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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTORIA SOCIAL PÂNTANO. MONTANHA. DESERTO: Variações discursivas da retórica política africana (meados do séc. XX) Nacionalismo, anti-colonialismo, pan-africanismo Nível: Doutorado Projeto para concessão de bolsa de Doutorado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). ALUNO: Felipe Paiva Soares ORIENTADOR: Maria Cristina Cortez Wissenbach

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTORIA SOCIAL

PÂNTANO. MONTANHA. DESERTO:

Variações discursivas da retórica política africana (meados do séc. XX)

Nacionalismo, anti-colonialismo, pan-africanismo

Nível: Doutorado

Projeto para concessão de bolsa de

Doutorado pela Fundação de Amparo à

Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

ALUNO: Felipe Paiva Soares

ORIENTADOR: Maria Cristina Cortez Wissenbach

São Paulo2015

APRESENTAÇÃO E DELIMITAÇÃO DO TEMA

O tema central deste projeto de pesquisa é a formação, consolidação e,

principalmente, circulação da retórica política de cunho pan-africano, nacionalista e

anticolonial na África contemporânea. Nesta vertente incluímos autores que procuraram

responder, no terreno discursivo e na ação política concreta, ao imperialismo europeu no

continente. O destaque recairá sobre a trajetória de três figuras-chave desta seara,

respectivamente: o líder camaronês Ruben Um Nyobe (1913 - 1958), o monarca etíope

Haile Selassie (1892 - 1975) e o chefe de Estado egípcio Gamal Abdel Nasser (1918 -

1970). Seus escritos serão, portanto, as fontes principais deste trabalho.

Trata-se de um corpus autoral ligado por uma experiência histórica comum.

Por este motivo, elementos centrais de suas argumentações são intercambiáveis,

comunicando-se entre si. Por outro lado, o contexto mais delimitado de produção e

engajamento levou cada um deles a enfatizar aspectos distintos da realidade colonial e a

erigirem justificativas diferentes para endossar, no plano das ideias, a iniciativa

anticolonial, a independência nacional e a união continental. O fato de estarem em um

mesmo continente pesa nas consonâncias discursivas, tanto quanto o fato de serem

provenientes de diferentes nações pesa nas dissonâncias.

Essa discussão remete a alguns dos elementos centrais das hipóteses sugeridas:

não foi outro fator senão o colonialismo, ou, melhor dizendo, as respostas opositivas

dadas pelos africanos ao fato colonial, que ajudou a construir o sentimento de vínculo

identitário profundo no continente. Gestando, em simultâneo, as identidades nacionais.

Grosso modo, em fins do séc. XIX e princípio do XX, todo o retábulo

continental cai diante do domínio imperialista, que se estendeu nos extremos - norte e

leste, sul e oeste. Mais cedo ou mais tarde o invasor chegaria. A colonização é vista,

assim, como experiência histórica global, não sendo estranho que existam elementos

comuns na retórica política dos principais líderes políticos da África contemporânea.

Dito isto, os personagens centrais desse trabalho são aqui representados pelos

seus pontos de localização. Do Pântano camaronês trazemos Ruben Um Nyobe, líder

político de primeira hora no conflito independentista deste país. Com o Deserto egípcio

referenciamos Gamal Abdel Nasser, oficial tornado chefe de Estado, que consolidou a

independência em seu país. Com a Montanha nos remetemos à Etiópia, a Alta, berço de

Haile Selassie, monarca de linhagem que protestou publicamente quando da intromissão

italiana.

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JUSTIFICATIVA

Nos últimos anos o Brasil tem se voltado mais para a África. Sendo isso o

resultado de um esforço de décadas, levado a cabo por movimentos sociais ligados à

diáspora africana e por acadêmicos interessados e socialmente engajados. A consciência

da real importância do continente para nós torna-se mais aguda, de maneira que “não se

entende mais a história do Brasil sem uma compreensão profunda acerca do mundo da

escravidão e nem a história do negro sem os estudos africanistas”. Há, no estudo do

continente, uma relevância tanto social quanto científica. Como afirmou Wissenbach, “a

História da África serve para desvendar paradigmas fortemente enraizados em nossa

cultura e de certa forma, ajuda-nos a entendê-los e a nos desembaraçar deles”. 1

Sem esquecer este imperativo, acreditamos que a temática merece ser vista de

dentro. Isto é, a luta anticolonial africana merece ser compreendida, também, pelo seu

valor intrínseco, historicidade interna e peso na conjuntura internacional. O diálogo

entre uma visão internalista2 e uma perspectiva aproximativa deve existir para que o

continente seja visto em tudo que nos forma e, também, em tudo que possui de próprio e

original, aí residindo a relevância social do tema. Tal nos leva à relevância científica.

Preliminarmente, cabe notar que a escolha dos pontos geográficos tomados

como polos referenciais não se deu acidentalmente. Afinal, eles são representativos não

só de espaços diferentes como de um recorte autoral distinto, mas igualmente relevante.

