Upload
nguyendat
View
225
Download
1
Embed Size (px)
Citation preview
ESTUDO SOBRE O EMPREENDEDORISMO
GEM Portugal 2012GEM Portugal 2012
GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR
O projeto GEM - Global Entrepreneurship
Monitor - é o maior estudo independente
sobre o empreendedorismo a nível
mundial.
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
I
GEM Portugal 2012GEM Portugal 2012Estudo sobre o Empreendedorismo
Embora este relatório tenha sido desenvolvido com base nos dados recolhidos pelo consórcio GEM, a análise e interpretação dos mesmos é da exclusiva responsabilidade dos seus autores.
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
III
INSTITUIÇÕES PARCEIRAS
O projeto GEM Portugal 2012 resulta do trabalho de uma parceria que integra
especialistas em empreendedorismo em Portugal.
O ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL) é uma
instituição pública de ensino universitário, criada em 1972. No
âmbito das suas atividades de ensino, investigação e prestação
de serviços à comunidade. O ISCTE-IUL dedica-se à formação
de quadros e especialistas qualificados, cujas competências culturais, científicas e
técnicas os tornam aptos a intervir no desenvolvimento sustentado não só do País, mas
também a nível global. Os seus objetivos estratégicos são a inovação, a qualidade, a
internacionalização e o desenvolvimento de uma cultura empreendedora.
Com aproximadamente 8000 estudantes em programas de graduação (52%) e pós-
graduação (48%), 400 docentes e 200 funcionários não docentes, o ISCTE-IUL orgulha-
se de ser uma das universidades mais dinâmicas e inovadoras do País. Com forte
procura, o ISCTE-IUL tem sempre preenchido a totalidade das vagas disponíveis. O
ISCTE-IUL caracteriza-se por ser uma research university, contando com nove centros de
investigação avaliados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).
No vetor da prestação de serviços à comunidade, foram sendo criadas múltiplas ligações
a empresas e organizações (estatais e da sociedade civil) através de professores e
diplomados do ISCTE-IUL. Destaca-se neste plano, o Instituto para o Desenvolvimento
da Gestão (INDEG), que desenvolve uma ação de grande reconhecimento público na
formação, pós-graduação e na investigação e serviços à comunidade, nas áreas da sua
competência. No domínio do empreendedorismo, o centro de investigação AUDAX é
hoje uma referência nacional, desenvolvendo parcerias com autarquias, associações
empresariais, e com entidades como a COTEC e o Massachusetts Institute of Technology
(MIT).
www.iscte-iul.pt/
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
IV
A SPI Ventures é uma empresa de consultadoria fundada em
2008, que tem por missão atuar como catalisador na criação e
desenvolvimento de novos negócios, através da identificação
e seleção de oportunidades emergentes, que conduzam à
sua otimizada implementação, quer em novas empresas,
quer em empresas já existentes.
A SPI Ventures atua no mercado como um knowledge broker e investment facilitator,
oferecendo serviços que combinam áreas como a vigilância tecnológica e o business
intelligence com o planeamento de negócios e o fomento do empreendedorismo,
permitindo aos seus clientes aceder a uma vasta rede de parceiros, essenciais para o
desenvolvimento das suas ideias e para a transformação das mesmas em negócios com
grande potencial de crescimento.
A SPI Ventures beneficia da experiência da Sociedade Portuguesa de Inovação (SPI) em
consultadoria nas áreas da inovação e fomento do empreendedorismo, assim como da
sua vasta rede de contactos. A SPI constitui-se como um nó ativo de redes nacionais
e internacionais ligadas à inovação, assumindo-se como um promotor privilegiado de
relações entre empresas, instituições do sistema científico e tecnológico, organizações
nacionais públicas e privadas e instituições internacionais. No âmbito do projeto
GEM, em particular, a SPI Ventures beneficia da sua própria experiência enquanto
coordenadora do estudo em Portugal, em 2010 e 2011, e da experiência da SPI, entidade
coordenadora nos anos de 2001, 2004 e 2007, em Portugal, e nos anos de 2008 e 2010
e 2012, em Angola.
www.spi-ventures.com
SUMÁRIO EXECUTIVO
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
V
GEM Portugal 2012GEM Portugal 2012SUMÁRIO EXECUTIVO
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
VII
SUMÁRIO EXECUTIVO
Entre 2011 e 2012, a atividade empreendedora em Portugal não sofreu alterações
significativas ao nível dos seus índices mais relevantes, monitorizados pelo estudo GEM,
o que significa que, mesmo com o agravar da situação económica, financeira e social do
País, a iniciativa empreendedora não diminuiu. Através de uma análise aos resultados da
Sondagem à População Adulta, um dos principais mecanismos de recolha de informação
do GEM, as seguintes conclusões principais podem ser obtidas:
• Em 2012, Portugal registou uma Taxa TEA de 7,7%, o que significa que, no País,
existem entre 7 e 8 empreendedores early-stage (indivíduos envolvidos em start-
ups ou na gestão de novos negócios) por cada 100 indivíduos em idade adulta. Este
resultado representa um aumento marginal em relação a 2011, ano em que o valor
registado da TEA foi de 7,5%.
• A Taxa TEA de Portugal é a 44ª mais elevada do universo GEM 2012 (entre 69 países)
e a 7ª mais alta das 24 economias orientadas para a inovação participantes, ficando
0,6 pontos percentuais acima da média associada ao referido tipo de economia.
• Em Portugal, os setores onde se regista uma maior percentagem de
empreendedores são o setor orientado ao consumidor (que inclui todos os negócios
direcionados para o consumidor final) com 44,9% dos empreendedores, o setor
da transformação (que inclui construção, manufatura, transporte, comunicações,
utilidades e distribuição grossista) com 26,2% dos empreendedores, e o sector
orientado ao cliente organizacional (que inclui todas as atividades onde o cliente
primário é outro negócio) com 23,8% dos empreendedores. O setor extrativo inclui
apenas 5,1% dos empreendedores mas, comparativamente a 2011, é o que regista
maior crescimento, tanto relativo como absoluto (2,4% em 2011).
• Em Portugal, o número de empreendedores early-stage do sexo masculino
corresponde a 9,2% da população adulta masculina e o número de empreendedores
early-stage do sexo feminino a 6,1% da população adulta feminina. O rácio
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
VIII
empreendedores/empreendedoras diminuiu relativamente a 2011, passando de
2,23 para 1,51, progredindo no sentido da paridade.
• Em Portugal, a faixa etária onde se regista a maior incidência de atividade
empreendedora é a que compreende as idades entre os 25 e os 34 anos (TEA de
10,6% para a população dessa faixa etária). Também em 2011, nesta faixa etária a
incidência de atividade empreendedora era maior.
• Em Portugal, 58,3% dos empreendedores early-stage criam um negócio motivados
pela oportunidade, 26,2% motivados pela necessidade e 15,6% alegam que
a mistura de motivos está na origem da criação do negócio. A percentagem de
empreendedores que alega motivos de oportunidade para iniciação de negócio
desceu ligeiramente (59,8% em 2011), ao passo que a que indica motivos de
necessidade desceu de forma igualmente ligeira (26,6% em 2011). Aumentou a
proporção de empreendedores que apresenta mistura de motivos (15,6% em 2012
contra 13,6% em 2011).
• Em Portugal, 2,1% da população adulta desistiu de um negócio nos 12 meses
anteriores à realização da Sondagem à População Adulta, tendo a continuidade
do mesmo sido interrompida. Por outro lado, 0,9% da população adulta afirmou
ter desistido de um negócio, no mesmo período, tendo esse negócio permanecido
ativo.
Paralelamente à Sondagem à População Adulta, foi realizada, no âmbito do GEM Portugal
2012, uma Sondagem aos especialistas nacionais na área do empreendedorismo. Esta
sondagem possui um cunho mais subjetivo e qualitativo, mas beneficia do conhecimento
aprofundado da temática por parte do painel de peritos selecionados.
