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ANO I N O 3 AGOSTO 2006 PUBLICAÇÃO DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS Campus Samambaia ganha sala de cinema (Pág.11) Unesco aprova curso de Direitos Humanos (Pág.14) Congresso enfatiza orgânicos e Mosca Branca (Págs. 8 e 9) IMPULSO DAS ATIVIDADES DE PESQUISA DEVE MOTIVAR PROFESSORES E ALUNOS DA GRADUAÇÃO A sétima edição do Agro Cen- tro Oeste permitiu, mais uma vez, ao agricultor familiar conhecer no- vas tecnologias e refletir sobre a sua prática, de modo a melhor apro- veitar os recursos disponíveis. A di- versificação e o nível das ativida- des garantiram o sucesso de públi- co. Estudantes, profissionais, técni- cos, empresários, homens e mu- lheres do campo tiveram acesso a uma extensa programação. Pág.4 A Universidade Federal de Goiás (UFG) participa do Consórcio Setentrio- nal (Conset), que reúne outras oito universidades com o objetivo de de- senvolver um sistema que possibilite a integração de rotinas pedagógi- cas, professores, tutores e alunos, para auxiliar a viabilização de atividades de educação a dis- tância. A função da UFG no consórcio é produ- zir tecnologia para as univer- sidades as- sociadas. Pág. 7 Desenvolvimento tecnológico aprimora educação a distância Ilustração de uma célula animal que deve fazer parte do material pedagógico produzido na UFG para a turma de Ciências Biológicas VII Curso de Cirurgias Urológicas Prática de videocirurgia reúne 70 profissionais em Goiânia Pág. 13 Pós-graduação aprova cinco novos cursos No dia 12 de julho, a Coorde- nação de Aperfeiçoamento de Pes- soal de Nível Superior (Capes) re- comendou cinco novos cursos de pós-graduação na Universidade Federal de Goiás – dois de douto- rado e três de mestrado. Foram re- comendados os mestrados em Co- municação, Geotécnica e Cons- trução Civil, e Educação em Ciên- cias e Matemática. Os cursos de doutorado foram: Ecologia e Evolu- ção, e Geografia. Pág. 3 A freqüência aos laboratórios contribuirá para a especialização dos futuros mestres e doutores Evento destaca agricultura familiar Comunidade pergunta Pág. 15 Carlos Siqueira Carlos Siqueira Eleições 2006 Pág. 5 Editora UFG Pág. 12 Rádio Universitária Pág. 10

Pós-graduação aprova cinco novos cursos · ANO I NO 3 AGOSTO 2006 PUBLICAÇÃO DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS Campus Samambaia ganha sala de cinema

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ANO I NO 3 AGOSTO 2006 PUBLICAÇÃO DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

Campus Samambaiaganha sala

de cinema (Pág.11)

Unesco aprovacurso de DireitosHumanos (Pág.14)

Congresso enfatizaorgânicos e Mosca

Branca (Págs. 8 e 9)

IMPULSO DAS ATIVIDADES DE PESQUISA DEVE MOTIVAR PROFESSORES E ALUNOS DA GRADUAÇÃO

A sétima edição do Agro Cen-tro Oeste permitiu, mais uma vez,ao agricultor familiar conhecer no-vas tecnologias e refletir sobre asua prática, de modo a melhor apro-veitar os recursos disponíveis. A di-versificação e o nível das ativida-des garantiram o sucesso de públi-co. Estudantes, profissionais, técni-cos, empresários, homens e mu-lheres do campo tiveram acesso auma extensa programação. Pág.4

A Universidade Federal de Goiás (UFG) participa do Consórcio Setentrio-nal (Conset), que reúne outras oito universidades com o objetivo de de-senvolver um sistema que possibilite a integração de rotinas pedagógi-

cas, professores, tutores e alunos, para auxiliara viabilização de atividades de educação a dis-

tância. A função da UFG no consórcio é produ-zir tecnologia para as univer-

sidades as-sociadas.Pág. 7

Desenvolvimento tecnológicoaprimora educação a distância

Ilustração de uma célula animal que deve fazer parte do materialpedagógico produzido na UFG para a turma de Ciências Biológicas

VII Curso de Cirurgias UrológicasPrática de

videocirurgiareúne 70

profissionaisem Goiânia

Pág. 13

Pós-graduação aprova cinco novos cursosNo dia 12 de julho, a Coorde-

nação de Aperfeiçoamento de Pes-soal de Nível Superior (Capes) re-comendou cinco novos cursos depós-graduação na UniversidadeFederal de Goiás – dois de douto-rado e três de mestrado. Foram re-comendados os mestrados em Co-municação, Geotécnica e Cons-trução Civil, e Educação em Ciên-cias e Matemática. Os cursos dedoutorado foram: Ecologia e Evolu-ção, e Geografia. Pág. 3

A freqüência aos laboratórios contribuirá para a especialização dos futuros mestres e doutores

Evento destacaagricultura familiar

Comunidade pergunta Pág. 15

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Eleições 2006 Pág. 5

Editora UFG Pág. 12

Rádio Universitária Pág. 10

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2 Goiânia, agosto de 2006OPINIÃO

PUBLICAÇÃO DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃODA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ANO I - NO 3 - AGOSTO 2006

JORNAL UFG – Assessor de imprensa e editor-geral: Prof.Magno Medeiros; Editora executiva: Profa. Silvana ColetaSantos Pereira; Editora assistente: Silvânia de Cássia Lima.Conselho Editorial: Profa. Angelita Pereira, Prof. GoiaméricoFelício Santos, Profa. Maria das Graças Castro, Profa. SilvanaColeta Santos Pereira, Prof. Venerando Ribeiro de Campos,Profa. Mercês Pietsch Cunha Mendonça; Suplentes: ValériaMaria Soledade de Almeida e Profa. Ellen Synthia Fernandesde Oliveira; Projeto gráfico e editoração eletrônica: CleomarNogueira; Fotografia: Carlos Siqueira e Júlia Mariano Ferreira(bolsista); Ilustração: Suryara Bernardi; Repórteres: AlmiroFranco S. Neto, Ana Paula V. Souza, Matheus Álvares, NatáliaRibeiro, Núbia Simão e Pedro R. V. Ferreira (bolsistas);Equipe administrativa: Amália Magalhães e Leny Borges.

Revisão e impresssão: Centro Editorial e Gráfico da UFG (Cegraf)

ASCOM – Reitoria da UFG – Campus SamambaiaC.P.: 131 – CEP 74001-970 – Goiânia – GO

Tel.: (62) 3521-1310 ou 3521-1311 – Fax: (62) 3521-1169www.ufg.br – [email protected]

Reitor:Prof. Edward Madureira Brasil

Vice-reitor:Prof. Benedito Ferreira Marques

Pró-reitora de Graduação:Profa. Sandramara Matias Chaves

Pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação:Profa. Divina das Dores de Paula Cardoso

Pró-reitor de Extensão e Cultura:Prof. Anselmo Pessoa Neto

Pró-reitor de Administração e Finanças:Prof. Orlando Afonso Valle do Amaral

Pró-reitor de Desenvolvimento Institucional e Recursos Humanos:Prof. Jeblin Antônio Abraão

Pró-reitor de Assuntos da Comunidade Universitária:Cirurgião-dentista Ernando Melo Filizzola

ivemos na sociedade contemporâneaprocessos de transformações acelera-das. As mudanças que se observam no

mundo são decorrentes de fatores econômi-cos, políticos, sociais e culturais, que expli-citam conflitos e tensões históricas de todaordem. Para compreender essa configuração,e ainda a velocidade e a dinamicidade dasmudanças, deve-se tomar como referência al-guns aspectos fundamentais: a revolução téc-nico-científica ou tecnológica, o processo deglobalização, o projeto neoliberal e a pós-modernidade. Essas referências ajudam aexplicitar e expor o contexto atual e os seusreflexos em diferentes âmbitos da socieda-de, especialmente nas instituições educati-vas e formativas, como as universidades.

Numa época como a atual, em que o vo-lume de conhecimentos e de informaçõescresce exponencialmente, espera-se das ins-tituições de ensino superior o atendimentodas necessidades educacionais de uma par-cela cada vez mais numerosa e diferenciadada população. As características e a qualida-de dos cursos de graduação devem ser umadas preocupações básicas para o desenvolvi-mento e o aperfeiçoamento do sistema uni-versitário.

É inegável o fato de se colocar para asinstituições universitárias exigências varia-das que passam pela diversificação de fun-ções, produtividade, desenvolvimento de pes-quisas e de extensão. Atrelada a tais exigên-cias, a expectativa é que a formação de pro-fissionais nos cursos de graduação possaatender a diferentes demandas e dar respos-tas às crises instauradas na sociedade.

Uma educação universitária de qualida-de social dificilmente pode se concretizarsem atentar para as condições estruturais eorganizativas que permitam sua viabilização.

Embora seja crescente a demanda do jo-vem pela universidade pública, os cursos degraduação vêm sofrendo as conseqüências detodo esse contexto, e carecem de investimen-tos e projetos que potencializem as suas con-dições de oferta de vagas com uma formaçãode qualidade.

Ainda assim, a Universidade Federal deGoiás tem ampliado significativamente a suaárea de atuação, graças à criação de novoscursos, ao aumento do número de vagas e pro-postas de cursos que se configuram comoações afirmativas, cumprindo a sua função edando respostas à sociedade que a mantém.Exemplo disso é a inserção da UFG no con-texto da Educação a Distância (EAD), com aoferta de cursos que buscam atender às ne-cessidades de profissionais para o estadode Goiás, facilitando não só o acesso, mastambém a permanência do aluno na univer-sidade, pois as especificidades da EAD fa-vorecem a inserção de um público com ca-racterísticas diferenciadas na graduação.

Graduação na UFG:desafios e perspectivas

A EAD também se configura como umprojeto de inclusão social, à medida queamplia o acesso a cursos de graduação dealunos trabalhadores de diferentes localida-des do estado, que dificilmente poderiam sedeslocar diariamente para assistir aulas pre-senciais. A autonomia que goza um estudan-te de EAD dá a ele a possibilidade de ir confi-gurando a sua própria forma de estudar e apren-der, lidando, assim, com as ferramentas colo-cadas ao seu dispor no decorrer do processoformativo. Com o avanço tecnológico, o acessoà internet e as possibilidades de conexão cadavez mais rápidas, as perspectivas para os cur-sos de EAD vão sendo ampliadas, abrindo tam-bém a possibilidade de integração com os cur-sos presenciais.

É inegável a cautela que se requer daUniversidade ao viabilizar turmas de cursosa distância, pois se há problemas na gradua-ção presencial, na nova modalidade os pro-blemas podem se multiplicar. A preocupaçãocom a qualidade desses cursos deve fazerparte das discussões permanentes no inte-rior da universidade. Projetos de pesquisa queacompanhem e discutam essa modalidade deformação de profissionais poderão fornecer ele-mentos significativos para a análise e redimen-sionamento dos processos formativos por meioda EAD. É preciso assegurar condições quepermitam sua viabilização e, tanto quanto noscursos presenciais, o grande desafio é supe-rar as barreiras postas pela falta de investi-mentos na graduação que muitas vezes impõelimites objetivos à consecução dos projetos po-lítico-pedagógicos dos cursos.

Para a superaração das barreiras,enfrentamento das crises atuais e aperfei-çoamento dos cursos de graduação, a Pró-reitoria de Graduação (Prograd), por meio desuas assessorias, está propondo e implemen-tando projetos que contribuam para o alcan-ce desses objetivos, tais como: curso de do-cência no ensino superior/estágio probató-rio, visando a formação didático-pedagógica deprofessores ingressantes na UFG; projeto do-cência no ensino superior/formação permanen-te para professores com mais tempo de servi-ço; projeto de formação docente para os pro-fessores substitutos; projeto de formação emgestão acadêmica para coordenadores e dire-tores de cursos de graduação e, ainda, o Fó-rum Permanente de Graduação, cujo objetivoé debater temáticas de interesse da comuni-dade acadêmica.

Por intermédio dessas ações, a Progradpropõe uma política que visa contribuir paraa melhoria dos processos formativos, congre-gando a comunidade universitária a atuar emdefesa da universidade pública, gratuita e dequalidade.

Professora Sandramara Matias ChavesPró-reitora de Graduação da UFG

Edward Madureira Brasil, reitor da UFG, realizou aconferência de abertura do 46º Congresso Brasileirode Olericultura (CBO) sobre o tema “A conquista do

cerrado com a horticultura”.

A equipe organizadora do 46º CBO, composta porprofessores e alunos do Campus de Jataí e da Escola

de Agronomia e Engenharia de Alimentos da UFG,garantiu o sucesso do evento, realizado de 30 de julhoa 4 de agosto, no Centro de Convenções de Goiânia. Asessão de apresentação de trabalhos técnicos foi uma

das mais procuradas pelos participantes.

Os professores Fernando Antônio Filgueira (do Campusde Ipameri da UEG) e Peter Sonnenberg (da Escola deAgronomia e Engenharia de Alimentos da UFG) foramos homenageados do 46º CBO. Ao primeiro concedeu-

se o título de presidente de honra do evento e aosegundo dedicaram-se as sessões de honra das

apresentações orais dos trabalhos técnico-científicos.Ambos são engenheiros agrônomos, fitotecnistas e

conhecidos nacionalmente pela dedicação à docência,produção técnico-didática na área e contribuição ao

desenvolvimento da agricultura goiana.

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3Goiânia, agosto de 2006

Aprovados mais cinco cursos de pós-graduaçãoAMPLIAÇÃO DE TREINAMENTOS DE ALTO NÍVEL É RESULTADO DO AMADURECIMENTO DA PESQUISA NA UNIVERSIDADE

VIDA ACADÊMICA

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Su-perior (Capes) recomendou, em uma reunião ocorrida em12 de julho, cinco novos cursos de pós-graduação na Uni-

versidade Federal de Goiás. Dois são de doutorado e três demestrado.

A UFG conseguiu aprovar cinco das oito propostas de pós-gra-duação enviadas à Capes. Foram recomendados os mestrados emGeotécnica e Construção Civil, Educação em Ciências e Matemá-tica e Comunicação. Os cursos de doutorado aprovados foram: Eco-logia e Evolução e Geografia.

Comunicação – A aprovação do mestrado em Comunicação repre-senta um marco na história da Faculdade de Comunicação e Bi-blioteconomia (Facomb), que, desde 2003, tenta implantar o cur-so. “Tenho a certeza de que a criação do mestrado irá alavancarainda mais os cursos de graduação e, sobretudo, trará um novoânimo para as atividades de pesquisa, que, a cada ano, são ampli-adas na unidade”, afirma o professor Luiz Signates, coordenadordo programa de pós-graduação em Comunicação.

