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Relatório de Avaliação Externa Fase piloto – terceiro ciclo Escola Artística António Arroio Lisboa Maio de 2018

Relatório de Avaliação Externa - IGEC · 2019-10-21 · Espera-se, desta forma, que o processo de avaliação externa contribua para a valorização da escola e, em particular,

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Relatório

de Avaliação Externa

Fase piloto – terceiro ciclo

Escola Artística António Arroio

Lisboa

Maio de 2018

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Avaliação Externa das Escolas – Fase piloto

Escola Artística António Arroio – Lisboa

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1 – Introdução

A Lei n.º 31/2002, de 20 de dezembro, aprovou o sistema de avaliação dos estabelecimentos de

educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, no âmbito do qual se realizaram, até à data,

dois ciclos do programa de avaliação externa das escolas, o primeiro entre 2006 e 2011 e o segundo

entre 2012 e 2017.

Perspetivando-se, assim, o início do terceiro ciclo de avaliação, foi constituído um Grupo de Trabalho

pelo Senhor Ministro da Educação (Despacho n.º 13342/2016, de 9 de novembro), com a missão de

analisar os referenciais e metodologias em vigor, com vista a propor um modelo orientador, em

consonância com a evolução das sociedades, dos sistemas educativos e das próprias metodologias de

avaliação.

No decurso deste processo e à semelhança dos ciclos anteriores, considerou-se fundamental realizar,

com o apoio da Inspeção-Geral de Educação e Ciência, uma experiência-piloto em 9 unidades orgânicas,

com diferentes tipologias e localizadas em diferentes regiões do país, no sentido de aferir e aperfeiçoar

o modelo, com vista à sua posterior generalização. Esta fase-piloto foi realizada entre Abril e Junho de

2018.

O presente relatório expressa os principais resultados da avaliação externa da Escola Artística

António Arroio, realizada pela equipa de avaliação designada para o efeito, na sequência do recurso

a uma metodologia que incluiu entrevistas a diversos elementos da comunidade educativa, a visita às

instalações e a observação direta da prática educativa e letiva, que decorreram entre 7 e 10 de maio

de 2018, bem como a análise dos documentos estruturantes, das estatísticas oficiais e das respostas

aos questionários de satisfação da comunidade, que foram aplicados.

Espera-se, desta forma, que o processo de avaliação externa contribua para a valorização da escola e,

em particular, da qualidade do ensino e da aprendizagem que proporciona a todos as crianças e alunos,

constituindo um instrumento de apoio à sua autoavaliação, à reflexão da comunidade educativa e à

melhoria contínua das suas práticas.

A equipa regista a disponibilidade da escola para participar na fase-piloto deste novo ciclo de avaliação

externa, enquanto contributo relevante para a consolidação deste programa, bem como o empenho e

a colaboração demonstrados por toda a comunidade educativa com quem interagiu quer na preparação

quer no decurso da visita.

2 – Caracterização

A Escola Artística António Arroio, localizada na freguesia de S. João, no concelho e distrito de Lisboa,

evoca na sua designação atual o carácter artístico do ensino que a distinguiu desde a sua génese, em

1919, como Escola de Arte Aplicada de Lisboa.

No ano letivo de 2010-2011, a Escola passou a ocupar o novo edifício que resultou da requalificação do

antigo e que constituiu um marco aquando da sua reconversão, aumentando a capacidade de

acolhimento de turmas e a criação de melhores condições para o processo de ensino e de aprendizagem.

Contudo, em 2017-2018, as obras permanecem por concluir. Foi avaliada em abril de 2012, no âmbito

do segundo ciclo de avaliação externa das escolas.

A Escola apresenta nos cursos de Comunicação Audiovisual (202 alunos, num total de oito turmas), de

Design de Comunicação (188 alunos, em oito turmas), de Design de Produto (128 alunos, integrados

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em cinco turmas) e de Produção Artística (334 alunos, distribuídos por 13 turmas), a essência da sua

oferta formativa. Destacam-se, em cada um, diversas especializações que visam promover a

sensibilidade visual, estética e cultural dos estudantes, bem como práticas de comunicação e expressão

criativa, através de um leque significativo de aprendizagens artísticas e técnicas, a saber: Cinema e

Vídeo, Fotografia, Multimédia e Som, no curso de Comunicação Audiovisual; de Design Gráfico e

Multimédia, no curso de Design de Comunicação; de Design de Equipamento, no curso de Design de

Produto e de Cerâmica, Realização Plástica do Espetáculo, Têxteis, Ourivesaria e Gravura e Serigrafia,

no curso de Produção Artística.

Em 2017-2018, a Escola é frequentada por 1270 alunos, dos quais, 3% são estrangeiros, oriundos de

10 países. É Escola de Referência para a Educação Bilingue de Alunos Surdos.

Dos 220 professores que exercem funções, 68% pertencem aos quadros, o que revela estabilidade

profissional. Os trabalhadores não docentes incluem 23 assistentes operacionais e seis assistentes

técnicos. No que respeita aos técnicos superiores, a Escola dispõe de uma psicóloga, três intérpretes e

uma formadora de Língua Gestual Portuguesa, esta a meio tempo.

3. Quadro resumo das classificações

Domínio Classificação

Autoavaliação Insuficiente

Liderança e gestão Bom

Prestação do serviço educativo Bom

Resultados Bom

4. Evidências

4.1 – Autoavaliação

Desenvolvimento

A equipa de autoavaliação designada por sugestão do conselho geral, em março de 2018, é composta

em exclusivo por docentes, o que condiciona a representatividade da comunidade educativa e limita a

sua apropriação do processo autoavaliativo, bem como a confiança no mesmo. Embora tenha sido

proporcionada formação nesta área, em 2015-2016, nem todos os seus elementos a possuem. A equipa

ainda não gizou um plano de trabalho estruturado.

