Upload
doancong
View
221
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE
DEFEITOS EM CÉDULAS
Área temática: Gestão da Qualidade
José Guilherme da Silva Gomes
[email protected] (LATEC/UFF)
Resumo: Em produtos gráficos de segurança não há seguridade ao menos que os mais altos padrões de qualidade
sejam aplicados durante a produção, resultando em um produto acabado conforme as especificações. Qualquer
impressão de baixa qualidade ou falta de compreensão do processo de produção, inevitavelmente enfraquece a
segurança do produto. Quanto mais pobre a qualidade e maior o desvio da especificação mais fácil se torna a
falsificação desses produtos. A essência da impressão de segurança é a capacidade de reproduzir o processo de
impressão de forma consistente e de uma maneira que não pode ser produzida por técnicas de impressão comerciais.
Como em qualquer processo produtivo, defeitos são gerados, mas o mesmo não pode ser classificado como “tolerável”
ou “rejeitado”, eles devem ser graduados nos termos de sua severidade. E esta tarefa se torna ainda mais complicada
quando a localização do defeito tem que ser levado em consideração. É uma prática comum aceitar uma pequena pinta
escura quando a mesma é localizada em uma área de baixo valor, próximo à borda de uma cédula, mas este defeito se
torna inaceitável se a mesma ocorre na área do “portrait” ou em algum elemento de segurança. Neste sentido, este
artigo tem como objetivo propor uma metodologia de avaliação de defeitos para cédulas no qual é impresso em uma
gráfica de segurança, buscando alcançar os muitos benefícios da aplicação da metodologia.
Palavras-chaves: impresso de segurança, classificação de defeito, gestão da qualidade.
ISSN 1984-9354
XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016
2
1 SITUAÇÃO PROBLEMA
A indústria gráfica é um setor muito competitivo, onde a qualidade dos produtos é um fator crucial na
obtenção e manutenção dos clientes. Um produto, segundo GARVIN (1992), possui as seguintes
dimensões no aspecto da qualidade: desempenho, características, confiabilidade, conformidade,
durabilidade, manutenção, estética e qualidade percebida.
No que tange a dimensão conformidade, que é quão perto o produto está de sua especificação, a
indústria gráfica, na sua maioria, utiliza-se da inspeção visual (produto vs. padrão) como ferramenta
para assegurar a qualidade do produto.
Uma avaliação de um impresso é feita tradicionalmente através de uma inspeção visual (método
qualitativo) comparando um padrão determinado pelo cliente versus o produto em questão. A
presença ou ausência de um atributo visual de um impresso (borrões, “spots”, textos falhados,
variação de cor e marcas estranhas) levaria à rejeição ou o aceite do trabalho.
A avaliação visual depende da percepção e de uma interpretação muito subjetiva. O avaliador (que
pode ser um impressor, inspetor da qualidade ou até mesmo o cliente) é influenciado por suas
experiências passadas e suas sensibilidades, portanto, um mesmo impresso avaliado por pessoas
diferentes pode ter resultados diferentes.
Todavia, se existisse um método pelo qual esses atributos pudessem ser entendidos e claramente ser
expressos a avaliação seria mais simples e exata, de tal forma que eliminaria as divergências de
interpretação entre avaliadores. Assim como uma medição de um peso (método quantitativo), existe
outro modo de avaliar um impresso, além do visual (método qualitativo)? Estas são as questões a
serem respondidas no desenvolver desta monografia.
2 OBJETIVO
O presente artigo tem como objetivo propor métodos de avaliação e tolerâncias para não-
conformidades em cédulas. A sua função é apontar possíveis defeitos que comprometam o impresso e
classificá-los de acordo com os níveis de qualidade previstos neste artigo, procurando auxiliar
inspetores de qualidade, impressores e clientes na avaliação de não-conformidades de materiais
impressos.
Vale ressaltar que este artigo foi desenvolvido de acordo com diversos documentos técnicos e normas
internacionais do setor gráfico. As referências bibliográficas destas normas podem ser encontradas na
seção específica.
