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CONTRIBUIÇÕES DA FILOSOFIA GRECO-ROMANA PARA A PSICOLOGIA Luiz Alberto Machado 2014 SUMÁRIO INTRODUÇÃO Foi na Grécia antiga que ocorreram os primeiros passos sobre a questão psicológica, a partir das investigações filosóficas que levaram o homem a observar a si próprio, buscando a compreensão do seu próprio ser e sua relação com o mundo. Mais precisamente, as primeiras incursões nas questões psicológicas ocorreram com o nascimento da Filosofia ocidental por volta do início do séc. V A.C., com o significado de amizade pelo saber e definindo o pensamento racional por característica. Tal fato se prende ao trabalho de sistematização e consolidação do pensamento primitivo e antigo da humanidade, efetuado, inicialmente pelos pré-socráticos e, posteriormente pela condução filosófica socrática e pós-socrática. Historicamente, o surgimento da Filosofia na Grécia antiga foi motivado pelas descobertas marítimas, pelo registro abstrato das ideias com a invenção da escrita alfabética, pela abstração do tempo com a invenção do calendário, pela forma de troca surgida com a invenção da moeda, com a ambientação estabelecida com o surgimento da vida urbana. Com a ética da Polis que propiciou a invenção da política surgindo às leis, o espaço público e a estimulação das ideias num pensamento coletivo. É com essa filosofia que se define as bases e fundamentos conceituais acerca da ética, da pedagogia, da racionalidade, da técnica, da ciência, da arte, da cronologia, da política e da física e, inclusive, da psicologia. É em razão dessa contribuição da Filosofia antiga, notadamente a greco-romana, que o presente estudo se realiza, procurando destacar de que forma os pensadores e filósofos da antiguidade, propuseram, por meio de suas investigações, as bases para a ciência psicológica. Justifica-se a realização do presente trabalho a necessidade de se encontrar as raízes do pensamento humano, especificamente das questões psicológicas que transitam na existência humana, bem como pela determinação de pensadores que buscando respostas para as questões

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Trabalho desenvolvido sobre a contribuição da Filosofia greco-romana para a Psicologia.

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  • CONTRIBUIES DA FILOSOFIA GRECO-ROMANA PARA A PSICOLOGIA

    Luiz Alberto Machado

    2014

    SUMRIO

    INTRODUO

    Foi na Grcia antiga que ocorreram os primeiros passos sobre a questo psicolgica, a

    partir das investigaes filosficas que levaram o homem a observar a si prprio, buscando a

    compreenso do seu prprio ser e sua relao com o mundo.

    Mais precisamente, as primeiras incurses nas questes psicolgicas ocorreram com o

    nascimento da Filosofia ocidental por volta do incio do sc. V A.C., com o significado de

    amizade pelo saber e definindo o pensamento racional por caracterstica. Tal fato se prende ao

    trabalho de sistematizao e consolidao do pensamento primitivo e antigo da humanidade,

    efetuado, inicialmente pelos pr-socrticos e, posteriormente pela conduo filosfica

    socrtica e ps-socrtica.

    Historicamente, o surgimento da Filosofia na Grcia antiga foi motivado pelas

    descobertas martimas, pelo registro abstrato das ideias com a inveno da escrita alfabtica,

    pela abstrao do tempo com a inveno do calendrio, pela forma de troca surgida com a

    inveno da moeda, com a ambientao estabelecida com o surgimento da vida urbana. Com

    a tica da Polis que propiciou a inveno da poltica surgindo s leis, o espao pblico e a

    estimulao das ideias num pensamento coletivo.

    com essa filosofia que se define as bases e fundamentos conceituais acerca da tica,

    da pedagogia, da racionalidade, da tcnica, da cincia, da arte, da cronologia, da poltica e da

    fsica e, inclusive, da psicologia.

    em razo dessa contribuio da Filosofia antiga, notadamente a greco-romana, que o

    presente estudo se realiza, procurando destacar de que forma os pensadores e filsofos da

    antiguidade, propuseram, por meio de suas investigaes, as bases para a cincia psicolgica.

    Justifica-se a realizao do presente trabalho a necessidade de se encontrar as razes do

    pensamento humano, especificamente das questes psicolgicas que transitam na existncia

    humana, bem como pela determinao de pensadores que buscando respostas para as questes

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    mais ntimas do indivduo, se voltaram para a necessidade da compreenso da vida e do

    mundo.

    Objetiva, portanto, por meio de uma reviso da literatura destacar as contribuies

    formuladas pelos filsofos da antiguidade grega e helenstica para a formao da cincia

    psicolgica.

    A metodologia aplicada no desenvolvimento da presente pesquisa de natureza

    exploratria, qualitativa e descritiva, embasada numa reviso bibliogrfica e documental para

    alcance da dimenso da temtica proposta.

    Na primeira parte do trabalho procurou-se evidenciar a fonte do pensamento

    psicolgico por meio da identificao de como se processou o processo instaurador da

    filosofia, procedendo a uma reviso que sinalize os antecedentes ocorridos na antiguidade at

    o florescimento dos primeiros pensamentos filosficos destinados s questes psicolgicas.

    Em abordar-se- a filosofia pr-socrtica, socrtica e ps-socrtica at o advento da filosofia

    helenstica e pag com a penetrao do Cristianismo.

    1 A PSICOLOGIA NA FILOSOFIA GREGA

    1.1 Antecedentes histricos

    O comeo da filosofia e da cincia terica no mundo, conforme registrado por Souza

    (1978), Russel (2002) e Aranha e Martins (1994), marcado pelo confronto de duas correntes

    de pensamento sinalizadas pela oposio Oriente-Grcia.

    De um lado, o pensamento orientalista reivindicando para si a criao da sabedoria que

    foi herdada e desenvolvida posteriormente pelos gregos; de outro, o pensamento ocidentalista

    propondo o nascimento da filosofia e da cincia terica entre os gregos.

    Registram Padovani e Castagnola (1978, p. 26) que:

    comum, pois, que os historiadores da Filosofia iniciem sua Histria sempre por

    Tales de Mileto. No que eles ignorem a longa pr-histria, o extensssimo perodo

    pr-filosfico no qual germinava a Filosofia para emps abrolhar, depois de lenta

    fermentao intelectual, que vem desde o fundo dos sculos. Mas que os

    documentos epigrficos das civilizaes mesopotmicas v. g. so mui raros e de

    acesso mui difcil. E porque a documentao sobre os povos selvagem nada nos

    dizem sobre o que tenha sido a Grcia primitiva.

    Sob esse aspecto, os autores designam nos contextos histricos como antecedentes

    filosficos o pensamento indiano e bramnico e suas ligaes religiosas com o jainismo,

    budismo, at a introduo do pensamento grego.

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    Tambm Myers (2006), Chau (2002) e Chau (2002b) admitem a existncia de

    condues filosficas e de sabedoria entre os chineses, hindus, japoneses, rabes, persas,

    hebreus, africanos e ndios.