Não obstante a tomada de posse de uma nova direção, no final do ano letivo de 2012-2013, e de os

responsáveis assumirem que houve um interregno ao nível da autoavaliação, as rotinas de reflexão

sobre os resultados académicos dos alunos e as atividades dinamizadas prosseguiram. As atas das

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diferentes estruturas de coordenação educativa e supervisão pedagógica e a avaliação feita ao plano

anual de atividades foram as fontes que privilegiaram para recolha de dados. Não fica evidente, porém,

uma sistematização nem uma análise integradora das informações com cariz avaliativo parcelarmente

veiculadas, sendo que muitas delas têm tido reflexos em algumas das decisões e na implementação de

medidas, pelo que este se apresenta como um aspeto a ter em consideração.

É prática propor soluções para problemas que vão sendo identificados em áreas de intervenção

específicas, decorrentes da reflexão dos docentes, de que é exemplo a necessidade de formação sentida

quanto à prevenção do consumo de substâncias psicoativas. A monitorização e a avaliação do plano

anual têm vindo a concretizar-se através de uma plataforma eletrónica, num trabalho que merece

aprofundamento. As questões sobre a assiduidade e o abandono escolar são refletidas pela Equipa

Multidisciplinar para a Prevenção do Absentismo (doravante designada apenas por Equipa

Multidisciplinar), que desenvolve as suas atribuições de forma independente à equipa de autoavaliação.

Importa, porém, que ambas se articulem, em áreas-chave da organização escolar, com o objetivo de

questionar e monitorizar os impactos das suas opções estratégicas.

Sendo que o último Relatório de Avaliação Interna remonta ao período entre 2009-2010 e 2012-2013,

torna-se pertinente que a delineação concertada de ações de melhoria, por parte de cada

órgão/estrutura, nos domínios reconhecidos como prioritários, se entrose com a avaliação externa, o

projeto educativo e outros documentos estruturantes, de modo a que o processo de autoavaliação

enforme uma ferramenta estratégica e agregadora, sem descurar mecanismos de monitorização

sistemática dos processos empreendidos. Esta é, pois, uma área que carece de investimento, por parte

da Escola, e também com margem para progressos no que respeita à definição de um plano consistente

de comunicação das medidas e resultados/impactos à comunidade escolar.

Consistência e impacto

A ação e a qualidade dos processos de melhoria são limitadas pela não existência de uma visão

estratégica sobre a importância de ter um plano de trabalho que permita, de modo abrangente,

conhecer o que a Escola faz bem nos diversos domínios de funcionamento e o que precisa de alterar

na sua cultura, envolvendo os diferentes atores educativos. Constituindo a autoavaliação um

instrumento crucial à tomada de decisão importa, numa linha de indução de sinergias entre os planos

pedagógico e organizacional, refletir sobre os mecanismos de monitorização dos processos subjacentes

às ações em curso, a fim de permitir a sinalização de possíveis desvios e suas causas, avaliar a respetiva

eficácia e, eventualmente, redefinir respostas. Ainda há, pois, caminho a percorrer neste campo.

O comprometimento com a regulação do próprio processo autoavaliativo é, também, um requisito

fundamental e a não menosprezar, para conhecer com maior precisão o rumo a tomar e o que melhor

se adequa a um desenvolvimento organizacional sustentado e alicerçar, de modo coerente, todas as

decisões.

4.2 –Liderança e gestão

Visão e estratégia

A vivência diária num espaço escolar com uma oferta formativa especializada no domínio das artes

visuais e audiovisuais enforma o meio privilegiado para que os estudantes desenvolvam um leque

abrangente de aprendizagens, atitudes e valores que vão ao encontro do preconizado no Perfil dos

Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória e construam a sua identidade como pessoas e como

cidadãos. Releva-se o facto de o projeto educativo, em vigor desde 2011, perspetivar alguns vetores

na linha deste Perfil.

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O trabalho que tem vindo a ser concretizado pelos diversos elementos da comunidade orienta-se, em

regra, para a prossecução destes desideratos, reconhecendo a aprendizagem como um processo de

desenvolvimento cognitivo, pessoal, afetivo e social, e favorece dinâmicas em diferentes áreas. Estas,

ao assentarem com frequência na informalidade e em ações pontuais ou de oportunidade, não deixam

transparecer, porém, que haja, cabalmente, uma visão intencional e partilhada desse Perfil dos Alunos.

Há, pois, margem nesse campo para investir.

O projeto educativo configura um instrumento de gestão que não estabelece, contudo, metas avaliáveis

e priorizadas, assentes em critérios/indicadores de eficiência organizacional, claros e fiáveis, dificultando

a monitorização e o conhecimento sustentado do respetivo grau de consecução. Fundamental no

estabelecimento das premissas orientadoras da ação da Escola, encontra-se a ser objeto de revisão,

num processo resultante de um trabalho plural e participado.

É no plano anual de atividades, construído numa perspetiva interdisciplinar, que os responsáveis traçam

os objetivos em relação aos quais se evidencia a intencionalidade subjacente a cada uma das iniciativas,

que robustecem a formação integral dos alunos e contextualizam o currículo. Na mesma linha, dá

resposta ao enquadramento sociocultural dos vários cursos ministrados, através não só da diversidade

e da abrangência de ações (de natureza científica, ambiental, artística, desportiva, cultural e solidária),

como também da sua pertinência face aos recursos disponíveis e às parcerias firmadas.

A coerência entre os documentos estruturantes da ação educativa, conferindo-lhes transversalidade, de

modo a fortalecer o seu valor instrumental e a potenciar o seu impacto nas práticas de ensino,

garantindo coesão nas dinâmicas escolares, é uma vertente que importa, pois, aprofundar.

