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alexei bueno
graziela savy
jair rangel
júlio sacrassenda
luiz roberto mattos
márcia novaes
mericley santiago
pablo de salamanca
2014
Relatos de ExperiênciasFora do Corpo
2
Copyright@ 2014 Direitos autorais registrados pela Biblioteca Nacional
Relatos de Experiências Fora do Corpo
Viagem astral: aventuras além do corpo
Alexei Bueno, Graziela Savy, Jair Rangel, Júlio Sacrassenda, Luiz Roberto Mattos, Márcia Novaes, Mericley Santiago, Pablo de Salamanca
3
Sumário
Apresentação 4
Viagem a uma dimensão extrafísica avançada 10
Alexei Bueno
Encontros inesperados na projeção astral 14
Graziela Savy
Somos todos um! 26
Jair Rangel
Uma boa ajuda no astral 39
Júlio Sacrassenda
Meu encontro com um ex-Beatle 53
Luiz Roberto Mattos
Experimentando a projeção astral 64
Márcia Novaes
Curas e atendimentos no extrafísico 78
Mericley Santiago
Confirmando as projeções astrais 88
Pablo de Salamanca
4
Apresentação
Este livro é resultado das experiências de alguns membros que
fazem parte do grupo do Facebook “Viagem Astral: aventuras além do
corpo” no âmbito da projeção consciente que também é conhecida
como projeção astral, desdobramento, experiência fora do corpo (Out
of Body Experience). São relatos pessoais de experiências de projeção
consciente que ilustram as diversas situações decorrentes do
fenômeno.
O objetivo principal aqui é compartilhar e registrar as
experiências de saída do corpo no intuito de que o prezado leitor se
inspire e entenda um pouco mais este relevante fenômeno
parapsíquico.
Projeção consciente é a capacidade que todos nós temos de sair
de nosso corpo físico e visualizar outras realidades físicas ou
extrafísicas. Geralmente a projeção ocorre através de sonhos. São
projeções inconscientes ou semiconscientes. No entanto, algumas
pessoas possuem a capacidade de se projetar de forma consciente e
lúcida em relação aos fatos experimentados, tendo capacidade de
manobra, atuação, resposta e assimilação ambiental que não ocorrem
em um sonho, onde o que sonha é passivo e mero assistente do enredo
onírico.
Os propósitos da projeção são muito diversificados. De acordo
com os depoimentos de projetores conscientes a função da projeção é
o esclarecimento espiritual ou consciencial e a ação de ajuda e
orientação em favor de desencarnados e encarnados.
5
O termo projeção consciente não é privativo do fenômeno. Alan
Kardec, por exemplo, chama o fenômeno de emancipação da alma.
Projeção astral é o termo preferido dos grupos esotéricos. Também
podemos nomear a experiência como desdobramento espiritual,
projeção lúcida dentre outros. A Bíblia, por exemplo, contém registros
de projeções de seus personagens que os teólogos têm dificuldades
em interpretar de maneira coerente. Paulo, o apóstolo, na Segunda
Carta aos Coríntios no capítulo 12, versículos 2 a 4, escreveu:
Conheço um homem em Cristo que há catorze anos foi arrebatado ao terceiro céu. Se foi no corpo ou fora do corpo, não sei; Deus o sabe. E sei que esse homem - se no corpo ou fora do corpo, não sei, mas Deus o sabe - foi arrebatado ao paraíso e ouviu coisas indizíveis, coisas que ao homem não é permitido falar.
Ou seja, quando estamos experimentando uma projeção
consciente deixamos nosso corpo físico e permitimos à nossa
consciência um trânsito mais livre em outras dimensões físicas ou
extrafísicas.
Qual é o objetivo da projeção consciente? Esta é uma questão
bastante pertinente a respeito de um fenômeno que tem sido
estudado há um tempo relativamente recente.
Uma projeção, quando lúcida ou consciente, permite ao
projetor compreender, mapear e interpretar, do ponto de vista da
percepção, o ambiente e a situação em que se projeta. Isto ocorre
porque durante o processo temos plena consciência de que estamos
projetados e experimentando algo que, de maneira geral, podemos
controlar através dos sentidos parapsíquicos em ação.
6
Fica evidente que o nosso corpo físico, ancorado na base física,
terrena, não representa a totalidade do que costumamos chamar de
consciência, indivíduo, pessoa. Temos outros corpos mais sutis que nos
permitem interagir com nossa procedência extrafísica, ou seja, as
outras dimensões às quais religiosos e místicos chamam de céu, limbo
ou inferno.
Muitos projetores conscientes têm facilidade para sair do
corpo. Rapidamente entram em um estado descoincidência vigil1 e
passam a experimentar os benefícios da projeção. Como bem se sabe,
nosso destino na projeção está quase sempre relacionado com nossas
afinidades. Se existe uma lei universal em matéria de evolução dos
espíritos esta se inicia pela atratividade, pela sintonia das consciências
com suas preferências, gostos, desejos.
Esta peculiaridade pode ser percebida em nosso dia a dia, nas
experiências, relacionamentos, contatos e direcionamentos que
fazemos na vida. Nossos pensamentos e ações são frutos de nossas
inclinações, vinculações, nesta e noutras vidas.
Desta forma o grande orientador da projeção consciente é a
qualidade de nossas intenções e dos nossos pensamentos. Se nossas
intenções são éticas e visam dar assistência a outras consciências as
chances de que o resultado prático do processo projetivo seja positivo
aumentam.
Se penso, logo existo, sou alguma coisa, uma consciência.
Talvez sejamos isto mesmo, essencialmente uma consciência. Se
somos uma consciência, somos também, resultado de nossos
1 Entrar em um estado intermediário entre o sono e a vigília física com lucidez dos fatos.
7
pensamentos. Estes podem totalizar cerca de 60 mil por dia! Imagine
isto: 60 mil pensamentos e ideias circulando em nossas cabeças todos
os dias.
Qual é o montante destes pensamentos destinado a coisas
úteis, boas e justas? Quanto tempo dedicamos a cultivar o medo, o
fracasso e as ideias negativas? O principal problema disto tudo é que o
pensamento, da mesma forma que o nosso comportamento, é
recorrente, habitual. Se ontem você dava ênfase ao negativismo em
seus pensamentos muito provavelmente você fará o mesmo hoje.
Nossa ética e nossas ações têm o nível de nossos pensamentos.
As conexões extrafísicas que fazemos dependem, em grande parte,
das afinidades de nossas crenças e pensamentos. Atraímos os
semelhantes no plano astral e terreno. Nas projeções astrais,
espontâneas ou não, acabamos percorrendo percursos que estão de
acordo com a nossa sintonia, tal qual poderoso aparelho de rádio que
capta as ondas de estações que são sintonizadas por nossa vontade e
escolha.
Uma análise rápida de tudo aquilo que você pensa todos os dias
ajudará a entender sua evolução consciencial a partir destas "sintonias"
persistentes. Um drogado está conectado ao vício em boa parte do dia,
da semana, do mês. Um materialista liga-se às suas posses, recursos,
dinheiro, lucro e dívidas. O desleixado busca nos porões da sua mente
desculpas para eternizar o caos em que vive.
Por outro lado quando quebramos as cadeias do pensamento
negativo passamos a sintonizar energias e influências extrafísicas
elevadas, que visam o bem comum, o desenvolvimento intelectual e
8
moral da humanidade. Diga-me o que pensas e direi com quem tu
andas!
E mais: um dos maiores entraves ao desenvolvimento da
consciência é o dogmatismo. Este conceito é derivado da palavra grega
dogma (δόγμα) e ilustra "um princípio ou conjunto de princípios sobre
os quais repousa uma verdade incontestável".
Todo tipo de facção, partidarismo e divisionismo carregam, em
seu bojo, uma visão míope e restrita da evolução e da fraternidade
universal.
Assim dogmatismo é o exercício extremo deste princípio de
incontestabilidade da verdade.
Outro ponto a ser considerado é o fato de que o discurso
totalizador, além de dogmático, é mágico. Ou seja, é auto explicável,
não necessita de confirmações científicas, reitera o sentimento, a
primeira impressão, o medo e a superstição em sua análise.
Podemos desenvolver nossa consciência, evoluir, crescer sem o
dogmatismo religioso, político, filosófico ou de qualquer outro tipo?
Podemos admitir que nossa jornada rumo à serenidade, ao
desenvolvimento consciencial, ao incremento da bondade e do amor
dependem de nossa libertação de toda forma de amarra egoísta, de
dogmas, de fanatismos, de exageros e dos entraves de um
direcionamento existencial dirigido pela emocionalidade. Sem
universalismo, sem consciência do cosmos, não há nenhuma razão para
evoluir.
De toda forma a projeção ou saída do corpo têm como lastro
nossa consciência, ou mente, ou o receptáculo de nossos pensamentos
9
e sentimentos que se constituem na parte perene, não perecível de
todos nós.
Assim, o objetivo supremo do exercício da projeção é a
evolução. Evoluir, neste contexto, significa caminhar, de forma ética e
pacífica, rumo a uma consciencialidade fraterna e equilibrada do ponto
de vista dos sentimentos. Desorganização, desequilíbrio emocional,
ódio, vingança, egoísmo, preguiça e outros pecados travam,
emperram, amarram nossa evolução. Por outro lado a organização, o
equilíbrio emocional, a pacificação, o altruísmo e a conduta ética nos
levam mais adiante.
Esta evolução nunca ocorre no vazio da solidão. Todo aquele
que busca sua evolução não pode ser absolutamente solitário posto
que aprende a crescer com os outros e evolui na medida em que ajuda
na evolução dos que o cercam. Então o egoísmo não tem lugar na
evolução consciente. Cada vida, cada reencarnação nos proporciona a
possibilidade de entender, vincar, marcar nosso corpo mental, o corpo
emocional e nossas energias com uma aproximação firme e vigorosa
rumo àqueles indicadores de uma evolução ética e universalista. Este é
o nosso desafio nesta e noutras vidas.
Enfim, o objetivo deste livro é inspirar outras consciências a
buscar a evolução a todo instante. Se você se desanima diante da
peleja diária pense nestas experiências singelas, levante a cabeça,
respire fundo, saiba que não está sozinho e siga em frente rumo ao seu
destino: a evolução!
Os autores.
10
Viagem a uma dimensão extrafísica avançada
Alexei Bueno1
A experiência fora do corpo que irei relatar a seguir ocorreu
ainda no primeiro ano do início de minhas projeções conscientes.
Apesar de ser uma experiência antiga esta vivência do dia 22 de janeiro
de 2001 muito me estimulou a continuar os estudos e práticas de
minhas viagens astrais ou projeções da consciência obtidas desde meus
dezenove anos de idade.
Esta foi vivenciada em uma localidade extrafísica ou espiritual
quase que impossível de descrever para mim na época, tamanha beleza
observada. Naquela noite me recolhi para a cama em horário mais
tarde que habitual. O relógio já contava uma hora da madrugada e não
imaginava a grande aventura que iria vivenciar poucas horas após
cerrar os olhos.
Como de costume antes de me entregar ao sono reparador do
corpo físico desejei fortemente projetar-me e fiz rápido exercício
mental de exteriorização de energias com o objetivo de realmente
sutilizar meus corpos espirituais e também "limpar" qualquer energia
mais densa que poderia estar portando naquele momento, sempre
sintonizando os pensamentos e sentimentos com o Criador de todas as
coisas.
1 E-mail: [email protected]
11
Não pude perceber o momento em que sai do corpo, mas
quando me dei por mim estava totalmente consciente e chegando a
alguma localidade extrafísica onde fui recebido por uma mulher de
meia idade que se encontrava no local com largo sorriso no rosto,
aparentando mesmo uma felicidade por saber antecipadamente a
maravilhosa experiência pela qual eu iria vivenciar nos momentos
seguintes. Como de costume me encontrava flutuando como uma
pluma pela localidade, pelo fato de que no plano extrafísico ou
espiritual nem sempre estamos sujeito às leis físicas tais como a da
gravidade.
No local havia várias montanhas, algumas com vegetação verde e
outras com cores voltadas para o dourado. No topo da bonita
paisagem podia ver belas árvores que pintavam uma paisagem de rara
beleza. Quanto ao céu estava incrivelmente azul, sem nuvens e o clima
aparentava estar sem vento, diria mesmo que a sensação era de que
não havia o próprio ar para respirar. Compreendi posteriormente que
esta sensação se deve pela hipótese de que não precisamos ou não
temos a necessidade de respirar em nosso corpo astral ou psicossoma,
como estamos habituados ao físico. Não havia dúvida que me
encontrava em um plano espiritual avançado.
Continuando este belo relato estava flutuando próximo ao chão
a uma altura de mais ou menos um metro e meio e tudo que desejava e
fiz foi ficar no topo de uma montanha, observando o local e curtindo
aquela sensação de paz interior indescritível que exalava por todo o
lugar. Diga-se de passagem, que era tão bom estar ali sentindo aquela
paz que o ambiente proporcionava a mim que não queria de maneira
alguma voltar ou sair de lá.
12
Surpreendentemente neste momento percebi que havia um
Amparador ou guia espiritual a meu lado, porém invisível a minha visão
extrafísica! Em um momento de euforia eu disse a ele de uma forma
mental: “Isso aqui parece um paraíso! Quero ficar aqui para sempre!
Não me deixe voltar!”. Certamente que qualquer pessoa iniciante nas
viagens astrais teria neste momento este mesmo desejo.
De forma compreensiva o mestre invisível passou sua mão em
minha cabeça, do modo como um pai carinhoso faz ao filho ao consolá-
lo. Curiosamente mesmo não podendo vê-lo senti perfeitamente o
atrito de sua mão nos meus cabelos extrafísicos. Para os leitores que
não estão acostumados com relatos de experiências fora do corpo eu
afirmo: sim, meu corpo espiritual também tem cabelo, assim como o
físico.
Neste momento obtive a segunda surpresa da experiência: uma
mini expansão da consciência! Percebi uma súbita ampliação em meu
sentido de visão extrafísico de modo que curiosamente podia ver
naquele momento tudo o que estava à minha volta ao mesmo tempo,
ou dizendo melhor, via todos os lados ou ângulos ao mesmo tempo
além de me sentir por instantes uno com tudo naquele ambiente!
Apesar disto parecer confuso aqui no plano físico, visualizar tudo ao
mesmo tempo é algo maravilhosamente eficaz quando estamos
projetados.
A sensação de flutuar era muito boa e o ambiente estava muito
sutil a ponto de ser impossível para eu ficar com os pés no chão,
sentindo-me como se estivesse inflado como um balão, mas já era hora
da vivência que mais me estimulou em meus estudos e práticas
projetivas terminar. Senti algo como um pequeno puxão no corpo
13
espiritual todo para em instantes perceber um encaixe perfeito no
corpo físico, acordando imediatamente em decúbito dorsal (ou de
barriga para cima).
Mas ao contrário do que imaginei a experiência ainda não tinha
finalizado por completo e havia mais uma surpresa reservada a mim: de
alguma forma pude trazer comigo toda aquela mesma grande
sensação de paz interior que sentia instantes antes enquanto estava
projetado, podendo sentir toda aquela energia por várias horas
seguidas durante aquele dia, ficando eu em uma espécie de verdadeiro
estado de êxtase e paz interior que em raríssimas ocasiões pude
experimentar novamente ainda hoje passados treze anos.
Esta vivência fora do corpo foi para mim um divisor de águas,
forte o bastante ao ponto de fazer com que eu perdesse o medo da
morte e das próprias experiências, pois obtive a partir de então a
certeza inabalável de que a vida continua e que há muita coisa boa e
seres queridos do lado de lá a nos esperar e torcer para que o melhor
nos aconteça.
14
Encontros inesperados na projeção astral
Graziela Savy1
Encontro com um amigo falecido
Tive um amigo que era companheiro de teatro há muitos anos e
com o qual desenvolvi uma boa amizade com toda sua família. Um dia,
bem cedo logo pela manhã, recebo um telefonema de sua irmã
dizendo que ele tinha falecido. Não podia acreditar, fiquei sem reação,
pois havia encontrado e conversado com ele há pouco tempo, algo de
uma semana atrás. Ela informou que o velório seria no mesmo dia à
noite. Nessa época (em 2006) estava na Faculdade e não tive
condições psicológicas ou emocionais para ir ao velório dele.
Nessa mesma noite, um pouco antes de dormir comecei a me
concentrar fixamente nele, do jeito que eu o vi pela última vez e
sussurrando fortemente algumas palavras usei o máximo da minha
força interior: “eu sei que você ainda está aqui, posso senti-lo, quero
ver você e me despedir, por favor, venha encontrar comigo agora
nesta noite no meu sonho, eu sei que isso é possível...” Também pedia
a Deus e a todo universo para me ajudar nesse encontro.
Deitei de barriga para cima e procurei relaxar ao máximo,
sempre concentrada em sua face, olhar e sorriso. Sem nada perceber
de repente eu me vejo andando no meio da rua onde, não por mera
coincidência, era próximo ao local onde sua irmã morava.
