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O capítulo do texto que encabeça esta página é riquíssimo em assunto. Ele começa, devemos lembrar, com aquele milagre bem conhecido, a multiplicação dos cinco pães e dois peixes para alimentar 5000 homens – o que alguns escritores antigos chamam de o maior prodígio que Cristo já operou – o único que os quatro evangelistas registram; um feito que mostrou poder criativo. Ele então nos mostra um outro milagre de caráter dificilmente menos impressionante, o caminhar de Cristo sobre as águas do mar da Galiléia, que exibiu o poder do nosso Senhor, quando Ele achou conveniente suspender as assim chamadas leis da natureza. Foi tão fácil para Ele caminhar sobre a água como tinha sido para criar terra e mar no princípio. O capítulo então nos leva àquele maravilhoso discurso na sinagoga de Cafarnaum, que apenas João, dos quatro autores dos Evangelhos, foi inspirado para entregar ao mundo. Cristo, o verdadeiro pão da vida; os privilégios de todos que vêm a Ele e creem; o profundo mistério de Maria, no ano de 1880[1]. Ele é agora publicado com algumas omissões e alterações: comer a carne de Cristo e beber o sangue de Cristo, e a vida que esta carne e sangue transmitem. Que riqueza de verdade preciosa se encontra aqui! Quão grande dívida que a Igreja mantém ao quarto Evangelho! E finalmente, conforme o capítulo aproxima-se do fim, observamos esta nobre explosão do amável apóstolo Pedro “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras de vida eterna”. Este notável versículo dispõe de três pontos para os quais eu agora proponho chamar a atenção de todos em cujas mãos este papel cair. I. Em primeiro lugar, peço que observem a ocasião em que essas palavras foram pronunciadas. O que levou esse discípulo ardente e impulsivo a clamar “Para quem iremos nós?”. Os versos que precedem nosso texto oferecem uma resposta. ` Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele. Então disse Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos? Contemos aqui o registro de um fato melancólico e muito instrutivo. O próprio Cristo, que “falou como nenhum homem nunca falara”, realizou obras de poder inigualável, viveu como ninguém jamais vivera, santo, inofensivo, imaculado, separado de pecadores, o próprio Cristo, muitos, após o seguirem por um tempo, deixaram-no.

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O captulo do texto que encabea esta pgina riqussimo em assunto. Ele comea, devemos lembrar, com aquele milagre bem conhecido, a multiplicao dos cinco pes e dois peixes para alimentar 5000 homens o que alguns escritores antigos chamam de o maior prodgio que Cristo j operou o nico que os quatro evangelistas registram; um feito que mostrou poder criativo.Ele ento nos mostra um outro milagre de carter dificilmente menos impressionante, o caminhar de Cristo sobre as guas do mar da Galilia, que exibiu o poder do nosso Senhor, quando Ele achou conveniente suspender as assim chamadas leis da natureza. Foi to fcil para Ele caminhar sobre a gua como tinha sido para criar terra e mar no princpio.O captulo ento nos leva quele maravilhoso discurso na sinagoga de Cafarnaum, que apenas Joo, dos quatro autores dos Evangelhos, foi inspirado para entregar ao mundo. Cristo, o verdadeiro po da vida; os privilgios de todos que vm a Ele e creem; o profundo mistrio de Maria, no ano de 1880[1]. Ele agora publicado com algumas omisses e alteraes: comer a carne de Cristo e beber o sangue de Cristo, e a vida que esta carne e sangue transmitem. Que riqueza de verdade preciosa se encontra aqui! Quo grande dvida que a Igreja mantm ao quarto Evangelho! E finalmente, conforme o captulo