Liderança

O diretor, coadjuvado por uma equipa conhecedora da Escola, assume uma liderança que se pauta pela

confiança e pela proximidade que estabelece com os diferentes membros da comunidade, bem como

pela resposta imediata a problemas que afetam alguns alunos e as respetivas famílias.

A disponibilidade que perpassa da sua atuação repercute-se na motivação e no envolvimento dos

trabalhadores num quadro de relações interpessoais globalmente positivo. Os interesses dos recursos

humanos são, sempre que possível, atendidos, com vista a proporcionar bem-estar, pese embora a

valorização de ideias e sugestões enforme um trabalho em construção. Esta liderança necessita,

contudo, de comprometer os diversos intervenientes na tomada de decisão para a vinculação da

comunidade educativa à missão, aos valores e a uma visão estratégica de desenvolvimento que importa

cimentar.

As estruturas de coordenação e supervisão pedagógica, importantes no fomento de práticas

colaborativas, exercem as suas competências de modo empenhado, ainda que, em regra, se suportem

em contactos informais com os pares.

A rede ativa de parcerias, algumas das quais consolidadas com entidades locais e regionais, em áreas

estratégicas de intervenção, tem contribuído, com vantagens mútuas, para a diversificação de

oportunidades educativas. Evidencia-se uma forte dinâmica com a sociedade civil e os representantes

do poder local, em torno de iniciativas variadas, constantes no plano anual de atividades.

A especificidade da oferta formativa concorre para um estreitamento das relações com um amplo leque

de entidades internacionais, museus nacionais e casas-museu/fundações, Biblioteca Nacional,

instituições de ensino superior e não superior, organizações culturais, associações locais/nacionais, que

extravasam a zona da inserção geográfica da Escola e têm um significativo impacto na abrangência das

práticas pedagógicas, seja no âmbito de trabalhos académicos, da Formação em Contexto de Trabalho,

das Provas de Aptidão Artística, de atividades de enriquecimento do currículo, ou no contributo social

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para a comunidade. É, pois, manifesta e merecedora de destaque a recetividade às oportunidades que

mobilizam respostas conjuntas que contribuem para o reforço da qualidade da ação educativa e afirmam

o papel da Escola na comunidade.

Gestão

Num quadro de organização que se assume como “aprendente”, o diretor, dialogante, concede margem

de intervenção às lideranças intermédias nas respetivas áreas, para a prossecução de um trabalho

pedagógico continuado com os alunos. A boa integração dos profissionais aqui colocados pela primeira

vez facilita o seu enquadramento nas dinâmicas escolares. No entanto, o grau de comprometimento

dos diferentes elementos ao nível das respetivas funções carece de maior clarificação e formalização.

Igualmente, tempos comuns nos horários dos professores deverão ser equacionados, para efetuarem

trabalho colaborativo que permita aprofundar a análise e a reflexão, bem como a pertinente ligação

entre o exercício profissional e a prática letiva.

A Escola apresenta um fator distintivo, transversal a docentes, não docentes e a alunos, no respeito

pela diferença, sendo socialmente inclusiva, ainda que os documentos estruturantes não o espelhem. A

mobilização dos recursos para implementar respostas educativas eficazes para os jovens com

necessidades educativas especiais tem vindo a constituir um desafio para toda a comunidade escolar.

Todavia, o número crescente destes e a variedade das suas problemáticas coloca questões de natureza

física, logística e pedagógica que têm que ser debatidas mobilizando todos os atores educativos.

O ambiente escolar tem caraterísticas a priori favoráveis à aprendizagem, tais como a vontade dos

alunos em frequentar a Escola, o sentido de pertença e os laços que criam com alguns docentes,

áreas/projetos e espaços. A tranquilidade, dentro e fora da sala de aula/oficina, evidencia consciência

cívica, perpassando uma inter-relação bastante positiva entre alunos, professores e não docentes.

A adequação de práticas com incidência na formação pessoal e social tem registado um investimento,

potenciador do exercício de uma cidadania responsável e valorizador da dimensão socioafetiva.

Sublinha-se, nesse âmbito, a identificação e o acompanhamento de situações de absentismo, de risco

ou outras, pela Equipa Multidisciplinar que desenvolve, sempre que possível, estratégias articuladas

com a psicóloga, os diretores de turma e os professores que lecionam a disciplina de Projeto e

Tecnologias. A intensa carga horária desta disciplina leva a que se constitua como espaço de eleição

para um trabalho de proximidade com os alunos, que reveste um carácter formativo ao nível das

competências pessoais e sociais destes.

No que respeita aos trabalhadores não docentes, a dimensão educativa dos seus conteúdos funcionais

é, em regra, valorizada. Pondera-se a conciliação das suas aptidões com a resposta requerida nos

diversos setores, sendo que a rotatividade de tarefas não é uma prática usual. Embora tenha sido

proporcionada formação em vertentes consideradas prioritárias para o bom funcionamento dos serviços

a que estão alocados, a mesma não enformou a regularidade desejável. A inexcedível dedicação e o

empenho da coordenadora dos assistentes operacionais, a que o sentido de entreajuda da generalidade

dos seus pares não fica alheio, concorrem para assegurar o funcionamento das diversas áreas.

O espírito colaborativo é extensível aos serviços administrativos, onde a gestão de processos não é

efetiva em resultado da escassez de recursos. A disponibilidade e a entrega que a respetiva

coordenadora e a generalidade dos assistentes técnicos evidenciam, permitem, em articulação com a

direção, rendibilizar os saberes e ter capacidade de resposta aos diferentes tipos de solicitações dos

utentes, pese embora requeira, frequentemente, da sua parte um esforço pessoal acrescido. Não sendo

prática a monitorização da qualidade do serviço prestado, esta configura um potencial campo a investir.