    No dizer de Myers (2006), Buda na ndia observou como as sensaes e percepes se

    uniam para formar ideias; Confcio na China destacou o poder das ideias e de uma mente

    esclarecida; as escrituras hebraicas de Israel antigo j falavam da relao mente e emoo ao

    corpo e que sentiam com as entranhas e pensavam com o corao, entre outras.

    Tais condues do conta que havia antes dos gregos um pensamento filosfico,

    porm disperso, fato esse registrado por Reali e Anteseri (1990) e Marcondes (1998),

    assinalando que foram os gregos quem consolidaram o que havia de pulverizado entre os

    eventos mticos e poticos.

    Discusses parte, o que se pode retirar das controvrsias da pesquisa histrica, fica

    registrado que para o Ocidente a Filosofia e a Cincia terica surgem na Grcia antiga no

    perodo alexandrino ou helenstico por volta dos sculos V e IV a. C.

    Noutra observao, Bock (1991) registra que no perodo compreendido a partir do

    sculo VII A.C., deu-se o momento ureo do pensamento humano entre os gregos. Tal fato se

    deu com o desenvolvimento ocorrido na Grcia, possibilitando que esse povo tivesse entre as

    suas ocupaes, as discusses filosficas e artsticas.

    o que refora Souza (1978, p, 6) ao mencionar que:

    Embora o incio histrico da filosofia e da cincia terica ainda contenha pontos

    controversos e continue um problema aberto na dependncia inclusive de novas descobertas arqueolgicas -, a grande maioria dos historiadores tende hoje a admitir

    que somente com os gregos comea a audcia e a aventura expressas numa teoria.

    s conquistas esparsas e assistemticas da cincia emprica e pragmtica dos

    orientais, os gregos do sc. VI a. C., contrapem a busca de uma unidade de

    compreenso racional, que organiza, integra e dinamiza os conhecimentos.

    Em conformidade com o autor mencionado, exatamente nesse perodo que se

    desenvolve unidade de uma compreenso racional, resultado de um longo processo cultural

    que convergiu com o desenvolvimento social, econmico, poltico e geogrfico que

    proporcionaram o nascimento do que se convenciona chamar de milagre grego.

    Assim sendo, assinala Chau (2002, p. 20) que: A Filosofia, entendida como

    aspirao ao conhecimento racional, lgico e sistemtico da realidade natural e humana, da

    origem das coisas do mundo e de suas transformaes e do prprio pensamento, um fato

    tipicamente grego.

    Tambm assinalam Castro e Landeira-Fernandez (2011, p. 8) que: [...] a cultura grega

    antiga serve como um marco na fundao do pensamento ocidental. a partir desta

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    civilizao que surgem observaes mais sistemticas sobre estrutura e funcionamento do

    corpo, da mente e a relao entre estas duas entidades.

    O cenrio desse perodo era envolto num clima de predominncia politesta com

    vigncia da mitologia grega. E exatamente a que se posiciona por uma consolidao do

    pensamento filosfico e cientfico terico pelos grandes pensadores gregos.

    Alm disso, nesse perodo que aparece o termo grego psych embasando a

    significao da Psicologia, como razo da alma, permitindo o entendimento do seu

    significado como estudo da alma.

    Merece, ento, destacar com base em Hirschberger (1965), Bock (1991), Frias (2004)

    e Gusmo (2014) que, entre os gregos, o termo alma traduzia a concepo da parte interior e

    imaterial do homem, abarcando seus sentimentos, pensamentos, emoes, percepes,

    sensaes, racionalidade, desejo, entre outras.

    Com isso, h de se registrar que a mitologia grega, conforme Cotrim (2006) vai

    contribuir com a Psicologia de diversas formas, entre elas, a saga de dipo, encenada pelo

    dramaturgo grego Sfocles (496-406 A.C.), embasando, por exemplo, a ideia de Complexo de

    dipo do psicanalista austraco Sigmund Freud (1856-1939), ao reelaborar o mito grego ao

    transform-lo em elemento fundamental de sua teoria.

    Cortes (2014) vai encontrar o mesmo embasamento nessa mitologia nas fontes

    simblicas da Psicologia Analtica de Carl Jung, bem como Berbel (2014) vai desenvolver

    estudos psicolgicos acerca dos mitos gregos como arquetpicos.

    J Braz (2005) vai desenvolver estudos psicolgicos acerca do amor efetuando uma

    releitura da mitologia greco-romana.

    Na literatura se encontra inumerveis estudos acadmicos voltados para a identificao

    de condues psicolgicas flagradas nas narrativas oriundas da mitologia grega.

    A esse respeito acrescenta Chau (2002, p. 27) que:

    [...] os dois maiores formadores da cultura grega antiga, os poetas Homero e

    Hesodo, encontraram nos mitos e nas religies dos povos orientais, bem como nas

    culturas que precederam a grega, os elementos para elaborar a mitologia grega, que,

    depois, seria transformada racionalmente pelos filsofos.

    Com isso, observa a autora que o poeta era tido na poca como um escolhido dos

    deuses, criando mitos como o de Eros, Prometeu, Pandora, entre outros, que vo metaforizar a

    realidade e perdurar por milnios at o presente, por denotarem os anseios e desejos humanos.

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    Tambm registra Souza (1978, p. 8) que: [...] em poesia o homem grego canta o

    declnio das arcaicas formas de viver ou pensar, enquanto prepara o futuro advento da era

    cientfica e filosfica que a Grcia conhecer a partir do sc. VI a. C..

    Contudo, numa reviso aprofundada da literatura encontram-se registros de que os

    temas que envolvem a mente e o corpo surgem no cenrio antigo por meio do pensamento

    filosfico que emergiu entre os gregos antigos por volta de 1.200 e 800 A.C., a partir da obra

    homrica.

    Foi com o conhecimento das obras A Ilada e A Odisseia do poeta grego Homero (928

    A.C.-898 A.C.), datadas entre o final do sculo VIII A.C., e inicio do sculo VII A.C., que se

    sabe acerca dos costumes religiosos, prticas polticas, hbitos sociais e crenas por meio das

    narrativas que envolvem a estrutura cultural e social daquela poca, definindo os conceitos de

    sade e enfermidade, bem como da relao da alma, mente e corpo.

    Nesse sentido, para Silva (2007, p. 122), a literatura homrica representa:

    A voz de Homero no a voz particular de um poeta, mas a voz de uma cultura, de

    uma sociedade, diferente da voz do Deus cristo apreendida como nica e definitiva,

    logo inaltervel. Enfim, nesse aspecto, consideramos Homero como o inaugurador

    da tradio pica da qual participamos. Falar dele corresponde a tentar demonstrar,

    em palavras, o que vem a ser o momento inaugural da nossa literatura.