3 ESTRATÉGIA DA PESQUISA
O rigor da qualidade pode ser classificado em três categorias: inferida, expressa não documentada, ou
expressa documentada. Níveis de qualidade inferidos são níveis para o qual não há requisitos
XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016
3
explícitos para o que foi negociado. O cliente neste cenário baseia-se nos conhecimentos e
experiência do impressor para criar um produto no qual o impressor acredita ser o melhor projetado
para as necessidades do cliente (Rees & Chung, 2007).
Há três possibilidades para um nível de qualidade inferido. A primeira e a mais ideal possibilidade é
que o produto atende as expectativas do cliente. A segunda é que o produto excede as expectativas do
cliente, e a terceira é que o produto falha ao atender as expectativas do cliente. Enquanto que exceder
as expectativas do cliente soe positivo, os custos de se manter o nível de qualidade maior que o
exigido serão absorvidos pelo produtor. A falha em atender às expectativas resultará na rejeição ou
repetição do trabalho. Quando os níveis de qualidade são expressos, mas não documentado, os
requisitos expressos pelo cliente ou são ou não atendidos. O não cumprimento de qualquer situação
irregular sobre os requisitos abre a porta para renegociação de um acordo de compensação (Rees &
Chung, 2007).
O Programa da Garantia da Qualidade através de Atributos (QATAP) é um bom exemplo da terceira
categoria do nível da qualidade esperado. A terceira categoria representa a situação onde a qualidade
é expressa e documentada. No final dos anos setenta, o Departamento de Controle da Qualidade da
GPO estabeleceu o Programa da Garantia da Qualidade através de Atributos (QATAP) para fornecer
especificações e procedimentos de garantia da qualidade para seus materiais impressos. O programa é
dividido em cinco níveis de qualidade. Em cada nível, as exigências de qualidade do produto sejam
claramente identificados e descritos em termos de atributos definíveis e mensuráveis no contrato
(Materazzi & Meade, 1977).
A avaliação da qualidade de um impresso, tradicionalmente, é executada de maneira visual, quando
avaliado pelo cliente. A presença ou ausência de atributos visuais de impressão indesejadas dentro de
um produto final (por exemplo, manchas, má legibilidade de texto, excessiva variação de cor, marcas
estranhas) levaria à rejeição ou aceitação de um trabalho. O modelo de QATAP define os atributos e
os procedimentos de captação de dados, e permite a utilização de um sistema de demérito para
determinar se um trabalho cumpre os critérios de qualidade requeridos. Na prática, um demérito de
impressão é atribuído a atributos do produto impresso que são inadequados, inaceitáveis, ou que
deixar de cumprir os requisitos específicos. O modelo permite que a qualidade de impressão possa
ser transformada em números, que pode, então, ser utilizados para fins de gestão e controle.
Contudo, esta metodologia é aplicada para impressos de uma maneira em geral, e o impresso cédula
pertence a um grupo específico do mundo gráfico e possui peculiaridades bastante específicas. Para
tanto, em 1992 um trabalho em conjunto realizado pelo Banco Nacional Holandês (DNB) e a fábrica
impressora Joh. Enschedé desenvolveram uma metodologia a fim de descrever critérios de qualidade
bastante simples e práticos, de modo que todos os envolvidos na fabricação de uma cédula tivessem o
XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016
4
mesmo conceito de tolerância para falhas de impressão. Esta metodologia relaciona falhas de
impressão admissíveis dentro de áreas dentro de uma cédula, visto que tem áreas mais sensíveis que
outras dentro de uma cédula (De Heiji, 2008).
Logo após a emissão das cédulas do EURO em 2002, o Banco Central Europeu adotou este método
para o controle de qualidade das cédulas do EURO, renomeando-o para “Modelo de Zoneamento”.