Para o desenvolvimento profissional dos trabalhadores foram promovidas, a nível interno, algumas

iniciativas potenciadoras da capacitação pedagógica e científica dos docentes, designadamente no

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âmbito da cestaria, do feltro manual, da orientação desportiva, da autoavaliação, da prevenção nos

consumos de substâncias psicoativas ou das necessidades educativas especiais. Embora se tenha

verificado algum investimento, o mesmo carece de intensificação quanto à diversidade de casuística no

que respeita a esta última. A valorização dos recursos internos para dinamizar ações de atualização

profissional, entre pares, constitui, também, uma área a priorizar, rentabilizando as competências do

capital humano e as especializações que alguns detêm.

A formalização de um plano que, de forma sistematizada, congregue o diagnóstico das necessidades

face às prioridades do projeto educativo e as propostas formativas, quer internas quer externas, denota

margem para aperfeiçoamento.

O facto de a Escola apresentar uma parte das instalações por concluir, designadamente a destinada ao

refeitório e bar, biblioteca/centro de recursos, galeria de arte, museu, auditório e zona de convívio de

alunos, tem interferido na dinâmica da mesma no seu todo, justificando, para a maioria dos agentes

educativos, que muitas ações se encontrem suspensas ou pouco definidas, assim como afeta de forma

significativa a qualidade de vida da comunidade escolar. Ressaltam, em particular, a manutenção de

um estaleiro de obra inativo para onde convergem algumas saídas de emergência, no piso térreo nas

traseiras do edifício, com materiais e equipamentos abandonados, o impedimento na utilização dos

sistemas de climatização ou de deteção de incêndios, bem como constrangimentos ao nível da

disponibilização de refeições adequadas à comunidade escolar, da otimização do espólio bibliográfico

da biblioteca ou da necessária acessibilidade e utilização das instalações desportivas. Aspetos

merecedores, indubitavelmente, do total desagrado e reprovação por parte da comunidade educativa

e, sobretudo, da escolar. Não invalida, contudo, que a área requalificada esteja atrativa, possibilitando

a promoção de iniciativas multifacetadas e de aprendizagens diversificadas. Os espaços oficinais

integram salas distintas e encontram-se dotados de equipamentos que proporcionam condições

excecionais para a prática letiva.

Por sua vez, o apetrechamento informático, ferramenta basilar para a pesquisa e a realização de

projetos, que a realidade artística desta escola requer, é considerável e, não obstante a manutenção

cuidada por parte da equipa de docentes responsável, é notório que a sua renovação se começa a

tornar premente, em resultado da utilização intensiva a que é sujeito.

A gestão dos recursos materiais afetos a cada setor e especialidade curricular é feita criteriosamente,

numa lógica de sustentabilidade e de otimização, de acordo com o número de estudantes nas opções

formativas.

A acessibilidade aos vários pisos pelos alunos com mobilidade condicionada, através de um único

elevador, fica comprometida em caso de avaria. Quanto às instalações desportivas, o acesso feito

exclusivamente por escadas íngremes, dificulta, também, a utilização por parte daqueles, bem como a

prestação de cuidados, em caso de acidente, e a segurança, de uma maneira geral.

Se o correio institucional, o sítio da escola na internet, os blogues, as redes sociais, ganharam terreno

ao viabilizarem informação que, respeitando princípios éticos e deontológicos, se afigura pertinente

junto da comunidade educativa, as plataformas eletrónicas constituíram-se, por seu turno, como

suportes digitais de eleição. Têm vindo a assumir um papel crescente como ferramenta pedagógica e a

ser exploradas por todos os profissionais, o que evidencia os propósitos da organização face às

expetativas da comunidade. A informação, quer a normativa quer a de âmbito pedagógico, é acedida

com facilidade, embora seja difícil dizer que o é com eficácia e eficiência. Seria desejável aperfeiçoar a

integração daqueles recursos com vista à sua otimização, evitando-se a dispersão e a redundância de

documentos, monitorizando periodicamente esses recursos.

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Os pais e encarregados de educação, por seu turno, utilizam o correio eletrónico como um mecanismo

facilitador de comunicação com a Escola e demonstram conhecer, entre outras informações, os

documentos estruturantes e os critérios de avaliação veiculados por aquele meio. Nas reuniões de início

de ano, promovidas pelos diretores de turma, a apresentação do sítio na internet tem-se revelado uma

prática bem acolhida, agilizando o seu conhecimento sobre a realidade escolar.

Através de cartazes, muitos deles produzidos pelos alunos, e do circuito interno de televisão divulgam-

se as iniciativas junto da comunidade, ainda que a otimização deste último, em moldes mais regulares,

deva ser equacionada pelos responsáveis. No que respeita ao reporte de dados às entidades

competentes, embora seja feita a supervisão dos mesmos, por parte da direção, a especificidade dos

cursos ministrados nem sempre permite compatibilizar os dados disponíveis com as plataformas para a

sua submissão.

4.3 – Prestação do serviço educativo

Desenvolvimento pessoal e bem-estar das crianças e alunos

A autonomia e a responsabilidade dos alunos, mais expressivas no 12.º ano, são estimuladas através

de inúmeros projetos em que participam, muitos deles transversais às disciplinas, e das opções que

tomam no âmbito da respetiva Prova de Aptidão Artística. A qualidade de execução dos produtos e o

cumprimento de prazos para o seu planeamento e concretização não descurados quando os estudantes

abraçam esses desafios, o que se sublinha. Sendo a questão da pontualidade e da assiduidade premente

em algumas turmas, as medidas dissuasoras surgem, por vezes, por iniciativa pessoal de um docente

e de forma consentânea com as necessidades específicas da turma, não obstante a atuação da Equipa

Multidisciplinar. Refira-se, por exemplo, a dinamização de projetos em grupo, em oficina, que não

podem ser iniciados e/ou concluídos sem a presença de todos os elementos.