1 E-mail: [email protected]
15
Sabia que era madrugada e que tinha acabado de dormir. Na
hora pensei “meu Deus! Como vim parar aqui e o que estou fazendo
neste lugar?” Mal terminei a pergunta olhei para o lado e ele aparece
um pouco distante vindo em minha direção e abrindo um largo sorriso.
Assim que eu o vi já me lembrei de tudo. Senti a plena satisfação
daquele momento e de tanta felicidade disse o óbvio naquela hora:
“(citei seu nome) você veio!” Ele me respondeu em seguida: “foi você
que me chamou!”.
Ao nos aproximarmos nossos braços se abriram
simultaneamente explodindo aquele abraço apertado cheio de alegria
como sempre fizemos. Exatamente nesse instante senti uma pontinha
de medo (mas desviei logo o pensamento) porque ao abraçá-lo pude
sentir que era realmente ele que estava ali, pois peguei firme em seus
braços e senti todo o calor da sua pele e do seu corpo.
Então ele me disse: “diga para a minha família que eu estou
bem e não é pra ninguém se preocupar comigo, principalmente para
minha irmã, porque ela está sofrendo muito”, e eu disse que sim. Daí
eu falei pra ele: “eu queria falar tanta coisa para você...”, ele sorriu e
respondeu: “não precisa, eu já sei tudo o que você vai falar”.
Nesse momento senti que escorriam lágrimas em meu rosto, eu
sorri para ele e nossas mãos se separaram, então percebi que ali
terminara nossa despedida e como num passe de mágica nós dois, ao
mesmo tempo, fomos embora e eu simplesmente fui acordando
lentamente e vi que meus olhos realmente estavam cheios de lágrimas
e lembrei-me de tudo perfeitamente.
Uma observação importante: toda a nossa comunicação foi
feita através do pensamento. Quero e vale ressaltar outro detalhe
16
importante nessa experiência: tudo, mas tudo mesmo, as ruas
praticamente desertas, as casas, agências bancárias, o trânsito naquela
hora da madrugada eram bem reais, tudo estava muito nítido.
Encontro com as minhas avós
Depois que as minhas avós materna e paterna desencarnaram
eu as encontrei em noites praticamente seguidas e já depois de algum
tempo após falecerem. Mesmo não tendo ainda o conhecimento
necessário das projeções.
Desta vez a experiência foi involuntária sem sequer pensar nela
ou em sua casa, enfim, em nada que trouxesse sua lembrança.
Recordo-me que eu estava andando pela chácara onde minha avó
paterna morava e para minha surpresa exatamente perto do lago onde
ela gostava e costumava ficar eu a encontrei, mas ela parecia triste,
tinha lágrimas nos olhos, não consegui me aproximar muito dela, mas
claro eu sabia perfeitamente que ela já havia partido há muito tempo e
então falei mais ou menos assim (sempre em pensamento): “vó, você
ainda está aqui?”. Ela me olhou com um olhar extremamente confuso e
assustado, mas ao mesmo tempo parecia ter se conformado com
alguma coisa e disse que estava me procurando e que só eu poderia
ajudá-la.
Continuou a conversa dizendo mais ou menos o seguinte: “vem
comigo (estendendo a mão), não me deixe sozinha, por favor, eu não
sei ir”. Isso me doeu fundo na hora, percebi que ela ainda estava
perdida, sem rumo e também presa na chácara.
17
Respondi: “olha eu não posso ir com você, mas acredite em
mim você vai ficar bem, não se preocupe com nada. Você precisa sair
daqui, tem que seguir o seu caminho, segue sempre a luz” e olhei fixo
pra ela tentando acalmá-la e tentando passar-lhe confiança para que
fosse adiante. Ela segurou na minha mão, como sempre fazia, pediu-me
para eu cuidar do meu pai, disse que estava preocupada com ele e com
a sua saúde. Respondi para ficar tranquila, que ele já estava bem e que
ela não podia mais ficar pensando em nós e em nada porque senão ela
não ia conseguir sair de lá. Então vi que ela tinha ido embora e do nada
foi desaparecendo. Pude sentir naquele momento que o sofrimento
acabara. Voltei lembrando-me de tudo e uma sensação de gratidão, de
dever cumprido.
Já a minha avó materna a encontrei por duas vezes. Na primeira
eu me projetei na casa onde ela morava. Lembro que o lugar estava
muito escuro e sujo. Andando pela casa que parecia não ter fim, de
repente a vejo vindo em minha direção num aspecto completamente
desesperado. Parou bem na minha frente estendendo a mão, pedindo
que eu fosse junto com ela. Disse que eu não podia que tinha que
cumprir minha missão aqui e que ela já tinha partido faz tempo e
precisava sair da casa e seguir o caminho dela.
Naquele instante seus olhos se encheram de lágrimas e ela me
disse que não sabia, não conseguia sair mais de lá e que eu precisava ir
com ela para mostrar o caminho que ela tinha que seguir. Dizia que só
eu poderia ajuda-la e também falou nos seus filhos, perguntou o que ia
acontecer com eles e eu disse que estavam bem e que não era mais
para ela se preocupar e nem pensar neles.
18
Tentei manter a calma e espantar o medo que tentava me
dominar e na hora pedi para Deus ajudar-nos e então falei para ela
seguir a luz, pois esta a guiaria para o caminho certo. Lembro que essa
luz apareceu bem fraquinha e minha avó seguiu em sua direção.
Na segunda vez que a encontrei em uma projeção eu estava na
rua em frente a casa onde ela morava quando a vi novamente me
pedindo ajuda, dizendo que saiu da casa, mas não do lugar. Disse quase
tudo de novo e tentei passar todo o meu sentimento de amor para ela
e disse que agora podia ir em paz, e então ela me agradeceu e foi.
Observação: Nessa mesma casa da minha avó materna, o meu
avô morreu na cama quando eu tinha uns quatro anos e depois por
volta dos meus sete anos comecei a ter projeções, numa noite eu saí da
cama passei pelo quintal e fui até um porão onde ele costumava ficar
trabalhando. Pela clarividência vi que ele ainda estava lá. Pediu-me
ajuda. Perguntei por que ele ainda permanecia naquele local, se ele já
tinha morrido e que não sabia como ajudar, mas ele insistia dizendo
que só eu poderia ajudar ele a sair de lá.
Aventura na escola
Essa foi a experiência mais marcante que aconteceu comigo na
minha infância, entre os meus seis e sete anos, época em que estava no
Pré-Primário.
Minha mãe me levou para a escola normalmente, como fazia
todos os dias. Porém, nesse dia eu não queria ir, pois faltava alguma
atividade que a professora havia pedido e estava com muito medo. Na
19
sala de aula esse medo tão bobo de levar bronca da professora era
grande demais e eu não conseguia manter a atenção e acompanhar as
atividades. Pensamentos começaram a tomar conta de mim, como o
desejo de ficar invisível e fugir de lá e de todo mundo, voar para bem
longe para o céu, onde eu não sentisse medo de nada.
Pedi para a professora para ir ao banheiro e ela deixou. Saindo
da classe não fui ao banheiro e sim direto para a cozinha. Gostava de
conversar com a “Tia da cozinha”. Pensei “quem sabe ela me
protegeria de alguma coisa”, pois minha intenção era me esconder e
sumir, ou seja, ficar invisível. Sabia que nos fundos da cozinha havia um
porão onde eram guardados brinquedos, materiais, entre outros.
Tentava puxar papo e tão rápido ela se distraiu eu corri para aquele
porão e me escondi.
Estava muito escuro lá dentro, mas percebia cada coisa que
havia e me impressionei com esta capacidade. Encostei-me num canto
e comecei a me sentir muito estranha como se estivesse sonolenta e
entrando num sonho, então fechei os olhos e continuei pedindo para
ficar invisível. Nesse instante levantei como se estivesse flutuando, mas
também percebi que ainda continuava ali.
Por um segundo pensei: “será que estou dormindo ou estou
invisível?”. Resolvi, então, sair dali.
Saí do porão, passei pela tia, falei algo, mas ela não me viu, nem
ouviu, fui até o portão de saída, passei por ele, senti que eu estava
livre, mas não tive coragem de ir para a rua e voltei. Passei por mais
outra senhora que cuida da escola e o senhor que cuida da gente na
hora do recreio. Ninguém me via. Fui até um jardim ou horta que havia
na escola, fiquei encantada, nunca tinha sentido isso antes. Resolvi
20
entrar na classe para ver o que a professora estava passando para nós
naquela hora sem que ninguém me visse. Entrei e todos estavam
fazendo atividades em grupo. Tive um impulso e até tentei participar,
mas ninguém me via e nem ouvia. Foi quando de repente a professora
notou minha ausência, perguntou e falou que ia até o banheiro me
procurar. Ela não me achou e começou a perguntar pra todo mundo,
entrou nas outras classes e eu fiquei em desespero não sabia pra onde
eu ia e não queria que me vissem no porão.
Por fim a professora seguiu em direção da cozinha e perguntou
por mim. A funcionária do setor respondeu que eu estivera
conversando com ela há poucos minutos e um segundo em que dera as
costas eu sumi, e que ela pensou que eu tinha voltado para a classe.
Ouvi apenas essa conversa e mais que depressa entrei no porão
e senti como se tivesse levado um tranco bem forte. Quando acordei
percebi que estavam lá perguntando toda hora por que eu tinha feito
aquilo e dizendo que era proibido alguém entrar no porão. Eu só
lembro que eu falava “eu não sei o que aconteceu”.
Um lugar Sombrio
Relato, agora, uma experiência que tive em maio de 2014. Foi
um dia bem cansativo e estressado para mim. Porém, antes de dormir,
estava decidida a uma tentativa de viagem astral.
Deitada de barriga para cima, posição confortável na cama e
bem encaixada, braços ao longo do corpo, tentei exercícios de
respiração, fazer uma energização, instalar o estado vibracional, tudo
21
sem sucesso, pois não conseguia me concentrar e atingir um grau de
relaxamento e equilíbrio.
Permanecia muito densa ainda, mesmo assim eu insisti para sair
do corpo pedindo proteção a Deus e ajuda ao meu mentor e, sem
perceber, adormeci muito rapidamente.
Ainda semiconsciente eu caminhava por um lugar cheio de
lama, com mau cheiro e totalmente sombrio. Logo à minha frente havia
uma espécie de portal, desses que encontramos em quase toda a
entrada de uma cidade do interior.
Ao passar por esse portal senti uma fraqueza enorme, uma
força negativa caindo sobre mim com uma leve sensação de desmaio
na hora. Havia guardas e soldados por todos os lados com fuzis,
canhões e tanques de guerra, enfim um verdadeiro exército. Tudo era
muito real parecia estar entrando numa cidade já bombardeada e
massacrada pelo ódio. Todos me encaravam e apontavam suas armas
em minha direção como se eu fosse uma intrusa ou inimiga no local.
Um pouco mais adiante vi famílias gritando, mulheres batendo
em crianças, jovens, velhos, enfim, todos sujos com roupas rasgadas,
comendo no próprio chão, espancando a si mesmos com pedaços de
pau. Notei deformações em seus rostos e no próprio corpo. De repente
paravam e começavam a trabalhar com alguma coisa e totalmente em
silêncio como se prestassem algum tipo de obediência.
Tentei perguntar a alguém ali que lugar era aquele, mas eles me
olhavam com raiva querendo me atacar, me mandando ir embora e
dizendo que eu ia morrer se não saísse imediatamente. Tentava a todo
22
custo me lembrar de como fui parar naquele lugar, observava tudo
detalhe por detalhe, mas minha consciência continuava fraca.
Comecei a correr deles quando veio um homem aparentando
ser louco ou coisa parecida correndo em minha direção. Ele tinha
mesmo a aparência de ser um pouco desajustado da cabeça,
entretanto começou a me dizer coisas coerentes como “não era para
você estar aqui”, “por que você veio até aqui” e “o que você quer, pois
quem entra aqui nunca mais sai”, “você infringiu a nossa lei e causou
transtorno nas pessoas, este lugar não tem saída e todos aqui querem
te matar”, “aqui não existe consciência e quem não servir e obedecer
ao sistema e ao líder morre e o nosso líder sabe que você está aqui e
vai te matar, não tem como fugir, você não conhece este lugar”.
Continuou: “preciso ir e não posso ficar falando muito com
você, pois eles vão desconfiar... eles acham que sou louco...”. Então
rapidamente eu perguntei que lugar era aquele e por que estava lá,
como chegara àquele local. Ele respondeu e foi embora: “você deve
saber tudo isso senão você não teria vindo até aqui...”.
Logo após dizer isso avistei uma menina linda, completamente
limpa, vestindo roupas brancas da cabeça aos pés. Ela parou e olhou
fixamente para mim por alguns segundos, um olhar que transmitia algo
significativo e entrou num corredor enorme com várias portas. Havia
pessoas deitadas por ali. A linda moça conversava com algumas
pessoas e percebi que poderia estar trabalhando e cuidando de
pacientes, dando assistência.
“Como, uma menina trabalhando naquele lugar sendo tão linda
e perfeita? É injusto, não podem fazer isso...”, pensei. Este
questionamento começou a clarear minha mente e me deixou
23
pensativa. Porém não tive muito tempo para reflexões, pois toda a
cidade veio atrás de mim e tive que correr e correr tentando encontrar
qualquer saída, sem êxito.
Lembro-me de que cheguei num ponto alto e bem deserto de
onde puder avistar, com mais clareza, toda a cidade e, para minha
surpresa, eu verifiquei que não havia nenhuma saída, inclusive o
próprio céu parecia estar emendado ao chão (se é que se pode chamar
aquilo de céu).
Por fim, aqueles soldados conseguiram me capturar. Não
acreditei, pois estava correndo mais do que eles numa velocidade fora
do normal. No entanto eles eram muitos e estavam por toda parte.
Levaram-me diretamente ao tal líder num lugar que poderia ser
como o nosso Tribunal de Justiça, ou melhor, a Sala do Júri. Esta era
enorme e lotada de cadeiras e pessoas (ou espíritos). Colocaram-me
perto de um tipo de altar. Novamente o homem doido apareceu e
sentou ao meu lado e eu lhe perguntei o que iria acontecer comigo.
Expliquei-lhe que gostaria de me dirigir ao líder da cidade. O homem ao
meu lado replicou dizendo que o líder não era de conversa e que eu
seria morta de qualquer jeito diante de todos (ele tinha sempre
respostas curtas). E ainda acrescentou: “só de olhar para você
morre”... Cuidado com o olhar!
Nesse exato momento o líder da turba apareceu. A menina linda
toda de branco também chegou. Ela parou, olhou-me seriamente
parecendo querer dizer algo, mas se afastou conversando com outra
pessoa enquanto abria uma porta e depois fechava.
24
O líder terrível trazia em suas mãos uma lança gigante e
extremamente pontuda em seus dois extremos. Ao olhar para aquela
coisa que mais parecia um animal enorme, horrível, totalmente
deformado, forcei mais meu pensamento e lembranças e aos poucos
fui percebendo que não era uma situação real que vivia, ou seja, que eu
não estava de corpo físico. Percebi que, provavelmente, estava
projetada naquele lugar e que poderia ser até mesmo o umbral, mas
assim que tive esse pensamento o líder parece ter lido minhas ideias e
ficou furioso apontando a lança para mim.
Abaixei o mais rápido que pude e tentei me esconder. O homem
doido perguntou-me meio assustado o que fizera. E eu respondi que
tinha descoberto que lugar era aquele e que estava projetada. Pensei
na minha cama e em voltar imediatamente. “Vou sair daqui agora”,
falei em voz alta. Levantei-me pedindo desculpas por invadir o espaço
deles, que tinha sido sem querer e que isso não ia acontecer mais, que
eu já estava indo embora.
Nesse momento a menina retornou e finalmente veio ao meu
encontro. De maneira singela fez um gesto positivo com a cabeça e
sorriu para mim guiando-me até uma daquelas portas sem falar nada.
No entanto comunicava-se comigo através dos pensamentos: “era isso
que eu estava dizendo para você o tempo todo!”. Então ela abriu a
porta e eu saí.
Lembro-me que assim que passei pela porta e não havia nada
do outro lado que era totalmente branco. Foi como se estivesse sendo
sugada quando acordei, mas sem levar nenhum tranco, nem susto,
lembrando-me de todos os detalhes e, é claro, ainda com um pouco de
medo da terrível experiência naquele lugar do umbral.
25
Somos todos um!
Jair Rangel1
Sempre sonhei que estava voando. Desde minha adolescência
tenho lembranças de volitar em cenários muito bonitos. Havia uma
particularidade que nunca pude me esquecer: geralmente a decolagem
se dava pelo rufar de meus braços à semelhança de um pássaro. Corria,
lançava-me ao espaço sem medo e batia os braços alçando voo.