Os especialistas foram inquiridos sobre nove Condições Estruturais do
Empreendedorismo, sendo convidados a partilhar a sua opinião sobre até que ponto as
mesmas favorecem ou dificultam a atividade empreendedora em Portugal.
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
IX
Da sondagem aos especialistas nacionais, há a reter os seguintes pontos principais:
Condições estruturais mais favoráveis
• À semelhança de anos anteriores, a condição estrutural “Acesso a Infraestruturas
Físicas” foi a que obteve a apreciação mais positiva por parte dos especialistas
nacionais, que destacam a generalidade da infraestrutura existente no País como
um fator facilitador do empreendedorismo. O preço do acesso a algumas dessas
infraestruturas, no entanto, continua a suscitar algumas críticas.
• De igual modo, a condição estrutural “Infraestrutura Comercial e Profissional”
continuou a obter uma das apreciações mais favoráveis por parte dos especialistas
nacionais. De forma análoga ao que sucede com o acesso a infraestruturas físicas,
os especialistas portugueses elogiam a generalidade dos serviços profissionais
disponíveis, mas têm uma opinião desfavorável sobre o seu custo.
Condições estruturais menos favoráveis
• Pela primeira vez, a condição estrutural “Normas Culturais e Sociais” não foi a que
registou a apreciação menos favorável por parte dos especialistas portugueses,
embora a sua apreciação continue a ser bastante desfavorável. Estes continuam a
considerar que a cultura nacional está pouco orientada para o empreendedorismo
e que existe, na sociedade, uma falta de estímulo ao êxito individual. Todos os
aspetos relacionados com normas sociais e culturais foram avaliados de forma
negativa pelos especialistas consultados.
• A condição estrutural “Políticas Governamentais” foi a que registou a apreciação
menos favorável por parte dos especialistas nacionais, que apontam como
principais obstáculos ao fomento da atividade empreendedora no País a existência
de um excesso de burocracia e carga fiscal.
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
XI
íNDICE
GEM Portugal 2012 Instituições Parceiras ........................................................................................ III
Sumário Executivo.......................................................................................................................................V
1. O PROJETO GEM PORTUGAL 2012...................................................................................................1
Retrato do Empreendedorismo no GEM ........................................................................................4
Fases do Desenvolvimento Económico ..........................................................................................5
Condições Estruturais do Empreendedorismo..............................................................................7
Estrutura do Relatório GEM Portugal 2012 ....................................................................................9
2. ATIVIDADE EMPREENDEDORA EM PORTUGAL..........................................................................11
2.1. Atividade Empreendedora Early-Stage (TEA)....................................................................13
2.2. Características Demográficas..................................................................................................17
2.3. Oportunidade vs. Necessidade...............................................................................................21
2.4. Cessação da Atividade Empreendedora..............................................................................23
2.5. Inovação..........................................................................................................................................25
3. CONDIçõES ESTRUTURAIS DO EMPREENDEDORISMO EM PORTUGAL........................29
ANEXOS........................................................................................................................................................37
Anexo I: índice de tabelas e figuras................................................................................................39
Anexo II: Lista de especialistas entrevistados ligados ao empreendedorismo em
Portugal....................................................................................................................................................40
O PROJETO GEM PORTUGAL 2012
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
1
GEM Portugal 2012GEM Portugal 2012O PROJETO GEM PORTUGAL 2012
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
3
1.O PROJETO GEM PORTUGAL 2012
O projeto Global Entrepreneurship Monitor (GEM - www.gemconsortium.org) é uma
avaliação anual da atividade empreendedora e das aspirações e dificuldades dos
empreendedores num largo conjunto de países. Atualmente, o GEM é o maior estudo
sobre dinâmicas empreendedoras no mundo.
O primeiro estudo GEM foi realizado em 1999, como iniciativa conjunta do Babson
College (Estados Unidos da América) e da London Business School (Reino Unido), tendo
contado com a participação de 10 países. Em 2005, estas duas entidades transferiram o
capital intelectual do GEM para a Global Entrepreneurship Research Association (GERA) –
uma organização sem fins lucrativos gerida por representantes das equipas nacionais,
das duas instituições fundadoras e de instituições patrocinadoras da iniciativa.
A edição de 2012 do GEM conta com a participação de 69 países, entre os quais Portugal.
O presente relatório foca-se nos resultados obtidos para Portugal Continental, de
agora em diante designado simplesmente por Portugal. Adicionalmente, foi também
desenvolvido um estudo GEM 2012 específico para a Região Autónoma dos Açores.
Esta é a sexta vez que Portugal é incluído no estudo GEM, tendo já participado nas edições
de 2001, 2004, 2007, 2010 e 2011. O GEM Portugal 2012 surge, assim, enquadrado na
recente dinâmica de realização do estudo a cada ano, permitindo acompanhar mais de
perto a evolução da atividade empreendedora em Portugal, durante um período em que
as circunstâncias económicas, financeiras e sociais do País deixam antever importantes e
rápidas alterações no ecossistema empreendedor nacional.
O projeto GEM Portugal mantém-se como um exercício de benchmarking de caráter
internacional, que permite comparar o nível de empreendedorismo em Portugal com
o de diferentes tipos de economias (com características e níveis de desenvolvimento
diferentes).
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
4
RETRATO DO EMPREENDEDORISMO NO GEM
Em termos gerais, no GEM, o empreendedorismo é definido como “qualquer tentativa
de criação de um novo negócio ou nova iniciativa, tal como emprego próprio, uma
nova organização empresarial ou a expansão de um negócio existente, por parte de um
indivíduo, de uma equipa de indivíduos, ou de negócios estabelecidos”.
Assim, a recolha de dados do GEM abrange todo o ciclo de vida do processo
empreendedor e debruça-se sobre os indivíduos, enquadrando-os em três fases
distintas: quando estes empregam recursos para começar um negócio do qual esperam
ser donos (empreendedores de negócios nascentes); quando estes são donos e gerem
um novo negócio que proporciona remuneração salarial por um período superior a 3
meses e inferior a 3,5 anos (empreendedores de novos negócios); e quando estes são
donos e gerem um negócio já estabelecido e que está em funcionamento há mais de 3,5
anos (empreendedores de negócios estabelecidos).
A Figura 1 sintetiza o processo empreendedor e as definições operacionais do GEM.
Figura 1: O processo empreendedor e as definições operacionais do GEMFonte: GERA, Global Report, 2012
O relatório GEM Portugal 2012 utiliza a Taxa de Atividade Empreendedora Early-Stage
(TEA) como principal índice para medir a atividade empreendedora e compará-la entre
países. A Taxa TEA mede a proporção de adultos (com idades compreendidas entre os 18
e os 64 anos) envolvidos em negócios nascentes ou em novos negócios.
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
5
FASES DO DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO
O estudo GEM tem em consideração as diferentes fases do desenvolvimento económico
dos países, classificando cada País participante como “economia orientada por fatores
de produção”, “economia orientada para a eficiência” ou “economia orientada para a
inovação” 1. A caracterização geral do empreendedorismo nos três tipos de economia
anteriormente referidos encontra-se seguidamente apresentada:
Empreendedorismo em economias orientadas por fatores de produção
Nas economias orientadas por fatores de produção, o desenvolvimento económico
consiste em mudanças na quantidade e no caráter do valor acrescentado económico.
Estas mudanças resultam em maior produtividade e num aumento do rendimento per
capita e, frequentemente, coincidem com a migração de trabalho entre os diferentes
setores económicos da sociedade (por exemplo do setor primário para a indústria e
serviços)2.