A Escola proporciona aos alunos um acompanhamento especializado, quer numa base regular quer

numa base pontual. A atenção conferida aos jovens com necessidades educativas especiais e o seu

envolvimento nas atividades das respetivas turmas, em prol da sua efetiva inclusão, é uma realidade,

como atestam, com bastante satisfação, os pais e encarregados de educação. É de realçar também a

intervenção incisiva da supramencionada Equipa, dos professores tutores, da psicóloga ou dos diretores

de turma. Assim, sempre que os alunos manifestam necessidade de apoio, que os seus resultados são

preocupantes ou que se encontram em risco, estão previstas respostas numa linha de equidade.

A pertinência da intervenção da psicóloga reconhece-se, no apoio prestado aos alunos do 10.º ano,

aquando do processo de escolha do curso para o 11.º ano e respetivas especializações, na promoção

do Dia Aberto, em que a divulgação pública da oferta formativa é potenciada com a visita de estudantes

de outras escolas, na realização de workshops em diferentes vertentes (Procurar Emprego; Ansiedade,

mas pouca e 12.º ano e depois?), entre outras atribuições.

Regista-se o investimento de cariz formativo feito sobre a prevenção de consumo de substâncias

psicoativas, que culminou com a criação de um Grupo de Referência que norteia o seu trabalho, de

modo articulado, com a Equipa Multidisciplinar. Foi, igualmente, construído um guia de procedimentos

a fim de capacitar os vários atores educativos para a intervenção nas situações detetadas. Tratando-se

de uma medida recente, ainda não são visíveis impactos efetivos.

Oferta educativa e inovação pedagógica

Os percursos curriculares constroem-se a partir de um modelo de integração inicial num 10.º ano

comum a todos os alunos, onde estes desenvolvem a experimentação em várias áreas no âmbito das

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artes visuais, audiovisuais e de design na disciplina de Projeto e Tecnologia. O processo de ensino

consubstancia-se na estreita articulação entre a componente de projeto e a oficinal, com recurso, de

forma permanente, a espaços diferenciados, a sala de projeto e, rotativamente, a seis oficinas (duas

em cada período), permitindo a aquisição de aprendizagens estruturantes. É a partir do 11.º ano que

os alunos empreendem a sua opção por um dos cursos e respetivas especializações.

São múltiplos os projetos em que os estudantes se envolvem, alguns dos quais integrando várias

disciplinas, como seja em Projeto e Tecnologias e Imagem e Som. Regista-se, pela positiva, a articulação

de conteúdos, por exemplo, entre Gestão das Artes e Física e Química Aplicada, com o projeto dos

cristais, embora exista margem para progresso na intencionalidade com que é realizada, generalizando-

a a outras disciplinas, ao nível da abordagem transversal de conteúdos. A contextualização de

aprendizagens que contribuem para que os alunos adquiram ferramentas úteis para a sua inserção no

mercado de trabalho, afigura-se, igualmente, com potencialidade para os incentivar a obter bons

resultados.

São impulsionadas atividades de complemento do currículo, que possibilitam novos horizontes aos

jovens, concretizando-se através das Atividades Rítmicas Expressivas, como a interpretação da dança,

e a participação no Corta-Mato Nacional.

Ensino, aprendizagem e avaliação

Orientada por princípios humanistas, a Escola estimula, numa perspetiva inclusiva, o respeito mútuo, a

tolerância e a igualdade na diversidade, facto que se valoriza. É patente a articulação entre os docentes

de educação especial, os professores, a psicóloga, os pais e encarregados de educação, assim como os

técnicos ligados à educação bilingue para alunos surdos.

A promoção da qualidade escolar, desiderato que assume particular relevância nas especialidades

técnicas e artísticas, é, particularmente, expressiva nas Provas de Aptidão Artística e em inúmeros

projetos, de que é exemplo emblemático “Un bijou qui voyage!”, proporcionado pelo intercâmbio escolar

Erasmus + e pelo PLE (Parlement Lycéen Européen des Écoles de Bijouterie et Métiers d´Art),

traduzindo-se na exposição de desenhos e ou de joias de ourivesaria.

As ações e o acompanhamento realizados no que respeita à prevenção e à resolução de situações de

abandono e de desistência escolares, por parte da Equipa Multidisciplinar, em rede com os diretores de

turma e os professores da disciplina de Projeto e Tecnologias constituem um trabalho em progresso, a

título de exemplo, os focos de desistência escolar, no último triénio, são residuais. Importa, no entanto,

investir na formalização da sua monitorização.

A validade e a fiabilidade da avaliação têm merecido a atenção dos docentes, tendo havido, neste

domínio, um investimento ao nível da formação. Nesse sentido, o caminho percorrido na definição dos

perfis de desempenho dos alunos, correspondentes aos níveis de classificação que constituem um

referencial claro do processo avaliativo e lhes possibilitam a assunção de um papel ativo na regulação

das respetivas aprendizagens, concorre para o aumento da confiança na avaliação interna, destacando-

se a transparência com que são divulgados aos alunos, no início do ano e na página web. Prática que,

ao contribuir para a uniformização do grau de exigência em cada área curricular, pode, no entanto, ser

mais explorada como garante de rigor e de equidade. O facto de os critérios de avaliação terem por

base uma matriz comum, nas várias áreas e disciplinas, facilita a sua apreensão, o que se releva.

A informação de retorno prestada, pelos professores, aos alunos, sobre os seus desempenhos,

explicitando-lhes as dificuldades e apontando-lhes caminhos a percorrer no sentido da melhoria das

suas aprendizagens traduz claramente, uma avaliação de caráter formativo. Embora se tenham

registado diversos exemplos válidos, esta é uma vertente a merecer consolidação.