O curso possui duas linhas de pesquisa: Mídia e Cidadania eMídia e Cultura. Cada linha contará com a participação de profes-sores doutores da Facomb com uma produção acadêmica e atua-ção na sociedade significativas.

Carência – Até antes do dia 12 a Universidade de Brasília (UnB)era a única instituição de ensino superior do Centro-Oeste a ofe-recer um curso de pós-graduação strictu sensu (mestrado e douto-rado) em Comunicação. A instituição, no entanto, não consegueatender nem 10% da demanda. A presença de um outro curso éuma ferramenta importante na tentativa de suprir esta carênciana região.

Para Signates, a região tem uma demanda reprimida de pro-fissionais e professores para cursos de pós-graduação. A quan-tidade de cursos de Comunicação abertos nos últimos anos e otempo de existência do curso e Jornalismo da UFG (40 anos)explicam a afirmação do professor. “A demanda reprimida deprofissionais e professores para este programa é enorme, semque seja preciso sair de Goiás para constatar. Basta pensar queo curso de jornalismo da UFG foi fundado no final da década de1960”.

Esta última proposta apresentada foi fruto de uma troca de ex-periências com professores de outros estados. De acordo com o di-retor da Facomb, professor Joãomar Carvalho de Brito Neto, o cur-so de mestrado resultará numa grande transformação na unidade.“Tudo vai funcionar de maneira diferente”, afirma. “É como se agorativéssemos uma linha de convergência por onde pudéssemos se-guir”, explicou o professor.

Engenharia – Padecendo de uma situação semelhante à da Facomb,a Escola de Engenharia Civil (EEC) também comemora a aprovaçãodo mestrado em Geotécnica e Construção Civil. Antes da aprova-

ção pela Capes, somente a UnB possuía um curso naárea, em toda a região Centro-Oeste.

CURSO ÁREA NÍVELComunicação Ciências Sociais Aplicadas MestradoEcologia e Evolução Ecologia e Meio Ambiente DoutoradoGeotécnica e Construção Civil Engenharia MestradoEducação em Ciências e Matemática Ensino de Ciências e Matemática MestradoGeografia Geografia Doutorado

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A De acordo com o coordenador do programa de pós-graduaçãoda EEC, professor Maurício Martines Sales, o próprio mercado sofrecom a carência de profissionais na área. Goiás tem certa tradiçãona construção civil, com o uso de tecnologias, segundo Maurício,muito interessantes.

O curso contará com 15 professores (todos com doutorado), sen-do 12 da UFG e três das universidades de São Paulo (USP), da Fe-deral de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade de Brasília (UnB).Em princípio, a coordenação do curso tem a intenção de abrir emtorno de 18 vagas. A data da primeira seleção dependerá da libera-ção de bolsas pela Capes.

Multidisciplinaridade – Dos cursos aprovados, o de Educaçãoem Ciências e Matemática, coordenado pelo Instituto de EstudoSócio-Ambientais (Iesa), é o que possui a situação mais particu-lar. Seu projeto partiu de professores de diversas unidades, nasáreas de Biologia, Física, Química, e Matemática, e tem sua pro-posta orientada para as relações entre o conhecimento científi-co e suas áreas.

O curso disponibilizará 30 vagas por seleção e terá as seguin-tes linhas de pesquisa: Educação em Ciências e Matemática, Eco-logia e Meio Ambiente e Ensino e Aprendizagem de Ciências e Ma-temática. O programa constitui uma iniciativa inovadora, visto queGoiânia tem-se firmado como uma cidade estudantil, com uma ex-pressiva rede de ensino em todos os níveis.

Doutorado – Dois cursos de doutorado da UFG também fo-ram aprovados pela Capes: Geografia, que é fruto da con-solidação dos cursos de pós-graduação do Instituto deEstudos Sócio-Ambientais (Iesa) e o curso de Ecologiae Evolução, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB).

O curso de Ecologia e Evolução oferecerá oito va-gas por seleção e terá as seguintes linhas de pesqui-sa: Conservação da Biodiversidade do Cerrado,Limnologia, Macroecologia e Ecologia Evolutiva. Oprograma contará com 18 professores, sendo 15 per-manentes e três colaboradores.

Por enquanto ainda não há previsão para o iní-cio dos processos seletivos (o que se tem são in-tenções), visto que os cursos ainda passarão pelaCâmara de Pesquisa e Pós-Graduação da univer-sidade, para a aprovação dos regulamentos. Estesainda podem ser alterados caso “não estejam deacordo com o regimento interno da universida-de”, como explica a coordenadora de Pós-Gradu-ação, Dulce Oliveira Amarante dos Santos.

Para o ano que vem estão previstas a apresenta-ção das propostas dos três cursos que não passarampela última seleção e a do doutorado em Música. Oenvio destas novas propostas poderá significar umacréscimo aos atuais 36 cursos de Pós-gradua-ção (27 de mestrado e nove de doutorado) daUFG. (Matheus Álvares Ribeiro)

Page 4: Pós-graduação aprova cinco novos cursos · ANO I NO 3 AGOSTO 2006 PUBLICAÇÃO DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS Campus Samambaia ganha sala de cinema

4 Goiânia, agosto de 2006AGRONEGÓCIO

m público de mais de dezmil pessoas esteve pre-sente no Agro Centro

Oeste, o maior evento regio-nal do agronegócio, realizado de15 a 19 de agosto nas proximi-dades da Escola de Agronomiae Engenharia de Alimentos(EAEA), unidade da UFG que es-teve à frente de sua organiza-ção ao lado de entidades e ins-tituições como o Sebrae Goiás,a Faeg, a Embrapa, a AgênciaRural, representantes dos go-vernos Estadual e Municipal,dentre outros.

O sucesso de públicodeu-se em grande parte peladiversificação e qualidadedas atividades realizadas. Es-tudantes, técnicos, empresá-rios, homens e mulheres docampo tiveram acesso a cur-sos, oficinas, palestras,workshops e exposições deprodutos e serviços, direcio-nados à divulgação de novastecnologias rurais. Cem ca-ravanas de pequenos agri-cultores de todas as regiõesde Goiás e Distrito Federaltotalizaram a participação dequase cinco mil produtores dointerior.

Com o tema “Plantandotecnologia, colhendo desenvol-vimento”, em sua sétima edi-ção, o Agro Centro Oeste trou-xe algumas novidades, como o ISuiaves, o I Encontro Brasilei-ro de Animais Silvestres, o Prê-mio de Inovação Tecnológica, asdemonstrações de campo e aprogramação cultural.

A coordenadora geral doevento, professora Giselle Ot-

Agro Centro Oeste apresenta novas tecnologiasEVENTO DESTACOU-SE PELA ORGANIZAÇÃO E QUALIDADE DAS ATIVIDADES, ALÉM DA PARTICIPAÇÃO DE PÚBLICO

NOVAS CULTIVARES – Uma das novida-des do evento foram as chamadas parcelasdemonstrativas, pequenas amostras de cul-turas plantadas no local do evento, com aparticipação de quatro unidades da Empre-sa Brasileira de Pesquisa Agropecuária: Em-brapa Arroz e Feijão, de Santo Antônio deGoiás; Embrapa Trigo, de Passo Fundo (RS);

Escritório de Negó-cios Tecnológicosda Embrapa, emGoiânia (SNT-Goiâ-nia) e a EmbrapaHortaliças, de Bra-sília. Juntas, expu-seram cultivares defeijoeiro comum, tri-go, sorgo vassoura emandioca, além denovas cultivares,como cenoura (Alvo-rada, Brasília e Es-planada), ervilha(Maria, Mikado, Axée Sulina), grão-de-bico (Cícero), lenti-lha (Silvina) e mi-lho-doce Cristal.

MELHORAMENTO DE PLANTAS – Orga-nizado pela Embrapa Arroz e Feijão e pelaEscola de Agronomia e Engenharia de Ali-mentos (EAEA) da UFG, foi realizado o IIEncontro Regional de Melhoramento dePlantas, com o objetivo de apresentar e dis-cutir estratégias de ações, visando identi-ficar demandas prioritárias e criar um am-biente favorável para consolidação das par-cerias já existentes e a formação de novospúblicos.

EXPO AGRO FAMÍLIA 2006 – Parte inte-grante do sistema Produção AgroecológicaIntegrada Sustentável (PAIS), desenvolvidopelo Sebrae, foi apresentada a Unidade Fa-mília de Produção Agrícola. Uma horta foiimplantada no estande do projeto, dentroda Expo Agro Família 2006.

RODADA DE NEGÓCIOS – Uma rodada denegócios com o tema Agricultura Familiar,organizada pelo Sebrae Goiás, mobilizoucerca de R$ 3 milhões no Agro Centro Oes-te. A atividade cumpriu o seu papel depromover contato e negócios entre empre-sários e agricultores.

ANIMAIS SILVESTRES – Chamou a aten-ção o I Encontro Brasileiro de Criadores deAnimais Silvestres e Exóticos, promovidopelo Sebrae Goiás. Palestras, mesas-redon-das e oficinas fizeram parte da programa-ção do evento.

AGRICULTURA ORGÂNICA – Foi realizadoo III Seminário de Agricultura Orgânica, umapromoção da Associação de Desenvolvimen-to da Agricultura Orgânica de Goiás (ADAO),com o apoio do Sebrae Goiás.

FLORICULTURA – A oficina de Bonsai foio destaque do II Agronegócio da Floricultu-ra, realizado na Escola de Agronomia e En-genharia de Alimentos, durante o Agro Cen-tro Oeste.

SUÍNOS E AVES – A UFG também foi palcodo I Encontro Técnico de Suínos e Aves (ISuiaves), promovido pelo Sebrae Goiás epelas associações goianas de Suinocultura(AGS) e de Avicultura (AGA).

O Agro Centro Oeste, aos poucos, foi se consoli-dando como um evento voltado à Agricultura Familiar.Trata-se de atividade realizada em pequenas proprie-dades, com mão-de-obra de toda a família, que visa àsubsistência, podendo ter o excedente da produção co-mercializado. Segundo o professor do curso de Agrono-mia da UFG, Rogério de Araújo Almeida, esse tipo deevento é importante para levar conhecimento ao agri-cultor e apresentar alternativas viáveis para aumen-tar a sua lucratividade.

O professor explicou que a importância social daatividade é a contribuiçãopara a manutenção dohomem no campo, o quediminui os índicesdo êxodo rural. Asculturas mais co-muns nesse tipode propriedadesão as hortaliças, ofeijão, o arroz, o mi-lho e a mandioca, queem Goiás, comumen-te, é transformada emfarinha e polvilho.

Destaque para a Agricultura Familiar

toni, também subcoordenado-ra da Pró-reitoria de Extensãoe Cultura (Proec) da UFG, ex-plicou: “o nosso evento servepara que o agricultor familiarconheça novas tecnologias epossa ref let ir a prática demodo a aproveitar melhor osrecursos disponíveis em suapropriedade. O objetivo é levá-lo a agregar valor ao que pro-duz, melhorando assim seutrabalho e sua produção”.

O evento contou com aparticipação de estudantesde Comunicação, na asses-soria de imprensa, e de Me-dicina, na ativação da Ligada Mama com a realizaçãogratuita de exames preven-tivos do câncer da mama. Es-tudantes de outras áreas eprojetos atuaram na partecultural do evento, outra no-vidade deste ano. (Ana PaulaVieira)

CONTROLE DE PRAGAS – O controle depragas e sua implicação na agricultura fa-miliar foi tema geral de evento simultâneoao Agro Centro Oeste. Dentre os demais te-mas, foram abordados a “Cultura da melan-cia no estado de Goiás”, “Novo cenário dacultura da banana em Goiás”, “Avanços nosistema de produção integrada” e “Produ-ção integrada de citros”.

PISCICULTURA – A Fundação Nacional deSaúde (Funasa) organizou o Curso Básicode Piscicultura. Na oportunidade, foramabordados aspectos como manejo, qualida-de da água, sistemas de cultivo, doençascomuns e noções básicas sobre legislaçãoambiental. O objetivo foi apresentar aos par-ticipantes a viabilidade econômica da pis-cicultura.

APICULTURA – Organizado pela Associa-ção dos Apicultores de Goiás (API) em par-ceria com o Sebrae Goiás, o II SimpósioGoiano de Apicultura foi coordenado peladiretora do Centro de Ensino e PesquisaAplicada à Educação (Cepae) da UFG, a api-cultora Maria José Oliveira de Faria Almei-da, que ressaltou: “O mel do cerrado é omelhor, pois nossas abelhas colhem o néc-tar de diversas flores”.

PRÊMIO INOVAÇÃO TECNOLÓGICA – Ou-tra grande novidade deste ano foi a Pre-miação em Inovação Tecnológica para aAgricultura Familiar, apoiada pelo Con-selho Regional de Medicina Veterinária(CRMV), Conselho Regional de Engenha-ria, Arquitetura e Agronomia de Goiás(Crea) e Serviço Nacional de Aprendiza-gem Rural (Senar). Premiaram-se as trêsmelhores invenções apresentadas: uma deautoria de um engenheiro agrônomo, ou-tra de um agricultor e mais uma de umveterinário ou zootecnista.

PROGRAMAÇÃO CULTURAL – Outra no-vidade do Agro Centro Oeste foram as ativi-dades culturais, ocorridas nos intervalosdo almoço. Teve apresentação de músicaregional, bandas, exposição de integrantesda Feira do Cerrado, de orquídeas, de Bon-sai etc. O evento visou ainda valorizar asatividades culturais desenvolvidas dentroda própria UFG.

OVINOS E CAPRINOS – A Ovinocultura ea Caprinocultura foram destaque em pales-tras sobre manejo reprodutivo e sobre aná-lise de mercado da Ovinocaprinocultura, porprofissionais da Universidade Estadual deSão Paulo (Unesp) e do programa de Apoioa Projetos Integrados Sustentados de Ca-prinos e Ovinos (Aprisco), vinculado ao Se-brae. Também foi realizado um leilão, coma participação dos frigoríficos: Margem, deRio Verde; UPJ, Clube do Carneiro, de SãoPaulo; e LM, de Brasília.

MINICURSOS – Durante o Agro Centro Oes-te foram realizados minicursos voltados parao processamento de alimentos em proprie-dades rurais. O objetivo foi o de possibili-tar ao pequeno produtor aproveitar a maté-ria-prima produzida na propriedade. Oscursos fazem parte do Programa de Desen-volvimento Sustentável na Agricultura Fa-miliar, projeto de extensão da Escola deAgronomia e Engenharia de Alimentos daUFG, que procura apoiar políticas de de-senvolvimento social e geração de renda empequenas propriedades.

Atividades da VII Feira deNegócios e Tecnologias Rurais

A parte expositiva foi uma dasprincipais atrações do evento

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5Goiânia, agosto de 2006 ELEIÇÕES 2006

Oprofessor aposen-tado da UFG, Ita-mi Campos (65),

tem quase 30 anos de tra-balho na Universidade.Com doutorado em Ciên-cias Políticas pela USP,atualmente ele é Pró-rei-tor de Pesquisa, Pós-gra-duação e Extensão na UniEvangélica, em Anápolis (a50 km de Goiânia). Em en-trevista ao Jornal UFG so-bre as eleições, ele dispa-rou que nenhuma mudan-ça nas regras eleitoraisserá suficiente para mora-lizar o sistema enquanto asociedade não tiver educa-ção suficiente para enten-der o processo eleitoral noBrasil. Itami também con-dena as volumosas somasem dinheiro declaradaspelos candidatos para dis-putar o pleito esse ano eainda propõe eliminar ainfluência dos “intermedi-ários do voto”. Confira abai-xo a entrevista.

Jornal UFG – Qualdeve ser o impacto das mu-danças nas regras eleitoraispara 2006?

Itami Campos – Des-de que começaram as de-núncias de corrupção sur-giu também a idéia de re-duzir os custos das campa-nhas. Isso porque um dosmotivos que estimula aprática de corrupção é jus-tamente o alto custo daseleições, em virtude dosshowmícios, distribuiçãode brindes e o formato dosprogramas de rádio e TV.Nesse sentido, a legislaçãoveio tentar resolver isso.

Jornal UFG – E comoexplicar as declarações degastos que os candidatosfizeram para esse pleito?Elas chegam a ser o dobrodo que em campanhas an-teriores.

Itami Campos – Defato essa campanha seapresenta com o dobro doscustos da (campanha) an-terior. Isso assustou todomundo da imprensa e daopinião pública, até porquea legislação de agora proí-be uma série de gastosque havia anteriormenteem termos eleitorais. Um

“Partidos não têm propostas políticasconsistentes para essas eleições”

CIENTISTA POLÍTICO DIZ QUE PROJETOS DOS CANDIDATOS “NÃO ENGLOBAM” A COLIGAÇÃO A QUE PERTENCEM

dos motivos que podejustificar isso é o datransparência. Por-que agora se tratade um custo real.Antes, candidatosdeclaravam valoresaquém do que real-mente gastavam.Hoje, com uma leique prevê multapara quem gastarmais do que decla-rou, eles estão maiscautelosos.

Jornal UFG – Ena prática, com o fimdos showmícios e di-minuição do tempo decampanha, quais de-vem ser as armaspara os candidatosconquistarem seuseleitores?

Itami Campos– É um dos desafiosque essa campanhaapresenta. Os can-didatos já não po-dem usar determi-nados recursos queusavam em outrospleitos, como promoção dejantares, brindes, shows,etc. Isso traz um prejuízoaos candidatos que se lan-çaram pela primeira vez,porque já não têm tantotempo de se apresentarem.Já aqueles que são conhe-cidos do eleitorado, especi-almente os que estão emreeleição, têm uma expo-

sição pública bem maior e,nesse sentido, largam comvantagem. Por isso, o obje-tivo central na campanhadesse ano é encontrar al-ternativas de mídia para aaparição dos candidatos.

Jornal UFG – Mas acrise política de certa formaprovocou um descrédito da

opinião pública em relaçãoaos atuais quadros políticosdo país. Não há então umatendência de renovação des-ses quadros?

Itami Campos – O quetem ocorrido nos últimostempos é uma renovaçãode pelo menos 30 por cen-to. Tanto no âmbito do Con-gresso Nacional, quanto naAssembléia Legislativa. Eessa tendência deve au-mentar, até porque a atu-al legislatura foi marcadapor denúncias de corrup-ção. A mais recente, que éo caso das “Sanguessu-gas”, têm 100 deputadosfederais envolvidos, o quepode interferir nas urnas.Mas no caso de Goiás, quenão tem parlamentar liga-do a esse esquema atéagora, esse impacto das“Sanguessugas” não deveser decisivo. Mesmo as-sim, o panorama apontapara a renovação, mesmocom as dificuldades dos“novos” candidatos ematingir o eleitorado.

Jornal UFG – E quan-to ao número de candidatosesse ano. Nas eleições pro-porcionais, para as 41 va-gas na Assembléia Legisla-tiva, existem pelo menos 69nomes fortes de candidatos.Na Câmara Federal, ondeGoiás tem 17 cadeiras, ou-tros 34 candidatos aparecem

Itami Campos afirma que é precisoacabar com a influência dos

intermediários do voto

como favoritos. Qual o resul-tado disso nas eleições?

Itami Campos – Issoé ruim para os próprioseleitores. E demonstra queesse montante de candida-tos dentro de cada coliga-ção não tem uma propostacoletiva. Cada candidatotem um projeto único. Oresultado disso é que oeleitorado não conseguedistinguir uma legenda daoutra. As legendas se tor-naram indissociáveis. Par-tidos não têm propostas po-líticas consistentes e queenglobam a legenda comoum todo. Isso acaba con-tribuindo para conflitosinternos. Candidatos bri-gando dentro da próprialegenda para tirar votoum dos outros. Ao invésde haver disputa entre opartido A e B, ela se fazdentro da própria agremi-ação. Isso é um dos gran-des problemas que se colo-cam no modelo de eleiçãoque se tem hoje no país.

Jornal UFG – Então,qual a avaliação que o se-nhor faz da legislação elei-toral brasileira?

Itami Campos – Asleis eleitorais têm muda-do. Mas é preciso na ver-dade um processo de edu-cação política, aliado à po-litização das escolas. Issopoderia ser feito dentrode associações, de gruposou em bairros, num tra-balho direto com o públi-co. O objetivo é trabalhara consciência política doeleitorado. A legislaçãopor si só não resolve osproblemas políticos dopaís. O importante é aca-bar também com a inter-ferência dos intermediá-rios do voto. Pessoas quetêm o controle do voto,como prefeitos, vereado-res, líderes comunitários,entre outros, acabam fa-zendo negociações pelovoto com os próprios can-didatos. É uma máfia.Eles articulam a venda daprópria imagem aos can-didatos como forma deamarrar votos junto aopúblico sobre o qual essescabos eleitorais têm in-fluência.

Entrevistado por Pedro Rafael

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6 Goiânia, agosto de 2006CAMPUS

Neutralidade édiferente de inércia

Plano de Gestão Estratégica da UFGagiliza sistema de informações

Em época de discussões sobre cotas em institui-ções de ensino públicas, proponho uma cota parasoftware livre. O argumento é simples: estamos dis-criminando a formação dos egressos ao restringir oacesso a versões não proprietárias de software (aque-las que podem ser baixadas de graça na internet). Háquem afirme que o Windows(r), software proprietário,pago, que possui concorrentes gratuitos, encontra-seem mais de 90% dos computadores pessoais do plane-ta. Atitude conservadora. Uma simples investigação naUFG deve revelar que, em verdade, este número é bemsuperior. Por onde quer que se vá, é muito difícil en-contrar o Linux ou outro produto concorrente doWindows(r). Para não nos fixarmos erroneamente ape-nas nestes dois produtos, que são somente represen-tantes conhecidos de duas correntes, Linux (domíniopúblico) e Windows(r) (proprietário), doravante o pri-meiro será chamado de bem e o segundo de mal. Ouseja, esta é uma briga entre o bem e o mal.

Infelizmente, o mal tem prevalecido. Pior, dadoque o número de pessoas que conhecem tecnica-mente o bem e o mal é bem inferior ao número da-queles que acolhem o mal, pode-se concluir que aescolha não se baseia, em geral, em critérios técni-cos. Nenhum problema, a escolha é pessoal. Sereshumanos têm desejos, preferências, gostos. Res-peita-se e pronto.

Por outro lado, a coisa pública, ou um gestor pú-blico, deve se basear em outros critérios, sob os quaisas opções devem ser avaliadas assim como tambémdevem ser questionados os critérios. Tratar softwarecomo religião e se eximir de uma postura clara peran-te a sociedade não é seguir o fácil caminho da inér-cia? Não é incompatível com um órgão de ensino su-perior público?

Dirão alguns que a função da UFG é ensino,pesquisa e extensão. Ao ignorar as repercussõesda dependência de software proprietário não esta-r íamos contr ibu indo com as empresas quecomercializam estes produtos? Há como ser neutronesta questão?

Aquilo que é visto na UFG provavelmente seráo que o estudante usará em sua casa. Se o softwareé do mal e o critério de escolha é pessoal, então não éo caso de gasto questionável de dinheiro público na

presença de opção de custo zero? Umprofessor é imparcial quando exige

do estudante oemprego de pro-duto da linhado mal, mesmoexistindo con-corrente gra-tuito? Tem oaluno a liber-dade de esco-lha? Este egres-

so não irá pressionar oseu ambiente de traba-lho para fazer uso doque ele vivenciou nagraduação, expandindoas fronteiras da depen-

dência?Atualmente a UFG

apenas contempla esta dependência e o trabalho ár-duo de empresas que estão moldando o perfil dosusuários de computadores. Não estariam estas em-presas desempenhando uma atividade nossa? Seráque elas trabalham em concordância com os nos-sos interesses? Voltemos às cotas. Cota de softwarelivre para barrar o monopólio absoluto do mal e oradicalismo das empresas do mal, que não se con-tentam com 90%.

Fábio Nogueira de LucenaProfessor do Instituto de Informática da UFG

Os mais de três mil fun-cionários técnico-administra-tivos da Universidade Federalde Goiás já podem conferir oseu posicionamento na segun-da etapa do enquadramentofeito pelo Departamento deDesenvolvimento e recursosHumanos (DDRH). Este pro-jeto é o primeiro realizado naUFG em que é avaliado o pla-no de carreira. Dividido emduas etapas, na primeira, re-alizada em 2005, reuniu-se otempo de serviço tanto dosservidores ativos, quanto deaposentados ou pensionistas,com reposicionamento na novatabela de carreira. Para isso,considerou-se também o tem-po de serviço do servidor emoutra atividade realizada emórgãos federais.

Foi aprovada no últimodia 28 de julho a reso-lução do Sistema do

Programa de Gestão Estraté-gica (SPGE), da UFG. O SPGEé um sistema computacio-nal que estará disponível naUFGnet e permitirá o aces-so a informaçõesdos órgãos e uni-dades acadêmicas.

O Sistema PGEé dividido em trêsmódulos: planeja-mento, avaliação einformação, mas nomomento só o modode planejamentoestá disponível. Oacesso é feito viaportal do servidor,por meio de quatrotipos de perfis: ser-vidor; gestor local;gestor global; e con-sulta restrita.

O servidor sópermite acesso àsinformações. Já olocal possibilitaacessar e fazer mo-dificações sobredada unidade/órgão (sendodois responsáveis pra cadauma). O global acessa e mo-difica as informações de todosos núcleos (este está locali-zado na Pró-Reitoria de De-senvolvimento Institucional eRecursos Humanos, Prodirh ).A consulta restrita dá acessoa toda a universidade, masnão faz mudanças, e é reser-vada para a administração emgeral: reitores, pró-reitores,assessores.

As informações que irãopara o banco de dados doSPGE serão colhidas com aaplicação de questionáriosàs unidades e aos estudan-tes. Durante um período de

Na segunda etapa, agru-param-se os títulos e certifi-cados apresentados por ser-vidores, separando-os em ca-tegorias como capacitação equalificação. A capacitaçãorefere-se, por exemplo, a umcurso ou treinamento feitodurante o tempo de serviço,dentro da área de atuação decada funcionário. Já a qua-lificação diz respeito a umcurso formal, que não sejapré-requisito para o cargoem execução, realizado an-teriormente à contrataçãodo servidor.

Os níveis são de clas-sificados de acordo com aescolaridade do servidor, asaber: A, B e C para nível fun-damental, D para ensino mé-dio e E nível superior. Os tí-

tulos e certificados apresen-tados conferem alteração nosrespectivos níveis.

Fátima dos Reis, coor-denadora geral do Sindicatodos Trabalhadores da UFG(Sint-UFG), diz que este sis-tema foi um direito adqui-rido após a greve dos servi-dores em 2004. Antes, o fun-cionário não era estimula-do a realizar cursos ou par-ticipar de congressos, porexemplo, já que tal partici-pação não lhe trazia vanta-gens financeiras. O próxi-mo passo, segundo Fátima,é ampliar os percentuais deincentivo à capacitação dostécnico-administrativos, oque já esta sendo discuti-do com o governo federal.(Natália Ribeiro)

aproximadamente um mês,com data a ser fixada, o sis-tema será fechado até que aProdirh possa tomar conhe-cimento da situação de cadanúcleo e tirar os indicadoresnecessários, entendendo asdificuldades, necessidades,

especialidades e diversosoutros tipos de dados.

O pró-reitor de Adminis-tração e Finanças em exercí-cio, José Carlos Seraphin,explicou que o planejamen-to em si já existe há muitotempo na UFG; o que nãoexiste é a sua formalização:“as pessoas se reúnem nasunidades/órgãos, fazemsuas propostas, executam,mas isso não é realizado deforma que toda a administra-ção tenha conhecimento doque ocorre em cada uma”.Segundo José Carlos, umbanco de dados com essas in-formações é importante porgerar dados capazes de auxi-

liar na tomada de decisões;além de ser uma forma de opróprio gestor da unidadesaber como ela está se de-senvolvendo.

Os mais de 60 núcleosda UFG poderão se integrarmelhor às áreas administra-

tiva e financeira daUniversidade. O pró-reitor explicou: “como SPGE é mais fácilrecuperar a informa-ção passada, e isso éuma ferramenta ex-tremamente úti lpara a melhor gerên-cia dos nossos re-cursos”.

O SPGE poderádialogar com outrossistemas, como oSistema de Cadas-tro de AtividadesDocentes (Sicad) e oRegulamento Geraldos Cursos de Gra-duação (RGCG). Al-gumas informaçõespoderão ser aprovei-tadas de um sistemapara o outro, para

evitar a digitação repetitivados mesmos dados em locaisdiferentes.

A Prodirh já requisitoude todas as unidades e ór-gãos o preenchimento dasmetas e ações, com prazo es-tipulado até o dia 1º de se-tembro. A próxima solicita-ção será para o preenchimen-to do planejamento e para asrespostas dos questionáriosde unidades e estudantes.Para José Carlos Seraphin, ofornecimento das informa-ções por todos os núcleos éimportante para que elespossam ser atendidos de ma-neira satisfatória. (AnaPaula Vieira)

Funcionários já podem conferir enquadramento

PROGRAMA PERMITIRÁ INTEGRAÇÃO DOS NÚCLEOS DA UNIVERSIDADE

José Carlos Seraphin, assessor deDesenvolvimento Institucional e coordenador do

SPGE, e Regina Beatriz Bevilacqua Vieira,presidente da Comissão de Avaliação Institucional,

acessando o sistema

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7Goiânia, agosto de 2006 GRADUAÇÃO

Em 1970 a fabricante demáquinas copiadorasXerox Corporation de-

cidiu investir em pesquisaspara o desenvolvimento deum computador pessoal. Atéentão, os computadoreseram máquinas eletromecâ-nicas de grande porte, queequipavam somente o ambi-ente corporativo. Tratava-se,à época, de uma manobra ar-riscada, lançada pela empre-sa para criar econsolidar ummercado, masque se mostrouacertada poste-riormente.

No pre-sente, micro-computadorestambém fazemparte da rotinadoméstica edu-cacional. Des-sa forma, insti-tuições de en-sino superiorem todos osestados brasi-leiros, à seme-lhança da inici-ativa da Xerox,apostam no futuro e elabo-ram projetos que buscam de-senvolver a modalidade deensino a distância. A Univer-sidade Federal de Goiás(UFG), como participante deum consórcio que reúne ou-tras oito universidades, de-nominado Consórcio Seten-trional (Conset), desenvolveum sistema que possibilita aintegração de rotinas peda-gógicas, professores, tutorese alunos, para auxiliar na vi-abilização de atividades deeducação a distância.

O Conset foi criado emresposta a uma solicitação doMinistério da Educação(MEC) para a implementaçãode cursos semipresenciaisem regime de consórcio.Cada uma das universidadesassociadas – Universidade deBrasília (UnB), Estadual deGoiás (UEG), Federal do MatoGrosso do Sul (UFMS), Esta-dual do Mato Grosso do Sul,Federal do Pará (UFPA), Fede-ral do Amazonas (UFAM), Es-tadual de Santa Cruz (UESC),na Bahia, e Federal do Tocan-tins (UFT) – possui funçõesdeterminadas para a execuçãoe manutenção dos cursos ofe-recidos pelo consórcio. A UFGresponde pela produção de tec-nologia para as universidadesassociadas.

Segundo o coordenadorde tecnologia do Conset-UFG, Gilson Oliveira Barre-to, o sistema será capaz degerenciar conferências pelainternet, gerar salas de bate-papo e fóruns, hospedar diá-rios eletrônicos, além de ge-rir rotinas acadêmicas, como

Tecnologia de educação a distânciaUFG DESENVOLVE SOFTWARE DESTINADO A ORGANIZAR ROTINAS ACADÊMICAS DE CURSOS SEMIPRESENCIAIS

A UFG realizou no mês de maio pro-cessos seletivos para preenchimento devagas reservadas a uma turma de CiênciasBiológicas e uma de Administração, ambasconcebidas para funcionar em caráter semi-presencial. A turma de Administração a dis-tância é um projeto-piloto fruto da parceriaentre a Universidade Aberta do Brasil (UAB)– nome dado ao programa criado pelo Minis-tério da Educação (MEC), em 2005, para aarticulação de um sistema experimentaldescentralizado de ensino superior público– o MEC, o Banco do Brasil e instituiçõesfederais e estaduais de formação superior.A turma de Biologia oferecida a distância éresultado de um projeto do MEC destinadoa suprir a carência de professores licenci-ados de Ciências Biológicas, projeto deno-minado Pró-Licenciatura.

O método de ensino seguirá, para asduas turmas, uma equação que combinaacesso remoto a professores e tutores pormeio da internet e apoio presencial em uni-dades pedagógico-administrativas de atua-ção local, denominadas Pólos de Apoio Pre-

Primeiras experiênciassencial. Existem seis pólos no estado deGoiás destinados à turma de Administraçãoa distância. Dois estão localizados emGoiânia e os demais, nos municípios deJataí, Porangatu, Morrinhos e Quirinópo-lis. Para a turma de Ciências Biológicas,os pólos estão localizados em Goiânia,Catalão, Jataí, Goiás e nas cidades deAnápolis, Ceres e Porangatu, em convêniofirmado com a Universidade Estadual deGoiás (UEG).

A parceria entre a UFG, UAB e Pró-Licenciatura deve se limitar a essa expe-riência, em relação ao projeto atual de cri-ação das turmas de Administração e deCiências Biológicas, ambas na modalida-de de ensino a distância. De acordo comSandramara Matias, esses processos se-letivos são uma resposta a demandas es-pecíficas e dizem respeito à formação deapenas duas turmas. A previsão é de queas aulas de Administração comecem naprimeira semana de agosto. As atividadespara a turma de Biologia devem começarno final de agosto.

a emissão de históricos es-colares e requerimentos. Aplataforma também deve pos-suir uma biblioteca virtualintegrada, abastecida por to-das as instituições associa-das. Professores e alunospoderão produzir conteúdoem tempo real, por intermé-dio da web.

A divisão de tecnologiado Conset-UFG também pes-quisa outras aplicações mul-

timídia, algumas já em pro-cesso de implementação eque devem ser usadas no fu-turo como parte do materialpedagógico destinado à tur-ma de Ciências Biológicas adistância e também a outroscursos ministrados nessamodalidade. Conforme expli-cou Gilson Oliveira, conteú-dos multimídia convencio-nais ainda são atrelados auma formatação que obede-ce a enunciações textuais,como nos livros. O novo ma-terial seguirá uma estruturade simulação virtual em trêsdimensões (3D). O conteúdoprogramático será apresen-tado aos alunos sob a formade laboratórios virtuais inte-rativos, jogos e objetos deaprendizagem multimídiacom teor didático. A coorde-nação de tecnologia do Con-set-UFG desenvolve aindailustrações científicas digi-tais, confeccionadas em am-biente 3D para proporcionaruma apreciação mais deta-lhada dos conteúdos.

De acordo com a pró-reitora de Graduação San-dramara Matias Chaves, a li-cenciatura em Biologia é umprojeto-piloto de turma úni-ca, relativo à parceria com oConset. A UFG realizou o pri-meiro processo seletivo parapreenchimento dessas vagasem 14 de maio.

Expectativa – O sistemadesenvolvido para controlar

Professor Gilson Oliveira Barreto, coordenador deTecnologia do Consórcio Setentrional

as atividades de graduaçõesnão-presenciais e as apli-cações multimídia didáticasestá em fase de experimen-tação. Parte das ferramen-tas de gestão já está dispo-nível na internet em regimede acesso restrito. A previ-são é de que em dois mesesas últimas correções sejamacrescentadas. A turma deCiências Biológicas a distân-cia deve começar suas ativi-

dades no finaldo mês de agos-to. Até que aplataforma de-senvolvida peloConset-UFG es-teja pronta parauso, a adminis-tração de roti-nas acadêmicasserá feita pelosoftware l ivred e n o m i n a d oMoodle.

Gilson Oli-veira revelouque o MEC tem

interesse em tornar essa pla-taforma um modelo de ges-tão para todos os consórciosnacionais. “O programa foiconcebido de forma a permi-tir o cadastramento de vári-as equipes de produção”, afir-mou o professor.

Para ele, além do aspec-to técnico também é impor-tante destacar as vantagensdo ensino a distância. “Noscursos ministrados em cará-ter não-presencial, existe umtrabalho personalizado queinstiga o aluno a participarde grupos de cooperação,além de proporcionar umaeducação continuada”, defen-deu. O coordenador da turmade Ciências Biológicas a dis-tância da UFG, Carlos Eduar-do Anunciação, também en-fatizou as qualidades dessamodalidade de ensino. “So-mente essa forma de educa-ção pode ajudar a suprir a ca-rência de graduações de li-cenciatura”, completou.(Franco Neto)

Ambiente de trabalho e parte daequipe do Conset

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8 Goiânia, agosto de 2006CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Congresso de Olericultura destaca o potencial da a

Diversificação eIndustrialização naHorticultura foi o temageral do 46º CongressoBrasileiro de Olericultura(CBO), realizado de 30de julho a 4 de agosto,no Centro deConvenções de Goiânia.Cerca de milparticipantes tiveram aoportunidade de atualizarseus conhecimentos emdiversas áreasrelacionadas àhorticultura. Sediar oevento foi umaoportunidade dedestacar Goiás nosdiversos temas ediscussões relacionadosà agricultura.Um dos destaques doevento foi o Dia doProdutor, realizado noCeasa, com aparticipação expressivade produtores que foramatendidos na escolha dotema “Manejo e controleda mosca branca” – apraga que tem causadomuitos prejuízos emdiversas lavouras. Outrodestaque foi aagricultura orgânica, emfranca expansão nomercado brasileiro e queainda não consegueatender à demanda.A próxima edição docongresso será em PortoSeguro, Bahia, em julhode 2007. Ao terminar oevento em Goiânia, oprofessor Manuel Masca(presidente), do Campusde Jataí, e sua equipepassaram a coordenaçãodo 47º CBO para aprofessora Tiyoko NairHojo Rebouças, daUniversidade Estadual doSudoeste da Bahia.

les têm um sabor maisacentuado, são livresde agrotóxicos e hor-mônios e contêm mais

nutrientes do que seus paren-tes convencionais, no entan-to seu consumo ainda estálonge de ser o ideal. Os ali-mentos orgânicos acenamcomo uma alternativa maissaudável ao consumidor.

Mesmo com todos os be-nefícios, a produção de orgâ-nicos no Brasil ainda não con-segue atender à demanda.Isso porque um vegetal culti-vado por meio desse processoleva mais tempo para chegarao ponto de colheita do queoutro submetido ao processoconvencional. O fato é que oalimento orgânico passa maistempo recebendo nutrientes.È por isso, aliás, que ele temum valor nutricional superior,além de estar livre de produ-tos químicos.

Em Goiás, a produção deorgânicos existe desde 1994 eainda não recebe nenhum in-centivo do governo estadual.De acordo com a engenheiraagrônoma Cláudia Araújo Mo-reira, as únicas associações

Mais saudável e mais gostosoAlimentos orgânicos têmmaior valor nutritivo,não contêm pesticidas enem hormônios, mas oconsumo ainda estálonge do ideal

de produtores orgânicos doEstado são muito recentes enão contam com muitos mem-bros. A Associação para o De-senvolvimento da AgriculturaOrgânica (Adao), por exemplo,possui apenas 17 membrosprodutores. “Os produtorestêm medo de entrar nesteramo”, afirma.

Se do governo estadualnão parte nenhuma política deassistência a este tipo de cul-tura, o federal acena com umapoio. Diversas políticas pú-blicas, como o Programa deApoio à Agricultura Familiar(Pronaf) e o Programa de Aqui-sição de Alimentos (PAA), per-mitem ao produtor manter suaprodução ao abrir linhas decrédito especial ou garantir avenda dos produtos.

A Adao possui em tornode 60 associados consumido-res, que recebem cestas dealimentos com até 20% de des-conto. Os associados aindaparticipam das atividades daentidade. Por não contar como apoio do governo estadual,a Associação se limita a pos-sibilitar a venda dos produtosdos associados e orientaraqueles que desejam iniciaruma produção orgânica.

Equilíbrio Ecológico – Se-gundo Cláudia Moreira, o cul-tivo de produtos orgânicospode ser feito em qualquerárea, independentemente dotamanho. O que conta é oequilíbrio do solo e a diversi-dade do sistema, de forma a

manter o ambiente livre depragas. “Se a planta estiver emequilíbrio, ela é menos sus-cetível a pragas”, afirma Jane-te Martins de Sá, professoraaposentada da Escola de Agro-nomia da Universidade Fede-ral de Goiás (UFG) e, atual-mente, produtora.

O balanceamento do soloé feito por meio de vários pro-cessos, a exemplo dos biofer-tilizantes. Por se tratar deuma atividade voltada, em suamaioria, para o consumo fami-liar, os recursos vêm de den-tro da propriedade. Que o digaa professora Janete de Sá,que usa em sua propriedadefertilizantes como esterco devaca e mesmo leite para equi-librar o ambiente.

É importante ressaltarque a produção de alimentosorgânicos não é um processofácil. Requer muita mão-de-obra, tempo e, sobretudo, pa-ciência. O alto custo de pro-dução e o tempo de crescimen-to do produto tendem a pesarno bolso do consumidor, quemuitas vezes prefere um ali-mento mais barato e com me-nor valor nutritivo.

Pioneiro – Pietro CamilloQuadri veio da Suíça em 1994e, desde então, cultiva alimen-tos orgânicos no município deBrazabrantes. Pioneiro no Es-tado, Pietro também era agri-cultor em seu país. Para ele,o aumento de doenças dege-nerativas – câncer e mesmoenvelhecimento precoce –

está relacionado ao consumoexcessivo de alimentos comagrotóxicos e hormônios.

Quadri afirma que a qua-lidade dos alimentos orgâni-cos também está diretamenteligada ao bem-estar do ani-mal. “Ao comer a carne de umboi estressado, por exemplo,absorvemos muita adrenalinanegativa e isso reflete em nos-sa saúde”, explica. Esta cor-rente de pensamento (existemmuitas dentro da agriculturaorgânica) classifica os alimen-tos em vivos e mortos, sendoque os primeiros são aquelesque crescem naturalmente,sem o auxílio de produtos quí-micos, e possuem um valornutritivo maior do que os dasegunda categoria. Para o cul-tivo de orgânicos, é conside-rada até mesmo a posição dosastros, com o objetivo depotencializar seus efeitos be-néficos. Verdade ou não, a téc-nica parece dar certo. (Ma-theus Álvares Ribeiro)

O 46º Congresso Brasileiro de Olericultura reuniu mais de mil participantes em Goiânia. O destaque ficou por conta da produção científica

Feira de Produtos Orgânicos no Parque Agropecuário de Goiânia

Pietro Camillo Quadri, o maisantigo produtor orgânico do

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Onde encontrar produtos orgânicos em Goiânia

Local Dia Hora

Feira do Pequeno Produtor – Parque Agropecuário-Pavilhão11 sábado 6h às 9h

Centro Cultural Eldorado dos Carajás – R.83, 421, St. Sul terça-feira 17h30 às 19h30

Escola Interamérica – R.T30, 2455. St. Bueno segunda-feira 12h às 13h e

18h às 19h

Escola Piaget – R. 1025, nº 397, St. Pedro Ludovico terça-feira 11h45 às 14h

Johrei Center – R. 87, 341, St. Marista quinta-feira 17h às 20h

Cerrado Alimentos Orgânicos – R. 15, nº 461, Centro durante toda

a semana 8h às 18h

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9Goiânia, agosto de 2006 CIÊNCIA E TECNOLOGIA

a agricultura orgânica e a praga da Mosca Branca

Geraldo Papa, da Associação Nacional de Defesa Ve-getal (Andef), ressaltou a importância de se seguir todosos passos do bom manejo, que compreendem a prepara-ção das mudas, a rotação de culturas, o controle químico,além de outras providências.

As mudas devem ser preparadas em viveiros com te-lhados, antecamêra e pedilúvio. A antecâmera serve paralimpar os visitantes, e o pedilúvio é uma vedação feita nopé das paredes dos viveiros para evitar a contaminaçãodas mudas. É importante não retornar mudas que já saí-ram do viveiro e transplantá-las antes dos 21 dias. Asmudas devem receber defensivos antes de transplanta-das e nos primeiros 30 dias.

A rotação de culturas deve ser feita respeitando alegislação, com culturas menos preferidas da praga, comoo milho e as pastagens. As culturas mais usadas para asbarreiras vivas, outra forma de prevenção, são o sorgo, acana e o milho. Deve-se usar os produtos químicos comas doses recomendadas no rótulo. A pulverização é reco-mendada entre 6h e 10h ou a partir das 16h, com os mes-mos produtos por três semanas consecutivas. Utilizam-se também óleos minerais e detergentes neutros.

“Se o agrotóxico fosse suficiente, não estaríamos aquireunidos”, explicou o professor de Agronomia da Faculdadede Cantareira, de São Paulo, Hélcio de Abreu Júnior. Eledefende o manejo ecológico para a prevenção e combate àMosca Branca. Além disso, recomenda cercas vivas com Nin,uma planta de grande porte inimiga natural da Mosca Bran-ca. Isso evita a presença de plantas hospedeiras da mosca,como as espécies daninhas.

Outra solução, segundo o professor Hélcio Júnior, énutrir o solo em que a cultura será plantada. “A maioriados produtos químicos usados hoje desnutre a planta, oque a deixa mais suscetível ao ataque de pragas”, escla-rece. Uma receita para equilibrar o solo e manter as plan-tas mais nutridas é a combinação entre 20% de húmus,50% a 65% de cálcio, 10% a 15% de magnésio e 3% a 15%de potássio, entre outros minerais que cada tipo de solovai exigir, sugeriu o professor.

Êxito do evento – O Dia do Produtor foi uma inovaçãoda 46ª edição do CBO. Segundo o produtor de tomatesAntônio da Silva, o evento proporcionou mais conheci-mento sobre a praga da Mosca Branca, que ele já conhe-cia na prática. “Desde que comecei a vender para o Ceasa,minha visão sobre a produção vem mudando, gostaria degastar menos com agrotóxicos e estou conseguindo me-lhorar minha produção”, acrescentou.

Já a estudante de Agronomia da Universidade Fe-deral de Goiás, Jackline Marques Faria, elogiou a ini-ciativa dos organizadores do congresso de proporcio-nar mais conhecimentos técnicos aos produtores, ape-sar de ressaltar que o tempo das palestras ainda foiinsuficiente para a apreensão de toda a técnica. Helenodos Santos Silva, da Escola Agrotécnica Federal deColorado do Oeste, de Rondônia, gostou de conhecer oCeasa. “O dia do produtor foi uma boa oportunidadepara conhecer o maior local de distribuição de hortali-ças da região Centro-Oeste”, afirmou.

O ciclo do inseto

emisia Tabaci Biótipo Bé o nome científico daMosca Branca, tema da

mesa-redonda do Dia do Pro-dutor intitulado “Manejo daMosca Branca”, atividade iné-dita no 46º CBO, que reuniumais de 50 produtores dehortifrutigranjeiros, na sededas Centrais de Abasteci-mento (Ceasa) de Goiânia.

“A Mosca Branca Bióti-po B é uma das maiores res-ponsáveis pela perda de la-vouras no Brasil hoje. O in-seto ataca mais de 560 es-pécies de plantas, sendo queo tomate é um dos mais afe-tados”, informou Litvin VillasBôas, pesquisadora da Em-brapa Hortaliças, que enfa-tizou ainda ser o manejo oprincipal aliado no combateà praga.

O inseto entrou no Bra-sil em 1990, por meio da im-portação de plantas orna-mentais na época do Natal,em São Paulo. Mas os pri-meiros problemas só foramobservados a partir de 1995.“Os danos causados à plan-ta variam de acordo com aépoca de contaminação, issoporque a Mosca Brancaé um vetor de vírus”,como explicou a pes-quisadora. Se o ata-que à planta ocorrernos seus primeiros 45dias de vida, ela temseu crescimento para-lisado, com perdas naprodução que variam de40% a 70%. Nos casosmais graves pode ocorrera perda total da lavoura.

Segundo a pesquisa-dora, a Mosca Branca é umproblema social. “No municí-pio de Petrolina, Bahia, a pra-

Produtor discute sobre nova pragaA Mosca Branca, BiótipoB é uma das maioresresponsáveis por perdasem lavouras atualmenteno Brasil

ga tornou inviável a produçãode tomate industrial, o quefez com que diversas indús-trias se mudassem para ou-tras regiões, aumentando oíndice de desemprego e pro-vocando a queda na economiada região”, relatou.

Litvin Villas Bôas aler-ta: “Nos Estados Unidos e naEspanha existe um tipo demosca mais resistente aosprodutos químicos, é a Mos-ca Branca Biótipo Q”. O tipofoi detectado no ano passa-do. De acordo com a pesqui-sadora, é preciso evitar a en-trada de plantas sem inspe-ção, por meio do aumento dafiscalização fitossanitária.

O problema da MoscaBranca refletiu também nalegislação, explicou o agrô-nomo da Agência Goiana deDefesa Agropecuária (Agrode-fesa), José de Souza Reis,que também faloupara os produto-res. Hoje, a Mos-ca Branca está emtodos os Estados,menos na Ama-zônia. InstruçãoNormativa (IN)Federal nº 20,de 10 de abrilde 2003, im-pede o trân-sito de hos-pedeiros

de Mosca Branca para o es-tado do Amazonas. Há tam-bém a IN nº 24, de 15 deabril de 2003, que versa so-bre a prevenção, controle econtenção de pragas, e a INnº 05, de 26 de maio de2004, que cria o modelo úni-co do Certificado de Des-truição dos Restos Cultu-rais de Tomate.

Entre outras medidas, alegislação federal define umperíodo mínimo de 60 a 120dias consecutivos livres docultivo do tomate. “Definiu-se em Goiás que o tomateindustrial deve ser plantadodo dia 1º de fevereiro até odia 30 de junho, estabelecen-do-se um período de 90 diaslivres do cultivo dessa plan-ta”, explicou Reis. (Núbia Si-mão)

A pesquisadora Litvin Villas Bôas, o professor Hélio de Abreu Júnior e o agronômo José de SouzaReis discutiram manejo ecológico para prevenção e combate à Mosca Branca

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Prevenção é o melhor remédio

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O ciclo de vida da Mosca Branca pode durar até 28dias dependendo do clima da região. As fases de cresci-mento da mosca são: ovos, ninfas e a fase adulta, quandoela se reproduz. Os ovos do inseto são pequenos, invisí-veis a olho nu. A fêmea é maior que o macho; a pragalocaliza-se na parte inferior da folha, o que dificulta ocombate por meio de agrotóxicos.

Os principais sintomas do ataque da Mosca Brancasão a perda de cor do fruto que, no caso do tomate, cultu-ra predileta da praga, possui coloração verde-amarelada àépoca da colheita, e a perda de vitaminas e minerais.

Chega às plantações voando, sempre em direção aovento. Não gosta de planta sadia, pois não consegue di-gerir proteínas, somente pequenas substâncias presen-tes em plantas doentes. Observou-se que, em muitos ca-sos, as lavouras atacadas estavam próximas a restos deplantio.

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10 Goiânia, agosto de 2006EM TEMPO

Uma final de tirar ofôlego não começa

apenas quando o árbitroapita o início de jogo.Uma partida decisiva,como foi entre Vasco eFlamengo, no último dia26 de julho, tem todo umesquema de bastidoresque antecedem ao mo-mento primordial, que éa hora de a bola rolar nocampo.

Apesar das refor-mas no estádio do Mara-canã, o número recordede emissoras de rádioque cobriram a final daCopa do Brasil surpreen-deu até mesmo a admi-nistração do estádio. Emdecorrência disso, o tu-

Oestado de Goiás foirepresentado noRio de Janeiro para

a noite de gala entre doisdos principais clubes de fu-tebol do país, Vasco e Fla-mengo, na decisão da Copado Brasil. A Rádio Universi-tária da UFG (870 AM) foi aúnica emissora do esta-do a transmitir ao vivo,direto do Maracanã, a fi-nal histór ica. A equipeDoutores da Bola, forma-da por estudantes de jor-nalismo da universidade,é um projeto de extensãocoordenado pelos profes-sores N i l ton José dosRe is Rocha e Ange l i taPereira de Lima. A ativi-dade tem se is anos deexistência e atuação fo-cada no futebol, por meioda cobertura regular decampeonatos nacionais eregionais.

A experiência dos Dou-tores da Bola é única no paísinteiro e já teve em seusquadros alguns dos jornalis-tas esportivos mais conhe-cidos em Goiás e até no Bra-sil. A equipe transmitiu asfinais mais importantes dosúltimos anos, com destaquepara Goiás e Corinthinas(Campeonato Brasileiro

A Rádio Univer-sitária foi a

única de Goiása transmitir aovivo, direto do

Rio de Janeiro,a final da Copa

do Brasil

Rádio Universitária faz cobertura exclusivaA 870 AM FOI A ÚNICA EMISSORA DO ESTADO A TRANSMITIR AO VIVO, DO MARACANÃ, A FINAL HISTÓRICA DA COPA DO BRASIL

Nos bastidores da finalMaracanã pulsouenergia no últimodia 26. Por detrásdos holofotes, suore bagunça tomaramconta dospreparativos deuma finalemocionante

multo horas antes do come-ço do jogo foi geral. De acor-do com o presidente da Su-perintendência de Despor-tos do Estado do Rio de Ja-neiro (SUDERJ), pelo menos22 rádios estavam presen-tes no dia. Disputa pelasmelhores posições e espa-ços próximos ao gramadomobilizaram jornalistas es-portivos.

A movimentação co-meçou já no início da tar-de, apesar de o jogo ter ini-ciado às 21h45. O pessoal daimprensa trabalhava duropara garantir cobertura to-tal da partida. No gramado,ainda vazio, um grupo dequinze homens ensaiavaexaustivamente a monta-gem do pódio, que abriga-ria o campeão da Copa doBrasil.

– Pro lado de cá, prolado de lá! - gritava o ins-trutor de operações na mon-tagem do palco.

Alheios ao exaustivo

esforço dos trabalhadores eprofissionais da imprensa,estavam mesmo os turis-tas. Dezenas deles se aglo-meravam junto ao grama-do, sedentos por um cliquena máquina, para que pu-dessem registrar um dosinstantes mais importan-tes da história do Maraca-nã. Mais discretas, as mu-lheres da limpeza faziam detudo para deixar os vestiá-rios impecáveis, lugaresque horas depois receberi-am as estrelas da noite.

Tudo isso se mistura-va ao barulho das torcidasorganizadas que foram lo-tando gradativamente osmais de 45 mil lugares ofe-recidos no maior templo defutebol de todos os tempos.De um lado, a torcida vas-caína, visivelmente emmenor número, contrastan-do com o rubro-negro dosflamenguistas, que ocupa-ram seguramente mais de70% do estádio, gritando e

pulando de tal forma que feztremer, literalmente, asestruturas de concreto doMaracanã.

Longe de abrigar suacapacidade máxima, já queo “Maraca” passa por refor-mas para o Pan 2007 –quando deve oferecer maisde 90.000 lugares – a torci-da não se abateu e empur-rou o time como pôde. Piorpara jornalistas e cronistasesportivos, que se esforça-vam para acompanhar oslances da partida ouvindo osretornos quase inaudíveisdas rádios e televisões. Sóecoaram os gritos nostálgi-cos de provocação: “Vice denovo!”.

Mas nem tudo foi bele-za. Torcedores e policiais sedigladiaram nas arquiban-cadas, expondo um proble-ma crônico do futebol bra-sileiro, e que parece distan-te de uma solução definiti-va. Lamentável também foia bagunça no gramado,

mesmo antes do términodo jogo. Abriram as por-tas do vestiário doFlamengo, e pessoas quenão estavam trabalhan-do na cobertura do jogosubiram para o campo ejá festejavam o títulorubro-negro, sem espe-rar o apito final, o queseria um sinal de respei-to ao adversário e atitu-de desportiva.

No entanto, o final,de fato, reservou um es-petáculo subliminar datorcida do Flamengo, quepôde comemorar pela se-gunda vez a conquista deum título como esse, como sabor especial de der-rotar o maior rival e den-tro de casa. A combina-ção foi perfeita, tanto quea invasão de campo nãofoi contida, e centenas depessoas celebraram jun-to com o time, transfor-mando a comemoraçãonum encontro emblemá-tico entre a maior torci-da do país e um campeãonacional de futebol. (Pe-dro Rafael)

2005), Flamengo e SantoAndré (Copa do Brasil 2004),Atlético Paranaense e SãoCaetano (Campeonato Bra-sileiro 2001), Santos e Co-rinthians (Brasileiro de2002), entre outras.

Atualmente, poucomais de 15 alunos com-põem o projeto, por meio doqual o estudante usufrui aestrutura da Rádio Univer-sitária e faz produção liga-da ao futebol. O aprendiza-do se completa com labora-tórios de narração esporti-va em rádio, de caráteracadêmico, oferecendo, naprática, a chance do de-

senvolvimento de habilida-des jornalísticas e de locu-ção radiofônica. A equipeainda conta com uma ca-bine fixa no estádio SerraDourada, que fica à dispo-sição dos estudantes, paraa transmissão de todas aspartidas dos times goianos,nas competições disputa-das.

Apoio cultural – O Douto-res da Bola já fez diversasparcerias com entidades eórgãos públicos para ma-nutenção das atividadesacadêmicas. No entanto,atualmente a equipe não

tem mais apoio culturalque garanta o pleno desen-volvimento dos trabalhos.O monitor do projeto, estu-dante do oitavo período dejornalismo, Daniel Gon-dim, explica que a falta depatrocínio compromete umpouco o trabalho da equi-pe. O monitor enfatiza quetudo o que o Doutores con-seguiu produzir e avançaré mérito dos alunos, coor-denadores e da Faculdadede Comunicação e Biblio-teconomia.

Para o diretor admi-nistrativo da Rádio, Ro-berto Nunes Pereira, den-

tre as principais funçõesque a Rádio oferece, osaspectos educat ivos eacadêmicos se sobressa-em. “Nós cumprimos umameta acadêmica ao possi-bilitar um espaço de ex-periência e vivência prá-t ica da prof issão que oaluno exercerá no futu-ro”, esclarece. Ainda se-gundo e le , a emissoratem sido, ao longo dos úl-t imos anos , re ferênc iapara outras empresas decomunicação na contra-tação de profissionais. “Apopulação também reco-nhece a qual idade dosestagiários que saem daRádio”. Não apenas estu-dantes de Comunicaçãopodem ingressar comoestag iár ios . De acordocom Roberto , já foramabertas vagas para gradu-andos em Engenharia, Bi-blioteconomia, entre ou-tros cursos.

A Rádio Universitáriaconta agora com um sitena internet, no endereçowww.radio.ufg.br . Esse es-paço apresenta informa-ções diversas sobre progra-mação, além de notícias edestaques nas áreas dacultura e da educação.

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11Goiânia, agosto de 2006 ARTE E CULTURA

filme “Adeus, Lêniné absolutamentesuperficial”. A de-

claração foi articulada pelojornalista Sergio Rizzo, crí-tico de cinema do jornalFolha de São Paulo, duran-te a sessão que abriu aseqüência de debates damostra Fantasmagoria,Alegoria e Melancolia noCinema Alemão, realizadano Cine Goiânia Ouro, noperíodo de 4 a 20 de agos-to. O ciclo de apresenta-ções de longas-metragensalemães é entrecortadopor debates que tematizamas películas exibidas namostra. A primeira reu-nião deste tipo foi marca-da por exposições sobre ofilme de Oliver Hirschbie-gel, que destoam sensivel-mente das apreciações dacrítica nacional.

A recepção brasileiraem relação ao cinema eu-ropeu, por parte da im-prensa especializada, roti-neiramente classifica es-tas produções segundocritérios valorativos queacomodam cada realiza-ção em categorias relati-vas à nac ional idade .Fala-se, de acordo com arece i ta autor i zada, emcinema alemão, francês,iraniano, norte-america-no, este em qualquer re-

m breve a comuni-dade universitáriapoderá usufruir dois

projetos culturais que pro-metem modificar o cotidi-ano no campus II. Com ainiciativa do professor An-selmo Pessoa Neto, ex-di-retor da Faculdade de Le-tras da UFG (FL) e atualpró-reitor de Extensão eCultura, está sendo cons-truída uma sala de cine-ma, com capacidade paraacolher aproximadamente200 pessoas. A sala fun-c ionará com duas ses-sões diárias, de 12h às14h e das 16h às 18h. Oprojeto, que possui convê-nio com a Agência Goia-na de Cultura Pedro Lu-dovico Teixeira (Agepel),ainda não tem data pre-

Campus Samambaia ganha sala de cinema CYBER CAFÉ E CINEMA, ABERTOS À TODA COMUNIDADE, SERÃO CONSTRUÍDOS NA FACULDADE DE LETRAS

* Ilustrar com painéis da Faculdade de Letras (Cinema). Sugestão do prof. Anselmo Pessoa.

vista para seu início, poisnão foram instaladas aspo l t ronas . Estudantes ,professores e funcionári-os técnico-administrati-vos pagarão meia entra-da nas sessões, que tam-bém serão abertas para apopulação em geral.

A outra novidade é ocyber café que será cons-truído em frente ao cine-ma, no fundo da FL. Foramdestinados R$300 mil paraa construção da obra, pro-venientes de emendas dadeputada federal RaquelTeixeira (PSDB). A parla-mentar, que é professoratitular da Letras, afirmaque é sempre importanteque a universidade cumprao seu papel de divulgação ede produção de cultura. Sen-

culturais na região ondeestá situado o Campus Sa-mambaia. A vinda de um ci-nema para esta área esti-mulará a população resi-dente a assistir os filmesnele exibidos, proporcio-nando maior contato comeste viés da cultura.

Seguindo o formatotradicional de cyber cafés,o Café do Cultura (nomedado atualmente à obra)terá Internet e contarácom uma revistaria. A li-citação para sua constru-ção ainda será providenci-ada e a partir de então serádefinido o nome da empre-sa responsável pelo seuandamento. Assim como ocinema, não há data pre-vista para a inauguração.(Natália Ribeiro)

do assim, direcionar verbaspara a construção de espa-ços de propagação cultural

é muito importante. Outroponto citado pela deputadafoi a escassez de atividades

Mostra abre espaço para discussão de filmes alemãesEspecialista alerta para operigo do exercício deuma classificaçãototalizante no que serefere à filmografiasestrangeiras

lação posto na derradeiraposição. Conforme expli-cou Rizzo, não é possívelconhecer a filmografia deum país apenas servindode expectador dos títulosque conquistam sucessointernacional. “Os Esta-dos Unidos, por exemplo,produzem, por ano, de 400a 700 filmes. Mesmo pro-f iss ionais como eu, re-munerados para fazeruma apreciação dessasproduções cinematográfi-cas, dão conta de no má-ximo 150 títulos em mé-dia. Isso significa que nãoconhecemos nada da ci-nematografia americana.Que dirá a de outros paí-ses, absolutamente mar-ginais por aqui”, desta-cou.

Ainda segundo o jor-nalista, antes de conhecero cinema alemão, porexemplo – como planejamabarcar mostras comoessa – é necessário co-nhecer a Alemanha. Após

o término, em 1945, da Se-gunda Guerra Mundial, opaís foi dividido em duaszonas de influência, a Re-pública Federal da Alema-nha (RFA), Alemanha Oci-dental, e a República De-mocrática Alemã (RDA), ouAlemanha Oriental. A in-dústria cinematográficateve a mesma sorte. Sur-giram então uma série denovas produtoras peque-nas na Alemanha do Oci-dente e apenas uma com-panhia estatal, a Defa, naparte oriental. Rizzo desta-cou que a produção cine-matográfica na RDA é pra-ticamente inédita, pois oque se passou à história foiapenas o que se produziudo lado ocidental.

Em tempo, de acordocom ele, a afirmação re-lat iva à Adeus, Lênin éuma reprodução da críti-ca que ouviu de um cine-asta da antiga Berlin Ori-ental durante um festivalrea l i zado na c idade de

Salvador. Stravaldi, comoé conhecido, criticou du-ramente o filme, menci-onando que as questõeslevantadas pela unifica-ção não se pareciam comas pensadas pelo diretorOliver Hirschbiegel. Elasseriam muito mais com-plexas.

Rizzo afirmou ter de-tectado parte dessa reali-dade, em recente tempora-da na Alemanha. “Os ale-mães reconhecem quetêm manchas no passado,mas é um passado quenão faz parte do cotidianodessas pessoas nos diasde hoje. Eles não queremser culpados por algo queocorreu antes do nasci-mento das novas gera-ções”. E acrescentou: “Aoconhecer cotidianamentea população abso luta-mente diversif icada dopaís, eu acredito que ad-quiri alguns instrumen-tos para entender a recor-rência de certos temas

nos filmes alemães, comopor exemplo o papel da dis-cussão em torno da iden-tidade”.

Após a exposição dojornalista, seguiu-se aapresentação do f i lmeMetropolis, de Fritz Lang,obra considerada referên-cia da moderna concepçãoestética encontrada nosatuais filmes de ficção ci-entífica. Ao todo serão exi-bidos 34 longas-metragensclassificados mediante cri-térios de fase/época ou pordiretor. O expressionismodos anos 20, do qual tam-bém faz parte a produçãode Lang, é representadopor longas-metragens,como Nosferato (1922), deF. W. Murnau, e O Gabine-te do Doutor Caligari, deRobert Wiene. Do cinemaalemão mais recente amostra apresenta filmescomo Fitzcarraldo , deWerner Herzog; Asas doDesejo e Paris, Texas, deWim Wenders; Martha, Aterceira Geração, o Casa-mento de Maria Braun eQuerelle, de Rainier Fass-binder. Sucessos recentescomo Adeus, Lênin e A Que-da, também dirigido porOliver Hirschbiegel, com-pletam a seleção. A entra-da é franca e as sessõesdiárias, divididas em qua-tro horários: 12h30, 15h,18h e 20h30. A mostra éuma realização da Secre-taria Municipal de Cultu-ra, da Embaixada da Ale-manha e da Universida-de Federa l de Go iás .(Franco Neto)

Maquete do cinema, que está em fase final de construção,exposta na Faculdade de Letras

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Cenas dos filmes Adeus, Lênin e Metropolis

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12 Goiânia, agosto de 2006LIVROS

Editora da UFGCampus Samambaia

Caixa Postal 131Goiânia – GoiásCEP: 74001-970

Fone: (62) 3521-1107Fax: (62) 3521-1814

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DiagramaçãoLenice Marques Teixeira

Ciência, higiene e tecnologia da carne:

a tão esperadareedição

Em 28 de novembro de1991, o professor AlbenonesJosé de Mesquita, conse-lheiro da Editora da UFG,fez, durante a reunião doConselho, a apresentaçãodos originais de uma obradenominada Ciência, higie-ne e tecnologia da carne, deautoria de Miguel CionePardi e outros. O Prof.Albenones esclareceu, naocasião, que os extensosoriginais comporiam doisvolumes, caso o ConselhoEditorial aprovasse sua pu-blicação. Previu tambémque essa obra marcariaépoca “no ensino e naprática da tecnologia e ins-peção de carnes e derivadosno Brasil”. O Prof. Albe-nones não se enganou: omérito científico da obra fezcom que ela fosse utilizadaamplamente em todo o país.

A Editora da UFG, emprocesso de reestruturação,vai reeditar em curtíssimoprazo os dois volumes dessaobra do Prof. Pardi, conside-rado o grande ícone da ins-peção sanitária nacional.

Imaginemos a seguinte situação: encontrar, logo nasprimeiras páginas do livro Marcovaldo ou as estaçõesna cidade, de Ítalo Calvino (São Paulo: Cia. das Le-

tras, 1994), o anúncio “Nokia, o mundo mais perto devocê”. Imediatamente, poderíamos pensar que se trata-va de um equívoco editorial. Mais adiante, no entanto,encontramos mais anúncios, e com uma regularidadefranciscana. E não só isso, mas também uma adultera-ção na narrativa: Marcovaldo, personagem da história,faz compras no Carrefour, seus filhos vestem roupas comanúncios da Disney, comem Big Mac com fritas e be-bem Coca-Cola, enquanto sua mulher hidrata a pele comcreme Nivea Milk, no inverno, e utiliza protetor solarDavene, no verão.

Esse é o assunto do livro A curiosa história do escritorpartido ao meio na era dos robôs escritores: um romance deintriga, do espanhol José LuisSaorín, que com ironia e umaboa dose de humor aborda atransformação do livro na maiscomum das mercadorias e doautor em um operário progra-mado, semelhantemente àimagem sugerida no filme Tem-pos modernos. O foco central éo assassinato de RamónFerrero, diretor literário daVersal Media Group (VMG), narealidade, Norman Wallace,escritor de novelas românticasde relativo sucesso. A vida deRamón Ferrero é construída sobre uma farsa, organizadade tal modo a sustentar sua dupla identidade. No trabalho,ele recebe ordens de Luvic, encarregado de aumentar oslucros do Departamento Literário da VMG, sujeito que acre-dita não haver mais espaço para o romantismo no mercadoglobal, além de preconizar que a editora deveria trabalharna perspectiva just-in-time, para a redução de custos, com oincremento da tecnologia, e voltada para uma produção maisflexível. Isso importava agregar valor às mercadorias (livros),por meio da publicidade, fazendo com que o livro assumissea condição de produto, o leitor a de cliente e o autor a deetiqueta.

A questão de fundo da obra localiza-se no momentoem que Ramón Ferrero, como editor, deve convencerNorman Wallace a participar de um congresso nas IlhasCanárias, ocasião em que ele será persuadido a assinarseu atestado de óbito como autor.

O tema da conferência principal do evento é o fu-turo do livro, diga-se de passagem, futuro a partir doponto de vista do mercado editorial, observado median-te a transferência para o universo da literatura de umvocabulário do mundo dos negócios e do planejamentoestratégico. Em meio a autógrafos, desencontros, con-fusões, quase namoros, típicos de sua vida dupla, Ramón

Ferrero passa a conhecer, com detalhes, os planos daVMG, cujo contrato prevê a inserção de propaganda deforma direta e indireta, com reclames no miolo e men-sagens dos personagens acerca de produtos, além daobrigação de utilizar a escrita assistida por computador(EAC), como um meio de eliminar qualquer traço de in-dividualidade do autor e de duplicar a sua produtivida-de. A escrita, a partir de então, desenvolve-se no Cen-tro de Produção de Escrita (CPE), de tal sorte que o autorserá responsável, quando muito, pelo argumento inici-al, ficando o desenrolar dos eventos e os caminhos se-guidos pelos personagens sob a responsabilidade dos jo-vens migrantes, utilizados pela CPE como “escravosliterários”.

Ramón Ferrero monta esse quebra-cabeça, por meiode uma narrativa que ganha um tom de romance polici-

al, com a descoberta da rela-ção entre a VGM e a mortede Jaime Zerep. Estava as-sim colocado o dilema deRamón Ferrero: aceitar suamorte como escritor e preser-var seu emprego de editor; ourecusar a proposta, revelan-do a farsa de sua vida e, porconseqüência, engrossar afila dos escritores-editores de-sempregados, enquanto aVGM encontrava a oportuni-dade única de acabar com opoder e a prepotência dos au-

tores, economizando com os direitos autorais.Interessante notar que o protagonista parece ser o

editor (Ramón Ferrero) e não o escritor (Norman Wallace),talvez porque o futuro do livro, infelizmente, esteja nasmãos das editoras, transformadas em grandes magazi-nes, acomodadas que estão em algum lugar discreto naadministração de grandes grupos de mídia, como o VersalMedia Group. Agora, mais do que nunca subordinado àsdemandas do mercado, o autor transforma-se em umamarca. Quem duvida hoje que Paulo Coelho, uma conhe-cida marca de sucesso, não possa vender tanto quantose vende um Big Mac?