Em cada um desses lugares há a presença de nomes de grande peso para o discurso

nacionalista, o pan-africanismo e a luta anticolonial que se projetaram na chamada

década africana, isto é, o período que compreende o fim da segunda guerra e os anos de

1960. Período marcado pelo grande número de movimentações pela independência e

autodeterminação.

1 Maria Cristina Cortez Wissenbach, “Interface entre historiadores africanos e brasileiros sobre questões relativas à historiografia africana e contextos pós-coloniais de globalização”, Seminário Internacional A Pesquisa na universidade africana no contexto da globalização e interface com o Brasil: Perspectivas epistemológicas emergentes, novos horizontes temáticos, desafios. São Paulo, USP, 2012.2 “Visão internalista” é como se refere Muryatan Barbosa a respeito do marco teórico erigido por Joseph Ki-Zerbo para o estudo da História da África, Muryatan Barbosa, A África por ela mesma. A perspectiva africana na História Geral da África (Unesco), Tese de Doutorado, São Paulo: FFLCH – USP, 2011. Esta visão foi denominada por Ki-Zerbo como “perspectiva africana” e, como afirmamos em um trabalhor anterior: “De acordo com o modo como foi formulada, ela [a perspectiva africana] coaduna a postura ética com a científica e expressa uma sensibilidade pan-africana que, quando radicalizada, transforma-se em uma visão universalista do processo histórico. A África torna-se pátria [como a define Ernst Bloch], isto é, uma construção realizada no presente e posta em prospectiva no amanhã; na libertação do continente”. Felipe Paiva, A Polifonia Conceitual, Dissertação de Mestrado, Niterói, PPGH –UFF, 2014.

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Apesar de serem ponta-de-lança da ação política as obras e as trajetórias dos

sujeitos da investigação – Nyobe, Nasser e Selassie - ainda são pouco conhecidas do

público em geral, mesmo dentro do meio acadêmico. Ficando presos, quando muito, a

círculos especializados. Sobre suas trajetórias individuais sequer notamos produção

historiográfica no Brasil, apesar da existência de trabalhos que citem estes líderes.

Destacamos, por ora, as publicações mais recentes de Paulo Fagundes Visentini,

especialmente sua apresentação da revolução etíope que destronou Haile Selassie e seu

estudo profundo acerca da realidade árabe contemporânea, incluindo o Egito e Gamal

Abdel Nasser.3

A principal diferença entre o que propomos e o que já foi realizado por Visentini

reside no foco e na abordagem. Nosso trabalho se deterá especifica e detalhadamente no

percurso individual e retórico de personagens que Visentini apresenta, mas não

verticaliza a análise. Respectivamente, Selassie e Nasser. Igualmente importante é o fato

de inserirmos o Egito dentro do contexto africano. Não o vendo, portanto, como parte

do “Oriente Médio”, como faz Visentini.4

O mais importante: salvo isso não encontramos nada acerca de Nasser e Selassie

produzido no Brasil. A fortuna bibliográfica sobre a trajetória do líder camaronês Ruben

Um Nyobe, em termos historiográficos brasileiros, é ainda mais escassa. Este

personagem se dilui, quando muito, em quadros gerais sobre os conflitos

independentistas africanos não havendo fora isso nada de mais substancial, o que torna

seguro dizer que, em seu caso, há um profundo vazio historiográfico a ser preenchido.

Já no tocante ao panorama retórico no qual se inserem os autores – isto é, ao

nacionalismo africano, o anti-colonialismo e ao pan-africanismo - já se faz notar certa

produção. Sendo esta ainda tímida, em extensão, se comparada com a produção

acadêmica de outros países, apesar de nada dever em qualidade.

Pouco conhecido dos brasileiros, das publicações estrangeiras mais atuais

acerca de Um Nyobe merecem destaque o ensaio Sortir de la grand nuit (2014), de

Achille Mbembe;5 o livro de Emmanuel Konde, African Nationalism in Cold War

3 Paulo Fagundes Visentini, As revoluções africanas. Angola, Moçambique e Etiópia, São Paulo, Unesp, 2013. Paulo Fagundes Visentini, O grande Oriente Médio. Da descolonização à primavera Árabe, São Paulo, Elsivier, 2014.4 Frisamos que uma abordagem não exclui a outra. Sendo ambas essenciais para compreender a complexidade da realidade egípcia enquanto nação transcontinental.5 Achille Mbembe, Sortir de la grand nuit. Essai sur l’Afrique décolonisée, Paris, La Découvert, 2013. Ainda que não se detenha somente na figura do líder camaronês esse ensaio de Mbembe oferece, partindo da biografia de Nyobe, uma importante reflexão acerca da descolonização africana.

