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CARLA CHRISTIANNE ALMEIDA MATOS LOPES
REABSORÇÃO RADICULAR DECORRENTE DO TRATAMENTO ORTODÔNTICO: REVISÃO DE LITERATURA
CAMPINAS
2008
CARLA CHRISTIANNE ALMEIDA MATOS LOPES
REABSORÇÃO RADICULAR DECORRENTE DO TRATAMENTO ORTODÔNTICO: REVISÃO DE LITERATURA
Dissertação apresentada ao Centro de Pós-Graduação / CPO São Leopoldo Mandic, para obtenção do grau de Mestre em Odontologia.
Área de Concentração: Ortodontia
Orientadora: Profa. Dra. Juliana Cama Ramacciato
CAMPINAS
2008
Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca "São Leopoldo Mandic"
L864r
Lopes, Carla Christiane Almeida Matos. Reabsorção radicular decorrente do tratamento ortodôntico: revisão de literatura / Carla Christiane Almeida Matos Lopes. – Campinas: [s.n.], 2008. 70f.: il.
Orientador: Juliana Cama Ramacciato. Dissertação (Mestrado em Ortodontia) – C.P.O. São Leopoldo
Mandic – Centro de Pós-Graduação. 1. Movimentação dentária. 2. Ortodontia. I. Ramacciato, Juliana Cama. II. C.P.O. São Leopoldo Mandic – Centro de Pós-Graduação. III. Título.
C.P.O. - CENTRO DE PESQUISAS ODONTOLÓGICAS SÃO LEOPOLDO MANDIC
Folha de Aprovação A dissertação intitulada: “REABSORÇÃO RADICULAR DECORRENTE DO TRATAMENTO ORTODÔNTICO: REVISÃO DE LITERATURA” apresentada ao
Centro de Pós-Graduação, para obtenção do grau de Mestre em Odontologia, área
de concentração: __________ em __/__/____, à comissão examinadora abaixo
denominada, foi aprovada após liberação pelo orientador.
___________________________________________________________________
Prof. (a) Dr (a) Orientador
___________________________________________________________________ Prof. (a) Dr (a)
1º Membro
___________________________________________________________________ Prof. (a) Dr (a)
2º Membro
Aos meus pais Maria da Luz A. Matos e
Demerval Matos
Meus irmãos, em especial ao Alexander
Matos
Meu Esposo Junior Lopes e meu filho
João Paulo
Pelo amor incondicional, apoio e incentivo
constantes.
AGRADECIMENTOS
A DEUS fonte de luz e vida.
Ao Centro de Estudos Odontológicos São Leopoldo Mandic agradeço
ao aprofundamento de conhecimentos.
Ao Prof. Roberto Rosendo Barros Reis, pela boa coordenação e
condução do curso, com uma valorosa contribuição ao meu aprimoramento
científico.
A Profa. Dra. Juliana Cama Ramacciato, pelo auxílio e orientação neste
período.
A todos os professores e funcionários do Centro de Pesquisas
Odontológicas São Leopoldo Mandic pela dedicação e colaboração.
A todos os que contribuíram direta ou indiretamente para a realização
deste trabalho.
RESUMO
Este estudo bibliográfico aborda reabsorção radicular decorrente do tratamento ortodôntico. A reabsorção radicular constitui uma lesão interna ou externa que promove o encurtamento da raiz dentária e apresenta uma origem multifatorial envolvendo variáveis anatômicas, fisiológicas e genéticas. No movimento ortodôntico todos os dentes podem apresentar algum grau de reabsorção radicular, mas os dentes anteriores sãos mais propensos devido ao formato cônico das raízes. A adequação da força e do tempo de tratamento pode minimizar o surgimento da reabsorção radicular, sendo importante também o acompanhamento radiográfico periódico tanto para detecção como para o controle de lesões radiculares. É recomendável a condução de radiografias periapicais no início e a cada seis meses de terapia e, em casos de predisposição individual, o controle radiográfico deve ser mais curto. A suspensão da força geralmente é suficiente para o reparo de lesões superficiais, entretanto, o tratamento com Hidróxido de Cálcio pode ser requerido em casos de lesões mais severas.
Palavras-chave: Reabsorção radicular. Movimentação dentária. Ortodontia.
ABSTRACT
This bibliograghic study approaches the root resorption due to the orthodontic treatment. The root resorption constitutes an internal or external injury that promotes the shortening of the dental root and presents a multifactor origin involving changeable anatomical, physiological and genetical. In the orthodontic movement all the teeth can present some degree of root resorption, but the anterior teeth are more propitious due to the conical format of the root. The adequacy of the force and the time of treatment can minimize the developing of the root resorption being important also the radiographic periodic accompaniment in such a way for detention as for the control of root injuries. The conduction of periapical radiographic at the beginning and every 6 months of therapy is desirable and in cases of individual predisposition, the radiographic control must be shorter. The suspension of the force generally is enough for the repair of superficial injuries however the treatment with calcium hydroxide intracanal can be required in cases of more severe injuries.
Keywords: Root resorption. Orthodontic movement. Orthodontics.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Desenho de reabsorção radicular idiopática. A - Encurtamento da raiz
devido à disfunção muscular, mordida aberta provocada pela pressão
da língua. R – reabsorção radicular. D – Dentina....................................... 14
Figura 2 - Radiografias e desenho esquemático da reabsorção radicular externa.
1. Reabsorção com contorno irregular. 2. Reabsorção apical com
menos de 2 mm. 3. Reabsorção apical de 2 mm a 1/3 da raiz. 4.
Reabsorção radicular de 1/3 da raiz........................................................... 17
Figura 3 - Desenho da morfologia radicular. A - raiz curta; B - abaulada; C - raiz
tortuosa; D- raiz em forma de pipeta. ......................................................... 20
Figura 4 - Radiografia de incisivos denotando encurtamento após o tratamento
ortodôntico. A- Antes do tratamento; B- Após o tratamento. ...................... 24
Figura 5 - Classificação das raízes dentárias: N) normal; A) obtuso (rombo,
cego); B) desgastada; C) pontiaguda; D) inclinada ou E) em forma de
garrafa. ....................................................................................................... 26
Figura 6 - Microrradiografia de lacunas de reabsorção. A - Poucas áreas de
reabsorção com força de 50g; B - Várias lacunas de reabsorção com
força de 100 g. ........................................................................................... 30
Quadro 1 - Incidência da reabsorção radicular de acordo com a técnica
ortodôntica ................................................................................................. 52
Quadro 2 - Reabsorção radicular em dentes anteriores.............................................. 55
Quadro 3 - Incidência da reabsorção radicular em incisivos superiores durante a
intrusão..................................................................................................... 55
LISTA DE ABREVIATURAS
g/cm2 – grama por centímetro quadrado
mg/kg – miligrama por quilo
mm – milímetro
Rx – raio x
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 10
2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................ 12
2.1 Reabsorção radicular: conceito, classificação e etiologia ....................... 12
2.2 A reabsorção radicular no tratamento ortodôntico................................... 15
2.3 Tratamento e prevenção da reabsorção radicular .................................... 40
3 PROPOSIÇÃO.................................................................................................. 48
4 DISCUSSÃO..................................................................................................... 49
5 CONCLUSÃO ................................................................................................... 60
REFERÊNCIAS.................................................................................................... 61
ANEXO A - Incidência da reabsorção radicular de acordo com a técnica
ortodôntica...................................................................................... 67
ANEXO B - Reabsorção radicular em dentes anteriores ................................ 68
ANEXO C - Incidência da reabsorção radicular em incisivos superiores
durante a intrusão..........................................................................69
ANEXO D - Dispensa do Comite de etica ......................................................... 70
10
1 INTRODUÇÃO
A reabsorção radicular é definida como um processo fisiológico ou uma
alteração patológica que resulta na perda de tecidos como dentina, cemento e osso
alveolar. Está associada a traumas físicos ou mecânicos e pode variar de lesões
superficiais a extenso dano radicular podendo comprometer severamente a estrutura
dentária. A maioria das pesquisas aponta diferentes fatores que podem desencadear
quadros clínicos de reabsorção radicular como a suscetibilidade individual, fatores
sistêmicos, hereditários (Levander et al., 1998; Bishara et al., 1999; Sameshima,
Sinclair, 2001).
O movimento dentário ortodôntico tem sido indicado também como um
fator desencadeante da reabsorção radicular externa (Andreasen, 1988). Desta
forma, torna-se importante estudar este distúrbio a fim de evitar danos à estrutura
dentária durante o tratamento ortodôntico.
Os primeiros relatos de reabsorção radicular em dentes permanentes
associados ao tratamento ortodôntico demonstraram radiograficamente alterações
de formato nas raízes antes e após tratamento ortodôntico. A reabsorção das raízes
dentárias pode estar relacionada ao tempo de tratamento, tipo de aparelho
empregado, tipo de maloclusão e movimento ortodôntico utilizado, direção e
magnitude da força aplicada (Brezniak, Wasserstein, 1993).
A prevalência de reabsorção radicular pode variar de 95 a 100% dos
casos tratados ortodonticamente, ocorrendo lesões de diversos níveis após o
tratamento (Brezniak, Wasserstein, 1993). A reabsorção da raiz pode ocorrer em
11
qualquer dente submetido à tração ortodôntica, entretanto, os dentes anteriores
podem estar mais suscetíveis à perda da raiz apical. Isto pode ser explicado pela
estrutura radicular bem como a relação desses dentes com o osso e a membrana
periodontal que tendem a transferir as forças principalmente no ápice (Goldson,
Henrikson, 1975).
Diversos estudos correlacionaram à reabsorção radicular tanto em
incisivos superiores (Malmgren et al., 1982; Kaley, Phillips, 1991; Levander et al.,
1998; Levander, Malmgren, 2000; Mohandesan et al.; 2007), como inferiores
(McFadden et al., 1989) e laterais (Blake et al., 1995). Segundo Pizzallo & Telles
(1998), os dentes anteriores com maior reabsorção em ordem decrescente são: o
incisivo lateral superior esquerdo, incisivo central superior direito e incisivo central
superior esquerdo.
Considerando que a reabsorção radicular ocorrida durante o tratamento
ortodôntico depende diferentes fatores e atrelados à suscetibilidade do indivíduo,
todo paciente deve ser considerado de risco. As lesões superficiais tende a ser
reduzidas e eliminadas com a remoção dos estímulos causadores (Levander,
Malmgren, 2000). Portanto, na terapia ortodôntica, torna-se de fundamental
importância a adequação da mecânica visando minimizar estes efeitos indesejáveis.
Este estudo visa ampliar e aprofundar a questão da reabsorção radicular
oferecendo subsídios aos ortodontistas no sentido de aumentar a segurança e
aprimorar a qualidade dos serviços ortodônticos.
12
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Reabsorção radicular: conceito, classificação e etiologia
Andreasen (1988) definiu a ocorrência da reabsorção radicular como uma
resposta caracterizada pela resistência da superfície da camada externa,
especialmente do cemento, às alterações ocorridas na camada mais interna do
ligamento periodontal. A camada mais externa forneceria o mecanismo protetor da
raiz, bem como o potencial para uma restauração. Os cementoblastos, fibroblastos,
osteoblastos e células endoteliais e perivasculares estariam incluídos nesta camada.
O autor descreveu três variedades de reabsorção após a reimplantação da raiz do
dente:
a) reabsorção inflamatória: ocorre quando a reabsorção inicial alcançou os
túbulos dentinários de um tecido pulpar necrótico infectado ou uma zona
com leucócitos infectada;
b) reabsorção de superfície: está normalmente presente e autolimitada
envolvendo pequenas áreas, seguido de restauração espontânea das partes
intactas adjacentes ao ligamento periodontal;
c) reabsorção por reposição ou anquilose: na qual o osso alveolar se une ao
cemento ou dentina, recolocando o material reabsorvido do dente, o que
leva à anquilose, que é o resultado de uma extensa área de necrose do
ligamento periodontal com formação de osso sobre uma área exposta da
superfície radicular.