aproxima-se do fim, observamos esta nobre exploso do amvel apstolo Pedro Senhor, para quem iremos ns? Tu tens as palavras de vida eterna. Este notvel versculo dispe de trs pontos para os quais eu agora proponho chamar a ateno de todos em cujas mos este papel cair.I.Em primeiro lugar, peo que observem a ocasio em que essas palavras foram pronunciadas. O que levou esse discpulo ardente e impulsivo a clamar Para quem iremos ns?. Os versos que precedem nosso texto oferecem uma resposta. ` Desde ento muitos dos seus discpulos tornaram para trs, e j no andavam com ele. Ento disse Jesus aos doze: Quereis vs tambm retirar-vos? Contemos aqui o registro de um fato melanclico e muito instrutivo. O prprio Cristo, que falou como nenhum homem nunca falara, realizou obras de poder inigualvel, viveu como ningum jamais vivera, santo, inofensivo, imaculado, separado de pecadores, o prprio Cristo, muitos, aps o seguirem por um tempo, deixaram-no. Sim! Muitos, no poucos, no brilho do meio dia de milagres e sermes, tais quais o mundo jamais vira ou ouvira antes, muitos viraram as costas para Cristo, deixaram-no, abandonaram-no, desistiram do Seu bendito ministrio, e retrocederam; alguns para o Judasmo, alguns para o mundo, e alguns, podemos temer, para os seus pecados. Se fizeram isto com uma rvore verde, o que podemos esperar com uma seca?.Se homens puderam abandonar a Cristo, no temos o direito de ficar surpresos se seus ministros fracos e errneos tambm forem abandonados nestes ltimos dias.Mas por que estes homens retrocederam? Alguns deles, provvel, voltaram porque no tinham avaliado o custo, e chegada angstia e a perseguio, por causa da Palavra, se ofenderam. Alguns deles recuaram porque tiveram uma total m interpretao da natureza do reino do nosso Senhor, e sonhavam apenas com vantagens temporais e recompensas. A maioria deles, entretanto, est bem claro, retiraram-se porque no podiam receber a profunda doutrina recm proclamada; e eu quero dizer aqui que doutrina de comer a carne de Cristo e beber o sangue de Cristo absolutamente necessria para a salvao. a velha histria. Assim como foi no princpio, assim ser no fim. Nada alimenta tanto desgosto no corao escuro do homem quanto chamada teologia do sangue. Caim, em sua ignorncia, rejeitou a ideia de sacrifcio vicrio, e os judeus que abandonaram nosso Senhor, retrocederam porque ouviram que precisavam comer a carne e beber o sangue do Filho do homem. Mas no h como negar o fato de que esses judeus que voltaram nunca estiveram sem seguidores e imitadores. A sucesso deles, de qualquer forma, nunca findou. Milhes em todas as pocas foram admitidos na Igreja pelo batismo, e comearam a vida como cristos professos, e ento, chegando ao estado de homem, viraram suas costas tanto a Cristo como ao Cristianismo. Ao invs de continuarem soldados e servos fiis de Cristo, se tornaram servos do pecado, do mundo e da descrena. A apostasia mostra-se costumeira: uma velha doena, e no deve nos surpreender. O corao sempre enganoso e desesperadamente corrupto; o diabo est sempre ocupado, buscando quem ele possa tragar; o mundo sempre traioeiro; o caminho para a vida estreito, os inimigos so muitos, poucos os amigos, grandes as dificuldades, pesada a cruz e a doutrina do evangelho ofensiva ao homem natural. Que pessoa atenta se surpreende que multides em todas as pocas do as costas a Cristo? Eles so criados dentro do aprisco externo da Igreja na infncia, e ento, chegando a vida adulta, lanam fora toda religio, e sucumbem no deserto.No entanto ouso dizer que a disposio de deixar a Cristo nunca foi to forte como nesses dias. Nunca foram tantas as objees ao Cristianismo essencial, to plausvel e to