Empreendedorismo em economias orientadas para a eficiência
Nas economias orientadas para a eficiência, à medida que o setor industrial se vai
desenvolvendo, começam a emergir instituições para o apoio ao desenvolvimento
da industrialização e começa a haver uma procura de maior produtividade através da
criação de economias de escala. Tipicamente, as políticas económicas nacionais em
economias de escala moldam as instituições económicas e financeiras emergentes, de
modo a favorecer as grandes empresas nacionais.
Empreendedorismo em economias orientadas para a inovação
Finalmente, em economias orientadas para a inovação pode esperar-se que a ênfase
dada à atividade industrial mude gradualmente para o setor dos serviços, à medida
que ocorre um amadurecimento e aumento da riqueza. Este setor deverá ser capaz de
responder às necessidades de uma população em crescimento, indo ao encontro das
1 Porter, Sachs e McArthur (2002): “Executive Summary: Competitiveness and Stages of Economic Development.”, The
Global Competitiveness Report 2001-2002, New York: Oxford University Press, 16-25, citado em 2010 Global Report.2 Gries, T. and W. Naude. (2010): “Entrepreneurship and Structural Economic Transformation,” In Small Business Economics,
34(1): 13–29, citado em 2010 Global Report.
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
6
exigências criadas numa sociedade com elevado rendimento. O setor industrial, por
seu turno, atravessa um conjunto de mudanças e melhorias ao nível da variedade e da
sofisticação. Estas melhorias estão normalmente associadas a atividades de Investigação
e Desenvolvimento (I&D).
A Tabela 1 contém a lista de países participantes no GEM 2012:
Tabela 1: Países participantes no GEM 2012
Área geográficaEconomias orientadas
por fatores de produção
Economias orientadas para a eficiência
Economias orientadas para a inovação
África Subsariana
Angola, Botswana, Etiópia, Gana, Malawi,
Nigéria, Uganda, Zâmbia
África do Sul, Namíbia -
América e Caraíbas
-
Argentina, Barbados, Brasil, Chile, Colômbia, Costa
Rica, El Salvador, Equador, Jamaica3, México, Panamá,
Peru, Trinidad e Tobago, Uruguai
Estados Unidos
Ásia-Pacífico índia3 China, Malásia, TailândiaRepública da Coreia,
Japão, Singapura, Taiwan
Europa Não-UE -Bósnia e Herzegovina, Croácia, Macedónia,
Rússia, TurquiaNoruega, Suíça
Norte de África e Médio Oriente
Argélia, Egito, Irão, Palestina, Paquistão
Tunísia Israel
União Europeia -Estónia, Hungria, Letónia,
Lituânia, Polónia, Roménia
Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca,
Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Finlândia,
França, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália, Portugal, Reino Unido,
Suécia 3 Apesar de no total terem participado 69 países no GEM 2012, os resultados referentes à índia e à Jamaica não foram
incluídos. Por este motivo, os resultados apresentados no Capítulo 2, referem-se a 67 países e não a 69.
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
7
CONDIçõES ESTRUTURAIS DO EMPREENDEDORISMO
O GEM define as Condições Estruturais do Empreendedorismo (CEE) como os indicadores
do potencial de um País para promover o empreendedorismo. As CEE refletem as
principais características do meio socioeconómico de um País, que se espera terem um
impacto significativo no setor empresarial. A nível nacional, há diferentes condições
estruturais que se aplicam a negócios já estabelecidos e a novos negócios. O GEM 2012
compara também estas condições, considerando a fase de desenvolvimento económico
de cada País participante.
O Modelo GEM encontra-se ilustrado na Figura 2.
Figura 2: Modelo GEMFonte: GERA, Global Report, 2012
A partir de outras fontes disponíveis
Contextosocial,
cultural e político
Desenvolvimento Social e
Económico(Empregos, inovação,
valor social)
A partir da Sondagem aos
Especialistas
REQUISITOS BÁSICOS- Instituições- Infra-estrutura- Estabilidade macroeconómica- Saúde e educação primária
INDUTORES DE EFICIÊNCIA- Educação superior e formação
trabalho
- Prontidão tecnológica- Dimensão do mercado
INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO- Financiamento do empreendedorismo- Políticas governamentais- Programas governamentais de apoio ao empreendedorismo- Educação para o empreendedorismo- Transferência de I&D- Abertura do mercado interno- Infraestrutura física para o empreendedorismo- Infraestrutura comercial e legal para o empreendedorismo- Normas culturais e sociais
ATITUDEOportunidades e capacidade detetadas; medo de falhar; reputação da atividade empreendedora
ATIVIDADEMotivada por oportunidade/necessidade; Early-Stage; Inclusão; Indústria; Saídas
ASPIRAÇÃOCrescimento; Inovação; Criação de valor social; Orientação internacional
A partir da Sondagem à
População Adulta
A partir da Sondagem à
População Adulta
Atividade Empreendedora dos
colaboradores
Empresasestabelecidas
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
8
Utilizando o modelo apresentado na Figura 2, no GEM Portugal 2012 foi identificado
um conjunto de 9 condições estruturais que são utilizadas para melhor se entender os
fatores impulsionadores e os constrangimentos do empreendedorismo num País:
1. Apoio Financeiro
Disponibilidade de recursos financeiros, capital próprio e fundos de amortização de
dívida para empresas novas e em crescimento, incluindo bolsas e subsídios.
2. Políticas Governamentais
Grau em que as políticas governamentais relativas a impostos, regulamentações e
sua aplicação são neutras no que diz respeito à dimensão das empresas e grau em
que estas políticas incentivam ou desincentivam empresas novas e em crescimento.
3. Programas Governamentais
Existência de programas, em todos os níveis de governação (nacional, regional e
local), que apoiem diretamente negócios novos e em crescimento.
4. Educação e Formação
Grau em que a formação sobre a criação ou gestão de negócios novos e em
crescimento é incluída no sistema de educação e formação, bem como a qualidade,
relevância e profundidade dessa educação e formação para criar ou gerir negócios
pequenos, novos ou em crescimento.
5. Transferência de Investigação e Desenvolvimento
Grau em que a I&D a nível nacional conduz a novas oportunidades comerciais,
assim como o nível de acesso à I&D por parte dos negócios pequenos, novos ou em
crescimento.
6. Infraestrutura Comercial e Profissional
Influência das instituições e serviços comerciais, contabilísticos e legais, que
permitem a promoção dos negócios pequenos, novos ou em crescimento.
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
9
7. Abertura do Mercado/Barreiras à Entrada
Grau em que se impede que os acordos e procedimentos comerciais sejam alvo
de mudanças e substituições, impossibilitando empresas novas e em crescimento
de estar em concorrência e de substituir fornecedores e consultores de forma
recorrente.
8. Acessos a Infraestruturas Físicas
Acesso a recursos físicos (comunicação, transportes, utilidades, matérias-primas e
recursos naturais) a preços que não sejam discriminatórios para negócios pequenos,
novos ou em crescimento.
9. Normas Culturais e Sociais
Grau em que as normas sociais e culturais vigentes encorajam (ou não desencorajam)
iniciativas individuais que levam a novas formas de conduzir negócios e atividades
económicas e, por sua vez, contribuem para uma maior distribuição da riqueza e do
rendimento.
ESTRUTURA DO RELATÓRIO GEM PORTUGAL 2012
A elaboração do relatório GEM Portugal 2012 implicou a recolha de dados de 3 fontes:
Sondagem à População Adulta, junto de 2000 indivíduos (com idades entre 18 e 64
anos), residentes em Portugal Continental, utilizando um questionário padronizado,
aplicado em todos os países participantes no GEM 2012. A sondagem foi realizada
pela Gfk Metris (empresa de inquéritos e estudos de mercado), durante o mês de
Julho de 2012.
