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A PANTERA
Texto Camila Appel
direção Marco Antônio Braz
Estréia 10 de junho -‐ Auditório SESC Pinheiros
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Uma Pantera Nada Cor-‐de-‐rosa “O texto teatral de Camila Appel é para mim uma parábola surrealista sobre o encontro de um casal, a ilusão do amor e o casamento. Surrealista pois a história de nosso encontro se dá entre as prateleiras de um supermercado, símbolo da ordem material das coisas a reger planos e destinos. É como se este rápido passeio de compras domésticas, e sua desventura em fugir ou se confrontar com a pantera, fosse o resumo da vida deste jovem casal. A Pantera aqui é símbolo poético tanto dos instintos amorosos quanto dos selvagens. Ela é a própria sombra do casal que cresce e ameaça todo o tempo a relação. Ela é o perigo da morte. Da morte do amor. Ela é a representação viva do conflito que se estabelece e cresce entre eles, sem que eles percebam. É através do irrisório que se torna fundamental que percebemos nossas falhas humanas e compreendemos o caráter patético dessas falhas. É um caminho que vai da idealização à frustração. A idealização é cor-‐de-‐rosa e a frustração é escura sombra. Por isso a Pantera de Camila Appel não é nada cor-‐de-‐rosa. Mas tem muito humor. Para além de todos os planos de leitura, o texto cativa e envolve o espectador que se identifica com a situação amorosa e termina por rir de si mesmo. É através deste reconhecimento que o público é convidado a passear entre luzes artificiais e sombras profundas, mas cujo destino sempre remete a outra luz, a luz do amor”.
Marco Antonio Braz Com o propósito de agregar valores artísticos, estimular novos talentos e difundir a montagem de textos nacionais, a Jaburá Produções, responsável pela produção do espetáculo “A Pantera” uniu à jovem autora Camila Appel, uma equipe de reconhecido talento capitaneada por Marco Antônio Braz (prêmio de Melhor Diretor do Ano 2002 por O Beijo no Asfalto pela APCA; prêmio Shell de Melhor Diretor 2008 por A Alma Boa de Setsuan); que traz em sua equipe de criação Telumi Hellen – cenários e figurinos, Tunica – Trilha Sonora e Guilherme Bonfanti na iluminação. Em cena, um casal de namorados se vê preso num supermercado, diante de uma pantera à solta pelos corredores. Para o futuro o casal, este animal selvagem se transforma, cada vez mais, de uma realidade ameaçadora para uma figura metafórica. Se antes discutiam o que sairia das prateleiras para o carrinho de compras, agora revelam uma incompatibilidade, sem escuta ou concessões, agredindo-‐se mutuamente num ambiente claustrofóbico. O texto propõe uma reflexão sobre a conveniência dos relacionamentos, e aponta para o dilema: levar à frente um relacionamento pela conveniência da vida a dois ou enfrentar o desconforto de romper este caminho natural das coisas, deslocado e sozinho.
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O simbolismo proposto por Camila Appel nesta comédia dramática também encontrou paralelo num poema do tcheco Rainer Maria Rilke, descoberto pela própria autora enquanto concluía seu trabalho. Em “Der Panther” (1903), Rilke descreve a agonia de um animal enjaulado no Jardin des Plants, em Paris, onde animais exóticos eram mantidos vivos para pesquisa. Na tradução de Tércio Redondo: “Seu olhar, de tanto contemplar as grades, está cansado e já nada vê. É como se o cercassem milhões de barras e por trás delas nada mais houvesse / O corpo forte se move com suavidade perfazendo um círculo diminuto; executa uma dança de força em torno a um ponto, onde uma férrea vontade jaz entorpecida. Por vezes as pupilas se abrem silenciosas. Atravessa-‐lhes então uma imagem que percorre a tensa serenidade dos membros e se exaure no coração”. (o poema original segue no final do documento) SINOPSE A Pantera. Uma tragicomédia escrita por Camila Appel e dirigida por Marco Antônio Braz. Noiva (Silvia Lourenço) e Noivo (Bruno Autran), às vésperas do casamento, se vêem trancados num supermercado. A situação inusitada traz à tona uma série de revelações surpreendentes. PERFIS Camila Appel (texto) Formada em Administração de Empresas pela EAESP-‐FGV e com mestrado em Antropologia, a paulistana