    Em vista disso, a Ilada, segundo Schuler (2004), alm de ser um poema pico,

    narrando os acontecimentos que se sucederam durante a Guerra de Tria, bem como os relatos

    acerca do comportamento, da vida cotidiana e da cultura grega.

    J a Odisseia, no dizer de Carlier (2008), retrata o retorno dos gregos de Tria para a

    Grcia, narrando s emoes, comportamento, pensamentos, atitudes e aes de Odisseu no

    enfrentamento dos revezes por vrios anos de luta para retornar sua cidade natal.

    Alm de Homero, conforme Chau (2002) e Chau (2002b), outros poetas contriburam

    para o desenvolvimento do pensamento filosfico grego, a exemplo de Arquloco, Tegnis e

    Pndaro, exprimindo sentimentos de que o mundo tecido por repeties e mudanas

    interminveis.

    Merece destaque a observao de Souza (1978) e Castro e Landeira-Fernandez (2011)

    de que o corpo era visto nessa poca como um aglomerado de membros que se representavam

    pelo ritmo dos seus movimentos e pela fora da musculatura. Em virtude disso, observa-se

    que os gregos desse perodo no possuam uma concepo unitria da vida psquica, contudo,

    a obra homrica est permeada de sinalizaes da vida mental humana, por meio dos afetos e

    sentimentos, pensamentos, nimos, emoes, comportamentos, intuies, suposies,

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    conhecimentos, inteligncia, mpetos e arrebatamentos, sem distino entre os rgos

    humanos e o processo psquico.

    Dessa forma, em conformidade com Castro e Landeira-Fernandez (2011, p. 7): as

    questes que envolviam os debates acerca de corpo-mente ocorreram desde a antiguidade,

    assinalando que:

    Essas questes, fundamentais nas cincias da mente contemporneas, estiveram

    tambm presentes nas primeiras organizaes antigas humanas. Desde os primrdios

    da humanidade e em diferentes civilizaes antigas, como Egito, Mesopotmia,

    ndia e China, observa-se a construo de diversas perspectivas acerca da relao

    mente-corpo, contemporneas entre si e que refletem uma preocupao fundamental

    em compreender como ocorre a relao entre nossos corpos e os fenmenos

    mentais.E de maneira similar s civilizaes supracitadas, nota-se tambm na Grcia

    antiga a existncia de tais preocupaes. Na verdade, nenhuma outra cultura antiga

    deixou marcas ainda to presentes como a civilizao grega. Pode-se afirmar que a

    base de todo pensamento ocidental moderno encontra suas origens nesta civilizao.

    Tem-se, pois, que a preocupao com o corpo e a mente no era privilgios dos

    pensadores gregos, mas de outras regies do planeta. Entretanto, assinala Bock (1991, p. 22)

    que entre os filsofos gregos que surge a primeira tentativa de sistematizar uma

    Psicologia, sendo tal fato reiterado por Atkinson et al (2011).

    1.2 A filosofia pr-socrtica

    O primeiro perodo do pensamento grego, segundo Padovani e Castagnola (1978, p.

    99), identificado como aquele denominado por perodo naturalista que compreende as

    escolas jnica e eleata, sendo este perodo o de [...] nascente especulao dos filsofos

    instintivamente voltada para o mundo exterior, julgando-se encontrar a tambm o perodo

    unitrio de todas as coisas; e toma, outrossim, a denominao cronolgica de perodo pr-

    socrtico [...].

    1.2.1. A escola jnica

    A primeira escola que se tem notcia, conforme Banes (2003), a que se encontrava na

    cidade de Mileto, na sia Menor, denominada de escola Jnica.

    Cotrim (2006), Gomes (2014) e Machado (2014) assinalam que os Jnios foram os

    primeiros filsofos gregos. Surgiram eles nas florescentes colnias gregas do litoral da sia

    Menor, a Jnia, e, em seguida, da Itlia meridional, a Magna Grcia, quando surgiu o

    denominado milagre grego com o desenvolvimento das artes e poltica, a exemplo da

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    democracia e da cincia, bem como do teatro, da msica, da literatura e aperfeioamento das

    artes plsticas.

    No dizer de Banes (2003) e Bunet (1994), que foi com essa escola que surgiu a

    exigncia racional, embasada na doutrina filosfica do Hilozosmo que defendia a ideia de

    que toda matria universal viva, identificando o cosmo como um organismo integrado

    material que possui as caractersticas da conscincia, sensibilidade ou animao.

    Foi nessa escola que surge o nome de Tales de Mileto (640 a 584 A.C.), considerado

    como o primeiro filsofo ocidental, fundador da Escola Jnica e considerado um dos sete

    sbios da Grcia, alm de filsofo, astrnomo, matemtico, poltico e comerciante. Ele,

    segundo Hirschberger (1965), reconhecido como o herdeiro das inquietaes e

    conhecimento dos antigos egpcios e babilnios.

    A filosofia de Tales de Mileto, segundo Marcondes (1998), tentou corrigir as

    incorrees e falhas das filosofias anteriores, quando procurou realizar estudos sobre as

    funes dos rgos sensoriais, os processos cerebrais e perturbaes nos casos de leses do

    crebro.

    Foi ele, conforme Pessanha (1978), quem admitiu ser a gua a origem do universo, a

    substncia primordial, trazendo por consequncia a primeira viso de distanciamento entre as

    percepes e o pensamento racional. O seu teorema e a sua cosmologia est baseado no arch,

    ou seja, um s princpio, uma s coisa fundamental.

    Inaugurando o perodo naturalista entre os jnios, Weate (1999), surge Anaximandro

    de Mileto (610 A.C.- 547 A.C.), defendendo a infinitude dos mundos numa perptua inter-

    relao, identificando aperon como o infinito em movimento perptuo. Defendia tambm que

    os opostos so reciprocamente pagadores das injustias cometidas, garantindo o processo de

    compensao dos excessos. O pensar para esse filsofo grego poematizar, sendo o ser a

    maneira originria precedente da poesia, quando a linguagem se forma e atinge sua essncia,

    uma vez que, para ele, a linguagem pode expressar tudo que se pensa claramente.

    Tambm participou do perodo naturalista dos jnios, o filsofo Anaxmenes (588-524

    A.C.), que era discpulo de Tales e defendia ser o ar a substncia primria, o elemento bsico

    fsico e psquico. Ele, segundo Bunet (1994), atribuiu vida matria e identificando a

    divindade com o elemento primitivo gerador dos seres, refutando ao mesmo tempo Tales e

    Anaximandro, afirmando que todas as coisas seriam produzidas atravs do duplo processo

    mecnico de rarefao e condensao do ar infinito, entendendo que a natureza do ar

    originrio era antes determinada de maneira estranha, negativa, com relao conscincia.

    Tanto sua realidade, a gua, ou tambm o ar, enquanto o infinito um alem da conscincia.

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    Tanto Anaximandro quanto Anaxmenes atuaram como doxgrafos, ou seja, eles

    recolhiam e transcreviam as opinies dos filsofos precedentes.