Figura 1 – Modelo de Zoneamento em uma cédula
Total
Pequeno
Furo
1 1 2 4
Pinta 0 1 2 3
Mancha 1 2 3 6
Máximo 2 4 7 13
Tabela 1 – Qualidade de Impressão definido pela quantidade de erros permitidos por área
Dentro do âmbito nacional a ABIGRAF elaborou um documento de avaliação de não conformidade
para impressos em offset. A sua função é apontar alguns possíveis defeitos que comprometam o
impresso e classificá-los de acordo com os níveis de qualidade dos produtos, procurando auxiliar
clientes e fornecedores na avaliação de não-conformidades de materiais impressos em sistema offset
(ABIGRAF, 2009).
XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016
5
4 PROCESSO PRODUTIVO DE CÉDULAS
Para elucidar como funciona o processo de fabricação de uma cédula, nas próximas linhas seguirá
uma breve descrição de cada etapa do processo produtivo da confecção deste produto.
O processo de fabricação de cédulas está dividido em fases descritas na tabela abaixo, as quais se
relacionam conforme fluxo de processo apresentado mais adiante neste artigo.
1 CONTAGEM DE PAPEL EM BRANCO
2 IMPRESSÃO OFFSET
3 IMPRESSÃO CALCOGRÁFICA REVERSO E ANVERSO
4 IMPRESSÃO SERIGRÁFICA
5 APLICAÇÃO DE BANDA HOLOGRÁFICA
6 CRÍTICA DE ESTAMPAS IMPRESSAS
7 IMPRESSÃO FLEXOGRÁFICA
8 IMPRESSÃO TIPOGRÁFICA SEGUIDA DE ACABAMENTO
AUTOMATIZADO 9 ENTREGA AO COFRE
Tabela 2 – Processos de fabricação de cédulas
4.1 CONTAGEM DE PAPEL EM BRANCO Destina-se a conferir o quantitativo de folhas do papel utilizado na impressão, recebidas do
fornecedor, mediante ordem de produção liberada.
4.2 IMPRESSÃO OFFSET
Caracteriza-se pela impressão simultânea do anverso e reverso do papel, não requerendo, portanto, a
necessidade de duas "entradas" deste em máquina. Essa particularidade, inclusive, torna impressoras
dessa natureza adequadas para a impressão de registros coincidentes. Trata-se um dos elementos de
segurança, próprios de impressão de offset simultânea, onde a arte é impressa no papel em seu
anverso e reverso, compondo elemento artístico, normalmente figuras geométricas, cujo registro é
perceptível quando o impresso é observado com iluminação (por transparência).
4.3 IMPRESSÃO CALCOGRÁFICA REVERSO E ANVERSO
Esta fase do processo, realizada em impressoras calcográficas, tem como característica principal
conferir relevo ao impresso, tatilmente perceptível. Cabe ressaltar que esta impressão é direta.
4.4 IMPRESSÃO SERIGRÁFICA
Tintas especiais com mudanças de cores, tais como OVI – Optical Variable Ink, OVMI – Optical
Variable Magnetic Ink ou iridescência confere um brilho específico e características que as tornam
ideais para aplicação em impressos de segurança. O processo de impressão serigráfico oferece o mais
alto nível de precisão e economia para aplicação de uma gama completa de OVI, OVMI e iridescente
XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016
6
e outras tintas opticamente variáveis. A característica única das tintas com mudanças de cores fazem
delas imediatamente reconhecida pelo público e extremamente difícil de reproduzir.
4.5 APLICAÇÃO DA BANDA HOLGRÁFICA
Processo de aplicação de dispositivos opticamente variáveis em banda e/ou localizado, pelo processo
de estampagem a quente (hot stamping). O adesivo é termicamente ativado durante o processo de
estampagem à quente com alta velocidade, precisão e qualidade.
4.6 CRÍTICA DE ESTAMPAS IMPRESSAS
Cabe ao processo de crítica a fase de inspeção visual e contagem (mecânica ou manual) das estampas
semi-acabadas, com o intuito de detectar possíveis não-conformidades na impressão e conferir o
quantitativo proveniente das etapas anteriores.
As estampas não conformes são encaminhadas ao setor de descaracterização e em seguida
descaracterizadas.
4.7 IMPRESSÃO FLEXOGRÁFICA
O envernizamento das cédulas aumenta a qualidade e segurança do produto em circulação, além de
estender sua vida útil no mercado. Este processo é realizado simultaneamente em ambos os lados da
folha pelo equipamento de aplicação de verniz, por meio de um sistema denominado impressão
flexográfica.
4.8 IMPRESSÃO TIPOGRÁFICA SEGUIDA DE ACABAMENTO
AUTOMATIZADO
Esta fase do processo é realizada em máquinas tipográficas e tem como característica a impressão
alfanumérica da cédula, onde a tinta depositada no grafismo dos caracteres (numeradores e clichês) é
transferida de forma direta para o papel. A impressão tipográfica obedece a regras estabelecidas com
o cliente.
Após a fase de impressão tipográfica, as cédulas passam pela fase de acabamento, onde as mesmas
são cortadas na dimensão especificada, embaladas e destinadas ao cofre de produto acabado, onde
esperam para serem entregues ao cliente.
Abaixo segue o macro-fluxograma do processo, onde os pontos em verde e amarelo são pontos no
processo onde a cédulas sofre algum tipo de controle da qualidade, portanto, são nestes pontos é que
sugere o emprego da metodologia proposta.
XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016
7
Figura 3 – Fluxograma do Processo de fabricação de cédula – Parte I
Figura 4 – Fluxograma do Processo de fabricação de cédula – Parte II
Iniciar impressão
offset
Inspeção
Estampas boas?
Fazer marcação
apropriada e segregar
Empilha-mento
ID
SIM
NÃO
Receber matéria prima
Contar papel cédula
Início
Secar
Realizar impressão
calcográfica do reverso
Inspeção
Estampas boas?
Empilha-mento
Secar
SIM
Fazer marcação
apropriada e segregar
ID
NÃO
Inserir banda holográfica
Realizar impressão
calcográfica do anverso
ID - Itens inspecionados não conformes segregados para descaracterização.
Inspeção
Estampas boas?
Empilha-mento
SIM
Fazer marcação
apropriada e segregar
NÃO
ID
Inspeção
Estampas boas?
Empilha-mento
Secar
SIM
Fazer marcação
apropriada e segregar
ID
NÃO
Inspeção
Estampas boas?
Empilha-mento
Secar
SIM
Fazer marcação
apropriada e segregar
ID
NÃO
Realizar crítica nas estampas
Estampas boas?
Empilha-mento
SIM
Fazer marcação
apropriada e segregar
ID
NÃO
Crítica
1
1
Estampas boas?
Empilha-mento
SIM
Fazer marcação
apropriada e segregar
ID
NÃO
Imprimir Numeração
Tipográfica
Inspeção
Numeração Conforme?
Empilha-mento
SIM
Fazer marcação
apropriada e segregar
ID
NÃO
Realizar Acabamento
(Cortar e Individualizar)
Inspeção
Acabamento Ok?
SIM
Fazer marcação
apropriada e segregar
ID
NÃO
Embalar
Cofre
Fim
ID - Itens inspecionados não conformes segregados para descaracterização.
XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016
8
5 CLASSIFICAÇÃO DE DEFEITOS
A classificação de defeitos qualifica a importância da não-conformidade para cada nível de qualidade
do produto. O grau do defeito determinará a aceitação ou a rejeição do produto final (Paladini, 1997).
Os defeitos são classificados em três categorias:
Variação Tolerável: são desvios da conformidade, que embora sejam defeitos, não impedem a
utilização ou afetem a informação do produto;
Variação Grave: são desvios da conformidade os quais são menos sérios que as variações
críticas, e resultam de alguma forma, na redução da usabilidade do produto ou afetam a informação;
Variação Crítica: são desvios da conformidade que seriamente afetam a usabilidade do produto
ou afetam drasticamente a informação.
6 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE DEFEITOS
Nas avaliações apresentadas neste artigo, uma seqüência sempre será seguida nas avaliações dos
defeitos:
1) A primeira avaliação sempre será visual, quando for constatado algum defeito, será necessária
uma próxima avaliação para definir se o defeito é tolerável ou não;
2) Na segunda abordagem será necessário o uso de instrumentos simples de medição, tais como:
lupa graduada, gabaritos e ou escalas milimétricas para mensurar o tamanho do defeito e assim
classificá-lo;
3) Por último, se não for possível mensurar ou classificar o defeito apontado com os instrumentos
mencionados acima, deve-se fazer uso de instrumentos mais sofisticados para determinar a
severidade do defeito. Instrumentos deste tipo são: microscópio digital, Densitômetro e escala digital
microscópica, etc.
Figura 5 – Seqüência de Avaliação de Defeitos
XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016
9
5.1 MANCHAS, PINTAS E FUROS
Definição: manchas, pintas e furos são pequenas deformidades, ou outras imperfeições em um
impresso que é originado no processo de impressão.
Exemplos: respingos de tinta, pintas causadas por blanqueta suja, sujeira, etc.
Instrumentos: 1) Avaliação Visual
2) Lupa graduada ou gabaritos
Procedimento: avaliar as manchas, as pintas e furos de acordo com as seguintes tabelas:
CLASSIFICAÇÃO DIÂMETRO
TOLERÁVEL X < 1mm
GRAVE 1mm ≤ X ≤ 3mm
CRÍTICO X > 3mm
Tabela 2 – Classificação de manchas, pintas e furos
Baseado no modelo de zoneamento utilizado no EURO, segue o zoneamento realizado na cédula de
R$100 onde as áreas em vermelho são aquelas que contêm características de segurança, áreas em
amarelo são aquelas que contêm texto e as áreas em azul são as áreas de fundo, as quantidades
máximas de defeito estão distribuídas de acordo com a zona conforme a imagem e tabela abaixo:
Figura 6 – Zoneamento da cédula R$100 – Anverso
XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016
10
Figura 7 – Zoneamento da cédula R$100 – Reverso
Furo,
pinta e
manchas
< 1 mm
Total
Pequeno
Furo 1 1 2 4
Pinta 0 1 2 3
Mancha 0 1 2 3
Máximo 1 3 6 10
Tabela 3 - Quantidade de manchas, pintas e furos toleráveis em regiões da cédula
5.2 MARCAS INDESEJÁVEIS
Definição e Exemplos: marcas estranhas são defeitos indesejáveis que não são manchas, pintas e
furos definidos na avaliação acima. Exemplos: borrão, linhas devido a arranhões na chapa, repinte,
marcas de óleo, manchas devido à limpeza, sobre-entintagem, etc.
