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ROSÂNGELA DE FÁTIMA DE CAMARGO CANETTI
PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA - PDE 2008
UNIDADE DIDÁTICA REFERENTE AO PROJETO
ARTE POR TODA PARTE A arte no Cotidiano do Aluno
Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, Núcleo Regional de Educação de Curitiba. Orientadora: Profª. Me. Keila Kern. EMBAP-PR.
Curitiba 2008
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“Qualquer que seja a sua direção, a arte está em toda parte e é um elemento definidor da identidade de um povo, de um grupo social, de um indivíduo”. (Oliveira e Garcez, 2004).
1. IDENTIFICAÇÃO:
AUTORA: Rosângela de Fátima de Camargo Canetti e-mail: [email protected] ORIENTADORA: Keila Kern e-mail: [email protected]
INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR: EMBAP – Escola de Música e Belas
Artes do Paraná
NÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO: Curitiba
ESCOLA: Colégio Estadual Pinheiro do Paraná – EFMP
PÚBLICO OBJETO DA INTERVENÇÃO: Alunos do 1º e 2º Ano do Ensino Médio
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UNIDADE 1- Investigando o conhecimento em arte do aluno.
ARTE POR TODA PARTE
RESUMO: Este trabalho consiste na elaboração de uma unidade didática temática
destinada aos alunos do primeiro ano do Ensino Médio, em Arte. Relaciona-se ao
Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola “Arte Por Toda Parte”. Serão
utilizados textos de apoio, atividades, e outros procedimentos, individuais e
coletivos, a fim de que os alunos possam compreender a presença constante da
arte em seu cotidiano.
DURAÇÃO DO TRABALHO: Quatro aulas.
APRESENTAÇÃO:
A arte está em nossa vida, fazendo parte do nosso dia-a-dia, e muitas vezes,
ela é uma forma especial de conhecimento do mundo que nos cerca, das pessoas,
das diferentes culturas, de nós mesmos, de nossas emoções, nossos desejos,
nossos medos, nossas esperanças.
Muitas pessoas lêem livros, ouvem música, vão ao cinema, ao teatro, ao
museu. Será que é só por diversão ou para buscar uma existência mais rica
através de experiências sem riscos de errar? Será que não se quer ser mais do
que um simples indivíduo, não quer ser um homem total? O homem busca
completar a sua vida através da existência, do sonho , da expressão, da indignação,
do protesto, de outras pessoas, seja lendo um conto, assistindo a uma peça de
teatro, um filme, uma novela, ouvindo uma música, observando uma pintura ou uma
escultura.
Desde a Pré-História, o ser humano manipula cores, formas, gestos, espaços,
sons, movimentos, superfícies, luzes, etc., com a intenção de dar sentido a algo e
comunicar-se com os outros.
A comunicação entre as pessoas e as leituras de mundo não se dão apenas
por meio das palavras. Muito do que sabemos sobre o pensamento e o sentimento
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das mais diversas pessoas, povos, países, épocas, são conhecimentos obtidos por
meio de suas músicas, teatro, poesia, pintura, dança, cinema, etc.
Como entender essas linguagens?
Na maioria das vezes não entendemos nada!
Para nos apropriarmos de uma linguagem, entendermos, interpretarmos e
darmos sentido à arte, é preciso que aprendamos a perceber a presença constante
da arte ao nosso redor e a operar com seus códigos. Assim como a escola é
responsável pela alfabetização do aluno, na linguagem das palavras e dos textos
orais ou escritos, é preciso haver cuidado com a alfabetização nas linguagens da
arte.
É por meio delas que poderemos compreender o mundo das culturas e do
nosso eu particular. Assim, mais fronteiras poderão ser ultrapassadas pela
compreensão e interpretação das formas sensíveis e subjetivas que compõem a
humanidade e a sua multiculturalidade, ou seja, o modo de interação entre as
culturas.
Na linguagem da arte há criação, construção, invenção. O ser humano,
através dela forma, transforma a matéria oferecida pelo mundo da natureza e da
cultura em algo significativo. Atribui significados e sons, gestos e cores cheios de
intencionalidade, onde vários caminhos são percorridos, várias soluções são
experimentadas, num processo de ir e vir, um fazer e construir lúdico e estético que,
embora comparado a um jogo, tem a diferença que esse jogo e suas regras são
inventadas enquanto se joga e por quem se joga.
Durante o processo de produção, o autor/artista se vê mergulhado em um
caos criador: conflito entre o impulso pra criar e a forma desejada; entre a
subjetividade do ser e a objetividade da forma; entre o sentimento/pensamento e a
forma.
No jogo da criação, no dizer de Luigi Pareyson (1989:32), a arte é “um tal
fazer que, enquanto faz, inventa o por fazer e o modo de fazer”. É o que ele chama
de construção de uma formatividade.
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INVESTIGANDO O CONHECIMENTO EM ARTE DO ALUNO O homem sempre procurou representar a realidade em que vive – pessoas,
animais, objetos, elementos da natureza, as divindades e todos os outros seres
criados pela sua imaginação.
As artes visuais: desenho, pintura, escultura, gravura, grafite, etc., a
literatura, a música, a dança, o teatro, são formas de expressão que constituem a
arte.
A expressão artística não está isolada das demais atividades humanas: ela
está profundamente integrada à cultura dos povos e acompanha a sua evolução.
Se olharmos à nossa volta, perceberemos uma infinidade de objetos que nos
rodeiam, em casa, na igreja, nas ruas, no colégio e nos mais diversos lugares.
Todos foram feitos por alguém, com alguma finalidade seja utilitária ou não. E, se
nos perguntarmos por que e para quem foram feitos, concluiremos que o ser
humano, mesmo em diferentes épocas, cria objetos não só para se servir deles,
mas também para expressar seus sentimentos diante da vida e do mundo.
A arte também é um testemunho histórico quando retrata as situações
sociais, seja ela uma pintura, uma escultura, uma música, uma peça de teatro, uma
coreografia, etc.
Nesse primeiro encontro será proposto um questionário investigador sobre o
que o aluno conhece em arte.
QUESTIONÁRIO INVESTIGADOR:
- O que é arte para você?
- Que objeto de arte já lhe chamou ou lhe chama a atenção? Descreva-o:
- Quais são as suas sensações quando vê alguém desenhando, pintando,
esculpindo, cantando, dançando?
- Cite algumas obras de arte e artistas que você conhece:
- O que é uma aula de arte para você?
- O que você gostaria de aprender em uma aula de arte? Dê sugestões:
Em seguida será realizado um debate sobre as respostas dadas.
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INVESTIGANDO A “ESTÉTICA FAMILIAR” Buscando pesquisar o contato do aluno com a arte em seu ambiente familiar,
em sua rua, bairro, também serão propostas duas atividades: um questionário
escrito e uma pesquisa de fotojornalismo.
A maioria das pessoas pensa que não conhecem arte, que não convivem
com objetos artísticos, pois a arte é para poucos. Ingênuo engano! Todos nós
estamos cercados dela por todos os lados.
Nos objetos de seu cotidiano é possível observar a presença da arte, desde
o formato das xícaras,do relógio, do mobiliário da casa, do modelo do tênis, da
bolsa, da mochila, do telefone, do modelo das roupas, do estilo arquitetônico da
casa. Em todos esses itens há um pouco de arte aplicada. Alguém trabalhou para
produzir esses objetos bonitos, harmoniosos, atraentes e agradáveis aos mais
diversos gostos.
CAMARGO CANETTI, 2008, Mobiliário
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CAMARGO CANETTI, 2008. Bules estilizados, produzidos na China.
PESQUISA SOBRE A “ESTÉTICA FAMILIAR” 1. Quais são os seus gostos e preferências em relação a:
- roupas:
- música:
- filmes:
2. Quais as cores das paredes de sua casa? Quem as escolheu? Por quê?
3. Quais são as suas cores preferidas?
4. Quais são as formas geométricas que você prefere quando vai escolher um
objeto (um relógio, um porta-retrato, uma almofada... ou outro a seu critério)?
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5. Quais são os temas que você mais gosta de observar em fotos, vídeos, filmes,
esculturas, quadros: pessoas, paisagens, figuras geométricas, cenas históricas,
cenas fantásticas, etc.? Justifique:
6. Como é a decoração das paredes e dos ambientes de sua casa? Existem
quadros, outros objetos? Quais?
7. O que esses quadros e objetos retratam?
8. Por que esses objetos se encontram nesses lugares de sua casa?
9. Você sabe quem os produziu e para quê os produziu?
10. Que sensações essas obras lhes causam?
11. Existe arte no seu quarto? Como ela está presente aí? Descreva:
12. Por que você escolheu esses objetos?
13. Que obra de arte você gostaria de ter? Por quê?
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TRABALHO DE FOTOJORNALISMO
Ao andarmos pelas ruas da cidade, passamos por uma praça e vemos uma
escultura, um muro decorado com um grafite, um edifício com as paredes
revestidas por um mural de azulejos, ou uma pintura, ou relevos, uma igreja com
seus vitrais multicoloridos, mosaicos, esculturas sacras, fachadas de prédios
antigos, etc. Uma pessoa observadora, sensível, com tempo disponível, com
certeza ficaria olhando tudo isso por um longo tempo.
CAMARGO CANETTI, 2008 – Painel de M. Loureiro, Shopping Atlântico, Bal. Camboriú
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CAMARGO CANETTI, 2008, Mosaico em petit pavê do trapiche, Bal. Camboriú.
CAMARGO CANETTI, 2008, Estátua Barão do
Rio Branco, Praça Generoso Marques, Curitiba
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CAMARGO CANETTI, 2008, Câmara Municipal de Curitiba
CAMARGO CANETTI, 2008, Vitrais da Capela Santa Maria
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As formas diferentes e variadas dos objetos que utilizamos no dia-a-dia tem
a função de encantar, de provocar a reflexão e a admiração, de proporcionar prazer
e emoção.
CAMARGO CANETTI, 2008 – Luminárias diferentes
Essas sensações são despertadas por um conjunto de elementos: a
imaginação do artista, a composição, a cor, a forma, a harmonia e a qualidade da
idéia. Nem todos os objetos artísticos tem uma utilidade prática imediata além de
estimular o pensamento, a sensibilidade ou causar prazer estético.
As obras de arte expressam um pensamento, uma visão do mundo e
provocam uma forma de inquietação no observador, uma sensação especial, uma
vontade de contemplar, uma admiração emocionada ou uma comunicação com a
sensibilidade do artista. A este conjunto de sensações chamamos de experiência
estética.
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Essa experiência nem sempre é ligada ao prazer, pois às vezes nos sentimos
inquietos, pensativos, emocionados, tristes, amedrontados ou assustados, pois
atualmente, muitos artistas procuram chocar o público. É a sensibilidade do artista
que nos atrai, sua imaginação, seu intelecto e o seu modo especial de ver as
coisas, mesmo quando estas apresentam aspectos negativos.
CAMARGO CANETTI, 2008 - Sem título, 1999
O gosto e a sensibilidade para apreciar a arte variam de pessoa para pessoa,
de idade para idade, de região para região, de sociedade para sociedade, de época
para época. Assim as manifestações artísticas trazem a marca do tempo, do lugar e
dos artistas que a criaram, refletindo a variação do conceito de beleza de cada um e
da função do objeto artístico.
Em muitas sociedades, durante muito tempo, a arte teve caráter religioso, se
manifestando nos templos,nas imagens dos santos, na decoração dos cenários das
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cerimônias religiosas, nos instrumentos musicais, nas indumentárias utilizadas nos
rituais.
Em outras épocas a arte surge simplesmente como forma de expressão para
quem a produz e, como uma oportunidade de experiência especial para quem
aprecia.
Qualquer que seja sua direção, a arte está em toda parte, definindo a
identidade de um povo, de um grupo social e de um indivíduo, seja pela música,
pela literatura, pela imagem visual (pintura, desenho, escultura, gravura, fotografia),
pela linguagem corporal (dança), ou ainda misturando todas essas linguagens.
Agora, aplicando os seus conhecimentos em arte vamos a uma atividade,
reunindo seus amigos numa pesquisa:
“PESQUISA FOTOJORNALÍSTICA”
Organize-se em grupos de três pessoas, levem uma câmera fotográfica, ou o
próprio celular e saia fotografando as manifestações artísticas espalhadas pela
cidade. Comecem por sua casa, sua rua, seu bairro, as praças mais próximas, as
igrejas, prédios antigos, feiras de artesanatos, e visitem os museus existentes na
cidade, registrando o que mais lhes chamam a atenção. Anotem os títulos e autores
das obras, as sensações produzidas pelas obras em vocês, os detalhes que mais
lhes atraíram, e depois organizem um CD contendo todo o material coletado.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BUORO, Anamélia. Olhos que pintam: a leitura da imagem e o ensino da arte .
São Paulo: Cortez, 2002.
COSTA, Cristina. Questões de Arte: a natureza do belo, da percepção e do
prazer estético. São Paulo: Moderna, 1999.
IAVELBERG, Rosa. Para gostar de aprender arte: sala de aula e formaç ão de
professores. Porto Alegre: Artmed, 2003.
OLIVEIRA, Jô, Explicando a arte: uma iniciação para entender e ap reciar as
artes visuais/ Jô Oliveira e Lucília Garcez – Rio de Janeiro, Ediouro, 2004.
PROENÇA, Graça. História da Arte, São Paulo, Ática, 2007.
CRÉDITO DAS FOTOS:
Rosângela de Fátima de Camargo Canetti, 2008.