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A partir dos resultados encontrados podemos estabelecer relações entre sensibilidade tátil, densidade de receptores e campo receptivo. Basicamente, quanto maior a densidade de receptores com pequenos campos receptivos, maior a sensibilidade tátil. No entanto, como a distribuição dos diversos tipos receptores difere de pessoa para pessoa (ainda que com certo padrão) e entre as diferentes áreas do corpo, os resultados obtidos variaram. Para explicar tal variação, devemos entender quais são e como estão distribuídos os receptores sensoriais envolvidos no experimento. O tato é uma submodalidade da sensibilidade somestésica mediada por mecanoceptores que detectam a compressão mecânica ou o estiramento do receptor ou dos tecidos adjacentes a ele. Os mecanoceptores são divididos em duas classes funcionais: de adaptação rápida e de adaptação lenta. Os de adaptação rápida respondem apenas ao início de uma estimulação e frequentemente também ao seu término, mas não respondem a uma estimulação contínua. Já os de adaptação lenta podem responder continuamente a uma estimulação persistente. (AIRES, 2008, p. 245) Para o experimento realizado de discriminação de dois pontos, os receptores mais relevantes são aqueles encontrados na superfície da pele e em outras áreas onde a capacidade de discriminar as localizações espaciais das sensações táteis está altamente desenvolvida. Os dois principais tipos de mecanoceptores nestes locais são os corpúsculos de Meissner e de Merkel, exemplos, respectivamente, de receptores de adaptação rápida e lenta. A resolução espacial dos estímulos táteis está principalmente associada ao tamanho de campos receptivos. Enquanto os receptores mais superficiais (Meissner e Merkel) possuem campos receptivos pequenos, os campos receptivos dos corpúsculos de Pacini e Ruffini são relativamente maiores

Relatório fisiologia

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A partir dos resultados encontrados podemos estabelecer relações entre sensibilidade tátil, densidade de receptores e campo receptivo. Basicamente, quanto maior a densidade de receptores com pequenos campos receptivos, maior a sensibilidade tátil. No entanto, como a distribuição dos diversos tipos receptores difere de pessoa para pessoa (ainda que com certo padrão) e entre as diferentes áreas do corpo, os resultados obtidos variaram. Para explicar tal variação, devemos entender quais são e como estão distribuídos os receptores sensoriais envolvidos no experimento.

O tato é uma submodalidade da sensibilidade somestésica mediada por mecanoceptores que detectam a compressão mecânica ou o estiramento do receptor ou dos tecidos adjacentes a ele. Os mecanoceptores são divididos em duas classes funcionais: de adaptação rápida e de adaptação lenta. Os de adaptação rápida respondem apenas ao início de uma estimulação e frequentemente também ao seu término, mas não respondem a uma estimulação contínua. Já os de adaptação lenta podem responder continuamente a uma estimulação persistente. (AIRES, 2008, p. 245)

Para o experimento realizado de discriminação de dois pontos, os receptores mais relevantes são aqueles encontrados na superfície da pele e em outras áreas onde a capacidade de discriminar as localizações espaciais das sensações táteis está altamente desenvolvida. Os dois principais tipos de mecanoceptores nestes locais são os corpúsculos de Meissner e de Merkel, exemplos, respectivamente, de receptores de adaptação rápida e lenta.

A resolução espacial dos estímulos táteis está principalmente associada ao tamanho de campos receptivos. Enquanto os receptores mais superficiais (Meissner e Merkel) possuem campos receptivos pequenos, os campos receptivos dos corpúsculos de Pacini e Ruffini são relativamente maiores

Imagem- Sumário dos quatro principais tipos de respostas dos mecanoceptores cutâneos em função de sua adaptação e tamanho do campo receptivo.

Fonte: (AIRES, 2008)

Como os corpúsculos mais superficiais que possuem menores campos receptivos são mais abundantes no dorso das mãos e nos lábios, a abertura do discriminador necessária para distinguir dois pontos nessas regiões foi menor. Já nas demais áreas, a abertura necessária foi relativamente grande, devido à menor densidade de receptores superficiais e ao maior campo receptivo dos

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receptores locais. Essa distribuição é padrão em todas as pessoas, o que leva a uma proximidade com os resultados obtidos por outros grupos: “Algumas áreas do corpo são representadas por grandes áreas no córtex somatossensorial regiões estas proporcionais à quantidade de receptores sensoriais especializados presentes em cada parte periférica do corpo” (GUYTON & HALL, 2011).

Nos testes de sensibilidade térmica, todos os resultados estão diretamente relacionados à adaptação e inibição dos receptores térmicos e à diferenciação entre termoceptores de frio e de calor: Um único tipo de sensor, cuja atividade variasse proporcionalmente à temperatura, poderia servir à finalidade de codificar a temperatura ambiente. No entanto, nossa sensibilidade térmica se baseia na existência de duas classes de termoceptores. Uma classe engloba os receptores de frio, e a outra, os receptores de calor.

No teste “Influência da superfície estimulada” o índice de acerto da sala foi de 100%. Isso é explicado pela grande capacidade dos termoceptores perceberem variações rápidas de temperatura

“Uma variação pequena, porém rápida, da temperatura é percebida mais prontamente do que lentas variações térmicas, as quais requerem maiores aumentos ou diminuições da temperatura até serem percebidas conscientemente.”

Já no teste “Influência do tempo de estimulação” houve certa divergência. Após 2 minutos de imersão todos participantes relataram o mesmo resultado, pois os termoceptores de calor de todos eles ficaram inibidos, dando a sensação de frio ao se colocar a mão na água à temperatura ambiente (apenas termoceptores de frio estavam ativos). O mesmo aconteceu com a água fria. Após 3 segundos de imersão observamos certa divergência porque não houve tempo dos receptores de todos se adaptarem.

“Uma característica especial de todos os receptores sensoriais é que eles se adaptam parcial ou completamente a qualquer estímulo constantes, após um certo tempo. Isto é, quando é aplicado um estímulo sensorial contínuo, o receptor responde inicialmente com alta frequência de impulsos e, depois, com frequência progressivamente mais lenta, até que, finalmente, a

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frequência dos potenciais de ação diminui, até muito pouco ou, frequentemente, a nenhum de todo.” (GUYTON & HALL, 2011)