13
Tronstad (1988) ressaltou que a reabsorção inflamatória está relacionada
com a presença de células que colonizam a superfície mineralizada ou exposta ao
cemento. Observou dois tipos de reabsorção inflamatória: a) reabsorção inflamatória
transitória: ocorre quando o agente etimológico é mínimo e atua por um curto
período. Esse defeito é dificilmente detectável radiograficamente e é separado com
um tecido semelhante ao cemento; b) reabsorção inflamatória progressiva: ocorre
quando o fator etimológico se estende por um longo período.
Moyers (1991) classificou a reabsorção radicular em:
a) microrreabsorção, que é local, superficial, localizada no cemento e
rotineiramente reparada;
b) reabsorção progressiva que afeta quantidades crescentes no extremo apical
da raiz;
c) reabsorção idiopática, que pode apresentar-se sem qualquer causa evidente
e agravando-se com estímulos físicos e mecânicos.
Jones & Boyde (1988), estudando o processo histológico da reabsorção
radicular, ressaltaram que os osteoclastos são responsáveis tanto pela
desmineralização de tecido calcificado como pela degradação da matriz orgânica
após a desmineralização. Destacaram a participação da camada celular que recobre
a superfície radicular, as fibras de Sharpey no lado radicular, a camada superficial de
matriz mineralizada (pré-cemento e pré-dentina), e os elementos da matriz orgânica,
como participantes na resistência à reabsorção das raízes.
Brudvik & Rygh (1993) ressaltaram que a hialinização do tecido
periodontal precede o processo de reabsorção radicular durante o movimento
14
ortodôntico do dente. Quando a lesão da superfície radicular for maior que a
espessura do ligamento periodontal pode ocorrer à migração dos osteoblastos do
osso alveolar durante a fase de reparação.
Graber & Vanarsdall (1996) destacaram que a reabsorção dos tecidos
dentários calcificados tem início em duas situações: uma delas ocorre se os
osteoclastos tiverem acesso aos tecidos mineralizados por uma brecha na camada
de células que recobre o tecido; outra condição ocorre quando a superfície mineral e
matricial coincide ou, quando o pré-cemento é danificado ou desprezado. As áreas
radiculares mineralizadas ou expostas atraem as células que reabsorvem o tecido
duro para colonizar as áreas danificadas da raiz (figura 1).
Figura 1 – Desenho de reabsorção radicular idiopática. A - Encurtamento da raiz devido à
disfunção muscular, mordida aberta provocada pela pressão da língua. R –
reabsorção radicular. D – Dentina.
Fonte: Graber & Vanarsdall, 1996. p. 156.
15
Prates et al. (1997) conceituaram a reabsorção idiopática como lesões
que ocorrem na superfície externa ou interna dos dentes sem causas previamente
determinadas. Este processo estaria relacionado às alterações normais sofridas pelo
organismo como respostas adaptativas e de interação às necessidades funcionais e
do meio ambiente.
Quanto à natureza do processo de reabsorção Neville et al. (2004)
classificaram as lesões radiculares em reabsorção inflamatoria e reabsorção por
substituição, ambas podendo ocorrer tanto interna como externamente, apesar de que
as reabsorções radiculares patológicas decorrerem em geral, de processos
inflamatórios instalados numa área do periodonto ou do tecido pulpar que tenha sido
previamente danificado ou alterado.
De acordo com Nascimento et al. (2006), a reabsorção radicular pode ser
considerada tanto um evento fisiologico, envolvendo a esfoliacão dos dentes
decíduos, como patológico, ao resultar de injuria traumática ou irritação do ligamento
periodontal e/ou do tecido pulpar de dentes permanentes. O componente celular
ativo deste processo, representado pela interação entre celulas inflamatórias e
outras chamadas de clastos, decorre dos inúmeros estímulos e sinalizações
moleculares oriundos de citocinas, neuropeptideos e produtos de degradação
liberados pelo tecido lesado.
2.2 Reabsorção radicular no tratamento ortodôntico
Stalhane & Hedegard (1975) observaram que após graves lesões
periodontais, como intrusão, extrusão e luxação lateral, ocorreram reabsorções
16
progressivas em 8 a 11% dos dentes lesados, enquanto após reimplantação de
dentes ex-articulados, a reabsorção progressiva foi relatada em 74 a 96%.
Goldson & Henrikson (1975) confirmaram a predileção dos dentes
incisivos superiores à reabsorção radicular, mas afirmam que os incisivos inferiores
também apresentam incidência de reabsorção durante o tratamento ortodôntico.
Observaram uma maior freqüência para reabsorção radicular após o movimento
dentário em dentes endodonticamente tratados, dentes previamente extraídos e em
dentes parcialmente extraídos, quando comparados com a movimentação de dentes
lesados.
Em 1980, Pereira avaliou a reabsorção radicular em dentes submetidos
ao movimento ortodôntico, em 60 pacientes, com media de 13,5 anos, de ambos os
gêneros. Foi utilizado técnica de arco de canto, com extração dos quatro primeiros
pré-molares para o tratamento de malolcusão de Classe I e II. Foram utilizadas
radiografias periapicais iniciais e finais dos dentes anteriores superiores e inferiores,
sendo que nenhum paciente apresentava reabsorção radicular antes do inicio do
tratamento. Os resultados indicaram maior incidência para reabsorções em dentes
anteriores superiores e que os pacientes do gênero feminino foram mais
predispostos à reabsorção radicular do que os do gênero masculino.
Neste estudo, Malmgren et al. (1982) avaliaram a reabsorção nas técnicas
de Begg e de lateralização, utilizando radiografias intrabucais dos incisivos antes e
após o tratamento ortodôntico. As evidências de reabsorção foram classificadas em
níveis de 0 a 4, conforme figura 2. Observaram reabsorções progressivas em dentes
com suaves e moderadas lesões e não confirmaram a existência de diferenças entre
as duas técnicas. O período de observação anterior ao tratamento foi de no mínimo
17
cinco meses e na maioria dos casos mais do que um ano. Constataram que a
freqüência da reabsorção radicular era mais elevada (48%), em incisivos superiores
traumatizados quando introduzida através da técnica de Begg, se comparado com a
técnica da lateralização (43%). Concluíram que os riscos de reabsorção desses
dentes não são maiores quando o tratamento ortodôntico é iniciado quatro a cinco
meses após o trauma. Ressaltaram a importância de se investigar ocorrência de
traumas faciais durante a anamnese.
Figura 2 – Radiografias e desenho esquemático da reabsorção radicular externa. 1.
Reabsorção com contorno irregular. 2. Reabsorção apical com menos de 2 mm.
3. Reabsorção apical de 2 mm a 1/3 da raiz. 4. Reabsorção radicular de 1/3 da
raiz.
Fonte: Malmgren et al., 1982. p. 489.
Kurol & Bjerklin (1982) estudaram a influência de fatores hereditários no
desenvolvimento das anomalias dentárias. Destacaram a influência da agenesia
18
dentária e a presença de incisivos laterais no formato de estaca como um dos
fatores genéticos importantes nos processos de reabsorção radicular. Embora os
autores tenham apontado uma incidência menor do que 8% para anomalias
dentárias na população geral ressaltaram que a avaliação de possíveis relações
entre as anomalias dentárias e a reabsorção radicular apical pode possuir significado
clínico relevante durante o período de aplicação do tratamento.
Linge & Linge (1983) destacaram que a utilização de aparelhos fixos e o
uso de elásticos seriam os fatores mais prejudiciais às raízes dos incisivos.
Verificaram que uma média de perda radicular de 1,34 m, sendo 0,73 mm para
pacientes do genro feminino e de 0,67 mm para o masculino. Estudando a relação
entre idade e reabsorção radicular, enfatizaram que as raízes parcialmente formadas
desenvolvem-se normalmente durante o curso do tratamento ortodôntico que
geralmente coincide com o desenvolvimento final das mesmas, ou podendo
apresentar ligeiro encurtamento. Entretanto, devido à existência de um número
significativo de adultos que se submetem ao tratamento ortodôntico, os autores
sugeriram que os clínicos devem se familiarizar com quaisquer alterações que
ocorram no comprimento da raiz, entre o início da idade adulta e a meia idade, como
parte do processo normal da maturidade. Alguns tipos de raízes são mais
suscetíveis a lesões radiculares e fatores como nutrição, celularidade da área apical
e a adaptação às mudanças oclusais também influenciam o processo. Os autores
enfatizaram que indivíduos portadores de raízes longas, estreitas e de formato
atípico, aqueles que sofreram traumatismos e os que possuem hábitos dedo-linguais
duradouros podem estar sob risco aumentado de desenvolverem reabsorção
radicular.
19
De acordo com Odenrick & Brasttström (1983), canais radiculares com
convergência apical são considerados indícios de um alto potencial de reabsorção
radicular. Verificaram que o grau de reabsorção em dentes com raízes achatadas ou
com forma de pipeta foi significativamente maior do que em dentes com morfologia
radicular mais vulnerável à reabsorção radicular. As alterações na morfologia
radicular aumentaram a suscetibilidade à reabsorção pós-tratamento. Enfatizaram
ainda que hábitos de onicofagia, pressionamento lingual atípico associado com
mordida aberta e o aumento da pressão lingual que predispõem à reabsorção
radicular devem ser eliminados antes do tratamento ortodôntico.
Reitan (1985) destacou que dentes tratados endodonticamente mostram-
se mais resistentes à reabsorção radicular devido ao aumento de dureza e
densidade dentinária. Destacou que os indivíduos com idade avançada apresentam
o ligamento periodontal menos vascularizado, menos celular e mais estreito, sendo
que o osso fica mais denso, avascular, acelular e o cemento fica mais espesso.
Estes fatores explicariam a maior prevalência de reabsorção radicular em adultos,
enquanto as características do ligamento periodontal e a adaptação muscular às
modificações oclusais são mais favoráveis nos jovens. Com o avanço da idade
dental o desenvolvimento da raiz pode ser afetado pelo movimento dentário,
causando dilaceração e encurtamento, como resultado da deflexão da bainha
epitelial de Hertwing.
Dermaut & De Munk (1986) investigaram a reabsorção radicular nos
incisivos superiores decorrente da intrusão, correlacionado o aparecimento da lesão
com o tempo de duração da força. Foi registrado o comprimento inicial da raiz de 66
incisivos de vinte indivíduos. Num período de vinte e nove semanas foi obtido um
movimento de intrusão de 3.6 mm. Um grupo de 15 indivíduos sem tratamento foi
20
utilizado como controle. Foi observado um índice de 18% de reabsorção radicular
embora não tenha sido encontrada uma correlação entre o aparecimento da lesão e
o tempo de duração da intrusão. Segundo o autor, a intrusão parece ser o
movimento ortodôntico que provoca um grau maior de reabsorção radicular.
Para Levander & Malmgren (1988), uma vez detectada a reabsorção
radicular após 6 a 9 meses da terapia ortodôntica e com manutenção do tratamento
inicial, haverá agravamento do processo reabsortivo com comprometimento de
outros dentes. Sugeriram um período de pausa de 60 a 90 dias para que ocorra a
reorganização tecidual na membrana periodontal. Os autores observaram que raízes
com ponta em forma de pipeta ou abauladas e unirradiculares seriam
potencialmente predispostas à reabsorção (figura 3).
Figura 3 – Desenho da morfologia radicular. A - raiz curta; B - abaulada; C - raiz tortuosa;
D- raiz em forma de pipeta.
Fonte: Levander & Malmgren, 1988. p. 30.
21
Burdi & Moyers (1988) destacaram que na segunda década da vida, 90%
de todos os dentes apresentam evidências de reabsorção radicular idiopática.
Ressaltaram que a maior parte dos casos de reabsorção é de intensidade leve
sendo constituída por um ápice obtuso, mas, aproximadamente 10% apresentam
reabsorção de 2 a 4 mm. Afirmaram que com a idade, ocorre um aumento
significativo na freqüência de tipos mais severos de reabsorção.