Sondagem a Especialistas ligados ao empreendedorismo em Portugal Continental,
incluindo, entre outros, líderes do sistema financeiro, responsáveis governamentais,
membros do sistema de ensino e empreendedores de renome. A sondagem
envolveu a realização de 38 entrevistas a especialistas, utilizando um questionário
padronizado, aplicado em todos os países participantes no GEM 2012;
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
10
2012 Global Report, publicado pela GERA em Janeiro de 2013.
Após a presente introdução, este relatório inclui os seguintes capítulos:
Capítulo 2 – Atividade Empreendedora em Portugal: analisa a evolução do nível e
características do empreendedorismo em Portugal, entre 2011 e 2012, e estabelece
uma comparação entre o País, os diferentes tipos de economias e a UE;
Capítulo 3 – Condições Estruturais do Empreendedorismo em Portugal: analisa as
condições estruturais que influenciam o empreendedorismo em Portugal (quer
impulsionando-o, quer obstaculizando o seu desenvolvimento), a sua evolução
entre 2011 e 2012, e estabelece uma comparação entre o País, os diferentes tipos de
economias e a UE.
Adicionalmente, são incluídos dois anexos: o Anexo I contém o índice de tabelas e
figuras do presente relatório e o Anexo II contém a lista de especialistas entrevistados
no âmbito do estudo.
ATIVIDADE EMPREENDEDORA EM PORTUGAL
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
11
GEM Portugal 2012GEM Portugal 2012ATIVIDADE EMPREENDEDORA
EM PORTUGAL
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
13
2. ATIVIDADE EMPREENDEDORA EM PORTUGAL
No presente capítulo são analisadas as características do empreendedorismo em
Portugal. Os resultados aqui apresentados foram obtidos a partir de um questionário
padronizado, aplicado em todos os países participantes no GEM 2012 a uma amostra de
indivíduos em idade adulta (18 a 64 anos). Em Portugal, a Sondagem à População Adulta
foi efetuada junto de uma amostra de 2000 pessoas residentes em Portugal Continental.
2.1.Atividade Empreendedora Early-Stage (TEA)
No âmbito da avaliação da atividade empreendedora, o principal índice é designado
por Taxa de Atividade Empreendedora Early-Stage (Taxa TEA) de cada País participante.
A Taxa TEA ilustra a proporção de indivíduos em idade adulta (entre os 18 e os 64 anos)
que está envolvida num processo de start-up (negócio nascente) ou na gestão de
negócios novos e em crescimento, em cada País participante. As Taxas TEA relativas aos
países GEM 2012 encontram-se ilustradas na Figura 3. Para fins comparativos, é ainda
apresentada a Taxa TEA de Portugal, no ano de 2011.
A Taxa TEA ilustra a proporção de indivíduos em idade adulta (entre os 18 e os 64 anos) que está envolvida num processo de start-up (negócio nascente) ou na gestão de negócios novos e em crescimento, em cada País participante.
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
14
Figura 3: Taxa de Atividade Empreendedora Early-Stage (TEA)4
Fonte: Sondagem à População Adulta 2011 e 2012
Em 2012, Portugal registou uma Taxa TEA de 7,7%, o que significa que, em Portugal,
existem 7 a 8 empreendedores early-stage por cada 100 indivíduos em idade adulta. Este
resultado coloca Portugal no 44º lugar do universo GEM 2012. A diferença é mínima em
relação a 2011, ano em que a taxa TEA em Portugal registava um valor de 7,5%. No ano
anterior, Portugal registou o 36º resultado mais alto do universo GEM. Contudo, a descida
de 8 posições em 2012 deve-se não a uma descida da atividade empreendedora, cuja
taxa aliás, aumentou em 0,2 pontos percentuais, mas à inclusão de um maior número de
economias orientadas para a eficiência e por fatores de produção no estudo, economias
essas que costumam apresentar valores mais elevados de TEA.
4 Os dados apresentados dizem respeito à Taxa TEA e refletem um intervalo de confiança de 95%.
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
15
Entre as economias orientadas para a inovação, Portugal atinge o 7º lugar entre 24
economias (subindo um lugar em relação a 2011), ficando a cerca de cinco pontos
percentuais de distância dos EUA, que com uma TEA de 12,8% são novamente líderes
entre os países com este tipo de economia.
A nível global, é a Zâmbia que apresenta o mais elevado valor de TEA com 41,5%, seguida
do Gana com 36,5%. O País com a menor TEA do universo GEM, em 2012, é o Japão, onde
apenas 4 pessoas em cada 100 se encontram envolvidas na gestão de novos negócios e
negócios nascentes.
É relevante notar que a TEA portuguesa aumentou apenas marginalmente entre 2012 e
2011, depois de um crescimento superior a 3 pontos percentuais no ano anterior.
No sentido de estabelecer uma comparação da Taxa TEA nos três tipos de economia em
análise, são apresentados, na Tabela 2, os valores médios deste índice para as economias
orientadas por fatores de produção, orientadas para a eficiência e orientadas para a
inovação.
Tabela 2: Média da Taxa TEA por tipo de economiaFonte: Sondagem à População Adulta 2012
Tipos de economia Média da Taxa TEA
Orientadas por fatores de produção 23,7%
Orientadas para a eficiência 13,1%
Orientadas para a inovação 7,1%
Como normalmente ocorre, é nas economias orientadas por fatores de produção que
a atividade empreendedora é mais intensa, apresentando uma TEA média de 23,7%.
Seguem-se, respetivamente, as economias orientadas para a eficiência e para a inovação,
com TEA médias de 13,1% e 7,1%, respetivamente.
A estes valores de TEA nas economias orientadas por fatores de produção e, até certo
ponto, nas economias orientadas para a eficiência, está associado um défice de trabalho
dependente, que obriga a população ativa a enveredar pelo empreendedorismo.
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
16
Assim, em particular nas economias orientadas por fatores de produção, assiste-se
a um importante fenómeno de empreendedorismo de necessidade, por oposição ao
empreendedorismo de oportunidade, geralmente mais prevalente em economias em
estados de desenvolvimento mais avançados.
No âmbito do projecto GEM analisa-se igualmente a distribuição da atividade
empreendedora pelos diferentes setores de atividade. A Figura 4 apresenta a proporção
da atividade empreendedora early-stage em Portugal (nos anos 2011 e 2012) e nos
três tipos de economia em estudo, categorizada nos quatro setores seguidamente
referenciados:
Setor extrativo: inclui agricultura, silvicultura, pescas e extração de matérias brutas;
Setor da transformação: inclui construção, manufatura, transporte, comunicações, utilidades e distribuição grossista;
Setor orientado ao cliente organizacional: inclui finanças, seguros, imobiliário e todas as atividades onde o cliente primário é outro negócio;
Setor orientado ao consumidor: inclui todos os negócios direcionados para o consumidor final, como o retalhista, restauração, alojamento, saúde, educação e
lazer, entre outros.
Figura 4: Distribuição da Taxa TEA por setoresFonte: Sondagem à População Adulta 2011 e 2012
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
17
De acordo com a Figura 4, em Portugal, o setor onde se regista uma maior percentagem
de atividade empreendedora early-stage é o setor orientado ao consumidor, com
44,9% de empreendedores. A este setor seguem-se, por ordem decrescente, o setor da
transformação, com 26,2%, o setor orientado ao cliente organizacional, com 23,8%, e,
por último, o setor extrativo, com apenas 5,1% de empreendedores.
Em relação a 2011, as diferenças são pouco significativas, embora se denote facilmente
que existe um aumento da atividade empreendedora no setor extrativo (cresceu de
2,4% para 5,1%, sendo o setor que mais cresceu), que pode estar ligado a um paradigma
que se procura implementar novamente em Portugal, de voltar a explorar os recursos
naturais e agrícolas.