Primeiro voava baixo, rente ao solo e, depois, iniciava a subida. Para
minha surpresa conseguia vencer a Lei da Gravidade e simplesmente
voar.
Há pouco mais de dois anos iniciei estudos mais aprofundados
na área da projeção consciente – também chamada de projeção astral –
bem como estudos que tratavam da reencarnação, múltiplas vidas.
Conheci, também a Projeciologia, ciência que estuda a projeção da
consciência.
Quando me dei conta de que o mundo extrafísico é muito mais
palpável do que podemos imaginar tive um choque cultural, social,
espiritual. Compreendi que, de fato, a religião, a ciência, a filosofia e
outras formas de conhecimento não dão conta de explicar tais
realidades. Entendi que a descrição de santos, anjos, demônios, céu e
inferno eram meras tentativas de reproduzir o mundo extrafísico, suas
personalidades e geopolítica. Da mesma forma entendo, hoje, que a
1 E-mail: [email protected]
26
explicação materialista apresenta uma limitação importante que é a
admissão de que existem outras dimensões além daquela em que
nascemos, vivemos e morremos.
Uma das primeiras coisas que aprendi foi trabalhar com as
energias. Entendi como funciona o estado vibracional e passei a
executar manobras que visavam ativar os chacras e potencializar
minhas defesas energéticas. Este exercício através do estado
vibracional alavancou projeções lúcidas que começaram a ocorrer de
maneira natural.
A primeira delas foi mais que uma projeção. Foi um marco
delimitador entre o antes e o depois de experimentar as saídas fora do
corpo e o estudo do parapsiquismo.
Entre leões, caminhos e perigos
Minha primeira experiência de uma projeção lúcida ocorreu em
uma noite quente em meu apartamento. Vi-me em um campo aberto
em quase completa escuridão. A fraca luminosidade vinha da lua e mal
dava para enxergar o caminho. De repente dezenas de leões
começaram a transitar em volta de mim. Minha primeira reação foi de
muito medo. No entanto uma voz disse-me para ficar tranquilo que
nada aconteceria.
De fato os leões passavam bem perto e alguns chegaram a
roçar seu pelo em mim. De forma espetacular não sentia medo de ser
atacado apesar de entender, de forma inequívoca, a dimensão do
perigo que me rondava. De novo a mesma voz surge dizendo que eu
não deveria ter medo das consciências que queriam me ferir. “Você se
27
apavora com muita facilidade”, denunciava a voz. “Dê menos valor aos
perigos que te cercam”.
Mal tinha me refeito da assustadora experiência e tentava
assimilar o conteúdo da mensagem me vi trasladado para outro
cenário.
Desta vez estava dentro de um galinheiro onde havia algumas
galinhas deformadas comendo a ração que eu, passivamente, lhes
oferecia. Da mesma forma como ocorrera com os leões a clareza das
imagens e o realismo da visão eram muito perturbadores.
Esta projeção era tão lúcida que podia perceber detalhes do
pequeno galinheiro, a coloração das galinhas e a forma que assumiram
nesta experiência. A mesma voz que se me apresentara anteriormente
disse em alto e bom som: “Pare de alimentar os assediadores com seus
pensamentos negativos e cheios de maus presságios”.
Confesso que senti muita vergonha na hora por conta da
mensagem que me fora um verdadeiro tapa na cara ou, se preferir, um
tapa na minha face extrafísica.
Com a mesma rapidez fui levado para outro local. Quem me
amparava naquela experiência estava mesmo disposto a mostrar a
minha realidade de maneira bastante incisiva. Desta feita estava em
uma estrada escura onde tentava encontrar a saída. Logo percebi que
dava voltas, voltas e mais voltas e acabava no mesmo lugar. Lembrei-
me, na hora, do Mito de Sísifo, personagem da mitologia que fora
condenado eternamente pelos deuses a rolar uma pedra ladeira acima.
Quando chegava ao topo a pedra tornava a descer e Sísifo tinha que
recomeçar tudo mais uma vez.
28
Já cansado de tanto circular sem nenhum propósito ou
resultado surgiu uma consciência feminina que me indicou a direção
pela qual deveria seguir. Com voz calma disse: “Você está vendo o
movimento depois daquela ponte?”. De fato havia uma rua muito
movimentada logo adiante. Fiquei atordoado por não ter reparado
naquela saída que estava a menos de cem metros de onde eu estava.
Sentira-me cego, surdo e desorientado por não ter percebido
indicação de saída tão clara.
A voz continuou: “Muitas vezes as soluções de nossos
problemas estão à nossa frente, mas ficamos tão assoberbados com as
dificuldades cotidianas que nos permitimos andar à esmo”.
Quando retornei da projeção procurei fazer anotações a
respeito das mensagens. Na verdade a experiência foi tão clara, límpida
e objetiva que jamais consegui esquecer suas lições.
Aprendendo sobre sinaléticas parapsíquicas
Em outra ocasião tive uma experiência que foi muito
importante em minha vida porque chamou minha atenção para as
sinaléticas parapsíquicas. Estas são muito relevantes, pois nos ensinam
a identificar, analisar e reconhecer diferentes manifestações
energéticas das consciências desencarnadas (ou encarnadas) que se
aproximam. Serve, igualmente, para estabelecer diferenças e padrões
29
de qualificações de energias provenientes de egrégoras ou
holopenses1.
Na projeção consciente vi-me em uma área aberta com um
parque de diversões bem no centro. Havia tendas, montanha-russa,
shows e tudo o mais que podemos encontrar em parques deste tipo.
Numa tenda em particular havia uma imensa fila para onde
centenas de jovens se deslocavam. Pareciam ter o olhar distante.
Aproximei-me de alguns e comecei a conversar sobre o que estavam
fazendo naquele lugar.
Minha intenção era ajuda-los porque senti, através da intuição,
que a situação era negativa dentro do parque de diversões.
Imediatamente ouvi um som contínuo e bastante agudo em
volume muito alto e senti uma força energética muito forte e negativa
ao meu lado. Através da telepatia aquela consciência, de olhar muito
sinistro e ameaçador, toda vestida de preto, manifestou seu desagrado
quanto à minha interferência entre os jovens.
Não sei explicar muito bem de onde veio a inspiração, mas em
lugar de discutir comecei a executar o estado vibracional como defesa
e disse à consciência: “Boa noite, senhor. Em que posso ajudá-lo?”. Fiz
com que entendesse que de certa maneira ele também estava
invadindo minha área de manifestação. Minha pergunta carregava,
também, minha intenção sincera de dar assistência e que havia
compaixão em meu coração.
1 Egrégoras são o clima ou ambiente gerado por um grupo através de suas intenções ou pensamentos. Holopense é um neologismo da Conscienciologia que representa o acróstico de pensamento+energia+emoções+todo.
30
Para minha perplexidade a emanação de energias negativas
daquele ser foram diminuindo junto com a percepção sinalética do sinal
de alarme. Enquanto isto comunicava-me, por pensamento, deixando
claro que estava querendo ajuda-lo, a ele e às demais consciências
daquele local. Expliquei que eu não sentia medo de nada, mas que
respeitava a situação dele.
Infelizmente acordei ainda com a sensação pesada das energias
daquela consciência. Continuei efetuando manobras energéticas para
me recompor. Aprendi neste episódio, além de reconhecer melhor os
sinais de advertência e de mapeamento das energias, a importância de
melhorar as técnicas de abordagens junto aos desencarnados ou
encarnados projetados.
Acredito, até, que esta mesma consciência me fez uma “visita”
rápida numa noite tempos depois porque consegui qualificar sua
energia e reconhecer sua identidade. Novamente fiz o mesmo
procedimento de abordagem e coloquei-me à disposição para ajuda-lo
uma vez que não senti ódio nem intenção de realizar o mal. No entanto
suas energias são muito negativas.
Nossos amparadores extrafísicos nos levam a vivenciar coisas
que poderão nos ajudar bastante em outras situações. É de suma
importância estar aberto a aprender, com seriedade e respeito, os
procedimentos parapsíquicos em situações limites.
Decolagens no extrafísico
Acordei no meio da noite e senti uns estalos no meu ouvido.
Uma espécie de portal em espiral se abriu sobre minha cabeça.
31
Comecei a flutuar sobre meu corpo, mas sentia uma retração. Sempre
consciente sinalizei para que meu corpo se desprendesse. Nunca tinha
sentido aquilo antes e confesso que a sensação, além de ser única, foi
marcante, esclarecedora de nossa condição aqui neste mundo. Quando
você experimenta, de modo lúcido, uma decolagem na saída do corpo,
toda sua perspectiva a respeito do mundo espiritual e do extrafísico
passa por uma reviravolta definitiva que afetará o seu modo de pensar
na vida.
Sempre admirei as pessoas que declaram ter tido alguma
experiência mística. Eu mesmo, na adolescência, senti coisas
interessantes quando frequentava uma igreja evangélica.
Mas nada, absolutamente nada, pode ser comparável à
sensação de decolagem na projeção consciente.
Abri os olhos e vi que retornara da experiência extrafísica.
Fechei os olhos em busca de nova projeção que ocorreu
instantaneamente. Flutuei sobre o quarto e senti meu corpo astral
girar, na horizontal, sobre meu corpo físico em repouso.
Daí aterrissei. Fiquei de pé e olhei para o lado quando vi na
cama meu próprio corpo adormecido ao lado de minha esposa que
também dormia. Enquanto isto o cenário do quarto se alternava com
cenas de outro local para mim desconhecido semelhante a um castelo.
Nele havia uma mulher fiando e tecendo que me olhou atentamente
logo que percebeu minha presença.
Lembrei-me que tinha lido que na projeção era possível
experimentarmos dimensões simultâneas em um mesmo lugar. Meu
32
quarto estava diferente por conta, quem sabe, de uma retro cognição1.
Novamente a vivacidade das cenas e o realismo da experiência muito
me impressionaram. Sentia-me como se estivesse acordado, na vigília
normal.
Certa feita acordei no meio da noite. Senti um tranco e
desencaixei-me do corpo. Uma voz feminina disse que iria me auxiliar.
Comecei a volitar com dificuldades. Senti meu batimento cardíaco
acelerado. Pratiquei alguns exercícios de respiração para desacelerar.
Acordei. Fechei novamente os olhos e novo desencaixe. Tentei volitar
para fora do ambiente, mas não consegui. Depois experimentei andar
pelo local extrafísico muito apertado e pobre. Uma mulher me sinalizou
para sentar e conversar. Disse que me explicaria o que estava
acontecendo. No entanto, retornei ao corpo sem nada me lembrar.
Algum tempo depois, durante o dia, li algumas páginas do livro
de Waldo Vieira, Projectiology2, que havia comprado na véspera. O livro
é enorme, mas fui direto para as partes que tratavam das técnicas
projetivas.
Enquanto lia mentalizei pedindo ajuda aos amparadores para
efetuar projeção lúcida à noite. Fui atendido. No meio da madrugada
fui acordado por um sinal intermitente. Era um ruído peculiar. Quando
me dei conta havia um rosto com olhos e boca desenhados que pairava
como um balão no meu quarto. Não me transmitiu nada de ruim nem
provocou medo. O ruído mudou de frequência e sofri uma decolagem
do psicossoma. Fiz uma evolução sobre minha cama como num spin.
1 Rememoração rara, espontânea ou auxiliada por consciências extrafísicas, de flashes a respeito de vidas passadas.2 VIEIRA, Waldo. Projectiology: A panorama of experiences of the consciousness outside the human body. Rio de Janeiro: IIPC, 2002.
33
Procurei manter-me calmo para não ser puxado de volta para o corpo.
Tentei, sem sucesso, atravessar a parede para volitar em outros
ambientes, mas fui tracionado para o corpo. Abri os olhos. Fechei de
novo e sai do corpo novamente. Desta vez foi mais rápido e retornei
em seguida.
Creio que determinadas projeções lúcidas servem para que nos
ambientemos com as manobras e experimentemos determinadas
situações até que possamos evoluir no processo.
Em outra noite fui dormir pensativo com o que tinha lido a
respeito da fraternidade universal e suas implicações no processo
evolutivo de todas as consciências. A visão de que estamos vinculados
e conectados uns aos outros de alguma maneira sempre me chamou a
atenção.
Mais tarde acordei “decolando” de minha cama. Novamente
ouvi um som estridente e acima de minha cabeça havia um redemoinho
de nuvens que se abriam como se fossem um portal multidimensional.
Quando me dei conta fui puxado pelo portal e me vi levitando sobre
uma paisagem de montanhas muito bonita.
As imagens eram muito realistas, coloridas e em “alta
definição”. Conseguia ver a luz cintilante do sol, a paisagem com
montanhas, árvores grandes e frondosas.
Ainda volitando comecei a descer por uma cachoeira
acompanhando o fluxo natural da água, mas sem tocar em nada. Vale a
pena registrar que apesar da queda não tive sensação de perda de
peso nem o frio na barriga característicos da força gravitacional.
34
Com a queda o cenário mudou completamente passando do dia
ensolarado e brilhante para uma noite muito escura. Voava em uma
velocidade muito alta que mal permitia que eu visse as cidades e
cenários logo abaixo de mim. Vilas, campos e prédios eram
sobrevoados muito rapidamente e, de maneira curiosa, não sentia o
vento em meu rosto.
Neste momento, enquanto desfrutava a intensa liberdade da
volitação e ainda eufórico com a experiência, ouvi uma voz masculina
em tom firme e vibrante dizer: “Somos todos um”.
A frase produziu forte impacto em mim e pude compreender,
instantaneamente, as consequências, as intenções e o significado da
frase. Creio que experimentei a transferência do significado em rapidez
e quantidade que não me deixaram dúvidas sobre o que se pretendia
transmitir.
Tão rápido como um piscar de olhos compreendi a maravilha da
megafraternidade, do universalismo, de quão pobres são as ideias de
supremacia religiosa e política. Senti, também, a necessidade de
considerarmos todos os seres viventes como parte de um todo em
conexão.
Após voltar para o corpo abri os olhos e procurei me refazer da
intensidade da experiência que me deixou pensativo por vários dias.
Reconciliações mediadas por amparadores
Após um dia normal de trabalho dormi e logo tive uma projeção
em que percorria uma região no extrafísico devastada e cujos
35
caminhos estavam repletos de lama, o que me dificultava em muito a
locomoção.
Cheguei a uma área repleta de corpos soterrados na lama. A
visão me causava espanto e uma sensação muito negativa. Em uma
poça mais rasa visualizei submersa uma espécie de boneco ou criança
com feições horríveis. Pensando poder socorrer aquele ser nauseante
retirei-o debaixo da água e pensei no que fazer com o mesmo.
Daí a projeção se encerrou. Abri meus olhos e pensei nas cenas
que testemunhara e lamentei, entre lágrimas, a angustiante projeção e
dirigi meus pensamentos aos amparadores e aos espíritos amigos
numa reclamação íntima pelo fato de tanto me esforçar em melhorar
meus pensamentos e atitudes e, no fim das contas, percorrer regiões
tão assoladas no extrafísico.
No dia seguinte fui ao sindicato dos professores na tentativa de
obter uma bolsa de estudos para meu filho mais velho. Sentado na
ampla sala de espera passou por mim uma colega que não via já há
algum tempo. Ela me prejudicara bastante em uma faculdade em que
trabalhei há alguns anos. Acusou-me de assédio sexual por conta da
demissão a que fora submetida pela diretoria da Faculdade. Tenho a
impressão de que esta era uma estratégia de seu advogado para tentar
obter uma indenização maior na hora do acerto da demissão.
Foi uma época de grande tormento e indignação para mim.
Nunca pude entender tal comportamento a não ser no intuito de obter
lucro indevidamente.
No entanto, apesar do sentimento inicial, dirigi minhas energias
e abençoei a ela e seus filhos.
36
Ela foi atendida pelo pessoal do sindicato e quando percorreu o
vasto salão rumo à porta de saída esbocei um cumprimento. Para
minha surpresa parou e me cumprimentou. Levantei-me e a
acompanhei até a saída. Como se nada tivesse acontecido passou a
relatar suas últimas notícias, perguntou pelos meus filhos e senti-me
muito bem diante de tal reação inesperada. Despedi-me dela e saí
bastante feliz pelo “milagre” que testemunhara porquanto a mesma
sempre me evitara quando nos encontrávamos no sindicato.
Lembrei-me, então, da projeção. Senti uma comunicação dos
amparadores dizendo que o horrível boneco que eu retirara da lama na
projeção era justamente o resgate daquela situação. Entendo que na
projeção o uso de imagens representativas tais como a lama e o
boneco sujo foram plasmadas para auxiliar no meu entendimento de
que haveria uma chance de se melhorar uma situação de conflito. A
reconciliação, o perdão e a pacificação são uma benção em nossa
jornada evolutiva assim como as desavenças, o ódio e a guerra são um
atraso para todo evoluciente.