capciosa. Pois esta se caracteriza uma poca de pensamento livre e liberdade de ao, uma poca de investigao cientfica, e de determinao de questionar e interrogar opinies antigas, uma poca de busca vida por prazeres e impacincia a restries, uma poca de idolatria ao intelecto e admirao extravagante da chamada inteligncia, uma poca de busca ateniense por novidade e um amor constante a mudana, uma poca quando vemos de todos os lados um corajoso mas sempre instvel ceticismo, que uma hora nos afirma que o homem um pouco melhor que um macaco e em seguida que ele um pouco menos que um deus, uma poca de uma disposio mrbida para aceitar os argumentos mais superficiais em favor da descrena e uma simultnea indisposio preguiosa para investigar as grandes evidncias fundamentais da revelao divina. E, pior de tudo, uma poca de liberalidade espria, quando, debaixo dos altissonantes ditados sem esprito partidrio! sem discriminao! e coisa do tipo, homens vivem e morrem sem portar qualquer opinio definida. Numa poca como esta, pode algum cristo racional se surpreender que o desvio de Cristo to comum? Que ele cesse de pasmar, e no perca seu tempo reclamando. Que cinja seus lombos como um homem, e faa o que puder para impedir a praga. Que ele firme seus ps nos antigos caminhos, e lembre que a apostasia observada apenas uma velha queixa em forma agravada. Que se posicione entre os mortos e vivos, e tente parar o engano. Que grite, e no poupe esforos. Que ele declare, Contenham-se, a batalha do Cristianismo no est perdida: Quereis vs tambm retirar-vos? Eu ouso acreditar que muitos jovens em cujas mos este papel cair so, de tempos em tempos, tentados amargamente a deixarem a Cristo. Vocs partem ao mundo, talvez vindos de lares tranquilos, onde as verdades primrias do Cristianismo jamais foram questionadas por sequer um momento, para ouvir todo tipo de teorias estranhas abordadas e opinies estranhas desenvolvidas, contraditrias aos velhos princpios que vocs foram ensinados a acreditar. Vocs notam, para a prpria surpresa, que o pensamento livre e o livre manuseio de assuntos sagrados chegou a tal intensidade que os prprios fundamentos da f parecem abalados. Ento descobrem, para o assombro de vocs, que inteligncia e religio nem sempre caminham juntas, e que possvel ao mais alto intelecto estar pronto para expulsar Deus do seu prprio mundo. Quem se espanta se essa confuso provoca um forte choque a f delicada de muitos jovens, e que, cambaleando debaixo disto, muitos so tentados a deixarem a Cristo, e descartarem o Cristianismo juntamente?Agora, se qualquer leitor desta folha experimenta tal tentao, eu o imploro por amor a Cristo a permanecer firme, a agir como homem e resistir tentao. Tente perceber que no h nada de novo nas perplexidades circundantes. No passa da velha doena que sempre atormentou e tentou Igreja em todas as pocas, desde o dia em que Satans disse a Eva, certamente no morrers. Este apresenta-se como o nico processo de peneirao que Deus permite, a fim de separar o joio do trigo, pelo qual todos ns precisamos passar. O mundo, afinal de contas, com suas armadilhas e ciladas para a alma, suas competies e lutas, seus fracassos e sucessos, seus desapontamentos e suas perplexidades, sua perptua safra de teorias toscas e opinies extremistas, seus conflitos mentais e ansiedades, seu extravagante pensamento livre, e sua igualmente extravagante superstio, o mundo uma ardente fornalha de aflio, pela qual todos os crentes devem se preparar para atravessar. A tentao de deixar sua primeira f e voltar as costas para Cristo certamente o encontrar mais cedo ou mais tarde, como encontrou milhes antes de ns, de uma forma ou de outra. Entender que ao resistir esta tentao, voc est apenas resistindo a um antigo, e muitas vezes vencido, inimigo da alma, metade da batalha.Enquanto lhe peo para no se admirar com a tentao de deixar a Cristo, tambm lhe imploro que no se abale por ela. E se dezenas de homens que voc conhece cederem sob o ataque, jogarem fora suas armaduras crists, negligenciarem suas Bblias, fizerem uso indevido dos seus domingos, e viverem praticamente sem Deus no mundo? E se homens inteligentes, homens de futuro, filhos de pais que nunca sonharam tais coisas, abandonarem a bandeira sob a qual eles se alistaram, e tornarem-se meros niilistas, ou crentes em nada? Que nenhuma destas coisas o abale. Fixe o seu rosto como um seixo apontado para Jerusalm. Firme seu p nos caminhos antigos, o bom e provado caminho para a cidade celestial. Que fruto possuem os desertores para mostrar comparados com os seguidores de Pedro, Tiago e Joo? Que aumento da paz interna e da utilidade externa? Que descanso para a conscincia? Que conforto nas provaes? No! Enquanto muitos abandonam a Cristo, apegue-se a Ele com firmeza de corao. Apegue-se aos antigos hbitos de orao e leitura diria da Bblia e participao regular dos meios de graa. Mil vezes melhor estar do lado de Cristo com poucos, e ser zombado e desprezado por um tempo, do que ter o louvor de muitos por alguns curtos anos, e ento acordar tarde demais para ver que sem Cristo voc no tem paz, esperana e cu.II. Em segundo lugar, consideremos a pergunta levantada por Pedro em resposta ao apelo de seu Mestre, Quereis vs tambm retirar-vos?. Senhor, clama o amvel e impulsivo Apstolo, Senhor, para quem iremos ns?.Esta pergunta, sem dvida alguma, como centenas de outras na Bblia, era equivalente a uma forte afirmao No h outro alm de Ti para quem podemos ir. como declara Davi,Quem tenho eu no cu seno a ti? e na terra no h quem eu deseje alm de ti. (Salmo 73:25)Quando refletimos sobre a poca em que Pedro viveu, no h como no sentir que ele tinha causa abundante para proferir tal pergunta. Nos seus dias, aps 4.000 anos, o mundo no havia conhecido a Deus pela sua sabedoria. (1 Corntios 1:21). O Egito, a Assria, a Grcia e Roma, naes que alcanaram a maior excelncia nas matrias seculares, estavam afundadas em escurido bruta quanto religio. Os conterrneos de inigualveis historiadores, dramaturgos, poetas, oradores e arquitetos, adoravam a dolos e prostravam-se diante do trabalho de suas prprias mos. Os mais sbios filsofos da Grcia e Roma tateavam em busca da verdade como cegos, e cansavam-se em vo em busca da porta. Toda a terra estava manchada de ignorncia espiritual e imoralidade, e os homens mais sbios podiam apenas confessar sua necessidade de luz, como o filsofo grego Plato, e seus gemidos e suspiros por um Libertador. Pedro pode muito bem clamar, Senhor, se Te deixarmos, para quem iremos?Aonde, de fato, poderia o Apstolo encontrar paz de corao, satisfao de conscincia, esperana no mundo vindouro, se deixasse a sinagoga de Cafarnaum com os desertores, e abandonasse a Cristo? Teria ele obtido o que desejava entre os Fariseus cerimoniosos, ou entre Saduceus cticos, Herodianos mundanos, Essenenses ascticos, ou nas escolas filosficas de Atenas, Alexandria ou Roma? Teria Gamaliel, Caifas, Esticos, Epicureus ou Platonistas matado sua sede espiritual, ou alimentado sua alma? perda de tempo sugerir tais perguntas. Todas estas assim ditas fontes de sabedoria h muito provaram-se cisternas humanas e quebradas, que no poderiam conter gua. Elas no satisfizeram as mentes aflitas. Aquele que destas guas bebeu logo teve sede.Mas a indagao trazida por Pedro uma que cristos verdadeiros podem utilizar corajosamente, ao serem tentados a deixarem a Cristo. Hoje mesmo, quando os homens nos alegam que o Cristianismo decadente e esgotado, podemos, com segurana, desafi-los a nos mostrar algo melhor. Eles podem nos interrogar, se assim desejarem, com muitas objees religio revelada e diversas questes s quais no conseguimos responder. No entanto, depois de tudo, podemos desafi-los a apresentar-nos um caminho mais excelente; um alicere mais slido que aquele ocupado pelo homem que simplesmente cr em toda a Bblia e segue a Cristo.Suponha por um momento, que na hora da fraqueza, somos tentados a abandonar a Cristo. Suponha que fechemos nossas Bblias, rejeitemos todos os dogmas, e com um desprezo sublime pela teologia fossilizada dos nossos antepassados, nos contentemos com um `nadismo` polido, ou alguns resqucios de formalidade fria. De que maneira descobriremos que nossa felicidade ou utilidade aumentou? Que base encontraremos para repor que desocupamos? Uma vez viradas as costas para Cristo, e onde obters paz para a conscincia, fora para as responsabilidades, poder sobre a tentao, conforto na tribulao, suporte na hora da morte e esperana ao olhar avante para a sepultura? Voc pode perguntar e o `nadismo` no lhe dar respostas. Estas benos s so gozadas por aqueles vivem a vida da f no Cristo crucificado e ressurreto.Em quem, de fato, buscaremos socorro, fora e conforto, se largarmos Cristo? Vivemos num mundo de aflies, quer gostemos ou no. Voc no pode repeli-las mais do que o rei Canute pde impedir o subir da mar e a rude expanso em torno do trono real. Nossos corpos so suscetveis milhares de distrbios, e nossos coraes milhares de angstias. Nenhuma criatura na terra to vulnervel, e to capaz de intenso sofrimento fsico e mental como o homem. Doenas, mortes, funerais, divises, separaes, perdas, falhas, desapontamentos, lutas privadas de famlia, que nenhum olho mortal v, nos afligiro de tempos em tempos, e a natureza humana demanda ajuda, ajuda e mais ajuda para enfrent-las. Oh, onde nossa natureza humana sedenta e lamentvel encontrar socorro se deixarmos a Cristo?A pura verdade que nada alm de um poderoso Amigo pessoal jamais satisfar os anseios legtimos da alma do homem. Noes metafsicas, teorias filosficas, ideias abstratas, especulaes vagas sobre o invisvel, o infinito, a luz interna` e assim por diante, talvez satisfaam alguns poucos por um perodo. Mas a grande maioria da humanidade, se tiver algum tipo de religio, nunca se contentar com uma religio que no lhes oferea uma Pessoa para quem possam olhar e confiar. exatamente este anseio por uma pessoa que atribui a Mariolatria de Roma seu curioso poder. E este princpio admitido, onde encontrars algum to apto para saciar o homem como o Cristo da Bblia? Procure por todo o mundo, e aponte, se puder, qualquer objeto de f digno de ser comparado ao bendito Filho de Deus, a ns apresentado nos Evangelhos. Diante de um mundo decadente desejamos positivos e no negativos. A quem iremos, se nos afastarmos de Cristo?Homens podem nos dizer, se quiserem, que a nossa velha fonte de gua viva est secando, e que o sculo XIX requer uma nova teologia. Mas no noto evidncias que confirmem esta assertiva. Observo multides de homens e mulheres por todo o mundo, aps 1800 anos, continuando a beber desta fonte; e nenhum que se inclina honestamente para beber, reclama que sua sede no foi saciada. E por todo este tempo, aqueles que professam desprezar a boa e velha fonte no conseguem nos mostrar o que quer que seja para substitu-la. A liberdade mental e luz mais elevada que prometem so enganosas como a miragem do deserto africano, e to irreais como um sonho. Um substituto para a antiga fonte existe somente na imaginao do homem. Aquele que a deixa descobrir que deve retornar, ou morrer de sede. Talvez alguns dos meus jovens leitores presumam secretamente que as dificuldades da religio revelada so inexplicveis, e tentam persuadir a si prprios que no sabem para onde ir nestes dias sombrios e nebulosos. Eu lhes suplico a considerarem que as dificuldades da descrena so muito maiores do que as da f. Quando homens disseram o que puderam a fim de depreciar os antigos caminhos da Bblia, e para te afastar de Cristo; quando eles empilharam as antigas e obsoletas objees contra diversos textos, alegando autoria duvidosa, afirmaes inconsistentes, e supostos milagres incrveis, ainda assim no conseguem apresentar um substituto para as Escrituras, ou responder pergunta: para quem iremos?. Ainda permanece o grande e amplo fato de que as principais evidncias da revelao jamais foram derrubadas, que ns somos criaturas frgeis num mundo pesaroso, e precisamos de uma mo amiga, que somente Cristo estende, e que milhes durante 18 sculos julgaram, e ainda julgam, suficiente. O grande argumento da probabilidade est inteiramente ao nosso lado. Certamente mais sbio apegar-se a Cristo e ao Cristianismo, com todas as suas supostas dificuldades, do que se lanar num oceano de incertezas, e caminhar para o tmulo sem esperana e conforto, professando no saber nada sobre o mundo invisvel.E, afinal de contas, o desvio de Cristo por conta da suposta dureza de certas doutrinasno nos garantir imunidade conflitos mentais. Os problemas do Cristianismo talvez paream grandes e profundos, mas os problemas da descrena so ainda maiores e mais profundos e no o menor dos seus problemas a impossibilidade de responder pergunta Por acaso encontrarei qualquer paz real e descanso para a alma, se deixar a Cristo? Para quem irei? Onde, em toda a terra, me depararei com um caminho mais excelente que o da f em Jesus?. Onde est o amigo pessoal para tomar Seu lugar? D-me mil vezes antes o Cristianismo Evanglico, com todos seus fatos e doutrinas complicadas, a encarnao, a propiciao, a ressurreio e a asceno em vez da crena fria e estril dos Socinianos ou dos Destas, ou as negaes melanclicas da descrena moderna. D-me a religio de textos, hinos e uma simples f, que satisfaz a milhares, em vez do assombroso vazio da filosofia especulativa, que no satisfaz ningum completamente.1. Consideremos, por ltimo, a nobre declarao que Pedro profere em nosso texto. Tu tens as palavras de vida eterna.No suponho, nem por um momento, que o Apstolo compreendeu totalmente o significado das palavras por ele usadas. Seria inconsistente com tudo que lemos do seu conhecimento, antes da ressurreio do nosso Senhor, supor o contrrio. Pode muito bem ser questionado se ele no queria dizer mais que isso: Tu s o verdadeiro Messias; Tu s o Profeta prometido, como Moiss, sobre quem est escrito: e porei as Minhas palavras na Sua boca, e Ele lhes falar tudo o que eu lhe ordenar. Creio que aquele texto to conhecido estava na mente de Pedro, ainda que no assimilasse toda a sua riqueza de significado.Mas de uma coisa podemos estar certos. Esta expresso vida eterna deve ter sido muito familiar a ele e aos doze. Enquanto Jesus entrava e saa do meio deles, suspeito que poucos dias no ouviam isto sair de Seus lbios, e eles foram envolvidos ainda que no entendessem completamente. No breve relato do ensino de nosso Senhor, contido nos quatro Evangelhos, encontramos esta expresso 25 vezes. Somente no Evangelho de Joo ela mencionada 17 vezes. Neste mesmo captulo 6 a lemos 5 repetidas vezes. Sem dvida ela estava soando nos ouvidos de Pedro quando a pronunciou.Mas ainda que Pedro no soubesse o que dissera naquele dia, houve um dia quando seu entendimento foi aberto, aps a ressurreio de seu Senhor, e ele percebeu a altura e a profundidade das palavras de vida eterna que antes da crucificao apenas observava atravs de culos escuros. E ns, em plena luz dos Atos e das Epstolas, no devemos ter dvida alguma quanto a abrangncia desta poderosa frase, to frequentemente usada por nosso Senhor.As palavras de vida eterna de Cristo tratavam da natureza da vida que Ele veio ao mundo para proclamar, uma vida iniciada na alma pela f enquanto vivemos, e aperfeioada na glria quando morrermos. Foram palavras sobre a maneira como esta vida eterna fornecida ao pecador, atravs de Sua morte propiciatria, como nosso Substituto, na cruz. Suas palavras abordavam os termos atravs dos quais esta vida eterna apropriada, se sentirmos necessidade, os prprios termos da simples f. Como Latimer disse, apenas creia e obtenha. Tratavam tambm sobre o treinamento e disciplina na jornada para a vida eterna, que so to necessrios ao homem e to ricamente providos, a prpria graa renovadora e santificadora do Esprito Santo. Foram palavras sobre os confortos e encorajamentos pelo caminho, armazenados para todos os que creem para a vida eterna, a prpria ajuda, simpatia, cuidado atento e socorro dirio de Cristo. Tudo isto e muito mais, sobre o qual no posso curiosamente entrar em detalhes, est contido naquela pequena frase: Palavras de vida eterna. No de admirar que nosso Senhor afirma em certo lugar: Eu vim para que tivessem vida, e vida em abundncia;Porque lhes dei as palavras que Tu me deste. (Joo 10:10; 17:8)Consideremos por um momento a vasta quantidade de homens e mulheres, nestes ltimos 18 sculos, que descobriram essas palavras de vida eterna no como meras palavras, mas como uma slida realidade. Estes foram por elas persuadidos, as abraaram, e obteram nelas comida e bebida para suas almas. Estamos rodeados de to grande nuvem de testemunhas, que pela f nestas palavras viveram feliz e por fim morreram de forma gloriosa. Onde est aquele que ousa negar isto? Onde encontraremos tais vidas e mortes parte de Cristo?Foi a f nas palavras de vida eternade Cristo que permitiu a Pedro e Joo permanecerem corajosamente diante do conselho judaico e confessarem seu Mestre sem medo das consequncias, declarando,debaixo do cu nenhum outro nome h, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos (Atos 4:12).Foi a f naspalavras de vida eterna de Cristo que levou Paulo a deixar o Judasmo e gastar sua vida pregando o evangelho, e clamar beira da morte, porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que poderoso para guardar o meu depsito at quele dia. (II Timteo 1:12).Foi a f nas palavras de vida eterna de Cristo que capacitou o Bispo Hooper[2] a caminhar para a estaca em Gloucester, aps dizer, A vida doce, e a morte amarga, mas a vida eterna ainda mais doce, e a morte eterna mais amarga.Da mesma maneira foram fortalecidos Nicholas Ridley e Hugh Latimer para suportarem a morte ardente em Broad Street, Oxford, em vez de negar os princpios da Reforma.Esta mesma f possibilitou a Henry Martyn[3] virar as suas costas para o conforto e prestgio de Cambridge, a fim de ir para um clima tropical, e morrer solitariamente como um missionrio.Ainda a mesma f moveu quela mulher honrosa, Catherine Tait, como registrado numa biografia comovente, a renunciar 5 filhos em 5 semanas para a sepultura, na plena confiana de que Cristo manteria Sua palavra, e cuidaria deles tanto na alma como no corpo, e os levaria ao seu encontro no ltimo dia.Que terrvel contraste a esses fatos aparece nas vidas e mortes daqueles que abandonaram a Cristo, e buscaram outros mestres. Que frutos