4

politicis (2014), que traz um estudo acerca do programa político de Nyobe;6 e ainda a

investigação de Ekum’A Mbella Bwelle, Camaroun - De l’UPC au Manidem (2012),

que consiste em uma análise sobre a trajetória do UPC, União das populações de

Camarões, partido fundado por Nyobe.7

A vida e obra de Haile Selassie tem sido tema para inúmeras publicações. Para

os nossos fins cabe citar o consagrado estudo de Harold Marcus – Haile Selassie: The

formative yaears (1987)8 – e a biografia mais atual, de autoria de Ryszard Kapuscinski –

Il Negus: Splendori e miserie di un autocrate (2014).9

Sobre Nasser merecem relevo os trabalhos clássicos. Destes, as biografias mais

completas do líder egípcio escritas, respectivamente, por Peter Mansfield, Nasser’s

Egypt (1969)10 e Robert Stephens, Nasser: A political biography (1975)11. Biografias

estas atualizadas pelos trabalhos mais recentes de Benjamin Geer, The Priesthood of

Nationalism in Egypt (2011)12 e Hazem Khaled Kandil, Power Triangle (2012).13

Tendo em vista esse conjunto de autores, em termos de abordagem básica suas

pesquisas se assemelham. Partem da biografia do indivíduo, inserindo-a em seu

contexto histórico mais amplo – geralmente enfatizado pelo recorte nacional e

eventualmente comportando seus partidos políticos – intercalando uma apresentação

mais ou menos crítica, dependendo do pesquisador, de sua produção intelectual. Logo,

em que pese a grande qualidade dessas análises elas são trabalhos monográficos

centrados em um único autor. Inversamente, o que se propõe aqui é a articulação, o

diálogo comparativo e a crítica teórica profunda entre diferentes pensamentos e

trajetórias.

Trabalhos que buscam enveredar por esta ótica articulativa entre diferentes

trajetórias de pensamento ou que retratam o panorama retórico dos personagens: anti-

colonial, nacionalista e pan-africano, não chegam a ser raros. Um estado da arte sucinto

deve incluir as pesquisas de Aid e Sherwood (2003), Devés Valdés (2008), Hallen

Barry (2002), Thandika Mkandawire (2005), Gaston-Jonas Kouvibidila (2013), Phambu

6 Emmanuel Konde, African Nationalism in Cold War Politics (1952 - 1954). Cameroons’Um Nyobe presentes the UPC program for authentic idependence at the United Nations, New York, Xlibris, 2014.7 Ekum’A Mbella Bwelle. Cameroun : De l’UPC au Manidem, Paris, Harmattan, 2012.8 Harold G. Marcus, Haile Selassie, California, University of California Press, 1987.9 Ryszard Kapuscinski, Il Negus. Splendori e miserie di un autocrate, Turino, Feltrinelli, 2014.10 Peter Mansfield, Nasser’s Egypt, Nova York, Penguin, 1969.11 Robert Stephens, Nasser - A political biography, Londres, Penguin, 1975.12 Benjamin Geer, The priesthood of nationalism in Egypt. Duty, Athority, Autonomy, Tese de doutorado, Escola de Estudos Orientais e Africanos, Londres, Universidade de Londres, 2011.13 Hazem Khaled Kandil, Power Triangle. Military, Security, and Politics in the Shaping of the Egyptian, Iranian, and Turkish Regimes, Tese de doutorado, Los Angeles, Universidade da Califórnia, 2012.

5

Ngoma-Binda (2013), Bouamama Said (2014) e Boukari-Yabara Amzat (2014).14 Das

pesquisas baseadas em solo brasileiro cabe destacar Leila Maria Leite Hernandez (2005)

e Antônio Sérgio Alfredo Guimarães (2003).15

A semelhança entre estes autores reside no fato de em algum ponto de seu

trabalho terem buscado relacionar, em alguma medida, múltiplas trajetórias intelectuais,

costurando-as na malha de alguma tradição retórica que teve vez na África

contemporânea – seja o nacionalismo, o pan-africanismo ou o anti-colonialismo. Nisto,

nos são referências importantes. A diferença, neste caso, entre o já feito e o que

propomos reside no instrumental analítico e na abordagem.

Primeiramente, a presente pesquisa busca conjugar três trajetórias bastante

específicas, verticalizando no máximo do possível o exame crítico em cada uma delas

individualmente, para então iniciar o exercício comparativo. Não se trata de fazer um

panorama acerca dos autores, somando-os a outros, associando-os à sua tradição

intelectual, intercalando com o seu contexto de produção – tarefa já bem realizada por

Aid e Sherwood e Leila Hernandez, por exemplo. Tampouco nos delimitamos a partir

da diáspora africana, como Guimarães, ou da África sul-saariana – a exemplo de Devés-

Valdés.

A abordagem proposta tem por escopo as vertentes da retórica política de

caráter intracontinental. Isto é, nos voltamos principalmente para dentro do continente.

O espaço diásporico – relacionado a países da África sul-saariana, como Camarões e

Etiópia – e o Oriente Médio – relacionado com a África norte-saariana, onde se localiza

o Egito – serão aqui considerados somente de forma tangencial.