As chances de mudança sempre surgem em nossas vidas de
diferentes formas e caminhos. Nem sempre reconhecemos estas
chances. Porém, temos a faculdade de escolher entre o certo e o
errado, entre perdoar e odiar, entre a estagnação ou seguir adiante.
De forma semelhante tive outra experiência de reconciliação no
extrafísico. Nem sempre sabemos as razões pelas quais amparadores
ou consciências extrafísicas patrocinam acertos e reconciliações entre
vivos e mortos. Muitas vezes uma das partes necessita, com urgência,
de perdão do outro. Não importa quando ou como as desavenças
37
ocorreram. O que importa é que a reconciliação entre as consciências é
parte importante de nossa evolução.
Há mais de dez anos uma pessoa tinha me prejudicado muito e
nunca conseguira perdoar tudo o que aconteceu. O ódio se assemelha
às brasas na fogueira que se inflamam a cada sopro de lembrança
negativa que temos.
Desta forma numa noite uma consciência que não consegui
identificar trouxe a pessoa alvo de meu desafeto. Disse-me ser
necessária uma reconciliação porque ela necessitava desta liberação.
Explicou, pela telepatia, que o fato de, vez por outra, rememorar as
situações de conflitos, trazia consequências no campo energético de
ambos.
A pessoa permaneceu calada aguardando o desenlace da
situação. Fiz uma promessa de não mais pensar mal a respeito daquela
pessoa e o fiz com sinceridade. Pude perceber na hora que todos nós
cometemos erros, ofendemos e prejudicamos aos que nos rodeiam e
que o acerto de contas e o perdão sincero são as únicas formas de
transformar o ódio em fraternidade.
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Uma boa ajuda no astral
Júlio Sacrassenda1
Encontro com a amparadora2
Acordei em minha cama sentindo um suave estado
vibracional. Já consciente e tomando todo o cuidado para não
mexer com o corpo físico, comecei a sentir a presença de mais
alguém no meu quarto, além de mim e do colega que dividia o
quarto comigo.
Não me parecia coisa muito boa e por via das dúvidas pensei
em tomar alguma medida preventiva. Não sei bem porque mas
comecei a rezar o Pai Nosso, só que rápida e mecanicamente, como
um papagaio ligado em 220. Resultado: a figura continuava lá do
mesmo jeitinho (eu não via, mas continuava sentindo). E eu, sair do
corpo mesmo que é bom, nada!
Pensei então em entoar como mantra o nome JESUS CRISTO,
mas, na hora “h”, também não sei o porquê, resolvi,
brilhantemente, substituir por aquela música do Roberto Carlos que
fala "Jesus Cristo, Jesus Cristo, Jesus Cristo, eu estou aqui!" (rs)
1 [email protected] 2 Madrugada de 05/04/2004.
39
Enquanto eu desafinado cantava mentalmente a música,
pude ouvir perfeitamente a voz masculina e debochada da figura,
repetindo na mesma melodia: "E eu também estou aqui!"
Ai, meu Deus, que mico!!! Nem sei como estou contando isso
aqui! (rs)
E não sei o que foi maior: o susto ou a situação cômica. O
fato é que perdi completamente a concentração e abri os olhos do
corpo físico. O quarto estava escuro e embora eu não pudesse mais
sentir a presença do sujeito, algo me dizia que ele ainda estava lá,
rindo da minha cara.
Recomecei pacientemente a concentração, pois, apesar do
susto, o corpo ainda estava bastante relaxado. E, enquanto me
concentrava, pensei: "Esse cara querendo ou não vou sair de
qualquer jeito! Não tenho medo dele!”.
Bem, afora a coragem que, com o devido bom senso, é uma
disposição sempre bem-vinda, havia em mim também uma certa
animosidade que não é bem o melhor estado de espírito para se
começar uma projeção. Talvez isso explique, em parte, o lugar onde
fui parar em seguida.
Quando o estado vibracional recomeçou a se instalar entoei
mentalmente o mantra JESUS CRISTO (agora sim!). E o legal foi
observar os efeitos que o mantra causava no padrão das vibrações.
O negócio era até divertido! Curiosamente, à medida que eu ia
testando variações de acento e extensão em cada sílaba, os efeitos
40
mostravam nuances diferentes. Optei então por me concentrar
apenas na repetição entoada da palavra CRISTO (a essa altura, já
completamente esquecido do suposto assediador de minutos atrás,
do qual, aliás, já não percebia nenhum sinal).
Não demorou muito e eu me senti finalmente descolar do
físico com naturalidade, sentando-me na cama com o corpo astral.
Estava tudo escuro, eu não via um palmo à minha frente. Pensei de
duas uma: ou eu não estou vendo nada por estar dentro da área de
atuação do cordão de prata (o que às vezes pode acontecer) ou
(mais provavelmente) por estar me condicionando
subconscientemente pela escuridão das pálpebras fechadas do
corpo físico. Por via das dúvidas, resolvi me levantar e me afastar o
mais rápido possível do físico.
Flutuei no ar, perfeitamente consciente, e, mesmo sem
enxergar nada, calculei mais ou menos a direção para atravessar a
parede e rumei rapidamente para fora do quarto.
À medida que me deslocava no ar, embora já sentisse a
diferença de atmosfera do ambiente exterior, continuava sem
enxergar nada. Levei a mão ao rosto e pude sentir que as pálpebras
de meus para-olhos estavam cerradas (ainda devido, certamente, à
autossugestão subconsciente).
Lembrei-me de certa vez, numa outra projeção, quando, na
mesma situação, resolvi tentar abrir os para-olhos com as para-mãos
pra ver se conseguia enxergar o ambiente astral - resultado: acabei
abrindo os olhos físicos e perdi a projeção.
41
Dessa vez, lembrando-me que o que determina a faculdade
da visão no astral é o chacra frontal e não os para-olhos, resolvi
tentar outra saída: Comecei a entoar o mantra OM1 no frontal,
enquanto continuava a me deslocar no escuro. Deu certo. Pouco a
pouco a visão foi se abrindo mais e mais, até eu perceber, embora
sem muita clareza, o lugar onde estava.
O ambiente ainda era meio escuro. Os meus movimentos
estavam lentos e difíceis, como em câmara lenta. Olhei em torno e
pude ver o suficiente para perceber que flutuava acima de uma
espécie de grande estádio ou algo assim, onde uma enorme
multidão se reunia lá em baixo para assistir ao que parecia ser uma
festa rave ou um mega show de rock.
Mais à frente, à minha esquerda, um gigantesco telão (ou
coisa parecida) mostrava as imagens da banda. Não sei quem eram.
Estranhamente, eu não ouvia a música, apenas sentia a sua energia.
Era uma sensação desagradável, densa. Sob o impacto daquela
energia, suponho, a realidade parecia oscilar, instável, como se
estivesse sob luz estroboscópica.
Resolvi me afastar dali. Todavia, por mais que tentasse
imprimir velocidade ao deslocamento, era como se eu estivesse me
arrastando no ar, com grande dificuldade de ganhar altitude.
Eu sabia que, se me concentrasse em voltar para o corpo
físico, estaria de volta em poucos instantes. Mas eu não queria
1 Oh mani padme hum, mantra budista.
42
terminar a projeção dessa forma. Voltar pro corpo assim, só em
último caso, de preferência.
E já parecia que eu estava chegando a esse último caso,
quando, de repente, comecei a sentir-me deslocando para trás e
para o alto em velocidade crescente. À medida que me distanciava
do local pude ter uma visão aérea mais panorâmica da imensa
multidão que acompanhava o "espetáculo".
Percebi, enquanto me movia que não era eu que estava
comandando meu deslocamento. Quando olhei para a minha
esquerda, pude perceber a imagem tênue de uma pessoa de roupa
branca me sustentando pelo braço esquerdo. Parecia meio diáfana,
transparente. Pensei em tocar-lhe a roupa para testar a concretude
daquela visão, e, quando o fiz, ela se tornou perfeitamente nítida à
minha percepção.
Eu estava sendo levado pelos ares por uma sorridente
senhora de cabelos curtos e brancos (aquele tom de branco de
cabelos que foram louros na juventude). Com a cara mais simpática
desse mundo e do outro, ela virou-se para mim, como que surpresa
de eu a estar percebendo e, com um sorriso lindo, desse tamanho,
me perguntou como é que eu tinha ido parar ali?
Eu perguntei se não tinha sido ela que me levara até lá. Ela
sorriu mais ainda e disse que teve que pedir desculpas lá onde
estava para interromper o que estava fazendo e vir me ajudar. Pelo
que pude entender, ela estava fazendo alguma coisa em outro lugar
quando sentiu que eu estava em apuros.
43
Enquanto eu olhava para aquele rosto de simpatia radiante
eu simplesmente soube, sem nenhuma dúvida, que já conhecia
aquela senhora. Soube que somos amigos queridos de muito, muito
tempo...
Lembrei-me inclusive, instantaneamente, de ter estado com
ela em pelo menos duas projeções, uma mais recente e outra mais
antiga. Era ela mesma, aquela senhora de contentamento carinhoso
e contagiante que me levou certa vez a uma espécie de parque onde
se reuniam diversas pessoas que estavam prestes a reencarnar. Era
a mesma senhora que eu abracei chorando noutra vez, quando, ao
encontrá-la, fui assaltado por uma saudade profunda e indefinível e
acordei de olhos molhados sem entender nada. Era ela, ela mesma!
Enquanto isso percebi, no silêncio da madrugada, que
baixávamos até a varanda de uma casa simples e adormecida, como
se a senhora quisesse conversar comigo antes de me devolver ao
físico. Ou será que havia algo a ser feito por ali?
Emocionado com aquelas súbitas lembranças, com a
tremenda lucidez em que me encontrava e com o carinho
espontâneo e comovente que ela demonstrava por mim, perguntei-
lhe qual era o seu nome. E, embora eu não tivesse reparado, até
então, se havia articulação labial em nossa comunicação, pude ouvir
perfeitamente o timbre nítido e agradável de sua voz me dizendo
sorridente: Meu nome é Shirley.
Eu sorri encantado, envolvido por aquele seu jeito
descontraído, que pareceria quase adolescente se também não
44
impressionasse o seu ar de segurança e dignidade simples, embora
bem-humorada. Fiquei olhando pra ela ali, me tratando com a maior
naturalidade, como se nos encontrássemos todo dia... Aquele seu
jeito de transbordante jovialidade e energia, apesar de seus cabelos
brancos.... Pareceu-me a pessoa mais de bem com a vida que eu já
vi!
Era tanta emoção que eu a abracei e beijei-lhe o rosto,
pensando: Ai, meu Deus, tenho que me controlar pra não voltar pro
corpo. Não posso voltar pro corpo agora... Não posso voltar pro
corpo... Não posso voltar... E, no instante seguinte, para minha
frustração... Adivinhem: lá estava eu, de volta ao corpo...
Abri os olhos instintivamente. O quarto ainda escuro, o rádio
relógio marcava 4h29. Meu colega de quarto ressonava na outra
cama.
Eu estava emocionado demais pra conseguir me relaxar e
tentar voltar até ela. Bem que tentei, mas não consegui. Fiquei ali no
escuro passando e repassando a experiência toda diversas vezes pra
não me esquecer de nada, embora soubesse que o melhor mesmo
era levantar e tomar algumas notas, por garantia.
Mas acabei ficando na cama pensando em quantas vezes
aquela senhora estivera ao meu lado nas mais variadas situações, no
físico e no extrafísico. Quantas mancadas minhas ela deve ter
testemunhado e, mesmo assim, não havia a mais leve sombra de
censura em seu olhar, pelo contrário, seu jeito comigo for à de uma
45
generosidade desconcertante, como se eu fosse a mais digna das
pessoas. E eu sabendo que não merecia aquilo tudo...
De repente pensei que ela talvez ainda estivesse por ali me
observando… Meio constrangido, eu disse mentalmente que eu
gostava muito dela e que sabia que ela gostava muito de mim
também, e que eu ia tentar... Ia tentar realmente não decepcioná-la
muito.
Ainda fiquei longamente ali na cama, de olhos abertos na
penumbra do quarto, relembrando o rosto, a voz, o nome dela... Até
adormecer novamente, sentindo o coração pulsando agradecido
como um menino que tivesse recebido um presente.
Sorvete no astral
Quando ficam sabendo que de vez em quando eu dou umas
voltinhas no astral, algumas pessoas me perguntam, entre outras
coisas, se existe comida do lado de lá. E eu costumo responder
dizendo que, se elas estiverem com medo de morrer e passar fome,
podem morrer tranquilas que, do lado de lá, de fome elas não
morrem. Pois, existe, sim, comida no outro mundo. E existe também
a fome, o que, para um bom garfo e um bom entendedor é talvez
melhor ainda, afinal, de que serviria um banquete sem a fome? Além
do que, dentre nós, onde está aquele realmente disposto a
abandonar o desejo, cuspindo fora a fome ancestral?...
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De fato, para sorte ou azar dos convidados, embora a fome
do corpo morra junto com o corpo, há uma fome da alma que é a
alma da fome e que sobrevive junto com a alma. Eu quase ousaria
dizer, inclusive, que essa fome que mora na alma é, na verdade, a
própria e verdadeira alma. Mas isso, para o paladar de alguns, fugiria
um pouco ao nosso tema e já daria um sabor exótico demais ao
nosso prato textual de hoje. Fica, pois, para o cardápio de outro dia.
A questão aqui é apenas arroz com feijão, ou seja: existe, sim,
comida no astral, mas saboreá-la não é lá tão fácil como se possa
imaginar. Ou melhor, é exatamente como se possa imaginar, pois
depende, basicamente, da capacidade de ideoplastia ou criação
mental do freguês. Noutras palavras, a coisa continua dando água
na boca mas não vem assim tão mastigadinha.
Lembro-me que certa vez, há muitos anos, resolvi testar esse
negócio de ideoplastia no plano extrafísico. Vamos ver se o astral é
mesmo a terra do pensa–acontece, pensei comigo. Eu já tinha
observado o fenômeno da produção involuntária e espontânea de
imagens e mesmo de formas “concretas” no astral se misturando
com a realidade do "ambiente astral propriamente dito", mas ainda
não tinha tentado fazer isso deliberada e atentamente.
Pois lá estava eu, um belo dia, projetado no astral, com boa
lucidez, já sentindo o impulso de sair voando por aqueles rincões do
além, audaciosamente indo, feito um Gasparzinho feliz e
irresponsável, quando tive um breve momento de sobriedade e me
lembrei de testar a tal plasmagem na matéria extrafísica.
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Concentrei-me, pensando: -- Vou fazer aparecer aqui na
minha mão um sorvete. Um sorvete... de morango - decidi. E para a
satisfação embevecida de minha súbita disposição científico-
experimental, não é que o sorvete foi mesmo aparecendo ali na
minha mão, rapidinho e com a maior naturalidade, como num filme
de Harry Potter? A casquinha em cone na minha mão entrefechada,
a grande bolota de sorvete em cima, até escorrendo um pouquinho
pelos lados - um convite irresistível à uma lambida bem gostosa.
Não pensei duas vezes, tasquei-lhe uma bocada caprichada...
E, para minha profunda decepção, o meu adorável sorvete, minha
primeira obra prima de ideoplastia extrafísica, tinha gosto de...
papelão! Pois é, papelão... Foi decepção suficiente para me puxar de
volta ao corpo físico.
Já ali na cama, depois de matutar um pouco sobre o porquê
daquilo, acabei me lembrando de uma época de minha infância,
quando meu pai tinha uma mercearia. Na mercearia tinha um frízer
de sorvetes, ao lado do frízer tinha uma caixeta de papelão onde
ficavam as casquinhas para os sorvetes. Quando meu pai dava uma
bobeada eu e meus irmãos arranjávamos um jeitinho de descolar um
sorvete de casquinha, ou, pelo menos, só a casquinha, se a maré não
estivesse pra sorvete...
Lembrando-me daqueles tempos de pequeno delinquente
doméstico foi que comecei a compreender que, em minha mente,
desde então, a ideia de sorvete passara, de alguma forma, a estar
ligada à ideia de casquinha, e a ideia de casquinha à ideia de
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papelão. Compreendi uma coisa que nunca sequer chegara a
formular conscientemente para mim mesmo: que o gosto da
casquinha, talvez pela textura ou pela cor, ou simplesmente por
aquelas casquinhas ficarem na caixeta de papelão, o gosto da
casquinha, compreendi, sempre me sugerira o gosto do papelão.
Não que eu já tivesse provado o papelão, e não que eu já não
tivesse provado coisa pior – como formiga, por exemplo -, mas
parece que daquele cheiro seco de papelão da caixa das casquinhas
misturado ao cheiro frio de sorvete que emanava da proximidade do
frízer, de tudo isso mais a estupenda e vertiginosamente
instantânea faculdade criadora da mente, que nos permite cavar
umbrais e erguer paraísos, gerar átomos e sustentar universos, de
tudo isso somado, décadas depois, resultara que meu sorvete astral
tinha gosto de papelão.
Foi daí que eu comecei a entender porque é que as almas
penadas tinham cara de quem comeu e não gostou. Pelo que bem
parece no astral todos os nossos conteúdos mentais, dos mais
conscientes aos mais longinquamente esquecidos no fundo escuro
do inconsciente, todos esses conteúdos tendem a participar, em
maior ou menor grau, do processo de configuração de nossas
criações mentais, deliberadas ou não, a depender do grau de nossa
lucidez e de um complexo mecanismo de associações instantâneas
do inconsciente.
Ou seja, quanto mais “lixo” tiver no nosso inconsciente, mais
tendem a azedar as nossas criações atuais. Acho, inclusive, que isso
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serve tanto para o plano físico quanto para o extrafísico: toda vez
que nosso consciente cria um sorvete o inconsciente aproveita pra
tirar uma casquinha…
Cordão de prata
Algumas vezes quando me encontro suficientemente lúcido
fora do corpo, ponho a para-mão na para-nuca para tentar sentir
aquilo que pela maioria dos pesquisadores é chamado de cordão de
prata. É uma das experiências mais fáceis, simples e interessantes
para o projetor iniciante. Sentir aquela estrutura de vários
filamentos se esticando a partir de diversos pontos em torno à nuca
e se estendendo para trás, unindo-se num único “cordão”.
Observá-lo atentamente é mesmo fascinante. Quando me
viro para dar uma olhada nele ou o puxo até a frente de meus para-
olhos, o que vejo é algo que, à distância de alguns palmos, parece
um cordão luminoso mesmo, de um branquinho clarinho
ligeiramente azulado e meio fluorescente, perfeitamente tocável e
"concreto". Mas quando chego bem pertinho para ver melhor,
percebo que se trata na verdade de uma espécie de feixe de
"campos de força em forma de fios transparentes", digamos. E,
dentro de cada "fio de força", podem ser vistas inúmeras partículas
luminosas movendo-se continuamente.
Ou seja, não há nenhum cordão propriamente dito. O que há
é o fluxo incessante daqueles pontinhos de luz formando os
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filamentos energéticos entre o corpo físico e o corpo astral. Visto de
longe esse movimento das partículas irradiando sua luz tênue dá a
impressão de um cordão inteiriço e luminoso.
Recentemente pude observar outros detalhes muito
interessantes do cordão de prata durante uma série de seis
projeções consecutivas na mesma noite (!!!), o que não é muito
comum no meu caso. Cada saída foi mais breve e mais lúcida do que
a minha média. Suspeito que foi uma experiência assistida. E, a cada
saída, o tema de observação que se impunha era, de novo, o cordão
de prata.
Lembro-me perfeitamente, inclusive, de ficar voando meio de
costas só para ver o comportamento do tal cordão. E ele lá, não
tensionado, mas sim meio que fazendo um pouco de barriga, como
um cordão de pipa, e balançando ligeiramente durante meu
movimento. Foi muito interessante ver como ele realmente
atravessava árvores, casas e tudo mais sem se embaraçar. Quanto
ao seu maior ou menor tensionamento, conjecturo que esteja ligado
à maior ou menor distância a que o corpo astral esteja do corpo
físico num dado momento. De outras vezes já o observei bastante
tensionado e quase tão fininho quanto uma teia de aranha, difícil até
de enxergar de imediato.
É claro que o simples fato de eu o ter percebido com tais
características por diversas vezes não garante que tais percepções
sejam rigorosamente exatas. Minha projetabilidade e lucidez ainda é
muito instável e limitada. Parece-me interessante refletirmos sobre
51
até que ponto e de que forma expectativas positivas ou negativas,
bem como um maior ou menor grau de condicionamento,
consciente e inconsciente, podem interferir na percepção mais
“limpa” ou menos “limpa” do cordão de prata e de sua estrutura e
natureza funcional, tal como, de resto, é possível acontecer
interferências deformadoras também na percepção de qualquer
outra coisa no astral.
Em minha opinião, a investigação direta, lúcida e criteriosa de
aspectos mais básicos do fenômeno projetivo, como o
funcionamento do cordão de prata ou dos chacras, por exemplo,
são, por si só, um amplo e fascinante campo de pesquisa.
52
Alguns experimentos de projeção e meu encontro
com um ex-Beatle
Luiz Roberto Mattos1
Projetado e percebido por um encarnado
Alguns dias atrás, no mês de janeiro, estava projetado na
garagem de um edifício, não sei onde, nem por quê. Não me
lembro da hora em que deixei o corpo físico na cama. Minha
lembrança começa já na garagem do edifício.
Estava completamente lúcido tendo pleno domínio dos
meus movimentos e de meus pensamentos. Flutuava alguns
centímetros acima do solo. Não pisava no chão. E me deslocava
lentamente, sem pressa. Lembrei-me do grupo de uma
comunidade de projeção astral da qual participo no Orkut e
resolvi fazer experimentos para relatar ao pessoal.
Produzi experiências que não fazia há muito tempo.
Coisas simples, mas achei que o pessoal gostaria de saber.
Aproximei-me, flutuando, de uma parede da garagem e a
atravessei bem devagar. Nada senti. Repeti o movimento.
Atravessei de novo, e de novo, de um lado para o outro da
parede e não senti nenhuma resistência ao atravessá-la.
1 E-mail: [email protected]
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Depois, vi um homem dentro da garagem e resolvi me
aproximar dele. Era um homem aparentando entre 30 e 40 anos
de idade, moreno, cabelos curtos. Cheguei perto lentamente,
sempre flutuando, sem tocar o chão. Parei em frente a ele, olhei
em seus olhos e o atravessei.
Dei meia-volta alguns metros atrás dele, atravessei-o pelas
costas e então parei na sua frente e olhei bem nos seus olhos,
podendo ver a cor deles, que eram castanhos, mais ou menos
claros, e ele não demonstrava ter me visto ou sentido.
Elevei minha mão direita na direção de seus olhos e
acenei, de um lado para outro, dizendo “Você está me vendo?”.
Mas ele não esboçava nenhuma reação. Não me viu, nem me
sentiu.
Então novamente atravessei o homem, pela frente e em
seguida fiz a volta e atravessei pelas costas mais uma vez. Parei e
tornei a perguntar, frente a ele, bem perto de seu rosto: “Você
está me vendo?”.
Nada. Ele não me sentia.
Na terceira vez em que repeti todo o processo, acenando
diante dos seus olhos, bem de perto e falando, atravessei pela
frente e depois pelas costas. Parei na frente dele e tornei a
repetir a mesma pergunta: “Você está me vendo?”.
Dessa vez ele sorriu parado no meio da garagem e não
havia mais ninguém ali para quem ele pudesse estar sorrindo. Ele
estava parado há algum tempo antes de sorrir como se estivesse
percebendo ou sentido algo, mas sem saber o que era. Dessa vez,
54
entretanto, tenho certeza de que ele me sentiu. Quem sabe ouviu
minha voz ou captou meu pensamento. Entretanto ele não me
viu, o que tenho certeza pelo seu olhar. Ele não me olhava nos
olhos. Apenas olhava para frente, mas sem um alvo definido,
sorria parado, o que me deu a certeza de que ele me percebeu de
alguma forma.
Isso mostra como nós, encarnados, estando projetados,
estando fora do corpo físico, podemos nos fazer sentir, ou até
mesmo sermos vistos, em alguns casos, por outros encarnados.
Podemos influenciar um encarnado, de modo muito semelhante
a como um desencarnado faz com os encarnados,
energeticamente e pelo pensamento.
Nessa experiência tentei sentir a parede de tijolos,
atravessando-a várias vezes, mas não senti nada.
Não senti o corpo físico do homem que eu atravessei
várias vezes, mas ele de alguma forma me percebeu, seja como
uma influência apenas energética, seja em pensamento, não sei
ao certo. Mas que ele me percebeu, sentiu a minha presença,
disso não tenho dúvida.
Se isso pode acontecer então muitos encarnados podem
perceber de alguma forma os desencarnados e também os
encarnados projetados, fora do corpo, como eu estava.
O engraçado é que eu, estando fora do corpo e
totalmente consciente do que estava fazendo, quis realizar essa
experimentação para relatar ao pessoal da comunidade de
estudos de projeção astral do Orkut.
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Após esses experimentos atravessei uma parede de tijolos
de vidro e saí da garagem. Do lado de fora havia mato com
muitas árvores baixas e havia uma inclinação. O edifício ficava no
alto de um morro.
Comecei a voar baixo, bem perto do chão, mas dessa vez
deitado, para passar entre os arbustos, quando terminei
chegando a um lago que ficava lá embaixo.
Ao chegar ao lago voei para cima e então pude ter uma
visão mais ampla de toda a região, vendo o edifício no alto do
morro onde vi, também, uma casa.
Minha recordação terminou aí.
Muita paz.
Salvador, 01 de março de 2011.
Um encontro com George Harrison
Acordei por volta de cinco horas da manhã hoje, a menos de
uma hora atrás, após uma longa e fantástica experiência de projeção
astral.
Foi uma das mais longas experiências de recordação integral de
onde estive e o que fiz, com os diálogos integralmente preservados,
etc.
Lembro-me dos detalhes do lugar, da casa, das pessoas, com
seus detalhes físicos, etc.
Ontem à noite quando fui dormir não estava pensando nos
Beatles, nem em George Harrison. Não estava, portanto, sugestionado
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quando fui me deitar, o que fiz cedo, às 21h30, por estar com muito
sono.
Não fazia ideia da experiência maravilhosa que viria a ter!
Lembro que pela manhã cedo, indo para o trabalho, ouvi
algumas músicas dos Beatles que tenho no carro em CD com MP3,
tendo ouvido apenas uma música cantada por Harrison. Lembro que
curti alguns solos de guitarra dele e levei um tempo pensando e
lembrando que o considero o melhor guitarrista que já existiu devido à
beleza dos solos, pois ele fazia a guitarra “chorar”, como na música dos
Beatles While My Guitar Gently Weeps. Em rapidez e variação de sons
considero melhor Jim Page, do Led Zeppelin.
Levei um tempo pensando nisso de manhã cedo e depois
esqueci totalmente ao longo do dia!
De noite nem lembrava mais que pela manhã havia ouvido a
guitarra de George e que havia pensando nele.
O interessante é que fui ao seu encontro de madrugada quando
levei minha esposa Vanda e meu filho caçula Bruno. Eles nem são fãs de
George Harrison e dos Beatles como eu.
Fomos os três a uma cidade espiritual, provavelmente na
Inglaterra, pois parecia ser a casa dos pais dele, ou pelo menos da mãe
de George Harrison no mundo espiritual. Todos eles eram ingleses, de
Liverpool, uma cidade portuária da Inglaterra.
Não vou relatar todo o encontro, pois durou horas e daria um
livro sobre os detalhes.
57
Ao chegarmos na entrada da casa com jardim gramado, muro
baixo, portão, garagem para carro, fomos recebidos pela mãe de
George, por ele e por outras pessoas que não sei quem são - talvez
parentes deles, igualmente desencarnados, ou projetados como eu.
A recepção foi muito simpática. Talvez por isso eu tenha levado
esposa e filho para não parecer apenas um fã querendo ver o seu ídolo,
o que talvez a mãe dele não permitisse.
Senti ao longo da visita que Harrison não lida bem com o
passado dos Beatles e que de certo modo procura fugir disso e que
nem gosta de falar sobre esse passado. Acho que tentei ajudá-lo a
desfazer certo trauma que ele tem em relação ao tempo dos Beatles.
Será que alguém me incutiu a ideia de ir visitá-lo para ajudá-lo,
para elevar a sua autoestima, com a minha tese sobre quem levou os
Beatles à fama inicialmente?
Após sermos recebidos na entrada da casa fomos todos nos
sentar numa varanda, onde havia várias cadeiras individuais. Não havia
sofás.
Sentamo-nos e a conversa começou a fluir.
Não fui direto para uma conversa sobre música e os Beatles. Fui
pelas beiradas, como fazem os mineiros, até chegar sutilmente no
ponto que eu queria.
Depois de um tempo de conversa com muito jeito falei de
música, falei dos Beatles, e da ida de Harrison para a Índia.
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Nesse momento inicial George tinha aparência jovem, talvez de
uns vinte e cinco anos, cabelos longos, mas estava sem barba, o que ele
usava em idade mais avançada quando desencarnou, aos 59 anos.
Inicialmente eu não estava sentado junto dele, mas de frente, a
certa distância. Após conseguir conquistar a simpatia e a confiança da
família e também dele, mudei de cadeira, e me sentei ao seu lado.
Aí, nesse momento, ao seu lado, falei sobre a ida dele à Índia
com os Beatles.
Ele me perguntou se eu sentia simpatia por ele no tempo dos
Beatles, e por quê.
Percebi que Harrison nunca lidou bem com o fato de ser a figura
menos conhecida dos Beatles, a mais “apagada” dos quatro, por ser
ele muito jovem no início e muito tímido, por cantar pouco, como
vocalista principal, além de poucas músicas dele estar nos discos dos
Beatles, fato que alguns biógrafos da banda consideram o fator
principal que o levou a ser o primeiro a querer sair da banda.
Havia um acordo entre Lennon e McCartney para que eles
assinassem conjuntamente as composições individuais deles. Uma ou
no máximo duas músicas de Harrison eram incluídas em cada disco, o
que o desagradava muito e o deixava insatisfeito e infeliz. Até hoje,
após anos, ele ainda sofre com isso.
Senti que Harrison vive meio isolado, sem querer contato com o
passado, talvez até mesmo fugindo um pouco dele. Mas de certo modo
consegui quebrar essa barreira do tempo.
Quando ele me perguntou por que eu simpatizava com ele
disse-lhe que em 1978 eu estava muito voltado para a Índia, querendo ir
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para lá, e que gostava de Yoga, da cultura indiana, mas que ao mesmo
tempo eu era fã dos Beatles desde criança, sendo que na época em que
comecei a desenvolver a projeção astral, em 1978, somente ouvia as
músicas suaves dos Beatles, por causa da vibração agitada que o rock
mais barulhento provocava, vibração esta que eu achava ser prejudicial
à projeção.
Com isso, disse a ele que passei a ouvir mais as suas canções
como Something, While My Guitar Gently Weeps e outras. Fixei-me mais
nele e na imagem que ele tinha na capa do disco Abbey Road, todo de
jeans azul, parecendo Jesus Cristo, com as longas barbas e longos
cabelos negros. Os outros três estavam de terno. Harrison era o mais
simples deles!
Harrison foi o mais espiritualizado dos Beatles, tendo fundado
um templo Hare Krishna.
Foi uma conversa muito longa.
Depois de um tempo, fomos para os fundos da casa, um quintal
simples, com uma espécie de quiosque. Disse que parecia uma taba de
índio por causa da cobertura e de seu formato. Havia também ali
cadeiras e mesas pequenas.
Após longa conversa, fomos todos descansar. Eu fiquei
numa varanda lateral, em um pequeno sofá, onde tirei um cochilo. Meu
filho ficou em um sofá sentado em uma pequena saleta na parte da
frente da casa.
Mais tarde, todos acordaram e eu fui procurar meu pessoal.
Encontrei Bruno que estava cochilando sentado; encontrei
Vanda e então fiquei sabendo que George tinha saído com a mãe.
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Ficamos na varanda da frente da casa aguardando o seu
retorno.
Durante essa espera pude perceber nitidamente as ruas e
alguns poucos carros circulando, como em uma pequena cidade
inglesa.
Após algum tempo, eles retornaram, para minha alegria.
Quando vi George Harrison chegando não tinha a menor dúvida
de que era ele mesmo, a mesma pessoa com quem havia conversado
horas antes, mas a sua aparência havia mudado. Ele agora parecia um
garoto pequeno, talvez de uns sete ou oito anos de idade – talvez até
menos. Era branquinho, tinha algumas sardas no rosto e os cabelos
compridos.
Eu estava sentado quando ele entrou e se aproximou. Comecei
a falar com ele e toquei na sua testa descendo o dedo até a ponta do
nariz, como fazemos com crianças pequenas, brincando, e ele não
reagiu.
Comecei a explicar a ele que os Beatles foram descobertos
graças a ele, graças ao solo de guitarra que ele fez na gravação da
música My Bonnie, em 1961, acompanhando o cantor Tony Sheridan.
O cantor já era conhecido na época, mas os Beatles ainda não.
Os Beatles somente gravaram seu primeiro disco em 1963,
quando começaram a ter sucesso rapidamente.
Dizia eu a ele que Brian Epstein, que foi o primeiro empresário
dos Beatles, descobriu a banda em 1963 ao chegar a uma de suas lojas
de discos (ele tinha uma cadeia de lojas de discos) quando escutou My
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Bonnie. Ele perguntou ao vendedor que banda era aquela e ouviu como
resposta que eram os Beatles, uma banda de Liverpool, mesma cidade
onde Brian morava.
Foi aí que Brian foi procurar os Beatles, no Cavern Club, quando
se encantou com a banda e virou seu empresário e o sucesso veio
rápido.
Disse a Harrison que o que mais chama a atenção de Brian na
música My Bonnie foi o solo de guitarra dele.
Brian Epstein não ficou encantado com o vocal de Tony
Sheridan, que já era conhecido. Ele não foi procurar Tony Sheridan.
Além disso os rapazes dos Beatles nem cantam nessa música, mas
apenas ficam gritando o tempo todo, dando para reconhecer
claramente os gritos de Paul McCartney ao fundo. As vozes são baixas,
de fundo mesmo, sem qualquer relevância. A bateria não tem nada de
mais na música.
Disse então a Harrison que o que chamou a atenção de Brian na
música foi a sua guitarra, o seu solo maravilhoso, visceral, pulsante, que
dá uma vida extraordinária à canção.
Então, foi ele, segundo penso hoje, e como lhe disse nessa
madrugada, que causou a atração do empresário e o sucesso que se
seguiu.
Isso animou mais Harrison, e melhorou a sua autoestima.
As músicas dele, sobretudo as canções, estão entre as mais
belas dos Beatles, como Something e While My Guitar Gently Weeps.
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Senti que Harrison desenvolveu certo complexo de
inferioridade em relação a Lennon e McCartney. Procurei desfazê-lo,
pois ele era um músico brilhante e excelente compositor também.
A partir de 1978, por causa da projeção astral, me afinizei mais
com Harrison do que com Lennon e McCartney. Passei a ouvir mais as
suas canções e sou apaixonado por My Bonnie e por While My Guitar
Gently Weeps, que quando toca me dá arrepios. O modo como Harrison
faz a guitarra “chorar” é extraordinário.
Acho que me tornei amigo de George Harrison após essa visita.
Já havia tido um encontro com ele em 1978 ou 1979, quando
estava apenas iniciando minhas vivências fora do corpo, certamente
por ouvir muito as suas músicas, e pela admiração que tinha pelos
Beatles e por ele. Mas naquela época ele ainda estava encarnado.
Pelo que me recordo esse foi o segundo encontro com ele e foi
uma coisa marcante. Nunca mais esquecerei esse encontro com um dos
maiores compositores e músicos dos tempos modernos, um ser
humano extraordinário, apesar de ainda humano, com traumas,
complexos, problemas de autoestima, etc., como todos nós.
Espero ainda encontrar George outras vezes.
Sugestão aos leitores: Ouçam a música While My Guitar Gently
Weeps, dos Beatles, e façam uma oração pelo ex-Beatle George
Harrison.
Muita Paz!
Salvador, 11 de fevereiro de 2012.
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Experimentando a projeção astral
Márcia Novaes1
Quando menina, entre sete e doze anos de idade, tinha sonhos
em que andava pela casa e sabia que estava dormindo. Via meus
irmãos e uma vez vi meu pai falecido. Também sonhava que andava e
voava pela cidade e, algumas vezes, que voava com a bicicleta. Sentia-
me alegre com esses sonhos e não cheguei a conversar sobre eles com
ninguém, pois achava que ocorria o mesmo com todos. Deixei de tê-los
e meus sonhos ficaram restritos às reproduções de minhas
preocupações. Lembrava-me de meus sonhos quando menina, mas
acreditava que eram desdobramentos comuns de crianças.
Minha formação religiosa foi a católica. Quando tinha uns vinte
anos de idade não senti mais vontade de frequentar a igreja e não me
interessei por outra. Tornei-me uma estudiosa de temas filosóficos e
espiritualistas diversos, mas não tive contato ou não me prendeu a
atenção nada relacionado com a projeção astral, apenas livros da
Doutrina Espírita. Julgava que projeções e desdobramentos fossem
fenômenos restritos aos médiuns.
As projeções voltaram há seis anos e hoje tenho 51 anos de
idade. Com a internet foi possível ter acesso aos trabalhos de
projetores e conhecer o fenômeno, as técnicas, a importância da
1 E-mail: [email protected]
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projeção. Além disso, tive a possibilidade de ter, por meio dela, um
maior conhecimento de mim mesma, compreensão dos meus
relacionamentos e, principalmente, de contribuir com os amparadores
em trabalhos assistenciais que realizam enquanto nosso corpo físico
dorme.
Primeiro contato consciente com o plano astral
Uma noite tive uma experiência muito bonita e, por não querer
esquecê-la, escrevi quando acordei e agora transcrevo aqui. Tive
lucidez em um sonho e me sentia nele como se estivesse acordada.
Não conseguia entender o que estava ocorrendo, pois tinha certeza
que estava dormindo. Estava andando em uma avenida de uma cidade
que não conhecia e pensei o que estaria fazendo ali. Veio um
pensamento para que eu fosse para um prédio que estava logo em
frente. Parecia uma escola com arquitetura dos anos 30. Ao entrar, vi
um grande número de pessoas formando filas em frente de portas
fechadas e entendi tratar-se de um local onde ocorriam curas
espirituais, sendo as filas para o atendimento individual.
Vi uma fila com apenas duas pessoas e pensei que talvez
naquela sala estivesse um médium pouco reconhecido. Resolvi ficar
nela considerando que a boa vontade era o que importava. Quando
chegou a minha vez de ser atendida um grande número de pessoas
entrou na minha frente. Fui para outra fila menor e o mesmo ocorreu
quando estava para ser a minha vez. Resolvi contar o ocorrido para
uma mulher que percebi ser uma das organizadoras e ela me
encaminhou para um local de campo aberto, com gramado e flores
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pequenas coloridas. Um homem grande, alto e mulato, vestindo calça e
camisa cáqui, levou-me para passear no campo, sem nada me falar.
Em um curto intervalo percebi que já era noite e pensei que não
havia percebido o tempo passar. Estava bastante escuro e a
luminosidade presente vinha apenas do céu. Paramos e olhei para o
céu e vi não estrelas, mas planetas, como se estivessem bem próximos,
estando alguns mais distantes. Apresentavam cores diferentes um do
outro e alguns possuíam anéis. Não consigo expressar o quanto era
bonito. O homem me pegou pela mão e senti que comecei a sair do
chão, passando a volitar e ficando mais próxima da visão dos planetas.
Descemos, ele me tocou na cabeça com muito afeto e me disse que
aquele era o caminho e que eu ainda iria entender o que ocorreu. Eu
não conseguia dizer nada. Estava com um nó na garganta e muito
emocionada.
Ele e a mulher levaram-me para uma área externa do prédio e se
despediram de mim com muito carinho. Agradeci, sentindo uma
grande alegria. Despertei e não sabia como agradecer o que tinha
vivido.
Alguns dias depois, durante uma viagem de ônibus para a
cidade onde trabalho, estando quase para pegar no sono quando
escutei um forte estalo e tive a sensação de desgrudar do meu corpo.
Levantei e fiquei no meio das poltronas e vi meu corpo físico dormindo,
como também vi os passageiros em suas poltronas. Achei muito
divertido me perceber como fantasma e tive vontade de sair voando
pela janela, chegando a passar metade do meu corpo através dela.
Como não tinha nenhum conhecimento do que estava ocorrendo,
66
fiquei com receio de não saber encontrar o ônibus e desisti. Voltei para
o corpo e despertei em seguida, rindo sozinha.
Relacionei essa experiência com as que tinha quando menina e
procurei saber o que poderia ser e, por meio de sites da internet,
conheci a projeção astral consciente que todos podemos realizar.
Tenho lido bastante sobre o tema, participado de cursos e palestras e
sou bastante agradecida aos projetores e aos amparadores por
tornarem possível todo o aprendizado e experiências que tenho
vivenciado.
Interagindo com crianças no astral
Tive duas experiências de assistência com crianças que ficaram
muito marcadas em mim. Na primeira cheguei em um estabelecimento
que parecia uma mistura de hospital e escola, com um corredor
bastante amplo, paredes brancas e com piso cinza claro liso. Havia
apenas uma moça sentada em uma mesa na entrada para o corredor.
Ela me recebeu afetuosamente e indicou a porta em que teria que
entrar, dizendo-me que a menina estava reativa.
Entrei na sala indicada e nela havia uma menina aparentando
ter uns quatro anos de idade, sentada com a cabeça baixa em uma
mesinha infantil com quatro cadeiras. Sentei em uma das cadeiras e
tentei falar com ela, mas se esquivou. Passei a montar brinquedos com
peças que estavam sobre a mesa, ela ficou me olhando e foi para o
meu colo e ficou abraçada em mim, tímida.
Veio-me um pensamento de que deveria levá-la para um banho.
Saí com ela e entrei em um local amplo, com um box grande e um
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chuveiro pegando quase todo a parte do teto do box. Despi a menina
e, em seguida, uma água morna, sem força, começou a cair
deliciosamente. Fiquei um tempo com ela ali no meu colo e veio outra
mensagem em pensamento que era para eu sair do box do lado oposto
ao que eu entrei e pôr a menina na banheira. Abri o box e vi uma
grande banheira que se assemelhava a uma piscina infantil, branca e
com a água muito limpa. Dentro dela algumas crianças pequenas
estavam brincando. Coloquei a menina na banheira e ela saiu
timidamente, alegre.
Chamou a minha atenção outra menina que deveria ter um ano
de idade que estava do outro lado da banheira. Ela veio até a minha
direção por baixo da água, o que me fez ficar apreensiva, com medo
que se afogasse, mas vi que sabia nadar. Tirei-a da banheira e pus no
meu colo, pensando em pedir uma toalha para enxugá-la. Novamente
por pensamento veio a informação de que era para deixar a água secar
no corpo dela. Ela dormiu profundamente e a entreguei para a mesma
moça.
Enquanto saía pelo corredor despertei em meu quarto,
sentindo uma grande paz, com a certeza de também ter sido tratada
naquele banho, pelo bem estar que estava sentindo, a serenidade em
que me encontrava.
Em outra experiência, ao acordar, percebi que estava
amanhecendo e quis retornar a dormir, mas antes de pegar totalmente
no sono senti uma forte vibração no corpo e sentei-me na cama. Nesse
momento percebi um jovem saindo por baixo do cobertor e muito
assustada tentei chamar por várias vezes a minha amiga, com quem
estava dividindo o quarto, mas minha voz não saiu, não conseguia ter
68
domínio do meu corpo. Só então percebi que estava em corpo astral.
Senti muito medo, mas depois percebi que o rapaz não parecia querer
fazer algo ruim para mim, pois apenas ficou me olhando e sorrindo.
Fiz a exteriorização de energia com as mãos voltadas para ele e
então sumiu. Pensei em aproveitar a projeção. Levantei-me e saí
voando pela janela encontrando um céu azul lindo. Como na noite
anterior conversara com um amigo sobre as ruínas do México tive
vontade de conhecer alguma e imediatamente me vi em um antigo
prédio, diante de uma parede de pedra esculpida com desenhos
geométricos belíssimos. Fiquei um pouco mais ali e depois, voando
baixo, fui conhecer um pátio logo em frente, onde havia um grande
número de turistas. Estes não podiam me ver e apenas um menino
olhou em minha direção tentando chamar a atenção da mulher com
quem estava, mas ela não se importou.
Agradeci o belo passeio e pedi para participar de alguma
assistência e, novamente, de forma imediata, vi-me voando baixo sobre
uma praça bastante movimentada em uma cidade que não conheço.
Peguei na mão de uma menina e como estava um pouco distante dela
meu braço ficou esticado além do tamanho. Ri achando aquilo muito
engraçado.
A menina também sorriu me olhando com o canto dos olhos.
Ela devia ter em torno de sete anos de idade, vestia um vestido curto
solto, uma blusinha de lã e sapato estilo boneca. Ao lado dela,
volitando, atravessamos uma avenida indo em direção a uma rua mais
estreita, onde paramos. Fiquei em frente dela e falei que era muito
fofa. Por sua vez ela disse que me achava muito engraçada e que só
ouvia a minha voz depois que eu já havia mexido a boca.
69
Sentindo um forte afeto por ela disse que era linda e, de
repente, começou a chorar e vi que estava vestindo uma camisola
branca de hospital, com o cabelo bem curtinho, pálida. Coloquei-a no
meu colo e ela falou que sentia dor na barriga e que já havia contado
para muitas pessoas, mas ninguém conseguiu tirar a sua dor. Agachei
com ela ainda no colo e peguei em sua barriga enquanto a deixei bem
perto de mim. Ela ficou quietinha ali abraçada quando comecei a
perceber que meu corpo passou a desaparecer. Fiquei aflita, queria
ficar com ela, mas fui despertando.
Acordei muito emocionada. Procurei me acalmar e fiz uma
oração para ela. Quis saber de outros projetores experientes porque
acordei e tive a resposta que provavelmente isso se deu por eu ter
ficado fortemente emocionada e que devo aprender a ser, com amor,
mais técnica.
Aprendizado sobre comportamento competitivo
Por um tempo fiquei sem ter projeções conscientes. Estava com
dificuldades de me relacionar com uma colega do trabalho que, ao
modificar o laboratório e por algumas atitudes que se chocavam com a
minha, estava impossibilitando o andamento dos meus experimentos.
Continuava realizando minhas práticas de bioenergia, mas sem
tranquilidade e, em uma noite, passei a ter consciência de que estava
em projeção em um lugar muito escuro e tenebroso. Pensei que seria o
resultado das emoções negativas que estava tendo e fiquei com
vergonha de pedir o auxílio de amparadores.
70
Logo percebi a presença, sem conseguir ver, de uma
consciência que me causou tranquilidade e me dirigiu até um pátio
muito grande onde homens e mulheres com diferentes defeitos físicos,
deformações no corpo e no rosto estavam treinando em aparelhos
com movimentos e em alturas que um humano comum, no mundo
físico, não conseguiria atingir. Entendi que iam participar de uma
olimpíada. Quando fiquei próxima a eles percebi que não eram maus.
Contudo, senti neles forte sofrimento, carência e uma grande
necessidade em realizar algo que mostrasse como eram bons no que
faziam. Um deles, baixo e bastante deformado, aproximou-se de mim
como um menino querendo receber carinho. Não tive medo e
correspondi com um sentimento de afeto e, percebendo o sofrimento
que carregava, abracei-o. Pareciam pessoas ingênuas e infantis.
Chegou um veículo do tipo Van para levá-los ao local das
competições. Eu e o amparador os acompanhamos. Ao chegarmos
percebi que estavam muito animados, confiantes e orgulhosos. O local
era semelhante ao anterior, escuro e feio. Quando as competições
iniciaram ocorreu um acidente e tudo começou a ser destruído, com
muito fogo para todo lado. Eles não aceitaram deixar de competir e
realizaram, no meio de tudo sendo destruído, as técnicas e acrobacias.
Percebi uma mulher pequena e magrinha, de rosto bonito, mas
com o corpo disforme, disparando em corrida em uma pista de terra
com uma linha de fogo em sua direção. Ela corria muito e observava,
olhando para trás, o fogo se aproximando. Fiquei apreensiva e o
amparador me falou por pensamento que não estavam se importando
de serem destruídos, tinham que competir, que era muito grande a
necessidade de se sentirem vitoriosos. Quando o fogo estava prestes a
71
atingi-la ela pulou para o lado. Fomos até ela e observei que estava se
sentindo feliz, falou com orgulho que por um bom tempo foi mais
rápida que o fogo. O amparador pegou em meu braço e no mesmo
instante estava voando em um céu azul e despertei.
Acordei pensativa sobre a relação com a minha colega,
assumindo para mim que não estava gostando das atitudes dela no
laboratório por orgulho, pelo fato de eu estar ali antes dela e por ter
participado da construção e instalação do laboratório. Mudei de
atitude e deixei que ela modificasse o funcionamento do laboratório
como pensava ser melhor e hoje trabalhamos tranquilas.
Uma experiência difícil
Após realizar o relaxamento despertei no meu quarto e vi uma
mulher ruiva, de cabelo longo e crespo, usando um camisolão branco e
descalça. Era muito bonita e serena. Quando me dei conta já estava
entrando com ela em um tipo de fazenda. Lá nos aproximamos de uma
casa antiga aonde cheguei à porta e vi que dentro da casa havia um
ambiente de horror: uma mulher estava cortando carne e entendi
tratar-se de carne humana. Um anão, com um semblante muito ruim,
entrou na sala utilizando pernas de pau. Estava com uma espada tipo
sabre em cada mão e fazia movimentos violentos com elas. Ninguém
me via, mas ele olhou para mim, desceu e veio em minha direção e
ficou me olhando com o objetivo de me assustar. Penso que sob a ação
da amparadora não senti medo e fiquei apenas fitando em seus olhos,
sem demonstrar nenhuma emoção.
72
Fiquei um tempo com os olhos fixos aos dele e percebi que ele
foi modificando o olhar de maldade para um olhar de vergonha e
arrependimento. Baixou a cabeça e, nesse momento, a amparadora
tocou levemente o meu braço. Virei-me e falei para ela que tudo aquilo
estava sendo muito difícil para mim. Rapidamente me tirou de lá e me
levou de volta para o meu quarto.
Acordei sem entender porque estive lá, o que poderia ter
ocorrido, embora tivesse sido assustador eu me sentia muito bem e
alegre. Procurei esclarecimentos e tive como resposta que
provavelmente a amparadora me utilizou como um meio, um
instrumento, para ela agir sobre ele. A cada experiência com
amparadores fico com a lição de que agem de forma precisa, técnica e
afetuosa; parecem não ter emoções, mas nos envolvem com o amor
que possuem causando um bem estar indescritível. São perfeitos!
Uma noite com diferentes experiências
Novamente fiquei um período sem ter projeções, com um sono
bastante pesado e sem rememoração de sonhos. Até que em uma
noite tive uma com total consciência e com diferentes experiências.
Despertei com um barulho e tentei acender a luz do abajur para ver o
que era, não conseguindo. Resolvi levantar e acender a luz do quarto,
mas também não consegui. Percebi que havia uma luminosidade fraca
no quarto e pensei que poderia estar em projeção. Olhei para a cama e
me vi lá dormindo. No mesmo momento percebi a presença de três
seres no meu quarto que mediam em torno de 1,40m de altura.
Pareciam ser uma mistura de macaco com Bicho-preguiça. Pularam na
minha direção, abaixei e passaram pela parede.
73
Sai do quarto pensando em dar um jeito de pedir para a minha
amiga acender a luz, pois achava que assim eles sumiriam. A parede do
corredor estava diferente e não encontrava a porta do quarto dela.
Quando encontrei pensei que se acaso me visse ficaria assustada. Os
seres, que estavam na porta do meu quarto, começaram a atirar uma
espécie de disco na minha direção e eu abaixava para não ser atingida.
Resolvi entrar no quarto dela e ao entrar a vi dormindo. Seu
corpo astral, vestido com uma camisola comprida branca e com um
halo de luz branca em torno, estava também dormindo encostado na
parte do pé de sua cama. Ela, no corpo astral, abriu os olhos e me viu,
falei que não estava conseguindo acender a luz e ela, bastante
sonolenta, falou: “Você não consegue acender a luz, Márcia?”. Voltou a
dormir. Escutei os barulhos dos seres e resolvi que o certo era voltar
para o corpo e despertar.
Na minha cama, um dos seres pulou sobre mim e foi com as
mãos na direção do meu pescoço para me enforcar. Concluí que
continuava em projeção e por isto não sentia medo. Passavam-me a
impressão de estarem apenas querendo me perturbar; estava
aborrecida por insistirem com aquilo. Cheguei a pensar que me matar
não conseguiriam. Levantei rápido empurrando o estranho ser, falando
que estava cansada daquilo. Pensei que o certo era manter a
serenidade e fiz energização na direção dele com as mãos. Ele sumiu, a
luminosidade do quarto ficou clara e o ambiente ficou tranquilo.
Resolvi não perder a projeção e fui até a janela e vi, mesmo ela estando
fechada, que o céu estava lindo. Atravessei a janela e voei até uma
plantação de eucalipto que existe na entrada da cidade e fiquei voando
por cima das árvores admirando o céu estrelado com a meia lua.
74
Pedi para participar de algum trabalho de assistência e no
mesmo momento cheguei em frente a um circo, onde havia um
movimento de palhaços e outros integrantes de circo na entrada. Um
palhaço e duas crianças, também vestidas de palhaço, vieram na minha
direção e me convidaram para entrar. Eu estava receosa de que
estivesse caindo em alguma armadilha, mas aceitei entrar, pedindo
proteção aos amparadores e pensando que se percebesse algum
perigo desejaria imediatamente ir para o meu corpo.
Logo que passei por uma segunda lona vi um ambiente bem
diferente. Era como um corredor de hospital com alguns homens e
mulheres vestidos de branco, como enfermeiros, andando para
diferentes direções com um semblante de preocupação. Veio-me o
pensamento que se tratava de um hospital e que a entrada na forma de
circo era um modo de disfarçar os assediadores de pessoas que se
encontravam lá em tratamento.
Um enfermeiro veio na minha direção e esboçou um leve
sorriso. Pegou levemente no meu braço e sem nada dizer me levou até
um quarto. Nele havia várias macas com pessoas deitadas e o
enfermeiro me levou até uma mulher que estava sentada na maca e
muito triste. Senti a sua dor e fiquei comovida. Toquei em seu rosto e
ela encostou próximo do meu ombro e chorou e eu fiquei tocando o
seu rosto e cabeça. O enfermeiro me informou que ela estava
encarnada e que possuía um câncer no útero, resultante de uma vida
de submissão ao marido, e que fora levada até ali para tratamento. Ela
parecia só ver a mim. Devido à forte emoção acabei despertando.
Fiquei um tempo na cama ainda sentindo a dor que ela me
passou e pensando na realidade de nós mulheres. Eram 4h10min e senti
75
vontade de ir ao banheiro, mas estava um pouco assustada com o que
ocorreu no quarto, assim, fiz uma oração, me acalmei e consegui
levantar. Quis muito contar para alguém o que vivi, mas não pude, as
pessoas com quem convivo não acreditam na projeção, ou tem medo
dela e acham que algo de ruim pode acontecer comigo. É uma pena!
Relato final
Encerro aqui os relatos de minhas primeiras experiências com o
plano astral descrevendo uma projeção interessante. Levantei-me
3h25min e fui ao banheiro, retornando, ainda bastante sonolenta para
a cama. Deitei-me com a intenção de realizar uma projeção e pedi o
auxílio de amparadores. Senti leve vibração e escutei dois estalos
fortes seguidos. Imediatamente me vi levitando em um espaço vazio e
com pouca luminosidade, ao lado de uma mulher loira de cabelos
longos. Chegamos a um lugar aberto e bem claro, com solo arenoso e
com pedras grandes, sem nenhuma vegetação e sem mais ninguém
além de nós como companhia.
Ela me mostrou quadros muito grandes com algumas
inscrições. Falou-me que era importante escrever as experiências e os
conhecimentos adquiridos, que eles eram ao mesmo tempo em que
eram registrados na dimensão física eram também registrados no
astral, ficando acessíveis para consulta a qualquer momento para
outras consciências, incluindo a mim.
Desse modo, finalizo os meus relatos feliz e grata pela
oportunidade de escrevê-los aqui, ao lado de outros que buscam na
76
projeção astral a aquisição de conhecimentos para a evolução da
consciência e a contribuição na assistência fraterna realizada pelos
amparadores.
77
Curas e atendimentos no extrafísico
Mericley Santiago1
Devo esclarecer que tenho o hábito de todas as noites, antes de
dormir, fazer o VELO (Voluntary Energetic Longitudinal Oscillation) que
é o circuito fechado de mobilização de energias. Depois desse
movimento eu exteriorizo e interiorizo energias. Através desta técnica
se chega ao estado vibracional2, o que viabiliza a experiência fora do
corpo. Com essa técnica eu consigo balancear as minhas energias,
chacras, limpar meu campo energético, afastar intrusos, curar
pequenos problemas de saúde (dores, desconforto, etc.).
Durante a aplicação desta técnica tenho visões e até mesmo
conversas com entidades. Às vezes sinto que ainda estou no corpo,
mas tenho uma percepção maior de tudo. Vejo, ouço e sinto o que meu
corpo físico não me possibilita num estado normal de consciência, além
das interações extrafísicas.
10 de Outubro de 2010
Ao acordar, ainda sonolenta, relaxada e sentindo uma vibração
no corpo, virei para o meu lado direito, deitada em posição fetal
quando me descoincidi3.
1 E-mail: [email protected] Resultado do Velo ou circulação fechada das energias dos chacras.3 Entrar em um estado intermediário entre a vigília física e o sono.
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Senti uma tremenda sensação de paz e proteção e me senti
muito amada. Vi, com os olhos da alma, uma mulher que se aproximou
da minha cama. Ela tinha os cabelos anelados, castanhos claros, na
altura dos ombros. Usava uma tiara que segurava o cabelo para trás.
Ela estava orando por mim. Veio, então, um bloco de informação na
minha mente de que ela era a minha mãe. Ela não era a minha mãe
desta vida. Minha mãe nesta vida estava doente, ainda encarnada. As
duas são muito diferentes uma da outra.
Senti um toque no ombro e na coxa. Ela pôs uma mão no meu
ombro esquerdo, e a outra na coxa esquerda, e disse: "Acorda minha
filha! Acorda minha filha! Maior do que as suas batalhas serão as suas
vitorias!”.
Ao acordar me sentia muito amada, protegida, uma sensação
como nunca sentira antes.
22 de Julho de 2011
Tive uma experiência fora do corpo em que me vi em uma sala
onde havia uma mulher que emanava energia. Por conta disto ela ficou
fraca e debilitada. Era uma mulher de mais ou menos 40 anos de idade,
de cabelos negros e presos.
Comecei a lhe dar um passe energético. Escaneava o corpo dela
com as minhas mãos sem toca-la. Passei a emitir passes dispersos que a
energizava de novo. Das palmas das minhas mãos parecia sair bastante
energia.
Ao voltar ao corpo sentia as palmas das minhas mãos quentes e
formigando, o que durou por mais ou menos uns dez minutos.
79
29 de Junho 29 de 2011
Ao sair do corpo percebi que estava na casa de meu primo. Ele é
evangélico, muito religioso e fiel às práticas da igreja ao qual pertence.
Trata-se de um homem bom e muito correto. Veio a informação à
minha mente de que ele tinha ido viajar e que era ele quem mantinha a
paz e a ordem na casa.
Havia um espírito negativo no lugar. Assim que o meu primo
viajou esse espírito começou a influenciar quem estava na casa, ou seja,
um sobrinho dele, um jovem rapaz que lá morava. Esse rapaz resolveu
fazer uma festa e enfeitou toda a casa com papel picado e balões. Eu
estava em uma sala e de lá eu via o espírito em outro cômodo. Ele
andava de quatro com as pernas torcidas e parecia estar em
sofrimento.
Havia várias pessoas onde eu estava. Sonia, uma enfermeira
que trabalhava comigo nessa vida, foi ajudá-lo. Eu dizia: "Eu não vou lá.
Não chego perto mais. Ele tentou me enforcar outro dia." Sonia
colocou ele sentado e encostado na parede na sala onde estávamos.
Alguém tinha que alimentá-lo, pois ele não conseguia comer
nada sozinho. Sonia começou a alimentá-lo enquanto eu me cobria
com um lençol até a cabeça. Tinha muito medo que ele me visse e fosse
me fazer mal apesar dele parecer frágil e sofrido. Voltei ao corpo.
80
28 de Fevereiro 28 de 2011
Adormeci pensando na minha mãe que se encontrava muito
doente. Orei por ela e pedi proteção.
Ao dormir me vi no quarto dela na casa da minha irmã em Belo
Horizonte, no Brasil. Ela passava mal. Não conseguia respirar direito.
Minha mãe tinha Esclerose Lateral Amiotrófica, respirava por uma
traqueostomia conectada a um bipap 24 horas por dia e se alimentava
por sonda.
Eu estava em pé no canto do quarto e a olhava sobre a cama.
Estava coberta com um lençol e havia duas consciências vestidas como
médicos com calças e camisões azuis. Também usavam tocas azuis nas
cabeças. Eles cuidavam dela. Perceberam minha presença e olharam
para mim. O mesmo fez minha mãe. Continuaram o trabalho o que me
deixou tranquila porque vi que ela estava sendo cuidada.
Ao acordar pela manhã liguei para minha irmã e falei com a
moça que cuidava dela. Perguntei como a minha mãe estava passando.
A moça me disse que ela não havia passado bem à noite, que teve
problemas para respirar. A saturação do oxigênio abaixou muito, pois o
bipap não estava funcionando direito. Ela havia chamado a empresa
responsável para trocar o bipap e ela estava passando bem naquele
momento.
Nesta mesma noite me encontrei em um salão. Não havia
móveis. O chão era de cimento. Havia consciências deitadas no chão e
outras de pé. Eram poucas na verdade.
Eu era uma das que estava de pé. Via um espírito que dormia no
chão e achei isto muito engraçado. Eu disse: “Nossa!!! Esse espirito só
81
dorme, dorme demais!!!!” Naqueles dias, eu andava muito sonolenta,
sem um motivo aparente para tal, haja visto meus exames laboratoriais
com resultados normais.
Outro espírito tentou me agarrar pelas costas e me atacou
várias vezes. No entanto consegui me virar e me libertar dele. Algumas
vezes vinha alguém e me ajudava, afastando-o de mim. Era um homem
claro, aparentando uns 46 anos de idade, de barba, bigode e cabelos
grisalhos. Ele vestia calça e camisão brancos.
Quando esse espírito me atacava rolávamos atracados um ao
outro pelo chão até que eu conseguisse me libertar ou o homem
protetor viesse me ajudar. Esse meu protetor era sempre a mesma
pessoa.
23 de Dezembro de 2011
Adormeci e logo saí do corpo. Encontrei-me projetada em um
salão onde estavam várias pessoas doentes que chegavam em macas.
Eu estava acompanhada de uma entidade que eu não via mas que se
comunicava comigo usando telepatia. Eu não a via e nem a ouvia com
os ouvidos físicos. Ela mandava blocos de informação que chegavam
pelo pensamento.
No meio dessas pessoas estava uma amiga. Ela não me parecia
doente. Ela caminhou na minha direção, sem dizer nada. Parou na
minha frente. Uma de minhas mãos, como se tivesse vontade própria,
começou a se mover em direção ao pescoço da minha amiga. Eu usava
a minha mão direita. Os meus dois dedos (indicador e o dedo do meio)
82
começaram a tremer como se tivesse uma energia maior movendo a
minha mão e os meus dedos.
Perguntei à entidade o que estava acontecendo com ela. “Ela
está com febre?”. Perguntei por que não sentia o corpo dela quente. A
entidade não respondeu mas os meus dedos, tremendo, começaram a
descer pelo corpo da minha amiga até chegar aos pés dela, mais
especificamente o pé direito.
Então vi escrito na parede em inglês "Right foot, fifth finger
ER/ER life threatening". Traduzindo seria: "Pé direito, quinto dedo,
Departamento de Emergência/Departamento de Emergência, risco à
vida". Na verdade, não sei de fato o que essa mensagem queria dizer.
Se ela estava correndo algum tipo de risco de morte.
Olhei os pés e os dedos da minha amiga, mas não vi nada que
significasse uma inflamação, inchaço ou qualquer outro sinal de
problema.
Durante todo o tempo, minha amiga parecia hipnotizada,
porque ela não falava, e não interagia.
11 de Janeiro de 2012
Adormeci e me vi em um lugar que parecia um grande salão
com muitas pessoas. Eu estava ajudando a organizar as coisas. Parecia
que havia acontecido um desastre. Havia muitas pessoas andando de
um lado para o outro e eu tentava organizar as coisas para ajudá-las.
Havia outras pessoas fazendo o mesmo.
83
Nesse instante a minha mãe apareceu. Era a mesma pessoa que
fora minha mãe em outra vida e que apareceu no relato anterior. Ela
estava magra com os cabelos soltos no ombro, com aparência de
doente, olhos tristes e avermelhados com áreas escuras embaixo como
se estivesse muito cansada. Eu a peguei pelas mãos e nos sentamos.
Coloquei-a nos meus braços como se segurasse um bebe e disse a ela:
“Está tudo bem! Não se preocupe!”
O meu coração estava cheio de amor, de sentimentos bons em
relação a ela. Eu a segurava com muito carinho e ternura.
8 de Abril de 2013
Através de uma projeção vejo-me em um lugar onde se
encontrava um homem deitado. Esse homem estava dormindo. Ele
tinha o braço esquerdo meio virado, torto e era como se ele estivesse
tendo uma convulsão. O braço tremia muito. Ele sentia dor e estava
dormindo. Não conseguia mover o braço. Havia outras pessoas no
local. Segurei em seu braço e vi que outra pessoa fazia o mesmo.
Eu sorria e dizia para o rapaz: “Não se preocupe! Seu braço vai
voltar ao normal”.
O rapaz respondeu: “Como é que você sabe?”.
Quando segurei o braço dele vi que alguém mexia no relógio
fazendo o tempo ir para frente e para trás para que ele esquecesse o
que tinha acontecido. Sabia que desta forma ele não teria condições de
se lembrar de nada do que acontecera.
84
Quando eu falava, outro rapaz disse: “Olha quem está atrás de
você!”.
Virei-me para trás e vi um homem magro, baixinho. Conseguia
ver apenas da cintura para cima. Sua parte de baixo, nas pernas,
brilhavam, era só luz, energia. Em alguns momentos conseguia ver que
ele estava vestido com uma calça jeans. Era um homem claro com os
cabelos avermelhados e despenteados com barba e bigode
avermelhado também. Era bem ruivo.