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A dinâmica de elaboração de matrizes dos instrumentos de avaliação tem vindo a reforçar-se, num

trabalho que importa generalizar. Há, no entanto, evidências de boas práticas, tanto pela diversidade

de metodologias de ensino utilizadas, contextualizando as aprendizagens, como pelo incentivo à

autonomia dos alunos, de modo a que estes adquiram ferramentas úteis para a inserção no mercado

de trabalho, assim como para os motivar a obter bons resultados para prosseguir estudos. A pesquisa,

a resolução de problemas e as apresentações orais, entre outros, patenteiam também uma linha de

dinâmicas passíveis de proporcionar processos estimulantes de aprender e indutores de um maior

envolvimento dos alunos na construção do próprio saber, sendo, todavia, importante suscitar a sua

generalização.

Para os resultados menos conseguidos em certas disciplinas e em algumas turmas foram implementadas

estratégias de melhoria, como o projeto Promoção da Qualidade das Aprendizagens em Geometria

Descritiva A, ou a coadjuvação, esta, ainda, com cariz pontual, mas com mais-valias já percecionadas

pelos responsáveis. As estratégias definidas são, também, importantes no que respeita às dificuldades

de aprendizagem emergentes e às quais nem sempre é possível dar resposta através de apoios fora da

sala de aula, por condicionantes que se prendem com a carga horária das disciplinas. Ainda assim,

importa refletir sobre os fatores intrínsecos aos processos de ensino e de aprendizagem, no sentido de

evitar situações de insucesso e de desistência.

É nos grupos de recrutamento que se concretiza o planeamento por áreas de formação, em moldes

mais colaborativos. As respetivas reuniões constituem-se, na generalidade, como espaços de produção

e balanço da atividade desenvolvida, ainda que, no caso de algumas disciplinas da formação técnica,

fruto da sua especificidade e da reduzida dimensão do grupo, seja preponderante o trabalho informal

resultante do bom relacionamento interpares.

Não obstante as restrições ao nível dos tempos de trabalho comuns, a partilha de materiais pedagógico-

didáticos é agilizada pelas plataformas digitais disponíveis. Importa, no entanto, fortalecer uma cultura

de cooperação, privilegiando a articulação, com reflexos nas conceções, fazendo perpassar a sua

intencionalidade nos documentos produzidos e nas práticas pedagógicas.

A biblioteca, a funcionar numa sala adaptada para o efeito, evidencia-se, junto de algumas turmas,

como um suporte na promoção do trabalho autónomo e de práticas pedagógicas ativas. Apresenta

recursos informáticos manifestamente insuficientes e uma parte expressiva do espólio bibliográfico

encontra-se subaproveitada, num arquivo que, em nada, beneficia as condições de conservação do

mesmo, aguardando por um espaço condigno para ser exposto.

Constata-se empenho em prol do envolvimento das famílias no percurso escolar dos respetivos

educandos, designadamente através das reuniões de abertura do ano letivo, dos contactos por parte

dos diretores de turma, de iniciativas do foro social e da participação dos pais de alunos com

necessidades educativas especiais em conselhos de turma intercalares, embora, salvo estes últimos, a

adesão se evidencie, em regra, pouco expressiva. A colaboração da associação de pais e encarregados

de educação tem-se feito notar, de forma particular, nas diligências encetadas em várias instâncias, por

causa da falta de conclusão das obras de requalificação.

Acompanhamento e supervisão das práticas educativa e letiva

O acompanhamento pedagógico dos docentes sustenta-se num processo em que se evoca a confiança

como indicador. É desencadeado, na generalidade, em sede de grupo de recrutamento, cingindo-se

muito à partilha de materiais didáticos e de estratégias. Nessa linha, a supervisão da prática letiva em

sala de aula/oficina não se encontra instituída como uma prática formal e sistemática, pese embora se

identifiquem exemplos válidos ligados, em especial à coadjuvação de novos professores mais

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inexperientes e entre pares, ou ao trabalho em espaço comum, como sucede na disciplina de educação

física.

Numa perspetiva de reforço da qualidade do ensino prestado, importa impulsionar, de forma intencional

e generalizada, os momentos propiciadores de partilha de boas práticas, orientando-os para a reflexão

conjunta sobre metodologias de ensino, em prol da rendibilização dos saberes profissionais. Afigura-se,

também, pertinente, que a avaliação formativa e a autoavaliação realizadas com os alunos induzam à

ponderação por parte dos docentes, sobre as metodologias utilizadas e a necessidade do seu eventual

reajuste.

4.4 Resultados

Resultados académicos

Os resultados dos alunos e as situações de desistência e de abandono escolar são alvo de análise

periódica, nos diferentes órgãos e estruturas de coordenação educativa e supervisão pedagógica. A

anulação de matrícula é objeto de apreciação pela psicóloga, em conjunto com o aluno, no sentido da

sua dissuasão e de ser proporcionada uma resposta que vá ao encontro das suas necessidades.

Os dados estatísticos disponibilizados pelos responsáveis não evidenciam, contudo, um fio condutor no

tratamento dos resultados académicos do último triénio, surgindo estes de forma avulsa, sem

uniformidade na análise, inclusive no universo de alunos considerado. Ora são apresentados em valores

absolutos ora em percentuais, sendo também questionável, entre outros aspetos, a fiabilidade de alguns

dos indicadores utilizados, o que condiciona uma análise consistente dos resultados dos desempenhos

internos dos alunos nas diferentes áreas curriculares e a formulação de juízos avaliativos sustentados.