Norman Wallace recusou trilhar esse caminho, adespeito de produzir novelas “água com açúcar”. Ele pre-feriu preservar sua dignidade de autor e, para isso, tevede fazer escolhas, que colocaram em risco até sua vida.Além disso, precisou fazer uma renúncia. Qual será?Como isso ocorreu? Bem, para saber, melhor é ler o li-vro. Será muito divertido descobrir.

SAORÍN, José Luis. A curiosa história do editor partido ao meiona era dos robôs escritores: um romance de intriga. Traduçãode Luis Reyes Gil. Rio de Janeiro: Relume, 2005. 242 p.

José Luis Saorín, com ironia e uma boa dose de humor,

aborda a transformação do livro na mais comum das mercadoriase do autor em um operário

Tadeu Alencar Arraisé professor adjunto do Instituto deEstudos Sócio-Ambientais, (IESA), da UFG

A questão de fundo da obralocaliza-se no momento em que Ramón Ferrero,como editor, deve convencer Norman Wallace aparticipar de um congresso nas Ilhas Canárias,ocasião em que ele será persuadido a assinar

seu atestado de óbito como autor.O tema da conferência principal do evento é ofuturo do livro, diga-se de passagem, futuro apartir do ponto de vista do mercado editorial.

REEDIÇÃO

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13Goiânia, agosto de 2006 SAÚDE

Entre os dias 17 e 22 dejulho, a Faculdade deMedicina (FM) da Uni-

versidade Federal de Goiás(UFG) foi palco do VII Cursode Cirurgias Urológicas porVídeo, com apoio do Hospi-tal das Clínicas (HC/UFG),da Sociedade Brasileira deVideocirurgia, e da Socieda-de Brasileira de Urologia.Participaram do evento maisde 70 médicos do Brasil e doexterior e cerca de 24 instru-tores.

O evento foi realizadosob a vigilância do coordena-dor do curso, professor Gil-van Neiva, que enfatizou:“tudo o que fazemos respei-ta os princípios éticos e ci-entíficos da pesquisa médi-ca. Temos a licença da Vigi-lância Sanitária e do Conse-lho de Veterinária, devido aouso de cobaias no curso”.

Ciência Urológica – A uro-logia é a especialidade mé-dica que estuda o aparelhogênito-urinário masculino eurinário feminino e se preo-cupa com suas doenças. Asprincipais doenças do equi-pamento urológico adulto,são: o câncer urológico, comdestaque para o câncer dapróstata, a disfunção erétil,a incontinência urinária, ecálculos nos rins, uréter e

Faculdade de Medicina é referência nacional

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Curso devideocirurgia emUrologia da UFGreúne anualmentemais de 70profissionais da áreaem Goiânia.Instrutores do Brasile do exteriortransmitem técnicade ponta aosparticipantes

bexiga. Já em crianças, o co-mum é a fimose, espécie depele que recobre a cabeça dopênis.

Para sanar problemas doaparelho urológico, atéa década de 1990, osprocedimentos cirúrgi-cos incluíam grandescortes. A partir do de-senvolvimento das mi-crocâmeras, com a vi-deolaparoscopia emurologia, as cirurgiaspassaram a ocorrercom pequenos cortes,graças ao auxílio daimagem obtida pormeio das microcâme-ras.

A Sociedade Bra-sileira de Urologia des-taca os benefícios davideolaparoscopia emurologia: recuperaçãorápida, melhor resul-tado estético e menortempo de internação.Em contraposição, re-vela o elevado custo domaterial, a necessida-de de anestesia geral eo maior tempo de trei-namento da equipe médica.

Desde 1999, a Faculda-de de Medicina da UFG pro-move um curso de cirurgiasurológicas por vídeo. “O pri-meiro curso foi feito para queos professores da faculdadeconhecessem os equipamen-tos e procedimentos referen-tes à videocirurgia e, hoje, re-cebemos alunos do exteriorpara aprender nossas técni-cas, que não param de seaprimorar”, comemora o pro-fessor Neiva.

“Apesar de a videocirur-gia ter começado no HC dezanos após o primeiro proce-dimento feito em Goiás, ohospital universitário possuihoje um curso de referênciaem urologia que cresce acada ano”, declara o diretordo Departamento de Cirurgi-as, professor Élio Ponciano.

Durante o VII Curso deCirurgias Urológicas por Ví-deo, os alunos tiveram aoportunidade de aprimorar atécnica da videocirurgia, sob

a orientação de um professor.O treinamento iniciou-se em“caixa preta”, depois seguiucom frangos, porcos, cachor-ros, cadáveres. No último diado curso houve também, trei-namento virtual.

Treinamento em “caixapreta” – No interior de umacaixa de vidro, que simula umser humano, coloca-se o ór-gão a ser examinado (huma-no ou animal), ou frutas, eatravés de três furos abertosnela, inserem-se cânulas(torniquetes) por onde passao instrumental cirúrgico parao treinamento de laparosco-pia. O procedimento começaem campo aberto, e depois acaixa é tapada com um panopreto, passa de tridimensio-nal para bidimensional, como auxílio de câmeras. Gilvan

Neiva destaca a praticidadedesse treinamento. E orien-ta: “o ideal seria cada alunomontar uma ‘caixa preta’ emcasa, para, nas horas vagas,

praticar e se tornar cadavez mais habilidoso”.

A importância de taltreinamento deve-se aofato de que “procedimen-tos em videolaparoscopiaurológica, diferentemen-te de outras técnicas ci-rúrgicas, exigem umatécnica em que o cirur-gião tenha habilidade emambas as mãos”, comple-ta o médico MirandolinoBatista, professor do cur-so, em seu manual detreinamento em laparos-copia, que foi entreguepara os participantes docurso.

Apesar de o trei-namento ser fundamen-tal, segundo Batista, “achave principal da cirur-gia laparoscópica é a no-ção de trabalho em equi-pe. Uma equipe de traba-lho coordenada ajudaráem muitos aspectos do

procedimento laparoscópico.Isto inclui posicionamentoda câmera, que dará ao ci-rurgião uma completa e inin-terrupta visão de todos osórgãos e estruturas infra-ab-dominais. Um auxiliar aler-ta, mantendo assistênciapermanente para suturas la-paroscópicas, e uma atitudecooperativa do cirurgião sãofatores indispensáveis parao êxito da cirurgia.”

A técnica videolaparoscó-pica – De modo simplificadoa técnica de videolaparosco-pia em urologia consiste emfazer três furos na regiãopélvica do paciente em for-ma de um triângulo. Em se-guida inserem-se as cânulaspor onde devem passar asagulhas e o instrumental ci-rúrgico. Por uma das cânu-

las passa-se o insuflador,que, conectado a um tubo degás carbônico, serve para in-flar a região abdominal do pa-ciente, permitindo, com a in-serção da câmera, ampla vi-são das vísceras.

Além disso, para a re-alização da videocirurgia énecessário contar com umanestesista treinado. E essafoi uma das preocupações doorganizador do curso. “Nes-te momento temos a presen-ça de médicos veterináriosespecializados em anestesia,para garantir o bom anda-mento do curso”, ressaltaNeiva.

Segundo o palestranteEdson Lemes Sardinha, do IIICurso de VideolaparoscopiaUrológica, “a anestesia paravideocirurgia apresenta pecu-liaridades cardiocirculatóri-as, respiratórias e renais de-vidas ao uso do gás para in-suflar, bem como às posiçõesutilizadas em determinadosprocedimentos, que exigemmonitorização adequada.”

O equipamento básicopara videocirurgia consistede monitor e câmera de ví-deo, insuflador automáticode gás carbônico, fonte deluz, videocassete, agulha pró-pria para o procedimento (amais utilizada é a agulha deVerres), cânulas de calibresvariados, pinças retas e cur-vas, porta-agulhas, clipado-res, grampeadores, tesoura,aspirador e bisturi elétrico.Necessita-se também de ummédico auxiliar para lidarcom a câmera, e é desejávelque o cirurgião seja destro.

Em meio a outrosatendimentos e atividadesdesenvolvidas pelo HC, inclu-sive com um grupo de volun-tários organizado, o Amigosdo HC, dos cerca de 5.400procedimentos cirúrgicos re-alizados anualmente, 240deles são na área de urolo-gia. (Núbia Simão)

VIDEOCIRURGIA

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Gilvan Neiva destacou a importânciado curso para o treinamento dos

profissionais

A técnica devideolaparoscopia emurologia exige um trabalhoem equipe

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14 Goiânia, agosto de 2006CURSOS

Ser humano em questãoFORMAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS É APROVADO EM CONCURSO NACIONAL E CONTARÁ COM FINANCIAMENTO DA UNESCO

UFG vai desenvolver um novo curso de ex-tensão em Direitos Humanos para a capaci-tação de lideranças comunitárias. O projeto

é patrocinado pela União das Nações Unidas paraa Educação, Ciência e a Cultura (Unesco) e ven-ceu um concurso nacional, concorrendo com algu-mas das principais instituições de ensino do país.A Unesco garantiu uma verba de R$ 50 mil parafinanciamento do projeto. As inscrições estarãoabertas no período de 04 a 15 de setembro, e asaulas vão começar no dia 02 de outubro.

As atividades fazem parte do Programa deDireitos Humanos da UFG, formado por sete uni-dades acadêmicas (Museu Antropológico, Facul-dade de Direito, Instituto de Patologia Tropicale Saúde Pública, Rádio Universitária, Faculdadede Comunicação e Biblioteconomia e Faculdadede Ciências Humanas e Filosofia). A universida-de dispõe de outros parceiros, como o InstitutoBrasil Central, a Secretaria de Estado dos Direi-tos Humanos da Presidência da República, e a re-gional Centro-Oeste do Movimento Nacional de Di-reitos Humanos, que coordena mais de 40 outrasentidades de luta pelos direitos do homem.

Esse é o quarto curso organizado pelo pro-grama de Direitos Humanos da UFG desde a suacriação, em 1999. O objetivo desta vez é atingireducadores das redes formais e não-formais,como professores e militantes da área educaci-onal. Serão abertas 60 vagas de capacitação te-

órica e profissional. A ênfase será os direitosdo homem, a cidadania e a diversidade (cultu-ral, sócio-ambiental, étnica e sexual).

O programa está dividido em quatro módu-los, totalizando 160 horas de atividades. Deacordo com o coordenador-geral do curso, pro-fessor Ricardo Barbosa (Faculdade de Direito/Campus Goiás), o projeto oferecerá aulas espe-c í f i cas em cadamódulo, cada umcom tema di fe-renciado. Estãoprevistas tam-bém a criaçãode um CD comtodo o materi-al desenvolvi-do ao longo deum ano de tra-ba lho , a lém degravação de quatroprogramas de rádio,de 20 minutos cada,em parceria com a RádioUnivers i tár ia (870 MhzAM). “Nossa meta é instru-mentalizar esses educadores.Todos eles receberão um catá-logo, o CD, os programas e os tex-tos criados pelo projeto”, explica.

O projeto prevê também uma exposição iti-nerante para percorrer as escolas públicas apre-sentando os resultados do programa. A produ-ção de um livro e dos catálogos servirá de basepara disseminar os conceitos de direitos huma-nos para um maior número de pessoas. “A gentequer que os educadores capacitados levem parasuas comunidades e escolas esses materiais,

ampl iando mais oacesso de pessoas eestudantes na d is-cussão de temas tãoimportantes ao serhumano”.

Outra caracte-rística importantepara a aprovação

do f inanc iamentojunto à Unesco foi a

titulação dos professo-res do curso (a maioria

tem mestrado e doutora-do). O projeto possui o se-

guinte corpo docente: Adria-ne Damascena, Alex Ratts,

Magno Medeiros, Marisa Damas,Pedro Sérgio dos Santos, Ricardo

Barbosa, Rosani Leitão, Vilma Ma-chado e Rosemeire Rodrigues dos

Santos.

m grupo de treze alu-nos da UFG foi aceitoem instituições estran-

geiras para participar de inter-câmbio acadêmico. A Coorde-nadoria de Assuntos Interna-cionais (CAI) intermediou osc o n t a t o s ,com o objeti-vo de fomen-tar a mobili-dade inter-nacional degraduandose pós-gradu-andos. A CAIdisponibilizainformaçõessobre cur-sos, convênios assinados pela UFG e programasque recebem apoio financeiro.

Nos próximos meses, quatro alunos de Co-municação Social viajarão para Portugal. NayaraRocha Fragoso, Marla Rodrigues de Souza, PedroCavalcanti Gonçalves Rocha e bárbara Cristina Ara-to Mendes de Almeida, todos do quinto período deJornalismo. Eles vão estudar na Universidade deCoimbra, considerada uma referência em pesqui-sa e trabalhos voltados para a comunicação. “Alémdisso, é uma cidade universitária, com mais de 25%dos 200 mil habitantes formados por estudantes”,comemora Pedro Cavalcanti. Para essa mesma ins-tituição também vai Larissa Pereira de Castro,estudante de Direito. A viagem está prevista parasetembro.

Outros dois alunos da UFG vão ingressarno mestrado fora do país. Gustavo Pereira Por-tes, do sétimo período de Publicidade e Propa-ganda, ganhou uma bolsa muito concorrida paraestudar no Japão. De acordo com a orientadoraeducacional da CAI, Alexandra Nogueira da Sil-va, a bolsa Monbukagakusho, conquistada peloestudante, é uma das oferecidas pelo governojaponês, cuja seleção é regional. “Ele terá to-das as despesas pagas, incluindo passagens aé-reas, bolsa de estudos e moradia, além de ga-nhar uma ajuda de custo mensal de 172.000 ie-nes” (moeda japonesa) – cerca de mil e seiscen-tos dólares.

Intercâmbio acadêmico mobiliza estudantesCom o apoio da Coordenadoria de Assuntos Internacionais (CAI), treze alunos da UFG foramaceitos em instituições estrangeiras para participar de intercâmbio acadêmico e também em

programas de pós-graduação. Alguns até foram contemplados com bolsas de estudo

Gustavo revelou já ter tentado duas vezesuma bolsa de graduação, sem sucesso. “As provasde exatas eram muito difíceis, incompatíveis como nível de educação básica do Brasil”, justifica.Depois, Gustavo tentou a bolsa de mestrado e con-seguiu. Ele vai morar dois anos em Sapporo, estu-dando na Universidade de Hokkaido.