Em que pesem estas dessemelhanças e aproximações acerca da abordagem e do

foco investigativo, a principal diferença deste trabalho para com os já existentes, o que

lhe justifica no plano epistemológico, reside em seu instrumental analítico. Ancorado na

categoria de variações, esse instrumental será pormenorizado na sequência. Valendo-

nos de uma metáfora cabe dizer, por ora, que tal como em uma composição de Charles 14 Hallen Barry, A short history of African Philosophy, Bloomington, Indiana University Press, 2002. Hakim Aid; Maria sherwood, Pan-african History. Political figures from Africa and diaspora sice 1787, Londres, Routledge, 2003. Thandika mkandawire, (Edit.), African intellectuals, Nova York/Londres, Codesria/Zed Books, 2005. Devés Valdés, O pensamento africano sul-saariano, Rio de Janeiro, Clacso-EdUCAM, 2008. Gaston-Jonas Kouvibidila, Histoire de La construction de L’Afrique, Paris, L’Harmattan, 2013. Phambu Ngoma-Binda, La pensée politique africaine contemporaine, Paris, L’Harmattan, 2013. Bouamama Said, Figures de La révolution africaine. De Kenyatta à Sankara, Paris, La Découverte, 2014. Boukari-Yabara Amzat, Africa Unite! Une histoire du panafricanism, Paris, La Découvert, 2014.15 Leila Leite Hernandez, A África em sala de aula. Visita à história contemporânea, São Paulo, Selo Negro, 2005. Antônio Sérgio Alfredo Guimarães, “A modernidade negra”, Teoria e pesquisa, São Carlos, SP, jan. e jun, 2003.

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Mingus ou Arvo Pärt não costuma ser hermeticamente fechada, mas antes aberta a

mudanças - uma estrutura básica a partir da qual se desdobram inúmeras variações.16

Assim também a retórica política africana é o solo retórico, a partitura, para variações

discursivas que tanto podem se assemelhar como se repelir umas às outras.

Finalmente, a escolha do Programa de Pós-Graduação em História da USP não

se dá por acaso. Nele foram desenvolvidos muitos dos principais trabalhos acerca do

continente africano, sob orientação de um corpo docente de reconhecida competência.

Sendo um Programa pioneiro em aprofundar, no meio acadêmico brasileiro, a temática

da África e da diáspora africana. Sendo um exemplo desse pioneirismo o Congresso

Internacional “Escravidão”, realizado em junho de 1988. Seguido por inúmeros outros.

O Centro de Estudos Africanos da USP, criado nos idos de 1965 – sendo um

dos primeiros desse tipo no Brasil -, tem sido palco de diversos cursos, eventos e

discussões de pertinência para a pesquisa. Ato contínuo, outros programas de pós-

graduação da USP têm tido lugar de relevo na pesquisa africanista, a exemplo do

Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social. Campo com o qual o diálogo

disciplinar é sempre enriquecedor.

Para além do círculo universitário, a cidade de São Paulo mostra-se como lugar

privilegiado para realização da pesquisa. O ambiente cosmopolita e a existência de

centros de pesquisa independentes – dentre os quais destacamos a Instituto Cultural

Casa das Áfricas – contribui de maneira determinante, oxigenando o trabalho.

HIPÓTESES E OBJETIVOS

Este trabalho possui duas hipóteses a serem demonstradas:

a) Existem correntes de pensamento político que tiveram vez na África no período das independências. Tais correntes referem-se ao nacionalismo, ao anti-colonialismo e ao pan-africanismo. Estas correntes são compostas por diferentes elos que se encontram em variadas partes do continente, o que os une é o fato de partilharem de uma mesma experiência histórica sensível: o imperialismo colonial.

16 Pense-se, por exemplo, na famosa composição de Mingus, “Goodbye, Pork, Pie Hat” de 1959. Que ele chegaria a rebatizar em 1963, intitulando-a “Theme for Lester Young”, mas voltando ao título original em 1977. Da mesma forma, ela sairia um pouco da influência do Bebop e do Cool Jazz para se aproximar do Fusion em sua última variação. Já Pärt adere a mudanças menos radicais, sendo a sua música a repetição de uma mesma base com ligeiras variações. Em seu caso, as variações acontecem dentro de uma mesma versão de suas composições. Seja como for, no caso de compositores que se valem de variações é o múltiplo que determina o uno.

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b) A retórica política que alicerçou este pensamento pan-africano, nacionalista e anti-colonial deve ser vista como uma estrutura básica para inúmeras argumentações e elucubrações diferentes e mesmo divergentes entre si, que buscaram legitimar no plano argumentativo a ação política que se desenrolava na prática. Portanto, tal retórica desenvolve-se através de alterações sucessivas no tempo e no espaço, o que chamamos por variações discursivas.

Com estas hipóteses entrelaçadas em mente buscamos alcançar os seguintes objetivos:

1) Analisar o lugar que a ancestralidade possui nas argumentações de cada autor. Qual a ideia, portanto, faziam dos tempos pré-coloniais e das iniciativas anticoloniais que os precederam. Cabe debruçar-se sobre o papel de capital político do passado articulado com um presente em transformação.