Como se infere da consulta da Figura 4, a estrutura da atividade empreendedora em
Portugal, em termos da sua distribuição por setor, é praticamente idêntica à encontrada
na média das economias orientadas para a inovação.
2.2. Características Demográficas
No presente subcapítulo é analisado o empreendedorismo atendendo às características
demográficas de cada País participante e de Portugal, em particular.
Para o efeito, é apresentada, na Figura 5, a Taxa TEA, por género, nas economias
orientadas para a inovação do GEM 2012. Para fins comparativos, são ainda apresentados
os resultados para Portugal no ano de 2011.
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
18
Figura 5: Taxa TEA por géneroFonte: Sondagem à População Adulta 2011 e 2012
Em Portugal, o número de empreendedores early-stage do sexo masculino corresponde
a 9,3% da população adulta masculina e o número de empreendedores early-stage
do sexo feminino a 6,2% da população adulta feminina. Assumindo que o número
total de homens e de mulheres é aproximadamente igual, conclui-se que o número
de empreendedores do sexo masculino é exatamente 50% superior ao número de
empreendedores do sexo feminino.
Estes resultados representam um aumento do equilíbrio entre o número de homens e
mulheres envolvidos em atividades empreendedoras. Mais do que isso, significam que
a Taxa TEA global de Portugal aumentou à custa do aumento do número de mulheres
empreendedoras. Em 2011, a Taxa TEA feminina era de apenas 4,7%, ao passo que a
masculina era de 10,5%.
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
19
Na Tabela 3 são apresentadas as médias da Taxa TEA por género e para cada tipo de
economia em estudo, bem como os respetivos rácios empreendedores/empreendedoras.
Tabela 3: Média da Taxa TEA por género e por tipo de economiaFonte: Sondagem à População Adulta 2012
Tipos de economiaMédia da Taxa
TEA para o género masculino
Média da Taxa TEA para o género
feminino
Rácio empreendedores/empreendedoras
Orientadas por fatores de produção
26,7% 20,6% 1,30
Orientadas para a eficiência
15,5% 10,8% 1,44
Orientadas para a inovação
9,2% 5,0% 1,84
De acordo com os resultados apresentados na Tabela 3, os empreendedores early-stage
do sexo masculino predominam em relação aos do sexo feminino nos três tipos de
economia considerados.
A Tabela 3 mostra também que as mulheres localizadas em economias orientadas por
fatores de produção têm uma vocação empreendedora maior do que as que residem
em economias orientadas para a inovação ou para a eficiência, uma vez que o rácio
empreendedores/empreendedoras nestas economias é menor que nas restantes.
A Sondagem à População Adulta permitiu também identificar outras características
demográficas dos empreendedores, nomeadamente a faixa etária em que estes se
inserem. A Tabela 4 apresenta os resultados obtidos para Portugal em 2011 e em 2012.
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
20
Tabela 4: Taxa TEA por faixa etáriaFonte: Sondagem à População Adulta 2011 e 2012
Faixa etária
Taxa TEA por faixa etária
Portugal 2011
Portugal 2012
Economias orientadas por fatores
de produção
Economias orientadas
para a eficiência
Economias orientadas
para a inovação
18 a 24 anos 6,1% 6,4% 20,0% 11,1% 5,1%
25 a 34 anos 10,9% 10,6% 29,1% 17,3% 8,9%
35 a 44 anos 7,9% 8,1% 25,5% 15,0% 8,7%
45 a 54 anos 6,4% 7,2% 20,9% 11,8% 7,1%
55 a 64 anos 5,0% 4,6% 15,9% 7,7% 4,4%
De acordo com a Tabela 4, em Portugal, em 2012, a faixa etária na qual se regista a maior
Taxa TEA continua a ser a que compreende as idades entre os 25 e os 34 anos, com
10,6% da população adulta nessa faixa etária envolvida em atividades empreendedoras.
Contudo, existe uma pequena queda de atividade empreendedora nessa mesma faixa,
bem como na faixa dos 55 aos 64 anos. Ambas as quedas, no entanto, são devidamente
compensadas por aumentos da atividade empreendedora early-stage nas restantes faixas
etárias. Globalmente, pode dizer-se que a estrutura etária da população empreendedora
portuguesa não apresenta alterações significativas entre 2011 e 2012.
Nas economias orientadas para a inovação, é também na faixa etária dos 25 aos 34 anos
que se verifica a maior incidência de atividade empreendedora (embora com uma ligeira
diferença em relação à faixa etária dos 35 aos 44 anos). De um modo geral, é nas faixas
etárias entre os 25 e os 34 anos e entre os 35 e os 44 anos que se registam as maiores
taxas de atividade empreendedora nos diferentes tipos de economias analisados.
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
21
2.3. Oportunidade vs. Necessidade
Na análise da atividade empreendedora nos países participantes no GEM 2012, a
distinção entre a atividade empreendedora induzida pela oportunidade e a atividade
empreendedora induzida pela necessidade assume particular relevância.
De um modo geral, entende-se por empreendedorismo induzido pela oportunidade
aquele que resulta do desejo de aproveitar, por iniciativa própria, uma possibilidade
de negócio existente no mercado, através da criação de uma empresa. Por outro
lado, o empreendedorismo induzido pela necessidade resulta da ausência de outras
oportunidades de obtenção de rendimentos (nomeadamente, o trabalho dependente)
que leva os indivíduos à criação de um negócio, dado considerarem não possuir
melhores alternativas.
No sentido de analisar estes dois tipos de empreendedorismo, é estabelecida, na Figura 6,
uma comparação entre a proporção de empreendedorismo induzido pela oportunidade
(motivado pela vontade de aumentar o rendimento e/ou de obter independência), a
de empreendedorismo induzido pela não-oportunidade (motivado pela necessidade/
manutenção do rendimento) e a que resulta da mistura de ambos (oportunidade e não-
oportunidade).
Figura 6: Atividade empreendedora induzida pela oportunidade e pela não-oportunidade Fonte: Sondagem à População Adulta 2011 e 2012
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
22
Em Portugal, 37,5% dos empreendedores early-stage criam um negócio motivados
pela oportunidade de aumentarem o seu rendimento, ao passo que 20,8% são
movidos pela oportunidade de atingir independência. Assim, um total de 58,3% dos
empreendedores portugueses alega motivos de oportunidade para a criação do seu
negócio. A necessidade apresenta-se como um motivo também relevante, na medida
em que está na origem da criação de negócios para 26,2% dos empreendedores early-
stage. Finalmente, a mistura de motivos move 15,6% dos empreendedores early-stage.
A grande alteração dos resultados em Portugal em relação a 2011 prende-se com o
aumento da proporção de empreendedores que alega motivos de oportunidade de
atingir independência através da criação do seu negócio, por oposição à diminuição da
proporção de empreendedores que deseja aumentar o seu rendimento. Ainda assim,
ambas as situações representam motivos de oportunidade, pelo que a estrutura global
de motivações dos empreendedores portugueses não apresenta alterações drásticas.
Em 2011, 59,8% dos inquiridos alegavam motivos de oportunidade, valor que diminui
apenas ligeiramente em 2012. A proporção de empreendedores por necessidade
mantém-se praticamente inalterada e o número de indivíduos que alega mistura de
motivos para iniciar um negócio apresenta um aumento de dois pontos percentuais.
Considerando os valores obtidos nos países participantes no GEM 2012, os resultados
verificados são os esperados. O empreendedorismo de oportunidade é mais prevalente
nas economias orientadas para a inovação (53,5%), ao passo que o empreendedorismo
de necessidade é mais significativo em economias orientadas por fatores de produção
(40,5%). É, contudo, relevante destacar que ambos os valores diminuíram relativamente
a 2011 (59,4% e 44,1%, respetivamente). Tal é sintomático da conjuntura económico-
financeira mundial, na qual as oportunidades (ou as perceções das mesmas) nos países
mais desenvolvidos têm vindo a diminuir, ao passo que aumentam nos países em
estádios de desenvolvimento mais incipientes.