Outro destaque é para Helga Barroso D’ÀvilaFerreira, formada em Engenharia de Alimentos. Elajá obteve uma bolsa dentro do Programa Brafitec/Capes para estudar na França, quando ainda eraaluna de graduação na UFG. Dessa vez, ela em-barca para o mestrado, também na França, apoia-da pela bolsa Erasmus Mundus, oferecida pelaUnião Européia. “Eu viabilizei meu retorno á Fran-ça na época em que fui como acadêmica. A minhaexperiência anterior me possibilitou voltar à Europae fazer o mestrado, que sem dúvida será um dife-rencial na minha carreira profissional”, acredita.

A bolsa Brafitec, que premiou Helga em 2002,dessa vez foi conferida aos alunos FernandoBretner Dias de Lima (Agronomia), Mara Lina Ro-drigues e Luiz Flávio Andrade de Oliveira (Enge-nharia de Alimentos). Essa bolsa, financiada pelaCapes para a área de engenharias, garante mora-dia e assistência financeira, dando condições aoestudante de se dedicar exclusivamente às práti-cas acadêmicas. Esses, juntamente com CássiaAparecida Coutinho, vão para a École SuperieureD’Agriculture D’Angers.

Apesar da dor de deixarfamiliares e amigos, os estu-dantes apostam nas vanta-gens da experiência interna-cional. Outra preocupação da-queles que farão o intercâm-bio é o local de moradia. A es-

tudante dePublicidadeJ u l i a n aFrança Ce-lestino fica-rá seis me-ses na Uni-versidade deGranada, naEspanha. Elaconta que ainternet foi

fundamental para descobrir preços mais acessíveise melhores acomodações. “O orkut, por exemplo, foidecisivo na minha escolha. Tive contatos com ou-tros brasileiros que estão por lá e me indicaram quala melhor forma de me instalar no país”, declarou.

Três estudantes de Medicina Veterinária vãorealizar estágios nos Estados Unidos. Alessan-dra Nascimento de Souza e Giselle Bonifácio Ne-ves vão estagiar no Loving Touch Animal Cen-ter, no estado da Geórgia, e Alaôr Pereira Mar-tins Júnior vai para a Universidade de Minneso-ta, em St. Paul.

Os interessados em pleitear bolsas de estu-dos no exterior (que garantem curso na universi-dade e despesas com moradia) ou mesmo que de-seja fazer intercâmbio fora do Brasil, estudandoem outra instituição, podem procurar a CAI. Paraas bolsas, não apenas os estudantes da UFG po-dem concorrer. Qualquer pessoa interessada deveprocurar a Coordenadoria para orientações no quediz respeito aos programas oferecidos.

Anualmente, a CAI recebe os pedidos de in-tercâmbio no mês de março, para que o aluno pos-sa ir no segundo semestre ou mesmo no ano sub-seqüente. O estudante deve estar cursando pelomenos o quinto período do curso para ter direitoao convênio. O candidato é então submetido a umaavaliação de documentos, podendo até ser testa-do em provas de seleção. Mais informações no siteda CAI – www.cai.ufg.br (Pedro Rafael).

Pedro, Bárbara, Juliana, Gustavo, Mara Lina, Fernando, Nayara e Larissa estão entre os alunosque passarão um período estudando em outros países

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15Goiânia, agosto de 2006 ANÁLISE

criminalidade vio-lenta é um dos pro-blemas mais signifi-

cativos do nosso tempo.Vinculada, nos grandescentros urbanos, às açõesinstrumentais do crimeorganizado e sobreposta adeterminadas predisposi-ções culturais para o com-portamento violento, temprovocado um clima de in-segurança na população epressionado o Estado porpolít icas de segurançamais eficazes. Confun-dem-se nesse processo aviolência objetiva, as ma-nifestações reais do fenô-meno, e a violência subje-tiva, o medo que traz umsentimento de inseguran-ça, por vezes injustificável.Nesse ano eleitoral as pro-postas dos candidatos já tra-tam do tema, manipulandomais uma vez as preocupa-ções do eleitor, e sem seapoiarem em estudos queproporcionem uma basepara a elaboração de políti-cas públicas adequadas.

Uma constante na dis-cussão do problema da vio-lência no Brasil é a asso-ciação da pobreza à crimi-nalidade. Para que essacorrelação possa ser man-tida, os estudos indicamque é necessário conside-rar uma série de fatoresintervenientes, tais como:privação relativa de bensmateriais e simbólicos,sentimento de injustiça,rotulação das populaçõesmarginalizadas que apare-cem como público prefe-rencial dos operadores dapolícia e da justiça, tiposde crimes cometidos como recurso da violência que

A questão da violênciaDalva Borges de SouzaProfessora do Departamento de Ciências Sociais/FCHF-UFG

mobilizam mais a consci-ência social e que são co-metidos pelos pobres, re-feudalização das relaçõessociais. Diante desses fa-tores é necessário, masnão suficiente, atacar oproblema da desigualdadesocial.

Uma outra questãoque tem sido observadaem diversas pesquisas éo aumento do número dev í t imas jovens, ass imcomo do aumento do nú-mero de homicídios co-metidos por jovens. Fala-se de uma “juvenilização”da violência. A se confir-mar essa tendência, queparece ser universal, po-líticas públicas preventi-vas e voltadas para edu-cação e lazer poderão serindicadas tendo como pú-blico-alvo os jovens.

A teoria sociológicaregistra um decréscimode um tipo de violênciaprópria das sociedadestradicionais no longo pra-zo. É consenso que, nospaíses de perfil moderno,os crimes contra a pessoadiminuíram ao longo deséculos como resultadode uma pacificação davida social decorrente demudanças de costumes.Entretanto, um novo fe-nômeno aparece, a partirdos anos de 1970, rever-tendo essa tendência.Trata-se do crime organi-zado, l igado principal-mente ao tráfico de dro-gas e armas, com ramifi-cações internacionais ebaseado em uma lógicada violência. Antes res-trito a algumas grandescidades brasileiras, ele

agora acompanha o pro-cesso de metropolizaçãonacional.

A região metropolita-na de Goiânia não estáimune a esse fenômeno.Embora tenha apresenta-do, segundo dados do SE-NASP, índices de homicí-dios dolosos – indicadorutilizado pelos pesquisa-dores como medida da vi-olência – abaixo da médiadas regiões metropolita-nas brasileiras, no perío-do de 1998 a 2001, em2002 o índice ultrapassaa média nacional. Alémdisso, esses índices vêmcrescendo a um ritmo as-sustador nos ú l t imosanos. No período mencio-nado, para o qual se dis-põe de informações, as ta-xas de vítimas de homi-c íd io evo lu í ram em39,3%. Para a cidade deGoiânia, a Polícia Civil doEstado de Goiás registrou290 homicídios em 2003,281 em 2004, 315 em2005 e em 2006, até omês de junho, 155. Alémdo aumento no númerobruto de homicídios, pes-quisas indicam uma mu-dança no padrão de vio-lência. Permanecem oscrimes violentos deriva-dos de conflitos nas rela-ções interpessoais, mascresce o número de cri-mes associados ao tráfi-co de drogas. Caso o pro-blema não seja enfrenta-do pelos governantes epela sociedade, poderáser agravado nos próxi-mos anos e escapar aocontrole público, tal comoacontece hoje no Rio deJaneiro e em São Paulo.

Dentre as mudanças curriculares efetuadasnos cursos de Graduação da UFG, nestes últi-mos anos, talvez o que tenha se apresentadocomo maior inovação tenha sido a implanta-ção do Núcleo Livre. Esse aspecto tem provo-cado polêmicas e discussões nos diferentessegmentos acadêmicos da instituição e porisso julgamos necessário explicitar o signifi-cado a ele atribuído.

O Núcleo Livre, de conformidade com o art.5º parágrafo 4º do Regimento Geral dos Cursosde Graduação, constituído por um conjunto deconteúdos que tem por princípio garantir ao alu-no liberdade para ampliar sua formação, é com-posto por disciplinas eletivas, por ele escolhidas,dentre aquelas oferecidas nessa categoria nasdiferentes unidades acadêmicas da Universida-de. Essa escolha deve levar em conta, todavia,os pré-requisitos necessários à aprendizagem doconteúdo em questão.

Além de ter como objetivo ampliar e diver-sificar a formação do estudante, as disciplinasde Núcleo Livre visam promover a interdiscipli-naridade e a transdisciplinaridade, possibilitaro aprofundamento de estudos em áreas de inte-resse do aluno e também viabilizar o intercâm-bio entre alunos dos diferentes cursos da UFG.

A carga horária do Núcleo Livre deve ocu-par, no mínimo, 5% do total da carga horária dedisciplinas necessárias para a integralizaçãocurricular de cada curso. Cada unidade acadê-mica deve ofertar, no semestre, um número devagas maior ou igual à sua possível demandapelas disciplinas integrantes dessa categoria.

Uma vez aprovadas pelo Conselho Diretor daunidade de ensino, as disciplinas do Núcleo Li-vre devem ser cadastradas no sistema acadê-mico pela Prograd, que disponibilizará as infor-mações relevantes para os usuários.

No momento, há uma comissão compostapor coordenadores de Cursos, Departamento deAssuntos Acadêmicos e Asssessores da Prograd,sistematizando essas e outras idéias, que serãoapresentadas, em breve, à Câmara de Gradua-ção com vistas a regulamentar o assunto. Sabe-mos que não é por força legal que se implemen-tam mudanças curriculares, mas, sim, peloenvolvimento dos gestores, professores e técni-cos, que almejam, por meio delas, melhorar aqualidade do ensino. Com base nesse entendi-mento e cientes do empenho desses atores, acre-ditamos que o esforço empreendido resultará nasuperação dos limites até agora enfrentados afim de alcançarmos os objetivos previstos no quese refere ao Núcleo Livre.

Um dos grandesproblemas do Regime

Geral dos Cursos deGraduação (RGCG) refere-

se às disciplinas de NúcleoLivre. Como ampliar e

diversificar essa oferta?

Professora Dalva EternaGonçalves Rosa – assessora daPró-Reitoria de Graduação da UFG

Wanderley Lucácio Mirandados Santos – aluno do

4º período de História (noturno)

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16 Goiânia, agosto de 200616ENSINO E EXTENSÃO

Planetário conta histórias do céuPlanetário conta histórias do céu

Aprovado recentemente, o mestrado de Educação em Ciências eMatemática é mais uma conquista do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais (IESA), ao qual o planetário está diretamente vinculado. Após-graduação, que deve fazer seleção ainda este ano, será realizadana cúpula.

O curso do planetário tem como objetivo principal, a qualifica-ção de professores do ensino médio e superior, com vistas a tornar oensino das ciências mais próximo do aluno. “Queremos que o profes-sor saiba, por exemplo, construir laboratórios de baixo custo e traba-lhe a interdisciplinaridade, pois o curso abrange áreas de Química,Física, Biologia, Matemática e Educação”, empolga-se o professorBarrio, um dos mentores do projeto de mestrado.

“Olhar para as estrelas em busca de respostas”. Este é um cos-tume antigo, de acordo o diretor do Planetário da Universidade Fe-deral de Goiás (UFG), o astrofísico e professor Juan Bernardino Mar-ques Barrio. Segundo ele, o que faz a astronomia fascinante são osseus mistérios. Encontrar algumas respostas e sempre repetir ou-tras inúmeras indagações fazem parte do fazer ciência.

Cerca de 250 anos antes de Cristo, buscando respostas paraperguntas como: De onde viemos? Como as estrelas produzem ener-gia?, o filósofo grego Erastóstenes construiu, com a ajuda de seusdiscípulos, uma semi-esfera oca, em cujo interior eram represen-tados os planetas, como se a Terra fosse o centro. Surgiu então oprimeiro planetário.

Os planetários demoraram a chegar ao Brasil. O primeiro foiconstruído em São Paulo, em 1957. E, 13 anos depois, a cúpula semi-esférica veio para Goiânia, no dia 23 de outubro de 1970.

A cargo da UFG, o planetário goiano só esteve fechado para re-formas na infra-estrutura, durante um período curto, de aproxima-damente três anos, na década de 1990, relatou o professor Barrio.“Ter um planetário nessa cidade é um privilégio, são apenas 25 noBrasil. Cidades como Belo Horizonte e Salvador não os têm”, come-mora.

O planetário da UFG já recebeu mais de um milhão de visitan-tes. Passam pelo centro astronômico cerca de 35 mil pessoas porano. “Seu equipamento é dos melhores para o ensino. O que temosé um projetor space master, um modelo ótico-mecânico, já existemos digitais, mas para o ensino, o nosso é o melhor,” orgulha-se oprofessor. Além do projetor, a cúpula astronômica possui três teles-cópios, um fixo, instalado no Observatório Astronômico Canopus, queestá localizado no Campus II da UFG, e os outros dois telescópiosmóveis. É possível fotografar com todos.

Em 1997, a universidade recebeu a visita de técnicos alemãesespecialistas em manutenção de planetários. Desde então, a ma-nutenção é feita pelo engenheiro Isaul Gonçalves Montijo, que fez ocurso, explica Barrio.

O planetário funciona como centro de divulgação de astronomia,proporcionando conhecimento formal e informal, recebendo a visita desegunda a sexta-feira de escolas de ensino fundamental e médio, comagendamento prévio. No domingo é aberto à comunidade em geral, comprogramação especial para crianças, a partir das 15h. Ele funcionatambém como laboratório da universidade para pesquisas e para a prá-tica da disciplina de astronomia, do curso de Geografia, que atual-mente também está disponível na modalidade núcleo livre.

A cúpula astronômica realiza sessões especiais, quando há al-gum evento cósmico visível do céu de Goiânia. “O último foi o trân-sito de Vênus, quando o planeta passa em frente ao sol. O fenômenofoi acompanhado por uma escola de ensino médio, que fez contatocom uma escola inglesa, e trocou experiências sobre como era feitaa visualização do fenômeno de cada lugar,” explicou o professorBarrio.

“Conhecer o universo é tudo, mas é preciso conhecer a ciênciaque nos envolve no dia-a-dia. Além disso, há muitas perguntas semrespostas, conseguimos entender como funciona o sistema solar,por exemplo, mas ninguém nunca foi ao sol, o que temos são mode-los, que como muitos ainda podem ser modificados”, ponderou oastrofísico. (Núbia Simão)

Criado o mestrado de Educação em Ciências e Matemática

Júlia M

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ano

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HÁ 36 ANOS O PLANETÁRIO DA UFG APROXIMA AS PESSOASDA ASTRONOMIA POR MEIO DE FILMES, OBSERVAÇÕES

TELESCÓPICAS, CURSOS E PALESTRAS

HÁ 36 ANOS O PLANETÁRIO DA UFG APROXIMA AS PESSOASDA ASTRONOMIA POR MEIO DE FILMES, OBSERVAÇÕES

TELESCÓPICAS, CURSOS E PALESTRAS