podem os advogados de teorias, ideias e princpios no cristos apontarem com toda sua inteligncia? Que santa, amvel e serena quietude de esprito eles mostraram? Que vitrias tiveram sobre a escurido, a imoralidade, a superstio e o pecado? Que misses de sucesso eles empreenderam? Que mares cruzaram? Que pases civilizaram ou moralizaram? Que populaes de lares negligenciados desenvolveram? Por quais trabalhos de renncia eles passaram? Que libertao forjaram na terra? Podes perguntar; e no obters resposta. No de supreender que nosso Senhor disse dos falsos profetas:Pelos seus frutos os conhecero (Mateus 7:15-16). Apenas aqueles que se juntam a Pedro clamando Tu tens as palavras de vida eterna deixam uma marca na humanidade enquanto vivem, e declaram morte, onde est o teu agilho? quando morrem.(a) Em concluso, apelo a cada leitor a perguntar a si mesmose est se afastando de Cristo, como os judeus, ou se apegando corajosamente a Ele, como Pedro. Vivemos em dias perigosos. Houve um tempo em que a irreligio era dificilmente respeitada; mas este tempo j se foi. Entretanto, Cristo ainda continua a bater na porta de seus coraes, pedindo que ponderem seus caminhos e prestem ateno no que fazem. Quereis vs tambm retirar-vos? Ouse estabelecer um tribunal no mais ntimo do seu corao, e olhe adentro. Resista ao sentimento preguioso Epicureu que lhe ordena a nunca perscrutar seu carter interno. Lembre disto, chegar a hora quando voc ter necessidade de um grande Amigo no cu. Sem Ele talvez voc viva toleravelmente; mas sem Ele voc jamais morrer com conforto.Talvez me alegue que voc no quer realmente abandonar a Cristo, embora no seja no presente tudo o que deveria ser. Mas h certos assuntos na religio acerca dos quais voc no pode ter entendimento, e est esperando por mais luz. Ou est trabalhando duro por algum objeto especial, e no tem tempo agora, e voc espera, como Felix, por uma poca conveniente. Mas, ah! Alma que espera e hesita, o que negligenciar as ordenanas, dia e Palavra de Cristo seno abandon-lo? Acorde para perceber que voc est num voo inclinado, descendo gradualmente. Voc est afastando-se mais e mais de Cristo diariamente. Acorde, e resolva, pelo auxlio de Deus, a no mais se distanciar.(b)Mas, ao lado de no ter religio alguma, rogo a cada leitora acautelar-se de uma religio onde Cristo no possue Seu devido lugar. Que nunca tentemos nos saciar com um barato e cerimonioso Cristianismo, tomado descuidadamente no domingo de manh, e deixado de lado noite, sem nos influenciar durante a semana. Tal Cristianismo nunca nos oferecer paz na vida, ou esperana na morte, nem poder para resistir a tentao, ou conforto na tribulao. Somente Cristo tem as palavras de vida eterna, e Suas palavras devem ser recebidas, cridas, abraadas e se tornar a comida e bebida de nossas almas. Um Cristianismo sem uma viva e sentida comunho com Cristo, sem a compreenso dos benefcios de Seu sangue e intercesso, sem o Seu sacrifcio e sacerdcio, uma formalidade impotente e enfadonha.(c)Finalmente, mantenhamos a profisso de nossa f sem vacilar, se tivermos razo para crer que somos verdadeiros servos de Cristo. Deixem os homens zombarem de ns e tentarem nos afastar de Cristo o quanto quiserem. Que calma e humildemente possamos dizer a ns mesmos em tais situaes: Afinal, para quem irei se deixar a Cristo? Sinto dentro de mim que Ele possui `as palavras de vida eterna`. Noto que milhares encontraram comida e bebida para suas almas. Onde Ele for, irei; e onde Ele se hospedar, ali me hospedarei. Num mundo decadente, no observo nada melhor. Me agarrarei a Cristo e s Suas palavras. Elas nunca falharam aqueles que nelas confiaram, e creio que no me desapontaro.