2) Examinar o lugar e o papel que o continente possui no discurso político dos autores. Qual era, precisamente, a África de cada um. Em que termos exatos colocavam e referiam-se ao continente, como o imaginavam, por conseguinte.

3) Investigar o lugar que a nação possui na retórica política expressa pelos autores. Quais os mecanismos argumentativos utilizados para imaginar politicamente o constructo do Estado-nacional e como ele se conjugaria com o constructo maior do continente.

4) Para além da identidade nacional e continental cabe investigar quais os demais vínculos identitários evocados e erigidos pelos autores. Portanto, cabe uma análise do papel dos vínculos étnicos, religiosos e de outros tipos presentes nos escritos selecionados.

5) Uma investigação acerca da autoimagem dos sujeitos. Qual a auto-representação que os políticos faziam de si e deixavam circular através dos órgãos de suas organizações e partidos políticos. Que ideia de si eles queriam passar à população e, também, ao que viam como adversário: o colonialismo. Neste caso, cabe uma análise dos registros fotográficos dos autores durante a época de sua atuação política.

6) Finalmente, uma análise das estratégias discursivas de cada autor para legitimar a soberania de sua nação e a libertação do continente. Cabe destrinchar quais os aspectos ideológicos formadores de cada um dos personagens. Quais as notas específicas do acorde político-ideológico de cada um e como entravam em consonância ou dissonância entre si.

QUADRO TEÓRICO

O desenho do quadro teórico desta investigação obedece às múltiplas cores que

pretendemos usar. Incluindo-se, em um plano de destaque, a história social do político,

a biografia individual, o comparativismo e a análise do discurso. Todavia, o relevo

maior, o trompe-l’oeil que deve se aproximar de nossos olhos, será o subjacente à

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relação e diálogo simultâneo entre as diferentes manifestações de uma retórica-chão

baseada em um horizonte político comum. A esta abordagem dialógica multireferencial

designamos por variações discursivas.

Em teoria musical designa-se por variações as exposições sucessivas de um

tema apresentadas em formas e contextos alterados.17 Tomando de empréstimo esta

noção musical propomos a noção de variações como aporte teórico que pretende a

verificação das alterações acerca de um mesmo tema delimitador – a oposição africana

ao colonial-imperialismo europeu -, circunscrito em marcos retóricos comuns – o pan-

africanismo, o nacionalismo e o anti-colonialismo.

Neste sentido, os marcos retóricos e o tema a que ele diz respeito são as

estruturas básicas para as variações. Através da leitura atenta das fontes - compostas

pelos principais escritos político-ideológicos dos autores - propomos uma análise das

variações discursivas acerca da formação e consolidação da retórica pan-africana,

nacionalista e anticolonial na África.

O instrumental analítico em questão permite descortinar os traços fundamentais

de cada alteração que o discurso político – acompanhado simultaneamente por esses três

elementos - sofreu na sua trajetória ideológica, levando-se em conta tanto as diferenças

espaciais quanto temporais em sua inserção nos escritos de Nasser, Nyobe e Selassie.

Igualmente, interessa a essa investigação não só os acontecimentos em si – que

poderiam ser resumidos no conflito anticolonial camaronês, na derrocada da monarquia

etíope sob a invasão colonial italiana e no golpe de Estado dos oficiais livres egípcios,

mas, principalmente, quais os valores subjazem a estes eventos.

Para que se possa falar em variações discursivas é preciso que haja tanto o

deslocamento de contexto quanto uma mudança de forma, ou mesmo de conteúdo,

derivada da base original. É preciso lembrar, com Edward Said, que as ideias - e a

retórica em que elas são expressas, acrescentamos - viajam constantemente indo “de

uma pessoa a outra, de uma situação a outra e de uma época a outra”. É este movimento

nômade e incerto que mantem viva e pulsante a vida intelectual e o entorno prático que

a circunda. Assim, os deslocamentos de ideias que permeiam as porosidades espaço-

temporais, são simultaneamente “uma realidade da vida e uma afortunada condição

instrumental da atividade intelectual”.18 Segundo Said, tal fenômeno acontece em etapas

as quais atentaremos neste trabalho.

17 Stanley Sadie, Dicionário Grove de Música, Rio de Janeiro, Zahar, 1994, p. 980.18 Edward Said, El mundo, el texto y el crítico, Buenos Aires, Debate, 2004, p. 303.

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Primeiramente, “há um ponto de origem, ou o que parece sê-lo, um conjunto de

circunstâncias iniciais sob as quais nasceu a ideia ou ingressou no discurso”. Em

seguida, há a segunda etapa dessa viagem, que acontece quando uma distância é

atravessada, “um passo através da pressão de diferentes contextos à medida que a ideia

passa de um momento anterior a outro tempo e lugar em que alcançará uma nova

relevância”. 19

Na sequência, há uma terceira etapa desta viagem que reside em um conjunto de

“condições de aceitação” que confrontam a ideia transplantada, fazendo possível sua

introdução ou tolerância. Por fim, a ideia, já adaptada ou incorporada, parcial ou

completamente, se vê até certo ponto transformada por seus novos usos, suas novas

posições e novas condicionantes espaço-temporais. 20

As três últimas etapas serão especialmente tematizadas, pois dizem respeito ao

momento em que alguns dos elementos retóricos básicos já se encontram postos na tela

da história, sendo matizados com novos tons argumentativos, dissolvendo-se em novas

noções político-ideológicas colocadas em circulação. Interessa, portanto, não tanto a

fase de “criação” do pan-africanismo, do nacionalismo ou do pensamento anticolonial,

mas sim a sua difusão e consequentes metamorfoses em solo africano. Trata-se de uma

questão de prioridade investigativa e ênfase analítica.

Em nosso caso, portanto, o múltiplo determina o uno. As variações tornam-se,

com isso, o oposto complementar da genealogia – entendida aqui em sentido estrito

enquanto estudo da gênese, origem. Enquanto a última enfatiza a origem de algo -

podendo eventualmente traçar, a partir disso, seus desdobramentos -, a primeira

preocupa-se com os desdobramentos para, retrospectivamente, apontar a origem, sem

nela se deter. Por este motivo, o instrumental analítico proposto é especialmente útil nas

fases que se seguem à criação da retórica, quando ela se encontra transformada por

novos usos, posições e condicionantes espaço-temporais.

As novas condicionantes determinam as variações que se declinam após o

nascimento da ideia e retórica anti-colonial, nacionalista e pan-africana, de forma que

elas passam a ser matizadas por elementos próprios da trajetória intelectual e militante

de cada político em questão. A partitura já se encontra feita, mas cada um a escreverá

sob uma clave distinta. Estas claves serão grafadas sob a insígnia de elementos

19 Idem, p. 304.20 Idem, Ibidem.

10

geralmente tidos como advindos da modernidade política e/ou do grande retábulo

heterogêneo comumente chamado por “valores tradicionais africanos”. 21

A empresa retórica que subsiste em determinado círculo intelectual é vista,

assim, como uma manifestação de coerência que relaciona a parte e o todo, a visão de

mundo e os textos em seus mínimos detalhes, a realidade social e os escritos dos

membros particularmente importantes de um grupo. 22

Estes membros são tanto autores da política, como, também, atores na política.

Colocam-se na fronteira daquilo que Gramsci designou como sendo o cientista da

política – aquele que se move dentro da realidade efetiva – e o político em ato – aquele

que toma a realidade efetiva e procura transformá-la. 23 Para correta apreensão desta

dupla função que exerciam, é importante pôr-se na esteira de John Pocock naquilo que

respeita ao diálogo entre pensamento político e história. Neste sentido, entendemos por

“pensamento político” uma multiplicidade de atos de fala realizados por usuários de

uma linguagem e contexto histórico comuns.24

Duas tarefas simultâneas se colocam neste tipo de empreendimento, de um lado

cabe a reconstrução histórica propriamente dita. Por outro lado, cabe a reelaboração

teórica para “entender o pensamento político de tempos anteriores elevando-o a níveis

cada vez mais abstratos e gerais”. Em resumo, é preciso atentar tanto para o pensamento

quanto para a experiência. Em outras palavras: importam somente os princípios

enunciados que fazem parte da ação, ou que guardam íntima relação com a ação em si,

cabendo, por conseguinte, estudá-la em consonância com esse contexto. Não se propõe

estudar estritamente o texto senão a linguagem e o contexto. 25

METODOLOGIA E FONTES

Por não ter limites intrínsecos a retórica política possui natureza elástica visto

que deriva, também, da atividade intelectual, e esta é tanto intensa quanto eclética. Com

isso não esquecemos que as variações discursivas de uma linguagem política têm vez

em uma situação histórica específica da qual forma parte enquanto um acontecimento.

21 Joseph Ki-Zerbo; et alii..., “Construção da nação e evolução dos valores políticos” In Ali Mazrui (Edit.), História Geral da África. Vol. VIII, São Paulo, Cortez, 2012, p. 576.22 Edward Said, El mundo, el texto y el crítico, op. cit., p. 312.23 Antonio Gramsci, Quaderni del Carcere, Turino, Einaudi, 1977, p. 1577. 24 John Pocock, op. cit., pp. 6, 7.25 Idem, pp. 22, 25, 26, 27, 103.

11

Os fatores tempo e espaço são, portanto, condições irredutivelmente prévias que

apresentam limites e exercem pressões diante das quais cada autor responde através do

talento, predileção e interesses que lhes são próprios.