Considerando que a Escola aspira a ser reconhecida pela excelência é crucial que invista na análise

rigorosa da qualidade do sucesso e reconsidere os mecanismos implementados neste âmbito. Tanto

mais que a reflexão realizada pelos professores sobrevaloriza, em regra, como determinantes do

insucesso, causas de natureza extrínseca em detrimento das intrínsecas inerentes ao processo de ensino

e de aprendizagem.

Estando implementadas estratégias (trabalho entre pares, coadjuvações) e medidas de promoção do

sucesso escolar (Promoção da Qualidade das Aprendizagens em Geometria Descritiva A, entre alguns

outros apoios pedagógicos), importa desencadear a sua monitorização sistemática, a fim de avaliar a

respetiva eficácia. Na mesma linha, e no respeitante às disciplinas de Geometria Descritiva A, História

da Cultura e das Artes e Inglês, com maior insucesso reportado pela Escola, afigura-se necessário que

sejam reforçadas as medidas conducentes à melhoria dos desempenhos dos alunos.

A heterogeneidade na composição das turmas do 10.º ano de escolaridade é consentânea com a origem

diversa dos estudantes que as integram, já que, pelo modelo pedagógico adotado na componente

curricular de Projeto e Tecnologia, este ano de escolaridade é comum aos quatro cursos oferecidos,

numa lógica de aquisição de competências de base, sendo a efetiva opção formativa empreendida só

no 11.º ano.

No que concerne ao sucesso dos alunos com necessidades educativas especiais de carácter permanente,

apenas foram disponibilizados dados referentes ao ano letivo de 2016-2017, que revelam sucesso pleno

no 10.º ano. Regista-se um decréscimo no 11.º ano (83%) que se acentua no 12.º ano (79%). Havendo

um “insucesso” que aumenta na razão inversa do avanço destes alunos no seu percurso escolar, importa

refletir sobre as causas, focando-se numa intervenção consistente. Concorre para a cultura inclusiva o

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facto de ser uma Escola de Referência para a Educação Bilingue de Alunos Surdos e o modo positivo

como estes se integram no quotidiano escolar.

Quanto aos alunos com ação social escolar, no biénio 2015-2016 e 2016-2017, evidencia-se um

acréscimo na taxa de transição dos mesmos, de 9% para 18%.

Os sucessos alcançados pelos alunos são publicamente valorizados e é dada visibilidade a produtos com

qualidade, através dos projetos desenvolvidos com parceiros locais, regionais e até internacionais, a

que se associam as Provas de Aptidão Artística, no 12.º ano. Acresce que as aprendizagens efetuadas

na Escola têm catapultado alguns alunos para prosseguir estudos noutros países, entre os quais

Inglaterra.

Resultados sociais

A solidariedade e o voluntariado são valores que se concretizam através da dinamização, por alguns

alunos em conjunto com professores, de ateliers de férias para crianças das escolas do 1.º ciclo da

freguesia de Penha de França, na vertente do projeto EntreAjuda. O trabalho efetuado pelos alunos do

12.º ano, junto dos seus pares do 10.º, na Semana Aberta, visando ajudá-los na escolha do curso e

especializações para o 11.º ano, é, igualmente, merecedor de destaque. A atividade Vamos limpar o

nosso quintal que, deu lugar, no presente ano letivo, ao Dia L, a campanha de recolha de tampinhas, a

colaboração ao nível do programa BipZip vocacionado para o apoio a populações carenciadas, são

experiências positivas que fomentam a responsabilidade social dos jovens, mas cuja transversalidade

nos diferentes cursos e anos de escolaridade poderá, ainda assim, ser intensificada.

O protagonismo dos estudantes destaca-se, positivamente, nos processos de decisão respeitantes aos

projetos em que participam e que concretizam, muitos da sua iniciativa, assim como na sua intervenção

nas reuniões de conselho geral. O envolvimento nas eleições para a associação de estudantes, ou as

críticas e protestos sobre a não conclusão das obras e as condições de prestação do serviço de refeitório,

apresentados junto de diversas entidades, em colaboração com a direção, constitui, também, exemplo

do seu exercício de uma cidadania ativa.

O fortalecimento da auscultação dos alunos em torno de questões do seu interesse, bem como a sua

integração na equipa de autoavaliação, é um desafio que se coloca aos responsáveis, revestindo-se esta

como uma oportunidade para valorizar as suas sugestões e comprometê-los nas opções de melhoria.

Não se identificam situações perturbadoras do processo de ensino e de aprendizagem conducentes a

medidas disciplinares sancionatórias. Os estudantes revelam, na generalidade, conhecer as regras

estabelecidas no regulamento interno, mas consideram que não foram implicados na definição das

mesmas. São críticos quanto à harmonização das formas de atuação, por parte de cada conselho de

turma, já que percecionam diferenças notórias na assertividade e na firmeza com que essas medidas

são aplicadas por alguns docentes. Este é, pois, um aspeto merecedor de reflexão.

As candidaturas de acesso ao ensino superior revelam valores que, entre 2014-2015 e 2016-2017,

oscilam entre os 53% e os 44%, sendo que, nesse período, entre 90% e 84% dos alunos foram

colocados no curso que escolheram como primeira opção, o que é expressivo quanto ao impacto das

opções curriculares no prosseguimento de estudos. A Escola dispõe de alguma informação sobre o

percurso daqueles após a conclusão da escolaridade, resultante de dados obtidos através do

Observatório do Percurso Escolar dos Alunos, num trabalho recente. A taxa de empregabilidade

relacionada com a área do curso frequentado ou a percentagem de jovens que prosseguiu estudos no

estrangeiro são indicadores considerados nesse levantamento, mas em que o universo considerado não

se afigura expressivo, merecendo ser repensado. É frequente que antigos estudantes revisitem a Escola

e deem informações de retorno sobre os seus sucessos académicos e profissionais. Tanto mais que esta

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também é procurada por parte de antigos alunos, atualmente na qualidade de docentes, e de

encarregados de educação, pelo serviço educativo prestado.