Existem duas categorias de desvios para marcas estranhas, os quais são:
Categoria 1 - marcas que podem ser lidas pelo densitômetro e que cobrem uma área maior que 6.4
mm na sua menor dimensão
Categoria 2 - Marcas que não são abrangidas pela categoria 1. São classificadas pela sua gravidade
como a seguir:
Marcas leves – marcas que são visíveis sob condições de visualização padrão e que levemente
diminuem a aparência do produto. Ex.: marcas menores que 6,5mm2
XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016
11
Marcas médias – marcas que são visíveis sob condições de visualização padrão e que
moderadamente diminuem a aparência do produto. Ex.: marcas entre que 6,5mm2 – 13,0 mm
2
Marcas pesadas – marcas que são visíveis sob condições de visualização padrão e que seriamente
diminuem a aparência do produto. Ex.: marcas maiores que 13,0 mm2
Instrumentos: 1) Avaliação Visual;
2) Lupa graduada ou gabarito;
3) Densitômetro
Procedimentos:
Categoria 1:
a) Use o densitômetro com o filtro que dê a maior leitura
b) Medir três áreas onde há a maior densidade. Faça a média e determine a classificação do defeito
de acordo com o zoneamento da cédula:
Em áreas em vermelho não poderá conter marcas estranhas
Em áreas em amarelo e azul poderá conter 1 mancha < 0,01 de variação de densidade
Categoria 2:
a) Visualmente inspecionar as marcas sob condições de visualização padrão;
b) Com auxílio de lupa graduada, gabarito ou microscópio digital mensurar a marca indesejável e
classificá-la de acordo com o critério mencionado acima, respeitando o limite de quantidade de
marcas indesejáveis segundo tabela abaixo
Marcas
Indesejáveis Total
Leve 0 1 2 3
Média 0 0 0 0
Pesada 0 0 0 0
Máximo 0 1 2 3
Tabela 4 – Quantidade de marcas indesejáveis toleráveis em cada zona da cédula
XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016
12
5.3 QUALIDADE E UNIFORMIDADE DO TEXTO
Avaliação: os textos impressos na cédula, incluindo a numeração tipográfica, serão avaliados de duas
formas:
a) Variação da densidade do texto em relação à especificação;
b) Variação da dimensão do texto em relação à especificação
Instrumentos: 1) Avaliação Visual;
2) Microscópio Digital;
3) Lupa Milimetrada
Procedimento:
a) Variação do texto (ou tipo) em relação à especificação:
Medir a densidade do caractere do texto (ou numeração tipográfica) em suspeição e classificá-
la de acordo com a tabela abaixo:
TOLERANCIA – DENSIDADE CLASSIFICAÇÃO
X < ± 0,09 TOLERÁVEL
± 0,1 ≤ X ≤ ± 0,15 GRAVE
X > ± 0,15 CRÍTICO
Tabela 5 – Classificação de defeito do texto ou numeração tipográfica (Densidade)
b) Variação da dimensão do texto em relação à especificação:
Medir o tamanho do caractere do texto (ou numeração tipográfica) em suspeição e classificá-la de
acordo com a tabela abaixo:
TOLERANCIA – DIMENSÃO CLASSIFICAÇÃO
X < 0,08 mm TOLERÁVEL
XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016
13
0,08 mm ≤ X ≤ 0,10 mm GRAVE
X > 0,10 mm CRÍTICO
Tabela 6 – Classificação de defeito do texto ou numeração tipográfica (Densidade)
6 DADOS ESTATÍSTICOS
Para confirmar a aplicabilidade desta metodologia, este artigo faz-se uso de dados estatísticos de
defeitos apontados no ano de 2015 da produção da cédula, estes dados foram obtidos através do
Departamento de Cédulas da empresa em estudo. O gráfico mostra que 85% dos defeitos encontrados
no processo produtivo de cédulas no ano de 2015 poderiam ser avaliados pela metodologia proposta
neste artigo. Isto confirma a grande aplicabilidade da metodologia no processo produtivo em estudo,
segue o gráfico abaixo com os números:
33,50%
16,58%
13,12%
8,85% 8,75%6,77%
3,92%2,80%
1,83% 1,14% 1,03% 0,82% 0,22% 0,17% 0,17% 0,12% 0,10% 0,10% 0,01%0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
BO FI FT SG FR NR FE ED DG FV ES ER NF SO AM NE NT EO SI
DEFEITOS DECED - 2015
Gráfico 1 – Defeitos Produção do Real – 2015
XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016
14
Sigla Defeito Avaliação
AM AMASSADA -
BO BORRÃO Marcas Estranhas
ED ESTAMPA DOBRADA -
EO ESTAMPA COM ÓLEO Marcas Estranhas
ER ESTAMPA RASGADA -
FI FALHA DE IMPRESSÃO Marcas Estranhas
FR FOLHAS COM REPINTE
Marcas Estranhas, Pinta, Mancha
FT FORA DE TONALIDADE *RT 001/2015 e 003/2015
ES ESTAMPA SUJA
Marcas Estranhas, Pinta, Mancha
FE FORA DE
ENQUADRAMENTO -
SG SEGREGADAS
Marcas Estranhas, Pinta, Mancha
DG DEGOLA -
NF NUMERO FALHADO Qualidade e Uniformidade
do Texto
NE NUMERO ENTUPIDO Qualidade e Uniformidade
do Texto
NR NOTA RASGADA -
SO SUJA/OLEO Marcas Estranhas
FV FALHA DE VERNIZ -
SI SEM IMPRESSÃO Marcas Estranhas
NT NUMERO TROCADO -
Tabela 7 – Correlação entre defeito e tipo de avaliação
*RT001/2015 e 003/2015 são relatórios técnicos da empresa em estudo que abordam avaliação de cor
em impressos gráficos
7 CONCLUSÃO
A indústria gráfica recebe significativa influência da dinâmica competitiva do mercado, requerendo
posicionamento estratégico e tecnológico para agregar valor e vantagem competitiva em suas
operações. A classificação de defeitos propicia um entendimento melhor do processo, desta forma,
supre a gerência de informações para implementar ações de melhoria contínua na mitigação das
causas destes defeitos. Ademais, esta metodologia propicia um entendimento equânime entre vários
setores do processo produtivo que possui a tarefa de controlar a qualidade do produto, eliminando
assim divergências de análise entre setores e, até mesmo, uma divergência entre a relação fornecedor
XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016
15
vs. cliente. A empresa que foi objeto de estudo deste artigo, mostrou-se compatível para implantação
da metodologia onde a mesma tem uma abrangência determinante dentro da rotina do controle da
qualidade.
Portanto, a adoção desta metodologia em todas as fases de impressão da cédula, é um meio de
minimizar a subjetividade que existe na avaliação dos defeitos existentes. Com esta ferramenta a
gráfica em estudo será capaz de classificar os defeitos de acordo com a sua severidade e em conjunto
levando-se em conta as regiões mais sensíveis dentro de uma cédula.
8 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Associação Brasileira da Indústria Gráfica. Estudo Setorial da Indústria Gráfica no Brasil. São Paulo,
SP: ABIGRAF, 2009.
Chung, R., & Rees, M. (2007). A Survey of digital and offset print quality issues. Rochester Institute
of Technology - RIT Scholar Works
De Heiji, H.A.M.; “Quality Marks in Banknote Design”, De Nederslandsche Bank N.V, Eurosystem
Materials Committee, Athens 27-28 May 2008
GARVIN, D. A. Gerenciando a Qualidade: a visão estratégica e competitiva. Tradução de João
Ferreira Bezerra de Souza. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1992
GPO Contract Terms (QATAP): Quality Assurance though attributes program for printing and
binding. Washington: GPO, 2002. Disponível em: http://www.gpo.gov/pdfs/customers/qatap.pdf
Manual de Avaliação Técnica de Não-Conformidade em Impressão Offset: Associação Brasileira de
Tecnologia Gráfica (ABTG), 2016.
Disponível em
http://www.abtg.org.br/download/7k7n9l2i2d3y862y3a629j3g6l5w6s328e2v6s658y313
Materazzi, A. R., & Meade, C. B. (1977). GPO’s Quality Assurance Through Attributes
Program. TAGA Proceedings, 1977.
PALADINI, Edson Pacheco, Qualidade total na prática – implantação e avaliação de sistema de
qualidade total. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997.
XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016
16
ANEXO I ZONAS DE CRITICIDADE
(R$2, R$5, R$10, R$20, R$50)
ANVERSO
REVERSO
XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016
17
ANVERSO
REVERSO
XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016
18
ANVERSO
REVERSO
XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016
19
ANVERSO
REVERSO
XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 29 e 30 de setembro de 2016
20
ANVERSO
REVERSO
1