Copeland & Green (1986) investigaram se reabsorção apical da raiz
associada com o tratamento ortodôntico perdurava após o término do tratamento
ativo. Foram analisados 45 indivíduos cujos comprimentos dos incisos centrais
superiores foram medidos, cefalometricamente, antes e após o tratamento e ao final
do período de contenção. A quantidade média de reabsorção da raiz durante o
tratamento ativo foi de 2,93 mm. Os resultados suportaram a hipótese de que a
reabsorção radicular associada com o tratamento ortodôntico cessa com o término
do tratamento ativo. Houve também uma evidência de que quando ocorre a
reabsorção da raiz no pós-tratamento, esta não está associada necessariamente
com grande quantidade de reabsorção da raiz durante o período ativo do tratamento,
sendo mais provável uma associação com outros fatores, tais como a oclusão
traumática e aparelho de contenção exercendo força ativa.
McFadden et al. (1989) avaliaram o relacionamento entre a intrusão com
forças fracas (25 g/cm2) no encurtamento da raiz usando arcos utilidades na técnica
bioprogressiva. Idade, sexo, tipo facial, tempo de tratamento, terapia de extração
versus não extração, largura da sínfise e o ângulo dos incisivos em relação aos
planos de referência esqueléticos também foram estudados em seu relacionamento
com a intrusão e o encurtamento de raiz. Observou-se que o encurtamento da raiz
foi em média 1,84 mm para incisivos superiores e 0,61 mm para incisivos inferiores
22
sujeitos às forças intrusivas. Nenhum relacionamento foi descoberto entre a
quantidade de encurtamento da raiz e grau de intrusão obtido. Contudo, um tempo
de tratamento longo foi significativamente correlacionado ao encurtamento da raiz.
Nenhuma das outras características estudadas foi relacionada à intrusão ou ao
encurtamento da raiz. A intrusão com a técnica de tipo arco utilidade não foi
relacionada com a quantidade de encurtamento da raiz. O grau de encurtamento da
raiz foi acentuadamente mais alto na maxila do que na mandíbula. Em geral, o
tempo de tratamento foi o fator mais significativo para ocorrência de encurtamento
da raiz.
Estudando a movimentação ortodôntica em dentes tratados
endodonticamente e em dentes vitais, Spurrier et al. (1990) compararam a
ocorrência de reabsorção radicular nestes dentes. Foram avaliados 43 indivíduos (21
do gênero masculino e 22 do feminino) com um ou mais dentes anteriores tratados
endodonticamente antes da movimentação ortodôntica que teve duração superior a
um ano e que inclui aparelhos fixos totais. Embora pudessem ter sofrido algum
trauma não relatado na anamnese, os incisivos controles estavam rígidos. Não
foram incluídos no estudo dentes fraturados e com outras mutilações de raiz. Dos 43
selecionados, 72% (31) apresentaram maloclusão de Classe II e 28% (12)
maloclusão de Classe I. Foram obtidas radiográficas periapicais de cada grupo de
dentes avaliados e os dentes utilizados como controle. Os autores observaram que
os dentes tratados endodonticamente apresentaram menos freqüência e gravidade
de reabsorção que os dentes vitais de controle; a análise o gênero não mostrou
diferença significativa nas reabsorções radiculares apicais entre os indivíduos do
gênero masculino e feminino em dentes tratados endodonticamente; nos dentes
utilizados como controle houve significativamente mais reabsorção radicular apical
23
nos indivíduos do gênero masculino em relação aos do gênero feminino, porém, as
diferenças clínicas foram consideradas mínimas se comparados com dentes
tratados endodonticamente e dentes vitais tratados ortodonticamente.
Kaley & Phillips (1991) observaram que os incisivos superiores inclinados
para frente têm suas raízes forçadas contra a cortical óssea palatal durante o
tratamento ortodôntico. Estes estudos sugeriram que a lingualização excessiva da
raiz, forçou a raiz contra a cortical óssea, conduzindo à reabsorção radicular em
pacientes portadores de maloclusão de Classe III submetidos a tratamento
ortodôntico.
Brezniak & Wasserstein (1993) destacaram que 100% dos casos de
maloclusão de classe I e II tratados, com tempo médio de tratamento de 2 anos e 3
meses, apresentaram reabsorção radicular, porém em grau suave. O uso de
elásticos de Classe II e III potencializa as reabsorções radiculares dos dentes que
servem como suporte.
Para Beck & Harris (1994), em casos de trespasse horizontal aumentado
do incisivo maior será a quantidade de retração durante o tratamento e, com este
movimento, ocorrerá também maior quantidade de reabsorção do incisivo, e maior
quantidade de reabsorção da porção medial da raiz do primeiro molar maxilar. Em
casos de trespasse vertical mais profundo, maior será a intrusão e a reabsorção do
incisivo e maior será a reabsorção radicular da porção distal da raiz do primeiro
molar superior. Os autores enfatizaram que a intrusão parece ser o movimento
ortodôntico que mais causa reabsorção radicular devido à concentração de forças no
ápice das raízes dos incisivos superiores.
24
Blake et al. (1995) investigaram a reabsorção radicular de incisivos nas
técnicas de Edgewise e aparelhos rápidos. A média de reabsorção foi de 12,54%
para laterais incisivos superiores; 8,04% para incisivos centrais superiores; 6,19%
para incisivos laterais inferiores e 5,91% para incisivos centrais inferiores (figura 4).
Relacionaram positivamente a extração e a reabsorção em incisivo lateral. Houve
uma diferença estatisticamente significativa da reabsorção entre os gêneros, sendo
encontrada reabsorção radicular de 11,14% para o gênero masculino e de 3,36%
para o feminino. Os autores sugeriram que a reabsorção ocorreu devido ao ponto de
aplicação de força de retração estar em estreita relação com o incisivo lateral
superior.
Figura 4 - Radiografia de incisivos denotando encurtamento após o tratamento ortodôntico.
A- Antes do tratamento; B- Após o tratamento.
Fonte: Blake et al., 1995. p.76.
Mirabela & Artun (1995) destacaram que raízes longas, estreitas e
dilaceradas aumentam o risco de lesões radiculares. Enfatizaram a importância da
25
avaliação radiográfica da forma radicular no pré-tratamento como uma forma de
prevenir ou minimizar quadros de reabsorção radicular em pacientes que
apresentam suscetibilidade individual, criando-se, assim, uma expectativa de risco
mais realista.
Kjaer (1995) examinou as radiografias de 100 pacientes que
apresentaram casos de reabsorção radicular severa. Foi constatado que as
freqüências de agenesia dentária, incisivos laterais em formato de “cavilha”,
invaginações dentárias, “taurodontismo”, dentes isolados com formatos de raiz
severamente desviados, padrões anômalos de erupção dos dentes permanentes e
padrões anormais de reabsorção dos dentes deciduais variavam de 3 a 40% na
amostra. O autor sugeriu que as anomalias dentárias podem se constituir em fatores
de risco para a reabsorção radicular.
Mirabela & Artun (1995) estudaram os fatores de risco para a reabsorção
radicular em pacientes adultos tratados ortodonticamente. Foram analisados
cefalogramas e radiografias perapicais de dentes anteriores superiores antes e após
o tratamento de 343 pacientes. As raízes analisadas foram classificadas
subjetivamente de acordo com seu formato (figura 5), sendo registrada a existência
de dentes com preenchimento de canal e presença de canino impactado. Afirmaram
que a movimentação das raízes, tanto na direção anterior como na posterior pode
desencadear lesões radiculares. A reabsorção radicular foi associada com a
quantidade de movimento da raiz, presença de raízes longas, estreitas, em formato
anormal e ao uso de elásticos de Casse II, porém, não foi possível estabelecer maior
associação para nenhum desses fatores. O tipo de maloclusão, o tempo de
tratamento, o uso de arcos retangulares e a proximidade da raiz com a cortical óssea
26
ou tratamento de osteotomia maxilar não foram associados com reabsorção
radicular.
Figura 5 - Classificação das raízes dentárias: N) normal; A) obtuso (rombo,
cego); B) desgastada; C) pontiaguda; D) inclinada ou E) em forma
de garrafa.
Fonte: Mirabela & Artun, 1995. p. 48.
Coustopoulos & Nanda (1996) conduziram um estudo para verificar se a
intrusão ortodôntica poderia ser relacionada como causa potencial de reabsorção
radicular apical de incisivos superiores. Avaliaram 17 indivíduos com sobremordida
excessiva que foram tratados com um arco de intrusão tipo Burstone, com uma força
de baixa intensidade, de aproximadamente 15 g por dente. Um grupo de controle foi
estabelecido por 17 indivíduos com aparelhos fixos de arco total que foram
aleatoriamente selecionados. Após um período de aproximadamente 4 meses, o
grupo de intrusão tinha apenas ligeiramente mais reabsorção radicular que os
controles, 0,6 mm versus 0,2 mm (diferença estatisticamente significativa). A
intrusão medida no centro de resistência do incisivo central teve uma média de 1,9
27
mm. A quantidade de reabsorção não se correlacionou com a quantidade de
intrusão. Os autores verificaram que a intrusão com forças baixas pode ser efetiva
na redução da sobremordida, causando apenas uma pequena quantidade de
reabsorção radicular. Ressaltaram que o uso de forças leves na intrusão é
importante para prevenir os processos de reabsorção radicular.
De acordo com Kurol et al. (1996), o direcionamento de forças leves em
dentes traumatizados submetidos a terapia ortodôntica pode minimizar a tendência à
reabsorção radicular. Dependendo da gravidade da reabsorção e o risco para o final
do tratamento, o uso de forças intermitentes como os elásticos intermaxilares deve
ser evitado. A adoção de intervalos de aplicação da força é importante no tempo de
resposta metabólica antes da reaplicação da força, principalmente em pacientes
suscetíveis. No recomeço do tratamento após períodos de repouso, provavelmente
as zonas de reabsorção estarão reparadas e circundadas de tecidos normais e o
tratamento poderá evoluir de modo mais seguro.
De acordo com Pacheco (1997), as reabsorções radiculares são
frequentemente encontradas nos ápices, seguidos pelas superfícies mesial,
vestibular, distal e lingual. Os fatores que afetam a reabsorção radicular podem
ser descritos como biológicos, mecânicos, ou uma combinação de ambos. Dentre os
fatores biológicos, pode-se citar a suscetibilidade individual, predisposição
hereditária, fatores sistêmicos, fatores nutritivos, idade cronológica e idade dentária.
Uma grande susceptibilidade para a reabsorção radicular pode ser notada em
adultos. Isto pode ocorrer devido a membrana periodontal que se torna menos
vascular, aplástica e estreita, o tecido ósseo mais denso, avascular e aplástico e o
cemento mais largo. Com relação a idade dentária, tem-se observado que as raízes
parcialmente formadas parecem desenvolver-se normalmente durante o tratamento
28
ortodôntico. Sabe-se ainda que as raízes incompletas apresentem menos
reabsorção radicular do que as totalmente formadas. Quanto aos fatores mecânicos,
é sabido que, quando forças ortodônticas excedem o nível ótimo de 20 a 26 g/cm2 ,
causa isquemia no ligamento periodontal e podem levar à reabsorção radicular.
Pizzallo & Telles (1998) verificaram uma freqüência maior de reabsorção
radicular na arcada superior em casos tratados com extrações se comparados aos
sem extração. Segundo os autores, os dentes com maior reabsorção em ordem
decrescente foram: o incisivo lateral superior esquerdo, incisivo central superior
direito e incisivo central superior esquerdo.
Reunkers et al. (1998) avaliaram a ocorrência de reabsorção radicular
decorrente do uso de aparelho fixo de arco de canto. Foram avaliados um aparelho
convencional e outro aparelho modificado, incluindo mola direta. O tempo de
tratamento em média, de 1,6 e 1,8 anos, respectivamente. A quantidade de perda
apical foi de 8,2% para pacientes tratados com arco modificado, e 7,5% para
pacientes tratados com arco de canto convencional. A prevalência média de
reabsorção radicular foi de 75% para pacientes tratados com o arco de canto
modificado, e 55% para pacientes tratados com arco convencional. Não houve
diferença estatisticamente significativa no nível e prevalência de reabsorção
radicular entre os aparelhos utilizados.