As economias orientadas para a eficiência localizam-se numa posição intermédia entre
as anteriores (46,4% oportunidade vs. 32,3% necessidade).
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
23
2.4. Cessação da Atividade Empreendedora
Tanto a abertura como o encerramento de negócios são fenómenos importantes e
característicos das economias dinâmicas. A interrupção de um negócio não deve ser
necessariamente considerada como um fracasso, podendo dever-se a uma variedade
de fatores, tais como o aparecimento de uma boa oportunidade de venda ou o
aparecimento de outras oportunidades de negócio.
Tabela 5: Taxa de cessação de atividade empreendedoraFonte: Sondagem à População Adulta 2011 e 2012
Continuidade do negócio
Continuidade do negócio
Taxa de cessação de atividade empreendedora
Portugal 2011
Portugal 2012
Economias orientadas por fatores
de produção
Economias orientadas
para a eficiência
Economias orientadas
para a inovação
Negócio continuou
1,1% 0,9% 3,4% 1,4% 1,0%
Negócio não continuou
1,8% 2,1% 9,8% 3,2% 1,7%
Em Portugal, 2,1% da população adulta desistiu de um negócio nos 12 meses anteriores
à realização da Sondagem à População Adulta, tendo a continuidade do mesmo sido
interrompida. Por outro lado, 0,9% da população adulta afirmou ter desistido de um
negócio, no mesmo período, tendo esse negócio permanecido ativo. Estes resultados
representam uma tendência marginalmente negativa em relação a 2011, na medida em
que a proporção de desistências de negócios aumentou 0,1%.
Os valores registados em Portugal são superiores aos registados nas economias
orientadas para a inovação tanto em termos globais de cessação da atividade
empreendedora como em termos da não continuação dos negócios abandonados por
um empreendedor em particular.
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
24
Em Portugal, o rácio de negócios continuados/negócios descontinuados após a
desistência do empreendedor que os liderava é quase idêntico ao registado nas
economias orientadas para a eficiência (0,43 vs. 0,44), embora a proporção global de
desistências seja menor. Esse rácio atinge valores de 0,59 nas economias orientadas para
a inovação e 0,38 nas economias orientadas por fatores de produção.
Complementarmente, a Figura 7 ilustra as respostas dadas pelos indivíduos que
afirmaram ter desistido de um negócio nos 12 meses anteriores à realização da
Sondagem à População Adulta, quando questionados sobre as razões que levaram
a essa desistência. Na referida figura é feita a distinção entre cinco grupos de razões,
designadamente: 1) oportunidade de vender o negócio; 2) negócio não lucrativo; 3)
problemas na obtenção de financiamento; 4) razões pessoais; e 5) outras razões, tais
como o surgimento de outras oportunidades de emprego ou de negócio, o planeamento
prévio da saída, a reforma ou a ocorrência de um incidente.
Figura 7: Razões para a desistência do negócioFonte: Sondagem à População Adulta 2011 e 2012
Em Portugal, dos indivíduos que cessam um negócio, uns assinaláveis 44,5% apontam
como motivo a inexistência de lucro. Esta percentagem constitui uma diminuição
considerável em relação a 2011, em que 57,0% apontavam este motivo para cessação
da atividade empreendedora. Esta variação constitui a principal diferença entre os anos
de 2011 e 2012, embora se possa ainda referenciar a dificuldade no acesso ao crédito
como um motivo em ascensão para cessação da atividade empreendedora, já desde
2010 (3,1% em 2010, 6,3% em 2011, 10,0% em 2012).
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
25
Por outro lado, as proporções de empreendedores que alegaram razões pessoais (27,4%)
e outras razões (13,6%) aumentaram em relação a 2011.
Pese a sua diminuição, a ausência de lucro é ainda a razão para cessação de negócio que
distingue Portugal da média das economias orientadas para a inovação, sendo que a
fração de empreendedores que alega este motivo é de 28,6% nas últimas.
2.5. Inovação
De acordo com a teoria da destruição criativa, os empreendedores distorcem o equilíbrio
de mercado, constituindo-se como agentes de mudança e crescimento que agem no
sentido de introduzir novas combinações de mercado, de produto ou de inovação. Ao
fazê-lo, conseguem diferenciar-se da concorrência, quer por apresentarem produtos e/
ou serviços inovadores, quer por utilizarem novas tecnologias e/ou processos.
Na atual conjuntura económica, a interligação entre empreendedorismo e inovação
assume especial interesse, na medida em que as iniciativas de negócio relacionadas com
a inovação se revelam cada vez mais preponderantes para o crescimento económico.
Por este motivo, é seguidamente efetuada uma análise da atividade empreendedora
orientada para a inovação a três níveis: opinião dos clientes; diferenciação da oferta; e
tecnologia utilizada.
A Figura 8 ilustra a perceção dos empreendedores early-stage relativamente à opinião
que os seus clientes têm sobre o grau de novidade dos seus produtos/serviços.
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
26
Figura 8: Perceção dos empreendedores sobre a opinião dos seus clientes quanto ao grau de novidade dos seus produtos e serviços
Fonte: Sondagem à População Adulta 2011 e 2012
Em Portugal, a maioria dos empreendedores early-stage (56,9%) é de opinião que
nenhum dos seus clientes considera os seus produtos/serviços novos ou desconhecidos,
enquanto 28,7% são de opinião que alguns dos seus clientes reconhecem novidade nos
seus produtos/serviços e os restantes 14,5% têm a perceção que todos os seus clientes
consideram os seus produtos/serviços novos ou desconhecidos.
Em comparação com o ano de 2011, regista-se nova melhoria global ao nível deste
indicador (na sequência do que já ocorreu nesse ano), uma vez que a percentagem de
empreendedores que referem que nenhum dos seus clientes considera o seu produto
ou serviço como uma novidade diminui de 68,4% para 56,9% e a percentagem de
empreendedores que indicam que todos os seus clientes consideram o seu produto ou
serviço como uma novidade aumentou também de 8,9% para 14,5%.
Um outro indicador do grau de inovação nas iniciativas empreendedoras early-stage é a
avaliação da concorrência de forma a determinar o grau de diferenciação dos produtos
e serviços oferecidos, tal como se encontra ilustrado na Figura 9. Esta figura ilustra as
percentagens de empreendedores que acreditam que muitas, algumas ou nenhumas
empresas concorrentes oferecem produtos e serviços semelhantes aos seus.
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
27
Figura 9: Avaliação da concorrênciaFonte: Sondagem à População Adulta 2011 e 2012
De acordo com a Figura 9, em Portugal, 44,9% dos empreendedores early-stage
consideram existirem muitos outros negócios que oferecem produtos/serviços
semelhantes, enquanto 43,1% consideram existirem alguns e 12,0% acreditam que não
existem negócios com produtos/serviços semelhantes.
Relativamente a 2011, registam-se descidas nas percentagens de empreendedores que
acreditam que muitas e nenhumas empresas concorrentes apresentam uma oferta de
produtos e serviços semelhantes (respetivamente, 53,4% e 14,1%, em 2011) e denota-
se uma subida na percentagem de empreendedores que acreditam haver algumas
empresas concorrentes com uma oferta semelhante (32,5% em 2011).
Da Figura 9 resulta ainda que a situação de Portugal, em 2012, parece, em termos de
diferenciação dos negócios, melhor que a da média das economias orientadas para
a inovação, uma vez que nestas a proporção de empreendedores que acredita haver
muitos negócios com uma oferta semelhante à sua é de 52,1%, ao passo que a proporção
de empreendedores que alegam que nenhum concorrente oferece os mesmos produtos
ou serviços é de apenas 10,1%.