Era um médico do lugar e percebi que estava numa espécie de
hospital. Só então veio essa informação de ele fora um médico que
trabalhara ali há muitos anos e que já havia falecido.
Outra pessoa também o viu. Ele sorria e se aproximou de mim.
Falou alguma coisa e me mostrou algo do qual agora não consigo me
lembrar.
Uma moca que trabalhava ali e que também estava lá junto a
mim disse: “Talvez a gente possa encontrar a ficha dele com as
informações de quem ele foi à época”. Concordei e disse que eu queria
saber mais sobre ele.
O senhor que estava com a mão tremendo estava acordando.
Disse a ele para ter calma que tudo voltaria ao normal.
Ele acordou e percebeu que o braço estava bom.
85
27 de Março de 2012
Ao meio dia e meia deitei para um cochilo. Geralmente tenho
um sono incontrolável nesse horário. Relaxei mas não fiz o VELO.
Estava com muito sono. Veio-me uma intuição de que eu deveria ativar
os meus chacras para produzir energia. Então, usei a técnica do Reiki
que aprendi quando fiz o curso. Assim mentalmente eu disse:
"Que a energia da natureza, do universo, desça ao meu corona chacra, ao
frontal, ao laríngeo, ao cardíaco, ao plexo solar, ao sacro, ao básico
chacras, a sola dos meus pés e circule até a palma das minhas mãos e me
ajude a curar, a aliviar o sofrimento, a curar as doenças e as desordens do
corpo e da alma. Faça me um instrumento de paz, amor e alegria. Ajude-
me a ajudar as consciências intra e extrafísicas”.
Depois de dizer isso em meus pensamentos senti um forte calor
na minha orelha direita e uma pressão no meu tímpano direito.
Mentalmente disse: “Se quer dizer algo, diga”. No entanto ninguém
disse nada. Porém surgiu na minha frente a imagem de um senhor
de mais ou menos 70 anos de idade, magro, claro, e com um rosto
alongado.
86
De imediato começou a sair muita energia de meu
coronochacra que se deslocava para o corpo dele. Essa energia se
assemelhava a arcos que desciam e subiam seu corpo.
Ha sempre a presença constante de uma consciência maior que
direciona a atividade, que traz as consciências intra (encarnados
projetados) e extrafísica (desencarnados) para serem tratadas.
No final, por telepatia, eu disse a ele:
- Você está curado. Pode ir em paz.
Depois disso voltei ao corpo.
87
Confirmando as projeções astrais1
Pablo de Salamanca2
Projeções conectadas (1994)
Logo no início de minhas atividades mediúnicas, ocorreu uma
projeção astral muito significativa para mim. Realizei uma tarefa no
Mundo Extrafísico acompanhado pelo professor Nélson. Ele era o
dirigente de um dos dois centros onde eu atuava e também lecionava
na mesma universidade que eu frequentava.
Durante o início da viagem astral eu caminhava
solitariamente por uma estrada, rumo a um local desconhecido.
Cheguei a uma localidade onde havia vários prédios, como se fosse um
conjunto habitacional. Numa espécie de praça estaquei, observando
que a certa distância estavam muitas pessoas com aspecto humilde,
algumas sentadas no chão, aparentemente gente sem moradia.
Confesso que cheguei até o lugar sem saber bem o porquê. Talvez
estivesse sendo guiado por algum amparador invisível.
Resolvi, então, aproximar-me de um grupo, quando, para
minha surpresa, avistei o Nélson. Ele parecia estar ajudando de algum
jeito aquele pessoal. Notei, agora que eu estava mais próximo, que os
indivíduos ali eram todos índios. Homens, mulheres e crianças
1 Os relatos a seguir foram extraídos dos livros Experiências Extrafísicas I, II e III, com autorização do autor, Pablo Salamanca.2 E-mail: [email protected]
88
possuíam pele morena, rostos arredondados e olhos um pouco
oblíquos, como os indígenas brasileiros. No entanto, eles trajavam
vestuário normal de pessoas das cidades grandes. Fui retirado do meu
estado de surpresa e inoperância, por alguém que exclamou: “- puxa!
Que bom! Chegou mais um para ajudar!” De imediato, passei a me
integrar ao trabalho. No entanto, não me recordo ao certo o que fiz de
bom para aquelas pessoas. Era algo ligado à cura, mas minha mente
material não conseguiu registrar exatamente o meu papel ali. Logo em
seguida, depois de um tempo impreciso no Astral, despertei no corpo
material.
Fui à universidade feliz porque me encontraria com o
Nélson, podendo-lhe contar que estivéramos juntos no Plano Espiritual,
fazendo algo de útil a algumas entidades necessitadas. Eu concluíra
que aqueles “índios” eram desencarnados que precisavam de algum
aporte de bioenergia de nós, médiuns do centro espírita recém-
fundado. Quando me encontrei com o Nélson, eu lhe disse de supetão:
“Sonhei com você!” Ele, de bate-pronto, retrucou: “Eu também sonhei
com você!”
Então pedi que ele contasse, primeiramente, o que
“sonhara”. Nelson disse que lembrava ter ajudado a um grupo de
pessoas, atuando como médico. Após certo tempo de auxílio, ele
narrou que eu havia chegado e me juntado ao trabalho. Em seguida a
esta fase do serviço espiritual, segundo ele, nós saímos juntos do local
e fomos para outra região, onde atingimos um vilarejo cheio de casas.
Fomos a várias residências para verificar a saúde das pessoas. Nós
éramos considerados como médicos naquele lugar. Depois ele
retornou ao corpo, guardando na memória os fatos aqui relatados.
89
A seguir, contei ao Nélson a minha versão da viagem astral.
Nós ficamos muito satisfeitos, por termos nos lembrado de alguns
detalhes das experiências extrafísicas que coincidiram entre si. Pode-se
verificar que estivemos no mesmo local, pois ambos vimos inúmeras
pessoas que precisavam de ajuda. No meu relato, quando eu cheguei,
ele já estava lá. Na narrativa de Nélson, eu cheguei após ele já estar
executando uma tarefa. Ou seja, há perfeita coerência. No entanto,
ocorreu uma discordância, que foi quanto ao aspecto dos
desencarnados. Eu os vi como sendo de etnia indígena, enquanto
Nélson os viu como pessoas comuns de uma grande cidade brasileira,
com diversas miscigenações.
Acredito que a minha rememoração da projeção tenha sido
de qualidade inferior a de Nélson neste ponto. Entendo que, às vezes,
o nosso cérebro físico provoca algumas “distorções” quanto às
experiências extracorpóreas, introduzindo ou suprimindo detalhes, ou
ainda transformando algumas imagens astrais em algo ou alguém com
quem estamos mais acostumados, no nosso dia-a-dia terreno. É
importante destacar também, que eu não entendi exatamente qual era
a nossa função, tendo interpretado que fora uma atuação no sentido
de curar as pessoas. Já o Nélson compreendera que agíamos como
médicos. Desta forma, pode-se concluir que também há boa coerência
entre os relatos nesta questão. Mais à frente, o Nélson se lembrou de
uma segunda fase da projeção, quando fomos ao vilarejo de casas. Eu,
por minha parte, não recordo deste período. Minha “mente
consciente” não foi capaz de reter ou registrar estes outros fatos,
embora eu estivesse lá de forma lúcida e atuante, conforme a narrativa
de meu amigo. Aqui, é possível notar um fenômeno comum no Astral:
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podemos estar acordados e agindo lucidamente, mas corremos o risco
de não trazer a memória das ocorrências para o cérebro físico. Isto
caracteriza o que se chama “falta de capacidade de rememoração”.
Finalizando este relato é relevante assinalar que eu e o
Nélson, naquela época, não tínhamos conhecimento de que
poderíamos nos projetar pelos nossos próprios meios. Entendíamos o
fenômeno exclusivamente sob a ótica do Espiritismo Cristão, que
basicamente o denomina “desdobramento espiritual”.
Compreendíamos que principalmente através dos guias espirituais é
que poderíamos libertar os nossos perispíritos do corpo material, para
que pudéssemos ir até o Plano Astral e auxiliar em alguma tarefa,
através das nossas bioenergias.
Hora de ir trabalhar (1999)
Esta experiência fora do corpo é bastante simples, mas,
com certeza, foi bem expressiva para mim.
Durante a noite e a madrugada realizara diversas projeções
astrais, porém não tive boa capacidade de rememoração dos fatos.
Sobraram apenas vagas lembranças e imagens esparsas. Já pela
manhã, ainda projetado, percebi que estava em um local bem
conhecido por mim: o meu próprio quarto. Embora minha visão astral
não estivesse muito clara, após certo esforço, observei uma mesinha
que ficava do lado da minha cama, onde estavam o velho rádio e um
relógio despertador amarelo. Então, vi com nitidez que o relógio
marcava 7h30 da manhã em ponto. Rapidamente pensei: “está na
hora”.
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Em seguida, abri meus olhos materiais, pois retornara
instantaneamente ao corpo físico. Logo virei-me para olhar a mesinha
de cabeceira da cama, enxergando o relógio. Este apontava justamente
7h30 da manhã. Fiquei surpreso com a exatidão e concluí que estivera
projetado nas imediações do corpo denso, tendo-me baseado no
horário marcado pelo relógio para retornar ao Plano Físico, pois era
hora de ir trabalhar. Tive que acelerar o passo para não chegar
atrasado no serviço, mas estava satisfeito com a breve experiência.
Confirmação de experiência (2002)
Era um domingo e deitei-me cansado, próximo à meia-
noite. Adormeci rápida e profundamente, despertando às 4h00 da
madrugada do dia seguinte. Bebi água e tornei a deitar-me, mas passei
a dormir pessimamente. Eu projetava-me para a casa de uma amiga,
mas logo voltava para o corpo, acordando, para voltar a projetar-me,
num ciclo que se repetiu diversas vezes, até de manhã.
O que de fato percebia, cada vez que me projetava
involuntariamente, é que eu chegava na casa da minha amiga, no
quarto dela, onde estava seu filho, que tentava dormir com ela. Ali eu
me aconchegava, num canto do quarto ao nível do chão, para
adormecer também. Eu estava cansado e sonolento, mesmo estando
projetado. Eu só pensava em dormir e nem questionava o que estava
fazendo ali. Contudo, cada vez que tentávamos iniciar o sono, o rapaz
erguia-se de supetão e começava a falar coisas sem nexo (por exemplo,
parecia estar contando piadas), despertando a todos no recinto. Cada
vez que ele fazia isso eu retornava bruscamente ao corpo material,
acordando brevemente, para tornar a dormir e me projetar para lá
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novamente. Isto terminou às 08h00 da manhã, quando resolvi levantar-
me de vez. Não é preciso salientar que eu estava muito cansado com
aquela noite mal dormida.
Mais tarde liguei para a minha amiga e ela me informou que
no meio da madrugada o seu filho, um jovem de 20 anos à época, lhe
pedira ajuda, já que estava com uma febre alta. Ela deu-lhe um remédio
antifebril e chamou-o para dormir no seu próprio quarto. Então o
jovem, uma vez acomodado no quarto dela, passou a delirar por
grande parte da madrugada até quase pela manhã, falando, com
frequência, coisas sem sentido. Esta situação foi o que presenciei, cada
vez que eu me projetava para o ambiente onde eles estavam. Embora
estivesse no Astral com um grau de lucidez inadequado pude captar o
contexto geral da situação, apesar de eu não ter compreendido que o
rapaz estava doente.
Destaco o fato de eu ter me projetado, involuntariamente,
por diversas vezes para lá. Creio que isto possa ter acontecido por dois
motivos. Um deles é que, já naquela época, eu tinha fortes laços de
amizade com a família citada, estando acostumado a passar muitos
finais de semana junto a eles. Neste caso, posso ter me dirigido
inconscientemente para lá, devido ao magnetismo criado entre nós.
Por outro lado, posso ter sido levado por algum amparador para
aquele recinto, naquelas circunstâncias, de modo a contribuir
energeticamente para a recuperação do jovem. Por fim ressalto que,
embora esta sequência de projeções tenha sido na semiconsciência, foi
possível confirmá-la após considerar o que ocorreu no Plano Físico, no
mesmo período em que eu me projetava.
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Projeção confirmada (2004)
Numa determinada noite recebera uma ligação telefônica
de uma amiga que narrou a sua felicidade em estar na fase final da
construção de sua casa. Ela enfatizou que acabara de receber os vidros
de todas as janelas, detalhando o tipo de material, que não era liso,
mas sim composto por pequeninos quadrados. Segundo ela, esta
textura impedia a visão clara do interior da casa, pelas pessoas situadas
externamente. Eu concluí que os vidros das janelas dela deveriam ser
como os da porta de entrada do meu apartamento e comentei sobre
isso com ela. Após o telefonema, esqueci-me do assunto, e, mais tarde,
recolhi-me ao leito.
Para minha surpresa, num dado momento da noite,
descobri-me num local onde eu examinava um pedaço de vidro. E eu
concluía que o vidro da minha amiga não era igual aos vidros da minha
porta, pois os quadrados dos vidros dela eram realmente minúsculos,
parecendo pequenos pontos. Ainda pensei: ela não descreveu direito o
material, que é meio fosco.
Despertei pela manhã seguinte com a imagem nítida do
vidro em minha mente, embora julgasse ter sido um mero sonho, já
que eu conversara sobre o assunto um pouco antes de dormir. Dois
dias depois, por obra do acaso, fui até o bairro onde minha amiga
morava, a cerca de 50 km de onde eu residia. Contei-lhe sobre o
“sonho”, adiantando-lhe que era uma bobagem. Ela ouviu-me e nada
comentou. Resolveu, insistentemente, a me levar até o terreno onde
estava a sua nova casa em construção. Ao entrar na residência, pude
observar os vidros espalhados pelos cômodos, e, para a minha
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surpresa, eram exatamente como eu tinha examinado no “sonho”. Eu
concluíra, então, que estivera projetado no local da obra, cujo
endereço já conhecia desde antes, pois visitara o local quando a obra
estava num estágio menos avançado.
Cabe, então, uma pequena explicação: na minha
experiência fora do corpo pude segurar uma peça de vidro, que,
obviamente, não era material. Esta peça, que peguei, correspondia a
uma “contraparte sutil” de um pedaço de vidro material que estava no
ambiente da construção. A esta “contraparte sutil”, muitos viajantes
astrais chamam de “duplo”. Uma situação dessas se repete, com certa
frequência, quando projetores têm experiências dentro de seus lares,
podendo tocar ou pegar os “duplos” de objetos físicos de suas casas.
A baratinha (2008)
Naquele dia, duas amigas vieram de longe, pois precisariam
dormir em meu apartamento, já que participariam de um evento bem
cedo, no dia seguinte, próximo ao meu bairro. Então, cedi meu quarto
para elas. Peguei um colchonete e fui dormir na sala.
Quando deitei, já próximo à meia-noite, fiquei observando a
porta de entrada da minha residência. Pensei que poderia entrar
alguma barata, justamente naquela noite em que eu iria dormir junto
ao piso. Logo afastei este pensamento, que não era muito positivo, e
passei a realizar um exercício projetivo. No entanto, estava cansado e
logo caí no sono.
Em algum momento da madrugada, desliguei-me do corpo
com lucidez. Estava próximo da porta de entrada do apartamento,
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olhando para o chão. Então, de repente, uma pequena sombra se
deslocou rapidamente, por baixo da porta, para dentro da minha
residência, logo sumindo de minha visão. Não identifiquei exatamente
o que era de fato, mas pensei: “Poxa, entrou uma barata em meu
apartamento! Mas, ela é pequena! É só uma baratinha!” Na sequência,
perdi a lucidez, ou simplesmente não pude rememorar o restante da
experiência fora do corpo. É importante destacar que, ali na entrada do
apartamento, eu estava bem próximo ao meu corpo físico no
colchonete. Isto pode ter contribuído para eu perder rapidamente meu
estado lúcido, ou posso ter-me reacoplado subitamente, sem maior
tempo livre no Astral.
Pela manhã, ao levantar-me, ainda recordava do evento
extrafísico. Após meus primeiros passos, estaquei com surpresa. Lá
estava a baratinha morta, a três metros do meu colchonete. Então,
lembrei-me da dedetização que eu fizera, há algumas semanas, na
minha residência. O veneno utilizado tinha ação prolongada por cerca
de seis meses, e, por isso, o inseto entrou de madrugada, para estar
morto algumas horas depois.
Assim, constatei a veracidade da minha experiência fora do
corpo. Achei bastante interessante que eu pude discernir, na penumbra
do local, que a sombra que cruzara o limiar do apartamento, pelo seu
tamanho reduzido, fosse apenas um filhote de barata, apesar dela
passar muito rapidamente para dentro, saindo do meu campo visual.
Este tipo de vivência, embora curta, tem um significado importante
para mim, pois o interpreto como uma comprovação pessoal do
fenômeno da viagem astral.