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José Queiroz de Miranda Neto Mestre em Geografia pelo Programa de pós graduação em Geografia da UFPA Prof. Assistente da UFPA

Projetos de aproveitamento hidrelétrico

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Trata dos projetos de aproveitamento hidrelétrico desenvolvidos na Amazônia, como forma de introduzir a implantação de umas das maiores urinas do Brasil: a UHE Belo Monte

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José Queiroz de Miranda Neto

Mestre em Geografia pelo Programa de pós graduação em Geografia da UFPA

Prof. Assistente da UFPA

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1. Abordagem do tema

Discutir sobre a geração de energia e as dinâmicas socioespaciais no contexto dos grandes empreendimentos hidrelétricos na Amazônia, com destaque ao empreendimento hidrelétrico Belo Monte.

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2. Energia e Sociedade

Um mundo sem energia é possível? O domínio da energia pelas

sociedade humanas.

Fontes de energia

Energia e Revolução Industrial

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3. Aproveitamento da energia hídrica

O uso da força das águas para gerar energia é bastante antigo e começou com a utilização das chamadas “noras”, ou rodas d’água do tipo horizontal.

Mas o acionamento do primeiro sistema de conversão de hidroenergia em energia elétrica do mundo ocorreria somente em 1897 quando entrou em funcionamento a hidrelétrica de “Niágara Falls” (EUA) idealizada por Nikola Tesla.

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4. Funcionamento de uma usina hidrelétrica

A água represada possui energia potencial gravitacional que se converte em energia cinética. Essa energia cinética é transferida às turbinas, que movimentam o gerador; e o gerador, por sua vez, converte essa energia cinética em energia elétrica a qual será enviada através de condutores ao seu destino.

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Porta de

controle

Represa

Corrente

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Turbina Francis

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Turbina Francis

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5. Dados gerais da potencial hidrelétrico no mundo

Estima-se que apenas um quarto do referido volume de água precipitada esteja efetivamente disponível para aproveitamento hidráulico.

A energia hidráulica disponível na Terra é de aproximadamente 50.000 TW/h por ano, o que corresponde, ainda assim, a cerca de quatro vezes a quantidade de energia elétrica gerada no mundo atualmente.

Atualmente, cerca de 20% da energia elétrica gerada no mundo todo é proveniente de hidrelétricas.

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Energia elétrica no mundo por tipo de combustível 1973 a 2003

Fonte: Annel, 2006

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2009

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6. Energia hidrelétrica no Brasil

O potencial hidrelétrico brasileiro situa-se ao redor de 260 GW. Contudo apenas 68% desse potencial foi inventariado.

O potencial hidráulico brasileiro, por bacia hidrográfica, é apresentado no quadro a seguir:

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6.1

6.1 Potencial Hidrelétrico no Brasil por Bacia Hidrográfica

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6.1.1

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6.2 Capacidade instalada no Brasil

6.2.1

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6.2.2 Potencia Instalada por Estado

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7. Usinas Hidrelétricas na Amazônia Em julho de 1934, foi decretado o Código das

Águas (Decreto Federal nº 24.643). Entretanto, a regulamentação do Código das Águas foi postergada por várias décadas.

Tal fato favoreceu a estruturação do setor elétrico a partir da construção de grandes barragens, primeiro na região Sudeste e, posteriormente, na Região Amazônica.

No auge do Governo Militar, as preocupações socioambientais eram tratadas de maneira extremamente reducionista.

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7. Usinas Hidrelétricas na Amazônia (cont.) Na década de 80, sob forte influência do

movimento ambientalista mundial, a política de construção de hidrelétricas começa a ser modificada.

Os grandes financiadores internacionais passam a exigir maior rigor no processo de licenciamento de hidrelétricas.

No Brasil pós 1986, o grau de exigência para projetos de geração energética, em particular, passou a aumentar a partir da regulamentação da Política Ambiental Brasileira e do estabelecimento de mecanismos legais de avaliação de impactos ambientais e licenciamento de atividades.

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7.1 Perfil geral das Hidrelétricas na Amazônia

Tucurui I e II

Inauguração: 1984 (1ª etapa) 2010 (2ª etapa)

Potência Instalada: 8.370 MW

Barragem: Altura 78 m e Extensão de 8.005 m

Área alagada: 2.850 km²

Localização: Tucuruí, Pará

Rio: Tocantins

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7.1 Perfil geral das Hidrelétricas na Amazônia

Tucurui I e II

Consequências:

a) Ampliação da potencia instalada na região Amazônica;

b) Inundação de 18, 5 milhões de m³ de madeira de alto valor comercial e várias espécies animais e vegetais;

c) Deslocamento de populações, que passaram a viver às margens do lago da usina sem acesso à infraestrutura urbana;

d) Criação de guetos de prosperidade (Vila permanente) que se tornaram enclaves socioespaciais;

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7.1 Perfil geral das Hidrelétricas na Amazônia

Balbina

Inauguração: 1989

Potência Instalada: 250 MW

Barragem: Altura 51 m Extensão de 2.826 m

Área alagada: 2.360 km²

Localização: Presidente Figueiredo, Amazonas

Rio: Uatumã

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7.1 Perfil geral das Hidrelétricas na Amazônia

Balbina

Consequências a) Citada como um erro histórico por cientistas e gestores pela baixa

geração em relação à área alagada, e pelas conseqüências disso.

b) É apontada como problemática também no que diz respeito à emissão de gases de efeito estufa, considerados causadores do aquecimento global.

c) Considerada por muitos a pior usina Brasileira em relação ao custo x benefício, já que a produção constante seria de apenas 64MW.

d) A construção do lago forçou o deslocamento de populações indígenas (Waimiri-Atroari)

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7.1 Perfil geral das Hidrelétricas na Amazônia

Samuel

Inauguração: 1989

Potência Instalada: 217 MW

Barragem: Altura 85 m

Área alagada: 560 km²

Localização: Cadeias do Jamari, Rondônia

Rio: Jamari

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7.1 Perfil geral das Hidrelétricas na Amazônia

Samuel

Consequências a) Atendeu a necessidade energética de vários municípios

isolados da região, como Guajará-Mirim, Ariquemes, Ji-Paraná, Pimenta Bueno, Vilhena, Abunã e a capital, Porto Velho.

b) Atualmente, 90% dos 52 municípios do Estado são atendidos com energia desse sistema isolado da Eletronorte.

c) O não desmatamento prévio da área inundada gerou anóxia (ausência de oxigênio) no fundo do reservatório, tal como em tucurui e balbina.

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8. Usina Hidrelétrica de Belo Monte

a) Cerca de 40% do potencial hidrelétrico brasileiro situa-se na Bacia Hidrográfica do Amazonas. Estima-se que cerca de 14% do potencial inventariado do país encontrem-se nesta sub-bacia (ANEEL, 2002a).

b) Próximo a Altamira, o rio Xingu sofre uma acentuada sinuosidade, formando a chamada Volta Grande. Segundo Ab’Sáber (1996), faz parte da zona de linha de queda sul amazônica, onde se situam alguns pontos favoráveis à implantação de hidrelétricas devido à existência de quedas naturais.

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8. 1 Dados Gerais

Inauguração prevista: 2015

Capacidade de geração: 11.000 MW (maior Usina Hidrelétrica Brasileira)

Área alagada: 516 km²

Localização: Abrange os municípios de Vitória do Xingu, Brasil Novo e Altamira.

Rio: Xingu

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8. 2 Breve histórico

• 1975 - Iniciado os Estudos de Inventário Hidrelétrico da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu;

• 1980 – Começam os estudos de viabilidade técnica;

• 1982 – Primeiro encontro dos povos indígenas do Xingu (manifestação da índia Tuíra)

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8. 2 Breve histórico

• 1994 – Projeto remodelado (diminuição da área inundada de 1.225 Km² para 440 Km²)

• 2007 - O Tribunal Regional Federal da 1ª Região, de Brasília, autoriza a participação das empreiteiras Camargo Corrêa, Norberto Odebrecht e Andrade Gutierrez nos estudos de impacto ambiental da usina.

• 2010 - A licença é publicada em 1º de fevereiro;

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8. 2 Breve histórico

• Fevereiro de 2010, a Nesa (Norte Energia S.A.) assinou o contrato com o consórcio vencedor no valor de R$ 13,8 bilhões para construção da usina, esperando obter um financiamento de R$ 19 bilhões para a obra orçada em R$ 25 bilhões.

• 2011 - Ibama concede ao Consórcio Norte Energia licença válida por 360 dias para a construção da infraestrutura que antecede a construção da usina;

• Abril de 2011, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) pediu a suspensão da obra afim de garantir os direitos dos índios, após várias comunidades tradicionais encaminharem denúncias à OEA.

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“Nós, os que zelamos pelo nosso rio Xingu, não aceitamos a invisibilidade que nos querem impor e o tratamento desdenhoso que o poder público tem nos dispensado. Nos apresentamos ao País com a dignidade que temos, com o conhecimento que herdamos, com os ensinamentos que podemos transmitir e o respeito que exigimos. Esse é o nosso desejo, essa é a nossa luta. Queremos o Xingu vivo para sempre”

Trecho final da Carta Xingu Vivo para Sempre (Altamira, 23 de maio de 2008)