    1.2.2 A escola pitagrica

    A escola pitagrica foi fundada pelo filsofo Pitgoras de Samos (571 A.C. 497

    A.C.), na colnia grega de Crotona, na Itlia, Magna Grcia, depois transferida para

    Metaponto. Foi vista, no dizer de Spinelli (2014), como uma associao que reunia cincia,

    tica e poltica, com base nas ideias rficas e na concepo de que tudo regulado segundo

    relaes numricas, fazendo conexo com prticas ascticas e abstinncias na sua confraria.

    Ele criou um sistema global de doutrinas, cuja finalidade era a de descobrir a harmonia que

    preside constituio do cosmos e traar, de acordo com ela, as regras da vida individual e do

    governo das cidades. No seu entendimento, as categorias biolgicas (macho/fmea), as

    oposies cosmolgicas ( direita/ esquerda relativas ao movimento das estrelas fixas e ao

    dos astros errantes), as ticas (bem/mal), entre outras, seriam, na verdade, variaes da

    oposio fundamental que determinaria a prpria existncia das unidades numricas: a

    oposio do limite (peras) e do ilimitado (aperon). O pensamento pitagrico exerceu

    profunda influncia no platonismo e persiste no tempo at os dias atuais com tendncias

    mstico-religiosas e cientfico-racionais.

    Atribui-se ao filsofo grego Pitgoras a inveno da palavra filosofia e, segundo Chau

    (2002, p. 19) ele: [...] teria afirmado que a sabedoria plena e completa pertence aos deuses,

    mas que os homens podem desej-la ou am-la tornando-se filsofos, sendo, ento, aquele

    que movido pelo desejo de observar, contemplar, julgar e avaliar as coisas, as aes, a vida,

    pelo desejo de saber.

    1.2.3. A medicina grega

    A medicina na Grcia era sacerdotal e, conforme Gomes (2014), [...] Procurava-se a

    cura para a doena atravs da magia, poes benfazejas, feitios, e vrios tipos de aplicaes e

    cirurgias.

    nesse perodo que surge o filsofo e mdico Alcmen de Crotona (500 A.C. 450

    A.C.) que foi o primeiro a considerar que o crebro era o centro de todas as sensaes e sede

    da razo, da cognio e da sensao.

    A esse respeito, assinala Gomes (2014, p. 18) que:

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    Foi Alcmon de Crotona, na Itlia, em torno do sculo V a. C., o primeiro mdico a

    basear seus conhecimentos sobre o corpo em observaes objetivas. Ele organizou

    uma escola de medicina em sua cidade para substituir a medicina religiosa e mstica

    por uma medicina racional. Alcmon acreditava que a relao entre sade e doena

    estava no equilbrio ou desequilbrio dos sistemas corporais.

    Em virtude disso, em conformidade com os estudos realizados por Reale (2002) e

    Frias (2004), foi esse mdico e filsofo que influenciou Hipcrates, ao defender que o crebro

    era o criador da mente humana, fazendo distines entre os seres humanos e os animais,

    atribuindo ao homem ser o nico animal a compreender, uma vez que os outros animais

    apenas percebiam.

    Alm disso, registra Reale (2002) que Alcmen foi responsvel pela suposio de que

    a percepo e a compreenso so processos distintos, propondo a existncia de canais

    sensoriais que proporcionavam que as sensaes chegassem at o crebro, bem como foi ele

    quem apresentou os nervos pticos como conectando os olhos ao crebro e props a primeira

    doutrina mdica do ocidente na relao entre doena e sade.

    O sucessor de Alcmen foi Hipcrates (460- 377 a. C.) que, segundo Gomes (2014),

    iniciou suas atividades mdicas na tradio religiosa, contudo as substituiu, posteriormente,

    por uma medicina racional, influenciado pelos filsofos de ento, ou seja, dos jnios e

    pitagricos.

    A medicina de Hipcrates, segundo Gomes (2014, p. 23):

    [...] baseava-se numa teoria dos humores, na qual o ser humano era descrito como

    formando um todo composto de quatro partes independentes que eram os quatro

    humores: o sangue, a fleuma (chamada tambm linfa ou pituta), a blis amarela, a

    blis negra ou atrablis, cada uma das quais relacionada a um rgo particular: o

    corao, o crebro, o fgado e o bao. A sade seria o resultado do equilbrio dos

    humores. A medicina de Hipcrates assinalou o desempenho do crebro no

    organismo e o reconheceu como a sede da inteligncia. Tambm descreve as

    ramificaes do crebro com toda s as partes do corpo e o modo como recebe as

    informaes dos diversos canais dos sentidos

    Tem-se, portanto, que Hipcrates desenvolveu a arte da medicina, considerando o

    crebro o centro da razo, afora outras especulaes sobre a relao entre o corpo e a mente.

    Registram Castro e Landeira-Fernandez (2011) que o conhecimento do Corpus

    Hippocraticum reuniu um conjunto de textos mdicos, traziam as formas de pensar, alm de

    discorrer sobre embriologia, fisiologia, patologia geral e ginecologia. Trata, tambm, acerca

    de distrbios de movimento, incluindo tipos de paralisias, distrbios na fala, uso de

    trepanao no tratamento de leses cranianas, apresentando a doutrina humoral, segundo a

    qual, o corpo composto por quatro humores: sangue, flegma, bile amarela e bile negra.

    Observa-se, conforme anotado por Atkinson et al (2011, p. 5) que Hipcrates

  • 10

    [...] tinha profundo interesse na psicologia, o estudo das funes do organismo vivo

    e suas partes. Ele fez muitas observaes importantes sobre como o crebro controla

    vrios rgos do corpo. Essas observaes prepararam as bases para o se tornou a

    perspectiva biolgica na psicologia.

    Tem-se, portanto, que para Hipcrates o crebro a sede do julgamento, das emoes

    e de todas as atividades do intelecto, assim como a causa dos transtornos neurolgicos, tais

    como espasmos, convulses e desordem da inteligncia. Para ele a sade estaria associada

    com a perfeita justa proporo destes humores, tanto qualitativa quanto quantitativamente,

    sendo resultado do isolamento de um dos humores em alguma regio do corpo,

    desequilibrando seu funcionamento.

    1.2.4. A escola de feso

    A escola de feso surge com Herclito (576-480 A.C.), cognominado Skoteins, o

    Obscuro, com a concepo do mundo em movimento e considerando o fogo a essncia do

    mundo e agente de mudanas.

    No dizer de Marcondes (1998), por seu carter altivo, desdenhoso e misantropo o fez

    desprezar a plebe, os filsofos do seu tempo, poetas e religies, tornando-se um crtico

    implacvel do seu tempo contra todas as ideias. Todavia, tratou em suas investigaes acerca

    da percepo do sono, a lucidez, pensamento e conhecimento, bem como de aspectos

    biolgicos, fsicos, psicolgicos, polticos e morais, alm da astronomia.

