostas. A esta segue-se a resposta “Talvez” com

23.9% das repostas. A resposta que a professora não espera resultados positivos da

maior parte dos alunos representa 9.4% das respostas e um aluno(a) não respondeu.

No que diz respeito ao interesse da professora pelos alunos verifica-se que cerca

de 82,9% dos participantes responde que a professora está “interessada no sucesso de

todos os alunos”; 7.7% dos participantes responde que a professora está “interessada no

sucesso dos bons alunos”; 8,5% dos participantes respondem que professora é

“Distante” (neste parâmetro subentende-se que por distância poderá ser a não

manifestação da professora face aos resultados); 0.9% não responde.

Tabela 13. Questão 13: “Pensas que a tua Professora de História/Geografia espera

resultados da maioria dos alunos da turma:”

  Frequência Percentagem

Sim 77 65,8

Não 11 9,4

Talvez 28 23,9

Não responde 1 0,9

Total 117 100

Tabela 14. Questão 14 – “Como classificas a tua professora de História quanto ao

interesse pelos alunos?”

61

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          Frequência Percentagem

Interessada no sucesso de todos os alunos 97 82,9

Interessada nos bons alunos 9 7,7

Distante 10 8,5

Não responde 1 0,9

Total         117 100

Na Tabela 15 podemos observar que os alunos classificaram a professora

maioritariamente como sendo Simpática (77,9%), seguindo-se de Indiferente (15,4%);

de Distante (6,8%); apenas um(a) aluno(a) não responde.

Tabela 15. Questão 15 – Como classificas a tua professora de História/Geografia

quanto ao seu relacionamento com os alunos.

  Frequência Percentagem

Simpática 90 77,9

Indiferente 18 15,4

Distante 8 6,8

Não responde 1 0,9

Total 117 100  

Auscultamos também que sugestões os alunos dariam para haver uma melhoria

dos resultados à disciplina (História/Geografia) sendo que estes assinalaram a sua

própria atenção (M = 4,32); e empenho nos trabalhos de casa (M = 3,79) destacando-os

dos restantes itens, nomeadamente os Métodos de Ensino (M = 3,54), Atitudes do

Professor (M = 3,50) e Conteúdos Programáticos (M = 3,08).

62

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Tabela 16. Questão 16 – “Na tua opinião, o que é que deveria muda para melhorar os

resultados a História/Geografia”

Média Desvio

Padrão

N

Métodos de Ensino 3,54 1,279 115

Atitudes do

Professor

3,50 1,327 115

Conteúdos

Programáticos

3,08 1,317 113

Atenção dos alunos

nas aulas

4,32 ,864 115

Empenho dos alunos

nos trabalhos de casa

3,79 1,294 115

A análise de regressão foi realizada introduzindo as diferentes variáveis passíveis

de influenciar as expectativas dos alunos na conclusão da disciplina de História/

Geografia com sucesso. Neste sentido, estabeleceram-se dois modelos: o primeiro com

as variáveis escolaridade do pai e da mãe, número de horas de estudo para a disciplina e

como os participantes avaliam o interesse do professor pelo sucesso dos alunos e o

segundo modelo com as variáveis escolaridade do pai e da mãe, número de horas de

estudo para a disciplina e a relação do professor com os alunos (Simpática, indiferente e

distante). Foram testados noutros modelos como sexo e idade, no entanto, não são

preditores, logo a idade ou “ser de um ou outro sexo” não influencia as expectativas dos

participantes.

No primeiro modelo (Tabela 16) tanto a escolaridade do pai como da mãe

influenciam as expectativas do aluno em concluir com sucesso a disciplina de História

ou Geografia, sendo que a escolaridade do pai prediz positivamente; logo quanto mais

elevado o grau de escolaridade do pai mais elevada é a expectativa do aluno em concluir

a disciplina. Inversamente, quanto mais elevada é a escolaridade da mãe, menos elevada

a expectativa do aluno em concluir com sucesso, sendo um preditor negativo. As outras

variáveis introduzidas no modelo como possíveis preditoras do sucesso na conclusão

disciplina referida, não foram significativas. Contudo, este modelo explica uma pequena

63

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proporção da variabilidade da expectativa de sucesso dos alunos à disciplina, como

podemos observar pelo valor R2.

Tabela 16. Análise de regressão para predizer a expectativa de (in)sucesso - Modelo 1

  B SE B

Escolaridade do Pai ,041 ,017 0,540 *

Escolaridade da Mãe -0,06 0,02 -0,75 **

Número de horas dedicadas ao

estudo História/ Geografia-0,02 0,02 -0,12

Professora Distante 0,15 0,12 0,16

Professora interessada pelo

sucesso dos bons alunos0,07 0,18 0,05

R 2 0,24

F   3,16 *  

* p< 0,05; ** p< 0,01a Referência: professora interessada pelo sucesso de todos os alunos.