Estudando a suscetibilidade da reabsorção radicular, Levander et al.
(1998) verificaram uma maior incidência de lesões radiculares de dentes incisivos
maxilares com ápices obtusos ou em formato de pipeta. Eles observaram que entre
os casos de dentes com tais características, 69% sofreram progressão das lesões
durante a movimentação ortodôntica. Observaram um alto risco de reabsorção
29
radicular apical durante o tratamento ortodôntico em pacientes com aplasia múltipla
(4 dentes ou mais), em particular em dentes com forma radicular anormal
submetidos a tratamento longo com elásticos e arcos de fio retangular. Observaram
ainda que raízes com ponta em forma de pipeta ou abauladas e unirradiculares
seriam potencialmente predispostas à reabsorção na terapia ortodôntica.
Para Horiuchi et al. (1998), a reabsorção radicular de incisivo superior,
está associada com a largura do osso alveolar maxilar. Destacaram que alguns
pacientes demonstraram reabsorção radicular grave como resultado da aproximação
radicular à cortical óssea, e outros pacientes não demonstraram reabsorção
radicular no lugar da fenestração ocorrida durante o tratamento. Explicaram que isto
pode evidenciar a ação de alguns fatores ainda não totalmente elucidados no
tratamento ortodôntico, sendo importante investigarem as predisposições individuais.
Faltin et al. (1998) analisaram a reabsorção radicular decorrente do
movimento de intrusão após aplicação de forças contínuas de diferentes
magnitudes. Doze pré-molares superiores indicados para extração foram intruídos
anteriormente com forças constantes. Os dentes foram divididos em 3 grupos:
a) dentes não movidos;
b) aplicação de força contínua de 50g por 4 semanas;
c) aplicação contínua de 100g por 4 semanas.
Molas de aço inoxidável, especialmente indicadas, foram usadas para
exercer as forças. Os dentes intruídos demonstraram áreas de reabsorção contínua
na superfície radicular mineralizada. Os dentes movidos com força de 50g
mostraram várias áreas de reabsorção no terço apical, poucas áreas no terço médio
30
apical e nenhuma área de reabsorção no terço cervical. No caso de dentes movidos
com força de 100g, foram observadas várias áreas de reabsorção na maioria do
terço apical, incluindo o contorno do ápice e no terço médio, e nenhuma no terço
cervical. Os autores concluíram que a intrusão com força contínua induz à
reabsorção radicular, dependendo da magnitude da força aplicada (figura 6).
A B
Figura 6 - Radiografia de lacunas de reabsorção. A - Poucas áreas de reabsorção com
força de 50g; B - Várias lacunas de reabsorção com força de 100 g.
Fonte: Faltin et al., 1998. p. 6.
Kurol & Owman-Moll (1998) estudaram a reabsorção radicular durante o
início do movimento ortodôntico em 56 indivíduos, com média de idade de 13,8
anos. O processo de hilianização teve início após uma semana da aplicação da
força, sendo mais freqüente durante as primeiras quatro semanas. Na primeira
semana, a força declinou de 50 g para uma média de 38 g, sendo observado a
ocorrência de áreas de reabsorção radicular com os dois níveis de força. As áreas
de hialinização do ligamento periodontal foram localizadas no terço buco cervicais e
linguo apical da raiz, correspondendo às zonas de pressão. Os autores concluíram
31
que mesmo forças ortodônticas iniciais leves, abaixo de 50g, a hialinização e a
reabsorção radicular devem ser esperadas.
Segundo Capelozza Filho & Silva Filho (1998), a reativação do aparelho
ortodôntico deve ser planejada com base na suscetibilidade encontrada, bem como
na adequação do tempo de troca dos arcos, nos tipos de seqüência dos fios a serem
utilizados, na quantidade e no intervalo de aplicação das forças de tração ou
retração ou compressão. O monitoramento em particular do paciente em maior risco
e o acompanhamento radiográfico após 90 dias do reinício do tratamento constituem
um meio de avaliar a eficácia do novo método adotado O uso de contenção deve ser
adequadamente planejado para não prejudicar a fase de reorganização tecidual,
uma vez que contenções com ação restritiva contínua sobre um dente ou grupos de
dentes abalados poderiam manter o processo de reabsorção. Além disso, o trauma
oclusal gerado na função ou por pressão involuntária poderiam também determinar a
continuidade do processo de reabsorção após a remoção do aparelho e, portanto,
merece uma atenção profilática.
Bishara et al. (1999) estudaram a relação entre a idade e reabsorção
radicular durante o tratamento ortodôntico. Avaliaram radiograficamente, as
alterações normais no comprimento da raiz que ocorrem entre os 25 e 45 anos de
idade, ou seja, entre a idade adulta inicial e a meia idade de indivíduos normais sem
história de tratamento ortodôntico. Eles não constataram diferenças significativas no
encurtamento da raiz decorrente da maturidade em ambos os gêneros. Entretanto,
ressaltaram que embora os caninos e pré-molares possam ser movidos em massa
sem qualquer tendência perceptível à reabsorção da raiz, os dentes incisivos podem
reagir de forma diferente. Destacaram a importância de se conduzir o tratamento
ortodôntico com intervalos de descanso.
32
Levander & Malmgren (2000) estudaram a reabsorção radicular induzida
ortodonticamente, após o término do tratamento ativo. Foram avaliados 73 incisivos
superiores em 40 pacientes, após um período de 5 a 10 anos do tratamento ativo.
Todos os pacientes utilizaram contentores de fixos e removíveis. Os resultados
indicaram uma correlação significante (p < 0,05) entre a mobilidade dentária e o
comprimento radicular total e radicular intra-alveolar. Nenhuma das variáveis para
avaliação da condição periodontal, oclusão e função foram relacionadas ao
comprimento radicular total ou mobilidade dentária. Os autores sugeriram o
acompanhamento dos dentes com reabsorção radicular severa induzida
ortodonticamente.
Mavragani et al. (2000) compararam a severidade da reabsorção radicular
apical que ocorre em pacientes tratados com a técnica Edgewise padrão e o arco
contínuo e avaliaram a influência dos fatores de risco conhecidos na reabsorção
radicular decorrente do tratamento ortodôntico. A amostra consistiu de 80 pacientes
com maloclusão Classe II divisão 1, tratados com extração de pelo menos dois
primeiros pré-molares superiores. As variáveis registradas para cada paciente
incluíram gênero, idade, ângulo ANB, trespasse horizontal, trespasse vertical,
trauma, hábitos, invaginação, agenesia, esfoliação dentária, duração do tratamento,
uso de elásticos Classe II, constituição corpórea, fatores gerais, caninos impactados
e desvio da forma radicular. Quarenta pacientes foram tratados com a técnica
Edgewise padrão e 40 com a técnica do arco contínuo, ambos com braquetes com
canaletas de 0.018 polegadas. Foram mensurados os comprimentos das coroas e
raízes dos incisivos superiores em radiografias periapicais pré e pós-tratamento,
corrigidas para distorção de imagem. A porcentagem de encurtamento e perda de
extensão radicular em milímetros também foi calculada. Ocorreu reabsorção
33
radicular apical significantemente maior (p <0.05) de ambos os incisivos centrais no
grupo edgewise padrão do que no de arco contínuo. Nenhuma diferença significante
foi observada para os incisivos laterais. O encurtamento da raiz dos incisivos laterais
estava significantemente associado com idade, agenesia, duração do período de
distalização dos incisivos e invaginação, enquanto o encurtamento da raiz dos
incisivos centrais foi relacionado ao grupo de tratamento e trauma.
Sameshima & Sinclair (2001) conduziram um estudo para determinar se
poderiam ser detectados possíveis fatores no pré-tratamento que permitissem
predizer a incidência, a posição, e a severidade da reabsorção da raiz antes do
início do tratamento ortodôntico. Foram avaliados 868 pacientes tratados com
dispositivos Edgewise, sendo examinadas as respectivas radiografias periapicais do
primeiro molar ao primeiro molar em ambos os arcos. Os resultados mostraram que
a reabsorção ocorreu primeiramente nos dentes anteriores superiores, com lesões
de 1,4 mm em média. A reabsorção de maior grau foi vista nos incisivos laterais
superiores e nos dentes com forma anormal da raiz (forma de pipeta, ponteagudas
ou dilaceradas). Os pacientes adultos apresentaram mais reabsorção do que as
crianças apenas no segmento anterior inferior. O trespasse horizontal aumentado foi
associado significativamente com maiores reabsorções da raiz. Não houve nenhuma
diferença na incidência ou na severidade da reabsorção da raiz entre os pacientes
masculinos e femininos.
Fritz et al. (2003) investigaram a extensão e sentido da reabsorção
decorrente do uso de aparelho fixo. Foram analisadas radiografias panorâmicas e
cefalométricas de 33 pacientes do gênero feminino e 7 do masculino com média de
idade de 24.2 +/- 8.4 anos. Os pré-molares inferiores permanentes foram extraídos
em 5 pacientes e os pré-molares superiores permanentes em 22 pacientes. No total,
34
456 incisivos e caninos superiores e inferiores e caninos foram avaliados. Após a
conclusão do tratamento ortodôntico o comprimento médio da raiz foi de 96.3%,
correspondendo a uma taxa de reabsorção de 3,7%. Os incisivos superiores
apresentaram uma maior taxa média de reabsorção, que ficou em torno de 10%. Em
82% dos dentes não houve reabsorção radicular. Nenhum relacionamento
significativo foi encontrado entre a extensão da reabsorção e outros parâmetros tais
como a idade, o gênero, tempo ativo do tratamento, tipo de maloclusão, extensão e
sentido do movimento apical. Os resultados sugeriram que a terapia ortodôntica
lingual resultou somente em pequena reabsorção da raiz. Encurtamentos mais
pronunciados da raiz foram observados em alguns pacientes cuja pré-disposição
individual pode constituir o fator de risco principal para a ocorrência de reabsorção
da raiz.
Otis et al. (2004) conduziram um estudo para verificar a correção entre a
reabsorção radicular externa da raiz e a forma e densidade do osso alveolar. Foram
avaliadas 700 radiografias panorâmicas, sendo selecionados 22 pacientes
submetidos a tratamento ortodôntico que apresentaram reabsorção radicular nos
incisivos inferiores. Os critérios da exclusão incluíram histórico de doenças
sistêmicas e anormalidade craniofacial, trauma dentário, dentes tratados
endodonticamente e dentes impactados. Os dentes maiores demonstraram uma
quantidade maior de reabsorção da raiz. A dimensão do complexo dentoalveolar
permaneceu relativamente inalterada durante o movimento do dente. A quantidade
de osso alveolar em torno da raiz, a espessura do osso cortical, a densidade da rede
trabecular, e a dimensão fractal não mostraram nenhuma correlação significativa
com a extensão da reabsorção apical externa da raiz. Os resultados deste estudo
35
sugeriram que a densidade e a morfologia do complexo dentoalveolar não são
fatores significativos na etiologia da reabsorção apical externa da raiz.
Smale et al. (2005) avaliaram a relação entre suscetibilidade individual à
reabsorção radicular em incisivos superiores decorrente de tratamento ortodôntico.
Foram avaliadas radiografias periapicais de 290 pacientes com média de idade entre
10,1 a 57,1 no início do tratamento, sendo os valores iniciais, comparados com os
resultados após 6,4 meses de terapia. Os dados da anamnese e os parâmetros do
tratamento foram gravados de registrados, de acordo com um protocolo, e a
irregularidade do incisivo superior foi medida em modelos do estudo do pré-
tratamento. Aproximadamente 4.1% dos pacientes estudados tiveram uma
reabsorção média de 1.5 mm ou mais dos 4 incisivos superiores e aproximadamente
15.5% tiveram 1 ou mais incisivos superiores com reabsorção de 2,0 mm ou mais
após 3 a 9 meses do início ortodôntica fixa. Os autores concluíram que a reabsorção
da raiz pode começar nos estágios de nivelamento precoce do tratamento
ortodôntico. Embora os dentes com raízes longas e estreitas e afastadas, tenham
sido apontados como de risco aumentado de reabsorção, a variação encontrada
nestes fatores de risco foi menos que 25%.
Edwards & Mcvaney (2005) relataram o caso de um paciente do gênero
feminino de 57 anos de idade portador de doença hemorrágica hereditária e que
apresentava reabsorção radicular cervical avançada dos incisivos superiores. O
exame histológico do tecido gengival adjacente à área de reabsorção da raiz
demonstrou elementos vasculares estreitos, assim como canais vasculares maiores
cercados por uma densa camada muscular. Os autores hipotetizaram que a
reabsorção externa da raiz visto que neste caso foi resultante da influência de
fatores genéticos no processo vascular do tecido gengival adjacente.
36
Armstrong et al. (2006) investigaram a relação entre a reabsorção
radicular e o tipo de dispositivo usado ou o sentido e a quantidade de movimento
dentário de incisivos superiores e inferiores. Foram avaliadas inicialmente
radiografias panorâmicas de 114 pacientes, sendo selecionado para estudo
radiografias do pré e pós-tratamento de 45 pacientes que apresentaram alterações
no comprimento dos incisivos. Os resultados indicaram que os dentes 12, 11, 21, 26
apresentaram diminuição do comprimento da raiz quando o aparelho pré-ajustado foi
utilizado e os dentes 26, 31, 41, 42 também apresentaram encurtamento da raiz com
o uso do aparelho rápido; apenas o dente 31 apresentou diminuição da raiz com a
utilização do aparelho Tip-edge. Em imagens de incisivos inferiores verticalizados
durante o tratamento, estes podem ser encurtados e ou seus ápices podem ficar fora
do plano focal o que pode resultar em imagens de dentes mais curtos no pós-
tratamento. Diante destes fatores que geram confusão, os autores não
recomendaram o uso de radiografias panorâmicas como um método seguro de
determinar a reabsorção radicular da raiz.
Mohandesan et al. (2007) mensuraram a quantidade de reabsorção
radicular apical externa e examinaram seu significado clínico nos incisivos
superiores, durante um período ativo 12 meses de tratamento. Foi analisada também
a influência do gênero, da técnica e duração do tratamento e da extração dos
primeiros pré-molares superiores. A amostra compreendeu 151 incisivos superiores
em 40 pacientes (16 do gênero masculino e 24 do feminino), com idades entre 12 e
22 anos, portadores de diferentes maloclusões. Foram utilizadas radiografias
periapicais obtidos antes e 6 e 12 meses após o início do tratamento. A reabsorção
maior que 1 mm em 12 meses do tratamento ativo foi considerada clinicamente
significativa. Em média, o grau de reabsorção para incisivos centrais superiores foi
37
de 0,77 +/- 0,42 e 1,67 +/- 0,64 mm, respectivamente, durante 6 e 12 meses,
respectivamente. Para os incisivos laterais, o grau de reabsorção foi de 0, 88 +/-
0,51 e 1, 79 +/- 0, 66 mm, respectivamente. Reabsorção clinicamente significativa foi
observada em 74% dos incisivos centrais e 82% para os laterais. Nenhuma
correlação significativa foi observada entre reabsorção radicular e técnica do
tratamento, porém houve correlação entre o gênero e o incisivo lateral. O efeito da
duração do tratamento e da extração do pré-molar foi estatisticamente significativo
para ambos os grupos do dente.
Esteves et al. (2007) avaliaram radiograficamentre a similaridade da
reabsorção apical da raiz encontrada nos dentes endodonticamente tratados e
dentes não tratados quando são submetidos ao tratamento ortodôntico. De 2.500
radiografias examinadas, 16 pacientes foram selecionados os quais apresentaram
um incisivo superior central tratado endodonticamente antes do início do movimento
ortodôntico e um dente homólogo vital usado como controle. As medidas foram feitas
comparando as radiografias periapicais do pré e pós-tratamento ortodôntico. Não
houve nenhuma diferença estatisticamente significativa na reabsorção apical da raiz
encontrado nos dentes endodonticamente tratados comparados ao grupo dos dentes
vitais.
Freitas et al. (2007) observaram o grau de reabsorção da raiz na mordida
aberta e nos pacientes com trespasse vertical normal, tratados com e sem as
extrações do pré-molar. Uma amostra de 120 pacientes foi selecionada e dividida
em 4 grupos. O grupo 1 compreendeu 32 pacientes tratados com as extrações de
pré-molar com trespasse vertical médio inicial de -3.45 +/- 0.23 mm e média de
idade de 14.01 +/- 2.58 anos. O grupo 2 incluiu 28 pacientes com mordida aberta
tratados sem as extrações, portadores de trespasse vertical médio inicial de -3.10 +/-
38
0.24 milímetros e média de idade de 13.27 +/- 2.75 anos. O grupo 3 compreendeu
30 pacientes com o trespasse vertical normal (1.09 +/- 0.24 mm no início do
tratamento) tratado com extração de pré-molar, com média de idade de 13.28 +/-
1.79. O grupo 4 consistiu em 30 pacientes com o trespasse vertical normal (1.67 +/-
0.24 mm no começo do tratamento), tratado sem extrações, com média de idade de
12.87 +/- 1.43 anos. Os grupos foram separados de acordo com a idade, tempo do
tratamento, e pelo tipo inicial de maloclusão. Os resultados indicaram que a
reabsorção da raiz foi similar entre a mordida aberta e protocolos de tratamento
normais de trespasse vertical, mas o tratamento com extração mostrou maior
reabsorção da raiz do que o tratamento sem extração. Houve uma correlação
estatisticamente significativa entre o grau de reabsorção da raiz na correção do
trespasse horizontal e na retração dos ápices dos incisivos centrais superiores.
Lin et al. (2007) conduziram um estudo para verificar a relação entre
reabsorção da raiz após o tratamento ortodôntico em pacientes jovens. Foram
avaliados 78 pacientes jovens, tratados com os dispositivos ortodônticos fixos, sendo
obtidas radiografias panorâmicas antes e após o tratamento. Os pacientes foram
agrupados pela idade, gênero, posição do dente, estágio da oclusão, da extração ou
não extração e a duração do tratamento. Os resultados indicaram que todos os
pacientes apresentaram reabsorção de raiz em graus diferentes. A reabsorção da
raiz foi mais severa no grupo da extração do que no grupo sem extração, sendo
ainda mais agravante nos pacientes com tratamento de duração mais longa. Não
houve nenhuma diferença significativa entre gêneros e diferentes posições dos
dentes. Os autores sugeriram que o tratamento ortodôntico antes do
estabelecimento da oclusão do segundo molar, a aproximação sem extração e uma
duração mais curta do tratamento conduzem a menos reabsorção da raiz.
39
De acordo com Moraes (2007), todo paciente submetido à terapia
ortodôntica apresenta, no mínimo, um arredondamento apical ao final do tratamento.
Apesar de ser comum durante a movimentação dentária induzida, quando a força
aplicada é interrompida ou reduzida, inicia-se o processo de reparação e a
reabsorção radicular cessa, mas uma vez a raiz reabsorvida, sua forma original não
é retomada, permanecendo com o comprimento radicular diminuído. São vários os
fatores predisponentes da reabsorção dentaria externa com o movimento dentário
induzido, dentre eles, a morfologia radicular, morfologia óssea, tipo de movimento,
tipo de aparelho, tempo de tratamento ortodôntico e dentes com relatos de
traumatismo. Para amenizar sua severidade ou o número de dentes afetados,
condutas preventivas devem ser adotadas.
A incidência e severidade da reabsorção radicular decorrente do uso de
diferentes aparelhos ortodônticos foram avaliadas por Apajalahti & Peltola (2007).
Foram selecionados para o estudo 601 pacientes com idades entre 8 a 16 anos,
submetidos à radiografia panorâmica no início e final do tratamento. Os incisivos
superiores seguidos pelos incisivos mandibulares foram os dentes mais afetados.
Foi observado maior grau de reabsorção radicualr (56%) no uso de aparelho fixo
associado com tratamento prolongado. A média de duração do tratamento foi de 2, 3
anos. Os autores recomendaram um acompanhamento radiográfico a cada 6 meses
em tratamentos prolongados.
Falahat et al. (2008) avaliaram a reabsorção radicular após a correção de
caninos deslocados ectopicamente. Foram estudados 107 pacientes com média de
idade de 12, 5 anos que apresentavam 165 caninos superiores posicionados
ectopicamente. Do total de pacientes, 27 foram selecionados para
acompanhamento, sendo efetuado inicialmente exame radiográfico incluindo
40
tomografia computadorizada e durante o tratamento foi utilizado apenas radiografia
intrabucal. Foram avaliados 32 inicivos superiores, sendo observada reabsorção
radicular em 24 incisivos laterais e 8 incisivos centrais. Nenhum incisivo foi perdido
durante um período de 2 a 10 anos de acompanhamento. Em 11 incisivos foi
observada reabsorção severa; em 15, reabsorção leve e em 6, reabsorção
moderada. As lesões radiculares foram reparadas em 13 dentes; em 12 dentes
permaneceram sem alterações e em 7 dentes houve agravamento das lesões. Os
autores verificaram que em 10 pacientes de 13 que apresentavam reabsorção
radicular severa ou moderada, as lesões foram reparadas durante o período de
observação. Concluíram que em alguns casos de severa reabsorção de incisivos, as
raízes mostraram uma boa cicatrização, sendo possível utilizar estes dentes no
aparelho ortodôntico.
2.3 Condutas preventivas da reabsorção radicular
O hidróxido de cálcio é o medicamento mais utilizado no tratamento da
reabsorção radicular. Tavares & Sampaio (1997) ressaltaram que a reabsorção
radicular pós-tratamento, pode continuar mesmo com a eliminação do trauma e uso
de contenção passiva. Nestes casos, o tratamento do canal com o uso de hidróxido
de cálcio, substituído freqüentemente e mantido até que o defeito seja reparado,
propicia a ativação das células do mesênquima circundante criando a atividade
mitótica e diferenciando-as em osteoblastos e cementoblastos que podem
interromper o processo e reparar superficialmente a área reabsorvida.
Alguns medicamentos que agem no metabolismo ósseo têm sido
investigados no sentido de verificar a sua utilização na prevenção de lesões
41
radiculares durante a terapia ortodôntica. Poumpros et al. (1994) comprovaram a
diminuição da freqüência da reabsorção radicular nos incisivos de ratos que
receberam tiroxina. Os autores observaram ainda que a administração de tiroxina
produziu um aumento da força no processo de remodelagem óssea. Indicaram a
administração de tiroxina para alguns pacientes, especialmente aqueles que
demonstrem início de reabsorção radicular ou aqueles que tiverem baixa função da
tireóide.
Revisando a literatura sobre os efeitos da administração dos hormônios
tireoidianos (T3 e T4) durante o tratamento ortodôntico Villela et al. (2003)
concluíram que a administração da tiroxina poderá transformar-se numa alternativa
importante para o controle da reabsorção radicular e ainda poderá vir a contribuir
para diminuir a duração do tratamento ortodôntico.
A calcitonina intra canal foi investigada por Weibkin et al. (1996) como
forma de prevenir a reabsorção radicular inflamatória externa. Eles concluíram que
o efeito preventivo é devido à exposição dos odontoclastos na zona onde o cemento
e a dentina, estão sendo ativamente danificados. Posteriormente, a eliminação da
inflamação poderá ser otida por meio de períodos de tempo mais longos, enquanto a
calcitonina for liberada de forma contínua mesmo num índice lento.
O uso de bisfosfonatos na prevenção da reabsorção radicular tem sido
investigado. Alatli et al. (1994) verificaram uma inibição da mineralização inicial do
manto de dentina quando da administração de bisfosfonato em ratos jovens. Uma
injeção única do composto foi suficiente para inibir a formação do cemento acelular e
em seu lugar ocorreu a formação de tecido duro na superfície radicular.
42
Os efeitos da administração tópica de um bisfosfonato, o ácido risedrônico
foi estudado por Igarashi et al. (1996). O objetivo foi confirmar a ação a ação
bloqueadora do medicamento na reabsorção óssea e reabsorção radicular durante o
tratamento ortodôntico e ainda, se o mesmo poderia ser utilizado no reparo de
reabsorção na superfície da raiz após a movimentação ortodôntica. Numa primeira
experiência, os primeiros molares superiores de ratos foram movidos
vestibularmente por meio de uma mola de expansão padrão e foi administrado ácido
risedrônico. Após sete dias, extensa reabsorção ocorreu no lado controle, com as
lesões atingindo o máximo no décimo quarto dia. A administração tópica do ácido
risedrônico causou uma inibição significativa da reabsorção da raiz depois que a
força ortodôntica foi aplicada. Na segunda experiência, os molares superiores foram
primeiramente movidos vestibularmente por 3 semanas. O tratamento com o ácido
risedrônico começou no dia em que a mola foi removida. Depois que a força foi
retirada, a reabsorção na superfície da raiz no lado controle e no lado que foi tratado
com ácido risedrônico, foi restaurada gradualmente pela justaposição do cemento de
reparo. A administração tópica do bisfosfonato não pareceu inibir o processo do
reparo da reabsorção da raiz. Estes resultados sugeriram que a administração tópica
do ácido risedrônico pode ser útil em impedir a reabsorção da raiz dos dentes
durante o tratamento ortodôntico.
Em outro estudo, Ortiz (2004) testou a hipótese de que a incorporação
dos bisfosfonatos à dentina e ao cemento, durante a odontogênese e a rizogênese,
aumentaria a resistência às reabsorções dentárias. Administrou-se o alendronato na
dosagem de 1mg/Kg, duas vezes por semana, por via oral, em 89 ratos da linhagem
Wistar (Rattus norvegicus, albinus), divididos em quatro grupos submetidos à
movimentação dentária induzida por 0, 3, 5 e 7 dias, previamente à morte dos
43
animais. Os resultados mostraram que os níveis de reabsorções radiculares
apresentaram-se significantemente reduzidos e não se observaram influências
destes medicamentos no tecido ósseo, nos fenômenos celulares, teciduais ou no
ligamento periodontal durante o movimento ortodôntico. O autor concluiu que
quando da administração dos bisfosfonatos, do tipo alendronato, desde o início da
odontogênese, ou mais especificamente durante a rizogênese, a incorporação deste
medicamento à dentina e ao cemento pode aumentar a resistência radicular às
reabsorções radiculares associadas à movimentação dentária induzida e, por
extensão, às promovidas pelos traumatismos dentários. A medicação prolongada e
supervisionada com bisfosfonatos, do tipo alendronato, não altera a movimentação
dentária induzida, mesmo quando da sua incorporação no tecido ósseo, pois não
modifica as propriedades mecânicas do osso.
Os efeitos dos corticóides sobre o metabolismo ósseo durante a
movimentação ortodôntica foram estudados por Ong et al. (2000) que administraram
Prednisolona (1mg/Kg) em ratos diariamente durante um período de indução de 12
dias; um grupo controle recebeu volumes equivalentes de salina. No 12º dia, foi
instalado um aparelho ortodôntico que exercia 30g de força mesial no primeiro molar
superior. Os resultados indicaram que não houve diferenças significativas na
magnitude da movimentação dentária entre os dois grupos, os ratos tratados com
esteróides apresentaram reabsorção radicular menos significante sobre o lado em
compressão e menos células dentro do espaço do ligamento periodontal no mesmo
lado. Os autores sugeriram que o tratamento com esteróides suprimiu a atividade
clástica.
Verna et al. (2006) investigaram os efeitos dos corticóides administrados
em tempo curto e longo para tratamento da reabsorção radicular induzida pelo
44
movimento ortodôntico em ratos. O ratos receberam corticóides (8 mg/kg/dia) por
três a sete semanas e um grupo controle foi utilizado para comparação dos
resultados. O primeiro molar superior esquerdo foi movido mesialmente por 21 dias,
com uma força de 25 g para todos os três grupos avaliados. Os resultados indicaram
que o grupo de tratamento curto mostrou significativamente mais reabsorção
radicular a nível mésio-coronal se comparados com o grupo controle e o grupo de
tratamento longo. Isto poderia ser atribuído à falta de equilíbrio entre a atividade
blástica (inibidas pela droga) e a atividade clástica (realçadas ou inalteradas pela
administração da droga) que ocorrem na fase inicial da administração da droga.
Conseqüentemente, os autores sugeriram uma monitoração cuidadosa dos
pacientes que se submetem ao tratamento com corticóides em curto prazo.
O exame radiográfico é de suma importância para detectar precocemente
o processo de reabsorção radicular. De acordo com Ferracini (2005), o controle
radiográfico periapical das raízes dos incisivos superiores e inferiores após seis
meses de mecânica, comparado com as radiografias iniciais poderá estabelecer um
diagnóstico de evolução e uma estimativa de risco. Na ausência de reabsorção ou
reabsorção mínima, que apresenta contorno apical irregular sem grandes riscos de
evolução, o tratamento pode ser mantido. Se ocorrer reabsorção moderada, maior
que 1 mm e igual ou inferior a 2 mm, deve-se deixar o fio passivo e estabilizar a
mecânica, mantendo este repouso por dois a três meses. A anamnese deve ser
reavaliada e o paciente deve ser comunicado do risco regular de evoluir para
reabsorção severa e risco pequeno para reabsorção extrema. Após essa conduta,
pode-se dar continuidade ao tratamento, com o cuidado de aumentar (dobrar) o
intervalo de aplicação da força e ficar mais atento a fatores locais de risco; novas
radiografias devem ser feitas depois de três meses. A reabsorção severa com nível
45
entre 2 mm e um terço da raiz, apresenta grande risco de evoluir para reabsorção
extrema, sendo obrigatório um descanso de 90 dias, além de reavaliação da
anamnese, além da análise de fatos novos de ordem geral e checagem radiográfica
dos outros dentes do paciente. O profissional deve expor o problema ao paciente e
propor que o tratamento seja interrompido ou simplificado, com redução do tempo de
terapia e efetuar controle radiográfico trimestral. Em casos de reabsorção externa de
mais que um terço da raiz, o ortodontista deve seguir os mesmos procedimentos
sugeridos para um caso de reabsorção severa, mas a interrupção ou simplificação
do tratamento é obrigatória. Se a resposta quanto a reabsorção pós-tratamento não
for positiva e a contenção e oclusão estiverem de acordo com a normalidade, o
tratamento do canal com hidróxido de cálcio é o maus indicado.
Sameshima & Asgarifar (2001) avaliaram os métodos radiográficos mais
adequados para detecção da reabsorção radicular, incluindo radiografias
panorâmicas e periapicais. Foram avaliados 42 pacientes após o final do tratamento
ortodôntico. As radiografias panorâmicas mostraram uma média de reabsorção
apical significativamente maior da raiz do que a encontrada na radiografia periapical
para 743 dentes examinados. Diferenças maiores foram encontradas nos incisivos
inferiores e menores nos incisivos superiores. Dilacerações e outras anomalias
foram claramente visíveis nas radiografias periapicais, ao passo que nas radiografias
panorâmicas estas discrepâncias foram mais freqüentemente parecidas com
estruturas normais.
Revisando a literatura, Preto (2007) destacou que quando diagnosticada,
a reabsorção radicular externa já atingiu um grau maior do que o mostrado na
radiografia, pois afeta superfícies não aparentes no exame radiográfico. A
radiografia panorâmica não é um meio seguro no diagnóstico da reabsorção
46
radicular externa. A tomada de radiografias periapicais pela técnica do paralelismo
no pré-tratamento permite melhor avaliação de aspectos anatômicos da raiz e do
periodonto, possibilitando comparações com radiografias de controle durante o
tratamento, que devem ser realizadas periodicamente, na prevenção de
reabsorções extensas.
De acordo com Consolaro (2007), as radiografias panorâmicas,
conhecidas como ortopantomografias, não são indicadas para o diagnóstico de
reabsorções dentárias. Isto porque neste método são detectadas apenas grandes ou
médias lesões, e, portanto de casos avançados com grande perda de estrutura
dentária. As radiografias periapicais são as mais indicadas para o diagnóstico de
alterações como fraturas radiculares, calcificações pulpares, metamorfose cálcica da
polpa, cárie, periapicopatias e outras alterações exclusivas dos dentes, incluindo-se
as lesões radiculares de pequenas lacunas. A tomografia computadorizada
volumétrica ou de feixe cônico também pode ser indicada para o diagnóstico e
prognóstico de reabsorções dentárias no planejamento ortodôntico.
Santos et al. (2007) utilizaram imagens radiográficas computadorizadas,
para verificar a quantidade de reabsorção no ápice radicular. A avaliação
radiográfica digital foi realizada por um único operador por meio de exposições
radiográficas digitais feitas no início e após o tratamento ortodôntico, utilizando o
sistema de escores proposto por Levander & Malmgren (1988). Os autores
destacaram que a técnica radiográfica do paralelismo com a imagem digital, eliminou
o processamento radiográfico, já que a imagem aparece na tela do computador de
forma simultânea, além de expor o paciente a uma dose ínfima de radiação.
47
De Rossi et al. (2007) avaliaram a exatidão e confiabilidade de imagens
radiográficas convencionais e digitalizadas na detecção de lesões periapicais
induzidas em dentes de cães. Os dados das radiografias foram comparados com
achados histomorfométricos efetuados através de microscopia convencional e
fluorescente. Após a remoção da polpa, os canais radiculares de cinco pré-molares
de cães foram deixados expostos por sete dias, depois dos quais foram selados por
60 dias. Radiografias convencionais foram feitas no início do estudo e aos 7, 30, 45
e 60 dias. A morfometria foi comparada nas imagens radiográficas digitalizadas e
nas seções histológicas aos sete e 60 dias do experimento. As lesões periapicais
foram detectadas radiograficamente somente após 30 dias do selamento coronal,
enquanto histopatologicamente, as lesões foram observadas após sete dias. O
tamanho das lesões foi aproximadamente 20% maior em radiografias digitalizadas
se comparadas com as medidas histológicas. Os autores ressaltaram que a
digitalização da imagem não melhorou a detecção precoce das lesões periapicais,
mas forneceu avaliação quantitativa da extensão da lesão. A microscopia
fluorescente realçou a visualização das estruturas apical e periapical e constituiu
uma ferramenta útil para a avaliação histológica, sendo valiosa para estudos
qualitativos e quantitativos da doença periapical.
48
3 PROPOSIÇÃO
Esta pesquisa tem por objetivos estudar a etiologia do processo de
reabsorção radicular, apliando e aprofundando a questão da reabsorção radicular
em dentes anteriores, bem como identificando as condutas de prevenção e controle
para minimizar a ocorrência de lesões radiculares causadas pelo movimento
ortodôntico.
49
4 DISCUSSÃO
A reabsorção radicular constitui uma resposta das células do ligamento
periodontal ao estímulo mecânico ou químico. Este distúrbio que afeta tanto a
superfície externa como a interna da raiz, pode ocorrer sem causa previamente
determinada, podendo estar associado a respostas adaptativas normais e
necessidades funcionais (Prates et al., 1997; Neville et al., 2004; Nascimento et al.
2006). Diferentes fatores podem ser associados à reabsorção radicular e que
estariam relacionados às condições e características da dentição e à predisposição
individual (Moyers, 1991; Graber, Vanarshdall, 1996).
A idade e o gênero do indivíduo têm sido estudados como fatores que
predispõem à reabsorção da raiz. Uma maior suscetibilidade em adultos estaria
relacionada ao fato de que o ligamento periodontal se encontra menos vascularizado
e mais estreito, o osso fica mais denso, avascular, acelular e o cemento fica mais
espesso, condições que favorecem a reabsorção da raiz (Pacheco, 1997). Por outro
lado, uma menor prevalência de reabsorção em crianças poderia ser explicada pela
maior resistência ou proteção conferida em dentes com rizogenese incompleta
(Pizzatto, Telles, 1998). Burdi & Moyers (1988) ratificaram a maior prevalência de
reabsorção em adultos destacando que após os 20 anos de idade pode ocorrer
evidências de 90% de reabsorção radicular leve em todos dos dentes e que 10%
dos casos pode apresentar reabsorção mais grave em torno de 2 a 4 mm, podendo
ocorrer tipos mais severos de reabsorção com o aumento da idade. Por outro lado,
Bishara et al. (1999) e Sameshima & Sinclair (2001) não constataram diferenças
significativas na severidade ou encurtamento da raiz decorrente da maturidade. O
50
tratamento ortodôntico precoce, além de todas as demais vantagens difundidas,
também seria uma forma de se prevenir a reabsorção radicular (Mavragani et al.,
2000).
Correlacionado reabsorção radicular e gênero, Pereira (1980), ressaltou
que o gênero feminino estaria mais predisposto, enquanto Spurrier et al. (1990) e
Blake et al. (1995) observaram maior reabsorção no gênero masculino. Entretanto,
Sameshima & Sinclair (2001) e Fritz et al. (2003) destacaram que o gênero não
influenciou o grau de reabsorção radicular. Desta forma a associação entre
reabsorção radicular e gênero ainda não está totalmente definida e as divergências
de metodologia dos estudos podem explicar os diferentes resultados.
Os fatores genéticos parecem estar fortemente relacionados à reabsorção
radicular, especialmente no que se refere ao tipo de raiz dentária (Edwards,
Mcvaney, 2005). Kurol & Bjerklin (1982), Linge & Linge (1983) Odenrick &
Brasttström (1983); Levander & Malmgren (1988) e Mirabela & Artun (1995)
destacaram que raízes longas, estreitas, dilaceradas, com ponta em forma de pipeta
ou abauladas, unirradiculares e que sofreram traumatismos apresentam risco
aumentado para lesões radiculares. Kjaer (1995) sugeriu que anomalias dentárias
como a agenesia, incisivos laterais em formato de “cavilha”, invaginações dentárias,
“taurodontismo”, também podem se constituir em fatores de risco para a reabsorção
radicular.
Outros fatores locais estão associados à ocorrência de reabsorção
radicular incluindo: lesões periodontais como a inflamação e infecção na região
periapical; periodontite severa e presença de cisto dentário na região mandibular
(Stalhane, Hedegard, 1975; Moyers, 1991).
51
O tratamento endodôntico, de acordo com Reitan (1985) torna os dentes
mais resistentes à reabsorção radicular devido ao aumento de dureza e densidade
dentinária. Entretanto, Spurrier et al. (1990) e Esteves et al. (2007) não
observaram nenhuma diferença estatisticamente significativa na reabsorção apical
da raiz encontrada em dentes tratados endodonticamente, se comparado a um
dente homólogo vital usado como controle. Sendo assim, não fica confirmado que o
tratamento endodôntico prévio pode ser instituído como forma de prevenir a
reabsorção.
As lesões radiculares envolvem variáveis anatômicas, fisiológicas e
genéticas. O trauma dentoalveolar decorrente de agentes físicos ou mecânicos
também pode desencadear processos reabsortivos. Na terapia ortodôntica, todos os
dentes podem estar sujeitos a um algum grau de reabsorção radicular. A reabsorção
de raiz pode ocorrer em qualquer dente, porém, os dentes anteriores, devido à sua
estrutura radicular, são mais suscetíveis. A predisposição individual parece explicar
a variação observada na reabsorção apical da raiz durante o movimento ortodôntico.
Considerando que em pacientes com suscetibilidade aumentada a reabsorção
radicular pode ocorrer durante os estágios iniciais da terapia ortodôntica, torna-se
importante o correto planejamento ortodôntico a fim de se prevenir ou minimizar a
ocorrência de lesões radiculares (Reitan, 1985; Smale et al., 2005).
A prevalência de reabsorção radicular no tratamento ortodôntico parece
variar de acordo com a técnica utilizada, conforme (Anexo A, quadro 1). Brezniak &
Wasserstein (1993) encontrou uma incidência, em graus suaves, de quase 100%
dos casos tratados, independentemente da técnica utilizada, já Falahat et al. (2008)
também verificaram a ocorrência de 100% de reabsorção radicular em incisivos,
após a retração de caninos, com maior incidência para a reabsorção leve (47%),
52
porém houve casos de reabsorção severa (37%) e moderada (6%). Entretanto, neste
último estudo, foi constatado que na maioria dos casos de reabsorção radicular
severa ou moderada, as lesões foram reparadas espontaneamente durante o
período de observação e não houve nenhuma perda dentária, sendo sugerido pelos
autores que dentes com reabsorção podem ser incluídos no aparelho ortodôntico.
Avaliando a reabsorção com o uso de aparelho fixo e removível,
Apajalahti & Peltola (2007) encontraram uma incidência de 56% para o dispositivo
fixo. Em pacientes tratados com arco de canto e arco modificado foi encontrada uma
incidência de 75% e 55% respectivamente (Reunkes et al., 1998). Para o aparelho
lingual encontrou-se uma incidência bem mais baixa, de 3,7% (Fritz et al., 2003),
entretanto, o tempo de tratamento com este dispositivo foi menor que a técnica de
arco de canto e, além disso, a técnica radiográfica também foi diferente, o que pode
explicar as divergências dos percentuais.
Os dentes anteriores, devido ao seu formato cônico são os mais afetados
pela reabsorção radicular durante o tratamento ortodôntico, devido ao seu formato
cônico (Goldson & Henrikson, 1975). A incidência aumentada para reabsorção
radicular de dentes anteriores tem sido observada especialmente em movimentos de
intrusão. Neste movimento, as forças são direcionadas principalmente ao ápice
radicular causando necrose isquêmica localizada permitindo a colonização pelos
dentinoclastos que resultará no encurtamento da raiz (Andreasen, 1988; Tronstad,
1988). A intrusão do dente envolve, portanto, a reabsorção do osso, especialmente
em volta do ápice do dente, enquanto todas as estruturas de apoio estão sob
pressão, virtualmente sem áreas de tensão. Durante o movimento de intrusão, áreas
menores podem ser formadas mesmo com forças leves, podendo ser observada
pequenas lacunas de reabsorção na superfície da raiz. A reabsorção da raiz está
53
freqüentemente localizada entre o terço médio e apical. Ela ocorre como resultado
de uma inclinação individual de cada dente durante a intrusão (Dermaut, De Munk,
1986).
A reabsorção radicular de incisivos associada ao movimento de intrusão
foi observada em diferentes estudos como os de Dermaut & De Munk (1986);
McFadden et al. (1989); Brezniak & Wasserstein (1993); e Beck & Harris (1994).
Uma maior prevalência de reabsorção radicular em incisivos superiores foi
observada nos estudos de Malmgren et al. (1982); Kaley & Phillips (1991); Levander
et al. (1998); Levander & Malmgren (2000). Entretanto, Goldson & Henrikson (1975)
afirmaram que os incisivos inferiores também apresentam incidência de reabsorção
durante o tratamento ortodôntico. Isto foi confirmado por McFadden et al. (1989),
Otis et al. (2004) e Armstrong et al. (2006) que encontraram reabsorção radicular
também nestes destes.
Pizzallo & Telles (1998) apontaram uma maior propensão de reabsorção
de raiz em dentes anteriores, em ordem decrescente, para o incisivo lateral superior
esquerdo, incisivo central superior direito e incisivo central superior esquerdo.
Lesões graves nos incisivos laterais superiores foram observadas por Blake et al.
(1995); Sameshima & Sinclair (2001) e Mohandesan et al. (2007). Uma propensão
maior de reabsorção para os incisivos centrais superiores foi encontrada por
Copeland & Green (1986); Mavragani et al. (2000) e Freitas et al. (2007).
Independentemente da técnica adotada, os incisivos superiores são
apontados como os dentes mais afetados pela reabsorção radicular, especialmente
em mecânicas que requerem a intrusão (Anexo B, quadro 2). Índices maiores de
incidência, de 82% e 69% foram encontrados por Mohandesan et al. (2007) e
54
Levander et al. (1998), respectivamente; menores índices, de 48%, 33% e 18%
foram observados por Malmgren et al. (1982); Blake et al. (1995) e Dermaut & de
Munk (1986) (quadro 3). Uma maior incidência de reabsorção radicular nos incisivos
superiores em tratamentos com extração de pré-molares se comparado com terapias
sem extração foi encontrada nos estudos de Blake et al. (1995) e Pizzallo & Telles
(1998). Recentemente Mohandesan et al. (2007), Freitas et al. (2007) e Lin et al.
(2007) também ratificaram esta correlação. Embora tenha sido utilizada a mesma
técnica radiográfica, as divergências nos resultados podem estar relacionadas ao
tempo de tratamento, ao tamanho da amostra e à técnica ortodôntica utilizada nos
estudos.
Na prática diária, diferentes valores de reabsorção radicular podem ser
encontrados (Anexo B, quadro 3). Médias maiores de reabsorção de 2,93 mm, 2,0
mm e 1,84 mm foram observados por Copeland & Green (1986), McFadden et al.
(1989) e Smale et al. (2005), respectivamente. Em outros estudos foram observados
menores valores médios, que variaram de 0,6 mm a 1,34 mm, de acordo com os
resultados encontrados por Linge & Linge (1983), Coustopoulos & Nanda (1996) e
Mohandesan et al. (2007). A variação das médias de reabsorção radicular
encontrada nos estudos analisados pode indicar a presença de suscetibilidade
individual. O tamanho da amostra, o tempo de tratmento e o método de avaliação
utilizado podem ser fatores que interfererm nos resutaldos, explicando as diferenças
encontradas nos estudos avaliados.
O método radiográfico pode ter influenciado o índice de reabsorção
detectado nos estudos avaliados. As radiografias periapicais tem sido o método de
escolha para a avaliação de reabsorção radicular apical provocada pelo tratamento
ortodôntico (Mavragani et al., 2000; Smale et al., 2005; Esteves et al., 2007;
55
Mohandesan et al., 2007). Este método radiográfico detecta pequenas lacunas de
reabsorção, possibilitando uma imediata intervenção, prevenindo o agravamento das
lesões, além de apresentar uma boa relação custo-benefício (Bishara et al., 1999;
Sameshima, Asgarifar, 2001). Consolaro (2007) destacou que a avaliação
radiográfica deve ser feita para toda a dentição e não apenas para os incisivos
superiores e inferiores, mais freqüentemente utilizado. Isto porque, estes dentes não
podem servir de referência para o diagnóstico de ocorrência e severidade das
reabsorções nos demais dentes.
As radiografias panorâmicas não são recomendáveis para detecção da
reabsorção radicular uma vez que com este método não é possível detectar imagens
ou percepções de reabsorções dentárias pequenas e médias não sendo, portanto,
indicadas para prevenção e detecção imediata de lesões iniciais, além de
apresentarem um resultado e uma confiabilidade inferiores (Levander, Malmgren,
1988; Armstrong et al., 2006; Preto, 2007). O uso de radiografias panorâmicas para
medir a reabsorção da raiz no pré e pós-tratamento pode sobreestimar a perda da
raiz em 20% ou mais (Sameshima, Asgarifar, 2001).
A técnica radiográfica do paralelismo com a imagem digital elimina o
processamento radiográfico reduzindo erros de manipulação e aumentando a
precisão dos resultados além de diminuir a exposição à radiação (Santos et al.,
2007). Por outro lado De Rossi et al. (2007), comparando a precisão das radiografias
periapicais digitalizadas e análise histomorfométricas da raiz de dentes com
reabsorção radicular, verificaram que tamanho das lesões foi aproximadamente 20%
maior em radiografias digitalizadas se comparada com as avaliações histológicas,
indicando este tipo de exame para avaliar com precisão lesões nas estruturas apical
e periapical. A tomografia computadorizada volumétrica ou de feixe cônico, embora
56
apresente um maior custo e um nível maior de radiação, podem ser utilizadas de
forma segura no planejamento ortodôntico, com o objetivo de aumentar a precisão
do diagnóstico e prognóstico (Consolaro, 2007)
A intensidade da força ortodôntica constitui um ponto crucial, uma vez que
forças de maiores magnitudes direcionadas para a superfície radicular pode
aumentar a distribuição de lacunas de reabsorção radicular (Goldson, Henrikson,
1975; Graber, Vanarshdall, 1991; Moyers, 1991). Inversamente, se a força for
extremamente leve, haverá menos tendência ao encurtamento da porção apical
(Dermaut, De Munk, 1986).
Em mecânicas que incluem intrusão, lacunas de reabsorção podem surgir
já na primeira semana de aplicação de uma força de 38g aproximadamente (Kurol,
Owmann-Moll, 1998). Forças de 50 a 100 g provocariam várias lacunas de
reabsorção (Faltin et al. 1998). Por outro lado, poucas lacunas de reabsorção foram
observadas com forças de 15 a 25 g (McFadden et al., 1989; Coustapoulos, Nanda,
1996). Diante destes resultados parece mais prudente adotar forças de intrusão de
15 a 30 g, para evitar a formação de extensas zonas hialinizadas, conforme indicado
por Graber & Vanarsdall (1996).
A pressão da cortical óssea durante o movimento de intrusão também é
apontada como um fator que leva à reabsorção radicular de incisivos. Esta
correlação foi verificada nos estudos de Kaley & Phillips (1991) e Horiuchi et al.
(1998) que comprovaram a ocorrência de fenestração da cortical óssea e reabsorção
radicular decorrente da movimentação ortodôntica. Por outro lado, Mirabela & Artun
(1995) não encontraram correlação positiva entre a proximidade da raiz com a
cortical óssea palatal e aumento da reabsorção radicular. Novamente a
57
moetodologia dos estudos pode interferir nos resultados. Diante de resultados
contraditórios, parece prudente evitar a proximidade excessiva das raízes com a
cortical óssea durante o movimento de intrusão, sendo importante também investigar
as predisposições individuais.
O tempo de tratamento é outro fator determinante do surgimento de
lesões radiculares. Embora Dermaut & De Munk (1986) não tenham encontrado uma
correlação entre o aparecimento da lesão e o tempo de duração da intrusão,
diversos outros estudos, como os de McFadden et al. (1989), Mavragani et al.
(2000), Sameshima & Sinclair (2001), Freitas et al. (2007); Lin et al. (2007) e
Mohandesan et al. (2007) observaram o agravamento das lesões em tratamentos
prolongados.
A adoção de intervalos de aplicação da força também é importante no
tempo de resposta metabólica, principalmente em pacientes suscetíveis (Kurol et al.,
1996; Capelozza Filho, Silva Filho, 1998). O uso de forças de intrusão leve e
interrompida por períodos de descanso propicia a reparação tecidual, evitando o
surgimento ou agravamento de lesões radiculares (Bishara et al., 1999). Levander &
Malmgren (1988) recomendaram um período de pausa de 60 a 90 dias caso seja
detectada reabsorção radicular após 6 a 9 meses da terapia ortodôntica.
O acompanhamento radiográfico é essencial na prevenção de lesões
radiculares. As radiografias efetuadas antes do tratamento possibilitam detectar a
presença de reabsorção e a suscetibilidade individual e, nestes casos, a terapia
ortodôntica deverá ser conduzida de forma mais cuidadosa, controlando-se o curso
de evolução das lesões após 90 dias de tratamento (Capelozza Filho, Silva Filho,
1998).
58
O controle radiográfico a cada 6 meses de mecânica é recomendável para
identificar o grau de reabsorção existente e predizer o risco de agravamento das
lesões após o término do tratamento. O tratamento pode ser mantido em caso de
reabsorção mínima com contorno irregular, mas sem risco de evolução, porém, na
presença de reabsorção radicular de 1 a 2 mm, é recomendável um período de dois
a três meses de repouso e o paciente deve ser informado sobre o risco de evolução
das lesões. Ao retomar o tratamento, o intervalo de aplicação da força deve ser
maior, com controle radiográfico a cada três meses. Em casos de reabsorção com 2
mm a mais de um terço da raiz é obrigatório um período de descanso de 90 dias e o
paciente deve se informado sobre os riscos deletérios na estrutura dentária. Os
objetivos do tratamento devem ser reavaliados, sendo recomendável a simplificação
da mecânica e redução do tempo de terapia (Capelozza Filho, Silva Filho, 1998;
Ferracini, 2005).
Geralmente a interrupção da força é suficiente para o reparo de lesões
radiculares superficiais, entretanto, o uso de medicamentos tem sido testado como
uma forma de tratar ou impedir a reabsorção radicular associada com o movimento
ortodôntico na tentativa de diminuir o do risco de comprometimento da estrutura
dentária durante o tratamento ortodôntico. O hidróxido de cálcio intra-canal é o
medicamento mais comumente utilizado no reparo das lesões radiculares (Tronstad,
1988; Tavares, Sampaio, 1997; Ferracini, 2005).
Outros compostos como a tiroxina, calcitonina e alguns bisfosfonatos
também têm sido utilizados para diminuir a extensão da reabsorção radicular
induzida pela força ortodôntica. O uso da calcitonina provocaria uma diminuição da
perda de massa óssea e conseqüentemente diminuiria a reabsorção óssea e
radicular (Weibkin et al., 1996). A administração da tiroxina pode ter um efeito
59
benéfico em pacientes com hipotiroidismo e submetidos ao tratamento ortodôntico,
porém, ainda não está definido qual a dose terapêutica a ser administrada em seres
humanos e como contornar os efeitos adversos (Poumpros et al. 1994).
A descalcificação óssea é um efeito adverso dos corticóides, entretanto,
no estudo de Ong et al. (2000) verificou-se que a Predisolona em doses baixas,
(1mg/Kg) administrada em ratos diminuiu a reabsorção radicular. Este efeito foi
relacionada a diminuição da atividade clástica. Já Verna et al. (2006) chamaram a
atenção para o tempo de tratamento com corticóides, uma vez que observaram
maiores lacunas de reabsorção após 3 semanas de terapia se comparada com o uso
do medicamento por sete semanas, sugerindo a necessidade de maior monitoração
de pacientes que se submetem ao tratamento com corticóides em curto prazo.
Os bisfosfonatos constituem reconhecidamente potentes inibidores da
reabsorção óssea e podem reduzir os níveis de reabsorção radicular em dentes
movimentados ortodonticamente (Alatli et al., 1994; Igarashi et al., 1996). Isto foi
confirmado por Ortiz (2004) que utilizou 1mg/Kg, duas vezes por semana, por via
oral, em ratos, antes da movimentação ortodôntica e verificou uma redução dos
níveis de reabsorção radicular. A incorporação dos bisfosfonatos à dentina e ao
cemento, durante a odontogênese e a rizogênese, aumentaria a resistência às
reabsorções dentárias em humanos.
60
5 CONCLUSÃO
Com base na revisão bibliográfica efetuada, pode-se concluir:
a) a reabsorção radicular apresenta uma etiologia multifatorial, seno que no
movimento ortodôntico, a intensidade, duração e direção da força, o tipo de
aparelho e o tempo de terapia são fatores relacionados ao surgimento de
reabsorção radicular;
b) os dentes anteriores devido à sua estrutura anatômica são os mais
suscetíveis a lesões radiculares durante o tratamento ortodôntico;
c) o correto planejamento e a condução adequada da terapia ortodôntica
podem prevenir ou minimizar a ocorrência da reabsorção radicular.
61
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1 De acordo com o Manual de Normalização para Dissertações e Teses da Faculdade de
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67
ANEXO A - INCIDÊNCIA DA REABSORÇÃO RADICULAR DE ACORDO COM A TÉCNICA ORTODÔNTICA
Quadro 1 - Incidência da reabsorção radicular de acordo com a técnica ortodôntica.
AUTOR
AMOSTRA TEMPO DE
TRATAMENTO
AVALIAÇÃO INCIDÊNCIA TÉCNICA
ORTODÔNTICA
Falahat et al. (2008)
32 dentes 2 a 6 anos de observação
Radiografia periapical
100%
Reposicionamento de canino impactado
Reunkers et al. (1998)
1 paciente
12,6 meses
Radiografia periapical
75% Arco de canto modificado
Reunkers et al. (1998)
1 paciente 12,8 meses Radiografia periapical 55%
Arco de canto convencional
Apajalahti & Peltola (2007).
601 pacientes
24,3 meses Radiografia panorâmica 56% Aparelho fixo
Fritz et al. (2003)
451 dentes
5,2 meses
Radiografia panorâmica e cefalométrica 3,7% Aparelho lingual
68
ANEXO B – REABSORÇÃO RADICULAR EM DENTES ANTERIORES
Quadro 2 – Reabsorção radicular em dentes anteriores.
AUTOR AMOSTRA TEMPO DE TRATAMENTO
AVALIAÇÃO
INDICÊNCIA TÉCNICA ORTODÔNTICA
Mohandesan et
al. (2007)
151 dentes 12 meses Radiografia
periapical
82% Independente da
técnica
Levander et al.
(1998),
92 dentes 3 a 6 meses Radiografia
periapical
69% Independente da
técnica
Malmgren et al.
(1982)
22 dentes 12 meses Radiografia periapical
48% Begg
Malmgren et al.
(1982)
33 dentes 12 meses Radiografia periapical
43% Lateralização
Blake et al.
(1995)
60
pacientes
4,6 meses Radiografia periapical
33% Edgewise
Dermaut & de
Munk (1986)
66 dentes 7 meses Radiografia periapical
18% Independente da
técnica
69
ANEXO C - INCIDÊNCIA DA REABSORÇÃO RADICULAR EM INCISIVOS SUPERIORES DURANTE A INTRUSÃO
Quadro 3 - Incidência da reabsorção radicular em incisivos superiores durante a intrusão.
AUTOR AMOSTRA TEMPO DE TRATAMENTO
AVALIAÇÃO
MÉDIA DE REABSORÇÃO
DENTES ANTERIORES
Linge & Linge (1983)
719 pacientes
36, 6 meses Radiografia periapical 1,34 mm Incisivos
superiores Copeland & Green (1986)
45 pacientes
24, 10 meses Radiografia cefalométrica 2,93mm Incisivos centrais
superiores
1,84 mm Incisos superiores McFadden et
al. (1989)
38
pacientes
28, 8 meses
Radiografia
cefalométrica 0,61 mm Incisivos inferiores
Coustopoulos & Nanda (1996)
17 pacientes
4 meses Radiografia periapical 0,6 mm Incisivos
superiores
Smale et al. (2005)
290 pacientes
6,4 meses Radiografia periapical 2,0 mm Incisivos
superiores
0,77 mm Incisivos centrais superiores / 6 meses
0,64 mm Incisivos centrais superiores / 12 meses
0,88 mm Incisivos laterais superiores / 6 meses
Mohandesan et al. (2007)
151 dentes
12 meses
Radiografia
periapical
0,66 mm Incisivos laterais superiores / 12 meses
70
ANEXO D – DISPENSA DO COMITE DE ETICA
Campinas, sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Ao(a) RA C.D. Carla Christiane Almeida Matos Lopes 001570 Curso: Ortodontia
Comitê: Comitê de Ética e Pesquisa
Prezado(a) Aluno(a):
O projeto de sua autoria, abaixo descrito, NÃO SERÁ SUBMETIDO AO RESPECTIVO COMITÊ, nesta Instituição, por tratar-se exclusivamente de pesquisa laboratorial, sem envolvimento de seres humanos ou materiais.
Número do Protocolo: Data entrada do Projeto: 17/11/2003 Data da Reunião do Comitê: Orientação por: José Leonardo Simone
Projeto: Causas de Reabsorções Radiculares Ocorridas Durante o Tratamento Ortodôntica
Cordialmente,
Prof. Dr. Thomaz Wassall
Coordenador de Pós-Graduação
São Leopoldo Mandic Faculdade de Odontologia
Centro de Pesquisas Odontológicas Certificado de Cumprimento de Princípios Éticos
2ª via