    Registra Banes (2003) que para ele a razo era tida como logos, ou seja, a unidade

    profunda que as oposies aparentes ocultam e sugerem por meio dos contrrios, em todos os

    nveis da realidade, e que seriam aspectos inerentes a essa unidade, sendo, pois o vir a ser o

    elemento primordial, o perptuo fluxo, a continuidade, tornando-se o precursor da dialtica.

    Assim, defendia que as mudanas so a essncia das coisas, sendo, para ele, a vida cambiante

    e que o movimento a essncia da evoluo.

    1.2.5. A escola atomista

    Essa escola foi influenciada pela escola naturalista desenvolvida pelo filsofo, poeta e

    mdico Empdocles de Agrigento (495 - 435 A.C.) que foi um dos que estudaram os

    processos cognitivos no corpo. Para ele a gua, a terra, o fogo e o ar eram os quatro elementos

  • 11

    primordiais, defendendo o amor e o dio como os princpios cosmognicos, influenciando

    sobremaneira a viso mdica a respeito dos entendimentos acerca da sade e da enfermidade.

    Encontra-se em Russel (2002) que ele tambm se debruou sobre a fisiologia dos

    fenmenos sensoriais, entendendo que a percepo se deve capacidade dos poros sensoriais

    captarem as emanaes dos elementos primordiais identificados pelos objetos. A percepo

    visual se dava pela capacidade de seleo dos poros da viso, causando sensaes de cores e

    luzes para percepo dos objetos, influenciando, assim, o pensamento da fisiologia sensorial.

    Para ele o sangue era sumamente importante para a produo dos pensamentos, uma vez que

    estes dependem da similaridade, identificando o pensar com o mesmo sentido de perceber.

    Para ele o pensamento se produz com a sensao, bem como todos os animais tm

    pensamentos, alm de considerar que a inteligncia cresce de acordo com os dados sensoriais

    do tempo presente.

    Sua filosofia estabeleceu um compromisso entre a doutrina eletica e o mundo dos

    sentidos, substituindo a busca dos jnicos de um nico princpio das coisas para a totalidade

    da interpretao do universo nos quatro elementos.

    Entretanto, assinala Russel que a escola atomista surgiu no Iluminismo grego e teve

    como principal representante o filsofo e escritor Demcrito de Abdera (430-370 a. C.), que

    possua o pensamento a partir da generalidade fsica de Leucipo, restabelecendo a importncia

    do particular, que influenciou o indutivismo de Francis Bacon, defendendo a ideia das

    partculas indivisveis, denominada por ele de tomos, explicando as percepes sensoriais ao

    postular que todas as variedades de matria resultam da combinao de tomos de quatro

    elementos: terra, ar, fogo e gua.

    com Demcrito que, segundo Souza (1978), surge o mecanicismo que distinguia

    dois tipos de conhecimento: o bastardo, que seria o conhecimento sensvel a exprimir as

    disposies do sujeito antes da realidade objetiva; e o conhecimento legtimo, aquele que a

    compreenso racional da organizao interna das coisas. Assim, sua obra trata desde a

    Filosofia, passando por problemas da matemtica, medicina, arte e estudos lingusticos,

    psicologia, metafsica e religio, embasando-se na intuio e na lgica, sendo, pois, o

    continuador dos antigos fisiocratas, contudo admitia um conhecimento da realidade absoluta,

    por meio da inteleco, refutando assim o relativismo ctico de Protgoras. Pela sensao, o

    Homem obtinha o conhecimento relativo da realidade, sempre imperfeito e muitas vezes

    pessoal; mas, pela inteleco, e portanto, pelo pensamento, podia obter o conhecimento

    completo e perfeito. Sua teoria da percepo, ou melhor, sua gnosiologia, pois na realidade se

    trata de todo o mecanismo do conhecimento, no deixa dvidas a respeito dessa posio. Para

  • 12

    ele tudo se constitui de tomos, de maneira que o prprio pensamento no outra coisa seno

    movimento atmico.

    1.2.6. O Eleatismo ou Escola de Eleia

    O poeta, matemtico e filsofo Parmnides de Elia (530 A.C. - 460 A.C.), inaugura

    no perodo pr-socrtico o pensamento metafsico, entendendo o mundo dos sentidos como

    ilusrio.

    Segundo anotado por Weate (1999), defendia ele que os sentidos so limitados no

    revelando o mundo imutvel, distinguindo dois tipos de conhecimento: o epistemolgico,

    racional ou verdadeiro, e da opinio, ou doxa. Com isso, ele distingue o inteligvel do

    sensvel, opondo-se aos princpios numricos dos pitagricos, o imobilismo heracliteano e

    toda a filosofia jnica. Foi ele quem primeiro exps o princpio de identidade e que para

    conhecer e entender os contedos das coisas se faz necessrio pensar, considerando que

    conhecer o ser conhecer a verdade, distinguindo a cincia como aquela construda na razo e

    que o ser depende do sentido, entendendo que para alcanar a verdade dever se recorrer

    razo, nunca aos dados empricos. Considerava que a realidade s podia ser entendida atravs

    do pensamento e que o verdadeiro conhecimento requer que se desvencilhe dos sentidos, uma

    vez que, para ele, o verdadeiro no percebido sensorialmente, mas pela razo e pensamento.

    Enfim, a sua teoria enfatiza que s existe o que pode ser pensado, a mente a criadora de

    todas as coisas.

    Zeno de Eleia (495 A.C. - 430 A.C.) foi discpulo de Parmnides e criou a dialtica

    com o sentido de argumentao erstica ou combativa, cultuando um raciocnio metafsico,

    especulativo, sob o aspecto dialtico objetivo. Com isso aborda acerca do pensamento,

    raciocnio e inteligncia, para formar o amlgama das suas ideias e por meio dos seus

    argumentos.

    1.2.7 A escola sofista

    A sofstica, conforme Padovani e Castagnola (1978), inaugura o segundo perodo do

    pensamento grego conhecido como sistemtico, ocorrido por volta do sc. IV a. C.,

    caracterizando-se como o aquele em que o esprito e o homem, a moral e a gnosiologia

    passam a vigorar pelas ideias dos pensadores.

    Segundo Cotrim (2006, p. 91):

  • 13

    As lies dos sofistas tinham como objetivo, portanto, o desenvolvimento do poder

    de argumentao, da habilidade retrica, do conhecimento de doutrinas

    divergentes. Eles transmitiram, enfim, todo um jogo de palavras, raciocnios e

    concepes que seria utilizado na arte de convencer as pessoas, driblando as teses

    dos adversrios.

    A figura mais importante dessa escola Protgoras de Abdera (490 - 415 A.C.), que se

    dedicou descoberta do fundamento de todas as coisas, por meio de uma justificativa lgica e

    pelo questionamento da capacidade humana de conhecer a verdade e a lei moral. Desenvolveu

    estudos sobre a sensao e suas variaes, bem como a relatividade do conhecimento.

    a partir do pensamento dos filsofos do Sofismo que se tem a mais ampla concepo

    da educao, tida como Paidia, modelando a educao humana com a finalidade superando

    os privilgios de acessibilidade somente aos que possuam sangue divino, como tambm a

    educao profissional que era vitalcia de pai pra filho, procurando impor a concepo total do

    homem, colocando o saber como a poderosa fora espiritual para a formao dos homens.

    Estava embasada no poder da persuaso, da eloquncia, da retrica, ensinando-se contedo

    enciclopdico que envolvia todo saber e a cultura com fins prticos. Encontra-se, portanto,

    que o objetivo da educao sofista era a formao do esprito, encerrando uma extraordinria

    multiplicidade de processos e de mtodos, tornando-se, com isso, fundadores da cincia da

    educao, ao estabelecerem os fundamentos da pedagogia. Merece, assim, registrar que o

    sistema pedaggico estruturado pelos sofistas para a educao superior seguida at a

    atualidade no mundo civilizado.

    Por todo exposto, observou que a filosofia pr-socrtica, conforme Atkinson et al

    (2011), Castro e Landeira-Fernandez (2011) e Gomes (2014b), discutiu a forma como o

    homem percebe e ver o mundo, sendo, pois, seus ensinamentos usados pela medicina baseada

    nas observaes acerca da sade, enfermidade e fisiologia humana, sistematizando um

    conhecimento sobre o corpo e sua relao com a mente, explorando ao mesmo tempo os

    aspectos biolgicos, psicolgicos por meio da filosofia que abordava questes sobre a

    localizao do corpo e a atividade cognitiva. Foram esses filsofos que contriburam para

    romper com a viso religiosa e mtica predominante na poca, adotando uma forma de pensar

    racional e cientfica.

    Tem-se, portanto, que os filsofos pr-socrticos demonstraram sua preocupao em

    efetivamente tratar acerca da definio do relacionamento entre o homem e o mundo por meio

    da percepo, este identificado como um dos processos psicolgicos bsicos. Alm disso, foi

    nesse perodo que se deu a especulao sobre os processos cerebrais, as funes sensoriais e

    as perturbaes acarretadas por leses cerebrais.

  • 14

    1.3 O pensamento socrtico

    A Psicologia ganhou consistncia com o filsofo grego Scrates (469-399 A.C.),

    quando passou a se preocupar com a relao entre o homem e os animais, postulando ser a

    razo a principal caracterstica humana, permitindo a sua sobreposio sobre os instintos e a

    irracionalidade. Foi com isso, segundo Aristfanes (1980), Xenofonte (1980) e Pessanha

    (1980), que ocorreu a sistematizao filosfica que permitiu que surgissem as primeiras

    teorias da conscincia. Com isso, ao valorizar o pensamento sofista, Scrates definiu que a

    razo a peculiaridade ou essncia do ser humano, abrindo assim o caminho para explorao

    da investigao psicolgica. Da, segundo Gomes (2014), esse filosofo destacou que a

    principal caracterstica do ser humano a razo, uma vez que por ela que se pode sobrepor

    ao instinto.

    O mtodo socrtico, segundo Pessanha (1980), mantinha as mutaes corroboradas

    pelo fluxo perptuo das coisas e nas variaes sensitivas nos indivduos que se transformam

    ao longo da vida, substituindo o objeto da cincia do sensvel para o inteligvel por meio de

    um processo dialtico indutivo que comparava a espcie, as diferenas, as qualidades e

    peculiaridades humanas, remontando o individuo noo universal. Adotou o dilogo como

    forma de instruo, recorrendo-se induo prea definio geral do objeto em estudo,

    denominando esse processo pedaggico de maiutica com o significado de parturio das

    ideias por meio de engenhosa obstetrcia do esprito.

    A sua filosofia caracterizada pela introspeco e a sua psicologia foi professada ao

    distinguir as ordens do conhecimento em intelectual e sensitivo, identificando a vontade com

    a inteligncia. Com isso considerado o fundador da cincia em geral, limitando-se a sua

    filosofia gnosiologia e tica.

    1.4 O pensamento ps-socrtico

    Com o filsofo grego Plato (427-347 A.C.), ento discpulo de Scrates, ocorreu

    definio da razo localizada no prprio corpo humano, mais precisamente na cabea onde se

    localiza a alma humana e que a medula corresponderia ligao do corpo alma, sendo esta,

    portanto, separada do corpo. Entendia esse filsofo, segundo Zingano (2014), que a matria

    ou corpo humano quando morria, ocorria o seu desaparecimento, enquanto a alma se tornaria

    livre e ocuparia outro corpo. Ele estudou os estados caracterizados como mania e sua

  • 15

    discusso sobre as doenas da alma, entendendo que alma era imortal e concebida

    separadamente do corpo.

    Em sua obra Timeu, Plato demonstrou em sua obra possuir conhecimento das obras

    hipocrticas, adotando o modelo da medicina para o desenvolvimento de certas ideias

    filosficas. , no dizer de Zingano (2014), a obra responsvel por levar at a Idade Mdia as

    principais ideias pr-socrticas e hipocrticas referentes ao crebro, ao corpo e, de forma

    geral, ao universo. Ao tomar posio claramente cefalocentrista, Plato favoreceu a

    divulgao de tal viso com seu prestgio.

    Tanto Scrates como Plato, segundo Myers (2006), viam a mente como algo

    separado do corpo e que continuava existindo aps a morte, contudo enfatizavam as

    predisposies genticas inatas e a gramtica intuitiva como o conhecimento j existente em

    cada um dos seres humanos, contribuindo para a viso psicolgica.

    J o filsofo grego Aristteles (384-322 A.C.), era discpulo de Plato e contribuiu de

    forma inovadora para a Psicologia com suas postulaes acerca da alma e do corpo,

    defendendo que os mesmos estavam ligados e no poderiam ser dissociados. Para ele, a

    psych deve ser entendida como o princpio ativo da vida. Posicionando-se cardiocentrista,

    considerava o corao a sede da alma, do intelecto e das emoes.

    Estudioso da biologia, Aristteles, segundo Zingano (2014), advogava a ideia de todos

    os seres que crescem, se alimentam e se reproduzem so possuidores da alma, incluindo nessa

    condio tanto o homem como os animais e vegetais. Nesse caso, o homem possua uma alma

    com racionalidade e com a funo pensante, diferenciando a razo da sensao e da

    percepo. Assim, ele entendia que a alma era mortal e pertencia ao corpo humano.

    V-se, portanto que Aristteles o autor do primeiro tratado acerca do tema

    psicolgico e considerado o pai da anatomia comparada, tendo sido o primeiro taxonomista

    e embriologista. . No seu tratado Da Alma, Aristteles distinguiu as diferentes faculdades

    desta alma: a faculdade vegetativa, a sensitiva e a intelectual, defendendo que os vegetais

    teriam apenas a alma vegetativa, princpio elementar da vida que envolvia as funes

    biolgicas como nutrio, crescimento e gerao. Os animais irracionais possuam a

    capacidade do movimento e dotados de alma sensitiva, responsvel pelo movimento do corpo

    e pelas sensaes.

    A respeito dessa obra, Bock (1991, 31) assinala que Esse filsofo chegou a estudar as

    diferenas entre a razo, a percepo e as sensaes. Esse estudo est sistematizado no Da

    alma que pode ser considerado o primeiro tratado em Psicologia.

  • 16

    Concernente alma sensitiva, assinala Myers (2006) que ele exps cada um dos cinco

    sentidos o que diferenciava o ser humano dos demais animais por ser dotado da faculdade

    intelectual, ou seja, a capacidade e o desejo de conhecer. Com isso, ele caracterizou o

    intelecto como a faculdade de pensar e que o objeto alcanado pelos sentidos, seria

    reconhecido pela inteligncia, significando que o ser humano possua todas as faculdades da

    alma que residiam no corao, o qual possui papel importante por se encontrar centralmente

    posicionado no corpo, sendo responsvel pela produo de calor corporal, alm de ser a fonte

    do sangue e a origem dos vasos sanguneos. Assim, tanto o crebro como o corao

    formariam uma unidade a qual permitiria o funcionamento normal do corpo. Foi ele, ainda,

    quem fez consideraes anatmicas da regio cerebral, observando as meninges, o cerebelo, o

    encfalo, entre outras.

    Segundo Machado (2014), foi Aristteles que argumentou que a razo que controla

    os atos humanos e nela h o raciocnio a partir dos dados dos sentidos.

    Uma das suas contribuies para a cincia psicolgica, conforme Myers (2006), o

    ato de recordar por meio de uma rede de associaes existentes entre as experincias

    armazenadas pelo ser humano.

    Em suma, tanto Plato quanto Aristteles dedicaram-se especulao sobre o homem

    e sua interioridade.

    H que se observar que, segundo Machado (2014), com o neoplatonismo finda,

    mesmo oficialmente, o pensamento grego mais ou menos no tempo da queda do imprio

    romano aps doze sculos de vida mandando Justiniano, imperador do Oriente, fechar a

    escola neoplatonica de Atenas (529 D.C.). Entretanto, os valores eternos de verdade,

    descobertos por esta tradio filosfica, que a maior da humanidade, no podiam perecer:

    sero eles conservados e valorizados no pensamento cristo, bem como os grandes valores

    prticos, jurdicos, descobertos pela civilizao romana.

    2 A FILOSOFIA HELENISTICA

    O perodo helenstico ou greco-romano, segundo Chau (2002), compreende o final do

    sc. III A.C, at o sc. VI d. C., quando alcana Roma e o pensamento dos primeiros padres

    da Igreja, se ocupando a filosofia com as questes da tica do conhecimento humano e das

    relaes entre o homem e a natureza, bem como de ambos com Deus.

    A sistematizao ocorrida com a escola sofista, segundo Padovani e Castagnola

    (1978), proporcionou o nascimento de escolas socrticas menores, iniciadas pelas escolas

  • 17

    cnicas e cirenaicas que foram precursoras do estoicismo e do epicurismo, possibilitando o

    surgimento da Academia e do Liceu, bem como da Gnosiologia, a Cosmologia, a Teologia, a

    Moral, a Poltica e a Metafsica geral.

    Assim, conforme registrado por Toynbee (1975) e Joyay e Ribbeck (1980), o perodo

    helenstico tem inicio por volta de 322 A.C com a conquista da Grcia pelos macednios. A

    filosofia desse perodo conduzida pelos discpulos de Plato e Aristteles. Surgem ento

    diversas escolas, como a estoicista, a epicurista, a pirronista, entre outras.

    O estoicismo, segundo Padovani e Castagnola (1978), fundado por Zeno de Citium

    (334-262 A.C.), dividiu a filosofia em lgica, fsica e tica, dando primazia tica e unindo a

    vida filosofia. Foi exatamente Zeno que deu destaque apatia no sentido aristotlico, ao

    considerar sua significao como a permisso da liberdade com ausncia de paixo, mesmo

    que quem tenha esses sentimentos seja um escravo, uma vez que para essa escola a felicidade

    s alcanada por meio de uma alma disposta a ter indiferena emocional com os eventos que

    possam ocorrer na vida. Inclusive, merece registro que a definio estoica para a apatia

    seguida at a atualidade.

    A doutrina do epicurismo foi criada pelo filsofo grego Epicuro (341-270 a. C.),

    embasada no conceito atmico de Demcrito, defendendo que o conhecimento ocorre por

    meio das sensaes, de modo que as informaes sensoriais so apreendidas pela memria.

    Essa doutrina, segundo Padovani e Castagnola (1978), foi fundada com base num

    materialismo terico e num atesmo prtico.

    Pelas observaes efetuadas por Mueller (1968) e Brugger (1987), foi Epicuro quem

    tratou mais densamente acerca da imaginao ao designar como funo filosfica o ensino da

    interpretao correta do domnio dos impulsos fsicos, pleiteando a prtica da concentrao

    via imaginao visando o prolongamento da vida. Para esse pensador, a imaginao a fora

    que leva superao dos sofrimentos e tristezas, incluindo-se a cura das enfermidades

    humanas.

    A escola ctica, segundo Gomes (2014b), impunha a dvida radical sobre o

    conhecimento verdadeiro. Dessa doutrina surgiu o ceticismo metodolgico reconhecido como

    procedimento necessrio para legitimao do conhecimento, e o ceticismo universal voltado

    para a relatividade do conhecimento sensorial, as contradies do conhecimento a falta de

    critrio suficiente de verdade. Essa doutrina foi desenvolvida por Sexto, o Emprico.

    Padovani e Castagnola (1978) ainda acrescentam a escola ecltica que se apresentou

    como um sistema afim ao cetisicmo, apresentando-se como sntese prtica dos elementos

    estoicos, acadmicos e peripatticos.

  • 18

    Outras escolas, segundo Mueller (1968) aconteceram sem maiores destaques como o,

    a escola cnica fundada por Antstenes e a escola cirenaica ou hedonista Aristipo, entre outras.

    Nesse perodo, conforme Cotrim (2006, p. 107) surgem pensadores como Sneca,

    Ccero, Plotino e Plutarco que, [...] dedicaram-se muito mais tarefa de assimilar e

    desenvolver as contribuies culturais herdadas principalmente da Grcia clssica do que criar

    novos caminhos para a filosofia.

    Entre esses, segundo Melo e Silva (2014), o filosofo e tragedigrafo Lucius Annaeus

    Sneca (4 A.C. 65 D.C) que desenvolveu a filosofia estoica em Roma, tendo como ponto

    culminante a sua obra As troianas com cenas da angstia humana e da crueldade, encenando

    as vivncias e situaes humanas.