O segundo modelo é também significativo, mas neste apenas a escolaridade da

mãe é um preditor e é negativo, verificando-se que a perceção dos alunos da relação das

professoras com os mesmos não é significativa, logo não influencia a expectativa de

sucesso dos alunos.

Tabela 17. Análise de regressão para predizer a expectativa de (in)sucesso - Modelo 2

  B SE B

Escolaridade do Pai ,036 ,018 ,475

Escolaridade da Mãe -0,05 0,02 -0,68 **

Número de horas dedicadas ao

estudo História/ Geografia -0,02 0,02 -0,12

Professora Simpática a -0,14 0,14 -0,22

Professora Indiferente a -0,07 0,16 -0,10

64

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R2 0,24

F 3,08 *

* p< 0,05; ** p< 0,01a Referência: professora distante

65

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Conclusão: do confronto entre hipóteses e resultados à proposta de

uma alternativaCom esta investigação concluí que a resposta à minha questão problema é um

pouco mais abrangente e complexa do que planifiquei fazer neste relatório. Podemos

assumir que na contextualização teórica existem diferentes agentes na formação de

expectativas, tais como família, grupo de amigos, professores, entre outros

intervenientes. Num segundo momento esboço alguns episódios que me ajudaram a

operacionalizar algumas das conceções didáticas aprendidas em “Didática”, por fim, um

olhar sobre as conceções avaliativas. Contudo, quando nos debruçamos sobre os

resultados dos inquéritos percebemos que o fator que parece revelar-se mais

significativo de entre os visados na criação de expectativas dos alunos é a escolaridade

do pai e da mãe e que estes são os principais agentes na criação de expectativas de

(in)sucesso neste grupo de participantes. Todavia, as conclusões retiradas da aplicação

do inquérito mostram-nos que apesar de serem resultados “frágeis” são também

controversos isto porque a escolaridade da mãe que se esperava que influenciasse

positivamente as expectativas de sucesso dos participantes revelou-se o contrário, pois

verifica-se que quanto maior a escolaridade da mãe menor é a expectativa do aluno em

alcançar sucesso académico na disciplina de História A e/ ou Geografia A.

Acredito que fatores relacionados com a escola e com o próprio aluno

influenciarão o seu sucesso. Assim, importa referir que se realizasse este estudo de

novo, não aplicaria o mesmo inquérito da forma que está formulado. Irei identificar

algumas lacunas:

O inquérito utilizado não media o sucesso à disciplina; este poderia, por

exemplo, ser medido pela nota final da disciplina;

Outro aspeto na construção do inquérito que pode ser melhorado foi a forma

como foram elaboradas as questões: por um lado, poucas questões e não focadas

nos conceitos que se pretendia medir (por exemplo: expectativas), embora não

seja necessário usar o conceito, mas sim operacionalizá-lo em factos concretos;

Por outro, a escala de medida: a título de exemplo as escalas de medida para as

respostas poderiam ter 5 a 7 pontos e não conceitos pouco claros, como

“professora distante” ou “professora indiferente”. Do ponto de vista estatístico

para análises com resultados mais fidedignos as escalas deverão ter uma maior

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Page 67: repositorio-aberto.up.pt · Web viewNunca se está no lugar do outro», achei a frase bastante verdadeira pois por mais que se tente imaginar o que se passava naqueles campos, é

amplitude para descriminar mais claramente características ou atributos dos

participantes;

Um estudo longitudinal quer que decorresse durante um ano lectivo, ou vários, e

não num único momento de recolha de dados, como efetuámos, poderia dar-nos

mais informação sobre as variáveis que influenciam o sucesso dos alunos;

Não podemos esquecer que quando alguém responde a um inquérito, embora

peçamos que sejam honestos, como fiz, há uma tendência para dar as respostas

que são socialmente aceites ou que acreditam que o investigador gostava de

receber;

Por outro lado a motivação, ou não, para responder às questões também poderá

ter influenciado as suas respostas.

Não podemos controlar todos os fatores que por vezes interferem nos estudos,

mas podemos minimizá-los introduzindo questões que questionam acerca do mesmo

conceito (querem medir a mesma variável) mas que são formuladas de forma diferente.

Este aspeto não foi tido em consideração neste inquérito, uma vez que existiam poucas

questões.

Quando planifiquei esta investigação eu tinha bastantes ideias pré-concebidas e

esperava que os inquéritos viessem de encontro com às minhas expectativas. Eu queria

perceber as expectativas dos alunos e que influência estas têm na vida académica destes

e a questão mais próxima que fiz para atingir esse objetivo foi: “Julgas-te capaz de

concluir o 11º/12ºAno?”.

Enquanto melhor professora que espero vir a ser, penso que o meu inquérito não

conseguiu verificar se a forma de estar do professor é uma variável relevante, pois

nenhuma questão foi direcionada; o mais próximo conseguido foi: “Como classificas a

tua professora de História/Geografia?”, sendo que o cruzamento das variáveis não

mostrou significância estatística. Este ponto é talvez aquele que me faz sentir frustrada;

esforcei-me por perceber como poderia fazer diferente, mas a forma como as respostas à

pergunta estão operacionalizadas não nos dão informação. Provavelmente, desenvolvi

atitudes que contribuíram de alguma forma para estabelecer uma relação positiva com

os alunos, mas não foi possível verificar esse contributo dos professores no inquérito.

O inquérito por mim aplicado não responde às questões iniciais que coloquei, no

entanto, este serve amiudamente para perceber que a planificação, à semelhança da

planificação das aulas, também pode não ser exequível e que aquilo em que acreditamos

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muitas vezes não tem argumentos tão sólidos quanto pensamos. No mínimo, a

planificação pode servir para perceber o que falhou e reinventar. A vontade de

responder a estas questões ainda existe e certamente é exequível. Respondendo a esta

constatação da fragilidade do meu estudo, proponho um novo inquérito. Não será a

redenção mas a interiorização do professor investigador social de que escrevia no

quadro teórico.

Após alguma reflexão elaborei dois modelos de inquérito para serem aplicados a

turmas de História ou Geografia com o objetivo de perceber se as expectativas do aluno

contribuem ou não para o sucesso académico. Neste novo trabalho, à semelhança do

inquérito utilizado, iria recolher dados sobre a família, escolaridade do aluno e implicará

a recolha das suas notas à disciplina ao longo dos anos (10º, 11º e 12º anos) e/ ou dos

períodos letivos como medida de sucesso à disciplina.

Neste novo inquérito pretendo avaliar a expectativa do aluno, a perceção que este

tem das expectativas dos pais e das professoras e ainda dados da relação com a

professora numa lógica do suporte e confiança que o aluno tem nesta. Assim, apresento

um conjunto de possíveis questões a aplicar.

Discordo

Totalmente

Discordo Nem

Discordo

nem

Concordo

Concordo Concordo

Totalmente

1-Considero-me bom

aluno a História

A/Geografia A.

2 – Acredito que se me

esforçar conseguirei

bons resultados a

História A/Geografia A.

3 – Espero ter bons

resultados a História A/

Geografia A.

4- O facto de gostar de

História/Geografia A

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motiva-me para estudar

mais.

5- Considero-me capaz

de concluir todas as

disciplinas do ensino

secundário incluindo

história e prosseguir

para o ensino superior.

6– Os meus pais esperam

que eu tenham bons

resultados a História

A/Geografia A.

7 – Os meus pais acreditam

que vou ter sucesso (mais

de 9.5 valores) a História

A/Geografia A.

8- Os meus pais

incentivam-me a superar os

desafios da disciplina e a

ter bons resultados.

9 – Os meus pais esperam

que eu conclua com

sucesso História A/

Geografia A que prossiga

estudos para o ensino

superior.

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Concordo

Totalmente

Concordo Nem

Discordo

nem

Concordo

Discordo Discordo

Totalmente

1-A minha professora

de História/Geografia

espera que todos os

tenham sucesso a

História A/Geografia

A.

2- A minha professora

de História/ Geografia

acredita que eu sou

capaz de ter bons

resultados História A/

Geografia A.

3- A minha professora

espera que eu tenha

sucesso (ter mais que

9,5 valores) à

disciplina de História

A/ Geografia A.

4- Habitualmente

sinto-me motivado a

participar nas aulas de

História/ Geografia.

5 – Sinto-me

motivado a colocar as

minhas dúvidas à

professora de História/

Geografia.

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6- Sinto que a

Professora de

História/ Geografia

está disponível para

responder às minhas

questões.

Em forma de conclusão, penso que a minha maior aprendizagem durante este ano

e este relatório, é que nunca devemos perder a oportunidade de aprender seja com as

experiências que resultaram muito bem, seja com as que resultaram menos bem e por

fim, mas não menos importante aprender com as experiências de quem nos rodeia,

porque essas também nos tornam melhores professores.

Com este estudo e com os meus alunos aprendi um sinónimo novo para a palavra

dificuldade: oportunidade. Afinal, as dificuldades não são mais do que oportunidades de

fazer e refazer e aprender e com isto lanço o mote para o caminho a seguir: espero daqui

a vinte anos, dizer com o mesmo entusiasmo que sou professora de História e

Geografia.

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Anexo I

Este inquérito tem como objectivo verificar até que ponto as expectativas influenciam os resultados escolares e, por esta via, desmitificar a matemática e contribuir para o sucesso desta disciplina. Esta investigação está a ser elaborada por Joaquim Leal, sob a orientação da Doutora Margarida Carvalho, da Universidade Portucalense, e enquadra-se no âmbito do programa de Mestrado em Administração e Planificação da Educação. Os dados recolhidos são confidenciais e anónimos, sendo utilizados única e exclusivamente pelos autores deste trabalho. A tua colaboração, sinceridade e rigor nas respostas são imprescindíveis para o sucesso desta investigação.

Muito obrigado pelo teu contributo.

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