No sentido de complementar estes dados, a consolidação do trabalho realizado pelo já referido

Observatório, apresenta-se como uma potencial área de investimento, enformando um mecanismo

sistematizado, que possibilite conhecer, de modo efetivo, o impacto das opções curriculares na vida dos

alunos e a adequação da orientação vocacional.

Reconhecimento da comunidade

A comunidade educativa, auscultada através dos questionários aplicados no âmbito da presente

avaliação externa, revela, de um modo geral, bastante satisfação com o serviço prestado. Os alunos

realçam, pela positiva, as tarefas que realizam, o trabalho, em pares ou em grupo, na sala de aula, bem

como o respeito pelas diferenças entre uns e outros. Os docentes evidenciam a abertura ao exterior e

assinalam, positivamente, o respeito mútuo entre alunos e adultos, opinião partilhada pelos não

docentes. Por sua vez, os pais e encarregados de educação consideram que o ensino é bom, assim

como os resultados dos alunos e que estes são incentivados a aprender mais e melhor. A maior

insatisfação da generalidade dos respondentes prende-se com os espaços ligados ao convívio, ao

refeitório e à biblioteca. De sublinhar que os alunos deixam também patentes menores índices de

satisfação com o facto de não participarem na elaboração das regras da escola.

É notório o reconhecimento, por parte das entidades parceiras, dos bons desempenhos dos estudantes

ao nível da qualidade dos múltiplos trabalhos por aqueles realizados, nas vertentes da comunicação,

digital, da ilustração, entre outras.

Internamente são promovidas, de forma criteriosa e intencional, diversas atividades de valorização dos

sucessos dos alunos, que passam por mostras e exposições nos espaços escolares, ainda que esta

dinâmica possa vir a ser potenciada assim que a Escola dispuser da prevista Galeria de Arte. De igual

modo, muitos dos produtos, como sejam cenários e adereços, efetuados em interação com os parceiros,

adquirem visibilidade aquando dos espetáculos por estes realizados.

Sublinha-se a reciprocidade da Escola com os poderes locais e com diversas entidades, numa linha de

interação bastante positiva e em que o seu contributo social fica bem patente, a título de exemplo,

através de projetos comunitários direcionados para a produção de equipamento e de mobiliário urbano,

numa implantação territorial junto de populações carenciadas das freguesias de Penha de França e do

Beato.

Pela especificidade da oferta formativa, que corresponde às expectativas dos alunos, e pelos princípios

de trabalho e de cidadania que sobressaem do serviço educativo prestado, tornando esta Escola uma

referência na e da comunidade, o seu prestígio extravasa os limites geográficos na capacidade de

atração de alunos a nível regional e até nacional.

5. Pontos fortes

Domínio Pontos fortes

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Liderança e Gestão

O forte sentido de pertença e de identificação com a Escola,

referência no ensino das artes, reforçados por projetos promotores

de aprendizagens diversificadas de índole lúdica, social e cultural e

pela mobilização estratégica de parcerias, com impacto significativo

na comunidade.

O respeito pela diferença, na perspetiva inclusiva, fator distintivo

transversal a trabalhadores docentes, não docentes e alunos, com

repercussões positivas nas inter-relações, nas aprendizagens e na

inserção social de todos.

A diversidade e abrangência das iniciativas com repercussões

bastante positivas na contextualização do currículo e na formação

integral dos alunos.

Prestação do Serviço Educativo

O enfoque nas atividades de pesquisa e experimentais no âmbito das

diversas especializações, com repercussões positivas nas

aprendizagens estruturantes dos jovens, e na qualidade dos produtos

de cariz artístico.

Resultados

O prestígio e os princípios de trabalho e de cidadania, associados à

especificidade da oferta formativa, com reflexos favoráveis na

capacidade de atração da Escola e no reconhecimento público da sua

ação.

6. Áreas de melhoria

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Domínio Áreas de melhoria

Autoavaliação

A implementação de um processo de autoavaliação agregador, que se

configure como uma ferramenta estratégica em áreas prioritárias de

intervenção, com mecanismos de monitorização sistemática, e impacto

nas dinâmicas organizacionais e nas práticas profissionais.

Liderança e Gestão

O envolvimento das lideranças intermédias na tomada de decisão, de

modo a valorizar a partilha de responsabilidades e a fomentar a

corresponsabilização, vinculando os atores educativos à missão, aos

valores e a uma visão estratégica de progresso.

A promoção do desenvolvimento profissional, através de um plano que

congregue, de forma sistematizada, o diagnóstico das necessidades e

que permita concretizar ações para ultrapassar as dificuldades.

Prestação do Serviço Educativo

O aprofundamento dos fatores intrínsecos ao processo de ensino e de

aprendizagem, a fim de contribuir para uma maior sustentabilidade,

fomentar práticas pedagógicas mais estimulantes e motivadoras e

evitar situações de insucesso e de desistência.

A generalização de uma cultura colaborativa, privilegiando a

articulação e fazendo perpassar a sua intencionalidade nos

documentos produzidos e nas práticas pedagógicas, de modo a

permitir o conhecimento concreto da qualidade dos processos de

ensino e de aprendizagem.

Resultados

A análise dos resultados académicos, estruturada de modo intencional

e rigoroso, para fomentar o questionamento e a monitorização das

opções estratégicas da Escola e reorientar as medidas de promoção do

sucesso.

7. Observações

Infoescolas sem dados disponíveis para a Escola Artística António Arroio à data da realização da

atividade AEE – Fase Piloto.

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20-12-2018

A Equipa de Avaliação Externa: Carlos Vieira, Fernanda Lota, Maria João Pereira e Susana

Henriques