    Marco Tlio Ccero (106-43 a. C.) foi influenciado pelas ideias platnicas e estoicas,

    que segundo Gomes (2014b), passava pelo reconhecimento do conjunto de doenas da alma

    (animi medicina) correspondentes deficincia mental, a insanidade e a demncia que

    deveriam ser curadas pela alma, considerando que a razo e a vontade so poderes inerentes

    alma.

    Plotino (204-270 D.C.) recebeu influncias platnicas e aristotlicas, tornando-se o

    ltimo filsofo de relevo da antiguidade, intermediando o pensamento cristo e grego ao

    defender que o ser humano pertence ao mundo dos sentidos e da inteligncia, fazendo

    distino entre o que sensorial e a impresso. considerado por Padovani e Castagnola

    (1978) como neoplatonista, corrente inaugurada em Alexandria do Egito por Amnio Saca,

    mas tida como fundada por Plotino.

    Merece registro o fato de que na escola da Alexandria Ptolomaica que existiu entre o

    sc. III A.C., at o sc. VII D.C., vrios estudos foram desenvolvidos sobre estruturas

    anatmicas do corpo humano, nervos cranianos, ventrculos cerebrais e o sistema vascular,

    realizadas por Herfilo sob a influncia de Hipcrates. O seu sucessor, Erasstrato fundou a

    fisiologia e diferenciou os nervos sensitivos e motores. Depois deles, surgiu Cludio Galeno

    no sec. II A.C., tornando-se o pai da medicina, com estudos nessa rea, alm da fisiologia e da

    anatomia, reorganizando o conhecimento mdico acerca das funes mentais e do crebro. .

    Observa Bock (1991, p. 52) que [...] falar de psicologia nesse perodo relacion-la

    ao conhecimento religioso, j que, ao lado do poder econmico e poltico, a Igreja Catlica

    tambm monopolizava o saber e, consequentemente, o estudo do psiquismo.

    Por todo exposto, de fundamental necessidade explicitar o entendimento de Castro e

    Landeira-Fernandez (2011, p. 8) acerca de que o pensamento da antiguidade contribuiu

    sobremaneira com o desenvolvimento da Psicologia, ao consideraram que:

  • 19

    As propostas feitas por esses pensadores a respeito de questes centrais -

    relacionadas com a fonte do pensamento humano, o mecanismo da atividade

    cognitiva e a natureza das emoes, percepo e movimento voluntrio - ainda nos

    fascinam e contribuem pela originalidade e pela riqueza de suas implicaes,

    marcando de maneira fundamental o pensamento cientfico e filosfico da Idade

    Moderna.

    Tal conduo leva ao entendimento desenvolvido pelos autores de que a contribuio

    dos filsofos e mdicos gregos da antiguidade possibilitaram as especulaes que aliceraram

    os conceitos da neurocincia moderna.

    Alm disso, destaca Chau (2002, p. 22) que a contribuio da filosofia grega antiga

    tambm se notabilizou porque A ideia de que nosso pensamento tambm opera obedecendo a

    leis, regras e normas universais e necessrias, segundo as quais podemos distinguir o

    verdadeiro do falso. Em outras palavras, a ideia de que nosso pensamento lgica ou segue

    lgicas de funcionamento.

    Tambm Myers (2006) assinala de grande importncia contribuio para a

    psicologia do pensamento pr-cientfico da Grcia antiga, que conseguiu oferecer muitas

    percepes duradouras sobre a natureza humana.

    CONSIDERAES FINAIS

    Com a realizao do estudo ora realizado, tomou-se conhecimento de que foi na

    Grcia antiga que se deram os primeiros passos acerca da psicologia, notadamente quando o

    ser humano passou a observar e compreender a si prprio e ao mundo.

    Na verdade o termo psicologia s viria aparecer mesmo apenas no final do sculo

    XVI, mais exatamente em 1590, oriunda dos estudos filosficos realizados desde a Grcia

    antiga at ento. Tal fato d-se em virtude do surgimento da Cincia por meio do filsofo

    ingls Francis Bacon, sendo, assim, denominada por Rudolph Goclenius, com o significado

    de tratado ou cincia da alma .

    Contudo, o presente trabalho compreendeu o perodo do sculo 700 A.C., at s

    vsperas da era crist na dominao romana. Em vista disso, faz-se necessrio considerar que

    o nascimento da Psicologia surge desde a Grcia antiga, quando os filsofos pr-socrticos

    comearam as investigaes filosficas que possibilitaram a ecloso de diversos ramos

    cientficos.

    Nesse perodo foi possvel identificar o papel da filosofia da Grcia antiga como o

    nascedouro para questionamentos a respeito das mais diversas atividades humanas e,

  • 20

    especificamente, mentais, elaborando especulaes sobre o funcionamento e desenvolvimento

    de estruturas corporais, bem com a relao do corpo com a mente ou a alma, a diviso da

    alma de Plato apontando para as emoes, desejos, intelecto, entre outras reas; na medicina

    de Alcmen e Hipcrates, nas investigaes pr-socrticas sobre a mente e o corpo; no

    pensamento aristotlico que embasou o desenvolvimento da cincia psicolgica; na

    investigao neuroanatmico de Herfilo e Erasstrato, na localizao do centro das

    atividades e funes mentais notadamente pelo desenvolvimento das teorias cardiocentristas e

    cefalocentrista, a relao entre o corao e o crebro com a alma ou mente, enfim, dos

    conjuntos de pensamentos que contriburam para a neurocincia e, por consequncia, para a

    psicologia.

    H que se levar em considerao, por concluso, que tais fatos proporcionaram a

    ocorrncia da consolidao e autonomia da Psicologia no final do sc. XIX, por meio dos

    trabalhos psicofsicos de Weber, do fisiologista e psiclogo alemo Gustav Fechener, at dar-

    se a sua fundao por meio da criao do primeiro laboratrio por Wilhelm Wundt, em 1879,

    em Leipzig, Alemanha, quando passou a ter a significao do estudo do organismo humano e

    animal, alm de se voltar para os fenmenos psicolgicos em sua completa variedade e

    complexidade, bem como da finalidade de ser capaz de efetuar as predies mais adequadas

    acerca desses fenmenos.

    Por fim, reconhece-se que foram esses filsofos da antiguidade que se debruaram

    sobre questes psicolgicas como a memria, a aprendizagem, a percepo, a motivao, os

    sonhos e principalmente o comportamento anormal, tentando explic-las para fazer a base do

    conhecimento da rea na atualidade.

    REFERNCIAS

    ARANHA, Maria Lucia; MARTINS, Maria Helena. Filosofando: introduo filosofia. So

    Paulo: Moderna, 1994.

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    ______. Tpicos/Dos argumentos sofsticos. So Paulo: Abril Cultural, 1978.

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