O último indicador em matéria de análise da atividade empreendedora em termos
de inovação diz respeito à utilização, por parte dos empreendedores, de tecnologias
e procedimentos recentes (definidos como estando disponíveis há menos de 1 ano),
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
28
novos (disponíveis há mais de 1 e menos de 5 anos) e que não são considerados novos
(disponíveis há mais de 5 anos). A Figura 10 ilustra o grau de novidade da tecnologia
utilizada pelos empreendedores early-stage (de acordo com a sua própria perceção).
Figura 10: Avaliação das tecnologias utilizadasFonte: Sondagem à População Adulta 2011 e 2012
Em Portugal, a proporção de empreendedores early-stage que afirmam usar as
tecnologias mais recentes disponíveis é de 9,3%. A este resultado seguem-se, por ordem
crescente, a proporção de empreendedores que dizem usar tecnologias novas (26,1%)
e a de empreendedores que dizem utilizar tecnologias não novas (disponíveis há mais
de 5 anos) (64,7%).
Em relação a 2011, registou-se uma subida na percentagem de empreendedores que afirmam utilizar tecnologias novas (22,3% em 2011), mas uma descida na percentagem de empreendedores que alega dispor de tecnologias recentes (11,2% em 2011). Deste modo, a fração de empreendedores portugueses, em 2012, a utilizar tecnologias novas ou recentes subiu para 35,3% desde o valor de 33,5%, em 2011. A descida da proporção de empreendedores a utilizar tecnologias recentes pode estar relacionada com a falta de capacidade financeira das empresas novas e em crescimento em Portugal para adquirirem este tipo de tecnologias. Os resultados registados em Portugal, no ano de 2012, estão praticamente em linha com os que se verificam nas economias orientadas para a inovação, embora se registe um desfasamento maior nas proporções de empreendedores que alegam usar tecnologias novas (26,1% em Portugal vs. 19,7% nas economias orientadas para a inovação).
CONDIçõES ESTRUTURAIS DO EMPREENDEDORISMO EM PORTUGAL
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
29
GEM Portugal 2012GEM Portugal 2012CONDIçõES ESTRUTURAIS DO
EMPREENDEDORISMO EM PORTUGAL
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
31
3. CONDIçõES ESTRUTURAIS DO EMPREENDEDORISMO EM PORTUGAL
No âmbito do GEM é utilizado um conjunto de condições estruturais para a análise
dos elementos que fomentam e obstaculizam o desenvolvimento da atividade
empreendedora em cada País participante. A principal fonte de informação utilizada
para avaliar estas condições estruturais é a Sondagem a Especialistas, realizada junto de
especialistas em empreendedorismo em cada um desses países.
O presente capítulo avalia as condições estruturais que têm impacto na atividade
empreendedora em Portugal, as quais se encontram seguidamente apresentadas:
1. Apoio Financeiro
2. Políticas Governamentais
3. Programas Governamentais
4. Educação e Formação
5. Transferência de Investigação e Desenvolvimento (I&D)
6. Infraestrutura Comercial e Profissional
7. Abertura do Mercado/Barreiras à Entrada
8. Acesso a Infraestruturas Físicas
9. Normas Sociais e Culturais
Em Portugal, a Sondagem a Especialistas foi realizada junto de 38 personalidades
reconhecidas em diversas áreas ligadas ao empreendedorismo, que se encontram
referenciadas no Anexo II do presente relatório.
À semelhança do que foi feito em todos os países participantes no GEM 2012, nesta
sondagem foi perguntado aos especialistas nacionais se consideravam que cada
Condição Estrutural do Empreendedorismo (CEE) era proporcionada de forma adequada
no País, tendo estes respondido recorrendo à seguinte escala de Likert5:
5 Na análise dos resultados, esta escala está compreendida entre -2 (Insuficiente) e 2 (Suficiente).
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
32
1. Insuficiente
2. Parcialmente insuficiente
3. Nem suficiente nem insuficiente
4. Parcialmente suficiente
5. Suficiente
Cada condição estrutural em análise é avaliada recorrendo a um número variável de
questões específicas, normalmente entre cinco e sete, referentes a aspetos particulares
relacionados com essa condição.
Seguidamente, são apresentados os resultados médios obtidos para cada condição
estrutural do empreendedorismo, em Portugal (2011 e 2012), nos três tipos de
economia em estudo (designadamente economias orientadas por fatores de produção,
orientadas para a eficiência e orientadas para a inovação) e na União Europeia (Figura
11). Posteriormente, é apresentada uma breve descrição desses mesmos resultados.
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
33
1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
E P EU F I P
P P E F EU I
F E P EU I P
EU
P F P E I
EU
F E P P I
E
F EU
P P I
I
P P E EU F
P
F E EU I P
I
P P EU F E
P E
P I
F EU
Portugal 2012
Portugal 2011
Figura 11: Avaliação das Condições Estruturais do EmpreendedorismoFonte: Sondagem a especialistas
Apoio financeiro
Os especialistas nacionais consideram que o apoio financeiro à atividade empreendedora
tem um impacto parcialmente insuficiente na mesma. A avaliação desta CEE piorou
bastante em relação a 2011, na linha das dificuldades cada vez maiores que as
empresas portuguesas têm em aceder a apoios financeiros. Ainda assim, a opinião dos
especialistas portugueses não apresenta divergências significativas em relação às dos
seus congéneres nos três tipos de economias considerados e na União Europeia.
Os especialistas consideram que a disponibilidade de financiamento através de capital
de risco é um aspeto especialmente positivo, ao passo que a disponibilidade de capital
para empréstimo e capital para ofertas públicas iniciais são aspetos negativos.
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
34
Políticas governamentais
A opinião dos especialistas portugueses em relação às políticas governamentais,
em 2012, é negativa, considerando estes que, em Portugal, a situação tende a ser
parcialmente insuficiente. Essa mesma opinião piorou consideravelmente de 2011 para
2012 colocando esta CEE na posição mais negativa do GEM Portugal 2012. Nesta CEE,
as opiniões dos especialistas portugueses são as mais desfavoráveis, tendo em conta
as médias das três economias consideradas e a UE, sendo que estão particularmente
desfasadas das opiniões dos especialistas na UE e nas economias orientadas para a
inovação.
Como aspeto menos negativo no âmbito desta CEE é apontada importância dada
pelos governos central e local ao apoio ao crescimento das empresas, e como aspetos
negativos a falta de favorecimento das empresas novas e em crescimento por parte das
políticas públicas, a carga fiscal e a carga burocrática.
Programas governamentais
Os especialistas nacionais consideram que os programas governamentais não são
suficientes nem insuficientes no apoio à atividade empreendedora tendo, ainda assim
piorado a sua avaliação de 2011. As opiniões dos especialistas portugueses encontram-
se em consonância com as dos especialistas na UE, sendo que ambas são ligeiramente
mais penalizadoras que as dos especialistas das economias orientadas para a inovação,
mas mais favoráveis que as dos especialistas nos outros dois tipos de economias.
Como ponto mais favorável destacam a existência de parques de ciência a tecnologia e
incubadoras de empresas e o número de programas de apoio disponíveis para empresas
novas. Por outro lado, a eficiência dos programas é criticada, bem como a sua eficácia em
prestar assistência a quem a procura.
Educação e formação
Os especialistas portugueses consideram que a educação e formação no País tendem
a ser parcialmente insuficientes, sendo mais críticos que os especialistas localizados
nos restantes contextos estudados. A opinião dos especialistas portugueses piorou
ligeiramente em relação a 2011.
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
35
Os especialistas avaliam bastante desfavoravelmente os níveis básico e secundário do
sistema educativo quanto à sua capacidade de promover a atividade empreendedora,
mas, por outro lado, têm uma opinião muito positiva da formação superior em gestão
e negócios.