Camila Appel é filha e neta de escritoras. A avó, Antonieta Assumpção, foi amiga de Monteiro Lobato e escreveu livros infantis. A mãe, Leilah Assumpção, é dramaturga. Escreve desde pequena, e aos 27 anos decide profissionalizar-‐se na arte da escrita. “A Pantera” é sua peça de estreia. Marco Antônio Braz (direção) Marco Antônio Braz dedica-‐se ao teatro desde os 15 anos, tendo feito muitos cursos e montagens amadoras até formar-‐se bacharel em artes cênicas pela UNI-‐RIO. Carioca da Tijuca muda-‐se para São Paulo em 1990 tornando-‐se essencialmente paulista. Em São Paulo trabalha com Antunes Filho e funda um grupo de teatro especializado na encenação da obra teatral de Nelson Rodrigues: o Círculo dos Comediantes. Torna-‐se referência sobre Nelson Rodrigues não somente através de suas direções, mas através de textos teóricos, adaptações, palestras e exposições. Destaca-‐se também na sua carreira a pesquisa e a formação de atores, tendo trabalhado como professor nas mais importantes escolas de teatro do país. A principal característica de sua assinatura como artista é o resgate da dramaturgia brasileira moderna através de encenações pouco ortodoxas e com muito humor. Principais trabalhos: “Perdoa-‐me Por Me Traíres”, de Nelson Rodrigues – com o Círculo dos Comediantes; “Boca de Ouro”, de Nelson Rodrigues – com Marcos Oliveira, Flávia Pucci e outros – Teatro 1 do Centro Cultural do Banco do Brasil – 1997. “Otto Lara Resende ou Bonitinha, mas Ordinária”,
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de Nelson Rodrigues, com o Círculo dos Comediantes _ Teatro de Arena Eugênio Kusnet _ 2000. “Geração Trianon”, de Anamaria Nunes_ Projeto de Formação de Público_ Teatro João Caetano_ 2001/2002. “O Grande Dia”, de Nelson Rodrigues_ adaptação para seis contos de A Vida Como Ela É por Braz e Nelson Rodrigues Filho_ Teatro Augusta_ 2002; “Valsa Nº 6”, de Nelson Rodrigues_ com o Círculo dos Comediantes_ Novo TBC_2002; “Beijo no Asfalto”, de Nelson Rodrigues _ com o Círculo dos Comediantes _ Novo TBC_2002; “Ay Carmela”, de José Sanchis Sinisterra _ com Maurício Marques e Virgínia Buckowski ; Teatro da Memória _ 2007; “As Noivas de Nelson”, de Nelson Rodrigues (contos de “A vida como ela é”_com a Cia Paulista de Artes, 2008; “Alma Boa de Setsuan”, de Bertold Brecht_com Denise Fraga, 2008. “Amor de Servidão”, de Marçal de Aquino e Marília de Toledo, 2008; “As Traças da Paixão”, de Alcides Nogueira_com Lucélia Santos, 2009. Prêmio de Melhor Diretor do Ano 2002 por O Beijo no Asfalto pela APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) Prêmio Shell de Melhor Diretor 2008 por A Alma Boa de Setsuan. Silvia Lourenço (atriz) Formada no Teatro-‐Escola Célia Helena, integrou o Centro de Pesquisa Teatral (CPT), de Antunes Filho. Atuou em “Pequenas Histórias que a História não Conta”, direção de Luiz Carlos Moreira, “Essa Nossa Juventude”, dirigida por Laís Bodansky e “As Meninas”, adaptação de Maria Adelaide Amaral para o romance de Lygia Fagundes Telles, entre outros. No cinema protagonizou “Contra Todos” e “Quanto Dura o Amor?”, ambos de Roberto Moreira. Também esteve no elenco de “Querô” e “O Cheiro do Ralo”. Na TV, atuou em “Alice”, da HBO e na série “Tudo Novo de Novo”, da TV Globo. Recentemente protagonizou a série “Bipolar”, do canal Brasil. Bruno Autran (ator ) É ator formado pela Oficina de Atores da Rede Globo. No cinema participou dos curta metragens “Transa, Apt 303”, “Gosto Estranho de Sangue na Boca”, “Menina do Mar” e “Malu e Fred”, neste último ganhando o Prêmio de Melhor Ator no Festival Curta Santos 2009. Em televisão podemos destacar “Sítio do Pica Pau Amarelo” e “Por Toda Minha Vida”, ambos na Rede Globo. No teatro integrou o elenco dos espetáculos “Entre 4 Paredes”, “Liberdade Liberdade”, “Sinos Imaginários” e “No Meio do Caminho”.
Telumi Hellen (cenografia e figurino)
Participou no grupo Macunaíma do CPT (Antunes Filho) por 11 anos, desenvolvendo projetos como cenógrafa e figurinista. Coordena oficinas práticas no Espaço Cenográfico SP de J.C. Serroni. Participou de 05 quadrienais em Praga, sendo em 1999 e 2003 como coordenadora da secção de escolas de cenografia do Brasil. E projeto dos alunos do Espaço Cenográfico na Scenofest em 2003 e 2007.
Guilherme Bonfanti (luz)
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Atua desde 1987, com trabalhos nas artes cênicas e artes plásticas. Dentre seus principais projetos para teatro, destacam-‐se as óperas “Don Giovanni” e “La Boheme” em Curitiba, “Madame Butterfly” em Manaus e “Carmen”, em São Paulo. Iluminou também espetáculos de dança para o Ballet Stagium e foi diretor técnico do Teatro da Vertigem. Trabalhou ainda com diretores como Eduardo Tolentino (“Rasto Atrás”, “Do Fundo do Lago Escuro”) e Gabriel Villela (“Ópera do Malandro”, “Sonhos de Uma Noite de Verão”). Desenvolveu projetos luminotécnicos para quatro Bienais Internacionais de São Paulo. Acumula cinco prêmios Shell, três APCA e um prêmio Mambembe. Tunica Teixeira (trilha sonora) Iniciou sua carreira de diretora musical e sonoplasta na Escola de Arte Dramática em 1969, confeccionando trilhas sonoras para suas montagens curriculares. Cursou a Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo entre 1968 e 1974. Em 1975, ganhou bolsa de estudos do SESC-‐SP para o curso “Stage Sound and Electronic Music for Beginners” na Cockpit Arts and Workshop em Londres, Inglaterra. Entre seus inúmeros trabalhos, destacam-‐se: “Santidade”, direção de Fauzi Arap; “Visão Cega”, direção de José Renato; “Honra”, direção de Celso Nunes; “Joana Dark”, direção de José Possi Neto; “Os Lusíadas”, direção de Iacov Hillel ;“Visitando o Sr.Green”, direção de Elias Andreatto; “ A loba de rayban” de Renato Borghi, direção de José Possi Neto; trilha sonora com Aline Meyer; “ Ligações perigosas” direção de Mauro Vedia com Maria Fernanda Candido e Marat Descartes. “ Os olhos verdes do ciúme , direção de Marco Antonio Brás, com Suzy Rêgo. Ao longo de 30 anos de carreira teatral, recebeu um prêmio Governador do Estado, quatro prêmios APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) e onze prêmios APETESP (Associação dos Produtores de Teatro do Estado de São Paulo), entre outros prêmios. Foi indicada em 1996, juntamente com Aline Meyer, ao Prêmio Shell de Melhor Trilha Sonora para Teatro pelo espetáculo “Cenas de um Casamento” de Ingmar Bergman, direção de Vivien Buckup. Nesse mesmo ano receberam o APETESP de melhor trilha sonora para Teatro Infantil por “Sherazade”, direção de Francisco Medeiros Em 1998 recebeu, juntamente com Aline Meyer, o Prêmio Shell de Melhor Trilha Sonora para Teatro pelos espetáculos “Santidade” e “Caixa 2”, ambos dirigidos por Fauzi Arap.
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SERVIÇO – A PANTERA Local: Sesc Pinheiros – auditório Endereço: Rua Paes Leme, 195. (estacionamento no local) Bilheteria: (011) 3095 9400 Temporada: de 10 de junho a 2 de julho. Sessões: Sextas e sábados, às 20h. Classificação etária: 14 anos. Duração: 70 minutos. Capacidade: 100 lugares. Acesso para deficientes / Ar condicionado Preço: R$ 20 / R$ 10 / R$ 5 FICHA TÉCNICA Texto Camila Appel Direção Marco Antônio Braz Elenco Silvia Lourenço e Bruno Autran Iluminação Guilherme Bonfanti Direção de Arte Telumi Hellen Trilha Sonora Tunica Assist. Direção Fernanda Fazzi Preparador Gestual (Mímica) Fernando Vieira Maquiagem Jô Simões Fotógrafo João Caldas Direção de Produção Cristina Sato Produção Executiva Paulo Ferrer
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Poema “Der Panther” – texto original Der Panther Im Jardin des Plantes, Paris Sein Blick ist vomVorübergehn der Stäbe so müd geworden, daß er nichts mehr hält. Ihm ist, als ob es tausend Stäbe gäbe und hinter tausend Stäben keine Welt. Der weiche Gang geschmeidig starker Schritte, der sic h im allerkleinsten Kreise dreht, ist wie ein Tanz von Kraft um eine Mitte, in der betäubt ein großer Wille steht. Nur manchmal schiebt der Vorhang der Pupille sich lautlos auf -‐ dann geht ein Bild hinein, geht durch der Glieder angespannte Stille -‐ und hört im Herzen auf zu sein. Rainer Maria Rilke A Pantera No Jardin des Plantes, Paris (Tradução de Tercio Redondo) Seu olhar, de tanto contemplar as grades, está cansado e já nada vê. É como se o cercassem milhares de barras e por trás delas nada mais houvesse. O corpo forte se move com suavidade perfazendo um círculo diminuto; executa uma dança de força em torno a um ponto onde uma férrea vontade jaz entorpecida. Por vezes as pupilas se abrem silenciosas. Atravessa-‐lhes então uma imagem que percorre a tensa serenidade dos membros e se exaure no coração.
Rainer Maria Rilke