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Agrop. catarinense, v.10, n.1, mar. 1997 1

NESTNESTNESTNESTNESTA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃO

As matérias e artigos assinados não expressamnecessariamente a opinião da revista e são de inteira

responsabilidade dos autores.A sua reprodução ou aproveitamento, mesmo que

parcial, só será permitida mediante a citação da fontee dos autores.

S e ç õ e s

Agrop. Catarinense, Florianópolis, SC, v.10, n.1, p.1-64, março 1997

3 e 48

1 42 32 84 04 76 4

Flashes ............................................................................................................................Pesquisa em Andamento ................................................................................................Lançamentos Editoriais ..................................................................................................Registro ............................................................................................................................Novidades de Mercado ...................................................................................................Reflorestar .......................................................................................................................Agribusiness ....................................................................................................................Vida Rural - soluções caseiras ......................................................................................

Há precisamente nove anos saiu o primeironúmero da revista Agropecuária Catarinense.

Ao longo deste tempo a revista sofreu algumastransformações — que esperamos a tenham melhora-do — mas não mudou seu objetivo principal: divulgare difundir os resultados da pesquisa e as ações daextensão rural, visando o desenvolvimento do agricul-tor e da agricultura de Santa Catarina.

Na parte jornalística desta edição temos duasreportagens abordando quatro temas: industrializaçãocaseira mais turismo rural e produção agroecológicamais agricultura familiar.

Os artigos técnicos, em número de dez, se repor-tam a: cultura da macieira, incluindo a descrição de umanova cultivar, cebola, batata-doce, alho, milho,gramíneas de inverno, microbacias hidrográficas, adu-bação orgânica e uma reflexão sobre o desenvolvi-mento rural.

Boa leitura e continue conosco.

Importações e o preço do alho em Santa CatarinaArtigo de Francisco Gelinski Neto e Celso Leonardo Weydmann ..................................

Ciclo biológico da vaquinha, praga do milho na região Sul do paísArtigo de José Maria Milanez ............................................................................................

Novas tecnologias para cultivo da batata-doce em SCArtigo de Lúcio Francisco Thomazelli, Carlos Luiz Gandin,Edison Xavier de Almeida e Pedro Boff ............................................................................

A Fisiografia como ferramenta para o planejamento do uso da terraem microbacias hidrográficas - IIArtigo de José Augusto Laus Neto ...................................................................................

Enfoque sistêmico, participação e sustentabilidade na agricultura.I: Novos paradigmas para o desenvolvimento rural?1

Artigo de S.L.G. Pinheiro, C.J. Pearson e S. Chamala .....................................................

Gramíneas perenes de inverno para o Alto Vale do Itajaí, Santa CatarinaArtigo de Jefferson Araujo Flaresso, José Lino Rosa, Celomar Daison Gross eEdison Xavier de Almeida ..................................................................................................

Orientações básicas para adubação e nutrição da macieiraArtigo de Atsuo Suzuki e Clori Basso ................................................................................

Micronutrientes no esterco de suínos: diagnose e uso na adubaçãoArtigo de Eloi Erhard Scherer ...........................................................................................

EPAGRI 407-Lisgala: mutação da cultivar de macieira Gala comepiderme mais coloridaArtigo de Frederico Denardi, Anísio Pedro Camilo e José Luiz Petri ..............................

Viabilidade técnica da semeadura direta para a cultura da cebolaArtigo de Djalma Rogério Guimarães, Laércio Torres e Renato César Dittrich .............

5

9

1 2

1 5

1 8

2 4

4 1

4 8

5 5

5 7

Produção agroecológica: uma ótima alternativa para a agricultura familiarReportagem de Paulo Sergio Tagliari .......................................................................

Industrialização caseira com turismo rural: uma fórmula de sucessoReportagem de Paulo Sergio Tagliari e Homero M. FrancoFotos de Homero M. Franco .......................................................................................

29 a 39

51 a 54

T e c n o l o g i a

Ecologia: o estímulo natural da agricultura familiarEditorial ............................................................................................................................

Atribuições da Agronomia, Engenharia Agrícola e EngenhariaFlorestal no Planejamento RuralArtigo de Pedro Roberto de Azambuja Madruga e Luciano Farinha Watzlawick ...

Perspectivas do cultivo de células para o desenvolvimentode leguminosas forrageirasArtigo de Mario Angelo Vidor ..........................................................................................

2

61 e 62

6 3

O p i n i ã o

R e p o r t a g e m

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2 Agrop. catarinense, v.10, n.1, mar. 1997

Edi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia l

REVISTA TRIMESTRAL COLABORARAM COMO REVISORES TÉCNICOS NESTAEDIÇÃO:Alvaro Afonso Simon, Amaro Hillesheim, Áurea Te-resa Schmitt, Brigitte Brandenburg, Carla Maria Pandolfo,Carlos Luiz Gandin, Eduardo Rodrigues Hickel, Eliséo So-prano, Ivan Luiz Zilli Bacic, João Afonso Zanini Neto, JoséRivadavia Junqueira Teixeira, Milton da Veiga, MurilloPundek, Roger Delmar Flesch, Valmir José Vizzotto, VeraLúcia Iuchi, Vera Talita Machado Cardoso

JORNALISTA : Homero M. Franco (Mtb/SC 709)

ARTE-FINAL: Janice da Silva Alves

DESENHISTAS: Jorge Luis Zettermann, Vilton Jorge de Sou-za, Mariza T. Martins, Dilson Ribeiro

CAPA : Paulo Sergio Tagliari

PRODUÇÃO EDITORIAL : Daniel Pereira, Janice da SilvaAlves, Marilene Regina Oliveira, Marlete Maria da SilveiraSegalin, Rita de Cassia Philippi, Selma Rosângela Vieira,Vânia Maria Carpes

DOCUMENTAÇÃO: Selma Garcia Blaskiviski

ASSINATURAS/EXPEDIÇÃO: Luciane Santos Albino, RosaneChaves Furtado, Zulma Maria Vasco Amorim - GED/EPAGRI,C.P. 502, Fones (048) 234-1344 e 234-0066, Ramais 206 e243, Fax (048) 234-1024, 88034-901 - Florianópolis, SC.Assinatura anual (4 edições): R$ 15,00 à vista.

PUBLICIDADE: Florianópolis: GED/EPAGRI - Fone (048)234-0066, Ramal 263 - Fax (048) 234-1024 - São Paulo, Riode Janeiro e Belo Horizonte: Agromídia - Fone (011) 259-8566 - Fax (011) 256-4786 - Porto Alegre: Agromídia Fone(051) 221-0530, Fax (051) 225-3178. Agropecuária Catarinense - v.1 (1988) -Florianópolis:

Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária 1988 -TrimestralEditada pela EPAGRI (1997- )1. Agropecuária - Brasil - SC - Periódicos. I. Empresa

Catarinense de Pesquisa Agropecuária, Florianópolis, SC.II. Empresa de Pesquisa Agropecuária e Difusão deTecnologia de Santa Catarina, Florianópolis, SC.

15 DE MARÇO DE 1997

Impressão: EPAGRI CDD 630.5

AGROPECUÁRIA CATARINENSE é uma publicação daEPAGRI - Empresa de Pesquisa Agropecuária e ExtensãoRural de Santa Catarina S.A., Rodovia Admar Gonzaga,1.347, Itacorubi, Caixa Postal 502, Fones (048) 234-1344e 234-0066, Fax (048) 234-1024, Telex 482 242, 88034-901 - Florianópolis, Santa Catarina, Brasil

EDITORAÇÃO: Editor-Chefe: Afonso Buss, Editor-Técnico:Vera Talita Machado Cardoso, Editores-Assistentes: MaríliaHammel Tassinari, Paulo Sergio Tagliari

COMITÊ DE PUBLICAÇÕES:PRESIDENTE: Afonso BussSECRETÁRIA: Vera Talita Machado CardosoMEMBROS: Airton Rodrigues Salerno, Celso AugustinhoDalagnol, Eduardo Rodrigues Hickel, Carlos Luiz Gandin,Roger Delmar Flesch

A EPAGRI é uma empresa da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura.

Ecologia: o estímulo natural da agricultura familiarEcologia: o estímulo natural da agricultura familiarEcologia: o estímulo natural da agricultura familiarEcologia: o estímulo natural da agricultura familiarEcologia: o estímulo natural da agricultura familiarDentre as transformações que

caracterizam o mundo moderno ci-tam--se freqüentemente duas gran-des tendências.

A primeira delas é a conhecidaglobalização, que atinge principal-mente os setores econômico e decomunicações.

Embora seja um fenômeno bas-tante complexo, a globalização daeconomia pode ser vista sob o ângu-lo de sua principal relação causa-efeito: especialização, automação edesemprego.

A segunda marca da atualidade éo fortalecimento do movimento eco-lógico, cujos integrantes e simpati-zantes deixaram de ser vistos comosonhadores ou meros contestadoresdo sistema e hoje compõem gruposso-ciais formadores de opinião e,portanto, detentores de força políti-ca. E esta força é aumentada pelacomunicação global.

É evidente que todas essas mu-danças de cenário repercutem tam-bém na agricultura, nos âmbitosmundial, nacional e regional. E é aíque se insere o crescente interessepela chamada agricultura ecológica,ou agricultura orgânica, ou agroe-cologia, capaz de produzir alimentos“limpos e saudáveis”, livres de agrotó-xicos e outros químicos, além de nãopoluir e preservar a natureza.

Em sua edição de dezembro do

ano passado a revista Agroanalysis, daFundação Getúlio Vargas, publicouuma interessante e muito bem elabo-rada matéria sobre a situação atual eo futuro da produção orgânica de ali-mentos.

Entre os dados e comentários divul-gados, chama-se atenção para os se-guintes: desde 1990 o mercado destesprodutos cresce 10% ao ano no Brasil;os países europeus, notadamente osdo sul, são os maiores consumidoresdestes produtos, havendo lá uma de-manda insatisfeita que exige importa-ções; a Argentina já foi reconhecidapela Comunidade Econômica Euro-péia como exportadora de produtosditos orgânicos, e já conta com estru-tura de controle e incentivo da produ-ção e exportação; em 1984 o Departa-mento de Agricultura dos EstadosUnidos (USDA) reconheceu as basescientíficas da agricultura orgânica eem 1988 o mesmo USDA estabeleceuum programa de pesquisa e educaçãonos chamados sistemas low input deprodução; a Grã-Bretanha tem comometa para o ano 2000 converter 20%da produção agrícola ao sistema orgâ-nico; no Brasil, o Programa de Quali-dade Total do Ministério da Agricultu-ra prevê a formação de uma comissãovisando a garantia da origem orgânicados produtos.

Estas e outras informações com-pro-vadamente verídicas estão a indi-

car que a agricultura ecológica possuiviabilidade econômica, pois existe ummercado diferenciado crescente, noBrasil e no mundo, disposto a cobriras diferenças de custo de produção emtroca de alimentos considerados maissaudáveis.

Quanto à viabilidade técnica, deve-rá brevemente passar por grandesavanços, pois a pesquisa e a geraçãode tecnologias com base científica nes-ta área são novas, mas promissoras.

No que respeita ao desemprego noBrasil, muitos economistas e cientis-tas políticos – entre eles Celso Furta-do, em recente entrevista à revistaVeja – acreditam estar no se-tor agrí-cola uma das grandes soluções doproblema, dada a vastidão territoriale dado o baixo custo da geração deempregos, em comparação com ou-tros setores.

Há ainda que considerar que detodos os modelos de produção agríco-la o mais indicado à absorção de mão-de--obra é a agricultura familiar, eque este modelo, tradicional e majori-tário em Santa Catarina, tem na agri-cultura orgânica uma grande pers-pectiva.

Atenta a esta tendência, aEPAGRI está incrementando suas pes-quisas em agroecologia. E a revistaAgropecuária Catarinense traz, nes-ta edição, uma ampla reportagem so-bre o tema.

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FLASHES

Primeiro ministro da China PopularPrimeiro ministro da China PopularPrimeiro ministro da China PopularPrimeiro ministro da China PopularPrimeiro ministro da China Popularvisita a EMBRAPvisita a EMBRAPvisita a EMBRAPvisita a EMBRAPvisita a EMBRAPA e acordo de coope-A e acordo de coope-A e acordo de coope-A e acordo de coope-A e acordo de coope-

ração será assinadoração será assinadoração será assinadoração será assinadoração será assinadoEm novembro passado o pri-

meiro ministro da República Po-pular da China, Li Peng, visitou aEmpresa Brasileira de PesquisaAgropecuária - EMBRAPA, vin-culada ao Ministério da Agricul-tura e do Abastecimento. Dirigen-tes e técnicos da pesquisa agríco-la dos dois países estão analisan-do os segmentos de interesse decolaboração mútua, para a assi-natura de um memorando de en-tendimentos.

Existe grande possibilidadede intercâmbio de material gené-tico, principalmente de hortali-ças, espécies florestais, reflores-tamento, soja, suinocultura, alémde projetos conjuntos em biotec-nologia. Técnicos da RepúblicaPopular da China mostraramtambém interesse nos secadoresde fruta e de pescado, desenvol-vidos pela EMBRAPA, em suaunidade de tecnologia agroindus-trial, no Rio de Janeiro. Outrosetor com potencial de intercâm-bio é a fruticultura, especialmen-te maçã e pêra, além de irrigação.

O futuro acordo com a China

Popular ampliará as atividadesde cooperação internacional daEMBRAPA, que hoje é exporta-dora de produtos, tecnologias eserviços para diversos países domundo, como Namíbia, Índia,Angola, El Salvador, Haiti, Equa-dor e os dez países limítrofes doBrasil, em especial noMERCOSUL. Existe grande co-operação também com a França,Japão e Grã-Bretanha, naçõesdas quais a EMBRAPA recebetecnologias de ponta e materiaisgenéticos.

O dirigente da China Popu-lar, em sua visita à EMBRAPA,estava acompanhado por cator-ze ministros de seu governo e foirecebido pelo ministro da Agri-cultura e do Abastecimento,Arlindo Porto, pelo presidenteda EMBRAPA, Alberto DuquePortugal e pelo chefe daEMBRAPA Cerrados (emPlanaltina, DF) Carlos MagnoCampos da Rocha.

Fonte: Assessoria de Comu-nicação Social EMBRAPA Sede,Fone (061) 348-4113.

tivada com abóbora comum, cujocultivo é necessário, justamentepara efeito de polinização natu-ral, pois a abóbora japonesa pro-duz flores masculinas estéreis.Com a nova técnica daEMBRAPA, pode-se plantar todaa área com abóbora japonesa.

Além de ganhar esse espaço,o hormônio sintético reduz cus-tos, dá maior número de frutose aumenta a produtividade dacultura.

A produtividade da abóborano Brasil se situa entre 12 e15t/ha. Mas, com o uso do con-junto de tecnologias e manejosrecomendados pela EMBRAPA,a produtividade chega a 25t/ha.

Mais informações naEMBRAPA Hortaliças, comTúlio ou Dejoel, no Setor de Di-fusão, fone (061) 556-5011.

Fonte: Assessoria de Comu-nicação Social EMBRAPA-Sede.Fone (061) 348-4113.

Uma nova técnica desenvol-vida pela Empresa Brasileira dePesquisa Agropecuária-EMBRA-PA, vinculada ao Ministério daAgricultura e do Abastecimento,acaba de ser apresentada aos pro-dutores, visando a melhoria daprodutividade e a redução de cus-to da abóbora japonesa, tambémconhecida como moranga-hídricaou cabotiá.

A nova técnica, criada pelospesquisadores da EMBRAPAHortaliças (unidade de pesquisasituada no Distrito Federal), uti-liza um hormônio sintético parapromover a frutificação, substi-tuindo a polinização natural nor-malmente usada. Trata-se de pul-verização, diretamente na flor,com pequena quantidade do pro-duto químico, no período dafloração.

Com isso, o produtor ganha20% de área plantada. Isso por-que, pelo sistema tradicional, épreciso plantar 20% da área cul-

Seminário sobre agricultura familiarSeminário sobre agricultura familiarSeminário sobre agricultura familiarSeminário sobre agricultura familiarSeminário sobre agricultura familiarno Oesteno Oesteno Oesteno Oesteno Oeste

Em novembro passado rea-lizou-se em Dionísio Cerqueira,no Oeste Catarinense, um semi-nário sobre agricultura familiarvisando principalmente a redu-ção do uso de agrotóxicos nestessistemas de produção.

O uso de agrotóxicos é umaprática adotada pelos agriculto-res há diversos anos, sendo que,aliada a outras práticas agrícolasinadequadas, tem ocasionadoinúmeras intoxicações nos agri-cultores e degradação do meioambiente como um todo.

Existem alternativas concre-tas à utilização dos agrotóxicos,que, no entanto, precisam seramplamente divulgados. Nestesentido, o seminário serviu paraa formação dos agricultores edemais participantes.

Pelas políticas de assistênciatécnica e pelas propagandas, for-mou-se uma cultura pró-agrotó-xicos na maioria dos técnicos eagricultores. Esta cultura queprivilegia o “combate” das conse-qüências e não das causas dosproblemas, precisa ser rompida.

A análise dos cenáriosmacrorregionais e mundiais in-dica que muito provavelmentedentro de poucos anos não serápossível comercializar produtosagrícolas que contenham resí-duos de pesticidas.

O seminário objetivou, den-tre outros, os seguintes pontos:

• Reunir cerca de 500 partici-pantes, apresentando a todos asseveras implicações do uso dos agro-tóxicos para todo o ecossistema,inclusive para os agricultores fami-liares e consumidores em geral.

• Mostrar alternativas ao usodos agrotóxicos não significandonecessariamente em diminuição deprodução e produtividade.

• Formar consciência nos par-ticipantes sobre a importância de seconservar os recursos naturais paraa atual geração e para as geraçõesvindouras.

• Apresentar políticas de açõesconcretas em nível de município,que nortearão o trabalho do Conse-lho Municipal de DesenvolvimentoRural, Secretaria Municipal daAgricultura e as demais entidadesenvolvidas, tais como EPAGRI, Sin-dicato dos Trabalhadores Rurais,Cooperativa União do Oeste e Mo-vimento de Mulheres Agricultoras.

O seminário foi organizado pelaEPAGRI, pelo Sindicato dos Traba-lhadores Rurais, pelo Movimentodas Mulheres Agricultoras, pela Co-operativa União do Oeste, pela Sou-za Cruz e Laticínios Cerqueirensee pelas associações locais de bairrose de agricultores.

Foram palestrantes o enge-nheiro agrônomo e florestal Sebas-tião Pinheiro (UFRGS e IBAMA) eo também engenheiro agrônomo eflorestal Carlos Eduardo Arns(UNOESC/APACO).

“Sistemas de plantas de co-bertura/adubos verdes para pe-quenas propriedades em regi-ões tropicais e subtropicais” é otítulo do seminário internacio-nal a ser realizado, no período de6 a 12 de abril de 1997, no Centrode Pesquisa para Pequenas Pro-priedades - CPPP da EPAGRI,em Chapecó, SC.

O evento objetiva montaruma agenda estratégica de pro-moção e pesquisa de sistemas deplantas de cobertura para pe-quenas propriedades em todo omundo, a partir das experiênci-as em pesquisa, difusão, avalia-ção, e adoção de plantas de co-bertura, adubos verdes e plantiodireto em diferentes regiões tro-picais e subtropicais. Na ocasião,

serão mostrados e analisados qua-tro exemplos desses sistemasocorrentes, respectivamente, noSul do Brasil (preparado pela EPA-GRI); Honduras e América Cen-tral (preparado pelas entidadesCIDICCO e COSECHA); Sudestedo México (apresentado por umconsórcio de instituições mexica-nas); África Ocidental (preparadoatravés de um esforçointerinstitucional envolvendo asentidades AFNETA, IITA,Sasakawa, Global 2000 e IDRC).

Por questões logísticas, asvagas ao seminário, que é patro-cinado por Rockefeller Founda-tion, IDRC, Cornell University,GTZ e CIMMYT, estão restritas a100 participantes. Contatos paramais informações e inscrições com:

Nova técnica da EMBRAPNova técnica da EMBRAPNova técnica da EMBRAPNova técnica da EMBRAPNova técnica da EMBRAPA para aA para aA para aA para aA para aabóbora japonesa reduz custos eabóbora japonesa reduz custos eabóbora japonesa reduz custos eabóbora japonesa reduz custos eabóbora japonesa reduz custos e

aumenta a produtividadeaumenta a produtividadeaumenta a produtividadeaumenta a produtividadeaumenta a produtividade

Epagri coordena seminário internacionalEpagri coordena seminário internacionalEpagri coordena seminário internacionalEpagri coordena seminário internacionalEpagri coordena seminário internacional

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4 Agrop. catarinense, v.10, n.1, mar. 1997

Verônica CrossaFundación Rockefeller (Me-

xico Regional Office)Diego Fernández de Córdo-

ba 21411000 Lomas Virreyes

México, D.F., MéxicoFax: 52-5-5406153Phone: 52-5-5407576 and52-5-5208294E-MAIL:[email protected]

cimento indígena sobre o que forcoletado, os índios de qualquerlugar do Brasil terão acesso aomaterial selecionado e, inclusive,ao já existente no Banco deGermoplasma da EMBRAPA. Issovai contribuir para evitar o queocorre atualmente: tribos perden-do todas ou parte de suas semen-tes tradicionais e técnicas de cul-tivo, pela substituição e conse-qüente dependência de sementese insumos comerciais.

As sementes que os índiosKraòs receberam foram coletadasno final da década de 70. Elasfazem parte de um grande pro-grama coordenado pelaEMBRAPA que inclui ainda clas-sificação e armazenamento devariedades, não apenas para usoem caso de extinção, mas tambémpara melhoramento genético epesquisas.

A EMBRAPA possui armaze-nadas em sua coleção cerca de 194mil amostras de germoplasma de166 produtos e 373 espécies. Partedela, considerada estratégica, ficaem Brasília, guardada em câma-ras frias a 20oC abaixo de zero eumidade relativa de 15%, poden-do ser mantida no estado originalentre 50 e 100 anos. Outra parteestá em 115 bancos distribuídos

pelo Brasil a 15oC. As sementes deamendoim que os índios estão re-cebendo, por exemplo, foram ob-tidas junto ao banco do Instituto

Agronômico de Campinas, o IAC.Fonte: Assessoria de Comu-

nicação Social EMBRAPA - Sede.Fone (061) 348-4113.

trutivos e adesivo para o pulveri-zador, lembrando-os sobre a ne-cessidade de usarem equipamen-tos de proteção individual.

O planejamento destes traba-lhos foi baseado numa pesquisade opinião realizada junto aos agri-cultores no início de 1995. Ao finaldo segundo ano de sua imple-mentação será feita nova pesqui-sa para avaliação dos resulta-dos.

A segunda fase do projeto,que deverá ser implantada no iní-cio de 1997, vai atingir cerca de450 escolas daquela região. Ascrianças também receberão vári-as informações práticas e serãoincentivadas a entrevistar seuspais sobre o tema da campanha decultivo integrado e a elaborar re-dações ou a fazer desenhos a esterespeito. Os melhores trabalhosserão premiados.

No futuro, este projeto pio-neiro, com as necessárias adapta-ções, será levado para outras re-giões brasileiras e, até mesmo,para outros países. A iniciativa daBayer conta com o apoio de par-ceiros como a Associação deFumicultores do Brasil(AFUBRA), o Sindicato da Indús-tria de Fumo (SINDIFUMO), asadministrações municipais, ossindicatos de trabalhadores ru-rais e a empresa de pulverizaçãoJacto.

A EMBRAPA, empresa vin-culada ao Ministério da Agricul-tura e do Abastecimento, entre-gou aos índios Kraòs, doTocantins, sementes de milho in-dígena que desapareceram desuas aldeias e foram preservadasno Banco de Germoplasma daEmpresa. A entrega foi feita pelopresidente da EMBRAPA, AlbertoDuque Portugal, com a presençado presidente das FUNAI, JulioMarcos Gaiger, e antecipa umaprática que vai ser incrementadacom o convênio que a empresa depesquisa e Funai assinaram noúltimo dia 17 de outubro.

O convênio permite a identi-ficação e o aproveitamento domaterial genético existente emcomunidades indígenas brasilei-ras. É a primeira ação concretano sentido de ordenar a coleta,conservar e caracterizar os re-cursos genéticos da fauna e daflora em terra indígenas. Ele seráassinado pelos presidentes daEMBRAPA e da FUNAI numasolenidade que contará com apresença do ministro da Agricul-tura e do Abastecimento, ArlindoPorto.

Uma das vantagens do con-vênio é que, além dos pesquisa-dores poderem utilizar o conhe-

O objetivo central desta cam-panha é a conscientização do agri-cultor e de sua família em relaçãoao uso racional e adequado deprodutos fitossanitários. Nos últi-mos meses já foram realizadas 14palestras, atingindo cerca de 500pessoas. Os principais temas abor-dados são as medidas de proteçãoque devem ser adotadas peloaplicador, como por exemplo, ouso e armazenamento correto dosprodutos, bem como, os cuidadoscom os equipamentos de aplica-ção. Além disso, também é dadaênfase à importância do respeitoao meio ambiente, dispondo ade-quadamente dos resíduos e dasembalagens usadas. Outro aspec-to enfocado é a identificação e apreservação dos insetos benéfi-cos existentes nas culturas. Estacampanha, que deve durar nomínimo dois anos, pretende atin-gir cerca de 25.000 pessoas entreagricultores e suas esposas, emoito municípios de Santa Cruz doSul, RS.

Para colocar o plano em práti-ca, a Bayer treinou 74 instruto-res, a maioria de companhiasfumageiras, que irão fazer pales-tras às famílias dos agricultores,utilizando-se de material didáticopreparado pela Bayer, como apos-tilas, transparências e um filmesobre o tema. Além disso, os par-ticipantes recebem baralhos ins-

F lashesF lashesF lashesF lashesF lashes

Ciência ajuda índios a recuperar se-Ciência ajuda índios a recuperar se-Ciência ajuda índios a recuperar se-Ciência ajuda índios a recuperar se-Ciência ajuda índios a recuperar se-mentes dos antepassadosmentes dos antepassadosmentes dos antepassadosmentes dos antepassadosmentes dos antepassados

Bayer lança campanhaBayer lança campanhaBayer lança campanhaBayer lança campanhaBayer lança campanha

Conhecimento, tecnologia e extensão para o

desenvolvimento sustentável do meio rural

em benefício da sociedade.

Esta é a missão da EPAGRI.

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Agrop. catarinense, v.10, n.1, mar. 1997 5

Economia agrícolaEconomia agrícolaEconomia agrícolaEconomia agrícolaEconomia agrícola

Importações e o preço do alho em Santa CatarinaImportações e o preço do alho em Santa CatarinaImportações e o preço do alho em Santa CatarinaImportações e o preço do alho em Santa CatarinaImportações e o preço do alho em Santa Catarina

região de Curitibanos tem en-frentado dificuldades advindas da

queda do preço do seu principal produtoagrícola que é o alho. O preço médio doquilo do alho tipo 4, que era 4,6 dólaresem 1990, caiu para 1,8 dólar em 1995,ou seja, houve uma redução de 60%.Este fato tem impacto negativo na ati-vidade econômica regional, uma vezque a cultura gera aproximadamente25 mil empregos diretos e indiretos, osquais possibilitam metade da produçãoestadual e 35% da nacional.

A queda dos preços é devida, emgrande parte, ao aumento das importa-ções, que evoluíram de 34% para maisdo dobro da produção nacional no perí-odo 1990/95. O alho argentino talvez seconstitua no maior concorrente do ca-tarinense em função das baixas alíquotasde importação decorrentes doMERCOSUL, e também dos menorescustos de produção - aproximadamente0,53 dólar/kg - para uma produtividadede 9.000kg/ha, enquanto em SantaCatarina custa três vezes mais, cercade 1,56 dólar/kg para produzir 10.000kg/ha (1). Daí a conclu-são que o alho argenti-no pode competir como catarinense no mer-cado nacional, confor-me já verificado emoutro trabalho (2).

Dado este quadro,importa questionarquais as característicasdos preços e das impor-tações neste novo mer-cado. Que estratégiaspodem ser sugeridasaos agentes econômi-cos envolvidos na ca-deia produtiva do alho?Estas questões serãorespondidas no decor-rer deste trabalho, vi-sando achar alternati-

vas dentro do mercado para enfrentaras atuais dificuldades.

Características dos preços eimportações

Os preços do alho se caracterizarampor apresentar ciclos de preços al-tosseguidos por preços baixos, conforme aFigura 1. No período 1980/90, os ciclostinham uma duração média de quatroanos, isto é, este era o tempo necessá-rio para um preço elevado ser sucedidopor outro. Este ciclo era composto pordois anos de preços em queda, os quaiseram seguidos por dois anos de preçoem elevação, e assim sucessivamente.

A produção, por sua vez, na maioriados anos da década de 80, acompanhouo movimento dos preços com uma defa-sagem de um ano. Isto se deveu, emgrande medida, ao controle das impor-tações que, na ausência de uma políticade estoques reguladores por parte dogoverno, resultava ou em pronunciadaescassez ou em excesso de produção nomercado interno, causando grandes

variações dos preços.A partir de 1991, entretanto, o com-

portamento dos preços apresentouduas características diferentes. A pri-meira é que os ciclos de preços diminu-íram de quatro para dois anos, ou seja,um ano de preço alto passou a seracompanhado por outro de preço bai-xo. A segunda é que a variabilidade dospreços também diminuiu e os preçosse fixaram em patamares mais baixos.

Assim, a oferta de alho nos anos 90respondeu mais prontamente às vari-ações dos preços do que nos anos 80.Isto foi possível devido ao volume cres-cente das importações, as quais de-sempenharam, adicionalmente, umpapel estabilizador dos preços que apolítica de estoques reguladores nãocumpriu na década anterior.

As importações estão representa-das na Figura 2. Elas apresentaramuma tendência de estabilidade no volu-me importado até 1988. A partir do anoseguinte o movimento tendencial setorna crescente, atingindo maior incli-nação em 1992, o que revela um au-

Francisco Gelinski Neto eCelso Leonardo Weydmann

A

Figura 1 - Preço e produção de alho em Santa Catarina - 1980/95

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6 Agrop. catarinense, v.10, n.1, mar. 1997

Economia agrícolaEconomia agrícolaEconomia agrícolaEconomia agrícolaEconomia agrícola

mento das quantidades im-portadas. Ao mesmo tempo,os preços têm uma tendênciadeclinante e passam a oscilardentro de uma estreita mar-gem.

Assim, nos anos 90, as im-portações estão relacionadasinversamente com os preçose também com a menor vari-abilidade dos mesmos. Estascaracterísticas possivelmen-te são verificadas para outrosEstados produtores, dado queseus preços são igualmenteinfluenciados pelas cotaçõesda CEASA, SP.

PLANALHO e preçosnos anos 80

Uma explicação das característicasdos ciclos de preços e do comportamen-to das importações nos anos 80 pode serbuscada no Plano Nacional do Alho-PLANALHO criado pelo Ministério daAgricultura em 1979. O plano faziaparte das medidas econômicas destina-das a amenizar o déficit da balançacomercial, gerado pelo segundo choquedo petróleo.

Os objetivos do plano eram reduzirimportações em 10% ao ano e planejare organizar as safras nacionais, as quaispor estarem concentradas nos mesesde agosto a novembro deixavam o mer-cado à mercê das importa-ções nos meses restantes.

A região Sul tinha papelestratégico no PLANALHO.Ela possuía condiçõesedafoclimáticas adequadas,produzia variedades competi-tivas com o alho argentino(Chonan, Roxo Pérola,Quitéria, Contestado, porexemplo), e tinha uma saframais tardia - colheita em no-vembro e dezembro e comer-cialização de janeiro a maio -que possibilitava concorrercom a entrada das importa-ções argentinas.

O PLANALHO beneficiouos alhicultores através da con-tenção das importações, pos-sibilitando que os preços no

mercado interno fossem superioresaos correspondentes preços do produ-to argentino na década de 80. Pode-severificar na Figura 3 que o preço rece-bido pelo alhicultor catarinense noperíodo 1980/89 foi quase sempre mai-or do que o preço do alho importadoargentino e colocado na praça de Curiti-banos (preço CIF). A diferença maiorfoi cerca de 180% no ano de 1982.

A partir de 1990, todavia, o plano foideixado de lado dada a abertura co-mercial iniciada no governo Collor, eposteriormente com a implantação doMERCOSUL. Como resultado, os pre-

ços aos alhicultores catarinenses fi-caram sistematicamente abaixo dopreço internalizado do alho argenti-no, em torno de 48%, o que contrastacom os 40% acima do mesmo na déca-da anterior. Estes dados mostram quea proteção nominal via subsídio implí-cito aos preços obtidos pelosalhicultores na última década foi subs-tituída pela taxação implícita nos últi-mos cinco anos. Isto significa quehouve um corte radical nos estímulosaos preços recebidos pelos alhicultoresnos anos 80 por parte da política co-mercial agrícola.

Figura 2 - Preços recebidos pelo alhicultor catarinense e total de importações - 1980/95

Figura 3 - Taxa de Proteção Nominal do Alho em Curitibanos, SC - 1980/95

Nota: Taxa de proteção calculada em relação ao preço CIF.

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Agrop. catarinense, v.10, n.1, mar. 1997 7

Economia agrícolaEconomia agrícolaEconomia agrícolaEconomia agrícolaEconomia agrícola

Produção e importação nosanos 90

Apesar da perda do incentivo re-presentado pelos preços desfavorá-veis, a produção de alho evoluiu du-rante 1990/93 e, a partir daí, tem sereduzido (Figura 1).

A expansão pode ser devida a con-sideração de que seria o lucro opera-cional, ao invés do total, que consti-tuiria a base da decisão de plantar doagricultor. Neste sentido, os custosfixos para a produção de alho seriamrepartidos com outras culturas, comofeijão e milho. Assim, embora o preçofosse baixo para remunerar o custototal, o alhicultor o consideraria lu-crativo tendo em vista que o mesmocobriria os custos variáveis. Sabe-seporém que em 1992, 1994 e 1995,respectivamente, cerca de 43, 53 e91% dos custos fixos na produção dealho ficaram a descoberto devido aosbaixos preços (3). Além disso, houveuma elevação de 29% na produtivida-de no período 1990/93. Outra explica-ção é o impulso dado à produção peloaumento da produtividade, a qual seelevou em quase 29% no período (1).

A queda da produção, a partir de1993, por outro lado, provavelmenteresultou, além dos preços desfavorá-veis nos três anos anteriores, da que-da adicional dos preços agrícolas e dosaltos juros aplicados aos débitos agrí-colas em 1995. Neste sentido, o cus-teio do plantio do alho provavelmentefoi prejudicado, visto que exige recur-sos da ordem de 40% do total paraatender gastos com sementes e mão-de-obra. Em conseqüência, a produti-vidade decresceu em pelo menos 18%,resultante da diminuição dos insumospara compensar a redução dos preços,enquanto a área colhida em 1995 foi40% maior que aquela de 1990.

As importações, por sua vez, cres-ceram a despeito da queda dos preçosinternos. Estas são, em sua maioria,realizadas por grandes atacadistas,muitos dos quais também produtores.Estes decidem quanto e como impor-tar com base em previsões da produ-ção nacional e dos preços futuros.

Pouco se sabe, entretanto, acercados determinantes de importação, daconcorrência estabelecida entre os

importadores, bem como da qualidadedas informações de mercado queembasam suas decisões. A hipótese éque existe um conhecimento desigual(assimetria) do quadro de disponibili-dade do alho entre os importadores.Em conseqüência o mercado pode terum excesso de oferta com prejuízopara todos os agentes da cadeia produ-tiva. Esta questão permanece em aber-to para investigação.

Conclusões e estratégias

A conclusão deste trabalho é que aabertura comercial iniciada nos anos90 reduziu os preços do alho nacionalem função da maior disponibilidade doalho importado. Esta é uma tendênciairreversível, e qual será, então, amelhor estratégia para conviver compreços cada vez mais competitivos?

A estratégia de retardar a comerci-alização da produção até março paraobter melhores preços depende detrês condicionantes: de que o volumede estoques dos grandes atacadistasseja pequeno; de que não haja disponi-bilidade do produto no mercado inter-nacional, principalmente do argenti-no; de que os importadores tenhamuma perspectiva negativa para os pre-ços no mercado interno. Caso contrá-rio, a melhor alternativa parece ser aliberação do alho para comercializaçãologo após o produto estar curado eencaixotado.

Outra estratégia é a denúncia daconcorrência desleal como uma alter-nativa para reduzir as importações.Um exemplo, neste sentido, é asobretaxação em 1995 do alho impor-tado da China devido à existência desubsídios na origem.

O fortalecimento da AssociaçãoNacional dos Produtores de Alho-ANAPA poderia concorrer para auxi-liar na avaliação da concorrência in-ternacional. Para isso são necessáriosrecursos para acompanhar a forma-ção dos preços dos países exportado-res de alho, além de acompanhar asliberações de guias de importação dealho emitidas pela CACEX.

A elaboração e divulgação de pes-quisas de intenção de plantio e deprojeções para preços futuros poderiaauxiliar na redução da possível

assimetria de informações dos impor-tadores. Este trabalho poderia ser fei-to conjuntamente pelos órgãos de as-sistência técnica, cooperativa e insti-tuições de acompanhamento agrícola.

Aos órgãos de assistência técnica epesquisa sugere-se o desenvolvimentode tecnologias visando reduzir e racio-nalizar o uso de insumos, melhorar aqualidade do alho-semente e difundiras técnicas de cultivo, esta última prin-cipalmente junto aos pequenosalhicultores. Cabe avaliar também ou-tras atividades que possam reter amão--de-obra na região para evitar queos custos com este fator se tornemcada vez maiores nas épocas de plantioe colheita. Este trabalho poderia resul-tar de um esforço conjunto dos gover-nos estadual e federal, universidades,associações de produtores e osalhicultores mais tecnificados.

Para os alhicultores impossibilita-dos de competir no mercado, a pesqui-sa poderia objetivar o estudo de alter-nativas culturais como a produção defrutas de clima temperado, fumo efeijão carioca.

Agradecimento

Os autores agradecem os dados for-necidos por Guido Boeing (InstitutoCEPA/Florianópolis,SC), Marco Lucini(EPAGRI/Curitibanos,SC) e MiltonMüller (SPA/MA/Brasília).

Literatura citada

1. INSTITUTO CEPA/SC. Alho. Florianópolis:1966. 114p. (INSTITUTO CEPA/SC.Estudo de economia e mercado de pro-dutos agrícolas, 3).

2. FELDENS, A.; GIACOMINI, N.M.R. Produ-ção e mercado de alho no Brasil. PortoAlegre: UFRGS-FCE-IEPE, 1993. 92p.

3. SEBEN, J.C. Diagnóstico da cultura de alhofrente ao MERCOSUL. Florianópolis:EPAGRI. (No prelo).

Francisco Gelinski Neto, eng. agr., M.Sc.,Cart. Prof. no 32.215, CREA-PR, Departamen-to de Economia, Universidade Federal de San-ta Catarina, Fone (048) 231-9493, Fax (048)233-4607, 88000-000 Florianópolis, SC e CelsoLeonardo Weydmann, economista, Ph.D.,CORECON 1.976-3, Departamento de Econo-mia - Universidade Federal de Santa Catarina,Fone (048) 231-9493, Fax (048) 233-4607,88000-000 Florianópolis, SC.

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VVVVVariação sazonal na produção de mandiocaariação sazonal na produção de mandiocaariação sazonal na produção de mandiocaariação sazonal na produção de mandiocaariação sazonal na produção de mandioca

No projeto de pesquisa “Variaçãosazonal na produção de mandioca emsolo Areias Quartzosas, na Região SulCatarinense”, a fase de coleta de dadosa campo foi concluída em outubro de1996. O trabalho iniciou em outubrode 1992, portanto com a duração dequatro anos, conforme previsto.

Atualmente está na fase detabulação e análise para publicaçãodos resultados, previstas para 1997.

O solo arenoso (Areias QuartzosasDistróficas) ocupa uma extensa áreade aproximadamente 42.000ha, repre-sentando em torno de 2,0% do total daárea cultivada em Santa Catarina.Este tipo de solo situa-se ao longo detodo o Litoral Catarinense, aonde amandioca é uma das principais cultu-ras, pela sua rusticidade e adaptabili-dade. Estima-se que somente na Re-gião Sul do Estado, sejam plantadosem torno de 10.000ha de mandioca,neste tipo de solo e com boas produti-vidades em áreas com lavourastecnificadas, podendo ser citado comoexemplo o município de Jaguaruna,cuja média é ao redor de 20t/ha/ano.

O cultivo da mandioca e sua indus-trialização em Santa Catarina estãosendo comprometidos pela escassezde mão-de-obra e pelos curtos perío-dos de plantio e de colheita. O curtoperíodo de colheita e conseqüente-mente da industrialização, que se con-centra nos meses de abril a julho(quatro meses), com 84% da área co-lhida, segundo o IBGE (1980), além deinterferir negativamente no custo,provoca significativa ociosidade, so-bretudo no parque industrial. Por ou-tro lado, o curto período de plantio,concentrado nos meses de agosto aoutubro (três meses), com 92% daárea plantada, segundo a mesma fon-te (IBGE 1980), provoca, além da con-centração da escassa mão-de-obra doprodutor, freqüentes atropelos no sen-tido de cumprir a tarefa em tempohábil. Em resumo, o período de plan-tio, de colheita e industrialização emSanta Catarina é de no máximo qua-tro meses, enquanto que no Paraná,

Estado vizinho, tal período é até maiordo que o dobro, ou seja, oito a dezmeses.

Assim sendo, tornou-se imperioso oestudo da viabilidade técnica e econô-mica, no sentido de expandir, o máximopossível, os períodos de plantio, colhei-ta e industrialização, tendo em vista oescalonamento e racionalização de taisatividades, tão importante para o aper-feiçoamento do processo produtivo damandioca em Santa Catarina.

O objetivo do trabalho consistiu emdeterminar a variação da produção deraízes e do teor de amido, em função deépocas de plantio e de colheita, abran-gendo os dois ciclos de cultivo da man-dioca, das principais cultivares reco-mendadas, em solo Areias Quartzosas.

Resultados preliminares dão con-ta que é perfeitamente possível es-tender o período de plantio para cincomeses (maio a setembro) e o de co-lheita, e conseqüentemente da indus-trialização, para sete meses (abril aoutubro), no cultivo de um ciclo, e oitomeses (março a outubro), no cultivode dois ciclos.

Como se observa, o período decolheita e industrialização pode do-brar, ou seja, passar de quatro paraoito meses, o que será um grandeavanço para toda a cadeia produtivada mandioca.

Este projeto foi conduzido pelospesquisadores da Epagri engenheirosagrônomos Euclides Mondardo, MauroL. Lavina e Renato C. Dittrich.

PESQUISA EM

ANDAMENTO

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EntomologiaEntomologiaEntomologiaEntomologiaEntomologia

Ciclo biológico da vaquinha, praga do milhoCiclo biológico da vaquinha, praga do milhoCiclo biológico da vaquinha, praga do milhoCiclo biológico da vaquinha, praga do milhoCiclo biológico da vaquinha, praga do milhona região Sul do paísna região Sul do paísna região Sul do paísna região Sul do paísna região Sul do país11111

1. Artigo extraído da tese de doutorado do autor.

espécie Diabrotica speciosa(Germar, 1824) (Coleoptera:

Chrysomelidae), vulgarmente conhe-cida por “vaquinha”, é consideradauma praga polífaga (alimenta-se emvárias plantas hospedeiras) de ampladisseminação nos Estados brasileirose alguns países da América do Sul. Osadultos preferem alimentar-se em le-guminosas, sendo vorazes desfolha-dores, enquanto que as larvas se de-senvolvem em raízes de gramíneas.Nos últimos anos, em algumas regi-ões produtoras de milho no Brasil,têm-se registrado perdas significati-vas na produção devido ao ataquedesta praga ao sistema radicular. Apopulação de adultos, observada nocampo, principalmente no feijão da“safrinha” na região Oeste de SantaCatarina, é abundante, obrigando osagricultores a realizarem freqüentespulverizações com inseticidas, no sen-tido de minimizar o problema.

Na região Sul do país, alguns fato-res como: sistemas de produção domilho, novos híbridos, manejo de solo,sistema de plantio, rotação de cultu-ra, baixo índice de parasitismo à nívelde campo e a proibição de inseticidasclorados para aplicação no solo, foramdeterminantes no desenvolvimento eadaptação da praga ao longo do tem-po.

Prejuízos

No Brasil, ainda não foramquantificados os prejuízos que estapraga causa às lavouras de milho, e ostécnicos e agricultores não têm cons-

ciência da sua verdadeira importânciacomo praga potencial, embora hajarelatos de ataques severos com per-das significativas e, às vezes, total delavouras. Nos Estados Unidos, algu-mas espécies do gênero Diabroticasão consideradas as principais pragasdo milho e causam um decréscimo naprodução da ordem de 13,5% (1). Na-quele país, estimou-se em 1 bilhão dedólares/ano o gasto com aplicação deinseticidas e as perdas na produçãodevido ao ataque de algumas espéciesde vaquinhas (crisomelídeos) (2).

Sintomas de ataque e danos

As larvas de D. speciosa atacam o

sistema radicular do milho no pontode inserção das raízes (nós). Há umaredução no volume de raízes, prejudi-cando o desenvolvimento, sustenta-ção e assimilação de nutrientes pelaplanta, favorecendo a penetração depatógenos existentes no solo (3). Naparte aérea, o colmo apresenta-serecurvado caracterizando o sintomaconhecido como “pescoço de ganso”(Figura 1). Desta maneira, a planta édescaracterizada na sua arquiteturaprejudicando a fotossíntese e conse-qüentemente a produção. Os adultos,principalmente as fêmeas, costumamalimentar-se no estigma (cabelo domilho), por ocasião do florescimento,prejudicando a fertilização.

José Maria Milanez

A

Figura 1 - Milho atacado por larva de Diabrotica

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10 Agrop. catarinense, v.10, n.1, mar. 1997

EntomologiaEntomologiaEntomologiaEntomologiaEntomologia

Ciclo biológico da vaquinha

Os insetos de hábito subterrâneosão pouco estudados em sua biologia,devido a exigirem uma metodologiadiferente daquela utilizada para pragasda parte aérea. O estudo da biologia deinsetos reveste-se de grande importân-cia, no sentido de oferecer subsídiospara outras linhas de pesquisa, como,por exemplo, a resistência de plantasàs pragas e métodos de controle.

As fêmeas de D. speciosa realizam apostura no solo preferindo colocar osovos nas fissuras ou rachaduras do solo(Figura 2). Algumas propriedades físi-co-química do solo como cor, umidade etextura têm grande influência na pre-ferência por oviposição da espécie. Aslarvas, após eclodirem, se dirigem aosistema radicular do milho, onde inici-am a sua alimentação e causam danos. Figura 2 - Postura no solo

Figura 3 - Fases do ciclo biológico de D. speciosa. (A) Ovos; (B) Larva de primeiro ínstar; (C) Larva de terceiro ínstar;(D) Pré-pupa; (E) Pupa; (F) Adulto

A

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B

E

C

F

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EntomologiaEntomologiaEntomologiaEntomologiaEntomologia

médio de postura/fêmea foi de 15,1 +

4,0 e o número médio de ovos/fêmeafoi de 1.011 + 533.

O estudo detalhado da biologia deD. speciosa, em nossas condições, pro-porcionará um melhor entendimentodo comportamento da praga e do danoque poderá causar para a cultura domilho, considerando o estádiofenológico da planta. É possível ainda,com base em estudos de exigênciatérmica do ciclo biológico da praga,realizar seu zoneamento ecológico ecalcular o número de gerações anual,além de desenvolver métodos estra-tégicos e racionais de controle.

Literatura citada

1. KHALER, A.L.; OLNESS, A.E.; SUTTER,G.R.; DYBING, C.D.; DEVINE, O.J.R.Root damage by corn rottworm andnutrient content in maize. AgronomyJournal, Madison, v.77, n.5, p.769-74,1985.

2. METCALF, R.L. Foreword. In: KRYSAN,J.L.; MILLER, T.A. (eds.). Methods forthe study of pest diabrotica. New York:Springer Verlag, 1986. p.7-15.

3. GASSEN, D.N. Diabrotica speciosa, comopraga do milho. Passo Fundo: EMA-TER/EMBRAPA - CNPT, 1986. 2p.

4. MILANEZ, J.M. Técnicas de criação ebioecologia de Diabrotica speciosa(Germar, 1824) (Coleoptera:Chrysomelidae). Piracicaba: ESALQ,1995. 102p. Tese Doutorado.

José Maria Milanez, eng. agr., Dr., Cart.Prof. no 600.266 6a R., CREA-SP, EPAGRI/Centro de Pesquisa para Pequenas Proprie-dades, C.P. 791, Fone (049) 723-4877, Fax(049) 723-0600, 89801-970 Chapecó, SC.

Nesta fase, são conhecidas como “larvaalfinete”; têm coloração branco-amare-lada, cabeça marrom, corpo alongado euma placa quitinizada escura no últi-mo segmento abdominal. Findo o perío-do larval, elas constroem uma espéciede casulo com o solo, onde ficam encer-radas passando pelas fases de pré-pupae pupa, emergindo, finalmente, os adul-tos. As diferentes fases do ciclo biológi-

co do inseto são mostradas na Figura 3.O ciclo biológico de D. speciosa foi

estudado no laboratório de biologia deinsetos da ESALQ-USP, Piracicaba, noperíodo 1993/94, tendo milho germina-do como fonte de alimentação para aslarvas e folíolos de feijão para os adul-tos (4). Os dados são apresentados nasTabelas 1 e 2.

Observou-se ainda que o número

Tabela 2 - Duração dos períodos médios de pré-oviposição, oviposição elongevidade de machos e fêmeas

DuraçãoPeríodo

(dias)

Pré-oviposição 10,9 + 2

Oviposição 40,2 + 12

Longevidade média de machos 41,8 (32 - 69)

Longevidade média de fêmeas 51,6 (43 - 73)

Tabela 1 - Duração das fases de larva, pré-pupa e pupa de D. speciosa criadaem dieta natural. Temperatura 25 + 2oC; UR 60 + 10%; Fotofase 14h

DuraçãoFases

(dias)

1o ínstar larval 5,1 + 0,72o ínstar larval 4,7 + 1,13o ínstar larval 7,7 + 0,6Pré-pupa 4,8 + 0,5Pupa 6,9 + 0,3

Total 29,2

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Batata-doceBatata-doceBatata-doceBatata-doceBatata-doce

Novas tecnologias para cultivo daNovas tecnologias para cultivo daNovas tecnologias para cultivo daNovas tecnologias para cultivo daNovas tecnologias para cultivo dabatata-doce em SCbatata-doce em SCbatata-doce em SCbatata-doce em SCbatata-doce em SC

batata-doce é uma hortaliça degrande importância social e eco-

nômica vislumbrando-se sua partici-pação efetiva no suprimento de ali-mentos, principalmente nas regiõesmais pobres, cujas populações são debaixa renda. Além disso, constitui-senuma excelente alternativa para a ali-mentação animal e para agroindústria.

No Estado de Santa Catarina ocultivo da batata-doce está concentra-do, basicamente, nas microrregiõesColonial de Blumenau, Colonial Itajaído Norte, Colonial do Alto Vale doItajaí e microrregião de Florianópolis,totalizando 85% da área cultivada noEstado. No Brasil os principais Esta-dos produtores são Rio Grande do Sul,Santa Catarina, Paraíba e Pernambuco(1).

Santa Catarina apresenta grandepotencial agrícola para o cultivo dehortaliças, devido principalmente à es-trutura fundiária do Estado, com maisde 88% das propriedades possuindomenos de 50ha, onde a mão-de-obrautilizada é predominantemente fami-liar. Além disso, as condições climáti-cas são diversificadas, com altitudesde até 1.515m acima do nível do mar.A batata-doce, por ser uma culturarústica e de grande variabilidade gené-tica, encontra boas condições de de-senvolvimento nas diferentes regiõesdo Estado, estando presente na maio-ria das propriedades rurais (2).

De acordo com os dados do IBGE,são plantados no Estado aproximada-mente 4.300ha anualmente. Destaárea, 2,6% destina-se à indústria, 5,9%à comercialização in natura e 91,5% aoconsumo na propriedade, para alimen-to humano e principalmentearraçoamento animal, constituindo

excelente fonte de energia e proteína.Atualmente a batata-doce é cultivadaem pequenas áreas. A colheita, nor-malmente efetuada a partir do mês deabril, coincide com o período de carên-cia alimentar dos animais, o que refor-ça sua importância para esta finalidade(3 e 4).

Embora a área de produção sejasignificativa, a produtividade médiaestadual está em torno de 15t/ha, quepode ser considerada baixa, quandocomparada com aquela obtida em tra-balhos desenvolvidos pela pesquisa, oumesmo por produtores que utilizamalguma tecnologia, podendo chegar atéa 30t/ha de raízes comerciais. É infe-rior também à produtividade dos paí-ses vizinhos como Argentina e Peru,onde os rendimentos igualmente che-

gam a 30t/ha de raízes comerciais.A condução das lavouras pelos pro-

dutores catarinenses está baseada emdois sistemas de produção. No primei-ro deles observa-se que os produtoresutilizam toda a produção obtida na pro-priedade, em forma de alimentaçãoanimal ou humana, sendo que a tecno-logia empregada é geralmente inade-quada. Normalmente as áreas de plan-tio são pequenas, não ultrapassando a0,1ha por propriedade.

O segundo sistema adota técnicasmodernas e destina a produção aosmercados consumidores (CEASAS, fei-ras e agroindústrias). Normalmente asáreas de plantio são maiores e a produ-tividade é superior à do primeiro siste-ma, alcançando até 30t/ha, indicandouma boa eficiência, de forma a tornar o

Lúcio Francisco Thomazelli, Carlos Luiz Gandin,Edison Xavier de Almeida e Pedro Boff

Pouco exigente em investimentos, a batata-doce se presta bem paraas pequenas propriedades

A

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Batata-doceBatata-doceBatata-doceBatata-doceBatata-doce

cultivo desta hortaliça competitivo emnível nacional e internacional.

Perspectivas

A grande diversidade climática exis-tente no Estado permite viabilizar aprodução durante todos os meses doano, embora se verifique maior ofertaem determinados meses ou em deter-minadas regiões. Esta flutuação de ofer-ta poderá ser explorada por produtoresque tiverem condições de produzir naentressafra. Segundo dados daCEAGESP, SP, as menores ofertas doproduto ocorrem entre os meses deoutubro e abril.

A cultura da batata-doce é de baixocusto de produção o que exige poucosinvestimentos, tornando-se uma opçãoatrativa para os agricultores e podendoser inclusive competitiva com outrasculturas hoje utilizadas nas proprieda-des rurais do Estado. Por se tratar deuma cultura considerada como de sub-sistência, é geralmente cultivada emáreas marginais, com solos de baixafertilidade e com pouco uso de insumos.Considerando que a propagação é feitavegetativamente, é fundamental parao sucesso da lavoura, manter uma boaqualidade das ramas destinadas ao plan-tio da safra seguinte. No entanto, émuito comum o produtor não se preo-cupar com este fator, obtendo ramas deplantas sem controle fitossanitário alémde não utilizar variedades recomenda-das pela pesquisa oficial (5).

A EPAGRI no Alto Vale do Itajaí,através da Estação Experimental deItuporanga, vem desenvolvendo traba-lhos de pesquisa orientando os produ-tores a respeito da tecnologia de produ-ção, colheita e armazenamento, quepoderão melhorar a eficiência e eficá-cia dos sistemas produtivos atualmen-te adotados no Estado de Santa Catari-na, muito embora, deseja-se salientartambém a importância da padroniza-ção e classificação das raízes de batata-doce em função da globalização dosmercados. Dentro desse contexto res-salta-se a comercialização de batata-doce no mercado central de Bue-nosAires, onde se verifica que a comercia-lização oferece padrões estabelecidos(6 e 7).

Resultados das pesquisasconcluídas

Os trabalhos conduzidos com a cul-tura da batata-doce na Estação Expe-rimental de Ituporanga visam estu-dar os principais problemas observa-dos pelos agricultores das principaisre-giões produtoras do Estado. Os re-sultados obtidos e as tecnologias gera-das e/ou adaptadas aos atuais siste-mas produtivos permitem produzircom maior eficiência tanto em termosde produtividade como também dequalidade e competitividade.

Um dos fatores que contribui paraa baixa produtividade da batata-doceno Estado de Santa Catarina tem sidoo atraso na época de plantio. Isto temocorrido, principalmente, nas regiõesmais frias, onde ocorrem geadas queretardam a produção de ramas e/oumudas. Com o objetivo de proporcio-nar ao produtor maior produtividadee qualidade da batata-doce, foi desen-volvido um sistema que permite aprodução de mudas antecipadas, atra-vés da seleção de raízes-mãe e plantioem estufas tipo túnel. Este sistematem possibilitado, mesmo em anosmais frios, a produção de mudas emcondições de serem transplantadascom antecedência de mais de 30 dias,quando comparadas com o métodotradicional utilizado pelos produto-res. Além desta vantagem, esta técni-ca propicia ao produtor a produção demudas de boa qualidade sanitária,pois há maior controle das doençasque se transmitem pelas raízes e ra-mas (8). Aos agricultores que utiliza-rem estufa tipo túnel plástico alerta-se para que, nas horas mais quentesdo dia, a cobertura seja levantada naslaterais, permitindo aeração e evitan-do a queima dos brotos tenros (9 e 10),resultando em melhor qualidade dasmudas.

Outro fator que afeta a qualidade ea produtividade consiste na forma dearmazenamento das raízes. Normal-mente o agricultor as armazena nopróprio solo, isto é, a colheita é feitaaos poucos, conforme a necessidade,propiciando perdas por apodrecimen-to em decorrência do ataque de pragase doenças, bem como devido às condi-

ções climáticas. Nas regiões frias, apósa queima da parte aérea em função degeadas, as raízes poderão ser colhidas,selecionadas e armazenadas em galpão,estratificando-as com palha e/ou outromaterial, em camadas que propiciarãomelhores condições de armazenagem.

Visando identificar alternativas parao problema da armazenagem pararaízes-mãe destinadas a produção demudas/ramas, foram estudados trêsmétodos de armazenagem: areia, ser-ragem e palha de feijão. Os resultadosindicam que as raízes armazenadascom palha de feijão apresentam perdasmédias de 90%, devido a podridão edesidratação. Os sistemas de armaze-na-mento em areia e serragem apre-sentaram perdas médias, por podridão,de 46 e 31%, respectivamente. As raízesviáveis armazenadas nestes dois siste-mas, ao contrário daquelas armazena-das com palha de feijão, permanecemem ótimo estado aparente de conserva-ção.

Muito embora os resultados dessapesquisa tenham sido obtidos prelimi-narmente, na Estação Experimentalde Ituporanga o armazenamento emgalpão utilizando estratificação comserragem ou areia promoveu bons re-sultados. Na Argentina é muito co-mum os produtores armazenarem asraízes no próprio campo, em pilhascobertas com palha e parcialmente complástico preto (9). Isto é possível devidoàs condições climáticas, tendo atmosfe-ra seca e pouca chuva, facilitando oarmazenamento nas lavouras, sem per-das pós-colheita.

Conclusões erecomendações

Muitos são os fatores que se consti-tuem em entraves para tornar estahortaliça competitiva. No entanto, al-guns problemas como a correta identi-ficação de variedades adaptadas, pro-dução de ramas, época de plantio, ocor-rência de pragas e doenças,armazenamento, dentre outros fato-res, estão sendo estudados para apri-morar o sistema de produção de batata--doce no Estado de Santa Catarina, etornar viável a produção comercial,inclusive para abastecer o mercadoconsumidor dos países que compõem o

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14 Agrop. catarinense, v.10, n.1, mar. 1997

Batata-doceBatata-doceBatata-doceBatata-doceBatata-doce

MERCOSUL.Atualmente o produtor que deseja

obter uma produção eficiente e eficazdeve seguir as orientações técnicascontidas nas “Normas técnicas paracultura da batata-doce em Santa Ca-tarina”, editadas pela EMPASC/ACARESC em 1990 (10). Persistindodúvidas, os produtores deverão con-sultar engenheiros agrônomos e téc-nicos agrícolas que atuam na exten-são rural e na assistência técnica,tanto de instituições públicas como decooperativas e/ou da ini-ciativa priva-da.

Literatura citada

01. IBGE. Anuário estatístico do Brasil. Riode Janeiro, 1994. vol.54, p.3-29.

02. GANDIN, C.L.; LORINI, I.; TORRES, L.;BONGIOLO NETO, A. Avaliação decultivares de batata-doce em SantaCatarina. Florianópolis: EMPASC,1986. 3p. (EMPASC. Pesquisa em An-damento, 72).

03. ALMEIDA, E.X. de; GANDIN, C.L.; AMA-DO, T.J.C. Batata-doce na alimenta-

ção animal. Florianópolis: EMPASC,1987. 4p. (EMPASC. Pesquisa em An-damento, 72).

04. GANDIN, C.L.; THOMAZELLI, L.F.;ALMEIDA, E.X. de; BOFF, P. Batata--doce, alimento energético. Agropecu-ária Catarinense, Florianópolis, v.1,n.4, p.21-22, 1988.

05. THOMAZELLI, L.F.; GANDIN, C.L.;ALMEIDA, E.X. de; BOFF, P.; GON-ÇALVES, P.A.S. Batata-doce. In: EPA-GRI. Recomendações de cultivares parao Estado de Santa Catarina 1996/97.Florianópolis: 1996. p.40-41. (EPAGRI.Boletim Técnico, 74).

06. THOMAZELLI, L.F.; DEBARBA, J.F.;GANDIN, C.L.; ZANINI NETO, J.A.Relatório da viagem técnico-científicaa Bagé/RS e à Argentina.Ituporanga:E.E. Ituporanga. 1995. 1v.

07. BOY, A. Conservación de batata bajopolietileno. San Pedro, Argentina:INTA, 1974. 5p. (INTA. Boletim Agro-pecuário, 5).

08. BOFF, P.; GONÇALVES, P.A. de S.; BOFF,M.I.C. Viveiros para produção de ra-mas e mudas de batata-doce: funda-mental na redução de doenças e pra-

gas. Agropecuária Catarinense, Flori-anópolis, v.4, n.3, p.42-44, 1991.

09. GARCIA, A.; PETERS, J.A.; PIEROBON,C.R.; ROSSETO, E.A. Principais pro-blemas da cultura da batata-doce noRio Grande do Sul e algumas reco-mendações de pesquisa. HortiSul.Pelotas, v.1, n.0, p.30-33, 1989.

10. EMPASC/EMATER-SC/ACARESC. Nor-mas técnicas para a cultura da batata--doce; Santa Catarina. Florianópolis:1990. 21p. (EMPASC/ACARESC. Sis-tema de Produção, 15).

Lúcio Francisco Thomazelli, eng. agr.,M.Sc., Cart. Prof. no 3.822-D, CREA-PR,EPAGRI/Estação Experimental deItuporanga, C.P. 121, Telefax: (047) 833-1409/833-1364, 88400-000 Ituporanga, SC; CarlosLuiz Gandin, eng. agr., M.Sc., Cart. Prof. no

3.141-D, CREA-SC, EPAGRI/Estação Expe-rimental de Ituporanga, C.P. 121, Telefax:(047) 833-1409/833-1364, 88400-000Ituporanga, SC; Edison Xavier de Almeida,eng. agr., M.Sc., Cart. Prof. no 5.373-D, CREA-SC, EPAGRI/Estação Experimental deItuporanga, C.P. 121, Telefax: (047) 833-1409/833-1364, 88400-000, Ituporanga, SC e PedroBoff, eng. agr., M.Sc., Cart. Prof. no 7.148-D,CREA-SC, EPAGRI/Estação Experimentalde Ituporanga, C.P. 121, Telefax (047) 833-1409/833-1364, 88400-000 Ituporanga, SC.

LANÇAMENTOS

EDITORIAIS

* Esta e outras publicações da EPAGRI podem ser adquiridas na Sede daEmpresa em Florianópolis, ou mediante solicitação ao seguinte endereço:GED/EPAGRI, C.P. 502, Fone (048) 234-0066, 88034-901 Florianópolis, SC.

Pragas da videira e seu controleno Estado de Santa Catarina.Boletim Técnico, 77. 52p.

O objetivo deste trabalho foi for-necer elementos para o reconheci-mento a campo das principais pra-gas da videira, reunir informaçõessobre a biologia destas pragas eorientar sobre as medidas de con-trole a serem tomadas. O autor,engenheiro agrônomo EduardoRodrigues Hickel, pretende assimsubsidiar a adoção de um controleracional de pragas que acarretemenos riscos ao produtor, ao consu-midor e ao meio ambiente.

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MicrobaciasMicrobaciasMicrobaciasMicrobaciasMicrobacias

A Fisiografia como ferramenta para o planejamento doA Fisiografia como ferramenta para o planejamento doA Fisiografia como ferramenta para o planejamento doA Fisiografia como ferramenta para o planejamento doA Fisiografia como ferramenta para o planejamento douso da terra em microbacias hidrográficas - IIuso da terra em microbacias hidrográficas - IIuso da terra em microbacias hidrográficas - IIuso da terra em microbacias hidrográficas - IIuso da terra em microbacias hidrográficas - II

José Augusto Laus Neto

relacionado com os mesmos recursos,com as necessidades do homem e comos aspectos socioeconômicos e cultu-rais da porção da terra que se queiraanalisar.

A definição de terra não deve serconfundida com solo somente, uma vezque ela é mais ampla, e que àquelesque a usam interessa conhecer a influ-ência total do meio ambiente nas ativi-dades que planejam (1).

A fotointerpretação comobase para a análisefisiográfica

No que se relaciona à fotoin-terpretação, deve-se ter em mente queela se constitui em uma técnica que, sebem usada, pode facilitar enormemen-te os trabalhos de levantamento desolos (3).

Por meio da fotointerpretação pode--se identificar facilmente as formas derelevo, que em síntese são o que maissobressai quando da análise interpre-tativa em aerofotos. Pode-se ver, atécerto ponto, a vegetação, que se cons-titui em um dos organismos considera-dos fatores formadores dos solos e afe-rir, com alto grau de acerto, os materi-ais de origem dos solos, que por si sóguardam uma estreita relação com asformas e tipos de drenagem facilmenteidentificados nas interpretações emaerofotos.

Todas essas informações, se bemdeduzidas pelo fotointérprete em umadeterminada área a ser estudada, po-dem gerar conclusões confiáveis, queserão a base para um planejamentocorreto e conclusivo.

Dessa forma, se nos defrontarmoscom uma área onde as formas de rele-vo são homogêneas e similares, produ-zidas pelos outros fatores formadores

igualmente homogêneos, podemos pre-dizer com alto grau de probabilidade deacerto que perfis de solos serão simila-res, permitindo definir uma unidade demapeamento nessa área, apesar de nãose poder definir precisamente que ca-racterísticas serão iguais ou diferentesde outras áreas. Para isso é imprescin-dível a realização do trabalho de cam-po.

A paisagem como basepara o planejamento

Como as formas de relevo são os as-pectos mais externos e que mais se so-bressaem quando da fotointer-pretação,são tomadas como base para as in-ves-tigações no campo e é a partir delas quese pode fazer as maiores divisões paraa confecção da legenda dos mapas (3).

A geologia é a definidora de cadauma das paisagens e se constitui nomaterial de origem dos solos. Dessaforma, o primeiro passo para a defini-ção e separação das paisagens é o co-nhecimento da geologia presente naárea a ser estudada.

Como um dos fatores formadores dosolo, o material de origem se constituiem forte subsídio para a separação dasáreas geologicamente similares. O co-nhecimento da geologia se constituiem um fator importante e que, associ-ado a outros fatores, tais como clima erelevo, principalmente, permite preli-minarmente supor com certo grau deacerto o que se pode esperar encontrarem termos de ocorrência e distribuiçãodas unidades de solos em uma determi-nada área.

Definida a paisagem, pode-se subdi-vidi-la em unidades menores denomi-nadas subpaisagens, de acordo com cri-térios estabelecidos e definidos comoElementos Modificadores Locais.

a publicação anterior da revistaAgropecuária Catarinense, pro-

curamos dar, de maneira geral, infor-mações básicas sobre a importância daFisiografia e da Análise Fisiográficacomo ferramenta para o planejamentodo uso da terra em microbaciashidrográficas.

Neste artigo, dando continuidadeao anterior, procuraremos especificarde maneira sucinta os componentesnaturais básicos da fisiografia, sua es-trutura e forma, dando ênfase àssubpaisagens que, em síntese, defi-nem as várias aptidões de uso dasterras.

Conceito de terra

A terra, em termos gerais, se cons-titui em um local dentro do qual esobre o qual a vida tem lugar e, nestesentido, é um espaço; a terra formaparte do ambiente natural, e nestesentido é natureza; a terra, do pontode vista econômico, é um fator deconsumo; a terra, legalmente, é umapropriedade; e num sentido mais am-plo, a terra é considerada como umaporção sólida da superfície da terra (1).

No sentido agronômico a terra édefinida como: “Todos os aspectos im-portantes para a produção agrícola,exceto os atributos socioeconômicos ehumanos do meio ambiente” (2).

Ao se analisar todos os diferentesconceitos existentes, mais ou menosabrangentes, nota-se algo em comumentre eles: a terra é um recurso doqual e no qual o homem vive, incluindotodos os fatores que afetam o meioambiente: atmosfera, hidrosfera, geo-logia, solos, etc...

O homem depende em muitos sen-tidos da terra e o uso que se faça delae dos seus diversos recursos estará

N

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MicrobaciasMicrobaciasMicrobaciasMicrobaciasMicrobacias

Relação entre subpaisageme aptidão de uso

O maior ou menor nível de deta-lhamento na caracterização e classifi-cação das subpaisagens está intima-mente relacionado à escala de trabalhoe ao material básico disponível (cartastopográficas, aerofotos, mapastemáticos, bibliografia, etc.). Assimsendo, em escalas menores o nível dedetalhamento será menor e, portanto,as associações de subpaisagens serãomais freqüentes e necessárias.

Como Elementos ModificadoresLocais entendem-se as condições quepodem modificar as características daspaisagens, quando sua ação é atual eposterior àquela que deu origem à pai-sagem que se analisa.

Com base nesses critérios se reali-zam as primeiras divisões das paisa-gens e, por isso, a essas unidades dá-seo nome de subpaisagens.

Subpaisagem pode ser definida comounidade de relevo homogêneo e queguarda características similares entresi quanto ao tipo de solo, declividade,pedregosidade, suscetibi-lidade à ero-são, drenagem e fertilidade. Umasubpaisagem pode ser definida por um,dois ou mais desses elementos combi-nados ou não entre si.

Como salientado anteriormente, orelevo é o aspecto dentro de uma paisa-gem que mais sobressai quando daanálise das aerofotos para fins de pla-nejamento do uso das terras. A to-pografia exerce uma influência tãomarcante na formação, evolução e ca-racterísticas dos solos, que em ocasiõesdentro de uma mesma paisagem e fren-te a condições ambientais similarespodem ocorrer solos de morfolo-gia com-pletamente diferente em intervalos depoucos metros. Dessa forma, do pontode vista interpretativo nas aerofotos, atopografia se constitui no primeiro ele-mento de separação das subpaisagensque compõem uma determinada área aser estudada.

A distribuição espacial, o comporta-mento e a forma das diversas subpai-sagens possíveis de serem encontradasem uma determinada área estão condi-cionadas principalmente pelo ma-terialde origem, relevo e drenagem.

De acordo com a Metodologia para

Classificação da Aptidão de Uso dasTerras do Estado de Santa Catarina(4), foram considerados como Elemen-tos Modificadores Locais mais impor-tantes para o Estado: declividade,pedregosidade, suscetibilidade à ero-são, profundidade efetiva, drenageme fertilidade. Dessa forma, estes ele-mentos são os maiores condicionantespara o enquadramento das terras emsuas reais aptidões de uso nos traba-lhos de mapeamento que estão sendorealizados pela EPAGRI nas micro-bacias hidrográficas (4).

Assim sendo, a separação das sub-paisagens é feita de acordo com essesparâmetros e obedecendo, em sínte-se, os critérios propostos por autorreno-mado e especializado no assunto(3).

A forma e posição que ocupam norelevo determinam o comportamentode cada uma das subpaisagens quecompõem uma determinada área.Cabe ao pesquisador envolvido nostrabalhos de mapeamento uma análi-se criteriosa da distribuição física decada subpaisagem na área a sermapeada e dos elementos modifica-dores mais atuantes e que determina-ram o seu enquadramento como tal.

Classificação dassubpaisagens

As subpaisagens são classificadasquanto a forma, comportamento doponto de vista físico e tipo:

• A forma define a aparência ex-terna da subpaisagem (formas geomé-tricas) e é classificada em: muito agu-do, agudo, arredondado, subarredon-dado, côncavo, convexo, plano, planoconvexo e suas possíveis combina-ções.

• O comportamento é condicio-nado por fatores físicos externos queinfluenciam na maior ou menor capa-cidade de perda e/ou retenção de ma-terial quando submetido à ação daerosão, e relacionado aos ElementosModificadores Locais. Quanto ao com-portamento, as subpaisagens são clas-sificadas como: erosionais, coluviais,aluviais, estruturais, em patamares esuas possíveis combinações.

O que determina o comportamen-to é a ação dominante a que está

submetida a subpaisagem. Dessa for-ma, se a ação dominante é representa-da pela exportação de material, asubpaisagem é classificada comoerosional; se a ação dominante é re-presentada por acúmulo de materialtransportado por força da erosão, éclassificada como coluvial, sendo pos-sível a ocorrência de associações entreessas duas ações, tais como: erosional-coluvial e coluvial-erosional, e a açãodominante que a caracteriza deve sem-pre vir escrita em primeiro lugar.

- Erosionais: o fator atuante é aexportação. Representam áreas estri-tamente de perda de material por for-ça da erosão pluvial, principalmente.Possuem forma convexa e/ou planacom declividade, não apresentandoáreas de acúmulo, normalmente comdeclividades superiores a 35%, em re-levo forte ondulado e montanhoso.Face a isso, a suscetibilidade à erosãonessas condições é normalmente fortee muito forte.

- Estruturais: o termo estruturalestá intimamente ligado a aspectosgeológicos. As diferentes estruturas,comportamento, resistência do mate-rial parental, falhas geológicas e der-rames sucessivos é que definem o ter-mo estrutural. No caso do basalto, osfatores definidores mais importantesse relacionam às diferentes camadasdo derrame basáltico (Trapp) e aodiaclasamento horizontal da rocha quepor sua forma (laje de pedra dispostahorizontalmente à superfície do solo)impede a percolação normal da águade drenagem em profundidade, dificul-tando a ação do intemperismo, portan-to, com maior resistência ao desgaste.Face a essa resistência natural, o rele-vo é pouco dissecado, originando áreasconservadas, em relevo plano e suaveondulado.

No caso de rochas sedimentares, oprocesso se dá devido à presença derochas de diferentes resistências à ero-são, originando degraus com formas etamanhos variáveis ou, como no casodo Arenito Botucatu, formandoparedões em forma de escarpas.

- Em patamares: é resultante deprocessos de dissecação que atuaramna área, associados a fatores estrutu-rais. No caso do basalto, esses fatoressão dados pela geologia da área, as-

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MicrobaciasMicrobaciasMicrobaciasMicrobaciasMicrobacias

sociados a fatores estruturais em con-seqüência da diferenciação dos derra-mes e da variação interna dos mesmos.As diferentes resistências à erosão pro-piciam desgastes diferenciados, sendoque a parte superior do derrame, cons-tituída de basalto vesicular ouamigdalóide, é mais facilmente erodida,devido à maior retenção de água depercolação. Assim é formado o piso dopatamar. Na zona onde ocorre disjunçãovertical (separação em uma rocha pe-las juntas, no centro do derrame), háuma maior resistência à erosão, geran-do um ressalto topográfico. Aalternância desses fatores é que dáformação aos degraus que caracteri-zam os patamares.

- Coluviais: são processos de deposi-ção ou acumulação coluvial de materi-ais heterogêneos de tamanho variado(partículas e fragmentos de solos) quese deslocaram por ação pluvial, erosãolaminar interfluvial ou da gravidadenas encostas e/ou fundos de vale (5). Ossedimentos característicos resultantesdesses fenômenos recebem o nome decolúvio. A deposição sistemática dematerial transportado tem como resul-tado a formação de solos mais profun-dos do que aqueles localizados em áre-as erosionais (5).

- Aluviais: são resultante de trans-porte e sedimentação de partículas atra-vés das águas de drenagem (rios, prin-cipalmente). O depósito se dá, normal-mente, nas áreas mais baixas edepressivas, quando do transbordamen-to dos rios, em relevo plano, dandoorigem a várzeas localizadas nos fun-dos de vale.

• O tipo define a subpaisagem pro-priamente dita, que é classificada emCumes, Encostas e Fundo de Vales.

- Cumes: correspondem às áreas demaiores altitudes da microbacia, re-presentadas pela porção superior dascolinas e montanhas e se localizam nosdivisores das águas e/ou separando asdrenagens internas. Constituem áreasessencialmente exportadoras de mate-rial (erosionais). Quanto a forma, po-dem ser classificados em:

nas paisagens.2 - As paisagens e os solos são

partes integrantes de um mesmo cor-po tridimensional formados pelos mes-mos fatores de formação.

3 - Para caracterizar uma paisa-gem não bastam algumas caracterís-ticas externas, deve haver caracterís-ticas internas bem definidas, tais como:tipo de material parental, grau demeteorização e desenvolvimento dealguns solos típicos.

4 - Uma paisagem é definida porum mesmo clima, mesmo materialparental dos solos e mesma idade(mesmo grau de meteorização).

Dessa forma, pode-se concluir que:• a paisagem é definida por clima,

material parental e idade. Caracteri-za-se por aspectos externos (relevo) einternos (perfis) típicos;

• as subpaisagens se definem ge-ralmente como unidades homogêne-as de acordo com os ElementosModificadores Atuais;

• os elementos de paisagem sedefinem geralmente como unidadesde pendente homogênea.

Literatura citada

1. FORERO P., M.C. Metodologia para levan-tamientos edafológicos; primeira par-te: Princípios básicos en loslevantamientos de suelos. Bogotá:CIAF, 1987. 98p.

2. BEEK, J.K.; BENEMA, J. Evaluación detierras para la planificación del usorural; un método ecológico. Santiago,Chile: FAO, 1972. 74p.

3. BOTERO, J.P. Guias para el análisisfisiográfico. Bogotá: Centro Interame-ricano de Fotointerpretación, 1977.67p.

4. UBERTI, A.A.A.; BACIC, I.L.Z.; PANICHI,J.A.V.; LAUS NETO, J.A.; MOSER,J.M.; PUNDEK, M.; CARRIÃO, S.L.Metodologia para classificação da ap-tidão de uso das terras do Estado deSanta Catarina. Florianópolis: EPA-GRI, 1992. 19p.

5. VILLOTA, H. Geomorfologia aplicada alevan-tamientos edafológicos yzonificación física de las tierras. SantaFé de Bogotá: Instituto Geográfico“Agustin Codazzi”, 1991. 212p.

José Augusto Laus Neto, eng. agr., Cart.Prof. no 2.604-D, CREA-SC, EPAGRI, C.P.502, Fone (048) 234-0066, Fone (048) 234-1024, 88034-901 Florianópolis, SC.

- Encostas: correspondem ao decli-ve existente no flanco de uma monta-nha ou colina. Podem ser classificadasquanto à forma e comportamento.

a) Forma: relaciona-se à aparênciaexterna (côncava, convexa, reta, etc.).

b) Comportamento: Erosionais; Es-truturais; Em Patamares; Coluviais;Aluviais e suas possíveis combinações.

- Fundos de vale: são as áreas for-madas pelo poder erosivo dos rios,normalmente delimitadas por encos-tas. Englobam áreas aluviais (sedimen-tação dos rios) e áreas coluviais (depo-sição de materiais oriundos de locaisde maiores altitudes), localizados nasáreas de influência dos rios.

Com relação à forma, são classifica-dos em “V” e “U” abertos e/ou fechados;planos; côncavos, convexos e suas pos-síveis combinações.

Quanto ao comportamento, podemser: erosionais, coluviais, aluviais esuas possíveis combinações.

Princípios fundamentais daAnálise Fisiográfica

1 - Os solos não ocorrem ao acaso

1 - Muito Agudo

2 - Subarredondado

3 - Convexo

4 - Plano

5 - Agudo

6 - Arredondado

7 - Plano-Convexo

8 - Côncavo

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Desenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento rural

Enfoque sistêmico, participação e sustentabilidadeEnfoque sistêmico, participação e sustentabilidadeEnfoque sistêmico, participação e sustentabilidadeEnfoque sistêmico, participação e sustentabilidadeEnfoque sistêmico, participação e sustentabilidadena agricultura. I: Novos paradigmas para ona agricultura. I: Novos paradigmas para ona agricultura. I: Novos paradigmas para ona agricultura. I: Novos paradigmas para ona agricultura. I: Novos paradigmas para o

desenvolvimento rural?desenvolvimento rural?desenvolvimento rural?desenvolvimento rural?desenvolvimento rural?11111

1. Pesquisa realizada com o apio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e da Universidade deSydney, Austrália.

S.L.G. Pinheiro, C.J. Pearson e S. Chamala

esenvolvimento rural tem se ca-racterizado por ações (geralmen-

te não bem sucedidas) visando reduzira fome e a pobreza nos países doterceiro mundo e ao mesmo temposustentar o crescimento do chamadoprimeiro mundo. Em virtude das cres-centes críticas e do aparente esgota-mento das estratégias tradicionais ( oprocesso da revolução verde e os mo-delos lineares e unidirecionais de ge-ração, transferência e difusão de tec-nologias), abordagens alternativas têmsurgido e se popularizado ao longo dosúltimos anos. Algumas têm sido in-clusive aclamadas como novosparadigmas, como é o caso do Enfoquede Sistemas, do DesenvolvimentoParticipativo e, mais recentemente,do Desenvolvimento Sustentável.

Este é o primeiro de uma série dedois trabalhos complementares. O pre-sente artigo analisa criticamente aforma com que estes novos enfoquestêm sido interpretados e usados nasações de pesquisa, extensão e desen-volvimento rural. O argumento é deque embora algumas limitações dosmodelos convencionais tenham sido“relaxadas” (eles se tornaram cíclicose processos de “feed-back” foram in-cluídos), a maioria destas ações nãoapresenta mudanças significativas(tanto em termos práticos quanto te-

óricos) em relação a estratégias ante-riores. Conseqüentemente, os resul-tados têm feito pouca diferença. Emcontraste, no segundo artigo, a serpublicado no próximo número destarevista, uma outra pers-pectiva é acres-centada ao diálogo so-bre desenvolvi-mento: A abordagem Construtivista,que traz diferentes significados parametáforas como conhecimento, infor-mação, comunicação, desenvolvimen-to, participação e poder.

O modelo tradicional deensino, pesquisa e extensãorural

No sistema ortodoxo convencionalde ensino, os estudantes são induzi-dos a memorizar a descrição de fatosou objetos. Em geral prevalece umarelação paternalista e autoritária en-tre professores e alunos, os quais sãopouco estimulados a exercer sua curi-osidade, senso crítico ou criatividade.

Neste enfoque conhecimento é vistocomo sinônimo de verdades absolutase fatos objetivos os quais podem sertransferidos entre pessoas e de umasociedade para outra, independente-mente do contexto social, econômicoe político em que elas existem. Afunção primordial do professor é cer-tificar-se de que sua sabedoria está

sendo transferida para os estudantes, ea principal tarefa destes é passar nosexames para provar que a estão efeti-vamente absorvendo.

Na agricultura não tem sido dife-rente. Professores, pesquisadores eextensionistas são vistos como especi-alistas que detêm o conhecimento re-levante. Este, por sua vez, deve sertransferido - na forma de tecnologia einformação agrícola - aos clientes (alu-nos e produtores). Conhecimento, re-cursos físicos, habilidades profissio-nais e prestígio são concentrados emcentros bem informados (universida-des, es-tações de pesquisa e grandescorporações). Nas modernas socieda-des ocidentais, há uma tendência paraa centralização de conhecimento e in-formação e isto representa uma formaevidenciada de poder, status, domina-ção e controle.

Contudo, os produtores rurais, aocontrário dos estudantes formais, nãotêm que passar em exames. O maiordesafio para eles e suas famílias é asobrevivência e o aprendizado ao longode uma vida inteira, dentro de umambiente complexo, incerto e dinâmi-co. Absorver informações externas eexecutar determinadas recomendaçõesnão é o principal objetivo neste proces-so, mas apenas um dos meios. E emmuitos casos os agricultores têm rejei-

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Desenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento rural

violência urbana e das tensões sociaisno campo.

O advento do EnfoqueSistêmico, da Participa-ção e da Sustentabilidade

Desenvolvimento Sustentável éum conceito muito popular mas tam-bém bastante polêmico. Foram identi-ficadas cerca de 70 definições sobresustentabilidade, o autor de cada umaconsiderando a sua a melhor (2). Algu-mas interpretações são totalmentecontraditórias. Para a indústria, porexemplo, sistemas agropecuários sus-tentáveis devem se basear em semen-tes híbridas devido a maior produ-tividade. Agricultores familiares compoucos recursos, por outro lado, di-zem que só conseguirão se sustentarse tiverem condições de produzir comsuas próprias sementes (polinizaçãoaberta).

Para complicar esta enorme e asvezes confusa variedade de percep-ções sobre o tão aclamado desenvolvi-mento sustentável, há quem argu-mente que produtividade, estabilida-de, eqüidade e sustentabilidade sãopropriedades mutuamente inconsis-tentes, requerendo invariavelmentetrocas e escolhas entre elas (3). Destaforma, a sustentabilidade de uns podeameaçar a estabilidade (ou até signifi-car a exclusão) de outros. Desenvolvi-mento sustentável não significa ape-nas cada um procurar se sustentar dequalquer maneira, mas também even-tualmente ceder e aceitar mudanças.

Usualmente, quando se fala de sus-tentabilidade, existe uma preocupa-ção sobretudo com a conservação derecursos naturais como solo, água eflorestas. A perspectiva mais voltadapara a diminuição das desigualdadessociais (a miséria, a fome, adescriminação e a violência, por exem-plo) é ainda pouco debatida. Entretan-to, conforme diz a lenda, em setratando de natureza, não existemrefeições grátis - alguém de algumaforma sempre acaba pagando a conta.A questão é por quanto tempo conti-nuaremos a postergar esta conta para

os nossos vizinhos, filhos e netos.A abordagem de sistemas na agri-

cultura emergiu numa era pós-revolu-ção verde, em decorrência das crescen-tes críticas e fracassos das ações dedesenvolvimento rural convencionais.Foi apresentada como uma alternativasobretudo para os produtores familia-res e de recursos (físicos e financeiros)escassos, tradicionalmente marginali-zados e à beira do processo de exclusãosocial.

Esta perspectiva tem sido desenvol-vida e praticada principalmente atra-vés de projetos de Pesquisa e Extensãocom Enfoque Sistêmico em Proprieda-des (em inglês, Farming SystemsResearch & Extension ou FSR/E). Aolongo dos últimos anos, conceitos comosistemas abertos (open systems), mode-lagem (modeling), entradas e saídas(input-outputs) e retorno (feed-back) têmse popularizado, assim como diversosmodelos de FSR/E têm sido propostos,entre eles o Cropping SystemsResearch, Farmer-back-to-farmer eFarmer-first--and-last (4 e 5).

Neste processo, muitas limitaçõesdo modelo tradicional têm sido “rela-xadas”. As diferenças entre os agri-cultores e seus sistemas agropecuá-rios assim como a não-neutralidade dastecnologias geradas e difundidas têmsido evidenciadas. Tipologias têm sidoelaboradas visando facilitar a geraçãode tecnologias apropriadas para cadatipo de produtor e sistema, principal-mente através de experimentos naspropriedades. E acima de tudo a parti-cipação dos produtores tem sidoenfatizada. Pesquisadores e técnicosem geral cada vez com mais freqüênciatêm consultado agricultores visandoentender melhor seus objetivos, ati-tudes e circunstâncias socioeconômi-cas.

Participação, parceria e colabora-ção, entre outros termos, se tornaramconceitos altamente populares. Parafacilitar a execução prática, meto-dologias como Avaliação Rural Rápida,Diagnóstico Rural Participativo e, emnível institucional, Reengenharia, Qua-lidade Total e PlanejamentoEstratégico, têm sido desenvolvidas.

tado as tecnologias propostas pelostécnicos.

Extensão rural, em princípio, eravista como uma simples ferramentade intervenção, usando a comunica-ção como instrumento básico parainduzir mudança. A extensão, porexemplo, é definida como “uma inter-venção profissional de comunicaçãoempregada por uma instituição parainduzir mudança voluntária no com-portamento, com uma presumida uti-lidade pública ou coletiva” (1).

Ao longo das últimas décadas oprincipal modelo de ensino, pesquisae extensão rural tem sido o de Trans-ferência (e Difusão) de Tecnologia,simbolizado pela sigla ToT (origináriada expressão inglesa “Transfer ofTechnology”). Este modelo é baseadona abordagem de comunicação portransmissão e foi desenvolvido nasdécadas de 40 e 50, em um contextoinfluenciado pela estratégia denomi-nada “Revolução Verde”.

Naquela época as questões de po-breza e fome eram vistas basicamen-te como um problema de produção dealimentos e produtividade agrícola. Asolução portanto seria modernizar aagricultura através de projetos de Pes-quisa, Extensão e DesenvolvimentoRural. A equação básica pode ser re-presentada da seguinte forma:

Pesquisa Conhecimento Trans-ferência Adoção Difusão

Deve ser reconhecido que esta es-tratégia tem se revelado eficiente sobdeterminados aspectos. O Brasil, porexemplo, uma das economias que maiscresceu nas últimas décadas, dobrousua produção de grãos, ampliousua fronteira agrícola e aumentou aprodutividade de alguns produtos(principalmente para exportação),como soja, arroz irrigado, maçã, suí-nos e aves.

Entretanto, este processo não temsido livre de impactos socioambientais.Enquanto a agricultura e a economiaaparentemente vão bem, a maioria dapopulação continua sofrendo ( e deforma crescente) em conseqüência dasubnutrição, da não distribuição derenda, da degradação ambiental, da

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Desenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento rural

Isto reflete um movimento da tradici-onal abordagem disciplinar, redu-cionista e de cima para baixo (top-down) para um enfoque maismultidisci-plinar, holístico e de baixopara cima (botton-up). Em síntese, oprocesso se tornou cíclico, maisinterativo, e “feed--back” foi incluído,como ilustra a Figura 1.

Dentro deste contexto, os chama-dos desenvolvimento rural comenfoque sistêmico, participativo, e maisrecentemente, sustentável, têm sidoacla-mados como os novos paradigmasdo final dos anos 80 e início da décadade 90.

Entretanto, argumenta-se que em-bora a retórica tenha mudado e atépareça mais radical, os princípiosteóricos do modelo tradicional aindapermanecem. Nos próximos parágra-fos analisam-se algumas das seme-lhanças entre as velhas e as novasabordagens:

• O modelo de comunicação -Nos modelos mais holísticos eparticipativos, agentes externos têmsido estimulados a ouvirem mais osprodutores e a participação destestem sido enfatizada. Contudo, na prá-tica esta acontece de forma hierárqui-ca, consultiva ou no máximocolaborativa. Existe uma forte depen-dência de métodos, e apesar destesprocurarem evidenciar as perspecti-vas dos produtores, o simples ato deaplicar certas metodologias para estefim limita uma ação mais indepen-dente das pessoas. Estas podem até

Cientistas& Técnicos Conhecimento Inf. & Tecnol. Produtores

Figura 1 - Algumas diferenças entre o modelo tradicional de transferência de tecnologia e o modelo mais sistêmico e participativo

Cientistas& Técnicos

Produtores Conhecimento

Inf. &Tecnol.

t t t

se juntar em uma canção e participa-rem ativamente de uma reunião,mas não têm influên-cia maior nasregras do jogo (defi-nidas externa-mente) nem na escolha do tipo de jogo(em outras palavras, quais questões ecomo devem ser discutidas).

Comunidades nem sempre se cons-tituem por grupos sociais homogêne-os e harmoniosos, e muitas vezes secaracterizam por relações de poderdesiguais e conflituosas, as quaisinfluen-ciam os resultados do proces-so participativo. Metodologias de co-municação podem privilegiar a parti-cipação de certos tipos de conheci-mento, habilidades e influências ereprimir outros, reforçando as desi-gualdades existentes. Além disso, amanipulação das informações gera-das fica geralmente sob responsabili-dade dos agentes externos. Desta for-ma elas invariavelmente são tiradasdo contexto das comunidades rurais ereconvertidas em formas apropriadaspara subsidiarem propostas de mu-danças e futuras intervenções.

Em síntese, é o mesmo modelo decomunicação por transmissão usadonas abordagens tradicionais (de extra-ção e retorno de informações). O quevaria são os métodos, centrados maisnas pessoas, e aparentemente maisrápidos e eficientes na representaçãodas perspectivas destas. Informaçãocontinua sendo entendida como sinô-nimo de conhecimento, podendo sertransmitida entre pessoas ou comuni-dades independente do contexto em

que elas existem.• O enfoque participativo e as

relações de poderO conceito de participação está re-

lacionado à divisão de poder e respon-sabilidades, e pode assumir diferen-tes perspectivas. Foram identificadossete diferentes tipos ou maneiras decomo as instituições de desenvolvi-mento interpretam e usam o termoparticipação. Estas categorias são de-talhadas e ilustradas respectivamen-te na Tabela 1 e na Figura 2 (2).

Nos projetos de desenvolvimentoconvencionais, participação ocorre ge-ralmente segundo os dois primeirostipos (isto é, de forma passiva ouextrativa).

Nos modelos mais recentes, parti-cipação está associada à capacidade deanalisar, ganhar confidência, contro-le, decidir e agir. Para que isto ocorraem favor dos produtores mais humil-des, fala-se em transferência ou re-versão de poder (7). Isto implica queparticipação assume um objetivo, umfim pré-concebido, no caso a redistri-buição de uma situação desigual depoder. Entretanto este processo nãoacontece de forma endógena (isto é,iniciado pelas próprias pessoas), masé estimulado por agentes externos,transformados em facilitadores.

Mas facilitar o que, e para quem?Os facilitadores ainda concentram opoder, decidem em que nível deve sertransferido e em que circunstânciaesta transferência deve ser realizada.O poder é induzido e controlado de

O modelo tradicional O “novo” modelo

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Desenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento rural

Tabela 1 - Tipologia da participação: como as pessoas participam em programas eprojetos de desenvolvimento

Tipologia Componentes de cada tipo

1 - Participação As pessoas participam sendo informadas do que vaipassiva acontecer ou já aconteceu. É uma decisão unilateral sem

qualquer tipo de consulta ou diálogo.

2 - Participação via As pessoas participam respondendo perguntas formuladasextração de através de questionários fechados. Os métodos não sãoinformações discutidos e não há retorno de dados ou de resultados.

3 - Participação As pessoas participam sendo consultadas por agentesconsultativa externos os quais definem problemas e propõem soluções

com base na consulta, mas sem dividir a tomada de decisão.

4 - Participação por As pessoas participam fornecendo recursos comoincentivos mão-de-obra e terra em troca de dinheiro, equipamentos,materiais sementes ou outra forma de incentivo. A maioria dos

experimentos em propriedades e projetos agrícolas se encai-xa neste tipo. Quando a ajuda é retirada, o entusiasmo logotermina.

5 - Participação As pessoas participam formando grupos para atenderfuncional objetivos pré-determinados de projetos definidos por

agentes externos. Estes grupos em geral dependem dosfacilitadores mas às vezes se tornam independentes.

6 - Participação As pessoas participam de forma cooperativa, interagindointerativa via planos de ação e análise conjunta, os quais podem dar

origem a novas organizações ou reforçar as já existentes.Estes grupos têm controle sobre as decisões locais, ênfaseé dada em processos interdisciplinares e sistemas deaprendizado envolvendo múltiplas perspectivas.

7 - Participação por As pessoas participam tomando iniciativas para mudar osautomobilização sistemas independentemente de instituições externas. O

resultado dessa ação coletiva pode ou não mudar umasituação social indesejável (distribuição desigual de rendae de poder).

Fonte: Adaptado de PRETTY (1994).

Participação por automobilização

Participação interativa

Participação funcional

Participação por incentivos materiais

Participação consultativa

Participação via extração de dados

Participação passiva

Figura 2 - Tipologia da participação: as diversas formas com que as pessoas partici-pam em programas e projetos de desenvolvimento

Fonte: Adaptado de PRETTY 1994 e PEARSON 1994.

fora para dentro e esta transferênciafica restrita a um contexto determina-do (dentro de um processo de interven-ção para o desenvolvimento).

Desta forma a participação perdesua característica política e é concebidade forma instrumental, para um fimespecífico. De acordo com a Tabela 1 ea Figura 2, ocorreria de formaconsultativa, por incentivos materiais(ou técnicos) ou seria no máximo dotipo funcional. Além de não alterar asrelações de poder existentes, ainda cor-re o risco de reforçá-las.

• A estratégia de desenvolvi-mento e o critério de sucesso: ado-ção de tecnologias - Desenvolvimen-to pode ser definido como um processode mudança. Nas modernas sociedadesocidentais, tem sido associado aos con-ceitos de progresso, crescimento, con-sumo de bens materiais, modernizaçãoe tecnologia. Só que em algumas situ-ações esta mudança pode resultar emuma decisão de não mudar. Logo, todomundo se desenvolve de uma forma oude outra.

Em contraste, uma outra percepçãosobre desenvolvimento pressupõe que,além de haver uma mudança, esta deveser favorável. Neste sentido, o proces-so de mudança deixa de ser neutro epassa a ter uma direção (do ruim parao melhor). Isto levanta duas questõesfundamentais: O que significa mudarpara melhor; e ainda mais importante,quem define?

Na prática, as novas abordagens dedesenvolvimento pressupõem uma si-tuação não-desejável como justificati-va para um processo de intervençãoaonde a participação é induzida e con-trolada por agentes externos. Destaforma, o argumento participativo éusado como ferramenta para acelerarmudanças pré-determinadas. Esta ca-racterística se torna explícita quandose considera o principal critério de ava-liação dos projetos (ou intervenções),na agricultura: a adoção de tecnolo-gias.

Em outras palavras, existe um gru-po de especialistas (cientistas, técni-cos) que possui ou gera alguma coisamelhor e que portanto deve ser adota-

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Desenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento ruralDesenvolvimento rural

da pelo outro grupo (produtores).Semelhantemente aos processos tra-dicionais, este enfoque traz o mesmodeterminismo tecnológico como estra-tégia de desenvolvimento. Isto assumeque evolução social é determinada pelotipo de tecnologia que uma sociedadeinventa, desenvolve ou adota. Entre-tanto, tecnologia não é um fim, apenasum meio. E tecnificação semconscientização pode aumentar as re-lações de dependência. Além disso,isto pressupõe uma situação fixa e umtrabalho acabado (isto é, adotado). Ne-nhuma destas características vai aoencontro do contexto dinâmico, com-plexo e incerto que envolve a agricultu-ra.

Em suma, esta é uma abordagemextremamente conservadora para odesenvolvimento rural, a qual se adap-ta aos parâmetros impostos pelasatuais circunstâncias macro-socioe-conômicas. Existem mais questões re-lacionadas com o desenvolvimentorural do que apenas determinantestecnológicos (como, por exemplo, aquestão da distribuição e direito ao usoda terra).

Para não concluir: abrindonovas perspectivas para odiálogo

Este artigo argumenta que os re-centes enfoques de desenvolvimentorural denominados sistêmicos,participativos e sustentáveis, nãotêm apresentado mudanças significati-vas em relação a estratégias anterio-res. Em conseqüência, os resultadosestão fazendo pouca diferença.

Algumas modificações foram reali-zadas e a discussão tem evoluído, masprevalece a mesma concepção teóricaque visualiza desenvolvimento comofruto de uma intervenção planejada defora para dentro e centrada na adoçãode tecnologias.

Embora o uso de alguns métodosparticipativos tenha incentivado ainteração entre produtores e técnicos,o processo de comunicação permanece

o mesmo (transferência de informa-ções), apenas com maior ênfase emmecanismos de “feed-back”. A partici-pação dos produtores continua limita-da em termos de divisão de poder eresponsabilidades, e tem sido concebi-da como uma estratégia induzida econtrolada por agentes externos paraalcançar objetivos pré-determinados.

Não existe uma única interpreta-ção sobre o que significa participação,enfoque de sistemas e desenvolvimen-to sustentável. Quando nos referimosa estes conceitos, geralmente a pro-posta é de que outros sistemas mudempara que possamos garantir a susten-tabilidade daquilo que nos interessa.Raramente estamos dispostos a mudarnós mesmos, nossas instituições ou asociedade da qual fazemos parte.

Da mesma forma, é muito comumao falarmos de participação, parceriaou colaboração, imaginarmos os ou-tros participando, sendo parceiros oucolaborando nos nossos projetos. Difi-cilmente tomamos a iniciativa de ofe-recer ajuda ou mesmo tomar conhe-cimento de projetos alheios. Em ou-tras palavras, embora possamos nosen-tusiasmar com a idéia de dividirresponsabilidades, quando se trata dedividir poder o entusiasmo logo desa-parece.

Em síntese, estamos tentando mu-dar e aperfeiçoar nossos métodos, masem geral continuamos pensando eagindo de acordo com velhosparadigmas. Na segunda parte desteestudo, em artigo a ser publicado nopróximo número desta revista, umaperspectiva alternativa é sugerida parao diálogo em torno do desenvolvi-mento: A abordagem construtivista,que traz diferentes significados parame-táforas como conhecimento, infor-mação, comunicação, desenvolvimen-to, participação e poder.

Literatura citada

1. ROLING, N. Extension science; Informationsystems in agriculture development.London: Cambridge Univ. Press, 1988.228p.

2. PRETTY, J. Alternative systems of inquiryfor sustainable agriculture. Institute ofDevelopment Studies Bulletin,Brighton, v.25, n.2, p.37-48, Apr. 1994.Special issue.

3. CONWAY, G.R. Sustainability inagricultural development; trade-offsbetween productivity, stability andequitability. Journal for FarmingSystems Research--Extension, v.4, n.2,p.1-14, 1994.

4. NADAL, R. de; WILDNER, L. do P.;SILVESTRO, M.L.; ZANATTA, J.C. O

enfoque sistêmico em projetos de pes-quisa/desenvolvimento na agricultura:O caso do oeste catarinense. In: SEMA-NA DE ATUALIZAÇÃO EM ADMI-NISTRAÇÃO RURAL, 1991, Lages, SC.Anais. Florianópolis: EPAGRI, 1992.p.133-160.

5. PINHEIRO, S.L.G.; PEARSON, C.J.; ISON,R.L. A farming systems research/

extension (FSR/E) model underway inSanta Catarina, Brazil: a criticalanalysis. In: INTERNATIONALSYMPOSIUM SYSTEMS-ORIENTEDRESEARCH IN AGRICULTURE ANDRURAL DEVELOPMENT, 1994,Montpellier, France. Proceedings.Montpellier: CIRAD, 1994. P.280-281.

6. PEARSON, C.J. Making it happen:empowering users involves changes inhow we think about work” .Agricultural Science. V. 7, p.23, 1994.

7. CHAMBERS, R. All power deceives.Institute of Development StudiesBulletin, Brighton, v.25, n.2, p.14-26,Apr. 1994. Special issue.

Sérgio Leite Guimarães Pinheiro, eng.agr., M. Sc., cursando doutorado noDepartament of Agriculture. The Universityof Queensland, Qld 4067, Austrália, Fax 61-7-33651177, C.J. Pearson , professor daFaculty of Land and Food Systems, TheUniversity of Queensland, Qld 4072, Austrá-lia, phone 61-7-33652159, Fax 61-7-33651177e S. Chamala, professor da Faculty of Land

and Food Systems, The University ofQueensland, Qld 4072, Austrália, phone 61-7-33652159, Fax 61-7-33651177.

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REGISTRO

Rhodia Agro e HortecRhodia Agro e HortecRhodia Agro e HortecRhodia Agro e HortecRhodia Agro e Hortecpromovem dia de campopromovem dia de campopromovem dia de campopromovem dia de campopromovem dia de campo

sobre novas tecnologias emsobre novas tecnologias emsobre novas tecnologias emsobre novas tecnologias emsobre novas tecnologias emhortifrutigranjeiroshortifrutigranjeiroshortifrutigranjeiroshortifrutigranjeiroshortifrutigranjeiros

Numa parceria entre a RhodiaAgro e a Hortec, empresa especi-alizada em tecnologia rural e desen-volvimento de sementes híbridas dehortifrutigranjeiros, no final de no-vembro foi realizado na estação agrí-cola experimental da Hortec, emJarinu, Estado de São Paulo, um“Show Field” para apresentar aos pro-dutores, técnicos e jornalistas as maisavançadas tecnologias para o plantiode hortaliças e flores.

Entre as técnicas demonstradasestão a hidroponia, irrigação por go-tejamento e microaspersão, produ-ção em estufas e o que de mais mo-derno e tecnológico é desenvolvidoem países com tradição neste seg-mento, como Israel. Também foramapresentados produtos diferenciados,como nove cores diferentes de pi-mentões, tomate longa vida, (comduração em torno de 30 dias), melan-cia sem sementes cultivadas em es-tufas e tutoradas, novas espécies dealfaces (inclusive uma com coloração

marrom) e cultivares de milho doce,especiais para a produção de milhoverde.

Segundo dados dos técnicos daHortec, 70% do consumo de alface noBrasil é do tipo crespa. Esta alface é apreferida dos restaurantes e lanchone-tes porque faz mais volume e evita oescorrimento da maionese, principal-mente nos hamburguers. A nova culti-var lançada é a Crespa Roxa Rubra,uma planta grande que apresenta 20%de desenvolvimento mais rápido doque as outras cultivares; em 28 diasdepois da muda já está pronta para sercolhida.

No cultivo protegido, o que maischamou a atenção foi o uso de umplástico de dupla face nos canteiros.Este plástico, importado de Israel, éideal para controlar os inços e mantera umidade no solo. Na parte externa oplástico é preto para evitar a entradade luz, e assim, controlar o crescimen-to de inços na área protegida; na parteinterna é cinza prata.

Para quem estiver interessado emmilho doce, a Hortec apresentou culti-vares que foram importadas e estãosendo testadas na Estação de Jarinu:os híbridos GSS 4644 e PRIMETIME.Contatos com a Hortec podem ser fei-tos no seguinte endereço: Avenida Im-

peratriz Leopoldina, 1.021, 05305-012São Paulo, SP, Fone (011) 832-9304,

Fax (011) 835-9929.Participaram deste “Show Field”

mais de 1.500 produtores e técnicos,todos em busca de novidades paraaplicar em suas propriedades ou le-var informações para as comunida-des de origem.

O evento que teve um investi-mento de US$ 100 mil, segundo JoãoCésar Rando, diretor superintenden-te da Rhodia Agro, “foi uma excelen-te forma de mostrar ao produtorrural o grande negócio que é investirem hortifruti. Hoje para cada hecta-re de hortifruti com tecnologia deponta são necessárias quatro pesso-as. O setor, além de se auto financi-ar, gera atualmente 2,2 milhões deempregos diretos no campo”. ARhodia fornece a Hortec fungicidas einseticidas que são distribuídos den-tro de pacotes técnicos oferecidospela segunda.

A Rhodia Agro detém atualmente7,5% do segmento de defensivos parao mercado de hortifruti, que é esti-mado em US$ 200 milhões por ano.Atua, além do Brasil, na Bolívia,Paraguai e Uruguai, e fechou o anode 1996 com um faturamento de US$92 milhões. A empresa conta com230 funcionários e comercializa 35produtos entre inseticidas,herbicidas, fungicidas e reguladoresde crescimento.

No “Show Field” foram apresentados pimentões com cores diferentes e tomates longavida

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24 Agrop. catarinense, v.10, n.1, mar. 1997

PastagensPastagensPastagensPastagensPastagens

Gramíneas perenes de inverno para o Alto VGramíneas perenes de inverno para o Alto VGramíneas perenes de inverno para o Alto VGramíneas perenes de inverno para o Alto VGramíneas perenes de inverno para o Alto Valealealealealedo Itajaí, Santa Catarinado Itajaí, Santa Catarinado Itajaí, Santa Catarinado Itajaí, Santa Catarinado Itajaí, Santa Catarina

região do Alto Vale do Itajaí, SC,é caracterizada por relevo decli-

voso e pequenas propriedades que ra-ramente ultrapassam 20ha. Nestes es-tabelecimentos a atividade agropecuá-ria é bastante diversificada, destacan-do-se a produção leiteira que está pre-sente em aproximadamente 87% daspropriedades (1). De maneira geral, aprodutividade média de leite da regiãoé baixa (cerca de 1.152 litros/vaca/ano).Dentre os vários fatores que concor-rem para isso, destaca-se o sistema dealimentação, que é baseado no rendi-mento forrageiro da pastagem natura-lizada. Esta concentra sua produção naprimavera-verão, obrigando os agricul-tores a praticar a suplementação ali-mentar principalmente no outono-in-verno. E, para isso, a quase totalidadedos produtores utiliza gramíneasanuais de inverno, principalmente aveiae azevém, que produzem mais no in-verno e primavera, mas não contor-nam perfeitamente o problema do défi-cit alimentar no outono. Cabe salientarainda que apesar de essas espéciespossuírem elevado valor forrageiro, sãopastagens que anualmente necessitamser semeadas e normalmente utilizamo preparo convencional do solo, o quefacilita as perdas por erosão. Traba-lhando neste contexto, a EPAGRI, Es-tação Experimental de Ituporanga, SC,avaliou o rendimento forrageiro, adap-tação edafoclimática e qualidade degramíneas perenes de inverno comouma alternativa para os pecuaristas,levando em conta a redução dos custosde implantação por não necessitaremsemeadura todo ano, e também pela

possibilidade de produzirem pasto maiscedo no outono. O ensaio foi conduzi-do por três anos (1992 a 1995) e testoudiversas cultivares de festuca (Festucaarundinacea Schreb.), faláris (Phalarisaquatica L.), cevadilha (Bromuscatharticus Vahl.) e aveia perene(Arrhenatherum elatius L.) (Tabela1), efetuando-se cortes com moto-se-gadeira de parcelas numa freqüênciade seis semanas, mantendo-se resí-duo de 10cm de altura do solo.

Rendimento de forragem

Na Tabela 1 observam-se maiores

rendimentos para as festucas, os quaisnão diferiram estatisticamente entresi. Logo abaixo das festucas, aparececom destaque a Phalaris sp. (ecotipo88373) e, por último, com rendimentosinferiores, Arrhenatherum elatius L.(aveia perene) e quatro cultivares defaláris. A cevadilha produziu pouco(2.260kg/ha de matéria seca) e nãopersistiu na área após o primeiro anode avaliação. Pelo fato de essas espéci-es serem perenes, esperava-se um ren-dimento maior de forragem. Em expe-rimento conduzido no mesmo local des-te trabalho, foram obtidos rendimentode 6.213kg/ha de matéria seca para

O experimento na Estação Experimental de Ituporanga, no inverno do ano em quefoi implantado

Jefferson Araujo Flaresso, José Lino Rosa, Celomar Daison Grosse Edison Xavier de Almeida

A

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PastagensPastagensPastagensPastagensPastagens

mais ameno, o que favorece não só orendimento das pastagens perenes deinverno como também sua persistên-cia. Em termos de fertilidade do solo, ecom base nas análises de solo, detecta-ram-se, principalmente nos dois pri-meiros anos do experimento, teoresbaixos de fósforo e potássio, o que cer-tamente limitou o rendimento dasgramíneas testadas. Estes aspectos in-dicam a possibilidade de essas espéciesapresentarem potencial para atingirmaiores rendimentos nas condições doAlto Vale do Itajaí, em situações favo-ráveis de clima, solo e manejo.

Distribuição estadual do ren-dimento de forragem

Tendo em vista o problema de es-cassez de forragem no período outonal,destaca-se na Figura 1 a distribuiçãoanual da produção de matéria seca dasespécies testadas. Todas as cultivaresde festuca apresentaram excelente dis-tribuição da produção de forragem noano, com destaque para o outono com40,8% do rendimento total, bem comoo inverno e a primavera, respectiva-mente, com 17,9 e 17,2%. O rendimen-to de verão (23,9%) foi expressivo, masnão exerce muita importância, por serum período em que se recomenda dife-rir a pastagem para que a mesma acu-mule reservas e rebrote com vigor nooutono seguinte (Figura 1). Com rela-ção à faláris ecotipo 88373, observa-se,na Figura 1, que apresentou tendênciasemelhante às da festuca. Em contra-partida, as outras cultivares de falárisapresentaram comportamento diferen-te, com destaque para a produção deprimavera com 40,3% do rendimentototal, seguido pelas produções de inver-no, outono e verão. A aveia pereneapresentou comportamento semelhan-te ao das faláris, concentrando aindamais a produção na primavera (Figura1). Trabalhos nesta linha conduzidosno Planalto do Paraná encontraramresultado diverso ao deste, ou seja,baixa produção no outono de cultivaresde festuca e concentração da produçãono inverno e primavera (3). Em contra-partida, no Planalto Catarinense asfestucas apresentam tendência seme-lhante ao deste trabalho, enquanto queas faláris e a aveia perene foram dife-

Tabela 1 - Rendimento de matéria seca (kg/ha) de gramíneas perenes de invernono Alto Vale do Itajaí, Santa Catarina. Médias de três anos (1992 a 1995)

Rendimento MSGramínea Cultivar

(kg/ha)

Festuca arundinacea KY 31 4.734 a(A)

Festuca arundinacea IPZ Farroupilha 4.342 aFestuca arundinacea Tacuabé 4.313 aFestuca arundinacea 106 4.163 aFestuca arundinacea 105 4.081 aFestuca arundinacea EEL 3.939 aFestuca arundinacea 101 3.927 aPhalaris sp. Ecotipo 88373 3.775 bArrhenatherum elatius IPZ Vacaria 2.907 cPhalaris aquatica 206 2.692 cPhalaris aquatica IPZ Cinqüentenário 2.453 cdPhalaris aquatica 201 1.795 dPhalaris aquatica 203 1.735 d

(A) Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si (Duncan 5%).

Figura 1 - Distribuição estacional do rendimento de matéria seca (% emrelação ao total) de gramíneas perenes de inverno no Alto Vale do Itajaí,

Santa Catarina. Médias de três anos (1992 a 1995)

festuca cultivar Ky 31 (2). Já na regiãodo Planalto do Paraná, o rendimentomédio de nove cultivares de festucavariou de 2.275 a 6.809kg/ha (3), en-quanto que no Planalto Catarinenseos rendimentos obtidos apresentamvalores desde próximos ao deste tra-

balho (4), até valores médios de8.000kg para festucas, 7.400 parafaláris, 8.000 para aveia perene e6.700kg para brômus. As condições doPlanalto Catarinense são mais favo-ráveis que as do Alto Vale do Itajaí emtermos de clima, especialmente verão

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PastagensPastagensPastagensPastagensPastagens

Tabela 2 - Distribuição estacional de Proteína Bruta (PB) e Nutrientes Digestíveis Totais (NDT%), de gramíneas perenes de inverno noAlto Vale do Itajaí, Santa Catarina. Média de três anos (1992 a 1995)

Outono Inverno Primavera Verão Média anual

Gramíneas PB NDT PB NDT PB NDT PB NDT PB NDT(%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%)

1 - Festuca KY 31 17,3 57,7 18,2 65,9 15,5 60,1 13,4 40,1 16,1 55,92 - Festuca ‘Farroupilha’ 18,8 57,3 18,8 64,5 16,1 57,2 13,6 41,8 16,8 55,23 - Festuca 101 18,4 56,2 18,7 64,7 16,4 57,8 12,9 40,4 16,6 54,84 - Festuca 105 17,7 57,2 18,1 63,6 16,4 59,0 12,9 36,7 16,3 54,15 - Festuca 106 18,0 56,0 17,9 63,8 16,2 56,3 13,6 44,7 16,4 55,26 - Festuca EEL 17,9 58,4 18,1 67,0 16,4 58,9 12,7 43,8 16,3 57,07 - Festuca ‘Tacuabé’ 19,4 56,1 18,0 63,0 16,2 56,3 11,9 40,6 16,4 54,08 - Phalaris 206 24,9 58,1 22,7 66,6 20,0 57,9 12,4 32,6 20,0 53,89 - Phalaris 201 26,8 58,5 24,4 63,4 18,9 57,9 13,5 27,3 20,9 51,710 - Phalaris ‘Cinqüentenário’ 25,3 59,6 21,8 64,6 19,6 57,8 12,9 30,4 19,9 53,111 - Phalaris 203 25,3 62,0 22,9 67,7 19,5 56,7 13,2 31,7 20,2 54,512 - Phalaris (ecotipo 88373) 23,5 59,2 23,0 63,6 21,1 57,8 14,1 40,3 20,4 55,213 - Arrhenatherum ‘Vacaria’ 21,3 61,6 21,9 60,9 19,6 58,9 11,2 34,0 18,5 53,8

rentes, concentrando sua produçãorespectivamente no outono e prima-vera (5).

Qualidade da forragem

Na Tabela 2 constam os dados mé-dios de três anos, por estação, de pro-

teína bruta (PB%) e nutrientesdigestíveis totais (NDT%). Observan-do-se a média anual destacam-se valo-res que demonstram alta qualidade daforragem, o que é uma característicainerente às forrageiras de inverno (6).Com relação à distribuição, obser-vam-se teores mais elevados de PB e

Figura 2 - Persistência de gramíneas perenes de inverno no Alto Vale do Itajaí, SantaCatarina, ao final do terceiro ano de avaliação. Médias de cinco

repetições

NDT justamente no período desejadode outono e inverno (Tabela 2). Namedida em que o ano foi avançando,os valores desses parâmetros tende-ram a decrescer, como conseqüênciado envelhecimento e aumento do teorde fibra dos tecidos no período deprimavera e verão (Tabela 2). Cabesalientar que, no caso das faláris, hápossibilidade de apresentarem teoresvariáveis de alcalóides nas folhas,ocasionando redução da sua aceitaçãopelos animais.

Persistência da pastagem

Quanto às pastagens perenes, apersistência (duração da pastagem emdeterminada área) é um requisito fun-damental na busca do máximo apro-veitamento de seu potencial, com con-seqüente diluição dos custos de im-plantação. Na Figura 2 encontram-seos percentuais de sobrevivência obti-dos no quarto ano após o plantio.Observa--se que as cultivares defestuca apresentaram excelente per-sistência, com uma média de 99,3%,devido a que 50% das plantas apresen-taram infecção pelo fungo endofíticoAcremonium coenophialum, o qualapresenta correlação positiva com ovigor da planta. A faláris ecotipo 88373foi semelhante às festucas, com 100%

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PastagensPastagensPastagensPastagensPastagens

de forragem no princípio do outono.Quanto à altura de corte ou pastejo,deve-se respeitar os 8 a 10cm, emintervalos de 30 dias no outono eprimavera e 40 dias para o inverno.No caso do pastejo, este pode seriniciado quando as plantas atingiremaltura média de 30cm. É interessantea possibilidade de uso em consorciaçãocom leguminosas, tais como trevobranco, trevo vermelho e cornichão,que proporcionam boa distribuiçãoestacional de forragem, aumentam aqualidade da dieta e ainda fornecemnitrogênio à gramínea via fixaçãosimbiótica.

Especificamente com relação à fes-tuca, é conveniente destacar sua susce-tibilidade à infecção por um fungo en-dofítico denominado Acremoniumcoenophialum (5). A presença destemi-croorganismo no tecido da plantapode provocar redução do consumo edistúrbios fisiológicos nos animais.Entretan-to, a interação ocorre atra-vés de uma simbiose mutualística tor-nando a planta mais resistente a con-dições adversas de clima, solo, pragase doenças. Para reduzir ou evitar oproblema, reco-menda-se a consor-ciação com leguminosas, utilização desementes livres do fungo ou com bai-xa percentagem de infecção.

de persistência. As outras quatro cul-tivares de faláris apresentaram baixapersistência, com média de 21,5%,semelhante à da aveia perene. Obrômus não persistiu na área, com-portando-se como planta anual emnossas condições, e apresentando boacapacidade de ressemeadura natural(Figura 2).

Considerações finais

Em termos de produção no outono--inverno, qualidade e persistência nascondições do Alto Vale do Itajaí, SantaCatarina, pode-se destacar as seguin-tes espécies e cultivares: Festucaarundinacea Schreb. cultivares Ky 31,IPZ Farroupilha, Tacuabé, 106, 105,EEL e 101, bem como Phalaris sp.ecotipo 88373. Como recomendaçõesfinais, salienta-se que essas gramíneassão exigentes em fertilidade do solo,requerendo calagem e adubação. Comrelação ao manejo, requerem pastejoleve no ano de implantação, uma vezque apresentam lento desenvolvimen-to inicial. É aconselhável que, apósmeados de novembro, seja efetuado odiferimento da pastagem, possibili-tando que a mesma acumule reservaspara sobreviver ao verão e, assim,oferecer boa quantidade e qualidade

Literatura citada

1. RAMOS, M.G.; AGOSTINI, I.; VETTERLE,C.P.; HILLESHEIM, A.; SEIFFERT,N.F. Sistemas reais de produção deleite nas condições de clima Cfa emSanta Catarina. I. Diagnóstico dinâmi-co, metodologia e descrição dos siste-mas. Florianópolis: EMPASC, 1990. 99p.(EMPASC. Boletim Técnico, 76).

2. FLARESSO, J.A.; ALMEIDA, E.X. de. In-trodução e avaliação de forrageiras tem-peradas no Alto Vale do Itajaí, SantaCatarina. Revista da Sociedade Brasi-leira de Zootecnia, Viçosa, v.21, n.2,p.309-319, 1992.

3. SILVA, M.L. da; MACHADO, N.;NAGORNNY, J.; SOUZA, G.F. de.Forrageiras para o primeiro planalto doParaná. Londrina: IAPAR, 1982. 53p.(IAPAR. Circular, 26).

4. FISCHER, R.G.; DALL'AGNOL, M. Com-portamento produtivo de gramíneasperenes de inverno no PlanaltoCatarinense. In: REUNIÃO ANUALDA SOCIEDADE BRASILEIRA DEZOOTECNIA, 22., 1985, BalneárioCamboriú, SC. Anais. BalneárioCamboriú: SBZ, 1985. p.279.

5. VIDOR, M.A. Festuca: uma forrageira pe-rene de inverno para o Planalto Cata-rinense. Agropecuária Catarinense,Florianópolis, v.5, n.1, p.40-43, mar.1992.

6. FREITAS, E.A.G. de; DUFLOTH, J.H.;GREINER, L.C. Tabela de composiçãoquímico-bromatológica e energética dosalimentos para animais ruminantes emSanta Catarina. Florianópolis: EPAGRI,1994. 333p. (EPAGRI. Documentos,155).

Jefferson Araújo Flaresso , eng. agr.,M.Sc., Cart. Prof. no 8.196-D, CREA-SC,EPAGRI/Estação Experimental deItuporanga, C.P. 121, Fone (047) 833-1409,Fax (047) 833-1364, 88400-000 Ituporanga,SC; José Lino Rosa, eng. agr., M.Sc., Cart.Prof. no 46.823-D, CREA-SC, EPAGRI/Esta-ção Experimental de Lages, C.P. 181, Fone(049) 224-4400, Fax (049) 222-1957, 88502-970 Lages, SC; Celomar Daison Gross ,eng. agr., M.Sc., Cart. Prof. no 490-D CREA-SC, EPAGRI/Regional de Rio do Sul, C.P.73, Fone (047) 821-2879, Fax (047) 821-2942,89160-000 Rio do Sul, SC e Edison Xavier deAlmeida, eng. agr., M.Sc., Cart. Prof. n o

5.373-D, CREA-SC, EPAGRI/Estação Expe-rimental de Ituporanga, C.P. 121, Fone (047)833-1409, Fax (047) 833-1364, 88400-000Ituporanga, SC.

Festuca e faláris, bom rendimento e qualidade de forragem no período de outono-inverno

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NOVIDADES DE

MERCADO

Vídeos técnicosVídeos técnicosVídeos técnicosVídeos técnicosVídeos técnicosAntimastíticoAntimastíticoAntimastíticoAntimastíticoAntimastíticoOs médicos veterinários já

podem contar com um aliado dealta tecnologia no combate àmastite: trata-se de GentocinMastite 250mg , que acaba deser coloca-do no mercado pelaSchering-Plough Veterinária. O

novo medicamento, antibiótico deamplo espectro de ação, apresen-ta o maior nível de concentraçãode gentamicina entre os produtosexistentes, tornando-se, dessa ma-neira, um antimastítico “carga má-xima”.

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Agricultores que desejam terbons resultados em suas planta-ções devem estar atentos às novastécnicas disponíveis no mercado.Minimizar os custos de produção éuma regra básica em qualquer ati-vidade, principalmente em termosde estabilidade econômica e aber-tura de mercado. Com o objetivode atender às necessidades dessesprofissionais, a Nitta’s Comercial& Vídeo está lançando três impor-tantes trabalhos: Tecnologia deaplicação de herbi--cidas pós-emer-gentes, Grãos ardidos: problemase soluções e Equipamentos de pro-teção individual para o manejo se-guro de agrotóxicos.

A aplicação de herbicidas é,hoje, o meio mais utilizado poragricultores para combater as pra-gas que atacam as plantações. Mas,para obter resultado satisfa-tórioao aplicar os herbicidas, são neces-sários alguns cuidados e técnicasapropriadas. A fita “Tecnolo-gia deaplicação de herbicidas pós-emer-gentes”, elaborada pelo engenhei-ro agrônomo Robson O. Souza, daFundação Cruz Alta, RS, explicacomo obter resultados, sem des-perdícios, na aplicação de

herbicidas. Entre os pontos fun-damentais abordados no vídeoestão umidade relativa do ar eoutros fatores como lumino-sidade e temperatura, qualida-de de aplicação, importância daágua e escolha de bicos corretospara aplicação.

Outro ponto importante queestá diretamente ligado ao su-cesso da atividade é a escolhadas sementes. Tomando comobase as dificuldades encontra-das pelos agricultores na horade escolher o melhor híbrido, foielaborada a fita: Grãos ardidos:problemas e soluções. Este vídeodemonstra as pesquisas desen-volvidas para a conscientizaçãodos produtores sobre a impor-tância de adquirir grãos de qua-lidade.

O manejo de agrotóxicos,produtos químicos que podemcomprometer a qualidade dosalimentos, a saúde dos trabalha-dores e o meio ambiente, é abor-dado no vídeo Equipamentos deproteção individual para o ma-nejo seguro de agrotóxicos. Afita traz dicas sobre o manejoseguro de agrotóxicos.

A área de Saúde Pública daZeneca Brasil Ltda está lançan-doLamthrin, carrapaticida e inse-ticida de largo espectro. Lamthriné um produto de alta eficiência,bastando pequenas doses para eli-minar todas as fases do ciclo devida dos carrapatos, mesmo osmais resistentes.

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sil a mais moderna tecnologiaem mourão de aço, testada eaprovada na Europa, EstadosUnidos e Austrália, substituin-do com inúmeras vantagens osmourões de madeira e de con-creto. Inédito no Brasil, o mourãode aço é fabricado em aço altocarbono resistente à ação dotempo, ao fogo e ao impacto deanimais. Possui pinturaeletrostática, a mesma utilizadana indústria automobilís-tica, ga-rantindo uma vida útil maior.Ao contrário do mourão de ma-deira ou concreto, o mourão deaço já vem furado e elimina anecessidade de cavar buracosno chão. Pesa menos que osoutros e é fácil de transportar,além de ocupar menos espaço deestocagem.

O mourão de aço é utilizadoem qualquer tipo de cerca, comdiferentes distanciamentos entrefios e vários tipos de arame, pro-tegendo animais de todos os ta-manhos. O novo mourão de aço daGerdau dura, pelo menos, duasvezes mais do que o tradicional, ouseja, cerca de dez anos. O preço éo mesmo do mourão de madeira(em torno de R$ 5,00), mas consi-derando a agilidade de seu siste-ma de montagem o custo acabasendo a metade do tradicional.

Para fabricar o mourão, aGerdau desenvolveu protótiposque foram testados em fazendasnas regiões brasileiras de maiorsignificado no segmento da pecu-ária, analisando também a opi-nião dos produtores. O produtoestá sendo distribuído em todo opaís.

Carrapatos e mosca-do-chifreCarrapatos e mosca-do-chifreCarrapatos e mosca-do-chifreCarrapatos e mosca-do-chifreCarrapatos e mosca-do-chifre

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Produção agroecológica: uma ótima alternativaProdução agroecológica: uma ótima alternativaProdução agroecológica: uma ótima alternativaProdução agroecológica: uma ótima alternativaProdução agroecológica: uma ótima alternativapara a agricultura familiarpara a agricultura familiarpara a agricultura familiarpara a agricultura familiarpara a agricultura familiar

Reportagem de Paulo Sergio Tagliari

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

A suposição, há algum tempo atrás, de que a produçãoorgânica ou ecológica de alimentos fosse puro modismo ouação de sonhadores, não se confirmou. Pelo contrário, hojeestá se tornando um negócio que envolve milhões dedólares mundo afora. No Brasil, após um período deestagnação na década de 80, a produção e comercializaçãode alimentos orgânicos, mercê de preços favoráveis emrelação aos produtos convencionais, está retomando ocaminho aceleradamente. Um aspecto importante, de gran-de alcance social, sobressai na produção orgânica: em suagrande maioria, ela é realizada por pequenos agricultores,com mão-de-obra familiar, gerando emprego no setor. Éuma saída para a crescente descapitalização que vemocorrendo na agricultura nos últimos anos.

o final da década de 60 e início dosanos 70, surgiu em todo o mundo

o movimento ecológico, um verdadeirobrado de alerta sobre a contaminaçãoquímica, a erosão do solo e a poluiçãoda natureza, que atingiam uma escalaalarmante em todas as partes do globoterrestre. Surgiram pessoas e entida-des, em vários países, defendendo apreservação do meio ambiente e a pro-teção do homem frente o abuso namanipulação dos produtos agroquímicose industriais. Assim, tornou-se famosoo livro “Primavera Silenciosa”, editadopela primeira vez em 1962, no qual abióloga e escritora americana RachelCarson denunciava a utilizaçãoindiscriminada dos agrotóxicos. NoBrasil, na década de 70, o engenheiroagrônomo José Lutzemberger ficou lar-gamente conhecido também pelas suasdenúncias contra a poluição química ea destruição do meio-ambiente. E, nadécada de 80, dentre diversas entida-des importantes, surge o Greenpeace,uma das mais atuantes organizaçõesnão-governamentais, que com seu in-trépido navio, o Rainbowarrior, procu-ra estar presente nas mais diversasregiões do planeta, revelando e tentan-do impedir desastres ecológicos de todaa sorte.

O movimento ecológico, como temsido divulgado, parece ser algo da telada televisão, uma coisa distante, cheiade imagens fantásticas, como o derra-mamento de petróleo no oceano, oumesmo a detonação da bomba atômicano Atol de Mururoa no Pacífico. Po-rém, pouco a pouco, as lições aprendi-das com as questões ecológicas na esfe-ra mundial, e mesmo nacional, têmlevado um número maior de pessoas egrupos organizados a praticarem osensinamentos da ecologia utilizandotécnicas práticas e eficazes, tambémem nível local, em vários setores, como,

N

Alimentos sem agrotóxicos melhoram a renda e a saúde da famíliado pequeno agricultor

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30 Agrop. catarinense, v.10, n.1, mar. 1997

por exemplo, a agricultura. O Progra-ma de Manejo e Conservação do Solo eda Água, popularmente conhecido comoPrograma de Microbacias, que busca odesenvolvimento rural sustentável, éuma das ações mais concretas no sen-tido da proteção do meio ambiente járealizada no Brasil. No rastro desta ede outras bem sucedidas experiências,agricultores isolados ou mesmo grupose associações de produtores começam apraticar uma agricultura mais susten-tável, menos agressora do meio ambi-ente. As próprias universidades e facul-dades de agronomia, por exemplo, jácomeçam a modificar e ampliar as dis-ciplinas lecionadas, abrindo espaço paraos assuntos ligados à agricultura orgâ-nica, ecológica. Além disso, aEMBRAPA, as empresas estaduais depesquisa e extensão rural, também es-tão procurando aprimorar os seus tra-balhos, treinando seus técnicos nosconceitos da agricultura sustentável,para que possam orientar melhor osagricultores e encontrar respostas aosanseios do homem rural e dos consumi-dores urbanos. Por sua vez, os agricul-tores passam a utilizar quantidadescada vez menores dos caros insumosindustriais, e iniciam a usufruir e ma-nejar estrategicamente os recursosnaturais existentes nas suas proprie-dades agrícolas, com vistas, portanto, areduzir os hoje crescentes custos deprodução. Estes produtores, que prati-cam esta agricultura diferenciada, maisviável econômica e socialmente, pro-duzem alimentos mais saudáveis, ditosorgânicos ou ecológicos, de grande de-manda atual pelos consumidores. E umfato não menos importante começa atomar forma, ou seja, o terrível êxodorural deixa de existir, ou, no mínimo,enfraquece, com a permanência de maisfamílias no campo.

A importância da agricultura famili-ar e a fixação do homem ao campo éinquestionável. Na Região Sul, queengloba os Estados de Santa Catarina,Rio Grande do Sul e Paraná, por exem-plo, mesmo sem crédito, os pequenosagricultores, com propriedades de até50ha, produzem cerca de 80% dos ali-mentos consumidos pela população.Entre os alimentos ofertados estão:carne, leite, suínos, aves, milho, feijão,

frutas diversas (uva, pêssego,banana, etc.), e várias hortali-ças (tomate, cebola, alho, alfa-ce, repolho, couve-flor, batatae outras). Além disso, a agricul-tura familiar é o setor que maisproduz empregos no meio ru-ral. Com 30% das terrasagricultáveis e somando 74%dos estabelecimentos rurais, aagricultura familiar concentra80% da mão-de-obra e garantemuito mais postos de trabalhopor unidade de área que a agri-cultura patronal.

Selo Verde

Esta agricultura diferencia-da ou alternativa, também cha-mada de sustentável, orgânica,biodinâmica ou, mais propria-mente, ecológica, está se difun-dindo em todo o mundo. Para seter uma idéia, segundo recenteedição da revista Exame, citan-do a conceituada publicação in-glesa The Economist, a produ-ção de alimentos orgânicos estáflorescento na Europa. Paísescomo a Suécia, Dinamarca ealguns Estados da Alemanhaestão comprometidos a dedicar,pelo menos, 10% de suas terrasaráveis à produção de alimen-tos orgânicos até o ano de 2000.Já a meta britânica é triplicarsua área de cultivo de produtosecológicos para 90 mil hecta-res. A revista Agroanalysis, daFundação Getúlio Vargas, naedição de dezembro de 1996,em artigo sobre a produção or-gânica mundial, revela que naEuropa, em 1993, já havia 600mil hectares destinados ao cul-tivo orgânico, em 15 mil estabe-lecimentos agrícolas. Na Fran-ça, diz a revista, 16% dos fran-ceses consomem regularmenteprodutos livres de agrotóxicos:frutas, legumes, carnes, produ-tos lácteos, etc. Nos EstadosUnidos, segundo estimativas doUSDA - Departamento de Agri-cultura (equivale ao nosso Mi-nistério da Agricultura), em

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As feiras agroecológicas já se espalham nasprincipais capitais brasileiras

O pequeno agricultor Silvio Farias, domunicípio de Petrolândia, SC, um dos

pioneiros no cultivo da cebola agroecológica

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Agrop. catarinense, v.10, n.1, mar. 1997 31

sil cerca de R$ 1 milhão/ano. Em SantaCatarina, nos últimos dois a três anos,várias experiências agroecológicasvêm se consolidando. Alguns dessesexemplos a revista AgropecuáriaCatarinense traz agora para seus leito-res.

CRER para ver

Encravada no meio de um vale, nasubida da serra catarinense, em dire-ção a Lages, localiza-se a pequenacidade de Leoberto Leal, que faz parteda região da Grande Florianópolis. Ovisitante que passa na localidade nãonotaria nenhuma característica espe-cial que a diferenciasse de outros mu-nicípios congêneres, a menos que des-se uma volta no campo e lá, então, iriaencontrar algumas novidades. A come-çar pela mudança de visual nas lavou-ras dos agricultores que, agora, graçasaos trabalhos do Programa Microbacias,coordenados localmente pelo engenhei-ro agrônomo Carlyle Holl Cirimbelli,da EPAGRI, estão mais protegidas con-tra a erosão. A presença dos adubosverdes, a construção de terraços, oplantio em curvas de nível e a práticada rotação de culturas estão transfor-mando a fertilidade dos solos e melho-rando a capacidade física das terras.

Além disso os produtores tambémcomeçam a diversificar os seus produ-tos, obtendo mais renda. Para se teruma idéia das mudanças, desde 1994já foram trabalhadas cerca de trêsmicrobacias (ver definição no quadro“Entenda os termos”), atingindo hoje541 propriedades agrícolas que pas-sam a adotar práticas de conservaçãodo solo e da água que antes não exis-tiam e sobre as quais nem sequertinham conhecimento.

Um importante resultado atingi-do pelo município é a utilização inten-siva de adubos verdes (ver tambémdefinição no quadro) em cerca de665ha, totalizando mais de 12t desementes distribuídas nas microbaciastrabalhadas. Um dos próximos desafi-os, segundo relata o técnico Carlyle, éincentivar o plantio de espécies flo-restais nativas para recompor a flo-resta original, protegendo o solo e asnascentes de água. Também as espé-cies exóticas, para fins comerciais oude utilização como lenha ou madeirade construção na propriedade, estãosendo consideradas, através do Proje-to Reflorestar, com o apoio e incenti-vo do Governo do Estado, por meio daSecretaria de Estado do Desenvolvi-mento Rural e da Agricultura.

Mas uma outra novidade também

1994 havia cerca de 457 mil hectaresdedicados à produção orgânica, contra222 mil em 1991. Já a revista NaturalFoods Merchandiser, de junho de 1996,revela que as vendas de produtos orgâ-nicos atingiram 2,8 bilhões de dólaresem 1995, um incremento de 21,7% emrelação a 1994. Em 1996, alunos demestrado do curso de Agroecossistemasdo Centro de Ciências Agrárias da UFSC- Universidade Federal de Santa Cata-rina - pesquisaram a receptividade doconsumidor de Florianópolis ahortifrutigranjeiros produzidos semagrotóxicos. Das 150 pessoas entrevis-tadas em sete supermercados da capi-tal, 77% disseram estar dispostas aadquirir estes produtos, apesar delescustarem, em média, cerca de 20 a 30%mais do que os convencionais.

Em função da crescente importân-cia da produção orgânica no mundo eno Brasil, o Ministério da Agriculturacriou recentemente uma comissão paraviabilizar um selo de certificação (“seloverde”) como forma de incentivo à agri-cultura orgânica, a exemplo do que jáocorreu na Argentina. Desde 1992, in-forma a revista Agroanalysis, a Argen-tina adota uma regulamentação para aprodução orgânica, baseada nas nor-mas internacionais da InternationalFederation of Organic AgricultureMovements - IFOAM, organismo mun-dial desse movimento. Empresários egoverno argentinos, atentos às possibi-lidades que o mercado orgânico ofere-ce, formaram um organismo oficial, oPromex (Promoción de Exportacionesno Tradicionales), o qual incentiva osetor, levando produtores e comercian-tes a eventos e feiras internacionais, e,inclusive, pagando parte dos gastos.

No Brasil diversas experiências jáestão frutificando com muito êxito,destacando-se as grandes feiras de pro-dutos agroecológicos de São Paulo, Riode Janeiro, Curitiba e Porto Alegre,isto sem falar em outras formas decomercialização e projetos em diversascidades do país. Conforme, ainda, aAgroanalysis, citando dados do Institu-to Biodinâmico, de São Paulo, primeiraentidade brasileira credenciada inter-nacionalmente a fiscalizar e fornecerselo de certificação orgânica, as feirasorgânicas movimentam no Bra-

Adubos verdes são um dos principais aliados da agricultura orgânica. (Naboforrageiro na propriedade do Sr. Vitor Lolin, em Leoberto Leal, SC)

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está chamando a atenção. Trata-se davermicompostagem, ou seja, o aprovei-tamento de minhocas para a produçãode húmus a partir do esterco de ani-mais. Esta prática está sendo incenti-vada pelo técnico agrícola HélioMusskopf, que chegou à cidade hátrês anos, e começou um trabalho deconscientização dos agricultores para aimportância de práticas agrícolas maissustentáveis, evitando a contaminaçãodo meio ambiente, e mais saudáveispara o homem. Este trabalho tomou onome de Projeto CRER (Centro Regio-nal de Educação Rural), que prevê ain-da a produção de alimentos isentos deagroquímicos. O técnico Hélio é patro-cinado pela Igreja Luterana, e recebetambém um apoio da Prefeitura, traba-lhando de modo harmônico com o Pro-grama Microba-cias.

Conseguindo captar a confiança dosagricultores e lideranças locais, HelioMusskopf incentivou os produtores acriarem a Cooperativa AgropecuáriaLealdade Ltda. - COAPEL, fundada ofi-cialmente em dezembro de 1994, e quejá conta com 53 associados. Recente-mente o município de Leoberto Leal foicontemplado com verba do ProgramaNacional de Agricultura Familiar -PRONAF, e a COAPEL, ajudada peloCentro de Estudos e Promoção da Agri-cultura Familiar - CEPAGRO, ONGcom sede em Florianópolis e que incen-tiva a organização dos agricultores,está preparando um projeto de viabili-dade para construção de uma pequenaindústria de ração e processamento dealimentos, tais como iogurte, sucos,geléias e licores. “A industrializaçãorural e caseira de alimentos represen-ta uma ótima fonte de renda para asfamílias”, aponta Hélio, revelando ain-da que “nos últimos anos mais de 1.000famílias deixaram o município pelabaixa remuneração dos produtos agrí-colas tradicionais da região - cebola,fumo, feijão, leite - e falta de perspecti-vas econômicas”.

Entretanto, com boas perspectivasestá o agricultor João Avelino Leal,que há pouco mais de um ano iniciousua passagem da agricultura tradicio-nal para a agricultura ecológica ousustentável. “Já comecei a notar a dife-rença na minha lavoura. As mudas de

cebola que foram adubadas comhúmus de minhoca são mais re-sistentes a doenças e crescemmais vigorosas”, diz entusiasma-do o produtor, que produz na pro-priedade de 4ha do sogro, e incluicebola, moranguinho, alho porró,framboesa e amora preta. Possuiainda seis cabeças de gado e umterneiro, os quais fornecem o es-terco para a produção de húmus.Os animais, que antes pastavamlivremente, inclusive na beira dosrios e córregos, poluindo as águas,agora são mais controlados, colo-cados em bretes parte do tempo,para que o agricultor possa reco-lher mais facilmente o esterco.João Avelino faz parte daquelegrupo de agricultores inovado-res, que aceitam desafios. Não épara menos, ele foi eleito o pri-meiro presidente da COAPEL.

Outro que está adotando a téc-nica do minhocário é o agricultorVitor Valentim Lohn. Em vez deproduzir o húmus junto ao solo,próximo ou dentro de um galpãoou silo, como faz a maioria, oVitor Valentim resolveu tambéminovar, produzindo em estaleiros, oque lhe permite, num espaço menor,em caixas sobrepostas, conseguir omesmo resultado. Ele possui sete ca-beças de gado bovino e dois terneiros,que produzem esterco mais que sufici-ente para adubar parte de seus 4ha decebola, milho e pastagem. Seguindotambém as indicações do agrônomoCarlyle, ele está fazendo rotação deculturas, e utiliza a ervilhaca comoadubação verde. O professor RickMiller, do Centro de Ciências Agrárias- CCA da Universidade Federal de San-ta Catarina, especialista em Agroe-cologia, e que estava também visitan-do os produtores de Leoberto Leal,mostrou que a ervilhaca possui umaoutra característica positiva para a agri-cultura orgânica, ou seja, ela produz ochamada néctar extra-floral - fora daflor, embaixo das folhinhas que se inse-rem no caule - o que atrai insetos bené-ficos para as plantas, os quais ajudama combater as pragas indesejadas.

E na propriedade de DomingosDesidério Batista, quem cuida do

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Cachoeiras como esta, localizada na serracatarinense, começam a ficar despoluídas pela

ação da agricultura ecológica

minhocário é a esposa, Dona Paulina.Seu Domingos já é um médio produ-tor, com cerca de 102ha de terras,sendo que cultiva em 20ha cebola,fumo, milho, feijão, mandioca e pos-sui uma pequena horta para o consu-mo familiar. Ele confessa ter colhidobulbos de cebola de 400 a 500g à basede húmus, sem utilizar uréia - aduboquímico nitrogenado - somente fazen-do a adubação corretiva, e de quebranão teve nenhuma doença nem pragana lavoura. Com cerca de 20 cabeçasde gado bovino, o produtor chega atéa reclamar da quantidade enorme deesterco produzido, com sobras, para ominhocário. Sua conversão para aagricultura ecológica trouxe muitosbenefícios, e ele aponta um em espe-cial: um dos seus genros já não podiatrabalhar mais na agricultura, devidoà intoxicação por agrotóxicos, ao lon-go de vários anos trabalhando com asculturas de cebola e fumo. Agora,com a agricultura orgânica este agri-cultor já está retornando ao trabalhona lavoura, com mais esperança doque nunca.

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Cebola agroecológica

Proteger a saúde do trabalhadorrural é um dos principais objetivos deum projeto pioneiro de pesquisa quepretende revolucionar os métodos tra-dicionais de produção de cebola naregião do Alto Vale do Itajaí, em SantaCatarina. O Projeto ManejoAgroecológico da Cultura da Cebola ,desenvolvido em parceria pela EPA-GRI e CCA/UFSC, também quer pro-mover a produção de alimentos sau-dáveis, isentos de agrotóxicos e adu-bos químicos, com alto padrão comer-cial, e ainda preservar e restaurar osrecursos naturais da região, hoje bas-tante degradados em função do siste-ma de produção vigente. “É um gran-de desafio, mas não podemos esperarmais tanto tempo, os estragos no meioambiente e na saúde do agricultortêm sido terríveis”, denuncia o enge-nheiro agrônomo Arno Zimmermann,chefe da Estação Experimental deItuporanga, local onde a maior partedas pesquisas estão sendo realizadas etambém onde surgiram, nos últimosdez a quinze anos, importantes desco-bertas em relação ao cultivo da cebo-la. “Agora está na hora de direcio-narmos nossos esforços de pesquisana busca de técnicas alternativas aouso indiscriminado de agroquímicos

(onde se incluem os agrotóxicos e adu-bos químicos industriais)”, enfatiza otécnico, e informa ainda que recentelevantamento feito pela SecretariaEstadual da Saúde, na região, mostrouum dado assustador: mais de 50% dosprodutores rurais estão contaminadospor inseticidas do grupo dos organo-fosforados e carbamatos, e, o que épior, muitos não percebem esta intoxi-cação. O quadro é ainda mais sério doque se pensa, pois os testes feitos nãodetectam outros tipos de pesticidasagrícolas bastante tóxicos e em largouso pelos produtores, significando quea contaminação é bem maior.

Quanto às pesquisas propriamenteditas, elas envolvem testes com formu-lações caseiras para combater as prin-cipais pragas e doenças da cebola, ava-liação de cultivares (variedades) decebola, práticas de manejo, por exem-plo, rotação de culturas utilizando adu-bos verdes, culturas consorciadas euso de adubos orgânicos, como estercode bovinos, suínos, aves, biofertili-zantes e compostagem, entre outrasinvestigações científicas. Arno Zimmer-mann explica que o projeto tem sidoinovador também no aspecto de parti-cipação, quer dizer, as investigaçõessão desenvolvidos paralelamente naEstação Experimental e em proprieda-des de alguns agricultores com espírito

inovador. Alguns destes já vêm traba-lhando no Programa de Microbacias, ese dispuseram a experimentar pionei-ramente as novas técnicas, evidente-mente com a supervisão dos pesquisa-dores. A participação também envolveos extensionistas, técnicos das prefei-turas da região produtora, e conta como apoio da Associação Nacional dosProdutores de Cebola - ANACE, deuma ONG ambiental, a Associação dePreservação do Meio Ambiente do AltoVale do Itajaí - APREMAVI, e de umaONG de consumidores, o Comitê deDefesa do Consumidor Organizado -DECONOR.

“Não usei herbicida na minha la-voura orgânica e estou contente, poisas ervas daninhas não cresceram nomeio da cebola”, comemora Sílvio Fa-rias, agricultor do município dePetrolândia, vizinho à Ituporanga, eum dos pioneiros do projeto da cebolaagroecológica. Ele conta também quena lavoura tradicional, onde aplicou oherbicida, ocorreu paralisação no cres-cimento da cebola, tornando-a maisfraca, favorecendo o ataque de doençase pragas. Opinião semelhante tem o Sr.Lourival Böes que mora também emPetrolândia, na divisa com Ituporanga:“Temos que evitar os venenos paramatar o mato e o piolho, pois estamossecando o nosso solo”, sentencia, eargumenta: “Minha cebola pode darmais miúda que a convencional, mas adespesa vai ser menor, eu quero apos-tar nisso.”

A constatação simples, prática eobjetiva destes agricultores é reforça-da por vários estudos científicos nomundo inteiro, comprovando o efeitonegativo do uso de agroquímicos nasplantas cultivadas. Estes estudos de-monstram que a aplicação constante deagrotóxicos e adubos químicos, além decausar resistência nas pragas (no casodos pesticidas), o que obriga ao uso cadavez mais concentrado de venenos, criacondições fisiológicas nos vegetais quefavorecem o ataque de insetos, fungose microorganismos indesejáveis (teo-ria da trofobiose). Além disso, os adu-bos orgânicos como esterco de ani-mais, compostos, adubos verdes,biofertilizantes, etc. melhoram a ferti-lidade do solo, tornando-o mais fofo,

Pesquisadores da EPAGRI e professores da UFSC testam predadores de praga dacebola

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mais poroso, com maior capacidade deretenção de água, um insumo primor-dial e cada vez mais escasso. Já osadubos químicos sintéticos ou industri-ais tendem a secar o solo, compactá-lo,já que muitas vezes são aplicados comtratores e outros equipamentos quedesgastam a terra. Outra característi-ca importante da adubação orgânica éque ela restabelece a vida microbianado solo, tornando a relação da plantacultivada com o solo mais equilibrada.Os nutrientes são disponi-bilizadosmais lentamente às plantas, ao contrá-rio dos fertilizantes industriais que sãomuito solúveis e lixiviam (são arrasta-dos pela água das chuvas ou se dissol-vem, se separam mais rápido) comfacilidade, e o agricultor acaba por per-der adubo e dinheiro.

E na questão do dinheiro, a lavouraorgânica não fica para trás. Além dasdespesas serem menores (corta-se acompra de agroquímicos, menos gastode óleo e combustíveis, etc.), a comer-cialização recebeu um novo impulso. Éque a rede catarinense de Supermerca-dos Santa Mônica prometeu comprartoda a produção orgânica dos agriculto-res da região. Promessa feita é promes-sa cumprida. Agora no mês de janeiro,período de elaboração desta matéria, aloja de Florianópolis do Santa Mônicacolocou à venda o produto, que tem tidomuita aceitação pelos consumidores.Outros supermercados da rede, um emItajaí e outro em Joinville, tambémcomercializam a cebola agroecológica,com igual aceitação pelos consumido-res locais.

No mês de janeiro de 1997 o consu-midor pagou 69 centavos pelo quilo dacebola orgânica e cerca de 55 pela tra-dicional, e o produtor recebeu do inter-mediário (no caso o supermercado) 50centavos pela ecológica, contra 30 datradicional, ou seja, o produtor orgâni-co recebeu 67 % a mais por seu produto.Ainda, segundo levantamentos da Es-tação Experimental de Ituporanga, ocusto de produção da cebola ecológicaficou em 15 centavos de real por quilo,ao passo que a tradicional subiu para17,4 centavos. Os engenheiros agrôno-mos calculam que o custo da orgânicatenderá a diminuir nos próximos anos,em função da estabilização da fertilida-

de do solo, o que demandará menoruso de altas doses de adubos orgânicosnecessários nos primeiros anos. Equanto à produtividade média da ce-bola orgânica dos agricultores pionei-ros, neste primeiro ano de produçãoatingiu 11,17t/ha, ao passo que napropriedade da APREMAVI, que jáproduz há três anos, o rendimento foide13t. Só para comparar, o rendimen-to médio da lavoura convencional naregião do Alto Vale do Itajaí tem sidode 12t/ha. Este ano, em função deestiagem, a produtividade reduziu-separa 10,5t. Existem agricultores tra-dicionais, mais tecnificados, que che-gam a produzir de 25 a 40t, principal-mente com uso da irrigação. A lavou-ra orgânica, na opinião dos pesquisa-dores, poderá também elevar a suaprodutividade ao longo do tempo.

Para Arno Zimmermann não restamais dúvidas quanto ao caminho a sertrilhado: “O nosso próximo passo aquina Estação Experimental, e tambémem parceria com a comunidade agrí-cola, é a pesquisa e produção de ou-tras hortaliças, além da cebola, nomodo orgânico ou ecológico. Aliás, jáiniciamos um treinamento com umgrupo de agricultores interessados,para que, dentro em breve, eles pos-sam cultivar suas terras sem medo deintoxicar a si e a seus familiares, com

uma renda melhor, evitando o abando-no ou a venda das suas terras para ir àcidade em busca de um futuro incer-to”, finaliza. Este grupo de agriculto-res a que se refere Arno, em torno deonze pessoas, visitou recentemente oCentro de Agricultura Ecológica de Ipê- CAE, no Rio Grande do Sul, que jávem há cerca de dez anos incentivandoseus associados na produção de horta-liças, frutas e cereais agroecolo-gicamente. A comercialização destaprodução é feita na Feira Agroecológicaem Porto Alegre, todos os sábados,organizada pela Cooperativa Coolméia,junto a outras 30 associações de agri-cultores orgânicos gaúchos (veja ma-téria sobre este assunto na revistaAgropecuária Catarinense Vol 8, no 3de setembro de 1995). A viagem entu-siasmou tanto os produtores que elesjá decidiram: além da cebola, tambémvão cultivar outras hortaliças em ba-ses ecológicas, inclusive o tomate, pro-duto que leva tradicionalmente umaalta carga de agrotóxicos.

A Associação de PraiaGrande

A grande enchente que se abateusobre Santa Catarina, principalmenteno litoral centro e sul, no final dedezembro de 1995 e até meados de

Agricultor Lourival Böes e esposa: “Temos que evitar os venenos”

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janeiro de 1996, causando inclusivedezenas de mortes, não foi suficientepara abater o ânimo de onze famílias deagricultores do município de PraiaGrande, na fronteira com o Rio Grandedo Sul. Orientados pela extensionistadoméstica Maria Bernardete Perius epelo técnico agrícola Rogerio Dal Pont,ambos da EPAGRI, estes pequenos em-presários rurais conseguiram realizarquase que um milagre. Ao cabo de 90dias após a enchente, na qual perderamtodos os cultivos olerícolas, em algunscasos a terra arável foi toda lavadapelas águas do Rio Mampi-tuba,queinvadiu também suas casas, consegui-ram recuperar o solo, bastante degra-dado, através de práticas orgânicas deprodução. Esse grupo de agricultoresforma a Associação de Colonos Ecolo-gistas do Vale do Mampituba -ACEVAM, primeira entidade do gênerono sul de Santa Catarina.

Segundo informa Maria Bernardete,uma grande incentivadora do grupo, asprimeiras discussões para formar aassociação ocorreram por volta de 1991,época em que os agricultores deseja-vam partir para uma produção alterna-tiva, mais independente, que diminuís-se seus custos de produção e que mino-rasse ou acabasse com o uso constantedos caros e perigosos pesticidas. Foi aíque surgiu a idéia de visitarem a expe-

riência do Centro de Agricultura Ecoló-gica - CAE, em Ipê, RS e a Feira Agroeco-lógica de Porto Alegre, da Coolméia.Fruto deste primeiro contato, surgiu aAssociação, a qual passou a receberorientações técnicas e gerenciais doCAE. Além disso, o grupo também man-teve um intercâmbio com agricultoresvizinhos da Associação dos Colonos Eco-logistas da Região de Torres - ACERT,que já têm uma boa experiência naprodução orgânica, e comercializam to-dos os sábados na feira de Porto Alegre.

Na verdade, a primeira produçãoorgânica começou a partir de 1993, e emjulho de 1994 realizaram a primeirafeira ecológica, ali no município de PraiaGrande. Após a enchente de 95/96, aprodução só foi recuperada por volta dejunho a julho de 1996. Além de PraiaGrande, houve tentativas de participarda feira de Criciúma, mas ocorreramproblemas com os feirantes locais. Nãoobstante estes primeiros percalços, aobstinação dos agricultores e o constan-te apoio dos técnicos da EPAGRIconseguiram finalmente um local emCriciúma, o campus da Univer-sidadeRegional, aos sábados, com grande afluxode público. E, no período das férias,janeiro e fevereiro, com a paralisaçãodas atividades universitárias, os agri-cultores iniciaram a venda de seusprodutos diretamente aos consumido-

res, veranistas nas várias praias aolongo do litoral sul catarinense.

Cenoura, beterraba, repolho, raba-nete, nabo, couve-flor, brócolis, alface,pimentão, tomate são algumas das hor-taliças cultivadas pela Associação dePraia Grande, incluindo raízes comoaipim e batata-doce. Também produ-zem frutas: banana, maracujá, mamão,uva, e estão introduzindo o abacaxi.Completam o leque de produtos orgâni-cos os cereais como feijão preto, feijãovermelho, farinha de quibe e farelo deaveia, e, ainda,ovos coloniais, mel egalinha caipira, que está sendo vendidapor encomenda. O técnico Rogério DalPont explica que vários insumos dalinha orgânica estão sendo utilizadospelos agricultores no dia a dia da produ-ção, a exemplo da calda bordaleza, cal-da sulfocálcica (produtos de origem quí-mica tolerados até certo ponto) quecombatem doenças dos vegetais; supermagro (fertilizante e fortificante foliar),caldas ou coquetel de ervas (preparadode diversas plantas e produtos casei-ros, como alho, cinamomo, fumo, pi-menta, etc.) para combater insetos,doenças e fortalecer as plantas. Para aadubação propriamente dita, Rogérioinforma que os produtores fazem usodos adubos verdes, que são de baixocusto, e dos estercos animais, estestrazidos de fora, a um custo maior. Elesaplicam também o calcário, inicialmen-te para corrigir a acidez, e para mantero pH (índice de acidez) num nível acei-tável, conforme as indicações técnicas,e complementam com rocha fosfática emesmo cinza, oriunda da queima decasca de arroz dos engenhos, materialabundante na região. “Não existe pra-ga na produção orgânica, existe, sim,inseto com fome”, sustenta RogérioDal Pont e exemplifica mostrando quepara combater a Diabrótica, besourinhoque ataca batata, feijão, entre outras,recomenda-se não eliminar o caruru(planta normalmente considerada ervadaninha) junto ao cultivo principal.“Ocorre que o caruru é um alimentopreferencial da Diabrótica, portantocontrolamos o surto do inseto, semutilizar venenos”, explica o técnico daEPAGRI. Esta é a filosofia da agricultu-ra ecológica, ou seja, manejar as plan-tas e animais de forma equilibrada,O esterco animal é a base para a agricultura orgânica

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como ocorre na natureza.“Estes produtores estariam em

grande dificuldade, não fosse a alter-nativa da produção orgânica”, comen-ta Maria Bernadete, e acrescenta: “mui-tas famílias rurais estão abandonandoa agricultura pela crescentedescapitalização do setor e engrossan-do as fileiras de favelados em Criciúma,Tubarão, Araranguá. Está na hora dogoverno estimular mais os pequenosagricultores de cunho familiar”. Feliz-mente, lembra a extensionista, o Pro-grama Nacional de Agricultura Fami-liar está destinando recursos (cerca de30 mil reais) para a Associação cons-truir estufas, ampliar a produção demel e implantar irrigação mecanizadaem seus cultivos. Outra fonte de re-cursos que os produtores ecológicosestão buscando são os projetos do Fun-do Nacional do Meio Ambiente - FNMA,junto ao Ministério do Meio Ambiente,em Brasília, DF. O governo dispunha,em 1996, de 22,8 milhões de dólaresexternos para financiar projetos querecuperem áreas degradadas e preser-vem a natureza, contemplando majo-ritariamente pequenos produtores eorganizações não governamentais.

Sucesso empresarial

Contando somente com recursospróprios, o agricultor ecológico Marce-lo de Cunto, associado ao médicohomeopata Sérgio Dias, iniciou, háquatro anos, a produção de algumashortaliças e frutíferas orgânicas nosítio Via Pax, no município de RanchoQueimado, a 70 km de Florianópolis.Mas foi somente a partir de 1996 quesua produção entrou em escala comer-cial. Marcelo, que é agrônomo, come-çou sua vida profissional em Londrina,PR, em um projeto agroecológico liga-do à comunidade japonesa Yamaguishi,que o convidou a passar um ano noJapão praticando a agricultura natu-ral junto a esta comunidade. Após esteperíodo, retornou ao Brasil, onde par-ticipou do Curso Fundamental de Agri-cultura Biodinâmica (uma modalidadede agricultura orgânica), promovidopelo Instituto Biodinâmico, emBotucatu, SP.

Marcelo comercializa basicamente

uma cesta de hortaliças, entre-gue em locais determinados para35 pessoas em Florianópolis, ecomposta de oito a nove itens quevariam conforme a época do ano:alface, cenoura, brócoli, beterra-ba, couve-flor, salsinha, cebolinha,repolho, acelga, rabanete, couve--manteiga, rúcula, nabo, ervilha,mostarda, chicória, beringela, pi-mentão, pepino, abóbora, milhoverde, etc. Inclui também umadúzia de ovos caipira, de produ-ção própria. O aviário, com 350galinhas, produz 130 dúzias deovos semanalmente e forneceainda o esterco para a adubaçãodas hortaliças e frutíferas. A pro-priedade também possui uma áreaplantada com erva-mate, só que,no momento, Marcelo não estáexplorando o ervatal.

Marcelo é um verdadeiro em-presário rural. Além da produçãode verduras, ele cultiva amorapreta e moranguinho, e, em umapequena unidade de processa-mento, beneficia as frutas e asconserva em freezers para poste-rior comercialização, sob a formade geléias, em diversas casas de produ-tos naturais. As frutas in natura, oprodutor entrega em domicílio com ashortaliças, ou vende diretamente aoconsumidor numa feira de produtosagroecológicos que acontece às sextas-feiras, em semanas alternadas, no Cen-tro de Ciências Agrárias - CCA da UFSC,em Florianópolis. Anexo ao setor deprocessamento, está o tanque de re-cepção das hortaliças destinado à clas-sificação, limpeza e embalagem do pro-duto. A construção é toda de alvenariae azulejada internamente, obedecendoos cuidados de higiene. Marcelo possuiuma camioneta para o transporte maisleve dos produtos comercia-lizados etambém um caminhão médio para car-gas mais pesadas. Na propriedade moraum caseiro e seu sobrinho que formama mão-de-obra do empreendimento.

Na ponta do lápis, o agrônomo con-firma que produzir organicamente dámais dinheiro, apesar da mão-de-obra,no seu caso, ser mais intensa. “Dá maistrabalho cuidar das hortaliças, temosque controlar as pragas, retirando-as

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Empresário Marcelo de Cunto, do sítio orgânicoVia Pax: “Produzir organicamente dá mais

dinheiro”

manualmente em muitas ocasiões”,esclarece. Mas é na comercializaçãoque está a recompensa de todo o esfor-ço e investimento. Se fosse venderdeterminada hortaliça na CEASA, dizMarcelo, receberia 20 centavos, o queempataria com seus custos, ao passoque vendendo ao consumidor, conse-guiria 50 ou mesmo 60 centavos, va-lor de mercado do produto orgânico.

O sítio Via Pax acaba de receber oselo Demeter do InstitutoBiodinâmico, aliás é o terceiro empre-endimento do gênero em SantaCatarina a possuir este selo de quali-dade. Isto significa que a propriedadepratica a agricultura do tipobiodinâmica, além de significar tam-bém que o consumidor é garantidosobre a procedência, métodos de cul-tivo e beneficiamento do produto.

Produção orgânica sedifunde

Os exemplos de produção agroe-cológica recém citados são uma ponta

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aves de corte, hortaliças. As mulherespropuseram uma novidade: fábrica deconfecções, que atualmente produzmoletons, camisetas, cuecas, roupasinfantis, etc. Tudo gera renda para estapequena e criativa empresa rural. Ain-da no Oeste, na localidade de SãoDonato, dez famílias fundaram o Con-domínio Beira-Rio, concentrando suaatividade na produção de leite à base depasto e na fabricação caseira de queijo,tudo de maneira orgânica. Recebem aassessoria da APACO e do CCA-UFSC.

No Planalto Catarinense, outrosexemplos despontam. O casal Alfeu eMaria Pagliosa dispõe de 2,5ha, situa-dos às margens da BR-116, no municí-pio de Lages. Em sua casa, que fica aolado da rodovia, os Pagliosa vendemmorango, framboesa, groselha, figo,etc. in natura ou sob a forma de geléiase licores. Tudo produzido sem umagota de agrotóxico. Os únicos insumosvindos de fora são o calcário e a cama deaviário. Ainda em Lages, na comunida-de de Lambedor, distrito de Índios,encontra-se um grupo de agricultoresecologistas. A produção, ainda peque-na, é colocada à venda no sacolão deOtacílio Costa, e, no futuro, com maisgente entrando no grupo, a intenção éaumentar a produção e vender emLages. O grupo tem o apoio do CentroVianei, ONG com sede em Lages.

No Planalto Norte duas novas expe-riências estão em andamento. EmCanoinhas, o Grupo Salto Água Verde,que atualmente é composto por quatrofamílias, mas já têm outras cinco emprocesso de adesão, está vendendo suaprodução de hortaliças na feira da cida-de. Produzem e vendem também bola-chas, pães, ovos, cereais, erva-mate ederivados do leite. O Grupo faz partedos Grupos de Pequenos Agricultoresde Canoinhas - AGRUPAR, os quais sãoorientados pelo Centro de Apoio aoPequeno Agricultor - CEPAGRI, enti-dade com sede em Caçador, SC. A cercade 30km de Canoinhas, localiza-se acidade de Porto União, que tem divisacom o município de União da Vitória,no PR. Ali também iniciou-se uma ex-periência pioneira, mas no ramo daprodução de frutas orgânicas. E, empouco mais de um ano de funcionamen-to, já são 20 famílias envolvidas,

Distribuição de composto orgânico em canteiro de cebola naEstação Experimental de Ituporanga

Contorno da lavoura de cebola com plantas atrativas de insetos predadoresdo trips (praga da cebola)

do iceberg. No Oeste Catarinensevárias experiências surgiram nos úl-timos anos, como é o caso da Associa-ção de Agricultores Bio-orgânicos deMondaí - BIORGA, no município domesmo nome, que possui 20 associa-dos, e recebe apoio e assessoria daONG Terra Nova. Eles produzem ecomercializam vários produtos, com

destaque para os chamados alternati-vos: gergelim, feijão adzuki, feijãomuiache, linhaça, etc. Em Serra Alta,um grupo de três famílias criou o Con-domínio 25 de Maio, ligado à Associa-ção dos Pequenos Agricultores do Oes-te Catarinense - APACO. O carro-chefeda produção é o leite à base de pasto,mas produzem também milho, feijão,

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Entenda os termosEntenda os termosEntenda os termosEntenda os termosEntenda os termos

Adubos verdes - plantas que utili-zadas intercaladas à cultura principal,ou em rotação, protegem o solo contra aerosão e promovem a melhoria das pro-priedades químicas, físicas e biológicasdo mesmo.

Agricultura ecológica - tambémchamada de orgânica, alternativa, sus-tentável, etc. Agricultura que se baseiaem princípios ecológicos para produzirem equilíbrio com a natureza, sem utili-zar agrotóxicos e adubos sintéticos in-dustriais, e evitando o uso de maquináriopesado. Parte do princípio de que aspragas e doenças surgem quando há umdesequilíbrio natural, ou seja, os preda-dores naturais não estão controlandodevidamente a população dos organis-mos ditos prejudiciais. A agricultura eco-lógica leva em consideração que o ho-mem é o fim e não o meio para atingir-seos resultados.

Biofertilizante - preparado que uti-liza basicamente produtos encontradosna propriedade agrícola e que, além defornecer elementos químicos necessá-rios à adubação da planta (os macro etambém os micronutrientes), exerce umaação benéfica sobre o metabolismo dasplantas.

Compostagem e vermicomposta-

gem - a compostagem é uma técnicaantiga que está sendo reativada pelaagricultura ecológica. Consiste noprocessamento de resíduos orgâni-cos (palhas, restos vegetais, restosde comida, esterco animal, etc.) for-mando uma pilha onde são decom-postos os resíduos orgânicos por açãode microorganismos tais como bac-térias, fungos, etc. de maneiraaeróbica, ou seja, na presença deoxigênio. O resultado desseprocessamento é o composto ouhúmus. Na vermicompostagemutiliza-se intensamente a minhocapara acelerar o processo.

Húmus - o húmus, em resumo,nada mais é do que a decomposiçãomicrobiana de resíduos orgânicosbrutos para sua forma maisassimilável pelas plantas. Resultade um processo que ocorre constan-temente na natureza, por exemplo,a decomposição das folhas mortasque caem das árvores sobre o solo.

Microbacias - é geograficamen-te uma área, formando um vale,entre morros que são os divisoresdas águas das chuvas, os quais flu-em para as partes mais baixas, for-mando ou auxiliando a formação decursos de água, como córregos e rios(Figura 1).

principalmente jovens, que formarama Associação dos Produtores de FrutasEcológicas de Porto União. O produtopredominante é o pêssego, mas exis-tem alguns sócios que estão investindoem laranja e caqui.

Voltando ao Vale do Itajaí, vale apena mencionar o trabalho do Sr.Waldemar Geissler, em Ibirama. A suaespecialidade é a mata nativa. Com 62anos de idade, dedicou grande parte desua vida a recuperar e preservar os40ha de floresta atlântica que com-põem sua propriedade, adquirindo co-nhecimento e experiência muito valio-sos que hoje ele transmite a técnicos,professores, pesquisadores e agriculto-res. Não muito longe dali, também nomunicípio de Ibirama, localiza-se umapropriedade sui-generis. Visitado anu-almente por dezenas ou mesmo cente-nas de pessoas, o estabelecimento doSr. Roland Ristow, bastante declivoso,é um primor em manejo agrícola, so-bressaindo-se nas técnicas de plantio

Palha vegetal, pasto picado e restos de cultura são matéria-prima para ocomposto orgânico

Figura 1 - Modelo de uma microbaciahidrográfica

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Endereços das entidadesEndereços das entidadesEndereços das entidadesEndereços das entidadesEndereços das entidades

Nome/Projeto Endereço

Projeto CRER A/C Helio MusskopfRua Mainolvo Lehmkuhl, 20Fone (048) 268-111588445-000 Leoberto Leal, SC

Projeto Microbacias/BIRD A/C Secretaria de Estado do DesenvolvimentoRural e da AgriculturaRodovia SC 404, km 3, Itacorubi, C.P. 436Fone (048) 234-5711, Fax (048) 234-254488010-970 Florianópolis, SC, Brasil

Estação Experimental de Ituporanga Estrada Geral s/no

Lageado Águas Negras, C.P. 98Fone (047) 833-1409, Fax (047) 833-136488400-000 Ituporanga, SC

CCA/UFSC Rodovia Admar Gonzaga, 1.346, C.P. 476Fone (048) 234-2266, Fax (048) 234-201488040-900 Florianópolis, SC

APREMAVI Ladeira Joaquim Nabuco, 322, C.P. 218Fone/Fax (047) 822-032689160-000 Rio do Sul, SC

Centro VIANEI de Educação Popular Av. Papa João XXIII, 1.352, C.P. 98Fone/Fax (049) 222-425588505-200 Lages, SC

CAE C.P. 21, Fone (054) 922-680695240-000 Ipê, RS

COOLMÉIA Rua José Bonifácio, 645, Bom FimFone (051) 333-1131, Fax (051) 333-421190040-130 Porto Alegre, RS

ANACE A/C Secretaria da AgriculturaRua Joaquim Boeing, 40Fone (047) 833-121188400-000 Ituporanga, SC

APACO Rua Clevelândia, 315 D, CentroFone/Fax (049) 722-015489807-010 Chapecó, SC

CEPAGRI C.P. 227Fone (049) 662-1947, Fax (049) 662-004589500-000 Caçador, SC

BIORGA A/C Terra Nova (Johannes Georg Rinklin)C.P. 1289893-000 Mondaí, SC

EMBRAPA (Sede) SAIN, Parque Rural, W/3 NorteFone (061) 348-4433, Fax (061) 347-104170770-901 Brasília, DF

Instituto Biodinâmico Caixa Postal 321Fone (149) 22-5066, Fax (149) 22-364818603-970 Botucatu, SP

ACEVAM A/C Maria Bernardete PeriusEscritório Municipal da EPAGRIFone (048) 532-021188990-000 Praia Grande, SC

VIA PAX A/C Marcelo de CuntoServidão Santiago, 129Bairro Saco Grande IFones (048) 234-6717 e (048) 972-648388032-010 Florianópolis, SC

direto, rotação de culturas e adubaçãoverde, sendo utilizado como modelopelo Programa de Microbacias da Epagri.As duas principais lavouras comerciaissão o fumo e o milho (ver matéria maiscompleta sobre os dois assuntos narevista Agropecuária Catarinense dejunho de 1995, Vol.8 , n o 2).

E, finalmente, no sul do Estado,sobressaem-se ainda dois projetos. Afamília Cibien no município de Turvo,assessorada pelo técnico Sérgio Silveira,da EPAGRI, descobriu uma nova formade produzir o arroz irrigado. Trata-seda rizipiscicultura, ou seja, no meio dasquadras de arroz são introduzidosalevinos de peixes que, alimentando-sedo plâncton do fundo dos tabuleiros,desenvolvem-se e propiciam uma ren-da extra ao agricultor. O peixe tambémse alimenta das ervas-daninhas e inse-tos nocivos, como a bicheira da raiz,uma praga que costuma atacar o arroz.Com isso, a família Cibien economizaem adubo químico e agrotóxicos, redu-zindo seu custo de produção, sem dimi-nuir a produtividade do cereal. E, dequebra, ela está conseguindo venderseu arroz orgânico com preço acima doconvencional. Já em São Ludgero, aservas medicinais são o destaque. Ojovem engenheiro agrônomo SílvioDaufenbach, formado em 1991, resol-veu inovar na comunidade de Morro doCruzeiro, apesar do ceticismo dos agri-cultores locais. Aliando-se a dois tam-bém jovens empresários rurais, Evaire Adilson, o grupo hoje produz, proces-sa e vende mais de 50 espécies deplantas e ervas medicinais. Acomercialização destes produtos é feitapara farmácias homeopáticas deFlorianópolis, Gravatal, Santa Cruz doSul, Rio de Janeiro e Itajaí.

O que ressalta em todos estes exem-plos, e outros não relacionados, é apresença, além dos esforços empresa-riais de algumas pessoas isoladamen-te, aliás, dignos de nota, das organiza-ções não governamentais, que vislum-braram a importância da produção or-gânica para os pequenos agricultorescatarinenses. Os órgãos públicos tam-bém já estão começando a dar a devidaimportância à produção agroecológica.E não é sem tempo, pois os produtoresrurais, consumidores, a sociedade emgeral, estão demandando urgentesações neste campo.

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Conhecer paraConhecer paraConhecer paraConhecer paraConhecer pararecuperarrecuperarrecuperarrecuperarrecuperar

A Floresta Ombrófila Mista, maisconhecida como Mata dos Pinheirais,vegetação que ocupava os PlanaltosMeridionais do Brasil, como as de-mais formações florestais primitivasde Santa Catarina está restrita a pe-quenas manchas em locais inacessí-veis à exploração ou nas poucas Uni-dades de Conservação existentes.

Ao mesmo tempo, surgem cadavez mais áreas degradadas e sua recu-peração é dificultada em função dafalta de opção de espécies florestaisadaptadas e recuperadoras destes síti-os. Se dispormos de informações so-bre as espécies arbóreas nativas,viabiliza--se sua utilização em Reflo-restamentos.

O Programa de Geração e Difusãode Tecnologias de Essências Flores-tais, Estação Experimental deCanoinhas, vem desenvolvendo umtrabalho que visa caracterizar aspec-tos dendrológicos de 77 espéciesarbóreas nativas da Floresta OmbrófilaMista, por meio de um Sistema

Multimídia, que será composto pormanual e guia dendrológicos, filme devídeo e software multimídia, além defornecer material para vários traba-lhos. A pesquisa está sendo realizadaem fragmentos representativos da Flo-resta Ombrófila Mista na FlorestaNacional de Três Barras (IBAMA), des-de Setembro/95, numa parceria entreEPAGRI, Curso de Engenharia Flores-tal da Universidade do Contestado,IBAMA e CIDASC, sob a Coordenaçãodos Pesquisadores Luiz Cláudio Fossati(EPAGRI) e Laerte Bonetes (UnC).

Dentre os resultados preliminaresalcançados, o trabalho já conta comtrilhas ecológicas em efetivo uso parafins de pesquisa e educação ambiental,onde se encontram identificadas emarcadas 527 árvores de 67 espécies.

Jacatirão-açuJacatirão-açuJacatirão-açuJacatirão-açuJacatirão-açu

O Jacatirão-açu é conhecido comojacatirão, carvalho-vermelho e casca--de-arroz. Seu nome científico é Miconiacinnamomifolia Naudin e pertence àfamília das Melastomatáceas. É umaárvore de 15 a 20m de altura com umdiâmetro a altura do peito em torno de30 a 40cm. Possui tronco reto, geral-mente curto, encimado por uma densaramificação ascendente, formando copaarredondada, densamente foliada, comfolhas verde-claro. A inflorescência éuma panícula de 5 a 8cm de compri-mento, produzindo frutinhos peque-nos e redondos que amadurecemdesuniformemente, muito apreciadospelos pássaros. A semente é muitopequena e fica no banco de sementesno solo por muito tempo. A semente éativada e germina com ação da luz ediferenças de temperatura e tambémquando passa pelo tubo digestivo dospássaros, que provavelmente são osmaiores dispersores desta espécie. Éuma espécie nativa pioneira, isto é,pertence ao grupo de espécies que ger-minam, crescem e se desenvolvem sobalta luminosidade, e por isso são muito

agressivas, tendo crescimento rápidoe conquistando rapidamente as cla-reiras provenientes de retirada demadeira, queda de árvores ou depre-dação. É uma espécie que no Litoral eVale do Itajaí, em Santa Catarina,caracteriza o estágio de regeneraçãonatural de capoeirão.

Na floresta é uma árvore facil-mente reconhecida, devido a seu tron-co geralmente reto e curto, encimadocom densa ramificação e folhagemverde-clara. Floresce durante os me-ses de novembro, dezembro e janeiroe seus frutos ficam maduros nos me-ses de março, abril e maio.

O Jacatirão-açu tem sua dispersãoao longo do Litoral Atlântico, princi-palmente nas encostas de pequenaaltitude, vindo desde o norte do Esta-do até a altura de Tubarão no sul doEstado. É uma espécie exclusiva dasmatas secundárias e capoeirões dazona da Mata Pluvial Atlântica. NoBrasil, ocorre desde a Bahia até SantaCatarina.

Apresenta freqüência descontínuae irregular, uma vez que sua presen-ça está condicionada a ocorrência edistribuição de capoeirões na regiãodevastada da Mata Atlântica. Noscapoeirões mais desenvolvidos (maisde 30 anos de abandono) esta espécieforma, por vezes, densos agrupamen-tos. Recomendam-se estudos no re-florestamento de capoeiras e capoei-rões, por se tratar de espécie exigentequanto à luz. Possivelmente se desen-volve bem em campo aberto e solosrecentemente revolvidos. Possui ma-deira moderadamente pesada, esbran-quiçada e amarelada, com alburno ecerne indistintos, dura, leve e maciapara pregar. Não resiste a umidade ebichos. É empregado em geral emtaboados, obras internas, frontal decasas, ripas e sarrafos, construçãocivil, alinhamentos, suporte de lages,etc. Como curiosidade, esta espécieantigamente era usada (casca) paratingir as linhas de pesca de algodão,para não serem queimadas pelo sol.Esta espécie também pode ser usadapara plantios espaçados em pasta-gens para consórcios silvipastoris.Floresta Ombrófila Mista

REFLORESTAR

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Nutrição da macieiraNutrição da macieiraNutrição da macieiraNutrição da macieiraNutrição da macieira

Orientações básicas para adubação e nutriçãoOrientações básicas para adubação e nutriçãoOrientações básicas para adubação e nutriçãoOrientações básicas para adubação e nutriçãoOrientações básicas para adubação e nutriçãoda macieirada macieirada macieirada macieirada macieira

Atsuo Suzuki e Clori Basso

m desempenho técnico e econô-mico mais adequado na cultura

da macieira depende da utilização har-mônica de todos os fatores de produ-ção, dentre os quais assumem papelimportante a correção da acidez dosolo e a adubação equilibrada.

Inúmeros distúrbios fisiológicos(“Bitter pit”, “Cork spot”, Depressãolenticelar, Degenerescência internada polpa, etc.) em frutos de macieirasão atribuídos a deficiênciasnutricionais, com destaque ao nutri-ente cálcio (Ca). Teores baixos docálcio prejudicam a estabilidade dasparedes celulares e a permeabilidadeseletiva das membranas, o que resul-ta em danos e necrose nos tecidos (1).

Este artigo tem por objetivo alertartécnicos e produtores sobre os proble-mas que a cultura apresenta e mos-trar os fundamentos básicos de adu-bação e nutrição de macieira.

Correção da acidez do solo

Os solos predominantes nas regi-ões de cultivo da macieira em SantaCatarina, e no Sul do Brasil, são, emgeral, solos de elevada acidez. Aacidez dos solos, além de caracterizarbaixos teores de cátions, principal-mente Ca e Magnésio (Mg), está asso-ciada à presença de Alumínio (Al) eManganês (Mn) em níveis tóxicos, aqual afeta a disponibilidade e a absor-ção de nutrientes essenciais para ocrescimento das plantas.

A correção da acidez do solo consis-te na aplicação da quantidade decalcário necessária para elevar o pH a6,0 na camada mínima de 40cm. Ocalcário deve ser aplicado uniforme-mente em toda a área a ser corrigidae incorporado em profundidade, pois omesmo não possui mobilidade e sua

ação ocorre na camada em que foiincorporado ao solo. A aplicação docalcário deve ser no mínimo três me-ses antes do plantio, e sempre que forpossível deve-se efetuar a calagem comcerta antecedência à adubação de pré-plantio.

A correção da acidez do solo e adu-bação de pré-plantio podem ser feitasda seguinte forma, em ordem cronoló-gica:

• aplicação da metade da dose decalcário;

• subsolagem do terreno na profun-didade de 40 a 60cm;

• retirada de raízes, tocos e pedras;• lavração profunda, preferencial-

mente a 40cm ou mais, seguida dagradagem;

• aplicação da outra metade docalcário e da adubação pré-plantio comfósforo (P), potássio (K) e boro (B);

• lavração na mesma profundidadeque a anterior;

• gradagem próximo ao plantio.Para favorecer a absorção de Ca,

deve-se utilizar corretivos que, apóssua reação, resultem no solo uma rela-ção Ca/Mg de no mínimo 3:1. Para isto,deve-se balancear as fontes de calcáriocalcítico e dolomítico. Como as dosesde calcário são recomendadas em rela-ção ao PRNT 100%, as mesmas devemser corrigidas de acordo com o PRNTdo calcário a ser usado.

O uso de gesso agrícola

O gesso agrícola é indicado paraaumentar a disponibilidade e a absor-ção de cálcio, principalmente em soloscom níveis de pH satisfatórios, masque apresentem baixos níveis de Catrocável, e também para redução dasaturação de altos teores de Al emníveis tóxicos em subsuperfície. O ges-

so agrícola é utilizado como comple-mento para nutrição de Ca, visando àqualidade e à elevação do Ca no fruto etambém como fonte de suprimento deenxofre, principalmente em solos are-nosos de baixos teores de matéria or-gânica. O uso de gesso agrícola é aindarecomendado em pomares onde a cor-reção do solo foi inadequada-menteexecutada com altas doses de materialcom relação Ca:Mg muito estreita. Ogesso não serve como cor-retivo e o seuuso não altera o pH do solo. O Ca dogesso agrícola desce no perfil do soloporque tem o ânion sul-fato comoacompanhante. Isto fará com queocorra o aumento de Ca em profundida-de, e o sulfato ao formar íon-par com oAl diminui sua toxicidade (2).

Em solos de alta CTC de SantaCatarina, um experimento mostrou queo gesso agrícola não provocou lixiviaçãode K, e muito pouco de Mg (3). Naregião de Fraiburgo, um experimentode calcário dolomítico não teve efeitono crescimento da planta e na qualida-de de fruto. No entanto, o gesso agríco-la, individualmente ou em combinaçãocom o calcário dolomítico, reduziu sig-nificativamente a incidência de “bitterpit” nos frutos (4).

Como o gesso agrícola tem em mé-dia 15 a 20% de umidade e 17% de Ca,com a adição de 3,0 t/ha, incorporar-se--ia cerca de 1,0cmol/dm 3 de cálcio nacamada de 0 a 20cm de profundidade dosolo.

O uso de gesso agrícola em solosextremamente ácidos junto com ocalcário pode servir para elevar o teorde Ca em profundidade e neutralizaçãodo Al em níveis tóxicos de subsuperfície.

Medidas como o uso de gesso agríco-la em situações específicas contribui-rão para eliminar a incidência de “bitterpit” em pré-colheita e reduzir significa-

U

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Nutrição da macieiraNutrição da macieiraNutrição da macieiraNutrição da macieiraNutrição da macieira

tivamente a inci-dência de inúmerosdistúrbios fisiológi-cos em pós-colheitaou durante a arma-zenagem.

Adubação depré-plantio

A adubação depré-plantio consistena aplicação de fós-foro e potássio emconformidade com aanálise de solo (Ta-belas 1 e 2). É im-portante aplicar osadubos nas doses recomendadas e suaincorporação deve ser uniforme até40cm de profundidade. O fósforo é umnutriente praticamente imóvel no solo.Sua incorporação após o plantio é mui-to difícil. As doses de P2O5 são recomen-dadas com base no teor solúvel emcitrato neutro de amônio ou em ácidocítrico a 1:100, conforme a fonte defósforo. Os adubos fosfatados recomen-dados são superfosfato simples,superfosfato triplo, termofosfato ehiperfosfato. Os fosfatos naturais naci-onais não são recomendados devido àbaixa eficiência agronômica. Os fosfatosnaturais importados como Gafsa, Arade Carolina do Norte, por possuíremuma melhor solubilidade, podem serusados como segunda opção.

O potássio é um nutriente de boadisponibilidade natural na maioria dossolos do Sul do Brasil e regiões produ-toras de macieira, porém, sem ummanejo adequado da adubação, poderáser esgotado rapidamente. No entanto,devido a sua melhor mobilidade no soloem comparação ao P, é fácil suprir asnecessidades da planta através de adu-bação pós-plantio.

Nesta fase do preparo do solo, juntocom os demais adubos, deve-se aplicarde 3 a 5kg/ha de boro, pois o mesmofavorece o crescimento do sistemaradicular e a translocação de cálcio naplanta.

A alternativa de uso de adubaçãoorgânica em pré-plantio deve conside-rar a composição química da fonte e asquantidades de P e K a serem aplicadas

Tabela 1 - Fósforo - Adubação pré-plantio

Teores de P no solo em função da porcentagem de argilaAdubação

Interpretação % argila % argila entre % argila entre % argila entre fosfatada> 55 41 e 55 26 e 40 11 e 25 kg P2O5/ha

P (mg/litro) P (mg/litro) P (mg/litro) P (mg/litro)

Limitante <1,0 <1,5 <2,0 <3,0 320Muito Baixo 1,1 a 2,0 1,6 a 3,0 2,1 a 4,0 3,1 a 6,0 260Baixo 2,1 a 4,0 3,1 a 6,0 4,1 a 9,0 6,1 a 12,0 200Médio 4,1 a 6,0 6,1 a 9,0 9,1 a 14,0 12,1 a 18,0 140Suficiente 6,0 a 8,0 9,0 a 12,0 14,0 a 18,0 18,0 a 24,0 80Alto >8,0 >12,0 >18,0 >24,0 0

Fonte: Comissão de Fertilidade do Solo - RS/SC (5).

Tabela 2 - Potássio - Adubação pré-plantio

Adubação potássicakg K2O/ha

Limitante <20 200Muito baixo 21 a 40 150Baixo 41 a 60 100Médio 61 a 80 50Suficiente 81 a 120 0Alto >120 0

Nota: De acordo com a nova nomenclatura internacional, mg/litro = ppm.Fonte: Comissão de Fertilidade do Solo - RS/SC (5).

Interpretação K no solo (mg/litro)

conforme a análise de solo (Tabelas 1e 2).

Outro aspecto importante para fa-vorecer a absorção de cálcio e deoutros nutrientes e manter o equilí-brio entre os cátions, é a manutençãodo pH em torno de 6,0. Os teores decátions trocáveis, expresso em satu-ração da CTC, devem situar-se nafaixa de 70 a 80% para Ca, 10 a 15%para Mg e 3 a 4% para K.

Adubação de crescimento -Fase inicial

A adubação de crescimento consis-te basicamente na aplicação de adubonitrogenado (N) conforme a Tabela 3,visando ao desenvolvimento e a boaformação das plantas. As doses podemser aumentadas ou diminuídas emfunção do vigor que se observar nas

plantas e também das característicasdo porta-enxerto e da cultivar copautilizada, bem como do espaçamentode plantio. A fonte de N poderá seradubo químico ou orgânico. Ao utilizara uréia, deve-se aplicá-la com soloúmido ou incorporá-la imediatamenteapós a aplicação para evitar perdas porvolatilização.

Adubação de manutenção -Fase de produção

A macieira requer suprimento ade-quado de nutrientes. Isto resulta emplantas nutricionalmente equilibradase com boas produções e frutos de qua-lidade, implicando em uso racional daadubação conforme a necessidade es-pecífica de cada pomar. Poderá serusada a adubação foliar como medidade adubação complementar e/ou cor-

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Nutrição da macieiraNutrição da macieiraNutrição da macieiraNutrição da macieiraNutrição da macieira

feito a adubação de pré-plantio adequa-da e os teores foliares se mantiveremacima de 1,50g/kg no decorrer dos anos.

A adubação de manutenção com Kserá dispensável sempre que o soloapresentar teores altos (>120mg/litro)de K “disponível”. Deve-se evitar o ex-cesso de K para não causar prejuízo àabsorção de outros cátions, prejudican-do as relações K/Ca nos frutos e K/Mgnas folhas.

Adubação orgânica

O uso da adubação química ou orgâ-nica deve ser criterioso, optando-sepela fonte adequada para cada caso, emfunção das características e da fertili-dade do solo, aplicando-se doses e fon-tes que proporcionem o equilíbrio e aquantidade necessária de nutrientespara a planta.

No uso de adubos orgânicos deve-seconsiderar a quantidade de nutrientesque se está aplicando em função dacomposição química das diferentes fon-tes (Tabela 4).

Tabela 3 - Adubação de crescimento - Fase inicial

Nitrogênio(kg/ha)

1 o 5 30 dias após a brotação5 60 dias após a 1a aplicação5 45 dias após a 2a aplicação

2 o 7 Inchamento das gemas7 60 dias após a 1a aplicação7 45 dias após a 2a aplicação

3 o 10 Inchamento das gemas10 60 dias após a 1a aplicação10 Em março

Fonte: EMPASC/EMATER-SC/ACARESC (6).

retiva, porém a base da adubação demanutenção é feita via solo, utilizando-se adubos químicos ou orgânicos.

Os adubos a serem aplicados devemter por base a análise conjunta de vári-os fatores como: análise do solo, análi-se foliar, características do porta-en-xerto e da cultivar, aspectos de cresci-mento vegetativo, produção, idade dasplantas, histórico das adubações ante-riores e práticas culturais (poda,arqueamento, raleio, controle de inços,etc.).

Não se deve adubar indiscrimi-nadamente, pois isto pode causar pro-blemas de desequilíbrio nutricional.Levando-se em consideração os aspec-tos de fisiologia da macieira, a aduba-ção executada durante o ciclo vegetativonão apresentará respostas significati-vas naquele ano. No entanto, irá reper-cutir nas estruturas de reserva e nofortalecimento das gemas para o próxi-mo ciclo. Assim, recomenda-se aplicaraté 70% do total da adubaçãonitrogenada e potássica e todo o fósforo(quando necessário) em março, períodoem que as plantas ainda conseguemabsorver e armazenar os nutrientes, eo restante do nitrogênio e do potássioem setembro, no início da brotação e deum novo incremento na atividade dosistema radicular. A aplicação deve serem faixa na projeção da copa superfici-almente ou com leve incorporação evi-tando-se ao máximo o corte de raízes.

Deve-se evitar ao máximo a aduba-

ção no verão, pois o excesso de N e Kpoderá ocasionar o desequilíbrio darelação N/Ca e K/Ca, favorecendo as-sim o aparecimento de distúrbios fisi-ológicos.

A adubação de manutenção com Pé dispensável, desde que se tenha

Tabela 4 - Concentração média de N, P205 e K2O e teor de matéria secade alguns materiais orgânicos de origem animal(A)

Material Orgânico N P2O5 K2O Matéria Seca

-----------------------------g/kg--------------------------

Cama de aves (1 lote)(B) 30 30 20 700Cama de aves (3 lotes) 32 35 25 700Cama de aves (6 lotes) 35 40 30 700Esterco sólido de suínos 21 28 29 250Esterco fresco de bovinos 15 14 15 150

------------------(kg/ m3) de chorume----------------

Esterco líquido de suínos 4,5 4,0 1,6 6Esterco líquido de bovinos 1,4 0,8 1,4 4,6

----------------------------kg/t----------------------------

Esterco pastoso de bovino 3,2 2,6 3,4 14,9

(A) Concentração calculada com base em material isento de água (seco em estufa a650C).

(B) Indicações entre parênteses correspondem ao número de lotes que permaneceramsobre a cama.

Nota: De acordo com a nova nomenclatura internacional, valores de g/kg = % x 10.Fonte: Comissão de Fertilidade do Solo - RS/SC (modificada) (5).

Ano Época de aplicação

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Nutrição da macieiraNutrição da macieiraNutrição da macieiraNutrição da macieiraNutrição da macieira

Sob condições experimentais, a adu-bação orgânica tem conferido uma maiormobilidade ao P em profundidade noperfil do solo, quando aplicado na su-perfície do solo em comparação à adu-bação química (7).

Adubação foliar

Tem por finalidade fornecer à plan-ta, de maneira rápida, nutrientes paracorrigir ou evitar deficiências, bem comofornecer Ca aos frutos para o controlede distúrbios fisiológicos. Normalmen-te, a necessidade de aplicação de nutri-entes via foliar, na maioria dos poma-res do Sul do Brasil, envolve Ca, Mg eZn. Em casos esporádicos poderá sernecessária a aplicação de B. Não seaconselha aguardar o aparecimento desintomas para se tomar medidas corre-tivas, pois quando o sintoma aparece asplantas já foram afetadas pela carên-cia.

Doses, épocas e fontes dos princi-pais nutrientes para aplicação via foliar:

• Cálcio - Visando minimizar aincidência de distúrbios fisiológicos nosfrutos, deve-se fazer no mínimo decinco pulverizações quinzenais comcloreto de cálcio (CaCl2) 0,6% em plan-tas em produção, podendo-se continuaraté próximo à colheita. Em situaçõesespecíficas como áreas com deficiênciade N, ou em períodos críticos para“russeting”, nos primeiros 60 dias apósa floração poderá ser usado o nitratode cálcio (Ca (NO3)2) 0,7 a 0,8%. Evitarseu uso em plantas muito vigorosas. Ocálcio quelatizado pode ser usado, des-de que as doses a serem aplicadas se-jam calculadas com base na quantidadede cálcio necessário.

• Magnésio - Fazer de duas a cincopulverizações quinzenais com sulfatode magnésio (MgSO4) 2 a 3%, mas so-mente em plantas com teor foliar abai-xo do normal ou em áreas onde existemdesequilíbrio da relação K/Mg na folha(superior a 4:1). Aplicar a partir dasegunda quinzena de dezembro.

• Zinco - Fazer de duas a cincopulverizações quinzenais com sulfatode zinco (ZnSO4) 0,2% ou zincoquelatizado. É possível também efetu-ar uma aplicação de ZnSO4 0,6 a 1% noinchamento das gemas, após a quebra

da dormência. Esta prática é recomen-dada em função do teor foliar e dapresença de sintomas de deficiência.Evitar aplicação de ZnSO4 no períodocrítico de aparecimento do “russeting”,e quando for aplicado em dia quente,neutralizar com igual concentração decal hidratada.

• Boro - Aplicar de duas a trêspulverizações quinzenais com bórax0,4% ou solubor 0,2%, em áreas onde oteor foliar for menor que 25mg/kg. Aaplicação de B no estádio de botão rosaou na floração poderá auxiliar o cresci-mento do tubo polínico e favorecer afecundação.

Eventualmente outros nutrientescomo N, P e K, poderão ser aplicadosvia foliar, com respostas na cultura,em áreas com problemas de deficiênci-as ou em períodos críticos. Um exem-plo seria logo no início da primavera,período em que a atividade do sistemaradicular é ainda muito baixa devido àbaixa temperatura do solo.

A adubação foliar com outras subs-tâncias, como aminoácidos, carboi-dratos, microorganismos, fermenta-dos, etc., ainda não é recomendadaface à inexistência de resultados depesquisas consistentes.

As aplicações de adubos foliares nãodeverão ser feitas em condições debaixa umidade relativa do ar e comtemperatura acima de 25 a 27oC.

Análise foliar

A análise foliar é o método mundi-almente reconhecido e recomendadopara a avaliação do estado nutricionaldas plantas frutíferas. Juntamente coma análise de outros parâmetros, servepara embasamento da recomendaçãode adubação de manutenção equilibra-da das plantas frutíferas, buscando-seproduções em quantidade e qualidade.

Para poder avaliar corretamente oestado nutricional das plantas, é ne-cessário que se procedam a coleta e opreparo das amostras seguindo as re-comendações. Cada amostra deve re-presentar uma área relativamente ho-mogênea do pomar.

• Coletar folhas da parte medianada brotação do ano.

• A amostra deve ser formada por

100 folhas inteiras com pecíolo.• Coletar folhas de pelo menos 20

plantas, aleatoriamente, no pomar.• A amostragem deve ser feita de

15 de janeiro a 15 de fevereiro para ascondições predominantes nas princi-pais regiões produtoras de Santa Cata-rina, Norte do Rio Grande Sul e Sul doParaná.

As amostras devem ser acondicio-nadas adequadamente para que che-guem ao laboratório em boas condi-ções. De preferência, colocar em sacode papel limpo e devidamente identifi-cado. Se possível, entregar as amos-tras imediatamente ao laboratório. Seisto não for possível, efetuar uma pré-secagem à sombra, evitando assimque se inicie a deterioração das folhaspor processo de fermentação e ataquede fungos, comum em amostras fres-cas acondicionadas em saco plástico e/ou com altas temperaturas.

A Tabela 5 contém os valores parainterpretação da análise foliar. Deve--se lembrar que a análise foliar é uminstrumento útil para avaliação do es-tado nutricional, mas que não deve serusada como único parâmetro paraquantificação da adubação necessária.

Análise de frutos

Na macieira é comum a ocorrênciade distúrbios fisiológicos nos frutos.Na maioria dos casos, a incidênciadestes distúrbios ocorre em frutos ar-mazenados e, em casos excepcional-mente severos, em frutos antes dacolheita. Existem diferenças entre ascultivares no grau de suscetibilidadeaos distúrbios fisiológicos.

Um método seguro, utilizado emvários trabalhos, para prognosticar aocorrência de distúrbios fisiológicos,desde que se tenham padrões confiá-veis determinados para os diferentesmétodos de amostragem e determina-ções dos teores de nutrientes na aná-lise de frutos de macieiras para ascondições locais, é a análise dos teoresde minerais na polpa dos frutos colhi-dos três semanas antes do ponto decolheita.

O nutriente crucial dentro de todoo processo tem sido sempre o Ca e suasrelações com outros nutrientes (N/Ca,

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Nutrição da macieiraNutrição da macieiraNutrição da macieiraNutrição da macieiraNutrição da macieira

K/Ca, K+Mg/Ca). Na Inglaterra, e tam-bém em outros países, considera-se50mg/kg de Ca na polpa fresca dasmaçãs como valor mínimo para seevitar distúrbios fisiológicos emfrigoconservação de cultivares sensí-veis, ou ainda, considera-se que o teorde K deve estar em torno de 950mg/kge Mg na faixa de 38 a 43mg/kg na polpafresca.

Considerando as três principaiscultivares mais plantadas em SantaCatarina, e no Sul do Brasil (‘Gala’,‘Golden Delicious’ e ‘Fuji’), são poucosos casos em que se atingem teores de50mg/kg de Ca na polpa fresca (9). Isto,associado aos teores de K, muitas ve-zes elevados, resulta em relação K/Caacima de 30, proporcionando condi-ções de aparecimento de distúrbiosfisiológicos em câmara fria. Porém,nem sempre apenas estes fatores sãodeterminantes. Excesso de N e plan-tas vigorosas podem favorecer o apa-recimento de distúrbios fisiológicos.

No momento, não se dispõe de pa-

drões nutricionais para a interpretaçãodos teores na polpa fresca que possibili-tem prognosticar a porcentagem de pos-síveis ocorrências de distúrbios fisioló-gicos para as condições do Sul do Brasil.A EPAGRI, através do La-boratório deFisiologia e Nutrição Vegetal da Esta-ção Experimental de Caçador, está mon-tando um banco de dados para buscarestes padrões de interpretações numespaço de tempo mais breve possível.Os valores de con-centração e relaçãode nutrientes acima especificados estãosendo temporariamente usados paraavaliação do estado nutricional dosfrutos em pré--colheita.

Conclusões erecomendações

• A correção da acidez do solo naquantidade e na profundidade adequa-das é fundamental na implantação deum pomar de macieira, pois medidasposteriores tornam-se muito difíceis ede resultados limitados.

• A adubação de pré-plantio deveser executada procurando-se o equilí-brio de nutrientes. No caso do fósforo,a incorporação em profundidade é im-portante, pois é um nutriente imóvelno perfil do solo e medidas posteriorestornam-se extremamente difíceis.

• A adubação de manutenção deveser resultante da análise conjunta detodos os fatores que interferem na nu-trição da planta, procurando-se equilí-brio de nutrientes e aplicação em perí-odos que não comprometam a qualida-de dos frutos.

• A adubação orgânica pode serusada em substituição à adubação quí-mica, desde que respeitadas as reaisnecessidades e a composição químicados adubos orgânicos.

• Adubação foliar consiste basica-mente na aplicação dos micronutrientese aplicação de Ca para o fruto e even-tual correção de deficiência de Mg.

• O uso de gesso é recomendadocomo fonte complementar de Ca visan-do a elevação deste nutriente no fruto.

• A análise foliar éum dos instrumentos im-portantes para o diagnós-tico do estado nutricionaldo pomar e, juntamentecom a análise de solo eoutros parâmetros, pos-sibilita uma avaliaçãomais precisa da necessi-dade de adubação.

• A análise do teor deminerais no fruto, junta-mente com osparâmetros de ponto decolheita, é decisiva na de-finição da armazenageme o período em que osfrutos per-manecerão emcâmara fria.

Nota: Informaçõessobre análises foliar e defrutos podem ser obtidasno seguinte endereço:

Laboratório de Fisio-logia e Nutrição VegetalEPAGRI - Estação Expe-rimental de Caçador, Cai-xa Postal 591, Fone (049)663-0211, Fax (049) 663-3211, 89500-000 Caçador,SC.

Tabela 5 - Interpretação de resultados de análise foliar paramacieira e pereira

Faixa Macronutrientesdeinterpretação N P K Ca Mg

--------------------------------------------------g/kg------------------------------------------------

Insuficiente <17,00 <1,00 <8,00 <8,00 <2,00Abaixo do normal 17,00 a 19,90 1,00 a 1,40 8,00 a 11,90 8,00 a 10,90 2,00 a 2,40Normal 20,00 a 25,00 1,50 a 3,00 12,00 a 15,00 11,00 a 17,00 2,50 a 4,50Acima do normal 25,10 a 30,00 >3,00 15,10 a 20,00 >17,00 >4,50Excessivo >30,00 - >20,00 - -

Faixa Micronutrientesdeinterpretação Fe Mn Zn Cu B

------------------------------------------------mg/kg-----------------------------------------------

Insuficiente - <20 <15 <3 <20Abaixo do normal <50 20 a 29 15 a 19 3 a 4 20 a 40Normal 50 a 250 30 a 130 20 a 100 5 a 30 25 a 50Acima do normal >250 131 a 200 >100 31 a 50 51 a 140Excessivo - >200 - >50 >140

Nota: De acordo com a nova nomenclatura internacional, g/kg = % x 10 e mg/kg = ppm.Fonte: BASSO, C. ; WILMS, F. W. W. ; SUZUKI, A. (modificado) (8).

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Nutrição da macieiraNutrição da macieiraNutrição da macieiraNutrição da macieiraNutrição da macieira

Literatura citada

01. EBERT, A. Distúrbios fisiológicos. In:EMPASC. Manual da cultura da maci-eira. Florianópolis: 1986. p. 493-520.

02. RITCHEY, K.D.; SOUSA, D.M.G.;LOBATO, E.; CORREA, O. Calciumleaching to increase rooting depth in aBrazilian savannah oxisol. AgronomyJournal, Madison, v. 72, p.40-44, 1980.

03. SUZUKI, A.; BASSO, C.; WILMS, F.W.W.O uso de gesso como fonte complemen-tar de cálcio em macieira. In: SEMINÁ-RIO SOBRE O USO DE GESSO NAAGRICULTURA, 2., 1992, Uberaba,MG. Anais. São Paulo: IBRAFOS, 1992.p.224-240.

04. WILMS, F.W.W.; BASSO, C. Soilamelioration for apple in Southern

Brazil. Acta Horticulturae , The Hague,n. 232. p.193-203, 1988.

05. COMISSÃO DE FERTILIDADE DOSOLO - RS/SC. Recomendações deadubação e de calagem para os Estadosdo Rio Grande do Sul e Santa Catarina.3. ed. Passo Fundo: SBCS-Núcleo Regi-onal Sul, 1994. 224p.

06. EMPASC/EMATER-SC/ACARESC. Sis-tema de produção para a cultura damacieira; Santa Catarina. 3. rev. Flori-anópolis: 1991. 71p. (EMPASC/ACARESC. Sistema de Produção, 19).

07. BASSO, C.; SUZUKI, A. Adubação orgâ-nica em pomar de macieira. Caçador:EPAGRI/E.E. Caçador, 1991. n.p. Nãopublicado.

08. BASSO, C. ; WILMS, F.W.W. ; SUZUKI,

A. Fertilidade do solo e nutrição damacieira. In:EMPASC. Manual da cul-tura da macieira. Florianópolis: 1986.p.236-265.

09. SUZUKI, A.; ARGENTA, L.C. Teoresminerais na polpa das cvs. Gala, GoldenDelicious e Fuji. Revista Brasileira Fru-ticultura, Cruz das Almas, v. 16, n. 1,p.92-104, 1994. Trab. apres. no 1.Simpósio sobre Fruticultura de ClimaTemperado, 1994, Caçador, SC.

Atsuo Suzuki, eng. agr., M.Sc., Cart. Prof. no

4.777-D, CREA-SC, EPAGRI/Estação Expe-rimental de Caçador, C.P. 591, Fone (049)663-0211, Fax (049) 663-3211, 89500-000Caçador, SC e Clori Basso, eng. agr., Ph.D.,Cart. Prof. n o 10.003-D, CREA-SC, EPAGRI/Estação Experimental de Caçador, C.P. 591,Fone (049) 663-0211, Fax (049) 663-3211,89500-000 Caçador, SC

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AGRIBUSINESS

Case tem novoCase tem novoCase tem novoCase tem novoCase tem novopresidentepresidentepresidentepresidentepresidente

Com o objetivo de atuar maisagressivamente no mercado na-cional de máquinas e equipamen-tos agrícolas, a Case Brasil & Cia,sediada em Sorocaba, SP, acabade reestruturar a sua DivisãoAgrícola. Para presidir a Case IH-International Harvester a em-presa contratou Mário Hirose,executivo com ampla experiên-cia profissional e sólida formaçãoacadêmica. Hirose é formado emCiências Econômicas pela PUCde São Paulo e tem mestrado pelamesma universidade e pelo In-terna-tional ExecutiveProgramme - InternationalManagement Institute, deGeneve, Suíça.

O novo presidente da Case IHtraz em sua bagagem profissio-nal vasta experiência no merca-do internacional, desenvolvida du-rante 17 anos de viagens por todaa América Latina, África, Euro-pa, Ásia e América do Norte, alémde diversos estágios na Inglater-ra, Escandinávia, Suíça e Esta-dos Unidos. Atuou no mercado demáquinas e equipamentos agrí-colas em dois grupos internacio-nais, tendo sido responsável pelodesenvolvimento de uma rede deconcessionárias e também presi-dido fábrica de equipamentos agrí-colas na Europa.

Uma das primeiras metas donovo presidente da Case IH étrazer ao país os equipamentosagrícolas de mais alta tecnologia- tratores, colheitadeiras de algo-dão e de grãos, além de diversosimplementos - com grande ênfa-se ao suporte de produtos, englo-bando 150 pontos de assistênciatécnica com treinamentos paraoperadores de máquinas e peçasde reposição. Ele informa tam-bém que vem se dedicando aoestudo de viabilização de um pro-jeto para construção de uma fá-brica de equipamentos agrícolasno Brasil e já vem mantendo con-tatos com alguns governadoresde Estado.

A Case Corporation, com ven-das líquidas superiores a US$ 5bilhões em 1995, está sediada emRacine, Wisconsin, EUA. A em-presa, líder na fabricação e distri-buição de equipamentos agríco-las e para construção civil, contacom uma equipe de 18.000 funci-onários em nível mundial. Osequipamentos Case são comer-cializados por meio de 4.100revendedores e distribuidores in-dependentes em mais de 150 pa-íses. A Case Credit Corporation é

uma subsidiária da Case e atendeum portfólio de US$ 3,8 bilhões econtrato de leasing para equipa-mentos de construção e agricultu-ra.

Sintonia com oSintonia com oSintonia com oSintonia com oSintonia com oclienteclienteclienteclientecliente

Com um faturamento consoli-dado de US$ 53 milhões em 1995 eprevisão de faturar US$ 66 mi-lhões em 1996, a Rhodia-Merieuxvem crescendo na mesma propor-ção de sua matriz, a Rhône-Merieux, adotando o conceito deglobalização (caracterizado por fu-sões com o objetivo de ampliar aparticipação no mercado), saltouda nona para a quarta posição noano passado. A Rhodia-Merieuxcolocou como prioridade afinar ofoco da empresa no cliente, ofere-cendo um atendimento diferencia-do em todos os segmentos de atu-ação com o objetivo de aumentar asua participação nos mercados.

Esse conceito de encarar o mer-cado, aliado a uma nova filosofia deadministração baseada em timesde negócios - ou business teams -,refletiu também no Brasil e emoutros países sul-americanos. “Nos-sa meta, dentro do contexto daeconomia globalizada, é buscar aliderança mundial e todos os nos-sos planos apontam para essa dire-ção”, garante Jorge Solé, vice-pre-sidente da Rhône-Merieux para aAmérica do Sul e gerente-geral daRhodia-Merieux no Brasil.

Detentora do maior e mais com-pleto parque industrial de produ-tos veterinários do país - com mo-dernos laboratórios defarmacológicos e biológicos queatendem a rigorosos padrões debiossegurança e qualidade -, aRhodia-Merieux gera uma amplagama de produtos como vacinaspurificadas de última geração paraaftosa, antibióticos desenvolvidosa partir de moléculas exclusivas daRhône-Poulenc, vacinas contraclostridioses e botulismo em bovi-nos, contra doenças de Newscastleem aves e aditivos para rações.

LíquidosLíquidosLíquidosLíquidosLíquidosestéreisestéreisestéreisestéreisestéreis

A altíssima tecnologia da novafábrica de líquidos estéreis da Pfiser,em sua planta industrial deGuarulhos, na Grande São Paulo,exigiu investimentos de US$ 20milhões e garantirá a triplicação daprodução, totalizando 10 milhõesde frascos por ano, numa linhainicial de sete produtos com 50apresentações.

De acordo com os padrões técni-cos internacionais, a fábrica temáreas estéreis cumprindo as exigên-cias do rigoroso FDA (Food and DrugsAdministration), que regulamentaa produção de alimentos e medica-mentos nos Estados Unidos, ondefica a matriz da Pfiser. Dessa forma,a fábrica de Guarulhos é habilitadaa substituir a unidade americana,em condições de igualdade, em qual-quer eventualidade, podendo inclu-sive fornecer para aquele mercadosem nenhuma restrição das autori-dades sanitárias dos EUA.

Com área total de 4.000m2, afábrica tem seus sistemas de ar con-dicionado e refrigeração totalmentecontrolados por computador, o mes-mo acontecendo com a manipulaçãoe preenchimento dos produtos emregime de 24 horas por dia de funci-onamento. O processo dedescontaminação do ambiente exi-ge que o ar seja tratado por quatrosistemas de filtro absolutos. A Pfiserinvestiu em capacitação e qualifica-ção de mão-de-obra inclusive comestágios no exterior para que aaltíssima tecnologia dessa nova fá-brica pudesse ser operada.

A produção deverá atender, alémdo mercado brasileiro, a África, aAmérica Latina e a Ásia (Japão,Coréia, Filipinas e Malásia). Numasegunda etapa, a capacidade de pro-dução deverá dobrar. A médio prazo,a fábrica de Guarulhos garantirá aauto-suficiência da Pfiser Brasil emlíquidos estéreis, assim como a am-pliação do atendimento ao mercadoexterno.

A corridaA corridaA corridaA corridaA corridados óleosdos óleosdos óleosdos óleosdos óleos

O óleo de palma já é o maiscomercializado internacionalmente,gerando negócios na ordem de US$9 bilhões anuais. Segundo a CRAI ea Agropalma, maiores produtoresnacionais, a fatia da palma na produ-ção mundial de óleos e gordurasatingiu 17%, atrás apenas da soja.Esse patamar foi alcançado rapida-mente ao se levar em conta que, há30 anos, a represen-tatividade che-gava a apenas 4% e praticamentenão havia transações internacio-nais.

Está nas características da pal-ma a explicação para esses resulta-dos. Uma das grandes vantagens é aalta produtividade. Para se ter umaidéia, a palma gera 5.000kg anuaisde óleo por hectare. A segunda me-lhor performance é do coco, quechega a 2.000kg. A soja consegueapenas bater a casa dos 500kg.

Se o panorama já é positivo, ofuturo aponta para uma situaçãoainda mais promissora. De acordo

com a FAO, a palma deve superara soja até o ano 2002. Isso porquea soja depende muito do compor-tamento do farelo, cujo excessomundial de oferta reduz acompetitividade do óleo. Pesa ain-da a favor da palma o baixo custode produção e o incremento daprodutividade. A pesquisa de no-vas variedades híbridas e o desen-volvimento de técnicas de clona-gem permitem prever que ospalmares poderão gerar 8.000kgde óleo por hectare todos os anos.

Schering-PloughSchering-PloughSchering-PloughSchering-PloughSchering-PloughVVVVVeterináriaeterináriaeterináriaeterináriaeterinária

A Schering-Plough Veteriná-ria fechou o ano de 1996 com umcrescimento de 2,5% dentro domercado veterinário brasileiro,mantendo assim sua liderançaem produtos terapêuticos, comuma participação de 18%. A Divi-são Veterinária responde por 15%dos negócios da Indústria Quími-ca e Farmacêutica Schering-Plough.

Os lançamentos de produtosrealizados em 1996 - Otomax,para otites de cães e GentocinMastite 250mg, para o trata-mento de mastite do gado leiteiro- foram muito bem recebidos pe-los veterinários e criadores, re-sultando em vendas expressivase credibilidade para a marcaSchering-Plough.

A linha PET, para pequenosanimais, é a mais jovem dentro daDivisão Veterinária, mas já con-quistou seu espaço e lidera o seg-mento de produtos terapêuticos,com 29% do mercado. No períodode um ano - setembro de 1995 asetembro de 1996 - a linha PETteve um crescimento de 90%, sal-tando de 7% par 14% de participa-ção no faturamento da Divisão.Em 1995 a linha PET da Schering-Plough detinha 4% do mercadobrasileiro e em 1996 chegou a 6%,prevendo-se alcançar 8% em1997.

O mercado de produtos vete-rinários no Brasil deverá movi-mentar, em 1996, US$ 810 mi-lhões, sendo US$ 508 milhõespara bovinos, US$ 120 milhõespara aves, US$ 65 milhões parasuínos, US$ 61 milhões paraeqüinos e US$ 56 milhões parapequenos animais.

Para 1997 a Divisão Veteri-nária da Schering-Plough pre-tende manter os investimentosem novos lançamentos, tantopara o segmento de animais degrande porte, quanto para PET e,dessa maneira, ampliar sua atu-ação no mercado nacional.

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Adubação orgânicaAdubação orgânicaAdubação orgânicaAdubação orgânicaAdubação orgânica

Micronutrientes no esterco de suínos: diagnoseMicronutrientes no esterco de suínos: diagnoseMicronutrientes no esterco de suínos: diagnoseMicronutrientes no esterco de suínos: diagnoseMicronutrientes no esterco de suínos: diagnosee uso na adubaçãoe uso na adubaçãoe uso na adubaçãoe uso na adubaçãoe uso na adubação

Eloi Erhard Scherer

adubação orgânica tem demons-trado seu grande potencial na

recuperação e na manutenção da pro-dutividade do solo ao longo dos tempos.Um dos principais argumentos favorá-veis a essa prática é o fornecimentopaulatino dos nutrientes essenciais àsplantas, incluindo os micronutrientes.

O solo é capaz de suprir natural-mente variadas quantidades dos dife-rentes nutrientes essenciais ao desen-volvimento das plantas. Entretanto, acapacidade natural de suprimento denutrientes pode cair drasticamente empouco tempo, se as quantidades de nu-trientes exportadas pelas colheitas nãoforem repostas pela adubação.

Os macronutrientes, assim chama-dos por serem absorvidos em maioresquantidades pelas plantas, tornam-sedeficientes no solo, normalmente, an-tes dos micronutrientes, que são ex-portados em quantidades menores. Po-rém, na nutrição vegetal não se podefugir da lei do mínimo, que diz que orendimento de uma cultura é limitadopelo nutriente essencial disponível emmenor quantidade para as plantas,mesmo que todos os demais estejamem quantidades adequadas. Assim, in-dependentemente das quantidades ab-sorvidas pelas plantas, osmicronutrientes são tão importantesna nutrição vegetal e desempenhamfunções tão vitais quanto osmacronutrientes.

Embora em menor escala, os riscosde ocorrer deficiência de algummicronutriente existem, e eles podemser agravados pela tendência atual deutilização de fertilizantes comerciaisNPK mais concentrados. Para evitarque isso aconteça, a melhor estratégiaé aplicar um adubo commicronutrientes ou incluir os resíduosorgânicos, principalmente os estercos

disponíveis na propriedade, no progra-ma de adubação.

Funções dosmicronutrientes na plantae equilíbrio nutricional

Os seis micronutrientes essenciaispara todas as culturas são: o boro (B),o cobre (Cu), o ferro (Fe), o zinco (Zn),o manganês (Mn) e o molibdênio (Mo),e apresentam uma série de funções naplanta.

A maioria deles atua ou faz parte dosistema enzimático nas plantas e trans-porte de elétrons, com ação direta nafotossíntese, síntese da clorofila e naativação de certas reações metabólicaspara a formação de carboidratos.

A relação de equilíbrio entre osmicronutrientes é um fator muito im-portante na determinação de sua dis-ponibilidade para as plantas (1). Aten-ção especial deve ser dada em solosintensivamente adubados com fósforoou que receberam altas doses decalcário, com pH de neutro a alcalino,pois a deficiência é, muitas vezes, oresultado da interação negativa entreeste e outros nutrientes adicionadosna adubação. Assim, altos níveis defósforo podem induzir uma deficiênciade Zn e agravar as deficiências de Cu eFe. Por outro lado, o excesso de Fe e Znpode reduzir a absorção de Cu. Alémdisso, quando absorvidos em grandesquantidades pelas plantas, alguns des-ses nutrientes podem ser tóxicos àsplantas. Por isso, é necessário ter cau-tela quando se faz adubação commicronutrientes. A faixa entre quanti-dades carentes, ótimas e tóxicas des-ses elementos para as plantas é bas-tante estreita, e isso, muitas vezes,pode dificultar as correções de defici-ência no campo.

Como diagnosticar adeficiência demicronutrientes

Na prática as deficiências demicronutrientes podem existir, masnem sempre são imediatamente per-cebidas. Normalmente, não é feito umacompanhamento rotineiro da dispo-nibilidade desses nutrientes no solo enas plantas.

As análises de solo, de tecido vege-tal (folhas, normalmente) e aconstatação de sintomas visuais dedeficiência na planta são fatores im-portantes para fundamentar as neces-sidades de adubação commicronutrientes.

As análises do solo e da plantapodem predizer se é necessário suple-mentar a capacidade do solo em forne-cer determinados micronutrientespara a cultura. A diagnose por sinto-mas visuais de deficiência, quase sem-pre, indica uma fome severa, nuncauma deficiência leve ou moderada.Nesse caso, a queda na produtividadedas culturas já ocorreu, uma vez queela inicia muito antes do início dossintomas de deficiência tornarem-seevidentes. Além disso, a diagnose pe-los sintomas de deficiência nem sem-pre é precisa, porque os sintomas pro-vocados pela deficiência de algunsmicronutrientes, em determinadasplantas, são muito semelhantes entresi, possibilitando confusões na diagnose.

Por isso, se houver suspeitas dedeficiência de algum micronutriente,o melhor procedimento para comprová-la é através da análise do solo, solici-tando ao laboratório o tipo de análisedesejada e utilizar como base de inter-pretação os níveis de suficiência esta-belecidos pela Comissão de Fertilida-de de Solos RS/SC (Tabela 1).

A

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Adubação orgânicaAdubação orgânicaAdubação orgânicaAdubação orgânicaAdubação orgânica

bilidade no Estado, principalmente naregião Oeste, é o esterco líquido desuínos (ELS). Mais de 10 milhões demetros cúbicos desse resíduo são pro-duzidos anualmente e poderiam seraproveitados na adubação das culturas.Trata-se de um adubo com baixo teorde nutrientes totais, mas que, devido àsuplementação mineral fornecida naalimentação dos animais, pode apre-sentar quantidades apreciáveis demicronutrientes. Além disso, a suareciclagem na agricultura é ecologica-mente desejável, pois contribui parareduzir a poluição das águas, verificadaem algumas regiões do Estado.

Para quantificar os teores dos prin-cipais micronutrientes no ELS, foramcoletadas, nos anos 1994 e 1995, 56amostras em esterqueiras representa-tivas da região Oeste de Santa Catari-na.

Após secagem do esterco em estufa,foram feitas determinações de B, Cu,Fe, Mn e Zn, conforme metodologiaadotada pelo laboratório do Centro dePesquisa para Pequenas Propriedades(4).

O teor de matéria seca do ELS va-riou de 1,3 a 19,1%, com um valormédio de 6,4%. A composição média demicronutrientes encontrada no ELS éapresentada na Tabela 2.

Constata-se que, entre osmicronutrientes analisados, o Fe, comvalor médio de 633g/m3, mostrou ser oprincipal componente mineral do ELS,sendo seguido do Zn e Mn, na faixa de43 a 35g/m 3 de liquame. Além disso, oesterco ainda apresentou quantidades

Tabela 1 - Interpretação dos resultados das determinações de cobre, zinco eboro, para os solos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina

Teor no solo Cobre Zinco Boro

------------------------------mg/l-----------------------------

Baixo <0,15 <0,20 <0,1Médio 0,15 a 0,40 0,20 a 0,50 0,1 a 0,3Suficiente >0,40 >0,50 >0,3

Fonte: COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO, RS/SC (2).

lubilidade e a conseqüente movimen-tação dos íons catiônicos (Zn, Cu, Fe,Mn) no solo. Em geral, a disponibilida-de dos micronutrientes diminui com aelevação do pH do solo. Por isso, aofazer a correção da acidez do solo parao bom desenvolvimento das plantas, épreciso ter em mente que ela podeprejudicar a disponibilidade dessesnutrientes, caso não forem tomadasas devidas precauções com a aplicaçãodo calcário. A disponibilidade demicronutrientes é adequada quandoos solos apresentam uma acidez mo-derada (pH entre 5,5 e 6,5).

Além da calagem, doses muito pe-sadas de adubo fosfatado, podem redu-zir a disponibilidade de Zn e de outrosmicronutrientes para as plantas (3).

Avaliação dos teores demicronutrientes no estercolíquido de suínos

Um dos resíduos de maior disponi-

Os sintomas visuais de deficiênciaaparecem primeiro nas folhas maisnovas, pois a maioria dosmicronutrientes é pouco móvel, nãosendo translocados na planta. Comoregra geral, podem ser consideradasas seguintes características para a iden-tificação das principais deficiências nasplantas:

• Diminuição no comprimento dosinternódios, tufos terminais de folhaspequenas, áreas verde-claras entre asnervuras das folhas novas ou faixasbrancas em cada lado da nervura cen-tral da folha (Zn).

• Folhas mais novas com cor verde-pálida entre as nervuras, que perma-necem verdes, branqueamentointernerval (Mn).

• Folhas novas com cor verde-ama-relada, com acentuada distinção entreo tecido internerval e a nervura cen-tral que permanece verde-escura (Fe).

• Plantas com tendência de mur-char, folhas verde-escuras, encurva-mento de caules e folhas, morte dasregiões de crescimento (Cu).

• Folhas pequenas deformadas equebradiças, morte do meristemaapical (B).

Fatores do solo queinfluenciam nadisponibilidade dosmicronutrientes

De modo geral, a disponibilidadedos micronutrientes está relacionadaao material de origem do solo, teor dematéria orgânica e pH do solo.

A reação do solo (pH) é um dosprincipais fatores que comanda a so-

Tabela 2 - Teores de nutrientes exportados pela cultura do milho com umaprodução de 6.000kg/ha de grãos e quantidades contidas no esterco líquido de suínos

(ELS) (3 e 5)

Quantidade extraída QuantidadeNutriente contida

Grãos Palha no ELS

--------------------g/ha-------------------- g/m3

Cobre (Cu) 26 a 35 77 a 140 16,0Boro (B) 50 a 67 86 a 98 2,2Manganês (Mn) 90 a 140 406 a 579 34,9Zinco (Zn) 160 a 250 85 a 134 42,8Ferro (Fe) 200 a 220 1.133 a 1.594 633,2

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Adubação orgânicaAdubação orgânicaAdubação orgânicaAdubação orgânicaAdubação orgânica

apreciáveis de Cu e B.A análise dos dados mostrou que,

por causa da grande amplitude devariação, o valor médio não é um bomindicativo para recomendação de do-ses de ELS, visando o suprimento demicronutrientes. Observou-se que aconcentração de micronutrientes au-mentou com o aumento do teor dematéria seca do ELS e que esta podefornecer uma boa estimativa dosmicronu-trientes analisados.

Por meio de regressões simples,obtiveram-se equações que permitemestimar, com uma boa margem desegurança, os teores de cada micronu-trientes (Figura 1).

Observou-se, com exceção do Zn,que o modelo linear foi aquele quemelhor se ajustou para explicar adependência entre as referidas variá-veis. Para o Zn, o modelo quadráticoapresentou o melhor ajustamento.

Os coeficientes de determinação(R2) obtidos indicam que 68, 67, 64, 61e 74% da variação do teor de B, Cu, Fe,Mn e Zn, respectivamente, são expli-cados pelas funções ajustadas.

Como existe uma estreita relaçãoentre o teor de matéria seca e adensidade do ELS (6), a determinaçãodesta poderá fornecer uma boa esti-mativa do teor de cada micronutrientenele contidos.

A maior parte do ELS reciclado nalavoura é utilizada na adubação dasculturas de milho e feijão. Os dadosmostram que uma aplicação média de

40m 3/ha de ELS, recomendada parasuprir as exigências de NPK do milho(7), é suficiente para um adequadofornecimento de micronutrientes, emface da sua composição e extração pelacultura para uma produção média de 6tde grãos (Tabela 2).

A maior proporção dos micronu-trientes absorvidos pelas plantas per-manece na palha, retornando ao solologo após a colheita do milho. Destaforma, o produtor que aplicar periodi-camente ELS, mesmo em quantidadesinferiores à recomendada para o supri-mento de NPK (40m3/ha), dificilmenteencontrará problemas de deficiênciade micronutrientes na sua lavoura.

Por outro lado, a aplicação de umaquantidade de micronutrientes maiordo que a retirada pela cultura não seconstitui em problema, pois maior pro-porção dos micronutrientes metálicospassa para a forma de óxidos no solo,que não é absorvida pelas raízes.

Entretanto, é importante não exa-gerar nas quantidades aplicadas e nafreqüência de aplicação, para evitardesbalanços nutricionais ou problemasfitotóxicos, pois o esterco, a exemplodos fertilizantes minerais, pode tor-nar-se nocivo às plantas e ao meioambiente em doses elevadas. Por isso,recomenda-se que toda e qualquer in-dicação de uso deve vir sempre acom-panhada da análise do solo e do mate-rial que se deseja reciclar na lavoura.

Cabe destacar, ainda, que além doefeito direto no fornecimento de nutri-

entes, e fração orgânica do estercopode participar do processo de quelaçãodos minerais metálicos (Cu, Fe, Mn eZn). Nessa condição, os metais presosno anel do quelato perdem suas carac-terísticas catiônicas, ficando menossujeitos às reações de precipitação einsolubilização no solo, tornando-semais disponíveis às plantas. Em soloscom pH próximo a neutralidade (pH7,0), onde a solubilidade dos micronu-trientes é muito baixa, o efeitoquelante da matéria orgânica é funda-mental para o adequado suprimentodesses nutrientes às plantas.

Literatura citada1. WATANABE, F.S.; LINDSAY, W.L.;

OLSEN, S.R. Nutrient balanceinvolving phosphorus, iron, and zinc.Soil Science, Baltimore, v.29, p.562-565, 1965.

2. COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLORS/SC. Recomendações de adubação ede calagem para os estados do Rio Gran-de do Sul e de Santa Catarina. 3.ed.Passo Fundo: SBCS-Núcleo RegionalSul, 1994. 224p.

3. ANDRADE, A.G. de; HAAG, H.P.; OLIVEI-RA, G.D.; SARRUGE, J.R. Acumula-ção diferencial de nutrientes por cincocultivares de milho (Zea mays L.). II -Acumulação de micronutrientes. Anaisda E.S.A. Luiz de Queiroz. Piracicaba,v.32, p.151-171, 1975.

4. TEDESCO, M.J.; VOLKWEISS, S.J.;BOHNEN, H.; GIANELLO, C.;BISSANI, C.A. Análises de solos, plan-tas e outros materiais. 2.ed. Porto Ale-gre: Universidade Federal do Rio Gran-de do Sul, 1995. 215p. (Boletim Técnicode Solos, 5)

5. MALAVOLTA, E.; HAAG, H.P.; MELLO,F.A.F.; BRASIL SOBRINHO, M.O.C.Nutrição mineral e adubação de plan-tas cultivadas. São Paulo: Pioneira,1974. 727p.

6. SCHERER, E.E.; BALDISSERA, I.T.; DIAS,L.F.X. Método rápido para determina-ção da qualidade fertilizante do estercode suínos a campo. Agropecuária Cata-rinense, Florianópolis, v.8, n.2, p.40-43,1995.

7. SCHERER, E.E.; CASTILHOS, E.G. de.Esterco de suínos como fonte de nitro-gênio para milho e feijão da safrinha.Agropecuária Catarinense,Florianópolis, v.7, n.3, p.25-28, 1984.

Eloi Erhard Scherer, eng. agr., Ph.D., Cart.Prof. no 9.622-D, CREA-SC, EPAGRI/Centrode Pesquisa para Pequenas Propriedades -CPPP, C.P. 791, Fone (049) 722-4877, Fax(049) 722-1012, 89801-970 Chapecó, SC.

Figura 1 - Equações de regressão entre os teores de micronutrientes(B, Cu, Fe, Mn e Zn) e de matéria seca do esterco líquido de suínos

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Industrialização caseira com turismo rural: umaIndustrialização caseira com turismo rural: umaIndustrialização caseira com turismo rural: umaIndustrialização caseira com turismo rural: umaIndustrialização caseira com turismo rural: umafórmula de sucessofórmula de sucessofórmula de sucessofórmula de sucessofórmula de sucesso

Reportagem de Paulo Sergio Tagliari e Homero M. FrancoFotos de Homero M. Franco

A industrialização caseira ou artesanal aliada ao turismo rural éuma alternativa para evitar o êxodo rural, propiciando mais renda

e ótimas oportunidades para o homem do campo. Quem tambémsai beneficiado é o consumidor, que encontra um produto de

qualidade por preços atraentes.

Visitantes têm a sua escolha produtos diversificados com qualidade

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

pós uma semana inteira de árduotrabalho, quem não gosta de apro-

veitar o fim-de-semana e relaxar umpouco viajando, visitando lugares dife-rentes? Uma opção interessante e agra-dável é o turismo rural, que está atra-indo centenas e até milhares dos cha-mados “turistas de fim-de-semana” emvárias localidades do Sul do Brasil. EmJoinville, uma parceria entre a Funda-ção Municipal 25 de Julho e a EPAGRIdesenvolveu um programa de incenti-vo à manutenção do agricultor na pro-priedade e à fabricação e comercializa-ção de produtos caseiros, evitando as-sim o êxodo rural.

Um resultado concreto desse pro-grama pode ser visualizado junto àEstrada Bonita, nome de uma comuni-dade de agricultores, situada às mar-gens da rodovia BR 101, na saída deJoinville em direção à Curitiba. Ascasas, em estilo enxaimel, são peque-nas, assim como os lotes. Quase sem-pre possuem jardins floridos e bemtratados em frente às varandas. Estepatrimônio só pode ser avaliado junto àpaisagem singular em que está inseri-do: um vale, cortado por pequenos riose córregos, emoldurado por vegetaçãoexuberante, natural ou plantada pelosagricultores. Esse cenário de quase

18ha da propriedade cultivam o milho,que entra na alimentação das 18 cabe-ças de gado que possuem, sendo 11vacas de leite. Ango planta também acana para fabricar o melado. Comentan-do sobre o manejo da sua lavoura, elerevela: “Antes eu jogava fora o bagaçoda cana, agora eu aproveito e misturoao esterco no estábulo, formando a camade estrume que retorna às lavouras.Com isso eu reciclo o material e dimi-nuo os custos de produção”. Normal-mente as frutas para as geléias vêm doseu próprio pomar, ou seja, a produçãoda época. Para incrementar a renda eaproveitar o espaço disponível ao redorda casa, os Kersten iniciaram a produ-ção de folhagens.

A capacidade empresarial da Famí-lia Kersten revela-se melhor ainda naindustrialização caseira. Orientados pelaFundação 25 de Julho, realizaram

sonho abriga uma sériede empreendimentos queatraem sobremaneira osvisitantes, tais como a fa-bricação caseira de pães edoces, melados, musses egeléias, produção caseirade cachaça de alambique,além de diversões comopesque e pague, passeiosecológicos, etc.

Paisagens eprodutos

Passando um pouco dopórtico da Estrada Boni-ta, encontra-se a proprie-dade de Ango Kersten. Ochalé em estilo europeuatrai a atenção, assimcomo o capricho, a limpe-za do local. O agricultormora com os pais, SeuHerberto e Dona Hilda,que ajudam no negócioda produção caseira demelado, musses e geléi-as, as especialidades des-te estabelecimento. Nos

Ango Kersten: “produto natural, sem conservante”

Todos os cuidados de higiene são tomados naagroindústria caseira de Joinville

A

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

a pousada.Reinaldo tem uma só queixa, o

rigor exagerado da vigilância sanitá-ria: “Toda vez que o técnico vem aqui,ele resolve modificar uma coisa”, re-clama. Para Irma Bertoldi,extensionista da Fundação 25 de Ju-lho, este tipo de reclamação por partedos produtores deverá diminuir bas-tante com a vigência da nova Lei daAgroindústria Artesanal (foi aprova-da na Assembléia Legislativa de San-ta Catarina em dezembro de 1996) e,com a regulamentação da mesma,todos os aspectos referentes a hi-giene,normas de produção, comer-cialização,etc. deverão ficar melhor esclarecidose, o que é importante, adaptados àpequena indústria caseira rural.

Uma bela roda de moinho com aágua correndo traz lembranças dostempos de antigamente, onde tudoera mais calmo, sem o agito dos diasde hoje. Este visual e sensação sãotransmitidos ao se visitar a casa doWilly (pai) e Wilson (filho) Kersten(são parentes do Ango), donos de umdos melhores alambiques da região,segundo opinião de muitos clientesque visitam o estabelecimento.

A produção artesanal da cachaça éfeita utilizando cana de lavoura pró-pria, e a empresa atualmente produz10 mil litros por safra. A venda ésimples e prática; cada cliente trazseu próprio vasilhame e enche naspipas, e, é claro, com direito à experi-mentar uma “purinha” na hora. Olitro é vendido entre R$ 1,00 e 1,20.

O próximo passo de Wilson e seupai é a remodelagem do alambique,que inclui a ampliação e compra denovos equipamentos, além de apri-morar o processo, adequando-o àsnormas técnicas da vigilância sanitá-ria.

O caminho do sucesso

Os agricultores da Estrada Bonitacomeçaram a ser estimulados para oTurismo Rural em 1989, quando opessoal da Extensão Rural constatoua fragilidade da agricultura local emcontraste com as belezas naturais e a

reformas na casa para instalação dealguns equipamentos básicos - bate-deira, liquidificador, ventilador, exaus-tor, tacho de cobre - tudo dentro dasnormas de higiene, ou seja, todostrabalham com avental, gorro na ca-beça, as paredes são azulejadas, etc.

Outro produtor típico da EstradaBonita é o Sr. Reinaldo Hattenhauerque oferece produtos diversificadosaos visitantes, tais como queijos, ge-léias e aipim congelado; tem pesque epague e até pousada para as pessoasque desejarem passar um fim-de-se-mana mais prolongado.

“Tudo é produto natural, não temconservante”, sustenta o Sr. Reinaldo,e explica que a validade das geléias emusses é de seis meses, “mas pode

Produção artesanal:roda d'água move o moedor decana no alambique de Wilson

Kersten

durar até dois anos, se a pessoativer certos cuidados”, garante oagricultor. Uma curiosidade dosvisitantes é a diferença entremusse e geléia, e ele esclarecedizendo que o primeiro é proces-sado a partir da polpa das frutas,enquanto que as geléias utili-zam o suco.Para se ter uma idéia das van-

tagens da industrialização caseira, bas-ta citar o caso do aipim. Se o produtorfosse vender o aipim bruto, ganhariado intermediário cerca de R$ 0,26 porquilo, ao passo que beneficiando araiz, ou seja, cortando a casca e colo-cando no freezer em pedaços, ele rece-be R$ 2,00 por pacote de 2kg. O Sr.Reinaldo vende ainda o queijo prato aR$ 4,5 o quilo, o muzzarela a R$ 3,20,o frescal a R$ 2,50 e o tipo italiano a R$4,00 o quilo. As geléias e musses,vende ao preço médio de R$ 3,00 porpote de 400g.

Além do tino comercial aguçado,este empresário rural tem tambémcriatividade. O antigo galpão transfor-mou-se em churrasqueira e a velhacasa, que ia ser derrubada, tornou-se

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proximidade da BR 101. No local, emum casarão reaproveitado, já funciona-va um restaurante que recebia, aomenos nos fins-de-semana, um bomnúmero de freqüentadores,notadamente fa-mílias inteiras. A essetempo, a Fun-dação Municipal 25 deJulho, de Joinville, já incentivava aindústria artesanal de alimentos. Reu-nindo esforços da Fundação, da Epagrie dos próprios agricultores localizadosàs margens da citada estrada, o traba-lho foi desencadeado.

A extensionista Terezinha CechetHartmann, hoje coordenadora regio-nal do Programa de Economia Domés-tica, da EPAGRI de Joinville, na épocaextensionista local na F.M. 25 de Ju-lho, recorda que “foi feito um levanta-mento identificando as pessoas, os pro-dutos, o potencial, o desejo de partici-par ou não, abrangendo 42 famílias deagricultores. Dezessete delas se mos-traram receptivas. O programa foi mon-tado com oito participantes, tendo emvista que foi necessário eliminar a dupli-cidade de oferta e a concorrência des-necessária. O treinamento ofereceu acada família a especialização para onível desejado de qualidade aos produ-tos, além do desenvolvimento pessoal”.

Hoje, segundo Terezinha, consoli-dam-se as seguintes assertivas: o me-lhor momento da Estrada Bonita são asférias escolares, apesar de as famíliasestarem preparadas para receber tu-ristas o ano inteiro; a maioria dos turis-tas que ali chegam procedem do Paraná;a freqüência dos joinvilenses é menorporque a cidade possui mais de 20 feirassemanais comercializando produtossemelhantes aos ofertados na EstradaBonita; todos produtos ali comercia-lizados têm o acompanhamento de hi-giene e qualidade da Vigilância Sanitá-rio Municipal/Fundação 25 de Julho;mais de 70% da renda dessas famíliasprovém da venda de produtos industri-alizados em casa e vendidos aos turis-tas.

A outra experiência com TurismoRural em curso na região Litoral Norteenvolve os municípios de Jaraguá doSul, Schroeder, Corupá, Guaramirim,Massaranduba, Barra Velha, Joinville,

puder ser implantada a fórmula de su-cesso em curso na Estrada Bonita, oprograma tem tudo para dar certo. EmJoinville, a Secretaria Municipal deTurismo assume a divulgação; a Fun-dação 25 de Julho assume a infra-estru-tura das propriedades, a estrada, asolução dos problemas coletivos; a EPA-GRI desenvolve a preparação profis-sional e a qualidade técnica e pessoal.

Garuva, São Francisco do Sul eAraquari. Depois de uma sériede reuniões com as autoridadesmunicipais de turismo, em queficou evidenciado o interesse, aEpagri reuniu agricultores sele-cionados, motivados, com dispo-nibilidade e com potencial dedesenvolvimento pessoal e deindustrialização caseira de ali-mentos, além das atividades es-senciais listadas. Nesse momen-to eles passaram por um treina-mento básico e voltaram para assuas casas. Numa segunda eta-pa, as propriedades foram visita-das e algumas afastadas porinadap-tação.

Daqui para a frente, o programafará visitas às propriedades acompa-nhando o desenvolvimento da situa-ção e evidenciando aquelas que pode-rão entrar nesse mercado dentro deum futuro próximo. Nesse ínterimserão feitos reuniões e treinamentosenvolvendo os interessados e suasfamílias.

Se em todos os demais municípios

Belas paisagens são umconvite aos turistas na

Estrada Bonita

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Maçã: nova cultivarMaçã: nova cultivarMaçã: nova cultivarMaçã: nova cultivarMaçã: nova cultivar

EPEPEPEPEPAGRI 407-Lisgala: mutação da cultivar deAGRI 407-Lisgala: mutação da cultivar deAGRI 407-Lisgala: mutação da cultivar deAGRI 407-Lisgala: mutação da cultivar deAGRI 407-Lisgala: mutação da cultivar demacieira Gala com epiderme mais coloridamacieira Gala com epiderme mais coloridamacieira Gala com epiderme mais coloridamacieira Gala com epiderme mais coloridamacieira Gala com epiderme mais colorida

Frederico Denardi, Anísio Pedro Camiloe José Luiz Petri

cultivo da macieira, em escalacomercial, iniciou-se no Brasil

no começo da década de 60 (1 e 2). Noentanto, até 1970 esta cultura perma-neceu em pequenas e médias proprie-dades agrícolas, praticamente seminfra-estrutura de processamento, ar-mazenagem e comercialização. A par-tir da década de 1970 o cultivo damacieira sofreu uma rápida expansão.As primeiras cultivares de macieiraplantadas comercialmente em SantaCatarina foram a Starkrimson e aGolden Delicious (3).

A longa tradição brasileira de con-sumo das maçãs Red Delicious da Ar-gentina, com epiderme de coloraçãoacentuadamente vermelho-estriada ede sabor adocicado, definiu a preferên-cia do nosso consumidor por este tipode maçãs. Por essa razão, os atuaispomares de macieira estão alicerçadosem cultivares de epiderme vermelha,uma tendência mundial. Nos dois Es-tados sulinos (SC e RS), onde concen-tra-se em torno de 90% da produçãonacional de maçãs, mais de dois terçosdos pomares são constituídos pelascultivares Gala e Fuji (2), as quaisapresentam epiderme vermelha-estriada com sabor doce (4).

A maçã importada, especialmentea Delicious de origem chilena e ameri-cana, apresenta a epiderme de umvermelho-intenso muito atrativo.Embora de sabor inferior ao das maçãsnacionais Gala e Fuji, aqueles frutosse impõem em termos de apresenta-ção. Os frutos da cultivar Fuji apresen-tam deficiência de coloração daepiderme, especialmente em situaçõesde baixa insolação. Já os frutos dacultivar Gala têm melhor aparência,apresentando a epiderme com colo-ração vermelha--estriada, bastante

atrativa. No entanto, em situações desombreamento, freqüentemente obser-vado quando se empregam porta-enxer-tos vigorosos como o Maruba ou o MM-111, também apresentam deficiência decoloração, o que dificulta suacomercialização, especialmente na ex-portação para países do mercado co-mum europeu.

Tem sido muito freqüente osurgimento de mutações somáticas dacultivar Gala, notadamente no Brasil ena Nova Zelândia. Estas mutações es-pontâneas ocorreram quase sempre nacoloração da epiderme dos frutos. Sãoexemplos: a Royal Gala, a Imperial Gala,a Mondial Gala, mutantes de epidermemais colorida e estriada. No Brasil,tem-se obtido vários clones mutantesnas regiões produtoras. No entanto,todos com epiderme vermelho-sólida,sem estrias. Neste grupo inclui-se acultivar EPAGRI 407-Lisgala, a qualestá sendo lançada como nova cultivarpara colheita na mesma época da culti-var Gala.

Por produzir frutos com epiderme decoloração vermelho-sólida, mais unifor-memente distribuída na superfície dosfrutos, a cultivar EPAGRI 407-Lisgalaestá sendo lançada como opção em subs-tituição à cultivar Gala para o nicho demercado que prefere frutos de colora-ção vermelha sem estrias.

Origem

Em 1982, em um dos pomares demacieira enxertado sobre o porta-en-xerto MM-106, na Estação Experimen-tal de Videira/EPAGRI, observou-se queuma planta da cultivar Gala apresenta-va um ramo com frutos de coloraçãovermelho-sólida, sem estrias. Em julhodo mesmo ano, material vegeta-tivo

deste ramo foi enxertado sobre o MM-106 para verificação do grau de estabi-lidade dessa mutação. As três plantasavaliadas reproduziram as mesmascaracterísticas de coloração do ramooriginal, ou seja, todos os frutos eramde coloração vermelho-sólida, diferen-te dos da cultivar Gala. Com o objetivode certificação de que se tratava demutação somática estável da cultivarGala, foram efetuadas outras duas en-xertias sucessivas sobre o porta-enxer-to MM-106, em 1989 e em 1992. Asplantas destas novas enxertias foramavaliadas na Estação Experimental deCaçador, e os frutos obtidos foram to-dos similares em coloração aos do ramomutante original, confirmando a esta-bilidade daquela mutação (Figura 1).

Por tratar-se de uma característicade grande importância comercial e porser fenotipicamente superior à cultivarGala, sua predecessora, decidiu-se in-troduzir este novo clone com a denomi-nação de EPAGRI 407-Lisgala, em refe-rência à uniformidade de distribuiçãoda coloração da epiderme.

Características da planta

As plantas desta nova cultivar apre-sentam as mesmas características agro-nômicas e fenológicas da cultivar Gala,que lhe deu origem, recomendando-se,por isso, todos os tratos culturais efitossanitários dispensados à cultivarGala.

Características dos frutos

A coloração da epiderme dos frutosapresenta entre 80 e 95% de vermelho--sólido (Figuras 1 e 2). Este vermelhodistribui-se uniformemente na superfí-cie do fruto e não apresenta estrias, aocontrário da cultivar Gala, que tem

O

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Maçã: nova cultivarMaçã: nova cultivarMaçã: nova cultivarMaçã: nova cultivarMaçã: nova cultivar

Tabela 1 - Distribuição da floração e da maturação dos frutos dascultivares de macieira EPAGRI 407-Lisgala, Gala, EPAGRI

403-Fred Hough, EPAGRI 404-Imperatriz, Sansa e Fuji - EstaçãoExperimental de Caçador, EPAGRI/SC

Período de Período deCultivar

floração maturação

Gala 28/09 a 25/10 28/01 a 15/02EPAGRI 407-Lisgala 28/09 a 25/10 28/01 a 15/02EPAGRI 403-Fred Hough 20/09 a 15/10 20/02 a 10/03EPAGRI 404-Imperatriz 23/09 a 20/10 05 a 20/02Sansa 05/10 a 30/10 20/01 a 05/02Fuji 25/09 a 15/10 28/03 a 15/04

que a cultivar Gala, sen-do por isso mais adequa-da para regiões ou situa-ções de baixa insolação. A cor de fundo éamarelo-creme estando ofruto no ponto de colhei-ta. À exceção da unifor-midade de coloração daepiderme dos frutos - ver-melho-sólida sem estrias(Figuras 1 e 2), as de-mais características dosfrutos não diferem dasobservadas na cultivarGala.

Polinização

Como polinizadoras da cultivarEPAGRI 407-Lisgala poderão ser em-pregadas as mesmas cultivares

indicadas para a cultivar Gala, ouseja: ‘EPAGRI 403-Fred Hough’,‘Sansa’, ‘Fuji’, ‘Willie Sharp’ e ‘GrannySmith’ (5), ou ainda a nova cultivarEPAGRI 404-Imperatriz.

A floração e a maturação dos frutosda ‘EPAGRI 407-Lisgala’ em relaçãoàs polinizadoras é mostrada na Tabe-la 1.

Literatura citada

1. CANTILLANO, R.F.F. Situação da cultura damacieira no Brasil. Pelotas: EMBRAPA-UEPAE Cascata, 1983. 34p. (EMBRAPA-UEPAE Cascata. Documentos, 15).

2. HENTSCHKE, R. Maçã: estudo da situaçãocatarinense frente ao MERCOSUL. Floria-nópolis: EPAGRI, 1993. 70p. (EPAGRI.Documentos, 148).

3. RIBEIRO, P. de A.; CAMILO, A.P.; PETRI,J.L.; PEREIRA, A.J.; CAMELATTO, D.Comportamento de algumas cultivares demacieira Malus domestica Borkh., em San-ta Catarina. Florianópolis: EMPASC, 1980.83p. (EMPASC. Boletim Técnico; Série Fru-teiras, 5).

4. RIBEIRO, P. de A. Descrição e comportamentode algumas cultivares de macieira no Sul doBrasil. In: EMPASC. Manual da cultura damacieira. Florianópolis: 1986. p.59-91.

5. DENARDI, F.; C AMILO, A.P. Maçã. In:EPAGRI. Recomendação de cultivares parao Estado de Santa Catarina 1996/97.Florianópolis: 1996. 152p. (EPAGRI. Bole-tim Técnico, 74).

Frederico Denardi, eng. agr., Cart. Prof. no

3.182-D, CREA-SC, EPAGRI/Estação Experimen-tal de Caçador, C.P. 591, Fone (049) 663-0211,Fax (049) 663-3211, 89500-000 Caçador, SC;Anísio Pedro Camilo, eng. agr., M.Sc., Cart.Prof. no 2.532, CREA-SC, EPAGRI/Estação Expe-rimental de Caçador, C.P. 591, Fone (049) 663-0211, Fax (049) 663-3211, 89500-000 Caçador,SC e José Luiz Petri, eng. agr., M.Sc., Cart. Prof.no 2.987-D, CREA/SC, EPAGRI/Estação Experi-mental de Caçador, C.P. 591, Fone (049) 663-0211, Fax (049) 663-3211, 89500-000 Caçador,SC.

Figura 1 - Planta da cultivar EPAGRI 407-Lisgala.Detalhes da coloração intensa dos frutos

estrias como característica marcante.Em condições de sombreamento, osfrutos poderão apresentar manchasdescoloridas. No entanto, adquire co-loração da epiderme mais facilmente

Figura 2 -Frutos dacultivarEPAGRI 407--Lisgala.Detalhes dadistribuiçãoda coloraçãovermelho--sólida semestrias

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VVVVViabilidade técnica da semeadura direta para aiabilidade técnica da semeadura direta para aiabilidade técnica da semeadura direta para aiabilidade técnica da semeadura direta para aiabilidade técnica da semeadura direta para acultura da cebolacultura da cebolacultura da cebolacultura da cebolacultura da cebola

cultivo de cebola em Santa Cata-rina, e na maioria dos Estados

brasileiros produtores desta hortaliça,está alicerçado na produção de mudasem canteiros e transplante destas mu-das para o local definitivo. Este pro-cesso produtivo absorve grande quanti-dade de mão-de-obra e contribui sig-nificativamente para o incrementodos custos de produção (1). Dadosobtidos em estudo realizado no RioGrande do Sul indicam aumento nocusto da ordem de 21% do cultivoatravés do transplante em relação àsemeadura direta (2). Em SantaCatarina, dados do Instituto CEPA (3)permitem inferir que esta diferençaatinge o índice de 18%.

A produção de cebola por meio dasemeadura direta é uma técnica pro-missora, pois além de diminuir o cus-to da produção, possibilita maior meca-nização, aumento de produtividade(4), maior peso médio dos bulbos, me-lhor formato, pescoço mais fino, me-lhor retenção e maior brilho das esca-mas (5).

Destaca-se também no método desemeadura direta a antecipação decolheita, possibilitando, para condi-ções de cultivo no Rio Grande do Sul,diminuição de 30 dias no ciclo dacultura (1).

A produtividade e a qualidade dosbulbos de cebola são fatores decisivosno seu cultivo, principalmente nestafase de abertura de mercados(MERCOSUL), o que tem aumentadoa competitividade e a exigência dosconsumidores. Dados do InstitutoCEPA (3) demonstram que na últimadécada não houve aumento de produ-tividade da cebola em Santa Catarina,

a qual ficou situada em 10,3t/ha. Omesmo estudo recomenda agilizar odesenvolvimento e o uso de tecnologiasque melhorem a qualidade e a apresen-tação dos bulbos.

Atualmente, há em Santa Catarinaescassez de informações técnicas so-bre o sistema de semeadura direta,limitando de alguma forma a sua ex-pansão. O estabelecimento do estandepara cultivares de sementes pequenas,como é o caso da cebola, é um dos maisdifíceis problemas na produção vege-tal, considerando a profundidade e épo-ca de semeadura, umidade e tempera-tura do solo e preparo do solo paragerminação (6).

Este trabalho de pesquisa teve comoobjetivo estudar a viabilidade da pro-dução pelo método de semeadura dire-ta, determinando a densidade e épocade semeadura de cebola que resultasseem maior produtividade de bulbos co-merciais.

Material e métodos

Os experimentos foram conduzidospor dois anos, 1986/87, na Estação Ex-perimental da EPAGRI localizada emItuporanga, SC, instalados em solo clas-sificado como Cambissolo Distrófico,álico e a uma altitude de 450m.

A adubação de base foi efetuada empré-semeadura, aplicada a lanço e in-corporada ao solo através de enxadarotativa, sendo composta de 30kg de N,120kg de P2O5 e 60kg de K2O por hecta-re. A adubação de cobertura, consti-tuída por duas doses de 10kg de N/ha,foi incorporada aos 45 e 80 dias após asemeadura. A semeadura foi realizadamanualmente, a uma profundidade de

1 a 2cm, com cobertura do próprio solo.Os tratamentos fitossanitários foramrealizados de acordo com a tecnologiarecomendada para o sistema de culti-vo.

O delineamento experimental foiem blocos casualizados com fatorialformado por três cultivares, três épo-cas de semeadura, três densidades desemeadura, formando 27 combinaçõesde tratamentos mais três tratamentosde plantio convencional e duas repeti-ções.

As cultivares, épocas e densidadesde semeadura analisadas foram:

Cultivares: EMPASC 351 SeleçãoCrioula, EMPASC 352 Bola Precoce,Norte 14.

Épocas de semeadura: 15/06, 05/07e 25/07.

Densidades de semeadura: 25, 40 e55 sementes por metro linear.

Cada unidade experimental ou par-cela era formada por cinco linhas de4,5m de comprimento, espaçadas de0,40m, com área total de 9,00m 2 e áreaútil de 3,60m 2.

No presente trabalho foi avaliado opeso de bulbos comerciais e foi feita acomparação entre o número de bulboscomerciais e não comerciais (pirulito),segundo as normas estabelecidas peloMinistério da Agricultura.

Como as cultivares são de compor-tamento diferente, o que já era conhe-cido a priori, e como o objetivo desteexperimento era obter as melhorespráticas culturais para cada cultivar,podendo ser coincidentes ou não, foianalisado o fatorial três épocas de se-meadura com três densidades de seme-adura para cada cultivar, dentro domodelo matemático completo.

Djalma Rogério Guimarães,Laércio Torres e Renato César Dittrich

O

Opção de cultivoOpção de cultivoOpção de cultivoOpção de cultivoOpção de cultivo

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58 Agrop. catarinense, v.10, n.1, mar. 1997

Opção de cultivoOpção de cultivoOpção de cultivoOpção de cultivoOpção de cultivo

O experimento foi conduzido emdois anos, em áreas diferentes, e naanálise conjunta foram testadas asseguintes hipóteses por cultivar, en-volvendo os seguintes efeitos:

• Principais: anos, épocas e densi-dades.

• Interações: épocas x densidades,épocas x anos, densidade x anos eépocas x densidades x anos.

Todas as hipóteses referentes aosefeitos acima e às análises de regres-são linear foram testadas com o testeF, com nível de erro igual a 0,05.

Resultados e discussão

Analisando-se as condiçõesambientais ocorridas nos dois anosagrícolas em que se conduziu o traba-lho de pesquisa, pode-se verificar quehouve diferença acentuada principal-mente quanto à disponibilidade hídri-ca nos meses de setembro e novem-bro, conforme mostram os dados naFigura 1. No segundo ano de avalia-ção dos experimentos houve déficithídrico, principalmente no mês denovembro, ocasionado pela baixa

precipitação (apenas 58,6mm), e ain-da mal distribuída (apenas oito dias).Em função destes fatores, e que ocor-reram no mo-mento de maior desen-volvimento das plantas, houve influ-ência na produ-tividade, provocandointerações significativas entre os fato-res cultivares, épocas, densidades desemeadura e os anos.

Observando-se os resultados inse-ridos na Figura 2, verifica-se em geralque quanto maior foi a densidade desemeadura, menor foi a produção debulbos comerciais, para todas as trêscultivares. A produção de bulbos co-merciais é determinada pela densida-de populacional de plantas, e a mesmadeve ser estabelecida a priori, paraproduzir os bulbos de tamanho deseja-do (6). Os dados obtidos através dasequações de regressão linear revelamque houve uma diminuição na produ-ção de bulbos comerciais da ordem de117,3kg/ha no primeiro ano e de350,7kg/ha no segundo ano para acultivar EMPASC 352 - Bola Precoce,de 323,8kg/ha nos dois anos para acultivar EMPASC 351 - Seleção Criou-la e de 297,1kg/ha no segundo anopara a cultivar Norte 14, para cadaaumento de uma semente por metro

linear, respectivamente. Convém res-saltar que para a cultivar Norte 14houve uma resposta significativa deefeito quadrático, demonstrando que,dependendo das condições ambientais,poderão ser semeadas até 40 semen-tes por metro linear. Estes resultadosconfirmam relatos de pesquisa queindicam que em todas as hortaliças desementes pequenas, como é o caso dacebola, o sucesso do estabelecimentoda população de plantas desejadas édifícil e imprevisível, pois depende deuma série de fatores, principalmentetemperatura do ar e do solo, umidadedo solo e profundidade de semeadura(6).

Com exceção da cultivar EMPASC351 - Seleção Crioula, houve interaçãosignificativa entre densidade x anos,demonstrando a influência das condi-ções ambientais sobre a produção debulbos comerciais. Apesar destainteração, fazendo-se uma avaliaçãoglobal da produção de bulbos comerci-ais nos dois anos de experimentação,conforme dados da Figura 3, verifica-se que para as três cultivares estuda-das a melhor densidade de semeadurafoi de 25 sementes por metro linear.

Estes resultados são semelhantesaos relatados em outro trabalho (6)que descreve que a densidade de 60 a80 sementes/m2 (equivalente em nos-sas condições de cultivo a 24 a 36sementes por metro linear) são reco-mendadas para evitar excesso de bul-bos pequenos e baixa produção.

Em relação à época de semeadura(Figura 2), houve uma diminuiçãona produção de bulbos comerciaiscom o retardamento da época a partirde 15/06, para todas as cultivares es-tudadas.

A análise dos resultados atravésdas equações de regressão linear mos-trou que para cada dia de atraso apartir da primeira época de semeadu-ra, ou seja 15/06, o peso de bulboscomerciais decresceu em 443,0kg/hanos dois anos para cultivar EMPASC352-Bola Precoce, 470,7kg/ha no pri-meiro ano e 107,2kg/ha no segundoano, para EMPASC 351-Seleção Cri-oula e 485kg/ha para o primeiroano, 531,7kg/ha para o segundo anopara cultivar Norte 14. Convém res-saltar que no segundo ano (Figura 4),

Figura 1 - Dias de chuva e precipitação total mensal (mm) na estação meteorológica daEstação Experimental de Ituporanga, EPAGRI, SC, durante o período de cultivo de

cebola

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Agrop. catarinense, v.10, n.1, mar. 1997 59

Opção de cultivoOpção de cultivoOpção de cultivoOpção de cultivoOpção de cultivo

Figura 2 - Peso de bulbos comerciais de cebola das cultivares EMPASC 352-Bola Precoce (C1), EMPASC 352-SeleçãoCrioula (C2) e Norte 14 (C3), em função da densidade e época de semeadura (média de dois anos)

Figura 3 - Peso de bulbos comerciais de cebola das cultivares EMPASC 352-Bola Precoce (C1), EMPASC 352-SeleçãoCrioula (C2) e Norte 14 (C3), em função do ano e densidade de semeadura (média de três épocas de semeadura)

Figura 4 - Peso de bulbos comerciais de cebola das cultivares EMPASC 352-Bola Precoce (C1), EMPASC 352-SeleçãoCrioula (C2) e Norte 14 (C3), em função do ano e época de semeadura (média de três épocas de semeadura)

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60 Agrop. catarinense, v.10, n.1, mar. 1997

Opção de cultivoOpção de cultivoOpção de cultivoOpção de cultivoOpção de cultivo

para a cultivar Norte 14, obtiveram-se equações de efeito quadrático, ouseja, caiu acentuadamente a produ-ção da primeira para segunda época ea partir daí houve um incremento.

O atraso da época de semeaduraprovocou menor produção de bulboscomerciais, em virtude de que as plan-tas possuíam menor área foliar quan-do ocorreram condições mínimas defotoperíodo e temperatura exigidaspelas cultivares para iniciarem abulbificação. Além de possuir menorárea foliar, este retardamento provo-cou a coincidência com temperaturasmais elevadas na fase de bulbificação,o que ocasionou a intensificação datranspiração e condições estressantes

às plantas, influindo negativamenteno desempenho das cultivares. Plan-tas mais jovens não respondem ao estí-mulo para bulbificação tão rapidamen-te quanto plantas mais desenvolvidas(6).

O comportamento das cultivares foiinfluenciado pelas condições ambientaisprovocando resultados variáveis, o quefica demonstrado pela interação signi-ficativa entre anos x épocas, mostradana Figura 4. Fazendo-se uma análisedos resultados obtidos na resposta dastrês cultivares de cebola estudadas,verifica-se que a primeira época desemeadura, ou seja, aproximadamen-te 15/06, proporcionou a maior produ-ção de bulbos comerciais.

Verifica-se igualmente, pelos da-dos inseridos nas Figuras 5 e 6, quequanto maior a densidade de semea-dura menor é a percentagem do nú-mero de bulbos comerciais e maior apercen-tagem de bulbos denominadospiru-litos (não comerciais), bem comoquanto mais tardia for a semeaduramenor é a percentagem do número debulbos comerciais e maior a de bulbospirulitos.

A maior percentagem de bulbospirulitos induzida pelo retardamentoda época de semeadura foi provocadapela temperatura mais elevada e pelomaior comprimento do dia durante afase de formação do bulbo. Com isto aaceleração e indução da bulbificação

Figura 5 - Percentagem do número de bulbos comerciais e de pirulitos (f <40mm) das cultivares de cebolaEMPASC 352-Bola Precoce (C1), EMPASC 351-Seleção Crioula (C2) e Norte 14 (C3), em função da densidade de

semeadura (média de três épocas de semeadura e dois anos)

Figura 6 - Percentagem do número de bulbos comerciais e de pirulitos (f <40mm) das cultivares de cebolaEMPASC 352-Bola Precoce (C1), EMPASC 351-Seleção Crioula (C2) e Norte 14 (C3), em função da época de semeadura

(média de três épocas de semeadura e dois anos)

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Atribuições daAtribuições daAtribuições daAtribuições daAtribuições daAgronomia,Agronomia,Agronomia,Agronomia,Agronomia,

Engenharia AgrícolaEngenharia AgrícolaEngenharia AgrícolaEngenharia AgrícolaEngenharia Agrícolae Engenhariae Engenhariae Engenhariae Engenhariae EngenhariaFlorestal noFlorestal noFlorestal noFlorestal noFlorestal no

Planejamento RuralPlanejamento RuralPlanejamento RuralPlanejamento RuralPlanejamento Rural

Pedro Roberto de AzambujaMadruga e

Luciano Farinha Watzlawick

onhecer as atribuições dos pro-fissionais que atuam no meio

rural passa a ser indispensável paraos produtores destas áreas, de ma-neira que estes, ao terem o conheci-mento das atribuições, possam bus-car o profissional melhor capacitadopara solucionar os problemas e pla-nejar adequadamente a proprieda-de rural. Neste sentido, entende-mos que a atuação de profissionaisda área agronômica, agrícola e flo-restal tem muito a contribuir paraum planejamento racional do meiorural, pois estes não se limitam aoplanejamento do plantio de culturasagrícolas (na sua maioriamonoculturas), projetos de irriga-ção, drenagem, criação de viveirosflorestais e manejo de florestas, massim procuram auxiliar a adminis-tração no planejamento integradodo meio rural, principalmente daspropriedades. Desta forma é possí-vel ao produtor administrar comuma visão de empresário, levandoem consideração as análises econô-micas de seus projetos, realizando eaplicando técnicas que possam me-lhorar o sistema solo-água-planta.

De acordo com o exposto acima,o produtor pode beneficiar-se de for-ma a tornar, por exemplo, o seusistema de mecanização adequada-mente planejado, para que o mesmoseja eficiente e não traga perdas desolo e, conseqüentemente, prejuí-zos, mas que traga benefícios para asua melhor utilização, manejo e con-servação.

Para que este planejamento in-tegrado seja possível, é indispensá-vel a utilização de Mapas Base eMapas Temáticos, o que temos cer-

CONJUNTURA

C

coincidiu com plantas com númeromenor de folhas, e conseqüentementemenor área foliar, o que diminui onúmero de bulbos comerciais. Igual-mente, o maior número de pirulitosproporcionado pelo aumento da densi-dade de semeadura foi devido à maiorcompetição das plantas pelos fatoresindutores do desenvolvimento da cebo-la, ou seja, luz, água e nutrientes. Noentanto, a densidade ótima que leva aencontrar a produção potencial e espe-rada pode variar de ano para ano, deacordo com as condições do solo e clima(6).

A semeadura direta promoveu umencurtamento no ciclo da cultura dacebola em relação à prática de trans-plante de mudas, que é ainda o sistemautilizado em Santa Catarina, de aproxi-madamente 30 dias para todas as culti-vares, resultado semelhante aos obti-dos no Estado do Rio Grande do Sul (1).

Conclusões

• O comportamento das cultivares,em relação à produção e percentagemde número de bulbos comerciais, foiinfluenciado pelas condiçõesambientais.

• A melhor densidade de semea-dura para as três cultivares foi de 25sementes por metro linear, sendoque todo acréscimo de sementes pro-duziu decréscimo nos fatores produti-vos.

• O retardamento da época de se-meadura influiu negativamente naprodutividade das três cultivares decebola, tendo-se obtido os melhoresresultados com a semeadura na pri-meira época, ou seja, aproximadamen-te em 15/06.

• A semeadura direta encurtou ociclo das três cultivares em aproxima-damente 30 dias em relação à práticado transplante de mudas.

• A semeadura direta é uma técnicaviável que poderá ser adaptada pelosagricultores catarinenses, destacando-se do sistema de transplante pelo me-nor ciclo e menor custo de produção.No entanto, esta técnica exige maiorescuidados, principalmente em relação à

escolha do solo (topografia e textura)e sua umidade (irrigação).

Literatura citada

1. ROTA, N.M.; FONSECA, G. de F.; FILES,P. Estudo comparativo entre semea-

dura direta e transplante na cultura da

cebola. Agronomia Sul-riograndense,

v.8, n.2, p.121-128, 1972.

2. CRIVELA, G. Diagnóstico da cebola no Rio

Grande do Sul. Porto Alegre:

EMATER/RS, 1995. 86p. (EMATER/

RS. Realidade Rural, 14).

3. INSTITUTO CEPA/SC. Cebola. Florianó-

polis: 1995. 85p. (Estudo de economia

e mercado de produtos agrícolas, 1).

4. LEAL, F.R.; CHURATA-MASCA, M.G.C.;DURIGAN, J.C.; PITELLI, R.A. Con-

trole químico de plantas daninhas na

semeadura direta da cebola (Allium

cepa L.).Revista Ceres, Viçosa, v.32,

n.179, p.63-74, 1985.

5. ARAUJO, M. de T.; ARAUJO, B.V.;

RODRIGUES, A.G. Semeadura direta

versus transplantio em cebola de pri-

mavera/verão. Horticultura Brasilei-ra, Brasília, v.11, n.1, p.61., maio 1993.

6. BREWSTER, J.L. Cultural sistems and

agronomic practices in temperate

climates. In: RABINOWITH, H.D.;BREWSTER, J.L. Onions and allied

crops. Florida: CRC Press, 1990. v.2,

p.1-30.

Djalma Rogério Guimarães, eng. agr.,M.Sc., Cart. Prof. n o 1.144-D, CREA-SC,EPAGRI/Estação Experimental deItuporanga, C.P. 121, Fone (047) 833-1409,Fax (047) 833-1364, 88400-000, Ituporanga,SC; Laércio Torres, eng. agr., M.Sc., Cart.Prof. no 3.024-D, CREA-SC, EPAGRI, C.P.502, Fone (048) 234-0066, Fax (048) 234-1024,88034-901 Florianópolis, SC e Renato CésarDittrich, eng. agr., Cart. Prof. n o 18.072,CREA-SC, EPAGRI, C.P. 502, Fone (048) 234-1344, Fax (048) 234-1024, 88034-901Florianópolis, SC.

Opção de cultivoOpção de cultivoOpção de cultivoOpção de cultivoOpção de cultivo

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teza que não ocorre na maioria daspropriedades rurais.

Como Mapa Base podemos definiro levantamento planialtimétrico deuma área, elaborado por métodos to-pográficos tradicionais ou por resti-tuição fotogramétrica (utilização defotografias aéreas), e como MapasTemáticos, a representação cartográ-fica de diversos temas, como por exem-plo: o uso da terra, classes de declivi-dade, a rede de drenagem e viária,mapas de solos, vegetação, entre ou-tros.

Os mapas citados acima, utilizadoscomo ferramenta principal para ela-boração de projetos de planejamentofísico-rural e conservacionista, podemser elaborados, como dito anterior-mente, pela topografia (método em-pregado para mapeamentos de áreasmenores que 5.000ha), Fotogra-metria(ciência e a tecnologia de obter infor-mações seguras de objetos e do meio,através de processos de registro, me-dição e interpretação das imagensfotográficas). Sensoriamento Remoto(tecnologia que permite a aquisição deinformações sobre objetos sem entrarem contato físico com eles), como porexemplo a Fotointerpretação (ciênciae a arte de examinar as imagens dosobjetos fotografados e de deduzir a suasignificância) e a Interpretação de Ima-gens de Satélite (podendo esta servisual ou digital). Estas técnicas per-mitem uma visão panorâmica da área,possibilitando obter os elementos atra-vés de uma vista aérea, comparandocom os métodos de levantamentos acampo.

Ressalva-se também que as ima-gens aéreas, orbitais e sub-orbitais(convencionais) possuem uma grandeimportância na identificação e no acom-panhamento de problemas que pos-sam estar ocorrendo no meio ambien-te (monitoramento).

As cartas topográficas elaboradaspela Diretoria do Serviço Geográficodo Exército, com técnicas defotogrametria, possibilitam a obten-ção de dados, tanto de planimetriacomo de altimetria, como por exem-plo: cursos de água, rede viária, cur-vas de nível, bem como muitos outrosdados de singular importância paraplanejamentos físicos do meio rural.

Considerando o exposto no pará-grafo anterior, estão os engenheiros

agrônomos, agrícolas e florestais habi-litados a sua elaboração conforme le-gislação do Conselho Federal de Enge-nharia, Arquitetura e Agronomia(CONFEA): Decreto no 23.196/33 art.6o; Decreto no 23.569/33 art. 37; Reso-lução 218/73 art. 1o, 5o e 10o; Resolução256/78 art 1o.

Dentre as atividades amparadaspela legislação acima, outras não me-nos importantes contribuem tambémpara o planejamento em nível de pro-priedade rural e de município, comopor exemplo: o monitoramento flores-tal (levantamento periódico para finsde controle de desmatamento, quei-madas, florestamentos e reflorestamen-tos), monitoramento do uso adequadoda terra (tipos de solos e classes dedeclividade), sempre observando o queseja mais adequado. As previsões desafras também podem ser realizadascom técnicas de Sensoriamento Remo-to, assim como recuperação de áreasdegradadas, manejo integrado de baci-as hidrográficas, relatórios de impactoambiental (RIMA), estudos de impactoambiental (EIA), irrigação e drenagem,construções de estradas de rodagempara fins agrícolas e florestais, cons-truções rurais destinadas a moradia oufins agrícolas, levantamentos de solos,projetos de hortas, projetos de créditoagrícola, auxílio ao Ministério Público(auditorias, avaliações e perícias), ava-liação de riscos ambientais, elaboraçãode projetos e zoneamentos ambientais,entre outros trabalhos não menos im-portantes.

Com o Mapa Base e os MapasTemáticos de uma determinada áreapoderemos utilizar um Sistema de In-formação Geográfica (SIG), definidocomo sendo um banco de dados geográ-ficos georeferenciado que permite ad-quirir, armazenar, combinar e recupe-rar informações codificadas espacial-mente. Este sistema é uma importan-te ferramenta para um administrador,pois pode-se cruzar diferentes mapas,obtendo derivativos que irão auxiliarna tomada de decisão, como por exem-plo: realizar uma análise da aptidãodas terras, onde seriam utilizadosmapas de classes de declividade, tiposde solos, áreas suscetíveis a erosão,áreas com impedimento à mecaniza-ção, distância de cursos de água ounascentes. Com cruzamento destes ma-pas, dentre muitos outros existentes,

as áreas agrícolas poderiam ser me-lhores aproveitadas e destinadas parauma finalidade adequada (áreas agrí-colas, florestais, pastagens e áreas deconservação).

Outras aplicações do SGI estãorelacionadas com o manejo de baciashidrográficas, manejo de áreas deconservação, monitoramento de áre-as irrigadas, manejo florestal e ma-nejo de pastagem.

Com relação ao planejamento emnível municipal, o SIG pode ser utili-zado para determinar áreas para finsde criação de distritos industriais,delimitações de pedreiras, olarias elocação de lixões, definição de áreasapropriadas para a criação de par-ques, locação da rede de drenagem,rede viária, e áreas onde realmentedeveriam existir as lavouras, pasta-gens e florestas, e que possuem usosconflitantes, como por exemplo áreascom uma declividade superior à 45o etambém os leitos dos cursos de água(mínimo de 30m) que estão sendoutilizadas com lavouras ou pastagem.

Salienta-se assim a importânciada existência de mapas atualizadospor qualquer uma das técnicas ante-riormente citadas e a utilização deum Sistema de Informação Geográfi-ca, para a tomada de decisões e apro-veitando de maneira mais racional osrecursos naturais.

Como se pode observar, são inú-meras as atribuições dos engenhei-ros agrônomos, agrícolas e florestaisque possibilitam o desenvolvimentode uma tecnologia de qualidade detrabalho, que direciona o uso da terrapara uma maneira mais adequadacom maior e melhor produtividade,melhorando de forma significativa aconservação do meio ambiente e as-segurando a renovação dos recursosnaturais, de uma forma auto-susten-tado.

Pedro Roberto de Azambuja Madruga,eng. florestal, Dr., CREA-RS no 37.449, Prof.Adj., Departamento de Geodésia, Institutode Geociências, Universidade Federal do RioGrande do Sul, Conselheiro da Câmara deAgronomia do CREA-RS, Av. Ipiranga, 7.000/309, 91530-000, Porto Alegre, RS e LucianoFarinha Watzlawick , eng. florestal, CREA-RS no 88.998, mestrando em SensoriamentoRemoto e Meteorologia, Centro Estadual dePesquisas em Sensoriamento Remoto eMeteorologia, Universidade Federal do RioGrande do Sul, C.P. 15.044, Av. Bento Gon-çalves, 9.500, Fone (051) 316-6352, 91501-970 Porto Alegre, RS.

ConjunturaConjunturaConjunturaConjunturaConjuntura

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OPINIÃO

Perspectivas doPerspectivas doPerspectivas doPerspectivas doPerspectivas docultivo de célulascultivo de célulascultivo de célulascultivo de célulascultivo de células

para opara opara opara opara odesenvolvimento dedesenvolvimento dedesenvolvimento dedesenvolvimento dedesenvolvimento de

leguminosasleguminosasleguminosasleguminosasleguminosasforrageirasforrageirasforrageirasforrageirasforrageiras

Mario Angelo Vidor

técnica de cultivo de tecidosé de fundamental importância

para a conservação e preservação deespécies, assim como contribui signi-ficativamente como potencial para omelhoramento de plantas. O conjun-to de técnicas deste cultivo, quandocuidadosamente integradas em umprograma de melhoramento, pode re-sultar em um desenvolvimento degermoplasma espetacular. Estas téc-nicas existentes podem ser dirigidaspara a produção de plantas idênticase para induzir variabilidade.

As espécies forrageiras são impor-tantes à humanidade, pois servem desustento para alimentar a bovinos,ovinos, suínos e demais animais queo homem utiliza como fonte de ali-mento. Dentro das espéciesforrageiras se encontra a família dasleguminosas, importante por sua pro-dução e qualidade do material produ-zido. Nesta família, existem espéciesque se destacam pelo seu potencialforrageiro, e nas quais estudos decultivo in vitro começam a ser traba-lhados.

A maioria das aplicações para au-mento de produção de leguminosasforrageiras através de técnicas decultivo in vitro se faz pelo uso docultivo de meristemas, com o propó-sito de suprimir viroses de cloneselites usados para produzir cultiva-res sintéticos.

Em geral, a busca visa sempreaumentar a produção. Assim, nosestudos in vitro para alcançar estepropósito, é importante a origem do

haplóides podem revolucionar as in-vestigações em melhoramento deleguminosas forrageiras. Avançosnas metodologias de cultivo demicroesporos isolados e obtenção deandrogênese devem, eventualmen-te, ser utilizados para produção dehaplóides. Já a hibridizaçãointerespecífica via fusão de célulassomáticas se enquadra como umametodologia mais aplicável entre le-guminosas forrageiras.

O desenvolvimento de tecnologi-as de protoplastos para leguminosasforrageiras proporcionará, aos futu-ros trabalhos, a base para investiga-ção em organelas e manipulação desubgenomas, assim como poderá ser-vir de suporte nas tecnologias daengenharia genética molecular.

Na verdade, a micropropagação esuas técnicas de cultivo in vitro, bemcomo a maneira de conservar seusprodutos, têm grande potencial paramelhorar, em geral, as condições devida do homem, além de lhe ofereceruma maior gama de alimentos emsua mesa. O que se espera é que ohomem saiba fazer uso desta ferra-menta com sabedoria.

Mario Angelo Vidor, eng. agr., Ph.D.,Cart. Prof. no 45.918-D, CREA-RS, EPAGRI/Estação Experimental de Lages, C.P. 181,Fone (049) 224-4400, Fax (049) 222-1957,88502-970 Lages, SC.

tecido utilizado para estabelecer ocultivo de calos e células em suspen-são. Fontes de tecidos imaturos (me-nos organizacionalmente diferencia-dos), geralmente respondem mais ra-pidamente que fontes de tecidos ma-duros. Tecidos meristemáticos ten-dem a regenerar plantas mais eficien-temente que tecidos nãomeristemáticos. Fontes de tecidosreprodutivos, algumas vezes, produ-zem cultivos que regeneram plantasmelhor que explantos de fontesvegetativas. No entanto, as culturaspodem ser estabelecidas, com êxito,de vários tecidos, e sua flexibilidadepode ser importante no estabeleci-mento de cultivos de uma única plan-ta.

Trabalhos in vivo para crescimen-to e morfogênese de algumas linha-gens de plantas leguminosasforrageiras indicam um potencial deutilização destas técnicas para melho-rar novas gerações de plantas, índicesagronômicos como produção, tempode maturação, persistência e outrosfatores. Este potencial, uma vez al-cançado, facilitará enormemente aintrogressão de longevidade das espé-cies perenes de vida longa, como ostrevos branco e vermelho, por exem-plo. Outras correlações potencialmen-te podem ser usadas em investigaçõesde cultivo in vitro, tal como o vigor deplanta a campo.

Outra importante utilização é aseleção de métodos de cultivo de célu-las e tecidos, para introduzir em legu-minosas forrageiras o potencial deresistência para pragas e doenças.

Métodos de seleção celular podemser desenvolvidos para superpro-duçãode aminoácidos específicos, aumen-tando a tolerância de legu-minosas avárias condições de estresses, comotemperatura e umidade extremas, altaconcentração de sais no solo e na águade irrigação, além da presença demetais pesados no solo.

Métodos criobiológicos podem serusados entre leguminosas forrageiraspara permitir armazenar por longotempo a variabilidade genética. Méto-dos in vitro de produção de plantas

A

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VIDA RURALSOLUÇÕES CASEIRAS

Receitas caseiras controlam pragasReceitas caseiras controlam pragasReceitas caseiras controlam pragasReceitas caseiras controlam pragasReceitas caseiras controlam pragas

Em função da crescenteconscientização das pessoas na bus-ca por produtos alternativos aosvenenos tradicionais para comba-te às pragas, a Vida Rural volta aapresentar a seus leitores mais al-gumas receitas de fórmulas e prá-ticas caseiras, a exemplo do ocorri-do nas edições da RAC de março ejunho de 1993.

• Combate aos pulgõesA nicotina, alcalóide que se ob-

tém do fumo, é um poderoso inseti-cida de fácil obtenção na pequenapropriedade. É excelente contra ospulgões das árvores frutíferas edas plantas de hortas e ornamen-tais e, também, recomendado paramuitas outras pragas.

O inseticida é preparado utili-zando-se os talos da planta, asnervuras grossas das folhas quenão se adaptam à indústria decigarros, o pó de fumo, ou, o que émais comum, o fumo em corda oude rolo. Para obtenção do extrato, oagricultor deve proceder da seguin-te forma:

- Colocar um pouco de fumo, depreferência fumo em corda, pica-do, numa tigela e cobrir com ál-cool.

- Quando o fumo absorver todoo álcool, colocar novamente umpouco de álcool diluído em água.Deixar por uns dias em lugar escu-ro.

- Espremer em pano ralo e guar-dar em garrafa escura o líquidoobtido. Para melhor conservação, éaconselhado agregar 4g de fenolpor litro de preparado.

- Na hora de usar, misturar umcopo deste líquido com 200g desabão e 10 litros de água. O sabão,

quanto mais forte (alcalino) me-lhor, deverá ser cortado em pedaci-nhos e desmanchado em água quenteantes de ser adicionado à mistura.

Nota: Não usar na cultura dotomateiro.

• Combate à lesma e ao cara-col

O controle destas pragas pode serfeito através da catação manual eesmagamento ou ainda usando ar-madilhas.

- Espalhar pela horta latas deazeites ou similares, vazias, abertasde um lado, contendo algum tipo detampa rasa com sal e cerveja ou sale chuchu. As pragas são atraídaspelo escuro das latas e pela cervejaou chuchu. Ao ingerir a mistura,acabam morrendo, pois o sal fazcom que se desintegrem.

- Espalhar à tardinha pelos can-teiros da horta sacos de aniagem ouestopa, embebidos em leite. No diaseguinte é só catar as lesmas e cara-cóis que estão debaixo dos sacos,atraídos pelo leite, e matá-los.

- Também é recomendado distri-buir-se, à noite, nas bordas dos vi-veiros, canteiros ou plantas que sedeseja proteger, uma faixa de uns15cm de largura com pó de cal oucinza, que adere ao corpo destesmoluscos, matando-os.

• Plantas repelentesExistem plantas que por seus com-

postos essenciais afugentam as pra-gas e chegam até a matar insetosnocivos. Por exemplo:

- Cebola espremida com alho emisturada com água, aplicada nopé de abóbora, protege-a contra in-setos.

- Cebola espremida e misturada

com água é eficiente contra pul-gões em batata e beterraba.

- Alho espremido e misturadocom água protege as plantas defeijão contra insetos.

- Manjericão espremido e soca-do com água inibe o ataque debesourinhos em batata.

- Urtiga socada com água e umpouco de barro fino dá proteção aotomateiro.

- Pimenta vermelha bem socadae misturada com bastante água eum pouco de sabão líquido ou empó funciona muito bem como repe-lente de insetos para todas as hor-taliças.

- Hortelã é repelente para ratose formigas. Plantar na bordadurados canteiros e em volta dos paióis.

- Uma medida muito prática é oplantio de determinadas espéciesde plantas no meio da horta, com oobjetivo de inibir a presença deinsetos: alho espalhado no meioda horta; camomila plantada per-to da cebola; hortelã junto ao repo-lho; gerânio em pequenas quanti-dades no meio de legumes; mal--me-quer perto de legumes;mangerona espalhada pelos can-teiros, principalmente próxima atomateiro; nabo próximo de fei-jão; pepino junto de alface e raba-nete.

Fonte: GUERRA, M. de S. Receituáriocaseiro: alternativas para o con-trole de pragas. Brasília:EMBRATER, 1985. 166p.ARAÚJO, F.S.A. Recursos na-turais no controle de pragas edoenças de hortaliças. Informa-tivo da Extensão Rural, Teresina,1ª quinzena mar. 1996. p.13.