Transferência de I&D
No que toca a esta CEE, a opinião dos especialistas portugueses, em 2012, é parcialmente
insuficiente e piorou em relação a 2011. As opiniões dos especialistas portugueses
situam-se agora numa posição intermédia, sendo mais negativas que as dos especialistas
na UE e nas economias orientadas para a inovação, mas menos negativas que as dos
especialistas nas economias orientadas para a eficiência e por fatores de produção.
A facilidade de acesso de empresas novas e em crescimento à tecnologia e os subsídios
governamentais à I&D são avaliados menos negativamente que o preço das novas
tecnologias e a capacidade da base científica e tecnológica do País apoiar eficientemente
a criação de novos negócios tecnológicos de nível mundial em pelo menos uma área.
Infraestrutura comercial e profissional
Relativamente a esta CEE, as opiniões dos especialistas portugueses pioraram
ligeiramente em relação a 2011, indicando estes, ainda assim, que o apoio proporcionado
pela infraestrutura comercial e profissional à atividade empreendedora continua a ser
praticamente neutro (nem suficiente nem insuficiente). Embora esta seja das condições
mais favoravelmente avaliadas pelos especialistas nacionais, as condições em Portugal
continuam, na opinião destes, a ser mais desvantajosas do que na UE e nas economias
orientadas para a inovação e praticamente ao mesmo nível do que se pode encontrar
nas economias orientadas para a eficiência e por fatores de produção.
A disponibilidade de serviços de consultoria, contabilidade, assessoria jurídica e finanças
são apontadas como pontos favoráveis, ao passo que o seu custo é visto negativamente.
Abertura do mercado/barreiras à entrada:
Em relação à abertura do mercado e barreiras à entrada, as opiniões dos especialistas
portugueses são ainda negativas, considerando que o País está numa posição
parcialmente insuficiente. Mais uma vez, a opinião dos especialistas em 2012 é
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
36
ligeiramente mais desfavorável do que em 2011 e os especialistas portugueses são mais
pessimistas do que os seus congéneres nos três tipos de economias estudadas e na UE.
O custo de entrada no mercado para empresas novas e em crescimento é visto como o
aspeto mais desvantajoso dentro desta condição estrutural, ao passo que a facilidade
com que as mesmas podem entrar no mercado sem serem injustamente bloqueadas
por outras já estabelecidas é vista com uma luz menos negativa.
Acesso a infraestruturas físicas
A CEE de acesso a infraestruturas físicas apresenta avaliações globais positivas e muito
favoráveis, à semelhança do que tem acontecido nos restantes estudos GEM Portugal.
As opiniões dos especialistas são semelhantes às de 2011. Os especialistas portugueses
continuam a ser dos mais otimistas do universo GEM quanto às condições infraestruturais
do País e a sua avaliação é mais favorável do que as dos especialistas na UE e nas médias
dos três tipos de economias.
Todas as opiniões sobre infraestruturas físicas, serviços e utilidades são positivas, embora
o preço dos mesmos seja o fator visto menos favoravelmente.
Normas sociais e culturais
Pela primeira vez desde que o estudo GEM Portugal é realizado, as normas sociais e
culturais não são vistas como o principal fator impeditivo da atividade empreendedora
no País. De facto, entre 2011 e 2012 regista-se até uma melhoria na avaliação dos
especialistas, o que é caso único no universo das CEE. Ainda assim, a CEE é considerada
parcialmente insuficiente, sendo que o estímulo que a cultura nacional fornece à tomada
de risco empreendedora é avaliado de forma especialmente negativa, ao passo que o
fomento da criatividade e inovação por parte da sociedade é visto com o olhar menos
crítico dentro desta condição estrutural.
Os especialistas portugueses continuam a avaliar de uma forma mais negativa que
os seus congéneres as normas sociais e culturais do País no que toca ao fomento do
empreendedorismo, sendo que nem a melhoria apresentada em 2012 permite que
Portugal chegue próximo da UE ou da média dos três tipos de economias considerados.
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
37
GEM Portugal 2012GEM Portugal 2012ANEXOS
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
39
Anexo I: índice de Tabelas e Figuras
Índice de Tabelas
Tabela 1: Países participantes no GEM 2012 ......................................................................................6
Tabela 2: Média da Taxa TEA por tipo de economia.........................................................................15
Tabela 3: Média da Taxa TEA por género e por tipo de economia...........................................19
Tabela 4: Taxa TEA por faixa etária.......................................................................................................20
Tabela 5: Taxa de cessação de atividade empreendedora..........................................................23
Índice de Figuras
Figura 1: O processo empreendedor e as definições operacionais do GEM...........................4
Figura 2: Modelo GEM.................................................................................................................................7
Figura 3: Taxa de Atividade Empreendedora Early-Stage (TEA)................................................14
Figura 4: Distribuição da Taxa TEA por setores................................................................................16
Figura 5: Taxa TEA por género...............................................................................................................18
Figura 6: Atividade empreendedora induzida pela oportunidade e pela não-
oportunidade..............................................................................................................................................21
Figura 7: Razões para a desistência do negócio.............................................................................24
Figura 8: Perceção dos empreendedores sobre a opinião dos seus clientes quanto ao
grau de novidade dos seus produtos e serviços.............................................................................26
Figura 9: Avaliação da concorrência...................................................................................................27
Figura 10: Avaliação das tecnologias utilizadas..............................................................................28
Figura 11: Avaliação das Condições Estruturais do Empreendedorismo................................33
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
40
Anexo II: Lista de Especialistas Entrevistados Ligados ao Empreendedorismo em Portugal
Alejandro Pan
Departamento de Transferência de Tecnologia do Laboratório Ibérico Internacional de
Nanotecnologia (INL)
António Cunha
Universidade do Minho
António Teixeira
Inova-Ria
Carlos Barbot
BARBOT, S.A.
Carlos Brito
Universidade do Porto
Dana Redford
Plataforma para a Educação do Empreendedorismo em Portugal
Emídio Gomes
Portus Park - Rede de parques de ciência, tecnologia e incubadoras
Fernando Costa Lima
Banco BPI
Filipe Castro Soeiro
Universidade Nova de Lisboa
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
41
Francisco Banha
Gesbanha, S.A.
Francisco Maria Balsemão
Associação Nacional de Jovens Empresários
Gonçalo Amorim
ISCTE-IUL
Inês Santos Silva
Start-up Pirates
João Luís Sousa
Vida Económica
José Trigo da Roza
APBA – Associação Portuguesa de Business Angels
Joaquim Borges Gouveia
Universidade de Aveiro
José Eduardo Carvalho
AIP – Associação Industrial Portuguesa
José Martins
NET, S.A., Business Innovation Center do Porto
José Paulo Rainho
Universidade de Aveiro
Luís Manuel Barata
Millenium bcp
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
42
Luís Mira Amaral
Banco BIC
Luís Laginha de Sousa
NYSE Euronext Lisbon
Manuel Laranja
Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa
Maria José Madeira Silva
Universidade da Beira Interior
Mário Rui Silva
Universidade do Porto
Miguel Barbot
Velo Culture
Miguel Lopes
ISCTE-IUL
Miguel Pina Martins
Science4you, S.A.
Nélson Ramalho
ISCTE-IUL
Nuno Gomes
Exatronic
Paulo Andrez
FNABA – Federação Nacional de Associações de Business Angels
GEM PORTUGAL 2012 - Estudo sobre o Empreendedorismo
43
Pedro Falcão
Novabase, S.A.
Pedro Félix
NERSANT
Pedro Reis
Grupo Visabeira
Rodrigo Brum
Imprensa Nacional Casa da Moeda
Rui Barros
Bioinstrument, S.A.
Victor Cardial
Creative Wings, SGPS
Vítor Verdelho Vieira
Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa