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1. INTRODUÇÃO 1.1 TEMA Embora o conceito de qualidade exista há muito tempo, seu significado tem evoluído ao longo dos últimos anos. No início do século XX, época de implantação da indústria automobilística, a qualidade limitava-se a inspecionar os produtos no final da linha de produção, separando os defeituosos daqueles produtos aptos à venda. A partir da Segunda Guerra Mundial, o controle de qualidade passou a ser avaliado utilizando-se de ferramentas estatísticas. Nos anos 1960, com a ajuda dos gurus da qualidade, o termo passou a ser entendido de forma mais ampla, englobando os processos de trabalho de toda a organização (REID & SANDERS, 2005). A idéia de qualidade como vantagem competitiva começou a surgir a partir dos anos 1970 com modelos desenvolvidos pelo consultor americano W.E. Deming – considerado o pai da qualidade. Desacreditado em seu país de origem, viu seus conceitos aplicados principalmente na indústria japonesa com imenso sucesso (MARTINS & LAUGENI, 2005). Para Reid e Sanders (2005), a filosofia defendida por Deming diz que o sucesso da qualidade depende muito mais do papel desempenhado pela alta administração do que do trabalho desenvolvido pelos trabalhadores durante o processo de trabalho. Outro elemento sustentado por Deming relaciona-se à melhoria contínua e à redução de variáveis dos processos de trabalho. Outros estudiosos do tema merecem destaque nas discussões sobre melhoria de qualidade, estudiosos como Juran, Crosby, Feigenbaum e Taguchi, que auxiliaram as indústrias a melhorarem sua produtividade e qualidade (GAITHER & FRAZIER, 2001). Entretanto, de acordo com Almeida (2001, p. 6), “as políticas voltadas para a qualidade no setor privado referem-se a metas competitivas no sentido da obtenção, manutenção e expansão de mercado. Já no setor público a meta é a busca da excelência no atendimento a todos os cidadãos...”. Desde 1991, o Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão (2007) vem desenvolvendo ações na administração pública, buscando torná-las cada vez mais preocupadas com o cidadão e não apenas com os processos burocráticos internos. As Metas Mobilizadoras Nacionais foram lançadas em 1998 com o objetivo de atingir até o ano de 2003, um índice de 70% de satisfação dos usuários nos serviços públicos.

qualidade gurus da qualidade, o termo passou a ser · principalmente na indústria japonesa com imenso sucesso (MARTINS & LAUGENI, 2005). Para Reid e Sanders (2005), a filosofia defendida

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1. INTRODUÇÃO

1.1 TEMA

Embora o conceito de qualidade exista há muito tempo, seu significado tem

evoluído ao longo dos últimos anos. No início do século XX, época de implantação da

indústria automobilística, a qualidade limitava-se a inspecionar os produtos no final da linha

de produção, separando os defeituosos daqueles produtos aptos à venda. A partir da Segunda

Guerra Mundial, o controle de qualidade passou a ser avaliado utilizando-se de ferramentas

estatísticas. Nos anos 1960, com a ajuda dos gurus da qualidade, o termo passou a ser

entendido de forma mais ampla, englobando os processos de trabalho de toda a organização

(REID & SANDERS, 2005).

A idéia de qualidade como vantagem competitiva começou a surgir a partir dos

anos 1970 com modelos desenvolvidos pelo consultor americano W.E. Deming – considerado

o pai da qualidade. Desacreditado em seu país de origem, viu seus conceitos aplicados

principalmente na indústria japonesa com imenso sucesso (MARTINS & LAUGENI, 2005).

Para Reid e Sanders (2005), a filosofia defendida por Deming diz que o sucesso da qualidade

depende muito mais do papel desempenhado pela alta administração do que do trabalho

desenvolvido pelos trabalhadores durante o processo de trabalho. Outro elemento sustentado

por Deming relaciona-se à melhoria contínua e à redução de variáveis dos processos de

trabalho.

Outros estudiosos do tema merecem destaque nas discussões sobre melhoria de

qualidade, estudiosos como Juran, Crosby, Feigenbaum e Taguchi, que auxiliaram as

indústrias a melhorarem sua produtividade e qualidade (GAITHER & FRAZIER, 2001).

Entretanto, de acordo com Almeida (2001, p. 6), “as políticas voltadas para a

qualidade no setor privado referem-se a metas competitivas no sentido da obtenção,

manutenção e expansão de mercado. Já no setor público a meta é a busca da excelência no

atendimento a todos os cidadãos...”.

Desde 1991, o Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão (2007) vem

desenvolvendo ações na administração pública, buscando torná-las cada vez mais

preocupadas com o cidadão e não apenas com os processos burocráticos internos. As Metas

Mobilizadoras Nacionais foram lançadas em 1998 com o objetivo de atingir até o ano de

2003, um índice de 70% de satisfação dos usuários nos serviços públicos.

O sangue foi escolhido pelo Ministério da Saúde como tema para representá-lo no

Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade (PBQP), instituindo-se, então, o Programa

de Qualidade do Sangue (PQS), tendo como meta “sangue com garantia de qualidade em todo

o seu processo até o ano de 2003” (BRASIL, 2000). Isto estimulou que várias Hemorredes

públicas estaduais aderissem à Gestão da Qualidade. No Estado do Paraná houve tentativas

para a implantação do PQS, porém sem continuidade deste programa.

Acredita-se que as dificuldades encontradas pelos serviços de hemoterapia

públicos para a implantação e a manutenção de um Programa de Gestão da Qualidade se

devem a múltiplos fatores. Segundo Reid e Sanders (2005), algumas causas podem contribuir

para o fracasso da gestão da qualidade, causas entre os quais se podem destacar: ausência de

uma cultura para a qualidade, pouco apoio e interesse da alta administração e ineficiência de

métodos de controle estatísticos.

Atualmente as políticas relacionadas ao sangue apontam que as Hemorredes

públicas num futuro próximo deverão atender 100% das solicitações de transfusões pelo SUS.

Como conseqüência, espera-se um aumento da demanda, implicando numa maior urgência na

implantação de um programa de qualidade.

Assim, este estudo tem como objetivo propor a implantação de um programa

piloto de gestão da qualidade no Hemocentro Regional de Cascavel, tendo como propósito

preparar e subsidiar a instituição e seus servidores para o cumprimento destas políticas.

1.1.1 O Problema

Diante de um público cada vez mais exigente e consciente de seus direitos, buscar

formas de melhorar a qualidade do serviço público tornou-se uma tarefa governamental

incessante e contínua.

Diversos programas de incentivo à melhoria da qualidade foram desencadeados

nos últimos anos com o objetivo de melhorar o atendimento ao cliente interno e externo das

instituições públicas.

Para Gaither e Frazier (2001, p. 489), “administrar a qualidade das operações de

prestação de serviços é tão importante quanto administrar a qualidade das operações de

produção. Assim nas organizações prestadoras de serviços, não é importante apenas a

qualidade dos serviços e produtos fornecidos, mas também a qualidade da forma como os

serviços são prestados”.

11

Conscientes do incentivo governamental no sentido da adoção de modelos de

gestão da qualidade e, de outro lado, devido às especificidades dos serviços públicos de

hemoterapia e de hematologia, o programa de gestão da qualidade a ser implantado deve levar

em consideração a utilização metodológica que se adapte à natureza do serviço, atendendo a

suas necessidades e as de seus clientes.

Como, no entanto, propor a implantação de um programa de gestão da qualidade

no Hemocentro Regional de Cascavel? Desta forma, este estudo pretende resolver esta

questão através dos objetivos expostos a seguir.

1.2 OBJETIVOS

Buscando resposta para o problema, foram desenvolvidos um objetivo geral e

vários objetivos específicos, todos apresentados logo a seguir.

1.2.1 Objetivo geral

O objetivo geral do presente trabalho consiste em propor a implantação de um

programa piloto de gestão da qualidade no Hemocentro Regional de Cascavel.

1.2.2 Objetivos específicos

Com a finalidade de atingir o objetivo geral, foram propostos os seguintes

objetivos específicos:

a) estudar conceitos de gestão da qualidade;

b) verificar a existência de programa de gestão da qualidade nos hemocentros e

hemonúcleos do Estado do Paraná;

c) conhecer o modelo de gestão da qualidade implantado no Hemocentro Público do

Estado do Rio de Janeiro (HEMORIO);

d) elaborar uma proposta de implantação de um programa piloto de gestão da

qualidade para o Hemocentro Regional de Cascavel.

12

1.3 JUSTIFICATIVA

O Centro de Hematologia do Estado do Paraná (HEMEPAR) é uma instituição

pública, ligada à Secretaria de Saúde do Estado, e tem como função coordenar a política de

sangue em âmbito estadual.

Ao longo destes anos, têm sido acompanhadas as dificuldades e os sucessos da

instituição frente aos vários planos de políticas públicas para o setor. No presente ano de

2007, por reconhecer a necessidade de melhorias contínuas, entende-se que o novo desafio é

propor a implantação de um programa de gestão da qualidade, iniciando este trabalho no

Hemocentro Regional de Cascavel.

Na área da saúde, algumas ações voltadas para a melhoria da qualidade iniciaram

a partir da década de 1980, como reação ao surgimento da AIDS. A concreta possibilidade de

transmissão deste vírus de uma pessoa para outra através do sangue obrigou o Estado a

incrementar as políticas do sangue (SARAIVA, 2005). Estes novos investimentos têm como

marco histórico a 8ª Conferência Nacional de Saúde realizada em 1986, onde foram

delineadas as diretrizes da política de saúde do Estado, diretrizes incorporadas, quase na sua

totalidade, na Constituição Federal de 1988.

A Constituição definiu a questão do sangue como prioridade dentre as demais no

sistema de saúde. O texto aprovado diz, no parágrafo 4º, artigo 199, do capítulo II – Da

Ordem Social, Seção II, da Saúde: “A lei disporá sobre as condições e os requisitos que

facilitem a remoção dos órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplantes,

pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus

derivados, sendo vedado todo o tipo de comercialização.” (BRASIL, 1989, p. 82).

A partir de então o Ministério da Saúde vem adotando medidas no sentido de

regulamentar os serviços de hemoterapia através de portarias, resoluções e normas. Vários

programas foram desencadeados, entre os quais se podem citar o PRÓ-SANGUE, que

objetivou a organização e a estruturação dos serviços de hemoterapia através da criação de

hemocentros / hemonúcleos nos diversos Estados brasileiros (SANTOS, 2002).

Com vistas a transformar o serviço público de saúde, foi desencadeado o Plano

Plurianual (PPA – 2000 / 2003), cujas diretrizes estabelecem linhas estratégicas para o setor.

Entre os diversos programas, houve um que contemplava a implantação de Programas da

Qualidade no Sangue nas Hemorredes estaduais (ALMEIDA, 2001).

Ainda para Almeida (2001, p. 9), “a qualidade tornou-se um imperativo. É a

marca da modernidade. Ela começou a ser racional e metodicamente implantada, com a

13

descentralização e a conseqüente municipalização dos serviços de saúde. Agora, ela já é um

compromisso a ser cumprido integralmente”.

A partir deste contexto, este estudo propõe-se estudar os conceitos de qualidade e

de gestão da qualidade, e, na seqüência, verificar a existência de algum programa de

qualidade em andamento nos serviços de hemoterapia da hemorrede do Estado do Paraná. A

seguir, conhecer um programa já implantado em outro serviço público que apresente

especificidade de serviço e de atendimento semelhante. Além disso, como objetivo específico,

elaborar uma proposta de implantação de um programa piloto de gestão da qualidade no

Hemocentro Regional de Cascavel. Com o cumprimento destes objetivos espera-se

sensibilizar os gestores estaduais a respeito da importância de programas de gestão da

qualidade nos serviços de hemoterapia de toda a hemorrede do Estado.

Finalmente, o assunto a ser desenvolvido neste estudo vem encontrar a temática

de avaliação de desempenho na administração pública proposta pelo curso de Especialização

em Formulação e Gestão de Políticas Públicas.

1.4 METODOLOGIA

Neste item apresentam-se os procedimentos adotados para o presente estudo, bem

como sua caracterização e estrutura metodológica utilizada.

Para agregar conhecimento, a ciência utiliza-se de métodos, entendendo-se que

um método é a maneira ou o caminho para alcançar os objetivos de um estudo. Já o conceito

de metodologia deriva do grego méthodos, termo que significa caminho, mais logos, termo

que significa conhecimento. Metodologia pode ser definida, então, como “procedimentos e

regras” utilizados para o desenvolvimento de um método científico (RICHARDSON, 1999, p.

22).

Conforme descrito a seguir, este estudo passa a ser classificado em relação a seu

objetivo proposto, à natureza do estudo e aos procedimentos adotados.

Gil (1999) diz que toda pesquisa tem um objetivo e classifica as pesquisas em três

níveis: pesquisa exploratória, pesquisa descritiva e pesquisa explicativa. Dentro desta

classificação de pesquisa, este estudo ajusta-se melhor ao conceito de pesquisa exploratória,

modalidade em que, segundo Gil (1999, p. 43), as pesquisas “[...] são desenvolvidas com o

objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato”.

14

Considerando que este estudo pretende subsidiar a implantação de um programa

piloto de gestão da qualidade no Hemocentro Regional de Cascavel, pode-se qualificá-lo, em

relação à natureza do estudo, como pesquisa aplicada, tipo de pesquisa que, segundo Andrade

(1997, p. 102), tem por objetivo “contribuir para fins práticos, pela busca de soluções para

problemas concretos”.

Quanto aos procedimentos adotados, inicialmente utilizou-se a pesquisa

bibliográfica. “A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado,

constituído principalmente de livros e artigos científicos”. (GIL, 1999, p. 65). A

fundamentação teórica referente aos conceitos e programas de gestão da qualidade deve

fundamentar a formulação da proposta de implantação do programa de gestão da qualidade.

Outro procedimento utilizado consta de questionário, que, segundo Lakatos e

Marconi (2001, p. 201), “é um instrumento de coleta de dados, constituído de uma série

ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do

entrevistador”. O questionário utilizado contemplou perguntas abertas e perguntas fechadas,

de forma a garantir o entendimento da instituição pesquisada. Para Lakatos e Marconi (2001,

p. 204), perguntas abertas “são as que permitem ao informante responder livremente, usando

linguagem própria, e emitir opiniões”. Já pergunta fechada é definido por Lakatos e Marconi

(2001, p. 204) como “aquelas que o informante escolhe sua resposta entre duas opções”.

Para atender ao cumprimento do segundo objetivo específico do estudo, efetuou-

se primeiramente um questionamento aos hemocentros e hemonúcleos, questionário composto

de perguntas fechadas, para verificar a existência e andamento de programa de qualidade

naqueles serviços e ainda para verificar qual a importância atribuída a um programa de gestão

da qualidade nos serviços de hemoterapia. Buscando responder ao terceiro objetivo

específico, foi utilizado um questionário que foi enviado ao Hemocentro Público do Estado do

Rio de Janeiro (HEMORIO), cujas perguntas (com questões abertas e fechadas) esclareceram

questões relativas ao programa de qualidade ali implantado. Este instrumento de coleta de

dados foi encaminhado e respondido através do correio eletrônico.

Este estudo foi realizado no Hemocentro Regional de Cascavel, instituição

coordenada pelo Centro de Hemoterapia e Hematologia do Estado do Paraná (HEMEPAR). O

HEMEPAR é uma instituição prestadora de serviços públicos, sem fins lucrativos, ligada à

Superintendência de Gestão de Sistemas de Saúde (SGS), da Secretaria de Estado da Saúde.

O HEMEPAR tem como objetivo o desenvolvimento da política estadual de

sangue e de hemoderivados, planejando, programando, coordenando, supervisionando e

controlando as atividades hemoterápicas dentro dos princípios e das normas estabelecidas pela

15

Resolução da Diretoria Colegiada nº 153 (RDC nº 153), de junho de 2004. Iniciou suas

atividades em 1984 e atualmente conta com 25 unidades distribuídas no Estado, entre as

quais, 4 Hemocentros, 6 Hemonúcleos e 14 unidades de Coleta e Transfusão de Sangue, as

quais prestam assistência a aproximadamente 300 hospitais do Estado.

O Hemocentro de Cascavel possui estrutura própria de 1.200 m2, inaugurada no

ano de 2000, localizada na Rua Avaetés nº 370, no bairro Santo Onofre. Atualmente conta

com 54 servidores estaduais vinculados à Secretaria de Estado da Saúde e 11 funcionários

terceirizados, responsáveis pela área de apoio. A estrutura física apresenta duas áreas

distintas: o pavimento inferior aloja os serviços administrativos como recursos humanos, setor

de compras, informática, almoxarifado, diretoria, copa de funcionários, arquivo e auditório; o

pavimento superior compreende os serviços técnicos de atendimento ao doador de sangue,

processamento de componentes sangüíneos, armazenamento, exames imunohematológicos de

doadores, liberação de hemocomponentes e hemoderivados, serviço social e a área de

atendimento ambulatorial.

O serviço do Hemocentro compreende todo o ciclo do sangue, isto é, desde

captação de doadores, coleta de sangue, processamento, análise laboratorial, armazenamento,

distribuição, rastreabilidade, controle de qualidade e liberação de hemocomponentes para

transfusão. Os serviços incluem também o atendimento ambulatorial a pacientes portadores de

hemopatias e a pacientes portadores de outras patologias que necessitam de transfusão

sangüínea.

Conforme regimento interno, o Hemocentro é responsável ainda pelo recebimento

e pelo fracionamento do sangue coletado na Unidade de Coleta e Transfusão (UCT) de

Toledo, bem como a realização de provas imunohematológicas e rotulagem das bolsas

provenientes desta unidade.

No ano de 2006, o Hemocentro de Cascavel atendeu 15.253 candidatos à doação

de sangue, dos quais 12.371 efetivaram a doação. Do total de bolsas coletadas, foram

produzidos 30.094 hemocomponentes (concentrado de hemácias, concentrado de plaquetas.

crioprecipitado, plasma normal e plasma fresco). No ambulatório do Hemocentro foram

atendidos 3.233 pacientes e transfundidas 895 bolsas de hemocomponentes. Aos hospitais

atendidos pelo Hemocentro foram fornecidas 9126 bolsas de hemocomponentes para

transfusão.

Finalmente, levando-se em consideração a complexidade dos processos

envolvidos nos serviços de hemoterapia, os custos e, principalmente, a responsabilidade civil

16

gerada nestes procedimentos, tem-se como responsabilidade garantir a segurança em todos os

processos através de um programa de gestão da qualidade, foco deste estudo.

17

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo compreende uma revisão teórica do processo histórico da qualidade,

dos conceitos da qualidade, da qualidade de produtos e de serviços, dos padrões que

atualmente têm incentivado a qualidade e da gestão da qualidade no serviço público e da

saúde.

2.1 HISTÓRICO E CONCEITOS DA QUALIDADE

A filosofia da qualidade teve uma evolução mais rápida a partir do século XX,

com etapas bem definidas conforme relacionado a seguir.

Conforme descrito por Stevenson (2001), no século XVIII até o início do século

XIX, período que antecedeu a revolução industrial, a manufatura era realizada por artesãos

habilidosos. Nesta época, a qualidade estava mais relacionada à reputação individual de cada

trabalhador. Durante a revolução industrial institui-se a divisão do trabalho, divisão a partir da

qual cada trabalhador era responsável por uma pequena parte de cada produto, não

conseguindo visualizar o produto final. Nesta fase, o controle de qualidade era exercido pelos

supervisores. Na era Taylor, com a produção em série, iniciou-se a inspeção de produtos.

Posteriormente, já na década de 1920, a qualidade era operacionalizada através de gráficos

estatísticos, diminuindo a intervenção direta dos supervisores. Este procedimento começou a

ser utilizado de forma mais efetiva a partir da Segunda Guerra Mundial, principalmente na

indústria de armas.

Na década de 1950, Armand Feigenbaum introduz o controle da qualidade total,

procedimento que permitia a identificação e a medição dos custos da qualidade. Nesta época

também houve um maior estímulo do envolvimento da alta administração na qualidade. A

partir da década de 1960, a idéia defendida por Crosby, com relação ao defeito zero, enfatizou

a responsabilidade de atuação de cada funcionário de forma a executar seu trabalho com

maior perfeição (STEVENSON, 2001, p. 316).

Ainda para Stevenson (2001), no final da década de 1970 e início de 1980, o

conceito de qualidade utiliza uma metodologia que tem como ênfase assegurar a qualidade,

estimulando a adesão de setores de serviços, inclusive em áreas governamentais. Este modelo

privilegia uma ação estratégica em relação à prevenção da ocorrência de erros antes que os

mesmos venham a acontecer, possibilitando o envolvimento de todos os níveis da

administração e dos funcionários.

18

Na visão de Maximiano (2005), o atual período é considerado como sendo a era

da qualidade total, a ênfase é que a qualidade passa a ser estabelecida pelo cliente e não

somente pelos engenheiros, ou a alta administração, nem do pessoal de vendas e de

marketing. A principal característica desta era é que todos os funcionários e todos os setores,

sob uma visão sistêmica, são os responsáveis pela garantia de qualidade dos produtos e dos

serviços de uma empresa.

Inicialmente a idéia da qualidade total tornou-se importante na indústria japonesa,

que começou a produzir veículos extremamente competitivos, criando dificuldade nas vendas

de produtos similares americanos. Atualmente a qualidade faz parte do gerenciamento das

empresas, uma vez que a sobrevivência no mercado depende dela (MARTINS & LAUGENI,

2005).

Segundo W. Edwards Deming, a qualidade fundamenta-se na contínua melhoria

dos processos com avaliação permanente através de controles estatísticos. Desta forma,

quando os produtos ou os serviços são feitos de forma correta, os custos diminuem, uma vez

que ocorre a redução de retrabalhos e de reparos. Deming considera necessário transformar a

administração da empresa, e avalia que uma má administração é responsável por 85% dos

problemas de déficit de qualidade (DAVIS et alii, 2001).

J. M. Juran define qualidade com um foco parecido com o de Deming, com

exceção do grau de importância atribuído aos métodos estatísticos. Considera que as

características de um produto ou de um serviço determinam a qualidade de acordo com os

olhos do cliente. A ausência de deficiências defendida por Juran também é uma importante

definição de qualidade, uma vez que visa conformidade e satisfação do cliente com

conseqüente diminuição dos custos (STEVENSON, 2001).

Para Philip Crosby, que estudou engenharia, a qualidade significa conformidade

com os requisitos cujo modelo-padrão é o defeito zero já na primeira execução, com redução

dos custos através da melhoria da qualidade na prevenção de falhas durante os processos

(DAVIS et alii, 2001).

Segundo Silva (2001, p. 449), “qualidade é a totalidade de aspectos e

características de um produto ou serviço que propiciam a habilidade de satisfazer dadas

necessidades”.

De acordo com Slack et alii (1996, p. 552), “[...] qualidade é a consistente

conformidade com as expectativas dos consumidores”. Para esse mesmo autor, a expectativa

de cada consumidor é baseada em sua vivência e conhecimento individual percebendo o

mesmo produto de maneira diferente.

19

Gaither e Frazier (2001) complementam a idéia quando dizem que as empresas

possuem como meta o fato de que o cliente reconheça seu produto ou seu serviço como sendo

o melhor em sua categoria. Isso significa atender às mudanças na expectativa de cada cliente

quanto ao produto ou ao serviço oferecido.

Para Slack et alii (1996), apesar da revolução do termo qualidade, não existe um

consenso entre os autores sobre seu significado. O professor David Garvin relacionou a

qualidade de acordo com as seguintes abordagens: a abordagem transcendental, que vê a

qualidade como absoluta, sendo a melhor possível, enquanto que a abordagem relacionada a

manufatura preocupa-se em fazer produtos ou serviços de acordo com as especificações dos

projetos. Já a abordagem baseada no usuário demonstra preocupação com a conformidade e

especificações. Outra abordagem considera o conjunto de características necessárias para

satisfazer o consumidor. Finalmente a abordagem focada no valor define a qualidade em

termos de custo e preço.

Segundo Martins e Laugeni (2005), a qualidade apresenta diversas definições de

acordo com o foco a ser dado. Quando o foco é o produto, a qualidade é determinada

conforme a percepção do cliente. Quando o foco é a fabricação, busca-se melhorar técnicas e

processos conforme normas pré-estabelecidas. Assim, para avaliar se um produto possui

qualidade, é necessário contemplar diversos elementos: características operacionais,

confiabilidade, conformidade, durabilidade, assistência técnica, estética e qualidade

percebida.

No intuito de manter seus níveis de qualidade total, algumas organizações têm

reformulado seus métodos de pesquisa, levando em consideração a percepção do cliente

quanto ao desempenho da organização como seu fornecedor. Com esta visão, a percepção do

cliente é a realidade da qualidade da organização (STEVENSON, 2001).

Neste contexto, Mezomo (1995) reafirma que, atualmente, a qualidade de um

produto ou de um serviço é avaliada de acordo com a percepção de cada cliente. O que pode

ser considerado produto com qualidade para uma pessoa pode não ser considerado para outra,

ou seja, o produto ou serviço deve adequar-se aos desejos dos clientes.

Para Coll et alii (1995, p. 43), “A percepção serve para nos colocar em contato

com o meio através dos sentidos”. Dessa forma, ao utilizar-se dos sentidos, o homem percebe

os aspectos que satisfazem seus anseios, sobretudo quando esses aspectos são importantes

para o observador ou que para ele possam trazer conseqüências.

Sob uma ótica mais simplificada, a qualidade pode ser conceituada de forma

interna ou externa. A primeira constitui a maneira pela qual uma organização administra a

20

qualidade de seus processos e a segunda constitui a maneira pela qual o cliente percebe a

qualidade. Ambas se complementam, sendo impossível a existência da primeira sem a

complementação da segunda (CHIAVENATO, 1999).

Após a aproximação dos conceitos de qualidade de acordo com diferentes autores,

faz-se necessário o entendimento do conceito de gestão da qualidade.

Segundo Paladini (2004, p. 314), “Gerir qualidade significa garantir que produtos

e serviços sejam adequados ao uso a que se destinam”.

Num mercado cada vez mais competitivo, Davis et alii (2001) salientam a

dificuldade de manter a fidelidade do cliente. Para mantê-lo como cliente não é suficiente

satisfazê-lo, é necessário mais do que isso, é preciso encantá-lo, ofertando produtos e serviços

com qualidade superior do que seus concorrentes. Para Gaither e Frazier (2001), a

necessidade por padrões de melhor qualidade aumenta à medida que a consciência e a

percepção da qualidade também aumentem.

Para Silva (2001), atualmente a qualidade é tida como questão estratégica a ser

exercida por todos em cada processo de uma organização. Esta visão de gestão estratégica

significa mudar o enfoque de especificações de conformidade (medidas, valores e tolerâncias

ideais), de tal forma a adequar seus produtos e seus serviços levando em consideração as

expectativas do cliente. Para manter ou aumentar a vantagem competitiva, tenta-se ultrapassar

as necessidades dos clientes, surpreendendo-os e não apenas atendendo seus requisitos.

Esse foco para a qualidade começou a tornar-se imprescindível também na gestão

pública. A partir da década de 1990, o Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão

(2007) vem desenvolvendo, na administração pública, um programa caracterizado por três

fases: a partir de 1991, o Subprograma de Administração Pública, voltado à sensibilização e à

capacitação; a partir de 1996, o Programa de Qualidade e Participação na Administração

Pública (QPAP), voltado à avaliação e à premiação; e, a partir de 1999, o Programa da

Qualidade no Serviço Público (PQSP), voltado à qualidade dos serviços. Para Almeida (2001,

p. 5), “[...] o desafio maior do setor público brasileiro está na transformação da sua gestão,

com o que se poderia solucionar problemas que há muito vêm comprometendo o seu

desempenho”.

Na busca deste objetivo, segundo Bertaglia (2006), as organizações vêm

aplicando técnicas e filosofias, algumas nascidas no Oriente, outras no Ocidente, cujos

conceitos são adaptados de acordo com as necessidades de cada ambiente organizacional.

O TQM (Total Quality Management), Programa de Qualidade Total, é um

programa cujo objetivo é desenvolver nas organizações uma cultura para a qualidade de

21

maneira que produza produtos e serviços considerados de primeira classe pelos seus clientes.

Para obter sucesso, o programa TQM precisa do envolvimento e do compromisso da alta

administração, de forma a identificar com clareza as necessidades de seus clientes,

transformando seus fornecedores em parceiros e desenvolvendo equipes de trabalho com

maior poder (GAITHER & FRAZIER, 2001).

O gerenciamento da qualidade total, inicialmente originada no Oriente, tem como

foco a arte de administrar. A idéia filosófica da TQM, uma vez associada a métodos, a

ferramentas e a ações, força todos os níveis da organização que a utilizam (individuais e

corporativos) a buscar a excelência. Uma característica importante e que serve como agente

direcionador do programa TQM é visualizar o cliente em primeiro lugar (BERTAGLIA,

2006).

2.1.1 Qualidade de produtos e serviços

De acordo com Silva (2001), em países ricos a força de trabalho na área de

serviços responde atualmente por mais de 75% das ocupações. Para melhor explicar, Las

Casas (2004) diz que os serviços passíveis de comercialização podem ser classificados em

tangíveis e intangíveis. O primeiro tipo utiliza-se de componentes materiais de

comercialização e o segundo utiliza bens abstratos, que têm seu valor no conhecimento

agregado. Considerando a prestação de serviços, pode-se dizer que o objeto de

comercialização é um misto entre serviço tangível e intangível. O grau tangível ou intangível

determina a predominância de um serviço.

Segundo Martins e Laugeni, (2005), toda organização que presta serviço tem

clientes internos e clientes externos em constante relacionamento. Exemplificando como

cliente interno, o setor da produção é um cliente do almoxarifado. Já como cliente externo

pode-se citar a transportadora encarregada de transportar os produtos. A identificação clara

dos clientes é uma etapa importante e essencial na definição dos serviços desejados.

Os clientes avaliam a qualidade na prestação de serviços através de alguns

elementos que Martins e Laugeni (2005, p. 531) descrevem como: “confiabilidade, cortesia,

comunicação, capacidade para atender suas necessidades, fácil utilização, credibilidade,

competência, segurança, rapidez na resposta e aspectos visíveis”.

22

Gestão da qualidade em prestação de serviços centra-se na relação direta com o

usuário, dificultando e confundindo o processo produtivo com a prestação de serviços

(PALADINI, 2004). Uma característica que define este ambiente é o serviço em que:

A gestão da qualidade é notadamente direcionada para ações em busca de maior contato com o cliente, definição de seus interesses, preferências, exigências, necessidades, conveniências, enfim, tudo o que ele possa considerar relevante no processo de prestação do serviço. Em um primeiro momento, portanto, a Gestão da Qualidade prioriza a eficácia; a seguir a eficiência e a produtividade. O conceito elementar da qualidade nesse ambiente, assim, é o de perfeita adaptação do processo ao cliente. (PALADINI, 2004, p. 193).

Muitos serviços são intangíveis e, devido a sua própria natureza, dificultam a

mensuração da qualidade. Assim, cada cliente cria seu próprio padrão ao comparar os serviços

que recebem com os serviços que gostariam de receber. O desempenho dos funcionários do

setor de serviços vem definindo, em grande parte, a qualidade dos serviços. Um elemento

importante para monitorar a qualidade é a aplicação de questionários ou entrevistas aos

clientes visando determinar a percepção dos clientes quanto ao serviço recebido (GAITHER

& FRAZIER, 2001).

Mesmo considerando as dificuldades da implantação da qualidade em serviços,

Las Casas (2004) comenta que diversas empresas brasileiras têm divulgado vantagens

compensadoras deste processo e cita, como exemplo, o Hospital São Luiz, da cidade de São

Paulo, que obteve uma considerável economia e redução de 70% das reclamações de seus

clientes três meses após a implantação do programa de qualidade.

2.1.2 Padrões incentivadores para a qualidade

O crescente interesse na qualidade de produtos e serviços tornou necessária a

criação de padrões reconhecidos em nível internacional. Para Stevenson (2001), com o

objetivo de conscientizar e estimular a qualidade nas organizações, criaram-se os prêmios da

qualidade. Os mais conhecidos e tradicionais em nível internacional são os prêmios Malcolm

Baldrige – americano, que focaliza a satisfação do cliente e o Deming – japonês, cujo foco

dos critérios é o controle estatístico da qualidade.

23

No Brasil, o Prêmio Nacional de Qualidade (critérios baseados nos de Malcolm

Baldrige National Quality Award) foi criado em 1992 contando com a participação de 29

empresas na primeira edição. Nas edições seguintes as adesões ao programa diminuíram,

provavelmente devido às dificuldades de atender aos rigorosos critérios do programa.

(CHIAVENATO, 1999).

A Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), anteriormente denominada Fundação

para o Prêmio Nacional da Qualidade (FPNQ), é uma entidade sem fins lucrativos, que tem

como missão “disseminar os fundamentos da excelência em gestão para o aumento de

competitividade das organizações e do Brasil” (FNQ, 2006). Possui uma visão sistêmica que

traz a idéia de rede social, buscando, através da excelência em gestão, desenvolver

habilidades e trocas de conhecimentos que possibilitam interligar e relacionar comunidades,

governos e organizações de diversos setores. O modelo de gestão da FNQ é constituído por

oito critérios: liderança, estratégias e planos, clientes, sociedade, informações e conhecimento,

pessoas, processos e resultados (FNQ, 2006).

Atualmente existem diversas normas de qualidade visando atingir a gestão da

qualidade total. De acordo com a ANVISA (2005), norma é um documento estabelecido por

consenso e aprovado por um organismo reconhecido, que fornece, para uso comum e

repetitivo, regras, diretrizes ou características para atividades e seus resultados. Estas normas

podem ser padronizadas e aprovadas a nível internacional International Organization for

Standartization (ISO), regional (Mercosul) e ou nacional, no caso a Organização Nacional de

Acreditação (ONA).

O International Organization for Standartization (ISO), é um sistema de normas

para a certificação de garantia de qualidade de produtos e de serviços, cujo propósito em

âmbito global é a busca da eficiência operacional, aumento da produtividade e a redução de

custos. Essa série de normas define o que um sistema da qualidade deve apresentar, sem

estabelecer rigidamente como fazê-lo (STEVENSON, 2001). De acordo com Bertaglia (2006,

p. 383),

ISO 9000 é um conjunto de normas técnicas que trata exclusivamente da questão qualidade, e se destina à aplicação de sistemas (o todo da empresa), e não de produtos, materiais ou serviços, que são aplicações das quatro normas técnicas usuais, ISO 9001, ISO 9002, ISO 9003 e ISO 9004, que, cada vez mais, transforma-se no grande diferencial de riqueza dos países. A certificação ISO 9000 é a garantia de qualidade total.

24

A certificação ISO tem sido o grande objetivo de empresas que pretendem

exportar seus produtos para países desenvolvidos. A garantia de qualidade e a gestão da

qualidade são os dois propósitos básicos da ISO 9000. Garantir a qualidade é fazer cumprir o

conjunto de atividades da função gerencial que permitirão o cumprimento para a qualidade,

enquanto que a gestão da qualidade significa assumir a qualidade como filosofia de gestão.

Um sistema de qualidade baseado na ISO apresenta os requisitos mínimos para assegurar que

os produtos satisfaçam as exigências dos clientes (BERTAGLIA, 2006).

De acordo com Malik e Schiesari (1998), no Brasil, as primeiras certificações

através do sistema ISO ocorreram no início da década de 1990. Na área da saúde, essas

certificações ocorreram mais tarde, principalmente em laboratórios, serviços de hemoterapia e

de nutrição e dietética, onde os processos de produção possuem uma definição mais clara. A

prévia certificação do sistema ISO possibilita uma maior facilidade do cumprimento de

padrões de outros programas, como da Acreditação e da PNQ (Prêmio Nacional da

Qualidade).

2.1.3 Gestão da qualidade no serviço público e na saúde

Para atender a um público cada vez mais exigente e ciente de seus direitos, isto

somado às freqüentes incursões da mídia de forma mais intensa nos últimos anos, o Estado

viu-se na obrigação de fomentar e de alicerçar iniciativas que buscassem melhorar o serviço e,

conseqüentemente, a gestão pública.

De acordo com a revista Veja (2005, p.17), “a precariedade dos serviços públicos

é responsável por cerca de 8% das barreiras ao crescimento do país. Esse impacto se deve aos

efeitos em cascata que as deficiências no setor público causam à economia. No Brasil esses

problemas parecem tão arraigados à rotina nacional que aparentam ser imutáveis”. A figura a

seguir a seguir faz um comparativo dos serviços prestados pelo setor público no Brasil e em

outros países.

25

Figura 1 – Ineficiência estatal

Fonte: Revista Veja (2005, p.17).

Para Stevenson (2001), serviços mal feitos podem significar ter que refazê-los,

reduzindo a produtividade e, conseqüentemente, o aumento dos custos. Nos serviços públicos

isso pode levar a um aumento de críticas e de insatisfações do usuário. Os custos da

responsabilidade civil são ainda maiores na área da saúde. A deficiência da qualidade nos

serviços da saúde, cuja responsabilidade jurídica está bem determinada, tem elevado os custos

dos atendimentos e das seguradoras.

A partir da década de 1990, o Estado vem incentivando a implantação da gestão

da qualidade nas instituições públicas do país, incorporando modernas técnicas de gestão na

administração direta. Para Souza (2002), este plano estratégico de reforma no Estado trata de

uma mudança estrutural da máquina administrativa, transformando o modelo burocrático e

adotando estratégias e tecnologias de gestão, adequadas aos desafios contemporâneos.

O Programa da Qualidade do Sangue instituído pelo Ministério da Saúde e

coordenado pela Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão,

desencadeado no final da década de 1990, focava, como estratégia inicial, o binômio avaliar e

agir. Os critérios de avaliação dos órgãos executores das atividades hemoterápicas são:

liderança, planejamento estratégico, foco no cliente, informação e análise, gestão de pessoas,

gestão de processos e resultados da organização (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000).

Já a Organização Nacional de Acreditação (ONA) é uma organização não-

governamental de abrangência nacional, caracterizada como “pessoa jurídica de direito

26

privado sem fins lucrativos e de interesse coletivo”. Seu principal objetivo é promover a

implementação de um processo permanente de avaliação e de certificação da qualidade dos

serviços de saúde. Devido ao fato de ser um processo permanente, permite o aprimoramento

contínuo da atenção, de forma a garantir a qualidade na assistência de todo cidadão brasileiro.

Suas normas para a gestão da qualidade são especificamente voltadas para instituições da área

da saúde. Possui os seguintes critérios: liderança e administração, organização profissional,

atenção ao paciente / cliente, diagnóstico, apoio técnico, abastecimento e apoio logístico,

infra-estrutura, ensino e pesquisa (ONA, 2007).

A Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, complexo hospitalar sem fins

lucrativos, foi a única organização da área da saúde premiada pelo Prêmio Nacional da

Qualidade (PNQ) em 2002. De acordo com Xavier et alii (1997), a iniciativa para a

implantação de um programa de gestão da qualidade teve início em 1983 através de uma

equipe de administradores cedida pelo governo do Estado do Rio Grande do Sul. Nos

primeiros anos, o objetivo centrou-se na solução de problemas básicos, como investir na

infra-estrutura e na terceirização de alguns serviços. Isso ajudou no saneamento financeiro

que resultou no resgate de credibilidade junto aos fornecedores. Neste período, foi

reconhecido como hospital-escola e investiu no desenvolvimento de recursos humanos. Na

seqüência, a instituição priorizou a modernização da sua estrutura organizacional.

Para conseguir este objetivo, definiu a estrutura funcional, implantou o planejamento estratégico, realizou investimentos diversos, enfatizou a produtividade e democratização das informações, formou e capacitou recursos humanos (técnicos e gerentes), adotou a administração por objetivos e disseminou a cultura da informática (Xavier et alii, 1997, p. 11).

Atualmente o programa de gestão do Hospital Santa Casa de Misericórdia de

Porto Alegre tem sido modelo para outras instituições. Foi definido um dia ao mês para

visitação de público externo, chamado dia de benchmarking, que significa copiar os melhores

exemplos em seus processos de trabalho.

Mais recentemente pode-se citar o Hospital Estadual Sumaré (HES),

“administrado pela Unicamp, que foi contemplado pela Organização Nacional de Acreditação

(ONA), instituição credenciada pelo Ministério da Saúde, com o certificado de Acreditação

Hospitalar Nível 3, a mais alta classificação para uma unidade do gênero” (ALVES FILHO,

2006, p.3). Este certificado foi resultado de um processo de vários anos de trabalho no sentido

27

de qualificar os recursos humanos, melhorar a infra-estrutura e aperfeiçoar os instrumentos e

mecanismos de gestão.

Na área da hemoterapia cabe citar o Instituto Estadual de Hematologia Arthur de

Siqueira Cavalcanti (HEMORIO), que, desde 1995, vem destacando-se na sua gestão para a

qualidade (SILVA, 2000). Considerando a semelhança dos processos de trabalho, o

HEMORIO foi escolhido como um dos exemplos positivos na implantação da gestão da

qualidade no serviço de hemoterapia do Hemocentro Regional de Cascavel.

28

3 DESENVOLVENDO UMA PROPOSTA DE GESTÃO DA QUALIDADE

No capítulo anterior houve uma aproximação e revisão dos conceitos de

qualidade. Já este presente capítulo intenta apresentar as informações obtidas por meio dos

questionários encaminhados aos serviços de hemoterapia do Estado e ao HEMORIO. Na

seqüência dessas informações, estará sendo elaborada uma proposta de implantação de um

programa piloto de gestão da qualidade no Hemocentro Regional de Cascavel.

3.1 GESTÃO DA QUALIDADE EM HEMOCENTROS E HEMONÚCLEOS DO PARANÁ

Em organograma recentemente aprovado pelo Estado, consta para o Centro de

Hematologia e Hemoterapia de Curitiba (HEMEPAR) uma nova divisão, denominada Divisão

de Gestão da Qualidade e Biossegurança, que se encontra em fase de estruturação, tendo

como função o desenvolvimento de atividades relacionadas à gestão da qualidade.

Procurando responder a respeito do segundo objetivo específico deste estudo,

foram enviadas duas questões (Apêndice A) aos Hemocentros e Hemonúcleos do Estado do

Paraná. As respostas foram obtidas através do correio eletrônico, sendo complementadas

posteriormente via telefonemas.

Conforme orientação da Resolução da Diretoria Colegiada nº 153, da ANVISA,

são desenvolvidos pontualmente alguns processos de controle de qualidade em setores

específicos dos Hemocentros e Hemonúcleos de todo o Estado.

O setor de imunohematologia participa de programas de controle de qualidade

externo da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (SBHH) e da Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). O setor de laboratório, responsável pela

realização de exames sorológicos, participa do Programa de Qualidade Externo em Sorologia

da ANVISA. Já no setor de fracionamento há um controle de qualidade sistemático, controle

no qual são aferidos 1% do total de hemocomponentes produzidos.

Entre os serviços da hemorrede pública, apenas o Hemonúcleo de Foz do Iguaçu

possui um trabalho de gestão para a qualidade. Este Hemonúcleo possui uma vinculação

técnica com o Centro de Hematologia de Curitiba, porém, administrativamente, está

vinculado à Fundação de Saúde Itaiguapy. Esta Fundação entendeu a importância de melhores

práticas há dois anos, quando resolveu perseguir os critérios de acreditação da ONA com

assessoria do Instituto Qualisa de Gestão. O Hemonúcleo, uma vez vinculado

administrativamente a esta Fundação, vem empenhando-se na implantação deste programa.

29

Convém assinalar que o Hemonúcleo de Francisco Beltrão iniciou um programa

de gestão de qualidade vinculado ao PQS. O programa foi interrompido após a transferência

de alguns funcionários que participaram da implantação.

3.2 CONHECENDO O HEMORIO E SEU MODELO DE GESTÃO

O Instituto Estadual de Hematologia “Arthur de Siqueira Cavalcanti” –

HEMORIO, localizado no Rio de Janeiro, órgão da Secretaria Estadual de Saúde, foi fundado

em 1944 como o primeiro banco de sangue do país. A instituição emprega cerca de 500

servidores e 180 trabalhadores terceirizados para atender a todos os serviços de hemoterapia e

de hematologia, incluindo os 70 leitos. A estrutura física apresenta a seguinte composição: as

enfermarias ficam no sexto, sétimo e oitavo andar; o laboratório localiza-se no segundo andar;

a administração e a biblioteca estão no terceiro; no quarto andar funciona a Fundação Pró-

Instituto de Hematologia (Fundarj), que é a fundação patrocinadora; no quinto andar

funcionam diversos serviços, como a fisioterapia, sala de atendimento para transfusão,

quimioterapia, sala odontológica e atendimento de emergência de hemopatias (SILVA, 2000).

Ainda de acordo com Silva (2000), o HEMORIO coordena a política de sangue do

Estado do Rio de Janeiro, cujas principais funções são: suprimento de sangue ao Estado do

Rio de Janeiro com trabalho integrado com os 4 hemocentros regionais, 10 hemonúcleos e 52

unidades transfusionais; realização dos exames sorológicos do sangue coletado na própria

unidade e das unidades integrantes da hemorrede e que não realizam esta atividade;

fracionamento do sangue coletado; armazenamento do sangue e componentes; controle da

utilização do sangue e componentes visando uso racional; controle do estoque e

remanejamento de toda a rede pública de hemoterapia; supervisão técnica das práticas

hemoterápicas da rede estadual; atendimento ambulatorial e hospitalar aos pacientes

portadores de hemopatias do Estado do Rio de Janeiro.

Em resposta ao questionário encaminhado ao HEMORIO (Apêndice B), a

servidora do HEMORIO, Adarlette Neira, da Assessoria da Qualidade Externa, repassou as

informações descritas a seguir.

Alguns fatores motivaram a implantação do programa da qualidade no

HEMORIO, como entender a relevância de contribuir para a melhoria da qualidade dos

serviços públicos prestados aos cidadãos, possibilitando à organização melhor resolutividade

dos processos a seus usuários. Um segundo fator foi a possibilidade de demonstrar, para as

30

instituições públicas e a sociedade local, que é possível a gestão em todas as organizações

obtendo resultados positivos na gestão pública. O diagnóstico situacional começou a ser

elaborado em fevereiro de 1995 com a aplicação de metodologia pré-estabelecida.

O lançamento oficial do Programa de Gestão pela qualidade no HEMORIO

ocorreu em 27 de abril de 1995, em solenidade que contou com a presença do secretário de

Estado da Saúde da época. Os programas que serviram de modelo foram os Programas de

Qualidade do Rio de Janeiro (PQRio) e o Prêmio Nacional da Gestão Pública (PQGF),

seguindo as diretrizes do Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ).

Algumas etapas ocorreram simultaneamente na implantação do programa de

gestão da qualidade, no entanto pode-se esquematizar o seguinte modelo: tomada de decisão,

diagnóstico, estratégia voltada para o desenvolvimento de competências e recursos,

implementação da estratégia, monitoramento e avaliação. Foram estruturados os comitês de

trabalho permanentes e operacionais, que seguiram com atuação conjunta até a integral

absorção pela estrutura formal.

Ao elaborar a norma das normas, chamada de norma zero, foram consideradas as

seguintes referências: ISO 8402, ABNT ISO / IEC Guia 2 e ABNT ISO / IEC Diretiva Parte

3, de 1994.

De acordo com Mezomo (1995), a ISO 8402 refere-se a todas as atividades da

função gerencial que determinam a política da qualidade, os objetivos e as responsabilidades,

e os implementam por meios tais como: o planejamento da qualidade, o controle da qualidade,

a garantia da qualidade e a melhoria da qualidade dentro do sistema da qualidade. Esta norma

enuncia qualidade como a totalidade de características de uma entidade, que lhe confere a

capacidade de satisfazer suas necessidades explícitas e implícitas.

A norma ABNT ISO / IEC Guia 2, de 1998, estabelece o procedimento pelo qual

um organismo de acreditação reconhece formalmente que uma instituição ou uma pessoa é

competente para desenvolver tarefas específicas . A norma ABNT ISO / IEC Diretiva Parte 3,

de 1994, estabelece critérios claros e precisos para facilitar o comércio e a comunicação em

nível internacional. Para isso deve ser coerente, clara e precisa, levar em consideração o

estado da arte, servir de base para o progresso tecnológico e finalmente ser compreensível

para o pessoal não qualificado que não participou da elaboração (ABNT, 2007).

Para a implantação do programa de gestão da qualidade no HEMORIO, houve a

contratação de consultoria externa através de uma linha de financiamento da FINEP

(Financiadora de Estudos e Projetos), empresa pública ligada ao Ministério da Ciência e

Tecnologia. O Instituto Brasileiro de Qualidade Nuclear (IBQN), instituição sem fins

31

lucrativos, foi a instituição escolhida para prestar este serviço devido a uma prévia e

concomitante experiência em outra organização de saúde. O contrato inicial foi de um ano,

com um período de continuidade que ocorreu através de consultoria individual com menor

carga horária e adequada à necessidade do HEMORIO. A continuidade deste suporte foi

necessária considerando as diversas ações a serem conduzidas e profissionais pouco

embasados para tal. Outra justificativa para a continuidade desta consultoria foi consolidar a

mudança gerencial com a imparcialidade necessária no processo de desenvolvimento

organizacional. O HEMORIO considera que a consultoria externa é importante para a

implantação e manutenção do programa de gestão da qualidade.

Algumas dificuldades vivenciadas no HEMORIO durante a implantação foram

destacadas: conflitos resultantes da resistência ao novo e às mudanças que devem ser

trabalhadas continuamente; comprometimento insuficiente das pessoas com relação ao tempo

durante o qual elas se envolvem nos projetos internos; manter as pessoas sempre motivadas

para a continuidade dos processos de auto-avaliação e de gerenciamento da melhoria de

gestão; manter canais de comunicação adequados de forma a integrar a força de trabalho;

processo não imediato que requer constância, principalmente depois que alguns resultados

positivos são conseguidos.

O HEMORIO reforça ainda que os reconhecimentos obtidos através da gestão da

qualidade são importantes, uma vez que fazem acreditar que estão conseguindo efetivar uma

melhoria contínua da gestão, criando uma imagem positiva da organização, assim como dos

produtos e dos serviços prestados à sociedade. Para ilustrar algumas das melhorias obtidas por

meio da implantação da gestão da qualidade, foram anexados alguns indicadores divulgados

na página do HEMORIO na internet.

32

Figura 2 – Tempo médio de espera para efetuar a doação de sangue.

Fonte: HEMORIO (2007).

Uma das mais freqüentes e redundantes reclamações dos usuários de um

hemocentro é o tempo de espera para efetuar a doação de sangue. No gráfico acima é possível

observar uma sensível redução no tempo de espera do doador do HEMORIO, no período de

2001 a 2006. Em 2001 o candidato à doação precisava esperar 1 hora e 20 minutos para

efetuar sua doação, enquanto que em 2006 este tempo foi reduzido para 54 minutos. Este

indicador exemplifica que é possível melhorar o atendimento ao cliente revisando os

processos de trabalho e consequentemente obtendo melhorias contínuas.

33

Figura 3 – Orgulho dos servidores em trabalhar no HEMORIO.

Fonte: HEMORIO (2007).

O gráfico mostra o orgulho dos servidores em trabalhar no HEMORIO, resultado

de uma pesquisa de clima organizacional realizada nos anos de 2002 a 2006. Em 2002, 69%

dos servidores tinham orgulho em trabalhar no hemocentro. Já em 2006, 96% dos servidores

sentiam-se orgulhosos em fazer parte do quadro funcional do HEMORIO. Como foi visto na

fundamentação teórica, este é um indicador importante para a manutenção de melhorias

constantes e duradouras.

3.3. PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO – PASSOS E CUIDADOS

A fundamentação teórica possibilitou acompanhar a evolução da qualidade, e

verificou-se que a preocupação inicial da qualidade era checar o produto no final da produção.

Aos poucos esta preocupação foi evoluindo, passando pelos diversos setores e processos de

produção. Hoje a gestão da qualidade extrapola o chão da fábrica, perseguindo parâmetros e

34

indicadores de satisfação inclusive junto às comunidades vizinhas. Para atingir tais níveis de

aperfeiçoamento, faz-se necessário perseguir determinados objetivos que devem ser colocados

em prática em diversas etapas. Reportando-se ao exemplo do HEMORIO, propõe-se pensar e

evoluir a qualidade através dos seguintes passos: mobilização para a gestão da qualidade,

diagnóstico, desenvolvimento de competências, implementação da estratégia e monitoramento

e avaliação.

3.3.1 Mobilização para a gestão da qualidade

A tomada de decisão é uma das etapas mais importantes de todo o processo de

implantação da gestão da qualidade em uma instituição. É extremamente necessária uma vez

que a gestão pela qualidade começa com o compromisso e o apoio da alta administração, que

deve visar primeiramente mudanças na cultura organizacional. Segundo Silva (2000, p. 83),

“quando a direção do HEMORIO optou por implementar mudanças, tinha como objetivo

declarado preparar a organização para os desafios que estariam por chegar, como a carência

de recursos, a necessidade de melhorar o desempenho e a qualidade dos serviços prestados

tanto a pacientes, quanto a usuários”.

O Hemocentro Regional de Cascavel, além de sua gerência local, possui uma

direção a nível estadual representado pelo hemocentro coordenador localizado no

HEMEPAR, em Curitiba. Hierarquicamente, a alta administração do Hemocentro é

constituída pela direção do HEMEPAR, e do hemocentro regional.

A tomada de decisão é facilitada quando a alta administração entende que o

objetivo de desempenho de qualidade envolve um aspecto externo e outro interno. O primeiro

é a satisfação do cliente e o segundo relaciona-se com a estabilidade e a eficiência da

instituição, intimamente atrelada à atuação de seus funcionários.

Nesta fase deve ser definida a política para a qualidade a partir de reuniões

conjuntas entre os funcionários de base e a alta administração. A definição da política de

qualidade deve abranger desde as intenções e as diretrizes globais da organização, até a

construção e a definição da missão e da visão segundo princípios e valores da organização.

Outras questões devem ser consideradas, como: incentivar a criação de uma

denominação para o programa que se inicia; elaborar o manual da qualidade; criar canais de

comunicação entre todos os funcionários; prover recurso pessoal; atuar como facilitador em

todo o processo; focar alternativas que possibilitem o amparo econômico do processo.

35

O benchmarking, que significa copiar o que há de melhor, também deve ser

considerado nesta fase e em todas as fases posteriores. Pode ser muito útil principalmente no

início de um trabalho de implantação, fase em que é essencial conhecer outras práticas e

experiências bem sucedidas. Pode também fazer parte da definição de visão da instituição a

ponto de tornar-se numa experiência de gestão tão positiva que incite outras instituições

públicas a vir a conhecer e a copiar sua experiência.

Para Silva (2000, p. 80), “deve-se considerar que, gerenciar um serviço de saúde,

com as metas e objetivos traçados pela qualidade total, não é tarefa simples, na medida que os

processos de trabalho são complexos e exigem muita atenção. A redução de custos e o

aumento da produtividade – máxima da qualidade total utilizados pelo capital – poderiam

implicar em erros que dificilmente poderiam ser modificados em se tratando de empresa

pública de saúde”. Desta forma, enquanto instituição pública de saúde, o conceito para a

gestão da qualidade deve levar em consideração, a princípio, a segurança do usuário.

Finalmente, de acordo com a experiência do HEMORIO, que ressaltou a

importância de contratação de uma consultoria externa por meio de empresa especializada, de

forma a garantir imparcialidade na implantação da gestão da qualidade. Considerando ainda, a

inexperiência do corpo gerencial e demais funcionários do hemocentro em iniciar e

implementar melhorias, sugere-se a contratação de consultoria externa.

3.3.2 Desenvolvimento de competências

O principal objetivo desta etapa é sensibilizar a direção, gerências, supervisores e

técnicos quanto aos conceitos da gestão da qualidade. Para Mezomo (1995, p. 216), “é

impossível implementar um processo de qualidade sem antes executar um plano de educação

e treinamento em todos os níveis da organização e envolvendo todos os funcionários...”.

Nesta fase busca-se aprimoramento para superar referenciais de excelência. Para

isso é necessário prover a infra-estrutura para sensibilizar, educar e capacitar todos os

funcionários por meio de aulas, encontros, reuniões e também do benchmarking. Inclui-se

também a capacitação para atualizar e documentar os processos de melhorias. Sugere-se a

implementação através de pessoal capacitado, de preferência fazendo parte de assessoria

externa contratada para este fim.

Para Malik e Schiesari (1998), num primeiro momento divulga-se a idéia de

qualidade, sendo recomendada, nessa fase, a utilização de exemplos concretos e próximos da

36

realidade do grupo envolvido. Em segundo lugar, é importante fortalecer as pessoas

envolvidas de forma a aumentar sua capacidade para o desempenho de funções levando em

consideração os conceitos da qualidade.

Pode-se aplicar um questionário aos funcionários de forma a verificar como a

qualidade é entendida por cada um. Assim, é possível avaliar necessidades de mudanças que

valorizem a criação de uma cultura organizacional envolvendo-os ativamente na busca de

oportunidades para melhorias. Isso pode ocorrer à medida que forem preparados e

encorajados a aceitarem responsabilidade por identificar e implementar melhorias em seus

processos de trabalho.

Desenvolver os conceitos possibilita, a todos os envolvidos, buscar respostas aos

desafios que se apresentam rotineiramente nos processos de trabalho. Reportando-se à

implantação do PGQP (Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade no Serviço Social da

Indústria, RS), Lisboa (2007, p. 1) explica que, “a partir da implantação dos conceitos da

qualidade, as pessoas passaram a perceber que o seu trabalho não era apenas produto de uma

tarefa diária, cumprida de forma mecânica, mas que era algo que repercutia de modo

importante na vida e no trabalho de outras pessoas”.

Neste período de sensibilização e de capacitação deve ser enfatizada a longa e

vagarosa empreitada que se inicia, evitando-se criar a impressão de que a qualidade é uma

tarefa finita, tarefa que, uma vez instalada, permanece para sempre. Enfatizar que o trabalho

terá que ser contínuo para que se possa atingir a manutenção duradoura das melhorias e dos

benefícios.

O desenvolvimento de competências é necessário de forma mais intensa na fase

inicial de implantação de um programa de gestão da qualidade, no entanto deve ocorrer

continuamente, visando a atualização e a implementação dos processos de trabalho.

3.3.3 Diagnóstico

Implementar um programa de qualidade na área de assistência em saúde, segundo

Medice e Silva (apud Silva, 2000), sugere um adequado diagnóstico institucional, assim como

exige funcionários motivados e treinados para a prestação dos serviços. Falhas nestes

processos de trabalho implicam perdas de produtividade, aumento dos custos, além de

prejuízo ao usuário.

Segundo Silva (2000, p. 84), no HEMORIO,

37

O programa foi iniciado com o levantamento das problemáticas que redundaram num diagnóstico parcial, capaz de referendar-se para a busca de melhorias, potencialidades, desafios e possibilidades de crescimento do Instituto. Também foram identificados aspectos ligados às relações com o mercado e com a comunidade, aos processos-fim, ao planejamento e gestão, ao desenvolvimento humano, à arquitetura organizacional e sistema normativo, à infra-estrutura e aos processos de apoio, à comunicação e disseminação de informações.

Além do diagnóstico interno, segundo Santos e Lins (apud Silva, 2000, p. 84-85),

também foi realizado um levantamento chamado ouvir a voz do cliente, levantamento de

opiniões feito com clientes internos e externos buscando identificar como eles estavam

percebendo a qualidade dos serviços prestados e como eles desejavam que fossem estes

serviços.

Segundo Las Casas (2004), após conhecer as necessidades e os desejos dos

clientes tendo como base os resultados das pesquisas, elabora-se a estratégia que deve

considerar componentes voltados para os clientes internos e externos. Com os clientes

internos faz-se necessário trabalhar os seguintes elementos: mudança cultural, treinamento,

comunicação e marketing. Os elementos a serem considerados para os clientes externos são:

pontos fortes, pontos fracos, aspectos favoráveis e desfavoráveis, ameaças e oportunidades.

Existe um grande número de técnicas de diagnóstico de problemas. Dessas

técnicas, de acordo com Amaral et alii (2006, p. 474), “algumas possuem aplicação genérica,

outras são direcionadas para problemas técnicos e outras ainda são mais voltadas para a

análise de processos”. A identificação do método mais apropriado deve considerar a natureza

do problema, isto é, com um foco mais pontual ou mais abrangente.

Para isso podem-se utilizar algumas ferramentas que facilitam esta análise,

ferramentas como: fluxograma que representa o processo de forma gráfica; técnica 5W 1H

para levantamento de dados; identificação de indicadores atuais e futuros.

Após esta fase faz-se necessário analisar o processo apontando o problema ou os

pontos críticos. Identificar um problema é reconhecer que determinada meta ou objetivo não é

alcançada. A aplicação de questionário e a realização de entrevistas são atividades que podem

determinar se os clientes estão ou não satisfeitos com o serviço ou o atendimento prestado.

Outra ferramenta utilizada é o brainstorming (chuva de idéias) ou brainswriting (chuva de

idéias registradas). Após a identificação dos problemas, devem-se priorizar os problemas mais

freqüentes. Na seqüência, importa identificar as causas que dão origem a estes problemas.

38

Nesta etapa pode-se recorrer ao diagrama de causa e efeito, mais conhecido como espinha de

peixe. Novamente se priorizam as causas mais importantes e, através das ferramentas já

citadas, procura-se identificar as possíveis soluções.

Após a identificação do problema e as possíveis soluções de um processo-chave,

pode-se dar início a um ciclo de melhoria conhecido como PDCA, que significa planejar,

fazer, checar e agir conforme figura a seguir.

Figura 4 – Ciclo PDCA desenvolvido por E. W. Deming.

Fonte: Martins (2005, p. 507).

Este ciclo é utilizado para o planejamento de ações e sua implementação, verificar

os resultados alcançados, aperfeiçoar e corrigir eventuais problemas do processo de trabalho

bem como da qualidade dos serviços.

3.3.4 Implementação da estratégia

Após estabelecer os diagnósticos no HEMORIO, seguiu-se a fase de implantação

do Programa Gestão pela Qualidade Total (PGQT). Inicialmente foram estruturados os

comitês de trabalho e, a seguir, foram estabelecidas ações iniciais quanto ao treinamento, à

promoção, à divulgação e à identificação dos processos-chave. No momento seguinte foram

definidas as questões do planejamento estratégico, e, como primeiro foco, a melhoria de

39

Planejar

Fazer

Checar

Agir

processos mais simples e que pudessem sofrer uma intervenção imediata (LINS & SANTOS,

1996, apud Silva, 2000).

A fase de implantação deve alinhar-se com as diretrizes e as normas gerenciais

estabelecidas no início do projeto e comprometer todos os funcionários com o

desenvolvimento institucional. Sugere-se, inicialmente, a estruturação dos comitês de trabalho

com pessoal interessado e comprometido com o projeto. Estes grupos devem contemplar

funcionários de todas as áreas de forma que todos os processos de trabalho sejam

compreendidos. Nesta fase observa-se um intenso trabalho dos comitês e entre os membros

dos comitês.

É vital que o planejamento estratégico desenvolva metas e indicadores adequados

para todos os processos, inclusive da administração. A falta de metas e de indicadores de

longo prazo pode tornar o programa desacreditado perante o pessoal.

Ao implantar-se a estratégia normalmente se faz a adesão dos critérios e ou

normas mais adequadas ao serviço. “A seleção da norma deve ser de comum acordo entre as

partes envolvidas. Os fatores relevantes para a seleção da norma apropriada podem ser

complexidade e maturidade do projeto, desenvolvimento, complexidade do processo

produtivo, características e segurança do produto ou serviço, logística de controle da

produção, assistência técnica, fatores econômicos e mercado.” (BERTAGLIA, 2006, p. 387).

3.3.5 Monitoramento e avaliação

Após implantar um programa de qualidade, é necessário avaliá-lo e revisá-lo

através de auditorias. As auditorias asseguram que os métodos e as normas implantadas estão

de acordo com os procedimentos documentados. A cada auditoria é possível avaliar se o

programa está atingindo as metas estabelecidas e pretendidas (OAKLAND, 1994).

Um sistema de informação permite que as informações de um processo (produto

ou serviço) entrem em um banco de dados. Este sistema deve permitir que estes dados possam

ser pesquisados, avaliados e analisados como indicadores da qualidade. Estes indicadores

devem ser escolhidos e determinados no início da implantação do programa da qualidade e

serão empregados no acompanhamento e avaliação do mesmo.

Os serviços de hemoterapia do Estado contam com um software denominado

Hemovida, software que gerencia todos os processos que compreendem o ciclo do sangue.

Assim é possível monitorar os principais indicadores dos processos de trabalho, dentre os

40

quais pode-se citar: tempo médio de espera para efetuar a doação de sangue, candidatos aptos

e inaptos quanto ao tipo de doação de sangue, percentual de inaptidão sorológica, entre outros.

O Hemocentro Regional de Cascavel vem realizando pesquisa de satisfação com o

doador apto à doação. No período de 10/09/07 à 01/12/2007, 2000 candidatos efetuaram

doação de sangue. Destes, apenas 586 responderam o questionário, ou seja, 29,30% do total.

As perguntas do questionário avaliaram o grau de satisfação do doador durante o atendimento

nos seguintes setores: de recepção, atendimento médico, teste de anemia, coleta de sangue e

copa. O doador também foi questionado quanto sua satisfação referente ao tempo

permanecido no hemocentro e, finalmente, se doaria sangue novamente neste serviço. A

seguir são mostrados os resultados de alguns destes indicadores.

Figura 5 - Atendimento na recepção

Atendim ento na Recepção

70%

26%3% 1%

Ótim o Bom Regular Ruim

Fonte: Hemocentro Regional de Cascavel (2007).

Figura 6 - Atendimento na coleta de sangue

41

Atendim ento na Coleta de Sangue

83%

14% 1%0% 2%

Ótim o Bom Regular Ruim Em branco

Fonte: Hemocentro Regional de Cascavel (2007).

Figura 7 - Tempo que o doador permaneceu no serviço

Fonte:

Hemocentro

Regional de

Cascavel

(2007).

Os resultados desta pesquisa são alguns dos indicadores que podem servir de

parâmetro, possibilitando avaliar mudanças e melhorias obtidas a partir da implantação de um

programa de qualidade no Hemocentro Regional de Cascavel.

Para avaliar as melhorias obtidas com a implantação do programa de gestão da

qualidade, sugere-se como exemplo: avaliar índices de satisfação dos hospitais atendidos;

42

Tempo Permanecido no Serviço

51%31%

12% 6%

Até 40 m inutos Entre 40 - 60 m inutos

Mais de 60 m inutos Em branco

realizar pesquisa de satisfação com o cliente interno e externo. Com o cliente interno, pode-se

avaliar o índice de satisfação do funcionário em trabalhar no hemocentro. Já, com o cliente

externo (doador de sangue), sugere-se avaliar os seguintes itens: tempo de espera para efetuar

doação, cortesia no atendimento, ocorrência de não-conformidade durante o procedimento de

coleta de sangue, tempo de espera para o recebimento dos resultados de exames, quantidade

de reclamações recebidas durante um determinado período, entre outros.

Uma outra forma de avaliar-se enquanto serviço público de saúde é a já citada

prática do benchmarking. Esta prática é vista atualmente mais do que apenas copiar outros

serviços, mas também como forma de revitalizar-se e ganhar vantagem competitiva, seja por

comparação e ou, aprendendo com a experiência de outras instituições (SLACK et alii, 1996).

4. CONCLUSÃO

Qualidade no serviço de saúde significa assegurar que o usuário obtenha o

tratamento apropriado, que seja adequadamente medicado e informado sobre o que está

acontecendo e, finalmente, informado sobre outras alternativas de tratamento.

43

Estas características parecem fundamentar a preocupação que os serviços de

hemoterapia devem possuir para com seus clientes, procurando-se exercer a qualidade em

todo o ciclo produtivo até o destino final do produto, ou seja, no paciente.

Conforme exemplos encontrados no decorrer do estudo, pode-se afirmar que os

ganhos na adoção de um programa de gestão para a qualidade são inúmeros, podendo-se

destacar: melhor ambiente de trabalho; racionalização geral dos processos de trabalho com

conseqüente aumento da produtividade; segurança para os pacientes e os profissionais;

diminuição da necessidade de refazer os processos de trabalhos; autêntica preocupação com a

qualidade dos produtos e dos serviços; um melhor foco no atendimento ao cliente; busca

constante de melhores indicadores; entre outros. Enfim, além de preparar a empresa para um

mundo cada vez mais competitivo e exigente, a gestão da qualidade propicia aos funcionários

o desenvolvimento de laços e de vínculos de relacionamentos construtivos, sinérgicos e

criativos.

Parece ser um consenso de grande número de autores que o envolvimento da alta

administração tem importância fundamental na decisão de implantação. Já para que ocorre a

constante manutenção, é vital também o comprometimento da média gerência. Outro fator

essencial no bom êxito do programa é a motivação do corpo funcional. Ao implantar um

programa de gestão de qualidade, este item da motivação deve ser primeiramente avaliado.

Caso a motivação esteja comprometida, sugere-se adiar o projeto enquanto persistir este

quadro.

Outra questão que deve permear a tomada de decisão é a maneira pela qual se dará

a implantação – se por meios próprios ou se através de consultoria externa. Considerando a

pouca ou nenhuma experiência do corpo gerencial e dos funcionários, isto somado a

multiplicidade de suas funções, sugere-se a contratação de consultoria externa para

acompanhar a implantação e a manutenção de um programa piloto de qualidade no

Hemocentro Regional de Cascavel. Um trabalho de consultoria adequado deve fornecer

orientações de acordo com a necessidade e realidade da instituição.

Constatou-se que a implantação de um programa de gestão da qualidade tem um

longo caminho de planejamento que o precede, ou seja, todo um processo de fortalecimento e

de envolvimento do pessoal para buscar cumprir as metas que levam à melhoria. Por outro

lado, verificou-se que as adequações efetuadas em conseqüência às freqüentes visitas da

vigilância sanitária, propiciaram ao hemocentro uma aproximação aos critérios da qualidade.

Verificou-se que os autores da qualidade total se preocupam com a continuidade

do processo de gestão da qualidade. Nas instituições públicas, a continuidade de programa

44

desta natureza é vulnerável quando pessoas despreparadas e politicamente indicadas assumem

cargos comissionados na alta administração. Outra questão que pode levar à descontinuidade

é a constante alteração do comportamento humano, cujas necessidades e percepções mudam

de forma dinâmica. A melhoria contínua através da atualização e do aperfeiçoamento assegura

a manutenção da excelência e a continuidade do processo da qualidade como algo absorvido e

vivenciado por todos, fazendo parte da cultura de fazer bem e fazer o melhor, em todas as

etapas do processo de trabalho.

E, finalmente, para Oakland (1994, p. 435), “[...] não há nada tão inevitável como

uma idéia cuja hora já chegou”. A implantação da gestão da qualidade nos serviços de

hemoterapia do Estado do Paraná encontra-se nesta situação. Espera-se que este estudo, como

mola propulsora, venha a contribuir e a incentivar a alta direção, tendo como proposta inicial

a implantação da gestão da qualidade no Hemocentro Regional de Cascavel como projeto

piloto e, na seqüência, nos demais serviços do Estado.

REFERÊNCIAS

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APÊNDICES

Apêndice A

Questões enviadas aos Hemocentro e Hemonúcleos do Estado do Paraná

Nome do Serviço: __________________________________________________

Nome do responsável pelas informações: _______________________________

1) Atualmente o serviço de hemoterapia sob sua responsabilidade conta com um Programa de Gestão da Qualidade?

( ) Sim. ( ) Não.

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2) Considera importante a implantação de um Programa de Gestão da Qualidade?

( ) Sim. ( ) Não.

Apêndice B

Questionário sobre a implantação do programa de gestão da qualidade enviado ao HEMORIO

Nome do responsável pelas informações:________________________________

1) Quando ocorreu a implantação do Programa de Gestão da Qualidade?

2) Qual é o programa implantado?

3) Quais as etapas seguidas para a implantação deste programa?

4) Foi utilizada alguma norma da ISO?

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5) Quais os principais fatores que motivaram a implantação de gestão de qualidade no HEMORIO?

6) Quais as melhorias observadas após a implantação?

7) É possível evidenciar as melhorias através de indicadores? Quais?

8) Para a implantação do programa, houve serviço de assessoria externa? Qual?

9) Houve continuidade desta prestação de serviço? ( ) Sim. ( ) Não. Por quê?

10) Para a implantação e a manutenção do Programa de Gestão de Qualidade, considera que a assessoria externa é?

( ) imprescindível. ( ) desnecessária. ( ) importante.

51