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Filosofia da ciência: Racionalidade, explicação e comportamento Pim Haselager Aula 1 Racionalidade: lógica, prática e hábitos

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Filosofia da ciência:Racionalidade, explicação e

comportamentoPim Haselager

Aula 1Racionalidade: lógica, prática e hábitos

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Filosofia da ciência• O caráter da investigação cientifica

(metodologia)• A estatura do resultado da investigação

cientifica (conhecimento – crença)• Os conceitos importante nas ciências (causa,

explicação)

• A filosofia de uma ciência específica: A própria seleção e interpretação dos fenômenos centrais

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Ciências, racionalidade e comportamento

• Filosofia• Ciência cognitiva

– Psicologia– Inteligência artificial (robótica)

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RacionalidadeWordnet dicionário:1) A qualidade de ser consistente com a

lógica2) A capacidade de ter bom sensoWebster’s dicionário:

a qualidade ou estado de ser razoável: concordância com razão

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Os seres humanas são racionais?

• A filosofia tradicional: – sim, leis de lógica são as leis do pensamento

• A filosofia da ciência cognitiva:– Muitas vezes não, racionalidade limitada

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Dedução, indução e abdução

• dedução: raciocinar necessário– p, p → q q

• indução: observação, experimentos– p∧ q, p∧ q, … p → q

• abdução: adivinhar, conjecturar– q, p→q p

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Tradição filosófica:Raciocinar é aplicar a lógica

• Hobbes: reasoning is but reckoning• Leibniz: characteristica universalia.• Boole 1854: Laws of logic:

– "An investigation of the laws of human thought on which are founded the mathematical theories of logic and probabilities".

• J.S. Mill 1843: A system of Logic• Na ciência cognitiva:

– Braine 1978; Rips 1983; Braine & O’Brien, 1991

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Tabelas da verdade

• 1880’s: Peirce, Frege

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Inferências validas

• Modus Ponens:• Se p então q• p• Então q

• Modus Tollens:• Se p então q• Não q• Então não p

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A tarefa de Wason: a seleção de cartas

• “Se existe uma vogal de um lado então haverá um numero par do outro lado”

• p: vogal, q: numero par, se p então q

E K 4 7

• E: se não há um numero par, a regra não é apropriada

• 7: se não há uma vogal, a regra não é apropriada

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Wason’s tarefa: muito difícil

• Johnson-Laird & Wason (1970)• Só 5 de 128 pessoas escolheram correto (E e

7)– 59: E e 4– 42: E

• Contexto mais prático (cartas e selos)– 92% coreto– Contexto deontico (deve fazer isso) é mais fácil

que o contexto indicativo (modus ponens)

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Inferências invalidas

• Afirmação do conseqüente– Se p então q– q– Então p

• Negação do antecedente– Se p então q– Não p– Então não q

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Seres humanas: lógico ou não lógico?

• Pessoas acham muitas vezes que inferências invalidas são validas – (E&K, 2000, p.450-451)

• Marcus & Rips, (1979)– 33% afirmação do conseqüente– 21% negação do antecedente– pode ser ate 70%, dependendo dos contextos

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Psicologia cognitiva

• Pergunta central:– Como explicar os observações empíricas

de (falhas no) raciocínio dos seres humanas?

– (Por)Que é: nossa racionalidade?• Pensar para saber• Pensar para agir

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Filosofia e racionalidade prática

• R. Audi (1989) Practical reasoning– Raciocínio teórico: conhecimento e verdade– Raciocínio prático: ação apropriada

• Porque estamos justificados em falar de razão?

• Qual e a relação entre razão prática e razão teórica?

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Audi’s perguntas centrais(e respostas de Aristóteles)

• Como responder racionalmente a uma pergunta prática?

– Por meio da deliberação

• Que é: agir por uma razão?– Agir para atingir ou obter um fim

• Todas as ações intencionais tem o mesmo padrão de raciocínio?

– Sim: existe uma corrente de razões e fins entre ação e o problema inicial

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Audi’s perguntas centrais II (e respostas de Aristóteles)

• Quem é o mediador causal entre razões e ações?– Uma percepção de um meio para se atingir um fim

• Agir por uma razão: não só inteligível mas racional?– Sim, existe uma conexão razoável entre a ação e o fim

• Como explicar as similaridades e diferencias entre o raciocínio teórico e prático?– Ambos são padrões de inferência: concluir na base de

premissas, – a diferencia é entre conhecer e agir

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Razão pratica (Audi)

Estágios do raciocínio prático:1. Observar um problema2. Deliberar sobre uma solução3. Criar uma crença4. Julgar5. Agir

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Comportamento, conhecimento comum e racionalidade

• Psicologia popular • Descrição, explicação e predição do comportamento

• Atitudes proposicionais• Conhecimento descritivo• Conhecimento sobre o mundo

• Racionalidade prática• Lógica, inferências formais

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Ciência Cognitiva Tradicional

CogniçãoModelagem do mundo

ConhecimentoCrenças, opiniões e desejas

MetasPlanejamentos

Decisões

Sensores

Efetuadores

Omundo

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Senso comum ou senso artificial?

• “Consider a famous commonsense problem: what knowledge comes into play in formulating a simple plan to crack an egg on the side of a bowl, with the intention that the egg contents will be in the bowl?”

(Elio, R. (2002). Common sense, reasoning & rationality. Oxford: Oxford University Press, p.11).

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O problema do ‘frame’

• McCarthy & Hayes (1969): • “queremos criar uma maquina que pode

interagir de maneira inteligente com o mundo”– O problema da representação do

conhecimento comum– O problema do uso eficiente do

conhecimento relevante

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O problema do entendimento daracionalidade prática

• A formulação do problema está errada• Suposições problemáticas:

– O conhecimento comum consiste de atitudes proposicionais

– O comportamento é uma conseqüência dos processos lógicos na base de conhecimento proposicional sobre o mundo

– O comportamento é uma conseqüência dos planejamentos e decisões explícitas

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Tipos de racionalidade?

• Rl: lógica – “pensamento profundo”

• Rp: prática– “pensar para agir”

• rh: hábitos – “auto-pilote”

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Pensar para agir

• Normalmente Rp é considerado como um tipo subconsciente de Rl

• Os princípios do rh são completamente diferentes daqueles de Rl

• Rp: como Rl ou como rh?

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De cabeça para baixo

• Tradicionalmente pensamos que Rl é o fundamento da nossa racionalidade

• Mas Rl parece ser a exceção• rh pode ser a base• A lógica não é o começo da nossa racionalidade • A lógica pode ser o ponto culminante• Rp pode ser mais como rh que Rl