A retórica discursiva africana do período das independências deverá ser

entendida, por conseguinte, “no lugar e tempo dos quais emerge como parte desse

tempo, trabalhando para ele, respondendo a ele”. 26

Por conseguinte, para plena apreensão das variantes discursivas deve-se atentar

onde se localizavam os autores/atores no momento em que as gestaram, qual a

repercussão exata que o discurso teve na prática, o impacto sobre a sociedade como um

todo. Visto isso, um imperativo metodológico pode ser resumido em não esquecer o

lugar específico de observação e participação do sujeito na história. Logo, cabe não

esquecer que nossos personagens eram intelectuais. Estavam inseridos nesse estrato de

suas realidades e, a partir dele, lançavam seu olhar sobre a malha social, ao mesmo

tempo em que procuravam tecer-lhe nova costura.

Nos termos de François Sirinelli os intelectuais formam um grupo social que,

apesar de possuir limites imprecisos e contornos vagos, deve ser sublinhado. Afinal, são

eles “os detentores do sentido das palavras: eles as forjam e as transmitem, e por isso

mesmo se encontram nos dois lugares-chave da expressão cultural: a formulação e a

transmissão”.27

Tal acontecerá através de uma crítica interna das obras, que será associada, e

inserida, no quadro em que as obras surgem. Quadro este que inclui a história de vida de

cada um, os principais aspectos de sua formação política e cultural, a realidade concreta

de suas causas e lutas particulares e, por fim, a história de suas próprias nações.

Reconstrói-se, neste sentido, “a atuação do autor para estudar o texto como um evento

(algo que sucede) e como ação (algo que se faz)”.28

No entanto, os personagens advêm de espaços diferentes. Entre o pântano

camaronês, o deserto egípcio e a montanha etíope se interpõem quilômetros de

distância. Desse modo, cada autor, representante de um processo de mudança social

espacialmente delimitado, remete aqui a um fragmento de uma tapeçaria muito maior.

26 Edward Said, op. cit., pp. 308, 317, 323. 27 Jean-François Sirinelli, “Os intelectuais do final do século: XX: abordagens historiográficas e configurações historiográficas” In Cecília Azevedo, et alii (Org.), Cultura política, memória e historiografia, Rio de Janeiro, FGV Editora, 2009, p. 47.28 John Pocock, op. cit., p. 122.

12

A imbricação entre o fragmento e o conjunto é, também, como argumenta

Pocock, uma exigência metodológica, de maneira que o pensamento político de uma

sociedade em um momento dado só resultará historicamente inteligível se entendido

como uma sequência de modelos de pensamento que intercambiam teóricos políticos

diferentes. Por este enfoque, torna-se mais aguda a consciência dos espaços de

comunicação, dos campos e estruturas em que se criam e difundem a retórica política.29

Tal fato nos leva ao outro imperativo metodológico a ser seguido: a exigência da

comparação.

A respeito do método comparativo adequado a esta investigação cabe salientar

que os pontos referenciais geográficos não são zonas vizinhas. Antes o exato contrário,

são as áreas localizadas nas extremidades que interessam: os pontos mais ao norte, a

leste e a oeste. Ao sul e ao norte do grande deserto saariano.

Ato contínuo, não é aqui preocupação legitimar a comparação a partir daquilo

que parece dado na realidade histórica. Inversamente, procura-se “construir

comparáveis que jamais são imediatamente dados”, realizando, dessa forma, um

exercício de comparativismo construtivo. Trata-se, é bem verdade, do tipo de

comparação mais ousada, mas que deve ter vez na pesquisa sem temer, nas palavras de

Marcel Detienne, “desordenar a História” ou “zombar da cronologia”. 30

Tal acontecerá através da leitura de fontes que não são outra coisa senão livros-

sintoma, na expressão de Sirinelli,31 por sinalizarem para problemáticas comuns

declinadas de um mesmo momento inflexivo. Por nossas principais fontes, nossos

livros-sintomas, temos os mais destacados escritos dos personagens a serem analisados.

Respectivamente, a Filosofia da Revolução e a Carta ao povo egípcio de Gamal Abdel

Nasser; os escritos de Ruben Um Nyobe disponíveis especialmente na coletânea Ecrits

sous maquis e, por fim, os discursos de Haile Selassie copilados especialmente em seus

Selected Speeches.32

Comumente acontece em termos de história intelectual, as fontes estão

disponíveis em edições com relativa circulação, de maneira que já se encontram em

nossa posse, já tendo sido realizada uma primeira leitura para confecção deste projeto e

início da análise.

29 Idem, pp. 22, 24, 116, 117.30 Marcel Detienne, Comparar o incomparável, Aparecida, Ideias & Letras, 2004, pp. 11, 13, 16.31 Jean-François Sirinelli, “Os intelectuais do final do século XX”, op. cit., p. 51.32 Ruben Um Nyobe, Escrits sous maquis, Paris, L’Harmattan, 2004. Haile Selassie, Selected Speeches of His Imperial Majesty Haile Selassie I, New York, One Drop Books, 2000. Ambos os textos citados de Nasser encontram-se em Gamal Abdel Nasser, A revolução no mundo árabe, São Paulo, Edarli, 1963.

13

Além dessas fontes - as quais, devido à natureza do nosso objeto, podem ser

consideradas primárias - iremos incorrer no uso de fontes auxiliares que também se

encontram à disposição: que inclui atas dos partidos políticos dos personagens,

fotografias e documentos copilados em brochuras. 33

Pretendemos, também, a sondagem - de inspiração antropológica, baseada na

observação participante - da realidade presente de seus países. Com isso intentamos

constatar qual a percepção atual de suas memórias e qual a penetração de seus discursos

na sociedade que ajudaram a formar. Esta é, porém, uma parte da pesquisa que ficará

sujeita ao desenvolvimento do trabalho, levando-se em conta as limitações de tempo e

recursos. De todo modo, mantemos no horizonte a possibilidade de solicitar bolsa

sanduíche seja para a pesquisa em si, seja para interlocução com pesquisadores de

reconhecida competência no estudo das ideologias de contestação anticolonial.

Por fim, uma vez levantadas e analisadas as fontes – primárias e auxiliares –

com ajuda do suporte bibliográfico estas serão divididas em torno de seis conjuntos: 1.

Visão de Si; 2. Visão do Outro; 3. A Nação; 4. O Continente; 5. Alhures; 6. Outros. A

cada conjunto destes corresponderá um tema e, consequentemente, uma fonte, ou uma

passagem mais precisa dentro da fonte, onde serão devidamente fichados e

sistematizados os escritos políticos e o restante do material que temos à mão, de

maneira que os principais temas de interesse da pesquisa possam ser mapeados,

separados e encontrados quando preciso. Sobretudo quando da redação final da tese.

No primeiro conjunto, “Visão de si”, estarão concentradas as passagens e fontes

em que dominem a auto-representação dos personagens, o modo como se viam

enquanto indivíduos. Em “Visão do Outro” estarão as passagens que informem sobre a

visão que os personagens possuíam do Outro, isto é, nesse caso, do colonizador.

Os tópicos seguintes, “A Nação” e “O continente”, respectivamente, devem

aglutinar a forma como os atores se reportavam às suas nações, especificamente, e ao

continente africano, de maneira geral, em que termos colocavam e como definiam estes

espaços. Em “Alhures” concentraremos as passagens que referenciem de forma

33 A Fundação Gamal Abdel Nasser e a Biblioteca de Alexandria, por exemplo, mantêm um rico acervo relativo ao líder egípcio, disponível a partir do seguinte endereço: <http://www.nasser.org/home/main.aspx?lang=en>. Ainda no caso egípcio, o jornalista Mohamed Heikal, homem forte da imprensa egípcia nos anos de governo Nasser, publicou uma coletânea de documentos relativos ao então chefe de Estado do Egito. Disponível em Mohamed Heikal, Los documentos de El Cairo de los arquivos de Gamal Abdel Nasser, México D.F., Lasser, 1971. Já a UPC – União das Populações de Camarões, partido de Nyobe - publicou algumas atas de suas resoluções, como, por exemplo: UPC, Unité africaine ou néo-colonialisme? Délégation de l’Unios des Populations du Cameroun à la Conférence des organisations nationalistes d’Accra, UPC, Accra, 1962.

14

aproximativa outros recortes identitários que escapem ao círculo da nação e do

continente. As informações que destoarem destes conjuntos serão colocadas no último

tópico, “Outros”.

Este catálogo possibilitará que as informações recolhidas sejam, após separadas,

inter-relacionadas. Facilitando o diálogo e a comparação entre os personagens e seus

contextos.

CRONOGRAMA

ATIVIDADES

2015 2016

J

A

N

F

E

V

M

A

R

A

B

R

M

A

I

J

U

N

J

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L

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O

S

E

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O

U

T

N

O

V

D

E

Z

JAN

FEV

MAR

ABR

MAI

JUN

JUL

AGO

SET

OUT

NOV

DEZ

Leituras x x x x x x x x x x x x x x x X x x x x x x

Análise das fontes x x x x x x x x x x x x x x x X x x x x x x

Organização das

informações/fontes

x x x x x x x x x x x x x x x X x x x x x x

Participação nos cursos x x x x x x x x

Elaboração dos trabalhos

finais dos cursos

x x x x

Elaboração do material para

qualificação

x x x x

ATIVIDADES

2017 2018

J

A

N

F

E

V

M

A

R

A

B

R

M

A

I

J

U

N

J

U

L

A

G

O

S

E

T

O

U

T

N

O

V

D

E

Z

JAN

FEV

MAR

ABR

MAI

JUN

JUL

AGO

SET

OUT

NOV

DEZ

Leituras x x x x x x x x x x x x x x x X x x x x x x

Elaboração do material para

qualificação

x X x x x x

Exame de qualificação x

Exame e revisão das fontes x x x x x x

Elaboração da tese x x x x x x x x x x X x x

Ajustes finais x x x x

15

Defesa x

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